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O que o
COOPERATIVISMO
pode fazer por você?
O que é
COOPERATIVISMO?
O cooperativismo é a união de pessoas com objetivos econômicos, sociais e culturais comuns que têm a participação democrática, a solidariedade e a autonomia como referências fundamentais dos seus princípios. Como fruto dessa união, nasce uma organização cuja gestão baseiase na liberdade humana, na cooperação e na ajuda mútua com características legais específicas e que se propõe a obter um desempenho eficiente através da qualidade e da confiabilidade dos seus produtos e serviços. O cooperativismo é uma força que movimenta o país, gerando melhoria na qualidade de vida, emprego e renda, além de contribuir para a sustentabilidade e o desenvolvimento social.
O que é a
O que é o
OCB/RJ?
SESCOOP/RJ?
A Federação e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Rio de Janeiro (OCB/RJ) representa as cooperativas fluminenses, defendendo seus interesses perante as autoridades e a sociedade.
O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Rio de Janeiro (Sescoop/RJ) realiza a capacitação e o treinamento de pessoas envolvidas no movimento cooperativista dirigentes, funcionários, cooperados e familiares.
A OCB/RJ atua nos 13 ramos do cooperativismo, garantindo, assim, um crescimento contínuo. São eles: agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte e turismo.
O Sescoop/RJ tem como finalidade o incentivo à criação de novas cooperativas, a promoção social, monitoramento e o auxílio à gestão da instituição, dando orientações técnicas, administrativas, de tecnologia da informação, jurídicas e contábeis para o pleno funcionamento da cooperativa.
A OCB/RJ exerce ainda importante papel de representação política das cooperativas junto aos órgãos legislativos nas esferas municipal e estadual no Rio de Janeiro.
O Sescoop/RJ dá suporte à OCB/RJ e participa de todo o desenvolvimento social do trabalhador em cooperativa.
Na hora de contratar produtos e serviços, informese sobre as cooperativas que atuam no Estado do Rio de Janeiro. Oferecemos cursos gratuitos para cooperados, empregados e familiares de cooperativas filiadas e adimplentes ao Sistema OCB/SescoopRJ.
Entre em contato para saber mais. (21) 22320133 w 2_Animal w w . oBusiness-Brasil cbrj.coop.br
uma publicação da:
Por mais que a indústria de plástico consiga produtos parecidos e de boa qualidade, o couro continua sendo insubstituível nas aplicações mais nobres, como a forração dos carros de luxo, as bolsas, os casacos, os sapatos, as luvas e as pastas dos executivos, por exemplo. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de couro do mundo, com 700 empresas do ramo, e essa atividade continua em ascensão: entre os anos 2000 e 2011 as exportações aumentaram de U$ 700 milhões para US$ 2,2 bilhões. Nesta edição, o leitor ficará conhecendo, em detalhes, o que é, como funciona e a multiplicidade dos serviços que o SEBRAE vem prestando e como poderá beneficiar-se deles em seu negócio. Destaco, entre outras matérias “para ler e guardar” a entrevista do engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, embaixador da FAO (ONU) para o Cooperativismo e exministro da Agricultura, sobre o novo cooperativismo brasileiro, que, livre das mazelas do passado, é responsável por quase a metade do PIB agrícola brasileiro. A produção de camarão marinho representa, na atualidade, um dos segmentos mais organizados do setor pesqueiro nacional no qual o Ceará ocupa lugar de destaque, como o leitor verá em matéria ilustrada publicada nesta edição. Neste número, o primeiro do segundo ano da Animal Business-Brasil, estamos lançando mais uma seção – Economia Agrícola – sob a responsabilidade do Dr. Fernando Roberto de Freitas Almeida, professor do Instituto de Estudos Estratégicos, da Universidade Federal Fluminense.
As much as the plastic industry may find similar and good quality products, leather is still irreplaceable in nobler applications, as the upholstery of luxury cars, purses, coats, shoes, gloves and executive briefcases, for example. Brazil is one of the largest leather producers and exporters in the world, with 700 companies in the sector, and this activity is rapidly rising: between the years of 2000 and 2011, exports increased from US$ 700 million to US$ 2.2 billion. In this edition, the reader will find out, in details, what it is, how it works and the series of services SEBRAE has been providing and how your business can benefit from them. I highlight, among other “read and save” articles, the interview with agronomist engineer Roberto Rodrigues, FAO (ONU) ambassador for Cooperativism and ex-minister of Agriculture, on the new Brazilian cooperativism which, free from the ills of the past, is responsible for almost half of the Brazilian agricultural GDP. The production of marine shrimp represents, nowadays, one of the most organized segments of the national fishing sector, in which Ceará occupies an outstanding position, as the reader will discover in an illustrated article published in this edition. In this issue, the first in the second year of Animal Business-Brasil, we are launching one more section – Agricultural Economics – under the responsibility of Dr. Fernando Roberto de Freitas Almeida, Professor at the Institute of Strategy Studies, at the Federal Fluminense University.
Luiz Octavio Pires Leal Editor
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Os craques da raça quarto de milha The American Quarter Horse Aces Por/Text roberto arruda de souza Lima • Mateus Manara Picoli Leonardo de aro galera • adriana reali saler
Sumário
Originária dos Estados Unidos, a raça Quarto de Milha chegou ao Brasil em 1955, através de importação de animais pela Swift-King Ranch. Desde então a criação nacional tem apresentado expressivo crescimento tanto qualitativo quanto no número de criadores e de animais. Embora ainda concentrado no Estado de São Paulo (ver Figura 1), hoje a raça está distribuída por todo o Brasil, sendo que alguns criadores possuem animais também no exterior. O Quarto de Milha é um cavalo caracterizado pela versatilidade, atuando em diversas modalidades, como a corrida, conformação, baliza, tambor, laço comprido e vaquejada Summary Originally from the United States, the American Quarter Horse arrived in Brazil in 1955, through the import of animals carried out by Swift-King Ranch. Since then, national breeding has presented an expressive growth in both quality and number of breeders and animals. Though still concentrated in the State of São Paulo (see Figure 1), this breed is nowadays distributed all over Brazil, and some breeders also have animals abroad. The American Quarter Horse is characterized by versatility, acting in several disciplines, such as racing, conformation, pole bending, barrel racing, calf roping and Brazilian rodeo.
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Nas corridas de Quarto de Milha, o principal centro brasileiro e da América Latina é o Jockey Club de Sorocaba (SP), que distribui cerca de R$ 3 milhões em prêmios anualmente. Pelas estatísticas disponíveis no Jockey Club, o criatório que tem se destacado tanto em número de vitórias quanto em somas ganhas, conquistando o título de Criador Líder das últimas duas Décadas é o Haras Fazenda Bela, localizado em Capela do Alto (SP). As Tabelas apresentam as estatísticas do Jockey nos últimos anos confirmando que muitos craques da raça são criados nesse haras. Os cavalos do Haras Fazenda Bela correm não apenas no Jockey Club de Sorocaba, mas também em outros estados – como Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraná, Matogrosso, Matogrosso do Sul, Rio Grande do Sul – e em países vizinhos como Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai. Recentemente, por exemplo, seu animal Dash Glory Ease finalizou os 402 m do GP South America Challenge em 21,47s, que além da vitória, o credenciou para correr o Bank of America Challenge Championship, no hipódromo de Prairie Meadows (Iowa, Estados Unidos), que confere bolsa de US$ 350.000 e vaga para o Champion of Champions. O Haras Fazenda Bela, fundado em 1976 por Wellington Germano de Queiroz, produz anualmente uma média de 50 nascimentos, que são criados dos 19 aos 23 meses. Seus animais são comercializados em seu próprio leilão anual (Leilão Gold). Além de cavalos de corrida, seus produtos também são campeões nacionais em outras modalidades, como tambor, baliza e vaquejada. Figura 1 – Brasil: distribuição da tropa de quarto de milha. BA 3,2% RS 4,2%
PE 2,7%
Outros 14,0% SP 49,3%
GO 4,3% MS 6,3%
MG 6,5%
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PR 9,5%
Na visão de seu administrador, O Médico Veterinário Ricardo Arsentales Esquerre, o mercado de cavalo no Brasil encontra-se em franca expansão. A importação é vista como uma necessidade, já que as linhagens devem ser renovadas constantemente. O Haras trouxe para o Brasil, por exemplo, os campeões mundiais Super Sound Charge, recordista e produtor de animais igualmente vencedores, e Ronas Ryon, ganhador do All American Futurity e com cerca de 1,8 milhões de dólares em prêmios, hoje conta com Holland Ease (Millionaire Sire), um dos mais importantes animais da indústria Equina Mundial da atualidade, como seu Garanhão Chefe. O Haras também considera as exportações com perspectivas otimistas, uma vez que a criação nacional já atingiu nível de excelência. A crescente profissionalização verificada nas atividades equestres, como exemplificado com o caso de sucesso do Haras Fazenda Bela, permite projeções favoráveis para o mercado, interno e externo, envolvendo a criação nacional, que tem obtido desempenho destacado nas diversas modalidades esportivas.
Tabelas: Estatísticas do Jockey Club de Sorocaba, segundo o critério de Vitórias, Colocações e Somas Ganhas: Jockey Club de Sorocaba Resumo Estatística 1990 à 2011 Criador COL 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
NOME 1ª Haras Fazenda bela LTDA. 449 Gianni Franco Samaja 385 Fernando Muniz de Souza 185 Erico de Oliveira Braga 176 Haras Vista Verde 143 Haras Rancho das Américas 141 José Nelson Fakri 128 Plínio de Rezende Kiehl 104 Cezar Augusto Pereira Machado 66 Haras São Matheus 59
2ª 474 351 131 151 133 126 137 88 43 67
3ª 436 348 119 115 128 108 119 87 40 65
4ª 5ª 322 179 218 121 111 62 66 49 76 43 76 47 81 67 43 25 35 23 42 22
PRÊMIO 5.302.670,22 5.097.536,77 1.704.402,49 1.537.888,10 1.601.613,50 2.111.715,00 653.518,30 1.333.864,98 1.455.696,55 543.980,00
2ª 335 255 133 114 88 59 52 40 67 64
3ª 4ª 5ª PRÊMIO 273 322 294 4.611.029,32 241 253 90 4.590.571,57 128 76 43 1.601.613,50 103 68 45 1.992.555,00 73 47 39 1.246.677,50 58 18 9 1.319.564,98 53 52 24 1.457.429,49 39 35 21 1.450.816,55 65 42 22 543.980,00 64 49 31 833.597,24
Jockey Club de Sorocaba Resumo Estatística 2000 à 2011 Criador COL 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
NOME 1ª Haras Fazenda bela LTDA. 295 Gianni Franco Samaja 281 Haras Vista Verde 143 Haras Rancho das Américas 129 Erico de Oliveira Braga 98 Plínio de Rezende Kiehl 74 Fernando Muniz de Souza 74 Cezar Augusto Pereira Machado 64 Haras São Matheus 59 Haras Flor do Campo 57
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Criação de camarões é atividade em franco desenvolvimento no Ceará Shrimp Farming - a rapidly developing activity in Ceará
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Sumário
Um setor com capacidade para quintuplicar sua produção. Essa é a situação da criação de camarões (carcinicultura) cearense, uma atividade que surgiu em meados da década de 70 e consolidou sua escala de produção e maturidade no início dos anos 2000. Junto com os demais estados nordestinos, a produção de camarão marinho representa atualmente, o segmento mais organizado do setor pesqueiro nacional. Só os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte participaram com 70% da produção brasileira de camarão cultivado, em 2011. Os 30% restantes foram distribuídos entre os estados de Pernambuco, Paraíba, Piauí, Sergipe, Bahia, Maranhão, Pará e Santa Catarina. O presidente da Associação Cearense dos Produtores de Camarão, Cristiano Peixoto Maia, anuncia que a expectativa para o aumento da produção de camarão para 2012, em relação ao cultivo do ano anterior, seja de nove e meio por cento. Já o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, Itamar Rocha, adverte que a falta de crédito para o desenvolvimento tecnológico, prospecção de mercado e investimentos estruturantes concorre para o atraso da carcinicultura brasileira.
Summary A sector capable of witnessing a fivefold increase of its production. That’s the situation of shrimp farming in Ceará, an activity that emerged in the mid-70s and saw its production and maturity scale consolidate in the beginning of the 2000s. Along with other Northeast states, the production of marine shrimp currently represents the best organized segment of the national fishing sector. The states of Ceará and Rio Grande do Norte alone were responsible for 70% of the Brazilian production of farmed shrimp in 2011. The other 30% were distributed among the states of Pernambuco, Paraíba, Piauí, Sergipe, Bahia, Maranhão, Pará and Santa Catarina. The president of the Ceará Association of Shrimp Farmers, Cristiano Peixoto Maia, announces that shrimp production, in 2012, is expected to increase nine and a half percent in relation to the previous year. The president of the Brazilian Association of Shrimp Farmers, on the other hand, warns that the lack of credit for technological development, market prospection and structural investments contribute to the delay of the Brazilian shrimp farming.
