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A Lavoura DIRETOR RESPONSÁVEL Antonio Mello Alvarenga Neto EDITORA Cristina Baran editoria@sna.agr.br
ENDEREÇO Av. General Justo, 171 - 7º andar 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3231-6350 Fax: (21) 2240-4189 ENDEREÇO ELETRÔNICO www.sna.agr.br e-mails: alavoura@sna.agr.br redacao.alavoura@sna.agr.br
DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Paulo Américo Magalhães Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837 e-mail:pm5propaganda@terra.com.br IMPRESSÃO:
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Adriana Adorno Afonso Peche Alfredo do Nascimento Júnior Carla Gomes Cristiane Betemps Eduardo Pinho Rodrigues Gerson Silva Giomo Gustavo Júlio Mello Monteiro de Lima Ibsen de Gusmão Câmara Ivani Cunha Jacira S. Collaço Joana Silva João Eugênio João Pereira Guayba Neto Lucas Scherer Cardoso Márcia França Maria Zampieri Marília Moreira Raimundo Estevam Sérgio Maurício Lopes Donzeles Soraya Pereira Suzana Machado Viviane Zanella
É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor.
A Lavoura ANO 115 - N O 688
MANEJO Suínos e aves bem alimentados com grãos de triticale 75% do milho poderia ser substituído por grãos de triticale na dieta de suínos e aves sem danos ao ganho de peso e conversão alimentar
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TECNOLOGIA Semeadura incorreta joga por terra lavoura produtiva Lavouras com falhas perdem a competitividade e, indiretamente, custam mais
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ALIMENTAÇÃO Carne de coelho garante pratos saborosos e saudáveis Os brasileiros ainda não conhecem bem o sabor e os benefícios da carne de coelho, que possui baixo teor de gordura e de colesterol e é muito agradável ao paladar
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CAFÉ Uma boa pós-colheita é segredo da qualidade Consumo de café cresce em todas as faixas etárias
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Sem ferrugem
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Cafeicultor mineiro reduz efeitos da bienalidade
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AVICULTURA
CARTA SNA
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Ração de batata-doce garante renda para produtores 42
PANORAMA
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TECNOLOGIA
SOBRAPA
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Técnica correta permite maior economia com defensivos 52
SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - SRB
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POLÍTICA AGRÍCOLA
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
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COOPERATIVISMO
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BIOTECNOLOGIA
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ORGANICSNET
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EMPRESAS
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ISSN 0023-9135
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura
Capa:
Fazenda São Gottardo, em Minas Gerais Foto: Illy Café www.illycafe.com
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Ruy Barreto Filho Fabio Meirelles Joel Naegele Kátia Abreu
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DIRETORIA EXECUTIVA
DIRETORIA TÉCNICA
ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA JOEL NAEGELE TITO BRUNO BANDEIRA RYFF FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS HÉLIO MEIRELLES CARDOSO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE SÉRGIO GOMES MALTA
PRESIDENTE 1O VICE-PRESIDENTE 2O VICE-PRESIDENTE 3O VICE-PRESIDENTE 4O VICE-PRESIDENTE DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR
FUNDADOR
Academia Nacional de Agricultura
COMISSÃO FISCAL
ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO ANTONIO FREITAS CLAUDIO CAIADO JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON FERNANDO PIMENTEL JAIME ROTSTEIN JOSÉ MILTON DALLARI KATIA AGUIAR
E
MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA MARIA HELENA FURTADO MAURO REZENDE LOPES PAULO PROTÁSIO ROBERTO FERREIRA S. PINTO RONY RODRIGUES OLIVEIRA RUY BARRETO FILHO
CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA PLÁCIDO MARCHON LEÃO ROBERTO PARAÍSO ROCHA RUI OTAVIO ANDRADE
P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A
CADEIRA
PATRONO
TITULAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
E NNES DE S OUZA M OURA B RASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA A NTONINO F IALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO L AURO M ULLER M IGUEL C ALMON L YRA C ASTRO A UGUSTO R AMOS S IMÕES L OPES E DUARDO C OTRIM P EDRO O SÓRIO T RAJANO DE M EDEIROS P AULINO F ERNANDES F ERNANDO C OSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA J OSÉ A UGUSTO T RINDADE I GNÁCIO T OSTA J OSÉ S ATURNINO B RITO J OSÉ B ONIFÁCIO L UIZ DE Q UEIROZ C ARLOS M OREIRA A LBERTO S AMPAIO E PAMINONDAS DE S OUZA A LBERTO T ORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES T HEODORO P ECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO B ARBOSA R ODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B RAGA N AVARRO DE A NDRADE M ELLO L EITÃO A RISTIDES C AIRE V ITAL B RASIL G ETÚLIO V ARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE
R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO J AIME R OTSTEIN E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA F RANCELINO P EREIRA L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS R ONALDO DE A LBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO P IERRE L ANDOLT A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES I SRAEL K LABIN
S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO
A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO J ÓRIO D AUSTER A NTONIO C ARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO R OBERTO R ODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LYSSON P AOLINELLI O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA D ENISE F ROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L ORENTZEN
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
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Carta da
115 anos de bom senso e harmonia
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o completar 115 anos, a SNA mantémse ativa e atual, com foco na promoção do agronegócio e defesa da sustentabilidade.
A mais antiga e tradicional instituição do setor congrega, em perfeita harmonia, empresários e trabalhadores; professores e alunos; cientistas e intelectuais; produtores e ambientalistas. Bom senso e harmonia são nosso lema. Investimos no ensino, divulgação e capacitação, com ênfase na inovação e tecnologia avançada. Procuramos atuar através de parcerias com instituições de reconhecido prestígio. Pautamos nossa atuação pela seriedade e embasamento técnico, sobretudo no que concerne às questões ambientais, tema multidisciplinar que envolve aspectos técnicos, jurídicos, econômicos e sociais. Causa-nos estranheza a forma irresponsável como alguns assuntos do agronegócio e do meio ambiente são tratados. Há muita desinformação, emotividade, interesses e, em alguns casos, má-fé no trato de questões ambientais no Brasil. Os alarmistas fazem previsões catastróficas, sem base científica. Os ingênuos divulgam inverdades, motivados por um ideal conservacionista, sem refletir sobre as teses que defendem, às vezes, com paixão extremada. Alguns confundem produtores rurais, que interiorizaram o desenvolvimento brasileiro, com “desmatadores”. Parecem desconhecer as diferenças entre desmatamento predatório e terra cultivada. A esmagadora maioria dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros tem consciência da necessidade de preservação ambiental. Ninguém preza mais os recursos naturais do que os agricultores. Eles sabem que a deteriora-
ção de suas terras significa perda de capacidade produtiva e de patrimônio. O caso do novo Código Florestal é emblemático, onde o bom senso tem prevalecido. Tudo indica que o novo Código manterá um saudável equilíbrio entre a preservação ambiental e a produção rural. Proporcionará a recuperação das áreas degradadas e incentivará a economia verde. Isso é sustentabilidade: promover o desenvolvimento econômico e social respeitando as limitações dos recursos naturais. Estamos em consonância com a Comissão sobre Meio Ambiente da ONU, que afirma que o desenvolvimento sustentável visa “ao atendimento das necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Somos uma nação que precisa crescer, gerar emprego e boas condições de vida à sua população. O Brasil pode e deverá tornar-se o maior produtor de alimentos e de biocombustíveis do mundo, respeitando o meio ambiente e a biodiversidade. Aos 115 Anos, moderna e contemporânea, a SNA reafirma sua confiança no agronegócio brasileiro e no desenvolvimento sustentável do país.
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Esta edição de A Lavoura é dedicada ao café, um dos mais importantes produtos brasileiros, historicamente um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social do país. Boa leitura!
Antonio Mello Alvarenga Neto
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Cebola MAIS
PRODUTIVA
EMBRAPA HORTALIÇAS
PANORAMA
Cultivar apresenta produtividade média de 60 toneladas por hectare, além de tolerância a doenças
C
om alta produtividade e tolerância às principais doenças da cultura, a BRS Riva, cultivar de cebola lançada pela Embrapa Hortaliças, pode ser mais uma opção para o produtor. A cebola tem mostrado alta tolerância à mancha púrpura em campo e à antracnose em casa de vegetação, além de produtividade de aproximadamente 60 toneladas por hectare. Para Valter Rodrigues, pesquisador da Embrapa Hortaliças, as principais características dessa cultivar são a alta produtividade, a boa qualidade dos bulbos e alta tolerância a doenças foliares. “Na população de 600 mil plantas por hectare, limite recomendado para essa nova cultivar, a produtividade gira em torno de 60 toneladas por hectare”, afirma. Quando assunto é doença, Rodrigues destaca as mais comuns. Ele conta que, em campo, a cebola tem mostrado alta tolerância à mancha púrpura. Já em casa de vegetação, com inoculação artificial, tem sido tolerante à antracnose. “Já em relação às pragas, ainda não existem informações. A principal praga da cebola é o tripes e, aparentemente, ela possui um comportamento diferente dos outros materiais do mercado”, explica. Ainda de acordo com o pesquisador, o material foi testado e recomendado para as regiões Centro-oeste e Sudeste, sendo o plantio realizado de março a maio. No entanto, em regiões mais frias, é preciso tomar mais cuidado com a época de plantio, com preferência para o plantio antecipado, de março até
BRS Riva: boa produtividade
início de abril. “Os cuidados de manejo são os mesmos adotados com as outras cultivares plantadas nas regiões. Já o ciclo gira em torno de 140 e 150 dias em semeio direto e entre 165 e 170 dias no sistema de transplante de mudas”, orienta Rodrigues. Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Hortaliças através do telefone (61) 3385-9000.
As laranjas e as tangerinas estão entre as frutas mais consumidas no Brasil e participam da dieta de famílias de todas as classes sociais. O Brasil é o maior produtor mundial de citros, com uma população de mais de 250 milhões de plantas, a maior parte no estado de São Paulo. De acordo com a Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a produção brasileira de laranja para a safra 2010/2011 foi de 19,36 milhões de toneladas, enquanto que a projeção para a safra de 2020/2021 é de 23,51. Ainda de acordo com esse estudo, o consumo de suco de laranja, que hoje é de 2,1 milhões de toneladas, alcançará a marca de 2,7. Diante desse grande potencial de mercado, a Embrapa está disponibilizando borbulhas das cultivares Navelina e Ortanique. Navelina A laranja navelina está classificada no grupo Baía, basicamente caracterizado pela presença de “umbigo”. A árvore da laranjeira navelina tem tamanho médio, com a copa esférica e frondosa. O seu hábito de crescimento é esferoide, com ramas curvas que podem chegar ao solo, 6 FEVEREIRO/2012
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observando-se pequenos espinhos nas axilas das folhas, que desaparecem com o tempo. A cor das folhas é verde-escura. Apresenta tendência para a alternância de colheitas. As laranjas são de grande qualidade para consumo fresco. A época de maturação e colheita dessa cultivar é precoce, ocorrendo de maio a junho nas regiões Sul e Sudeste. A forma do fruto pode ser, tanto ligeiramente oblonga como arredondada, sendo mais frequente a primeira, com umbigo pequeno e pouco proeminente. A cor da navelina é laranja intensa, sua polpa tem textura média e sabor agradável, com cerca de 10 a 12 gomos e sem sementes. O rendimento de suco varia entre 35% e 45%. Ortanique Detectada na Jamaica por volta de 1920, a ortanique é uma das diversas variedades conhecidas como tangerina, mas que na verdade é um híbrido natural entre laranja doce e tangerina, cujos parentais são desconhecidos. Seu nome é uma síntese dos termos em inglês que o caracterizam: orange (laranja), tangerine (tangerina) e unique (única). A planta da ortanique tem porte médio, de forma esférica e bastante vigorosa, sua floração é abundante com predomiA ortanique, de origem jamaicana, é um híbrido entre a laranja e a tangerina
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ROBERTO PEDROSO-EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
NOVOS CITROS chegam à mesa do consumidor
TEXTO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÕES
Bovinos: cresce o número de ABATES INSPECIONADOS O número de animais abatidos com inspeção sanitária (municipal, estadual ou federal) cresceu 33% em Minas Gerais entre 2004 e 2010. No mesmo período, o país registrou crescimento de 13% no volume de abates. O levantamento foi feito pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o secretário de Agricultura, Elmiro Nascimento, o crescimento é resultado de investimentos privados na reativação de plantas frigoríficas que se encontravam paralisadas. “O quadro atual é o resultado concreto das ações implementadas pelo programa Minascarne”, afirma. Lançado em 2004 numa ação conjunta das secretarias de Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Fazenda, o programa tem por objetivos aumentar a competitividade dos estabelecimentos mineiros de abate, melhorar a qualidade da carne produzida e comercializada e ampliar as exportações mineiras.
Abates: aumento supera os números registrados no país
De acordo com a análise do secretário, até há pouco tempo, Minas Gerais era um grande exportador de animais “em pé” para outros Estados, principalmente para São Paulo. O abate de animais fora de suas fronteiras gerava prejuízos para o Estado, que perdia em arrecadação de impostos e deixava de gerar emprego e renda, entre outros benefícios. “Desde a implantação do programa, a taxa média anual de crescimento do número de abates inspecionados é de 2,2%, quase o dobro do percentual registrado nacionalmente, que se manteve em 1,2% ao ano”, explica. Crescimento das exportações O Estado também ampliou sua participação tanto no valor quanto no volume exportado pelo país. Em 2004, Minas respondia por 1,86% do valor exportado, totalizando US$ 46
milhões. Em 2010, as exportações mineiras representaram 6,72% do valor total comercializado para outros países, somando US$ 307 milhões. Em relação ao volume exportado pelo país, a participação do percentual do Estado passou de 1,87% em 2004 para 6,5% em 2010. Segundo o secretário da Agricultura, esse crescimento das exportações não registrou aumento ainda maior porque houve aquecimento da demanda interna. No período de 2004 a 2010, o consumo per capita de carne bovina no país passou de 37,1 kg para 37,4 kg. “Neste período, a população registrou crescimento expressivo de 10,7 milhões de habitantes. Além de ter havido crescimento no consumo por habitante, a população cresceu consideravelmente, e a produção conseguiu atender a demanda”, ressalta o secretário. FONTE: MÁRCIA FRANÇA, SEAPA
dor nância nos meses de agosto e setembro. Seus frutos têm tamanho médio, ligeiramente achatados. Sua casca tem grande quantidade de óleo essencial, é resistente, aderente e ligeiramente rugosa, favorecendo o transporte a longas distâncias. Quando cultivado em regiões de clima mais ameno, sua coloração alaranjada é intensa. O suco de ortanique é abundante, com sabor agradável e elevados índices de ácidos totais e açúcares por ocasião do pico de colheita. Variedade promissora A variedade desse citros é promissora tendo em vista que seus frutos não apresentam sementes em cultivos isolados. Como também já foi constatado em outros países, há grande influência do clima sobre coloração, espessura de casca e número de sementes do fruto. Essa variedade é indicada para as regiões com clima mais ameno por ser mais adequada para a produção de frutas frescas. Uma vez atingida a maturação, o fruto se mantém bem na planta. Sua maturação é tardia, entre agosto e outubro. Para informações sobre aquisição de borbulhas, basta entrar em contato com o escritório de Negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia em Capão do Leão, RS. A Lavoura FEVEREIRO/2012 7
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PANORAMA Produção de CAFÉ pode alcançar 52,27 milhões de sacas A produção nacional de café da safra 2012 está estimada entre 48,97 e 52,27 milhões de sacas beneficiadas. Este é o primeiro levantamento realizado pela Conab e divulgado no dia 10 de janeiro. O resultado representa um crescimento situado entre 12,6 e 20,2 % quando comparado com a safra anterior, que foi de 43,48 milhões de sacas de 60 kg. O aumento deve-se, principalmente, ao ano de alta bienalidade e o investimento na lavoura pelo produtor. Se confirmada, será a maior safra produzida no país, superando o recorde anterior de 48,48 milhões de sacas do período 2002/2003. Em relação à safra 2009, último ano de ciclo positivo, a nova safra é 5,22% superior. O café brasileiro pode bater novo recorde
A espécie arábica, com a produção estimada entre 36,41 e 39,02 milhões de sacas, representa em média 74,5% da produção nacional, sendo Minas Gerais o maior produtor: o estado tem um volume de produção previsto entre 25,25 e 26,82 milhões de sacas. A produção da espécie conilon, estimada entre 12,56 e 13,25 milhões de sacas, média de 25,5% da produção cafeeira do país, tem o estado do Espírito Santo como maior produtor, com a produção estimada entre 8,97 e 9,53 milhões de sacas. Os dados referem-se à pesquisa realizada no período de 8 de novembro a 17 de dezembro, quando foram visitados os municípios dos principais estados produtores (MG, ES, SP, BA, PR e RO), que representam 98% da produção nacional. FONTE: RAIMUNDO ESTEVAM, CONAB
Site viabiliza IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS Ferramenta foi criada para ajudar dia-a-dia dos profissionais do campo
A
cada safra, os profissionais envolvidos nas produções agrícolas enfrentam grandes desafios para identificação e controle de pragas, plantas daninhas e doenças. Movido pelo objetivo de auxiliá-los nessa tarefa, o agrônomo Henrique Moreira, especialista no assunto, criou o site Pragas Agrícolas (www.pragasagricolas.com.br ), maior portal brasileiro sobre pragas, que reúne informações específicas sobre insetos, plantas daninhas e doenças de praticamente todas as lavouras cultivadas no Brasil, além de fornecer informações sobre como combatê-las. Fonte de referência O portal tem tudo para se tornar fonte de referência entre os agricultores, a exemplo da coletânea de
manuais de identificação impressos já lançados por Moreira. A vantagem, com o site, é a busca facilitada e as orientações de manejo. Antenado com as últimas tendências, o portal é formato também para ser acessado por celular e tablets. “O Pragas Agrícolas é fruto de anos de trabalho e pesquisa. A ideia é que faculdades e cursos técnicos possam utilizá-lo como ferramenta de estudo. No futuro, queremos abrir espaço para que os visitantes possam postar imagens e informações também, gerando um grande fórum de informações na rede”, afirma Moreira. Ferramenta prática e útil Para o professor doutor da ESALQ, José Otávio Machado Mentem, “o portal é muito prático, ilustrado e fácil de ser utilizado. Uma ferramenta muito útil, pois a identificação correta da praga é fundamental para definir as medidas de manejo/controle”. Mentem acrescenta ainda que “o portal é de ex-
trema importância para professores, já que poderá ser utilizado para ilustrar diversas aulas, para os estudantes de Ciências Agrárias, pois colocará à disposição informações essenciais ao aprimoramento dos conteúdos estudados em sala de aula, e também para os profissionais de campo, que fazem assistência técnica e extensão rural”. Outro profissional que testou e aprovou a ferramenta foi José Annes Marinho, gerente de educação da ANDEF. “A iniciativa vem ao encontro das novas tendências na agricultura. A agilidade na troca de conhecimentos será de grande valor estratégico na busca da maior por maior eficiência técnica para recomendação adequada para cada alvo e cultura. Todo este processo busca utilizar e implantar as boas práticas, que resultam em uma agricultura forte e sustentável. O site é excelente”, resume. Para conhecer o portal, acesse: www.pragasagricolas.com.br
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FONTE: MARIA ZAMPIERI, ALFAPRESS
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu o projeto Leitão Ideal em parceria com o Frigorífico Aurora com o objetivo de revitalizar boas práticas de manejo e aumentar a rentabilidade para o produtor de suínos. O projeto de transferência de tecnologia como medida de impacto tem como base duas premissas: criar um padrão operacional transformando-o em rotina e desenvolver uma metodologia de assistência técnica. Na outra ponta, o principal foco era aumentar o número de leitões em fase final de creche. “Este conhecimento já existe, o grande desafio era colocá-lo de forma acessível ao produtor e tornálo uma rotina em todas as propriedades, transformando o manejo”, afirma o jornalista e coordenador do projeto na Embrapa, Jean Vilas Boas Souza. De acordo com Souza, os produtores que atendem a Aurora tinham um número muito variado de animais em fase final de creche. “Após um estudo chegamos ao número de corte de 24 leitões por fêmea ao ano. Este número assegura ao produtor mais renda e viabilidade a médio e longo prazo, garantindo sustentabilidade e capacidade de investimentos futuros na estrutura de produção”, explica. Padrões operacionais O projeto definiu 26 Padrões Operacionais (Pop’s) para o produtor
COCO VERDE protegido
Com o projeto, o produtor observou aumento na produção
e 28 Pop’s para os técnicos abrangendo todas as fases de manejo. O treinamento dos técnicos é feito em dois dias, enquanto que o processo de aprendizagem do produtor é contínuo. Em cada visita o técnico tem condições de checar todas as etapas de manejo de uma determinada Pop e orientar, no mesmo dia, o produtor em relação ao que deve ser corrigido ou acrescentado no manejo dos animais. Na primeira fase do projeto piloto participaram 40 produtores e 30 técnicos de quatro das 13 cooperativas que compõem a Aurora. Na segunda fase, que se inicia em março e vai até o final de 2012, serão treinados os técnicos de todas as filiadas, entre elas a Cooperativa Agrícola Mista São Cristóvão Ltda (Camisc) de Mariópolis,
município que faz divisa com Santa Catarina. O projeto vai atingir 900 propriedades no total.
A parceria entre a Embrapa Agroindústria de Alimentos e a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da UFRRJ (Ineagro) quer incentivar a criação e o desenvolvimento de agroindústrias de alimentos por meio de incubação de empresas que utilizem tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. A Embrapa detém a tecnologia e a Ineagro apoia a consolidação da empresa dos empreendedores interessados em desenvolver um negócio. Os empreendedores ou empresas que desejarem participar do programa poderão se candidatar ao processo de seleção para a primeira etapa chamada de pré-incubação. Nesta, o interessado selecionado terá acesso às informações necessárias para elaboração de um plano de negócios com a orientação dos técnicos e pesquisadores da Embrapa e da Ineagro. Podem participar os interessados de todos os estados pois a incubação a
distância é um processo dominado pela INEAGRO. Mais informações no site do projeto: www.ctaa.embrapa.br/projetos/incubacao/index.htm.
Resultados Os primeiros resultados já garantem um aumento significativo de renda. “Um produtor que fez parte da etapa piloto conseguiu, já no primeiro lote, aumentar a produtividade em um leitão. Só essa melhoria rendeu cerca de R$ 10 mil a mais”, completa Souza. O coordenador do projeto enfatiza que todo o conhecimento gerado pela Embrapa está à disposição de qualquer cooperativa ou produtor que queira usar esta metodologia. “Não existe mais margem para amadorismo em relação à produção de suínos; quem não se profissionalizar não terá mais espaço no mercado”, finaliza Souza.
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TO EN ALIM DE
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TRIA ÚS IND RO AG
Uma película sobre a fruta pode facilitar sua conservação e exportação
FONTE: SORAYA PEREIRA E JOÃO EUGÊNIO
A AP BR EM
A
pesquisa da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) desenvolveu uma película protetora que atua como barreira física contra a perda de umidade do coco verde fazendo com que o aspecto de recém-colhido do fruto seja mantido por até quarenta dias. “A conservação do fruto amplia as oportunidades de comercialização no Brasil e no exterior. Na Europa, o coco verde chega a custar oito euros a unidade”, explica o pesquisador Antônio Gomes Soares, da Embrapa. Esta tecnologia, com apenas algumas pequenas adaptações, poderá ser aplicada na preservação de outras frutas como melão, goiaba e manga.
EMBRAPA SUÍNOS E AVES
LEITÃO IDEAL ajuda pequenos produtores A
A Lavoura FEVEREIRO/2012 9
Novo status para VINHO NACIONAL Dando continuidade ao processo de georreferenciamento, o Vale dos Vinhedos foi contemplado em janeiro com este importante instrumento de medição das áreas dos vinhedos. O trabalho deverá se estender até agosto, dependendo das condições climáticas e da presteza dos produtores.
diversos estudos envolvendo relevo, clima e solo, entre outros aspectos. “Já estão georreferenciadas as propriedades dos municípios de Monte Belo do Sul, em trabalho realizado no anos de 2008 e 2009, e de Farroupilha, em 2010 e 2011, os quais pleiteiam uma Indicação de Procedência (IP)”, assinala Loiva. Ela lembra que o Vale dos Vinhedos, primeiro detentor de uma IP no Brasil, busca um novo status em termos de Indicação Geográfica – no caso, a Denominação de Origem.
