S o b r e - n a t u ra l ! A FIXAÇÃO DE UM GEL, NATURAL COMO A ÁGUA. novo
• O 1º gel que se torna líquido como a água. U l t ra f á c i l d e p e n t e a r, d e i x a o s c a b e l o s m a c i o s , n a t u ra i s e limpos. •
Fi x a ç ã o d e l o n g a d u ra ç ã o . O p o d e r f i x a n t e d o g e l d u ra todo o dia. PORQUE VOCÊ MERECE.
A Triumph International elegeu a modelo Marisa Cruz como imagem da marca em 2002. Uma das mulheres portuguesas mais sexy que promete evidenciar em grande estilo a moda, o glamour e a sensualidade das novas colecçþes.
Uma mulher Triumph
Marisa Cruz “Eu visto Triumph... porque me faz sentir bem. É uma lingerie que tem tudo a ver comigo, é sensual e realça naturalmente a minha feminilidade.”
Publireportagem Triumph International
★ ★ ★ E S P E C I A L
ÍNDICE 60 CAPA Topa um pastel? Dora Godinho p.56 Convidámos mais uma linda menina para ser a nossa capa. E não é que ela aceitou de bom grado!
S U P L E M E N T O
56 QUEREMOS RESPOSTAS Marinho Peres É o treinador que mais pastéis de Belém come. E conversou connosco sobre os Mundiais de futebol e o seu Belenenses.
82 QUE GRANDE TACHO Seja um MacGyver na Cozinha Aprenda finalmente a picar a cebola como nos filmes e saiba que se pôs demasiado sal na canja, ainda há esperança.
M U N D I A L 2 0 0 2
68 PERFIL Luís Filipe Vieira Apesar de pela segunda vez consecutiva o Benfica ter falhado sequer o apuramento para a UEFA, ninguém contesta o homem forte do futebol encarnado. Mais: ele prepara-se para assumir todo o poder no clube.
Adoro cá estar! p.60
★ ★ ★
76 MORENA Ó MORENITA Alice Félix Trabalha mais lá fora do que cá dentro, mas arranjou um tempinho para nos visitar. Ainda não estamos recompostos.
E S P E C I A L S U P L E M E N T O M U N D I A L 2 0 0 2
★ ★ ★
88 MOTORES
El-Rei D. Luís,
Duas rodas o vermelho Cabelinho ao vento e bem agachados em cima do selim! Não, não são os rodeos, mas uma bela montra de motos, motoretas e motorizadas. p.100
Agora é que vai ser só sacar cadelas!
100 LANCEM OS DADOS Brincadeiras de criança Nós ainda somos do tempo em que um berlinde fazia a nossa felicidade. Felizmente crescemos.
94 CARROS E MIÚDAS Sempre a abrir Mulheres de sonho em máquinas de sonho.
146 ACABOUSE A CONVERSA As companhias de aviação estão pior do que nunca.
JUNHO 2002
ÍNDICE
Podemos começar? p.76
32 CRÓNICAS Margarida Rebelo Pinto explica porque é que os gays rivalizam com os cães
Se espiro vai haver sarilho! p.32
Paulo Jorge Neves tenta – Valha-nos Deus! - perceber como seria o nosso Mundial sem Figo e Rui Costa
Sou uma máquina de sonho! p.82
João Pereira Coutinho foi ao Jardim Zoológico e veio de lá a perceber melhor a espécie humana. Mónica Bello encontrou alguém que esteve seis meses metido na mata angolana.
24 ANEDOTAS
Vai-te embora ó melga
Como juntar numa história cervejas e mães? Quem acertou ganhou uma mesa de mistura.
14 CIRCUS MAXIMUS O sumo sem frutas Aprenda a comunicar em polaco, e descubra o que custa ser lutador de sumo
22 PERGUNTAS DISPARATADAS
Ó Figo és muita giro p.116
Não, os gatos não têm sete vidas!
26 SAIBA COMO Nunca se sabe, mas um dia você poderá ter de aterrar num porta-aviões ou, se tiver muito azar, terá de amputar a sua própria perna.
108 MODA Os nossos temas de conversa favoritos: miúdas e futebol, juntas em magníficas fotografias.
131 GUIA Reboca esse que está mal estacionado! p.26
Armados e perigosos... p.50
Para além das sugestões do costume, misturámos bicicletas, chuteiras e um microndas. E não é que resultou! Queriam, não queriam? p.140
Carta do Director
Domingos Amaral O director (Revivendo o passado)
Qual foi a última vez que jogou Monopólio? Se a resposta for "há mais de dez anos", então temos um problema na sua vida. É sinal de que já só pensa em fazer dinheiro, comprar uma grande casa, pagar o colégio aos filhos e sentar-se no sofá a ver maus programas de televisão. Jogar jogos, como o Monopólio, ou mesmo a batalha naval, não é um regresso ao passado, um passatempo tonto, um sinal de que procura com desespero ser "jovem". Nada disso. Jogar jogos é um sintoma de que ainda é capaz de levar a vida na desportiva. É a demonstração de que nem tudo o que faz é a sério, carregado de peso existencial e consequências complexas para si e para os que vivem perto de si. Um homem que aos 30, ou mesmo aos 40, ainda se consegue sentar a uma mesa, com um gin tónico ao lado, a jogar à batalha naval ou ao Monopólio, é um homem que tem um futuro, um homem em paz consigo, um homem cool. É claro que um homem cool também gosta de ver jogos verdadeiros. Em especial de futebol. Por isso, com o Mundial 2002 à porta, a Super Maxim orgulha-se de publicar um suplemento especial de 52 páginas dedicado à bola. Para ir lendo à medida que vai vendo na televisão Figo e C.ª à conquista da Coreia. Mas voltemos ao Monopólio. Os homens sempre gostaram de jogos e de brinquedos. Desde pequenos que lhes foge o pé para os chutos na bola, o berlinde, e o Action Men. Mais importante do que a vida, para os homens divertido mesmo são os jogos da vida. Como, por exemplo, brincar aos médicos. Na idade da inocência, nada de grave se passava, mas a verdade é capaz de ser outra. Brincar aos médicos é aprender a lidar com raparigas. Um estetoscópio aqui, um "tussa lá" acolá, um "deixa ver como está o joelhinho", um "dói aqui, dói?", não eram mais do que descobertas sobre o futuro. Anos mais tarde, essa aprendizagem é muito útil aos homens, apesar de não lhes garantir que conseguem desapertar um soutien como deve ser. Neste número, nas páginas 100 a 105, recordamos alguns jogos de
infância. O que nós, já adultos, não daríamos por umas horas bem passadas a jogar bate-pé com as raparigas? E que dizer dos polícias e ladrões? Eu, cujo grande sonho era ser detective da Polícia Judiciária, arrependo-me de não ter seguido os meus instintos infantis, transformando-me num investigador de homicídios, ou de grandes roubos.Trabalho com que me entreter não me faltaria em Portugal. E que dizer dos carrinhos de rolamentos? Foram ou não foram os primeiros violentos disparos de adrenalina das nossas vidas? A coragem e a habilidade eram testadas, bem como a resistência ao embate. Sem air-bag, sem sistemas ABS de travagem, o carrinho de rolamentos era "o carro" no seu estado mais puro. Uma espécie de karting dos miúdos, emocionante sem ser demasiado perigoso, dava-nos a verdadeira e eufórica sensação que a vida nos iria correr sobre rodas, mesmo que no final da descida fosse difícil de travar sem bater. Bem, na realidade, a sensação de que a vida nos ia correr sobre rodas era verdadeira.Toda a vida dos homens é sobre rodas. Começamos no carrinho de bebé, passamos para o triciclo, depois para a bicicleta com rodinhas, a seguir tiram-se as rodinhas e guia-se uma bicicleta ainda maior, até que se chega à mota, por volta dos 15/16 anos. (Em certos casos, esta fase prolonga-se por muitos anos e leitores desses devem passar directamente à página 88.) Apesar de alguns começarem antes, é aos 18 anos que a maioria passa para o carro, normalmente o da mãe, que o pai não deixa guiar o dele. Depois vem o "Primeiro Carro", a seguir o "Carro Novo", depois o "Carro da Empresa". Finalmente, para certos privilegiados, vem "O Carro de Sonho", o espectáculo com que se fantasia desde criança. Depois... bom, depois há variações: a uns, alguém lhes empurra a "Cadeira de Rodas", aturando palavrões e mau génio; outros seguem directamente para o "Carro Funerário", acabando a vida como começou. Sobre rodas.
Não me fale m da Bairrada!
Neste número da Super Maxim NA CAPA:
DORA Fotografada por:
Rui Moreno Styling:
Michele Santos Cabelos:
Nuno Henrique para Facto Cabeleireiros Maquilhagem:
Alda Salavisa Veste:
Soutien, Meia-Meia Calção, Benetton
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Junho 2002
Os números frios e duros por detrás desta edição Massagistas loiras conhecidas em Miami Quilos de esparguete desperdiçados a fazer esta edição
1 457
Pimentões comidos sem acompanhamento
33
Garrafas de azeite e de óleo usadas
19
Raparigas que se recusaram a vestir o avental do cozinheiro Vezes que a palavra gay foi ouvida este mês
7 555
Raparigas que ficaram doentes para podermos brincar aos médicos
98
Vezes que usámos a expressão "és mesmo tuga!"
26
Amigos na Coreira do Sul a apoiar Portugal
800.000
Para quem aprecia qualidade de vida
Jรก nas bancas
Cartas dos leitores
Eis mais um grupo de leitores e leitoras a dizerem o que pensam, da revista e de outros desportos
Olh’ó Photoshop! Caros amigos, acho que estão a exagerar com o airbrush. Não há necessidade! As meninas são lindíssimas e além disso as pequenas imperfeições tornam-as ainda mais sexy... Henrique Paulino
R: Que pequenas imperfeições?
Bibó Porto! Queria dar-vos os parabéns pela revista SUPER MAXIM porque é simplesmente fantástica. Revolucionou por completo o universo de revistas portuguesas. Além de excelentes fotografias (as capas atraem imenso, ao contrário daqueles gays da Men's Health, que põem homens tipo Mário do Big Brother nas suas capas), tem artigos muito interessantes sobre coisas com que os leitores se identificam e com intervenientes muito bem aceites na praça pública. Queria destacar os dicionários de João Pereira Coutinho e as vossas reportagens/investigações. Mas como ninguém é perfeito, aqui vão algumas críticas menos positivas: para além de vocês serem antiportistas (fazem-me lembrar os merdosos da SIC), o que é muito mau, porque muitos do vossos leitores são portistas, vocês usam um tipo de humor nas vossas legendas que não pega muito no nosso país por serem um bocado americanadas. De resto, ‘tá tudo bem, continuem com o bom trabalho. Alexandre Gomes
R: Fomos a única revista que entrevistou o Deco. Isso acalma-o?
Rectificação
Roberto Silva
R: Isso é que é atenção!
Hellooooo! Greetings! Olá a todos! Queria em primeiro lugar congratular-vos pelo magnífico trabalho... blá, blá, blá... etc., enfim o que me levou mesmo a comunicar com essa galáxia distante foi a indignação ao ler um comentário feminino na vossa edição anterior! Uma leitora feminista,
A ESCREVER É QUE A GENTE SE ENTENDE Mande as suas cartas de amor para maxim@maxim.iol.pt ou R. Mário Castelhano, 40 Queluz de Baixo – 2749-502 Barcarena. No caso de querer incluir a SuperMaxim no seu testamento, use o e-mail. Junho 2002
Marta Botelho
R: ‘Tá bem visto, sim senhora!
moda! Como gestor do primeiro site nacional de basquetebol – www.webasket.pt – lançado no passado dia 15 de Abril, queria felicitar-vos pela ideia e esperar que o basquetebol, num futuro próximo, volte a ter algum espaço na Super Maxim; e em segundo lugar (se Tenho frio, alguém me aquece? calhar é pedir muito!) ficar a "rezar" para que, num número próximo, o nosso site venha referenciado na melhor revista para homens (a sério) que existe no nosso país. Um bem haja e o nosso muito obrigado. Pedro Neves
Boa Guida! Venho desta forma prestar homenagem a um cronista da nossa revista que dá pelo nome de Margarida Rebelo Pinto. Faço isto porque, apesar de nunca me ter dado ao trabalho de pegar num dos seus livros expostos na prateleira de qualquer hipermercado, não perco de maneira nenhuma as crónicas por ela escritas todos os meses na nossa “CONSTITUIÇÃO”. De facto, sou daqueles que afirmam que elas, no fundo, são todas iguais, com muita dificuldade em surpreender os homens. Mas depois de ler os seus artigos (aquele de Junho/2001...), sou obrigado a reconhecer que há uma boa companhia para passar uma daquelas noites de conversa à frente de umas pints, num daqueles irish pubs na nossa praça, noites essas que qualquer homem conhece bem! Bem haja, GUIDA!!! Ricardo Duarte
Caros Senhores, Venho por este meio reportar uma gaffe na página 134 da edição do corrente mês, no que diz respeito ao modelo do telefone Nokia apresentado na mesma, não sendo o 7210 mas sim o 7650.
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que ainda não percebeu bem o propósito da vossa existência e que sofre da síndroma de puritanismo hipócrita, escreveu-vos indignada com o artigo da Margarida Rebelo Pinto acerca do pensamento feminino. Sinceramente e aqui entre nós que ninguém nos ouve... é mesmo assim que as mulheres pensam! Ok, o artigo assume a forma de caricatura, mas é aí que reside o humor! E até admito que existam umas aves raras que se choquem com isso, mas mesmo elas não fogem decerto à regra! Get over it! Obrigado!
R: Já enviámos um repórter à América para tentar falar com o Michael Jordan.
Todos os riscos Meus queridos amigos... Faço parte de uma pequena empresa que é composta por sete funcionários... Comprei hoje a vossa revista pela 13.ª vez... Cheguei ao escritório depois de um dia muito cansativo de vendas e fui literalmente assaltado pelos meus restantes colegas... Todos queriam "comer" a vossa/nossa revista! Por isso vos digo, é forçoso que, com cada exemplar, ofereçam também um seguro contra todos os riscos... É que as probabilidades de um leitor vosso ser atropelado pela ânsia dos restantes leitores é enorme... Um abraço, José Ferreira.
R: Como nós o percebemos...
R: Quantas “pints”?
Viva o basquetebol! Viva! Desde o número 1 que sou leitor da (agora) Super Maxim! Desde o início que a revista passou a fazer parte do meu dia-a-dia, mas reconheço que a minha admiração pela vossa (nossa) revista passou a ser ainda maior, quando, no número de Maio, decidiram apostar no basquetebol para as habituais páginas de
Anjo meu Dou os parabéns pelo anjo que escolheram para a capa deste mês (Susan Ward). Com que deleite o meu coração bate descompassado, a cabeça anda à roda e o ar me foge dos pulmões diante desta ameaça felina. Ricardo Alegre
R: Ah poeta!
GANHE ESTE KIT COM A SUPER MAXIM
VÁ À SEPHORA NO NORTE SHOPPING! Para celebrar o lançamento dos revolucionários produtos Surface, estaremos em exclusivo na Perfumaria Sephora, no Norte Shopping. Durante uma semana (27 de Maio a 1 de Junho, das 11h às 20h), os leitores da SUPER MAXIM terão a oportunidade de experimentar e conhecer estes produtos com a equipa Aramis.Todos os leitores que se apresentarem com a revista SUPER MAXIM terão um kit de oferta de
4 amostras: Surface (Optimizing Skin Cream e Shine Erasing Gel) e Lab Series (Razor Burn Relief e Eye Rescue). Quem fizer uma análise à pele e comprar dois produtos, tem direito a um kit oferecido, no valor de 35 euros, composto por uma bolsa necessaire e dois produtos Lab Series. Irresistível... Estamos à sua espera!
