A Lavoura 691

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A Lavoura

A Lavoura BOVINOS MANEJO

DIRETOR RESPONSÁVEL

Antonio Mello Alvarenga EDITORA

REPORTAGEM E REDAÇÃO

ENDEREÇO

Av. General Justo, 171 – 7º andar CEP 20021-130 - Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 3231-6350 Fax: 2240-4189

Método reduz em até 50% a aplicação de agrotóxico

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Paula Guatimosim redação.alavoura@sna.agr.br Sílvia Marinho de Oliveira alavoura@sna.agr.br

CITRICULTURA

Castração orgânica: 98% de eficácia e sem cirurgia

Cristina Baran editoria@sna.agr.br

SECRETARIA

ANO 115 - N O 691

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Castração imunológica reduz complicações pós-cirúrgicas

Novidade: laranja com licopeno e tangerina sem sementes

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ENDEREÇO ELETRÔNICO

NOVIDADE

http: //www.sna.agr.br e-mail: alavoura@sna.agr.br redação.alavoura@sna.agr.br ASSINATURAS

Novas tecnologias impulsionam o cultivo orgânico de hortaliças Iracema: nova cultivar de tomate cereja

assinealavoura@sna.agr.br

OTIMIZAÇÃO DE ENERGIA

EDITORAÇÃO E ARTE

Coordenação: Cristina Baran Paulo Américo Magalhães Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837 pm5propaganda@terra.com.br

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Os LEDs já são usados em micropropagação de espécies vegetais, como as frutas

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Anelise Macedo Caio Rodrigo Albuquerque Carla Oliveira Carlos José Hoff de Souza Cíntia Andruchak Cristina Tordin Diogo Vivacqua de Lima Fernanda Domiciano Ibsen de Gusmão Câmara Jacira S. Collaço Lucas Araújo Luís Alexandre Louzada Mônica Galdino Patrícia Martins de Rezende Paulo Sérgio Gomes da Rocha Raquel Gomes Hatamoto Renato Ponzio Roberto Pedroso de Oliveira Siglia Regina Walkyria Bueno Scivittaro

CONTROLE ALTERNATIVO DE DOENÇAS Estratégias de controle alternativo de doenças na pós-colheita de frutas

OVINOCULTURA Ovelhas Booroola: mais prolificidade e produtividade ao rebanho

PISCICULTURA Utilização de plantas medicinais pode melhorar a condição dos peixes criados em cativeiro

IMPRESSÃO

Walprint Gráfica e Editora www.walprint.com.br

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ALIMENTAÇÃO Ovo: consumo com segurança

Descoberta inédita no mundo: variedade de feijão tem 10% da isoflavona encontrada na soja

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da revista A Lavoura e/ou da Sociedade Nacional de Agricultura-SNA ISSN 0023-9135 JOSIMAR LIMA EMBRAPA GADO DE CORTE www.cnpgc.embrapa.br

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NOVIDADE

É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia autorização do editor.

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BOVINOS ALIMENTAÇÃO Alimentação do gado deve ser suplementada durante estações frias

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54 SNA 115 ANOS PANORAMA SOBRAPA INFORME OCB/SESCOOP-RJ ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA - SRB ORGANICSNET OPINIÃO EMPRESAS

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DIRETORIA EXECUTIVA

DIRETORIA TÉCNICA

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA JOEL NAEGELE TITO BRUNO BANDEIRA RYFF FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS HÉLIO MEIRELLES CARDOSO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE SÉRGIO GOMES MALTA

PRESIDENTE 1O VICE-PRESIDENTE 2O VICE-PRESIDENTE 3O VICE-PRESIDENTE 4O VICE-PRESIDENTE DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR DIRETOR

F UNDADOR

Academia Nacional de Agricultura

COMISSÃO FISCAL

ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO ANTONIO FREITAS CLAUDIO CAIADO JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON FERNANDO PIMENTEL JAIME ROTSTEIN JOSÉ MILTON DALLARI KATIA AGUIAR

E

MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA MARIA HELENA FURTADO MAURO REZENDE LOPES PAULO PROTÁSIO ROBERTO FERREIRA S. PINTO RONY RODRIGUES OLIVEIRA RUY BARRETO FILHO

CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA PLÁCIDO MARCHON LEÃO ROBERTO PARAÍSO ROCHA RUI OTAVIO ANDRADE

P ATRONO : O CTAVIO M ELLO A LVARENGA

CADEIRA

PATRONO

TITULAR

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ENNES DE SOUZA MOURA BRASIL C AMPOS DA P AZ B ARÃO DE C APANEMA ANTONINO FIALHO W ENCESLÁO B ELLO S YLVIO R ANGEL P ACHECO L EÃO LAURO MULLER MIGUEL CALMON LYRA CASTRO AUGUSTO RAMOS SIMÕES LOPES EDUARDO COTRIM PEDRO OSÓRIO TRAJANO DE MEDEIROS PAULINO FERNANDES FERNANDO COSTA S ÉRGIO DE C ARVALHO G USTAVO D UTRA JOSÉ AUGUSTO TRINDADE IGNÁCIO TOSTA JOSÉ SATURNINO BRITO JOSÉ BONIFÁCIO L U I Z DE Q UEIROZ CARLOS MOREIRA A LBERTO S AMPAIO E PA M I N O N D A S D E S O U Z A ALBERTO TORRES C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES THEODORO PECKOLT R ICARDO DE C ARVALHO BARBOSA RODRIGUES G ONZAGA DE C AMPOS A MÉRICO B R A G A N AVARRO DE A NDRADE MELLO LEITÃO ARISTIDES CAIRE VITAL BRASIL GETÚLIO VARGAS E DGARD T EIXEIRA L EITE

R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO JAIME ROTSTEIN E DUARDO E U G Ê N I O G O U V Ê A V I E I R A FRANCELINO PEREIRA L U I Z M ARCUS S UPLICY H AFERS RONALDO DE ALBUQUERQUE T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI J OEL N AEGELE M ARCUS V INÍCIUS P R A T I N I DE M O R A E S R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE R UBENS R ICUPERO PIERRE LANDOLT ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES I SRAEL K LABIN

S YLVIA W ACHSNER A NTONIO D ELFIM N ETTO R OBERTO P ARAÍSO R OCHA J OÃO C A R L O S F AV E R E T P O R T O

A N T O N I O C A B R E R A M ANO F ILHO JÓRIO DAUSTER ANTONIO CARREIRA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO ROBERTO RODRIGUES J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO A LY S S O N P A O L I N E L L I O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA DENISE FROSSARD E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA E RLING S. L O R E N T Z E N

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979

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Carta da

Homenagem ao Agricultor O

dia do agricultor foi comemorado, em 28 de julho, praticamente despercebido. Vimos apenas algumas referências sem maiores destaques e a realização de eventos locais de menor expressão. Nada que corresponda à sua importância para o país. É evidente a falta de sintonia entre nossa população urbana e o setor agropecuário. Desde o descobrimento do Brasil, quando Pero Vaz Caminha afirmou que aqui a terra era boa e nela tudo poderia ser produzido, que se iniciou a construção de uma imagem distorcida de nosso agronegócio. Ao longo da história, os produtores rurais foram chamados de senhores do engenho, barões do café, gigolôs de vacas, caloteiros, grileiros, latifundiários improdutivos e, mais recentemente, de desmatadores. O agricultor é identificado como caipira, inculto e desinformado. Para muitos habitantes dos grandes centros urbanos, o empresário rural maltrata seus funcionários, e, às vezes, é acusado de utilizar-se de trabalho escravo. Quando a inflação fica acima das previsões, botam a culpa em algum produto de origem agropecuária. Assim foi a “inflação do chuchu”, do ministro Simonsen. No auge do desastrado plano cruzado, o presidente Sarney mandou a polícia federal confiscar bois no pasto, que estariam escondidos por pecuaristas para especular com o preço da carne. Afinal, quando será que todos brasileiros entenderão a importância do produtor rural no desenvolvimento econômico e social do país? Quando haverá real reconhecimento àqueles que, superando as mais diversas dificuldades, levaram o desenvolvimento para o interior de nosso Brasil, de dimensões continentais? A campanha publicitária “Sou Agro” pretendia sensibilizar os brasileiros para a importância do “agro”, mas infelizmente não surtiu o efeito desejado. A campanha foi tímida em termos de frequência na mídia e não “emocionou” a população urbana. “Sou Agro” acabou tornando-se mais um instrumento de comunicação entre os próprios integrantes do setor. Como reverter a imagem negativa de um setor que, na verdade, é moderno, eficiente e competitivo? Modificar conceitos culturalmente arraigados é tarefa árdua, complicada, que exige tempo e determinação.

É preciso persistir. Mostrar, demonstrar e repetir incansavelmente que o agronegócio responde por 29% do PIB, 37% dos empregos e 44% de nossas exportações. Todos precisam saber que praticamos uma agricultura sustentável, preservando mais de 2/3 de nosso território e que o encargo dessa preservação é suportado exclusivamente pelos produtores, fato que não acontece em qualquer outro lugar do planeta. Nossa agropecuária fornece alimentos, produz energia renovável, algodão, celulose e madeira para abastecer o mercado interno e gerar grandes excedentes exportáveis. Nos últimos 12 meses as exportações do agronegócio atingiram US$ 97 bilhões, com superavit de 80 bilhões de dólares. Foi esse superavit do agronegócio que suportou o déficit de US$ 52 bilhões dos demais setores da economia e permitiu a geração de um saldo final de US$ 27 bilhões em nossa balança comercial. É difícil imaginar o que seria de nossa economia se não fosse esse vigoroso desempenho do agronegócio. É importante que todos os brasileiros saibam que a vida do produtor rural não é fácil. Além das incertezas econômicas inerentes ao complexo ambiente de negócios no qual estão inseridos, onde enfrentam a volatilidade dos preços de um mercado globalizado, o produtor rural precisa estar atento às flutuações do câmbio, à oferta de crédito, juros etc. Além disso tudo, ainda estão sujeitos a riscos climáticos, doenças das plantas e dos animais. E mais, os problemas da infraestrutura de armazenagem, transporte e exportação, reduzem consideravelmente seus ganhos. Em resumo, a rentabilidade é reduzida e o risco é grande. Enfrentando todas essas adversidades com determinação, os produtores brasileiros transformaram nosso agronegócio em um retumbante sucesso global. Seria razoável, portanto, que dedicássemos maior consideração e respeito aos produtores rurais, verdadeiros heróis de nossa economia. Eles merecem o reconhecimento de todos nós brasileiros.

Antonio Mello Alvarenga Neto

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115 anos SNA na Rio + 20 RAUL MOREIRA

A Sociedade Nacional de Agricultura participou de eventos paralelos à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável — a Rio + 20 — realizada de 13 a 22 de junho de 2012

Abertura do espaço Agro Brasil da CNA: em busca de soluções para o desenvolvimento sustentável. Da esq. p/ dir.: senadora Kátia Abreu (presidente da CNA); ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro; Francisco Gaetani (secretário executivo do ministério do Meio Ambiente); deputado Homero Pereira (presidente da Frente Parlamentar da Agricultura); Jaime Café de Sá (secretário de Agricultura do Tocantins); Maurício Lopes (diretor de pesquisa da Embrapa); Antonio Mello Alvarenga (presidente da SNA) e Cesário Ramalho (presidente da SRB)

Espaço Agro Brasil A SNA participou da cerimônia de abertura oficial do espaço Agro Brasil, organizado pela CNA no Pier Mauá, durante a Rio+20, com o objetivo de divulgar projetos e ações do setor rural voltados para a sustentabilidade.

O documento reúne uma série de propostas do setor, entre elas, a criação de um índice global de desenvolvimento sustentável, visando à abertura de mercados aos países que adotam práticas ambientais corretas, além de

RAUL MOREIRA

Na ocasião, a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, entregou ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, um documento de posicionamento do setor agropecuário, elaborado especialmente para a Rio + 20, após três grandes debates reunindo lideranças e representantes do meio rural.

RAUL MOREIRA

Posicionamento do setor agropecuário

Na inauguração do Espaço Agro Brasil e coletiva para a apresentação das propostas de posicionamento do setor agropecuário para a Rio+20: Joel Naegele (vice-presidente da SNA), senadora Kátia Abreu (presidente da CNA), e Alberto Werneck Figueiredo (diretor da SNA )

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Antonio Mello Alvarenga (pres. da SNA) mostra as edições especiais de A Lavoura e Animal Business Brazil para Carlos Rivaci Sperotto (presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul) e Eduardo Riedel (presidente da Federação de Agricultura do Mato Grosso do Sul)

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CRISTINA BARAN SEBASTIÃO MARINHO

Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira; José Álvares Vieira, presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Norte; Maurílio Biaggi, presidente da Agrishow; Assuero Doca Veronez, presidente da Federação de Agricultura do Acre; e Osaná Almeida, vice-presidente da SNA

CRISTINA BARAN

um fundo internacional para financiamento e difusão de tecnologia, que contribua para o desenvolvimento agrícola e pecuário com respeito ao meio ambiente. Durante a apresentação das propostas, Kátia Abreu observou que é cada vez maior o envolvimento dos produtores rurais com a preservação ambiental. “Agropecuária e meio ambiente devem caminhar juntos”, disse a senadora. Em uma área de 1.700 m², o Espaço Agro Brasil procurou demonstrar as práticas de agropecuária sustentável desenvolvidas pelos produtores rurais brasileiros e os projetos que aliam produção com preservação ambiental. Dentre outros programas de grande interesse, foi apresentado o projeto Biomas, desenvolvido pela CNA e EMBRAPA, o Programa ABC — Agricultura de Baixo Carbono — e sistemas de Agricultura de Precisão. Uma grande maquete mostrou um modelo de Área de Preservação Permanente (APP). Além da presença do ministro Mendes Ribeiro, o espaço Agro Brasil contou com a efetiva participação de praticamente todos os presidentes das federações estaduais de agricultura e pecuária do país. Também compareceram as principais lideranças empresariais e políticas do agronegócio brasileiro.

José Álvares Vieira, presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Norte; senadora Katia Abreu, presidente da Confederação Nacional de Agricultura; João Martins da Silva Jr., presidente da Federação de Agricultura da Bahia e Osaná Almeida, vicepresidente da SNA

UN PHOTO / GUILHERME COSTA

A editora da revista “A Lavoura”, Cristina Baran, recepciona Almir Moraes Sá, João Martins da Silva Jr. e Muni Lourenço da Silva Jr., respectivamente, presidentes das Federações de Agricultura dos Estados de Roraima, Bahia e Amazonas

Sustentabilidade na Educação Ao participar do Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, no Windsor Barra Hotel, o diretor da SNA, Antonio Freitas, comemorou a recente resolução do MEC que determina a inclusão do tema “Sustentabilidade” em todos os níveis do sistema educacional, da pré-esAntonio Freitas, diretor da SNA: “Resolução do MEC cola aos programas de doutorado. é a garantia de transição para uma Economia Verde” O acadêmico integrou a comissão do Conselho Nacional de Educação que elaborou as diretrizes curriculares para a educação ambiental no Brasil, homologadas pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Para o diretor da SNA, a resolução do MEC garante “a transição para uma Economia Verde e mais eficiente”. Freitas declarou que a iniciativa brasileira é pioneira e pode se transformar em referência. “O Brasil é o primeiro país do mundo a incluir a sustentabilidade na educação de forma abrangente” – destacou. A Lavoura NO 691/2012 7

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Cooperativismo O presidente da SNA, Antonio Alvarenga participou de um evento dedicado ao cooperativismo, promovido em 16 de junho pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), no auditório do Espaço Agro Brasil. O encontro debateu temas relacionados a políticas públicas, inclusão social, práticas agrícolas, tecnologias sustentáveis, segurança alimentar, entre outros assuntos. Neste mesmo evento, a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA, Sylvia Wachsner, apresentou uma palestra sobre co-

CRISTINA BARAN

115 anos

Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ); Márcio Lopes de Freitas (pres. OCB-Nacional); Edson Santos, deputado federal, e Antonio Alvarenga, presidente da SNA, na mesa de abertura de evento dedicado ao cooperativismo, promovido pela OCB/Sescoop

operativismo no setor orgânico. Ao abordar o tema “Cooperativas orgânicas e agroecológicas: sustentabilidade agrícola e social”, Sylvia divulgou alguns dados sobre pesquisas realizadas pelo recém-criado Centro de

Inteligência em Orgânicos; falou sobre a estrutura do mercado orgânico brasileiro, focalizando diversos aspectos do cooperativismo no setor e mostrou casos de sucesso envolvendo cooperativas de produtores orgânicos.

Deputado Moreira Mendes e Antonio Alvarenga durante apresentação de palestras no Dia da Agricultura no “Espaço Humanidades 2012”, no Forte de Copacabana

líderes globais no debate sobre o desenvolvimento sustentável.

Reflexão Em um espaço inovador, com inigualável visibilidade e cenografia de grande impacto visual, procurava-se estimular os visitantes a

CRISTINA BARAN

O painel “Segurança Alimentar e Sustentabilidade no Agronegócio” foi um dos destaques do evento denominado “Rio da Agricultura”, realizado no dia 18 de julho no “Espaço Humanidades 2012”, que atraiu um numeroso público ao Forte de Copacabana. O presidente da SNA, Antonio Alvarenga, esteve presente em diversos painéis, onde foram apresentados cases de sucesso do agronegócio brasileiro, incluindo as tecnologias empregadas para ampliar a produção de maneira sustentável. O “O Espaço Humanidades 2012” — iniciativa da Fiesp, Firjan e Fundação Roberto Marinho, com o patrocínio da Prefeitura do Rio e do Sebrae — foi concebido para realçar o importante papel que o Brasil exerce hoje como um dos

CRISTINA BARAN

Humanidades 2012

Presenças no Dia da Agricultura no Espaço Humanidades 2012: Francisco Turra (presidente da ABEF - Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos) e Celina Amaral Peixoto (produtora de orgânicos)

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uma reflexão sobre um modelo de desenvolvimento a fim de garantir melhores condições de vida no planeta, com crescimento econômico, inclusão social e respeito ao meio ambiente. O evento também constituiu-se em um grande foro, diversificado com a realização de encontros, seminários e oficinas, além de exposições abertas ao público onde se tentava mostrar, de maneira lúdica, como esses conceitos têm se traduzido em iniciativas e ações importantes no nosso país. Desenvolvida pela cenógrafa Bia Lessa, a mostra reuniu, em diversos espaços temáticos, painéis relacionados à tecnologia, educação e cultura, em conjunto com os temas em discussão na Rio+20.

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115 anos RAUL MOREIRA

Dia da Agricultura

Produção sustentável de alimentos e pesquisa agrícola em alta: Antonio Mello Alvarenga (presidente da SNA), Roberto Rodrigues (coordenador do Centro de Agronegócios da FGV), Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente e Pedro Arraes (presidente da Embrapa) participaram do Dia da Agricultura, no Centro de Convenções Sul América

RAUL MOREIRA

A preocupação com a produção de alimentos de forma sustentável e sua relação com o futuro do planeta norteou os debates no Dia da Agricultura e Desenvolvimento Rural — evento organizado no dia 18 de junho, pelo diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Paulo Protásio, Embrapa e outras entidades internacionais, no Centro de Convenções Sul América, no centro do Rio de Janeiro. Mais de 600 pessoas compareceram à quarta edição do Agriculture & Rural Development Day. Compareceram ao encontro autoridades governamentais, líderes e profissionais de algumas das mais importantes instituições ligadas ao setor agrícola. De modo geral, os conferencistas se mostraram favoráveis em relacionar grande parte do êxito da agricultura brasileira aos investimentos realizados em pesquisa agrícola. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, falou sobre a meta mundial para garantir alimento nas próximas

O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, conversa com Paulo Protásio, diretor da SNA e um dos organizadores do Dia da Agricultura

décadas. “Temos um desafio imenso pela frente. Para atender à população do planeta em 2050, a produção de alimentos terá de aumentar em 50% os cereais e em mais de 100% a carne, considerando, ao mesmo tempo, a sustentabilidade em seus três pilares: ambiental, social e econômico”.

As recomendações-chave do evento “Dia da Agricultura” 1. Integrar a segurança alimentar e a agricultura sustentável em políticas nacionais e mundiais; 2. Elevar significativamente o nível de investimento global em sistemas de agricultura sustentável e alimentares na próxima década; 3. Intensificar, de forma sustentável, a produção agrícola, reduzindo simultaneamente as emissões de gases com efeito de estufa e outros impactos negativos da agricultura; 4. Visar às populações e setores que são susceptíveis às mudanças climáticas e à insegurança alimentar; 5. Dar uma nova forma ao acesso aos alimentos e aos padrões de consumo para garantir que as necessidades nutricionais básicas são cumpridas, bem como, para criar hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis em nível mundial; 6. Reduzir a perda e o desperdício nos sistemas alimentares, particularmente nos relacionados à infraestrutura, às práticas de criação de animais, ao processamento, à distribuição e aos hábitos familiares; 7. Criar sistemas de informação integrados, partilhados e abrangentes, que englobem as dimensões humanas e ecológicas.

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115 anos balhamos para ter o produtor rural dentro da lei, protegendo o meio ambiente e produzindo de maneira sustentável”. Izabella destacou ainda os esforços do país para incrementar ainda mais sua participação no setor de biocombustíveis. “É um desafio que precisa ser feito com inclusão social, desenvolvimento regional e crescimento econômico permanente”.

RAUL MOREIRA

Investimento em ciência e tecnologia

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, abordou os desafios da oferta de alimentos para a população mundial nas próximas décadas

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou, na ocasião, que os esforços dos produtores brasileiros para a conservação da natureza e das florestas do país precisam ser reconhecidos nas regras internacionais de mercado, e ressaltou a importância de regularizar os produtores rurais, no âmbito do meio ambiente. “Tra-

Green Rio

A coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA, Sylvia Wachsner, participou da mesa redonda “Orgânicos, Indicação Geográfica e Comércio Justo: Valores Agregados da Economia Verde”, que também contou com a presença de Fátima Rocha (presidente da MegaMatte/ABF) e Ming Liu (coordenador do Projeto Organics Brasil). A palestrante apresentou ao público o projeto CI Orgânicos mencionando a importância da criação de novas cadeias e de parcerias com os setores público e privado. A respeito da certificação, Sylvia Wachsner apontou, para a promoção da Sustentabilidade Social, a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), instrumento jurídico que permite a emissão de

uma nota fiscal, significando que o agricultor está legalizado. “É um instrumento que inclui os pequenos produtores na sociedade, fortalece as cooperativas e constrói relacionamentos eticamente justos e sustentáveis. A certificação e o comércio justo dão base aos agricultores”, frisou Sylvia, que também chamou a atenção para a transparência e a rastreabilidade dos produtos orgânicos. Finalizando sua apresentação, a coordenadora do CI Orgânicos debateu a questão das cooperativas, e afirmou que estas organizações constituem um meio de agregar valor à cadeia produtiva, levando em consideração o fato de o produtor estar mais próximo do gestor.

LUIS ALEXANDRE

A Sociedade Nacional de Agricultura também ganhou destaque no Green Rio, realizado nos dias 19 e 20 de junho no Centro de Convenções da Bolsa de Valores, no centro Rio. O estande da SNA, durante o evento, divulgou as atividades de sete empresas da rede OrganicsNet: Clor-in, Ecobras, Secale, Preserva Mundi, Coopernatural, Sérgio Carrano Consultoria e Advocacia e Tecpar Certificadora. Organizado pelo Planeta Orgânico, o Green Rio apresentou uma série de painéis com palestras e debates sobre sustentabilidade, Copa de 2014, Economia Verde, mercado orgânico e temas afins. Rodadas de negócios reunindo produtores e empresas, e workshops de gastronomia também fizeram parte da programação.

O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, mostrou como os investimentos em ciência e tecnologia contribuíram para a erradicação da pobreza e para o desenvolvimento econômico no Brasil. “Vamos completar quarenta anos de Embrapa e já começamos a pensar como encarar os desafios dos próximos quarenta”, ressaltou Arraes. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, também esteve presente ao evento, integrando um painel sobre o papel da agricultura diante dos desafios da Rio + 20, ao lado do ministro da Pesca, Marcelo Crivella; do presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (IFAD), Kanayo F. Nwanze, e de outras personalidades. Durante o encontro, a SNA esteve representada pelo presidente Antonio Alvarenga, pelo vice-presidente Joel Naegele e pelo diretor Alberto Figueiredo.