Técnicos no Vale dos Vinhedos As propriedades vitícolas do Vale dos Vinhedos receberão a visita de técnicos que irão demarcar os parreirais, com o auxílio de GPS (Sistema de Posicionamento Global). A iniciativa, coordenada pela Embrapa Uva e Vinho, em parceria com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), tem como objetivo obter as medições e localizações corretas dos vinhedos que compõe o Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul. Segundo a coordenadora da atividade, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho Loiva Maria Ribeiro de Mello, além de mais preciso, o cadastro georreferenciado pode ser utilizado para
Mapeamento da vinícola com agenda Loiva diz que a equipe está ciente de que esta é uma época complicada para os produtores receberem os técnicos, devido à safra da uva. No entanto, ela afirma ter certeza de que “os produtores vão entender a importância e urgência em desenvolver este trabalho”. Para facilitá-lo, os técnicos do Ibravin Luiz Carlos Guzzo e Rudimar Zanesco, responsáveis pela medição nas propriedades, irão entrar em contato com os proprietários para
GIOVANI CAPRA, EMBRAPA UVA E VINHO
PANORAMA
Registro do trabalho de georreferenciamento em Monte Bel
agendar o dia para realizar o mapeamento. Durante a visita, o produtor deverá acompanhar o técnico que visitará a propriedade, percorrendo cada parreiral e, com um aparelho de GPS, levantará os pontos que permitem reproduzir a área e localização exata de cada cultivar. Os técnicos também irão coletar os dados que os produtores já estão acostumados a preencher no recadastramento anual,
EXPORTAÇÃO DE MEL atinge US$ 65,23 milhões AG. SEBRAE
Apicultores mais preparados tecnicamente e aumento da florada contribuem para crescimento das vendas brasileiras
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e janeiro a novembro de 2011, o país enviou ao exterior 20,6 mil toneladas de mel, com receita de US$ 65,2 milhões. Os números demonstram aumento de 24,1% em valor e 17,8% em peso, em relação ao mesmo período de 2010, segundo levantamento do Sebrae. O preço médio pago pelo produto exportado foi de US$ 3,16/kg, crescimento de 0,6% na comparação com o ano passado. São Paulo lidera a lista dos estados brasileiros exportadores, com 5,3 toneladas, ao preço de US$ 3,19 o quilo e valor total de US$ 16,9 milhões. Em segundo lugar vem o Rio Grande do Sul, com 3,9 toneladas, US$ 3,08 o quilo e US$ 12,1 milhões. Em terceiro, apare-
A produção do Piauí se beneficiou da boa florada e de melhorias técnicas
ce o Ceará, com 3,6 toneladas, US$ 3,14 o quilo e US$ 11,5 milhões. O Piauí está em quarto lugar, com 3,3 toneladas e US$ 10,9 milhões. Este estado foi o que conseguiu vender o mel por melhor preço, US$ 3,23 por quilo. O resultado reflete a realidade da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Coomapi), no Piauí. A produção de mel saltou de 176 toneladas, em 2010, para 400 toneladas, em 2011. Para o gerente administrativo da Coomapi, Paulo José da Silva, o crescimento decorre de mudanças internas como aumento da florada, melhoria técnica por parte dos produtores brasileiros e crescimento do consumo do alimento pelos brasileiros. Paulo também aponta aspectos externos. “Recentemente, a União Europeia, por meio de uma norma, proibiu a entrada, nos países membros, de produtos geneticamente modificados, a exemplo do milho e da soja”. A medida, segundo ele, possibilitou maior abertu-
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PANORAMA como fertilidade de solos, nutrição de plantas, fitopatologia e tecnologia de alimentos. “É uma grande síntese tecnológica”, concluiu.
FEIJÃO para o sul O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) lançou a variedade de feijão IPR Campos Gerais. Ela reúne ótimos atributos agronômicos e boa qualidade culinária e nutricional e foi desenvolvida por método convencional de melhoramento genético (sem uso de transgenia), sendo adaptada para plantio também nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara afirmou que a nova variedade vai possibilitar ao Paraná permanecer na liderança da produção nacional de feijão. Ele também ressaltou a importância dos investimentos públicos em pesquisas para a agricultura – setor que movimenta a economia de 90% dos municípios do Estado. Já o o diretor-presidente do Iapar, Florindo Dalberto, lembrou que, com a IPR Campos Gerais, o Iapar chega a 178 variedades lançados em 40 anos de atividades. Para ele, o lançamento de uma variedade sempre é sempre um momento “especial” para um centro de pesquisas porque, além do potencial produtivo superior em comparação com o que há disponível no mercado, um novo material agrega o esforço de diversas áreas do conhecimento,
amento em Monte Belo, RS
como variedades, porta-enxerto, idade dos vinhedos e produção. A pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho destaca ainda que, para agilizar o trabalho, é importante que os produtores preparem um desenho aproximado dos vinhedos, detalhando os limites de cada cultivar, e também revisem as informações do recadastro realizado em 2011 e já apontem, se necessário, as correções. FONTE: VIVIANE ZANELLA, JORNALISTA – EMBRAPA UVA E VINHO
A nova variedade, de porte ereto, pode ser colhida mecanicamente
IAPAR
ra de mercado a produtos que não enfrentam esse tipo de problema, como o Nordeste brasileiro. “Nosso mel é de produção orgânica e silvestre”, destaca. Na avaliação do gerente de Agronegócios do Sebrae, Enio Queijada, o mercado externo é importante para o apicultor brasileiro, e, em 2012, permanece o desafio de vender mel com valor agregado e diferenciado, mesmo com a existência de barreiras técnicas internacionais. Sobre a questão de inovar o produto, ele destaca que a instituição conta hoje com um portfólio de serviços como o Sebraetec, programa de capacitação e consultoria tecnológica, e o Programa de Alimento Seguro (PAS) Mel. Destino Os Estados Unidos foram o principal destino das nossas exportações de mel, com receita de US$ 42.831.845, respondendo por mais da metade do total. A Alemanha ficou em segundo, com US$ 12.210.794. O Reino Unido absorveu US$ 4.826.151 dessas vendas. Outros países importadores de mel do Brasil foram Canadá, Israel, França, Cabo Verde, Peru, China, Argentina, Japão e Emirados Árabes.
Características Segundo a pesquisadora Vânia Moda Cirino, a IPR Campos Gerais é adaptada para plantio nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Seu potencial produtivo chega bem próximo de quatro toneladas por hectare, ficando pronta para colheita em menos de 90 dias. As plantas têm porte ereto e podem ser colhidas mecanicamente. “A nova variedade é moderadamente tolerante à seca e a situações de altas temperaturas na fase de florescimento e começo da formação de vagens. Suas plantas se desenvolvem de modo eficiente em solos ácidos e com baixa disponibilidade de fósforo”, ensina a pesquisadora do Iapar. No aspecto doenças, é resistente à ferrugem, oídio e vírus do mosaico comum e apresenta resistência moderada à antracnose, murcha de fusário, crestamento bacteriano comum e murcha de curtobacterium. É, no entanto, suscetível à mancha angular. Do ponto de vista culinário, os grãos de IPR Campos Gerais cozinham em cerca de 22 minutos. Além disso, segundo a pesquisadora, a variedade presenta ainda bom teor de proteína, ferro e zinco. Sementes da nova cultivar já estão disponíveis, e os interessados podem obter mais informações pelo telefone (43) 3376-2482 ou no endereço eletrônico comercial@iapar.br.
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CAFÉ CAFÉ
Uma pós-colheita Boaboa pós-colheita segredoda para qualidade é ésegredo qualidade
Cada etapa da produção de café tem um papel decisivo na qualidade do café. Dentre elas, a pós-colheita é considerada uma das mais importantes, e estima-se que ela influa mais de 50% na qualidade do produto final. 12 FEVEREIRO/2012
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GERSON SILVA GIOMO ENGENHEIRO AGRÔNOMO, PESQUISADOR CIENTÍFICO DO CENTRO DE CAFÉ “ALCIDES CARVALHO” - INSTITUTO AGRONÔMICO (IAC), CAMPINAS-SP
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os últimos anos tem havido maior demanda por cafés especiais; se o produtor tiver acesso a mercados que valorizem a qualidade, vale a pena investir na produção. É uma oportunidade para ele agregar valor ao produto, cujo preço varia de acordo com a qualidade do grão e da bebida, e aumentar a competitividade na cafeicultura. Alguns estudos já apontam que, dentro de alguns anos, a oferta de cafés especiais já não poderá atender à procura crescente dos principais países consumidores, principalmente os EUA. Atentos a este mercado, produtores brasileiros têm feito grandes investimentos na modernização de infraestrutura, equipamentos para processamento do café e capacitação técnica. O cuidado se justifica, já que durante a pós-colheita ocorrem grandes transformações físicas, fisiológicas e bioquímicas nos grãos. Por isso, desde a lavoura até o processamento, todas as atividades devem ser tecnicamente bem conduzidas para preservar a qualidade intrínseca da variedade cultivada. Por exemplo, apesar de seu alto custo, erros durante a secagem são os principais responsáveis por prejuízos à qualidade do café. Como o próprio nome sugere, a pós-colheita engloba todas as operações realizadas da colheita em diante, incluindo o processamento, a secagem e o beneficiamento do café, deixando-o em condições de ser consumido ou armazenado. Após a secagem, o café em coco ou em pergaminho é armazenado temporariamente em tulhas e posteriormente submetido ao beneficiamento, onde é feito o descascamento (rompimento da casca e/ou pergaminho para liberação dos grãos), a limpeza (remoção de matérias estranhas e estruturas remanescentes que não servem para consumo, tais como casca e pergaminho) e a classificação (separação com base no tamanho, formato, cor e massa específica dos grãos). De modo geral, o processamento pós-colheita não melhora significativamente a qualidade do café, mas possibilita que seja preservada a qualidade inicial que havia sido pré-determinada no campo, pela interação genótipo × ambiente. Portanto, se o café já vier da lavoura com a qualidade comprometida, essa situação vai persistir durante todas as etapas do processamento. Também, é preciso ressaltar que, ao mesmo tempo em que algumas características físicas dos grãos e alguns atributos sensoriais do café possam ser alterados positivamente pela forma de processamento e secagem, a qualidade da bebida pode ser prejudicada se não forem tomados os devidos cuidados.
Planejamento da colheita e processamento A produção de cafés de alta qualidade depende do bom planejamento da colheita e do processamento pós-colheita. Para que não haja perda de qualidade, o café precisa ser submetido ao processamento e/ou secagem no mesmo dia da colheita. Por isso, o volume de café colhido deve ser compatível com a capacidade operacional das estruturas de processamento e secagem, evitando que haja sobrecarga do fluxo de café ao longo das diversas sequências operacionais. Qualquer que seja o tamanho da propriedade, os terreiros de secagem são fundamentais para a obtenção de cafés de elevada qualidade, por isso, atenção especial deve ser dada ao seu dimensionamento e construção. Para estabelecer o cronograma de atividades, é necessário Cafeeiro com maturação desuniforme. Presença simultânea de frutos maduros, verdes e secos
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Uma boa amostragem decidirá o momento da colheita, com a maior quantidade de grãos cereja
conhecer previamente o potencial produtivo das lavouras, a capacidade operacional efetiva de terreiros, lavadores-separadores, descascadores e secadores, bem como a disponibilidade de mão de obra e/ou equipamentos para a colheita, assim como o período efetivo de colheita. Com isso, é possível estimar a quantidade de café que deve ser colhida e processada diariamente. Quando a estrutura de processamento possui capacidade operacional aquém da necessidade, principalmente em casos de superprodução ou subdimensionamento das unidades de processamento, deve-se estender o período de colheita para dar conta de manejar o café adequadamente, de acordo com os padrões de qualidade estabelecidos pelo produtor. Considerando que a qualidade do café pode ser influenciada por fatores genéticos, ambientais e tecnológicos, é importante fazer a caracterização da qualidade potencial do café antes da colheita, mapeando as lavouras conforme o tipo de solo, localização dos talhões, face de exposição, altitude, cultivar, uniformidade de maturação, manejo, histórico de cultivo, etc. Além de possibilitar o estabelecimento de prioridades na colheita e na pós-colheita, esse procedimento facilita a rastreabilidade da qualidade do café na propriedade e permite a separação de lotes com diferentes níveis de qualidade. A maturação dos frutos é um dos principais fatores que determinam a qualidade do café, por isso existe tanta preocupação tanto com o estado de maturação quanto com a uniformida14 FEVEREIRO/2012
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de de maturação no momento da colheita. A máxima qualidade do café é obtida no auge da maturação dos frutos, no estado cereja e, à medida que se afasta desse ponto ótimo, seja antecipando ou atrasando a colheita, ocorre perda de qualidade. A desuniformidade de maturação é uma característica intrínseca do cafeeiro arábica, devido às diversas floradas que ocorrem em um mesmo ciclo produtivo, constituindo uma das principais dificuldades a serem superadas para melhoria da qualidade do café. A colheita de frutos em diferentes estados de maturação interfere negativamente na qualidade do café, tanto pelo efeito direto na composição química dos grãos, como pelo efeito indireto da ação de microorganismos no período em que o café permanece exposto às condições climáticas adversas até o início do processamento. Frutos colhidos nessa situação possuem teores de água distintos, o que proporciona uma secagem desigual, pois os frutos mais secos (passas e secos) tendem a ficar excessivamente secos, enquanto que os mais úmidos (cerejas e verdes) ficam mal secos, afetando a qualidade do café, causando perda de peso e quebra de grãos e, ao mesmo tempo, prejudicando a bebida. É importante ressaltar que os melhores cafés são obtidos a partir do processamento de frutos completamente maduros (cereja). Contudo, devido aos vários fatores que contribuem para a definição da qualidade do café, no campo e na pós colheita, nem todo fruto cereja possui potencial para produzir café com elevada qualidade de bebida. Por exemplo, qualquer condição ambiental adversa que cause estresse às plantas, a ponto de interferir no ciclo normal de maturação dos frutos, já é suficiente para impedir a manifestação do potencial pleno de qualidade de bebida. Isso precisa ficar bem claro para que não ocorram frustrações.
Frutos maduros O fruto do cafeeiro atinge o auge da maturação no estado “cereja”, quando apresenta o máximo desenvolvimento de
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Frutos imaturos Os frutos imaturos (verde e verde-cana) são aqueles que não completaram o ciclo de maturação, ou seja, não se desenvolveram completamente e, portanto, não apresentam composição química plena e equilibrada. Com isso, as propriedades organolépticas do café não se desenvolvem completamente durante a torra dos grãos, dando origem a bebidas ásperas, adstringentes e com amargor acentuado, com qualidade inferior àquela proporcionada por frutos maduros. Resultados de pesquisa indicam que na produção de cafés especiais a colheita de 2,5% de frutos verdes é suficiente para prejudicar a qualidade da bebida, causando acima de 30% de rejeição/desclassificação dos lotes. A quantidade excessiva de frutos verdes causa perdas quantitativas e qualitativas, com prejuízos na classificação por tipo, no peso dos grãos, no rendimento e na qualidade de bebida.
Frutos passados Frutos sobremaduros (passas) são aqueles que estão em fase de senescência. Como passaram do ponto ideal de colheita, são responsáveis por perda de qualidade, especialmente devido à ação de microorganismos que podem causar fermentações e alterar o equilíbrio entre os componentes químicos dos grãos, bem como produzir substâncias que poderão alterar as propriedades organolépticas do café, com reflexos negativos no sabor e aroma do café, dentre outros. Quanto mais tempo os frutos permanecem expostos às condições propícias às fermentações, na planta, e principalmente após terem sido colhidos, maiores podem ser os efeitos deletérios sobre a qualidade do café.
Ponto ideal de colheita
qualitativas e quantitativas quanto ao melhor momento de colheita frente as suas necessidades, disponibilidade financeira e qualidade almejada, sendo esta uma decisão técnico-administrativa de grande relevância para a qualidade do café. Para contornar os problemas advindos da desuniformidade de maturação do café arábica e diminuir a quantidade de frutos verdes na colheita, existem pelo menos duas alternativas: a) Fazer a colheita seletiva, manual ou mecânica, onde apenas os frutos maduros são retirados da planta. Geralmente onera bastante o custo de produção, porém é a melhor maneira para explorar o potencial qualitativo das lavouras; b) Fazer a colheita de todos os frutos da planta em uma única vez (derriça total), manual ou mecânica, ou com repasses (derriça parcial), realizando posteriormente a separação hidráulica dos frutos no início do processamento. Essa última alternativa vem tendo uso crescente no Brasil e atualmente existem equipamentos que realizam com grande eficiência a separação de frutos verdes, cerejas, passas e secos, predominantemente com base na diferença de tamanho (peneiras), densidade (lavador-separador) e resistência mecânica dos frutos (descascador). Ainda que seja necessário, deve-se evitar colher cafés verdes, pois, como foi visto anteriormente, a presença de grande quantidade de frutos verdes contribui para perdas quantitativas e qualitativas. A utilização de cultivares com diferentes ciclos de maturação (precoces e tardias) constitui uma vantagem para o escalonamento da colheita, sendo boa alternativa para aumentar o volume de colheita de café maduro.
Processamento O processamento do café pode ser feito por via seca ou por via úmida. Qualquer que seja a forma de processamento é recomendável fazer a separação dos frutos por densidade e/ou EPAMIG
todos os seus componentes (casca, mucilagem, pergaminho e sementes), onde a composição química dos grãos oferece condições para que no processo de torra ocorram todas as reações físico-químicas necessárias para a obtenção de características sensoriais desejáveis, com destaque para o aroma, sabor, acidez, amargor, corpo e doçura, satisfazendo as exigências para produção de cafés de alta qualidade de bebida. Por isso, o estado cereja é o momento em que o fruto expressa o seu potencial máximo de qualidade, representando o ponto ideal para colheita.
Detalhe dos frutos da variedade Obatã
Pelos motivos expostos anteriormente, recomenda-se que a colheita do café seja feita quando há uma quantidade máxima de frutos cerejas e mínima de frutos verdes, de frutos passados e secos. No entanto, como isso nem sempre é possível, o momento de colheita deve ser ajustado conforme a capacidade operacional do cafeicultor, ou seja, deve levar em consideração a disponibilidade de equipamentos, infra-estrutura, volume de produção, período de colheita e uniformidade de maturação dos diversos talhões. Geralmente opta-se por iniciar a colheita com uma alta porcentagem de frutos imaturos, em torno de 20%, porém isso requer a separação obrigatória e o processamento adequado desses frutos. Quando não for prevista essa separação, a colheita deve ter início quando a quantidade de frutos verdes estiver entre 5 e 10%. Cabe ao produtor fazer as análises A Lavoura FEVEREIRO/2012 15
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Lavador-separador hidráulico. Frutos mais pesados sendo separados do lado direito (cerejas e verdes) e frutos mais leves e impurezas separados do lado esquerdo (boias)
tamanho, visando a obtenção de lotes uniformes quanto ao grau de maturação, tamanho do fruto e teor de água, o que melhora o processo de secagem. Quando o processamento é conduzido de maneira adequada, é possível obter diversos tipos de café, a partir de lotes de frutos maduros, imaturos, boia e café de varrição, permitindo ao cafeicultor explorar melhor o potencial qualitativo das lavouras. A separação e o manejo correto de cada lote favorecem a obtenção de cafés com diferentes níveis de qualidade e preço, possibilitando atender às exigências dos diversos mercados de café. O café de varrição deve ser sempre lavado e conduzido à secagem separado dos demais tipos de café, pois, por conter maior quantidade de impurezas, de grãos pretos e ardidos e, por ficar exposto às condições ambientais adversas no campo ou em contato com a terra, possui baixa qualidade de bebida. É importante ressaltar que a avaliação criteriosa da qualidade de todos os lotes de café produzidos na propriedade permite a elaboração de blends que melhoram o aproveitamento dos cafés e contribuem para agregação de valor. Para evitar perda de qualidade do café, o processamento e/ ou secagem deve ter início dentro de no máximo 8 horas após a colheita. Em casos de emergência, devido a quebra de equipamentos ou estrangulamento das operações de processamento, é possível minimizar efeitos negativos à qualidade decorrentes de fermentação dos frutos deixando o café recém colhido submerso em água limpa e fresca, principalmente no período noturno, para que seja processado na manhã do dia seguinte.
Preparo por via seca É a forma de preparo predominante no Brasil. Os frutos são secados inteiros (casca, pergaminho, mucilagem e grãos), em terreiros ou em secadores mecânicos, obtendo-se o café natu16 FEVEREIRO/2012
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ral, também chamado de café em coco. Dependendo do tipo de colheita e das condições do processamento, os frutos podem ser separados das impurezas (pedras, paus, folhas) e também por estado de maturação em lavadores-separadores. Esse procedimento é necessário para que a secagem ocorra de maneira uniforme, contribuindo para a melhoria da qualidade do café. Em algumas regiões é comum levar o café da lavoura direto para o terreiro, sem qualquer tipo de separação dos frutos. No entanto, isso não é recomendado, pois aumenta o risco de perda de qualidade. Quando não for prevista a separação de frutos verdes é preferível colher o café em estado de maturação mais adiantada, com maior quantidade de frutos passas e secos.
Preparo por via úmida Nesse tipo de preparo a casca do fruto é removida mecanicamente, obtendo-se cafés em pergaminho, conforme descrito mais adiante. Inicialmente o café da lavoura é encaminhado ao lavador para separação hidráulica. A fração mais leve (boia), constituída pela mistura de frutos secos e chochos, é separada primeiro e vai direto para o terreiro de secagem. A fração mais pesada, constituída pela mistura de frutos cerejas, verdes e passas, segue para o descascador-separador, onde ocorre a separação mecânica de frutos verdes. Por possuírem casca mais resistente, os frutos verdes não se rompem sob a ação do descascador e são encaminhados para fora do equipamento, enquanto que os maduros se rompem, atravessam a peneira que reveste o eixo do descascador e são encaminhados para o descascador complementar (robô), onde ocorre a separação das cascas. descascado: chamadodos de cereja descascado, onde soOCafé grau de desenvolvimento mente casca do fruto é removida, ou seja, o café é submegrãosa no próprio pé é variado tido à secagem com a mucilagem aderida ao pergaminho;
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Café desmucilado: corresponde ao café em que a mucilagem remanescente no pergaminho, após o descascamento, é removida por atrito em desmucilador mecânico; Café despolpado: a mucilagem é removida por ação microbiana (degomagem biológica). O café é colocado em tanques por períodos de 16 a 36 horas para haja fermentação e degradação da mucilagem. Em seguida é feita a lavagem para remoção dos resíduos de mucilagem, obtendo-se o café despolpado, também chamado de café lavado. O descascamento dos frutos e a eliminação da mucilagem diminuem a incidência de microorganismos e aceleram a secagem, reduzindo custos e impedindo a ocorrência de fermentações que poderiam afetar negativamente a qualidade do café. Além disso, há diminuição de até 50% do volume de café a ser manuseado, melhorando o uso de terreiros, secadores e armazéns. Associada à colheita de frutos maduros, o preparo do café por via úmida confere maior potencial para o aprimoramento da qualidade, sendo predominante nos principais países produtores de café arábica da América Central, África e Indonésia. Ressalta-se que é preciso ficar atento quando se compara a qualidade de bebida de cafés obtidos por diferentes formas de preparo. É um equívoco pensar que a qualidade de cafés despolpados é sempre melhor que a de cafés naturais ou vice-versa, pois, a qualidade do café é influenciada por diversos fatores e não apenas pela forma de processamento. Tanto existem cafés despolpados ruins, como cafés naturais bons. O que precisa ficar claro é que há diferença entre o perfil sensorial de cafés despolpados e naturais, o que gera confusão e leva a conclusões equivocadas nas comparações de qualidade dos cafés. Também, é comum compararem cafés de diferentes origens, na tentativa de verificar qual é o melhor ou pior. Isso deve ser feito com cautela, considerando que as bases de comparação podem ser diferentes devido ao ambiente de produção, a cultivar, e ao manejo do café na lavoura e na pós colheita, dentre outros.
ILLYCAFFÈ
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Secagem A secagem é um dos pontos mais críticos na pós-colheita do café, devido ao elevado custo operacional. Também, se for mal conduzida, tanto em terreiros como em secadores, causa perda de coloração e aparecimento de manchas nos grãos, além de alterações físico-químicas que afetam a qualidade da bebida. A remoção da água dos grãos, de maneira criteriosa e controlada, é fundamental para garantir a sua conservação, tanto pela inibição da ação de microrganismos como pela redução da atividade metabólica. A secagem bem conduzida mantém a integridade fí-
Cafeeiro com maturação desuniforme. Presença simultânea de frutos maduros, verdes e secos
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... e preparadas para avaliação de qualidade
Amostras de café: natural,...
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... café pergaminho cereja descascado...
sica e preserva os componentes químicos dos grãos, o que é essencial para expressão das características organolépticas e atributos sensoriais da bebida após o processo de torra. A secagem em terreiros requer cuidados especiais, principalmente quanto a espessura da camada e revolvimento do café. De modo geral, quanto mais úmido estiver o café, menor deve ser a espessura da camada para acelerar a remoção da água. Quando o produtor dispõe de secadores mecânicos, uma das maneiras de melhorar o processo de secagem é realizar a secagem combinada, onde o café passa por um período de présecagem ao sol, em terreiro, até atingir a meia seca e em seguida a secagem é finalizada em secador até os grãos atingirem teor de água de 11,5%. Esse procedimento reduz o tempo de secagem e proporciona melhor coloração aos grãos, comparativamente ao café que não é submetido à pré-secagem. Na secagem em secadores, especial atenção deve ser dada à temperatura do ar de secagem e da massa de café, que devem ser ajustadas de acordo com o tipo de café (coco/ pergaminho), estado de maturação dos frutos (maduros/verdes) e teor de água inicial, sendo tanto mais baixa quanto mais alto for o teor de água do café. Para que a secagem ocorra de maneira uniforme, deve-se evitar a mistura de lotes de café com teor de água diferente. Dentro de certos limites, algumas diferenças no teor de água podem ser minimizadas pela pré secagem em terreiro, sendo de grande interesse para a mistura de lotes.
