Super Notícia - Projeto alerta para violência doméstica

Page 1

Sumário Jornal Super Notícia - Geral - p. 16 - 08/07/16 Projeto alerta para violência obstétrica


Jornal Super notícia - Geral - p.16 - 08/07/16 Projeto alerta para violência doméstica

CLIPPING

16 GERAL

SUPER NOTÍCIA SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2016

MATERNIDADE

PROJETO ALERTA PARA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA M Câmara Federal tem propostas para combater prática, que ocorre de forma velada nas maternidades LEO FONTES - 4.10.2015

que a violência obstétrica – falesuper@supernoticia.com.br “Fui obrigaou violência institucional na atenção obstétrica – ocorre da a ficar dei“Pedi para descer da de forma tão velada que não tada o tempo maca e caminhar para aju- há obrigação de notificação todo. Nem dar no trabalho de parto, dos casos por parte das automas não me deixaram. ridades, como acontece com sentada eu Era mais uma regra do a violência doméstica, por podia ficar, hospital”. A jornalista Lu- exemplo. Não há, portanto, pois eles disciene Câmara, de 34 informações oficiais sobre esanos, tinha consciência sa realidade. Poucas mulheseram que, de que o que estavam fa- res recorrem à Justiça, e, em se eu caísse zendo com ela na materni- Belo Horizonte, a Defenso(e a maca era dade, no dia em que dava ria Pública não tem nenhuà luz seu primeiro filho, ma demanda desse tipo. bem alta), a era a chamada “violência “A violência obstétrica esresponsabiliobstétrica”. Já é compro- tá muito relacionada à visão dade seria tovado, segundo especialis- da mulher. Muitas não percetas, que a posição vertical bem o que é a violência sobre da deles (hosfavorece naturalmente a seu corpo. É preciso dissemipital).” saída do neném. Ainda as- nar informação”, reforça SôLuciene Câmara sim, a gestante hesitou nia Lansky, coordenadora da Jornalista em reclamar e se sentiu Comissão Perinatal da Secre- ¬ Realizada no ano passado em BH, exposição “Sentidos do Nascer” abordou a violência obstétrica vulnerável. “Tive medo taria Municipal de Saúde de de questionar muito e is- Belo Horizonte. so interferir no tratamenPesquisas mostram que to que eu e meu bebê rece- em 2010 uma em cada quaberíamos”, conta. tro mulheres sofriam violênLuciene não está sozi- cia no parto no Brasil. No caLUCIENE CÂMARA, 34 ANOS meu marido a deixar a bolsa com as bebê. Quando o João nasceu, eu só nha nas lembranças. O so de Luciene, dentre outras JORNALISTA roupas do bebê no carro, pois o parto ouvi o choro dele, mas não conseguia momento, esperado com agressões, ela teve, a contrairia demorar. Ao voltar, ele foi informavê-lo. Tive que pedir para que o entretanto amor, para muitas gosto, seu parto induzido Durante a gestação, deixei bem do de que não poderia entrar mais, só gassem a mim. Fui informada de que mães se converte em uma com ocitocina sintética, que claro para minha médica que queria quando o bebê estivesse nascendo. Fimeu marido não poderia dormir lá experiência desumana. estimula dilatação e contraum parto mais natural possível. Desequei naquela sala grande e vazia, sozicomigo porque havia outras mulheres Assim, as palavras ditas ções. Sem consulta ou conjava que meu filho também particinha, rezando e fazendo muita força. no quarto. Poucas horas após o parto, em 2011 pelo médico fran- versa, o obstetra fez a episiopasse do processo de nascimento. Um anestesista entrou lá e, sem me comecei a sentir muita dor nas costas, cês Michel Odent, conhe- tomia (corte da vagina) e Em 29 de dezembro, fui à Maternida- consultar, foi preparando a anestesia. perto do cóccix. Fugi tanto da cesárea cido pela defesa do parto usou o fórceps, uma espécie de Santa Fé para mais uma consulta Mas eu nem sentia dor ainda e disse para que meu filho pudesse vir ao natural, se encaixam per- de concha para ajudar a pude rotina. Eu estava com 39 semaque não queria aquilo, queria conhecer mundo de maneira mais natural e feitamente nesse contex- xar o bebê. nas e sentia contrações leves. Ao fa- a dor do parto. No início da madrugapara que minha recuperação fosse to: “Para mudar o mundo, zer o exame de toque, a médica per- da, o obstetra disse que, se minha dila- mais rápida, mas acabei muito fragiliprimeiro é preciso mudar guntou se eu não queria descolar o tação continuasse a não avançar, teria zada com uma dor insuportável. a forma de nascer”. colo para ter meu parto naquele dia. que fazer a cesárea. Eu estava com 6 A Maternidade Santa Fé negou os Um dos caminhos para Minha pressão estava 12 por 8 (um cm de dilatação e tinha que chegar a acontecimentos e informou que é refeo fim da violência obstétriO deputado federal Marco pouco acima da média). Ela mesma 10 cm. Ele, então, rompeu minha bolsa rência na área. “Quanto à reclamação ca está em previsões leFeliciano (PSC) possui projetratou de tomar a decisão por mim. sem nem me explicar. Comecei a choda paciente, temos um serviço de avagais para assegurar um to de lei para tornar a ocorComecei a sangrar e fui para a sala rar muito. Eu sentia o bebê saindo e liação em que a paciente pode deixar parto mais humano. Nesrência de violência obstétrica de observação. pedi as enfermeiras que chamassem por escrito tudo que não lhe foi de se sentido, tramita, há crime de constrangimento Eles me colocaram em uma maca meu marido. agrado. Não há registro no que foi quase dois anos, na Câmailegal. No entanto, há críticas no bloco cirúrgico. Aí veio o primeiro O médico anestesista deitou na micitado. E, do que ali foi explicitado, ra dos Deputados, em Brade que o projeto minimiza a susto. As enfermeiras aconselharam nha barriga para pressionar a saída do nada procede”. importância da situação. sília, o Projeto de Lei 7.633, do deputado Jean Wyllys (PSOL). Ele prevê à gestante a garantia No parto do parto humanizado, do Submeter a mulher a jejum, serviços públicos e Impedir a entrada do acompanhamento, da cornudez, raspagem de pelos, particulares acompanhante escolhido Na gestação reta informação sobre lavagem intestinal pela mulher. A Lei Federal O que é a Realizar procedimentos que Negar atendimento à mulher, impor 11.108/2005 garante esse procedimentos e direitos, violência Praticar ação verbal ou causem dor ou dano físico: dificuldades para a realização do direito durante acolhimento, obstétrica? além da mínima interfecomportamental que cause pré-natal pré-parto, parto e pós-parto soro com ocitocina para rência médica. A proposacelerar o trabalho de parto na mulher sentimento de Qualquer em todos os Humilhar, xingar, coagir, inferioridade, por conveniência médica, ta aguarda parecer do reintervenção ou constranger, ofender a mulher e sua vulnerabilidade, abandono, exames de toques ato praticado lator na Comissão de Edufamília medo, insegurança etc sucessivos e por diferentes sem o consenticação da Casa. pessoas, episiotomia (corte Fazer comentários constrangedores JOANA SUAREZ