Visita de representantes do Sebrae ao estande da SNA na feira: Armando Clemente (diretor/Sebrae-RJ), Sylvia Wachsner (coordenadora do CI Orgânicos), Rosane Nagib (Rudá), Rosângela Cabral (Secale), Evandro Peçanha (diretor/ Sebrae-RJ) e Jesus Costa (presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-RJ)

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A SNA produziu um kit com edições especiais das revistas A Lavoura e Animal Business Brasil, além de uma publicação especial sobre Sustentabilidade e Economia Verde, com depoimentos e artigos de personalidades de diversas áreas do conhecimento. O kit foi distribuído nos eventos relacionados ao agronegócio, paralelos à conferência das Nações Unidas.

Participação de A Lavoura A editora da revista A Lavoura, Cristina Baran, acompanhou a realização de diversas reuniões e seminários da Rio + 20. Dentre outros, participou do seminário “Brasil Sustentável — o caminho para todos”, promovido pelo ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de discutir os principais conceitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O sistema envolve a responsabilidade compartilhada de toda a cadeia produtiva pelo ciclo de vida dos produtos, ou seja, o recolhimento e a destinação — reciclagem, recuperação — dos resíduos sólidos gerados após consumo. Cristina Baran participou também, na sede da Embrapa Solos, da solenidade de abertura da exposição “Tecnologias, Serviços e Produtos Susten-

PAULA GUATIMOSIM

Publicações especiais da SNA para a Rio + 20

A editora de A Lavoura, Cristina Baran, ladeada à esquerda pelo presidente da Pesagro-Rio, Sílvio Galvão e Pedro Arraes, presidente da Embrapa, na abertura do evento da Embrapa no Jardim Botânico

táveis”, do ciclo de palestras promovido pelo ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Alguns assuntos abordados neste evento, como o Sistema Cabruca de condução da lavoura cacaueira na Bahia, o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) do MAPA, e os Sistemas Agroflorestais de

Produção foram temas de reportagens da edição especial da Revista A Lavoura. Cristina Baran participou ainda do “Dia da Agricultura”, no “Espaço Humanidades 2012”, no Forte Copacabana, quando foram ministradas várias palestras sobre sustentabilidade ligadas ao setor agrícola.

Capas das edições especiais lançadas pela SNA durante a Conferência Rio + 20

Green Cross e Rotary Club

Palestras sobre sustentabilidade no auditório da SNA. Da esq. p/direita: Alexander Likhotal (presidente/Green Cross International), Antonio Alvarenga (presidente da SNA), Paulo Sergio (pres. Rotary/Flamengo), Wanderley Chiesa (governador/ Rotary) /Moisés Henrique (conselheiro/Rotary) e Adam Koniuszewski (CEO – Green Cross)

Likhotal e Adam Koniuszewski, respectivamente presidente e CEO do Green Cross Internacional. Também estavam presentes Marisa Arienza, presidente da Green Cross da Argentina; Wanderley Chiesa, governador do Rotary Club do Rio de Janeiro; Marco Antonio Martins Almeida, secretário de petróleo, gás natural e combustíveis renováveis do ministério de Minas e Energia, dentre outros.

RAUL MOREIRA

Ainda no âmbito da conferência das Nações Unidas, o Green Cross e o Rotary Club realizaram, no auditório da SNA, um evento de 20 a 22 de junho, coordenado pelo prof. Celso Claro. A programação incluiu uma série de palestras sobre sustentabilidade relacionada a vários setores, entre eles, educação, energia nuclear e pré-sal. O presidente da SNA, Antonio Alvarenga, participou da abertura do evento, ao lado de Alexander

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ANTÔNIO ARAÚJO / MAPA

115 anos

Plano Agrícola e Pecuário 2012/13

DIVULGAÇÃO MAPA

O Plano Agrícola e Pecuário para a safra 2012/ 2013 foi lançado pelo ministro Mendes Ribeiro Filho, no dia 28 de junho, em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença da presidente Dilma Rousseff. O presidente da SNA, Antonio Alvarenga, participou do evento, ao lado de outros representantes do setor agrícola.

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (à direita) discursa durante a cerimônia de lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, com as presenças do senador José Sarney, a presidente Dilma Rousseff, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e a senadora Kátia Abreu.

R$115 bilhões para o setor agrícola

Deputado federal Nelson Marquezelli e Antonio Alvarenga

O governo destinou R$ 115 bilhões para financiamentos e reduziu as taxas de juros das diversas linhas de crédito voltadas para o setor. Houve um destaque especial para os programas voltados para os médios produtores, cooperativas e agricultura de baixo carbono. Ampliou-se, também, os recursos disponíveis para investimentos, principalmente em armazenagem. Em seu discurso, a presidente Dilma Rousseff ressaltou a importância do agronegócio para o Brasil, afirmando que não haverá falta de recursos para a agricultura.

SNA apresenta o CI Orgânicos na Bio Brazil Fair dos (entre eles, indicadores da propriedade, infraestrutura, produção, práticas agrícolas, gestão e comercialização de orgânicos) já foram coletados entre produtores do Rio de Janeiro e Paraná.

Pesquisas e estudos O CI Orgânicos também elabora pesquisas e estudos no setor, promove parcerias e investe em capacitação de produtores rurais. O projeto chamou a atenção dos par-

Ações Entre diversas ações, o CI Orgânicos realiza a identificação, coleta, tratamento, análise e disseminação de informações estratégicas para a implementação de um banco de dados aberto à consulta pública. Os da-

Sylvia Wachsner, do CI Orgânicos e Ludovico Riva, coordenador de Horticultura e Agroecologia do Sebrae, no estande da SNA: divulgação e parcerias

ticipantes que visitaram o estande do Sebrae na feira, na Bienal do Ibirapuera. A Sociedade Nacional de Agricultura, além de divulgar o Centro de Inteligência, prestou atendimento aos agricultores presentes ao evento, fornecendo material explicativo sobre a cadeia dos orgânicos. Também foram realizadas reuniões com entidades envolvidas na produção orgânica, visando à promoção de parcerias e redes de relacionamentos com os setores público e privado.

FABRÍCIO CAMILO

A

Sociedade Nacional de Agricultura apresentou, em maio, durante a Bio Brazil Fair — Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, em São Paulo, o Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos). O projeto, desenvolvido em parceria com o Sebrae, é inédito no Brasil, e tem por objetivo fortalecer a cadeia produtiva de alimentos e produtos orgânicos no país, por meio da integração e difusão de informação e conhecimentos.

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Deputado Ronaldo Caiado (Goiás), Francisco Matturro (vice-presidente da Abag) , Eduardo Soares de Camargo (diretor da Abag) e Antonio Alvarenga (pres. SNA), na sessão que elegeu a nova direção da FPA

Nos últimos anos, a FPA vem ganhando destaque nos trabalhos do parlamento brasileiro. De composição pluripartidária, a maior bancada do Congresso Nacional tem sido um exemplo de grupo parlamentar bem sucedido.

DIVULGAÇÃO FPA

DIVULGAÇÃO FPA

A nova direção da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) tomou posse durante cerimônia realizada em junho na capital federal. O deputado Homero Pereira, do Mato Grosso, foi eleito presidente, em substituição ao deputado Moreira Mendes, de Rondônia. A Frente Parlamentar da Agropecuária tem por objetivo estimular a ampliação de políticas públicas para o desenvolvimento do agronegócio nacional. É composta por 268 membros, entre deputados federais e senadores.

DIVULGAÇÃO FPA

Frente Parlamentar da Agropecuária elege nova direção

Roberto Rodrigues é nomeado embaixador especial da FAO para o Ano Internacional das Cooperativas

Antonio Alvarenga, deputado Moreira Mendes e senador Luiz Henrique da Silveira prestigiam a solenidade em Brasília

DIVULGAÇÃO FAO

Deputado Homero Pereira, presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, ladeado pelos ministros Mendes Ribeiro Filho e Aldo Rebello

o

Roberto Rodrigues, membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA, foi nomeado Embaixador Especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) no Ano Internacional das Cooperativas. Reconhecimento

O ex-ministro Roberto Rodrigues recebe do diretor-geral da

Reconhecido por sua dedicação à causa cooperativista, FAO, José Graziano, o título de embaixador especial Roberto Rodrigues foi presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, do Comitê Mundial de Cooperativas Agrícolas e da Aliança Cooperativa Internacional. Como embaixador especial da FAO, seu compromisso será mobilizar a sociedade na busca de uma maior conscientização sobre a importância das cooperativas para o desenvolvimento socioeconômico e, especialmente, seu impacto na redução da pobreza, geração de empregos e inclusão social.

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PANORAMA MB COMUNICAÇÃO

mercialização dos produtos agropecuários não ocorre na origem. É a indústria que determina quanto vai pagar pela matéria-prima, sem dar muita importância ao custo de produção. A indefinição gerava insegurança e dificuldades para os produtores planejarem investimentos. Já os laticínios, contavam com o tempo a seu favor, pois só definiam o valor de remuneração após o processamento e a comercialização dos produtos lácteos. Ou seja, na relação comercial, a indústria tinha garantia de jamais fazer um mau negócio. Conhecer previamente o valor de remuneração ajudará os produtores a fazerem a previsão de seu fluxo de caixa e a ajustar seus custos de produção à rentabilidade. Em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul o Conseleite (Conselho paritário que envolve organizações Produtor de leite será informado com antecedência o preço dos produtores e indústrias) já vem divulgando, mensalmente, parâque será pago pelo litro metros de preços para o pagamento de leite naqueles estados. Entretanto, as indústrias ainda não Saber com antecedência o quanto receberá pelo litro de têm obrigatoriedade de adotá-los. leite entregue às usinas de beneficiamento e laticínios. Esta “Nesses casos, não se espera que a nova lei cause probleantiga reivindicação do produtor de leite foi atendida e agora mas sérios de relacionamento entre produtores e laticínios. é amparada pela Lei 12.669 de 19 de junho de 2012, que deTrata-se apenas de um ajuste de regras em vigor nesses contermina que até o dia 25 do mês anterior à entrega, as empreselhos”, acredita o analista de mercado do leite da Epagri/ sas de beneficiamento e laticínios deverão informar ao produCepa, Francisco Heiden. Segundo ele, espera-se que a nova tor o preço que será pago pelo litro de leite produzido. lei seja respeitada, pois são poucos os casos em que as tranAntes, o preço pago pelas usinas de beneficiamento só era insações comerciais ocorrem com a determinação unilateral dos formado ao produtor no ato do pagamento, na segunda semana preços, e menos ainda os casos em que só se conhece o valor ao mês seguinte ao da entrega do produto. Ao contrário da maida remuneração algum tempo depois da entrega do produto. oria dos produtos manufaturados, a formação dos preços de co-

TECNOLOGIA pode DOBRAR unidade animal/ha O manejo adequado do sistema solo x planta x animal, associado a uma suplementação alimentar do rebanho, possibilita ao país dobrar a taxa de ocupação nas pastagens de 1 para 2 Unidades Animais (UA) por hectare, sem necessidade de aumentar a área de pastagem nem derrubar uma única árvore. É o que afirma o diretor do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), Marcos Sampaio Baruselli. “É possível dobrar a taxa de lotação de forma sustentável e ambientalmente correta, como já pode ser observado em um grande número de propriedades rurais”, afirma o diretor do CBNA,

FAZENDA LAÇADA

Lei ampara produtor de leite

Taxa de ocupação (bovino por hectare) pode dobrar com uso de tecnologia

admitindo, no entanto, que muito ainda precisa ser feito para atingir o correto uso de tecnologias na pecuária de corte no Brasil. Segundo ele, a base tecnológica da pecuária de corte sustentável vem crescendo significativamente nos estados brasileiros com vocação pecuária.

As tecnologias e soluções mais avançadas e inovadoras para a pecuária de corte serão apresentadas no XI Congresso Sobre Manejo e Nutrição de Bovinos, que o CBNA realizará em Campinas (SP), nos dias 27 e 28 de novembro próximo. Mais informações pelo e-mail cbna@lexxa.com.br.

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PANORAMA

Produtores de alho de Santa Catarina já podem contar com se-mentes livres de vírus das variedades Ito, Caçador e Quitéria. O material disponível foi multiplicado pela Epagri no laboratório de cultura de tecidos vegetais e estufas da Estação Experimental de Caçador, e depois levado para uma área isolada a campo, em parceria com um produtor de Fraiburgo. O alho é a principal cultura produzida por mais de 400 famílias catarinenses e responsável por boa parte da renda das pequenas propriedades. Segundo a Epagri, todo o alho cultivado em Santa Catarina e no Brasil está infectado por um complexo viral. Por ser multiplicado vegetativamente, os bulbilhos-sementes transmitem o vírus de uma lavoura para a outra, prejudicando as cultivares de desempenharem todo o seu potencial produtivo.

Ganho de produtividade

MARCO ANTONIO LUCINI-EPAGRI

Para validar a tecnologia, o desempenho das sementes livres de vírus a campo foi comparado ao das variedades existentes. Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri em Curitibanos, Marco Antônio Lucini, no primeiro ano de multiplicação o ganho médio de produtividade foi de 20%. Nas unidades de observação, a cultura alcançou produtividade de 15 toneladas por hectare, contra a média de 12 t/ha, obtida pelas lavouras com melhor rendimento na região.

MARCO ANTONIO LUCINI-EPAGRI

SEMENTE de ALHO livre de vírus

Alho: qualidade das sementes era o maior obstáculo para a obtenção de produtividades superiores

Os interessados no alho-semente devem entrar em contato com o engenheiro agrônomo Anderson Luiz Feltrin (49) 3561-2000/14.

Mercado aquecido Marco Antônio Lucini acredita que quando o produtor conseguir produzir 15t/ha, o alho nacional será competitivo com o produto importado da China e da Argentina. Isso porque a qualidade da semente era o maior obstáculo para a obtenção de uma produtividade superior. Quem dita os preços no mercado mundial é a China, que este ano terá queda de 25% a 30% na produção, em decorrência de problemas climáticos. A Argentina,

segundo fornecedor, também diminuiu sua área plantada em função de resultados negativos na safra anterior. O mesmo ocorreu no Cerrado brasileiro, maior produtor nacional, que reduziu em 1.000 hectares a área plantada. Por isso, a expectativa é de que os preços do alho tenham tendência de alta no mercado nacional, pelo menos até meados de 2013. Lucini alerta que cabe agora aos produtores catarinenses fazerem o “dever de casa”, plantando alho-semente sadio para colher bulbo graúdo, preparar bem o produto, ter padrão, qualidade e vender de forma organizada diretamente aos centros distribuidores nacionais, agregando valor ao produto.

Quando o produtor conseguir produzir 15t/ha, o alho nacional será competitivo com o produto importado da China e da Argentina

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PANORAMA Mudas de café BRS Ouro Preto serão multiplicadas

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KADIJAH SULEIMAN

rimeira cultivar de café conilon desenvolvida pela Embrapa, a BRS Ouro Preto começa a ser multiplicada por viveiristas dos municípios de Nova Brasilândia, Alto Alegre dos Parecis, Cacoal, Vale do Paraíso e Buritis, em Rondônia. Para garantir que as mudas sejam multiplicadas em viveiros certificados pelo Mapa, representantes da Embrapa Rondônia estão visitando os viveiristas para repassar os critérios de produção.

Estacas certificadas A iniciativa, que faz parte da elaboração do Plano de Marketing da cultivar, prevê a distribuição de estacas certificadas para a instalação de jardim clonal nos viveiros selecionados, informam os pesquisadores André Rostand e Rodrigo Rocha, melhoristas da Embrapa Rondônia que trabalharam no desenvolvimento da nova cultivar. “Esperamos contar com o aporte financeiro dos governos estadual e federal para garantir a disponibilização das mudas aos produtores num prazo de dois anos”, diz o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Samuel Oliveira. BRS Ouro Preto consta do Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desde abril de 2012. É recomendada especialmente para Rondônia — segundo produtor de café conilon do Brasil — e foi obtida pela seleção de cafeeiros com características adequadas às lavouras comerciais do estado e adaptada ao clima e ao solo da região. As lavouras comerciais de café estão adaptadas ao clima e solo da região

Ozônio elimina fungos e toxinas na castanha-do-brasil A utilização do ozônio (O3) na etapa de lavagem do produto pode eliminar contaminação da castanha-do-brasil pelo fungo Aspergillus flavus, micro-organismo responsável pela produção de micotoxinas (aflatoxinas e ácido ciclopiazônico). A recomendação é fruto da tese de doutorado do pesquisador Otniel Freitas-Silva, da Embrapa Agroindústria de Alimentos. A contaminação da castanha-do-brasil já foi motivo de embargos de carregamentos que impediram a entrada do produto no mercado europeu. Em altas concentrações, estes elementos, que atacam a superfície da castanha, podendo atingir a amêndoa, colocam em risco a saúde do consumidor. As aflatoxinas acumulam-se no organismo e, no longo prazo, são fatores de risco importante para o desenvolvimento de neoplasias e câncer. O pesquisador, que defendeu a tese de doutorado na Universidade do Minho (Portugal), buscou uma solução de descontami-

nação compatível com os produtos orgânicos, como é o caso deste fruto do extrativismo da Amazônia. “Pensamos em algo de baixo custo e ambientalmente saudável que não deixasse resíduos no alimento e que não colocasse em risco a saúde das pessoas que manipulam e consomem a castanha”, disse Feritas-Silva.

OTNIEL FREITAS-SILVA

Indústria de alimentos O ozônio é utilizado pela indústria de alimentos na forma gasosa e líquida em câmaras frigoríficas, silos e depósitos de alimentos, protegendo e conservando cereais, frutas, hortaliças, carnes e laticínios tanto no Brasil quanto no exterior. O pesquisador testou diferentes soluções até chegar a 10mg/litro de ozônio em solução aquosa, na qual a castanha é lavada por 2,5 minutos, tempo suficiente para eliminar os fungos da superfície do alimento, bem como de outros patógenos e micotoxinas na amêndoa. “As cooperativas de castanha-do-brasil não precisam de muito investimento para adotar a lavagem com ozônio. Basta criar na própria usina um espaço com energia para o reator e os tanques de oxigênio e adaptar um pequeno sistema de lavagem e secagem”, explica Freitas-Silva. A técnica é segura e compatível com o selo GRAS (Generally Recognized As Safe), recomendado para produtos orgânicos no mercado internacional. Segundo o pesquisador, a aplicação da técnica está sendo negociada com cooperativas acrianas e paraenses por meio de projetos em parceria. Em altas concentrações, fungos e toxinas podem atingir a amêndoa, colocando em risco a saúde do consumidor

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Borbulhas de citros isentas de doenças estão sendo disponibilizadas pela Embrapa aos produtores da região Sul do país. Esses pequenos brotos são retirados de galhos de frutas cítricas sadias para produzir mudas de alta qualidade. Entre os nove tipos de citros disponíveis, destacam-se a Navelina, uma laranja de umbigo com 10 a 12 gomos e sem sementes, e a Ortanique, uma mistura de laranja doce e tangerina, que possui casca resistente e ligeiramente rugosa, o que favorece o transporte a longas distâncias. Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS), Roberto Pedroso de Oliveira, “a ideia visa beneficiar a cadeia produtiva de citros no estado e contribuir para a otimização do

Planta matriz da cultivar Lane Late de onde saem as borbulhas para formar a borbulheira

sistema de produção de frutas cítricas no Rio Grande do Sul”. Além de ser a única instituição no Rio Grande do Sul a desenvolver essa tecnologia, a Embrapa

MANDIOCA doce reduz em 40% custo de produção do etanol Uma variedade de mandioca com alto teor de açúcar, inadequada para produção de farinha, pode se tornar a mais nova opção para a produção de etanol na região Norte. Resultados preliminares de pesquisas mostram que a mandiocaba, como é conhecida, é capaz acelerar o processo de produção e reduzir o custo energético em 40%, já que na etapa da fermentação não é necessário o processo de hidrólise do amido por meio de enzimas.

Mandiocaba

EMBRAPA AMAZONIA OCIDENTAL

A mandiocaba contém bastante água, é adocicada, possui pouco amido e seu teor de glicose é elevado, entre 6 e 8 graus brix (unidade usada para expressar a quantidade de açúcares),enquanto o teor comum na mandioca gira em torno de 2 graus brix. Por isso ela é rejeitada pela maioria dos agricultores para a produção de farinha, mas utilizada para fazer mingau e um tipo de melaço. Segundo o pesquisador Miguel Dias, da Embrapa Amazônia Ocidental, o objetivo do projeto é saber até quanto é possível produzir etanol utilizando uma tonelada de mandiocaba, já que seu teor de açúcar é considerado alto. Comparada à cana-deaçúcar, a mandiocaba elimina Mandiocaba: raiz permite agilidade no processo de conversão em álcool, porque pula uma etapa durante a fermentação

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também está distribuindo o produto. Interessados em adquirir as borbulhas devem contatar (53) 3275-9291 ou 3275-9199.

uma das fases do processo de produção e pode ser uma boa alternativa para a produção de álcool na região norte, já que a principal matéria-prima para a produção do etanol no Brasil, a cana-de-açúcar, tem restrições para cultivo na Amazônia, devido a impedimentos do zoneamento agroecológico. Miguel Dias diz que a pesquisa vem realizando coletas e plantio de outras variedades no Amazonas, Pará e Amapá. Elas serão multiplicadas e, posteriormente, testadas e comparadas com as demais variedades para avaliação de rendimento.

Resultado do projeto A pesquisa é resultado do projeto “Rede de Melhoramento e Manejo Fitotécnico de Mandioca Açucarada para a Produção de Álcool Combustível na Região Norte da Amazônia”, realizado Embrapa Roraima, em parceria com Embrapa Amazônia Ocidental e Amazônia Oriental, Embrapa Amapá e Embrapa Roraima. Ao longo de três anos, o projeto buscará identificar os genes e a variabilidade genética dessas plantas, utilizando marcadores microssatélites, ferramentas da biologia avançada. As pesquisas incluem, ainda, a avaliação das características de síntese e acúmulo de açúcares e amidos dos acessos de mandioca açucarada. O objetivo final é recomendar os melhores materiais e aumentar a produtividade e o rendimento industrial da cultura. “A pesquisa ainda está iniciando. A Embrapa Amazônia Ocidental trabalha com a parte agronômica, visando obter índices sobre produção, tamanho de raiz, pragas e doenças. Já a Embrapa Amazônia Oriental, conta com um laboratório piloto”, explica Dias. A Lavoura NO 691/2012 17

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PAULO LANZETTA-EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

CITROS de melhor QUALIDADE

ROBERTO PEDROSO /EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

PANORAMA


SOJA LIVRE produz até 4.000 kg/ha “O Congresso é uma oportunidade de reconhecimento nacional pela alta produtividade da soja em Rondônia, especialmente a convencional, que corresponde a 95% do grão cultivado no estado”, comenta o engenheiro agrônomo Frederico Botelho. Segundo ele, o Programa Soja Livre foi uma oportunidade para a Embrapa demonstrar o potencial de suas variedades convencionais e mostrar que possui tecnologias que garantem produtividade e competitividade no estado.

O Congresso Os desafios atuais e as perspectivas que se impõem a um dos principais segmentos da agricultura brasileira foram debatidos durante o congresso, que teve como tema “Soja: fator de integração nacional e desenvolvimento sustentável”. Foram discutidas as questões que envolvem o sistema produtivo da soja, como planejamento da cultura, mercado de sementes, produção, armazenagem, usos industriais do grão, o mercado da soja — na conjuntura nacio-

MARIA EUGÊNIA LISEI DE SÁ / EPAMIG

A soja livre, ou convencional (não geneticamente modificada), pode alcançar produtividade de 4.000/kg/ha, segundo resultados do Programa Soja Livre Rondônia. O resultado é bem acima das médias obtidas no país e no estado, de 2.651 kg/ha e 3.288 kg/ha, respectivamente, segundo o levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em junho de 2012. As variedades foram avaliadas nas unidades demonstrativas do Programa em Rondônia e os resultados apresentados pelos pesquisadores Alexandre Passos (Embrapa Rondônia) e Rodrigo Brogin (Embrapa Soja), e pelo engenheiro agrônomo Frederico Botelho (Embrapa Rondônia), durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, o maior evento nacional sobre a cultura, realizado em junho passado, em Cuiabá (MT). As maiores médias de produtividade foram observadas na unidade demonstrativa do município de Castanheiras, na Zona da Mata do Estado, onde foram registradas produtividades superiores a 5.000 kg/ha.