À VOLTA DO MUNDO
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Junho 2002
PRONTO PARA A ENGORDA? Se for preso na Coreia, arrependa-se, fique por lá e dedique-se ao sumo. Esta é a vida que o espera se quiser vingar no sumo. Se desistir a meio, depois é só falar com o Tallon! 05:00 Toque de alvorada. Seguem-se cinco horas de treino árduo em jejum, entrecortadas por períodos em que tem de preparar os banhos e a comida dos mais velhos. 11:30 Hora de paparoca. A refeição é rica em proteínas e o arroz é servido às toneladas. 13:00 Sesta. Mais do que para descansar, serve essencialmente
para garantir uma absorção total das calorias e o aumento de peso. 17:00 Treino ligeiro para desentorpecer os músculos. Os mais experientes e famosos dedicam esta fase do dia às associações que financiam o estábulo. São obrigados a socializar e a fornecer impressões da mão (uma espécie de autógrafos) para vender aos fãs. 19:30 Jantar. Uma coisa leve. São servidos os restos do almoço, apesar de algumas marcas de ração
O meu? o! É deste tamanh
para cães afirmarem que esta não é um forma de alimentação saudável. 20:30 Tempo livre. Os que são casados vão até casa e os solteiros para a borga. As bebidas alcoólicas não são proibidas e parece que os lutadores são mestres em apanhar bebedeiras de caixão à cova. 23:00 Hora aproximada da recolha ao dormitório. Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. Principalmente para os lados! Junho 2002
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CIRCUS MAXIMUS
AC R E D ITE S E Q U I S E R
MUNDO CÃO Só uma é falsa, as outras aparentam. Descubra qual
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Que me dizes a um túnel entre a Kapital e a câmara...
O B RAS PÚB LI CAS
2
UM PAÍS DE TÚNEIS Agora que Santana vai fazer um buraco no Marquês, aqui ficam outros que fazem mais falta O TÚNEL DAS ANTAS Já se justifica a construção entre os Estádio da Antas e a câmara municipal. São tantas as reuniões que estão para vir, que assim não se perdia tempo. Quando Rui Rio for embora, enche-se de cimento.
terra directamente a praias? Sugerimos que se faça uma rede de túneis a ligarem pontos estratégicos do País (as nossas casas, a redacção da Super Maxim...) às nossas melhores praias.
Um físico americano garante que, após anos de estudo, está em vias de começar a experimentar viagens no tempo seguindo as teorias de Einstein, embora lhe pareça que a energia necessária para mover objectos ainda não esteja disponível. O seu objectivo final é avisar o seu pai – que morreu quando ele tinha 10 anos – a ter cuidado com os cigarros.
e será – Porqu ... que me cort a cabeç aram a?
Um especialista francês assegura que tem na sua posse um estudo onde se comprova que os rebuçados de mentol são os grandes responsáveis pelas tendências agressivas de muita gente. A conclusão foi atingida depois de um estudo efectuado numa prisão, onde a esmagadora maioria dos entrevistados reconheceu gostar de comer rebuçados de mentol.
O TÚNEL DUO MARAVILHA A vida dos actores de novela não anda fácil. Pulam de novela em novela como as abelhas de flor em flor. Porque não fazer uma rede de túneis entre as suas casas e o local das gravações?
O TÚNEL DO SOL Porque é que nenhum político alguma vez se lembrou de escavar a
Entre a casa de João Pinto e a de Jardel (mais explicações são desnecessárias).
O TÚNEL DA BORGA Um túnel que ligasse a 24 de Julho ao Hospital de S. Francisco Xavier não era mal pensado. Afinal, tanto coma alcóolico, tanto acidente e tantas tareias, há muito que já justificam a obra.
3,5
A altura dos saltos que um Canguru consegue dar
T R Ê S R A Z Õ E S PA R A O D I A R . . .
MICHAEL JORDAN Pode ser o melhor basquetebolista de todos os tempos, mas não está isento de falhas! 1. É um indeciso Primeiro retirou-se e foi para o baseball, agora voltou à NBA. Em que ficamos, homem?
2. Tem patrocínios a mais
3. É um baixote
Ele é a Nike, a McDonald’s... Será que não há marcas más? Ou é o dinheirinho a falar mais alto?
Tanta coisa e nem chega aos dois metros!
Tenho saudades do prof. João Coutinho
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m
3
No Canadá, um agressor sexual, que se deu como culpado de múltiplas tentativas de violação a raparigas, negou em tribunal ter tido quaisquer tipo de relações com as suas vítimas. "Não é o que gosto", afirmou, "Urofilia (beber a urina das raparigas) é que é a minha tara".
4
Um sargento da Polícia neozelandesa disse a um juiz que não tinha tido culpa de atropelar uma cega e o seu cão que atravessavam uma passadeira. Para o polícia, a culpa foi do cão, que não soube antecipar que o carro ia demasiado depressa.
Solução: 2
O TÚNEL DAS NOVELAS
Ando com uma vida de cão
CIRCUS MAXIMUS
Diga aaaaahhhh!
SEGURO DE SAÚDE
SAIBA QUANDO VAI MORRER Comece com 79 anos, e some ou subtraia anos segundo o calculador Super Maxim
Tem um pénis? -7 É destro? +1 É canhoto? -1 Os seus avós viveram mais do que 85 anos? +5 O seu avô é o Ruy de Carvalho? +7 Come sopa todos os dias? +5 Tem 5 quilos a mais? -3 Faz exercício com regularidade? +5 Tem um piercing na língua? -4 Vai ao médico fazer check-ups? +3 Aguenta-se sob pressão? +4 ... ou vai-se abaixo? -3 É casado? +5 Fuma? -8 É um Jedi? +567 É do Benfica? -4 É do Boavista? +12 Vive sozinho? -3 Tem animal de estimação? +3 Vive na Quarteira? -7 Vive na Quinta da Marinha? +5 Vive na prisão? -16 Enviou cupões para o Big Brother? -3
Figo, Rui Costa, Pauleta... Valha-me Deus
FRASES-CHAVE PARA O HOMEM QUE VIAJA
PORTUGUÊS-POLACO Vamos apanhá-los no Mundial. Aprenda a chamar nomes aos amigos do Lech Walesa Frase: Tens ouvido anedotas com piada ultimamente? Tradução: Czy ostatnio s, ysza, es dobry kawa? Frase: Como é que eu posso chamar a atenção daquele homem com um braço em cima daquela árvore? Tradução: Jak moge zwroci uwage jednor«kiego m«czyny siedz cego na drezewie?
Finalmente, subtraia a sua própria idade: o resultado é o tempo que lhe sobra no planeta Terra. Há quem diga que há vida depois disso, mas não há lá a Super Maxim, por isso não se queixe e renove já a sua assinatura.
Sou vegetariana
Frase: Um país onde um gajo se casa e joga bowling no mesmo sítio? Fantástico! Tradução: Kraj w ktorym mo na wziasc slub i gra w krengle w tym samym budynku jest wspania, y!
Frase: Socorro! Este homem está trancado no carro e não tem chaves! Tradução: Ratunku! Pomocy! Ten cz, owiek jest zamknienty w samochodzie bez kluczy! Frase: Este gelo está óptimo! Tem de me dar a receita! Tradução: Ten l d jest wspania, y, musisz d a mi przepis Frase: Sim, Varsóvia é linda, mas eu pensava que a vossa capital era Berlim
Tradução: Oczywiscie Warsawa jest pi«kna, ale ja my la, em ze wasza Solidariedade? Mas com gelo! stolica jest Berlin
MÊS DO SOL NASCENTE
O CALENDÁRIO DA SUPER MAXIM Cabeça no Oriente, olhos na televisão e figas nos dedos
3 segunda Brasil vs Turquia. O primeiro grande teste do escrete. Os turcos prometem regatear o resultado.
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5 quarta Portugal estreia-se contra os EUA. Vamos dar cabo do sonho americano!
10 segunda Portugal vs Polónia. Teoricamente o jogo mais difícil da primeira fase. Se perdermos e não passarmos será o holocausto desportivo.
14 sexta Portugal vs Coreia do Sul. Se tudo correr bem, até os vamos deixar de olhos em bico!
30 domingo Final do Mundial. Corre por aí um boato que se Portugal for campeão o nosso director vai de joelhos até Fátima.
CIRCUS MAXIMUS
Patrocinado por: GANT
AS ÚLTIMAS PIADAS SOBRE...
O BENFICA ... explicadas às criancinhas 1. A CARRIS CRIOU UMA NOVA CARREIRA: Benfica-Ajuda-Alvalade (aproveitando o facto de bairros lisboetas coincidirem com os nomes dos clubes e com o verbo ajudar e tendo em conta que o Sporting pôde comemorar o título depois de o Benfica ter ganho ao Boavista, afastando assim a equipa do Bessa do título, o humor está na associação de ideias de dois contextos completamente diferentes.)
2. PORQUE É QUE O MANTORRAS TEM A PALMA DAS MÃOS BRANCA? Porque “para o ano é que é”.
-me Deixem Jogar!
(aqui o Sporting também entra: durante anos os leões tiveram de ouvir versões desta anedota: esfregar as mãos, antecipando o título que há-de vir. Em relação ao Benfica, há um duplo sentido: o jogador Mantorras é de cor e as pessoas de cor têm as palmas da mão mais claras.)
3. NA AULA.
Lente de contacto? Uso um Pirex dos grandes
LEGENDAS PARA MAIS TARDE RECORDAR
SEJA MELHOR QUE A SUPER MAXIM Ah, leões! Depois da ressaca criativa do mês passado, eis que
... Um fantástico EDT 75 ml GANT INDIGO.
– O que faz o teu pai, Joãozinho? – É stripper num bar gay, senhora professora. Embaraçada, a professora termina a aula e chama o Joãozinho à parte. -–Joãozinho, é verdade aquilo que disse do seu pai? – Não, na realidade, ele é jogador do Benfica, mas eu tenho vergonha de o dizer. (Esta é muito engraçada. Para um homem que se preze, não há nada pior do que ser stripper num bar gay – Mas, estando o Benfica tão em baixo, até isso é preferível a ser reconhecido como jogador do clube, anteriormente um motivo de orgulho.
nos enchem de frases de qualidade. Vá, toca a manter o nível LE G E N DAS D E MAI O
Vencedor: La la la la la, só eu sei, porque não fiquei em casa... Eduardo Carvalho
2.º Classificado: Para a semana estou nos Globos de Ouro Celso Gonçalves Mande as suas sugestões para maxim@maxim.iol.pt
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Ouve lá, ano passado fcamos em quinto ou sexto?
Q U E M É Q U E S E I M P O R TA ? é porque quanto maior for a altura, mais tempo o bichano tem para se virar e aterrar de pé. Se ainda continua Capuchinho vermelho? a acreditar que os Nem me falem gatos têm sete vidas dessa lambisgóia... e quer matar o seu, agarre numa metralhadora e despeje o carregador. Para dar cabo de sete vidas, nada melhor do que sete balas.
Ó bichano, não é assim que o gato vai às filhós
PERGUNTAS DISPARATADAS COM RESPOSTAS GENIAIS Alguma vez se questionou sobre quem inventou o Parabéns a Você? E sabia que afinal as sete vidas de um gato não passam de um mito? Os gatos têm mesmo sete vidas? Claro que não! Algumas pessoas acreditam nisso só porque atiraram o raio do bicho pela janela do 9.º andar e ele sobreviveu. Na realidade, o tareco apenas continuou vivo devido a um conjunto de características próprias da sua fisionomia, e não por ter sete vidas. As suas pequenas dimensões e o pouco peso amortizam as quedas de grandes alturas, e o seu sofisticado aparelho auditivo faz com que estes felinos tenham um sentido de equilíbrio extraordinário e caiam sempre de pé. E uma vez que Porque é que rimos? O riso, característica única dos humanos, é controlado por uma parte primitiva do cérebro que provavelmente nos deu vantagem sobre a macacada na história da evolução. O riso é uma forma de aviso e de relaxe: dizemos aos outros que uma situação de potencial perigo não o é, ao mesmo tempo que aliviamos a tensão. É difícil de perceber? Imaginem que eram
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aterram com as quatro patas ao mesmo tempo e ainda as flectem, conseguem assim distribuir a força do impacto não só pelos ossos mas também pelas articulações e músculos. O curioso é que, segundo as estatísticas, morrem mais gatos que se atiram do 2.º ao 6.º andar, do que aqueles que saltam do 7.º ao 32.º. Segundo os especialistas, tudo porque o felino ao cair de grandes alturas tem tempo para abrir as pernas em forma de chapéu de chuva, aumentando o atrito e reduzindo a velocidade da queda. Outra das razões
As minhas sobrancelhas são bastante peludas e estão unidas. Será que sou um lobisomem? Antes de mais, deixe-nos dizer-lhe que ter umas sobrancelhas como as suas é na realidade uma vantagem. São esses pelos farfalhudos que permitem que os seus olhos se mantenham secos mesmo quando está a chover a cântaros, ou quando está a jogar futebol e o suor corre desenfreadamente pela sua testa abaixo. As sobrancelhas são uma espécie de guarda-chuva dos olhos. Em relação ao facto de ser ou não lobisomem, não podemos adiantar grande coisa. Mas o melhor mesmo é recorrer a um veterinário caso comece a sentir uma vontade enorme de uivar em noites de lua cheia. Eu detesto que me cantem os Parabéns e gostava de saber quem foi a pessoa que inventou a música para a poder matar. Caro amigo, a melodia foi inventada em 1893 por duas irmãs americanas, Milred e Patty Hill, ambas educadoras de infância na mesma creche. A música original era apenas uma canção como outra qualquer e apenas se transformou no Parabéns a Você 31 anos depois de ter sido feita. O culpado chamava-se Robert Coleman e foi processado por isso. Como vê, tudo isto já se passou há algum tempo e as pessoas que tanto detesta já devem ter expiado todos os seus pecados no purgatório.
um cro-magnon e um lobo se aprestava para atacar. Mas na volta estava preso num buraco. Riam a bandeiras despregadas: da figura de urso do lobo e porque, afinal, não havia perigo. E depois iam todos bater nas mulheres.
PERGUNTAR NÃO OFENDE Escreva para Perguntas Disparatadas, Rua Mário Castelhano, 40, Queluz de Baixo – 2749-502 Barcarena. E-mail: maxim@maxim.iol.pt
Eh pá, puseram qualquer coisa na água
Anedotas Maxim
Entre vibradores e coelhos, apertos na bexiga e ansiedades benfiquistas, cá estão as anedotas deste mês. Gesticulando Dois surdos casam-se. Durante a primeira semana de casados, descobrem que são incapazes de comunicar quando estão no quarto, às escuras, pois não conseguem ver os sinais que fazem. Depois de várias noites de incompreensão, a mulher resolve arranjar uma solução. Ainda de luzes acesas: – Querido – gesticula ela – porque não combinamos uns sinais muito simples? Por exemplo, à noite, se quiseres fazer sexo comigo, aproximas-te e tocas-me no seio esquerdo uma vez. Sempre gesticulando, continua: – Se não quiseres fazer sexo, aproximas-te e tocas-me no seio direito uma vez. O marido acha que é uma bela ideia e responde-lhe gesticulando: – Grande ideia, de agora em diante, se quiseres fazer sexo comigo, aproximas-te e puxas-me o pénis uma vez. Se não quiseres fazer sexo, aproximas-te e puxas-me o pénis cinquenta vezes. Marco Gonçalves
Num aperto Estava um homem muito descansado num parque de estacionamento entre dois carros a verter águas, até que lhe aparece outro que fica a olhar para ele. Depois de olhar durante um bocado pergunta ao outro com uma voz muito meiga :
A S U A A N E D OTA P O D E D A R P RÉM I O...
... Só depende de nós Já se sabe... a melhor anedota leva uma mesa de mistura Home Mix/DJ Set, numa oferta do desodorizante AXE. Invente (ou roube) a sua e escreva para R. Mário Castelhano, n.º 40, Queluz de Baixo, 2749-502 Barcarena, e zás, correios. Ou então para maxim@maxim.iol.pt. A gente depois decide.
– Posso fazer-lhe uma festinha? – Ai só me faltava cá mais esta agora... Vai-te embora. – Ande lá, só uma festinha, vai ver que se calhar até gosta. – Tás aqui tás a levar, vê lá mas é se desapareces antes que eu te dê uns murros. – Deixe-me fazer só uma festinha e eu depois vou embora, prometo que não o chateio mais.... – Pronto, está bem, faz lá a festa, mas depois desapareces! Então ele, com muito cuidado, lá pega no pirilau do homem e de repente começa a apertar, a torcer e a puxar, e desata aos berros: – Isto é... para tu... aprenderes... a nunca mais... mijares para cima... dos pneus... do... meu... carro!!!
Iam dois amendoins a atravessar a estrada: um é atropelado e o outro descasca-se a rir!
contas-lhe essa história. Está bem? – Está bem! – responde o menino. No dia seguinte, Vilarinho vai visitar a escola e, como combinado, a professora chama o menino. O menino dirige-se ao presidente e diz: – Sr. presidente, a minha coelha teve cinco coelhinhos e dois são do Benfica! – Então? – interroga-se intrigada a professora – Não eram os cinco? – Eram... mas três já abriram os olhos! Nuno Fragata
Amizades O primeiro amigo (todo orgulhoso): – A minha mulher é um anjo. O segundo amigo: – Tens sorte, a minha ainda está viva.
