Portefólio Qualifica Sónia Bernardo

Page 1

CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS NÍVEL SECUNDÁRIO

CURSO EFA-C 12º ANO

PORTEFÓLIO REFLEXIVO DE APRENDIZAGEM Rumo a um futuro qualificado

1


2


Ficha Técnica Título: Portefólio Reflexivo de Aprendizagem Editor: Sónia Cristina Gonçalves Bernardo (1ª edição, Dezembro 2021) Autoria: Sónia Cristina Gonçalves Bernardo Coordenadora: Ana Pinto Formadores: Cidadania e Profissionalidade CP Alexandre Macedo Isabel Costa Manuela Figueiredo Cultura, Língua e Comunicação CLC Luis Filipe Carvalho Eulália Cardoso Maria Salomé Carvalho Sociedade, Tecnologia e Ciência STC Fernando Oliveira Isabel Carvalho

Concepção Gráfica e Paginação: SÓNIA BERNARDO

Curso EFA-C Nível Secundário 12º Ano Centro Qualifica Escola Secundária Marquês de Pombal R. Alexandre de Sá Pinto 85, Lisboa Telefone: 213 616 630 e-mail: centro.qualifica@esmp.pt

3


ÍNDICE Introdução Autobiografia Educação e Formação de Adultos EFA Áreas de Competência Chave Cidadania e Profissionalidade CP Liberdade e responsabilidade democrática UFCD1 Construção de projectos pessoais e sociais UFCD8 Cultura, Língua e Comunicação CLC Culturas de urbanismo e mobilidade UFCD6 Fundamentos de cultura, língua e comunicação UFCD7 Sociedade, Tecnologia e Ciência STC Sistemas ambientais UFCD2 Sociedade, tecnologia e ciência - fundamentos UFCD7

Área de Caractér Transversal: PORTEFÓLIO REFLEXIVO DE APRENDIZAGEM - PRA Reflexão Final

4


INTRODUÇÃO A necessidade de certificação das qualificações adquiridas ao longo de duas décadas de trabalho, foi o que levou-me a inscrever no curso EFA, para obter as habilitações escolhares ao nível do secundário enquanto desempregada. Embora tenha qualificações vastas, nenhuma está certificada, e isso é bastante limitador na procura de um emprego que vá ao encontro do meu máximo potencial como ser humano capaz e compentente. A vontade de conseguir alcançar um nível de formação elevado que permita uma qualidade de vida estável para sustentar a minha família também teve o seu papel significativo, para, devidamente valorizada como trabalhadora ou até uma futura empreededora com autonomia no mercado de trabalho, procurar com esta qualificação formações técnicas que vão de encontro ao conhecimento que já possuo e procuro desenvolver ao mais elevado nível. Embora pareça insignificativo para quem já possuía o 11º ano de escolaridade fazer o curso EFA, valorizar-me e encontrar formas de demonstrar as minhas competências foi extremamente essencial no meu desenvolvimento laboral e de uma futura possível nova carreira profissional. Foram motivos pessoais que me levaram a deixar a escola e cedo começar a trabalhar, no entanto, hoje em dia dou bastante valor ao que consigo fazer e que sei que ainda posso fazer melhor. Sou bastante exigente e como trabalhei desde os 20 anos, tenho uma vasta experiência, desde gestão até à área de design gráfico. Gostava de ter um trabalho que me possibilitasse trabalhar a partir de casa e com isso estar presente junto da família, como sustento e como apoio, por isso foi bastante importante ter dado o primeiro passo na inscrição deste curso e espero que este portefolio não seja o último, mas o primeiro e mais importante passo no caminho da minha independência financeira, criativa e profissional.

5


AUTOBIOGRAFIA Sónia Cristina Gonçalves Bernardo

6


Uma grande parte do caráter essencial de qualquer pessoa pode ser expressa em três anedotas estrategicamente escolhidas sobre essa pessoa. Estas são as minhas três. A primeira boneca Barbie que a minha mãe me ofereceu, eu era bastante pequena e foi uma dupla desilusão: Para mim, porque ao abrir a boneca ao meio apercebi-me que não tinha órgãos e era vazia por dentro. E para a minha mãe por aperceber-se que a sua filha não era o típico de uma menina daquela idade. O primeiro funeral que fui foi o do meu avô maternal. Tinha 8 anos de idade e lembro-me que não deixaram-me entrar no cemitério e fiquei lá fora com a minha tia em 2º grau. Quando perguntei à minha mãe para onde o avô tinha ido, e ela disse-me: “para o céu”. Fiquei a pensar desse dia, e durante muito tempo, que as pessoas quando morriam iam para as nuvens, uma vez que era o único sítio possível para as pessoas estarem. Então passei muito tempo a olhar para as nuvens a ver se via pessoas, mas como gostava muito de animais e achava que eles também lá estariam, a dada altura achei que não devia ser muito bom ir para o céu, porque haveriam tigres, leões e outros animais selvagens e que provavelmente teríamos de andar sempre a fugir. O que não me parecia muito apelativo, na altura. Desde pequena que ia com os meus pais, muitos fins-de-semana, para uma casa no Alentejo onde o meu avô vivia e onde eu podia fazer tudo. Andava sozinha no meio dos pomares, a brincar com as galinhas, fazer companhia aos cães, no meio da natureza num terreno bastante grande. Quando um dia mais tarde os meus pais me disseram que a casa não era do meu avô, que ele era apenas o caseiro, e tentaram explicar-me o que era propriedade, foi muito difícil para mim de entender o conceito. Ainda hoje o é.

7


8


CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS ÁREA DE COMPETÊNCIAS - CHAVE

CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE UFCD1 Liberdade e responsabilidade democrática Formadora: Manuela Figueiredo

UFCD8 Construção de projectos pessoais e sociais Formadores: Alexandre Macedo e Isabel Costa 9


10


11


12


13


14


15


16


~

17


18


19


20


21


22


23


24


25


26


27


28


Visite o website https://beijajardinagem.wixsite.com/home

29


30


31


32


33


34


35


36


37


38


Visite o website https://amigosdosgatos.wixsite.com/arcadenoe

39


40


CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS ÁREA DE COMPETÊNCIAS - CHAVE

CULTURA, LÍNGUA E COMUNICAÇÃO UFCD6 Culturas de urbanismo e mobilidade Formador: Luís Filipe Carvalho

UFCD7 Fundamentos de cultura, língua e comunicação Formadores: Eulália Cardoso e Maria Salomé Carvalho 41


42


43


44


45


46


47


48


49


50


51


52


53


54


55


56


57


58


MÓDULO 6 – URBANISMO E MOBILIDADE Trabalho realizado por Sónia Bernardo Formador Luís Filipe Carvalho 59


Arquitectura Orgânica UM FUTURO SUSTENTÁVEL

ÍNDICE Introdução O que é uma casa sustentável? Tamanho Consumo de energia Tempo de vida

A Casa do Futuro As vantagens de uma casa ecológica Poupança de dinheiro Minimização da pegada ecológica da casa no planeta Segurança energética Qualidade do ambiente

Formas de tornar a casa sustentável Isolamento Vidro duplos Aproveitamento do sol Eletrodomésticos e lâmpadas eficientes Materiais de construção ecológicos e não tóxicos Aproveitamento da água da chuva Reciclar

A Casa dos Sonhos da Sónia Inspiração

Áreas exteriores Jardim & Agricultura Sintrópica Depósito exterior para aquecimento de água Forno exterior de COB (barro) Zona de Lazer exterior com chuveiro Piscina Natural Casa de apoio ao Jardim Estufa Exterior

Áreas interiores Hall de Entrada Jardim Interior Sala de Estar e Jantar Quarto Principal Quarto da Rainha Quarto dos Hóspedes Espaço dos Gatos Escritório e Biblioteca Cozinha Casas de Banho

Elementos de sustentabilidade Iluminação Telhados verdes Aproveitamento das água das chuva Recursos Energéticos Material reciclável

Elementos que dão comodidade Limpeza Manutenção Natureza

Elementos da construção Planta das Casas Conceito Entrada a Sul Domes subterrâneos com clarabóias

Comodidade Planetária Bibliografia / Infografia Artigos / Notícias Documentários

60


INTRODUÇÃO Construção sustentável A construção sustentável é o paradigma atual, seguindo a tendência de usar 'sustentável' como um termo guarda-chuva para todos os negócios que se dizem ecológicos. Na área da construção esse paradigma também está presente, desde a conceção, construção, certificação, manutenção e desmantelamento de edifícios, com consideração pelas matérias-primas e processos eficientes, na otimização de recursos e na análise dos impactos no meio ambiente, na comunidade e no mundo. A construção sustentável foca-se na resposta às necessidades dos indivíduos, sem colocar em causa futuras gerações, tendo em conta três fatores: 1. Análise da localização e posicionamento da construção: é preciso considerar estes dois fatores, optando por adaptar as construções ao ambiente circundante. 2. Otimização de recursos naturais: é importante colaborar com a natureza. Desta forma, optar pela utilização de recursos naturais de forma eficiente, evitando um consumo exagerado e potenciais desperdícios. 3. Respeito pelos princípios ambientais: será mesmo necessário construir um novo edifício? Esta é a primeira pergunta que se deve colocar, tendo sempre em conta as necessidades de gerações futuras, bem como a procura por equidade, focando a distribuição justa dos custos e os benefícios sociais gerados pela construção. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, ou OCDE, estima que os edifícios construídos nos países desenvolvidos sejam responsáveis por mais de 40% do consumo energético ao longo da sua vida, incluindo a produção de matériaprima, a construção, a manutenção e o desmantelamento. Associado esta previsão ao facto de mais de metade da população mundial viver em ambientes urbanos, concluímos que a construção sustentável se tornou um pilar vital na manutenção da viabilidade ambiental, económica e social. Mas ainda existe muito trabalho a ser feito, uma vez que a indústria da construção continua a utilizar métodos de construção tradicionais e mão de obra não qualificada nas suas empreitadas, ignorando por completo o consumo excessivo de matériasprimas, a utilização de fontes de energia não renováveis e a produção exagerada de resíduos. A construção sustentável representa esta mudança de paradigma no respetivo setor: deixar para trás fatores de competitividade como o custo, o tempo e a qualidade. Assim, faz todo o sentido apostar na construção sustentável, que nada mais é do que um processo preocupado com a preservação do meio ambiente, a utilização eficiente dos recursos, a evolução do progresso social, o crescimento económico estável e a erradicação da pobreza. Por exigir muito trabalho, esforço e investimento, tanto em termos sustentáveis como arquitetónicos, esta transição vai prolongar-se por vários anos.

61


O QUE É UMA CASA SUSTENTÁVEL? O tamanho, o consumo de energia e o tempo de vida de uma casa são três aspetos importantes na definição de casa sustentável.

Tamanho Como é fácil de perceber, as casas pequenas requerem menos energia para funcionar e para serem construídas. Por este motivo, antes de começar a projetar a sua casa, é crucial pensar no tamanho. De que espaço precisa realmente para viver com conforto? Porém, ao pensar no tamanho, pense a longo-prazo: quantas pessoas vão ocupar a casa no futuro? Tem filhos ou vai ter filhos? É possível que familiares idosos vão viver consigo? Estas e outras questões devem ser tidas em conta.

Consumo de energia O tamanho importa, mas há mais nesta equação. De que forma é que se pode minorar o consumo energia de uma casa? Pode-se, por exemplo, recorrer à energia solar, hidráulica ou eólica para que a casa gere uma grande percentagem da energia que consome. A instalação de painéis solares, o recurso à água das chuvas, o uso de lâmpadas de baixo consumo, a aposta num bom isolamento ou a escolha de eletrodomésticos de classe energética A+++ estão entre as medidas que se podem tomar para habitar uma casa mais sustentável.

Tempo de vida Uma casa tradicional é construída para durar cerca de 80 anos, mas uma casa ecológica pode durar mais de 100. Se a casa dura mais tempo, então torna-se ainda mais importante pensar no consumo energético da mesma, pois é possível que seja ocupada por mais do que uma geração. Não basta ter uma casa auto sustentável. A conduta dos moradores também conta. Reciclar, plantar árvores e plantas ao redor da casa, reduzir os resíduos, usar detergentes sem químicos, consertar torneiras que pingam são algumas coisas que pode fazer para reduzir a sua pegada ecológica. Segundo o IDHEA há nove passos para a construção sustentável:

• • • • • • • • •

o planeamento da obra de forma sustentável; o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis (ventilação e luminosidade naturais, em vez de ar condicionado e iluminação artificial durante o dia); eficiência energética; gestão e economia de água; gestão de resíduos; qualidade do ar e ambiente interior; conforto térmico e acústico; uso racional dos materiais; uso de tecnologias e produtos que não agridem o meio ambiente.

62


A CASA DO FUTURO Mais do que sustentável, temos de criar alternativas que vão para além do sustentável e que não só deem respostas aos problemas atuais, mas que apresentem soluções futuras em que exista uma melhoria, tanto em termos ambientais, como na disponibilidade dos recursos naturais para as futuras gerações, em maior número do que temos atualmente. Para isso é preciso uma visão mais radical do paradigma sustentável. Nas relações pessoais, dizer que um relacionamento é sustentável, não quer dizer que seja um bom relacionamento, então porque dizer que o nosso relacionamento com o planeta é sustentável, quando isso quer dizer que tiramos sem dar de volta? A questão da habitação e o negócio que se tornou toda a infraestrutura de que depende o setor da construção civil, tanto ao nível do uso de materiais, como da certificação necessária para novos edifícios, mostra, na verdade, que os interesses não são meramente ecológicos mas também financeiros. Para ter realmente impacto em futuras gerações, não só temos de utilizar os recursos da melhor forma, como devemos reduzir as comodidades que aceitamos como norma, e optar por um estilo de vida mais simples e em sintonia com a natureza, por esse motivo, o plano que vos apresento de casa do futuro terá em conta uma abordagem diferente de sustentabilidade.