RENATA SILVA / EMBRAPA RONDÔNIA

PANORAMA

Soja: variedades podem incrementar produtividade

nal e internacional—, e analisadas as oportunidades e as ameaças na cadeia produtiva da cultura.

Comportamento no campo Voltada para o mercado mineiro, a BRSMG 800A é resultante do Programa de Melhoramento Genético da Soja para Alimentação Humana da Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), em parceria com a Embrapa e a Fundação Triângulo. De ciclo médio em Minas Gerais (grupo de maturidade 8.0), é de crescimento determinado, resistente ao acamamento, de flor com coloração roxa, pubescência cinza, tegumento e hilo de coloração marrom, com altura média das plantas de 72cm, florescimento variando dos 58 aos 62 dias e ciclo total de 120 a 140 dias. Possui período juvenil longo, resistência a deiscência das vagens, sementes graúdas, com peso médio de 100 sementes em torno de 18,8g, com cerca de 20% de teor de óleo, 38% de proteínas 38% e 13 mg/100g de ferro.

BRSMG 800A: soja semelhante ao feijão

Soja mais saborosa e resistente C om sabor mais suave, semente maior e elevado teor de proteína, a soja BRSMG 800A tem sido indicada para a alimentação humana. Seu aspecto e forma de preparo são semelhantes aos do feijão carioquinha, podendo ser cozida isoladamente ou junto com feijão. Outras vantagens da cultivar são a produtividade média de 3.000/kg por hectare e a resistência às principais doenças da cultura. De acordo com a pesquisadora Ana Cristina Juhasz, doutora em genética e melhoramento na unidade regional da Epamig Triângulo e Alto Paranaíba, a culti-

var foi desenvolvida para atender ao consumidor que tem restrição ao sabor exótico da soja comum e que não tem o hábito de consumir a soja na forma de grãos. A ideia de fazer o preparo da soja associada ao feijão parte do princípio de que a soja não tem amido como no feijão e, portanto, não libera caldo, tão apreciado pelos brasileiros. “Quando cozida isoladamente, os grãos permanecem inteiros. Podem ser refogados, utilizados em saladas ou ainda preparados como ‘tropeiro’. Fica um prato bonito e saudável”, garante a pesquisadora.

Tratos culturais Os tratos culturais são os mesmos das demais cultivares do mercado. No entanto, o plantio deve seguir algumas recomendações. Para o Vale do Rio Paranaíba e Vale do Rio Grande, a população de plantas p/ha deve ficar entre 240 e 280 mil e o ciclo médio varia de 120 a 125 dias e 126 a 130 dias, respectivamente. Já no Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste do Estado, a densidade de plantas recomendada é de 280 a 320 mil p/ha. Nos dois primeiros, o ciclo médio varia entre 131 e 140 dias. Já no Noroeste, cai para entre 126 e 130 dias.

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PANORAMA

EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE

Pecuária brasileira patenteada Tecnologia é direcionada para a raça nelore

Uma tecnologia brasileira capaz de identificar precocemente bovinos de corte com potencial para produzir carne macia acaba de ter patente internacional registrada no Canadá e nos Estados Unidos. Desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o sistema utiliza marcadores moleculares — espécie de “trechos” do DNA — responsáveis por determinadas características.

cia alimentar e características de qualidade da carne. O depósito de patente já havia sido feito no Brasil em setembro de 2010, junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), com apoio da Assessoria de Inovação Tecnológica da Embrapa. Segundo Hélio Omote, analista responsável pelos processos de patentes na Embrapa Pecuária Sudeste, a escolha de Canadá e Estados Unidos foi feita após uma avaliação do mercado potencial nesses países para a comercialização da tecnologia de marcadores.

Raça nelore

Patente

Direcionado para a raça nelore, principal base para cruzamentos de corte no Brasil hoje, o método de identificação por marcadores é um dos trabalhos da rede de pesquisa Bifequali com mais potencial de mercado, uma vez que a maciez da carne é um dos maiores desafios para a raça nelore. Para a pesquisadora da Embrapa Luciana Regitano, responsável pelo estudo, trata-se de mais um instrumento para auxiliar o setor produtivo na seleção dos melhores animais, além das ferramentas clássicas de melhoramento genético. Outras tecnologias serão lançadas ainda este ano, envolvendo marcadores para eficiên-

A patente protege a tecnologia e garante o direito sobre sua comercialização. No Brasil, estima-se que o mercado seja de 40 milhões de dólares anuais. A parceria com empresas também é imprescindível para que as pesquisas da Embrapa possam se converter em produto final. “Estamos transformando os recursos investidos nessas pesquisas em benefício social e aplicação prática”, afirma Omote. Até hoje, a Embrapa Pecuária Sudeste possui seis patentes depositadas, entre elas o sistema de rastreabilidade bovina Tag Ativo, licenciado e comercializado pela empresa Animall Tag.

CORANTE NATURAL à base de caju O

btido com a tecnologia para concentração de extrato com elevado teor de carotenóides, a partir do resíduo do pedúnculo do caju, um novo corante natural acaba de ter patente registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa para o Desenvolvimento Agronômico – CIRAD (França). Variando entre o vermelho, laranja e amarelo, os carotenoides são pigmentos naturais presentes nas células de alguns vegetais, como o betacaroteno e o licopeno, que vêm sendo valorizados devido à tendência mundial de substituição de corantes sintéticos por corantes naturais nos alimentos. Corantes artificiais, tais como a tartrazina, amarelo crepúsculo e eritrosina já foram banidos do mercado europeu há alguns anos, mas ainda continuam em uso no Brasil.

Extrato concentrado

EM

O objetivo da tecnologia é aproveitar o bagaço, tradicional resíduo das indústrias após o processamento para a obtenção de suco, para a obtenção de um extrato concentrado e purificado de carotenoides. O produto, de grande interesse da indústria alimentícia para a substituição dos corantes artificiais pelos naturais, também abre nova perspectiva para a cadeia produtiva da cajucultura, que poderá obter um produto de maior valor agregado, se comparado aos

produtos convencionais obtidos a partir do pedúnculo de caju. Segundo Fernando Abreu, autor da pesquisa e analista da Embrapa Agroindústria Tropical, a patente, gerada após quatro anos de estudos, tem como ferramenta tecnológica o uso de membranas de microfiltração, acoplando operações unitárias de concentração a frio e diafiltração. Como resultado, o corante obtido apresenta elevados teores de carotenoides, como a luteína, a auroxantina e beta-criptoxantina, com coloração intensa na faixa de amarelo claro, diferentemente do amarelo-alaranjado dos corantes à base de carotenoides convencionais, como a bixina e o betacaroteno presentes no mercado.

O diferencial Um dos diferenciais da pesquisa, de acordo com Genésio Vasconcelos, supervisor do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Agroindústria Tropical, é o fato de ter sido desenvolvida, desde seu início, em parceria com uma empresa privada. A Sabor Tropical participou do processo de desenvolvimento da tecnologia, que pôde ser testada e avaliada em escala maior que a laboratorial, comprovando a viabilidade e o potencial da tecnologia para o mercado. A próxima etapa será o licenciamento da tecnologia para empresas que produzam e comercializem o novo corante.

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PA

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Tecnologia nacional: corante natural a partir do pendúnculo do caju

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BOVINOS - MANEJO

Método utiliza injeções locais à base de papaína e ácido lático, com rápida recuperação do animal, evitando contaminações a campo e favorecendo o ganho de peso em menos tempo

DIOGO VIVACQUA DE LIMA

CASTRAÇÃO ORGÂNICA:

M

otivado pela questão do bem-estar animal, o médico veterinário Marcelo Vivacqua começou a pesquisar maneiras de minimizar o estresse e o sofrimento dos animais submetidos à castração convencional. E, após cerca de 10 anos de pesquisas em conjunto com várias instituições de ensino (Universidade Federal de Viçosa, Universidade Estadual do Norte Fluminense e a Facastelo-ES), Vivacqua desenvolveu o método de castração orgânica de mamíferos, que já está sendo utilizado, de forma experimental – com sucesso – em fazendas da região Sudeste, Norte e Centro-Oeste do país. Superando as expectativas iniciais, o método tem mostrado uma série de outros benefícios adicionais. O principal deles é o desempenho superior em ganho de peso dos animais castrados de forma orgânica, quando comparados com os castrados da maneira cirúrgica tradicional. Além disso, com a pressão crescente dos consumidores quanto aos aspectos ligados ao bem-estar animal, a castração cirúrgica deve cair em desuso, como já acontece na maioria dos países europeus. Lá, tal prática não é permitida sem anestesia prévia. Diante disso, métodos alternativos de castração não-cirúrgica serão incorporados à rotina das propriedades rurais que primam pela produção de carne de qualidade.

Bons resultados No Mato Grosso do Sul, na cidade de Bonito, o médico veterinário Diogo Vivacqua de Lima está coordenando um trabalho na Fazenda América, do pecuarista Luiz Brito, com o objetivo de identificar o melhor peso e idade para castração. Resultados preliminares demonstraram que os animais castrados mais jovens, pesando até 360 kg, tiveram um melhor desempenho do que os castrados com cerca de 420 kg. Em outro experimento conduzido na Fazenda Jaop, no Espírito Santo, os animais do lote submetidos à castração orgânica, apresentaram um ganho de peso superior quando comparados aos submetidos à cirurgia, inclusive com um rendimento de carcaça 2% superior, gerando um lucro de 19,7 kg no peso de carcaça final de cada animal.

Vantagens sobre métodos tradicionais Sob o risco de hemorragias, infecções, tétano e problemas que resultam em gastos com mão de obra, a utilização incorreta do burdizzo (alicate ou emasculador) para a cas-

tração pode levar a um processo inflamatório de grandes proporções. O prejuízo é sentido na perda de peso do animal, utilização de medicamentos, necessidade de uma cirurgia, podendo, inclusive, ocasionar até mesmo a morte do animal. A castração cirúrgica requer mais cuidados médicos, com a ida dos animais, no mínimo, duas vezes ao curral. Com o uso da substância orgânica, não é necessário o uso de outros medicamentos e não ocorre perda de peso. Somase a essas vantagens, o fato de a prática ser humana e ecolo-

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98% de eficácia e sem cirurgia

gicamente correta, pois não provoca dor nos animais tratados. Quanto ao produto, por ter princípios ativos naturais, não causa contaminação na carne e do meio ambiente por ocasião da eliminação das secreções corpóreas (saliva, fezes e urina). Os princípios ativos do produto são à base de ácido lático e papaína, que têm efeito esclerosante. Sua ação, logo ao entrar em contato com o tecido testicular, induz, inicialmente, um processo inflamatório e, posteriormente, a uma substituição deste tecido por tecido fibroso. O produto também

contém uma enzima biológica que promove a digestão do tecido testicular, permitindo que o medicamento tenha o seu efeito potencializado. Por ser um método de castração que não requer cirurgia, é indicado para a eliminação da síntese testicular de testosterona de ruminantes como bovinos, ovinos e caprinos. O produto também pode ser utilizado na epidídimocaudectomia, na qual se deseja a esterilização sexual com a manutenção da libido. A Lavoura NO 691/2012 21

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Ação em 24 horas

DIOGO VIVACQUA DE LIMA

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O médico veterinário Diogo Vivacqua de Lima mostra a seringa com a solução e o extensor, na sua mão direita, e, na esquerda, o cateter 14 (detalhe).

Segurança alimentar A faixa etária indicada para os bovinos receberem o produto é de 60 dias até três anos de idade. O peso máximo recomendado é de 300 kg. A recomendação do corpo técnico, formado pelos pesquisadores/professores doutorandos Marcelo Vivacqua e Diogo Vivacqua de Lima e os doutores Felipe Berbari Neto e Fausto Moreira Carmo da Silva, é de se proceder a apli-

DIOGO VIVACQUA DE LIMA

DIOGO VIVACQUA DE LIMA

Materiais utilizados para castrar os bovinos com o novo método de castração orgânica

A aplicação do produto é feita dentro do testículo, causando uma reação inflamatória como resposta do organismo. O resultado é um edema do órgão, com os animais apresentando um ligeiro desconforto nas primeiras 24 horas após a aplicação. A grande maioria dos animais continua se alimentando normalmente e não apresenta reações sistêmicas. À medida em que o processo inflamatório vai se tornando crônico, ocorre a diminuição do diâmetro dos testículos e sua consistência aumenta em consequencia da substituição do tecido testicular por fibroso. Devido a esta reação, o animal deixa de produzir a testosterona, diminuindo o desejo sexual e a produção de espermatozoides, o que impede a realização da cobertura e de fecundação das fêmeas. No processo, o tecido testicular sofre uma degeneração irreversível, com fibrosamento dos túbulos seminíferos, as células responsáveis pela formação dos espermatozoides. Também ocorre lesão nas células de Leydig que responde pela produção da testosterona, o hormônio masculino. A diminuição da produção da testosterona ocorre imediatamente após a aplicação, e os ruminantes já apresentam ausência de libido (interesse sexual) e redução da agressividade já 24 horas após a aplicação. Nos estudos realizados a campo, foi verificado que os níveis sanguíneos de testosterona dos animais submetidos ao tratamento sofreram redução de 80% em 24 horas. O espermograma já apresentava ausência de espermatozoides móveis e a biópsia testicular apresentou, como resultado, um processo de degeneração das células do órgão.

Aplicação da solução orgânica à base de ácido lático e papaína

Avaliação dos testículos do bovino que será castrado

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Fazenda em Bonito, no Mato Grosso, onde está sendo feito um trabalho para identificar o melhor peso e idade para castração

cação nos animais após a desmama (210-240 kg). Os melhores resultados foram observados nessa faixa, pois não compromete o crescimento, ganho de peso final e qualidade da carcaça. Além disso, facilita as operações de manejo, pelo fato de os animais se tornarem mais dóceis. Com relação à comercialização da carne, os princípios

ativos contidos no produto são rapidamente metabolizáveis no organismo animal, não sendo necessário respeitar um período de carência entre a aplicação e o abate. Mesmo se ocorrer um acidente durante a aplicação e for necessário sacrificar o bovino, sua carne pode ser aproveitada sem receio.

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Segurança ambiental

Testículos após a aplicação da solução

Já a segurança para o meio ambiente reside na composição natural dos princípios ativos: enquanto a enzima papaína é extraída do látex do mamoeiro, o ácido lático é um componente presente em produtos alimentícios (requeijão, iogurte etc.) e é gerado pelo metabolismo de todos os mamíferos. Existe, assim, a biossegurança para o aplicador e para o animal, pois tais princípios não estarão nas secreções corpóreas, não havendo risco de contaminação do meio ambiente. Quando for liberado para a comercialização, este produto abrirá uma enorme perspectiva no que se refere ao mercado exportador de carne, uma vez que muitos países do Mercado Comum Europeu e aqueles de religião muçulmana discriminam os produtos originados de animais submetidos à castração cirúrgica. FONTE: MSC DIOGO VIVACQUA DE LIMA, DOUTORANDO EM REPRODUÇÃO DE RUMINANTES, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (ADAPTADO)

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CASTRAÇÃO IMUNOLÓGICA reduz complicações pós-cirúrgicas U

ma vacina que bloqueia a produção de hormônios é a nova opção do pecuarista para evitar as complicações póscirúrgicas e o estresse animal decorrente do método tradicional. A castração imunológica paralisa a liberação de hormônios, suprimindo, temporariamente, a atividade testicular e a produção de testosterona de bovinos machos e também a ovulação e a ocorrência de cio nas fêmeas. Novidade lançada pela Pfizer em maio deste ano, a vacina Bopriva já mostra, a partir de depoimentos de frigoríficos e pecuaristas, seus primeiros resultados adicionais na superioridade da qualidade da carcaça e na melhoria do comportamento dos animais. Com as mesmas vantagens do método tradicional, a castração imunológica elimina os riscos pós-cirúrgicos como estresse e a consequente perda de peso, infecções, bicheiras, e até mesmo a morte do animal.

Conscientização de toda a cadeia Pelo ineditismo do lançamento, foi a primeira vez que a Pfizer Saúde Animal do Brasil desencadeou um processo de conscientização de ponta a ponta da cadeia produtiva. A apresentação nacional do produto contou com a presença de 500 participantes, entre pecuaristas, técnicos e veterinários. Além disso, a empresa promoveu mais 152 palestras regionais em 21 estados brasileiros, envolvendo um público superior a 12 mil pessoas. O objetivo foi mostrar todas as vantagens do produto, além da suspensão temporária da fertilidade dos bovinos machos.

Para os pecuaristas, o comportamento mais dócil decorrente da vacinação facilita o manejo, preserva melhor os pastos e instalações da propriedade e proporciona ganhos na qualidade da carcaça. Aos frigoríficos, principalmente, “era importante ressaltar que o método não tem nenhuma atividade hormonal ou química, não exige período de carência para abate, já que não deixa resíduo no organismo do animal”, explica Fernanda Hoe, médica veterinária da Pfizer Saúde Animal.

Bem-estar animal O bem-estar animal, tanto valorizado pelo mercado internacional, também é obtido com a aplicação de Bopriva. São duas doses injetáveis (dose e reforço) na tábua do pescoço do animal, podendo ser associadas a outros manejos de rotina. “A primeira dose atua sensibilizando o sistema imunológico do bovino a começar a produzir anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotropinas (GnRF) e o efeito desejado após a segunda dose”, explica Fernanda Hoe. Para bovinos confinados, o intervalo entre a aplicação das duas doses é de 30 dias e o efeito esperado só ocorre após a segunda dose, que atua ao longo de 90 dias. Já nos bovinos mantidos no pasto, o intervalo entre as duas aplicações é de 90 dias, e a atuação se estende pelos próximos cinco meses. Por atuar no nível cerebral, a castração imunológica não provoca a dor da castração cirúrgica tradicional e a decorrente perda de peso do animal. “O animal em engorda, após a castração tradicional, para de comer e perde peso, até se recuperar da cirurgia e começar a engordar novamente. Dessa forma, a vacina não quebra a rota de ganho de peso, que continua em curva ascendente”, explica Renato Vieira, médico veterinário da Pfizer. Segundo o veterinário, a castração convencional costuma gerar complicações pós-cirúrgicas em uma média de 15% de animais em todo o país, com perda de 0,3%. “Já a Bopriva não tem nenhuma atividade hormonal ou química. É uma vacina que estimula o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotropinas (GnRF)”, explica a médica veterinária Fernanda Hoe. Desta forma, o produto bloqueia a liberação de dois hormônios e, como consequência, suprime temporariamente a função testicular e a produção de testosterona em bovinos machos. Nas fêmeas, a função ovariana também é inibida por um período de tempo, reduzindo o comportamento de cio.

Qualidade da carcaça A maioria dos usuários de Bopriva utiliza sistema de produção a pasto. Este ano, foram realizados os primeiros 3.700 abates de animais vacinados. O custo da vacina é de R$ 8,00 a dose e elimina gastos adicionais com complicações. Segundo Renato Vieira, o pecuarista tem ganho adicional de R$ 2,00 por arroba vendida do boi castrado imunologicamente, em consequência do aumento da qualidade da carne, tanto em textura quanto na quantidade de gordura, melhorando a maciez e reduzindo a acidez.

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A vacina é composta de duas doses injetáveis

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CRISTINA BARAN

CONTROLE ALTERNATIVO DE DOENÇAS

Embrapa estuda estratégias de controle alternativo de doenças na pós-colheita de frutas evitando resíduos químicos

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Embrapa Meio Ambiente estuda estratégias de controle alternativo de doenças na pós-colheita de frutas, evitando resíduos químicos, principalmente das frutas produzidas na Caatinga, que são, na maioria, exportadas para várias partes do mundo. O projeto foi desenvolvido na Embrapa Semiárido, unidade localizada em Petrolina, PE. Conforme o pesquisador Daniel Terao, coordenador do trabalho, a pesquisa está focada na área de patologia póscolheita, verificando as alternativas de controle de doenças pós-colheita de frutas. “Em lugar de fungicidas, estamos trabalhando na utilização de tecnologias limpas, que não deixem resíduos tóxicos”, explica.

Contaminação química Para Terao, “hoje em dia, são usados agrotóxicos no tratamento pós-colheita de frutas de forma indiscriminada e, muitas vezes, empírica. Com o agravante, em alguns casos, o uso de produtos não registrados para a cultura, provocando a contaminação química da fruta, colocando em risco a saúde da população. Além disso, pode ocasionar o aparecimento de raças resistentes de fitopatógenos, tornando o seu controle cada vez mais ineficiente”, alerta o pesquisador. Os consumidores estão mais conscientes e exigentes e o mercado internacional vem restringindo, cada vez mais, o Limite Máximo de Resíduos (LMR), impondo monitoramento rigoroso e barreiras não alfandegárias à comercialização das frutas brasileiras. A redução, ou mesmo a eliminação, de resíduos de agrotóxicos no controle das doenças póscolheita, tornou-se um imperativo econômico – e não apenas uma opção – além de um grande desafio. O objetivo das

empresas que trabalham na área de pesquisa é atender a essa demanda crescente e urgente por tecnologias naturais, limpas e seguras para o tratamento pós-colheita de frutas, visando ao controle de podridões, sem deixar resíduos tóxicos.

Benefícios A tecnologia gerada nessa pesquisa da Embrapa Meio Ambiente, unidade localizada em Jaguariúna-SP, trará benefícios diretos aos produtores e também para empresas exportadoras, além de incrementar todas as atividades ligadas à cadeia produtiva de frutas. Além disso, possibilitará a produção de manga livre de contaminantes químicos, beneficiando diretamente a saúde da população, e repercutirá favoravelmente ao meio ambiente, uma vez que diminuirá a contaminação de águas superficiais e subterrâneas, solo e atmosfera. Os resultados foram obtidos no recém-concluído Projeto Integração de Estratégias de Controle de Podridões Pós-colheita em Frutas, visando garantir a redução de contaminantes químicos. Liderado pela Embrapa Semiárido, envolveu diversas unidades da Embrapa e outras instituições de pesquisa. “Obtivemos resultados positivos e bastante promissores nos diferentes métodos de controle: cultural, físico, biológico, fisiológico e outros métodos alternativos, e pudemos apresentar novos modelos tecnológicos de tratamento póscolheita de frutas, pela integração daqueles métodos mais promissores para cada cultura, evitando os impactos negativos dos fungicidas e, consequentemente, os resíduos tóxicos”, conclui Terao. CRISTINA TORDIN — EMBRAPA MEIO AMBIENTE

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CITRICULTURA

MÉTODO REDUZ em até 50% a APLICAÇÃO de AGROTÓXICO

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écnicas consideradas simples podem ajudar o produtor rural a reduzir os custos de produção de suas lavouras, mas até mesmo os grandes produtores, muitas vezes, não utilizam importantes tecnologias já disponíveis devido à falta de informação. É o que acontece com o uso de adjuvantes — substâncias que melhoram a eficácia de uma determinada formulação de agrotóxicos — na citricultura. A utilização do produto, aliada à tecno-

logia de regulagem de pulverizadores, desenvolvida pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, permite que o produtor reduza em até 50% a necessidade de agrotóxico e água na pulverização, diminuindo os custos do tratamento fitossanitário dos pomares e elevando a segurança ambiental, alimentar e do trabalhador através da redução dos desperdícios. O citros é uma cultura perene. Uma mesma planta pode produzir por até 15

anos. Com o passar dos anos, as copas das árvores vão ficando maiores, aumentando a área de cobertura da calda de agrotóxico. Tradicionalmente, o produtor rural calcula a quantidade de defensivos agrícolas que deve aplicar em sua propriedade por meio do volume de calda — mistura de agrotóxico com água — por planta ou hectare, não levando em consideração o tamanho das árvores. “Essa não é a melhor estratégia, uma vez que falhas na defi-

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CITRICULTURA

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está acima ou abaixo do ponto de escorrimento da calda, que é o menor volume possível sem que haja a necessidade de alteração na dose do produto, normalmente recomendada em concentração. Segundo Ramos, para o cálculo do volume aplicado, é considerada a cobertura da pulverização. A dose necessária do produto é encontrada através do volume de aplicação necessário para atingir o ponto de escorrimento no volume de copa considerado. ”Recomendamos que se utilize 40 ml de calda por m³ de copa para pulverização externa, ou planta sem fruto, e até 100 ml por m³ para plantas com frutos e extremamente produtivas na definição do ponto de escorrimento. Essa diferença acontece porque a fruta acaba agindo como uma barreira para a penetração do defensivo nas folhas. Os produtores que adotaram essa metodologia, desenvolvida pelo IAC, conseguiram reduzir de 30% a 50% o volume de água utilizada, o que garante economia na aplicação e diminuição do tempo de trabalho dos pulverizadores”, explica o diretor-geral do IAC.