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Durante o período de 2000 a 2004, quando as exportações brasileiras de camarão chegaram a representar 75% da produção nacional, os centros de processamento foram utilizados em sua plena capacidade. Atualmente, com o crescimento da demanda interna para o camarão in natura, parte da capacidade instalada está ociosa. No Brasil, pesquisas realizadas durante 15 anos com a espécie de camarão Litopeneus vannamei, oriundo da costa sul-americana do Oceano Pacífico, apontou para a maior viabilidade técnica e econômica desse tipo de crustáceo, sendo atualmente a espécie que domina 100% da carcinicultura brasileira. Essas mesmas pesquisas apontaram para a especial vocação do cultivo do camarão marinho para promover a inclusão social no Nordeste e a distribuição da riqueza no campo. Os centros de processamento do camarão antes de seu envio ao mercado consumidor, que operam em recintos protegidos e resfriados, oferecem também oportunidades de trabalho para a mão de obra feminina, considerado o segmento de maior potencial do Nordeste em relação à demanda dessa mão de obra. No auge das exportações setoriais, em 2003, as mulheres participaram com 14 por cento dos 50.000 empregos diretos gerados pela carcinicultura no Nordeste. Na região nordestina, são cerca de 20 mil hectares cultivados de produção de camarão em cativeiro, o que representa 98 por cento de sua infraestrutura produtiva. Já no Ceará, a extensão da área atual voltada para a atividade da Carcinicultura é de 5.760 hectares, divididos em cinco polos produtores e 180 empreendimentos. É por isso que um dos desafios do setor foi sempre o de buscar um modelo de produção sustentável que integre geração de emprego e renda e a otimização do uso do capital e dos recursos naturais e desenvolvimento humano. Evolução Com expectativa de produção de 35 mil toneladas para este ano de 2012, o que representa um aumento de cerca de 9,5% em relação ao ano passado, o Ceará ocupa, desde 2010, a liderança na criação de camarão em cativeiro. Um ótimo resultado já que no momento atual, o setor da carcinicultura brasileira, praticamente concentrado na região Nordeste e em especial no Ceará, passa por um processo de plena reativação e a quase totali12_Animal Business-Brasil
dade de sua produção, cerca de 99% das 70 mil toneladas produzidas no Brasil, em 2011, foram destinadas ao mercado interno. Os produtores do setor advertem para a importância da carcinicultura instalada no meio rural do Nordeste, sendo a produção de camarão em cativeiro uma atividade do setor primário da economia regional que mais gera emprego por unidade de área trabalhada. Para se ter uma ideia da importância da atividade para o setor primário nordestino, 37.800 é o total de empregos diretos gerados em 20 mil hectares de área cultivada, na região. No Ceará, que tem uma extensão de 5.760 hectares de cultivo, são gerados 10.886 empregos diretos, de acordo com estudos realizados pela Universidade Federal de Pernambuco e confirmados pela Associação Cearense dos Criadores de Camarão. Durante o período de 2000 a 2004, quando as exportações brasileiras de camarão chegaram a representar 75% da produção nacional, os cen-
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tros de processamento de camarão foram utilizados em sua plena capacidade. Atualmente, com o crescimento da demanda interna para o camarão in natura, parte da capacidade instalada está ociosa. “A plena utilização dessa capacidade instalada, pelo fato de demandar o uso de intensiva mão de obra, somente se viabilizará caso sejam adotados incentivos, especialmente a desoneração da folha de pagamento e a isenção do PIS/COFINS nas vendas internas e na aquisição de insumos”, alertam os produtores. Em 2003, ano de maior volume do camarão exportado, 58.455 toneladas, as indústrias de processamento de camarão geraram cerca de 7 mil empregos diretos para a mão de obra feminina no meio rural do Nordeste. O que correspondeu a 14% do total de emprego direto gerado pelo setor. O presidente da Associação Cearense dos Criadores de Camarão, Cristiano Peixoto Maia, informa que praticamente toda a produção nacional do camarão cultivado foi absorvida pelo mercado interno, somente uma quantidade inexpressiva foi exportada, cerca de 108 toneladas. Segundo ele, até 2006, 80% da produção de camarão eram exportados, das quais 70% se destinavam aos Es14_Animal Business-Brasil
tados Unidos. Com a ação antidumping imposta pelos Estados Unidos, os produtores redirecionaram a produção para o mercado interno, o que resultou na baixa de preço. O valor médio do camarão, na fazenda, atualmente, gira em torno de R$ 10,00. Sustentabilidade O engenheiro de Pesca e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE – Acaraú), Márcio Bezerra, reconhece que o debate sobre a sustentabilidade ambiental da carcinicultura marinha brasileira encontra-se ideologizado há pelo menos dez anos. “Sem dúvida, essa discussão tem sido um dos grandes responsáveis no impedimento da racionalização desse debate entre os grupos de interesse envolvidos, em detrimento da utilização de fundamentação técnica e científica para subsidiar acusações e defesas destes grupos”. Segundo Márcio Bezerra, essa posição acarreta diretamente no comprometimento da gestão executiva pelo poder público dos recursos naturais onde a carcinicultura está inserida, além de confundir a opinião pública. O pesquisador afirma que estudos técnico-científicos recentes têm mostrado, claramente, que
novas informações de uso e ocupação de áreas pela atividade e a qualidade das águas dos viveiros de produção, trazem conclusões e evidências que comprovam que os impactos de natureza ambiental da carcinicultura no Ceará não indicam comprometimento das funções ambientais dos seus ecossistemas dos quais a própria atividade depende para seu sucesso. Ainda sobre o tema, o estudo indica que tais evidências científicas contrapõem o estigma ou o mito criado de “grande vilão” da zona costeira do Ceará e do Brasil que foi ideologicamente transferido para a atividade sem a devida fundamentação. Numa discussão de cunho técnico e científico, é importante distinguir entre posicionamentos técnicos e opiniões leigas, observar com atenção as referências e os critérios utilizados para a avaliação correta dos reais impactos da atividade. Márcio Bezerra conclui que o mais importante “é buscar nesse processo de consolidação da aquicultura, em especial, da carcinicultura, uma cultura periódica que identifique problemas relativos à atividade”. Essas questões, segundo o professor, podem ser minimizadas, através da busca de soluções sustentáveis com informações técnico-cientí-
ficas que existem sobre o assunto. Essas medidas possibilitam aproveitar melhor o potencial ambiental e desfrutar com prudência e desenvolvimento essa reconhecida atividade produtiva em nossa zona costeira brasileira. O Presidente da Associação Cearense de Criadores de Camarão (ACCC), Cristiano Maia, destaca o quanto o setor tem gerado em crescimento econômico importante nas regiões em que se cultivam o camarão. Ele informa que a Associação se preocupa em acompanhar as fazendas produtoras do crustáceo e o que ele percebe é que os produtores têm melhorado a eficiência da produção. A carcinicultura é uma atividade que tem se expandido no interior do Estado. O potencial empregatício, segundo o presidente da ACCC, é promissor. São 180 produtores cadastrados no Ceará, gerando cerca de 11 mil empregos diretos. Da empregabilidade se beneficiam homens e mulheres que moram nas comunidades no entorno das fazendas de cultivo de camarão em cativeiro. O maior município produtor é Aracati, seguido de Acaraú. Em todo o Estado são cinco principais polos produtivos: Coreaú, Acaraú, Curu, Baixo e Médio Jaguaribe. Animal Business-Brasil_15
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O novo cooperativismo brasileiro é responsável por 48% do PIB agrícola The new Brazilian cooperativism is responsible for 48% of the agricultural GDP
Entrevista Roberto Rodrigues Membro da Academia Nacional de Agricultura
Sumário
O velho cooperativismo brasileiro, tutelado pelo Governo, faliu em consequência de várias causas com destaque para os desequilíbrios oriundos dos planos de Estabilização da economia que algumas administrações despreparadas não conseguiram enfrentar. Exemplos disso são a Cooperativa Agrícola de Cotia, a Sul Brasil, Central Sul, Ijuí, verdadeiros ícones do setor agropecuário, e diversas outras espalhadas pelo território nacional, que não souberam ou não puderam acompanhar a modernização do agronegócio. No lugar delas surgiram outras, modernas, eficientes e fundamentais para o desenvolvimento do País. É o novo cooperativismo brasileiro, surgido depois do fracassado Plano Collor. É deste novo cooperativismo que nos fala o ex-presidente da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, ex-ministro da Agricultura e atual Embaixador da FAO para o Cooperativismo e Coordenador de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, o engenheiro-agrônomo Roberto Rodrigues. Summary The old Brazilian cooperativism, supervised by the government, collapsed due to a series of causes, especially the unbalances arising out of economy stabilization plans that some unprepared administrations were unable to face. A few examples of these are the Cotia Agricultural Cooperative, the Sul Brasil, Central Sul, Ijuí, true icons of the agriculture and livestock sector and several others scattered all over national territory, which did not know or could not keep up with the modernization of the agribusiness. In their place, many others came, modern, efficient and essential to the development of the Country. It is the new Brazilian cooperativism, that emerged after the failure of the Collor Plan. It is about this new cooperativism that the former president of OCB – The Brazilian Cooperative Organization, former minister of Agriculture and current FAO Ambassador for Cooperativism and Agribusiness Coordinator at Getúlio Vargas Foundation, the agronomist engineer Roberto Rodrigues, tells us.
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“Fora da tutela do Estado nasceu um novo cooperativismo no Brasil” P - Qual a importância do cooperativismo no atual agronegócio brasileiro? É grande. Informações atualizadas dão conta de que quase metade (48%) da produção agropecuária vem das cooperativas, sendo que uns produtos – como o café e o açúcar– prevalecem sobre outros. Em relação aos animais e produtos de origem animal o cooperativismo é fundamental na produção de frangos, de suínos e de leite, por exemplo. Essas são áreas em que o cooperativismo é muito poderoso. Algumas cooperativas do sul do País têm papel preponderante na produção de suínos e de aves. A Cooperativa Aurora, em Chapecó, é um exemplo notável de trabalho cooperativado. No Paraná, funciona a Cooperativa Palotina, a Cooperativa Lar, a Cooperativa de Cafelândia, a de Campo Mourão, a de Maringá e diversas outras muito importantes como a Batavo (leite e laticínios). De duas décadas para cá, começaram a surgir cooperativas modernas e bem administradas sem os erros do velho cooperativismo. P - No caso da produção de frangos de corte, assunto em que o Brasil é campeão, a maior parte não é feita pelas integrações capitaneadas pelas grandes indústrias de alimentos? Nas integrações, o criador recebe os pintos e a ração, e entrega o frango em idade de abate, ou seja, o risco fica com ele. Nas cooperativas o produtor é sócio dos abatedouros, participando de todo o processo de produção. Continua sendo um processo integrado, mas com esse importante diferencial da participação do criador na área industrial. E o mesmo acontece no caso da produção de leite e laticínios. P - Na sua opinião, o cooperativismo é o melhor caminho, a melhor opção? Há décadas esse sistema de produção teve muito prestígio, com as grandes cooperativas, como a Cooperativa Agrícola de Cotia, a Sul Brasil e tantas outras. 18_Animal Business-Brasil
Mas elas fecharam as portas. Por que, agora, o cooperativismo seria ou será uma boa opção? Como doutrina, o cooperativismo tem mais de três séculos, mas as cooperativas nasceram na Inglaterra como uma resposta à Revolução Industrial, na metade do Século XIX, à exclusão social e à concentração da riqueza. Antes da Revolução Industrial a renda dos habitantes dos países europeus decorria do trabalho artesanal, individual. No caso da produção de tecidos, por exemplo, cada um tinha a sua roca, no fundo do quintal, para produzir as roupas da família, e assim por diante, e o “comércio” era feito em grande parte através das trocas, do escambo. Com o advento da Revolução Industrial, iniciada com a indústria da fiação e da tecelagem, a produção doméstica individual desapareceu e milhares de produtores passaram a ficar em situação dramática, excluídos do processo produtivo. Foi quando começou um processo inclusivo, possibilitando a esses milhares de produtores artesanais a volta – integrados – ao mercado, ou seja, além de voltarem a participar do mercado, verticalizando sua atividade, passaram a mitigar a concentração de riqueza. Essa foi a “outra face da moeda” da Revolução Industrial. As cooperativas, portanto, surgiram como uma resposta aos problemas socioeconômicos gerados pela Revolução Industrial. P - Qual a razão da Organização das Nações Unidas (ONU) ter declarado 2012 como o Ano Internacional do Cooperativismo? As cooperativas são um instrumento que mitiga a concentração de riqueza e a exclusão, e estas, levadas ao paroxismo, são inimigas da paz. E como a ONU tem como papel preponderante promover a paz mundial, considera o movimento cooperativista um bom instrumento com esse objetivo. E há todo um trabalho sendo desenvolvido, no mundo todo, para que o cooperativismo seja incluído na lista das atividades dignas de serem agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz.
“O movimento cooperativista ajuda a promover a paz mundial”
“Cooperativa é uma empresa baseada em valores. Ela não busca lucro e sim presta serviços para que o cooperado tenha lucro” P - Quais as causas principais do fracasso das antigas grandes cooperativas agrícolas? E por que que é lícito esperar-se que fracassos semelhantes não acontecerão daqui para a frente? Elas desapareceram por duas razões: a primeira foram as crises determinadas pelos antigos planos que regeram a economia e criaram índices diferentes para corrigir dívidas e preços agrícolas, como aconteceu no Plano Collor. As dívidas foram corrigidas em 84% e os preços em 44%. O produtor ia dormir tranquilo, com sua dívida a ser paga, e acordava com uma dívida impossível de ser paga. Isso produziu um desequilíbrio muito grande na agricultura. E os agricultores, quebrados, não tinham como liquidar seus compromissos com as cooperativas. Esse fato determinou uma outra questão que foi a profissionalização da administração das cooperativas. Elas perceberam que não havia mais espaço para o amadorismo. A cooperativa é uma extensão da atividade individual de cada pessoa. Pequenos produtores que não podem ter determinados bens – como armazéns, tratores, caminhões, silos, abatedouros, frigoríficos, etc. – individualmente, têm como utilizá-los de forma cooperada. A segunda razão é que antes da Constituição de 1988, para criar uma cooperativa no Brasil, havia a obrigação de apresentar para o governo um Plano de Viabilidade Econômica para a obtenção de uma AF (Autorização de Funcionamento). Mas, na Constituição de 1988, conseguimos incluir um artigo que proíbe a intervenção governamental nas cooperativas e isso foi uma verdadeira revolução no cooperativismo. Foi instituída a autogestão, o que as tirou da tutela do Estado e as obrigou a buscar a eficiência. A definição é clara: a cooperativa é uma empresa baseada em valores. A cooperativa não busca lucro. Ela presta serviços para que os cooperados tenham lucro. Animal Business-Brasil_19
a missão do sEBraE no agronegócio
The mission of SEBRAE in Agribusiness
Sumário
O SEBRAE tem como missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas. No caso das empresas rurais, a incorporação de tecnologia aos seus processos produtivos, o fortalecimento do associativismo e o acesso ao crédito e ao mercado são fundamentais para a competitividade desses negócios. 20_Animal Business-Brasil
Summary SEBRAE has the mission of promoting competitiveness and sustainable development of micro and small companies. In the case of rural companies, the incorporation of technology to production processes, the strengthening of associations and the access to credit and the market are essential to the competitiveness of these businesses.