Luís Machado
Hélder Mendanha
Roger Rabbits Perto do Estádio da Luz, numa escola primária, um menino aproxima-se da professora e diz: – Sra. professora, a minha coeha teve cinco coelhinhos e são todos benfiquistas! – Muito bem! Olha, amanhã vem cá o dr. Vilarinho visitar a escola e tu
Nunca mais abro os olhos!
Viva o desporto! Quatro amigos conversavam sobre os filhos. – Eu tenho cinco garotos. Uma equipa de básquete completa! – gaba-se o primeiro. – Eu tenho seis! Uma equipa de vólei! – diz o segundo. – Grande coisa. Eu tenho onze! Uma
A M E LH O R D O MÊS
Com três letrinhas apenas
Baden-Powell? BaaaaaaH
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A professora mandou fazer uma composição para o dia seguinte sobre o tema "Mãe há só uma". No outro dia, mandou o Joãozinho ler a dele; — Quando eu era mais pequeno, fui passear com a minha mãe e então ela parou para ver uma montra e eu comecei a atravessar a estrada. Veio um carro e quando estava quase a ser atropelado, a minha mãe salvou-me. Mãe há só uma. – Muito bem, Joãozinho. Agora podes ser tu, Manuelzinho. – disse a professora.
– A semana passada fui com os meus pais à praia e fui tomar banho ao mar. Veio uma onda e arrastou-me. A minha mãe foi lá buscar-me. Mãe há só uma. – Muito lindo, Manuelzinho. Lê agora a tua, Zezinho. – Eu ontem estava em casa a ver um filme pornográfico com a minha mãe. Ela manda-me ir ao frigorífico buscar duas cervejas, eu vou lá, abro o frigorífico e digo: "Mãe, há só uma." Sérgio Bastos
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equipa de futebol! – exagera o terceiro. Como o quarto ficava calado, os outros perguntaram. E tu, quantos filhos tens? – Filhos? Nenhum. Mas mulheres tenho dezoito. Um campo de golfe oficial!! Mauro Rafael
Intenções A fim de catequizar mais alguns fiéis para a sua paróquia, o padre colocou um cartaz diante da porta da igreja: "SE VOCÊ ESTÁ CANSADO DE PECAR, ENTRE!" Alguém acrescentou por baixo: "MAS SE AINDA NÃO ESTIVER... LIGUE-ME! . só eu sei.. CRISTINA, 245-9090"
Qual é a diferença entre a América de hoje e a América dos anos 70? É que nos anos 70, quando alguém recebia uma carta com pó branco, convidava os amigos!
Carlos Amorim
O que elas falam Joãozinho voltou da aula de Moral e Religião e perguntou ao pai: – Pai, porque é que quando Jesus ressuscitou,
Coelhos, abram os olhos! lálálá lá, lá!!!
apareceu primeiro para as mulheres e não para os homens? – Não sei, meu filho! Se calhar é porque ele queria que a notícia se espalhasse mais depressa! Ricardo José Branco da Silva
Infidelidades crónicas Havia um casal que estava casado há vinte anos e sempre que faziam amor o marido insistia em desligar a luz. Após esses vinte anos, a mulher achava que aquilo era estúpido. Decidiu que iria tirar ao marido esse hábito desnecessário. Certa noite, enquanto o faziam, ela acendeu as luzes. Olhou e viu o marido com um vibrador na mão. ficou louca: – Seu cabrão impotente! – grita – Como pudeste mentir-me durante estes anos todos!? É melhor explicares-te bem! O marido olhou-a bem nos olhos e, calmamente, disse: – Eu explico o vibrador se tu explicares os nossos três filhos... Paulo Silva
Um casal de chineses empregados num restaurante chinês saem do serviço. Chegam a casa, deitam-se e pergunta ele: – Mulel, que vamos fazel? – Vamos fazel amol. – Amol? Mas o quê, pol exempro? – Um 69... – 69? Queles gamba flita a esta hola? Quer dar mais gargalhadas? Então visite-nos em
www.gargalhadas.iol.pt
Preferências Um jantar numa família de ciganos. – Ó manhi, o que ei a sobremeisa? – Merda co morangues. – Co morangues? Valentim Santos
Eles levavam o jogo da batalha naval longe de mais
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SAIBA COMO
ATERRAR NUM PORTA-AVIÕES Aprenda a pousar a máquina naquels alturas em que a pista do aeroporto está fechada
1. TRAVAR A FUNDO
2. AO SABOR DO VENTO
À medida que se aproxima do porta-aviões, a 800 km/h, puxe a alavanca de soltura do gancho traseiro e desligue os interruptores de armamento para que não dê cabo do seu regresso a casa com espirro ocasional. Sobrevoe a estibordo da embarcação a uma altitude de 245 metros, travando a fundo antes de virar o brinquedo de 30 milhões de dólares numa curva à esquerda de 180º. "É uma travagem muito brusca", avisa um ex-piloto, o tenente Chuck Billy. "É angustiante, mas é também a maneira mais rápida de desacelerar a uma velocidade que nos permite a aterragem." Traga uma espátula para se “descolar” do vidro do cockpit.
Está novamente a voar paralelo à embarcação, a dois quilómetros para bombordo. Desça até os 180 metros e comece a fazer uma lista de verificação de tarefas. Como se isso não fosse suficiente para a sua mente débil, tem ainda de controlar os níveis de combustível, a velocidade relativa à descida e a trajectória. "É como se a cabeça estivesse a andar à roda, à medida que verifica tudo o que se passa dentro e fora do cockpit", diz Billy. A cerca de 2.5 quilómetros a bombordo, vire a 180º, desta vez descendo a máquina aos 135 metros. Se sentir a mordidela de um tubarão, isso significa que está a voar demasiado baixo.
3. INTERROMPA A DESCIDA ENVIESADA
4. A ARMADILHA
Aos dois quilómetros de distância, encontra-se alinhado com a faixa central da pista de aterragem. Marque a velocidade de cruzeiro para os 240 km/h e mantenha-se nos 105 metros de altitude. Pense que é como fazer sexo: tem de controlar a alavanca impecavelmente para acompanhar o ritmo. O oficial de aterragem, que controla os seus movimentos do convés de voo, indicar-lhe-á se está muito em baixo, demasiado em cima, à esquerda ou à direita. "Pague copos a estes oficiais", aconselha Billy, "porque no mar têm a sua vida nas mãos deles e em terra bebem bastante..."
À medida que se aproxima da pista, mantenha os olhos fixos numa zona tipo "bolha" que se encontra no centro da embarcação. A luz está centrada e é verde se estiver bem alinhado, mas se tal não acontecer, passa a vermelho. Quando o trem de aterragem bate na pista, puxe a alavanca do travão ao máximo para o caso de o gancho traseiro não agarrar os cabos, projectando-o da embarcação de novo para o ar. Com um bocadinho de sorte, conseguirá reduzir a velocidade dos 250 km/h, ficando imobilizado aos 97 metros de altitude. Falta pouco para que a Kelly McGillis lhe caia nos braços.
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FAZER TUDO MELHOR Nas panelas velhas é onde se fazem os melhores cozinhados!
SAIBA COMO
GUIAR-SE PELAS ESTRELAS
querida, já temos jantar
Perdido? No hemisfério norte? Não há problema!
1.
Está perdido na floresta, o seu telemóvel não tem rede, um lobo comeu o seu GPS (Global Positioning System) e suspeita que a Blair Witch está por detrás de cada árvore. Mas não se preocupe, veja se descobre a Ursa Maior (sete estrelas brilhantes na forma de frigideira).
2.
Agora veja se consegue descobrir a Cassiopeia, uma constelação em forma de “w” num dos extremos da Via Láctea. Desenhe uma linha do ponto esquerdo mais longínquo do “w” até ao extremo do “cabo” da Ursa Maior. Exactamente a meio está a Estrela Polar.
3.
Confirme-o imaginando uma linha através das últimas duas estrelas da extremidade da “frigideira” da Ursa Maior. A Estrela Polar está quatro vezes mais distante dessa linha e aponta sempre para Norte. Siga-a e chegará à Escócia, onde os bares provavelmente ainda estão abertos.
SAIBA COMO
AMPUTAR A SUA PRÓPRIA PERNA
Porque, e como dizia o outro, nunca se sabe se não tem de poupar nas solas UGH! Hoje em dia, a amputação é um recurso cirúrgico utilizado em último caso, como em fases terminais de cancro ou doença vascular grave (ou talvez quando as pessoas que fizeram uma viagem para a Austrália num assento estreitinho). O único motivo razoável para querer ver-se livre deste membro é se estiver a milhares de quilómetros de distância de um hospital e tiver gangrena. Este sofrimento horroroso é provocado por uma falha no abastecimento de sangue. Os indícios são os seguintes: pele enegrecida, pus em abundância e um cheiro a podre insuportável.
impedi-lo-á de gritar desalmadamente e de arrancar a sua própria língua.
BAH! Comece por fazer incisões no músculo da perna em cima e em baixo. Corte até chegar ao osso. Depois pegue numa serra grande ou numa faca de cortar o pão. Serre bem, mas certifique-se de que deixa uma “badana” de pele de tamanho razoável na extremidade. O procedimento leva cerca de dez minutos, embora Sir Robert Liston, cirurgião famoso do século XIX, tenha amputado uma perna em dez segundos (aproveitou a onda e cortou dois dedos da assistente e o testículo esquerdo do paciente).
AI!
Só vos digo: apanho com cada ursa...
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Amputar o seu próprio membro não é fácil e uma das maiores dificuldades consiste em perceber que quantidade de anestesia doméstica utilizar. Emborcar uma garrafa de vodka com certeza acabará com a dor, mas atordoará de tal forma que o pode levar a cortar a perna errada. O melhor é “morder a bala”. Esta técnica, pioneira durante a guerra civil americana, resume-se – literalmente – a abrir a boca e morder alguma coisa dura com quantas forças tem durante a autocirurgia. Isto
BLARGH! Raspe a extremidade do osso. Ligue as artérias com algodão resistente ou crina de cavalo. Cauterize os nervos e as artérias, queimando-as com uma lâmina a ferver. Depois, cosa tudo usando a tal badana de pele, deixando um pequeno “orifício de drenagem” para pus e outros fluidos. Agora, só lhe resta esperar pelo melhor: calcula-se que a taxa de mortalidade por amputação in loco ronde os 28%.
Nada nos traz recordações tão claras como uma Mega Handycam.
A DCR-PC120 da Sony tem um CCD de 1.55 megapixeis. Juntamente com a lente Carl Zeiss, oferece-lhe 530 linhas de resolução horizontal. Isto significa que, para além de uma visão 20/20 quando está a filmar, vai obter uma visão 20/20 quando está a reproduzir. Pode também captar imagens fixas com uma nitidez cristalina. Basta mudar para o modo “Photo” para obter uma resolução de 1.360x1.020 pixeis. Criar videos para enviar por e-mail é igualmente simples. Além do Memory Stick, a DCR-PC120 está equipada com tecnologia Bluetooth™. Isto permite-lhe enviar pequenos filmes MPEG e fotos através da ligação a um telemóvel compatível com Bluetooth. Com este tipo de flexibilidade, o que vê, e o que partilha, é aquilo que nunca esquecerá. (A DCR-PC120 é fornecida com um Memory Stick de 8 MB) www.sony.pt Sony, Handycam e Memory Stick são marcas registadas da Sony Corporation, Japão. As marcas registadas Bluetooth são propriedade da Bluetooth SIG, Inc., USA.
Centro de Informação ao Consumidor 808 200 185
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Sport Metal Extreme - New Collection
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Genuine since 1937. *Eu e os meus Ray-Ban.
Diz Ela
Lembram-se do Vicky, aquele dos desenhos animados? Sou eu...
Ok my Gay Como é que as mulheres distinguem um homem de um maricas? A Margarida Rebelo Pinto explica. VIVAM OS “GAYS” Se o cão é o melhor amigo do homem, podem ter a certeza absoluta que um gay é o melhor amigo da mulher. Isto é se pertencer ao tipo que gosta das mulheres, embora não goste de 32
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mulheres, if you know what I mean, porque há o outro, o mais detestável e abjecto, que é o género que odeia mulheres. Parece impossível, mas é verdade. Para mim, esses não contam, refiro-me aos grandes
companheiros de almoços de fim-de-semana, os melhores amigos que nos ajudam em tudo na vida, desde escolher o vestido ideal para um jantar de gala a ganhar coragem para despachar um namorado infiel e sem os quais, tal como acontece com as nossas melhores amigas, a vida seria infinitamente mais difícil. Mas não pense o macho desavisado que eles são, aos olhos das mulheres, seres assexuados, muito pelo contrário! Um homem atraente e sexy é, antes de mais, um homem atraente e sexy, seja qual for a sua orientação sexual. E garantovos que os meus amigos gays – que por acaso fazem parte da lista das melhores pessoas do mundo que já conheci – são todos umas grandes brasas e de bom grado os converteria, ainda que temporariamente para o mundo hetero. Eu ou qualquer outra rapariga com espírito missionário. Claro que com o tempo uma rapariga percebe que seria mais fácil mudar o sentido da rotação da terra, mas sonhar não faz mal a ninguém e há de facto casos em que o índice de desperdício é tão grande que a missão, embora impossível, se torna irresistível. Ou vocês acham que o Kevin Spacey, o Keanu Reeves ou o Robbie Williams não fazem parte dos homens mais apetecidos do mundo? Who cares se são ou não gays, se todos os homens deviam ser assim? Não, não é masoquismo, apenas ingenuidade, há osso echar porque os gays a oca? possuem um charme, uma doçura, um
Diz Ela Os “gays” batem aos pontos os hetero em sentido de humor, descontracção e requinte porque não estão minimamente preocupados em afirmar a sua virilidade
... Pfff, sabia que não devia ter comido aquela feijoada
encanto, uma intuição e uma sensualidade que só muito raramente se consegue encontrar num hetero. E como se preocupam com as mesmas coisas que nós, mulheres, percebem-nos como ninguém. Além disso, os gays batem aos pontos os hetero em sentido de humor, descontracção e requinte porque não estão minimamente preocupados em afirmar a sua virilidade. Eu imagino que deve ser um bocado difícil nascer com um apêndice fora do corpo e ter que o levantar durante toda a vida, se calhar por isso é que desculpo os machos em algumas parvoíces, mas bolas, estamos todas um bocado fartas desta obsessão que a rapaziada tem em provar que é homem. E há poucas coisas mais irritantes para uma mulher do que um palerma a fazer músculo e a medir o membro para provar que é muito homem. Para nós, não há tipos muito ou pouco homens; há tipos porreiros e tipos parvalhões, e ser cobarde, mentiroso ou sacana é que faz de um tipo pouco homem, mesmo que tenha uma pila de aço e cara de Arnold S. Tem muito mais a ver com o carácter do que com a virilidade. Para que serve uma pila de
O que é que elas têm que eu não tenha...
aço se não nos leva ao cinema, não está lá no dia da mudança, se não nos olha nos olhos, não conversa connosco nem nos leva a ver o mar? Vão por mim, machos latinos e viris, uma mulher não se conquista só pela cama, pela simples razão que há mais coisas para fazer, como por exemplo viver. E neste aspecto, os gays são os maiores. Sabem rir, brincar, falar de coisas sérias, dar mimo e atenção e fazem-nos sentir as mais belas mulheres do mundo sem precisar de nos levar para o envelope. Claro que nem todos os grandes amigos de uma mulher têm que ser gays. Namorados de adolescência, colegas de
DICAS PARA SE TORNAR NUM MACHO SENSÍVEL (e sacar aquela baozona inacessível)
1 - Ouvir 2 - Olhar para os olhos e ler a alma para lá das mamas 3 - Nunca ter pressa na cama 4 - Ir ao supermercado 5 - Oferecer-lhe um bom disco: Robbie Williams, Swing When You’re Winning 6 – Ser romântico 7 – Dar-se bem com os amigos gays dela 8 – Não ter medo de dizer que a adora 9 – Adormecer ao colo dela 10 – Tratá-la como se ela tivesse cinco anos
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faculdade, irmãos mais velhos, primos ou o gordinho borbulhento dos óculos que era apaixonado por nós no décimo segundo também nos sabem dar a atenção que precisamos. Citando o meu amigo Gonçalo, tens aqui dois ombros, um para rir e outro para chorar – a propósito, já repararam que todas as mulheres têm um grande amigo Gonçalo? – queridos Gonçalos do mundo, nunca deixem de mimar as vossas amigas, porque nós precisamos mesmo de vocês, mas estes são raros e não raro acham-nos uma certa piada. O que não tem mal nenhum, porque geralmente, apresentamos-lhes uma amiga para eles se distraírem e o problema fica sanado. Eu tenho pelo menos cinco Gonçalos e acredito que os homens podem ser mesmo os melhores amigos das mulheres, mas tem que haver um sentimento de fraternidade, assim como há entre o Shrek e o Dunky, ou a coisa pode resvalar. DESCONFIANÇAS Mas nem tudo é claro como água, porque ainda há o terceiro género, que é o de indefinição. O daqueles rapazinhos que não se decidem para que lado tombam, ou que têm queda para os dois
Tyson, morde aqui a ver se eu deixo
Diz Ela E não se confunda uma bicha parva com um “gay” normal. Gritinhos, braços no ar, piadas idiotas e comportamentos excêntricos não têm nada a ver com um “gay” civilizado.