Depoimento

Outra proposta

CRIME SILENCIOSO

Velada Na verdade, o projeto de Jean Wyllys faz um compilado de legislações e portarias de saúde já em vigor para proteger os direitos dos futuros pais e mães. Especialistas e ativistas da causa apontam

mento explícito da mulher grávida e/ou em desrespeito a sua autonomia, sentimentos, opções e preferências

à mulher por sua cor, idade, escolaridade, crença, estado civil, condição socioeconômica, orientação sexual, número de filhos etc Agendar cesárea sem recomendação baseada em evidências científicas, atendendo interesses e conveniência do médico

da vagina), imobilização de braços e pernas

Leia mais no site: www.otempo.com.br

Denuncie A mulher que viveu uma ou algumas dessas situações pode denunciar o caso às ouvidoria de saúde do município, do SUS e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Também é possível denunciar ao Ministério Público ou à Defensoria Pública

FONTES: CARTILHA DA DEFENSORIA PÚBLICA DE SÃO PAULO; CARTILHA DA REDE DE MULHERES PARTO DO PRINCÍPIO; FÓRUM DE MULHERES DO ESPÍRITO SANTO E PESQUISA DIRETA

Rua São Paulo, 1665 - Conjunto 405 - Lourdes (31) 2511-3111 - contato@zoomcomunicacao.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.