O Estado do Rio de Janeiro, por suas características fundiárias e de relevo, reúne muitas pequenas propriedades, onde predominam pequenos empreendimentos rurais de base familiar. Grande parte desses empreendimentos contribui significativamente para a economia de muitos municípios do interior do estado. Essa produção agropecuária tem, por proximidade, à sua disposição, um grande mercado consumidor, do próprio Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Para competir nesse mercado, esses produtores precisam buscar a diferenciação de seus produtos, já que não é possível competir por escala. Para isso, dependem basicamente de dois fatores, organização e tecnologia. Portanto, a busca da competitividade dos pequenos negócios rurais do Estado do Rio de Janeiro, está diretamente relacionada à capacidade de
esses empreendimentos buscarem o aumento de produtividade, certificações, a implantação de Boas Práticas, embalagens diferenciadas, Indicações Geográficas, selos de garantia de qualidade, designer diferenciado, e muita inovação em seus processos e estruturas. O SEBRAE desenvolve várias ações e projetos que visam aumentar a competitividade dos empreendimentos rurais no mercado regional e nacional. Conheça algumas formas que o SEBRAE, no Rio de Janeiro, pode ajudar a expandir o seu empreendimento agropecuário: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO. • O SEBRAE disponibiliza um consultor para ser um facilitador no direcionamento e organização Animal Business-Brasil_21
das propostas de grupos setoriais, formado por produtores, instituições, poder público, universidades e outros. O Planejamento Estratégico permite planejar ações em conjunto, estabelecendo metas e indicadores de monitoramento e proporcionando integração e convergência das instituições que atuam no setor. INOVAÇÃO E TECNOLOGIA • Através da ferramenta Sebraetec é possível custear até 80% do valor de consultorias para: • I novação em produtos, processos, marketing e gestão organizacional; • Implementação de Boas Práticas de produção; • Aumento da eficiência; •E liminação de desperdícios e redução de custos de produção; • Criação de design de embalagens e/ou produtos; • Melhoria da qualidade de produtos e processos; Conheça melhor cada um deles, acessando o site: http://www.sebrae.com.br/customizado/inovacao/inovacao-e-tecnologia-nos-setores/agronegocios SBRT O SBRT – Sistema Brasileiro de Respostas Técnicas – pode orientar o empresário na solução de problemas em seu produto, mesmo que ele ainda não exista. Trata-se de uma rede formada por instituições de grande reconhecimento nacional que fornecem gratuitamente informações tecnológicas para melhorar a qualidade do produto ou processo produtivo. É um Banco de Informação formado por Respostas e Dossiês Técnicos, em diversos segmentos de agronegócios, indústria e serviços, que podem ser acessados de imediato. Caso o empresário não encontre a informação que deseja, é só cadastrar uma solicitação que os especialistas irão atendê-lo. O SBRT atende demandas de empresários e empreendedores que necessitam de informações técnicas para melhoria de produtos e processos, visando melhorar o desempenho do seu negócio. No Rio de Janeiro, o SEBRAE disponibiliza a ferramenta através de parceria com a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro - Redetec. Conheça mais acessando o site: http://www.redetec.org.br/servicos/empresas/ respostatecnica.aspx 22_Animal Business-Brasil
Uma boa embalagem ajuda a conservar e vender o produto
ACESSO A MERCADOS E SERVIÇOS FINANCEIROS O SEBRAE trabalha de forma a facilitar o acesso dos pequenos empreendimentos ao crédito. Atua como interlocutor e estabelece parcerias com instituições financeiras e auxilia o empreendedor na tomada de decisão, avaliando por meio de consultoria especializada se o momento é propício para a tomada do crédito. O SEBRAE pode auxiliar, ainda, na elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira, necessários para avaliar a capacidade de pagamento das empresas que buscam essas linhas de crédito. No entanto, é função dos bancos decidirem ou não pela aprovação da solicitação de empréstimo, bem como liberar os recursos financeiros para as microempresas e empresas de pequeno porte. Para o público rural, o SEBRAE elaborou as “Oficinas de Crédito Rural”, que têm como objetivo fornecer orientações importantes sobre a necessidade da organização e do controle da movimentação financeira nas atividades rurais e também indicar a documentação exigida pelas instituições financeiras para concessão de crédito ao produtor rural. Além de apoiar o acesso a serviços financeiros, a instituição tem diversos projetos e ações para propiciar o acesso ao mercado, tais como Bolsa de Negócios; Centrais de Negócios; Comércio Brasil; Comércio Justo; Estudos de Mercado, Fomenta e Rodadas de Negócios. Conheça melhor cada um deles acessando o site: http://www.sebrae.com.br/customizado/acessoa-mercados ASSOCIATIVISMO A cooperação entre as empresas é uma forma de torná-las mais competitivas em um mercado muito disputado. Por meio de parcerias, é possível fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades e oferecer produtos com qualidade superior e diversificados. Associação é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados. Ou seja, é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses.
O SEBRAE orienta sobre a criação de associações e cooperativas para que as pequenas empresas busquem meios de valorizar e escoar seus produtos por meio do acesso a um mercado justo e solidário, como forma de aumentar a geração de emprego e renda para a comunidade e garantir a sua sustentabilidade. No site: http://www.sebrae.com.br/customizado/ desenvolvimento-territorial/temas-relacionados/ associativismo-e-cooperativismo é possível fazer download da “Série Empreendimentos coletivos” e ter acesso aos títulos: Associação Central de negócios Cooperativa de crédito Cultura da cooperação Empresa de participação comunitária Sociedade de propósito específico Sociedade garantidora de crédito Organização da sociedade civil de interesse público BALDE CHEIO O Programa Balde Cheio é uma metodologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste, de transAnimal Business-Brasil_23
ferência de tecnologia, que contribui para o desenvolvimento da pecuária leiteira em propriedades familiares. Seu objetivo é capacitar profissionais de extensão rural e produtores, promover a troca de informações sobre as tecnologias aplicadas regionalmente e monitorar os impactos ambientais, econômicos e sociais, nos sistemas de produção que adotam as tecnologias propostas. Dentre as técnicas utilizadas, destacam-se as agropecuárias, as gerenciais e as ambientais. Além das técnicas desenvolvidas, o processo de transferência de tecnologia também contempla os serviços concernentes à modalidade Serviços Tecnológicos Básicos, de baixa complexidade, tais como: Diagnóstico de Avaliação; Diagnóstico Tecnológico; Suporte Tecnológico; Clínicas Tecnológicas e Consultorias para difusão de informação e conhecimento. No Rio de Janeiro, o Programa Balde Cheio é desenvolvido e implementado através de uma parceria do SEBRAE-RJ e o SENAR-AR/RJ. Atualmente o Programa conta com mais de 60 técnicos em processo de capacitação e 20 especialistas na metodologia, cadastrados e aptos a prestarem atendimento aos empresários interessados, utilizando a ferramenta Sebraetec, que subsidia até 80% do custo desse atendimento. NEGÓCIO CERTO RURAL O Programa foi criado pela parceria entre o SEBRAE e o SENAR, visando promover o incentivo à criação de novos negócios no meio rural. A iniciativa busca qualificar os produtores e jovens a repensar as atividades econômicas ligadas ao meio rural para prospectar e alavancar novos negócios. A metodologia foi ambientada para o universo agrícola, visando orientar o produtor a identificar áreas de investimentos, analisar a viabilidade do negócio, elaborar projeto e gerenciar o empreendimento com sucesso. Na metodologia as turmas são formadas por produtores rurais e filhos de agricultores familiares com idade de 16 a 35 anos que cumprem as cinco etapas do programa - encontrar uma ideia de negócio, verificar sua viabilidade, formalizá-lo, organizá-lo, administrálo e promover o relacionamento com o mercado. As diferentes etapas são ministradas quinzenalmente e, intercalando cada uma delas, os par24_Animal Business-Brasil
ticipantes receberão consultoria individual dos técnicos do Senar e do SEBRAE. O conteúdo programático é transferido por meio de um processo de ensino-aprendizagem formatado em cinco etapas e seis encontros presenciais que contam com o suporte de seis manuais impressos. Para sedimentar fortemente os conhecimentos, os alunos recebem consultoria de uma hora durante o curso, entre o segundo e o terceiro encontros. Após o término do curso, os alunos que abrirem efetivamente seus negócios terão mais quatro horas de consultoria; os que farão melhorias no negócio já existente ganharão mais duas horas. Pesquisa nacional com as cinco primeiras turmas revelam que 43% dos 114 egressos abriram novos negócios e 57% implantaram melhorias na propriedade. Ao final do treinamento, os alunos estarão capacitados para atrair e reter clientes, construir relacionamentos, entender as forças e o comportamento do mercado. Para maiores informações acesse: http://www. canaldoprodutor.com.br/sobre-sistema-cna/projetos-e-programas/negocio-certo-rural DIAGNÓSTICOS SETORIAIS Para conhecer melhor um setor, o SEBRAE realiza diagnósticos visando identificar os principais
gargalos e identificar propostas de atuação para ampliar a competitividade do setor e dos pequenos negócios. Conheça os principais diagnósticos realizados em parceria com a FAERJ: Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Pesca Marinha no Estado do Rio de Janeiro http://sistemafaerj.com.br/images/biblioteca/livro_pesca_faerj_com_ficha_e_capa.pdf Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite no Estado do Rio de Janeiro http://sistemafaerj.com.br/images/biblioteca/livro_leite_faerj_com_ficha_19-5-010.pdf Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte do Estado do Rio de Janeiro http://sistemafaerj.com.br/images/biblioteca/livro_carne_16-12-2010_baixa.pdf SETORES APOIADOS PELO SEBRAE-RJ Apicultura A apicultura é uma atividade produtiva em franca expansão, apresentando-se como uma excelente alternativa de exploração de propriedades rurais, além de intensificar a polinização da flora da região. Além disso, é uma atividade que atende a critérios técnicos adequados ao tripé de sustentabilidade (ecológico, social e econômico). Conheça alguns motivos que tornam o negócio apícola atrativo: •A presenta um baixo volume de investimento e uma boa lucratividade • Ocupação para toda família • Diversidade dos produtos oriundos da apicultura • Dispensa a propriedade da terra • Contribui para a preservação da natureza • Possibilita o aumento da produção agrícola O Sebrae-RJ, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Pecuária, Câmara setorial de Apicultura e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e outros parceiros locais desenvolvem ações para melhorar a qualidade dos produtos, ampliar o mercado e desenvolver a administração dos apicultores localizados em todo o Estado do Rio de Janeiro. Conheça mais o setor acessando o site: http:// www.sebrae.com.br/setor/apicultura
Bovinocultura Leiteira A pecuária leiteira é uma das atividades econômicas mais tradicionais no Estado do Rio de Janeiro. O SEBRAE apoia os pequenos produtores para tornar a produção leiteira mais competitiva, por meio do aumento da segurança e da qualidade do leite produzido. Conheça mais sobre o setor acessando o site: http://www.sebrae.com.br/setor/leite-e-derivados Pecuária de Corte O SEBRAE-RJ realizou em parceria com a FAERJ o Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado do Rio de Janeiro. A partir do cenário levantado estão sendo implementadas algumas ações buscando apoiar os pequenos produtores, principalmente com introdução de tecnologia, capacitação de produtores, capacitação de técnicos, gestão da atividade. Conheça mais o setor acessando o site: http:// www.sebrae.com.br/setor/carne/o-setor/bovinos/ producao Ovinocaprinocultura A atividade está concentrada em algumas regiões do estado, principalmente no noroeste, serrana e centro-sul. O SEBRAE apoia os pequenos produtores, principalmente, pela introdução de tecnologia, acompanhamento técnico, capacitação e acesso ao mercado. Conheça mais sobre o setor acessando: http:// www.sebrae.com.br/setor/ovino-e-caprino Aquicultura e Pesca Dados levantados pelo SEBRAE/RJ em 2002 apontam o grande potencial do Estado do Rio de Janeiro para a Aquicultura. A maricultura, uma das atividades aquícolas que mais se destaca no nosso estado, está concentrada, principalmente, na Região dos Lagos e na Costa Verde. O SEBRAE/RJ iniciou em 1999, em parceria com instituições que atuam no setor, um trabalho de viabilização dos pequenos negócios aquícolas, através da introdução de tecnologia, capacitação técnica e gerencial, realização de seminários tecnológicos, realização de Caravanas para Visitas Técnicas, participação em eventos relevantes do setor, Promoção de Festivais Gastronômicos, Capacitação de Técnicos, Diagnósticos e Planejamentos Estratégicos. Conheça mais o setor acessando o site: http:// www.sebrae.com.br/setor/aquicultura-e-pesca Animal Business-Brasil_25
a nobreza do couro The nobility of leather 26_Animal Business-Brasil
Sumário
O Brasil é um dos mais importantes produtores e exportadores de couro do mundo e esse produto – apesar da evolução da indústria plástica – continua insubstituível nas aplicações nobres. O Brasil tem 700 empresas ligadas à indústria do couro e entre os anos de 2000 e 2011 as exportações aumentaram de US$ 700 milhões para US$ 2,2 bilhões. Summary Brazil is one of the most important producers and exporters of leather worldwide and this product – regardless of the evolution of the plastic industry – remains irreplaceable in noble applications. Brazil has 700 companies related to the leather industry, and between the years of 2000 and 2011 exports increased from US$ 700 million to US$ 2.2 billion.
A arte de curtir o couro é antiga. Ela remonta ao tempo dos babilônios, dos hebreus e da Grécia Antiga. Os índios norte-americanos também conheciam processos primitivos de curtição, mas coube aos árabes, no século VIII, o processamento do couro com finalidades artísticas, tornando famosos os couros de Córdova. Embora nas últimas décadas tenham surgido materiais da indústria plástica que imitam o couro e também o chamado “couro reconstituído”, fabricado a partir de aparas de couro com a adição de resinas e outros materiais sintéticos, o couro verdadeiro é insubstituível em diversas aplicações e usos nobres, como na forração de carros de luxo, na confecção de casacos, sapatos, cintos, bolsas e pulseiras, por exemplo. O couro bovino é o mais utilizado pelo seu custo mais baixo devido à sua maior disponibilidade. O uso de couro suíno, ovino, de peixe e até do tarso de frangos e de rãs, vem crescendo de importância no mercado, além do de jacaré.