Despedido do Star Trek, ele foi tentar a sorte no Príncipe Real
lados. Ora isto provoca uma confusão tremenda nas cabeças desprevenidas das pequenas, que ainda por cima se sentem inferiorizadas porque não podem competir com as mesmas armas. Falta-nos a estocada final, a morte do toiro, do you get me? Não é fácil, garanto-vos. Nem para nós nem para eles, a não ser que o grau de perversão das criaturas seja tão elevado que se divirtam a confundir o próximo. Este géne-ro é perigoso, porque é dissimulado e raramente uma pessoa sabe com o que conta e ao que vai. E a dúvida, ainda que metódica, nunca nos leva a conclusão nenhuma. São aqueles casados, com filhos e alguns com fama de Don Juans que têm uma vida paralela debaixo dos panos e que nunca assumem a sua bissexualidade e que, em público, mostram asco e desrespeito pelos gays. A estes senhores, que se julgam muito espertos e modernos, tenho duas coisas a dizer-lhes. A primeira é que não façam o próximo, neste caso a próxima de estúpida e a segunda é que, se se julgam muito modernos, estão enganados, porque toda a gente já percebeu que a bissexualidade é o futuro e esconder estas coisas é antigo, foleiro, anos 80, percebem? Assumam-se, bolas, isto é, se tiverem bolas para isso.
As delícias do mar visitam o castelo
E não se confunda uma bicha parva com um gay normal. Gritinhos, braços no ar, piadas idiotas e comportamentos excêntricos não têm nada a ver com um gay civilizado que vem jantar lá a casa e leva os nossos filhos a andar de patins. Um gay é um homem igual a todos os outros, que gosta de dormir com homens e que não é menos homem por isso, ok? ESPÉCIES EM EXTINÇÃO E chegamos ao ponto de rebuçado, a busca incessante e quase impossível pelo Macho Sensível. Ele é raro, mas anda por aí. Ele reúne de forma harmoniosa e delicada um grande apetite sexual com uma enorme dose de sensualidade, é doce sem ser lamechas, meigo sem ser melga, querido sem ser
SINAIS EXTERIORES DE GAYZICE 1 - Meter os joelhos para dentro 2 - Ter variações de humor violentas, da depressão à euforia, com gritinhos incluídos
3 - Fazer chichi sentado 4 - Lavar as mãos vinte vezes por dia 5 - Nunca olhar para outras mulheres 6 - Ter a casa excessivamente arrumada 7 - Fumar com o cotovelo espetado em cima da mesa 8 - Falar muito da mãe 9 - Andar com o rabo para dentro 10 - Falar muito do cabelo e/ou do cabeleireiro
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piegas. Ele adormece ao nosso colo a seguir ao jantar, mas acorda de repente para ir jogar uma futebolada com os amigos, ele toca viola ou escreve poesia na mesma noite em que vira um frango. Ele está-se nas tintas para os carros potentes porque nunca tem falta de potência, veste o fato-macaco quando chega à cama e pensa primeiro no prazer delas do que no dele. Ou melhor, o prazer delas também é o dele, fica a olhar nos olhos e a ler-nos a alma no de-pois, traz o pequeno-almoço à cama, deixa post-it divertidos no frigorífico, canta-nos músicas românticas no voice mail, ou manda-nos SMS geniais. Ele rouba-nos o creme hidradante para ficar com a cara lisinha, ri-se das mesmas coisas que nós e acha os nossos amigos gays tipos encantadores. Ele ouve e percebe as mulheres, mas nunca deixa de lhes chamar a atenção se estão a ser injustas ou ingénuas. Ele sabe que as mulheres são bichos estranhos e diferentes, mas gosta delas. O Macho Sensível gosta das mulheres, mas também gosta de mulheres. Claro que é mais raro do que uma família de pandas em habitat natural, mas nós adoramo-lo acima de toda e qualquer espécie de homem, assim na Terra como no Céu.
Futebol Agora serei a verdadeira
muleta da selecção!
Favoritos, mas pouco Será que sem Figo e Rui Costa não passamos de uma selecção vulgar? Paulo Jorge Neves pergunta aos especialistas na matéria m grupo de amigos reúne-se para tirar a poeira da conversa. Um deles é dirigente federativo. Às tantas, tentam adivinhar os 23 eleitos da convocatória para o Mundial. Vão pelo campo fora. Baliza, defesa, meio-campo, ataque. "Bola para frente, bola para trás." No vaivém da cavaqueira, o dirigente desportivo modera o diálogo. Na parte final, é ele que fornece as últimas indicações. Deixa para o fim os jogadores
U
mais cotados: "Rui Costa vai, mesmo em baixa de forma! Figo: até ao hospital o vamos buscar", exclama, desassombrado. Os amigos calam-se. Para rematar a conversa, afirma: "Um dia vocês perceberão porquê." Surgem os primeiros indicadores no Estádio do Bessa, contra a Finlândia. Portugal apresenta-se sem Figo e Rui Costa, lesionados. O resultado assustador (1-4) ensombra o prestígio da selecção pelo mundo fora e confirma o que os mais entusiastas não querem reconhecer: Portugal não é a melhor equipa do mundo. Mera coincidência? O desempate das dúvidas acontece frente ao Brasil. Com Rui Costa novamente de fora (quarta lesão da época, segundo estiramento nos adutores) e Figo em recuperação, vê-se uma equipa nacional, pelo menos, a bater-se pela vitória. Empata (1-1) sem deslumbrar. Nota-se, porém, que a presença do número 10 do Real Madrid mete respeito aos adversários e galvaniza os companheiros. A frase "um dia vocês perceberão porquê" faz sentido. Portugal é "figodependente", como titula a imprensa espanhola, no dia a seguir ao jogo. O único consolo é saber que qualquer selecção seria dependente do melhor jogador do mundo. E percebe-se porque é que Sven-Goran Eriksson, seleccionador da Inglaterra, está "disposto a arriscar" a convocatória do capitão David Beckham, lesionado no pé pelo ex-sportinguista Duscher (Corunha) em partida referente à Liga dos Campeões: "É um dos Não me posso esquecer de levar o meu cartão Medis
melhores jogadores do mundo." Conclusão: não há insubstituíveis, mas há imprescindíveis para a prova mais importante do calendário futebolístico mundial. Um mês de competição em que se aplica a famigerada frase "pode resolver um jogo a qualquer momento". OS MENOS OPTIMISTAS Os dois últimos particulares a caminho da Coreia do Sul e Japão levantam duas incógnitas: que selecção teremos se Rui Costa e Figo não estiverem a 100 por cento? Corremos o risco de nos tornarmos uma equipa vulgar? A opinião segura de João Marcelino, director do Correio da Manhã, dá que pensar: "Sem eles, Portugal perde capacidade de organização e inteligência táctica (Rui Costa) e perde o melhor desequilibrador do mundo (Figo). E, sem desprimor, em termos de alta competição concordo com a classificação ‘vulgar’. Sem eles, não nos teríamos apurado para este Mundial. Basta lembrar a importância de Figo em dois jogos fundamentais: com a Holanda, nas Antas, e com a República da Irlanda, em Dublin. O jogo contra a Alemanha no Euro’2000 (3-0, sem os dois) é a excepção que confirma a regra." E acrescenta: "Não é preciso faltarem os dois para as coisas ficarem difíceis. Basta um! É que, além da valia técnica, Figo e Rui Costa fazem algo que é determinante: têm personalidade para assumirem
Futebol
Para o adversário, ele era uma autêntica camisa de 11 varas
Não há ninguém à altura de Figo e Rui Costa
Tenho aqui uma
dor suspeita
o jogo e comandar." O aviso continua com Nicolau Santos, subdirector do Expresso: "Sem Figo a cem por cento vai ser péssimo. Ninguém alimentará tão bem os avançados e as probabilidades de fazer golo diminuirão drasticamente. Sem Rui Costa em pleno, estando Figo bem, será mau. Rui Costa completa bem o Figo: quando este está marcado ou menos inspirado, ele pode desequilibrar com
remates de longe ou passes para os avançados." Os alarmes de João Botelho, realizador e ex-comentador televisivo, acentuam o pessimismo: "Arriscamo-nos a ter uma equipa vulgar, sim senhor. Temos um grande jogador, Figo, o Rui Costa é bom jogador e às vezes é fenomenal, mas tem tido muitas lesões. Os outros são regulares. Temos carências nas laterais e os centrais não são grande coisa. Pauleta só é brilhante em determinadas alturas. Estamos a milhas da França, Argentina e, se calhar, da Alemanha." Afinal, temos ou não substitutos à altura para as posições de Figo e Rui Costa? "Para pergunta directa, resposta directa" de João Marcelino: "Não temos. Hugo Viana ou, quem sabe?, Hugo Leal, têm potencial para render Rui Costa em 2004, sobretudo o primeiro. Figo será insubstituível nos anos mais próximos. É como Eusébio, Chalana ou Paulo Futre. Um dia surgirá outro jogador, com outras características, que tenha a mesma preponderância, até dentro de outro sistema táctico. Até lá..." Como diz Nicolau Santos, "não há substitutos à altura" de Figo e Rui Costa: "É óbvio que temos alternativas (João Pinto, que está
OS INTOCÁVEIS
Há jogadores que fazem falta a qualquer equipa do mundo Portugal é "figodependente" tal como outras selecções vivem do talento de certos craques. Até a França, campeã em título. O seleccionador Roger Lemerre, apesar do excesso de opções em todos os sectores, sentiria sérias dificuldades em substituir Zidane. A Argentina também possui um 23 de luxo, no entanto Marcelo Bielsa teria problema em arranjar uma dupla tão eficaz como a formada por Batistuta e Crespo. Mesmo tendo no banco Claudio Lopez e Saviola. A Espanha também tem uma elite de pontas-de-lança (Morientes e Tristán são apenas dois exemplos), mas Camacho não dispensa Raúl, o amigo de Figo. Eriksson reza para que nada aconteça a Owen,
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depois da lesão de Beckham, a outra estrela da Inglaterra. Por tradição, as únicas selecções "independentes" das individualidades são Alemanha e Itália. Tanto nos "panzers" como na "squadra azurra", a vedeta é o colectivo. Na Itália, Del Piero, Vieri, Inzaghi e Totti terão de fazer pela vida se quiserem entrar no onze de Trapattoni. O Brasil de Felipe Scolari começa a seguir a mesma linha. Ninguém acreditava que "Xerife" deixasse de fora Romário. Já para não falar de Jardel. Rivaldo e Ronaldo que se cuidem. Scolari é fogo. Se marcar, faço um implante capilar
em grande forma, Sérgio Conceição pode fazer bem a ala direita), mas não temos ninguém com tanta experiência e qualidade: ao Hugo Viana falta traquejo, ao Pedro Barbosa regularidade e Paulo Sousa não dá garantias de durar 90 minutos, quanto mais o campeonato todo. Sem dois/três jogadores, a qualidade começa a faltar nos suplentes." ALA DOS MODERADOS Para José Paulo Canelas, director do Tal & Qual, o caso mais preocupante é Rui Costa: "Passou a época quase em branco. Dificilmente estará a 70 por cento, quanto mais a cem." O ex-subdirector de O Jogo admite existirem duas grandes alternativas para o lugar – "João Pinto, a realizar a melhor época dos últimos sete anos, e Hugo Viana –, o que o leva a afastar o cepticismo: "É claro que não é uma equipa vulgar. Tudo leva a crer que Figo surja nas melhores condições. Caso não aconteça, apesar da perda de Simão, que estava no auge, estamos bem servidos de extremos no futebol português: Sérgio Conceição, Capucho, Pedro Barbosa. É por aí que a selecção nunca será vulgar. Sem Figo e Rui Costa podemos é não chegar aonde queremos." Pôncio Monteiro, ex-dirigente do FC Porto e comentador televisivo, está mais optimista: "Estamos ao nível das melhores selecções do mundo. É lógico que é preciso termos os jogadores em forma para manter o equilíbrio, mas Figo e Rui Costa vão a tempo de recuperar. Se
Futebol Os “monstros” como Pelé ou Eusebio já não existem
falhar algum nome, o potencial não é o mesmo, mas temos outros prontos a desempenhar as mesmas funções e à altura." Manuel Damásio, antigo presidente do Benfica, segue a mesma linha de pensamento: "Portugal nunca conseguiu reunir tantos valores. Contra o Brasil, tínhamos no banco sete jogadores à altura dos que estavam no campo. Discordo que sejamos uma equipa vulgar sem eles. Continuaremos a ser candidatos ao título." "Não vamos dramatizar", adverte Toni, ex-treinador do Benfica: "Se o Rui e o Luís não
OS AUSENTES Não é só Portugal que tem lesões. FRANÇA Robert Pires Lesiona-se no jogo contra o Newcastle, 23 de Março 2002: rotura do ligamento cruzado do joelho. O médio do Arsenal vai ser operado e pára seis meses
Deixa cá ver... É isso, tens de mudar para um 2 em 1
estiverem a cem por cento, a valia da selecção é afectada, mas isso obriga o colectivo a resolver situações que algumas vezes são solucionadas pelos dois. Além deles, existem vários jogadores a actuar nos campeonatos mais competitivos e nas equipas mais exigentes da Europa." Silva Resende, presidente da Federação entre 1983 e 89, vai mais longe: "Hoje há cada vez menos vedetas. Os jogadores excepcionais, como Figo e Rui Costa, estão menos distantes dos outros. Os ‘monstros’ como Pelé e Eusébio já não existem."
ITÁLIA Albertini Centro-campista do Milão, contrai uma lesão no tendão de Aquiles, em meados de Abril deste ano, e hipoteca a última oportunidade de representar a "squadra azzura". Tem 30 anos
ALEMANHA Deisler Médio do Hertha de Berlim já contratado pelo Bayern de Munique para a próxima época, sofre no princípio de Abril de 2002 a segunda lesão da época, depois de uma intervenção cirúrgica ao joelho em Outubro do ano passado. É altamente improvável que faça parte da lista de Rudi Voller. O avançado Zickler (Bayern) também não deve ir ao Mundial
ARGENTINA Vivas Defesa do Inter de Milão, é operado ao joelho direito em Março. Lesiona-se num treino
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SIMÃO E OS OUTROS No Mundial, Portugal não terá Sá Pinto (há muito a recuperar de uma lesão no joelho) e Simão Sabrosa, operado a uma rotura de ligamento cruzado, depois de ter colocado mal o pé na relva num lance frente à Finlândia. João Marcelino é novamente realista na análise a estas ausências confirmadas: "Estamos a falar de dois suplentes. Sá Pinto era o terceiro avançado, atrás de Pauleta e Nuno Gomes, embora pudesse fazer outras posições. Simão, apesar da boa forma, era apenas mais um jogador para as alas, onde, além de Figo, temos Sérgio Conceição, Capucho, Pedro Barbosa, mesmo Quaresma ou Martelinho. Além de que até João Pinto pode também jogar à direita ou à
esquerda. Costumo dizer que, nessa posição, Portugal tem muitos ‘cromos repetidos’.” João Botelho vinca: “Simão é um jogador razoável. Não é um craque excepcional. Ele ou Sérgio Conceição é a mesma coisa." Já Manuel Damásio não pensa assim: "Vai fazer falta nos jogos em que Portugal precisar de atacar com mais velocidade ou de preencher alguma lacuna na esquerda." Nuno Gomes está em dúvida, mas é mais do que provável que o problema num dos tornozelos desapareça para que seja opção para o lugar de Pauleta. A indisponibilidade do avançado da Fiorentina pode ser uma dor de cabeça. Diz João Marcelino: "Ao contrário dos jogadores que falham nos grandes momentos, Nuno Gomes provou maturidade no Euro’2000. Até na fase de qualificação foi importante na altura em que Portugal tinha de ganhar por muitos golos." Ninguém está preocupado com o facto de Vítor Baía poder estar em baixa de forma ou fisicamente afectado. Como diria Silva Resende: "Está encontrado o substituto natural." Todos consideram o lugar bem entregue a Ricardo. "Oferece as mesmas garantias", possui "as mesmas características" e está em clara vantagem em relação àquele que, nos tempos em Barcelona, foi o guarda-redes mais caro do mundo. Grave seria se o boavisteiro se lesionasse.
