Atualidades na prevenção das disfunções do assoalho pélvico abordagem obstétrica Cláudia Soares

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ATUALIDADES NA PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO Abordagem obstétrica Cláudia Soares Laranjeira Belo Horizonte / MG


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Processo complexo

Múltiplos fatores de risco

Disfunções IU, IF, prolapsos, dor, alterações sexuais

Prevenção e Tratamento


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Relevância The hidden epidemic of pelvic floor dysfunction: Achievable goals for improved prevention and treatment

John O.L. DeLancey, MD (2005) EPIDEMIA OCULTA

“Se preveníssemos 25% das disfunções do AP, poupariamos 90 a 120 mil cirurgias/ano e 30 a 40 mil reoperações” “Nos próximos 20 anos, pouparemos mais de 100000 mulheres desse sofrimento”


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Músculos do assoalho pélvico . Continências urinária e fecal . Musculatura estriada e gravidez

. Força - correta contração . Coordenação intermitente (sensorial e motora) . Tônus - sustentação . Elasticidade – estiramento (parto) 14ª e 24ª semana . Redução da força dos MAP . Aumento da relaxina (amolecimento das articulações pélvicas, remodelamento de tecido conjuntivo) Petersen, 1996


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Músculos do assoalho pélvico no pós parto . 192 primíparas – 5 a 7m pós parto MAP é o maior preditor de IUE de mulheres primíparas depois do parto vaginal . Força do AP < 35 cmH2O . Presença de IUE antes ou durante da gestação

Baracho, 2012


Parto Vaginal é o evento que mais causa disfunção pélvica

Fatores de risco: Fórceps, 2º estágio prolongado, peso RN 

Isolados ???

X Comumente associam-se

Medida de forca:     

Cabeça fetal ................ 16 Newtons Contração ..................... 54 N Nos puxos ...................... 120 N Vácuo ............................. 113 N Fórceps ......................... 200 N

DeLancey O.L., 2009


Estudos físicos (engenharia) Taxa de estiramento elevador do anus no 2º estágio (comprimento final /comprimento inicial): 3,26 – relação positiva com lesões na RM

Lesão nervosa relaciona-se com tensão

Força de fechamento vaginal menor

Quais os efeitos da gestação isoladamente, independente da via ou tipo de parto

DeLancey O.L., 2009


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Lesão dos elevadores do anus 

Risco de 7,3x para desenvolver prolapsos, maior risco de recorrência pós tratamento cirúrgico Fórceps 

DeLancey, 2007 ; Dietz, 2010 Weremholff, 2012

eleva risco de lesão em 3,4 a 14, 5 vezes Delancey, 2005 e 2006

35 a 64% das mulheres com lesão a ultrassonografia Dietz, 2010; Krofta, 2009

Duração período expulsivo 

lesões detectadas em RNM – duração em média 78 minutos a mais duração maior que 110 minutos aumenta risco 2,3x DeLancey, 2012; Valsky, 2009


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Lesão dos elevadores do anus 

Vácuo extrator 

Peso do Recém nascido 

sem riscos comprovados

Circunferência cefálica  

Sem riscos

CC maior que 35,5 – risco 3,3x maior de lesão Se associado a periodo expulsivo prolongado – 5,3x

Analgesia epidural 

Protetora

Dietz, 2010; Valsky, 2009; Rempe, 1991


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Efeito da Via de Parto 

Lesões musculares e ligamentares – neurológicas ou mecânicas 

1a gestação – responsável pela maioria das lesões 

sem evidências de que o parto vaginal é o unico causador.

Gestação é o principal fator de risco (efeitos hormonais e sobrecarga mecânica)

Allen, 1990; Wijma, 2003; Pregazzi, 2002


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Efeito da Via de Parto Urinary Incontinence after Vaginal Delivery or Cesarean Section Rortveit, M.D and col (2003) Nulíparas Parto cesariana Parto Vaginal

10,1% 15,9% 21%

Risco de IUE foi 2,5 vezes maior após parto vaginal


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Efeito da Via de Parto 

Prolapsos genitais 

Prevenção de prolapsos com cesariana é irreal  

54% ??? Se cesariana rotineira (eletiva). Presença de prolapsos durante a gestação é mais comum nas mulheres que apresentam prolapso pós parto. Novos prolapsos – 37% apos PV e 35% apos CS.