“O couro é insubstituível nas aplicações nobres” Animal Business-Brasil_27
“O Brasil tem 700 empresas ligadas à indústria do couro”
“As exportações de couro aumentaram de us$ 700 milhões para us$ 2,2 bilhões entre os anos de 2000 e 2011” 28_Animal Business-Brasil
Os atributos naturais do couro, aliados à tecnologia, à pesquisa e à moda, resultam invariavelmente em artigos com a marca da beleza, da sofisticação e da qualidade. A indústria curtidora brasileira cria, estação após estação, produtos cada vez mais eficientes e ligados à sustentabilidade para os mais exigentes mercados nacionais e internacionais. O couro brasileiro tem status qualitativo e também quantitativo, uma vez que o país é um dos maiores produtores do mundo, com forte inserção nos segmentos moveleiro, calçadista e automotivo. Atualmente, o Brasil conta com mais de 700 empresas ligadas à cadeia do couro, desde organizações familiares, até curtumes médios e grandes conglomerados corporativos do setor. Trata-se de um panorama muito profissional, pautado pela gestão responsável, em que os mais modernos meios tecnológicos são empregados para a otimização industrial, aprimoramento das condições de trabalho e redução de impactos ambientais. O setor do couro emprega atualmente mais de 50 mil trabalhadores e, parte desse contingente, dedica-se exclusivamente a ações para reciclagem de águas, descarte adequado de resíduos e melhora de processos, o que tem gerado resultados significativos nas últimas décadas. Em 2011, o Brasil sediou o Congresso Mundial do Couro, com organização do CICB. A formação constante dos profissionais ligados à cadeia curtidora no Brasil é, sem dúvida, uma das responsáveis pelo aprimoramento em gestão e tecnologia que o país dispõe. Há excelentes escolas de curtimento, química e administração no Brasil, convergindo com a realização frequente de seminários, fóruns e congressos para debater e expor as melhores práticas em curtimento vigentes no mundo. No produto de tantos esforços, tem-se um setor
forte e fundamental para o equilíbrio da economia no país. Em 2011, couros e peles tiveram participação em 6,7% da balança comercial brasileira. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2012, esse índice chegou a 18,9%. O grande volume das exportações de couros e peles no Brasil e seu respectivo crescimento na última década (passou de US$ 700 milhões em 2000 para US$ 2,2 bilhões em 2011) têm forte influência do programa Brazilian Leather, uma iniciativa do CICB e da Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex-Brasil). O programa organiza a participação de indústrias brasileiras em grandes feiras internacionais, projeta a imagem do couro brasileiro por meio de mídia especializada e ainda realiza pesquisas para manter o couro brasileiro sempre na dianteira das tendências do mercado mundial. Os esforços se mantêm sempre constantes para que o país continue como uma referência em couros, mesmo lidando com possíveis reduções na competitividade internacional, oriundas principalmente de questões cambiais, créditos não devolvidos, altos tributos e juros, falhas na infraestrutura, a burocracia e os demais insumos embutidos no chamado “Custo Brasil”. Para os próximos anos, uma série
“O setor do couro emprega mais de 50 mil trabalhadores” Animal Business-Brasil_29
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“Em 2011, couros e peles tiveram uma participação de 6,7% na balança comercial brasileira e no acumulado do primeiro quadrimestre de 2012 esse índice chegou a 18,9%” de projetos serão executados pelo CICB, contando com a coesão da indústria brasileira. Aliado com uma eficiente equipe de inteligência internacional, grupo de marketing e comunicação, além de profissionais para suporte em design e sustentabilidade, o CICB pretende expandir mercados, aprimorar produtos e crescer com a economia mundial. Missões empresariais em países considerados promissores para a compra de couro estão entre os projetos a serem executados ainda este ano, e que devem se repetir com a participação cada vez maior das companhias brasileiras. Principais compradores de couro brasileiro: China, Itália, Estados Unidos, Hong Kong, Hungria, México, Coreia do Sul, Alemanha, Taiwan e Tailândia. Rebanho brasileiro 213,3 milhões de cabeças de gado (14,4% do rebanho mundial). O rebanho brasileiro aumentou 23,3% de 2000 para 2010 e 1,8% de 2010 para 2011. (Fontes: FAO / USDA / FAPRI / IBGE / Bigma Consulting) Uso doméstico de couro Entre 11 e 12 milhões de couros por ano. Exportações 2012 Em Agosto de 2012, as exportações brasileiras alcançaram o valor de US$ 192 milhões, o que representa um aumento de 20% sobre o valor exportado no mês anterior e mais 0,52% em comparação com o mesmo período do ano passado. O valor acumulado do ano chega a US$ 1,369 bilhão.
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Entrevista Antonio de Aguiar Patriota Ministro das Relações Exteriores
A cooperação entre os países é fundamental para a segurança alimentar The colaboration among countries is essential to ensure food safety Por/Text Luiz Octavio Pires Leal, editor.
O vertiginoso crescimento da população mundial, com sete bilhões de habitantes, dentre os quais um bilhão de famintos, é preocupação de todos os homens responsáveis, com poder político e econômico. Como alimentar essa multidão sem agredir o meio ambiente, com destaque para os produtos de origem animal que são os de mais alto valor nutritivo, as proteínas chamadas de alto valor biológico? Não existe modelo universalmente aplicável para a solução do problema da fome. Por exemplo, os programas de apoio e incentivo à agricultura familiar, que é responsável pela produção de cerca de 70% dos alimentos consumidos no mundo, têm forte caráter de sustentabilidade, principalmente quando baseados na agroecologia. Tive o prazer de participar da XVIII REAF, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul. Na ocasião, afirmei que a agricultura familiar tem grande importância para os esforços de desenvolvimento com justiça social e é parte essencial da integração regional. A agricultura familiar, portanto, é componente importante para a solução dos desafios da sustentabilidade. No seu entendimento, como diplomata e homem de visão global, qual o papel reservado ao Brasil, com seu imenso território, suas reservas hídricas e sua posição de potência agrícola no combate à fome interna e do resto do mundo?
Sumário
A segurança alimentar e nutricional e a preservação do meio ambiente estão diretamente relacionadas. Essa questão foi tratada na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, no entendimento de que a sustentabilidade passa, necessariamente, pela interconexão entre preocupações ambientais, sociais e econômicas. Não há como falar de um modelo de desenvolvimento sustentável sem atentar para a necessidade de assegurar alimentação e nutrição em níveis adequados para todos. Como se sabe, as estratégias brasileiras de segurança alimentar e nutricional vêm sendo internacionalmente reconhecidas, servindo de inspiração para diversos programas ao redor do mundo. Isso é muito gratificante para o Brasil. Iniciativas como os programas “Fome Zero”, “Brasil Sem Miséria” e “Mais Alimentos” mostram que, internamente, existe uma preocupação especial com a questão alimentar. Internacionalmente, essas ações fundamentam a ação externa brasileira em temas de cooperação humanitária. Summary The food and nutritional safety and the preservation of the environment are directly connected. This matter was discussed in the United Nations Conference on Sustainable Development, Rio + 20, considering that sustainability covers, necessarily, the interconnection between environmental, social and economic concerns. There is no way to address a sustainable development model without regarding the need to ensure food and nutrition in proper levels to all citizens. It is known that Brazilian food and nutritional safety strategies are being internationally acknowledged, being used as an inspiration for several programs worldwide. That is extremely fulfilling to Brazil. Initiatives such as programs “Fome Zero”, “Brasil Sem Miséria” and “Mais Alimentos” show a special concern with food issue in the country. These actions ground the Brazilian external action on humanitarian cooperation issues worldwide.
O Brasil vem ampliando sua atuação externa em temas de segurança alimentar e nutricional, inclusive por entender que existe um elo entre segurança alimentar e manutenção da paz mundial. Nossas ações de cooperação técnica e humanitária com outros países são lastreadas nas exitosas políticas e tecnologias sociais executadas internamente. Não nos apresentamos como modelo ou exemplo, mas temos cooperado com diversos países, muitos dos quais estão replicando, com os ajustes necessários, estratégias brasileiras fundamentadas no direito humano à alimentação, que deve ser protegido e promovido pelo Estado. Participei de um debate na 39ª sessão do Comitê sobre Segurança Alimentar Mundial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e, na ocasião, falei da importância dos programas de proteção social como ferramentas de combate à insegurança alimentar. Nós devemos continuar a promover a proteção social e o acesso à alimentação digna, e a atenção especial à agricultura é peça fundamental nesse contexto. Há dados da FAO que mostram que não há falta de alimentos no mundo e sim carência de recursos financeiros de grande parte da população para adquiri-los, além de know-how para produzi-los de forma racional. Na hipótese de concordar com esta premissa, aponta alguma solução? Noutras palavras: o problema que predomina é político/diplomático? A questão da insegurança alimentar é também um problema político, além de ser uma questão ética. Dessa maneira, cumpre enfrentar os desafios políticos e éticos tanto no plano interno quanto no âmbito internacional, recordando que os direitos humanos – como o direito humano à alimentação adequada – são fundamentais e universais. Há três pontos centrais em matéria de segurança alimentar. Em primeiro lugar, o comércio internacional. O protecionismo agrícola dos países desenvolvidos ameaça a segurança alimentar dos países em desenvolvimento, e por isso defendemos um comércio internacional equitativo, baseado em regras e que não seja discriminatório. Além disso, outro ponto importante inclui o investimento tecnológico e a inovação, e aqui eu destacaria a cooperação técnica como fator fundamental. O desenvolvimento da tecnologia agrícola é parte integral da
“O Brasil vem ampliando sua atuação externa em termos de segurança alimentar e nutricional” sustentabilidade. Em terceiro lugar, as preocupações com a segurança alimentar também devem levar em consideração as ameaças apresentadas pela mudança climática. Não há como discutir a fome no mundo sem tocar nesses três aspectos básicos, e o Brasil tem defendido isso em foros internacionais como a FAO. O Prêmio Nobel da Paz, engenheiro-agrônomo Norman Borlaug, que faleceu aos 95 anos, trabalhou no México, na Índia, no Paquistão e, posteriormente, em diversos países asiáticos e na África. O resultado das suas experiências - que justificou o Nobel, a Medalha Presidencial Americana e a Medalha de Ouro do Congresso Americano - foi sua decisiva colaboração para eliminar a fome de um bilhão de pessoas. Por outro lado, seu sistema de produção intensiva, baseado em seleção genética e uso intensivo de fertilizantes e defensivos químicos, em monoculturas, vem demonstrando a inviabilidade da sua continuação face aos estragos que produz no meio ambiente. As novas técnicas de produção estão ainda distantes de manter a mesma eficiência, a mesma alta produtividade dos conseguidos com a Revolução Verde do Borlaug. A grande pergunta é: como resolver esse dilema em termos nacionais e globais? Esse dilema envolve vários aspectos, e as ações tomadas para resolvê-lo envolvem atuação conjunta de várias áreas do Governo, como o MAPA, o MDA, o MTCI e também o setor privado. No que tange ao Itamaraty, como já apontei anteriormente, entendemos que a eliminação de distorções no comércio agrícola mundial é parte importante dos esforços para eliminar a fome do mundo. As barreiras e os
subsídios agrícolas dos países desenvolvidos restringem o mercado consumidor dos exportadores nos países em desenvolvimento e desestimulam o aumento da produção agrícola. Além disso, no plano multilateral, também temos atuado em questões relacionadas à mudança climática, que são outra variável importante dessa equação. Somente uma visão conjugada dos diferentes aspectos da segurança alimentar permitirá que esse “dilema” seja resolvido. E falar de segurança alimentar é, também, falar de segurança humana. Acreditamos que há uma relação próxima entre a provisão de meios adequados de alimentação, a garantia dos direitos humanos e a paz, o que torna imprescindível a gestão conjunta dessas perspectivas, e isso tem sido feito no Itamaraty. Em termos de energia alternativa ao petróleo, produzida pela biomassa, com destaque para o etanol e o biodiesel, quais as possibilidades do Brasil tornar-se um player internacional diante das barreiras impostas por diversos países? A China representa um mercado potencial de grandes proporções para esses produtos? A biomassa pode ser apontada como uma das fontes de energia renovável com maior potencial de crescimento nas próximas décadas, contribuindo para a diversificação da matriz energética e para a redução da dependência com relação a combustíveis fósseis. No setor de transportes, por exemplo, o uso de biomassa para a produção de biocombustíveis tende apenas a aumentar, substituindo parte do uso de diesel e querosene. Isso é extremamente positivo em termos de redução das emissões de CO2 e tem um impacto significativo sobre nosso país e nossa agricultura. O Brasil é e continuará sendo um ator incontornável nesses assuntos. Os pré-requisitos para que o Brasil desenvolva esse papel no nível internacional são a multiplicação de produtores e de consumidores desse tipo de energia, seguida do que se chama de “commoditização” do etanol e do biodiesel. A diplomacia brasileira trabalha nesse sentido, com olhos tanto na sustentabilidade quanto no tamanho potencial de demanda externa para esses produtos, o que certamente inclui, por exemplo, o expressivo mercado chinês. No contexto das relações com a China, cabe destacar o grande potencial de cooperação nos mais diversos tipos de energias renováveis. A Presiden-
ta Dilma Rousseff e o Primeiro-Ministro da China, Wen Jiabao, assinaram,no ano passado, no Rio de Janeiro, o Plano Decenal de Cooperação entre o Brasil e a China. Entre diversas iniciativas e projetos incluídos no Plano Decenal, encontram-se acordos para o desenvolvimento de novas energias, especialmente as renováveis. Podemos destacar aí o uso de energia de biomassa, o desenvolvimento de energia eólica e solar e a utilização de tecnologias de operação e distribuição de energia renovável, por exemplo. Brasil e China têm um compromisso no sentido de encorajar as empresas de ambos os países a investir em bioenergia e em energia hidrelétrica, eólica, solar, além de bioenergia e biogás. Nesse contexto, a parceria BrasilChina sobre energias renováveis é fundamental para os dois países. Em síntese: qual o papel da diplomacia brasileira no combate à fome nacional e internacional interrompendo ou minimizando os danos ao meio ambiente? Embora ainda haja muito a avançar em relação ao tema da segurança alimentar e nutricional no plano interno, o Brasil, especialmente a partir da promulgação da Emenda Constitucional 64, de 2010 (que incluiu a alimentação entre os direitos sociais), e da vigência da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), de 2011, ampliou a base sobre a qual se assenta sua atuação diplomática em favor da erradicação da fome no mundo. O Governo brasileiro vem reforçando, assim, ações de cooperação técnica e humanitária internacional, que disponibilizam a países de diferentes regiões seus exitosos e sustentáveis programas de desenvolvimento socioeconômico de combate à fome e à pobreza. Acreditamos que a cooperação entre os países é fundamental para avançarmos em termos de segurança alimentar, com inclusão social e preservação ao meio ambiente. A sustentabilidade é a chave para o século XXI, e nós devemos transformar a agricultura em um motor do desenvolvimento sustentável. Entendemos, portanto, que a segurança alimentar e a prosperidade dos povos estão relacionadas, e, dessa maneira, garantir alimentos a todos é um vetor importante para a manutenção da paz mundial. Exemplo disso é que decidimos criar uma divisão no Itamaraty que tratará de paz e segurança alimentar.