Secagem de café natural em terreiro – café em coco • Esparramar o café em camadas finas, fruto a fruto – no máximo 15 litros de café por m2; • À medida que o café vai secando, engrossar a camada diariamente até atingir a espessura de 3 a 5 cm, intercalando com leiras um pouco mais grossas que a camada, de até 5 cm para café cereja e 10 cm para café boia; • Revolver o café frequentemente, no mínimo 10 vezes ao dia, seguindo o caminhamento do sol. O revolvimento frequente é necessário para uniformizar e acelerar a secagem, conferindo ao café melhor coloração e aspecto; • Ao atingir a meia seca (teor de água em torno de 30%) o café estará com a casca de coloração marrom escuro e deverá ser enleirado ou amontoado e coberto com lona por volta das 15:00 horas para não receber sereno à noite. Esse procedimento melhora a uniformidade da secagem. Se for adotada a secagem combinada, esse teor de água é adequado para levar o café em coco ao secador para finalizar a secagem; 18 FEVEREIRO/2012
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• Na manhã do dia seguinte, por volta das 9:00 horas, quando o terreiro já estiver um pouco aquecido, esparramar o café e continuar revolvendo com frequência. Repetir esse procedimento até que os grãos atinjam teor de água de 11-11,5%; • Dependendo das condições climáticas, do teor de água inicial, da uniformidade de maturação dos frutos e do manejo do café no terreiro, o período de secagem poderá variar entre 10 e 20 dias. Secagem de café em pergaminho em terreiro – descascado, desmucilado e despolpado • Esparramar o café em camadas finas, grão a grão – no máximo 7 l/m2; • À medida que o café vai secando, engrossar a camada diariamente até atingir a espessura de 3 cm, intercalando com leiras um pouco mais grossa que a camada, de até 5 cm; • Revolver o café frequentemente, no mínimo 16 vezes ao dia, seguindo o caminhamento do sol; • Ao atingir a meia seca (teor de água em torno de 25%) o café deverá ser enleirado ou amontoado e coberto com lona por volta das 15:00 horas. Se for adotada a secagem combinada, esse teor de água é adequado para levar o café em pergaminho ao secador para finalizar a secagem; • Na manhã do dia seguinte, por volta das 9:00 horas, esparramar o café e continuar revolvendo com frequência. Repetir esse procedimento até que os grãos atinjam teor de água de 11-11,5%; • Dependendo das condições climáticas, do teor de água inicial, da uniformidade de maturação dos frutos e do manejo do café no terreiro, o período de secagem poderá variar entre 8 e 12 dias.
Secagem em secador – café em coco e em pergaminho A utilização de secadores mecânicos possibilita a redução do período de secagem, sendo essencial quando se trabalha com grandes volumes de café. No entanto, considerando que altas temperaturas de secagem podem afetar a qualidade do café, é necessário um rigoroso controle da temperatura na massa de grãos e da taxa de remoção de água. O manejo correto do café na secagem, tanto em terreiros quanto em secadores, é fundamental para a manutenção da qualidade do café. É bastante comum a utilização de secadores em secagem combinada, onde o café passa por um período de pré-secagem em terreiro, de pelo menos 3 a 5 dias, para café em pergami-
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INFORMA MIDIA
CAFÉ nho e café em coco, respectivamente. Quando atinge a meia seca (teor de água entre 25 a 30%) o café é levado ao secador para finalizar a secagem, até os grãos atingirem teor de água de 11,5%. Durante a secagem, a temperatura na massa de café não pode passar de 35oC, 40oC e 45oC, para cafés verdes, cafés em pergaminho e cafés em coco, respectivamente.
Beneficiamento O beneficiamento consiste nas operações realizadas após a secagem do café, tendo em vista a remoção de impurezas, de casca e pergaminho dos frutos e separação dos grãos. São utilizados equipamentos específicos, dispostos em uma sequência operacional apropriada, e que atuam de acordo com algumas bases físicas de separação dos grãos e impurezas, tais como peso específico, tamanho, formato e cor. As etapas iniciais do beneficiamento podem ser feitas nas próprias fazendas e a etapa final, chamada de rebenefício, é geralmente feita em armazéns e cooperativas. Na etapa final é feita a separação do café por densidade e cor, obtendo-se a qualidade potencial máxima do café. Pré-limpeza: inicialmente o café passa por uma máquina de pré-limpeza, constituída por abanadores e ventiladores, onde são removidas impurezas pequenas e de menor densidade, como folhas, gravetos e resíduos de terra. Em seguida o café passa por um catador de pedras, onde são removidas impurezas mais pesadas como torrões, pedras e impurezas metálicas. Descascamento: o café em coco ou pergaminho passa por um descascador onde ocorre o rompimento do fruto e liberação dos grãos, seguido de abanação para eliminação das impurezas. Limpeza e classificação por tamanho: o café passa por uma máquina de ar e peneiras, onde ocorre a eliminação de impurezas remanescentes do descascador e a classificação dos grãos por tamanho e formato. São utilizadas peneiras com perfurações circulares e oblongas de diversas medidas, intercaladas entre si, que fazem a separação de grãos chatos e mocas nos seus respectivos tamanhos. No mercado, são mais valorizados os grãos retidos nas peneiras 16, 17 e 18. Quando não é feita a classificação por taIAC
O mercado de cafés é competitivo e continua em ascensão
manho dos grãos ou quando o lote é constituído por quatro ou mais peneiras, obtém-se o café bica corrida. Classificação por peso específico: após a classificação por tamanho os grãos são submetidos à separação em mesa densimétrica, onde ocorre a separação de frações com base na diferença de peso específico dos constituintes do lote. Permite a eliminação de grãos mal formados, chochos e defeituosos, e impurezas remanescentes das etapas anteriores, aprimorando a qualidade do lote. Classificação por cor: é a última etapa do beneficiamento do café, onde equipamentos específicos separam os grãos com base na cor. Essa etapa é de grande importância para o aprimoramento da qualidade do café, pois permite a separação de grãos pretos, verdes, ardidos e deteriorados, deixando o café em condições de ser consumido ou armazenado. No Brasil é comum encontrarmos situações em que a infra-estrutura para processamento pós-colheita do café está aquém das necessidades. Muitas vezes isso é decorrente do aumento de produtividade das lavouras devido aos investimentos em técnicas de produção, a partir de cultivares melhoradas e espaçamentos mais adensados, sem que haja aumento proporcional das estruturas de processamento e secagem. Consequentemente, isso leva ao mau manejo do café em terreiros e secadores, com reflexos negativos na qualidade do café. Para aumentar a produção de cafés de alta qualidade, as unidades de processamento devem ser bem planejadas. Os equipamentos devem ser bem dimensionados, dispostos adequadamente nas instalações e mantidos em boas condições de trabalho, bem regulados e limpos, principalmente lavadores, descascadores, desmuciladores e tanques de fermentação. O mesmo vale para secadores, terreiros, tulhas e galpões de armazenamento. No processamento via úmida deve ser prevista a instalação de estruturas para o tratamento e destinação das águas residuárias, atendendo às condições higiênico-sanitárias e exigências da legislação ambiental. As atividades devem ser monitoradas e
Café pergaminho em fase final de secagem
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os operários devem receber orientação para manusear corretamente cada equipamento e melhorar o desempenho de suas funções.
Detecção de falhas no processo produtivo através do diagnóstico da qualidade A cada ano o cafeicultor deve fazer o diagnóstico da qualidade dos cafés produzidos na fazenda. Isso serve para identificar possíveis falhas no processo produtivo e auxiliar no estabelecimento de medidas corretivas para a próxima safra. Vale destacar que a espécie Coffea arabica L. possui potencial genético para a produção de cafés finos, com bebida suave, aromática e saborosa, classificada como bebida mole ou estritamente mole. Portanto, se a maioria dos cafés não se encontrarem nessa situação, é sinal de que há algo errado no sistema produtivo (Genótipo + Ambiente + Processamento). A qualidade de bebida é um dos principais fatores determinantes do preço do café, por isso merece grande atenção do produtor, principalmente em anos de alta produção, onde há grandes volumes de café no mercado e os comparadores selecionam melhor o que querem comprar. Nessa situação, vende mais fácil e por melhor preço aqueles que têm cafés com melhor qualidade de bebida. De modo geral, se aceita no Brasil o padrão de bebida dura como referência para a qualidade da bebida, o que constitui um entrave para a valorização do café brasileiro. Bebida dura é sinônimo de bebida áspera, adstringente, pouco doce e constitui uma anormalidade para o café arábica, sendo característica de cafés que possuem vários tipos de defeitos decorrentes de falhas cometidas tanto na produção quanto na pós-colheita.
Manejo da lavoura e características das cultivares são importantes Outros fatores relacionados à produção, como ambiente de cultivo, manejo da lavoura e cultivares, dentre outros, também devem ser considerados. As diferentes cultivares de café possuem exigências edafo-climáticas específicas para se desenvolverem e produzirem normalmente, e a expressão plena do potencial produtivo e/ou qualitativo só ocorre se estiverem devidamente adaptadas ao sistema de produção. Qualquer situação adversa que cause estresse às plantas pode interferir no metabolismo, frutificação e maturação, prejudicando a qualidade do café. Por exemplo, deficiência hídrica na fase de desenvolvimento de grãos impede que haja um ciclo normal de maturação dos frutos, causando prejuízos tanto no tamanho e peso dos grãos quanto na qualidade da bebida. Quando o foco do produtor é aumentar a produção de cafés de alta qualidade é importante lembrar que podem ser necessários alguns ajustes tanto no manejo da lavoura quanto nas técnicas de processamento pós colheita, pois assim como há cultivares que requerem sistemas de produção e manejo diferenciado para expressarem seu potencial produtivo, há também aquelas que necessitam de modos de preparo específicos para manifestarem seu potencial qualitativo. O cafeicultor precisa aprender a lidar com isso, pois, infelizmente, informações dessa natureza ainda são escassas no Brasil e, de modo geral, não fazem parte do escopo das recomendações técnicas para exploração da lavoura cafeeira, onde há maior ênfase e prioridade aos aspectos relacionados à produtividade das lavouras. 20 FEVEREIRO/2012
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A Lavoura
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INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA - IMA
CAFÉ
Uma correta avaliação do momento certo da colheita pode aumentaro aproveitamento dos grãos
P
ara garantir uma colheita de sucesso na cafeicultura, os produtores devem estar atentos a algumas regras de manejo e cuidados especiais em cada etapa da produção. Antes e depois da colheita existem regras que devem ser seguidas para garantir a qualidade dos grãos. A colheita precoce, por exemplo, pode prejudicar a produção em até 20%. Segundo Sérgio Maurício Lopes Donzeles, pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), antes da colheita, o produtor deve realizar algumas práticas preventivas. Para ele, o cafeicultor deve fazer uma arruação leve com rodo ou rastelo para evitar a retirada de restos de adubo e a terra das raízes, deixando-as desprotegidas do sol; reformar as estradas e corredores nas lavouras, adquirir materiais necessários para colheita: panos, sacos, lonas, peneiras, balaios, rodos, etc.; limpar as tulhas e os terreiros retirando restos de café da safra anterior e consertar rachaduras e gretas; verificar o sistema de abastecimento de água que será utilizado nas instalações; fazer a revisão e manutenção de equipamentos, além da limpeza dos lavadores e descascadores dos terreiros utilizando uma vassoura hidráulica. Ele deve também realizar uma higienização com água e hipoclorito de sódio na proporção de 1 litro para 100 litros de água e, por último, fazer a revisão dos veículos de transporte. Diferentes fases “As lavouras de café do Brasil apresentam mais de uma floração. No mesmo ciclo produtivo, o cafeeiro produz frutos com diferentes fases de desenvolvimento e maturação. Sabe-se que a máxima qualidade do fruto é alcançada no estágio de cereja, ponto ideal de colheita. O café colhido precocemente provoca prejuízo no tipo e na bebida, podendo atingir um índice de 20% de perda em relação ao rendimento final. No entanto, quanto mais tempo o café permanecer na árvore ou no chão, maior será a incidência de grãos ardidos, causando perda de massa seca e qua-
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CAFÉ ocorrerá a separação de impurezas grosseiras. Em seguida, os “frutos boias” (constituídos pelo café seco, frutos passas e quase secos, chochos e mal granados, verdes e maduros com apenas uma semente desenvolvida) flutuam sobre a água sendo transportados para a primeira saída. Já os frutos mais pesados, constituídos pelos frutos verdes e maduros, são transportados por um fluxo ascendente de água que força a passagem deles por uma abertura que se comunica com a segunda caixa lateral. Isso permite a recondução dos frutos para a superfície da água e seu transporte para a segunda saída lateral.
lidade”, pondera o pesquisador. Por isso, ele recomenda que o agricultor faça uma amostragem de cada lavoura para decidir sobre quando começar a colheita. Para a realização dessa amostragem, Donzeles explica que o produtor deve colher quatro plantas por talhão ou lavoura e levar para o terreiro. Dali, retira-se uma amostragem de café para, na contagem dos grãos, saber a porcentagem de grãos verdes. Recomenda-se o início da colheita quando, no mínimo, 80% dos grãos estiverem maduros.
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FONTE: SÉRGIO MAURÍCIO LOPES DONZELES, PESQUISADOR DA EPAMIG EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS (ADAPTADO)
EPAMIG
Grãos diferentes, sabores diferentes “O ideal para se colher um café de qualidade é que o percentual de grãos verdes for igual ou inferior a 5%. Uma amostragem bem feita dá uma ideia exata do grau de maturação, pois os grãos verdes ficam escondidos nas folhas e os vermelhos ou amarelos se sobressaem em virtude do contraste das cores, passando, às vezes, uma falsa idéia sobre o ponto de maturação do fruto”, alerta Donzeles. Ainda de acordo com o pesquisador, depois da colheita o café deve ser levado para o lavador. Nesses equipamentos, após a abanação, o café é transportado em uma bica de jogo, onde
Separação dos frutos Ainda segundo Sérgio Donzeles, depois da separação, os cafés “boia” e cereja devem ser secos separadamente por apresentarem teores de umidades diferentes. No preparo por “via seca”, o fruto é seco na forma integral, sem separar os frutos verdes dos cerejas, dando origem aos cafés denominados coco, terreiro ou natural. Já o processamento por via úmida dá origem aos cafés cerejas descascados, desmucilados e despolpados. Neste processo, a fração de frutos cerejas e verdes entram no descascador mecânico onde é realizada a separação dos frutos verdes e da polpa presentes nos grãos cerejas. Além disso, ocorre a separação dos grãos constituídos pelo endosperma, pergaminho e uma quantidade remanescente de mucilagem, o que dará origem aos cafés descascados. Eles apresentam como vantagem, quando bem preparados, um café de bebida fina, encorpada e com sabor natural. Para a obtenção do café tipo cereja desmucilado e despolpado, o restante da mucilagem aderida ao pergaminho é retirado mecanicamente em desmucilador ou em tanque de fermentação. O processamento por via úmida é muito utilizado por produtores da América Central, México, Colômbia, Quênia e África e, quando bem preparado, o café apresentará bebida suave, mole ou estritamente mole, independentemente da região produtora. Outras vantagens deste método são a diminuição da área do terreiro (redução de 60% do volume) e a redução no tempo de secagem, não só por ser um café uniforme, mas por apresentar teor de água mais baixo (em torno de 50%). A caracterização de cafés despolpados na Zona da Mata, em Minas Gerais, quando seguida de cuidados adicionais durante a secagem, promove a melhoria da qualidade e o aumento da rentabilidade para os cafeicultores. O despolpamento em regiões tradicionalmente produtoras de cafés de bebida rio, além de aumentar a rapidez e melhorar os cuidados durante o processamento, melhora a qualidade da bebida em razão da não utilização de cafés infectados do chão ou cafés muito maduros, ainda moles ou secos na árvore, cuja senescência pode propiciar a infecção microbiana.
A floração do café ocorre geralmente entre setembro e outubro, apenas por uma semana
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POLÍTICA AGRÍCOLA
O SOLÚVEL e O
consumo do café solúvel cresce em ritmo acelerado em todo o mundo, a taxas de 3% anuais, mas o Brasil, que já foi o maior exportador do produto, está perdendo espaço neste promissor mercado. Somos alvo de injustificável discriminação comercial da União Europeia, sem uma efetiva reação do governo, que adota postura de nação coadjuvante, não de líder emergente. Enquanto indústrias europeias exportam livremente café industrializado para o Brasil, não há contrapartida para a sobretaxa de 9% que a UE impõe ao solúvel nacional. A grande ironia é que o café industrializado europeu, o torrado e moído consumido aqui, é, em grande parte, produzido com café verde (grão) brasileiro. O governo permite a importação do café industrializado europeu sem contrapartidas, privilegiando indústrias localizadas no exterior, mas não autoriza empresas brasileiras a importar o grão, a fim de reutilizá-lo como insumo e exportar (regime de drawback) o nosso solúvel com valor agregado. Síndrome de colonizado? O resultado da barreira tarifária imposta pela UE desde 2006, sob o falacioso argumento de estimular países menos desenvolvidos, levou a produção de solúvel para outras nações da América Latina, Ásia e Europa. Como resultado, a redução de nossa produção ocorreu justamente no período de maior aumento do consumo mundial. Velho Continente As exportações de solúvel brasileiro para o Velho Continente, que chegaram a ser de 25 mil toneladas em 2004, quando éramos os principais exportadores mundiais, despencaram para 13,7 mil em 2010. Nesse período países que sequer contavam com uma fábrica passaram a produzir e exportar solúvel. O Vietnam montou plantas com capacidade para 20 mil toneladas anuais, totalmente voltadas para a exportação. A Colômbia, que produzia 5 mil toneladas anuais de solúvel, montou novas fábricas e agora produz 20 mil toneladas. A Índia, que contava com rudimentares fábricas e não consome café, instalou um moderno parque que hoje produz 40 mil toneladas anualmente, passando o Brasil como líder nas exportações de solúvel. Nos anos 1990 o Brasil contava com 11 fábricas de café solúvel, que produziam em conjunto 130 mil toneladas, boa parte (80%) voltada para a exportação. De lá para cá a produtividade dessas empresas até aumentou – num impressionante esforço do setor para manter o seu mercado, a despeito das dificuldades - mas o número de fábricas caiu para sete, com produção na casa dos 110 mil. Apenas no ano de 2008 a queda nas exportações de solúvel brasileiro foi superior a 20%. 22 FEVEREIRO/2012
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DANIELE MEDEIROS
a síndrome do colonizado
Ruy Barreto Filho* Como além de maiores produtores de café em grão, somos o segundo maior consumidor de café do mundo (cerca de 18,5 milhões de sacas atendem ao mercado interno), para nos mantermos competitivos no mercado mundial deveríamos importar o produto in natura e usá-lo na industrialização, visando a exportação. A medida seria imprescindível para que a indústria não sofresse colapso por falta de matéria-prima, já que a taxa de crescimento do consumo tende a superar a produção. Ressalte-se que todos os nossos concorrentes fazem drawback aproveitando-se inclusive da oferta de grãos a preços mais competitivos em diferentes países. A importação desses grãos em nada prejudicaria o produtor nacional, pois seria feita de forma seletiva, suplementarmente à produção interna e sempre voltada para a exportação. Contudo, as gestões que o setor de café solúvel têm feito para que o Ministério da Agricultura autorize o drawback mostram-se infrutíferas, como se a “estratégia” do governo fosse transformar o país novamente num mero exportador de produtos primários, num retorno aos tempos da colônia. Alta de preços Com a alta dos preços verificada nos últimos anos, resultado do aumento persistente da demanda, é hora de o governo superar a “síndrome de colonizado” e se dedicar ao resgate da indústria do café solúvel nacional, definindo uma estratégia que lhe permita competir em igualdades de condições com seus concorrentes externos. As medidas necessárias para tanto já foram apresentadas: permitir o regime de drawback; e derrubar a sobretaxa europeia no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), tendo em vista o seu caráter eminentemente contrário à livre concorrência. A omissão quanto a essas questões não representará apenas a perda de divisas, mas o desmanche paulatino de todo esse segmento industrial, que emprega milhões de brasileiros direta e indiretamente, e movimenta toda a cadeia do café brasileira. *É INDUSTRIAL DO SETOR DE CAFÉ E DIRETOR DA SOCIEDADE NACIONAL DE GRICULTURA
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MANEJO
GUSTAVO JULIO MELLO MONTEIRO DE LIMA
Maior quantidade de proteína bruta e melhor qualidade nutricional dos aminoácidos do cereal compensam o menor valor energético em comparação ao milho
SUÍNOS E AVES
Ração elaborada com grãos de triticale para alimentação de suínos
bem alimentados com grãos de triticale ALFREDO
DO
NASCIMENTO JUNIOR
G U S T AV O J U L I O M E L L O M O N T E I R O
DE
LIMA
ENGENHEIRO AGRÔNOMO, EMBRAPA TRIGO. PASSO FUNDO, RS
ENGENHEIRO AGRÔNOMO, EMBRAPA SUÍNOS E AVES. CONCÓRDIA, SC
a última década, foram observados aumentos consideráveis em área e em produtividade de grãos de triticale nos principais países produtores, sendo a alimentação animal o principal uso do cereal. No Brasil, apesar da estabilização de área entre os anos de 2000 e 2004 em, aproximadamente, 109 e 126 mil hectares, e de valor máximo de 135 mil colhidos em 2005, a área vem decrescendo desde 2007, sendo os 46 mil hectares contabilizados em 2010 a menor safra dos últimos dez anos. Em 2010, a produtividade média brasileira de grãos de triticale foi de 2.522 kg ha, superior em 17 % à do ano anterior (2.157 kg ha). Os estados do Paraná e de São Paulo foram responsáveis por 86 % da área de cultivo de triticale em 2010 e deverão continuar como os principais produtores na avaliação de 2011. Por outro lado, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram reduções em área.
A estimativa do IBGE é de que os estados de São Paulo e de Santa Catarina incrementem as áreas de cultivo em 116% e 52 %, respectivamente, resultando no aumento nacional em 23,5 %, em relação a 2010, podendo o Brasil chegar a 57,5 mil hectares. Apesar dos levantamentos oficiais, mesmo com pequenas áreas de cultivo, estados produtores como o Mato Grosso do Sul e Minas Gerais não são citados. Triticale, qualidade nutricional Os grãos de triticale têm na alimentação animal seu principal uso. A maior quantidade de proteína bruta e a melhor qualidade nutricional dos aminoácidos do triticale compensam o menor valor energético, quando comparado ao milho. Em média, até 75 % do milho poderia ser substituído por grãos de triticale na dieta de suínos e aves, sem acarretar em danos em ganho de peso, no consumo de ração e na conversão alimentar, podendo inclusive
N
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ALFREDO NASCIMENTO JÚNIOR
MANEJO
variando de 2 a 30 %, entre setembro de 2008 a setembro de 2009. Contudo, a partir de outubro de 2009, essa relação tornou-se negativa, principalmente devido ao aumento no preço de venda da saca de milho. Esse cenário causa enormes prejuízos na criação de suínos e aves em funSubstituição do milho ção do custo do milho na A substituição parcial Área de cultivo do triticale no Brasil tem sofrido redução gradual ração, podendo ter sido o do milho em favor do uso principal fator de increde grãos de triticale, mento em área de cultivo de triticale em 2011, resultando, incomo constituinte alternativo de rações para suínos, deve-se clusive, em maior procura por sementes desse cereal. Atualà melhor constituição proteica, principalmente lisina, que o mente, a saca de 60 quilos de grãos de triticale (R$ 15,00) está milho e ao menor custo que o farelo de soja. No mercado, em 35% abaixo daquela comercializada para o milho no estado do 2011, por exemplo, apesar de pequeno recuo na ordem de 1% Paraná. em julho, em um ano houve aumento de custos do farelo de Estrategicamente, a cultura deveria ser considerada pelo sesoja em aproximadamente 40 dólares americanos. A tonelada, tor público e empresas privadas de fomento animal como alternacomercializada no mercado internacional por US$ 385,00 (jutivo de uso imediato na formulação de rações para suínos e aves. lho/2011) varia no Brasil, em reais, entre R$ 650,00 a 800,00. Nesse sentido, configura-se grande oportunidade, para que nas O maior conteúdo de lisina, a maior digestibilidade da procadeias produtivas dos suínos e aves, seja inserido o triticale como teína bruta, o maior teor de fósforo e o melhor balanceameninstrumento balizador ou tampão de custo. to de minerais tornam o triticale especialmente indicado para a alimentação de suínos e aves. Participação Para tanto, é fundamental a participação governamental e das Preços dos ingredientes empresas diretamente envolvidas, com o fomento do cultivo de O nível ótimo econômico de substituição depende dos preespécies alternativas ao milho, entre elas o triticale. Essa atitude ços dos ingredientes que entram na formulação da ração e do permitiria a concreta estruturação do setor produtivo, desde a preço de bonificação do suíno. produção de sementes e de grãos aos principais usuários finais, inHavia estreita relação de preços para o triticale com as sédústrias de rações e produtores de suínos e aves. ries históricas de preços médios do milho, recebidos pelos produtores, de aproximadamente 14 % superior para o triticale, resultar em melhor bonificação das carcaças de suínos melhorando a margem bruta recebida pelos animais. Em termos energético, dietas com maior participação do triticale poderiam ser corrigidas através da adição de gordura.