Técnica mais econômica

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nição do volume podem resultar em sérios prejuízos ao citricultor, quer pelo cálculo errado da dose a ser aplicada, quer pelo escorrimento do produto da planta”, explica Hamilton Humberto Ramos, diretor-geral do IAC.

Atualmente, para aplicar agrotóxico em maior concentração de plantas por hectare, técnica adotada em função da ocorrência do huanglongbing (greening), os citricultores têm aumentado o volume de água, com o objetivo de espa-

lhar melhor o agrotóxico. Segundo Ramos, essa medida, apesar de ser a mais utilizada pelos produtores, é a mais antieconômica, pois diminui o rendimento operacional dos pulverizadores. “Quanto mais água por planta ou por área se utiliza, mais vezes será necessário o reabastecimento do pulverizador em um mesmo espaço de tempo. Um tanque com dois mil litros trabalha, por exemplo, 30 minutos na aplicação de defensivos na laranja e precisa se reabastecer para continuar o trabalho. Ao diminuir a quantidade de água, o tempo que a máquina trabalha sem a necessidade de reabastecer pode dobrar, o que reduz as horas de aplicação e também os custos operacionais do equipamento”, afirma. Para evitar a necessidade do aumento do volume, a solução é aumentar o espalhamento das gotas de pulverização, por meio dos adjuvantes. O produto, considerado de baixo custo, age como um ajudante, reduzindo a tensão superficial da água e espalhando melhor a calda de agrotóxico. A área coberta por uma gota quando se utiliza um adjuvante adequado pode ser até 70 vezes maior, reduzindo a necessidade de água para uma mesma cobertura. O produtor, porém, deve se atentar ao fato de não deixar as gotas muito pequenas, o que pode acarretar na evaporação e escorrimento do produto. Outro cuidado é na utilização de gotas grossas com a finalidade de controlar

Aplicação correta A proposta do IAC é fazer o cálculo através do volume por metro cúbico de árvore citrícola. Após regular o pulverizador, segundo as técnicas desenvolvidas pelo IAC, o produtor deve medir o comprimento, largura e altura da planta para poder analisar se o volume Treinamento do programa “Aplique bem” do IAC

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NOVIDADE: lar

CITRICULTURA

“Avanços na pesquisa em nutrição e manejo dos pomares” A preparação do solo é uma etapa fundamental para o bom desenvolvimento das variedades cultivadas. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, é pioneiro em pesquisas sobre adubação com micronutrientes visando aumentar a produtividade das culturas, destacando os estudos com gramíneas, café, citros e cana-de-açúcar. Desde 2007, o Centro de Solos do IAC, em parceria com pesquisadores do Centro de Citricultura, dá continuidade aos estudos sobre os efeitos do fósforo no crescimento e nutrição dos citros. A pesquisa analisou as consequências da deficiência do fósforo sobre o crescimento e metabolismo das plantas, além dos mecanismos de adaptação dos citros a esta condição de estresse nutricional. Os pesquisadores observaram que o porta-enxerto tangerina Cleópatra necessita de aplicação de maiores quantidade de fósforo em comparação ao limão Cravo, devido à sua menor capacidade de absorção do fósforo. O pesquisador do IAC, Fernando César Bachiega Zambrosi, explica que o fósforo é um elemento que apresenta elevadas taxas de

redistribuição nos citros. “O nutriente armazenado no interior da planta é a principal fonte para atendimento das exigências por fósforo dos novos fluxos de crescimento, como flores e frutos”, esclarece. Em relação às inovações no uso de micronutrientes em citros, o pesquisador do IAC, Rodrigo Marcelli Boaretto explica que as novas estratégias para o uso de micronutrientes em pomares cítricos podem potencializar os efeitos dos fertilizantes e melhorar a eficiência produtiva. “São importantes as formas de fornecimento dos micronutrientes (via folha, solo ou fertirrigação), além das características das principais fontes de fertilizantes e o manejo diferenciado dos micronutrientes em função do porta-enxerto. A aplicação de Boro (B) na citricultura, por exemplo, deve ser feita, preferencialmente, via solo, pela dissolução de ácido bórico na calda de herbicidas de contato, como o glifosato, a qual constitui a forma mais prática e eficiente de fornecimento dos nutrientes para a cultura”, afirma o pesquisador. A adubação foliar com Boro (B) tem sido recomendada em plantios novos para complementar a adubação via solo. Para Boaretto, “os resultados da pesquisa, desenvolvida pelo Grupo de Nutrição dos Citros do IAC, demonstraram que a aplicação do elemento no solo é a melhor estratégia de manejo do micronutriente no pomar”, ressalta. O grupo de nutrição do citros do IAC vem concentrando esforços em ampliar e intensificar suas pesquisas sobre o manejo nutricional da cultura, visando às novas estratégias de adubação, tendo como meta o aumento de produtividade nos novos sistemas de produção, nos diferentes ambientes agrícolas. Os resultados dessas pesquisas vêm sendo consolidados e contribuem para a revisão das recomendações atuais de adubação dos citros. “A atual recomendação do grupo de nutrição de citros do IAC é a aplicação de Boro via solo e a demanda diferenciada do porta-enxerto citronela swingle, que é a que mais exige Boro”, finaliza Boaretto. MÔNICA GALDINO – ASSESSORA DE IMPRENSA - IAC E FERNANDA DOMICIANO – ESTAGIÁRIA

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tangerina se S

e o pedido é um suco, o sabor quase sempre é laranja. Rica em vitamina C, é figura carimbada em qualquer dieta balanceada. A novidade agora são as variedades de laranja que possuem a polpa com coloração vermelha. Isto ocorre devido à presença do carotenoide chamado licopeno, o mesmo presente nos tomates, um dos mais potentes agentes antioxidantes naturais. São essas as características da variedade de laranja Sanguínea de Mambuca, do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. Apesar do nome, a Sanguínea de Mambuca não faz parte da família das laranjas sanguíneas. Ela compõe o grupo das laranjas de polpa vermelha. Enquanto as laranjas sanguíneas apresentam polpa e suco com coloração parecida com a da beterraba, devido à presença da antocianina, as laranjas de polpa vermelha apresentam coloração intensa devido à presença do licopeno e de maiores teores de betacaroteno. “A variedade apresenta de 275% a 675% mais licopeno que a laranja Pera, que tem 0,1 mg deste carotenoide por litro de suco”, afirma o pesquisador do IAC, Rodrigo Rocha Latado. Segundo Latado, quanto mais intensa a coloração do suco, maior valor é agregado à fruta e ao suco. “O custo de produção é o mesmo, assim como a receita, mas o consumidor prefere o suco de cor intensa. É possível agregar valor à produção das laranjas e de suco produzido no Brasil com o uso de laranjas de polpa vermelha”, diz o pesquisador da Secretaria de Agri-

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a evaporação e a deriva, o que pode prejudicar a penetração destas na copa das plantas, fazendo com que a maior parte do produto pare na parte externa da planta e apenas uma pequena proporção tenha capacidade de atingir os alvos internos. “O produtor deve sempre lembrar que o sucesso na aplicação de agrotóxico depende da interação entre a doença, produto, máquina, momento da aplicação e meio ambiente. O uso de adjuvantes é uma ótima opção, mas deve ser feito com abordagem operacional mais técnica”, afirma Ramos. O método desenvolvido pelo IAC já está sendo considerado padrão de aplicação no Estado de São Paulo. Ele começa a ser utilizado pelos produtores rurais, principalmente depois da parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) na área de treinamento de agricultores.


DE: laranja com licopeno e

CITRICULTURA sil é o maior exportador de laranjas do mundo, representando mais de 80% das frutas comercializadas. O Estado de São Paulo é o campeão de produção do país, sendo responsável por 80% da produção nacional, seguido da Bahia, com 4%, e de Minas Gerias, com 3%.

na sem sementes Laranja de polpa vermelha, rica em licopeno e com maior conteúdo de betacaroteno e tangerina sem sementes são novos lançamentos do IAC

Variedade Sanguinea de Mambuca é precoce e produtiva

cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O produtor que optar pelo cultivo da laranja Sanguínea de Mambuca não terá qualquer ônus adicional nas lavouras. A variedade é precoce e tão produtiva quanto às laranjas chamadas claras, como a Pera. As técnicas de manejo usadas são as mesmas. Além disso, o fruto também é doce, apresenta boa qualidade para o mercado consumidor e pode ser cultivado em qualquer região do Estado de São Paulo. “Se plantadas em regiões mais quentes, como no norte do Estado, os frutos apresentarão coloração mais forte, porém, essas regiões apresentam problemas, como a estiagem mais prolongada e, atualmente, maior ocorrência de doenças que podem prejudicar a produtividade”, explica o pesquisador. Os frutos dessa variedade ainda não estão sendo comercializados nos mercados, mas já existem pomares jovens de laranja Sanguínea de Mambuca. As árvores, plantadas há um ou dois anos, ainda não deram frutos, pois o

ciclo produtivo inicia-se em três anos. “Por enquanto, temos experimentos somente em São Paulo, mas, se houver interesse do público, é possível levar a variedade para outros Estados”, afirma Latado.

Prevenção contra câncer Estudos feitos anteriormente, em outros países, já identificaram que o licopeno, abundante na Sanguínea de Mambuca, pode ajudar na prevenção do câncer devido à capacidade do carotenoide de proteger moléculas, incluindo o DNA, da ação de radicais livres. O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de citros do IAC conta com mais duas variedades de laranja de polpa vermelha, ricas em licopeno e em betacaroteno: A Valência “Puka” e a Baía “Cara-cara”. Iniciativas como o melhoramento genético dessas variedades promovido pelo IAC, que acaba de completar 125 anos de pesquisas agrícolas ininterruptas, podem abrir novas portas para o setor citrícola. Atualmente, o Bra-

Tangerina sem sementes atende exigências dos consumidores e é importante opção para exportação

Desde 2007, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, tem disponibilizado aos produtores rurais três variedades de tangerinas sem sementes selecionadas. São elas: Clementina Nules IAC 1742, Nova IAC 1583 e Ortanique IAC 554. O IAC também disponibiliza pacote tecnológico para o cultivo das variedades. A pesquisa é pioneira no Estado de São Paulo. Os materiais se destacam pela coloração, sabor, ausência de sementes e grande apelo comercial, se comparada às tradicionais variedades comercializadas, como a Ponkan e Murcott. Além de atender às exigências dos consumidores internos, as variedades sem sementes abrem importante opção de exportação para os produtores, já que no mercado europeu, os consumidores só adquirem frutas sem sementes. Esse nicho sempre esteve no foco das pesquisas Instituto, iniciadas em 2003, sob coordenação da pesquisadora do IAC, Rose Mary Pio. O Brasil é líder mundial em produção de laranja e exportação de suco concentrado, mas, quando o negócio é fruta fresca, o País não tem grande expressão. Dentre os motivos para a pequena fatia nesse mercado está a produção de frutas com grande número de sementes e qualidade nem sempre muito adequada. O produtor que adotar os materiais deve ficar atento. O cultivo das variedades sem sementes exigem o isolamento de outras variedades cítricas, para evitar polinização cruzada. FERNANDA DOMICIANO E RAQUEL GOMES HATAMOTO – ESTAGIÁRIAS – ASSESSORIA DE IMPRENSA - IAC

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Tangerina sem sementes

Variedade Sanguinea de Mambuca: mais licopeno e betacaroteno

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OTIMIZAÇÃO DE ENERGIA

EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

Menos consumo de energia, mais eficiência

LEDs azuis no ambiente de micropropagação

Baixo consumo de energia elétrica, maior eficiência de iluminação, maior vida útil e ecologicamente corretos, os LEDs já são usados em micropropagação de espécies vegetais, como as frutas ROBERTO PEDROSO

DE

OLIVEIRA

E

WALKYRIA BUENO SCIVITTARO

PAULO SÉRGIO GOMES

PESQUISADORES DA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

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écnicas de micropropagação têm sido até hoje alternativas viáveis para a produção em massa de mudas de inúmeras espécies. Em todo o mundo lâmpadas fluorescentes brancas, associadas, ou não, à luz natural, têm sido a principal fonte de luz utilizada em salas de crescimento dos laboratórios de cultura de tecidos. No entanto, o alto custo da energia elétrica necessária para manter essas lâmpadas funcionando e para controlar a temperatura do ambiente de cultivo, tem sido um dos fatores limitantes ao avanço da micropropagação comercial.

ROCHA

Fotossíntese A luz é fundamental para o processo de fotossíntese. Neste processo, os pigmentos, especialmente as clorofilas, atuam na captação da energia luminosa e na sua transformação em energia química. A qualidade, duração e intensidade da luz, associadas a fatores como temperatura e disponibilidade de nutrientes, influenciam o processo fotossintético. Daí a importância das pesquisas relacionadas à busca de fontes de luz mais econômicas e que proporcionem melhor desenvolvimento das plantas sob condições in vitro.

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DA

BOLSISTA CNPQ

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EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

Pesquisas com LEDs Há quatro anos a Embrapa Clima Temperado vem realizando estudos para otimizar a micropropagação de espécies vegetais a partir do uso de LEDs na sala de cultivo das plantas. O efeito de diversos fluxos de fótons e de LEDs de diferentes comprimentos de onda têm sido avaliados na morfogênese de cultivares de morangueiro, amoreira-preta, porta-enxertos de pessegueiro, bananeira, batata e cana-de-açúcar. Em geral, os melhores resultados na taxa de multiplicação, desenvolvimento e enraizamento de plantas in vitro têm sido obtidos a partir de LEDs vermelhos EDER 3LA3,

EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

Plantas de morangueiro em fase de aclimatização após enraizamento sob LEDs

Morangueiro em fase de produção de flores e frutos

sob condições de fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 25 + 2 ºC e fluxo de fótons de 20 μmol m-2 s-1. O processo pode ser otimizado, já que há variações de resposta dependendo da espécie, condições de cultivo e de fases da micropropagação. As plantas aclimatizadas por meio dessa tecnologia são vigorosas e não apresentam variações somaclonais além dos níveis observados com outras fontes de luz. Além disso, são produzidas com menor custo e maior qualidade.

EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

Estabelecimento in vitro de porta-enxertos de pessegueiro

Pesquisa diagnostica uso dos recursos hídricos no meio rural brasileiro

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OTIMIZAÇÃO DE ENERGIA

Iluminação moderna Os diodos emissores de luz, conhecidos por LEDs, consistem na tecnologia mais moderna de iluminação. Desde sua invenção em 1963, por Nick Holonyac, têm sido constantemente aperfeiçoados, com uso crescente em eletroeletrônicos (luz vermelha indicativa de que o aparelho está ligado), projetos arquitetônicos, centros cirúrgicos, televisores, semáforos, faróis de veículos, lanternas, controles remotos, aparelhos celulares, câmeras de segurança de uso noturno etc. Nos LEDs, a luz é produzida por interações energéticas do elétron. Embora a luz produzida não seja completamente monocromática, consiste de uma banda espectral relativamente estreita. O comprimento de onda gerado pelos LEDs está relacionado com a cor da luz que emitem. LEDs azuis, verdes e vermelhos são os mais comuns no mercado. Com

o recente desenvolvimento de LEDs brancos e a redução do custo de produção de todos os tipos de LEDs, as lâmpadas fluorescentes e incandescentes serão substituídas gradativamente.

Novos usos A cada dia surgem novos usos para os LEDs, inclusive em nanotecnologia, ótica, medicina (implantes sobre a pele para estudos de cicatrização) e estética (tatuagens luminosas). Nas plantas, a luz vermelha tem sido associada ao desenvolvimento do aparato fotossintético e à acumulação de amido, enquanto a luz azul contribui para a síntese de clorofila, desenvolvimento do cloroplasto, abertura de estômatos e fotomorfogênese. Por isso, pesquisas interessantes podem ser realizadas nessa área.

Vantagens dos LEDs Pequena massa e volume. Baixa voltagem de operação não apresentando perigo ao instalador. Acionamento instantâneo, mesmo sob baixas temperaturas. Ajuste preciso da intensidade de luz, em função da variação da corrente elétrica aplicada. Emissão de cor viva e saturada, mesmo sem filtros, no comprimento de onda desejado. Pela possibilidade de controle dinâmico da cor é possível obter um espectro variado de cores, incluindo várias tonalidades de branco. Maior eficiência de iluminação, por proporcionarem emissão de luz direta. Não emitem radiação ultravioleta, sendo ideais para uso onde este tipo de radiação é

indesejada, como em obras de arte. Também não emitem radiação infravermelha, sendo o feixe luminoso frio, evitando o aquecimento local. Baixo consumo de energia elétrica, em função de alta eficiência energética (50%). A eficiência das lâmpadas incandescentes é de 5% e das fluorescentes é de 20%. Maior vida útil: mais de 50.000 horas (as lâmpadas fluorescentes comerciais têm vida útil de 6.000 horas). Dependendo da aplicação, a vida útil dos LEDs é superior a do equipamento e não é comprometida pelo processo de acendimento/apagamento, como ocorre com lâmpadas incandescentes e fluorescentes. Apresentam, ainda, maior resistência a impactos e vibrações, por não disporem de filamentos. Não utilizam mercúrio ou qualquer outro elemento que cause dano à natureza, sendo ecologicamente corretos.

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Carta da S O B R A P A

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O Parto da Montanha A

Conferência das Nações sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi um acontecimento grandioso. Mais de 190 países participantes, delegações numerosas de locais distantes, gastos colossais com preparativos, transporte, infraestrutura e segurança, e enorme concentração da imprensa mundial, tudo isto emprestou uma dimensão inusitada ao tão esperado evento, que também agregou encontros paralelos não oficiais, reunindo centenas de milhares de pessoas para discutir temas relacionados — ou não — com o objetivo geral em pauta. Não obstante, a maior conferência das Nações Unidas efetuada até o presente apenas redundou na produção de um documento extenso — 53 páginas, com 283 parágrafos — mas fraco e decepcionante, denominado O Futuro que Desejamos, que não conteve decisões, comprometimentos, acordos, ou metas. Na realidade apenas reconheceu ou reafirmou resultados das conferências anteriores sobre desenvolvimento sustentável. No que pese a frustração causada pelo pouco resultado de tanto esforço, qualquer prévia análise sensata do que estava em discussão levaria a concluir por um provável fracasso. Pretender alterar em âmbito global uma economia consolidada, baseada em consumo crescente de recursos naturais, é ainda uma utopia num mundo do qual participam países com filosofias de vida, políticas, dimensões, hábitos e necessidades tão díspares quanto, por exemplo, EUA, China e Vanuatu. Não é por outra razão que, após meses de discussão do documento-base preparatório da Conferência, até a véspera da sua realização não havia consenso em dois terços de seu texto. Assim, não deixou de ser um êxito da diplomacia brasileira haver levado a bom termo, nas horas derradeiras da preparação do encontro, um documento por todos aceito, mesmo sendo pouco substancioso e insatisfatório. Contudo, o documento final, se não chegou a resoluções concretas e metas, pelo menos levou à consideração alguns pontos que merecem atenção, dos quais alguns são adiante citados. Talvez o mais importante deles seja a decisão de ser estabelecido um processo para a constituição, pela Assembleia Geral da ONU, de um fórum político intergovernamental de alto nível, voltado para a implementação do desenvolvimento sustentável. Também especialmente relevante foi reconhecer a importância da conservação e do uso sustentável da biodiversidade marinha nas áreas oceânicas fora das jurisdições dos diferentes países, questão crucial que hoje não é mencionada na legislação internacional, propiciando a exploração predatória desses recursos. Este re-

conhecimento, entretanto, foi diluído pelos EUA, por temor que futuras áreas protegidas interferissem com suas operações navais. Igualmente, no documento tomou-se conhecimento com preocupação dos graves problemas da poluição marinha, da sobrepesca e da saúde dos mares. Reafirmou ainda o documento o apoio à implementação do uso de um conjunto de formas renováveis de energia, ou pelo menos com baixa emissão de gases, para atender às necessidades imperiosas do desenvolvimento, acentuando a importância de reduzirem-se gradativamente os subsídios para os combustíveis fósseis. Afirmou também o comprometimento de fortalecer o papel do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente — PNUMA, sem entretanto elevá-lo a uma categoria comparável a de outras agências da ONU, tais como por exemplo a FAO ou a UNESCO. Um ponto relevante foi o reconhecimento da necessidade de ser reestudado o conceito de Produto Interno Bruto, solicitando-se à Comissão de Estatística da ONU que fosse lançado um programa neste sentido. Também significativo foi a recomendação de que se avaliasse o quanto é necessário investir no desenvolvimento sustentável, tarefa que deverá ser executada por um grupo de especialistas até 2014. O documento cita ainda muitos outros temas necessitando especial atenção, dentre eles mudanças climáticas, biodiversidade, florestas, desertificação, poluição química, pobreza e condição social das mulheres. Como acima sucintamente comentou-se, a Conferência abordou temas de extrema importância, mas para eles não apontou soluções. No que pesem as deficiências frustrantes do documento final, deve-se ressaltar que o simples fato da colossal divulgação da Conferência, a realização dos eventos paralelos não oficiais e a repetição exaustiva do tema “sustentabilidade” tiveram enorme influência para que esse conceito fosse divulgado à população em geral. No entanto, tais efeitos benéficos da Conferência não atenderam ao que dela se esperava. Algo muito mais substancioso era desejado e foi perdida uma oportunidade única de iniciar-se uma mudança radical nos rumos da nossa civilização equivocada e destruidora. Parodiando uma expressão da Presidente Dilma usada em outro contexto, a humanidade precisa urgentemente “parar de brincar à borda do abismo”.

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Citações “A crise [econômica] está hoje no topo das prioridades simplesmente porque é urgente. Mas mesmo difícil, longa, onerosa, a crise vai caminhar para a solução. Já os desafios [ambientais] de longo prazo que temos não podem ser relegados a um segundo plano, porque não vão desaparecer.” Esta afirmação de Cristine Lagarde, Diretora do Fundo Mundial Internacional, durante a Conferência Rio+20, focaliza a perigosa tendência da humanidade de esquecer os grandes problemas de concretização futura, por mais graves que sejam, em face de dificuldades imediatas de caráter passageiro e com consequências contornáveis. No futuro, a negligência poderá resultar em danos infinitamente mais sérios e irreversíveis.

Natureza em perigo Em 1912, nos arredores da recém inaugurada cidade de Belo Horizonte foi encontrada uma gigantesca minhoca desconhecida que atingia mais de dois metros de comprimento, com grossura correspondente. Preservado o espécime, foi ele descrito em 1918 sob o nome de Rhinodrilus fafner, a maior minhoca mencionada na literatura científica. Aparentemente o estranho animal vivia apenas numa área muito restrita de floresta, com elementos da Mata Atlântica, e nunca mais foi encontrado, provavelmente por ter sido seu limitado habitat destruído pelo avanço rápido da área urbana. Pesquisas feitas na década dos anos sessenta nos arredores de Belo Horizonte foram infrutíferas e a enorme minhoca, um século depois de sua descoberta, está considerada extinta. Contudo, uma espécie aparentada sobrevive, conhecida pelo nome popular de minhocuçu. O minhocuçu (Rhinodrilus alatus), descrito apenas em 1971, vive em Minas Gerais em áreas de cerrado, campo e mata das regiões de Sete Lagoas, Paraopeba e áreas próximas. Menor do que sua aparentada extinta, atinge até 63 centímetros de comprimento e mais de um de grossura. Estudada nas décadas de oitenta e noventa, verificou-se que na época da seca ela entra em inatividade, abrigando-se em profundidades de 30 a 50 centímetros, em câmaras subterrâneas, protegida por uma camada de muco que lhe preserva a umidade. No retorno das chuvas, os minhocuçus voltam à vida ativa, cavando galerias próximas à superfície como o fazem as demais minhocas. Com distribuição geográfica limitada e considerado oficialmente ameaçado de extinção, e como tal teoricamente sob proteção, o minhocuçu, tal como aconteceu com seu congênere citado acima, corre risco de desaparecer, por ser muito visado pelos pescadores, que gostam de utilizá-lo como isca, um procedimento certamente não sustentável dada à área restrita onde a espécie ocorre. O fato se agrava por ser a captura do minhocuçu uma atividade econômica que envolve grande número de pessoas. O animal está apenas razoavelmente protegido na Floresta Nacional de Paraopeba, um tipo de unidade

de conservação de pouca eficácia na conservação de espécies ameaçadas.