Por/Text Paulo roque
Aftosa: segundo ciclo de vacinação Começou em outubro último, o segundo ciclo da vacinação de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa em Roraima Rondônia e Amapá. A previsão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é de vacinar cerca de 150,5 milhões de bovinos e bubalinos ao longo dessa fase no Brasil. Em virtude das condições ambientais e de manejo do rebanho no Amapá, a vacinação no Estado é realizada anualmente desde 2009, com duração de 45 dias. No restante do País a imunização teve início em 1º de novembro. A exceção é o Estado de Santa Catarina, que constitui uma zona livre da doença sem uso da vacinação. A região do Pantanal de Mato Grosso do Sul será a última a finalizar o processo, em 15 de dezembro. O agravamento da seca na região do Semiárido Nordestino é motivo de preocupação dos técnicos do Mapa. Conjuntamente com os representantes dos estados, os técnicos do ministério pretendem implementar ações estratégicas para evitar o comprometimento da cobertura vacinal na região. Na maioria das unidades federativas, os rebanhos bovinos e bubalinos de todas as idades devem ser vacinados. Já na Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul (exceto zona de fronteira e Pantanal) Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal apenas os animais com idade abaixo de 24 meses serão imunizados. Saiba mais: O Mapa orienta os produtores rurais para que respeitem os cuidados para a correta imunização dos bovídeos. As recomendações são: vacinar dentro do período estabelecido; adquirir vacinas em revendas autorizadas; conservar em temperatura correta (de 2 a 8°C) até o momento da aplicação; injetar na região da tábua do pescoço com agulhas e seringas em bom estado e limpas; e manejar os animais com o mínimo de estresse e nos horários mais frescos do dia. Após o término da vacinação, a declaração deve ser apresentada nos escritórios do serviço veterinário oficial no prazo estabelecido em cada estado. 36_Animal Business-Brasil
Interconf 2012 reúne pecuaristas, indústria e varejo A relação produtor/frigorífico foi a tônica principal da Interconf 2012 – Conferência Internacional de Confinadores, realizada em Goiania, de 11 a 13 de setembro. O evento, resultado de uma parceria entre a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) e o Canal Rural, foi palco de debates de extrema importância para a evolução da cadeia da carne e seus impactos nos processos produtivos. Sob o tema “Produção da Carne: Processos desencadeiam Processos”, pecuaristas, frigoríficos e varejistas se reuniram para discutir as necessidades de cada elo. Durante dois dias de debates, quando foram abordados aspectos gerais ligados ao panorama macroeconômico e os efeitos da crise e seus reflexos no mercado de consumo global, além das alternativas para superar as barreiras impostas aos pecuaristas. No segundo dia foi realizado um debate, com a mediação do jornalista Mauro Zafalon, da Folha de São Paulo, com três líderes dos elos da cadeia produtiva: Eduardo Biagi, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ); Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e Jeremiah O´Callaghan, diretor de relações com investidor do Grupo JBS, representando a Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. Todos reconheceram que passou da hora do Brasil ter seu próprio sistema de tipificação de carcaças como uma ferramenta adicional para agregar valor a matériaprima, a carne vermelha. A Interconf 2012 foi encerrada com um dia de campo no Confinamento da Fazenda Floresta, em Nazário. Cerca de 300 pessoas puderam conhecer a estrutura de manejo e gerenciamento do confinamento com capacidade instalada para 20.800 animais.
Leite formal cresce 4% na produção nacional O volume de leite industrializado em 2012 cresceu 4%, passando de 10,5 bilhões de litros de janeiro a junho do ano passado para 10,9 bilhões de litros no mesmo período deste ano. Este é o resultado da Pesquisa Trimestral do Leite, divulgado no fim de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Jorge Rubez, presidente da Associação Leite Brasil, o resultado deixa os produtores otimistas com a possível queda do leite informal ao final de 2012, considerando que o aumento no leite industrializado divulgado pelo IBGE foi superior ao da produção de leite, estimado em 3% pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). O aumento da industrialização do leite mostra, ainda, que o consumo de leite informal no Brasil tem sofrido queda nos últimos três anos, passando de 32% em 2010 para 31,3% em 2011. A estimativa, em 2012, é que este número chegue em 30,6%.
Desemprego na avicultura Atualmente, a avicultura gera mais de 500 mil empregos diretos, sendo responsável por 1,5% do PIB nacional. Com a crise atual, mais de 6 mil postos de trabalho já foram perdidos e há expectativa de redução de 10% na produção do setor durante o segundo semestre deste ano. Os dados são da Ubabef (União Brasileira de Avicultura).
Agosto, o melhor mês para a carne suína Agosto foi o melhor mês do ano para o setor para as exportações de carne suína, que alcançaram 54,71 mil toneladas, e o segundo em receita US$ 134,42 milhões. As vendas aumentaram 19,24% em volume e 10,10% em valor, na comparação com agosto de 2011. Rússia foi o maior importador: 14.241 toneladas (US$ 38,10 milhões), um crescimento de 387,43% em volume e 327,57% em valor, em relação a agosto de 2011. Os dados são da Abpecs (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína).
Trânsito de animal no Nordeste e Norte Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Instrução Normativa nº 30, que revoga as restrições do trânsito animal do Rio Grande do Norte e Paraíba entre os Estados que participam do inquérito soroepidemiológico para a avaliação de circulação do vírus da febre aftosa. A medida havia sido determinada pelo Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) em maio deste ano para reduzir possíveis riscos de introdução do vírus em Alagoas, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco e Piauí. Com a medida, o Mapa incluiu os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba no inquérito soroepidemiológico em curso em Alagoas, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Piauí e Pará, com vistas ao reconhecimento destes estados como zona livre de febre aftosa com vacinação. Para tanto, o Mapa iniciou a capacitação de médicos veterinários para fazer o inquérito soroepidemiológico. Na programação, os profissionais recebem informações sobre o estudo e orientações para a realização das visitas prévias nas propriedades selecionadas nos dois Estados. Os profissionais também são instruídos para a realização das entrevistas com os produtores e a transmissão das devidas orientações. O treinamento visa a capacitar os profissionais para a execução do trabalho no padrão estabelecido, o que refletirá nos resultados. O cronograma prevê ações até março do próximo ano, quando serão analisados os resultados, junto com outros dados técnicos e estruturais dos serviços veterinários estaduais, para um possível reconhecimento do bloco como livre de aftosa com vacinação. Animal Business-Brasil_37
Mercado de sêmen O mercado brasileiro de sêmen, estimado em R$ 400 milhões/ano deve fechar 2012 com a venda de mais de oito milhões de doses. A previsão é da Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial) em reportagem na revista Dinheiro Rural.
Aposta no mercado de carnes O Porto Itapoá, terminal privado de uso misto localizado no litoral norte de Santa Catarina e que começou a operar há pouco mais de um ano, aposta fortemente na demanda do setor de carnes. Na ampliação que deve iniciar ainda em 2013, por exemplo, serão instaladas cerca de 3600 tomadas adicionais para os containers refrigerados, chegando a um total de 5000 pontos. Desde a inauguração, em junho de 2011, foram movimentados aproximadamente 120 mil containers e, destes, cerca de 30% transportando carnes e derivados. Para ajudar a ampliar esse número o Porto Itapoá , que tem como acionistas o Grupo Battistella, a Logz e a Aliança Navegação e Logística (Hamburg Süd), participou da MercoAgro, maior feira do setor de processamento de carnes do Brasil, realizada em Chapecó (SC) e organizada pela BTS Informa e promovida pela Acic (Associação Comercial e Industrial de Chapecó). O evento contou com 35 mil visitantes, 650 marcas expositoras e um volume de negócios de US$ 161 milhões.
MT recebe projeto de pecuária sustentável O estado do Mato Grosso foi escolhido para receber o projeto piloto do Governo Federal de promoção da pecuária sustentável com capacitação, extensão rural e recuperação de pastagens degradadas. A iniciativa foi apresentada à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina e tem por objetivo o aumento da produção, redução da pressão por novos desmatamentos, recuperação de pastagens degradadas e melhoria da qualidade de vida da sociedade. Para isso, foi realizado o pré-mapeamento de 11 municípios mato-grossenses, onde serão selecionadas fa38_Animal Business-Brasil
Os números do confinamento no Brasil O volume de animais confinados nesse ano pode ser 13% maior do que o ofertado no ano passado. Esse percentual representa 627 mil animais a mais na mesma base de comparação. Os dados são do levantamento feito em abril e divulgado hoje pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) junto a 65 associados. Eles totalizam 71 confinamentos em 11 Estados (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná).
Desoneração ajuda aves e suínos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou os 25 setores que serão beneficiados pela desoneração de folha de pagamento, dentro do Plano Brasil Maior, o que implicará numa renúncia de R$ 12,8 bilhões em 2013. Entre eles, as indústrias de aves, suínos e derivados, que ainda, contam com uma vantagem: se exportarem 100% da sua produção, não pagarão nada sobre o faturamento. Em quatro anos (2013-2016), a desoneração da folha terá um custo de R$ 60 bilhões. A decisão substituirá a contribuição patronal de 20% ao INSS por uma alíquota de 1% sobre o faturamento.
zendas para o desenvolvimento de unidades demonstrativas de pecuária sustentável. Nessas propriedades serão realizados treinamentos práticos, levando em consideração as peculiaridades locais. Além disso, o projeto vai promover a troca de experiência entre os pecuaristas e a negociação com o varejo para a comercialização dos produtos. O projeto faz parte de um protocolo de intenções assinado, em maio, pelos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA) e o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) para redução de emissão de gases de efeito estufa por meio de recuperação de pastagens degradadas. O projeto já tem recurso na ordem de 300 mil euros, da FAO e do governo holandês.
Setor de ovos poderá reduzir produção A crise que afeta o setor avícola nacional, impactada pela crise dos insumos, com a elevação dos preços da soja (mais de 90% neste ano) e do milho (mais de 40%) em decorrência da quebra de safra norte-americana foi a principal pauta do encontro com produtores de ovos de diversos estados na sede da UBABEF (União Brasileira de Avicultura), em São Paulo (SP). Participaram o presidente da entidade, Francisco Turra, o diretor de Mercados, Ricardo Santin, o diretor administrativo e financeiro, José Perboyre, e o diretor do Instituto Ovos Brasil, José Roberto Bottura. Foram discutidas perspectivas para o setor produtivo, especialmente em relação a sustentabilidade da cadeia produtora de ovos no mercado brasileiro. Segundo Turra, “é provável que a oferta de ovos nacional seja reduzida em mais de 10%”. As empresas trataram ainda da construção de um plano especial para expansão das exportações do setor, aproveitando o know how já constituído pela UBABEF para a exportação de cárneos.
Catálogo de corte taurino A Alta Genetics, apresenta ao mercado seu novo catálogo de corte taurino, que inclui 28 novos touros. O material contempla as raças: Aberdeen Angus; Blonel; Bonsmara; Braford;Brangus 3/8 e 5/8; Braunvieh; Caracu; Charolês Mocho; Devon; Limousin; Marchigiana; Polled Hereford; Red Angus; Red Angus 3/8; Santa Gertrudes; Senepol; Simental; Simental Leiteiro e Wagyu. No segmento de corte taurino a Alta disponibiliza sêmen dos principais touros do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Argentina e Austrália. “A Central realiza um criterioso processo de seleção por meio de sua equipe técnica para a inclusão de novos reprodutores em sua bateria. Os animais são escolhidos pelo alto mérito genético, conformação do animal e análise de características: maternais; crescimento; carcaça; peso; entre outros”, ressalta Marco Antônio Lopes Oliveira, gerente de produto de corte da Alta Genetics. Para receber o novo catálogo corte taurino da Alta Genetics os interessados devem entrar em contato com a regional mais próxima. A listagem completa das filiais está disponível no site www.altagenetics.com.br
Mangalarga tem Núcleo Feminino Foi criado novo Núcleo Feminino de Mangalarga. Sua presidente é Bia Biagi e entre seus objetivos estão o de reunir as mulheres criadoras e esposas de criadores de Mangalarga o que, além de promover uma interação maior entre as amantes da raça, vai propiciar ambientes favoráveis para que as famílias possam se reunir durante as exposições oficiais, inclusive, na companhia de filhos. O lançamento do Núcleo foi durante a 34º Exposição Nacional Mangalarga, em Franca (SP), no Parque de Exposições Fernando Costa, que aconteceu de 29/09 a 06/10. Foram programadas ações especiais para a família ‘mangalarguista’ que compareceram para prestigiar a raça. Entre elas, coquetel de apresentação da diretoria do Núcleo, jantar e um leilão de animais. Também fazem parte da diretoria do Núcleo Feminino de Mangalarga as criadoras Josiane Mata Vidotti, como vicepresidente; Heloísa de Frentes,como secretária; Camila Glicério, como Diretora de Esportes e Ruth Villela Andrade, como Comunicação e Marketing. O Núcleo somente receberá associadas que também são sócias da ABCCRM (Associação Brasileira da raça Mangalarga). Atualmente, a Associação conta com 160 mulheres associadas. Animal Business-Brasil_39
Couro: empresas participam de missão à Turquia Aproximar profissionais, estreitar laços comerciais e ampliar mercados estão na agenda do couro brasileiro por meio da Missão Empresarial do Brasil à Turquia, promovida pela Apex-Brasil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), juntamente com três de seus associados (JBS Couros, Soubach e Durli Couros) participaram, de 27 de outubro a 2 de novembro, da missão que teve como objetivo fomentar os negócios do couro brasileiro com seis países considerados como mercados estratégicos e promissores para os próximos anos. A Missão foi elaborada contemplando alguns setores da economia brasileira e com direcionamento específico para questões comerciais. Foram realizadas rodadas de negócios, reuniões com compradores e visitas técnicas. Os países alvo da Missão foram Turquia, Azerbaijão, Cazaquistão, Hungria, Rússia e Ucrânia que, de acordo com estudos prévios, se mostram prédispostos para novas relações de comércio exterior por meio do crescimento do PIB, consumo interno e pela crescente aproximação comercial com o Brasil nos últimos anos.