“As árvores não comem seus próprios frutos. As nuvens não engolem a sua própria chuva. O que os grandes têm é sempre para o benefício dos outros.” - Provérbio Hindu

63


AS VANTAGENS DE UMA CASA ECOLÓGICA

O Green Building (edifício verde). Prédio residencial em Milão, Itália.

Poupança de dinheiro As casas ecológicas são, por definição, energeticamente eficientes. Logo, gasta muito menos para manter uma casa sustentável. Vivendo no país que tem a 6ª electricidade mais cara da União Europeia (22.46 cêntimos por kW/hora), procurar soluções alternativas é uma mais-valia para conseguir poupar dinheiro. Na fase de construção, também pode poupar se recorrer a materiais reciclados e passíveis de serem reciclados, como é o caso da madeira. A instalação de sistemas como painéis fotovoltaicos sai cara, porém, é um investimento a reaver em curto-prazo.

Minimização da pegada ecológica da casa no planeta A poupança de energia, durante a fase de construção, e, posteriormente, de ocupação, resultará numa minimização do impacto da casa no planeta, o que é um grande incentivo não só para a construção de uma casa desta natureza como também para começarmos a viver uma vida mais sustentável a outros níveis (alimentação, vestuário, etc.).

Segurança Energética Segurança em relação ao preço crescente da electricidade. Pela capacidade que têm em regenerar-se, a água, o sol e o vento são considerados recursos naturais inesgotáveis. Neste sentido, depender de painéis solares para gerar energia é mais seguro do que depender de petróleo ou do gás.

Qualidade do ambiente A qualidade do ambiente nas casas sustentáveis é muito melhor. Nas casas ecológicas, coloca-se ênfase no sistema de ventilação que pode funcionar passivamente, naturalmente ou mecanicamente. O ar filtrado é, por isso, mais limpo. Além disso, os materiais para a construção são escolhidos com minúcia: são atóxicos, não irradiam gases e não têm compostos orgânicos voláteis. Tudo isto beneficia a saúde dos moradores. 64


FORMAS DE TORNAR A CASA SUSTENTÁVEL Isolamento Um bom isolamento é essencial, tanto nas paredes como no teto e no chão. Se as superfícies forem isoladas, consegue-se manter a temperatura ideal dentro da casa.

Vidro duplos O isolamento preserva o conforto térmico e acústico das casas.

Aproveitamento do sol A orientação da casa no terreno é fulcral para se aproveitar ao máximo a luz do sol. Aqueça a água que utiliza por via solar e considere soluções passivas.

Eletrodomésticos e lâmpadas eficientes Favorecer electrodomésticos de classe energética A+++ e lâmpadas eficientes como LEDs. O aproveitamento da luz natural também reduz significativamente o uso de luz artificial.

Materiais de construção ecológicos e não tóxicos Ecoprodutos são todos artigos de origem artesanal ou industrial que sejam nãopoluentes, atóxicos, benéficos para o meio ambiente e à saúde dos seres vivos.

Aproveitamento da água da chuva O uso de um depósito no exterior da casa para aproveitamento da água da chuva para consumo da casa. Torneiras que reduzem a quantidade de água, mas não a pressão e redutores de fluxo. Modelos temporizados ou com sensores são também uma boa opção.

Reciclar Minimize os desperdícios e recicle aquando da construção da casa e, claro, no dia-adia. No caso de ter um jardim ou uma horta, por exemplo, utilize a natureza para fazer a sua compostagem e, com ela, nutrir a terra. .

65


A CASA DOS SONHOS da Sónia O que me motivou a realizar este trabalho foi a exploração de uma maior consciência do que é possível ao nível da construção sustentável com modos de vida em maior sintonia com a natureza, tanto na co-relação com outros organismos como no aproveitamento dos recursos naturais disponíveis. Ao aliar um gosto pessoal por este tema à perspetiva da exploração de um orçamento infinito para a realização deste projeto, tornou-se bastante apelativo e interessante a possibilidade de projectar esta possível casa sustentável.

Inspiração Javier Senosiain é um arquiteto mexicano conhecido por ser um dos primeiros arquitetos a projetar arquitetura orgânica no México. A Casa Orgânica de Javier Senosiain venceu e recebeu o Golden “Design Award” na categoria Building and Structure Design, em 2016.

As Earthships são um tipo de abrigo solar passivo feito de materiais naturais e reciclados, criado pelo arquiteto Michael Reynolds, um arquiteto americano residente no Novo México, conhecido por projetos e construção de casas solares passivas terrestres. Ele é um defensor de "uma vida radicalmente sustentável". Ele defende a reutilização de materiais de construção não convencionais de fluxos de resíduos, como pneus de automóveis e garrafas de vidro. Bill Lishman, inspirado pelo artista e designer britânico Roger Dean, teve a ideia de construir uma casa subterrânea consistindo em cúpulas em forma de iglu interconectadas. Casas subterrâneas oferecem proteção contra tempestades, nunca precisam ser pintadas, telhas ou ter calhas de beiral limpas. Com a terra como isolamento, os requisitos de energia de aquecimento e resfriamento são significativamente reduzidos.

66


Jardim & Agricultura Sintrópica Agricultura Sintrópica é o termo designado a um sistema de cultivo agroflorestal (SAF) baseado no conceito de sintropia - princípio contrário ao de entropia - caracterizado pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente. Esta vertente agrícola busca inspiração na dinâmica natural dos ecossistemas virgens – que não sofreram interferência humana – para um manejo sustentável. Foi idealizada e difundida por Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço, nascido em Raperwilsen, em 1948. Enquanto trabalhava com pesquisa em melhoramento genético na instituição Zurique-Reckenholz, Ernst começou a se questionar se não era mais sensato melhorar as condições de vida das plantas, ao invés de alterá-las geneticamente de modo que estas sobrevivam à escassez de nutrientes e boas condições climáticas aos quais são submetidas nas monoculturas. Assim começou a redirecionar o seu trabalho para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável e mudou-se para o Brasil onde desenvolveu a sua técnica.

A agricultura sintrópica é mais do que uma agricultura sustentável. Neste modelo agrícola as culturas são cultivadas em co-associação umas com as outras, de forma a aproveitar as diferentes características desta associação e do terreno. Neste tipo de agricultura, é também privilegiado a manutenção e reintrodução de espécies nativas. Para quem não sabe, as espécies nativas caracterizam-se por serem espécies originárias de determinada zona. Se pensarmos nas espécies nativas de Portugal, temos exemplos como: amieiro, loureiro, castanheiro, medronheiro, oliveira, etc. A ideia geral defendida é acelerar o processo de sucessão natural, utilizando práticas como o corte e monda de plantas nativas pioneiras, quando estas tenham atingido a maturação (ex: gramíneas, trepadeiras, plantas herbáceas), e também utilizando a poda de árvores e arbustos. Nesta última prática, os resíduos resultantes desta operação são distribuídos/espalhados pelo solo como mulching (promovendo uma maior disponibilidade dos nutrientes para o solo e plantas). O tipo de resíduos que não podem ser comercializados volta a ser incorporado no solo, adubando-o naturalmente. É muito importante, por isso, que se saiba executar a poda corretamente para permitir que a vegetação se desenvolva adequadamente. O uso de produtos fitossanitários, como inseticidas e herbicidas, e a sua utilização é proibida. O mesmo acontece com o uso de fertilizantes químicos e até orgânicos, com exceção dos fertilizantes que têm origem na própria área cultivada.

67


No que diz respeito aos insetos e até à presença de organismos vivos, também existem boas notícias. Estes não são vistos como inimigos da cultura mas sim, como auxiliares a sinalizar possíveis deficiências do ecossistema produtivo. Por essa razão, estes seres vivos são uma ajuda muito importante para ajudar o agricultor a entender quais são os problemas, falhas ou necessidades do cultivo instalado.

Depósito exterior para aquecimento de água Para obtenção de água quente por aquecimento solar, um reservatório de água deve ser colocado abaixo do solo com inclinação a sul, com cobertura de vidros em cima e algum isolamento dos lados. O reservatório deve ser colocado num local de elevação do terreno que esteja acima do nível da casa, e com a ação da gravidade - e acesso de tubagens - distribuir a água quente para a casa, no fim do dia para os duches. Ter uma vida simples e sustentável, não significa que tenhamos de abandonar o conforto. Este pequeno sistema é muito fácil de instalar e é basicamente um grande tanque preto. É um sistema de aquecimento de água que permite ter 200L de água quente todas as noites para tomar banho. É muito fácil: apenas coloca-se um vidro na frente e algum isolamento nos lados, faz-se as conexões e tudo mais que ligue o sistema à área das casas de banho, do exterior para o interior da casa.

68


Forno exterior de COB (barro) É um forno a lenha feito de uma mistura de argila, areia e palha, que dá sabor e isola muito melhor que os fornos de alvenaria. Um forno de barro pode ser usado para assar pão, cozinhar pizzas, assar biscoitos, assar vegetais ou qualquer coisa que cozinharia num forno convencional, mas com sabor e diversão excepcionais!

A técnica COB utiliza a mesma massa do adobe, porém diretamente no local da construção. São feitas bolotas com a massa e essas são assentadas umas ao lado das outras em camadas de até 20 cm. Faz-se todo o perímetro do que vai ser construído de uma só vez, respeitando as camadas. Cada camada deve secar bem antes de se começar a próxima camada.

Zona de Lazer exterior com chuveiro Uso de círculos de bananeiras para retenção de água no jardim com uso das águas residuais, ou seja, não-industrial, originada a partir de processos domésticos como lavar louça, roupa e tomar banho. A água residual corresponde a 50 a 80% de esgoto residencial. Composto de água residual gerados a partir de todas as casas saneadas, exceto das sanitas. Além disso, ter um chuveiro exterior mesmo por baixo das bananeiras, e assim tomar um duche enquanto se rega as plantas.

Áreas de lazer no jardim também feitas de COB e com cobertura de palha natural.

69


Estruturas de bambu para ter espaços de sombra no exterior, com caminhos de ligação a outras áreas e acessos à casa.

Piscina Natural A passagem de um riacho vai ser uma característica importante na escolha do local, permitindo uma adaptação do terreno em redor ao riacho para formar um género de praia fluvial, com água corrente em constante movimento da passagem da água do rio. Esse riacho também vai providenciar energia através do uso de um gerador hidráulico, que vai servir para abastecer parte da rede elétrica da habitação e iluminação exterior da casa.

Casa de apoio A casa Yin & Yang do estúdio de arquitetura Penda incorpora jardins no telhado. Esta casa projetada para um pequeno terreno perto da cidade alemã de Kassel mostra como os proprietários poderão cultivar alimentos em ambos os lados do seu telhado com terraço. Um escritório de pé-direito duplo situado na frente da casa apresenta uma escada que sobe para uma mezanine. A cozinha aberta e a área de jantar estão posicionadas no canto oposto ao escritório, ao lado do quarto principal. Seria este design de casa, em COB ou com madeira de paletes usadas, que escolheria para casa de apoio ao jardim, com diferentes tipos de plantas cultivadas, uma área de trabalho no interior da casa e um quarto para hóspedes, ou simplesmente uma moradia para outra pessoa viver.

70


Estufa Geodome A estufa Geodome vai dar apoio para cultivo de alimentos que necessitem de mais calor e menos oscilação de temperatura mínimas e máximas. Estará localizada uma encosta virada a sul para receber o sol mais intenso de inverno. Possibilitando ter alimentos tropicais de inverno, enquanto em volta há espaço para vegetais de verão que gostam de calor, como batata-doce, pimentão e berinjela.

Hall de Entrada A entrada terá acesso direto à área de estar e de jantar, num open space bem iluminado por luz natural e virado a sul. Diretamente na parede, espaços personalizados, para colocação de sapatos, casacos, mesa de apoio, local para as chaves, e outros objectos pessoais.

Jardim Interior O jardim interior será usado com plantas mais indicadas para a renovação e purificação do ar da casa. A ideia é ter uma área que é interior, mas que ainda assim está separada da casa em si, e talvez com possibilidade de abrir ou fechar janelas para assim quando tiver calor, poder abrir a área do jardim interior da casa, e quando estiver frio, poder manter fechado. Podem ver no diagrama abaixo, como será a base estrutural da casa, no entanto, isto será só a entrada. O interior da casa, será feito com vários domes, semisubterrâneos, ligados por corredores, e com várias divisões em separado.

Sala de Estar e Jantar Os dois espaços vão estar ligados na mesma divisão, com áreas distintas.

Quarto Principal, Quarto da Rainha e Quarto dos Hóspedes Com iluminação natural.

Espaço dos Gatos Os gatos terão um espaço à parte com acesso direto à rua e com muito no interior dedicado só a eles.

Escritório e Biblioteca Muito espaço para livros, e uma parte mais saliente para ser usada como mesa.

71


Cozinha A cozinha terá uma ilha ao meio e espaço de bancada à volta num dos lados. A maior poupança energética será neste espaço. A escolha de um frigorífico para autocaravanas com consumos relativamente baixos e de um fogão com baixo consumo energético serão essenciais para que a maior parte da energia gerada nos painéis solares não seja gasta com electrodomésticos. O investimento inicial é maior do que um frigorífico comum, mas a longo prazo será preferível ter um que consuma menos electricidade. Vai-se optar por usar 2 bicos de indução para uso durante o dia, quando estiver bastante sol, e 2 de gás, para uso durante a noite ou em dias com pouco sol. E um fogão de madeira como alternativa a dias de chuva e sem sol, em que não exista metano suficiente, e também para aquecimento de inverno, caso necessário.