Dicionário Crónico
Os macacos e o amigo Le Penis João Pereira Coutinho disserta sobre a importância do pénis para um homem que se preze. E, já agora, dá umas opiniões sobre a nudez dos famosos e os macacos do Jardim Zoológico.
Antes de testar uma nova vacina para o Anthrax, Sebastian fuma o seu último cigarro
E
UA – Os Estados Unidos podem ser culpados de tudo. Mas as acusações de “imperialismo cultural” não fazem qualquer sentido. Os valores reinantes no globo são intrinsecamente “americanos”, como a Esquerda afirma? Acho a coisa hilariante. Desde logo, nunca percebi o que são valores “americanos”, partindo do pressuposto, obviamente duvidoso, de que eles existem. Eu acho que não. O grande mérito dos Estados Unidos, aliás, reside precisamente aqui: numa capacidade singular para absorver uma herança cultural estranha, integrando-a e transformando-a com uma força expressiva de dimensão mundial. Não existiria Scorsese sem Godard, Woody Allen sem Bergman, Marlon Brando sem Stanislavsky, a música jazz sem África. Chaplin procede dos 44
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Os anti-semitas que rabeiam por aí, encabeçados pelo Nobel Saramago, podem descansar à vontade. Israel caminha para o fim. Demografia é destino
music halls londrinos. Carl Dreyer, Murnau ou Fritz Lang não eram americanos. Para não falar do modernismo europeu, que influenciou e revolucionou a arte norte-americana do século XX, da pintura à literatura. A arrogância da espécie pode enfurecer a paróquia. Mas os valores “americanos”, cautela, são os valores da humanidade.
F
ERIADOS - Detesto domingos e feriados, esta sala de espera do mundo. E penso que o Purgatório deve ser assim: ruas desertas e lojas fechadas, um tédio de morte que vem e tudo leva. Não é para mim. Parafraseando os versos luminosos de Sophia, gostava que, na hora da minha morte, Deus me devolvesse todos
os domingos e dias feriados que não vivi junto ao mar. Para eu me matar. FIGURAS - O Expresso resolveu horrorizar os portugueses com a “nudez” de algumas figuras públicas. Vejo as fotografias a bordo do Alfa, tomo imediatamente dois Enjomin e tento controlar-me. Não consigo. Confrontado com a seminudez da dra. Isabel do Carmo, deito a mão ao saco, descarrego o arroz de tamboril com um guincho suíno e penso: lá vai outra noite para o maneta. Mas nem tudo está perdido. Maria Elisa, por exemplo, tem interesse essencialmente sociológico: vemos a donzela de perfil e compreendemos por que motivo a homossexualidade tem subido em Lisboa. Positivo, positivo, só Clara Pinto Correia. Pelo menos, as maminhas da senhora
Infelizmente para ele, ninguém lhe disse que o carnaval já tinha acabado...
Dicionário Crónico Depois de um clister, eles celebram
queixa dele. Por mim, O D com Gore A Vidal,alinho R U insuspeito na S CEN matéria: “Homossexual” é
parecem-me melhores do que os romances dela. Já não é mau.
HOMOSSEXUALIDADE
- Didier Eribon fala na revista Visão sobre “cultura gay” como modo de vida. De acordo com o delicioso Didier, “a cultura gay e lésbica não é só Oscar Wilde, mas também os bares, os ícones, os cantores adorados por gays ou lésbicas”. Para logo acrescentar: “Homossexualidade, ou homossexualismo, é cultura, é modo de vida, é um tipo de sentimento e de relação com o mundo.” Comentários? Razão tinha P. J. Barnum: nasce um otário a cada minuto. Já dei para este peditório. Não sou homofóbico. Pelo contrário: acho que a espécie devia casar, ter filhos, usar véu e grinalda. Nenhum problema. Entre os lençóis alheios, ninguém deve enfiar o nariz, com a óbvia excepção dos próprios. Mas às vezes não aguento a estupidez da estirpe. Esta ideia de que o “homossexual” é portador de um modus vivendi que o distingue da manada circundante é conversa de apedeutas. Subitamente, filmes, livros e obras avulsas passaram a ser propriedade do movimento, como se a alegada celebração do amor entre pessoas do mesmo
sexo – uma banalidade em toda a história da arte – fosse motivo de celebração identitária. Não é, nunca foi. E todas as tentativas para que seja só contribuem para enfiar no gueto quem depois se
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Não existem homossexuais; existem apenas actos homossexuais. E o acto, como qualquer pessoa sabe, não tem moral nem história
No Paris-Dakar, a emoção aumenta
adjectivo, não é substantivo. Não existem homossexuais; existem apenas actos homossexuais. E o acto, como qualquer pessoa sabe, não tem moral nem história. Sexo é sexo. Ou, como diria Nélson Rodrigues, o sexo não passa de uma dança de epilépticos. Touché!
MACACOS - Tarde no Jardim Zoológico de Lisboa. Não punha os pés no espaço desde os alvores da minha infância. Gosto particularmente da jaula dos macacos. Sobretudo, aprecio a inteligência instintiva dos bichos. Solicitamos uma volta e eles cumprem a acrobacia, a troco do amendoim. Duas voltas já exigem uma banana. Curioso. E intrigante. Pergunto a mim mesmo se uma figura pública portuguesa, daquelas que aparecem nas “revistas sociais” ou fazem política no Parlamento, seriam capazes de perceber a beleza do gesto. E até de o imitar. Uma volta para o amendoim. Duas para a banana. Duvido.
ISRAEL Desde 1948 que o mundo árabe tem lançado campanhas sucessivas de destruição do estado judaico. A recente intifada, promovida e materialmente apoiada por Arafat, foi apenas mais uma. A imprensa incendiou-se com os acontecimentos no Médio Oriente. A Europa apoiou Arafat. Os Estados Unidos, com reservas, a causa de Sharon. Não vou perder tempo a afirmar o óbvio. Nesta história toda, nunca tive dúvidas sobre a justiça da causa israelita. E sempre soube distinguir os agressores daqueles que procuram garantir a sua precária sobrevivência física. Pouco importa. Todos sabemos que a causa judaica é uma causa perdida. Com 300 milhões de inimigos árabes em volta, convém recordar ao mundo que Israel é um território minúsculo, com 6 milhões de almas, das quais um milhão são árabes. Esta talvez seja a ironia trágica de toda esta história: sim, podemos escrever abundantemente sobre a excelência da democracia israelita e do seu povo perseguido, martirizado e nobre. Mas, a prazo, sabemos todos que estamos a escrever para o vazio. Os anti-semitas que rabeiam por aí, encabeçados pelo Nobel Saramago, podem descansar à vontade. Vinte anos? Quarenta? Cinquenta? É indiferente. Israel caminha para o fim. Demografia é destino.
Dicionário Crónico MACDONALD, DWIGHT - Nunca percebi a arrogância de alguns críticos em relação à cultura pop. Mas percebo as origens da atitude: Dwight MacDonald e o seu Masscult & Midcult, anatomia precisa da “alta cultura”, da “cultura média” e da “cultura popular”, que MacDonald abominava. Respeito o velho e radical Dwight, de quem li tudo, com quem aprendi muito. Mas não concordo inteiramente com ele sobre a natureza corrosiva da cultura pop – e mesmo da “cultura média”. Um conhecimento aprofundado da história da arte, pelo menos no Ocidente, ensina que grande parte da “alta cultura”, que hoje reverenciamos, era simples cultura popular no tempo em que foi produzida. Podemos ler a Odisseia de Homero ou as peças de Sófocles com gravidade. Mas é preciso ter em atenção que Homero ou Sófocles eram escritores populares, preocupados essencialmente em entreter as massas na Hélade antiga. Mais: não só eram populares, como desprezados pela intelectualidade da época precisamente porque eram populares. Não é por acaso que Platão, no seu República, pretendia excluir a poesia homérica do plano de educação para a Cidade Ideal. A poesia homérica era fantasiosa e sacrílega, sem dignidade para figurar na rigorosa educação das elites. O mesmo em relação a 48
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Esqueçam os filhos, os pais e os sogros. A relação mais próxima que um homem estabelece até ao fim da vida é com o seu próprio pénis
Nos bastidores de Jurassic Fuck, os actores convivem
Shakespeare: as peças do bardo podem ser exemplos maiores de “alta cultura”, analisadas pelos primus inter pares da nossa Academia. Mas na Inglaterra isabelina, eram entretenimento popular, para delícia das massas que sabiam de cor os versos dos happy few. A atitude mais sensata para um
crítico contemporâneo não é desprezar aquilo que as massas consomem. Pelo contrário: é tentar perceber aquilo que as massas consomem. O tempo fará o resto. Quem sabe? Daqui a cem ou duzentos anos, talvez a nossa Margarida Rebelo Pinto não seja apenas lembrada por ter tido as melhores pernas da cidade de Lisboa.
PÉNIS Esqueçam a família, o emprego e o clube. Esqueçam os filhos, os pais e os sogros. A relação mais próxima que um homem estabelece até ao fim da vida é com o seu próprio pénis. Sim, podemos partilhar todas as confidências do mundo com a companheira de alcova. Mas com o pénis é diferente. Ele conhece-nos. E nós conhecemos o bicho. Damos-lhe nomes. Conhecemos-lhe os hábitos e, claro, as desistências e as ronhas. Com ele travamos discussões, monólogos, carícias e divertimentos. Ficamos tristes quando ele está triste. Alegres quando ele se alegra. E muito preocupados quando ele não tem qualquer razão para estar preocupado. Perguntamos-lhe: “Por que motivo não cresces mais?” Ou, no meu caso, “por que motivo tu cresces tanto?” O pénis arrasa com a nossa racionalidade, a começar pela racial. Podemos ser multiculturalistas totalitários, militantes do Bloco, amigos do Bonga e do Raul Indwipo. Mas quando vemos um rapaz preto, nós, brancos, por mais civilizados que sejamos, ficamos no íntimo a remoer de inveja. O pénis é o nosso Ku Klux Klan. O nosso Le Pen. O nosso Le Pénis. Um erro, claro. Trabalhadores ou preguiçosos, atléticos ou atarracados, todos os pénis são filhos de Deus. Eles estavam lá
no primeiro dia do resto das nossas vidas – quando, sós e assombrados, descobrimos a beleza da masturbação. É o primeiro momento realmente importante na vida de qualquer rapaz: a certeza cristalina de que jamais estaremos sós. Por pior que a vida corra – e, às vezes, ela corre, há sempre uma última saída. E com ele partilhamos também o segundo momento sacramental: quando finalmente sentimos o corpo de uma mulher. Razão tinha o Miguel Esteves Cardoso: quando vemos uma portuguesa nua, já vimos milhares de americanas. Não é exactamente como se esperava. Mas é melhor do que se esperava. Então o pénis levanta-se, diz um “presente” enrouquecido e nós temos uma dívida de gratidão para o resto dos nossos dias. Que serão muitos. Que serão poucos. Chegará o momento em que o cabelo cai, a pele fica coberta de engelhas. E o pénis entra em hibernação, funcionando a horas impróprias e com ritmos muito dele. Perdoamos tudo. Seremos bons amigos numa velhice de paz. De quando em vez, uma festa no pêlo, como quem acaricia um gato, só para saber se ele ainda mia. O pénis será o espelho de memórias passadas, o troféu do nosso orgulho, como a cabeça do alce na parede da sala. O nosso caçador. A nossa maravilhosa caçada. Contaremos histórias: “Uma vez, este sacana...” E quando o último suspiro nos levar para onde só Deus sabe, deixaremos tudo: casa e família, trabalho e amigos. Mas ele irá connosco para a eternidade.
Eu estive lá
Uma longa marcha Em 1976, Luís Rodrigues andou durante seis meses com a UNITA. Viu homens morrerem de fome, assistiu a combates e à reorganização da guerrilha de Savimbi. Mónica Bello recorda a sua história
Exército do MPLA em acção
uís sacode as botas cuidadosamente, não vá o diabo tecê-las e um escorpião ter ali feito casa durante a noite. São três e meia da manhã e está escuro como breu. Enfia as botas e aproxima-se, ainda meio-ensonado, da fogueira onde os homens preparam o pequeno-almoço: chá forte e uma papa de cor indefenida. "Vamos embora, vamos embora", ordena com urgência o capitão. Ainda não passa das quatro da manhã, quando os homens se põem em marcha. Há dois meses que Luís Rodrigues cumpre a rotina daqueles homens da UNITA que
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“Rebentam rockets e bazucas por todo o lado. Ao fim de cinco minutos, já sete soldados tinham morrido” 50
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têm por missão levá-lo inteiro ao encontro de Jonas Savimbi. Os pés já se habituaram às doze horas diárias de marcha e o estômago vai-se habituando à dieta do mato angolano. Em meados de Junho de 1976, quando atravessou a pé a fronteira da Zâmbia com Angola, pesava uns respeitáveis 98 quilos. Em Dezembro desse mesmo ano, quando chegar ao Runtu, base militar sul-africana do outro lado da fronteira angolana com a Namíbia, estará irreconhecível, reduzido a 60 quilos de peso. "Nem a minha mulher me reconheceu, tiveram de lhe dizer que era eu", lembra hoje Rodrigues, com alguma nostalgia. Jornalista, de nacionalidade
Luís Rodrigues antes e depois de ter perdido 40 quilos
portuguesa, correspondente da BBC World Service em Luanda, Luís Rodrigues deixa a capital angolana na véspera da independência de Angola. Pouco tempo depois, ainda em finais de 1975, aterra com a mulher em Lusaka, capital da Zâmbia. Rodrigues, 40 anos de idade, é um dos poucos repórteres que mantém contacto com o "outro lado" da guerra civil angolana, seguindo na peugada de Jonas Savimbi e da UNITA para quase todo o lado. Lusaka, sede do governo do presidente zambiano Kenneth Kaunda, fiel amigo de Savimbi, é o local ideal para montar quartel-general e para manter contacto regular com
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Eu estive lá A LONGA MARCHA DE LEON DASH
Em 76, Luís Rodrigues percorreu milhares de quilómetros para entrevistar Savimbi os homens que fazem a guerra ao MPLA de Agostinho Neto e às tropas cubanas suas aliadas. Por várias vezes, Rodrigues voa num dos dois aviões Fokker Friendship ao serviço da UNITA ou num dos aviões da companhia Pearl Air, os famosos Vickers Viscount, que a CIA mantém a operar na zona. É um desses voos camuflados pelas nuvens que, em Fevereiro de 1976, leva o jornalista português até Gago Coutinho (hoje Lumbala), refúgio temporário de Savimbi e dos seus homens. Andam em fuga há pouco menos de uma semana, escorraçados do planalto central angolano pelo MPLA e pelas tropas cubanas de Fidel Castro depois da derrota na batalha do Huambo. Luís Rodrigues voltará a visitar mais uma vez Savimbi em Gago Coutinho. Dias antes de o chefe guerrilheiro, inspirado por Mao Tse-Tung, dar início ao que ficaria conhecido como "A Longa Marcha" (ver caixa) Em Luanda, o MPLA anunciou, entretanto, a morte do líder da
UNITA e dos seus mais próximos e no terreno correm até pormenores do seu enterro. Jonas Savimbi precisa desesperadamente de reorganizar a guerrilha, mas também de mostrar ao resto do mundo que está vivo e disposto a continuar a guerra. Ninguém sabe do seu paradeiro e mesmo entre os que o acompanham, só os comandantes mais próximos conhecem os seus planos. Em Lusaka, os poucos jornalistas que mantêm contactos com a UNITA desesperam. A vitória do MPLA é dada como certa e a guerra civil angolana quase desapareceu das primeiras páginas dos jornais. É nos primeiros dias de Junho que Luís Rodrigues recebe notícias do Interior de Angola. Chega-lhe às mãos uma carta de Savimbi, "Do Mais Velho", como se despede antes de assinar. Com data de 10 de Maio de 1976, traz um pedido: "Esta carta é uma chamada para
Leon Dash (Prémio Pulitzer de Jornalismo em 1995) pertencia a um pequeno grupo de repórteres que cobriam a guerra civil angolana do "outro lado", o lado de Jonas Savimbi. Repórter do Washington Post desde 1966, o jornalista norte-americano conhecia o líder da UNITA desde 1972/73, dos tempos da guerra contra os portugueses. Leon Dash tinha 32 anos quando, no dia 4 de Outubro de 1976, entrou a pé na província angolana do Moxico, proveniente da Zâmbia. Esperava-o uma escolta de uma centena de homens da UNITA, com quem marchou durante cerca de um mês, até se encontrar com Savimbi. Até Maio do ano seguinte, Dash percorreria cerca de 3400 km a pé, lado a lado com diferentes grupos de guerrilheiros daquele movimento. Assistiu a vários ataques da guerrilha, entrevistou soldados cubanos e do MPLA feitos prisioneiros e foi o único observador presente no Quarto Congresso da UNITA, que se realizou em Março de 1977.