Setor de carnes recebe jornalistas chineses Representantes UBABEF, da ABIPECS (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) e da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne receberam, no dia 24 de setembro, na sede da UBABEF,em São Paulo, 10 jornalistas chineses, em missão organizada pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), dentro do Projeto Imagem (PI). Representando a UBABEF, o presidente Executivo, Francisco Turra, e o diretor de Mercados, Ricardo Santin, destacaram os diferenciais que permitiram ao setor avícola nacional conquistar a liderança mundial das exportações de carne de frango, tendo como clientes mais de 150 países. A missão de jornalistas visitou, ainda, unidades de produção de cárneos do Brasil. A ação antecedeu o evento Flavors From Brazil, iniciativa que a APEX promoverá na China, em novembro. 40_Animal Business-Brasil
Campo tem 15% do total da população brasileira A ocupação rural no Brasil é de 29,37 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A base de dados é de 2011 e mostra que a população residente rural representa 15% da população total residente no País, que é de 195,24 milhões de pessoas. A população rural entre 15 e 54 anos corresponde a cerca de 16 milhões de pessoas e abrange, em termos percentuais, 54,8% da população rural. Os dados da agricultura foram compilados pelo coordenador da Assessoria de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. Os dados do estudo mostram ainda que a população ocupada em atividades agrícolas soma 14,7 milhões de pessoas, sendo que a maioria é composta por empregados, 28,4 %, e por autônomos, 29,6%. Sob esse aspecto chama atenção que as pessoas são as ocupadas nas atividades primárias da agropecuária, que corresponderam a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) da economia em 2011. “Portanto, o setor compreendido pelo agronegócio abrange além dessas atividades primárias, outras até chegar ao consumidor final, no mercado interno ou ao mercado internacional, e corresponde a 22,2 % do PIB da economia”, constata Gasques. Entre 2009 e 2011, houve uma redução de cerca de um milhão de pessoas ocupadas na agricultura. Essa redução representa uma realocação de pessoas para outros setores, uma vez que o processo de crescimento econômico verificado na agricultura transfere atividades para outros segmentos da economia, como a agroindústria e serviços. Com relação ao grau de instrução, os dados da Pnad mostram também que 57% da população rural tem entre 4 e 14 anos de estudo, e que 22,5% não têm instrução ou tem menos de um ano de estudo; na população urbana este percentual é de 9,7%.
Participação brasileira na Le Cuir a Paris O Brasil participou com destaque da feira Le Cuir a Paris, no Parc des Expositions Villepinte, em Paris, levando para compradores de grandes marcas do mundo inteiro couros e peles nacionais, elaborados com os mais rígidos modelos de excelência em qualidade, sustentabilidade e apuro estético. Foram três dias de tendências em moda de alto padrão, qualidade e inovações em peles e couros. Participaram oito empresas brasileiras, com o apoio do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), por meio do Projeto Brazilian Leather, uma iniciativa do CICB com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex). A feira cresceu 17% em relação a edição do ano passado, contando com 413 expositores de 27 países.
As peles e couros apresentados na Le Cuir a Paris são dedicados às coleções 2013/2014 de Outono e Inverno para o hemisfério norte. O público da feira é composto basicamente por compradores do mercado de alto padrão e luxo em fabricação de vestuário, artefatos, calçados, cintos, luvas e artigos de viagem, mobiliário e decoração, com um público especializado de compradores e empresários de todo o mundo. A Le Cuir reúne também profissionais ligados à distribuição de artigos internacionalmente, traders e grande imprensa.
Monitoramento de rebanhos leiteiros
CMN eleva crédito para avicultura e suinocultura
A ABS Pecplan lançou o ABS Monitor, Serviço de Monitoramento Reprodutivo de rebanhos leiteiros, com atendimento técnico on line e ferramentas de fácil utilização que tem como objetivo melhorar os resultados reprodutivos nas propriedades. Desenvolvido no Brasil a partir da experiência prática da Equipe do Departamento de Serviços Técnicos da Genus ABS, esse serviço leva em conta as características de cada rebanho para apontar os pontos falhos na reprodução. De maneira muito simplificada mostra ao produtor, técnico e equipe de manejo onde estão as oportunidades de melhorar os índices e a lucratividade da fazenda leiteira. Mesmo o produtor com poucos conhecimentos de informática conseguirá inserir os dados em apenas duas telas, com relatórios automáticos e de simples compreensão. Pode ser utilizado no computador, tablet ou smartphone. Entre as principais análises estão relatórios reprodutivos das vacas, comentários técnicos baseados nos gráficos do programa, alerta de pontos críticos, listagem por categorias reprodutivas, exclusão (dos resultados) de “vacas com problemas”, busca e fichas individualizadas.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, no dia 27 de setembro, o limite de crédito para custeio para avicultores e suinocultores integrados de R$ 70 mil para R$ 150 mil por produtor. O financiamento de não integrados e pecuaristas de gado leiteiro passou de R$ 800 mil para R$ 1,2 milhão. A medida, encaminhada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) visa a minimizar os problemas enfrentados pelos setores.
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Economia AgrĂcola Por/Text F ernando Roberto de Freitas Almeida, professor do Instituto de Estudos EstratĂŠgicos, da Universidade Federal Fluminense
42_Animal Business-Brasil
A ECONOMIA AGRÍCOLA BRASILEIRA Em fins dos anos 70 do século passado, um secretário de Agricultura dos Estados Unidos da América visitou o Brasil e conheceu as então novas regiões agrícolas do Centro Oeste do País. Há pouco tempo, começara a funcionar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, e os esforços feitos por diversas instituições de pesquisa para a agricultura e a pecuária, espalhados por todo o território nacional, passaram a ser beneficiados pela alta capacitação daquela nova empresa estatal. O secretário prontamente relatou a seu governo que deveriam temer a capacidade de concorrência futura das atividades brasileiras no que hoje se denomina correntemente como agronegócio. Em breve, o País estava ambiciosamente anunciando a intenção de vir a produzir cem milhões de toneladas de grãos, no ano 2000. A própria expressão inglesa “grains” começou a ser empregada, para designar as princi-
pais sementes produzidas, mesmo sendo contestada por especialistas na área de Economia Agrícola, por se tratar, de fato, de um agregado incoerente de grãos produzidos por plantas de famílias muito diferentes. Não só em “grãos” o Brasil despontou, como mostram hoje os indicadores dos setores da produção de carnes. Atualmente, as exportações do agronegócio brasileiro atestam a competitividade do país, malgrado os múltiplos entraves do que se usa denominar como “custo Brasil”: carga tributária pesada e complexa e infraestrutura deficiente. Assim, de 2006 para 2007, as vendas ao exterior cresceram 18,1%, de 2007 para 2008 cresceram 22,91%, mas foram abaladas pela crise econômica internacional e, de 2008 para 2009, o desempenho foi bem inferior, com redução de 9,78%. Apesar de a crise global ter continuado, as exportações voltaram a crescer, atingindo + 17,99% em 2010 e 23,74% em 2011,
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segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Dadas as projeções de crescimento da população mundial, que desde setembro do ano passado já ultrapassa os 7 bilhões de seres humanos, diversas análises são produzidas a todo momento sobre os países que terão condições de atender à grande demanda por alimentos. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a FAO/ ONU estimam que a produção alimentar precisará aumentar pelo menos 60%, até 2050, o que cria ansiedade, em escala planetária. Entre aqueles países, sempre aparece o Brasil (onde se projeta a maior expansão na produção, com mais 40% apenas até 2019) e, no momento, as principais áreas consideradas encontram-se também na Rússia, Ucrânia, China, Indonésia e Tailândia. Curiosamente, pouco se tem falado da África, cujas extensões de savanas, com condições edafoclimáticas semelhantes as do cerrado brasileiro, já começaram a produzir para o mercado mundial. Possivelmente em razão dos escassos recursos atuais dos países africanos para o investimento nestas áreas, não se vem atentando para a forte presença chinesa no continente, que também vem recebendo transferência de tecnologia brasileira. De todo modo, as produções mundiais de cereais e de carne deverão aumentar cerca de 1 bilhão de toneladas e 200 milhões de toneladas, respectivamente. A tabela 01 mostra a evolução dos negócios do Setor Agrícola no País, nos últimos cinco anos. Tabela 01 BRASIL: PIB DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA – 2007/2011 – R$ milhões de 2011 ATIVIDADE 2007 Agricultura 115.225 Pecuária 88.775 Agropecuária 204.001
2008 134.712 99.219 233.931
2009 123.413 94.003 217.416
2010 136.260 102.596 238.856
2011 152.166 112.109 264.274
Agronegócio
886.084
834.316
879.116
917.654
833.666
FONTE: Faesp
COMÉRCIO BRASIL – CHINA A política brasileira de comércio exterior vem há anos procurando diversificar seus parceiros internacionais, o que ajudou o país a se sair melhor dos efeitos da crise internacional, iniciada nos EUA, em 2007/08. Contudo, o mercado mundial dos principais produtos exportados pelo Brasil foi bastante afetado e o grande comprador no setor do agronegócio, a China, também foi afetado pelo baixo nível de atividade econômica nas principais economias, 44_Animal Business-Brasil
tendo seu governo admitido que subestimou a virulência da crise sobre os países industrializados. Mesmo assim, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil, citada pelo jornal Valor Econômico, a forte presença chinesa entre nossos importadores se mantém e até aumenta. Deste modo, nos oito primeiros meses de 2012, a China comprou mais de 70% da soja exportada pelos brasileiros, observando-se que, em 2000, aquele país respondia por 15% das vendas externas da leguminosa. A República Popular da China também adquiriu este ano perto de 50% do minério de ferro brasileiro vendido ao exterior e cerca de 20% do petróleo, neste caso, porque os EUA procuraram abastecer-se mais no Brasil, para escaparem de fornecedores de áreas inseguras politicamente. O aumento da participação chinesa no comércio brasileiro é algo impressionante, pois, em 2002, ela era de 1,5% das exportações de produtos básicos (grãos, minérios e petróleo) e, agora, atinge 31%. Contudo, como os preços das commodities apresentaram retração e, também, as quantidades vêm diminuindo, esperase recuo no valor das vendas de cerca de US$ 3 bilhões. Em razão de esta dependência do mercado chinês, que praticamente equivale a tudo que vendemos para toda a América Latina e para a União Europeia, também ser motivo de preocupação, o governo brasileiro planeja uma missão de trinta empresários, para a divulgação de outros produtos com potencial de consumo, como as carnes em geral, o vinho, o café, e alimentos processados. Os dados deste imenso intercâmbio aparecem na Tabela 02. OS ESTOQUES DE ALIMENTOS Diante de sucessivas referências, nos últimos anos, aos baixos estoques mundiais de alimentos, que são usualmente associados ao aumento da demanda, pode-se agregar um outro tipo de raciocínio: há estímulos para a manutenção de estoques nos grandes produtores? Quando o extinto GATT (Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio), na Rodada Uruguai (1986-1994) conseguiu a liberalização do comércio internacional de produtos agrícolas, fez com que os incentivos à estocagem praticamente acabassem. Os países superavitários não viram motivos para a despesa com a manutenção de reservas, que poderiam ficar com os consumidores. Por outro lado, a China, produtora e também grande consumidora, ao entrar na entidade sucessora do GATT, a Organização Mundial do Comércio, OMC, reduziu seus estoques,
Tabela 02 BRASIL – CHINA: EXPORTAÇÕES E SUPERÁVIT COMERCIAL – 1990 e 2000/2012 – US$ BILHÕES
ANOS 1990
EXPORTAÇÕES
SUPERÁVIT COMERCIAL
BRASIL TOTAL
BRASIL P/ CHINA
% DA CHINA
0,4
1,22
10,8
0,2
1,8
31
BRASIL TOTAL BRASIL P/ CHINA
% DA CHINA
2000
55
1,1
1,97
-0,7
-0,1
-14,3
2001
58
1,9
3,27
2,7
0,6
22,2
2002
60
2,5
4,17
13,2
1,0
7,6
2003
73
4,5
6,19
24,9
2,4
9,6
2004
96
5,4
5,63
33,8
1,7
5,0
2005
118
6,8
5,77
44,9
1,5
3,3
2006
138
8,4
6,10
46,5
0,4
0,9
2007
161
10,7
6,69
40,0
-1,9
-
2008
198
16,5
8,35
24,9
-3,5
-
2009
153
21,0
13,73
25,3
5,1
20,1
2010
202
30,8
15,25
20,1
5,2
25,9
2011
256
44,3
17,31
29,8
11,5
38,6
2012*
151
29,2
18,15
13,17
6,98
53,0
Janeiro a agosto FONTE: Associação de Comércio Exterior do Brasil
desde 1992, e a situação foi ficando mais complicada. Com preços em ascensão e despesas pesadas, não se interessou pela sustentação de reservas. Juntando-se a isto o fato de que os Estados Unidos da América não mais precisaram usar sua ampla capacidade de produção para a formação de estoques de produtos alimentares, que eram mais uma arma de pressão eficiente, pouco percebida, nos tempos da Guerra Fria, tem-se uma última contribuição à situação atual de aperto. Não é atribuição de nenhum organismo multilateral zelar pela existência de estoques de segurança, nem pelo ordenamento para o comércio exterior de alimentos essenciais, que podem ser considerados estratégicos. A proposta de algum tipo de mecanismo de estoques globais foi feita pelo ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy e o governo americano, responsável pela segunda maior economia agroexportadora mundial, respondeu que cada país deveria decidir isoladamente quanto ao assunto.