Casas de Banho As casas de banho dos quartos vão ter lavatório e chuveiro com água aquecida do reservatório exterior. Na casa de banho principal, haverá uma banheira, feita com técnica marroquina “Tadelakt”. Tadelakt é uma superfície de gesso à prova d'água usada na arquitetura marroquina para fazer banheiras, pias, vasos de água, paredes internas e externas, tetos, telhados e pisos. É feito de gesso de cal, que é compactado, polido e tratado com sabão para torná-lo impermeável e repelente. Tadelakt exige muita mão de obra para instalar, mas é durável. No exterior optar-se-ia por um “banheiro seco”.

72


ELEMENTOS DE SUSTENTABILIDADE Vários elementos serão tidos em conta para, ao longo do tempo, reduzir mais e mais os consumos energéticos e ser cada vez mais auto-sustentável, sem necessidade de estar ligado à rede.

Iluminação A iluminação será maioritariamente Led, com uso de claraboias no topo e laterais de todas as divisões interiores abaixo do solo. O interior das divisões subterrâneas será revestido com mármore em pó branco, dando uma maior reflexão de luz nas divisórias interiores.

Telhados verdes Na casa de apoio vai ser usado grande parte do telhado para cultivar várias espécies em vaso, e na casa principal grande parte do interior da casa estará no subsolo, com as claraboias disfarçadas com natureza em redor.

Aproveitamento das água das chuva A parte virada a sul será revestida de paredes vidradas, inclinadas, e com sistemas de captação de água, tanto em tubagens nessa parte superior com telhado, como nos vidros exteriores. Ambos a recolherem para depósitos de água próximos da casa. O depósito exterior com aquecimento solar terá um sistema específico de recolha de água, seja pela chuva, ou diretamente pelo riacho.

Recursos Energéticos Recursos hidroeléctricos gerados pelo movimento do riacho a passar. Vai ser gerado cerca de 530W por esse recurso que irá alimentar tanto a iluminação exterior da casa, como a casa de apoio. Painéis solares para as duas habitações. Alternativas de aquecimento de água com ligação direta à casa de banho principal.

Material Reciclável Separação do lixo orgânico para uso como adubo após compostagem, para biogás e alimento de animais. Restantes materiais, separados e reutilizados na construção da casa, muros, etc. Com todo o tipo de materiais. Latas de alumínio, garrafas de vidro, madeira já usada para tratamento e uso, entre outros. Separação dos restantes resíduos para reciclagem, mas apenas o que não for possível voltar a utilizar. Galinhas para fertilização direta de solo que necessite de nutrientes. Restos de legumes para as galinhas.

73


ELEMENTOS QUE DÃO COMODIDADE À CASA A maior comodidade que existe e que nunca vamos recuperar é o tempo. Quando damos o nosso tempo em troca de algo, estamos a trocar tempo de vida útil e que nunca iremos recuperar. Uma casa que dê vontade de estar e onde tenhamos tudo que precisamos é a maior comodidade que se pode ter.

Limpeza O uso das zonas exteriores, com frequência, vai reduzir o tempo que passamos em casa e com isso significativamente a constante necessidade de limpar. Poucos móveis e quase tudo feito no próprio material da casa, desde estantes e divisórias incumbidas, vão reduzir também significativamente a área a limpar. Uso das entradas da casa para receber visitas, e interior mais resguardado, sendo maior parte quartos e espaço de trabalho como o escritório e a biblioteca, também vai ajudar.

Manutenção O método de construção e o tipo de cultivos utilizados vão reduzir o tempo de manutenção e uso de produtos. O excesso de matéria verde cortada também pode ser usada para fazer biogás. A ideia é reduzir ao máximo o tempo e aproveitar a natureza e a forma como ela trabalha a nosso favor, sem desperdícios e tudo a ser aproveitado e transformado.

Natureza A decisão de procurar um local com um riacho, invés de o uso de uma piscina artificial, vai permitir, não só gerar energia como transformar uma parte desse riacho em piscina natural. Tem a desvantagem de estar dependente do fluxo ao longo do ano, mas a grande vantagem que será a pouca manutenção que terá. A escolha do tipo de terreno também influenciará, uma vez que quanto menos os recursos de construção viajarem, menos pegada ecológica terão. Procurar um local que tenha tudo que necessitamos é essencial.

ELEMENTOS DA CONSTRUÇÃO Conceito

74


COMODIDADE PLANETÁRIA Todos os elementos referenciados no exemplo ao trabalho, facultado pelo formador, como elementos que dão comodidade à casa, são, na verdade, luxos ou formas de controlo tecnológico que nunca terão apenas um lado. Um interruptor que liga com a nossa voz, provavelmente também ouve tudo o resto que se passa na casa, para não falar da pegada ecológica que implica a escolha desse tipo de tecnologias. A casa, sendo um local sagrado, será também um local privado privilegiado, tanto para os residentes como para os seus visitantes. Já existe demasiada tecnologia, e essa tecnologia implica recursos naturais preciosos a serem usados e ultrapassados numa questão de anos. O constante evoluir, cada vez mais rápido, de tecnologias que em breve estão ultrapassadas, é um perpetuar da destruição dos recursos naturais e uso de recursos sem planeamento a longo prazo, o que na verdade é exatamente o lado oposto do caminho que deveríamos estar a fazer. Com um maior sentido de comunidade e do nosso lugar neste planeta como parte de um todo, talvez fosse mais sensato, em vez de um jacuzzi, haver locais públicos esteticamente bonitos e funcionais, em que possamos usufruir de um jacuzzi mais natural (termas) em comunidade, em vez de cada um ter o seu jacuzzi. A cadeira de massagens também dificilmente substituirá o trabalho de um bom massagista. E implica maior gasto de recursos naturais desde os materiais, ao fabrico e transporte até ao local de venda, e futuro lixo quando estiver ultrapassada ou avariada.

“O autoclismo é uma boa metáfora para a civilização em que vivemos. Você defeca para um cano, puxa o autoclismo e nunca mais o vê. Você nunca tem de lidar com a sua própria merda e então acaba enterrado nela. (...) Eu continuo voltando à mesma pergunta. Vamos agir como se este planeta pertencesse a nós e pudéssemos fazer o que diabo quisermos e tudo o mais que queiramos em torno dele? Ou vamos começar a dizer bem, talvez, apenas talvez, devemos nos colocar, não no centro da imagem, mas apenas como parte de uma teia mais ampla? Como viveríamos se pensássemos que outras criaturas também têm esse direito? Que não tínhamos o direito de criar tecnologias que destroem a vida dos pássaros. Que não tínhamos o direito de desenterrar a camada fóssil e queimá-la. Que não tínhamos o direito de simplesmente presumir que tudo isso é apenas um pano de fundo para as nossas atividades.”

Paul Kingsnorth “As sociedades de consumo destruíram o meio ambiente, exterminaram milhões de espécies de plantas e animais, envenenaram os mares, os rios e os lagos, poluíram o ar, saturaram a atmosfera com dióxido de carbono e outros gases prejudiciais, destruíram a camada de ozono, esgotaram os depósitos de petróleo, carvão, gás natural e uma enorme riqueza de minerais sólidos, exterminaram as nossas florestas e arruinaram as deles. O que sobrou para nós? Subdesenvolvimento, pobreza, dependência, atraso, dívida e incerteza. Para as sociedades superdesenvolvidas, o problema não é crescer, mas distribuir, e não apenas distribuir entre si, mas distribuir entre todos. O crescimento sustentável de que falamos é impossível sem uma distribuição mais justa entre todos os países. Goste ou não, a humanidade é hoje uma família, e todos teremos o mesmo destino. (...) Dada a grave crise de hoje, enfrentamos um futuro ainda pior, que nunca nos permitirá resolver a tragédia económica, social e ecológica de um mundo cada vez mais descontrolado. Algo deve ser feito para salvar a humanidade. Um mundo melhor é possível.”

Fidel Castro Ruz

MÓDULO 6 – URBANISMO E MOBILIDADE Trabalho realizado por Sónia Bernardo Formador Luís Filipe Carvalho

75


76


Sebastião Rodrigues, Revista Municipal n.º 59, 4.º trimestre 1953. As ilustrações foram restauradas digitalmente.

77


Índice ❖ Conceito “Português Suave” ❖ Influências e ideologias ❖ Características Gerais ❖ Tipos Funcionais ❖ Principais autores

Rosa Duarte, Revista Municipal n.º 57, 2.º trimestre 1953. As ilustrações foram restauradas digitalmente.

78


Conceito “Português Suave” O estilo arquitectónico Português Suave, foi a estética utilizada em edifícios públicos e privados que marcou todo o país na década de 40 do séc. XX. O Estado Novo, regime político ditatorial que vigorou em Portugal durante 41 anos até 1974, impôs uma ruptura com o Movimento Moderno, em ascensão na década de 20, ao promover uma estética arquitectónica assente numa linguagem simbólica, tradicional e nacionalista. Ou seja, que se pretendia afirmar, portuguesa. Um programa de grandes obras, comprometido ideologicamente com o regime conservador e autocrático que, paradoxalmente, se desejava simultaneamente moderno e tradicional. Por outro lado, este regime explorou e exaltou a ideia de que Portugal era um país constituído por um povo pacífico, como se dizia à época de “brandos costumes” e de carácter suave, resignado ao seu fado, pobre mas honrado e orgulhoso do seu passado histórico. Assim, Português Suave (Português porque nacionalista e Suave porque brando) foi o nome irónico e pejorativo, vulgarizado entre os arquitectos que eram críticos desta opção estética e posteriormente, também adoptado pela população em geral.

Influências e ideologias Foi sobretudo a partir da Exposição do Mundo Português em 1940, cujo arquitecto-chefe foi José Cottinelli Telmo, que se começou a privilegiar o Estilo Nacionalista nas novas construções públicas.

Praça do Império, em Belém

79


Exposição do Mundo Português em 1940

José Cottinelli Telmo nasceu em Lisboa, no dia 13 de Novembro de 1897 e foi um arquitecto e cineasta português. Figura multifacetada, a sua obra abarcou uma enorme diversidade de áreas, destacando-se não apenas na arquitetura e cinema mas também na escrita, poesia, desenho, música, banda desenhada. Destaca-se no âmbito da cultura portuguesa da primeira metade do século XX, surpreendendo pelo vasto número de iniciativas em que se envolveu. Cottinelli Telmo acreditava que a arquitetura não se baseava numa única disciplina, mas sim na unificação de várias disciplinas artísticas.

80


Monumento aos Descobrimentos, Lisboa, 1940, pelo arquiteto Cottinelli Telmo e o escultor Leopoldo de Almeida. Fotógrafo: Mário Novais.

Espelho D' Água, Portugal (1940) por António Lino e Cottinelli Telmo

81


Instalações da Standard Eléctrica. Fotógrafo: Mário Novais (1899-1967).

Projeto

do

arquiteto

Cottinelli

Telmo

(1897-1948).

Atual Conservatório de Música da Metropolitana

Com Carlos Ramos, Cristino da Silva, Jorge Segurado, Pardal Monteiro e Cassiano Branco, pertenceu à geração de pioneiros do modernismo na arquitetura em Portugal. Homem da confiança de Duarte Pacheco, Cottinelli Telmo foi responsável por obras de vulto do período do Estado Novo, nomeadamente pela conceção global e por edificações de grande visibilidade da Exposição do Mundo Português (Lisboa, 1940), e pelo planeamento da expansão da Universidade de Coimbra (1943). Também elaborou o projeto de construção do Campo de Concentração do Tarrafal. Nota: O Campo de Concentração do Tarrafal, também chamado de Campo da Morte Lenta, é um campo de concentração situado na aldeia de Chão Bom, no Concelho de Tarrafal, na ilha de Santiago em Cabo Verde.

82


Estação Fluvial Sul e Sueste (ou Estação Ferroviária do Sul e Sueste), situada no Terreiro do Paço e construída entre 1929 e 1931 (durante muito tempo esta estação foi a porta de entrada em Lisboa para quem vinha de barco do Barreiro).

O Estilo Português Suave surgiu de uma corrente de arquitectos que, já desde o início do século XX, procurava criar uma arquitetura "genuinamente portuguesa". Um dos mentores desta corrente era o arquitecto Raul Lino, teorizador da casa portuguesa. O estilo foi duramente atacado por um grande número de arquitetos, que o acusaram de ser provinciano e desprovido de imaginação. Apesar das críticas dos intelectuais, o Estilo Português Suave revelou-se bastante popular, correspondendo ao gosto de muitos portugueses. As suas características, ainda que atenuadas, voltaram a estar presentes em inúmeros edifícios privados, sobretudo a partir da década de 1990.

Raul Lino (Lisboa, 21 de Novembro de 1879 — Lisboa, 13 de Julho de 1974) O arquiteto da Casa dos Patudo, casa-museu situada em Alpiarça, no distrito de Santarém, Portugal. Foi inaugurada como museu em 15 de maio de 1960. Recebe anualmente entre 10 a 12 mil visitantes.