vires cá e ver como é que a UNITA nasceu. Desta vez vem sozinho, mais tarde poderás trazer aqueles jornalistas. (…) Calha partir um grupo para a Zâmbia e eu a escrever para ti." Savimbi encontra-se junto ao rio Cuanza, no vale de Lungue Bungu. Ainda não o sabe, mas começa a ficar cercado. Em meados de Junho, o português responde à chamada. Apanha um avião comercial até junto da fronteira da Zâmbia com Angola, mete-se num jipe e dirige-se ao local previamente combinado. Na companhia de oito homens da UNITA atravessa a fronteira a pé e embarca numa piroga a remos, rio Luanginga acima. Horas depois, os homens largam as embarcações e juntam-se a uma escolta de vinte a trinta guerrilheiros. "A ideia era esta: eu encontrava-me com Savimbi, fazia-lhe a entrevista, e vinha-me embora pelo mesmo caminho." Se tudo corresse como previsto, Luís Rodrigues não permaneceria em Angola mais do que 15/20 dias no máximo e era para esse espaço de tempo que se tinha precavido com mantimentos e medicamentos. Mas nada corre como previsto. Quando o português passa a fronteira, Savimbi foi já forçado a mudar de planos, passando os meses seguintes – até finais de Agosto – a ser o rato do jogo com o gato, forçado pelas forças de Luanda a mudar de rota vezes sem conta. Até chegar a Cuelei, o seu novo quartel-general, onde poderá finalmente dormir – mas não descansar –, o chefe da guerrilha assistirá à morte de muitos dos seus homens: sobretudo de fome e pura exaustão. Luís Rodrigues não tem outro remédio senão permanecer em Angola. Até porque Luanda lançou entretanto duas grandes ofensivas, cortando-lhe a
Leon Dash, jornalista do ‘Washington Post’
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Eu estive lá A LONGA MARCHA DE SAVIMBI
Foi Savimbi que convidou Rodrigues a visitá-lo, enquanto ele reorganizava as suas tropas, fustigadas pelos ataques do MPLA e dos cubanos. retirada. A primeira, ao longo da fronteira com a Zâmbia, a segunda mais a sul, na fronteira com a Namíbia. Os dias, as semanas e os meses seguintes serão preenchidos por uma média de 50 a 70 quilóme-tros de marcha diária, seguindo os trilhos da caça e ao longo das margens dos rios. O jornalista irá passar de patrulha em patrulha, na tentativa de chegar cada vez mais perto da coluna principal de Savimbi. Pelo meio enfrentará também ele o frio das noites do inverno angolano, a fome e o cansaço, presenciando ainda alguns ataques do MPLA. "Nas povoações fazíamos trocas. Eu levava aí uma dúzia de t-shirts e troquei-as todas por galinhas", lembra o português. "Nem sempre caçávamos, só quando havia a certeza que não havia tropas do MPLA num raio de pelo menos 20 quilómetros. Porque um tiro soa muito longe." Os homens utilizavam armadilhas, arco e flechas envenenadas. Apanhavam sobretudo palancas. De outras vezes, tinham também alguma sorte. Luís Rodrigues lembra-se bem do jantar que um dia partilharam com ele: faisão,
caviar, vodka e uma caixa de charutos Monte Cristo a fechar – "eram provisões para os cubanos", o saque de um assalto a um comboio efectuado por guerrilheiros da UNITA. De vez em quando, o som da metralha e de morteiros a rebentar ao longe aproximava-se. Como naquela noite de Julho, em que depois de uma travessia de rio, o rasto da coluna tinha ficado demasiado visível. Luís acordou ao som dos morteiros, mas não eram muitos os homens do MPLA e o coronel Kufuna, comandante daqueles 70 ou 80 guerrilheiros da UNITA decide montar uma emboscada. Enquanto tenta desesperadamente ligar o gravador – em vão, estava sem pilhas, "quando é preciso nunca funciona" –, "rebentavam bazucas e rockets por todo o lado", recorda, "e ouvi o disparar da Browning 30, a metralhadora de fita, à medida que o operador ia corringindo a mira à procura de um novo alvo". Quando conseguiu rastejar até um ponto de observação, Luís Rodrigues teve "o vislumbre das costas dos soldados. Estavam a fugir. Sete tinham morrido. Aquilo não
Em Fevereiro de 1976, a UNITA sofreu uma pesada derrota no Huambo. Estados Unidos da América e África do Sul tinham suspendido o apoio aos opositores do MPLA e os guerrilheiros nada puderam fazer contra as armas e tanques dos soldados cubanos, a não ser morrer e fugir. Reza a história que nessa batalha do Huambo, a UNITA terá perdido cerca de 600 homens. A 24 de Março de 1976, inabalável na sua vontade de continuar a fazer a guerra, Jonas Savimbi dá início a uma marcha, a pé, de cerca de 3000 km, rumo ao planalto central de Angola. Com ele vão mil pessoas: cerca de 600 guerrilheiros e 400 civis, entre os quais mulheres, crianças, alguns padres católicos e pastores protestantes. De finais de Março a finais de Agosto de 1976, Savimbi levará os dias a trocar as voltas às tropas angolanas e cubanas e a enganar, literalmente, a fome e a exaustão. Reuters*. Cinco meses depois, desta comitiva inicial chegariam a Cuelei (cerca de 150 km a Sudeste do Huambo), apenas 79 pessoas.
tinha durado mais de 5 minutos e não ficámos ali muito tempo". Havia ainda algumas centenas de quilómetros pela frente, até ao encontro com Savimbi. Finalmente, em finais de Agosto de 1976, Luís Rodrigues encontra-se com o líder da UNITA "na base de Jolomba. No meio da insegurança geral, andar com o Savimbi sempre era o mais seguro". Há dias que nas redondezas se anuncia a chegada do "Velho" e cinco mil pessoas reúnem-se para o ouvir discursar. Até finais de Outubro, princípios de Novembro, o português irá assistir ao reorganizar da estratégia da guerrilha, embrião da "segunda fase" da guerra angolana. E é na véspera da sua partida rumo à Namíbia, ao Runtu, que um segundo jornalista chega ao quartel-general da UNITA: Leon Dash, do Washington Post (ver caixa). Para Rodrigues, no entanto, o suplício da marcha ainda não acabou. No dia 4 de Novembro arranca para o Sul com uma escolta da UNITA. "Éramos pouco mais de 30 homens e até princípios de Dezembro foi sempre a andar. Era uma zona absolutamente desértica, não havia aldeias, não havia tropa, não havia nada. Nada." Foi nesse território que a escolta perdeu quatro homens, mortos de fome, de cansaço e de sede. Semanas depois, por volta da meia-noite de 6 para 7 de Dezembro, os sobreviventes atravessam o rio Cubango. "Com água pelo pescoço e as forças a irem-se abaixo com a fome, o cansaço, a falta de sono." Quan-do entra na base militar que os sul-africanos mantêm na fronteira Norte da Namíbia, Luís Rodrigues traz mais 2600 quilómetros de vida nos pés. A roupa está em farrapos e pelo caminho o corpo perdeu quase 40 quilos.
Jonas Savimbi, morto recentemente
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Queremos Respostas
Capitão do Brasil no Mundial de 74, o treinador do Belenenses fala sobre mundiais de futebol, estágios, jogadores e sexo. Ao fim de um ano de competição, será que os jogadores querem é férias e não um mundial?
me ensinou isso foi o Pelé.
Não. Isto é a vida deles e já estão habituados. E eles querem mesmo ir, porque é o que fica para a história. Tudo o resto fica pelo caminho.
É por isso que algumas selecções levam as mulheres dos jogadores.
É mesmo assim?
Garanto que só pensam naquilo. A copa é um torneio que pode decidir a vida de um jogador – é mais importante um bom mundial do que uma boa época no clube onde jogam. Então a Costa Rica vai lá apenas para se mostrar?
Essas equipas sabem que dificilmente chegarão à final. Para eles, aquilo é sobretudo uma montra de jogadores. Os jogadores são mesmo profissionais a sério?
Que remédio! Eles têm uma vida muito dura e são muito controlados. Qualquer deslize nota-se de imediato nos treinos, quanto mais nos jogos. Isso quer dizer que não podem ver televisão até tarde, por exemplo?
Repare. O jogador fica em forma quando dorme. O treino é forte e quando ele vai para casa a alimentação e o repouso são fundamentais para repor as energias. E isto devia ser logo ensinado nas camadas mais jovens. Às vezes vejo os miúdos a comer cachorros quentes antes dos treinos. Assim não dá! E sexo antes dos jogos?
Teoricamente não faria mal nenhum. Mas isso aplica-se aos animais que apenas o fazem para reproduzir. O problema é que o homem também o faz por puro prazer, mais tempo e mais vezes. E isso é desgastante. O ideal seria não o fazerem durante os dois dias antes do jogo. Quem
O homem faz sexo por puro prazer ,mais do que uma vez por noite. Isso é desgastante. 56
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Num mundial, com o estágio e os jogos, dá um mês sem sexo!
Acha isso bem?
Acho óptimo. Não faz mal nenhum receberem visitas durante aqueles períodos em que têm folgas. É fundamental para eles se sentirem relaxados. E os que não são casados?
Bom, isso aí já é outra coisa... Mas oiça, nós não podemos proibir nada. Apenas podemos aconselhar. Façam o que fizerem, sabem que não podem abusar. Dizem que há jogadores que se resguardam durante a época para jogar bem no mundial. É verdade?
Não acredito nisso, mas num final de época, é claro que um Figo, que esteve lesionado, vai é preparar-se para a copa. Não se esqueçam de que este vai ser o último mundial para a grande maioria destes jogadores. Indo a casos concretos que podem suceder num mundial: se tiver de optar entre um jogador que é um porreiro e outro que tem mau feitio, o que é que faz?
Escolho o melhor! O que é que se faz quando dois jogadores se odeiam?
Odeiam-se apenas fora do campo. No jogo não há nada disso. Já treinei jogadores que não se falavam – normalmente por causa de mulheres – e dentro do campo abraçavam-se. E os treinadores, têm ou não os seus preferidos?
O jogador preferido é aquele que demonstra no treino que merece ser titular. Mas como é que se gere um grupo? Ninguém gosta de ficar no banco.
Na Europa há outro nível. O suplente, mesmo aborrecido, respeita a decisão do treinador. No Brasil é pior. Por exemplo, se o Romário ficar no banco, vai haver
problemas. E a imprensa, em vez de criticar, ainda fica do lado dele! Está a falar de que tipo de problemas?
Como os que aconteceram com a selecção brasileira em 74, no mundial em que participei. Dos 22 seleccionados, os oito que ficaram suplentes começaram a criar problemas à hora do almoço. Diziam piadas e criticavam o treinador. E nessa altura já não dava para os mandar embora. E aquela coisa de lançar a arma secreta?
É conversa! Se estou a perder por um, tanto dá perder por três ou quatro. Só me resta por isso meter um avançado. Os treinadores pactuam com os jogadores que simulam “penalties”?
Espere aí. O penalty não é o defesa que faz, é o atacante que adquire... Não me vai dizer que ensina os jogadores a cair?
Não é isso. Repare, eu sou avançado e você defesa. Eu sei que você vai querer chutar a bola, mas eu estou mais perto. Então eu toco a bola e deixo o pé... Mas isso não é propriamente um exemplo de “fair-play”...
É inteligência. Se você me agarrou, eu não vou cair? Eu fui defesa e sei que dentro da área há coisas que não se podem fazer. Tem de haver muito cuidado, porque senão é penalty. Se houver, o mérito é do avançado. Fale-nos dos seus dias no estágio no mundial de 74?
Treinava diariamente, via jogos das equipas adversárias e repousava para o jogo. O estágio serve para o convívio do grupo, para ver a condição física e para ter a certeza de que eles estão a fazer tudo certo. O resto fez-se durante os treinos. E como é que um jogador se descontrai?
Um jogador convive com uma pressão tremenda e o momento
Queremos Respostas acontece no Belenenses com o Wilson, o Filgueira e o Tuck. Diga lá, os portugueses têm hipóteses neste mundial?
Depois de 66, esta é a melhor selecção que Portugal já teve. Julgo que tem grandes possibilidades de ser a campeã. Mas se o Figo não jogar, nem nos qualificamos para a segunda fase.
Não tanto! Mas ele vai jogar... O Pelé foi mesmo o melhor jogador de todos os tempos?
Oiça, não adianta ter muito talento se não temos físico para o acompanhar. Não serve de nada pensar numa coisa que o corpo não consegue fazer. O Pelé, para além de talentoso, era muito forte fisicamente. E tinha outra coisa que um Maradona ou um Garrincha não tiveram: tinha cuidado consigo e preparava-se. O Marinho foi o primeiro a dizer que o Figo iria ser um dos melhores do mundo. Como é que viu isso?
O Jardel é um jogador obrigatório.O Brasil não tem ninguém para jogar em campos pesados. de descontracção é ver um filme na televisão, por exemplo. Já agora, vê-se se um jogador é bom logo no primeiro treino?
As suas qualidades técnicas sim. Depois é preciso trabalhar o físico. A cabeça também é muito importante e isso de facto não dá logo para ver. Ao ver o Quaresma na televisão, por exemplo, sabe que ele é bom?
É um caso raro. É um extremo que parte para cima do adversário e não sai da linha. Hoje em dia quase não existem jogadores assim. Mas ainda é jovem e é preciso ver como se sai num momento de pressão. Isso significa que um seleccionador só deveria chamar jogadores de 27 anos para cima?
Não! É preciso arriscar. E têm de ser os jogadores mais experientes a passar a tranquilidade aos mais novos. A pressão é absorvida pelos jogadores mais velhos, que é o que
‘SEU’ MARINHO ANTES DE SER TREINADOR, MARINHO ERA UM MÍSTER NA DEFESA No Mundial de 1974, disputado na Alemanha, o Brasil era campeão em título. No jogo inaugural, a 13 de Junho, no habitual cumprimento entre capitães antes do início do jogo, pelo Brasil estava Mário Marinho, um possante defesa central que jogava no Santos do Pelé. O escrete ficaria em quarto lugar, mas para Mário Marinho esse foi o ponto alto de uma carreira que também passaria pelo Barcelona como jogador. Depois, como treinador, Mário Marinho passou definitivamente a Marinho Peres, já com o seu apelido espanhol "Perez" definitivamente aportuguesado. É justo dizer-se que Marinho Peres é o mais português dos treinadores brasileiros que trabalharam no nosso país nos últimos anos. A sua carreira começou na Arábia Saudita como adjunto de Telé Santana. Esteve
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seis anos no Oriente até que Pimenta Machado o convida para orientar o Guimarães, em 1986. Ficou em terceiro. Era o início de uma carreira portuguesa. Passaria pelo Marítimo, outra vez pelo Guimarães, pelo Sporting e esta é a terceira vez que treina o Belenenses, onde já ganhou uma Taça de Portugal e fez um 3.º lugar. Se não foi ele quem lançou Figo, foi o brasileiro que mais rendimento tiraria do jogador enquanto este esteve no Sporting. Onze vitórias consecutivas nas onze primeiras jornadas não foram suficientes para vencer o campeonato – a vitória só valia dois pontos –, mas a equipa de Alvalade chegaria à meias-finais da Taça UEFA, só caindo perante o poderoso Inter de Milão de Matthaus e Klinsman. Marinho é o típico brasileiro, simpático, acessível e que percebe de bola como poucos.