Para o Brasil, como exportador de sucesso, interessa a vigência de preços elevados e se pode considerar que, conforme dados da FAO/ONU, a produção mundial poderia sustentar hoje cerca de 11 bilhões de pessoas, enquanto a população totaliza pouco mais de 7 bilhões. Contudo, a descoordenação de políticas, na lógica competitiva natural do mercado, afasta grandes contingentes populacionais de indicadores decentes de nutrição. De modo um tanto realista, na posição de terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas da União Europeia e dos EUA, as autoridades brasileiras entendem que a proposta da formação de estoques globais interferiria nos mercados agrícolas, afetando um setor de extrema importância para o país, mas reconhece a relevância de contribuir para o aumento da produção nos países mais pobres, bem como a constituição de estoques de alimentos nestes mesmos territórios. Para isto, tem contribuído nos últimos anos. Animal Business-Brasil_45
ciĂŠncia & TEcnologia Science and Technology Por/Text adeildo Lopes Cavalcante
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Superburro: novidade no mundo dos equídeos
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, vêm obtendo, dentro de um projeto inédito no âmbito de universidades públicas do país, o chamado superburro, resultado do cruzamento entre o jumento Pêga e éguas da raça Bretã. Os superburros são muares mais pesados, dotados de mais força para tração de carroças com cargas mais pesadas. Os superburros, segundo os pesquisadores, são capazes de tracionar uma carga igual a 15% de seu peso vivo, durante a jornada diária de cinco horas de trabalho. Comparados com os equinos, os muares têm tendência a uma maior recuperação de peso e um menor consumo de água após uma jornada de trabalho de quatro horas. Os muares são animais de tração, rústicos e resistentes a terrenos acidentados e temperaturas altas. Resultam do cruzamento de jumentos e jumentas com cavalos e éguas de diversas raças, gerando burros e mulas. Entre essas raças está a Bretã, originária da França, que apresenta machos de grande porte, com aptidão para trabalhos pesados.
Empresa pesquisa e investe em produtos de avestruz
Baseada em estudos realizados pelo seu departamento de pesquisas, a indústria Amazon Struthio, localizada no município de Mirante da Serra, em Rondônia, especializou-se na produção e comercialização de carne de avestruz. Bem-sucedida nos negócios com esse produto, ela resolveu investir mais nessa ave e vai produzir banha e farinha de torresmo. Para isso, recebeu a autorização do Ministério da Agricultura. A avestruz é originária da África e sua criação no Brasil começou há 10 anos. Hoje, são abatidas cerca de 50 mil aves no país por ano e grande parte do consumo de carne ocorre em restaurantes e churrascarias. O produto já é vendido em supermercados e casas especializadas. Clone de raça bovina em extinção no Brasil Trata-se de uma bezerra da raça Flamenga, desenvolvida por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). “É o primeiro caso mundial de clonagem de célula de uma fêmea estéril que resulta num clone fértil”, explica o médico veterinário da EPAGRI, Fabiano Zago, responsável pela pesquisa juntamente com o professor Alceu Mezzalira, doutor em reprodução animal e professor da UDESC. Segundo Zago, o objetivo é preservar a raça Flamenga, que chegou à Serra Catarinense em 1912 e conta com apenas 50 animais puros. Nascida em 04/09/2012, a bezerra, batizada com o nome de Brisada Serrana, pesa 47 quilos e passa bem. Além disso, segundo os pesquisadores, não apresenta alterações congênitas observadas no trato reprodutivo da vaca clonada. Animal Business-Brasil_47
Patês e conservas de carne de tilápia Na busca de novos produtos, a Embrapa Agroindústria de Alimentos, sediada no Rio de Janeiro (RJ), desenvolveu patês e conservas de carne de tilápia. O objetivo é ampliar a oferta de produtos derivados desse pescado que é fonte de proteínas, cálcio, fósforo, vitaminas A, D e do complexo B. O Brasil é o sétimo produtor mundial de tilápia, mas a maior parte da comercialização se dá apenas na forma de peixe fresco ou congelado. No caso do patê, a pesquisa explorou a composição de fórmulas para garantir sabor, cor, textura e aroma de acordo com as expectativas do consumidor. O produto aproveita as partes descartadas na linha de filetagem da tilápia que obtém o filé, parte nobre do pescado.
Sistema de produção de suínos em família
Depois de três anos de estudos, a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu uma tecnologia para criação de suínos em família em que os leitões permanecem juntos desde o nascimento até o abate. O sistema é indicado especialmente para o agricultor familiar, que possui um número reduzido de matrizes, em comparação com o sistema convencional intensivo ou industrial. No sistema industrial, leitões de várias fêmeas se misturam e isto gera muito estresse. Por ficarem juntos do nascimento até o abate, os suínos criados em família sofrem menos estresse, o que contribui para uma melhor sanidade e bem-estar animal, reduzindo perdas na produção. O sistema é mais econômico para o pequeno produtor porque evita a compra de remédios usados em tratamentos preventivos para os suínos. Os tratamentos preventivos são muito comuns na suinocultura intensiva convencional, que requer uma maior quantidade de animais em espaços reduzidos, o que geralmente pode desencadear doenças, daí a necessidade dos tratamentos.
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Estudo inédito sobre doença fatal que ataca ovinos
Pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul concluíram o que consideram o maior estudo genético já realizado com ovinos no Brasil. Com informações levantadas sobre genomas de 1.400 animais de 13 raças, eles pretendem detectar a suscetibilidade à scrapie, uma do-
ença fatal que ataca o sistema nervoso de ovinos. A scrapie pertence ao grupo de encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET), assim como a doença que ficou mundialmente conhecida como o “mal da vaca louca”. De acordo com o Ministério da Agricultura, a scrapie foi detectada, pela primeira vez, no Brasil, em 1985 em ovinos importados do Reino Unido. Em 2001, novos casos da doença ocorreram em ovinos importados dos Estados Unidos. O Ministério, a partir de então, intensificou a adoção de medidas sanitárias para conter a disseminação da doença no rebanho nacional.
Alimentadores automáticos para melhorar desempenho de bovinos
dados relacionados ao consumo de alimento e ao comportamento dos animais. O sistema possui dispositivo que elabora gráficos sobre os horários de frequência dos animais no cocho. Com esse equipamento, os pesquisadores pretendem ampliar o conhecimento sobre a eficiência alimentar de bovinos Nelore.
O Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo passou a utilizar, na unidade de pesquisa de bovinos de corte, no município de Sertãozinho, um sistema inovador na alimentação de animais da raça Nelore. Importado do Canadá, o sistema é constituído de alimentadores automáticos que registram, durante 24 horas, todos os
Presunto cozido com menos gordura e sal de cozinha
Uma equipe do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, na busca de alimentos mais saudáveis, desenvolveu um presunto cozido com baixa quantidade de gordura saturada e de sódio (sal de cozinha). Para isso, adicionou ao produto uma fibra (pectina) − que ajuda a diminuir os níveis de colesterol no sangue − e cloreto de potássio. A importância da pesquisa pode ser avaliada pelo fato de que o aumento do número de produtos
industrializados, nos últimos anos, provocou a diminuição do consumo de alimentos que desempenham papéis fundamentais no organismo, como as fibras, por exemplo. Por outro lado, com o uso cada vez maior de produtos processados, também aumentou a ingestão de sódio. Animal Business-Brasil_49
tecnologia avançada na conservação de pescado Advanced technology in fish preservation Por/Text Prof. Carlos adam Conte Jr, Phd vet. Bruna Leal rodrigues, Mestranda - Fac. veterinária da uFF
Sumário
Apesar de ter havido um crescimento do consumo de pescado pelo brasileiro, de 6,46kg para 9,03kg, por habitante, por ano, entre 2003 e 2009, este valor ainda encontra-se abaixo da média do consumo mundial que é de 17,0 kg/habitante/ano. Este consumo encontra-se também abaixo do consumo médio preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 12 kg/habitante/ano. São vários os fatores que resultam nesse baixo consumo e, a falta de incentivo governamental e a carência de métodos de conservação eficazes estão entre os principais pontos deste entrave. Os perigos resultantes do consumo de pescado mal conservado vão desde a transmissão de agentes etiológicos de importância em saúde pública até a ingestão de compostos tóxicos produzidos por microrganismos deteriorantes e contaminantes. O presente artigo trata de tecnologias avançadas de conservação de pescado desenvolvidas para preservar a qualidade dos produtos em benefício do consumidor. Summary Despite the large growth in the consumption of fish by the Brazilian, from 6.46kg to 9.03kg, per inhabitant, per year, between 2003 and 2009, these figures are still below the global average, of 17.0kg/inhabitant/year. This consumption is also below the average intake recommended by the World Health Organization (WHO), 17kg/inhabitant/year. Several factors are responsible for this low intake and, the lack of governmental incentive and effective preservation methods are among the main reasons to this hindrance. The dangers resulting from the intake of poorly preserved fish go from the transmission of important public health etiological agents to the intake of toxic compounds produced by deteriorative and contaminant microorganisms. This article discusses advanced fish preservation technologies developed to preserve the quality of products for the benefit of the consumer.
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Existem diferentes métodos de conservação que objetivam aumentar a validade comercial do pescado, sendo elas divididas em tecnologias tradicionais (salga e secagem, congelamento, enlatamento e defumação) e tecnologias emergentes (atmosfera modificada, alta pressão hidrostática, irradiação gama e radiação UV). A salga é um dos mais tradicionais métodos de conservação de alimentos. Existem diversos métodos de salga, sendo os principais a salga seca e a úmida. O processo de salga seca apresenta diversas vantagens, entre estas, o forte efeito desidratante e a rápida velocidade de penetração do sal, o que evita a deterioração do pescado desde o início do processo, além de poder ser praticado nos próprios barcos pesqueiros. Como desvantagem, a penetração do sal não é homogênea e a forte desidratação produz uma grande desnaturação proteica podendo acarretar em uma aparência desagradável e um baixo rendimento do produto elaborado. Além disso, o produto também se torna mais susceptível à oxidação lipídica pelo oxigênio atmosférico. Em contrapartida na salga úmida, a rancificação oxidativa é evitada, a concentração de sal na salmoura pode ser regulada e a desidratação da matriz é moderada, evitando futuros prejuízos tecnológicos. Um fator importante a ser considerado no processo de salga é a qualidade do sal que será utilizado, uma vez que este pode ser portador de uma flora contaminante halotolerante. Estes microrganismos podem resultar em um defeito tecnológico, produzindo muitas vezes uma pigmentação indesejável no produto salgado, como é o caso da contaminação por Halobacterium salinarum, que confere pigmentação vermelha. Assim como a salga, o tratamento pelo frio é amplamente utilizado para conservação de pescado. O processo de refrigeração tem como objetivo retardar a atividade microbiana, bem como as reações enzimáticas e químicas, que levam à deterioração da matriz. Existem dois tipos de tratamentos pelo frio: o resfriamento e o congelamento. Basicamente o que difere os dois processos é a temperatura atingida. Considera-se pescado resfriado o pescado devidamente acondicionado em gelo e mantido em temperatura entre -0,5 e -2ºC e congelado, o pescado tratado por processos adequados em temperatura não superior a -25ºC. Contudo, para conservar o pescado resfriado ou congelado torna-se necessária a aquisição de máquinas para fabricação de gelo, para o congelamento da 52_Animal Business-Brasil
matriz e/ou para conservação dos produtos, o que torna esta atividade dispendiosa, uma vez que requerem elevado consumo de energia e grandes investimentos. A oferta de peixe, portanto, precisa ser volumosa para cobrir estes custos e também precisa haver um amplo mercado para pescado e derivados resfriados ou congelados. ATUALMENTE, existem diversas tecnologias emergentes que objetivam, por mecanismos distintos, aumentar a validade comercial do pescado, como por exemplo, a embalagem em atmosfera modificada, a alta pressão hidrostática, a irradiação gama e a radiação UV. O sistema de embalagem em atmosfera modificada tem como objetivo retardar o crescimento de microrganismos deteriorantes, aumentando a validade comercial do produto, além de preservar o frescor e manter os atributos de qualidade do alimento. Essa tecnologia consiste na alteração da atmosfera do interior da embalagem do produto, preenchendo-a com diferentes proporções de gases, como por exemplo, o dióxido de carbono e o nitrogênio. A embalagem utilizada para esta tecnologia é constituída de material plástico de alta barreira e é hermeticamente fechada para que não ocorra interferência com os gases presentes no ar atmosférico. O teor de oxigênio no ar está diretamente relacionado à validade do pescado devido ao seu efeito químico, principalmente relacionado com o ranço oxidativo, e microbiológico, permitindo o crescimento dos microrganismos aeróbios. A utilização da embalagem em atmosfera modificada diminui o efeito do oxigênio, devido à substituição deste gás por uma mistura gasosa no interior da embalagem. O dióxido de carbono, gás ativo utilizado no processo de embalagem em atmosfera modificada, é solúvel em água e ao se dissolver forma ácido carbônico, diminuindo o pH do produto e resultando em um efeito bacteriostático. Altas concentrações de dióxido de carbono prolongam a fase de latência e o tempo de multiplicação de patógenos importantes em saúde coletiva. No entanto, elevadas concentrações de dióxido de carbono somadas a alimentos com elevado teor de umidade, como o pescado, podem ocasionar colapso da embalagem devido à absorção de gás pelo produto. Com isso, utiliza-se o nitrogênio, um gás de enchimento quimicamente inerte, que tem como função evitar o colapso da embalagem provocado em atmosferas enriquecidas com altas concentrações de dióxido Animal Business-Brasil_53
de carbono. Apesar das vantagens da utilização da atmosfera modificada também existem as limitações de seu uso. Dentre elas, baixos níveis de oxigênio ou altos níveis de dióxido de carbono são necessários para inibir a multiplicação de bactérias e fungos, o que torna esta tecnologia dispendiosa. Além disso, há a necessidade de formulações de gases diferentes para cada tipo de pescado, pois uma composição inadequada pode alterar a atividade biológica dos tecidos, levando ao desenvolvimento de odores e sabores desagradáveis. A alta pressão hidrostática é uma tecnologia inovadora, não térmica, que consiste em submeter os alimentos a pressões acima de 100MPa (1 MPa = 145,038 psi = 10 bar). Esta tecnologia é eficiente na eliminação de microrganismos patogênicos e deteriorantes, proporcionando um maior nível de segurança microbiológica e o aumento da validade comercial do produto, além de manter suas 54_Animal Business-Brasil
características nutricionais e sensoriais, sem alterar significativamente a estrutura físico-química da matriz. Esta tecnologia apresenta diferentes vantagens, como: tornar possível o processamento do alimento à temperatura ambiente ou mesmo a temperaturas mais baixas; dispensar operações preliminares, pois possibilita a transmissão uniforme de pressão sobre o alimento, independentemente da sua forma e tamanho; proporcionar segurança microbiológica, sem o uso de aditivos químicos e poder ser utilizado para o desenvolvimento de novos produtos. A desvantagem desta tecnologia é a carência de informação técnica-científica para aplicação deste processo em escala industrial. O processo de irradiação gama está entre as tecnologias emergentes que são comprovadamente eficazes na redução de microrganismos patogênicos e deteriorantes, sem que as características sensoriais e nutricionais do alimento sejam altera-
das significativamente. Este método de conservação, quando devidamente realizado, usando doses predeterminadas e em condições controladas, é responsável pelo aumento da validade comercial do pescado, sem ocasionar efeitos nocivos, tornando-os viáveis economicamente e mantendoos com suas características sensoriais aceitáveis. Para pescados frescos ou congelados a dose de radiação necessária para garantir a qualidade higiênico-sanitária varia de 1,0 a 5,0 kGy, dependendo do produto e do seu estado físico. A desvantagem desta tecnologia é o custo da implementação no setor industrial e o impacto ambiental gerado pelo descarte das fontes de irradiação. A radiação ultravioleta-C (UV-C) tem sido usada amplamente na indústria de alimentos e hospitais para sanitização do ar e superfícies. As propriedades germicidas da irradiação UV se dão principalmente por mutações no DNA devido à absorção, pelas molé-
culas de DNA, de luz UV, causando ligações crosslinking entre as bases nitrogenadas timina e citosina da mesma fita de DNA. Portanto, a transcrição e a replicação do DNA são impedidas, comprometendo a função celular e levando à morte da mesma. Este mecanismo de inativação gera redução da população microbiana. Este método de radiação tem como vantagem ser uma metodologia barata, não alterar o fluxo contínuo da indústria, diminuir o impacto ambiental e possíveis contaminações químicas quando comparado à irradiação gama, e os produtos poderem ser radiados já embalados, o que facilita o processamento industrial e diminui o risco de contaminação pós-processo. A desvantagem desta tecnologia é similar à da alta pressão, pois por ser uma tecnologia antiga, mas com nova aplicação no setor alimentício, existe uma carência de informação técnica-científica para aplicação deste processo em escala industrial. Animal Business-Brasil_55
A variedade dos produtos é grande
Pet no Brasil é Big-Business Pet in Brazil is Big-Business Sumário
Com 35 milhões de cães, 18 milhões de gatos e 23 milhões de outros animais, de companhia e estimação, o mercado pet brasileiro só perde em movimento financeiro para os Estados Unidos. Em 2011, esse mercado faturou 13% mais do que em 2010, com lucro estimado de R$ 12,4 bilhões. A despesa com rações industrializadas superou os R$ 8,2 bilhões.