O
Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (Siscal) é uma das alternativas de diversificação nas propriedades rurais. O veterinário da Emater/RS-Ascar, João Guayba Neto, explica que o Siscal facilita o ingresso de agricultores familiares na cadeia produtiva de suínos porque é uma alternativa de criação a campo com menor custo, em razão da menor necessidade de capital para implantação (45% do valor gasto no confinamento), menos uso de mão-de-obra, menor consumo de água, melhor destinação ambiental dos dejetos, pouca infraestrutura, menor uso de medicamentos e produtos químicos, menores índices de mortalidade e problemas sanitários por diarreias, pneumonias, rinite atrófica e verminoses e resultados produtivos semelhantes aos obtidos no sistema confinado. Para saber como criar suínos em Siscal contate com um escritório municipal da Emater/RS-Ascar.
CARINE MASSIERER
Criação de suínos com baixo custo
JOÃO PEREIRA GUAYBA NETO - VETERINÁRIO DA EMATER/RS-ASCAR
Agricultores também ingressam na cadeia produtiva de suínos
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A Lavoura
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MANEJO
Máquina de compostagem A compostagem de dejetos animais é uma técnica que transforma o que é resíduo em adubo
EMBRAPA SUÍNOS E AVES
é alternativa para manejo de dejetos suínos
A
EMBRAPA SUÍNOS E AVES
compostagem de dejetos suínos é uma das tecnologias que mais recebeu atenção nos últimos anos da Embrapa Suínos e Aves. O principal resultado prático desse esforço de pesquisa foi o desenvolvimento de uma máquina que mistura os dejetos a um substrato sólido (maravalha, serragem, palha ou cama de aviário). Como produto final, o sistema gera um composto orgânico que pode substituir o adubo químico. O equipamento foi gerado em conjunto pela Embrapa Suínos e Aves e uma empresa de Concórdia (SC), a Bergamini, e deve ser lançada no mercado em breve. A proposta de compostagem dos dejetos é consequência da experiência acumulada pela Embrapa na criação de suínos em sistemas de criação em cama sobreposta. Em 2005, em parceria com a unidade da Perdigão, em Serafina Corrêa (RS), foram implantadas 11 unidades de compostagem em propriedades produtoras de suínos. Sem mão-de-obra adicional, os produtores passaram a dar um encaminhamento ambientalmente correto aos dejetos e ainda tiveram à disposição um composto orgânico de qualidade para aplicar na lavoura. Segundo o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Paulo Armando de Oliveira, responsável pelo desenvolvimento da máquina, a compos-
O produtor precisa investir na edificação para as leiras e na máquina de compostagem...
tagem é o principal caminho para viabilizar o aumento da produção em áreas que já concentram grande número de suínos. “Essa é uma questão atual e que interessa bastante às agroindústrias e produtores”, disse Oliveira. Outra vantagem está na questão ambiental. “O sistema de compostagem minimiza significativamente os riscos de poluição ambiental, reduzin-
do as emissões de gases de efeito estufa e de odores gerados”, explica o pesquisador. Para implantar o sistema de compostagem mecanizado, o produtor precisa investir especialmente na edificação para as leiras e na máquina, mas o retorno é garantido. “O produto gerado é um adubo orgânico, que pode ser vendido”, explica o pesquisador. Para o pesquisador Paulo Armando, responsável pelo desenvolvimento da máquina, a compostagem é o principal caminho para viabilizar o aumento da produção em áreas que já concentram grande número de suínos. “Essa é uma questão atual e que interessa bastante às agroindústrias e produtores”, disse Oliveira.
... mas o retorno é garantido: o adubo orgânico gerado com o processo é vendido
LUCAS SCHERER CARDOSO EMBRAPA SUÍNOS E AVES
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DEORK DANIEL
TECNOLOGIA
Os ganhos de produtividade da agricultura brasileira estão diretamente ligados à adoção de tecnologias. Por isso o IAC aproveita a interação com produtores para transferir informações sobre fatores que afetam a semeadura: sementes, solo, máquina, clima e operador A época em que o feijão é semeado reflete até mesmo na qualidade para o cozimento do grão CARLA GOMES
AFONSO PECHE
ASSESSORA DE IMPRENSA – IAC
PESQUISADOR DO INSTITUTO AGRONÔMICO (IAC), DE CAMPINAS, DA SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO
O
bom produto agrícola é resultado de uma boa implantação de lavoura. Uma harmoniosa interação entre o solo, clima, insumos, tecnologias e práticas de manejo é resultado de vários fatores operacionais. Em meio à complexidade de um sistema operacional de produção, a semeadura é uma etapa determinante, que requer adequação para gerar reflexos na qualidade do produto final. As falhas ou defeitos operacionais aparecem em lavouras onde não foi considerado o valor de cada etapa da implantação. Vários exemplos podem ser apontados de maneira objetiva, como é o caso da falta de lubrificação de componentes, que promove o travamento e gera falhas; a mistura de sementes com fertilizantes, que provoca uma distribuição incorreta e prejudica a germinação. Esses fatores afetam diretamente a eficiência das plantas e, consequentemente, a produtividade. Problemas como esses podem ser evitados pelo acesso à informação gerada por trabalhos de pesquisa. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, por meio do Centro de Engenharia e Automação (CEA), desenvolve ações de pesqui26 FEVEREIRO/2012
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sa e transferência de tecnologia em diversas áreas da mecanização agrícola. Com relação à semeadura, o CEA/IAC desenvolve uma linha de pesquisa voltada para estudos da qualidade operacional. Segundo Afonso Peche Filho, pesquisador do IAC, Instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, os estudos são focados em culturas de verão como soja, milho, algodão, feijão e girassol e de inverno, como trigo, aveia e outras plantas de cobertura. A tecnologia gerada se aplica a pequenas e grandes propriedades e pode beneficiar praticamente todas as regiões produtoras de grãos do Brasil. Lavouras com falhas perdem a competitividade e, indiretamente, custam mais. Uma falha tem um custo equivalente a uma ou mais plantas produtivas, sendo que não rentabilizam. Estudos mostram que grande parte das lavouras brasileiras tem baixa eficiência operacional resultando em lavouras de risco, não competitivas, muito dependentes do mercado. Em um período de preços baixos, lavouras falhas levam muitos agricultores à falência.
A Lavoura
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TECNOLOGIA
ARQUIVO IAC
ARQUIVO IAC
Qualificação: caminho mais curto A qualificação de operadores, mecânicos e gerentes agrícolas é o caminho mais curto para melhorar o desempenho das lavouras brasileiras. Afonso Peche afirma que o IAC tem uma metodologia própria para desenvolver a capacitação profissional em qualidade nas operações agrícolas. O método IAC é uma adaptação da tecnologia desenvolvida por Paulo Freire para alfabetização de adultos. É como promover a “alfabetização tecnológica”, afirma o pesquisador. “Tudo é muito prático: enfoca-se o relacionando da geração de falhas ou defeitos com a manutenção de componentes ou com a qualidade dos insumos utilizados na operação”, explica do pesquisador. Ele ressalta que “nos dias atuais, A regulagem da máquina é muito importante para uma semeadura de qualidade cada vez mais, as máquinas dependem buição equidistante das sementes na linha, ou seja, uma boa que o operador seja qualificado para utilizá-las e que conheça relação entre os espaçamentos e o número correto de semenseus componentes e a tecnologia moderna”, afirma Peche. tes, a chamada plantabilidade, que é o principal parâmetro para avaliar a qualidade. A boa plantabilidade é responsável Regulagem e operação da máquina pelo desenvolvimento uniforme e bom aproveitamento do poA regulagem da máquina é também um fator preponderantencial genético da semente. te para uma semeadura de qualidade, pois envolve um con“Os benefícios de operações realizadas corretamente são junto considerável de componentes que vão se desgastando um incremento significativo no rendimento por planta e, conao longo do trabalho. Outra orientação relevante é sobre o tempo sequentemente, um grande passo para alta rentabilidade”, esda operação — a velocidade indicada para operar a maioria das clarece o pesquisador. Assim, a correção dos erros durante as semeadoras brasileiras está entre 5 e 6 km por hora, com um operações agrícolas são primordiais para elevar a produtividaconsumo de diesel por volta de dez litros/hora. de. “Como a gestão destas operações é baseada em detalhes, Geralmente, o agricultor se preocupa apenas com alguns essas não devem cair na rotina de serem executadas mecanidos fatores na implantação da cultura, como por exemplo, a camente”, ensina. quantidade de sementes por metro linear visando ao “estande” recomendado para a cultura. Porém, um estande Vários fatores influenciam o desempenho das plantas ideal é aquele que possui a quantidade recomendada de planComo já mencionado, são inúmeros os fatores de interação tas produtivas no final do ciclo da cultura. A qualidade da seque influenciam o desempenho das plantas. A regulagem de promente, que representa um dos três insumos fundamentais fundidade das sementes depende da cultura, umidade e tipo de dessa operação, seguida por fertilizantes e a graxa devem solo, além da época da semeadura. O adubo deve ser depositareceber atenção especial para garantir a qualidade da implando ao lado e abaixo da semente para não “queimar” a plântula tação de uma cultura. “Se a semente não tiver qualidade, não e prejudicar sua germinação. A máquina deve cobrir as semenhá operação de semeadura que resolva esse problema”, restes com o solo e expulsar o excesso de ar, moldando a linha de salta Afonso Peche. É muito importante também uma distriplantio de acordo com a cultura, como por exemplo, as dicotiledôneas que não toleram excesso de água nessa etapa e necessitam que a roda compactadora forme um camaleão sobre a semente e conduza a água para a entrelinha. Assim, as operações podem ser aprimoradas no sentido de melhorar a implantação de lavouras. Existem tecnologias simples e prontas para serem adotadas. É preciso aproximá-las dos usuários finais. O CEA/IAC disponibiliza um seminário de curta duração que pode ser realizado “in company” de acordo com a demanda. Maiores informações IAC: (11) 4582-8155/ 4582-8467 - e-mail: ppontes@iac.sp.gov.br
Falhas nas linhas em função de defeitos operacionais
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TECNOLOGIA
Em MT área diminui, mas produtividade do arroz é a maior dos últimos 30 anos
evantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revela que nas três últimas décadas a área destinada ao plantio de arroz em Mato Grosso teve redução significativa. Porém a produtividade da cultura quase triplicou. Na safra 1977/78 o estado plantou 780 mil hectares (ha) de arroz, obteve produtividade de 1.251 quilos/ ha e uma produção de 976,5 toneladas. No início dos anos 2000, Mato Grosso já tinha diminuído a área plantada em mais de 300 mil hectares, mantendo uma produção média de 1,2 mil toneladas por safra. De acordo com o técnico em Pesquisa Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Mato grosso, Pedro Spoladore Reis, a redução no volume de hectares cultivados com o grão no estado está ligada a questão ambiental. “A área cultivada com arroz começa a ter queda significativa principalmente a partir de 2006, quando a fiscalização se intensifica e passa a existir um controle maior em áreas de abertura. No início da cultura no estado tínhamos em torno de 1 milhão de hectares cultivados, atualmente este número não chega a 140 mil e a tendência é de que continue a diminuir”, afirmou. O aumento da produtividade se justifica por meio do uso da tecnologia aplicada no cultivo do grão e o surgimento de novas sementes no mercado. “Temos mais produtividade porque o agricultor tem investido mais em adubação e tem à sua disposição sementes de qualidade superior”, informou Reis. Variedade AN Cambará Responsável por 80% do mercado estadual, a variedade de arroz AN Cambará, desenvolvido pela Agro Norte Sementes e Pesquisa, entrou neste cenário em 2007. “O Cambará mudou até a forma de comercializar o arroz. Antes da variedade, quando se falava em preço do grão, nos referíamos a um arroz de 50% a 52% de inteiros, agora 28 FEVEREIRO/2012
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MARCO AURELIO JR
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A variedade Cambará atende a 80% do mercado de arroz de MT
quando falamos em preço nos referimos a um grão com 58% de inteiros. O agricultor ainda pode colher uma lavoura com uma umidade de 17% a 18%, que, se estiver dentro da maturação fisiológica e com ciclo normal, terá alta porcentagem de inteiros – isso ainda gastando menos com frete e facilitando a colheita”, explicou o engenheiro agrônomo e gerente comercial da Agro Norte, Mairson Santana. Além de render mais arroz inteiro para a indústria, o Cambará é uma variedade que não acama, o que facilita na colheita, é boa de panela, produtiva e pode ser cultivada em área de soja. Economia Outro fator que contribui para a diminuição da área cultivada com arroz em Mato Grosso é a dificuldade que os produtores do grão têm em conseguir financiamento. “As mesmas linhas de financiamento que existem para a soja, milho e algodão estão à disposição do produtor de arroz. A cultura esbarra em alguns entraves do próprio mercado, que não tem a mesma atenção por parte do governo do que o mercado da soja e do milho, por exemplo, o que é um grande erro. O arroz tem uma escala comercial extremamente interessante e que deve ser tratada de maneira diferente”, declarou o economista Wylmor Dalfovo. Questão ambiental Para o economista, a questão am-
biental também atrapalha na busca por crédito. “Erroneamente a cultura do arroz ainda está ligada ao desmatamento, por ser uma cultura de abertura de área. Existe esse preconceito que deve ser quebrado por meio de esclarecimentos, com Dia de Campo mostrando como funciona realmente o plantio de arroz, o uso do grão em terras degradadas, sua utilização na recuperação de pastagens, frisar também que o plantio de arroz associado a outras culturas gera benefícios ao meio ambiente. Falta por parte do governo políticas públicas que incentivem mais produtores a optarem pelo cultivo do arroz”, declarou Dalfovo. Na região do médio Norte de Mato Grosso, a Agro Norte é a única empresa que oferece linha de crédito ao agricultor. “Sabemos que existe o problema da comercialização do grão, e como não existe uma estrutura de hedge (proteção de operações financeiras) para a cultura, acaba também não existindo uma grande estrutura de financiamento para o produtor de arroz, para que ele possa pagar o financiamento na safra com o próprio arroz, como acontece no caso da soja e do milho. Somos a única empresa que realiza esta prática no médio Norte do estado e a demanda é muito alta, tanto que não conseguimos atender a todos os agricultores”, acrescentou o gerente comercial da Agro Norte, Mairson Santana. SUZANA MACHADO/BLACK & WHITE COMUNICAÇÃO
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Carta da S O B R A P A
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Outra oportunidade perdida E
m dezembro último, 194 países reunidos em Durban, África do Sul, perderam mais uma oportunidade de adotar uma solução efetiva para o gravíssimo problema do aquecimento global com a aprovação de um acordo consistente que pudesse ao menos atenuar substancialmente as consequências danosas das mudanças climáticas. Obviamente, não é mais sensato duvidar de que, a continuarem as tendências em curso, elas significarão nas próximas décadas um doloroso flagelo para a humanidade, cujas fases iniciais já podem ser percebidas com a ocorrência repetida de eventos climáticos extremos. O Protocolo de Kioto foi até hoje o único compromisso internacional alcançado nessa questão, ainda que seus objetivos tenham sido medíocres e ineficazes. Esse acordo entrou em vigor em 2005, com vigência até 2012, e estabeleceu que, com exceção dos países em desenvolvimento, os estados signatários deveriam conjuntamente reduzir em 5,2% o nível de emissões dos gases do efeito estufa (GEE), considerando como base de referência o ano de 1990. Os EUA não acataram a decisão e grandes poluidores, tais como China, Brasil e Índia, ficaram isentos, considerados que foram países em desenvolvimento. Pouco ambicioso e claramente insatisfatório, o Protocolo de Kioto mesmo assim não havia atingido seus objetivos ao aproximar-se o fim de seu período de vigência, e o término de 2012 deixaria o mundo sem um acordo que pudesse pelo menos reduzir o agravamento do problema. As reuniões sobre o clima havidas em Copenhague e Cancún, respectivamente em 2009 e 2010, não lograram qualquer entendimento expressivo quanto ao tema e a de Durban não aparentava poder alcançar quaisquer resultados concretos. Todavia, após dias de debates inconclusivos e estéreis, que levaram ao adiamento por dois dias do encerramento agendado para a reunião, chegou-se finalmente a um documento conciliatório alcunhado “Plataforma de Durban”, que embora não constitua uma solução nos permite minimamente abrigar alguma esperança. De acordo com a concordância obtida, a vigência do Protocolo de Kioto foi adiada para 2015, mas com o significativo e lamentável afasta-
mento do Canadá, Japão e Rússia. Pela primeira vez nas reuniões sobre o clima, os países representados – incluindo o Brasil – aceitaram o comprometimento de reduzir as suas emissões de GEE, embora nada haja sido decidido quanto a metas; bem como também admitiram negociar até 2015 um acordo destinado a substituir o Protocolo de Kioto, a vigorar entre 2017 e 2020, no qual serão acertadas metas obrigatórias inclusive para os grandes poluidores, como a China, EUA, Brasil, Indonésia, Rússia e Índia. É justo reconhecer que o Brasil teve atuação louvável, assumindo posição destacada nas negociações e aceitando o cumprimento futuro das metas a serem definidas. Os compromissos contidos na Plataforma de Durban são vagos e seu resultado dependerá da concretização dos compromissos que vierem a ser estabelecidos. Considerando as discordâncias anteriores, viabilizarse-á a redação de um acordo realmente efetivo até 2015? Em face das fortes pressões exercidas pelas indústrias petrolífera e carbonífera, as metas a serem estabelecidas serão adequadas e factíveis? Ou teremos outro fracasso como o ocorrido com o cumprimento do Protocolo de Kioto? Na ausência de novos compromissos imediatos, como se comportarão as emissões mundiais no intervalo de tempo até 20172020? Como será possível substituir o petróleo, o gás e o carvão nos 85% de participação que lhes são hoje atribuídos na geração de energia? E o Brasil, que ao assumir o compromisso do cumprimento das metas que lhe caberão necessariamente terá que reduzir drasticamente os desmatamentos, conseguirá fazêlo, mesmo com as repercussões negativas do novo Código Florestal? Essas são algumas das inquietantes interrogações que se apresentam com a aceitação da Plataforma de Durban. Só futuro dirá se finalmente a comunidade internacional ousará encarar com seriedade o enorme e difícil problema com que se defronta a humanidade. Ou se os países egoística e irresponsavelmente continuarão a postergar uma solução até o desastre final. Ibsen de Gusmão Câmara Presidente A Lavoura FEVEREIRO/2012 29
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Citações
Valor da produção florestal
A humanidade somente sentirá a própria desgraça ambiental quando já for tarde demais.
Conforme dados da publicação Pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2010, divulgada pelo IBGE em dezembro, a produção primária florestal do Brasil em 2010 somou R$ 14,9 bilhões, cerca de 8% a mais do que em 2009. Foram examinados produtos do extrativismo vegetal e da silvicultura, sendo que esta contribuiu com 71,8% do valor gerado pela produção florestal. A participação da silvicultura foi de R$ 10,7 bilhões, enquanto a da extração vegetal atingiu R$ 4,2 bilhões. Quatro dos cinco produtos madeireiros do extrativismo que foram estudados tiveram queda na produção: carvão vegetal (-8,7%), lenha (-7,9%), madeira em tora (-17%) e nó de pinho (-11.3%). Dos sete produtos originários da silvicultura, seis tiveram acréscimo, sendo que só as cascas da acácia-negra tiveram diminuição. Dos produtos nãomadeireiros, o principal foram as folhas de eucalipto para extração do óleo essencial, que tiveram um aumento de 51,2%. A produção de madeira atingiu 128.399.740 m3 de toras, dos quais 9,9% provenientes da extração vegetal e 90,1% da silvicultura. Para melhor visualizar o volume de madeira extraído das florestas nativas, imagine-se um monte de toras com um quilômetro de extensão e outro de largura, com a altura de um prédio de quatro andares, uma quantidade claramente inaceitável.
Este pensamento do zoólogo e etólogo austríaco Konrad Lorenz (1903-1989), agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1973 pelos seus trabalhos pioneiros em comportamento animal, é perfeitamente válido nos tempos presentes, em que os líderes mundiais e seus respectivos povos preferem ignorar as evidências óbvias das mudanças climáticas e suas consequências catastróficas em prol de um desenvolvimento econômico inconsequente e insustentável e aceitam passivamente a destruição acelerada da riqueza biológica do mundo, fruto insubstituível de milhões de anos de evolução orgânica, em troca de benefícios imediatos e passageiros.
Natureza em perigo O búzio-de-chapéu (Strombus goliath) é um caramujo marinho gigante, cuja impressionante concha, outrora comum como objeto de decoração doméstica, pode atingir até 40 centímetros de comprimento. Hoje, é frequente sua venda como souvenir ou o uso como peça de artesanato. A espécie, considerada a maior do mundo do gênero Strombus, é endêmica do litoral brasileiro, podendo ser achada entre o Espírito Santo e o Ceará. Seu hábitat são os fundos arenosos, em profundidades que variam entre cerca de quatro a 25 metros, sendo o molusco especialmente sensível a alterações ambientais. É um animal herbívoro, alimentando-se basicamente de algas. Embora pouco se conheça de sua história de vida, parece que a maturidade sexual somente é alcançada depois de muito lento crescimento, fato que aumenta a vulnerabilidade da espécie. A principal ameaça à sua existência é a pesca predatória, para consumo alimentar humano e comercialização das conchas. O búzio-de-chapéu, inicialmente considerado espécie “Ameaçada”, é hoje oficialmente classificado no Brasil na categoria de “Sobre-explotada ou Ameaçada de Sobreexplotação”, de acordo com o discutível critério de avaliação das ameaças à sobrevivência adotado no País para os organismos submetidos a pesca.
Aumenta o desmatamento no mundo Segundo o documento Avaliação Global das Florestas por Sensoriamento Remoto, divulgado recentemente pela FAO, as florestas do mundo, entre 1990 e 2005, perderam a cada ano 4,5 milhões de hectares (45.000 km2), o que corresponde a quase 6 ha por minuto. Fazendo uso de satélites de alta resolução, revela ainda a FAO que em 2005 a área total de floresta no mundo atingia 3.690 milhões de hectares, correspondendo a cerca de 30% da superfície terrestre (continentes e ilhas). Embora a perda total tenha sido menor do que a esperada, constatou-se que nos últimos anos ela está sendo acelerada, passando de 4,1 milhões de hectares por ano, entre 1990 e 2000, para 6,4 milhões entre 2000 e 2005. Os desmatamentos foram devidos fundamentalmente à conversão das florestas em áreas agrícolas.
Fonte: SBS Rede Dia a Dia, 12-12-2011
Novos métodos para avaliar as florestas A última versão do sistema Carnegie Airborne Observatory (CAO) emprega uma aeronave especialmente equipada com avançados sensores óticos e um laser capaz de mapear florestas com minúcias tridimensionais sem precedentes. O sistema permite catalogar florestas segundo seu estoque de carbono, um dado essencial para apoiar os esforços na redução dos desmatamentos, e terá efeitos significativos nas pesquisas sobre biodiversidade. O método empregado usa conhecimentos de física, bioquímica e ecologia e é capaz de medir ínfimas diferenças na maneira em que o dossel absorve e reflete a radiação solar. Os sinais variam dependendo das concentrações nas folhas de nutrientes, minerais, pigmentos tais como clorofila, e outros compostos que as árvores utilizam para protegeremse do Sol e dos predadores. Num experimento na Floresta Amazônica do Peru, foi possível observar indicações espectrais distintas de 90% das espécies. O equipamento é capaz de identificar mais de 400 frequências de luz, desde o ultravioleta até o infravermelho, podendo fazer 60.000 medições por segundo, com grande precisão. A nova metodologia permitirá um conhecimento sem precedentes das florestas heterogêneas, como o são as florestas tropicais Para exemplificar a utilidade do novo método de avaliação, cita-se um caso em que foram identificadas áreas de dossel de uma floresta evidenciando deficiência anômala de nitrogênio. Pesquisando-se no solo, verificou-se que uma planta invasora estava competindo com as árvores nativas por nutrientes.
Fonte: Boletim ANPs e Guardaparques no. 118
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Fonte: Nature, 21-06-2011
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Como diferentes países protegem suas florestas Repetidamente se afirma que a legislação brasileira impõe regras excessivamente duras na manutenção das florestas e que, sob este aspecto, o País é único na comunidade internacional. Um estudo comparativo, feito pela respeitada ONG de pesquisas nacional Imazom juntamente com pesquisador ligado à Universidade de Oxford, demonstra que tal afirmação é uma falácia. Hoje com apenas 56% de seu território com cobertura florestal preservada, segundo a FAO, o Brasil fica atrás de países desenvolvidos como a Suécia e Japão, ambos com 69% do território coberto por florestas. Mesmo a Indonésia, o segundo país em extensão de florestas tropicais e tido como um desmatador incontrolável, ainda preserva 52% delas, pouco menos do que o Brasil. Em ambos países os desmatamentos continuam. Dos 12 países pesquisados, somente a pequena Holanda destruiu toda sua cobertura florestal, mas mesmo assim mantém 11% de sua superfície com florestas plantadas. A França detém 29% de seu território com florestas, na sua maior parte nativas ou regeneradas naturalmente, uma proporção bem superior aos 8% restantes de Mata Atlântica restantes no conjunto de estados brasileiros outrora por ela cobertos total ou parcialmente. Naquele país, qualquer desmatamento superior a quatro hectares necessita de justificativa e licença especial. Nos EUA, com toda a sua imensa produção de alimentos, são mantidos 33% do país com cobertura florestal e sua conversão para outras formas de vegetação é proibida; nos últimos 100 anos, o desmatamento se limitou a 1%. A China, que chegou a ter apenas 5% a 9% de florestas nativas e plantadas, após um gigantesco esforço de reflorestamento, tem hoje 22%. A Polônia, apesar de devastada por guerras, passou de 24% para 30%. De acordo com o estudo, nos 12 países pesquisados, o desmatamento sempre começou por motivos econômicos, tais como extração de madeira, produção de lenha ou abertura de terras para outros fins; depois de a cobertura florestal chegar ao seu nível mais baixo, ela começou se recompor. Segundo o estudo, no Brasil a situação florestal atual deveria ser considerada no “nível mais baixo”, não cabendo mais desmatamentos. Mesmo se o território coberto por florestas atingisse 62%, diz o estudo, ainda sobraria grande estoque de terras abertas para a agricultura e a pecuária.