83


Raul Lino fez os seus estudos na Grã-Bretanha e Irlanda, para onde se deslocou com 10 anos de idade, e depois de 1893 na Alemanha, onde trabalhou no atelier de Albrecht Haupt, com quem manteve uma amizade duradoura. Regressou a Portugal em 1897, onde continuou os seus estudos. Desempenhou cargos no Ministério das Obras Públicas e foi Superintendente dos Palácios Nacionais. Foi membro fundador da Academia Nacional de Belas Artes, sendo seu presidente no momento da sua morte. No setor da imprensa, foi colaborador artístico em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas: Atlantida (1915-1920), Homens Livres (1923), Ilustração (1926-) e na Revista Municipal de Lisboa (1939-1973). Ao longo da sua vida, projetou mais de 700 obras, tais como a Casa dos Patudos, em Alpiarça, para José Relvas (1904), a Casa do Cipreste, em Sintra (1912), o Cinema Tivoli, em Lisboa, (1925), o Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português de 1940.

Casa dos Patudos, em Alpiarça

Casa do Cipreste, em Sintra

84


Cinema Tivoli, em Lisboa

Uma aposta do empresário Frederico de Lima Mayer, o Tivoli abriu, com pompa e circunstância, as portas para a Avenida da Liberdade em 1924. O frio que conquistara Lisboa nessa noite de 30 de Novembro, não impediu a sociedade lisboeta de se vestir a preceito para estar à altura do acontecimento. Ainda na era do cinema mudo, visionou-se o filme Violetas Imperiais e em 1930, após instalação da tecnologia adequada, foi apresentado o filme sonoro, A Parada do Amor. Projetado pelo arquiteto Raul Lino, o CineTeatro Tivoli rapidamente se afirmou como espaço moderno, de características únicas e apto a satisfazer as necessidades dos apreciadores de diferentes manifestações artísticas e culturais. O seu estilo Neoclássico, de formas acentuadas e cobertura em forma de cúpula revestida de telha preta, emprestava-lhe a personalidade própria dos teatros franceses, o que conferiu à Av. da Liberdade um certo sabor a boulevard parisiense, já antevisto pelos seus jardins e espaços de lazer a lembrar os Campos Elísios. 85


Carlos Rebello de Andrade (1887 - 1971) foi um arquiteto português, cuja obra foi fundamentalmente feita durante o Estado Novo. A Fonte Monumental na Alameda Dom Afonso Henriques, conhecida por Fonte Luminosa situa-se em Lisboa, foi construída para celebrar o abastecimento regular de água à zona oriental da cidade. Apesar de ter sido concebida originalmente em 1938, foi inaugurada apenas em 30 de Maio de 1948.

O projecto é dos irmãos Carlos Rebello de Andrade e Guilherme Rebello de Andrade e enquadra-se no estilo conservador, apelidado Português Suave, dominante na década de 1940; as esculturas são da autoria de Maximiano Alves (Cariátides) e de Diogo de Macedo (Tejo e Tágides); os baixos-relevos (painéis laterais) de Jorge Barradas.

86


Francisco Keil Amaral (Lisboa, 28 de

do Abril de

1910 — Lisboa, 19 de Fevereiro de 1975) foi um arquitecto português. Autor de uma produção teórica de relevo e de uma vasta obra construída, a sua ação foi determinante para a consolidação de uma plena consciência moderna na arquitetura em Portugal. Keil do Amaral destacou-se de forma particular ao longo dos anos de 1940 e 1950, tendo atuado de modo original ao longo dessas décadas difíceis da vida nacional. Assumiu a responsabilidade projetual de importantes obras públicas, sem se identificar com o regime político nem com os padrões historicistas do gosto oficial do Estado Novo e mantendo, simultaneamente, uma distância crítica em relação à ortodoxia do Estilo Internacional, em busca de uma «terceira via» capaz de conciliar a racionalidade moderna com a consideração ponderada das lições da arquitetura tradicional.

O projeto do Parque de Monsanto constitui uma obra incontornável no quadro das grandes intervenções levadas a cabo em Lisboa durante o século XX. Transferindo para a periferia da cidade o grande parque, revela um novo entendimento da questão dos espaços verdes urbanos integrados na escala mais vasta da área metropolitana e da expansão da cidade". Keil desenvolve o plano geral e os projetos dos equipamentos. "No final da década dos anos 40, as obras do Clube de Ténis ou do Restaurante de Montes Claros vão traduzir-se em felizes momentos do percurso de Keil do Amaral.

87


Restaurante dos Montes Claros construído em 1949 pelo arquiteto Francisco Keil do Amaral, sofreu uma recuperação total, mantendo a sua traça arquitetónica. Dispõe de quatro espaços contemporâneos no seu interior, versáteis e distribuídos por dois pisos, com uma área total de 1000m2.

Características Gerais Pedra rusticada, cunhais e guarnições de vãos em cantaria, tetos de águas inclinadas com beirais e telha vermelha, falsas cornijas, pináculos, pilastras em varandins, arcadas e torreões de evocação medievalista com coruchéus piramidais, retirados da arquitectura dos séculos XVII e XVIII e da arquitectura tradicional, foram elementos do chamado Português Suave, estilo arquitetónico oficial dos anos quarenta portugueses. Aplicado em escolas, igrejas, palácios da justiça e bairros sociais, alastrou da arquitetura oficial para a particular, negando o moderno betão em que eram feitos os edifícios e cumprindo a demanda de uma arquitetura de sabor português já preconizada por Raul Lino desde o início do século. O Português Suave foi aplicado nos bairros do Areeiro e Alvalade em Lisboa, urbanizações inseridas no esforço iniciado por Duarte Pacheco para disciplinar a expansão da cidade, e repetidamente publicitadas na propaganda oficial, nomeadamente na revista da Câmara Municipal de Lisboa. As colunatas têm também um papel importante nos elementos arquitectónicos constituintes do edifício do Português Suave. A verticalidade desta, e o facto de repetirem ao longo da fachada, provocam um espaço de entrada bastante austero e forte; esta característica é aproveitada sobretudo nos edifícios de cariz administrativo e judicial (ministérios, tribunais, etc.) pelo papel que representavam no dia-a-dia da sociedade da época.

88


Tipos Funcionais ● Palácios de Justiça ● Paços do Concelho ● Caixas Gerais de Depósitos e Créditos e Providência ● Edifícios dos CTT (Nível simples, Nível médio, Palácios dos Correios) ● Escolas ● Obras religiosas ● Monumentos e Infra-estruturas ● Habitação (prédios de rendimento, moradias unifamiliares, bairros sociais) Principais autores ● Adelino Nunes ● Carlos Ramos ● Carlos Rebello de Andrade ● Cassiano Branco ● Cottinelli Telmo ● Cristino da Silva ● Guilherme de Rebello Andrade ● João Simões

● ● ● ● ● ● ● ●

Jorge Segurado Keil do Amaral Pardal Monteiro Paulino Montez Raul Rodrigues Lima Rogério de Azevedo Vasco Regaleira Veloso Reis Camelo 89


90


91


92


93


94


95


96


97


98


99


ALFAMA Núcleo Arqueológico do Casa dos Bicos

O Museu que poucos conhecem Poucos sabem que dentro da Casa dos Bicos há um museu totalmente gratuito. No piso térreo está o Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos, integrado na rede do Museu de Lisboa, que conta a história da cidade desde a ocupação romana até ao século XVIII. Por zero euros pode entrar neste núcleo arqueológico, localizado no piso -1, onde existe parte da antiga muralha romana de Lisboa, peças que foram recolhidas durante as intervenções arqueológicas, e objectos usados no quotidiano da Casa dos Bicos antes do terramoto de 1755. Rua dos Bacalhoeiros 10, 1100-135 Lisboa Seg - Sáb 10h às 18h (última entrada às 17h30)

Encerra ao domingo e nos feriados 1 janeiro, 1 maio e 25 de dezembro.

100


Museu da Água | Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos

Quando a água vinha de locomotiva Deixe a curiosidade levá-lo à Estação Elevatória de Vapor dos Barbadinhos, inaugurada em 1880, sede e última parte do Museu da Água a ser construído. Este edifício foi responsável pelo abastecimento das zonas altas da cidade com um ambiente que lembra uma planta industrial do século XIX. Ainda preserva as antigas locomotivas a vapor que ainda estão funcionando. Venha viajar ao passado de Lisboa e perceba a influência do abastecimento de água para a expansão da cidade. Uma aventura que agradará a todas as idades. A estação elevatória a vapor dos Barbadinhos pode ser visitada e é gratuita ao sábado. Aqui pode ver as antigas máquinas a vapor e uma exposição permanente do Museu da Água. Estação elevatória a vapor do século XIX com maquinaria industrial antiga.

2ª a 6ªfeira, por marcação, entre as 10h-12h30 e entre as 13h30-16h30 Gratuito em alguns dias do ano.

101


Jardim da Cerca da Graça

O segredo mais bem guardado de Lisboa O Jardim da Cerca da Graça continua a ser um segredo bem guardado e o maior espaço verde público do bairro histórico da cidade (1,7 hectares). Tem um quiosque, uma enorme esplanada com vista, um pomar, um parque infantil, um parque de merendas e um relvado onde se pode fazer uma sesta. Tem três acessos: um junto ao antigo convento da Graça, outro na Calçada do Monte e outro na zona das Olarias, na Mouraria. Já agora, se queres descer à Mouraria, este é um dos melhores caminhos. Todos os dias das 10h às 22h.

Calçada do Monte 46, 1100-362 Lisboa Aberto todos os dias das 7h às 23h

102


ADAPTA de ADD FUEL

Sair de casa e aperciar a rua! Em pleno 2020 este mural da autoria de Add Fuel⁠, o nome artístico de Diogo Machado, foi pintado como sobre a forma como cada um de nós, na tentativa de continuar a ser feliz no meio da adversidade e do desconhecido, se ADAPTA. Localizado na Rua da Senhora da Glória, na Graça, em Lisboa, esta obra de street art lisboeta, convidanos a vir passear pelas cidades e sair de casa para descobrir dentro de nós a resiliência e a coragem para enfrentar o desconhecido e descobrir a beleza da cidade. Rua da Senhora da Glória 106, 1170-364 Lisboa

103


Saudade de Mário Belém

“Antes perdida por aqui algures, do que a caminho de nenhures..” No número 2 da Rua Damasceno Monteiro, na Graça, foi desenhada ainda durante o primeiro bloqueio em Portugal, em 2020. “Na altura, a ideia era reflectir como passamos a maior parte do tempo de costas para o mundo, a olhar para nós próprios, com saudades de experiências passadas”, lê-se numa publicação da GAU. Num segundo confinamento, contexto em que a obra foi pintada, a mensagem parece adquirir um significado mais forte na esperança de que melhores dias virão, menos cinzentos e mais floridos.

Rua Damasceno Monteiro 2

104


Feira da Ladra

Descubra a feira mais antiga de Lisboa Venha descobrir o mercado mais original de Lisboa. A Feira da Ladra realiza-se todas as terças e sábados no Campo de Santa Clara, atrás do Mosteiro de São Vicente de Fora. Tradicionalmente dedicado à venda de objetos usados, encontrará verdadeiras jóias, azulejos, antiguidades e artesanato, entre indescritíveis quinquilharias. O mercado data de 1272 e foi realizado em várias partes da cidade antes de se instalar definitivamente neste local. Entre souvenirs e pechinchas, poderá tirar daqui a melhor recordação da sua estadia em Lisboa. Terça-feira e sábado: das 9h às 18h

105


A Feira da Ladra é uma feira popular de objetos usados que ocorre na cidade de Lisboa, em Portugal. Com raízes que remontam ao século XIII, a Feira da Ladra andou de sítio em sítio, até se fixar no Campo de Santa Clara, freguesia de São Vicente.

Ano 1272

Teve início no Chão da Feira, ao Castelo, tendo passado mais tarde para o Rossio.

1552

Surge a 1ª notícia da realização da Feira no Rossio, na Estatística Manuscrita de Lisboa.

1610

Aparece a designação Feira da Ladra numa postura oficial.

1755

Depois do terremoto instalou-se na Cotovia de Baixo (atual Praça da Alegria), estendendo-se mesmo pela Rua Ocidental do Passeio Público.

1823

Foi transferida para o Campo de Santana, onde esteve apenas cinco meses, voltando para a Praça da Alegria.

1835

Voltou para o Campo de Santana, onde se conservou até 1882, antes de passar para o Campo de Santa Clara, às terças-feiras, e, desde 1903, também aos sábados.

106


Miradouro Portas do Sol

Largo Portas do Sol, Lisboa

Miradouro de Santa Luzia

Largo Santa Luzia, Lisboa

107


Miradouro de Santo Estêvão

Beco do Carneiro 3, Lisboa

Miradouro do Castelo de São Jorge

R. de Santa Cruz do Castelo 1A, Lisboa

108


Miradouro do Jardim do Recolhimento

R. do Recolhimento, Lisboa

109


110


CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS ÁREA DE COMPETÊNCIAS - CHAVE

SOCIEDADE, TECNOLOGIA E CIÊNCIA UFCD2 Sistemas ambientais Formadora: Isabel Carvalho

UFCD8 Saberes fundamentais Formador: Fernando Oliveira 111


112


ESCOLA SECUNDÁRIA MARQUÊS DE POMBAL Sociedade, Tecnologia e Ciência – STC

Turma S1.19/S1.20 (2020/21) - Turno2 Prof.ª Isabel Carvalho

UCD 2-Recursos Naturais

Ficha de Trabalho 1 “Os recursos naturais são aqueles que o planeta oferece sem necessidade de intervenção humana. Eles são essenciais para a nossa sobrevivência, mas, se forem consumidos a um ritmo mais rápido do que a sua regeneração natural, como acontece atualmente, eles podem acabar.” Faça uma pesquisa na net e escreva um texto onde explique que tipos de recursos naturais tem o ser humano à sua disposição, dando exemplos, e o que acontecerá se continuarmos a usá-los sem controlo.