Manifesto em prol das unidades de conservação marinhas No decorrer da Rio+20, um conjunto de 24 instituições conservacionistas, dentre as quais a Sobrapa, lançou um manifesto dirigido ao governo brasileiro, solicitando a criação e implementação de unidades de conservação marinhas, já estudadas e ignoradas nas ações governamentais, incluindo uma grande ampliação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. No manifesto chamou-se a atenção para o fato de que o Brasil assumiu internacionalmente, há vários anos, o compromisso de proteger dez por cento de suas águas marinhas jurisdicionais, percentual que hoje ainda pouco ultrapassa um por cento. A situação ambiental dos oceanos agrava-se constantemente, devido à poluição, à acidificação em decorrência do aumento de dióxido de carbono na atmosfera, e à pesca exercida sem as necessárias medidas de controle. Embora à primeira vista possa parecer inconveniente o estabelecimento de áreas onde as atividades de pesca sejam suprimidas ou rigidamente controladas, a experiência em outras regiões do mundo, e mesmo nas nossas águas, demonstra insofismavelmente que a proteção redunda no aumento de recursos vivos nas áreas circunvizinhas, trazendo portanto benefícios para a própria atividade pesqueira, além de preservar a diversidade biológica dos mares. Além de não serem criadas as reservas marinhas previstas, noticia-se que o Ministério da Pesca e Aquicultura pretende duplicar a produção de pescado, sem que haja indicações de que isto é possível de forma sustentável.

Agrava-se a situação do boto-rosa O boto-rosa ou boto-vermelho (Inia geoffrensis) é um cetáceo exclusivamente fluvial característico das bacias do Amazonas e do Orinoco, na região amazônica. O animal é motivo de inúmeras crendices locais, que lhe atribuem até o hábito de transformar-se em insinuante rapaz capaz seduzir as moças, desculpa muito oportuna em determinadas situações. Outra crença sem fundamento é que partes de seu corpo podem promover a cura de diferentes doenças ou espantar o mauolhado, o que tem promovido sua comercialização em mercados locais. Os botos-rosas não gozam da boa vontade dos pescadores, por danificarem suas redes e pegarem os peixes nelas capturados, comportamento que via de regra custa-lhes ferimentos, mutilações ou mesmo a vida. Não obstante, até recentemente, tais conflitos com o homem não significavam expressiva ameaça para a existência da espécie, que sempre se mostrou abundante. Contudo, divulgou-se na região a captura de um bagre conhecido como piracatinga, douradinha ou urubu-d’água (Calophysus macropterus), peixe necrófago geralmente desprezado na Amazônia brasileira justamente pela sua preferência por carne morta, mas muito apreciado na Colômbia, para onde estão

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sendo exportados anualmente milhares de toneladas. E, para a captura do bagre, a isca mais adequada é a carne do botorosa, cujo odor penetrante atrai as presas com facilidade. Embora protegido pela legislação brasileira, que proíbe a captura ou molestamento intencional de qualquer cetáceo, a grande deficiência de fiscalização faz com que enorme quantidade de botos estejam sendo capturados e sacrificados. Animais de reprodução lenta, os botos estão, por isso, com populações fortemente decrescentes em amplas áreas da Amazônia e estudos realizados indicam que, caso essa situação de descontrole continue se agravando, dentro de alguns anos a espécie poderá achar-se em vias de extinção.

As florestas tropicais intactas são essenciais para a biodiversidade A revisão de 138 estudos comparando a biodiversidade nas florestas tropicais alteradas e naquelas mantidas intactas revelou que nestas a vida selvagem se conserva muito melhor. As pesquisas analisaram os impactos causados desde os casos de completa conversão das florestas para fins agropecuários até aqueles envolvendo projetos agroflorestais ou exploração madeireira seletiva. Verificou-se que embora os mamíferos possam suportar relativamente bem alguns tipos de modificação florestal, as aves, insetos e plantas evidenciaram perdas inequívocas. Esses estudos são relevantes para subsidiar os debates sobre como melhor preservar a biodiversidade nas áreas tropicais, onde estão acontecendo rápidos processos de desenvolvimento, e indicaram a importância da preservação das florestas tropicais ainda intocadas, especialmente sob a forma de unidades de conservação de proteção integral, tais como reservas biológicas, parques nacionais ou estações ecológicas que, segundo a legislação brasileira, somente admitem alterações com finalidades de pesquisa científica.

Os conservacionistas em sua maioria concordam que o futuro se mostra sombrio Uma pesquisa abrangendo 583 cientistas especialistas em conservação da natureza revelou a opinião quase unânime (99,5%) de que graves perdas de diversidade biológica são prováveis, muito prováveis ou virtualmente certas. O habitat considerado sob maior risco foram os recifes de coral tropicais, nos quais sérias perdas foram julgadas muito prováveis ou virtualmente certas, respectivamente por 38,7% e 49,3% dos entrevistados. As florestas tropicais e os manguezais foram também apontados como sob graves riscos de perda de diversidade biológica. As prioridades preponderantes para a maior parte dos cientistas consultados foram identificar em profundidade como interagem as populações humanas e a natureza, e qual é o verdadeiro papel da biodiversidade na manutenção do funcionamento dos ecossistemas naturais.

O aquecimento global reduz o oxigênio dos mares Um dos efeitos do aquecimento global nos mares é a redução dos níveis de oxigênio dissolvido, afetando especialmente alguns tipos de peixes. Pesquisa efetuada em área no nordeste do Oceano Atlântico tropical evidenciou a redução do oxigênio dissolvido e os efeitos que isto pode ter na vida marinha. Estimativas feitas na região em estudo mostraram uma redução de 15% do oxigênio entre 1960 e 2010, limitando a área do oceano disponível para certos peixes predatórios velozes — que necessitam de maior quantidade de oxigênio para seu metabolismo — tais como os atuns. Além disto, a deficiência desse elemento químico torna esses peixes mais suscetíveis à pesca, o que pode estar relacionado com o declínio de 10 a 50% desse tipo de pescado nos oceanos do mundo. Fonte: Nature Climate Change (2011)

Reunião anual da Comissão Internacional para a Pesca da Baleia Realizou-se em julho, no Panamá, mais uma reunião da CIB, na qual constataram-se novas investidas visando atenuar a moratória da caça comercial de baleias em vigor desde 1986, como sempre lideradas pelo Japão. Este país apresentou seus planos para a caça “científica”, pretexto para encobertar a captura de centenas de baleias, bem como propôs a autorização para executar a chamada “caça costeira” em suas águas jurisdicionais, iniciativa apoiada pela Rússia, Islândia e alguns países, mas contestada por muitos outros, inclusive o Brasil. A caça costeira, também solicitada na reunião pela Coreia do Sul, não foi autorizada. As capturas da Groenlândia, que eram admitidas para supostamente atender às necessidades alimentares de suas populações tradicionais, serão proibidas a partir de 2013, por ter sido constatado que na verdade a carne das baleias era amplamente comercializada. Contudo, EUA (Alasca), Rússia e a ilha caribenha de S. Vicente e Granadinas foram autorizados a capturar 1.104 baleias de três espécies, entre 2013 e 2018, também para uso das populações aborígenes, ainda que isto fosse contestado em relação ao último país, onde não existe tradição de consumo da carne de baleia. O chamado Grupo de Buenos Aires (que engloba o Brasil, a Argentina e vários outros países latino-americanos), Austrália, Nova Zelândia, Mônaco e Gabão defenderam francamente a continuidade da moratória, que finalmente foi mantida, mas a proposta da criação de um santuário de baleias no Atlântico Sul, defendida pelo Brasil, mais uma vez não obteve o número de votos necessários para aprovação.

Reservas Particulares de Patrimônio Natural As RPPNs são áreas privadas, gravadas com perpetuidade mediante Termo de Compromisso averbada à margem da ins-

Fonte: Conservation Biology, 2011.

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crição do Registro Público de Imóveis, que por opção de seus proprietários são destinadas à conservação da biodiversidade. Mesmo em caso de venda, ou morte do proprietário, a RPPN continuará preservada. Nelas somente são permitidas a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, e a pesquisa científica. Em julho último, foi noticiado que as RPPNs federais — não incluindo portanto as estaduais e as municipais — atingiram o número total de 600, alcançando uma superfície de aproximadamente 480.000 hectares, sem dúvida uma contribuição expressiva para a conservação da diversidade biológica brasileira. Na ocasião, noticiou-se ainda que mais duas haviam sido criadas em Itaiópolis, Santa Catarina. Os proprietários de uma delas, denominada Corredeiras do Rio Itajaí II, Germano Woehl Junior e Elza Nishimura Woehl, já possuem oito RPPNs e mais uma em criação. Em uma das novas RPPNs é encontrado o raro pica-pau-de-cara-canela (Dryocopus galeatus), incluído na lista de espécies ameaçadas. A Bahia lidera o número de RPPNs, com 93 delas, seguida de Minas Geraes, com 88, e Rio de Janeiro, com 64. A Mata Atlântica é o bioma que contém o maior número, mas o Pantanal lidera em área, totalizando 244.000 hectares. Para a criação de novas RPPNs federais, pode ser consultado o site www.icmbio.gov.br/portal/servicos/crie-sua-reserva.

Mais um parque marinho Contrastando com o descaso do governo brasileiro com seus compromissos internacionais de proteger os ecossistemas marinhos, a Austrália anunciou que planeja criar mais um parque marinho, o Camden Sound Marine Park, abrangendo 7.000 quilômetros quadrados. A nova área protegida marinha incluirá zonas vedadas à pesca comercial e outras designadas para a preservação de ilhas e recifes locais. Um quarto da área será denominada “zona de finalidade especial” e se destinará especificamente à proteção das baleias, que deverão ser sempre mantidas a uma distância de 500 metros dos barcos. Anualmente, cerca de 20.000 baleias jubartes migram de suas áreas de alimentação na Antártida para acasalamento e reprodução a oeste da Austrália e cerca de 1.000 delas se concentram na costa de Kimberley, constituindo a maior área de reprodução de jubartes no Hemisfério Sul. Enquanto a Austrália se preocupa com suas baleias, o governo brasileiro permanece surdo às solicitações de numerosos grupos de conservacionistas que insistentemente pedem a ampliação do Parque Nacional dos Abrolhos, que na nossa costa exerce função similar à do novo parque australiano, além de abrigar uma das maiores concentrações de vida marinha em nosso litoral.

Agrava-se a situação das espécies ameaçadas e dos ecossistemas De acordo com a última atualização de Lista Vermelha (Red List) da União Mundial para a Conservação da Natureza-IUCN, publicada às vésperas da Rio+20, de 63.837 espécies avaliadas, 19.817 foram consideradas ameaçadas em diferentes graus, incluindo 41% dos anfíbios, 25% dos mamíferos, 13% das aves, 33% dos recifes de coral, e 30% das coníferas (pinheiros e seus afins). Verificou-se ainda que os ecossistemas de água doce se encontram sob fortes pressões, estando os peixes desses ambientes ameaçados pela pesca não sustentável, construção de represas, degradação de habitats e poluição. A título de exemplo, na África, estimou-se que 27% dos peixes de água doce estão sob risco. Em algumas regiões, as populações humanas costeiras dependem da pesca para 90% de sua alimentação, mas a sobrepesca já atinge 90% dos peixes comerciais. Nada menos do que 275 milhões de pessoas necessitam dos recifes de coral para proteção costeira e alimentação, mas 55% deles estão afetados por exploração não sustentável. Pelo menos um terço dos alimentos do mundo, incluindo 87 dos 113 cultivos mais importantes para a alimentação humana, necessitam da polinização efetuada por insetos, aves e morcegos, serviço ambiental avaliado em mais de 200 bilhões de dólares americanos. Esses dados evidenciam o grau em que a degradação da natureza atinge a população humana. Fonte: Species e-bulletin, IUCN-SSC

Fonte: Science, 27-04-2012

SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond

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INFORME OCB/SESCOOP-RJ

Coagro recebe certificação trabalhista Cooperativa opera dentro de padrões de qualidade estabelecidos pelo governo federal

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Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) foi uma das 169 empresas da indústria canavieira nacional, e a única representante do Estado do Rio de Janeiro, a conquistar o selo “Empresa Compromissada”. A certificação foi entregue em junho passado ao presidente da cooperativa, Frederico Paes, em Brasília, pela presidente Dilma Rousseff. Para o presidente da cooperativa, Frederico Paes, o reconhecimento aumenta, ainda mais, a responsabilidade da entidade, que reúne 9.860 associados, a maioria pequenos produtores, com propriedade de até 10 hectares. “Essa é a primeira etapa de um compromisso social que a Coagro assume não só com a Presidência da República, mas com toda a sociedade regional e com o Estado do Rio de Janeiro”. Certificação Entre as mais de 400 usinas de cana-de-açúcar no Brasil, apenas 169 foram agraciadas. Muitas usinas de grande porte de outros estados não conseguiram o selo. Mas, segundo informações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), além das 169 outras 86 já estão em processo de certificação. Frederico Paes destacou que o certificado de que a Coagro opera dentro dos critérios trabalhistas estabelecidos pelo Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar foi concedido por empresa de auditoria credenciada pela Secretaria Especial da Presidência da República. O presidente

do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, também comemorou o reconhecimento do trabalho realizado pela cooperativa fluminense no sentido de aumentar a profissionalização da atividade, segundo ele, uma busca de todo o sistema cooperativista. Negociação nacional O Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar é o resultado concreto da Mesa de Diálogo para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, instituída em 2008 pela Presidência da República e coordenada por sua Secretaria-Geral. É fruto de uma negociação nacional tripartite que reuniu empresários, trabalhadores e Governo Federal, no esforço de oferecer ao mercado produtos competitivos, assegurando os direitos e melhorando as condições de vida dos trabalhadores. Agenda com 18 temas Com o objetivo de tornar o trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar mais humano e seguro, foi estabelecida uma agenda de questões relativas a 18 temas, envolvendo contrato de trabalho, saúde e segurança, transparência na aferição da produção, reinserção de desempregados em consequência da mecanização, alojamentos adequados, remuneração, alimentação e jornada de trabalho justas, combate ao trabalho infantil e ao trabalho forçado, respeito à organização sindical e negociações coletivas, entre outras.

O presidente da Coagro, Frederico Paes, recebeu o certificado da presidente Dilma Rousseff em evento que contou, também, com a presença do presidente do Senado, José Sarney

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EPAGRI

NOVIDADE

mudas, seleção de cultivares e manejo do ambiente de cultivo. Graças a esse trabalho, pequenos e grandes produtores têm acesso a técnicas que não beneficiam apenas quem trabalha com a produção orgânica. “Disponibilizamos um sistema completo para qualquer agricultor, inclusive do modelo convencional, adotar as técnicas que quiser. O uso adequado dos agrotóxicos já é uma arma importante na defesa das plantas e na redução dos impactos ambientais”, diz Rebelo.

Exemplo

HORTALIÇAS abrigadas Tecnologias impulsionam o cultivo orgânico de hortaliças

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tórios que abastecem um sistema de irrigação por gotejamento. Essa e outras tecnologias para a produção orgânica de hortaliças, vêm sendo estudadas e disponibilizadas aos agricultores desde 1990, pela Estação Experimental de Itajaí. Elas resultam de estudos em áreas como nutrição das plantas, irrigação, manejo do solo, controle e prevenção de doenças, produção de

lavoura em nada lembra uma horta tradicional. Dentro de uma estrutura coberta por plástico e protegida por telas nas laterais, tomates saudáveis crescem livres de insumos químicos. Eles são produzidos no abrigo de cultivo desenvolvido pela Epagri/Estação Experimental de Itajaí, que viabilizou a produção de tomate orgânico em solo barriga-verde — proeza impensável até a década de 90, antes do surgimento dessa tecnologia.

Um exemplo vem da propriedade da família Tribess, de Blumenau. Por muitos anos, o casal Maria Cristina e Werner produziu hortaliças no sistema convencional. “Era muita mão de obra, a chuva prejudicava as hortaliças e, às vezes, não tínhamos o que colher”, lembra a agricultora. Em busca de uma solução, a família fez cursos para conhecer as tecnologias da Epagri e testou o que aprendeu em uma área pequena. “Em 1996, construímos um abrigo de 7x3 m para tomates que, na primeira safra, deu mais dinheiro do que 250 pés plantados fora dele. Depois disso, nunca mais plantamos em campo aberto”, conta Werner. Hoje, a família cultiva tomate, pepino, feijão, alface, pimentão, berinjela e cebolinha. São colhidas cerca de 3 t de tomate por mês e 2 t mensais de pepino no verão. O volume de produção praticamente dobrou, o serviço ficou mais leve, a renda cresceu e o uso de insumos químicos caiu 90%. Animados com os resultados, os Tribess estão em transição para a produção orgânica.

“O abrigo funciona como um guardachuva”, explica o engenheiro-agrônomo José Angelo Rebelo. A cobertura evita as chuvas em excesso sobre a planta, dificultando o surgimento de doenças, enquanto a tela barra a entrada de insetos. Sob os beirados do abrigo, calhas coletam a água da chuva e a conduzem até reserva-

EPAGRI

Guarda-chuva

Sob os beirados do abrigo das hortaliças, calhas coletam a água da chuva e a conduzem até reservatórios que abastecem um sistema de irrigação por gotejamento

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CINTHIA ANDRUCHAK FREITAS – EPAGRI/GMC


DIVULGAÇÃO EMBRAPA HORTALICAS

Iracema, nova cultivar de TOMATE tipo CEREJA

NOVIDADE

Embrapa Hortaliças e Agrocinco lançam BRS Iracema, nova cultivar de tomate de mesa

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rodutores de tomate contam agora com mais um material desenvolvido pela Embrapa Hortaliças em parceria com a empresa de sementes Agrocinco. A nova variedade de tomate do tipo cereja recebeu o nome de BRS Iracema — lábios de mel, em tupi-guarani —, em referência ao sabor adocicado de seus frutos. A BRS Iracema é uma cultivar híbrida, desenvolvida a partir de sementes produzidas através da polinização cruzada de plantas, e, além da doçura, resultante de seu alto teor de sólidos solúveis (brix), detém outras qualidades: frutos firmes, boa durabilidade pós-colheita, excelente sequência de pencas e tolerância a nematoides-das-galhas do gênero Meloidogyne, grupo de patógenos responsáveis por provocar grandes danos à tomaticultura.

In natura Recomendada para consumo in natura, a nova cultivar tem frutos arredondados, coloração vermelha intensa e brilhante, o que indica a forte presença de licopeno — substância que dá a cor avermelhada ao tomate e é antioxidante — quando absorvida pelo organismo ajuda a reparar danos causados pelos radicais livres. Além desses atributos apreciados pelos consumidores, a BRS Iracema pode ser extremamente interessante para o produtor: em condições protegidas em áreas produtoras de Tupã e Adamantina (SP), a cultivar apresentou potencial produtivo de oito a dez kg de frutos por planta, de acordo com o coordenador do programa de melhoramento genético do tomateiro na Unidade, pesquisador Leonardo Boiteux. Segundo ele, a BRS Iracema também se destaca por sua versatilidade. “O

Tomate cereja Iracema: frutos firmes...

híbrido pode ser plantado tanto em campo aberto, como em cultivo protegido,” salientou.

Lei da inovação O contrato para desenvolvimento da cultivar teve como base a Lei da Inovação, que permite o investimento direto de empresas em trabalhos de pesquisa para obtenção de novas tecnologias. Para o pesquisador, o modelo de cooperação baseado nessa lei faculta à Embrapa construir e viabilizar parcerias com pequenas e médias empresas de sementes, o que representa “ganhos para todo mundo”. A partir de um contrato de cooperação entre a Unidade e a Agrocinco, foi realizado um investimento direto da empresa no desenvolvimento da tecnologia. Boiteux esclarece que as sementes da BRS Iracema podem ser adquiridas pelos produtores diretamente com a empresa parceira. ANELISE MACEDO — EMBRAPA HORTALIÇAS

... e boa durabilidade pós-colheita LEANDRO LOBOEMBRAPA HORTALICAS

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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Homeopatia é opção de tratamento para pets mais sensíveis Já conhecida por seu uso em humanos, a homeopatia vem conquistando também os pacientes de quatro patas A hora de administrar medicamentos a filhotes, idosos e fêmeas prenhas sempre inspira mais preocupação em seus proprietários. Nesta e em outras situações, a homeopatia representa uma alternativa de tratamento menos agressivo, com ação preventiva e curativa contra inúmeras patologias dos animais de estimação. Produzidos exclusivamente com matérias-primas e processos naturais, os medicamentos homeopáticos agem ao estimular o potencial energético dos pacientes. E, sem causar efeitos colaterais, podem combater desde problemas aparentemente simples, como infestações por pulgas e carrapatos, até doenças graves como diarreias, problemas cardíacos e renais. Outro ponto positivo da homeopatia é a sua administração, que pode ser feita de diversas maneiras, como pela adição no alimento ou na água, ou oferecida diretamente, pois não altera sabor ou cheiro. Diversas indicações

MUNDOGATO.BLOGSPOT.COM

Em entrevista para A Lavoura, a médica veterinária Patrícia Martins de Rezende

revela que não só os animais de estimação mais sensíveis podem se beneficiar com o uso da homeopatia. Como os animais idosos podem se beneficiar desse tipo de tratamento? Como eles têm o organismo mais frágil, é muito importante tomar cuidado com os medicamentos que serão administrados para que não ocorram complicações, como os efeitos colaterais ocasionais de medicamentos alopáticos. Para os animais idosos, assim como para os animais de todas as idades, a grande vantagem da homeopatia é que os medicamentos proporcionam a cura das doenças de forma rápida, duradoura e sem causar reações adversas. A homeopatia é uma alternativa na preparação para amenizar o stress de viagens? Sim, os medicamentos homeopáticos podem ser utilizados em todas as situações de estresse. A homeopatia diminui a resposta do animal frente a essas situações. No caso das viagens, se é um animal inquieto,

ansioso ou tenha medo, sendo tratado com a homeopatia, irá perceber tudo o que esta acontecendo, mas vai deixar de se importar com o que antes tanto o irritava. Fêmeas prenhes: preocupação com a ninhada Quais são os tratamentos que a fêmea prenhe pode receber sem prejuízo aos filhotes. No período de gestação e lactação, a fêmea pode receber qualquer tipo de tratamento homeopático. A homeopatia não gera nenhum problema para a mãe e nem para os filhotes, ao contrário do que ocorre no caso da alopatia, onde muitos medicamentos não podem ser utilizados em fêmeas gestantes, pois oferecem riscos à saúde dos fetos, e, em alguns casos, à própria fêmea. Quais são as doenças com maior taxa de sucesso no tratamento em comparação a medicação alopática? E o oposto? A homeopatia, assim como a alopatia, são terapêuticas eficazes no tratamento das doenças. A taxa de sucesso em ambos os tratamentos vai depender muito do diagnóstico correto e se o proprietário seguir as recomendações feitas pelo veterinário. Dos casos que nós acompanhamos com tratamento homeopático, praticamente todos apresentaram resposta satisfatória. É possível associar tratamentos homeopáticos e alopáticos ou não é recomendado? O que fazer, por exemplo, na necessidade de antibioticoterapia? Se o animal precisar tomar antibióticos, ou qualquer outro tipo de medicamento alopático, não é preciso suspender a homeopatia por isso, as duas terapêuticas podem ser associadas, não há nenhuma contra indicação. Há indicação para tratamentos prolongados, como afecções dermatológicas? Sim, os medicamentos homeopáticos podem ser utilizados em todos os tipos de doenças. Apresentam resultados excelentes em dermatites e dermatoses. Com ação preventiva e curativa, a homeopatia pode ser usada contra inúmeras patologias dos animais de estimação, sejam filhotes ou adultos

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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO Quais os principais cuidados na administração da medicação homeopática, como frequência de administração etc.? É importante o diagnóstico correto para que o veterinário possa indicar os medicamentos mais recomendados para cada caso. O sucesso do tratamento depende muito do proprietário, que precisa seguir as orientações do veterinário corretamente como: dose, frequência de administração e não suspender o tratamento antes que o veterinário recomende. Existem mitos negativos que ainda precisam ser combatidos? Talvez, as maiores dificuldades no uso de medicamentos homeopáticos ocorram por se tratar de um conhecimento diferente, e por haver um grande número de medicamentos e de patologias em veterinária. Os complexos homeopáticos, facilitam o uso da homeopatia por veterinários que não são especialistas, pois em cada complexo já estão todos os medicamentos para determinada doença, e nas dinamizações adequadas. Como está a procura dos profissionais em busca de especialização? Acha que a especialidade se expandiria com o contato dos estudantes já durante a faculdade? O interesse pela homeopatia por parte dos profissionais é cada vez maior, tanto é que já existe uma associação dos médicos homeopatas brasileiros a AMVHB. Falar de homeopatia já na faculdade é fundamental para que esta terapêutica cresça, pois muitos veterinários saem das universidades sem saber nada sobre o assunto. É possível fazer um perfil dos clientes que procuram a homeopatia? A maioria dos proprietários que buscam a homeopatia para seus animais são aquelas pessoas que já utilizaram medicamentos homeopáticos, e querem este tipo de tratamento para suas mascotes por saberem das vantagens que esta terapêutica possui. Outras pessoas que procuram a homeopatia são aquelas em que o animal já passou por vários tratamentos alopáticos e ainda não foi curado. E, por último, nos casos em que os veterinários prescrevem os medicamentos homeopáticos.