Projeto pretende pesquisar o futuro da Amazônia Uma das preocupações geradas pelo avanço das mudanças climáticas é como elas repercutirão futuramente na floresta amazônica. Algumas projeções indicam a probabilidade de vastas extensões se transformarem em savanas, possivelmente com características de cerrado. Segundo notícia publicada no boletim eletrônico da Agência FAPESP (http:/agencia.fapesp.br/14559) cientistas de instituições de pesquisa europeias e sul-americanas iniciaram um programa visando determinar o que ocorrerá com a Amazônia nas próximas décadas. Ele procurará verificar se ocorrerá degradação da flores-
ta em áreas de grandes dimensões e, em caso afirmativo, antecipar onde e quando isso deverá acontecer. Está previsto um sistema de alerta para o caso da perda de floresta afigurar-se irreversível. O programa será custeado conjuntamente por organizações europeias e nacionais e espera-se que os primeiros resultados possam estar disponíveis dentro de três anos.
Uma baleia em lugar errado As baleias-cinzentas (Eschrichtius robustus) são cetáceos que podem atingir cerca de 15 metros e pesar 35 toneladas. Elas se distinguem das demais baleias por características físicas distintas e por uma forma inusitada de alimentação, limitada a organismos marinhos que vivem junto ao fundo do mar. Hoje essas baleias estranhas só são encontradas no Pacífico Norte. Uma parte da população migra anualmente em direção ao sul, até o México, ao longo da costa do continente norte-americano; outra comporta-se da mesma forma ao longo da Ásia, migrando até o Japão. Elas também existiram no Atlântico Norte até o século 18, mas foram totalmente exterminadas neste oceano, provavelmente devido à caça descontrolada. Face a esses fatos, foi uma enorme surpresa o aparecimento de um exemplar no Mar Mediterrâneo, nas costas de Israel. Várias explicações para essa ocorrência inesperada foram aventadas. Excluiu-se, como extremamente improvável, a possibilidade de que pertencesse a uma população vestigial daquela que existiu no Atlântico, por ser praticamente impossível ter passado despercebida durante pelo menos dois séculos. Duas outras hipóteses são possíveis: uma migração pelo norte do continente americano, pelo Oceano Ártico, ou uma longa viagem, também através do Ártico, pelo norte da Ásia. Em ambas as hipóteses, a baleia ao chegar ao Atlântico teria seguido seus hábitos normais de migrar para o sul, eventualmente penetrando no Mediterrâneo. A segunda hipótese foi considerada a mais provável. Seja como for, esse fato totalmente inesperado e surpreendente é mais uma demonstração de como o degelo do Oceano Ártico, decorrência das mudanças climáticas, está alterando o comportamento dos animais que vivem em suas proximidades. Fonte: Marine Biodiversity Records (2011)
Os manguezais revelam grande concentração de carbono Um estudo abordando a quantidade de carbono retido nos manguezais existentes em 25 áreas distintas, situadas entre os oceanos Índico e Pacífico, revelou que nesses ecossistemas armazenam-se em média mais de mil toneladas desse elemento por hectare, retido na vegetação viva, na madeira morta e no solo. Tal fato torna os manguezais uma das formas de vegetação tropical mais ricas em carbono, sendo que neles a maior parte se acumula no solo lamacento. A extensão dos manguezais no mundo foi reduzida em 30% a 50% no último meio século devido essencialmente ao desenvolvimento costeiro, à rápida expansão da aquicultura e à exploração de madeira. Apesar de cobrirem apenas 0,7% da área total de florestas tropicais, os pesquisadores responsá-
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veis pelo estudo estimam que a eliminação dos manguezais pode ter contribuído globalmente com 10% do total das emissões devidas ao desmatamento. Fonte: Oryx (45) 7; abril de 2011
A demanda por peixes continua crescendo Um relatório da FAO revelou que 115 milhões de toneladas de peixes foram comercializadas para consumo humano em 2008, equivalendo a cerca de 17 quilos per capita. Um total de 142 milhões de toneladas de pescado foram colhidas pela pesca e a aquicultura naquele ano, sendo que esta contribuiu com 46% do total. O documento ressalta a importância do pescado na alimentação de grande número de pessoas, correspondendo a 20% do consumo per capita de proteína por parte de 1,5 bilhões de pessoas. Contudo, a alta demanda continua a depauperar os estoques, fazendo com que 32% dos estoques de peixes marinhos se encontrem sobre-explorados, colapsados ou em recuperação. Fonte: The State of the World’s Fisheries (2010), http:/www.fao.org/docrep/013/i1820e/i1820e.pdf
Uma nova espécie de elefante Mesmo entre os maiores e mais carismáticos animais da espetacular fauna africana podem ser ainda encontradas novas espécies. O elefante africano sabidamente se apresenta sob duas formas com aparências ligeiramente diferentes, o elefante que normalmente habita as savanas e o elefante encontrado em florestas. O primeiro é um pouco maior e possui as grandes orelhas algo triangulares; o segundo mostra as defesas voltadas um tanto para baixo e suas orelhas são mais circulares. Tais diferenças motivaram que fossem considerados até agora como duas subespécies de uma mesma espécie. Pesquisadores, desejosos por melhor conhecer as relações de parentesco dos elefantes atuais, da Ásia e da África, com formas extintas há alguns milhares de anos, incluindo os mamutes, examinaram detalhadamente o DNA nuclear desses animais. Os resultados indicaram que os extintos mamutes se aparentavam mais com os elefantes asiáticos e que as diferenças genéticas das duas formas africanas são comparáveis, em grau de divergência, às dos mamutes com os elefantes da Ásia. Portanto, as duas formas africanas devem ser consideradas também espécies distintas, no que pesem sua semelhança superficial.
Uma rigorosa punição para pesca ilegal Três indivíduos com dupla cidadania, americana e sul-africana, foram presos em 2004 por capturarem ilegalmente lagostas de uma espécie existente nas costas da África de Sul, e as contrabandearem para os EUA. Condenados neste país com base em legislação que pune a importação ou comercialização de produtos naturais obtidos ilegalmente, cumpriram sentenças de um a quatro anos de prisão e foram condenadas ao pagamento de multa de 13,3 milhões de dólares. Recentemente, a Corte de Apelação dos EUA os condenou adicional-
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mente a pagar entre US$ 39,7 e US$ 54,9 milhões com base no valor calculado do material contrabandeado. O rigor dessas punições evidencia a seriedade com que em outros países pode ser punido uso ilegal dos recursos naturais. Enquanto isto, noticia-se no Brasil que os crimes ambientais cometidos no País raramente são punidos e que as multas aplicadas dificilmente são pagas. Fonte: Oryx (45) 2 – abril de 2011
O desaparecimento das mamangavas As mamangavas são vespas de grande tamanho, com importante papel como polinizadoras, das quais muitas espécies se encontram em processo de redução populacional acentuada. O misterioso fato, que causa preocupação mundial, foi objeto de estudo conduzido nos EUA durante três anos. Nele foi examinada a distribuição atual e histórica de oito espécies, tendo sido constatado que quatro delas tiveram reduções populacionais de até 96% e diminuição da área de distribuição geográfica entre 23% a 87%. Nessas espécies, verificou-se um alto grau de infecção com um único organismo patógeno e também redução de diversidade genética em relação às espécies não afetadas, parecendo serem estas as causas do declínio das populações de mamangavas norte-americanas. Embora não se tenha notícia de estudos semelhantes feitos no Brasil, e em face de o problema aparentemente afetar outras regiões, seria conveniente averiguar se ele também foi constatado no nosso País. Fonte: Proceedings of the Academy of Sciences of the USA (2011)
SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond
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POLÍTICA AGRÍCOLA Momento de definição da reforma
CÓDIGO FLORESTAL do
A
s discussões sobre a reforma do Código Florestal têm se estendido nos últimos meses com a contemplação de argumentos técnicos e de imparcial lucidez e, recentemente, com posicionamentos doutrinários parciais e defesas ideológicas que ferem os interesses socioeconômicos nacionais. É preciso aprimorar a reforma do Código Florestal, em consonância com os interesses nacionais, como a defesa do meio ambiente e o avanço da agropecuária, que enfrenta os riscos de um país de clima tropical e precisa abastecer 193 milhões de brasileiros, ao mesmo tempo em que ostenta 63% da sua área de vegetação nativa preservada. O aperfeiçoamento da legislação preconizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) é profundo, pautado na real capacidade de adequação e cumprimento das normas pelas propriedades rurais. Em audiência pública, realizada em Assis -SP, pela Comissão Especial criada no âmbito da Câmara dos Deputados, foram expostas propostas de reforma, integradas depois ao Projeto de Lei aprovado na Câmara dos Deputados. Proposições As principais proposições versaram sobre a desobrigação do pequeno produtor rural com até quatro módulos fiscais de recuperar as áreas de Reserva Legal; garantia da continuidade das atividades agropecuárias em áreas consolidadas, com técnicas agrícolas conservacionistas; garantia de participação efetiva dos órgãos estaduais na adequação da legislação à realidade das respectivas unidades da Federação; permissão do cômputo da Área de Preservação Permanente – APP na área de Reserva Legal; desobrigação da averbação da área de Reserva Legal à margem da matrícula do respectivo cartório de registro; e redução das Áreas de Preservação Permanente às margens dos cursos d’água. Nas Comissões do Senado Federal, as atenções se voltaram para parâmetros, coeficientes e ajustes de redação que descaracterizaram alguns fundamentos estabelecidos no Substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.876/99, aprovado na Câmara dos Deputados. Aparentemente, não foram considerados os custos da recomposição ambiental nas propriedades e os dos serviços técnicos demandados para atender às exigências do Cadastro Ambiental Rural e do Plano de Manejo, bem como à necessidade de ampliar e estruturar os órgãos públicos ambientais para cumprir as novas imposições e controles previstos no texto do Senado. De acordo com a reforma proposta, as dificuldades técnicas e os custos de adequação das propriedades, que recaem apenas sobre os produtores, podem criar obstáculos à regularização. Com isso, os riscos futuros serão ainda maiores, pois quaisquer inconformidades sujeitarão as propriedades à restrição ao crédito rural, ao não cumprimento da função social e a todas as sanções delas decorrentes.
Fabio Meirelles* Causa indignação o viés de criminalização dos produtores rurais, rotulados de desmatadores, quando deveriam ser reconhecidos como desbravadores, sejam eles pequenos, médios ou grandes. Até pouco tempo, foram parceiros ativos de governos para ocupar o território e interiorizar o desenvolvimento. Anseios Apesar de o projeto aprovado na Câmara dos Deputados não abranger todos os anseios da classe produtora rural, ele deu passo importante para obtenção de segurança jurídica e justiça ambiental. Buscou, de forma prática e responsável, a regularização das atividades agropecuárias, sobretudo em áreas consolidadas. No Senado Federal, os ajustes visaram a criar condições de penalização dos produtores, reverter os avanços da Emenda de Plenário nº 164, estabelecer regras e condições para a recomposição da vegetação originária, retirar a autonomia dos estados no Programa de Regularização Ambiental e dificultar futuras intervenções antrópicas no meio ambiente. O projeto pode até contar com o apoio de agroindústrias e grandes grupos econômicos, mas trará enormes dificuldades para pequenos e médios produtores. A dissonância de enfoque resultou no Senado em um projeto menos favorável aos homens do campo, com entraves e condicionantes que podem complicar o alcance da solução que se pretendia no começo da revisão do Código Florestal. Houve um retrocesso. O poder público parece ainda não ter atentado para empecilhos advindos da regulamentação da nova proposta, que poderá inviabilizar a regularização e o negócio de muitos produtores. É tempo de definição e de analisar a questão com objetividade, competência e lealdade aos homens do campo. Espera-se que os parlamentares concluam o processo com independência, lucidez e visão desenvolvimentista. A aprovação do novo Código Florestal deve se balizar na conciliação entre preservação ambiental e capacidade de expansão agropecuária, inserindo a sustentabilidade de forma prática e objetiva no ordenamento jurídico brasileiro. *PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO E CONSELHEIRO DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA
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CAFÉ
Consumo de café cresce em todas as faixas etárias
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café, que até quinze anos atrás tinha como grande consumidor o público mais velho, está conquistando os jovens. É isso o que aponta a mais recente pesquisa “Tendências de Consumo de Café” realizada anualmente, desde 2003, pela ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O estudo mostra que de 2003 a 2010 o percentual de pessoas que declararam, espontaneamente, ter o café entre as bebidas habituais e que o haviam consumido no dia anterior e no dia da pesquisa aumentou de 85% para 91% na faixa dos 15 aos 19 anos; de 83% para 90% na faixa dos 20 aos 26 anos; de 86% para 94% na faixa dos 27 aos 35 anos e acima dos 36 anos, de 96% para 98%. Para a ABIC, esse rejuvenescimento do público consumidor é resultado da divulgação que tem sido feita, ao longo das duas últimas décadas, dos estudos científicos que comprovam os benefícios do café para a saúde humana, se consumido diariamente e em doses moderadas de 3 a 4 xícaras ao longo do dia. Além disso, a oferta pelas cafeterias de variedades mais suaves e adocicadas, a exemplo das receitas que combinam café com leite vaporizado, calda de chocolate, chantilly e até sorvete, também tem colaborado para atrair os consumidores mais jovens. “O aumento da demanda de café e a educação do consumidor de todas as faixas etárias sempre mereceram um grande estímulo e centraram as campanhas de marketing e
de comunicação da entidade”, diz Almir José da Silva Filho, presidente da ABIC. Para ele, os bons resultados obtidos fizeram com que todos os programas da ABIC sirvam hoje de exemplo para inúmeros países produtores de café que desejam alavancar o consumo em seus mercados internos. É o caso do Selo de Pureza ABIC, lançado há 22 anos e que fez a mercado brasileiro de café passar de pouco mais de 6,4 milhões de sacas, no final da década de 1980, para 19,1 milhões de sacas em 2010.
Cresce consumo fora do lar A pesquisa, de caráter quantitativo e que retrata o perfil do consumo em 2010, foi realizada pela empresa Ivani Rossi Conhecimento Aplicado a Negócios e teve como amostra 1.680 entrevistas pessoais e domiciliares, feitas com pessoas acima dos 15 anos, em 19 municípios de portes variados e de todas as regiões. No Sudeste, a pesquisa foi aplicada nas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e nas cidades de Juiz de Fora (MG) e Sorocaba (SP). No Sul, foram entrevistados consumidores de Curitiba e Porto Alegre, e da cidade de Joinville (SC). No Norte e Nordeste as entrevistas foram feitas nas capitais Belém, Recife e Salvador e no município de Campina Grande (PB). No Centro-Oeste, o estudo foi feito em Goiânia e em Brasília. Somam-se ainda quatro cidades rurais com menos de 10 mil habitantes: Três Cachoeiras e Bom Princípio, do Rio Grande do Sul; Taiuva, em São Paulo, e Cairu, na Bahia.’ Essa pesquisa anual tem como objetivo identificar a posição do café nos hábitos de consumo das pessoas e levantar informações que permitam acompanhar a evolução do mercado e detectar novas oportunidades, oferecendo aos interessados no segmento subsídios para alavancar seus negócios. Exatamente por isso, desde 2007 o estudo o consumo nas padarias, setor que possui mais de 61 mil unidades espalhadas em todo o Brasil e que é, portanto, importante canal de comercialização. Em três anos, o hábito do consumo de café nas padarias cresceu de 16% para 25% em todo o país, principalmente na região Sudeste (de 18% para 26%). Nacionalmente, o tipo de café mais pedido nas padarias é o coado (75%), seguido pelo ‘espresso’ (25%). Mas esse percentual varia entre as regiões, com o ‘espresso’ sendo bem solicitado no Sul (45%) e no Sudeste (34%). Por faixa social, o café ‘espresso’ é mais pedido pela Classe A (55%) e o café coado pela Classe D (97%). O crescimento do hábito de se tomar café nas padarias cresceu na esteira do surpreendente aumento do consumo de café fora do lar: 307% no período de oito anos. Saltou de 14%, em 2003, para 57%, em 2010. Nos diversos pontos de consumo fora de casa, o café coado ou filtrado tem a preferência de 94% dos consumidores. Já o consumo de café ‘espresso’ e de café gourmet cresceu 21,3%.
Hábitos de consumo A pesquisa mostra que o café coado ou filtrado, puro e sem leite, é preferido em todos os momentos: no desjejum, por 55%; durante a manhã, por 86%, após o almoço, por 91%, à tarde, por 57% e após o jantar, por 71% dos entrevistados. Já o café instantâneo é mais consumido com leite: 74% no café da manhã; 83% no período da manhã; 91% após o almoço; por 57% à tarde, e por 69% após o jantar. O café ‘espresso’ é consumido puro por 100% dos entrevistados em dois momentos: após o almoço e após o jantar. Também é consumido puro no café da manhã, por 87%; durante a manhã, por 85% e à tarde, por 88%.
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m sistema fototérmico para detecção de adulteração e qualidade do café torrado e moído foi desenvolvido pela Embrapa Instrumentação, São Carlos-SP. O equipamento Analisador de Alimentos e Café (AlicC), foi transferido à empresa Quimis Aparelhos Científicos LTDA, de Diadema-SP, para fabricação e comercialização. Sistema fototérmico O aparelho pode detectar o teor de impurezas no pó de café, torrado e moído, em
segundos, indicando, assim, fraudes e adulterações. O princípio de funcionamento é baseado na emissão de ondas térmicas, que detectam a presença de matérias estranhas. De acordo com o pesquisador Washington Melo – responsável pela pesquisa – as técnicas atualmente utilizadas para detecção de fraude em café em pó são morosas, porque precisam de tratamento prévio da amostra, são destrutivas, empregam substância química nociva e apresentam alta subjetivi-
dade. “O sistema desenvolvido pela Embrapa Instrumentação é de fácil manejo, não é destrutivo, não necessita de tratamento químico da amostra, proporcionando um trabalho rápido, confiável e limpo”, assegura o inventor. Segundo ele, a adulteração do café torrado e moído é prática que ocorre desde a década de 70. “O Ali-C possibilitará maior avanço na fiscalização do produto devido à rapidez no processo de análise comparativamente a outras metodologias”, explicou.
EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
Sistema para detectar fraudes em café CAFÉ
Analisador de alimentos e café: detecta adulteração e qualidade JOANA SILVA - EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
O café coado no coador de pano ou filtrado no filtro de papel, para consumo no lar, continua sendo o preferido por 97% dos entrevistados. A mulher ainda é a principal responsável pela compra do café consumido em casa: 77%. Elas também as maiores responsáveis pelo preparo do produto. Para 48% dos entrevistados, são determinantes de compra: a marca com a qual está habituada e a data de validade. Os consumidores passaram também a avaliar nas embalagens itens que antes não eram observados, como tipo de café, peso, composição do produto e dados do fabricante. Do total de entrevistados, 15% afirmaram comprar café semanalmente; 26% a cada 15 dias e 57%, uma vez por mês. A embalagem almofada é preferida por 60% e a embalagem a vácuo (tijolo) por 36%. Os consumidores do Sudeste (60%) e os do Centro Oeste (92%) preferem embalagem almofada. Os do Sul (76%) e os do Nordeste (48%) preferem café embalado a vácuo.
Qualidade e certificação A qualidade é cada vez mais importante para o consumidor, conforme atesta a pesquisa: para 55% dos entrevistados, um bom café é aquele que é saboroso e deixa um sabor gostoso na boca; 39% apontaram também o aroma agradável e gostoso, e 31% disseram que um bom café é aquele que dá vontade de repetir. Já 45% disseram ter a intenção de pagar mais por um bom café. “Essa nova percepção decorre do intenso trabalho realizado pela ABIC com o PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado em 2004 e que certifica os produtos nas categorias Tradicional, Superior e Gourmet”, explica Almir Filho. Do total de entrevistados, 50% afirmam conhecer os benefícios do consumo regular do café. O principal – “mais disposição” – foi apontado por 70% em 2010. Em segundo lugar na lista de benefícios citados, ficou “melhora a memória e a concentração”, apontado por 30%. “Os entrevistados cada vez mais associam o consumo de café a sensações positivas, dizendo que ele anima e melhora o humor, por exemplo. E isso é resultado de todas as campanhas educativas feitas na área de Café e Saúde, cujo objetivo é justamente mostrar os benefícios do consumo diário e moderado do café”, esclarece o presidente da ABIC.
Por outro lado, o estudo mostra que ainda continua baixo o conhecimento dos cafés sustentáveis: 72% disseram desconhecer, contra 74% em 2008. Mas, quando informados do que se trata - “Sabia que os cafés sustentáveis são cafés cuja produção preserva o meio ambiente e garante melhores condições de vida aos trabalhadores?” -, cresce o interesse pelo produto: 72% optariam por ele. Desde 2007, a ABIC possui o PCS – Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, que já certifica 42 marcas.
Consumo consistente O café continua praticamente insubstituível: entre 2003 e 2010 aumentou de 65% para 69% o número de consumidores que dizem que não haverá substituto para ele. A pesquisa mostra também que o café se mantém como a segunda bebida com maior penetração na população acima dos 15 anos, atrás apenas da água e à frente dos refrigerantes. Em 2010, essa penetração foi confirmada por 95% dos entrevistados, que afirmaram ter o café entre as bebidas habituais e ter consumido no dia anterior e no dia da entrevista. Por região, a pesquisa mostra que em 2010, a penetração do café foi de 99% no Sudeste e no Sul; de 87% no Norte/Nordeste e de 96% no Centro-Oeste. Para a pesquisadora Ivani Rossi, o alto índice de penetração não tem apresentado mudanças drásticas. “E nem deveria. Não é um produto de moda, sequer sazonal. É um consumo consistente identificado ao longo dos anos”. Foi de 91% em 2003; subiu para 94% em 2004; chegou a 97% em 2009 e ficou em 95% em 2010. Para ela, essa consistência do consumo em patamares tão elevados leva a outra consideração: a manutenção desses altos indicadores exige um esforço em cadeia, desde o controle da produção até o momento de consumo. “Esse é o grande desafio da indústria porque, questionando o consumidor sobre o que pensa que é um café de qualidade e um bom café, as respostas caem em um mesmo aspecto que à primeira vista parece simples, mas que na verdade é a resultante do esforço da cadeia: aroma, saboroso, sabor que deixa na boca”. MARÍLIA MOREIRA – ASSESSORIA DE IMPRENSA ABIC
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Boa oportunidade para a cafeicultura familiar
países produtores poderão, juntamente com o Brasil, atender ao crescimento no consumo de café. Entre as poucas exceções com capacidade significativa para isso estão Honduras e Peru, mas não deixaram de destacar as iniciativas de empresas como a Starbucks Coffee Company, que está com um projeto de produção na China, e a Nestlé, cuja programação é incentivar o cultivo sustentável de café também no México, Tailândia, Filipinas e Indonésia. No Brasil, a menor variação de produção entre os ciclos bianuais, aliada à seca deste ano, impossibilitará o País de colher uma safra recorde no próximo ano. Avaliações recentes nas principais regiões produtoras indicam pegamento menor da florada e reforçam a impressão de que teremos uma safra bem menor que inicialmente era previsto.
Departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira avalia que o segmento é o que tem maior chance de atender à demanda futura pelo grão
O
dição de consumo de café, observa-se importante aumento da demanda”, ressalta. Esse cenário é interessante para o Brasil, maior produtor de café do mundo. A questão, porém, segundo os integrantes do Departamento de Café da Rural é que, apesar de o País ter potencial para suprir parte significativa da demanda adicional, é crescente o consenso de que o aumento da produção em 2012 não será suficiente para abastecer o mercado dos próximos dois a três anos, dada a drástica diminuição dos estoques da safra atual. Além disso, existe a preocupação com os altos custos de produção, principalmente por conta da elevação do componente mão-de-obra, que tirou grande parte da competitividade nacional. “Isto nos leva a crer que os segmentos com maior probabilidade de suprir o aumento de produção devem ser a cafeicultura familiar, com menores custos em decorrência de encargos sociais e tributação mais baixos, e os produtores com potencial de expansão em áreas mecanizáveis”, comenta Hafers.