Trabalho elaborado por: Sónia Bernardo 7 de Junho de 2021

113


Recursos naturais renováveis São aqueles que se renovam na natureza, existindo em abundância. Normalmente, esses recursos não se esgotam com facilidade devido ao tempo de renovação e sua facilidade de renovação. Contudo, a velocidade e a forma como são utilizados pelo homem são determinantes para a sua manutenção na natureza. Seguem alguns exemplos:

Luz solar (energia solar) O calor emitido pelo Sol é uma fonte de energia capaz de gerar energia elétrica e energia térmica. A captação da luz solar é realizada por meio de tecnologias, como os painéis fotovoltaicos, aquecedores solares e centrais heliotérmicas. Quantos painéis solares para alimentar o mundo? Em 2017, o mundo consumiu cerca de 23.696 TWh de eletricidade, de acordo com a IEA. Isso equivale a 64,92 TWh diariamente. Supondo uma média de 3,5 horas de pico de luz solar, isso significa que precisaremos de 18,54 TW de energia solar. Se usássemos painéis solares de 350W, precisaríamos de 51,428 bilhões de painéis solares. Qual a aparência real de 51 bilhões de painéis solares? É aproximadamente o tamanho do Novo México (121.365 milhas quadradas) ou Arizona (113.642 milhas quadradas), que é maior do que todos, exceto 5 estados.

Vento (energia eólica) Os ventos são capazes de gerar energia por meio da sua força. Essa energia é chamada de energia eólica, utilizada para geração de energia elétrica por meio de aerogeradores. Uma turbina eólica moderna de boa qualidade geralmente dura 20 anos, embora isso possa ser estendido para 25 anos ou mais, dependendo dos fatores ambientais e dos procedimentos de manutenção corretos que estão sendo seguidos. No entanto, os custos de manutenção irão aumentar à medida que a estrutura envelhece. É improvável que as turbinas eólicas durem muito mais do que isso por causa das cargas extremas a que estão sujeitas ao longo de suas vidas. Isso se deve em parte à estrutura das próprias turbinas, uma vez que as pás da turbina e a torre são fixadas apenas em uma extremidade da estrutura e, portanto, enfrentam a força total do vento. Á medida que a velocidade do vento aumenta, também aumentam as cargas a que as turbinas são submetidas. Isso pode atingir níveis quase 100 vezes maiores do que as cargas de projeto na velocidade nominal do vento, razão pela qual muitas turbinas são projetadas para desligar para se proteger em velocidades de vento mais altas. 114


Acima: O aterro municipal em Casper, é o local final de 870 pás cujos dias de produção de energia renovável chegaram ao fim.

O desenvolvimento da energia eólica também tem um impacto negativo substancial sobre as aves. Enquanto os estudos mostram que outras fontes, como gatos, carros, edifícios, linhas de energia e torres de transmissão matam muito mais pássaros do que turbinas eólicas, muitos estudos e grupos de conservação observaram que as turbinas eólicas matam desproporcionalmente grandes aves migratórias e aves de rapina , e são mais propensas por isso a matar pássaros ameaçados de extinção. Um estudo de 2013 previu que a expansão das turbinas eólicas no Canadá nos próximos 10-15 anos poderia levar à morte de aproximadamente 233.000 pássaros e ao deslocamento de 57.000 pares anualmente. Outro estudo descobriu que as turbinas eólicas matam cerca de 140.000 a 328.000 pássaros a cada ano nos Estados Unidos. Os parques eólicos são frequentemente construídos em terrenos que já foram afectados pela desflorestação, mas também há desflorestação para construir parques aeólicos. Durante a construção de parques eólicos na Escócia em 2007-2008, mais de 3,4 milhões de árvores foram removidas em 6202 acres de floresta, dos quais apenas 31,5% foram replantados. Do lado esquerdo: no deserto perto de Tehachapi e da cidade de Mojave, Califórnia, Terra-Gen Power LLC está instalando mais de 300 turbinas eólicas - cada uma com quase 30 andares de altura - em terras desérticas ecologicamente intactas. O projeto é conhecido como Centro de Energia Eólica Alta. Amigos de Mojave, um grupo de cidadãos preocupados, formado para aumentar a conscientização sobre os impactos dos projetos no antes tranquilo estilo de vida rural e nas belas paisagens do deserto. Árvores de Josué foram destruídas em segundos pelas equipas que constroem o Centro de Energia Eólica Alta. Essas árvores podem viver por centenas de anos, e alguns espécimes viveram por milhares de anos, suportando as temperaturas rigorosas do deserto.

115


Água A água é um recurso natural essencial à existência humana. Sem ela o nosso organismo não é capaz de sobreviver. Além de utilizada para o consumo humano, a água é também utilizada em diversas atividades, na indústria, na agropecuária ou nas atividades do dia a dia, como limpeza e higiene pessoal. O único espaço em Portugal onde se faz uma das bebidas mais populares do mundo fica em Azeitão, tem mais de 200 trabalhadores e capacidade para produzir 800 mil litros por dia. Um dos elementos mais importantes da fábrica é a água. E foi por isso mesmo que ali foi construída a Coca-Cola em Portugal. Cerca de 80% do produto é água e naquela área passa um dos maiores aquíferos da Península Ibérica. Para a fábrica foram feitos cinco furos com os quais se abastecem. Este é um dos elementos principais já que é com esta água que depois é preparada a bebida e também o gás que é adicionado. E é por isto mesmo que nenhuma Coca-Cola do mundo sabe igual. Cada um dos sítios de produção usa água local e isso faz toda a diferença no produto final. Como Se Faz - Coca-Cola Depois da zona de tratamento de água, passam pela área de enchimento. De um lado tem as oito linhas onde são cheias garrafas de plástico, vidro e latas, e do outro a zona de laboratório. Por dia são tiradas 800 amostras para controlo de qualidade. Por hora são cheias 48 mil latas.

Vegetais Os vegetais, como já dito, fornecem não só alimento, mas também são utilizados como matéria-prima para diversas indústrias. As monoculturas sob práticas industriais vieram para ficar, e com isso, uma redução bastante significativa das variedades disponíveis de cada espécie. As variedades de sementes também encolheram cerca de 93% durante o período de 80 anos entre 1903 e 1983. Nos últimos trinta e dois anos, as frutas e vegetais diminuíram ainda mais drasticamente, com uma enorme perda na biodiversidade.

116


Ou o caso de culturas, em que o excesso de demanda está a provocar perda de habitat natural a inúmeras espécies vegetais e animais. Estes são alguns exemplos:

Algodão O algodão é uma fibra natural, sendo a cultura do mundo mais pulverizada com produtos químicos. Mais pesticidas químicos são usados para o algodão do que para qualquer outra cultura. O algodão é responsável por 16% do uso global de inseticidas. 60% do algodão mundial é usado para roupas e outros 35% para móveis domésticos.

A herança do algodão como tecido data de pelo menos 5.000 aC, com evidências de uso humano encontradas em lugares tão distantes quanto México, Paquistão e Peru. Ainda amplamente comercializado como uma comodidade global, o algodão, entretanto, não domina mais o mercado para uso em confecções.

É a maior cultura não alimentar do mundo, cultivada para comercialização em mais de 80 países, mas a produção está concentrada em apenas seis - China, Índia, Austrália, Brasil, Estados Unidos e Paquistão - juntos produzem 80% de todo o algodão mundial.

O comércio do algodão traz benefícios económicos para as regiões produtoras mas também sérios problemas ambientais e sociais. O uso de água está entre os mais dramáticos. Mais da metade da produção global de algodão (57%) ocorre em áreas sob alto ou extremo stress hídrico, de acordo com o World Resources Institute. Apenas 30% do algodão produzido provém da agricultura “alimentada pela chuva”. O resto depende da irrigação, principalmente irrigação por inundação e desperdício.

117


As impressões em roupas são normalmente feitas de PVC, ftalatos e outros produtos químicos prejudiciais, derivados de indústrias petroquímicas. Até 8.000 produtos químicos podem ser usados na produção e processamento de têxteis - para tingimento, tratamento, impressão e acabamento. Os pesticidas do algodão também podem impedir que células nervosas individuais se comuniquem umas com as outras. Os efeitos incluem comprometimento da memória, depressão severa, perturbação do sistema imunológico, paralisia e morte.

A BCI estabelece parcerias e trabalha para melhorar os resultados sociais, económicos e ambientais para os agricultores na cadeia de abastecimento do algodão acima do algodão convencional. Há uma tendência de usar 'sustentável' como um termo guardachuva para todo o algodão produzido sob esses vários esquemas e outras acções que as marcas podem realizar de forma independente.

Soja O Brasil é um dos maiores responsáveis pelo abastecimento alimentar no planeta. É o maior produtor e exportador no mundo de soja, um produto que funciona como matéria prima. Dela derivam-se grãos para alimentação humana, o farelo como ingrediente importantíssimo para nutrição animal e o óleo na produção de bens de consumo para cozinha, medicamentos e biodiesel. Um quinto das importações de soja brasileira realizadas pela União Europeia pode ser proveniente de terras desflorestadas de forma ilegal, indicou um estudo divulgado em 2020 pela Reuters, que oferece informações detalhadas sobre a cadeia de suprimento. A desflorestação na Amazónia atingiu uma máxima de 11 anos em 2019, com a destruição de uma área do tamanho do Líbano, segundo dados do governo. Nos seis primeiros meses de 2020, houve um avanço de mais 25% em relação ao ano anterior, segundo informações preliminares. 118


Acima: Fronteira entre área de produção de soja e a floresta Amazónica em Mato Grosso. © Paulo Whitaker Crédito: Reuters Abaixo: O maior exportador de soja do mundo à frente dos Estados Unidos, o Brasil atingiu um nível recorde de exportações © Paulo Fridman/Corbis

Óleo de Palma O óleo de palma está literalmente em toda parte - em nossos alimentos, cosméticos, produtos de limpeza e combustíveis. É uma fonte de enormes lucros para as empresas multinacionais, ao mesmo tempo que destrói os meios de subsistência dos pequenos proprietários. O deslocamento de povos indígenas, a desflorestação e a perda da biodiversidade são consequências do nosso consumo de óleo de palma. Com 66 milhões de toneladas anuais, o óleo de palma é o óleo vegetal mais comumente produzido. O seu baixo preço no mercado mundial e as propriedades que se prestam aos alimentos processados levaram a indústria de alimentos a usá-lo em metade de todos os produtos de supermercado. Pode ser encontrado em pizzas congeladas, biscoitos e margarinas, além de cremes corporais, sabonetes, maquiagem, velas e detergentes. 119


Poucas pessoas percebem que quase metade do óleo de palma importado pela UE é usado como biocombustível. Desde 2009, a mistura obrigatória de biocombustíveis em combustíveis de veículos motorizados tem sido uma das principais causas do desflorestamento.

© Mindful Audio

O clima quente e húmido dos trópicos oferece condições perfeitas de crescimento para as palmeiras-de-dendê. Dia após dia, enormes extensões de floresta tropical no sudeste da Ásia, América Latina e África estão sendo demolidas ou incendiadas para abrir espaço para mais plantações, liberando grandes quantidades de carbono na atmosfera. Como consequência, a Indonésia - o maior produtor mundial de óleo de palma ultrapassou temporariamente os Estados Unidos em termos de emissões de gases de efeito estufa em 2015. Com as emissões de CO2 e metano, os biocombustíveis à base de óleo de palma têm, na verdade, três vezes o impacto climático dos tradicionais combustíveis fósseis.

© World Land Trust

120


À medida que o habitat florestal é desflorestado, espécies ameaçadas de extinção como o orangotango, o elefante de Bornéu e o tigre de Sumatra estão cada vez mais perto da extinção. Pequenos proprietários e povos indígenas que habitaram e protegeram a floresta por gerações são frequentemente expulsos brutalmente das suas terras. Na Indonésia, mais de 700 conflitos de terra estão relacionados à indústria do óleo de palma. As violações dos direitos humanos são ocorrências diárias, mesmo em plantações supostamente “sustentáveis” e “orgânicas”. Jovem orangotango de Bornéu por Tim Laman, elefante de Sumatra por Bruce Levick e um tigre de Sumatra por Lessy Sebastian.

Animais Os animais estão presentes no quotidiano de boa parte da população mundial, seja na alimentação seja como matéria-prima para indústrias têxteis, entre outros. O impacto que o humano tem, pela agricultura, mineração e exploração de outros recursos naturais, nos ecossistemas naturais é enorme e também afeta diretamente a vida selvagem e seus habitats.

Animais na indústria alimentar As emissões de gases ocorrem devido à grande devastação que ocorre para abrir o espaço de pastagem, ao cultivo de grãos para alimentar as criações, aos gastos de água para manter essa produção, à emissão de metano pelos animais, entre outros fatores. Estudos comprovam que a pecuária e subprodutos são responsáveis por 32 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, ou 51% de todas as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo. Além disso, outros gases são emitidos nesse processo, como o óxido nitroso. Pesquisas demonstram que a pecuária é responsável por 65% de todas as emissões relacionadas com óxido nitroso - um gás-estufa com 296 vezes o potencial de aquecimento global do CO2, e que permanece na atmosfera por 150 anos.