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Summary With 35 million dogs, 18 million cats and 23 million other animals, both companion animals and pets, the Brazilian pet market is only behind the United States in financial turnover. In 2011, this market earned 13% more than in 2010, with an estimated profit of R$ 12.4 billion. Expenses with industrialized pet food exceeded R$ 8.2 billion.
O setor vem crescendo a taxas de 15% ao ano e as perspectivas para o futuro são animadoras. Por outro lado, a competição vem aumentando muito, o que está começando a provocar uma seleção com a substituição de empresas menos profissionalizadas por novos empreendimentos com maior capacidade gerencial e investimento. A explicação geralmente aceita para esse boom não apenas dos pet shops, com serviço de banho e tosa mas também das clínicas, dos hospitais veterinários, das UTIs e de diversos serviços, como os hotéis para cães e gatos, o adestramento, os passeadores, é a chamada “solidão dos grandes centros” onde uma família, mesmo morando num apartamento ao lado de outra, passa anos sem o menor contato. O envelhecimento da população, com cada vez mais idosos morando sozinhos, carentes de companhia, é outra explicação para o crescimento do setor, com destaque para cães e gatos. Estes últimos, por sua independência, tranquilidade e custo menor de manutenção, vêm ganhando prestígio crescente. Animal Business-Brasil_57
Dr. Aristeu Pessanha Gonçalves
Membros da família Como afirma o experiente médico veterinário, especialista em clínica e cirurgia de pequenos animais e presidente da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro, Aristeu Pessanha Gonçalves, os animais de companhia, aí incluídas diversas outras espécies, como os pássaros, não têm sua função limitada à segurança do lar, mas são verdadeiros membros da família e como tais são tratados. E isso exige frequentes visitas ao consultório do veterinário, além de cuidados de higiene, esquema de vacinações adequado e rações industriais de qualidade. Há rações para as mais diferentes aplicações
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A escolha correta do animal para cada situação é da máxima importância. Há cães que latem muito, há os que latem pouco. Há os muito pesados e que podem representar perigo – mesmo brincando – para as crianças. Há raças com tendência para determinadas doenças; umas que precisam de muito espaço; outras mais tranquilas. Há raças de pelo longo, que dão despesas pela necessidade de cuidados profissionais frequentes. Há os cães com odor muito forte, e assim por diante.
Interesse internacional O mercado brasileiro no setor – notadamente, mas não só, nas grandes cidades – já é tão importante e com um potencial tão promissor que há empresas internacionais, com cadeias de estabelecimentos especializados nos Estados Unidos, pensando em estabelecer-se no Brasil. Para dar uma ideia da dimensão do atual mercado, o Dr. Pessanha informa que o faturamento do setor pet já é maior do que um dos mais tradicionais da economia brasileira, a chamada “linha branca” de eletrodomésticos, que inclui geladeiras, fogões, lavadoras de roupa, etc. E o potencial de crescimento, ainda segundo a mesma fonte, é grande. Para citar apenas
a venda de rações industrializadas, sabe-se que não mais de 50% dos pets são alimentados dessa forma, que é a correta e a tendência geral do mercado. Saúde pública Se por um lado, o aumento, pelos solitários, pelos idosos e pelas famílias, notadamente com crianças, é significativo, colaborando para o conforto psicológico, por outro, a intimidade com animais, qualquer que seja a espécie, representa riscos para a saúde pública. Estamos nos referindo às zoonoses que são as doenças de animais transmissíveis ao homem e vice-versa. Animal Business-Brasil_59
Alta tecnologia em atendimento de urgência no mundo pet High technology in urgent pet care Sumário
O mercado pet brasileiro é muito desenvolvido e vem crescendo num ritmo de 15% ao ano. O movimento de dinheiro é grande. Apenas a venda de rações alcança cifras muito expressivas e o potencial de crescimento é significativo, uma vez que não mais da metade de cães e gatos é alimentada com produtos industrializados. As exigências dos proprietários de animais de estimação e companhia, por sua vez, também são crescentes. Uma das organizações pioneiras no ramo do atendimento de emergência é o CTI Veterinário que funciona na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, sob a direção do médico veterinário Paulo Daniel Sant’Anna Leal, PhD. 60_Animal Business-Brasil
Summary The Brazilian pet market is highly developed and has been growing at a rate of 15% a year. The movement of cash is large. The sales of pet food alone reach very expressive figures and the potential of growth is significant, as no more than half of all dogs and cats are fed industrialized products. The demands of pet and companion animal owners, in turn, are also increasing. One of the pioneering organizations in emergency care is the Veterinary ICU (CTI Veterinário) in Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, under the direction of veterinarian Paulo Daniel Sant’Anna, PhD.
O CTI Veterinário para atendimento a pets foi criado em 1999 pela cardiologista veterinária Alessandra Ribeiro Lucena, MSc pela Universidade Federal Fluminense (UFF) para atender a uma carência do mercado e disponibilizar aos clínicos veterinários uma estrutura diferenciada, à época, única na cidade do Rio de Janeiro. O maior objetivo é a rapidez e eficiência do atendimento – 24 horas por dia, todos os dias da semana – para que seja conseguido um bom prognóstico, minimizando ou mesmo evitando as complicações. Recursos materiais Como acontece em diversas outras cidades brasileiras, o CTI Veterinário conta com recursos humanos e equipamentos especializados. Em média as urgências ocorrem 92% em cães; 7,5% em gatos e 0,5% em outros animais. Os recursos materiais são representados por equipamentos de última geração para diagnóstico por imagem, endoscopia, anestesia geral, ventilação mecânica, monitoração, entre outros, além dos necessários para a realização rápida de exames laboratoriais, durante as 24 horas do dia. Esses recursos exigiram um investimento inicial de meio milhão de reais.
Recursos humanos
É grande o número de especialistas indispensáveis para um atendimento urgente e de boa qualidade. Ele abrange as seguintes áreas: • Cardiologia clínica. • Oftalmologia clínica. • Animais selvagens. • Animais exóticos. • Medicina de felinos. • Endoscopia. • Anatomia patológica. • Clínica cirúrgica e criocirurgia. • Endocrinologia. • Anestesia e controle. • Dermatologia. • Neurologia. • Cirurgia neurológica. • Clínica geral. • Nefrologia e diálise. • Ortopedia. • Ultrassonografia e radiografia. • Oncologia e quimioterapia. Os recursos humanos mantêm-se em permanente atualização através de cursos, seminários e diversos outros tipos de eventos em todo o Brasil e no exterior. Animal Business-Brasil_61
Técnica avançada para controlar qualidade do hambúrguer Advance technique for hamburger quality control Sumário
O maior risco para o consumidor, consequente da ingestão de hambúrguer mal conservado, é a presença de salmonelas que são bactérias (Salmonella spp.) causadoras de infecções intestinais que podem variar de leves a até mortais. Summary The highest risk to the consumer, as a consequence of the ingestion of poorly preserved hamburger, is the presence of salmonella, bacteria (Salmonella spp.) that cause intestinal infections that may range from mild to lethal ones. 62_Animal Business-Brasil
Embora muitos pensem que é invenção de americano, o hambúrguer só chegou aos Estados Unidos através dos imigrantes alemães originários dos arredores de Hamburgo. A história dessa carne moída sob a forma de bife é muito antiga e remonta ao século XVII, quando as tribos nômades da Ásia Ocidental criaram a receita de temperar a carne moída com o objetivo de aumentar seu tempo de conservação. A aceitação foi grande e um dos motivos é que assim preparada, dispensava o uso do fogo, o que era grande vantagem durante a permanência nos acampamentos. Os marinheiros alemães, ao contrário dos nômades asiáticos, não gostavam da carne moída crua e temperada e passaram a cozinhar o produto que teve tanta aceitação que passou a ser um prato típico da culinária alemã.
No Brasil Quem introduziu o hambúrguer no Brasil foi o campeão de tênis, Bob Falkenburg, no seu primeiro Bob’s em Copacabana, que revolucionou o estilo brasileiro de lanchonete, introduzindo equipamentos e atendimento com alto nível de higiene. Com adaptações segundo os hábitos locais, há anos, o hambúrguer está disseminado nos quatro cantos do mundo, tendo como um dos motivos a sua praticidade. Esse tipo de alimento, entretanto, nem sempre é conservado da forma adequada – que é o congelamento – nos locais onde é vendido cru para ser preparado em casa. O simples resfriamento nos balcões dos açougues e dos supermercados não é suficiente, pois pode permitir o desenvolvimento de bactérias, como, por exemplo, as do grupo das salmonelas.
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Prof. Jorge Luiz Fortuna
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Risco O maior risco para o consumidor, consequente da ingestão de hambúrguer mal conservado é a presença de salmonelas que são bactérias (Salmonella spp) causadoras de infecções intestinais que podem variar de leves a até mortais. Salmonella O médico veterinário e biólogo, professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Jorge Luiz Fortuna, está desenvolvendo uma tese de doutorado sob a orientação do professor Robson Maia Franco, PhD, e coorientação do professor Elmiro Rosendo do Nascimento, PhD, da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), para detecção de bactérias do gênero Salmonella em hambúrgueres. Existem 2.530 sorotipos (linhagens) do gênero Salmonella. Diagnóstico Como explica o professor Fortuna, as técnicas utilizadas para a pesquisa dos microrganismos aplica-
das na cadeia produtiva dos alimentos de origem animal, têm como objetivo principal diminuir os riscos de doenças alimentares nos consumidores, além de testar a qualidade desses produtos. A detecção e identificação de bactérias do gênero Salmonella em alimentos é muito importante para o controle e prevenção de surtos de infecção alimentar causadas por esses microrganismos. Porém, a pesquisa para a detecção de Salmonella em alimentos, através dos métodos tradicionais, é muito demorada. Além disso, há a possibilidade da obtenção de resultados falsos-positivos devido, principalmente, à presença de outros microrganismos. Confiabilidade O isolamento e identificação de Salmonella, em menor espaço de tempo e maior confiabilidade em amostras de alimentos, têm se tornado cada vez mais importante. Atualmente, uma das principais técnicas alternativas de diagnóstico e identificação de bactérias do gênero Salmonella é baseada na PCR (reação em Animal Business-Brasil_65
cadeia da polimerase), indicada para detectar material genético de Salmonella presente em amostras de alimentos. A PCR é considerada uma técnica sensível e específica para a detecção de vários microrganismos. É uma técnica que detecta uma região única de um genoma do microrganismo e que permite a replicação in vitro de sequências definidas do DNA (Ácido Desoxirribonucleico, da sigla em inglês) do microrganismo pesquisado, ou seja, apenas a região a ser amplificada pelo “primer” ou iniciador específico. Quando comparada com os métodos microbiológicos convencionais, geralmente, a PCR apresenta maior especificidade, segurança e rapidez. Prevenção As principais medidas de prevenção de infecção alimentar por Salmonella, são: Cozimento adequado dos alimentos; (2) Conservação dos alimentos na temperatura adequada (refrigeração ou congelamento); (3) Proteção do alimento contra roedores, moscas e outros animais; (4) Exames periódicos de amostras de fezes de ma66_Animal Business-Brasil
nipuladores de alimentos; (5) Inspeção periódica de locais de processamento de alimentos; (6) Boas práticas pessoais sanitárias e de higiene. Resultados da pesquisa Os resultados do trabalho de pesquisa que está sendo feito pelo professor Jorge Luiz Fortuna, em sua tese de doutorado, embora ainda prévios, já são preocupantes. Dos hambúrgueres crus analisados, cerca de 30% apresentam-se contaminados por Salmonella, estando assim em condições sanitárias insatisfatórias e impróprias para o consumo. Causa do problema A causa principal do problema da contaminação é o fato da comercialização dos hambúrgueres vendidos em açougues e supermercados está sendo feita de forma equivocada uma vez que esses pontos de venda, em sua maioria, mantêm o produto em balcões frigorificados, que atingem temperaturas ótimas para a multiplicação de microrganismos já existentes na carne. Noutras palavras: essas temperaturas não são suficientemente baixas para deter a multiplicação das bactérias.
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