O Figo era meio-campista e extremo. Ele tinha habilidade e inteligência e conseguia mudar de velocidade sempre que queria. Isto tudo aliado ao físico. Era um privilegiado, um jogador que podia jogar em qualquer posição do meio-campo para a frente. Convocaria o Jardel para o escrete?
O Jardel é um jogador obrigatório para levar ao mundial. O Brasil não tem jogadores para campo pesado, para bolas aéreas. Entrevista de Pedro Boucherie Mendes e João Godinho Fotografias de José Chan
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Adoro a
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Senhores e senhores,eis a modelo Dora,mais um aviĂŁo das linhas aĂŠreas Super Maxim Fotografias Rui Moreno Styling Michele Santos
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asceu no Barreiro, é finalista do curso de Relações Públicas e Publicidade, e manequim. Talvez nunca tenha ouvido falar nela, mas a verdade é que a Dora passa grande parte do tempo a trabalhar na Alemanha. Não, não tem lá nenhuma padaria, o que se passa é que os alemães adoram-na e a menina é uma das mais requisitadas para fazer catálogos de roupa. Longe do sonho de entrar um dia para o grupo das supermodelos, aproveita a profissão de manequim para melhorar a sua situação financeira e conhecer o mundo. "O mais fascinante é ter a oportunidade de viajar. Sempre foi um dos meus sonhos e essa é uma das razões pelas quais vale a pena ser modelo." De resto, diz que "para se ser alguém no mundo da moda é preciso muita força de vontade. Temos de nos dedicar de corpo e alma a esta profissão". Que era preciso dedicar o corpo, a malta já sabia. Agora esta coisa da alma é que é novidade! Para terminar, fique a saber que a menina é benfiquista e que chegou mesmo a defender as cores do clube nas pistas de atletismo. Bom, não se pode ser perfeita em tudo, certo? J.G.
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“Não me considero muito feminina, mas acho que sou sexy” Junho 2002
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ESTATÍSTICAS VITAIS Nome: Dora Maria Bravo Godinho Idade: 23 Altura: 1,80 m Calça: 39 Medidas: 90-63-93 Olhos: Verdes Cabelo: Castanho-claro À mesa: Arroz de marisco No corpo: Lingerie preta No leitor de CD: Bossa Nova, Jazz e Reggae Desporto: Ioga, canoagem e ginástica
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Maquilhagem Alda Salavisa Cabelos Nuno Henrique para Facto Cabeleireiros Assistente de Moda Rita Rosa
“Detesto homens que escondem os sentimentos�
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A Triumph International elegeu a modelo Marisa Cruz como imagem da marca em 2002. Uma das mulheres portuguesas mais sexy que promete evidenciar em grande estilo a moda, o glamour e a sensualidade das novas colecçþes.
Uma mulher Triumph
LUÍS FILIPE VIEIRA
O SENHOR
QUE SE SEGUE? Paulo Jorge Neves
LUÍS FILIPE VIEIRA SUBIU A PULSO NA VIDA ATÉ CHEGAR A TODO-PODEROSO DO BENFICA. PROMETEU UMA EQUIPA MARAVILHA, MAS FALHOU. AINDA INTOCÁVEL, PREPARA-SE PARA TOMAR O PODER NA LUZ. A HISTÓRIA DO HOMEM QUE VENDIA PNEUS, ERGUEU UM IMPÉRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E... ACHOU QUE JARDEL NÃO ERA PRECISO egado ao lavadouro onde mulheres sovam roupa nos tanques públicos, vivem Fernando e Benvinda. Ele, pedreiro, “excelente ladrilhador”, homem reservado, a quem nenhum dono de café chama cliente. Ela, doméstica, remunerada por tomar conta de crianças, mulher pouco dada a mexericos e conversas de vão de escada. “Gente viciada no trabalho, “amante” da poupança. Morada: Rua dos Plátanos, ao Bairro das Furnas. A casa, tal como todas as outras das redondezas, é prefabricada e coberta por telhas de Lusalite que recortam a paisagem daquele casario nas traseiras do Jardim Zoológico de Lisboa. Foi neste ambiente que nasceu, há 52 anos, Luís Filipe Ferreira Vieira. “Luís Cabeçudo” na boca dos ainda residentes do bairro, hoje uma zona diferente, erradicados que foram, “há muito tempo”, os prefabricados. “Luís Cabeçudo” era um miúdo “atrevido”, avesso aos livros (“no máximo, terá completado o ciclo preparatório por cabeça dura e não por falta de recursos dos pais”) e com fraco jeito para o futebol: com tenra idade, vestiu a camisola dos pequenos Leões das Furnas, mas nunca se destacou. “Considerá-lo jogador é dar-lhe uma grande goela. Ele não jogava nada”, ironiza um ex-dirigente do clube que pede o anonimato por consideração a alguém que “dá a mão a muitas pessoas no bairro” e, há uns anos, “doou 5 mil contos ao clube”. É também ele que recorda uma das suas peripécias preferidas na infância: “Quando a equipa sénior jogava fora, alugávamos autocarro. Os 50 lugares esgotavam num instante. Entrava sem o motorista dar por ele, enfiava-se nos recantos
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para as bagagens e seguia viagem.” Momentos que Luís Filipe Vieira recorda nas habituais visitas à sede dos Leões das Furnas para jogar uma “suecada”, que tanto gosta. De resto, se há coisa que Vieira não faz é esquecer o passado: “A história do Benfica está ligada ao pé descalço e ao garrafão... Pois o meu berço foi esse, um berço bairrista, e eu não renego a minha origem. Quando era miúdo, passava horas no Estádio da Luz com os meus pais, os meus amigos, os pais dos meus amigos, e o garrafão realmente lá ia ao lado deles”, confessa numa entrevista a um jornal desportivo. Ainda adolescente, faz questão de mostrar que é dono do seu nariz. Certa vez, agastado com as constantes deambulações, o pai impõe-lhe restrições de entrada e saída de casa. Não vai de modas: foge para parte incerta, “bate a prancha”, como se diz no Bairro das Furnas. Preocupado, Fernando chega a colocar anúncio no jornal. Duas semanas depois, reaparece com a avó. Passara 15 dias em casa dela só para mostrar aos pais que não o podiam prender. Sem aptidão para a bola e para os estudos, não lhe resta alternativa senão trabalhar. O primeiro emprego é em Campo de Ourique na loja de pneus do atirador Armando Marques, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 76, Montreal, na categoria de fosso olímpico. Ao mesmo tempo que vende pneus, parece que negociava pontas cromadas para escapes a título particular. O patrão leva na desportiva e o “descarado” das Furnas vai ganhando dinheiro extra. Antes dos trinta, surgiu-lhe a oportunidade de subir na vida. Um homem do ramo, de nome Bessa, convidou-o para dirigir um negócio. Contou-lhe que tinha ficado Junho 2002
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Novo estádio: pronto a horas?
vez e ele começou com a conversa: ‘tens de meter um jogo de pneus novos, pá, esse está todo afanado.’ Disse-lhe que não tinha dinheiro e ele respondeu logo ‘não tem problema’. Duas semanas depois, mandou-me uma carta com a conta”, exclama o ex-dirigente dos Leões das Furnas. Terá sido por esta altura, com a vida profissional estabilizada, que casa com Vanda, devota testemunha de Jeová, “daquelas que anda de porta em porta e não deixa o marido festejar o Natal nem fazer transfusões de sangue”, como diz alguém que priva com eles. Do matrimónio, dois filhos: Tiago e Sara, que completam este ano 24 e 16 anos, respectivamente. O êxito da Autopneus da Póvoa permite-lhe alargar os horizontes. Abre a Hiperpneus, na avenida mais movimentada da Póvoa de Santo Adrião, um género de “supermercado” do ramo. A carteira de clientes aumenta vertiginosamente. Consegue contratos com as grandes companhias internacionais, abastece as principais empresas de camionagem do País, negoceia com firmas de Angola e entra em sociedades de várias estações de serviço e oficinas pelo País fora. Revoluciona o mercado nacional e é considerado o “rei dos pneus”. Um patrão rígido. Diz quem sabe que o pai, a dada altura, foi empregado na Hiperpneus, mas nunca teve regalias. Trabalhava como os outros.
EMPRESAS E RIQUEZAS Nos meados dos anos 80, Luís Filipe Vieira já é um homem sem preocupações financeiras. Só que quer mais. A fortuna começa a ganhar molde com a entrada no
VILARINHO PODE DORMIR DESCANSADO: VIEIRA JÁ PROMETEU PAGAR OS QUATRO MILHÕES DE CONTOS QUE FALTAM PARA COBRIR OS AVALES DO AUMENTO DE CAPITAL com uma pequena garagem com bomba de gasolina, na Póvoa de Santo Adrião, apenas para reaver o dinheiro de uma dívida. Aproveitando o facto de o proponente estar pouco entusiasmado com a ideia – tinha outros negócios – Luís Filipe Vieira, esperto, contrapõe: “Pago também as dívidas e fico como sócio-gerente.” Terá sido com o dinheiro que amealhou com a venda de escapes? Por diversas vezes, a Super Maxim tentou colocar esta e outras questões a Luís Filipe Vieira, no seguimento das regras do jornalismo, mas o gestor de futebol encarnado nunca se disponibilizou para as esclarecer.
DOS PNEUS AOS PRÉDIOS A sociedade avança, mas é passageira. Em dois tempos, o rapaz das Furnas está sozinho no negócio. Consciente que a pequena garagem é a sua galinha dos ovos de ouro, arregaça as mangas e, com a ajuda de “poucos empregados”, trabalha arduamente. Não perdoa nada a ninguém. Nem aos amigos: “Fui visitá-lo uma
mundo da imobiliária e da construção civil. Braço direito: Eduardo Rodrigues, conhecido empresário com interesses na área do imóvel e da construção civil na zona de Alverca. Primeira grande empresa que constituem: Obriverca – Construções e Projectos, SA, firma da Póvoa de Santo Adrião que se dedica à construção civil, arquitectura e à compra e venda de propriedades. A Obriverca, aliás, é o ponto de partida para a transformação de Luís Filipe Vieira em grande empresário. Ergue um verdadeiro império de firmas do ramo (ver caixa), tendo Eduardo Rodrigues, na maioria das vezes, como parceiro – a construção de um shopping center em Vila Franca de Xira é das obras que lhes rendem mais dinheiro. No início dos anos 90, Luís Filipe Vieira compra e vende propriedades a uma velocidade galopante. Além de ter sido eleito presidente do Futebol Clube Alverca (ver caixa), está ligado a uma mão-cheia de empresas de pneus e camionagem e a quase uma deze-
Para Luis Filipe, Pitta e Cun ha é um ‘papagaio’
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na de imobiliárias. Constitui firmas, entra com quotas em outras, é sócio, gerente, administrador e accionista em várias. Tem inclusive interesses numa mediadora de seguros e num health club, tal é a diversidade de firmas que abarca. Em quase nenhuma o nome dele surge em primeiro lugar. Sempre por trás. Excepto a Hiperpneus, onde é, durante muito tempo, presidente do conselho de administração, dono e senhor. A partir de 1994, começa-se a notar nas escrituras que tem um novo parceiro privilegiado: Almerindo Duarte, formado em Direito. Em 1996, entra na fase de renúncia parcial. Cessa funções em determinadas empresas, mas deixa por lá sempre alguém que lhe é próximo. Tanto que, em alguns casos, volta a reocupar cargos de gerência anos mais tarde. Atento ao progresso no final do século XX, e às apostas para o novo milénio em termos de investimento empresarial, Luís Filipe Vieira deixa de pertencer aos órgãos sociais da Hiperpneus em 2000 e reagrupa as suas empresas na Inland, holding com escritórios no Campo Grande da qual é um dos administradores. Em 2001, entrega ao filho Tiago a gestão das empresas e larga o Alverca, tubo de ensaio para o maior projecto da sua vida: o Benfica.
BENFICA Meses antes das eleições de Outubro de 2000 na Luz, equaciona a possibilidade de se candidatar. É desencorajado por Vítor Santos. O amigo explica-lhe que convencera Manuel Vilarinho a entrar na corrida contra Vale e
JOÃO CARVALHO DIZ QUE O BENFICA NÃO TEM LIDERANÇA, ESTÁ A SER GERIDO POR INCOMPETENTES E QUE O GESTOR PARA O FUTEBOL É UM NOVO VALE E AZEVEDO Azevedo e que o apoia. Luís Filipe Vieira desiste, mas tem a promessa de Vilarinho que terá lugar na presidência da futura SAD do Benfica. Vale e Azevedo perde e Luís Filipe Vieira é anunciado, depois de algum suspense em redor do nome, como gestor do futebol encarnado, pois não pode ser presidente da SAD. A lei impede-o: um administrador só pode transitar de uma para outra SAD depois de completar um ano sem exercer funções. Alguns membros dos Órgãos Sociais fazem eco da discordância. Luís Filipe Vieira mostra que entrará na Luz com pulso de ferro. Referindo-se aos dirigentes que colocam resistências ao seu ingresso, diz: “O Benfica terá sempre uns papagaios. Se for para lá, garanto que isso acabará.” Comprara o início de uma guerra interna. O gestor do Benfica escolhe José Veiga como empresário privilegiado e inicia o período de contratações. Está tudo a correr sobre rodas quando Fernando Meira, designado capitão, fala com responsáveis do Estugarda por causa
da possível transferência (mais tarde concretizada), mas desmente os contactos numa entrevista. Luís Filipe Vieira, irritado, esclarece a situação e obriga o jogador a retractar-se publicamente. João Carvalho, vice-presidente do Conselho Fiscal, critica a postura e põe em causa os seus poderes, visto não ter sido eleito pelos associados. O gestor esclarece que tem “poderes além do futebol” e volta a atacar os Órgãos Sociais: “No Benfica há demasiados tecnocratas sem experiência de vida e que não fizeram fortuna do zero.” Entretanto, pede a Vilarinho uma posição drástica. O presidente corresponde: avisa que só devem falar publicamente ele próprio, o gestor para o futebol e o director de comunicação, João Malheiro. A batalha prossegue com a discussão acesa da construção do estádio. Os investidores do Benfica, construtores civis conhecidos como o “lobby do betão”, querem um estádio novo. Alguns membros dos Órgãos Sociais consideram que a Luz deve ser remodelada.
Luis Nazaré foi o prim eiro a bater com a porta
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A OPOSIÇÃO
Largar Jardel foi um erro de gestão: melhor marcador da Europa
HÁ QUEM DIGA QUE LUÍS FILIPE EQUACIONA A HIPÓTESE DE SE CANDIDATAR. E JÁ FEZ SABER QUE TERÁ ALIADOS DE PESO: O BES E A SOMAGUE. Vilarinho é inconstante: tanto dá a mão a uns, como a estende aos outros. O gestor para o futebol e os “tecnocratas” entram em rota de colisão. As demissões sucedem-se. Luís Nazaré, presidente do Conselho Fiscal, é o primeiro a sair. Mário Negrão, vice-presidente para a área fiscal, segue-lhe as pisadas. João Carvalho (que depois da saída de Luís Nazaré assume o cargo) demite-se. Lopo de Carvalho, convidado para administrador da Benfica Multimedia, nem chega a exercer. Por último, Silva Gomes, administrador da SAD e um dos impulsionadores da campanha, abdica do cargo.
Abandonos justificados com “razões profissionais” ou “pessoais”. A forma diplomática de sair sem bater com a porta. Ou de não acusar aqueles em quem mais apostaram: “Não são as pessoas que não foram eleitas que têm responsabilidades, não posso cair em cima de um colaborador da SAD do futebol levado pelo presidente. Mal de mim se um subordinado provocasse a minha saída”, declara João Carvalho, que acrescenta: “O Benfica não tem liderança, está a ser gerido por incompetentes. Lamento que tenha contribuído para isso e peço desculpa aos associados. Mas a culpa é do presidente.” Na hora de fazer o balanço perante o quarto lugar no campeonato e o afastamento da UEFA, Gaspar Ramos não se esquece que Vale e Azevedo “deixou o clube nas lonas”, mas acusa a actual direcção de “não ter um plano organizado nem uma estrutura para pôr em prática”. O antigo dirigente deixa um recado ao líder: “Gostaria de ter um presidente com um perfil diferente. A imagem de um presidente do Benfica tem de ser grandiosa, igual à da grandeza do clube.” Silva Gomes é mais directo: “Não ganhamos o campeonato, não temos uma equipa maravilha, não atingimos os objectivos. Logo, a gestão falhou. Estamos na situação do costume: para o ano é que é bom, depois é em 2004 para celebrar o centenário do clube... Com este ritmo de subir dois lugares por temporada – o ano passado ficámos em 6.º e esta época em 4.º –, em 2004 somos campeões.” Estes recados vão directos à má gestão de expectativas de Vieira. No início da época, disse que a “equipa maravilha” seria campeã. Em Abril, que “é mais importante conservar Simão e Mantorras do que ir à Europa”. Finalmente, declarou que o Benfica tem a “coluna vertebral do futuro campeão europeu”, talvez em 2004.