Animais na indústria têxtil Uma das razões pelas quais os animais são frequentemente utilizados, depois da utilização para uso alimentar, é na produção de materiais para vestuário. Se por um lado o uso de pele de animais é cruel, por outro a produção de tecidos sintéticos (vindos do petróleo – como o poliéster, por exemplo) agride o meio ambiente no seu processo de desenvolvimento. Por isso, a produção de tecidos provenientes das plantas ou fungos deve ser cada vez mais estimulada, não só pelas indústrias, como também fomentado pelos consumidores. Ao contrário do que se possa pensar, não é apenas a indústria das peles que está incluída na indústria do couro, conhecida como indústria dos curtumes, em que usam a pele dos animais para vestuário e calçado. A extração da lã também pode representar problemas éticos, tal como a produção de seda, em que os casulos são limpos e cozidos em água a ferver e sob pressão, e onde a alta temperatura mata as larvas. Para fazer 1kg do tecido, são necessários 3 mil bichos-da-seda. 121


Na maioria dos casos, estes animais não são utilizados apenas para vestuário, mas também por outras razões, principalmente para o consumo da sua carne. Isto acontece, em particular, no caso do couro e das penas. No entanto, devemos ter em mente que, mesmo nestes casos, o valor económico do couro e penas é algo que contribui para a rentabilidade dos negócios de exploração destes animais. Além desses casos, há outros em que o único propósito (ou o principal) da exploração animal é a sua pele ou penas. Esta seção explica os principais propósitos do uso de animais para vestuário: Couro

O couro é muitas vezes proveniente de animais que também são explorados para a alimentação, contribuindo assim para a exploração destes animais. A maioria das vacas, porcos e outros animais sofrem durante a maior parte de suas vidas até serem mortos para esses fins.

Fazendas de Peles

Animais confinados em fazendas de peles vivem em gaiolas minúsculas no meio dos seus próprios excrementos até serem mortos antes de completarem um ano de idade. Devido a esta situação, estes animais sofrem de um terrível stress, chegando mesmo a exibir comportamentos estereotipados e canibalescos.

Animais capturados por suas peles

Além dos que são mortos em fazendas, milhões de animais agonizam em armadilhas, às vezes durante dias. O seu sofrimento prolonga-se até morrerem de fome, sede, mortos por outros animais quando conseguem escapar, ou mortos por caçadores.

Contrariamente ao que muitas pessoas pensam, a produção de lã não é benéfica ou mesmo indiferente para as ovelhas. É parte da exploração de que são vítimas e que implica muitos danos e, por fim, sua morte em matadouros.

Penas

Algumas aves, tais como os gansos, sofrem significativamente enquanto as suas penas são arrancadas. Este doloroso procedimento é feito enquanto as aves estão plenamente conscientes. Por fim, quando deixam de ser rentáveis, são mortas.

Seda

Apesar do aumento da evidência científica de que os pequenos animais invertebrados, tais como os bichos-da-seda, podem sentir dor, estes são fervidos em grandes números para a produção de seda.

Animais para fins de pesquisa científica A Comissão Europeia lançou o relatório mais transparente de sempre sobre o uso de animais em experiências científicas, médicas e veterinárias, revelando o número total de animais utilizados nos países da União Europeia em 2017 e quais os danos que estes sofrem em consequência das experiências. Em Portugal foram utilizados mais de 40 mil animais em laboratório nesse ano, estando os roedores no topo da lista.

© Olena Kurashova

122


No comunicado em que divulga o relatório da Comissão Europeia, a EARA esclarece que o número total da UE “é composto por animais usados em pesquisas básicas e complexas, em estudos para garantir a segurança de medicamentos e outros produtos e também para fins educacionais”. A associação esclarece ainda que os primatas têm um papel significativo em investigações sobre a SIDA e no desenvolvimento de tratamentos para o Parkinson ou Alzheimer, enquanto os cães estão a ser utilizados para descobrir tratamentos para doenças cardíacas e distrofia muscular de Duchenne, que ainda não tem cura e origina mortes precoces. Na UE, a indústria de cosméticos não pode realizar testes com animais desde o ano de 2013, bem como restringe mais ainda o uso de grandes símios como cobaias para pesquisa científica, desde que têm como objetivo fazer avançar a pesquisa sobre o homem, os animais ou doenças (cancro, esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson).

© 2013 Epsilon

Outras formas em que os animais são usados: agricultura, transporte, criação, desporto, touradas, circos e zoológicos.

Madeira A madeira é um recurso natural renovável muito utilizado na indústria e bastante aplicada na construção civil. Contudo, a atividade madeireira tem sido feita de forma ilegal em várias regiões, aumentando os problemas ambientais, como o desflorestamento. Também é bastante utilizada para a fabricação de móveis e moradias; as fibras são utilizadas como matéria-prima para o artesanato e para a indústria do papel; os óleos essenciais para a fabricação de produtos de beleza, entre outras utilidades. A madeira é um dos poucos materiais de construção que possuem caráter renovável. Quando fornecida acompanhada de documentos que garantam a sua origem legal, pode ser claramente classificada como um produto sustentável. No entanto, a exploração do sistema FSC não está a evitar a desflorestação ilegal.

123


O Forest Stewardship Council (FSC), com sede em Bonn, é responsável pela certificação de silvicultura sustentável em todo o mundo e a sua certificação é considerada o rótulo ecológico mais importante. Supõe-se que ajude os consumidores a identificar móveis, papel, tábuas e outros bens feitos de madeira “ecologicamente correta”. O FSC certificou a manutenção de mais de 200 milhões de hectares de floresta até hoje - uma área do tamanho da Europa Ocidental. Mas o que o FSC conseguiu em 25 anos? Camboja

As selvas foram praticamente destruídas desde 2000 e agora restam apenas 25 quilómetros quadrados. A desflorestação é responsável por mais emissões de CO2 do que todos os carros e camiões do mundo juntos. A madeira ilegal do Camboja é transportada para o Vietname. De lá, por meio de madeira certificada pelo FSC, é exportada para a Europa e o resto do mundo. Não há como saber se a madeira com o selo FSC do Vietname foi ilegalmente cortada no Camboja.

República do Congo

Aldeias de pigmeus indígenas, estão passando fome porque não têm mais permissão para caçar na concessão de madeira certificada pelo FSC..

Peru

As operações da Bozovich Timber Products, uma empresa certificada pelo FSC e apoiada pelo governo alemão, operam numa escala da extração ilegal de madeira muito vasta. Documentos falsificados tornam impossível dizer se a madeira exportada do Peru é legal ou ilegal. Incluindo madeira com o selo FSC.

Brasil

O impacto das plantações industriais de árvores da Veracel nas comunidades locais e povos indígenas, tiveram sérios impactos sobre os meios de subsistência das pessoas que viviam na área.

Suécia

O impacto da silvicultura “sustentável” certificada pelo FSC com cortes rasos e plantações com idades uniformes estão substituindo as florestas primárias em grandes áreas do país. A silvicultura industrial para móveis e a indústria de celulose e papel está tendo um sério impacto sobre a biodiversidade.

Rússia

Floresta primordial está sendo destruída com a ajuda do selo FSC. Um estudo liderado pelo Professor Pierre Ibisch, Professor de Conservação da Natureza no Centro de Economia e Gestão de Ecossistemas em Eberswalde, compara a extração certificada pelo FSC com a extração não certificada. A pesquisa descobriu que o selo FSC não faz diferença. As consequências do corte raso são as mesmas.

No documentário Greenwashing Global Logging, Manfred Ladwig e Thomas Reutter em que passaram meses filmando o abate de árvores ao redor do mundo, descobrem que empresas acusadas de processamento de madeira ilegal não perdem necessariamente a sua certificação FSC e mesmo uma empresa condenada por extração ilegal de madeira na floresta tropical brasileira pode continuar a usá-la. O filme investiga as conexões entre o FSC, o desflorestamento ilegal e o deslocamento de povos indígenas e lança uma luz implacável sobre a indústria global da madeira. Por isso, saber a origem é fundamental no momento da compra do produto. Um consumidor consciente precisa ter ideia de todo o processo para saber se, com a sua compra, está ajudando a combater o desflorestamento, ou contribuindo para a destruição da natureza. 124


Em Portugal a área florestal é atualmente de 3 milhões e 182 mil hectares, mais de 30% da área do país, e o principal uso de ocupação do solo nacional. Até 1995, a área florestal portuguesa apresentava uma tendência de aumento. Mas no último quarto de século, Portugal tem vindo a perder anualmente floresta a um ritmo médio de 10.000 hectares/ano. Em 25 anos, de acordo com estatísticas publicadas pela FAO (2015), o país perdeu mais de um quarto de milhão de hectares de floresta (254.000 hectares). Segundo a Global Forest Watch, Portugal é um dos 5 países do mundo que mais perdeu coberto arbóreo, com uma perda estimada de mais de 26% desde 2000. A desflorestação foi acompanhada por um constante aumento na área de plantações de eucalipto nas últimas duas décadas e meia: há mais 321 mil hectares de eucalipto. A floresta nacional deixou em grande medida de ser uma floresta para passar a ser uma grande plantação florestal, monocultural e com diversidade biológica muitíssimo reduzida, quer em espécies florestais e vegetais, quer em espécies animais.

As áreas florestais são sumidouros de carbono, acumulado em raízes, caules e folhas, e processadores permanentes de dióxido de carbono para a produção de oxigénio e fotoassimilados na fotossíntese, que supera em muito a produção de dióxido de carbono fruto da respiração das plantas. Mas também é relevante saber que existem diferenças importantes entre florestas naturais e plantações florestais. A constituição de um ecossistema não se determina simplesmente pela plantação de árvores e tem um elevado nível de complexidade e interatividade com outras espécies vegetais, animais, com a água, microrganismos e nutrientes, em ciclos de longa duração que garantem uma reciclagem eficiente dentro do sistema.

Recursos naturais não renováveis São aqueles que não se renovam num espaço de tempo que garanta o suprimento das necessidades do ser humano, sendo, portanto, uma regeneração lenta. Sendo assim, a utilização desses pode levar ao seu esgotamento, deixando então de existir. Uma das atuais preocupações da humanidade é garantir a manutenção desses recursos, visto que muitos têm sido utilizados de forma irracional. Quase 90% da energia utilizada no mundo é proveniente de fontes não renováveis de energia. Nas situações nas quais um recurso renovável passa a ser não-renovável, essa condição ocorre porque a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação, renovação e força do sistema. 125


Minérios Os minérios são elementos encontrados na natureza constituídos de minerais, como óxidos e silicatos, e muitos possuem valor económico, como o ferro, prata e ouro. Os minérios são extraídos da natureza por meio de várias técnicas, e são encontrados em diversas regiões do mundo. Os impactos ambientais da mineração podem ocorrer em escalas local, regional e global por meio de práticas de mineração direta e indireta . Os impactos podem resultar em erosão, sumidouros, perda de biodiversidade ou a contaminação do solo, das águas subterrâneas e superficiais pelos produtos químicos emitidos pelos processos de mineração. Minerais no seu smartphone Mineral

Origem

Cobre

Frequentemente obtido de minas a céu aberto. O Chile é o maior fornecedor mundial de cobre, mas o metal também é produzido em outras partes da América do Sul e do Norte.

Telúrio

Encontrado no minério de cobre e, na maioria das vezes, extraído como subproduto do processamento do cobre. O telúrio é extraído no Japão e no Canadá.

Lítio

Cobalto

Encontrado em lagos rochosos e salgados chamados salares, que são extraídos ou bombeados antes da extração química. Os principais produtores incluem Austrália, Chile, Argentina e China. Espera-se que a demanda por lítio cresça rapidamente à medida que cresce a demanda por tecnologias ambientalmente amigáveis. Mais da metade do suprimento mundial de cobalto vem da República Democrática do Congo.

Manganês

Embora o manganês seja abundante na crosta terrestre, 80% do suprimento mundial vem da África do Sul. Também é extraído na Austrália, China, Índia, Ucrânia, Brasil e Gabão.

Tungsténio

Surpreendentes 75% do tungstênio do mundo vem da China. Outros produtores incluem América do Norte, Coréia do Sul, Bolívia, Rússia e Portugal. É extraído dos minerais volframita e scheelita.

Minerais nos Painéis Solares O aumento do investimento em energia solar fotovoltaica também traz a demanda por minerais na tecnologia, incluindo alumínio, cádmio, cobre, gálio, índio, ferro, chumbo, níquel, sílica, prata, telúrio, estanho e zinco. A tecnologia solar fotovoltaica aumenta a necessidade de unidades de armazenamento de energia, tanto na forma de baterias individuais para uso privado quanto em grande escala em redes elétricas. Isso leva à demanda por minerais em baterias de íon de lítio, como alumínio, cobalto, ferro, chumbo, lítio, manganês, níquel e grafite. Existem direitos humanos e riscos ambientais associados a todos os minerais usados em baterias solares fotovoltaicas e de íon de lítio. Os riscos de direitos humanos incluem saúde e segurança do trabalhador precárias, conflito sobre direitos à terra com povos locais e indígenas e questões de direitos trabalhistas, incluindo trabalho infantil e trabalho forçado. Impactos ambientais, como poluição do ar, solo e água, bem como danos à biodiversidade dos ecossistemas circundantes devido ao manejo inadequado de resíduos, também são prevalentes na mineração em grande escala e artesanal.