Preço Outro ponto analisado pelos diretores da Rural refere-se aos valores de comercialização da safra. De acordo com Hafers, no curto prazo, não se vê risco de “colapso” de preços, como aventado por analistas internacionais, em função das restrições impostas por um fluxo bem complicado que não parece ter soluções em curto prazo. “Mas fazemos a ressalva do poder de manipulação de mercado dos grandes players financeiros, que já vimos muitas vezes terem capacidade para levar o mercado em direções opostas aos fatores fundamentais para realização de suas estratégias coletivas. Infelizmente, a análise fundamental muitas vezes fica comprometida com a movimentação dos mercados pelos fundos e pela conjuntura cambial.”
Países produtores Em comunicado, o Departamento de Café da Rural ressaltou tentar avaliar quais LUCINEA SANTOS
departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira, coordenado pelo diretor Luiz Hafers, reuniu-se no final de outubro de 2011 para debater os principais temas relacionados ao setor. Confira a análise completa: Informações da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) revelam um crescimento constante no consumo brasileiro de café nos últimos anos. De 2009 para 2010, o incremento foi na ordem de 4%. A previsão para 2011 é que haja aumento de aproximadamente 5%, podendo chegar ao volume de 20,27 milhões de sacas. A tendência, de acordo com especialistas do mercado, é mundial e a perspectiva é de que nos próximos 10 anos os consumidores demandarão um adicional de 30 milhões de sacas/ano. Para o diretor do Departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira, Luiz Marcos Suplicy Hafers, mesmo com as turbulências financeiras atuais e possíveis nos próximos anos, acredita-se que a entrada de novos consumidores no mercado, principalmente nas economias emergentes asiáticas – em função da contínua elevação de renda – e a emulação de hábitos ocidentais de consumo gerará este incremento. “Também nos demais países produtores, sem tra-
Café: preocupação com altos custos de produção, principalmente de mão-de-obra
NÚMEROS DO SETOR • Produção 2011 (Conab): 43,15 milhões de sacas beneficiadas (arábica e conilon); 10,3% inferior ao volume produzido na safra anterior; • Área em produção: 2.051,5 mil hectares; • Consumo nacional (Abic): 19,13 milhões de sacas (referência de nov/ 2009 a out/2010); consumo per capita de 6,02 kg de café em grão cru ou 4,81 kg de café torrado, o que representa quase 81 litros/brasileiro/ano; • Comparativo com outras bebidas: é a segunda entre as nove principais bebidas consumidas pelo brasileiro. 95% dos entrevistados na pesquisa “Tendências de Consumo de Café” da Abic responderam consumir café.
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Posse na CNA Kátia Abreu continuará no comando da entidade
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eeleita no último mês de outubro pelo Conselho de Representantes, composto pelos 27 presidentes das Federações de Agricultura e Pecuária, senadora Kátia Abreu comandará a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) por mais três anos. O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, prestigiou a posse da nova diretoria para o triênio 2011/2014, em Brasília (DF). Além dele, participaram da cerimônia os ministros Gilmar Mendes, do STF, Paulo Roberto dos Santos Pinto, do Trabalho e Emprego, o presidente do TST, João Oreste Dalazen, o presidente da OCB, Márcio Freitas, e outros deputados, senadores e autoridades. Por mais três anos Em seu discurso, a presidente da CNA lembrou que é preciso enfrentar velhos problemas e citou a falsa oposição entre produção rural e preservação ambiental, impasse que será solucionado com a aprovação do Código Florestal. “Estamos muito próximos de um desfecho para essa
Prestigiaram a pose de Kátia Abreu na CNA, o presidente da SNA Antonio Alvarrenga, o deputado Moreira Mendes e Cesário Ramalho, presidente da SRB
questão”, afirmou Kátia Abreu. Acrescentou, ainda, é preciso lidar com os problemas provocados pelas incertezas econômicas mundiais, uma vez que a crise pode durar um longo período e resultar em crescimento muito baixo tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos. “Os efeitos dessa retração se farão sentir na Ásia e na América Latina, enfraquecendo a demanda pelo que nós produzimos.” A senadora defendeu a adoção de uma nova política agrícola que permita a inclu-
são de produtores ao sistema produtivo, o que pode ser feito a partir das ações desenvolvidas pelos órgãos de extensão rural e com mecanismos de apoio para melhoria da gestão das propriedades. Entre os segmentos que podem ser beneficiados por essas estratégias, citou os médios produtores rurais. Para a presidente da CNA, é preciso ampliar as fronteiras do agronegócio para permitir a inclusão de um milhão de médios agricultores ao sistema produtivo, garantindo, assim, mais renda e consumo ao meio rural. * COM INFORMAÇÕES DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO CNA
Para assegurar o campo A preocupação do setor é que a nova legislação afaste capitais interessados no agro brasileiro
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presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, esteve em três ministérios no final de novembro com o objetivo de evitar que o agronegócio brasileiro perca bilhões de reais em investimentos por causa do parecer da Advogacia-Geral da União que restringe a compra de terras por empresas estrangeiras. Acompanhado por um grupo de empresários, lideranças do setor e parlamentares federais, Ramalho se reuniu com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; e a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Na pauta, explicações referentes às consequências deste parecer da AGU para a economia nacional. “Tais recursos são essenciais para viabilizar um novo salto do agronegócio nacional”, destacou o presidente da Rural. Preocupação Em sua opinião, o setor está preocupado pois teme que a legislação, ao tentar fechar a porta para esse tipo de investimento, afaste também capitais privados interessados no agro brasilei-
ro e “o Brasil passe a ser preterido para novos investimentos”. Nas reuniões, foi explicado aos ministros que o setor de papel e celulose tem expectativa de investir R$ 20 bilhões nos próximos 10 anos no Brasil. “São empresas nacionais e empresas nacionais com controle de capital estrangeiro, mas também são brasileiras. São diferentes de empresas estrangeiras”, enfatizou Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), lembrando que as empresas do setor têm capital externo. A ministra chefe da Casa Civil afirmou que o governo não deseja restringir os investimentos, mas que pretende regulamentálos: “É claro que as questões de soberania e os marcos regulatórios são importantes. Por isso, desde o ano passado o Governo tem feito levantamento sobre a melhor forma de encaminhar. A ideia é ter um marco, uma legislação que reflita o que estamos querendo.”
Congresso Na reunião com Gleisi Hoffmann, o senador Waldemir Moka (PMDB) sugeriu a realização de audiência pública sobre o tema no Congresso Nacional, que foi bem recebida pelos presentes. Também participaram dos encontros os deputados federais Marçal Filho (PMDB), Reinaldo Azambuja (PSDB), Gerado Resende (PMDB) e o senador Antônio Russo (PR). * COM INFORMAÇÕES DO CORREIO DO ESTADO
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CÓDIGO FLORESTAL é um avanço histórico para agricultura brasileira
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esário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira, acompanhou o debate sobre o novo Código Florestal no Congresso durante todo o ano e considerou a aprovação do projeto pelo plenário do Senado “como um avanço histórico para a agricultura brasileira”. Ele destacou que a nova lei garantirá segurança jurídica aos produtores rurais que estão na ilegalidade pela sucessão de mudanças promovidas desde 1965 na legislação ambiental. “A partir de agora, teremos parâmetros legais para trabalhar.” Segundo Ramalho, o novo Código Florestal está “equilibrado”, pois mudanças foram feitas para atender a pressão de ambientalistas em detrimento do projeto original desejado pelos ruralistas. “Um exemplo é o prazo de cinco anos para o agricultor se adequar às novas regras ambientais”, disse. Protagonista Para ele, a presidente Dilma Rousseff é a grande protagonista desta conquista, apesar de “no primeiro momento dos trabalhos na Câmara ter tido dificuldades em aceitar os pleitos do setor rural. Com o tempo, Dilma entendeu a honestidade, o profissionalismo e a responsabilidade de cada produtor rural brasileiro e deu todo apoio”. E completou: “O setor rural dará a resposta positiva, como aca-
STOK.XCHNG
O presidente da Rural destacou que o novo Código garantirá segurança jurídica aos produtores rurais que estão na ilegalidade por causa de uma sucessão de mudanças, romovidas desde 1965, na legislação ambiental
A votação em março, na Câmara dos Deputados, dará fim à ilegalidade a que os produtores agrícolas se encontram por conta das diversas mudanças na legislação ambiental desde 1965
bamos de dar ao impulsionar o PIB, enquanto o comércio e a indústria ficaram negativos”. O senador Jorge Viana, relator da proposta, na Comissão de Meio Ambiente (CMA), ratificou a posição de Ramalho ressaltando que “temos que dar tranquilidade aos brasileiros que vivem nas áreas rurais, produzindo para que nós, nas cidades, possamos consumir. Para ele, o novo Código Florestal cria condições para que o desmatamento ilegal no Brasil seja zero. Viana ainda citou a responsabilidade do País como grande produtor de alimentos. “O Brasil tem de cuidar, ao mesmo tempo, do meio ambiente e da responsabilidade alimentar o mundo”.
Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780 www.srb.org.br
Jornalista Responsável: Silvia Palhares – silviapalhares@srb.org.br Corredator: Renato Ponzio
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POLÍTICA AGRÍCOLA
A COOPERATIVA DE MACUCO e os tempos atuais
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pós os festejos de fim de ano, é oportuno comemorarmos mais um período de inegável sucesso da cooperativa de Macuco (RJ), que para uns constitui um modelo, e para outros um exemplo de empresa bem administrada. Faço coro com essas afirmativas, reconhecendo - como todos aqueles que vivem o dia a dia do setor que a nossa cooperativa, ao longo dos anos sob o comando de Silvio Marini e Walter Tardin, tem dado exemplos bastante claros de que o sistema cooperativista de produção é absolutamente viável. Além disso, pode ser realmente competitivo e eficaz, na medida em que vai muito além de processar e comercializar o leite que recebe de seus produtores, ou mesmo qualquer outro produto de origem rural que lhe possa ser entregue, em qualquer tempo e a qualquer hora. É preciso reconhecer que, em muitos lugares, a experiência falhou. Porém nunca por pecados do sistema, e mais pela inexperiência de seus administradores em alguns casos (e pela incompetência em outros), e até mesmo pela falta de participação no processo por parte dos produtores associados. Existe uma antiga discussão na cúpula do sistema que levanta a seguinte questão: a falta de informação que permeia a relação dos associados com a instituição seria a causa principal do afastamento ou do alheamento dos produtores na hora das decisões que devem ser tomadas nas assembleias gerais? Na verdade, os produtores deixam de comparecer às reuniões por não entenderem que são os donos do negócio e não simples fornecedores, sem responsabilidades quanto ao funcionamento da empresa cooperativa. No Estado do Rio, o exemplo acima se encaixa como uma luva, até porque o cooperativismo rural nasceu à época de Getúlio Vargas, quando Amaral Peixoto era o interventor nomeado pelo sogro. No final dos anos 30 do século passado, havia, em nosso estado, muitas pequenas usinas que processavam o leite recebido dos produtores e que era transportado no lombo de burros em latões com capacidade para até 50 litros. Em condições tão precárias – seja em relação ao tipo de transporte, ou quanto às dificuldades e desconhecimento de determinadas características para a preserva-
Joel Naegele*
ção de sua qualidade – por inúmeras vezes o leite era desclassificado. Com isso, o produtor ficava no prejuízo. Porém, demonstrava inconformismo com a decisão. Esse quadro gerou uma reação contra os donos de usinas, chegando ao conhecimento de autoridades, que viam na implantação do sistema cooperativista a solução – pois o simples fornecedor passaria a ser o dono. No entanto, a mudança foi feita de cima para baixo, e os produtores não foram informados de que precisavam saber, pelo menos, o que era cooperativismo e como deveriam proceder. Como as bases do funcionamento do sistema continuaram as mesmas, até hoje muitos deles não sabem, ou não querem saber, que, apesar de serem os donos, precisam assumir o direito de propriedade com o bônus e ônus dessa condição. Isso também aconteceu em Macuco. Mas hoje, graças a uma administração que entendeu, assimilou e trabalhou no sentido de aparar arestas e mudar conceitos, a cooperativa se transformou em um exemplo a ser imitado. Que os administradores e produtores tenham um Ano Novo sem crises.
*É VICE PRESIDENTE DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA, MEMBRO DA CÂMARA SETORIAL DE AGRONEGÓCIOS DA ALERJ E ASSESSOR DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DA PREFEITURA DE CANTAGALO
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PETS: LAR, DOCE LAR
ATITUDE PRESS
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Como adaptar o animal de estimação a uma NOVA CASA Adquirir um pet exige responsabilidade. Além dos laços afetivos que serão criados com a convivência, o animal é carente de atenção e requer cuidados. Assumir esse compromisso implica admitir a existência de uma relação de dependência do pet com o dono e, no caso de imprevistos, como a falta do dono ou a mudança de casa para apartamento, buscar soluções que primem pelo bemestar do animal. “Diante de uma separação inevitável entre o dono e o bichinho de estimação, a melhor alternativa é buscar um novo lar para o pet. A mudança, que exigirá alguns cuidados para a escolha certa da pessoa predisposta a adotar o animal, deve prever também que o pet precisará de um tempo de adaptação, já que todas as demarcações de território, cheiros, espaço e sons são perdidos. Caberá ao novo proprietário reeducar o pet, com um trabalho de ensinamento similar ao realizado quando o animal era filhote, como o de fazer xixi no lugar correto”, explica a veterinária da Vetnil, Isabella Vincoletto.
O novo proprietário deverá assumir um papel de líder para conduzir o animal para essa nova situação, sem que consequências, como estresse ou desobediência sejam desencadeadas, orienta Vincoletto. “O pet vê o dono como líder da matilha, por isso é importante que o novo dono assuma o comando da situação”. Quando a adoção do pet for feita por alguém que já possua outros animais de estimação na casa, a dica da veterinária é fazer a apresentação dos bichinhos de forma gradativa, podendo, para isso, serem utilizadas grades ou caixas de contenção, no caso de gatos. Cães de guarda também têm a capacidade de se acostumar a novos donos. Nesses casos, além do caráter de liderança frente ao pet, o que deixará o animal mais calmo, é importante trabalhar a obediência com comandos básicos, como o “senta, deita”, esclarece a veterinária. “O animal passa a criar confiança na pessoa que está no comando, realizando a ação de guarda apenas quando necessária”, diz Vincoletto.
Quando alguém adquire um pet, a ideia é ficar com ele até o final da vida. Contudo, problemas de saúde do dono ou a mudança de casa para apartamento podem alterar esse compromisso e gerar a necessidade de adaptar o pet a um novo ambiente Segundo a veterinária, existem suplementos que podem auxiliar no processo de adaptação do pet. “Os danos provocados pelo estresse, decorrente da ausência do dono ou da mudança de ambiente, podem ser reduzidos por meio de suplementos ricos em nutrientes com ação antioxidante ou que diminuem o estresse, que são agentes responsáveis pela inibição e redução de efeitos ocasionados pelos radicais livres nas células, em razão de condições de estresse”, conclui Vincoletto.
Na hora de doar Para que o pet continue sendo bem tratado e receba o carinho de uma nova família, é importante considerar quem é o adotante e quais condições ele tem para criar o pet. Espalhar pela vizinhança a necessidade de doação é uma boa alternativa para conseguir um vizinho que já tenha simpatia pelo animal. Caso não tenha referências do potencial novo dono, uma visita para conhecer o novo lar do pet é essencial. Dessa forma será possível avaliar as condições de higiene e o propósito do adotante. Doar um animal já castrado pode evitar que comerciantes utilizem o pet apenas para a reprodução, descartando-o quando alcançam a meia-vida. Também é importante ter em mente que um animal que tenha convivido em ambiente familiar e que é doado para guarda de uma empresa, por exemplo, pode sofrer muito com o afastamento das pessoas.
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CARLOS FAÍSCA
Cuidados com o seu pássaro
“Trabalho de cão”: dedicação no RJ
JULIANA COSTA
A alimentação é algo precioso para todas as aves, ela influencia tanto na qualidade de vida como na longevidade dos pássaros. Na natureza ela é diversificada e balanceada naturalmente, pois podem escolher livremente o que comer e onde comer num raio de vários quilômetros. Já na gaiola, os pássaros têm de se contentar com aquilo que lhes é oferecido e é dever do criador fornecer a melhor alimentação possível. Estudos científicos comprovaram que a melhor alimentação para os pássaros é aquela feita à base de rações comerciais balanceadas, que garantem nutrientes de alta Uma alimentação balanceada, sob a forma de ração, também beneficia aves de estimação como os canários qualidade, vitaminas e minerais balanceados, fontes proteicas de alta dada, pois as sementes além de conterem altos níveis de gordura, são defiqualidade e ausência de patógenos, oferecendo assim, um alimento complecientes em importantes nutrientes como cálcio, fósforo, manganês, zinco to e seguro para as aves. e vitaminas A, D, E e K. Segundo a gerente de produtos da Evialis, Érika Miklos, uma alimentaDentre as consequências de uma alimentação à base de sementes, frutas ção balanceada é fundamental para a saúde de qualquer animal, pois afeta e outros alimentos, estão: problemas de má nutrição, crescimento retardadiretamente a reprodução e a resistência dos filhotes. “Para as aves, comido, descoloração de penas, deficiência de vitaminas, insuficiência hepática, da em pouca quantidade significa interrupção na reprodução já que o insobesidade e raquitismo (em função da falta de cálcio e vitamina D). tinto natural dos pássaros faz com que eles percebam que os filhotes passaA gerente sugere que as sementes e frutas sejam oferecidas aos pássarão fome. Comida em excesso, por sua vez, causa obesidade que também ros como forma de petiscos e não como a alimentação principal, que deve dificulta a reprodução”, observa. ser feita com ração balanceada. Ela acrescenta que a ração é ideal porque possui doses corretas de todos os nutrientes que as aves necessitam. “Além de ser uma opção mais Cuidados com o seu pássaro econômica porque seu consumo é menor que os das sementes, a ração não Além da alimentação balanceada, o criador deve garantir ao pássaro necessita de adição de outros alimentos, é fácil e prática de manusear e é água limpa e fresca todo o dia e um ambiente calmo para o descanso. Ambicompleta, podendo ser oferecida como fonte única de alimento”, afirma. entes barulhentos podem afetar o comportamento dos pássaros. A gaiola deve ser forrada com papel ou jornal e estes devem ser trocaProblemas nutricionais dos diariamente. Também deve-se proteger o pássaro da exposição à temNo Brasil, a maioria dos criadores opta por oferecer às aves uma dieta peraturas extremas, nem muito frio nem muito quente. composta por uma mistura de sementes e frutas. Tal prática não é recomen-
Atendimento médico veterinário popular, estímulo à adoção animale abrigo fazem parte da história de 68 anos da Suipa
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oltada à assistência animal desde a sua fundação, em abril de 1943, a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) já teve associados, diretores e conselheiros do nível de Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira, Roberto Marinho e Rachel de Queiroz. Contudo, como diversas entidades do ramo, enfrenta problemas constantes como falta de recursos, superpopulação e abandono de animais no local. Apesar dos problemas, a Suipa mantém em sua sede atendimento médico-veterinário diversificado (de segunda a domingo e também nos feriados), com consultas, ciOs animais para adoção já saem da Suipa castrados rurgias como esterilização (castração), serviços de ultrassonografia, raio X, etc, a preços populares. Além disso, é possível requisitar exames laboratoriais como hemograma, biópsia, fezes e outros, que oferecem suporte aos diagnósticos quando necessário. Sendo uma entidade particular, não eutanásica, sem fins lucrativos e de utilidade pública, a Suipa direciona os recursos obtidos com os atendimentos para cobrir suas despesas. Mas também recebe colaborações externas e de seus associados, tanto em dinheiro como em alimentos, medicamentos e artigos diversos. Para conhecer melhor o trabalho da entidade e, quem sabe, adotar um animal e tornar-se um colaborador, entre em contato pelo telefone A Lavoura FEVEREIRO/2012 41 (21) 3297-8777 e pelo e-mail faleconosco@suipa.org.br.
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AVICULTURA
JOÃO ZABALETA
Substituição de insumo traz ganhos econômicos, sociais e ambientais na criação de frangos coloniais
RAÇÃO DE BATATA-DOCE garante renda para avicultores
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produção de ração no país cresceu de forma expressiva nos últimos 15 anos. Um crescimento médio em torno de 7,4%. A base da formulação da ração convencional tem como componente energético o milho. Em busca de aproveitar resíduos disponíveis nas propriedades rurais para garantir maior agregação de valor à agricultura familiar, a Embrapa Clima Temperado está indicando o uso da ração à base de farinha de batata-doce, especialmente, na criação de frangos coloniais. Trocar o milho por batata-doce é a estratégia para diminuir custos para o produtor, ter maior renda de produção, simplificar a oferta de alimento às aves, facilitar o manejo e contribuir com a preservação do meio ambiente. “Estamos trabalhando com o sistema colonial de produção de frangos, abatidos após 85 dias, onde a ração das aves deve ser adaptada à idade do animal. Toda a ração deve fornecer energia (por exemplo, milho ou batata-doce), proteína (por exemplo, farelo de soja ou girassol ou farinha de folhas de mandioca), vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais”, esclarece João Pedro Zabaleta, pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa com aves coloniais. A cultura da batata-doce A lavoura de batata-doce é tradicional na agricultura familiar no Brasil e no Estado. Em tempo curto, produz-se grande quan-
tidade da raiz. Possui manejo simples e é facilmente produzida na propriedade. Uma das dificuldades na produção da batata-doce para o produtor está na necessidade de melhorar a qualidade de suas mudas. “Há uma baixa qualidade nas mudas; elas são atacadas por viroses, o que prejudica a sua produtividade”, chama a atenção João Pedro Zabaleta. A ração A ração à base de batata-doce para aves é viável pelo fato de que o produtor comercializa a parte nobre da batata-doce (as de tamanho médio e de melhor aspecto visual) para o consumo humano e os resíduos que ficam na lavoura transformam-se em farinha, que adicionada a uma formulação adequada (vitaminas, minerais, proteínas e aminoácidos) é oferecida às aves. “O resíduo é transformado em energia, ou seja, em carnes e ovos. Com custo muito baixo, está se aproveitando o que se tornaria lixo”, adverte o pesquisador João Pedro Zabaleta. Essa farinha passa por um processo de trituração, secagem ao sol, moagem e embalagem (em sacos plásticos), que possuem uma durabilidade de até dois anos. Nas lavouras de batata-doce da região estudada, região Central do Estado do RS, sobram em termos de resíduos cerca de 7 a 10 toneladas.
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AVICULTURA Além disso, ganhos ambientais também são destacados como a diminuição da viagem dos insumos (o milho), menor aplicação de agroquímicos e aproveitamento do produto em toda sua potencialidade (resíduos da batata-doce). “O agricultor passa a ter também maior autonomia sobre sua produção”, conclui João Pedro Zabaleta. CRISTIANE BETEMPS - EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
Novas cultivares de batata-doce chegam ao mercado Variedades apresentam produtividade até quatro vezes superior à média brasileira e atendem diferentes demandas dos consumidores
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EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
batata-doce é a sexta hortaliça mais plantada no País, principalmente por pequenos agricultores familiares das regiões Nordeste e Sul. Além de ser uma excelente fonte de energia e proteínas para essas famílias, ela tem grande importância na alimentação animal e na produção industrial de farinha, amido e doces. Considerada uma cultura rústica, pois apresenta grande resistência a pragas e cresce em solos pobres e degradados, a batata-doce pode ser plantada praticamente o ano todo nas regiões Norte e Nordeste. Em 2011, a novidade ficou por conta de quatro novas cultivares lançadas ou introduzidas no Brasil pela Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As batatas-doces Beauregard, BRS Amélia, BRS Rubissol e BRS Cuia apresentam qualidades nutricionais e produtividade bem acima da média das cultivares disponíveis no mercado atualmente e são comercializadas pelos Escritórios de Negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia em Canoinhas (SC) e em Capão do Leão (RS).
Mais carotenoides A batata Beauregard, por exemplo, apresenta 10 vezes mais carotenoides (pró-vitamina A), do que suas principais concorrentes e rendimentos que variam entre 23 e 29 toneladas por hectare. Como o custo de produção da cultivar também é baixo, a expectativa é que ela seja amplamente adotada por agricultores familiares, principalmente da região Nordeste. O analista Werito Melo, da Embrapa Hortaliças, destaca que a coloração alaranjada da batata Beauregard se deve à elevada quantidade de betacaroteno, que se transforma em vitamina A no organismo. “Quando se fala em vitamina A, é importante ressaltar que ela tem um papel muito importante na saúde da população, especialmente de mulheres e crianças”, explica Werito. De acordo com ele, um dos objetivos do trabalho é beneficiar as crianças por meio do uso dessa batata até mesmo na alimentação escolar. A Beauregard foi introduzida no Brasil pela Embrapa por intermédio do Centro Internacional de La Papa (CIP), do Peru. Produtividade Já as cultivares BRS Amélia, BRS Rubissol e BRS Cuia foram desenvolvidas pela Embrapa Clima Temperado e apresentam produtividade superior a 32 toneladas por hectare, quatro vezes mais do que a média brasileira. ABRS Amélia apresenta casca de coloração rosa clara e também é rica em pró-vitamina A. Seu alto teor de suculência, sabor e polpa alaranjada são bastante apreciados pelos consumidores. Quando cozida, a textura é úmida e melada, macia e extremamente
EMBRAPA CLIMA TEMPERADO
Benefícios econômicos, sociais e ambientais Para o agricultor familiar que cultiva batata-doce o uso dos resíduos é mais conveniente que a aquisição de milho, ou mesmo do plantio do milho. A sua utilização permite que o produtor tenha maior renda e ainda diversifique a oferta de alimentos para os consumidores, através da produção de frangos coloniais.