Cães também se beneficiam de uma dieta com frutas Os seres humanos não são os únicos que devem incluir frutas na alimentação para uma dieta saudável

T

odos já escutapotencializada na mos de algum presença de vitamimédico ou nutriciona E e C. “Ele aunista que as frutas menta a resposta são uma ótima fonte imunológica com a de fibras e ajudam no síntese de prostafuncionamento intesglandinas e é rico tinal, além de possuem minerais como o írem propriedades potássio, fósforo e funcionais que trasódio”, explica. zem benefícios ao orEstresse ganismo. Sabemos Para combater que as frutas possuos efeitos do estresem alta concentrase, melhorar as deção de vitamina C e fesas imunológicas protegem contra proe proteger as célucessos degenerativos las contra ações dos devido à sua ação anradicais livres há o tioxidante, a qual eliabacate, rico em mina radicais livres O lançamento, livre de ômegas 3, 6 e 9, conservantes artificiais, contém do organismo e evita frutas, proteínas de carnes de aves, com alta concentrao envelhecimento ceantioxidantes naturais, aveia e ção de vitamina E. lular precoce. cereais integrais As uvas passas, ricas A novidade é que em polifenois, são um potente antionão somente médicos e nutricionistas xidante, protegem o DNA celular, foras recomendam: muitos veterinários mando verdadeiros escudos de defesa também orientam aos donos de cães contra os radicais livres. Também são que ofereçam frutas como um comricas em carboidratos, possuem vitamiplemento da alimentação diária de nas do complexo B, vitamina C e miseus pets. nerais como o potássio, cálcio, fósfoGrandes benefícios ro, magnésio, cobre e iodo. Mesmo com todos os benefícios, O veterinário da Total Alimentos, o veterinário alerta que deve haver Wander Palomo, indica entre as que um equilíbrio na alimentação e que trazem grandes benefícios, a laranas frutas não devem ser oferecidas ja, que contém ácido fólico, fósforo com exagero. A Total Alimentos dee fibras, e a cidra que, assim como a senvolveu um produto 100% natural e laranja, possui vitamina C e ácido sem conservantes artificiais que conascórbico, capazes de promover tém as frutas citadas acima, além de neutralização de radicais livres, auproteínas nobres de peru e frango, xiliar no metabolismo do ferro e proantioxidantes naturais, aveias e cemover reações imunológicas anti-inreais integrais. A linha Naturalis, com fecciosas. as opções cães adultos, cães adultos Outra opção apontada pelo veteripequeno porte e filhotes, já possui a nário é o mamão, que possui betacaquantidade de frutas recomendada roteno, um precursor de vitamina A, para uma dieta saudável dos animais. retém os radicais livres e tem sua ação TOTAL ALIMENTOS

Proprietário: dedicação ao tratamento

FONTE: PATRÍCIA MARTINS DE REZENDE – MÉDICA VETERINÁRIA E ASSESSORA TÉCNICA HOMEOPET

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OVINOCULTURA

Ovelhas Booroola: mais prolificidade e produtividade ao rebanho CARLOS JOSÉ HOFF

DE

SOUZA

PESQUISADOR DA EMBRAPA PECUÁRIA SUL (BAGÉ/RS)

A

s ovelhas Booroola são portadoras de uma mutação genética natural que resulta em elevada prolificidade, ou seja, ocorre uma alta frequência do nascimento de dois ou mais cordeiros por parto. Na década de 1970, essas ovelhas foram identificadas em um rebanho Merino na Austrália. Não se trata, é bom destacar, de uma raça específica. No Brasil, a linhagem Booroola foi introduzida pela Embrapa,

que importou carneiros da Nova Zelândia ainda no final daquela década. Durante os anos 1980 e 1990, essa linhagem foi usada no País somente como modelo experimental para a implementação de estudos sobre fisiologia da reprodução realizados na Embrapa Pecuária Sul, unidade de pesquisa localizada em Bagé (RS). Mas no ano de 2001, três grupos de pesquisa inde-

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KEKE BARCELLOS-EMBRAPA PECUÁRIA SUL

OVINOCULTURA

prolificidade excessiva, com alta frequência de partos triplos e quádruplos, podendo chegar a quíntuplos. Nos carneiros, a mutação não determina alterações de características morfológicas, mas eles transmitem a mutação para os descendentes — a prolificidade aumentada só ocorrerá quando as filhas reproduzirem. No quadro abaixo, os acasalamentos entre ovinos normais e portadores da mutação Booroola e genótipos possíveis dos descendentes. A partir de 2003, a Embrapa Pecuária Sul iniciou um programa de introgressão assistida por diagnóstico molecular da mutação em rebanhos comerciais das raças ovinas com maior efetivo no Rio Grande do Sul. Participaram do programa quatro propriedades com rebanhos da raça Texel e quatro com rebanhos da raça Corriedale. Carneiros cruza Romney x Merino homozigotos para Booroola (BB) foram usados como reprodutores para introdução da mutação nos rebanhos comerciais (NN). De cada progênie (filhos resultantes de um cruzamento), foram coletadas amostras de sangue para extração do DNA e o diagnóstico da presença da mutação foi feito com o exame chamado Polimorfismo do Tamanho do Fragmento de Restrição (PCR-RFLP). Em cada progênie foram selecionados pelo menos dois carneiros heterozigotos (com um alelo Booroola e outro normal) para a mutação Booroola (BN), por propriedade para serem usados na temporada reprodutiva seguinte em rebanhos de outros criadores da mesma raça em que se pretendia introduzir a mutação. As fêmeas BN de cada progênie foram acasaladas com carneiros da raça original de cada propriedade e sua prole também foi genotipada. As ovelhas não portadoras da mutação (NN) foram excluídas do programa de introgressão. Foram feitas pelo menos cinco progênies de retro-cruzamento, totalizando mais de dois mil acasalamentos orientados pela genotipagem.

Padrão racial

pendentes identificaram que a alta prolificidade das ovelhas Booroola é causada por uma mutação que ocorreu naturalmente no gene do receptor para proteínas morfogenéticas de osso tipo1 B (BMPR1B). A descoberta proporcionou o desenvolvimento de técnicas moleculares para o seu diagnóstico.

Atualmente, estão disponíveis no mercado carneiros das raças Texel e Corriedale portadores da mutação Booroola (BN) certificados por genotipagem e com padrão racial atestado pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos (ARCO).

Ovelhas

Carneiros

Cordeiros

Relação cordeiros nascidos/ ovelha parida

Ovulações por ciclo

NN

NN

NN

Semelhante

Até o momento, a única diferença identificada nas fêmeas adultas portadoras da mutação é um aumento no número de ovulações por ciclo, o que determina maior número de cordeiros nascidos (partos múltiplos). O efeito do alelo Booroola (cada gene possui dois alelos ou cópias) é aditivo: cada cópia adiciona uma a duas ovulações sobre a média de ovulações do rebanho em que foi introduzido. Assim, ovelhas homozigotas para a mutação Booroola, ou seja, com duas cópias do gene mutado (BB) geralmente apresentam

NN

BN

NN, BN

Semelhante

NN

BB

BN

Semelhante

BN

NN

NN, BN

Aumentado

BN

BN

NN, BN, BB

Aumentado

BB

NN

BN

Excessivo

BB

BB

BB

Excessivo

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OVINOCULTURA aliada às técnicas simples de manejo, possibilita duplicar a produção de cordeiros desmamados, mantendo o sistema de criação extensivo a pasto, comum no Sul do Brasil. Resultados similares também estão sendo obtidos em propriedades particulares da região, como pode ser visto em um exemplo na tabela abaixo. É importante salientar que, mesmo as ovelhas não portadoras da mutação Booroola, quando bem manejadas, têm potencial de desmame de mais de 100% de cordeiros.

Nova opção

Rebanho comercial durante o controle de parição

Dados de produção de um rebanho comercial da região da sul do Rio Grande do Sul composto de ovelhas portadoras (BN) ou não (NN) da mutação Booroola Indicador produtivo

BN

NN

Geral

Prolificidade

190,0%

106,2%

120,5%

Produtividade

155,0%

99,0%

108,5%

Sobrevivência de cordeiros

81,6%

93,2%

90,1%

26,8 kg

23,9 kg

24,2 kg

Quilos de cordeiro desmamado aos 70 dias/ovelha parida

Desempenho produtivo O desempenho produtivo das ovelhas BN na Embrapa Pecuária Sul, nos últimos três anos, foi na média de 193% de cordeiros nascidos/ ovelha parida (prolificidade), 162% de cordeiros desmamados/ovelha parida (produtividade) e produção de 32 quilos de cordeiro desmamado aos 90 dias por ovelha parida. Considerando que a média histórica de desmame de cordeiros no Rio Grande do Sul é de cerca de 70%, a introdução da mutação Booroola,

A mutação Booroola oferece, assim, uma nova opção que pode permitir ao ovinocultor comercial um nível elevado de prolificidade e ainda manter as outras características desejáveis da raça do seu rebanho original. O uso das ovelhas Booroola em rebanhos comerciais, tem o potencial de duplicar o número de cordeiros desmamados por ovelha acasalada numa mesma área pastoril. Entretanto, esse salto de produtividade depende da adoção simultânea de maiores cuidados com o rebanho de cria e com os cordeiros recém-nascidos por parte do produtor rural. O rebanho pode ser mantido a pasto durante o ano todo, inclusive durante a parição.

Criação no Rio Grande do Sul Nas condições de criação do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde 90% das ovelhas têm parto simples, a introdução do gene com a mutação Booroola terá que ser acompanhada de uma melhora nutricional compatível com a produção dos animais. Isso porque cerca de 70% das ovelhas heterozigotas (BN) terão partos duplos e 30% terão partos simples ou triplos. Assim, alimentar as ovelhas como se todas tivessem gestações gemelares deverá ser o procedimento padrão. Para maiores detalhes sobre as técnicas de manejo para elevar a produtividade do seu rebanho, consulte o site da Embrapa Pecuária Sul: www.cppsul.embrapa.br/unidade/publicacoes.

Carneiro da raça Texel portador da mutação Booroola EMBRAPA

PECUARIA

SUL

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PRODUTOS NATURAIS em teste na PISCICULTURA

Tanques de piscicultura: produtos naturais trazem menos risco ambiental e redução de custos na compra de medicamentos

A

utilização de plantas medicinais para melhorar as condições de saúde dos peixes criados em piscicultura é tema de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Plantas como cipóalho, cravo-da-índia e alfavaca, estão sendo testadas para desenvolvimento de tecnologias que melhorem a sustentabilidade ambiental da piscicultura. Essas tecnologias passam por testes para boas práticas de manejo, que possam prevenir danos à saúde humana e reduzir riscos ambientais na produção de pescado.

Anestésico natural A proposta da utilização de plantas medicinais na piscicultura visa proporcionar alternativas naturais para substituir produtos químicos que tenham potencial tóxico. Um exemplo

é o eugenol, substância encontrada no cravo-da-índia, testado em pesquisa como anestésico, para minimizar problemas no transporte de peixes — como o tambaqui — originário da Amazônia, que passou a ser cultivado em várias regiões do Brasil, principalmente por ter boa aceitação comercial. Os efeitos medicinais do alho e do cipó-alho para a prevenção de doenças do tambaqui, quando criado em gaiolas, também são objeto de estudos. A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Cheila Boijink, explica que a disseminação de problemas relacionados à saúde dos peixes nas estações de piscicultura está relacionada às quantidades e densidade mais elevadas de peixes do que as encontradas naturalmente nos rios e lagos. Nessas condições, os peixes são afetados por microorganismos — parasitos oportunistas — e, com isso, os produtores vêm aumentando o uso de produtos químicos para o controle e prevenção de doenças.

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SIGLIA SOUZA - EMBRAPA

PISCICULTURA


Risco menor A preocupação com os riscos de intoxicação dos consumidores e com a poluição dos mananciais de água, motivou as pesquisas em busca de alternativas nas plantas medicinais. “A proposta de uso de produtos naturais com conhecida característica medicinal parece ser alternativa interessante para amenizar esses problemas, proporcionando ainda melhor qualidade do pescado, livre de produtos químicos”, afirma Cheila Boijink, pesquisadora da área de fisiologia e sanidade de peixes. Outra vantagem na utilização desses produtos naturais é o menor risco ambiental e a redução de custos com a compra de medicamentos. “Acreditamos ainda que, no futuro próximo, os mercados internacionais de peixes vão solicitar cada vez mais alimentos que não tiveram nenhum contato com produtos químicos”, acrescenta a pesquisadora.

Projeto Aquabrasil Esses estudos se integram a uma ampla rede de pesquisas com aquicultura, por meio do projeto Aquabrasil, que tem por objetivo gerar bases tecnológicas visando ao desenvolvimento sustentável da aquicultura nacional. A primeira etapa do projeto, coordenada pela Embrapa Pantanal, de Corumbá (MS), contou com mais de 90 pesquisa-

CELIO CHAVES - EMBRAPA

PISCICULTURA

O cipó-alho pode prevenir doenças

dores de todas as regiões do país, 16 unidades da Embrapa, além de várias universidades públicas e privadas, empresas de pesquisas federais e estaduais (nacionais e estrangeiras) e institutos ligados às áreas de agricultura, aquicultura e meio ambiente. SÍGLIA REGINA / JORNALISTA EMBRAPA AMAZÔNIA OCIDENTAL

MARIA TUPINAMBA - EMBRAPA

Tambaqui criado em cativeiro

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ARQUIVO IAC

NOVIDADE

IAC Formoso: variedade tem mais proteína e mais isoflavona

Descoberta inédita no mundo

Variedade de FEIJÃO tem 10% da ISOFLAVONA encontrada na soja

E

m celebração ao seu 125O aniversário, o IAC apresenta resultado inédito no mundo: a presença da isoflavona na variedade de feijão IAC Formoso — ácido que pode prevenir doenças coronárias e crônicas, além de ser usada na reposição hormonal pelas mulheres. Todos os dias, seja no almoço, seja no jantar, o feijão não falta na mesa dos brasileiros. Que ele é a principal fonte de proteína da população do país, muitos já sabiam. O que não era, de fato, bem conhecido ser a leguminosa também uma importante fonte de isoflavona, ácido fenólico que pode prevenir doenças coronárias e crônicas, e também usado na reposição hormonal pelas mulheres. Em artigos internacionais, os pesquisadores afirmam que há quantidade inexpressiva de isoflavona no feijão, porém, em estudos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, foi comprovado que na variedade de feijão IAC Formoso, há 10% da isoflavona encontrada na soja. O material do IAC, tem ainda, 20% a mais de proteína quando comparado com as outras variedades de feijão. A descoberta é o primeiro passo para resultar em maior

valor agregado ao feijão, além de servir de base para outros estudos de enriquecimento dos alimentos.

Fonte de isoflavona O principal alimento fonte de isoflavona é a soja. A leguminosa, porém, não é tão consumida pelos brasileiros como o feijão. Nos estudos do IAC, ficou constatado que a quantidade de isoflavona encontrada no feijão pode variar de 1% a 10% da quantidade disponível na soja. “A quantidade encontrada na cultivar de feijoeiro Pérola, que é padrão no mercado, foi de 0,8 mg/grama de isoflavona, enquanto no IAC Formoso, foi de 8,92 mg/grama. Este teor é alto, pois o brasileiro come feijão e não soja”, afirma Alisson Fernando Chiorato, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. De acordo com Chiorato, a explicação da presença da isoflavona no feijão pode estar na resistência ao caruncho e também ao fungo de solo, chamado Fusarium oxysporum. “Ainda precisamos estudar mais esses resultados, mas obser-

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NOVIDADE

vamos quantidade elevada de isoflavona no feijão preto e em fontes relatadas como resistentes ao caruncho e ao fungo do solo. Possivelmente, quando trabalhamos nossas variedades para resistência a doenças, podemos aumentar a quantidade de isoflavona indiretamente”, afirma.

Benefícios à saúde

IAC Formoso: variedade é mais resistente às três doenças mais comuns do feijoeiro

ARQUIVO IAC

Os estudos para a descoberta da isoflavona no feijão levaram cerca de um ano e tiveram parceria da Universidade de São Paulo (USP). A pesquisa começou após o lançamento da variedade IAC Formoso, em 2011, a partir de uma suspeita para saber se realmente os feijões não possuíam isoflavona. O lançamento da variedade IAC Formoso, porém, levou sete anos de pesquisa. “O feijão é consumido e plantado em todo o mundo há muito tempo. Atribuímos a demora na descoberta desse ácido fenólico, devido ao desinteresse da pesquisa. Com a maior procura por alimentos ricos em proteínas e outros elementos benéficos à saúde, passamos a estudar também este elemento”, explica Chiorato. Segundo o pesquisador, este é o primeiro passo dos estudos na área. “Esta descoberta pode desencadear outras no que diz respeito a alimentos

com maior teor de isoflavona. Com certeza, outras áreas do conhecimento também se interessarão pelo assunto”, afirma Chiorato. Além da soja e do feijão, a isoflavona pode ser encontrada também no repolho, espinafre, lúpulo e outros grãos. O ácido pode trazer benefícios para a saúde como a prevenção de doenças crônicas, além de exibir atividade antioxidante, antimutagênica e anticarcinogênica. Segundo o pesquisador do IAC, não há dado preciso quanto à quantidade de isoflavona que deve ser consumida diariamente. A estimativa é que sejam consumidos de 23 a 100 mg/kg de flavonoides na dieta tradicional. Embora fatores de estilo de vida e socioeconômicos desempenhem papel fundamental no desenvolvimento de certas doenças, existe forte evidência de que as práticas alimentares exerçam influência significativa sobre a ocorrência e progressão de doenças nas populações. “Vejam como exemplo as taxas de câncer de mama e próstata em países asiáticos são significativamente mais baixas do que nos oci-

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ARQUIVO IAC

ARROZ e FEIJÃO têm A

s culturas de arroz e de feijão contam com novo zoneamento agrícola de risco climático, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e vale para a safra de verão de 2012/13. A recomendação inclui do feijão de primeira safra para 13 estados; do arroz irrigado para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo; e do arroz de sequeiro para 15 estados. Entre as cultivares indicadas, estão as de feijão carioca BRS Estilo e BRS Ametista e a de feijão preto BRS Esplendor desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e as cultivares de arroz BRS Sertaneja e BRS Bonança.

Feijão BRS Estilo

Produção pode chegar a superar 4 t/ha

A cultivar de feijão tipo carioca BRS Estilo apresenta uma arquitetura de planta ereta, alto potencial produtivo, além da resistência ao acamamento e a oito patótipos (tipos de doenças) do fungo causador da antracnose e ao mosaico-comum. Ele também demonstra estabilidade de produção e grãos claros com tamanho semelhante aos da cultivar Pérola, muito conhecida no mercado. É uma cultivar de ciclo de 85-95 dias, indicada para as safras das “águas” em Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul; de “inverno” em Goiás, Mato Grosso e Tocantins; e da “seca” em Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

dentais. Desta forma, o consumo de uma dieta que contenha isoflavona vem sendo associada a um grande número de efeitos benéficos à saúde”, explica Chiorato.

Feijão IAC Formoso

Feijão Ametista A cultivar de feijão BRS Ametista, também do grupo carioca, tem ciclo de 85 a 94 dias, potencial produtivo de 4.265 kg/ ha, arquitetura semiereta (adaptada apenas à colheita mecânica indireta) e grãos maiores que a cultivar Pérola. Resistência à Antracnose, Murcha do Fusarium e Crestamento Bacteriano comum. É indicada para os Estados de Goiás, Distrito Federal, Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Piauí. EMBRAPA

A variedade de feijão IAC Formoso contém maior quantidade de isoflavona e foi lançada pelo Instituto Agronômico em 2011. O material tem ainda alto valor proteico — 22,86% —, enquanto outros materiais têm 20%. O IAC Formoso é também resistente a três das doenças mais comuns que atacam o feijoeiro — antracnose, mancha-angular e fusarium solani. Com essas características, o produtor consegue reduzir em até 30% a aplicação de defensivos agrícolas, diminuindo, na mesma proporção, os custos de produção. Tem ainda potencial produtivo de 4.025 kg/ha, dependendo das práticas de manejo, como adubação de solo, irrigação e controle efetivo de pragas e doenças. Atrativo para os produtores por causa do menor custo de produção e produtividade, o IAC Formoso também tem qualidades que agradam ao consumidor final. Além do alto teor de proteína e isoflavona, seus grãos cozinham em cerca de 20 minutos na panela de pressão. “Geralmente os feijões cozinham entre 25 e 30 minutos. A variedade IAC cozinha em menor tempo por conta da alta qualidade tecnológica nela empregada”, diz Chiorato. Segundo o pesquisador do IAC, com a descoberta da isoflavona, é possível que o feijão passe a ter maior valor agregado. O IAC Formoso custa ao consumidor o mesmo que os outros feijões, cerca de R$ 5 o quilo.

Alimento social O feijão ocupa 85% das áreas semeadas por leguminosas no mundo, perdendo em importância apenas para a soja e o amendoim. A leguminosa é ainda considerada um alimento social, pois pode ser cultivada desde o pequeno até o grande produtor rural e ainda por ser a principal fonte de proteína do brasileiro. No total, são consumidos 16 kg de feijão por habitante/ano no Brasil. FERNANDA DOMICIANO – ASSESSORIA DE IMPRENSA – IAC

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ÃO têm novo ZONEAMENTO AGRÍCOLA

EMBRAPA

NOVIDADE

BRS Setaneja possui plantas vigorosas e de porte médio

Esplendor: grupo feijão preto A BRS Esplendor é uma cultivar de feijão do grupo preto indicada para cultivo em São Paulo, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul na safra das águas; em Tocantins na safra de inverno; em Mato Grosso do Sul e Rondônia na safra da seca; em Mato Grosso nas safras do ‘inverno’ e da seca; em Santa Catarina e no Paraná na safra das águas e da seca; e em Goiás nas safras das águas, seca e ‘inverno’. A cultivar apresenta alto potencial produtivo, arquitetura de plantas ereta, resistência ao acamamento (adaptada à colheita mecânica direta), resistência ao mosaico-comum e a nove tipos de fungos causadores da antracnose, além de tolerância à murcha de fusário e ao crestamento bacteriano comum.

Arroz BRS Sertaneja: plantas vigorosas O arroz de Terras Altas BRS Sertaneja possui ciclo de 110 dias e é recomendado para os Estados

Três cultivares de feijão da Embrapa estão entre as recomendações

de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima, Maranhão, Piauí, Tocantins e Distrito Federal. Caracteriza-se por possuir plantas vigorosas, de porte médio, moderadamente perfilhadora e com boa resistência à mancha parda, escaldadura e mancha de grãos. Suas panículas são longas, com elevado número de grãos. O rendimento de inteiros no beneficiamento é alto e estável, e os grãos beneficiados são translúcidos.