Maior mobilidade dos orgãos pélvicos após parto vaginal, principalmente fórceps. Risco 1,8 x maior Cesariana não tem efeito protetor Handa, 2012; Koc, 2012; Crane, 2013; Fritel, 2010; Dietz, 2003; Lukacz, 2006


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Efeito da Via de Parto 

Incontinência Fecal 

Laceração do esfincter anal interno 

se não for diagnosticada imediatamente é o maior fator de risco isolado. Risco da lesão é maior apos o 3o parto vaginal

Revisao Cochrane, 2010  

Mais de 30000 mulheres Cesariana não tem efeito protetor para prevençaõ de IF Pollack, 2004; Ryhammer, 1995; Nelson, 2010


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Efeito da episiotomia Prevenção de trauma fetal e prevenção de lesão direta dos músculos do assoalho pélvico   

 

Não evidencia proteção para IU, IF e prolapsos Reduz força muscular perineal Estudos não esclarecem comprimento ideal da incisão, profundidade e angulo ideala para episiotomia medio lateral. Mais dor e mais dispareunia nos primeiros meses. Não há maior incidência de prolapsos, IU e IF em mulheres submetidas a episiotomia medio lateral. Nao é protetora nem causadora de disfunção do AP Hartman, 2005; Carroli, 2009; Sartori, 2004; Cam, 2012


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Lesão e disfunção sexual

 

Associação importante com IU e prolapsos. Fator psicossocial importante. Insatisfação sexual maior após parto vaginal apenas nos primeiros 3 meses. Dispareunia em ambos CS e PV. Cesariana não é protetora Klein, 2005 e 2009


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Pré e pós natal (orientações pré concepcionais, ganho de peso, tabagismo)

Prevenção

Retreinamento de MAP (fortalecer / alongar)

No parto (via de parto, posição, instrumentalização, episiotomia)


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

O que fazer ?

1 Pré gestacional: sem sintomas ou sinais de DAP

2 Na Gestação: Sem sintomas ou sinais de DAP

Baracho, 2014, UROMATER

3 Na gestação: DAP prévia, pressão de contração AP < 35, IMC > 30. Pós parto: DAP, Parto instrumental, laceração perineal ou de EA, período expulsivo prolongado, macrossomia, pressão de contração AP < 35


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Retreinamento da musculatura do assoalho pélvico  Fisioterapia iniciada no 1º e 2º trimestre reduz incidência de IU  Aumento na capacidade de contração muscular

Pelaez, 2013;


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Retreinamento da musculatura do assoalho pélvico  Objetivos  Fortalecer  Coordenação motora do diafragma respiratório e pélvico  Coordenação da cintura pélvica  Estabilização  Mobilidade Corporal – Percepção do assoalho pélvico

Oliveira, 2013; Bladine-Calais, 2012


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO

Cinesioterapia geral  Benefícios  Prevenção de dor na cintura pélvica  Aumento na capacidade de contração muscular, percepção correta da contração.  Menor incidência de IU na gravidez (32% x 48%) e no pós parto (20% e 32%)  reduz tempo de período expulsivo (< 60 min)

Morkved, 2003; Salvensen, 2004; Oliveira, 2011, Pelaez, 2013


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO Avaliação MAP, postural, mobilidade corporal e respiratória 14 a 24 semanas Avaliação fisioterápica 1º trimestre Avaliação obstétrica Gestante Saudável

Nova avaliação MAP

Identificação de riscos para disfunção Fortalecimento dos MAP ? sessões

Ultimas semanas – Relaxamento/ alongamento dos MAP Oliveira C, 2015; USP


PREVENÇÃO DAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO 

No parto  Deambular durante trabalho de parto (melhora mobilidade pélvica)  Posições verticalizadas tem menor incidência de episiotomia e menos lacerações de 3o e 4o grau, porém tem maior sangramento  Episiotomia seletiva (?), definir técnica.  Revisão perineal detalhada (procura por lesão de EA)  Cesárea planejada (?) efeito protetor incompleto, benefício a longo prazo indefinido.


Conclusão  

Etiologia das disfunções do AP é multifatorial Fatores de risco adicionais a gravidez e ao modo do parto existem  doenças do colágeno  hereditariedade  obesidade  paridade  culturais …… Considerar  Ambiente/situação clínica  Fatores de risco  Desejo da paciente (funcionalidade)


Discussao e conclusao   

Conhecimentos insuficientes Alguns resultados inconclusivos Evidencias conflitantes a respeito do impacto do processo do parto

SIM, nos podemos proteger a função do assoalho pelvico


Obrigada ClĂĄudia Laranjeira cls.laranjeira@gmail.com Rede Mater Dei de SaĂşde


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