BRS Rubissol
doce. Em ensaios da Embrapa e testes com agricultores a produtividade da cultivar chegou a 32 toneladas por hectare. Com casca avermelhada, a BRS Rubissol destaca-se pela aparência e uniformidade das raízes. A polpa é de cor creme tendendo ao amarelo, com pontuações em amarelo mais intenso. A cultivar possui excelentes características para consumo de mesa, mas
EM BR AP AC LIM A
BRS Cuia
também pode ser utilizada no processamento industrial. Sua produtividade média é de 40 toneladas por hectare. A BRS Cuia, por sua vez, tem coloração creme e pode chegar a até 60 toneladas por hectare. Ganha destaque na questão culinária devido à uniformidade e ao tamanho relativamente grande das batatas e também apresenta boa adequação ao processo industrial. Tanto a casca como a polpa são de cor creme, mas em tonalidades diferentes. EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
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BRS Amélia
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TE MP ER AD O
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Sem ferrugem CLARISSA LIMA/EMBRAPA CERRADOS
CAFÉ
Saiba mais sobre a ferrugem no cafeeiro e as formas de manejo
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ferrugem (Hemileia vastatrix) é uma das principais doenças do café e pode causar perdas quantitativas e qualitativas nas lavouras, comprometendo o bom período vivido pela commodity. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras alcançaram, no primeiro trimestre do ano, US$ 1,8 bilhões, 61% a mais do que o valor obtido no mesmo período de 2010. Confira na entrevista abaixo, com o Professor Edson Pozza, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), os danos causados pela ferrugem na cultura do café e o que o produtor pode fazer para que sua lavoura não seja danificada. Que tipo de perdas a ferrugem pode causar? A ferrugem (Hemileia vastatrix) pode causar perdas quantitativas e qualitativas. Em relação à produtividade pode causar redução de até 50% em safras posteriores a sua ocorrência, caso não seja controlada de maneira correta. A perda na qualidade também ocorre na bebida, fazendo com que o produto seja comercializado a valores inferiores. Quais os principais sintomas? Os sintomas da doença são imperceptíveis a olho nu. É preciso muita experiência para diferenciá-los de outros problemas fitossanitários. O produtor deve estar atento aos sinais que a doença apresenta. O principal deles é a presença de pústulas de coloração amarelo-alaranjada na parte de baixo das folhas, decorrente da esporulação do fungo, que somente ocorre na fase final da doença. Sendo assim, o seu controle deve ser preventivo, pois poucos sinais podem corresponder a diversas folhas já infectadas. A doença causa a queda precoce das folhas e a seca de ramos produtivos, o que pode refletir na quantidade de botões florais e consequentemente na produtividade da safra futura. Qual o período de maior incidência da doença? Os meses de novembro a janeiro, período mais chuvoso,
marcam o início da infecção das plantas por Hemileia vastatrix. Nesse período o nível de controle é de 5% das folhas com a doença. A ferrugem vai se expressar com maior intensidade nos meses de maio a julho, período em que o cafeeiro completou o enchimento de grãos. O que o produtor deve fazer para que sua lavoura não seja afetada? E se já houver incidência da doença, como deve proceder? O controle deve ser preventivo e seguido de monitoramento constante, mesmo após as pulverizações. Nesse monitoramento também devem ser avaliadas outras doenças e pragas. É importante que o produtor tenha consciência de que o manejo depende de vários fatores. A frequência e a intensidade com que as doenças ocorrem na lavoura são relacionadas às características como resistência e característica dos cultivares, disponibilidade de água, fertilidade do solo, nutrição da planta, temperatura, espaçamento, tipo de irrigação, entre outras. Esses fatores resultam em um determinado crescimento e produtividade da lavoura que também irá afetar a doença e seu controle e devem ser considerados para a prática de um manejo adequado, que é o caminho mais seguro para viabilizar o desenvolvimento e a obtenção do maior potencial produtivo do cafezal. Sendo assim, as diversas lavouras de uma propriedade terão manejos diferenciados, mesmo ao longo dos anos. O objetivo é otimizar os recursos disponíveis e assim o produtor obter maior lucro. Tanto nas pulverizações preventivas quanto naquelas determinadas devido ao nível de controle de 5%, o produtor deve contar com o apoio e a consultoria de um engenheiro agrônomo. Ele poderá indicar o fungicida mais adequado para cada situação e recomendar a melhor forma de aplicação, no momento e na dose certa, de maneira tratar a lavoura de forma correta e sustentável. ADRIANA ADORNO – BAYER CROP SCIENCE
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COOPERATIVISMO CEACANP tem novos projetos para setor agrícola Com a globalização, no mundo altamente competitivo em que vivemos, a nossa busca contínua pelo alto padrão de qualidade e pelo declínio dos custos de produção também é refletida na indústria avícola, sendo esse um dos principais fatores para se alcançar e manter a competitividade. As inovações tecnológicas têm sido fundamentais para que o sistema de produção alcance altos índices zootécnicos, econômicos e avícolas e torne-se menos oneroso para a alimentação do ser humano. A Cooperativa CEACANP - Cooperativa Escola dos Alunos do Colégio Agrícola Nilo Peçanha, fundada em 1981, sempre se preocupou com essa busca contínua do alto padrão de qualidade. Ao desenvolver projetos agropecuários para contribuir com a formação dos alunos do curso Técnico em Agropecuária, e mais recentemente do Curso Técnico em Meio Ambiente, vem fortalecendo e fomentando o Agronegócio no Estado do Rio de Janeiro. Em novembro de 2010, os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver alguns projetos de relevância, dentre eles: “A criação do centro de pesquisas avícolas no IFRJ Campus Pinheiral”. Este Centro de Pesquisas Avícolas do IFRJ (CPA BRASIL) foi construído sob a orientação e coordenação do Prof. Marcos Fábio de Lima, que após uma visita ao CPA da Universidade da Geórgia (EUA), decidiu fundar um centro semelhante ao encontrado nos Estados Unidos aqui no Brasil. O centro é constituído por um aviário formado por 36 boxes experimentais, com as dimensões de 2,0 X 1,5 metros cada, com capacidade de até 54 aves por boxe. A ambiên-
Possuindo hoje mais de 30 estagiários, o CPA desenvolve atividades de pesquisas para universidades federais e privadas, bem como para empresas e pequenos produtores do setor avícola no estado do Rio de Janeiro
cia do aviário experimental é mantida através de sistema de ventilação (ventiladores convencionais), e aquecimento totalmente automatizado. Os bebedouros são automáticos e comedouros são do tipo “tubular”. Os experimentos realizados no CPA – IFRJ possuem como estruturas de apoio: laboratório de microscopia, laboratório de análises químicas e microbiológicas e fábrica de rações. O Centro de Pesquisas Avícolas do IFRJ foi projetado tendo como referência um dos mais conceituados centros de pesquisas avícolas mundiais: o Poultry Research Center, da Universidade da Geórgia, na cidade de Athens, nos EUA. FONTE: PROF. MSC MARCOS FÁBIO DE LIMA REVISÃO/ADAPTAÇÃO: JOSÉ ARANHA – ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SISTEMA OCB/SESCOOP-RJ
União entre OCB e SNA incrementa produção de alimentos Uma parceria entre a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Serviço Nacional do Cooperativismo do Estado do Rio de Janeiro (Sescoop/RJ) e a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) acaba de ser firmada para a criação de um projeto de cooperativismo agropecuário.
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ara tal, foi criado o Centro de Educação, Formação e Capacitação do Cooperativismo Fluminense, cujas instalações estão na sede do campus da Penha da SNA. Entre as ações do projeto, ganham destaque a formação de cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos e de agentes ambientais com egressos do sistema penitenciário, além da criação de um viveiro com capacidade para um milhão de mudas. Neste caso, o objetivo é fazer com que o Rio atenda à recomendação do Comitê Olímpico Brasileiro, cumprindo a meta de reflorestar o bioma da Mata Atlântica. O presidente da OCB-RJ, Marcos Diaz, acredita que a parceria é um passo importante para recuperar o cooperativismo agropecuário, que vem encolhendo. “Nos últimos anos, o Rio esteve à margem do poder decisório no que diz respeito ao co-
operativismo, sem representação em Brasília. Agora, o estado precisa voltar a ocupar o seu espaço que é seu de direito. Para o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, o projeto colabora para o desenvolvimento do cooperativismo em bases modernas, por meio do ensino de técnicas inovadoras e de princípios de gestão e de governança cooperativa. “As cooperativas precisam ser administradas como empresas, sem paternalismo e vícios políticos, com ênfase na profissionalização e na meritocracia”, avalia Alvarenga. E acrescenta: “Além da formação e da capacitação de cooperativas, o projeto tem ainda como foco a sustentabilidade e a segurança alimentar”. Favorável ao movimento cooperativista, o vice-presidente da SNA, Joel Naegele, defendeu a parceria SNA/OCB/Sescoop-RJ. “É um crime que a agropecuária do Rio de Janeiro, que já foi pujante, esteja enfraquecida com o fechamento de várias cooperativas no estado. O Rio não pode deixar que o setor, especialmente o segmento de produção de leite definhe”. Na opinião do vice-presidente, a união entre a SNA e o Sistema OCB/Sescoop-RJ é um casamento perfeito e pode ser bastante proveitosa para incrementar a produção de alimentos no estado. De acordo com o superintendente técnico do Sescoop-RJ, Jorge Barros, a parceria cria um “novo ambiente de negócios do cooperativismo fluminense”, que terá dois pontos focais, o ramo agropecuário e o setor de gestão socioambiental. LUÍS ALEXANDRE LOUZADA, ASSESSORIA DE IMPRENSA SNA (ADAPTADO)
Na inaguração do Centro: Jorge Eduardo Lobo de Souza (primeiro à esquerda), superintendente administrativo e financeiro do Sescoop/RJ; Marcos Diaz, presidente do Sistema OCB-RJ/Sescoop-RJ; Joel Naegele, vicepresidente da SNA; prof. Jorge Marcos Barros, superintendente Técnico do Sescoop/RJ, e Alberto de Figueiredo, diretor da SNA (primeiro à direita)
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BIOTECNOLOGIA
POR
JACIRA S. COLLAÇO
Milho transgênico pode estar perdendo efe Variante está sofrendo ataque de pragas em quatro estados dos Estados Unidos, alertou Agência de Proteção Ambiental americana
U
ma variedade de milho geneticamente modificada pela Monsanto para resistir ao ataque de lagartas da raiz (Diabrotica virgifera virgifera) pode estar perdendo efeito e o monitoramento da companhia a respeito do assunto não tem sido suficiente, de acordo com pesquisadores da Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês) dos Estados Unidos. De acordo com o The Wall Street Journal, em um memorando publicado em 22 de novembro, os pesquisadores concluíram que a Monsanto precisa reforçar seu programa de monitoramento agora que há suspeitas de as lagartas da raiz estarem desenvolvendo resistência ao milho transgênico da companhia. Sinais de resistência foram encontrados em quatro estados do Meio-Oeste americano: Iowa, Illinois, Minnesota e Nebraska. A agência não chegou a declarar que a resistência das lagartas ao milho foi confirmada. Apesar disso, os pesquisadores disseram que a suspeita de resistência os levou a avaliar com mais rigor o atual pro-
grama de monitoramento da Monsanto. Eles concluíram que o programa “é ineficiente e provavelmente não identificou eventos iniciais de resistência”. A lagarta da raiz é uma das principais pragas das lavouras de milho. O jornal americano informou em agosto que pesquisadores das universidades de Iowa e Illinois descobriram que lavouras cultivadas com o milho em questão estavam, inexplicavelmente, muito danificadas pela lagarta da raiz. Os pesquisadores da EPA, entre outras coisas, disseram no memorando que a Monsanto deve iniciar pesquisa de campo aos primeiros sinais de danos causados por insetos. Já a multinacional disse que a avaliação da EPA é séria, mas alega que o problema envolve apenas uma pequena fração das lavouras plantadas com o milho neste ano e que seus atuais procedimentos de monitoramento são completos. A companhia foi a primeira a vender sementes modificadas para resistir à lagarta da raiz em 2003. A semente contém um gene de um microrganismo do solo que produz uma proteína chamada Cry3Bb1, que tem a capacidade de matar a lagarta, funcionando como um inseticida. FONTE: DOW JONES
Embrapa Soja disponibiliza primeiro inoculante para trigo no Brasil
Elas são indicadas para p roduto Santa Catarina, Paraná, São Paulo Grosso do Sul
Azospirillum com as culturas do milho e do trigo possa ser de 2 bilhões de dólares por ano. “Desse modo, além da economia para os agricultores, o uso de inoculantes contendo Azospirillum contribui para o equilíbrio do meio ambiente e pode ser objeto de negociações futuras no comércio de créditos de carbono”, ressalta.
EMBRAPA SOJA
Das nove variedades, duas são lançamentos: uma delas é a BRS 316 RR, que tem como característica a tolerância a herbicidas à base de glifosato. Esta cultivar apresenta crescimento determinado e tem o ciclo precoce, sendo sua maturação média de 120 dias. Além disso, a BRS 316 RR possui resistência a algumas das principais doen-
EMBRAPA SOJA
Os produtores podem contar agora com mais uma ferramenta para o plantio de trigo: o inoculante. Segundo a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, o produto é uma nova opção em biofertilizante promotor de crescimento de plantas, além de um lançamento para o milho. O produto foi desenvolvido em parceria com a Total Biotecnologia e contém estirpes da bactéria Azospirillum brasilense autorizadas pelo Ministério da Agricultura para a produção de inoculantes. As cepas de A. brasilense foram identificadas pela Embrapa Soja e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, de acordo com a pesquisadora, a aplicação do produto AzoTotal às sementes promove maior desenvolvimento do sistema radicular, tolerância à seca, maior absorção de água e nutrientes. Mariangela Hungria acrescenta que o inoculante também possibilita plantas mais vigorosas e facilita a fixação de nitrogênio da atmosfera. Deste modo, é possível que o produtor atinja bons rendimentos, mas com redução substancial de fertilizantes. Ensaios Os ensaios a campo foram realizados por mais de seis anos, verificando-se que a inoculação com a aplicação de 20 kg N/h, no trigo, e de 24 kg N/ha, no milho, obteve bons rendimentos. A pesquisadora estima que a economia em fertilizantes nitrogenados pela inoculação com
Sudeste e Sul
O inoculante possui bactérias para estimular o desenvolvimento das raízes
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ndo efeito
O inseto adulto da lagarta de raiz, que dá indícios de resistência à alteração genética do milho nos EUA
e e Sul ganham nove cultivares de soja ças da soja, como o cancro da haste, a mancha “olho-de-rã”, a pústula bacteriana, a podridão radicular de fitóftora, a podridão parda da haste e o mosaico comum. Este lançamento também é moderadamente tolerante ao vírus da necrose da haste e resistente ao nematoide Meloidogyne javanica e moderamente resistente ao Meloidogyne incognita.
BRS 317: soja convencinal com alto poder produtivo Outro lançamento da Embrapa é a BRS 317, cultivar de soja convencional que tem como diferencial o alto potencial produtivo. A cultivar possui crescimento determinado e é de ciclo semiprecoce, com maturação média de 125 dias. Esta cultivar também apresenta resistência a doenças importantes que afetam a soja como o cancro da haste, a mancha “olho-de-rã”, a pústula bacteriana e o mosaico comum.
A nova cultivar é uma semente de soja convencional com alto potencial produtivo
A BRS 317 é moderadamente resistente à podridão parda da haste e ao oídio, sendo resistente ao nematoide Meloidogyne incognita. A pesquisadora Divania de Lima destaca a necessidade de rotacionar semente de soja convencional com semente transgênica ao longo dos anos. “Essa prática é importante para evitar que o uso continuado de soja transgênica favoreça a resistência de plantas daninhas ao glifosato”, alerta.
A semente transgênica BRS316RR é mais uma resistente ao inseticida glifosato
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FONTE: EMBRAPA SOJA
EMBRAPA SOJA
para p rodutores dos estados de ná, São Paulo e região sul de Mato Grosso do Sul
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ALIMENTAÇÃO
CARNEDE DECOELHO COELHOGARANTE garante CARNE pratos saborosos e saudáveis de coelhos. Hoje temos cerca de 300 mil animais distribuídos, em sua maior parte, no Centro-Sul do país. “A carne de coelho ainda não foi descoberta – essa é a dificuldade do setor crescer aqui. Depois que as pessoas experimentam, não há dúvidas sobre a qualidade e os benefícios”, afirma Machado. LUIZ CARLOS MACHADO
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acia, saborosa e rica em proteína: com essas definições você já imagina uma suculenta picanha. Pode até ser, mas esses adjetivos combinam ainda mais com a carne de coelho. Famosa e muito consumida na França e Espanha, a carne de coelho não faz parte do dia-a-dia dos brasileiros. Prova disso é o consumo por habitante. Enquanto a carne bovina e o consumo de aves chegam a cerca de 40kg por habitante ao ano (cada uma) - seguidas da carne suína (13kg), a quantidade de carne de coelho consumida é de aproximadamente 100g por habitante a cada ano. Segundo o presidente da Associação Científica Brasileira de Cunicultura, Luiz Carlos Machado, os brasileiros ainda não conhecem o sabor e os benefícios da carne de coelho. “Não faz parte da nossa cultura esse tipo de alimento. É comum ouvirmos as pessoas dizerem que é um bichinho muito bonito, que não dá para consumi-lo”, explica. Essa dificuldade deve-se ao pouco conhecimento sobre este alimento. No final da década de 80, a cunicultura no Brasil teve um grande destaque – os rebanhos chegaram perto de 1 milhão
Benefícios da carne Entre os principais benefícios da carne de coelho estão: grande quantidade de proteína, excelente valor biológico que garante uma boa digestão, sabor leve (seme-
lhante à carne de frango), baixo teor de gordura e de colesterol, e grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados, que protegem o coração e fortalecem o sistema imunológico. Para que a carne de coelho seja de boa qualidade e se apresente em boas condições e com um bom aspecto, o animal deve ser abatido para consumo quando apresentar um aspecto geral adequado, ou seja, que esteja sadio, forte e apresente boa aparência. De acordo com análises realizadas pelo departamento de economia doméstica dos Estados Unidos, a composição da carne de coelho é a seguinte:
RA CS O
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RO CH A
Elementos
%
Água
67,86
Proteínas
25,50
Gorduras
4,01
Sais minerais
2,13
Carboidratos
0,50
LUIZ CARLOS MACHADO
ALIMENTAÇÃO
Outra qualidade muito importante apresentada pela carne de coelho é o seu baixo teor de colesterol. A seguir, mostraremos uma tabela elucidativa que mostra a diferença entre os teores de colesterol das carnes de alguns animais: Carne
em 100g
Coelho
50mg
Frango
90mg
Porco
105mg
Vaca Boi
125mg 140mg
ALFAPRESS COMUNICAÇÃO
Garantia de qualidade Para garantir a qualidade da carne é preciso estar atento aos cuidados com o coelho. “Eles precisam ter uma alimentação balanceada e de qualidade, por isso trabalhamos com a pré-seleção e análise de cada ingrediente: com formulação adequada de fibra, energia, vitaminas, aminoácidos e outros nutrientes”, destaca Érika Miklos, gerente de produtos da Evialis. Uma ração de qualidade previne problemas digestivos que podem prejudicar o abate animal e consequentemente um bom rendimento de carne ao produtor. Pequenas alterações na fibra, por exemplo, podem causar desordens digestivas muito prejudiciais aos coelhos. A utilização da proteína não é somente influenciada pela digestibilidade e correta utilização de aminoácidos, mas também devese levar em conta a relação
Alimento ainda não é totalmente conhecido pelos brasileiros
Cunicultura: setor articula-se para maior profissionalização
entre proteína e energia para se garantir o correto desenvolvimento do animal e deposição de carne. Mercado restrito No Brasil, a falta de frigoríficos abatedouros torna a atividade de abate ilegal em muitas regiões. “Hoje temos abatedouros em poucos estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Para os produtores serem competitivos no preço, eles precisam que o local de abate seja próximo ao local
da produção. Como temos essa dificuldade, os custos com transporte ficam altíssimos, inviabilizando a produção. A partir disso, alguns cunicultores abatem sem quaisquer fiscalização”, declara Machado completando “Estamos trabalhando na articulação do setor para maior profissionalização e divulgação dessa importante fonte de proteína animal. O estado de São Paulo e do Rio Grande do Sul são hoje os principais pontos em potencial para o mercado de cunicultura. “Ainda temos um consumo muito elitizado – influenciado pelo aspecto cultural e acesso de informações. Nosso objetivo é disseminar esse assunto e aumentar a nossa participação no mercado nacional com a aceitação da carne do coelho na mesa dos brasileiros”, finaliza. A Lavoura FEVEREIRO/2012 49
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POR
JACIRA S . COLLAÇO MÉDICA VETERINÁRIA
Beleza orgânica Trazendo a idéia de beleza já no nome, a empresa Cassiopéia inspirou-se num personagem da mitologia grega, a vaidosa mãe da princesa Andrômeda. Outra fonte de inspiração foi a versátil Aloe Vera, ou babosa, por suas propriedades antiinflamatórias e antibacterianas, e que compõe diversos produtos da empresa Fundada em 1981 por Malte Weltzien, a Cassiopéia comercializava produtos de limpeza concentrados para revenda porta a porta. Na época, as formulações ainda eram derivadas de petróleo, mas o ideal que Weltzien buscava era lançar produtos que fossem 100% de origem vegetal. A substituição das matérias-primas de origem petroquímica foi gradativa, até que, em 1994, foi lançado o primeiro concentrado de origem vegetal. Contudo, como na época a questão ambiental não era um tema de destaque na mídia, houve uma pequena aceitação, mas o sonho de Malte Weltzien fora realizado. Como explica Becky Weltzien, diretora atual da Cassiopéia, nos anos seguintes foram surgindo mais matérias-primas de origem vegetal, o que permitiu a mudança da composição de mais produtos da linha. “Observamos que o mercado e a questão ambiental estavam cada vez mais em pauta. Assim, avaliamos que era o momento de lançar uma linha para o varejo: deste modo nasceu a linha BioWash Pronto Uso”, conta a diretora. “Nossas formula-
ções foram desenvolvidas seguindo diretrizes europeias. Optamos também por certificar esta linha pelo IBD, para que o consumidor tivesse a garantia de veracidade e não apenas um marketing falso”, afirma. Uma das “estrelas” das formulações dos produtos é a Aloe vera. Malte Weltzien era um entusiasta da espécie e suas propriedades, com experiência com o cultivo desde que morava na Espanha. No Brasil, desde 1986 a empresa cultiva a planta em Jarinu, interior de São Paulo, seguindo métodos orgânicos/biodinâmicos. “A babosa pode ser colhida ao longo do ano todo, porém é no verão que ela se desenvolve melhor e o rendimento por folha aumenta”, revela Becky, que aponta outro componente importante do cultivo biodinâmico: a aplicação de preparados. “Foi necessário que fizéssemos treinamento da mão-deobra. Os trabalhadores não só precisam saber do que se trata esta agricultura, como também a maneira correta de aplicar as técnicas biodinâmicas”.
BECKY WELTZIEN, CASSIOPÉIA
A babosa se desenvolve melhor no verão, com maior rendimento
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BECKY WELTZIEN, CASSIOPÉIA
Malte Weltzien avaliando o cultivo da babosa da empresa...
BECKY WELTZIEN, CASSIOPÉIA
Diferenças entre orgânico e biodinâmico A diretora explica que o modo de produção biodinâmico vai além do cultivo orgânico. Para seus produtos a Cassiopéia a aproveita a polpa da babosa, com um processo artesanal de extração. A cultura é feita na própria propriedade. “Além de não utilizamos tipo algum de defensivo agrícola, preservamos o meio ambiente e damos uma vida digna aos trabalhadores. Seguimos um calendário lunar que guia o plantio e colheita, e também são utilizados os preparados biodinâmicos que mencionei, que são como homeopatia para as plantas e a terra. Já para obter a certificação de nossos produtos, foi preciso seguir diretrizes criadas pelo IBD. A formulação precisa ser totalmente livre de petroquímica e ainda conter 5% de matéria-prima orgânica – para isso usamos o extrato de Aloe Vera orgânico. Todo ano somos auditados por eles para poder renovar o certificado.” A Cassiopéia possui hoje linhas que atendem a diferentes fins: a linha BioWash Pronto é composta por 20 produtos e mais quatro concentrados. A linha Auxi para uso Institucional tem 10 componentes, enquanto a linha de cosméticos Veraloe está no momento sendo reformulada, sem data prevista para relançamento. Além da babosa, são utilizadas outras espécies vegetais para a produção, como óleos de coco de babaçu, de mamona, essenciais e outros. Os corantes também são de origem vegetal, como clorofila e caroteno. Quanto às fórmulas – inovadoras para produtos de limpeza, – a diretora revela que os técnicos da própria Cassiopéia trabalharam em conjunto com um químico europeu, que já atuava no ramo de produtos de limpeza naturais. Entretanto, Weltzein lamenta que não é fácil encontrar no país fornecedores de matérias-primas de origem vegetal. “O número ainda é bem restrito, mas também sabemos que é um mercado em crescimento.” Para continuar marcando sua evolução no mercado orgânico, a diretora informa que a empresa reformulou seu site, que conta com uma loja virtual e notícias do setor. Além disso, para 2012 a Cassiopéia se prepara para ampliar sua linha Auxi Institucional.