126


Durante o teste da planta em setembro de 2013, trinta e quatro pássaros mortos foram encontrados na planta. Quinze tinham penas fortemente queimadas, que os funcionários da fábrica chamam de "serpentinas" porque foram queimadas durante o voo pela intensa radiação dos espelhos heliostáticos. De fevereiro a junho de 2014, uma equipa de biólogos monitorando o número de mortes de pássaros relatou um total de 290. Em abril de 2015, o Wall Street Journal relatou que "biólogos que trabalham para o estado estimaram que 3.500 pássaros morreram em Ivanpah no período de um ano, muitos deles queimados vivos enquanto voavam por uma parte da instalação solar onde a temperatura do ar pode chegar a 1.000 graus Fahrenheit (540 ° C). Ivanpah Solar Power Facility (imagem acima)

Minerais nas baterias dos carros eléctricos À medida que os países em todo o mundo legislam para eliminar os carros a gasolina e diesel , a atenção está voltada para o impacto ambiental da mineração dos materiais necessários para as baterias dos veículos elétricos. Mas a extração de níquel - extraída predominantemente na Austrália, Canadá, Indonésia, Rússia e Filipinas - tem um custo ambiental e de saúde. Plumas de dióxido de enxofre sufocando os céus, terra agitada coberta por poeira cancerosa, rios correndo vermelho-sangue, com ativistas ambientais a pintarem um quadro sombrio das minas e fundições de níquel alimentando a indústria de veículos elétricos. As Filipinas fecharam ou suspenderam 17 minas de níquel no ano de 2017 por causa de preocupações ambientais. A francesa Renault, produtora do Zoe, o veículo elétrico mais vendido da Europa em 2016, disse que recicla quase 70% do peso da bateria, embora não tenha especificado qual a proporção de níquel reciclada. A Tesla afirma que o níquel nos seus veículos é 100% reutilizável no final da vida útil, mas recusou-se a revelar de onde vem o níquel das suas baterias de carro.

127


A mina Goro é uma grande mina de níquel no sul da Nova Caledónia que produz 25% das reservas mundiais de níquel.

Esta mina tem como meta produzir cerca de 40.000 toneladas de níquel por ano e também algum cobalto de depósitos de saprolita.

Petróleo Considerado uma das fontes de energia mais importantes do mundo, o petróleo é uma substância oleosa originada a partir da decomposição de matéria orgânica. Além de ser utilizado como fonte de energia, o petróleo serve também como matéria-prima para a fabricação de plásticos, borrachas, solventes e dele são originados diversos derivados, como o gás de petróleo, querosene, óleo diesel, entre outros. Não é encontrado em todas as regiões do mundo. Há países que exportam em abundância e outros que necessitam importá-lo. 128


A dependência que criámos do petróleo não se limita apenas a combustíveis pelo que muitos do produtos que usamos, tem em dado momento, alguma ligação a esse recurso natural, seja em termos da manufatura, seja ao nível do transporte, uma vez que grande parte do transporte de produtos é feito por camiões abastecidos por petróleo, com pneus de borracha sintética feita de petróleo, e muitas vezes embalados em embalagens de plástico, em paletes fechadas com rolo de paletização também de petróleo. Existem muitos usos que o petróleo tem na nossa vida diária. O petróleo dá-nos água quente, casas aquecidas e eletricidade, para citar apenas alguns dos seus usos mais conhecidos, mas o petróleo representa muito mais. Desde o sistema de aquecimento (aquecedor a óleo) até ao dvd (policarbonato) a uma vela perfumada (parafina), vem do petróleo. Até uma garrafa de água (plástico PET) ou o detergente que usa para lavar as suas roupas (matérias primas para detergentes). Seja de terra, mar ou ar, os usos do petróleo são ilimitados. Na agricultura, a gasolina e o gasóleo que alimentam máquinas agrícolas são produto do petróleo refinado. E as culturas que as máquinas colhem, tudo é produzido por fertilizantes e herbicidas à base de petróleo (adubos NPK). Mesmo em caso de nutrientes orgânicos, a embalagem será sempre de plástico. É o combustível que nos permitiu elevar ao céu (combustível de aviação) e navegar os sete mares (fibra de vidro como casco de barcos). O petróleo ainda nos ajuda a manter-nos seguros e saudáveis. Sem petróleo os hospitais não teriam produtos tão complexos como comprimidos do dia a dia e ligaduras de nylon ou dispositivos tão essenciais como bolsas de sangue, e de soro fisiológico e tubos para cirurgia. Para onde quer que olhe o petróleo desempenha um papel. É uma parte essencial das nossas vidas. Mesmo até o simples passeio pela rua é melhorado pelo petróleo. O asfalto sob os seus pés (ruas e estradas), as linhas de trânsito pintadas na rua (tintas sintéticas), mesmo o revestimento em terraços e pátios (telas de asfalto), são todos trazidos até si pelo petróleo. E claro, o que seria de nós sem a gasolina e os lubrificantes utilizados para conduzir os veículos? O petróleo é realmente um produto fascinante, como podem ver neste site.

129


130


131


Carvão mineral A queima de carvão existe há séculos e seu uso como combustível é registrado desde o século 1100. Ele impulsionou a Revolução Industrial, mudando o curso primeiro da Grã-Bretanha e depois do mundo no processo. Nos Estados Unidos, a primeira usina termo-elétrica a carvão - Pearl Street Station - foi inaugurada nas margens do Lower East River na cidade de Nova York em setembro de 1882. Pouco depois, o carvão se tornou o combustível principal das turbinas de energia em todo o mundo. Há agora quase 40% mais dióxido de carbono na atmosfera do que antes da Revolução Industrial. Os níveis atuais de CO2 são mais altos do que em qualquer momento nos últimos 650.000 anos O carvão mineral é bastante utilizado como fonte de energia. É o combustível fóssil com maior disponibilidade na natureza do mundo. O carvão forma-se por meio da decomposição da matéria orgânica em ambiente sem a presença de oxigénio. Está disponível em todos os continentes, contudo, não se renova em curtos espaços de tempo.

Consequências da sobrexploração dos recursos naturais O consumo descontrolado dos recursos naturais gera efeitos significativos:

Ambientais O desaparecimento dos habitats essenciais para a fauna e flora, ou seja, a extinção de espécies. Existem cerca de 30 milhões de espécies animais e vegetais diferentes no mundo e, delas, mais de 31.000 espécies estavam ameaçadas de extinção atualmente, de acordo com União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Económicos 33% do solo do planeta está degradado em níveis de moderado a alto, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Se a erosão de solo fértil continuar nesse ritmo, os preços dos produtos agrícolas vão inevitavelmente disparar.

Para a saúde Se não cuidarmos das florestas, haverá menos armazenamento de carbono e, portanto, mais poluição do ar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar com altos níveis de poluição e sete milhões de pessoas morrem anualmente por conta da contaminação do ar.

132


Soluções para evitarmos essas consequências Anarco-Primitivismo O anarcoprimitivismo é uma crítica das origens e do progresso da civilização. De acordo com o anarcoprimitivismo, a mudança de caçadores-coletores para subsistência agrícola deu origem a estratificação social, coerção, alienação e superpopulação. Anarcoprimitivistas advogam o retorno de modos de vida não "civilizados" por meio da desindustrialização, abolição da divisão do trabalho ou especialização e abandono de tecnologias de organização em larga escala. Nos EUA, o anarquismo começou a ter uma visão ecológica nos escritos de Henry David Thoreau. No livro Walden, ele defende a vida simples e a auto-suficiência entre os ambientes naturais, em resistência ao avanço da civilização industrial. Alguns primitivistas foram influenciados pelas várias culturas indígenas, tentando aprender e incorporar técnicas sustentáveis de sobrevivência e formas mais saudáveis de interagir com a vida. Alguns abandonam a domesticação e se reintegram à natureza.

Agricultura sintrópica É o termo designado a um sistema de cultivo agroflorestal (SAF) baseado no conceito de sintropia - princípio contrário ao de entropia - caracterizado pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente. Agenda Gotsch Esta vertente agrícola busca inspiração na dinâmica natural dos ecossistemas virgens – que não sofreram interferência humana – para um manejo sustentável e foi idealizada e difundida por Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço, nascido em Raperwilsen, em 1948. Começando a se questionar se não era mais sensato melhorar as condições de vida das plantas, invés de alterá-las geneticamente de modo que estas sobrevivam à escassez de nutrientes aos quais são submetidas nas monoculturas. Assim redirecionou-se no desenvolvimento de agricultura sustentável.Agricultura Sintrópica

Earthships Uma Earthship é um tipo de abrigo solar passivo feito de materiais naturais e reciclados, como pneus compactados, criado pelo arquiteto Michael Reynolds. As Earthships baseiam-se na ideia de que existem seis necessidades humanas que podem ser atendidas por meio de projetos de construção ambientalmente sustentáveis: 1) 2) 3) 4) 5) 6)

Energia: aquecimento e arrefecimento térmico e / ou solar, electricidade solar e eólica Gestão de lixo: Reutilização e reciclagem incorporadas na construção e na vida diária Tratamento de esgoto: tratamento de esgoto autônomo e reciclagem de água Abrigo: Edifício com materiais naturais e reciclados Água Limpa: Coleta de água e armazenamento de longo prazo Alimentos: capacidade de produção de alimentos orgânicos em casa

As estruturas das Earthships devem ser residências "prontas para uso fora da rede ", com dependência mínima de serviços públicos e combustíveis fósseis. Eles são construídos para usar os recursos naturais disponíveis, especialmente a energia do sol e da água da chuva. Eles são projetados com construção de massa térmica e ventilação cruzada natural para regular a temperatura interna, e os projetos são intencionalmente descomplicados e principalmente de um andar, para que pessoas com pouco conhecimento de construção possam construí-los.

133


Consciência Planetária Existe demasiada tecnologia, e essa tecnologia implica recursos naturais preciosos a serem usados e ultrapassados numa questão de anos. O sol é um recurso natural mas para ser aproveitado para energia, temos de ter tecnologia que não só usa todos os processos tecnológicos possíveis até aquele momento, como explora ainda mais recursos, nunca antes usados (ex: baterias de litio em que nenhum fabricante garante a sua reciclagem) e que futuro lixo quando estiver ultrapassado ou avariado. O constante evoluir, cada vez mais rápido, de tecnologias que em breve estão ultrapassadas, é um perpetuar da destruição dos recursos naturais e uso de recursos sem planeamento a longo prazo, o que na verdade é exatamente o lado oposto do caminho que deveríamos estar a fazer. Todas as soluções apresentadas para resolver os problemas ecológicos derivados da exploração dos recursos naturais estão fundamentalmente condenadas porque usam na mesma os recursos, e ainda outros nunca usados para criar algo supostamente ecológico que passado 20 anos necessita de substituição. O crescimento económico é insustentável quando toda a tecnologia usa minério, metais raros e plástico, através de processos contaminantes com solventes que são usados uma vez e deitados fora, criando equipamentos que duram pouco tempo e exigem constantes substituições. Com um maior sentido de comunidade e do nosso lugar neste planeta como parte de um todo, talvez fosse mais sensato gastar menos, reutilizar mais, não consumir. Um exemplo prático: antes escrevíamos com lápis, madeira e carvão, apagávamos com borracha (já provavelmente sintética derivada do petróleo), hoje em dia temos canetas feitas de plástico (petróleo), tinta (petróleo), mola (metal), e o corrector para apagar feito de petróle… Os chips, que são usados em todos os equipamentos tecnológicos, têm três materiais constituintes - silício, plástico e cobre. Como podemos reduzir o consumo de recursos não renováveis quando cada vez dependemos mais da tecnologia criada com esses mesmos recursos?

134


135


136


137


138


139


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – NÍVEL SECUNDÁRIO Núcleo Gerador 7 – Saberes Fundamentais (SF) Formando: Sónia Cristina Gonçalves Bernardo

Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC) Domínio de Referência 1: Contexto Privado Tema: O Elemento Data: 14/ 05/ 2021

Formador: Fernando Oliveira

Competência: Identificar, compreender e agir criticamente em questões relacionadas com a visão científica do indivíduo, da sociedade e do universo. Resultado de aprendizagem: - Atuar ao nível da intervenção da tecnologia na compreensão ou utilização das estruturas elementares (por exemplo, o papel do protão na imagiologia por NMR, utilizações correntes de análises de DNA, etc.). - Atuar no sentido de compreender a base científica de diferentes estruturas elementares (por exemplo, o núcleo atómico, o átomo, a molécula, o DNA, a célula, a unidade como princípio formador dos números, os processos geradores de sequências, etc.). Recursos/materiais: Computador, impressora, papel A4, Livros para pesquisa, Internet.

Guia de trabalho “O ELEMENTO” “Todo o ser humano é diferente de mim e único no universo; não sou eu, por conseguinte, quem tem de refletir por ele, não sou eu quem sabe o que é melhor para ele, não sou eu quem tem de lhe traçar o caminho; com ele só tenho o direito, que é ao mesmo tempo um dever: o de o ajudar a ser ele próprio.” Agostinho da Silva

A sociedade é composta por diversos indivíduos, cada um com características específicas, variáveis de acordo com a sua idade, sexo, escolaridade, etnia... Nesse contexto de diversidade sociocultural aplico princípios de tolerância e igualdade, considerando o conceito de "ação social"? Exploro formas de integração de indivíduos em situação de exclusão social por serem portadores de características específicas: idosos, toxicodependentes, indivíduos portadores de deficiência...? Cada individuo possuí características específicas, um código genético que herda dos seus progenitores, metade pelo lado do pai e a outra metade pela mãe, e que se reflete nas diferenças de cada individuo, fazendo dele uma pessoa única, com características únicas que se encontram nas amostras do seu ADN.

140


1. As características individuais são as diferenças que se verificam entre as pessoas e que podem ser ao nível das características físicas, psicológicas e sociais. 1.1.