Arroz BRS Bonança: resistente ao acamamento O BRS Bonança é recomendado para os Estados de Tocantins, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Piauí. A cultivar de arroz é recomendada para plantio em sistema de terras altas em condições favorecidas. Pode ser também plantada no sistema tradicional em solos, de média a alta fertilidade, em regiões onde não ocorra deficiência hídrica grave. A planta é resistente ao acamamento, apresenta folhas eretas e alta capacidade de perfilhamento. Tem porte baixo e ciclo precoce, de 115 dias. A BRS Bonança pode ser beneficiada a partir de 30 dias de colhida. Os interessados em adquirir sementes dessas e de outras cultivares de arroz e de feijão da Embrapa devem entrar em contato com a Embrapa Produtos e Mercado em Goiânia pelo e-mail: engyn.snt@embrapa.br

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Rural assina parceria com Esalq/USP Protocolo de intenções prevê a realização de debates periódicos e organização de fóruns permanentes de discussão e troca de experiências

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Sociedade Rural Brasileira e a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) assinaram, durante as comemorações pelo 93º aniversário da entidade, um protocolo de intenções que prevê a produção de conhecimento e informações a respeito de conjuntura política e econômica da agricultura e do agronegócio paulista, brasileiro e internacional. Durante o encontro, o presidente da Rural, Cesario Ramalho da Silva, destacou a importância da união entre a entidade e a academia. “Queremos contribuir para a construção das propostas que nortearão o desenvolvimento da agropecuária brasileira no século XXI. E, para isso, nada melhor do que estar junto a uma das melhores universidades de ciências agrárias do mundo”, ressaltou. Segundo o professor José Vicente Caixeta Filho, diretor da Escola, o relacionamento USP/ESALQ e Rural já vem acontecendo ao longo dos últimos anos, principalmente, pelo fato de serem duas instituições tradicionais. “A ESALQ e a SRB têm muitos objetivos em comum, os quais podem ser consolidados de diversas formas. A partir da assinatura do protocolo, serão planejadas atividades a serem materializadas.”

As intenções baseiam-se em realizar debates periódicos e organizar fóruns permanentes de discussão e de troca de experiências de forma a orientar ações de interesse do setor agropecuário. Propõe-se também firmar convênios para realização de estágios dos estudantes de graduação da ESALQ na SRB, nas áreas das Ciências Agrárias, Ambientais e Sociais Aplicadas, a partir de demandas em pesquisas de interesse mútuo.

Ramalho, da Rural, e Caixeta, da Esalq: demandas em pesquisas de interesse mútuo

Concentração frigorífica: Rural assina Carta de Campo Grande E ntidades representativas do setor produtivo participaram da criação do Movimento Nacional Contra o Monopólio dos Frigoríficos, em Campo Grande (MS). A Sociedade Rural Brasileira é uma das signatárias da Carta de Campo Grande, que pede providências quanto à dificuldade que o produtor enfrenta no mercado para comercializar a carne bovina de corte nos principais estados produtores, devido à falta de opção de frigoríficos para atender toda a demanda. A carta mostra a preocupação dos criadores de bovinos com a falta de concorrência no setor e, principalmente,

com a ajuda do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) injetando recursos públicos para viabilizar o crescimento das indústrias frigoríficas no Brasil e no exterior. Os pecuaristas querem também que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), analise os procedimentos de aquisição das indústrias frigoríficas e acompanhe a interferência e desdobramentos dessas aquisições. Fenapec Outra decisão dos pecuaristas foi a criação da Frente Nacional de Pecuária

(Fenapec), com o objetivo de encaminhar as questões da cadeia da carne nas instâncias políticas, administrativas e institucionais pertinentes. Para Cesario Ramalho da Silva, presidente da Rural, este movimento mostrou a capacidade de organização da pecuária brasileira. “Produtores de todo o país estão preocupados com a falta de opções para comercialização, portanto, precisamos debater a pecuária nacional em outro nível, para que o produtor seja consultado sobre as decisões da cadeia produtiva, e não fique somente com o passivo”, afirmou. Mais informações: www.srb.org.br

Sociedade Rural Brasileira Rua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro CEP 01049-000- São Paulo – SP Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780 — www.srb.org.br Jornalista Responsável: Renato Ponzio

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Extensão rural é essencial e ponto alto do Plano Safra 2012/2013 O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesario Ramalho da Silva, afirmou que um dos itens mais importantes presentes no Plano Safra 2012/13, divulgado recentemente, foi a criação de uma agência reguladora para “ressuscitar” a extensão rural no país. “Um país que tem o potencial agrícola como o nosso, que tem a agricultura como o setor mais importante da economia e é composto por uma classe média rural corajosa e ordenada, não pode ficar sem assistência. Ela é essencial e um o pleito antigo da SRB”, completou. Para o presidente da Rural, o PAP 2012/13 foi positivo para o setor. “O plano é bom. O aumento de 7% nos valores e o crescimento dos limites é significativo”, afirmou. Para Ramalho, o discurso da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, também merecem destaque. “A presidente está sensibilizada pela agricultura, está integrada ao setor, e acho que o ministro da Agricultura foi esforçado neste plano”, disse.

O Plano Agrícola e Pecuário recém divulgado vai destinar R$ 115,2 bilhões para a agricultura empresarial na safra 2012/13. Desses recursos, R$ 86,9 bilhões são para financiar o custeio e a comercialização e R$ 28,2 bilhões para os programas de investimentos. O novo plano também reduz de 6,75% para 5,5% a taxa anual de juros controlada. Porém, para Cesario Ramalho a agropecuária necessita de uma política agrícola mais ampla. “A minha ansiedade é por um plano mais duradouro, mais longo e que olhe mais à frente”, afirmou. “Precisamos (entidades e setor produtivo) pensar conjuntamente e buscar recursos de prazos mais longos, pensar para a safra de 2020. Temos que ter um programa de agricultura de dez anos e fazer anualmente apenas pequenos ajustes”, completou. Além disso, para o presidente da Rural, o governo deveria prestar maior atenção à falta de infraestrutura e falhas logísticas que afetam o setor.

Rural pede rapidez na abertura de novos mercados para a carne Presidente Cesario Ramalho lembrou que a expectativa para este ano é de crescimento modesto nas exportações de carnes e tendência de retração da receita em dólar, devido à queda nos preços internacionais

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resente à reunião de lideranças do agronegócio brasileiro com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, durante a Feicorte 2012, o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesario Ramalho da Silva, pediu rapidez ao Governo nos processos de negociação para abertura de novos mercados para a carne brasileira. Ramalho lembrou que a expectativa para este ano é de crescimento modesto nas exportações e a tendência é de retração da receita em dólar, devido à queda nos preços internacionais. “Mesmo com o aumento do consumo interno, precisamos dar celeridade à abertura de novos mercados. O desaquecimento do consumo provocado pela crise financeira nos países da zona do euro, além da manutenção de barreiras aos produtos brasileiros, preocupa bastante o setor produtivo”, concluiu.

O Brasil exportou 557.395,58 toneladas de carne bovina entre janeiro e junho de 2012, um crescimento de apenas 2,5% em relação ao mesmo período de 2011. Projeções da Conab mostram que a produção nacional das três principais carnes (aves, bovinos e suínos) deve atingir 25 milhões de toneladas em 2012, com

o consumo interno chegando a 19,1 milhões de toneladas. Mendes Ribeiro declarou que espera, em breve, ter boas notícias sobre novos destinos e a retirada de restrições aos produtos brasileiros. O ministro confirmou que Japão e China sinalizaram a abertura de mercados para o Brasil. Sobre o embargo russo à carne produzida nos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, o ministro disse que segue negociando e voltou a se dizer otimista quanto ao desfecho. Mendes ainda defendeu a promoção da carne brasileira, com mais ações de marketing para o produto tanto no mercado interno quanto no externo.

Presidente da Rural durante reunião na Feicorte

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ALIMENTAÇÃO

O ovo é um alimento saudável, de alto valor nutritivo e seguro para ser consumido

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ovo é conhecido como um alimento rico em proteínas e de baixo valor calórico. Por isso, deve fazer parte do cardápio das pessoas de todas as idades. Ele é considerado pela Organização Mundial da Saúde – OMS, como um alimento de proteína, padrão de consumo de fácil digestão. Além disso, é fonte de vitaminas do complexo B (a mais importante é a B12) e possui vitaminas lipossolúveis e minerais que enriquecem qualquer tipo de refeição.

Para consumir ovos com segurança A “Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação”, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), presta esclarecimentos sobre os cuidados que devem ser tomados durante a manipulação de alimentos. O trabalho do manipulador de alimentos é fundamental para garantir a saúde dos consumidores. A Ovos Brasil, sempre apoiando essa iniciativa e reafirmando sua missão de expandir os conhecimentos sobre ovo sob vários aspectos — principalmente aqueles ligados à segurança alimentar — destaca as seguintes recomendações:

Como armazenar e manipular ovos? • Compre sempre ovos de origem conhecida e inspecionados pelos serviços oficiais;

• mantenha-os em local limpo, fresco e arejado, preferencialmente em geladeira, após comprá-los; • ao comprar ovos, certifique-se da data de validade e que não estejam com a casca suja, trincada ou quebrada; • lave com água e sabão as superfícies de trabalho, utensílios e mãos antes de manusear o produto cru; • lave os ovos somente antes de utilizá-los; • os ovos e os alimentos que os utilizam como ingrediente devem ser bem fritos e cozidos. • os alimentos preparados com ovos devem ser armazenados na geladeira para sua melhor conservação.

Segurança biológica do ovo O risco de um ovo ser contaminado por salmonella é muito baixo, cerca de 1 em cada 20.000 ovos. Mas não existe razão para se correr o risco de contrair infecções alimentares. O manuseio apropriado e higiênico do ovo pode reduzir ou até eliminar esse risco.

Os ovos não são a única fonte de salmonella. As salmonellas podem ser encontradas na natureza e são facilmente disseminadas. Existem mais de 2.500 tipos de salmonelas. A bactéria pode ser encontrada no trato intestinal de todos os animais, aves, répteis, insetos, humanos e vegetais.

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ALIMENTAÇÃO

OVO:

consumo com segurança e uma camada densa, que inibe a movimentação da bactéria. Portanto, existem várias camadas de proteção para que as bactérias não atinjam facilmente a gema, onde estão os nutrientes necessários para a sua multiplicação.

CRISTINA BARAN

Eliminando o mito do colesterol

O ovo propriamente dito pode não estar contaminado quando o compramos, mas pode se contaminar quando manuseado e/ou armazenado indevidamente. Manusear os ovos com as mãos sujas, o contato dos ovos com os animais de estimação e com outros alimentos contaminados; armazenados em locais não limpos e com presença de insetos e também em ambiente e equipamentos de cozinha não higienizados, podem contaminá-los por salmonelas ou mesmo por outras bactérias prejudiciais à saúde humana.

Mas a casca do ovo não o protege das bactérias? Sim e não. O ovo tem várias barreiras de proteção natural para prevenir a entrada e crescimento de bactérias em seu interior. Estas barreiras protegem o ovo em seu caminho da galinha até a sua casa. Apesar de proteger, a casca do ovo tem poros e não é totalmente à prova de bactérias. Para uma segurança adicional, a legislação sanitária do Brasil exige que os ovos devam ser higienizados com substância antisséptica antes da comercialização pelo produtor. Existem ainda as barreiras internas do ovo: as membranas internas, da casca e da gema, que possuem substâncias que impedem a infecção bacteriana. A clara possui uma camada com pH alcalino, que barra o crescimento bacteriano,

A maior discussão em torno do ovo é se a quantidade de colesterol pode prejudicar a saúde. Porém, análises mostram que a quantidade ingerida do bom colesterol, presente no ovo, em nada interfere neste processo. As pesquisas estabelecem resultados consistentes. Um estudo realizado em 2007, com 9.500 pessoas, reportado no “Medical Science Monitor, demonstrou que o consumo de um ou mais ovos por dia, não aumentou o risco de doenças do coração ou infarto entre adultos saudáveis, e que o consumo de ovos pode estar relacionado com a redução da pressão sanguínea. Os pesquisadores concluíram que a recomendação genérica para limitar o consumo do ovo pode estar distorcida, particularmente quando as contribuições nutricionais do ovo são consideradas.

Eliminando mitos sobre o colesterol Hoje, não existe recomendação para limitar o consumo de ovos pelas pessoas, de modo geral. A população tem reservas por informações incompletas do passado sobre o colesterol presente em determinados alimentos. Porém, hoje já é conhecido que o consumo de gorduras saturadas é pior para aumentar o mau colesterol sanguíneo que o colesterol da dieta, presente nos alimentos. De acordo com especialistas, (fonte: site aeb.org.br), o ovo contém quantidades muito baixas de gorduras saturadas (1,5g das 5,5g de gorduras insaturadas). Muitos brasileiros ainda evitam ovos por medo do colesterol, apesar dos resultados das pesquisas, nos últimos 30 anos, nunca terem comprovado a relação entre o consumo de ovo e as doenças cardíacas. O consumo de ovo diariamente não aumenta o risco de doenças do coração. Como resultado deste mito, muitos brasileiros estão se privando dos benefícios proporcionados pelos nutrientes especiais do ovo. Não somente décadas de pesquisa demonstraram não haver associação do consumo do ovo com doenças cardíacas, mas, ovos são excelente fonte de colina, substância importante para quebrar a homocisteína,

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ALIMENTAÇÃO um aminoácido do sangue associado com o aumento do risco de doenças do coração.

TEXTO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÕES

Ovo: uma escolha nutritiva O ovo é um dos alimentos mais nutritivos da natureza e uma excelente fonte de proteína de alta qualidade. Quase todos os nutrientes de que o corpo necessita podem ser encontrados no ovo. Possui 13 vitaminas essenciais e minerais, proteínas de alta qualidade, gorduras insaturadas (saudáveis) e antioxidantes, com apenas 70 calorias. O pacote de benefícios do ovo é extenso. Um ovo grande contém: • somente 70 calorias; • 6 gramas de proteína; • é uma fonte excelente de ácido fólico e vitamina B12; • contém somente 6 gramas de gorduras, a maior parte insaturada; • não contém gorduras trans; • a gema é uma boa fonte de antioxidante luteína.

Entendendo o colesterol Níveis saudáveis de colesterol reduzem o risco de doenças do coração. O colesterol é produzido naturalmente por todos os animais e humanos. O nosso corpo necessita do colesterol para sintetizar os hormônios, vitamina D e para manter as células saudáveis. O fígado produz a maior parte do nosso colesterol. O colesterol da dieta, encontrado em alimentos como frango, frutos do mar, ovos e derivados do leite tem pouca interferência no colesterol sanguíneo para a maioria das pessoas.

A gema também possui uma membrana protetora

Pesquisa analisa práticas na compra e na utilização do ovo na alimentação esde 1999, dados do Ministério da Saúde apontam a Salmonella como a principal bactéria causadora de surtos alimentares no Brasil, e os ovos contaminados, ou alimentos preparados à base destes, crus ou mal cozidos, estão associados a esta ocorrência. Com o objetivo de avaliar as práticas adotadas pelo consumidor na compra e na utilização do ovo na alimentação, a nutricionista Daniele Leal, do programa de pósgraduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), realizou uma pesquisa entre março e junho de 2009, na cidade de Sorocaba (SP). Orientada por Gilma Lucazechi Sturion, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), Daniele entrevistou 664 pais de alunos de escolas de educação infantil, particulares e municipais, que preencheram questionários sobre práticas

adotadas na compra, armazenamento, limpeza, preparo e consumo de ovos. “Com base nos resultados obtidos, a proposta foi subsidiar ações educativas à população e garantir que o produto não tenha efeito nocivo ao ser humano, visando diminuir doenças de origem alimentar (DTA) a partir da contaminação por Salmonella”, explica Daniele.

monstrando identificar o risco de ingerir alimentos impróprios. Segundo Daniele, a literatura mostra que a contaminação por Salmonella em ovos ocorre por duas origens: durante a CAIO ALBUQUERQUE

D

Média de consumo Na pesquisa, o público estudado foi predominantemente do sexo feminino, de 31 a 49 anos, com ensino médio completo ou incompleto e com renda familiar de meio a dois salários mínimos. A média de consumo mensal de ovos relatada pelos questionados foi de 4,55 ovos por mês. Dos entrevistados, 61,3% já relacionaram sintomas de doenças, como febre, diarreia, dor de estômago, náuseas, com algum alimento consumido, de-

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Um adulto normal pode comer um ovo por dia sem aumentar o risco de doenças do coração? Pesquisas demonstraram que não existe correlação entre a dieta com ovos e o desenvolvimento de doenças coronarianas em indivíduos normais. O colesterol que ingerimos em nossa dieta tem menos impacto no nível de colesterol do sangue que a gordura saturada que consumimos, (fonte: Hu et al. Journal of the American Medical Association 1999; 281:1387-94). Se houver uma preocupação com os níveis sanguíneos de colesterol, os passos mais importantes são: 1- Procure manter um peso saudável; 2- Mantenha atividade física frequente; 3- Siga o padrão de alimentação reduzindo as gorduras saturadas e gorduras trans. Se a ingestão de uma dieta for balanceada, não é necessário cortar o consumo de ovos ou camarões, a menos que seu médico ou nutricionista faça esta recomendação. Se for aconselhado que mude sua dieta para reduzir o colesterol sanguíneo, o mais importante a fazer é cortar as gorduras saturadas: queijos, manteiga, gordura das carnes, embutidos, cremes de leite etc. É aconselhável aumentar a quantidade de frutas, verduras e fibras na dieta. Dietas com gorduras insaturadas, na verdade, podem reduzir o mau colesterol sanguíneo. Tente substituir alimentos que contêm gorduras saturadas por alimentos que possuem gorduras insaturadas (azeite de oliva, abacate, nozes e sementes, óleos vegetais). As gorduras trans - encontradas em recheio de biscoitos, bolos, massas, algumas margarinas e alimentos que têm gorduras hidrogenadas — aliadas às gorduras saturadas — aumentam os níveis de mau colesterol no sangue (LDL).

fase de formação do ovo e postura ou devido à manipulação e/ou armazenamento inadequado pelos produtores, comerciantes e consumidores. “É necessário que haja adequação das práticas adotadas durante a compra, armazenamento, manipulação e preparo seguro de ovos no domicílio para a diminuição do risco de infecção por Salmonella”, orienta. Os locais de compra mais citados foram os super e hipermercados, onde, na

Cinco razões a mais para comer ovos •

Controle de peso: Proteínas de alta qualidade dos ovos contribuem para a sensação de saciedade prolongada e para manter a energia do organismo. Manutenção da força muscular e redução da perda de massa muscular: Pesquisas indicam que proteínas de alta qualidade produzem força muscular e ajudam a prevenir a perda de massa muscular em pessoas idosas. Gestação saudável: A gema do ovo é excelente fonte de colina, um nutriente essencial que contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso central do feto, importante para a prevenção de anomalias fetais. Dois ovos proveem cerca de 250 miligramas de colina, ou seja metade das necessidades diárias para uma mulher gestante ou amamentando. Função cerebral: Colina também é muito importante para a função cerebral em adultos, mantendo a estrutura das membranas celulares. É componente chave para a neurotransmissão, que é responsável por transmitir as “mensagens” do cérebro através dos nervos para os músculos. Saúde da visão: Luteína e Zeaxantina, dois antioxidantes encontrados no ovo, ajudam a prevenir a degeneração macular, que é a causa principal da cegueira dos idosos. Apesar de possuir quantidade pequena dos dois nutrientes, pesquisas demonstram que a luteina dos ovos é mais biodisponível que a luteína de outros alimentos.

• •

maioria das vezes, o alimento é mantido fora de refrigeração. O item mais observado relatado pela maioria da população entrevistada na hora da compra foi a validade. A maioria também citou adotar a prática de não comprar ovos com sujidades e descarte dos rachados ou quebrados, de armazená-los na porta da geladeira, de não limpá-los antes de utilizar e de lavar as mãos e recipientes com água e sabão após o contato com o ovo cru. Mais da metade dos questionados consomem ovos crus ou mal cozidos, considerados de risco pela possibilidade de estarem contaminados com a bactéria Salmonella, pois não sofreram o processo térmico adequado que eliminaria uma possível contaminação. Destes, o mais consumido é o ovo frito com gema mole, seguido por suflês, musses e coberturas de bolos preparados com ovos crus. “Os entrevistados que citaram conhecer a existência de risco de contaminação por práticas inadequadas, relataram consumir menos preparações com ovos crus e mal cozidos, quando comparados com os outros participantes”, conta Daniele.

Práticas adequadas Como solução para diminuição dos surtos alimentares causados pela Salmonella, a pesquisa recomenda o planejamento de programas ou ações educativas para a população sobre as práticas adequadas na compra e preparo de ovos, com vista à diminuição da falta de informação. E, aos consumidores, recomenda que, durante a compra, seja escolhido o produto mais fresco, conforme data de validade, além de não comprar ovos quebrados, rachados ou sujos. A pesquisadora ressalta que os ovos in natura não podem ser consumidos crus ou mal cozidos. “Depois de comprado, os ovos devem ser retirados da embalagem e colocados em uma embalagem de plástico com tampa e armazenados dentro da geladeira. Antes de usar, devem ser lavados com água corrente e, após a manipulação destes, as mãos e utensílios que tiveram contato com os ovos devem ser lavados com água e sabão. Vale lembrar também que o tempo de cozimento do ovo inteiro deve ser de sete minutos após início da fervura e, para outras preparações, a gema e clara devem estar coaguladas”, conclui. CARLA OLIVEIRA – ESALQ/USP

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MINERAIS, parte fundamental da agricultura JACIRA S.COLLAÇO

O conceito de adubação agrícola é conhecido até por quem não trabalha na área, mas o que muitos desconhecem é o papel dos minerais na vitalidade das culturas. Isso não é problema para o geólogo José Carlos Alves Ferreira, fundador e presidente da Rockall Fertilizantes Naturais. Na verdade, sua filosofia vai além da simples adubação, ao buscar, com seus produtos, recuperar a estrutura e a própria saúde do solo. Ferreira desenvolveu seus trabalhos com solo em Ribeirão Preto (SP) a partir da década de 50, focado nos estudos ecológicos de sir Albert Howard. Considerado um precursor das técnicas orgânicas, o botânico inglês publicou o livro “Um testamento agrícola”, que se tornou referência mundial para os produtores orgânicos. Em entrevista à revista A Lavoura, José Ferreira revela um pouco de sua visão para a recuperação dos solos brasileiros. Qual a diferença principal entre fertilizantes comuns e o da Rockall? É o compromisso com a regeneração de solos a partir de seu lastro mineral, na realidade, a base de sustentação da vida. A composição dos produtos da empresa é 100% natural, elaborada com minerais nutritivos e rochas silicatadas, tais como farinha de granito potássico e cinzas vulcânicas. Diferentemente dos fertilizantes comuns, isso alimenta o solo, restaurando a fertilidade, vitalidade, enriquecendo a reserva mineral do solo.

Como foi o desenvolvimento dos produtos? No que se baseiam? Como geólogo formado pela Universidade da Califórnia, trabalhei no Brasil e na América do Norte, adquirindo vivência com produtos similares. Então, o objetivo é a produção de fertilizantes que se comportem como “alimento” de alta qualidade para tudo o que é vivo no solo. Habitando neste, há uma comunidade enorme de delicados seres vivos (microscópicos em sua maioria) chamada biota, que se beneficia da complexi-

dade mineral dos componentes rochosos do produto. Como os minerais de rocha podem suprir as necessidades das culturas? As demandas nutricionais das safras pedem mecanismos rápidos de restauração mineral. Além disso, o intemperismo causa uma desmineralização natural, e o uso da adubação química não restitui completamente ao solo tudo o que a planta retira. No produto, a rocha é moída mecanicamente, e sua fina granulometria age de modo rápido e eficiente, suprindo em poucos minutos a deposição que a natureza faria, mas que demoraria milênios. Pela vegetalização do minério, esta riqueza termi-

ROCKALL

Quais são as origens da empresa? Estamos no centro geodésico da América do Sul, a Chapada dos Guima-

rães, em Mato Grosso. Temos cinco anos de mercado, mas a empresa é o resultado de mais de 40 anos de investimentos, trabalho e dedicação.