...cujos produtos não são testados em animais
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PAULO SOARES
TECNOLOGIA
ARQUIVO IAC
Como cobrir as plantas com agrotóxicos sem aumentar o volume de calda: a tecnologia que reduz de 300 para 100 litros de agrotóxicos por hectares de cana
Técnica correta permite
maior economia com defensivos
A
o pulverizar as lavouras, o agricultor espera cobrir toda a extensão das plantas para garantir a proteção almejada. Mas como alcançar de fato essa cobertura, já que, quando a planta cresce, amplia-se a área a ser coberta? Aumentar o volume de agrotóxicos pode ser a primeira resposta a ser adotada, mas só isso não resolve. De acordo com o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Hamilton Humberto Ramos, “quando o produtor apenas aumenta o volume de aplicação, não leva em consideração outros aspectos importantes, como fator de espalhamento e diâmetro da gota”, explica. O objetivo final, a cobertura total do alvo é atingido, mas com custo maior para o produtor e o ambiente. “O rendimento operacional dos pulverizadores é bastante baixo, resultando em um investimento maior em número de equipamentos por área ou em sistemas de transporte de água para abastecimento dos pulverizadores, elevando o custo da operação”, observa Ramos. Uso correto O pesquisador aponta que o uso correto do adjuvante do tipo tensoativo, o popular espalhante, pode reduzir em até 70% o volume de agrotóxico usado. “O termo adjuvante vem da palavra ajudante. Esta substância age diretamente na molécula de água, diminuindo a força de atração existente. Como resultado, as gotas do caldo de pulverização têm seu tamanho aumentado, mas mantêm o volume tanto de água como de agrotóxico”, explica o pesquisador. A economia na cobertura do “alvo” – a planta em si – é garantida.
Falta de informação = equívocos A falta de informação é a grande responsável pelos equívocos praticados. A alternativa de ampliar o volume para atingir a cobertura desejada é a mais antieconômica, porém, a que requer menor conhecimento técnico – e justamente por isso é a mais utilizada. Ao invés de adotar essa prática, Ramos sugere a utilização do espalhante, mas adverte sobre a importância de conhecer suas características principais. “Todos eles têm uma dose mínima, a partir da qual são efetivos, e uma dose máxima. A partir desta, a tensão superficial e, consequentemente, o espalhamento não são mais alterados”, esclarece. Muitas vezes, o uso do espalhante deve ser acompanhado de redução no volume de calda para uma pulverização efetiva. O pesquisador ressalta que qualquer pulverização feita de forma inadequada pode causar danos para o ambiente e para a saúde dos trabalhadores, além dos prejuízos econômicos. Aplicação eficiente e econômica A aplicação eficiente e econômica é aquela que considera a interação entre alvo, características do agrotóxico usado, pulverizador, momento da aplicação e condições ambientais. Além disso, o produto sempre deve vir acompanhado de informações técnicas e devidamente registrado como adjuvante do tipo tensoativo. Neste contexto, o uso de adjuvantes pode ser um grande aliado do produtor, já que é uma substância capaz de aumentar a eficácia do agrotóxico escolhido. “Qualquer que seja o alvo selecionado, o sistema de pulverização deverá ser capaz de produzir uma cobertura adequada.” CARLA GOMES - ASSESSORIA DE IMPRENSA DO IAC
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TECNOLOGIA
CANA-DE-AÇÚCAR: economia de até 200% de herbicidas por hectare
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ARQUIVO IAC
e acordo com o engenheiro agrônomo, Marcelo da Silva Scapin, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o sucesso na aplicação de agrotóxicos depende da interação entre doença, produto, máquina, momento de aplicação e meio ambiente. Segundo Scapin, quando a aplicação é adequada, a economia é evidente. Na aplicação de herbicidas na cultura da cana-de-açúcar, o procedimento correto resulta no uso de 70 a 100 litros de agrotóxico por hectare, em comparação aos 250 a 300 litros normalmente usados. “Conhecer o ‘alvo biológico’, ou seja, os aspectos básicos da praga, é fundamental para a escolha certa do produto e do pulverizador”, explicando também que o controle da praga depende da capacidade de redistribuição do agrotóxico na planta. A partir disso nasce o “alvo químico”, local em que o produto deve ser aplicado para otimizar sua ação. O próprio pulverizador, quando mal regulado, pode se tornar um inimigo no combate às doenças. Regula-
Ao invés dos 250 a 300 litros de herbicidas por hectare de cana, usa-se de 70 a 100 l/ha gem e calibragem próprias ao invasor que se busca combater são essenciais. Segundo Scapin, o excesso de agrotóxicos que fica em suspensão atinge outras plantações ou retorna para o solo por meio das chuvas. Na avaliação de pesquisadores, a falta de informação é a grande responsável pelo problema. Trabalhos realizados pelo IAC mostram que, ao ter acesso ao conhecimento, agricultores e trabalhadores rurais mudam o comportamento e adotam posturas adequadas que levam à proteção da saúde huma-
na e do ambiente agrícola como um todo. O IAC oferece treinamento realizado diretamente nas propriedades rurais por meio do projeto “Aplique Bem”, desenvolvido em parceria com a empresa Arysta LifeScience. Scapin ressalta também a relevância das condições climáticas. Por exemplo, temperatura e umidade relativa do ar, principalmente em países tropicais, afetam diretamente a eficácia do agrotóxico, uma vez que influenciam na evaporação das gotas nas superfícies a serem protegidas. “O produto que controla qualquer praga é aquele que chega ao alvo e não o aplicado”, afirma o agrônomo, lembrando que a grande maioria dos produtores aplica altos volumes de agrotóxicos, porém seu volume é facilmente perdido. “Como não se enxergam as gotas que evaporam ou o produto que fica em suspensão, tal perda, apesar de significativa, não é percebida pela grande maioria dos produtores”, lamenta Scapin. O agrônomo ressalta que situações com temperaturas acima de 30º e umidade relativa inferior a 55% são impróprias para a pulverização. Neste caso, são recomendados os períodos logo no começo do dia, fim da tarde ou início da noite. “O volume ideal de agrotóxico é sempre o menor necessário para eliminar o problema”, acrescenta.
Cana-de-açúcar: quando a aplicação é adequada, a economia é evidente
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CAFÉ E. COMUNICFAÇÕES
Práticas de manejo e redução das geadas possibilitam o ajuste das safras
Tratos dos cafezais trazem bons resultados ao cafeicultor
CAFEICULTOR MINEIRO reduz efeitos da bienalidade
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mbora ainda não seja possível o aumento contínuo das safras de café, uma parte dos cafeicultores mineiros está conseguindo reduzir os efeitos da bienalidade da produção. De acordo com o assessor especial de Café da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Níwton Castro Moraes, a bienalidade consiste na alternância do volume de café produzido de um ano para o outro. O assessor diz que o principal recurso utilizado pelos produtores para reduzir o impacto da bienalidade é a adoção de boas práticas agronômicas com orientação técnica. Ele cita o exemplo dos agricultores da Zona da Mata, destacando o município de Manhuaçu, onde o esforço de superação da barreira das safras desiguais vem obtendo sucesso. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção de café em Manhuaçu, neste ano, deve alcançar 435,6 mil sacas, volume 4,3% superior ao registrado em 2010, que foi o período de alta colheita conforme a bienalidade. Manhuaçu é o terceiro maior produtor de Minas Gerais, atrás de Patrocínio (523,9 mil sacas) e Três Pontas (444,0 mil sacas). Segundo a Emater-MG, vinculada à Secretaria da Agricultura, nas lavouras de Manhuaçu os dados de produção coincidem com os apresentados pelo IBGE, reforçando a ten-
dência de ajustamento das safras por meio do aumento da produtividade. Há também cerca de 1,5 mil hectares de café em formação entre plantios e lavouras podadas.
Boas práticas “Os bons resultados de nossas lavouras devem ser atribuídos, em primeiro lugar, à melhoria dos tratos dos cafezais, sobretudo um cuidado especial com a poda dos pés”, explica o gerente regional da Emater, Rômulo Mathozinho de Carvalho. “As orientações básicas são transmitidas pelos extensionistas aos produtores de Manhuaçu em dias de campo e em outros contatos.” Ele ainda diz que as práticas recomendadas são, em sua maioria, de baixo custo e sempre possibilitam resultados compensadores. Para a safra de 2011, os cafeicultores atenderam mais uma vez à recomendação de intensificar os cuidados na fase de preparo de novas áreas de plantio. A análise de solo é fundamental, porque indica a necessidade ou não de correção da acidez nas lavouras de café e ajuda na definição de um programa de adubação. Segundo Carvalho, cerca de 50% do sucesso do cultivo pode ser atribuído à correta adubação. Atualmente, os produtores podem contar na região com três laboratórios de análise de solo, um deles criado há 13 anos e os outros inaugurados em 2007.
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ERASMO REIS-ASCOM EPAMIG
O extensionista acrescenta que os agricultores também recebem orientação para fazer diversos tipos de podas em uma mesma propriedade de forma a manter as lavouras renovadas e produtivas. Além disso, os cafeicultores estão adotando o plantio com espaçamentos menores. Com esses cuidados, ele enfatiza, embora ainda exista o problema da bienalidade, os produtores já podem contar com tecnologias que reduzam a queda de safra no período seguinte ao de alta produção.
Boas perspectivas Alexandre Paixão, um dos produtores de café de Manhuaçu que adotam as recomendações, diz que o trabalho iniciado há quatro anos tem possibilitado resultados animadores. “Nossas safras alcançam 35 sacas por hectare, em média, enquanto no estado a produtividade é de 21,5 sacas por hectare. Nos dois últimos anos tivemos colheitas de até 40 sacas por hectare em algumas lavouras”, informa o agricultor, acrescentando que não se trata de um caso isolado. Filho e neto de cafeicultores, Paixão está introduzindo um de seus filhos na atividade e tem boas expectativas principalmente com as novas possibilidades de controle dos efeitos da bienalidade, além do preço alcançado pelo produto. “Com a redução dos desníveis de safra podemos ter uma presença mais firme no mercado, porque é possível fazer compromissos de fornecimento e aperfeiçoar a gestão da propriedade”, finaliza. Para o supervisor de Pesquisas Agropecuárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas, Humberto Silva Augusto, além de práticas como o manejo de poda, adensamento das lavouras e outras, deve-se considerar também que fatores naturais estão ajudando a reduzir o impacto da bienalidade na produção de café. Produtor de café no município de Ervália, também na Zona da Mata, Humberto explica que o cultivo é beneficiado atualmente pela ausência de geadas fortes. “Não ocorrem mais geadas que causem impacto sobre a produção como nos anos 90”, ressalta. Embora os efeitos da bienalidade ainda existam, a redução dos níveis de produção entre um ano e outro é bem menor atualmente. De acordo com Humberto, o controle das lavouras de café tem contribuído para safras à altura da demanda interna e
externa do produto. Ele explica que os estoques internacionais de café estão com o nível baixo, o que favorece a melhoria dos preços. “Portanto, existe a expectativa de que, quando houver uma redução do impacto da crise econômica mundial, os produtores com safras mais uniformes poderão ser recompensados.”
Variedades produtivas No Sul de Minas também é observada a tendência de ajustamento dos níveis de produção de café, uma aproximação gradativa dos resultados obtidos no período de alta da bienalidade. Segundo o escritório da Emater de São Sebastião do Paraíso, a produção no período de baixa apresenta atualmente uma retração em torno de 33% (média de 40 para 30 sacas por hectare), que já representa um grande passo em relação aos períodos anteriores, pois a retração média caía para 10 sacas por hectare. Para obter o ajuste de safras, os cafeicultores trabalham com variedades mais produtivas, que estão possibilitando florada com até oito meses (antes ocorria por volta do terceiro ano), e utilizam também as práticas de manejo recomendadas pelos extensionistas. Além disso, são beneficiados igualmente pela menor incidência de geadas. Segundo o produtor Marcos Roberto Soares, os cafezais da região foram prejudicados pela seca de 2010, mas para o próximo ano está prevista a recuperação da safra municipal. No caso de Soares, a estimativa para 2012 é de mil sacas do produto com certificação, com previsão de que será possível pelo menos se aproximar desse índice no período seguinte. Minas responde atualmente por 49,8% da produção nacional de café. As exportações do produto pelo Estado, entre janeiro e outubro de 2011, somaram US$ 4,6 bilhões, na comparação com os US$ 7,0 bilhões movimentados pelas vendas totais do produto do Brasil no exterior. Para garantir a produção há lavouras espalhadas por todo o Estado, envolvendo inclusive um grande contingente de agricultores familiares. ABIC
Café: benefícios para saúde se consumido em doses moderadas
Os agricultores estão adotando o plantio com menor espaçamento
IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
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Aeronave leve esportiva monitora fazendas
ULTRAFLY
EMPRESAS
Com baixo custo de manutenção e facilidade de pilotagem, as aeronaves esportivas estão ganhando mercado nas grandes fazendas do Brasil. Elas podem auxiliar no deslocamento, mapeamento e verificação dentro de fazendas de grande extensão, ganhando tempo e com conforto para o usuário – e basta ter habilitação de piloto esportivo para levantar voo. A Ultrafly é a representante nacional exclusiva da fabricante tcheca TLUltralight, comercializando modelos “high wing” (asa alta) como o Sirius TL3000 e o Sting, este presente em mais de 40 países e com uma frota atual de mais de 400 aeronaves. Fabricadas em composite e carbono, a construção segue as normas da ASTM/FAA e tem certificação na categoria “aeronave leve esportiva” (LSA, na sigla em inglês).
As aeronaves podem pousar e levantar voo em diversos tipos de pista
mentos ergonomicamente projetados. O TL-2000 Sting é equipado com os motores Rotax e dispõe de uma gama de opcionais em aviônicos, GPS e paraquedas balístico.
TL-2000 Sting Sua forma aerodinâmica lhe permite voar em alta velocidade, com voo seguro e podendo utilizar pistas curtas de grama, terra ou asfalto. Sentado ao cockpit, o piloto – de qualquer nível de habilidade – tem a sensação de espaço e conforto em voos curtos ou de longa duração, com baixo nível interno de ruído. O Sting é dotado de dois assentos lado a lado, com cintos de segurança próprios, além de controles e instru-
TL-3000 Sirius O mais novo lançamento no mercado mundial fabricado pela TL-Ultralight já está sendo comercializado no mercado brasileiro. O modelo “high wing” foi projetado para os amantes de aeronaves de asa alta. Também contando com o confiável Motor Rotax, o Sirius é dotado de flaps elétricos, paraquedas balístico de série e tanques de combus-
Verão pede uso mais frequente de repelentes
de atividade repelente. As pulseiras, atóxicas, possuem os princípios ativos da citronela eugenol e genariol, o que faz com que tenham baixa toxicidade para humanos e grande poder repelente. Deste modo, pode prevenir contra a ação de insetos que transmitem doenças como dengue, febre amarela, malária, entre outras. A Pulseira Bye Bye Mosquito pode ser usada por crianças
Se os primeiros pensamentos sobre a estação mais quente do ano são sol e praia, logo lembramos de algo nada agradável: a maior proliferação de insetos, e com eles a preocupação com alergias, picadas e coceira. Enquanto o uso de repelentes se torna mais comum, surgem no mercado opções mais naturais para repelir os insetos. A Pulseira Bye Bye Mosquito é feita de citronela natural, confeccionada em material emborrachado e à prova d’água, o que lhes garante maior durabilidade, apresentando até 120 horas
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BELPRESS COMUNICAÇÃO DIRETA
Pulseira Bye Bye Mosquito é opção para quem não gosta de usar cremes
tível de 130 litros, permitindo uma autonomia de 6 a 7 horas de voo contínuo. Os modelos Sirius e Sting representam uma solução de baixo custo de aquisição e manutenção para fazendas de médio e grande porte, bastando apenas uma pessoa para hangaragem. Além disso, há a opção de voo em baixa velocidade para observação do solo. Mais fotos das aeronaves, especificações técnicas e acessórios podem ser vistos no site do representante da Ultrafly no Rio de Janeiro: www.ultrafly.com.br e e-mail: comercial@ultrafly.com.br.
acima de três anos de idade, e em locais como centros urbanos, regiões distantes, zona rural, periferia urbana, litoral, turismo e população em trânsito.
O que é citronela? É uma planta cultivada em regiões tropicais e subtropicais. O óleo extraído de suas folhas, frescas ou parcialmente dessecadas, é usado como repelente de mosquitos. Essa propriedade é atribuída à presença de substâncias voláteis em suas folhas, como citronelal, eugenol, entre outras, denominadas de um modo geral como monoterpenos. Diversas pesquisas conduzidas com o óleo dessa planta demonstraram sua ação como inseticida e por repelir mosquitos e moscas, alem de apresentar ação antimicrobiana. Mais informações: www.byebyemosquito.com.br
Embalagem com as pulseiras de citronela
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EMPRESAS A JBS vai revolucionar a cadeia da carne bovina brasileira. A companhia colocou em prática um processo de reestruturação de suas marcas que terá duração de cinco anos. Ao longo dos próximos 18 meses a companhia concentrará seu portfólio de produtos sob as duas principais bandeiras do grupo: Friboi e Swift. Dentro dessa estratégia, está a inovação de colocar marca na carne in natura, produto encarado apenas como commodity. A partir de agora, as embalagens receberão uma nova identidade visual criada para Friboi, garantindo ainda mais segurança, qualidade e origem do produto aos consumidores de todo país. A reestruturação conta com o maior plano de comunicação da história da cadeia da carne in natura nacional. De forma pioneira, a meta é fazer com que Friboi seja reconhecida como a principal marca de produtos alimentícios de carne. O plano de construção da marca leva ao consumidor os conceitos de garantia de origem e qualidade, além de reorganizar o mix de produtos e melhorar a presença
JBS
Carne in natura agora tem marca
Linha de produtos da Friboi
nos pontos de venda. Além disso, outros produtos serão agregados ao portfólio da Friboi. Serão mais de 500 itens à disposição do consumidor. Entre os produtos estão os supergelados (hambúrguer, quibes e almôndegas), industrializados (fiambres, salsichas e mortadelas) e os da categoria in natura. Pioneira no mercado da carne, a marca carrega consigo a trajetória de confiança da companhia, traçada com simplicidade e parcerias sólidas, construídas em quase 60 anos.
Brinco mosquicida para controle da mosca-dos-chifres O surgimento da resistência aos piretroides está relacionado a diversos fatores, entre eles: seleção inadequada do produto; falhas na preparação e/ou aplicação do produto, levando à aplicação de subconcentrações ou subdosagens; uso abusivo seja pelo excesso de tratamentos seja por sua duração além do necessário ou recomendado em bula.
A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) é pequena, tem a metade do tamanho da mosca doméstica. No entanto, esse parasito não só é capaz de afetar o bem-estar dos bovinos, como também pode provocar grandes perdas aos pecuaristas. No Brasil, a mosca-doschifres é responsável por um prejuízo de até 1,3 bilhão de reais por ano. Para auxiliar no controle estratégico deste parasito, a Pfizer Saúde Animal acaba de lançar Top Tag 180, versão mais concentrada do brinco mosquicida que protege por mais tempo os rebanhos bovinos de corte e leite contra a mosca-doschifres. Estudo de eficácia do mosquicida Top Tag 180 em bovinos demostrou que o produto mantém os animais livres da mosca-dos-chifres por até seis meses. Com formulação exclusiva, Top Tag 180 é um brinco mosquicida com diazinon – um inseticida da classe dos organofosforados – a 45% de concentração a ser lançado no País. A concentração mais elevada do princípio ativo garante a alta eficácia do produto e, ao mesmo tempo, otimiza e facilita o manejo na propriedade.
Cuidado na escolha É preciso muito cuidado na escolha do medicamento e do método de combate à mosca-dos-chifres, embora existam várias opções disponíveis no País para este fim. Trata-se somente de um inseto, mas ao se analisar os prejuízos que a mosca-dos-chifres pode causar à propriedade e o incômodo ao rebanho bovino, a conclusão é que combatê-la da forma correta é fundamental, explica Miguel Domingos Júnior da Pfizer Saúde Animal. Além da maior concentração de diazinon e do maior tempo de proteção, outro diferencial de Top Tag 180 é sua
De acordo com o fabricante, o produto contribui para evitar que os inseticidas da classe dos organofosforados enfrentem o mesmo quadro de resistência que já acontece com os inseticidas piretroides no Brasil. Estima-se que aproximadamente 70% dos produtos utilizados para tentar controlar a moscados-chifres no Brasil contêm piretroides. Porém, de acordo com estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a resistência aos inseticidas piretroides já foi detectada em mais de 90% das propriedades testadas pelo órgão em todas as regiões brasileiras.
PFIZER
Resistência
nova matriz de alta resistência e elasticidade, que confere ao produto maior durabilidade e menor risco de perda por queda. Tudo isso sem carência para leite e carne, ressalta o fabricante.
Impacto da mosca-dos-chifres A mosca-dos-chifres se alimenta de sangue, permanece sobre o animal dia e noite e volta imediatamente ao hospedeiro quando é afugentada. Para se alimentar, prefere as áreas fora do alcance da cabeça como: dorso, cupim, paleta, abdômen e membros. As picadas da mosca são constantes, repetitivas e dolorosas – cada mosca pica o animal, em média, de 20 a 30 vezes ao dia, o que os deixa estressados e irritados. Além de afetar o bem-estar dos bovinos, o estresse provocado por uma infestação de moscas dessa espécie pode causar redução no ganho de peso por animal, diminuição significativa na produção de leite, queda da taxa de prenhez e redução da qualidade do couro.
Controle estratégico Nas condições climáticas do Brasil Central, as moscas-dos-chifres acometem os bovinos durante todo o ano. Há dois picos de grande ocorrência parasitária: no início do período das chuvas e ao seu final. O controle estratégico desse parasito é baseado na dinâmica populacional da mosca ao longo do ano: o tratamento com brincos mosquicidas deve ser feito nas épocas mais prováveis de ocorrência das maiores infestações no rebanho. De acordo com Domingues Júnior, nas regiões do País nas quais os períodos de maiores infestações da mosca coincidem com o período de vacinação contra a febre aftosa (maio e novembro), a adoção de um tratamento estratégico simplifica o planejamento sanitário da propriedade, facilita o manejo do gado e reduz as situações de estresse.
Versão mais concentrada do brinco mosquicida
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POLÍTICA AGRÍCOLA
Estrutura produtiva mais densa
agrega riqueza e justiça Senadora defende a inclusão econômica de um milhão de médios produtores rurais
E
m discurso durante a cerimônia de posse na Con federação Nacional de Agricultura, a senadora Kátia Abreu também destacou a velocidade das transformações que o mundo enfrenta atualmente. Sobre o mercado externo, avaliou que o crescimento deverá ser muito menor nos próximos anos, tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos. Os reflexos dessas expectativas negativas, segundo a senadora, serão sentidos na Ásia e na América Latina. Em sua análise, haverá um enfraquecimento da demanda por produtos da agricultura e da pecuária brasileira, além de muita volatilidade nos mercados futuros. Classificando a atividade do agronegócio “tipicamente tendo margens de lucro muito estreitas e com um grau de risco normalmente elevado”, a senadora alertou que há muitos segmentos que ainda não conseguiram se capitalizar adequadamente e são vulneráveis às mudanças na economia. “Nossa principal tarefa será monitorar a economia de nossa produção para prever as dificuldades e remediar problemas. A longo prazo, eles podem desarticular as estruturas produtivas brasileiras e afetar sua capacidade. A agropecuária brasileira é rica, mas os produtores não são”, observou.
Bem-estar de cinco milhões de pessoas A senadora também lamentou velhos problemas, como a falsa oposição entre produção rural e preservação ambiental. Segundo ela, “os produtores rurais foram capazes de mobilizar amplas maiorias no Congresso Nacional, de participar de um diálogo equilibrado com o Governo e, principalmente, de desfazer na opinião pública os mitos e enganos construídos pelo ambientalismo ideológico”.
Kátia Abreu durante seu discurso de posse na CNA
Avanços do setor Apesar dos avanços do setor rural, Katia Abreu acredita que ainda há um longo caminho a percorrer para que o ponto de vista da produção “fique livre da dominação autoritária dos falsos especialistas”. Apesar dos preconceitos contra a industrialização, a senadora reafirmou que a produção rural brasileira, livre e capitalista, ajudou a construir um vasto mercado interno, com seus saldos externos financiando o setor industrial. Além de destacar a necessidade de esclarecer a opinião pública sobre a produção rural e o agronegócio, a nova presidente da CNA mostrou-se preocupada com a situação da “classe média rural”. Segundo a senadora, “mais de um milhão de médios produtores ainda carecem de meios para se juntar aos segmentos de ponta da produção rural” e estão em declínio. A eles somam-se suas famílias, chegando a cinco milhões de pessoas. Para que tal situação se reverta, Katia Abreu enfatizou a necessidade de uma política agrícola que assegure uma proteção de mercado contra as incertezas do tempo e da economia. Junto a isso, a senadora apontou a importância do apoio técnico e de gestão para que mais produtores sejam incluídos no agronegócio de sucesso.
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