Doenças incomuns e raras na gravidez "o que o obstetra deve saber" Frederico J A Peret CMGO 2015

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Doenças incomuns e raras na gravidez “O que o obstetra deve saber”

Dr Frederico J A Péret Hospital Vila da Serra – Medicina Materno -Fetal Comitê de Gestação de Alto Risco SOGIMIG Câmara Técnica CRMMG


Introdução


Vamos falar sobre:

LISTERIOSE COLESTASE DA GRAVIDEZ ANGIOPATIA CEREBRAL PÓS-PARTO


Listeriose • Doença transmitida através de alimentos contaminados por Listeria monocytogenes • Incidência 13 x maior na gravidez • 2,7 – 10/100.000 gestações • Associada com:

- Parto pré-termo - Óbito fetal

- Sepse neonatal grave


Quais são os alimentos de risco? • • • • • •

Salsicha (Hot-dog) e embutidos Salmão defumado Queijo e leite não pasteurizado Paté Vegetais e frutas não higienizados Enlatados de origem animal


Mecanismos


Lesรฃo placentรกria Corioamnionite aguda


Aspectos clínicos • Sintomas – 70 a 80% dos casos Febre (65%) Síndrome “gripal” (32%) Dor abdominal (21%) Vômitos e diarréia (10%) • Culturas – Hemocultura + em 43% dos casos


Aspectos clinicos MORTE FETAL SEPSE NEONATAL CONTINUIDADE DA GRAVIDEZ

CONTAMINANTES


Conduta Possivel exposição a Listeria Gestante sintomática

Assintomática

Presença de febre

Observação

NÃO

Cultura e observação

SIM

Tratamento imediato**

** Ampicilina 6 g dia por 14 dias


Conclusões • A Listeria é um patógeno único com alto poder de ultrapassar a barreira placentária • As gestantes são um grupo de risco principamente as com co-morbidades que afetem imunidade

• A infecção fetal e neonatal é rápida, grave e com mortalidade de 30%. • Devemos pensar nesta doença nos casos de óbito fetal e obter pelo menos exame da placenta • Em casos de suspeita o tratamento deve ser imediato • Orientações de prevenção devem ser sempre incorporadas aos cuidados perinatais pois não há teste de screening


Colestase intrahepática da gravidez • Prevalência variável de acordo com região • Maior prevalência em latinos • Maior incidência em gestação multipla e uso de progesterona • Pode associar-se com Pré-eclâmpsia • Risco de doença hepática crônica e câncer hepático a longo prazo


Riscos fetais Prematuridade Ă“bito fetal (7 a 20%) Acidose intra parto RELACIONADO COM

Nivel de acidos biliares (> 4 x) Gravidade do quadro materno Prolongamento da gravidez > 37 semanas Pode ser imprevisĂ­vel


Mecanismos Fatores genéticos

Fatores hormonais

Elevação de ácido biliares

Sintomas maternos

Lesão miocárdica fetal


Aspectos clĂ­nicos

Mais grave


Aspectos laboratoriais

Exames adicionais - Ultrassonografia hepática (exclusão) - RNI (deficiência de Vit k em casos graves)


Conduta • Valorizar a queixa de prurido persistente • Exames maternos • Iniciar tratamento clínico o mais breve possivel • Àcido ursodeoxicólico (UDCA) • Monitorização materna e fetal semanal • Otimizar o parto após 36 semanas • Controle materno de longo prazo


UDCA EvidĂŞncias moderadas

900 a 1,2 g dia


Vitalidade fetal • Nenhum teste convencional de vitalidade é sensível ou específico • Recomendado avaliação no minimo semanal • Incluir cardiotocografia no acompanhamento • Promissor – avaliação funcional pelo ecocardiograma fetal relacionou-se com os níveis de ácidos biliares > 40 mmol/ml (risco)


Idade gestacional e risco de obito fetal

5.545 casos


Conclus천es


Angiopatia cerebral pós-parto • Disturbio neurovascular puerperal caracterizado por vasoconstrição cerebral multifocal • Incidência não estimada, considerada doença rara, aparece na sua maioria em gestações sem complicações prévias • Apresenta-se com cefaléia com inicio nas primeira semana puerperal (71%) , recorrente e progressiva podendo haver distúrbios visuais, ataxia , hemiparesia e mesmo crise convulsiva


Aspectos clinicos • Pode estar associado com uso de recaptadores de serotonina,ergotaminicos e outros vasoconstritores • A maioria tem resolução em 2 a 3 meses mas pode haver evolução fatal , AVC isquêmico e hemorrágico


Mecanismos


Imagem RNM


Imagem ANGIO RNM /TC

2 meses


Imagem Angiografia


Conduta Cefaléia severa pós parto

Exames de imagem TC+ outros) Punção lombar

Positivos* Hemorragias Trombose

Negativos Angio RNM/TC Angiografia Positivos Angiopatia pós-parto

Afastar fatores agravantes

Tratamento


Tratamento (?) Bloqueadores do CĂĄlcio - Nimodipina / Verapamil EV Sulfato de magnĂŠsio


Conclusões • Patologia vascular rara do puerpério • Puérperas com cefaléia intensa progressiva devem ser avaliadas de forma adequada e na suspeita tratadas imediatamente pois apesar de muitas evoluções benignas existe risco de morbidade e óbito • O melhor tratamento ainda precisa ser estabelecido mas existe certo consenso no uso de Bloqueadores de Ca++ e Sulfato de magnésio



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