Observe atentamente as figuras e registe características individuais de cada elemento.

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

A Musculado________________________________________________________________________ B Mesma Etnia______________________________________________________________________ C Gosto por corrida__________________________________________________________________ D Médico__________________________________________________________________________ E Festa e divertimento________________________________________________________________ F Criança__________________________________________________________________________ G Empresário_______________________________________________________________________ H Oriental__________________________________________________________________________ I Trabalhador de construção cívil________________________________________________________ J Tristeza___________________________________________________________________________

1.2. Organize cada uma dessas características segundo elas sejam físicas, psicológicas ou sociais. Físicas

Musculado, criança _____________________________________________

Psicológicas

Gosto por corrida, Tristeza_______________________________________

Sociais

Mesma Etnia, Médico, Festa e divertimento, Empresário, Oriental, Trabalhador de construção civil______________________________________________

141


2.

A diversidade sociocultural que se faz sentir cada vez mais na nossa sociedade é um

facto incontornável. Para que a convivência entre diferentes etnias seja harmoniosa têm de existir princípios de igualdade e tolerância entre os vários elementos, bem como ser assegurada a ação social que os protege.

2.1. Crie ou relate um acontecimento onde seja evidente a existência de diversidade sociocultural e onde estas diferenças sejam superadas por princípios de igualdade e tolerância. Demonstre

também

que

apesar

das

diferenças

todos

temos

proteção

social.

Um desastre natural, que atinja uma área populacional com diversidade social e cultural, à partida será um fator contributivo para princípios de igualdade perante as vítimas do desastre e tolerância pela diversidade de fatores culturais distintos que compõem esse grupo de pessoas. A saúde e a educação, são exemplos de proteção social onde, apesar das diferenças, o acesso está disponível para todos.

3.

Elabore um trabalho escrito, um PowerPoint ou uma sequência fotográfica sobre o

tema “Exclusão Social” após realizar pesquisa sobre o mesmo em livros, revistas, internet, … Neste trabalho aborde entre outros aspetos: ●

Conceito de exclusão

Formas / Tipos de exclusão

Modo de integração no coletivo

4.

Sentiu dificuldades em responder às questões anteriores? Indique-as. Sim. Pela dualidade das respostas facultadas e alguns links das notas não disponíveis. As imagens fornecidas podem estar relacionadas com estereótipos que ajudam a manter a exclusão social.

5.

Refira o que necessita de melhorar para ultrapassar essas dificuldades. Quanto maior o número de exemplos históricos mais difícil se torna encontrar bons exemplos de diversidade sociocultural superados por princípios de igualdade e tolerância.

142


143


144


145


146


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – NÍVEL SECUNDÁRIO Núcleo Gerador 7 – Saberes Fundamentais (SF) Formando: Sónia Cristina Gonçalves Bernardo

Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC) Domínio de Referência 2: Contexto Profissional Tema: Processos e métodos científicos Data: 17 / 05 / 2021

Formador: Fernando Oliveira

147


2. O DNA e a identificação de corpos Em muitos casos, o teste de DNA é um dos melhores métodos para identificação de vítimas. O DNA é o material nas células que armazena as características herdadas que constituem o nosso corpo. Em muitos casos (mas não em todos), o DNA pode ser isolado de restos mortais humanos ou de outras amostras. Para identificar os restos mortais de uma vítima, o DNA dos restos mortais encontrados no local do desastre ou acidente devem ser comparados ao DNA que se sabe ser da vítima ou de seus parentes. Assim, é necessário coletar amostras de DNA de familiares e de objetos pessoais ou de espécimes médicos anteriores da vítima. O processo de identificação de uma vítima pode ser relativamente rápido ou bastante demorado. Em alguns casos, nem todas as vítimas podem ser identificadas. Quando uma identificação é feita, o parente mais próximo será notificado e questionado se deseja ser contatado se mais restos mortais forem encontrados no futuro. O DNA das amostras médicas previamente coletadas da vítima ou de itens pessoais pode ser usado para fazer uma correspondência direta com os restos mortais. Por exemplo, se um ente querido passou recentemente por uma cirurgia ou análise de sangue, uma amostra pode ter sido armazenada no hospital ou clínica. Deve-se fornecer quaisquer amostras médicas conhecidas ou pedir ajuda para localizá-las. O DNA da vítima também pode ser encontrado nos seus objetos pessoais. Uma escova de dentes ou outros itens que contenham saliva costumam ser boas fontes. No entanto, é muito importante que esses itens tenham sido usados apenas pela vítima ou raramente usados por outra pessoa. Por exemplo, uma escova de cabelo usada por toda a família não seria uma boa fonte de DNA da vítima.

Como funciona o teste de DNA? O DNA é o material hereditário que contém instruções para construir um ser humano. O DNA pode ser coletado de pequenas quantidades de sangue, raspagem da boca (bochecha), raízes do cabelo ou outras amostras. Existem dois tipos de DNA no corpo: DNA nuclear e DNA mitocondrial. Ambos os tipos de DNA podem ser usados para identificação de DNA.

148


DNA Nuclear

O DNA nuclear vem do núcleo da célula e é herdado de ambos os pais, metade da mãe e metade do pai (veja a figura abaixo). O DNA nuclear de cada pessoa é único - exceto para gêmeos idênticos, que têm o mesmo DNA. Quando um perfil de DNA nuclear suficiente dos restos mortais da vítima corresponde ao perfil de DNA nuclear de uma amostra que se sabe ter vindo da vítima, podemos ter certeza da identidade da vítima. Devido à forma como é herdado, o DNA de parentes de sangue é um tanto semelhante. O DNA nuclear dos restos de parentes de parentes da vítima. O DNA nuclear pode ser comparado ao DNA nuclear de membros da família para identificar a vítima em algumas circunstâncias. O DNA nuclear pode ser facilmente danificado pelo calor extremo e outras condições e, portanto, nem sempre está disponível para ser usado para uma identificação.

DNA Mitocondrial

O segundo tipo de DNA é denominado DNA mitocondrial (mtDNA). É herdado apenas da mãe. Os pais nunca passam o DNA mitocondrial para seus filhos. No entanto, o DNA mitocondrial normalmente não é tão poderoso para fazer identificações quanto o DNA nuclear. Isso significa que, em alguns casos, duas pessoas não relacionadas podem ter DNA mitocondrial semelhante. Devido à forma como é herdado, apenas parentes maternos, como irmão, irmã ou mãe, podem ser usados para o teste de DNA mitocondrial. O DNA mitocondrial, no entanto, pode frequentemente ser encontrado em amostras de DNA muito pequenas ou danificadas. Normalmente, os cientistas testam o DNA nuclear primeiro. Se houver resultados insuficientes para uma identificação, eles tentarão o teste mitocondrial. Apesar dos melhores esforços, alguns testes podem não ser bemsucedidos.

Outros métodos científicos de identificação

Métodos científicos também são usados nos casos em que essas abordagens introdutórias não são possíveis. Essas técnicas de identificação científica, incluindo antropometria, análise de pele, registros dentários e genética, dependem da individualidade de cada corpo. Fatores como tamanho corporal, peso, impressões de pele e tipo de sangue agem como indicadores de identidade. Cientistas forenses também analisam essas características no processo de identificação de um corpo.

149


Implicações Éticas A decisão de buscar a identificação dos restos mortais de uma vítima por meio de testes de DNA é muito pessoal e pode ser diferente para cada família. Algumas famílias podem encontrar conforto em saber que os restos mortais de seus entes queridos foram identificados e devolvidos. Esses restos mortais podem ser enterrados de acordo com as tradições da família. Isso pode ajudar na cura e no ajuste da terrível perda de um ente querido. Para outros, o processo de teste pode interferir no luto. Para que o teste de DNA funcione, pode ser necessário recolher mais informações, amostras ou itens pessoais. Reunir isso pode causar ainda mais angústia. Se o teste não identificar os restos mortais do ente querido, pode ser uma decepção, aumentando a dor para a família. O teste de DNA pode ser fornecido para ajudar as famílias que o desejam. Podendo reservar um tempo para falar sobre isso com outras pessoas. Pessoas que podem ajudar na decisão incluem familiares, amigos, líderes religiosos, profissionais de saúde e defensores das vítimas.

150


151


EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – NÍVEL SECUNDÁRIO Núcleo Gerador 7 – Saberes Fundamentais (SF) Formando: Sónia Cristina Gonçalves Bernardo

Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC) Domínio de Referência 3: Contexto Institucional Tema: Ciência e Controvérsias Públicas Data: 21 / 05 / 2021

Formador: Fernando Oliveira

Observar, na Cidade de Lisboa, obras em curso, com o intuito de avaliar as condições de saúde e segurança do trabalho. Deverão tirar fotografias, se possível. Posteriormente, em sala, deverão elaborar um relatório, referindo as não conformidades observadas/detetadas e também salientar os aspetos mais positivos. O relatório deverá ser composto por: ● Introdução ● Desenvolvimento ● Considerações finais: o Abordar a vossa experiência pessoal no que à saúde e segurança diz respeito o Discutir a importância da SST e a sensibilidade dos empresários nesta temática

152


Queda de um andaime em Almada 06.04.2021

153


Introdução Para realizar a pintura exterior de um edíficio foi montado um bailéu (elevador suspenso) colocado na fachada de um prédio de cinco andares que resultou num acidente de trabalho, com duas vítimas após a queda da estrutura de alumínio suspensa por cabos de aço, quando estavam a cerca de 15 metros de altura.

Desenvolvimento As quedas de andaimes têm provocado vários acidentes. Esta obra não estava licenciada e não cumpria as normas de segurança, nem da estrutura, nem dos trabalhadores, que não dispunham de material de proteção e segurança para trabalho em alturas. A queda da estrutura aconteceu num prédio de cinco andares, onde decorria uma obra na fachada do edifício, na rua D. Francisco de Almeida. A instabilidade da estrutura usada foi inadequada para o tipo de trabalho a ser realizado. Jorge Paulo, 2.º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas, adiantou que a estrutura cedeu porque estava mal montada, acrescentando: "Pelo que me parece, não está licenciada". Depois do acidente, foi colocada uma plataforma no local para avaliar a razão da queda do andaime.

As duas vítimas mortais eram trabalhadores da construção civil.

154


Considerações finais Experiência pessoal no que à saúde e segurança diz respeito: ● Qualquer situação relacionada com o trabalho que possa prejudicar física ou psicologicamente a segurança e/ou saúde do trabalhador. Os fatores de risco são muito variados e dependem das características de cada trabalho, podendo variar entre os Físicos, os Químicos e os Biológicos. ● A Prevenção é certamente o melhor processo para reduzir ou eliminar as possibilidades de ocorrerem problemas de segurança com o Trabalhador. A prevenção consiste na adoção de um conjunto de medidas de proteção, na previsão de que a segurança física do operador possa ser colocada em risco durante a realização do seu trabalho. A importância da SST e a sensibilidade dos empresários: ● Para que se atinjam os níveis de Segurança, Higiene e Saúde pretendidos, é necessário que seja implementado, a nível nacional, a nível da empresa e a nível de local de trabalho, um conjunto de princípios, que permitam melhorar as condições de trabalho, prevenindo ou reduzindo os riscos de acidente dos trabalhadores. ● A entidade empregadora ou o trabalhador deve fazer um levantamento das características do seu trabalho, nomeadamente, características das instalações, locais, equipamentos e processos de trabalho, para adoptar as medidas preventivas necessárias.

155


Exemplos de boas práticas de Higiene e Saúde no trabalho:

Bom trabalho! Em segurança e com saúde. 156


157


158


159


160


161


162


163


164


165


REFLEXÃO FINAL O curso EFA foi mais além das minhas espectativas, tanto ao nível da estrutura dos diferentes módulos e nos temas abordados em cada um – bastante pertinentes e atuais -, como ao nível social da relação com os professores – todos excelentes pessoas e profissionais - que, não só motivaram mas também permitiram o desenvolvimento de trabalhos muito interessantes que tive muito gosto em realizar; e com os colegas, que em tão pouco tempo deram todo o apoio e tornaram as aulas ainda mais completas com o carinho que senti de todos. As criticas e elogios que fui recebendo de alguns professores em certos trabalhos que elaborei, foi o que fez-me sentir mais realizada e confiante das minhas capacidades no melhor sentido. Motivando-me bastante a não deixar de seguir um percurso formativo que me permita desenvolver ainda mais as minhas qualificações atuais para o nível das capacidades que possuo e com elas dar o melhor contributo à sociedade e a melhorar a vida dos animais e das pessoas. A elaboração deste portefolio também fez-me aperceber da quantidade de bons trabalhos realizados, que provavelmente terão aplicações futuras até para outras pessoas que, de forma simples, podem consultar as apresentações e facilmente explicar um determinado tema que esteja no espectro de interesses dessa outra pessoa, e que se me aplicar da mesma forma ao nível do mercado de trabalho, também os frutos disso hão-de vir. Sei que levei algum tempo na elaboração deste portefolio, mas queria que estivesse de acordo com as exigências que coloco a mim mesma quando inicio um trabalho, e ser de certa forma também a minha imagem de marca que deixo com muito gosto nesta escola que tanto gostei de frequentar. O potencial que os professores ajudaram-me a ver que tinha e que podia com isso melhorar as minhas competências e a não desperdiçar as capacidades que tenho com trabalhos insignificativos, foi do mais valioso que trouxe comigo.

“Obrigado, Escola Secundária Marquês de Pombal!”

166


167


MAIS QUALIFICAÇÃO, MELHOR EMPREGO.

INVISTA EM SI! 168


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.