O geólogo José Carlos Ferreira avaliando áreas de cultivo de verduras

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Nonono nononon ononooon ononono ono onononon onono ononon nonon

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na na boca de animais e no prato do consumidor.

Troca de paradigmas na fertilização dos solos

ROCKALL

Quais são os efeitos da desmineralização? Por que o senhor considera os fertilizantes convencionais limitados? Porque adubos incompletos produzem plantas incompletas. Os fertilizantes geralmente se baseiam apenas no “NPK” (nitrogênio, fósforo e potássio) e alguns poucos micronutrientes — enquanto a planta tira do solo um sem-núme- Comparativo entre hortifrutis cultivados com o produto (à esquerda) e sem suplementação (à direita) ro de nutrientes. O mecanismo de Qual é produção atual da empresa? ferramentas como o produto. Se o Braação do produto é fixar o carbono por Como está a distribuição no país? sil deseja ser o “celeiro do mundo”, será meio biológico, aumentando seu teor no pelo fortalecimento de modelo de proChegamos praticamente ao Brasil solo e liberando cálcio, magnésio e midução agrícola não carbônico, com grantodo, embora com pouca produção. nérios silicatados. Estes últimos são usade capacidade de retenção de carbono Estamos com cerca de 30 toneladas por dos para corrigir acidez e fertilização, da atmosfera. O Brasil, com enorme e mês, mas há capacidade de multiplicámas o processo do Rockall libera silício no diversificada riqueza mineral, tem rola por 10, de acordo com a demanda. solo, para a alegria da agricultura, pois chas e minerais silicatados de qualidaHá também a possibilidade de terceirieste elemento é de grande importância de extraordinária para uso agrícola eszar a produção. na alimentação das plantas. palhados por todo território nacional. Já o processo de exaustão dos soQuais produtos a empresa tem atulos causa o surgimento de algumas praalmente em seu portifólio e quais são Riqueza brasileira em gas, como, por exemplo, a ferrugem suas indicações? minerais asiática na soja em Mato Grosso. Acho Temos o Rockall Nitrogenado, que a produtividade chegou a um ponComo adquirem (ou desenvolvem) a para cobertura nitrogenada, com 6% to crítico, não se tem mais uma produmatéria-prima para os fertilizantes da de N proteico. Ele está associado a ção economicamente viável. Só que isso Rockall? outros minerais, promovendo a eficipode acontecer com todas as culturas, O potencial de Mato Grosso é enorência agronômica, porém “blindado” inclusive com a saúde humana. me, com seu granito potássico, que tem pela sua composição mineral para a 5% de potássio, conferindo grande poder retenção de radicais livres. O Rockall Qual o papel dos estudos de sir nutricional e regenerativo. Esta caracteSuper-Kama Manure é um corretivo Albert Howard no desenvolvimento da rística proporciona uma grande mineral de solos, com base mineral Rockall? biodisponibilidade do produto, maior do silicatada e associada a esterco de Visitando a Índia, ele observou prátique a dos fertilizantes químicos e sem aves, potencializando sua eficiência cas agrícolas milenares que mantiveram alterar pressão osmótica e salinidade do agronômica. aqueles solos em condições perfeitas de solo. Usamos outras rochas do Brasil, esPossui gipsita natural, componentes produtividade, utilizando compostagem pecificamente da Paraíba e cinza vulcâminerais e outros nutrientes para o com o enriquecimento de farinhas de ronica. Mas, apesar da riqueza mineral do aproveitamento do N do esterco das cha no composto. Essa forma de fertilizanpaís, sou obrigado, pela demanda, a usar aves. Já o Rockall Condicionador de te organomineral natural ainda hoje é utium produto de Israel, o fosfato de Neget. solos associa os dois produtos anteriolizada como “método Indore de composDa Bélgica e do Canadá uso o sulfato nares na proporção 1:4 para adubação de tagem”. Estamos tentando trazer práticas tural de potássio; ou seja, colocamos prafundação e de cobertura. como essa para o Brasil, que tem conditicamente todos os elementos da tabela ções primitivas de agricultura orgânica, Quais são os novos projetos e as periódica nos nossos produtos. pois podemos fazer bem mais do que esperspectivas da empresa? tamos fazendo. Qual o cuidado que o produtor deve O objetivo é multiplicar a produção ter para evitar/diminuir perdas na esO Brasil ainda é um grande imporpor dez, mas, obviamente, isso depentocagem do produto? tador de fertilizantes. A empresa vê isso de do mercado. Vejo meu trabalho como uma oportunidade de expansão no A princípio, não existem perdas como nacionalista: podemos produzir mercado interno para a Rockall? quando a embalagem está fechada. dentro do Brasil todo o fertilizante e Quando aberta e bem acondicionada, corretivo que precisamos. A utilização Acredito em algo mais amplo: que a tendo um pouco de cuidado com o fedas riquezas minerais regionais, com o situação da matriz tecnológica da agrichamento, também não, pois o produreconhecimento e valorização dos tracultura repousar apenas sobre os agroto é pouco higroscópico (absorve pouca balhos que já existem, promoverá uma químicos é que deva ser mudada. A soágua da atmosfera). Mesmo se houver melhor produção na agricultura, com ciedade precisa ser esclarecida sobre contato com o solo, não há agressão à real sustentabilidade — em suma, mais como adquirir mais saúde, e até a promicrobiota. saúde para o povo brasileiro. dução orgânica no Brasil necessita de A Lavoura NO 691/2012 59

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IAPAR -ASSESSORIA DE IMPRENSA

BOVINOS - ALIMENTAÇÃO

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BOVINOS - ALIMENTAÇÃO

É preciso

suplementar no frio Alimentação do gado deve ser suplementada durante estações frias

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om a chegada das estações mais frias, o produtor de leite e carne já sabe que é preciso suplementar a alimentação do gado, para atenuar a queda da produtividade. O alerta é do pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) José Lançanova. “Nesse período, o pasto fica ‘ralo’, falta comida para o gado pela própria redução da produção da forragem de verão”, explica o especialista. O pasto supre boa parte das necessidades do animal, de outubro a final de abril. Depois desse período, começa a escassear. “O produtor tem que contornar a situação com comida no cocho — um volumoso —, que pode ser cana-de-açúcar, silagem ou feno”, explica o pesquisador.

Foco Ele diz que a escolha deve levar em conta os fatores regionais e os objetivos do produtor. “Para a produção de leite é necessário uma quantidade maior de ração e uma boa silagem para fazer o balanceamento da dieta. Novilhas exigem menos alimentos”, reforça. Especificamente para o estado do Paraná, Lançanova acredita que a cana é uma boa opção para o norte e noroeste, em

virtude da presença de usinas e canaviais. “É preciso acrescentar ureia e sulfato de amônia para elevar o teor de nitrogênio na cana. Ela tem apenas 2% de proteína. Quando são acrescentados esses outros componentes, eleva-se esse nutriente para 7%”. Já no centro-sul do estado do Paraná, é possível ter pastagens no inverno, como aveia e azevém. Ainda assim, não dá para dispensar a suplementação. “A aveia tem 15%, em média, de matéria seca e muita água. É preciso dar um volumoso e complementar com horas de pastejo, que varia de acordo com a disponibilidade de alimento”, esclarece.

Prevenção José Cripa, produtor em Francisco Alves, a 70 quilômetros de Umuarama, noroeste paranaense, adotou a silagem para passar os seis meses de outono e inverno e acredita que sobrem 10 carretas. Cripa tem dois alqueires, onde 27 vacas produzem 270 litros por dia, média que pretende aumentar com o volumoso que produziu durante o verão. De abril a setembro, ele alimenta o gado apenas com silagem, porque o pasto não cresce muito. “A silagem é um pouco cara, mas pior que isso é ver o gado sem comida”, resume.

IAPAR -ASSESSORIA DE IMPRENSA

O volumoso para o gado pode ser cana-de-açúcar, silagem ou feno

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BOVINOS - ALIMENTAÇÃO

O certo, segundo Cripa, é se preparar com muita antecedência. No final de agosto do ano passado, ele plantou milho e sorgo para garantir o alimento para os animais. “Quando a gente está saindo do inverno, já tem que pensar no outro”, orienta.

Projeto A realidade de muitas propriedades do noroeste do estado do Paraná mudou depois que o Iapar, em parceria com a Emater e prefeituras, realizou projeto de transferência de tecnologia. A experiência deu certo e alguns deles criaram a Cooperativa dos Produtores de Leite de Entre Rios (Coopeler). Com isso, foi possível ter assistência técnica de um veterinário e um agrônomo para aplicar as recomendações da pesquisa agronômica no dia a dia das propriedades.

QUALIDADE DA CARNE É MONITORADA Pesquisa da ESALQ observa atributos do contrafilé bovino de macho inteiro e fêmea de descarte armazenado a vácuo e em atmosfera modificada

C

omo líder mundial nas exportações de carne bovina, o Brasil busca atender a demanda crescente e a qualidade exigida pelo consumidor, se adequando às exigências dos mercados nacionais e internacionais. Investe na aplicação de novos padrões de produção, industrialização e co-

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO -USP ESALQ

LUCAS ARAÚJO — IAPAR

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mercialização. Regularmente, a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil está conformada e classificada segundo a origem dos animais, em carnes de machos castrados, machos inteiros e fêmeas de descarte. Carnes de machos castrados, caracterizadas por possuírem melhores atributos de qualidade, são comu-


BOVINOS - ALIMENTAÇÃO

mente embaladas a vácuo e destinadas ao mercado externo. Por sua vez, carnes originárias de machos inteiros e fêmeas de descarte, são comercializadas no mercado interno sem diferenciação. “Contudo, este tipo de carne pode representar um produto de alta valorização nos mercados, por meio do desenvolvimento e aplicação de tecnologias que influenciem diretamente na melhoria da qualidade do produto em aspectos como a cor, maciez e estabilidade oxidativa”, lembra Priscila Robertina dos Santos, pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).

Indústria de carnes Entre as tecnologias desenvolvidas e aplicadas pela indústria de carnes, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, a embalagem em atmosfera modificada visa à manutenção da qualidade a partir da exposição do alimento a misturas de gases de composição específica. Este sistema permite maior manutenção da cor, controla o desenvolvimento de microrganismos e a centralização das operações de embalagem, rotulagem e distribuição da carne fresca porcionada em bandeja pela indústria, substituindo a forma tradicional de distribuição de peças inteiras a vácuo. Sob orientação da professora Carmen Josefina Contreras Castillo, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), Priscila avaliou o efeito dos sistemas de embalagens a vácuo e em atmosfera modificada sobre parâmetros de qualidade de carne de bovinos machos inteiros e fêmeas de descarte. “Pesquisas têm demonstrado a influência de sistemas de embalagem e maturação sobre o amaciamento natural da carne. No entanto, no Brasil, são limitadas as avaliações sobre atributos de qualidade de carne in natura originária de

O contra-filé foi um dos cortes bovinos avaliados

bovinos Bos indicus, sobre sistemas de embalagem a vácuo e atmosfera modificada, após períodos prolongados de estocagem”, relata Priscila.

Contra-filé e músculo Nesta pesquisa, foram utilizados músculos bovinos (Longissimus dorsi) do contra-filé oriundos de animais machos inteiros e fêmeas de descarte (Bos indicus) — com grande participação da raça Nelore —, criados a pasto, com idade entre 30 e 36 meses. Após o abate convencional em um frigorífico localizado na cidade de Iturama/MG, as carcaças foram identificadas e armazenadas em câmaras frias a 7OC por 24 horas. Em seguida, no Laboratório de Qualidade e Processamento de Carnes da ESALQ/USP, os músculos foram porcionados em bifes, embalados a vácuo e em três tipos de atmosferas modificadas contendo 75%O 2 /25%CO 2 ; 60%CO2/0,2%CO/39,8%N2 e 40%CO2/ 0,4%CO/59,6%N2 e estocados sob refrigeração a 2OC por um período de 28 dias. Foram avaliadas características de cor, pH, oxidação lipídica e proteica, índice de fragmentação miofibrilar, colágeno total; força de cisalhamento e perda de peso por cocção. “Com o objetivo de reduzir os problemas causados pelas misturas de gases, o uso de monóxido de carbono (CO) em baixas concentrações tem sido proposto em embalagens de carne fresca. Sua principal vantagem de é a manutenção da cor vermelho brilhante nas carnes, além de evitar processos oxidativos e retardar a deterioração microbiana”, explica a autora do estudo. Contudo, segundo a pesquisa, devido ao potencial efeito tóxico do CO, sua utilização gera controvérsias em alguns países.

Resultados Os resultados sugeriram que atmosferas modificadas contendo CO até concentrações de 0,4%, melhoram a estabilidade da cor de carne in natura de bovinos de ambos os sexos, durante estocagem a 2OC por 28 dias. Menor deterioração da cor da carne

foi observada em bifes embalados em atmosferas contendo 75% de O2 que no vácuo, onde a carne apresentou descoloração transitória ou irreversível para ambos os sexos. A propriedade do CO possibilita a estabilidade da cor vermelha brilhante altamente estável e atrativa em carnes frescas. Os diferentes sistemas de embalagem não influenciaram no pH da carne bovina, porém, foi confirmado que carne originária de bovinos machos inteiros apresenta maiores valores de pH do que carne de fêmeas de descarte, sustentando a teoria de maior suscetibilidade ao estresse pré-abate do primeiro grupo. Os bifes apresentaram amaciamento gradual após maturação nos diferentes sistemas de embalagens. Sistemas de embalagem livres de oxigênio propiciaram maior maciez nas carnes quando comparadas com atmosferas contendo alto conteúdo de oxigênio. “A estabilidade oxidativa lipídica e proteica da carne foi drasticamente afetada pela presença de O2 na atmosfera modificada. O processo oxidativo foi observado na carne após maturação nos diferentes tipos de embalagem, porém, um processo acelerado foi favorecido pela presença do O2 em comparação às embalagens sem a presença deste gás” explica Priscila dos Santos.

Sem esclarecimentos Embora a qualidade da carne in natura seja assunto exaustivamente estudado pelos cientistas de carne, futuras pesquisas são certamente necessárias para a compreensão de diferentes aspectos chaves que continuam sem esclarecimentos. “Por ora, concluímos que sistemas de embalagem afetam diversos parâmetros de qualidade de carne, porém, é necessária a compressão dos mecanismos bioquímicos específicos ligados às alterações no produto, permitindo projetar estratégias e tecnologias mais eficazes na conservação dos atributos desejáveis ao consumidor”, conclui a pesquisadora. CAIO RODRIGO ALBUQUERQUE — ESALQ/USP

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OPINIÃO

Pela sobrevivência da citricultura paulista F ÁBIO

DE

S ALLES M EIRELLES

PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - FAESP

O

estado de São Paulo é o maior produtor de laranja do Brasil. A produção da safra 2012/2013 estimada pela indústria é de aproximadamente 364 milhões de caixas de laranja, das quais 244 milhões (2/3) são produzidas por cerca de 12.000 (doze mil) citricultores que comercializam diretamente sua fruta com as indústrias processadoras de suco de laranja e/ou com atacadistas e varejistas para consumo in natura. Atualmente, 8.000 (oito mil) produtores de laranja estão sem contrato vigente com as indústrias compradoras. Apesar de a laranjeira ser uma planta perene, os contratos oferecidos pelas indústrias são, em média, de dois anos, sendo, propositadamente, negociados durante o período de colheita, o que aumenta o poder de coação das indústrias e promove o aviltamento dos preços que serão praticados nas próximas safras. Portanto, do ponto de vista da indústria, que quer comprar a matéria-prima pelo menor preço possível, interessa a negociação em anos de conjuntura desfavorável no mercado (baixos preços). Preço A FAESP, por intermédio da Comissão Especial de Citricultura, vem mantendo reuniões para tratar da comercialização da safra 2012/13, incluindo o preço a ser pago pela caixa de laranja, na Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento — MAPA, o que já ocorreu em 30 de maio, e em 18 e 25 de junho deste ano. Estiveram presentes os mem-

bros da referida Comissão da FAESP e os representantes da indústria, por intermédio da CitrusBR, com a mediação do secretário executivo do MAPA. O setor industrial, aliás, reiterou, sua forma costumeira de agir, ao argumentar que parte da safra não seria absorvida e que somente poderia pagar pela caixa de laranja valores entre R$ 6,00 (seis reais) e R$ 8,00 (oito reais), ao passo que estudos técnicos promovidos pela Companhia Nacional de Abastecimento — CONAB, em fevereiro de 2011, demonstram que o custo de produção da caixa de laranja em Bebedouro-SP, região altamente produtiva do setor, foi de R$ 13,90 (treze reais e noventa centavos). Estudos mais recentes apontam para custo ainda mais elevado na safra 2012/13. Oferta afrontosa Portanto, tal oferta é nitidamente afrontosa, enganosa e oportunista com uma categoria de produtores que tem contribuído, ao longo de décadas, fortemente para desenvolvimento socioeconômico do País, seja por intermédio da geração de postos de trabalho e renda, tributos arrecadados na cadeia produtiva e geração de divisas pelas suas exportações. A oferta a preço vil é uma clara disposição do setor industrial em aniquilar uma categoria profissional com base no abuso do poder econômico, estabelecido por um seleto grupo de empresas, que atua conjuntamente em muitos momentos da cadeia citrícola, entre outras formas, na fixação de preços das cai-

xas de laranja, evitam adquirir frutos de produtores que mantêm ou mantinham contratos com suas concorrentes, de modo que uma indústria não prejudique outra, em uma verdadeira exemplificação do que se denomina cartel. Super safra de laranja A imprensa divulgou, recentemente, informações da existência de uma supersafra de laranja, como também de elevados estoques de suco concentrado, o que repercutirá em acentuada queda nos preços da caixa de laranja na safra 2012. É preciso avaliar, com profundidade, as referidas informações, posto que, se houve estoque de suco concentrado, este ocorreu por conveniência e estratégia mercadológica da própria indústria. Ora, se há excesso de produção e estoque, obviamente o setor industrial vai processar primeiramente a sua própria produção, estimada em 120 milhões de caixas de laranja, como já vem ocorrendo, segundo informações obtidas por esta Federação, para, somente então, comprar

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as caixas de laranja dos pequenos e médios produtores de laranja. Perdas Na presente, data há indícios de perdas superiores a 5 milhões de caixas de laranja, sendo que a concretização do cenário desenhado pelo setor industrial resultará em perdas próximas a 80 milhões de caixas de laranja, pois a inexistência de contratos implica na queda dos frutos e apodrecimento. É lamentável que isso ocorra ao mesmo tempo em que a indústria vem expandindo sua produção própria (que desloca a produção dos pequenos citricultores) e que ainda convivemos com um elevado patamar de fome e desnutrição. Infelizmente, é isso mesmo que ouvimos, para o representante da CitrusBR, o excedente de 80 milhões de caixas de laranja tem valor atual de mercado igual a zero (R$ 0,00). Competição

DANIEL BARRETO

Em uma economia de mercado, a competição e o nível concorrencial entre as empresas atuantes no

setor são fundamentais para garantir a adequada alocação dos recursos, a eficiência na comercialização e o bem-estar dos consumidores. A concentração econômica, por outro lado, representada pelo oligopsônio/oligopólio (poucos compradores/vendedores) pode ser extremamente danosa à economia do país, principalmente quando converge para ações que visam à extinção de categorias das cadeias produtivas (citricultores), caso que vivenciamos pela concentração horizontal e vertical das indústrias processadoras de suco de laranja. Essa política do setor industrial prejudica também os trabalhadores rurais e todos os demais segmentos ligados à citricultura. A história, senhora da razão, parece se repetir, conforme se comprova por matéria jornalística de 3 de dezembro de 1999, do Caderno de Negócios do jornal O Estado de S. Paulo, demonstrando que a forma de atuação e o massacre aos citricultores são recorrentes, sendo que a indústria sem-

pre protege a si e transfere todos os ônus e desacertos conjunturais aos citricultores, via preços baixos e/ou não aquisição dos frutos, mesmo que isso implique no seu apodrecimento. Sustentabilidade Estes fatos nos levam à conclusão de ser premente a transformação da atual realidade com o intuito de construir condições dignas de sustentabilidade da citricultura paulista. Acreditamos que isso só será possível com a definição de um projeto de lei com a finalidade de restringir a verticalização industrial, limitando o plantio e a moagem de fruta própria pela indústria. Como podemos entender as reflexões apresentadas se várias indústrias processadoras de suco de laranja adquiridas pelo grupo dominante do setor estão paralisadas? Uma pergunta fica no ar: estamos caminhando celeremente para um cartel ou este cartel já existe? Em protesto, produtores distribuem gratuitamente laranjas à população

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EMPRESAS SOS Mata Atlântica, revelou que os rios brasileiros não possuem água de qualidade. Para se ter uma ideia, foram realizadas 49 avaliações em 11 estados diferentes, sem que nenhum dos pontos conseguisse alcançar os níveis “bom” ou “ótimo” – 75,5% foram classificados como “regular” e 24,5% “ruim”.

Qualidade da água

BERACA

A preocupação envolve também a qualidade das águas dos mananciais – fontes de água, superficiais ou subterrâneas, que podem ser usadas para o abastecimento público – incluindo não apenas os rios, mas lagos, represas e lençóis freáticos. Segundo José Eduardo Donato, gestor da Área de Water Technologies da Beraca, é crescente a procura por novos produtos que possam ser aplicados em mananciais cada vez mais poluídos utilizados para o abastecimento de áreas urbanas. “Percebemos que as administrações públicas estão cada vez mais interessadas em soluções que possam resolver a poluição provocada pela degradação ambiental, fruto de uma série de fatores como o não tratamento adequado de esgoto doméstico ou resíduos industriais”, afirma o especialista.

ÁGUA TRATADA

Tecnologia sustentável

Poluição de mananciais aumenta procura por insumos para tratamento da água potável nos municípios Elemento fundamental para a vida, a água é uma grande preocupação global. Pesquisa recente divulgada pela Fundação

GÁS LP: ALTERNATIVA AO USO DOS AGROTÓXICOS Supergasbras e Lazo lançam sistema que livra as lavouras das pragas de maneira saudável A Supergasbras, empresa do grupo SHV Energy, líder mundial na distribuição de Gás LP, está investindo em soluções ecológicas e comercialmente viáveis para o agronegócio. Um dos destaques é a nova tecnologia para o controle de pragas e doenças no setor agrícola. Com investimento de R$ 5 milhões em pesquisa para o desenvolvimento do projeto no Brasil, a Supergasbras está utilizando o Gás LP para combater pestes prejudiciais às plantações. O objetivo é minimizar o uso de pesticidas na lavoura. A máquina TPC (Thermal Pest Control), criada pela chilena Lazo, é patenteada e utiliza um sistema de combustão de Gás LP para esquentar o ar a altas temperaturas. O equipamento é rebo-

A Beraca, uma das empresas brasileiras que mais investem em tecnologias sustentáveis para o tratamento de águas, por meio da divisão Water Technologies, fornece o dióxido de cloro, muito recomendado para esse tipo de aplicação. Recentemente, a empresa ganhou as licitações da DESO - Companhia de Saneamento de Sergipe, e da Coden – Companhia de Desenvolvimento, em Nova Odessa - SP.

cado por um trator convencional e à medida que o ar quente é lançado em alta velocidade sobre os cultivos, vai matando ou danificando os insetos, suas larvas e ovos, bem como desidratando os fungos, eliminado bactérias, estimulando os mecanismos de autoproteção das plantas e melhorando sua polinização. A técnica tem demonstrado também que as frutas e verduras produzidas têm melhor qualidade. Além disso, reduz o custo de produção e aumenta a produtividade da lavoura.

Produção de uva No Brasil, devido aos avanços realizados pela Supergasbras, a nova tecnologia está sendo usada na produção de uva, despertando grande interesse comercial em virtude da representatividade de exportação do Brasil e da produção de vinho. A Supergasbras também apresentou o projeto na convenção internacional da empresa e diversas unidades se interessaram em levar a tecnologia para seus países, como Itália, Turquia e França. SUPERGASBRAS

A máquina de TPC minimiza o uso de pesticidas nas lavouras

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