H E R Ó I S D E A LV E R C A
Em dez anos, Vieira e o adjunto puseram o clube na I Liga Luís Filipe Vieira é eleito presidente do Alverca em Maio de 1991, estava a equipa na II Divisão B. Na época 94/95, ascendem à Divisão de Honra e, em 98/99, estreiam-se na I Liga. Para isso, terá contribuído a celebração de um protocolo de intercâmbio de jogadores juniores com o Sporting e, mais tarde, com o Benfica, quando passam a clube satélite, recebendo os “excedentes” da Luz. Com a entrada em cena de Vieira, apoiado por um grupo de empresários da região, o desenvolvimento das infra-estruturas acelera (concluem-se as obras no Complexo Desportivo) e a gestão torna-se profissional com o nascimento da SAD, em Dezembro de 1999. Antes de deixar o clube, ainda inaugura o pavilhão e projecta o centro de estágio.Tal como nas empresas, sai, mas deixa homens da sua confiança: Manuel Bugarim, parceiro nos negócios, é chamado para a presidência da SAD; Almerindo Duarte, igualmente sócio, é vogal, e o filho ocupa o posto de administrador e principal defensor dos interesses do pai
accionista. Mais: Luís Filipe Vieira abdica da SAD, mas ainda é o presidente do clube: com mandato suspenso. Porém, não se pode falar do Alverca sem fazer referência a Manuel Ribeiro, presidente entre 1985 e 1990 e adjunto no legado Vieira. Em 1991, quando o actual gestor do Benfica assume a presidência e inverte a estratégia, é Manuel Ribeiro que fica no clube a tempo inteiro a tornar palpável o projecto: Vieira aparece nos jogos e pontualmente na sede. É Manuel Ribeiro que assina o acordo para que o Alverca seja clube satélite do Benfica, e que começa a construção do Complexo Desportivo terminado por Vieira. A sua obra acaba com a chegada da SAD. Dizem que foi empurrado para que José Couceiro, ex-Sporting, tivesse assento como homem forte do futebol. Manuel Ribeiro diz que Vieira o respeitou “sempre e é um grande gestor”, mas escapa-lhe a mágoa: “Saí com o Alverca na I Liga. Nunca tive uma descida de divisão. As pessoas que tirem as conclusões.” Conclusão: o clube desceu á II liga.
Mantorras: a grande aposta ficou aquém das expectativas
Vitor Santos: de amigos insperáveis a inimigos figadais
ATÉ COM VÍTOR SANTOS ENTROU EM LITÍGIO. JÁ NÃO SE FALAM DESDE QUE SE CONSUMOU A TRANSFERÊNCIA DE JARDEL PARA O SPORTING
TÃO AMIGOS QUE ÉRAMOS A gestão das amizades também não foi das melhores. Até com Vítor Santos, que no início da época revelava na Super Maxim que Vieira era um Rolls Royce e Vilarinho um Fiat 127, o gestor do futebol encarnado entrou em litígio. Já não se falam desde que se consumou a transferência de Jardel para o Sporting. A história relatada por uma pessoa que esteve intimamente ligado ao processo: “Vítor Santos conseguiu a garantia bancária de 5 milhões de dólares para pagar ao Galatasaray pela contratação de Jardel. E comentou com o gestor para o futebol, julgando que lhe estava a dar uma boa notícia. Em vez de festejar, Vieira apressou-se em ir contar a José Veiga. Daí ter dito na imprensa que quem tem Sokota e Mantorras não precisa de Jardel.” Vítor Santos não lhe perdoa a traição e põe-no de parte. Com o corte de relações, Paulo Barbosa, que estava a tratar do negócio Jardel, leva por tabela. Após a zanga, o empresário vê Quim Berto, jogador contratado por Vilarinho ao Sporting, passar de reforço a dispensado em dois meses. Comentário de Luís Filipe Vieira: “Opção técnica. Não posso dizer mais nada porque não fui eu que o contratei.” E há mais: Maniche e Paulo Madeira, anterior capitão, são impedidos de treinar com o plantel principal, Rui Baião é relegado para a equipa B. Numa entrevista a um semanário, Paulo Barbosa afirma que alguns dos seus jogadores foram aconselhados a não contactar com ele.
A imagem de self-made man, duro e determinado, que até aí Luís Filipe Vieira cultiva, sofre um golpe no último dia de Outubro de 2001. As insinuações de que é o dono do passe de Mantorras intensificam-se e vê-se obrigado a ir à televisão clarificar a questão. Perante as câmaras da TVI, prova com documentos que nunca tira quaisquer proveitos com a transferência e, em lágrimas, pede mais uma vez que o Benfica o apoie, naquela que considera uma cabala montada contra si e a sua família “por benfiquistas”, alguns deles seus “amigos”. Ameaça bater com a porta no fim-de-semana seguinte. O jogo contra o Guimarães é o último. Vilarinho volta a solidarizar-se e o gestor permanece. E continuam as intimações. Lopo de Carvalho afirma que é o culpado de o Sporting poder encomendar as faixas por ter abortado a contratação de Jardel. O ex-dirigente do Alverca mostra--se indisponível para continuar. A direcção reúne de emergência e reitera a confiança no homem-forte do futebol e a demissão esfuma-se. Perdese a conta às vezes que Vilarinho vem a terreiro defender Luís Filipe Vieira.
OS SONHOS Solidariedade é palavra que não se aplica a algumas das últimas declarações de Vieira. Em Fevereiro, assumiu pela primeira vez, em Angola, que estava disponível para a presidência da SAD, mas avisou que o Benfica teria de funcionar como uma empresa. Um mês depois, em Almada, explicou me-lhor. Disse que a gestão do clube era uma
Paulo Barbosa: os se dores foram af us jogaastados
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“pequena anarquia” e foi lapidar: “A direcção que, no futuro, vier a ser eleita, tem de ter transparência, rigor e apostar em quadros de primeira linha.” Frase elogiosa para os actuais gestores da SAD. Outra: no lançamento da biografia de Jardel aparece na cerimónia, pede ao brasileiro para autografar o livro e deixa-se fotografar ao lado dele. Não é de bom tom associar-se a Jardel numa altura em que o jogador tem um processo em tribunal contra o presidente do Benfica, em que pede uma indemnização por quebra de um acordo. Dois actos que poderão ser entendidos como dois sinais do futuro próximo: em Julho, quando começar o novo exercício contabilístico das SAD e Vilarinho cumprir a promessa de o colocar como presidente, o discurso pode tornar-se num “quero, posso e mando”. Luís Filipe Vieira até já assegurou a Vilarinho que possui os 4 milhões de contos para cobrir os avais – vencem agora – que, no início da época, foram assinados pelos investidores Vítor Santos e José Guilherme (dois homens que agora não querem mais nada com o Benfica), garantindo assim que haverá dinheiro para completar o aumento de capital e garantir as primeiras despesas do clube. Para já, portanto, Vilarinho pode ainda decidir com Vieira que Simão Sabrosa será o próximo capitão do Benfica. Para a próxima época, porém, com a presidência da SAD e as garantias bancárias dos investidores pagas por si, Vieira manterá Manuel Vieira e Veiga estão juntos para o bem e para o mal
O HOMEM FORTE DO FUTEBOL ENCARNADO APOSTOU TUDO NA RELAÇAO COM O EMPRESÁRIO JOSÉ VEIGA. HÁ QUEM JURE QUE ESTA ALIANÇA ASPIRA A MAIS ALTOS VOOS Vilarinho sobre sua dependência e poderá, finalmente, ter tudo na mão. Apesar de um cenário de eleições anteUm empresário não paga uma dívida a cipadas não passar de uma distante possium amigo de Vieira, que chama um bilidade – a ida às urnas está marcada e a homem das cobranças difíceis data é o mês de Outubro de 2003 –, a verdade é que não é previsível que Vilarinho Varela não paga a Gama, industrial de Arganil, o dinheiro correspondente à cessação de quotas da TIM – saia antes de o estádio estar construído, Transportes Internacionais de Mercadorias, empresa de apesar de desabafar quase diariamente que Lisboa, da qual faz partem, como património, um camião está “cansado e farto de polémicas”. Há e o respectivo semi-reboque. Irritado com o mesmo quem diga que Luís Filipe equacioincumprimento, Gama comenta com Luís Filipe Vieira – na a hipótese de se candidatar, e que já fez que tem ligações à firma. Vieira predispõe-se, então, a arranjar um homem das cobranças difíceis. Juntos, os saber no meio que, se arrancar com a candidois contratam Suzano e explicam-lhe o plano. Às duas datura, terá aliados de peso: o BES e a O “Rei dos pn da madrugada de 28 de Março de 1984, Suzano e três eus” já teve pro blemas com os tribun Somague. João Carvalho espera que, se houais por causa cúmplices localizam o camião em Setúbal e da forma como cobrou uma dívida dif ver eleições antecipadas, “apareçam benfiícil surpreendem o motorista a dormir. Identificam-se quistas capazes de tornear esta situação. Já como elementos da Interpol, mostram coldres vazios, ameaçam-no de prisão, dizem que vêm apreender a viatura e obrigam o motorista a tinha passado por uma apropriação quando estive com conduzi-los para as instalações da Caterpneus, firma de Moscavide de Vale e Azevedo nos anteriores Órgãos Sociais. Espero que Vieira é sócio. O caso chega a tribunal e os juízes condenam, em que não aconteça outra vez agora. Luís Filipe Vieira é 1993, mandantes e operacionais por crime de roubo. Vieira é um segundo Vale e Azevedo.” condenado a vinte meses de prisão, mas duas leis de amnistia valem-
CA S O D E P O L Í C I A
-lhe o perdão.
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IMPÉRIO VIEIRA
Em pouco mais de 12 anos, o gestor do futebol encarnado associou o seu nome a perto de 30 empresas. A lista que faltava Tratomáquinas - Importação e Comércio de Acessórios, LDA Detém quotas desta importadora de máquinas agrícolas. Sede: Sintra Obriverca - Construções e Projectos, SA Transformada em Sociedade Anónima em Abril de 1990. Associada à Ediverca. Imoloc - Sociedade de Gestão e Investimento Imobiliário, SA Abril de 1990. Constituída para arrendamento e venda de imóveis. É membro do Conselho Fiscal. SINA - Investimentos e Administração, SA É registada, em Julho de 1990, a sua nomeação como administrador. Turixira - Sociedade de Construções, Projectos e Urbanizações, LDA Em Janeiro de 2001, é englobada na holding de Vieira, Inland. Camionagem Pérola Oureense, LDA Nomeado com um dos três gerentes em Março de 1991. Manuel Francisco, LDA Abril de 1991. Registo da sua nomeação como um dos dois gerentes. Camial - Comercialização de Camiões, LDA Junho de 1991. É nomeado gerente. Predimo - Empreendimentos imobiliários, LDA Além dele e outro sócio, fazem parte Eduardo Rodrigues e Manuel Bugarim. Sede: Alverca do Ribatejo Health Club - Em Movimento, LDA Em associação com Eduardo Rodrigues. Sede: Alverca do Ribatejo
Hiperpneus, SA Maio de 1996. É registada a sua nomeação como presidente do conselho de administração. Em Março de 2000, deixa de pertencer aos órgãos sociais e é deliberado que a empresa passa a ser presidida por António Barros dos Santos. Nove meses depois é aprovada a fusão com a R.I. Pneus, SA, empresa de Braga, que efectua a transferência global do património para a Hiperpneus ENR - Construções e Empreendimentos imobiliários, LDA Gerida por ele e Eduardo Rodrigues
Fonte: Diário da Repúblicaa
TNC – Transportadora Nacional de Camionagem, SA 1996. É vogal da administração Magamundi - Sociedade Comercial de Pneus, SA Presidente do conselho de administração desde 1997. Sede: Póvoa de Santo Adrião FIPAR - Sociedade Gestora de Participações Sociais, SA Nomeado em 1997 para o conselho de administração Credifilis - Construções e Empreendimentos Imobiliários, SA É vogal do conselho de administração Boguerfil - Empreendimentos imobiliários, LDA Março de 1998. Eduardo Rodrigues, Manuel Bugarim e LFV constituem a sociedade. Sede: Alverca do Ribatejo Pedra Solar - Sociedade Imobiliária, AS Nomeado em 2000 para o conselho de administração
Inland - Promoção Imobiliária, AS É um dos administradores que aprova o aumento de capital de 35 milhões de euros da holding em Dezembro de 2000
ALICE FÉLIX
Alice no país
das maravilhas
Nasceu em Angola, é morena e tem um corpinho de cortar a respiração.Chama-se Alice e deixou-nos maravilhados!
Fotógrafo Rui Moreno Styling Michele Santos
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ALICE FÉLIX
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m 1997, Alice foi uma das cinco finalistas do concurso Miss Portugal. Não ganhou, mas mesmo assim recebeu um convite da Elite, uma das mais prestigiadas agências de modelos a nível mundial. Enquanto manequim, tem feito um bocadinho de tudo. "Em Portugal, é mais passerelle. No estrangeiro faço mais fotografias e anúncios." Uma carreira televisiva também não está posta de parte: "Mas não como actriz. Gostava de ser apresentadora de um programa de música, algo mais informal." Por agora, vai fazendo o que mais gosta: viajar. Curiosamente, aponta as viagens como as principais responsáveis por actualmente ser uma mulher livre: "Viajo de mais para ter namorado." Perante isto, a maioria de nós começou logo a informar-se sobre possíveis vagas para caixeiro viajante. Infelizmente, esta é uma profissão em declínio e fomos obrigados a voltar às nossas velhas secretárias. Alice disse-nos ainda que adora sair à noite e que o programa ideal para um dia de folga passa por um bom restaurante, um bom bar e uma boa discoteca, "mas bem acompanhada", acrescenta. Na sua linguagem, isso significa um rapaz que a respeite e que tenha mãos, olhos e dentes bonitos. Se todas as raparigas fossem como ela, Portugal era mesmo o país das maravilhas! J.G.
ESTATÍSTICAS VITAIS Nome: Alice Sofia dos Santos Félix Idade: 25 Altura: 1,76 m Busto: 90 Cintura: 63 Anca: 91 Olhos: Castanhos-escuros Cabelo: Castanho-escuro À mesa: Caril No corpo: Lingerie preta No leitor de CD’s: Jamiroquai Desporto: Patins-em-linha
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“Viajo demasiado para ter namorado” Junho 2002
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Cabelos e Maquilhagem Nani Fernandes Assistente de Moda Rita Rosa
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“Normalmente durmo só de lingerie”
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Nada nos traz recordações tão claras como uma Mega Handycam.
A DCR-PC120 da Sony tem um CCD de 1.55 megapixeis. Juntamente com a lente Carl Zeiss, oferece-lhe 530 linhas de resolução horizontal. Isto significa que, para além de uma visão 20/20 quando está a filmar, vai obter uma visão 20/20 quando está a reproduzir. Pode também captar imagens fixas com uma nitidez cristalina. Basta mudar para o modo “Photo” para obter uma resolução de 1.360x1.020 pixeis. Criar videos para enviar por e-mail é igualmente simples. Além do Memory Stick, a DCR-PC120 está equipada com tecnologia Bluetooth™. Isto permite-lhe enviar pequenos filmes MPEG e fotos através da ligação a um telemóvel compatível com Bluetooth. Com este tipo de flexibilidade, o que vê, e o que partilha, é aquilo que nunca esquecerá. (A DCR-PC120 é fornecida com um Memory Stick de 8 MB) www.sony.pt Sony, Handycam e Memory Stick são marcas registadas da Sony Corporation, Japão. As marcas registadas Bluetooth são propriedade da Bluetooth SIG, Inc., USA.
Centro de Informação ao Consumidor 808 200 185
texto Pedro Boucherie Mendes Fotos JosĂŠ Chan
RAPA O TACHO
SEJA UM
MACGYVER
Está na altura de distinguir um ovo escalfado de um ‘consommé’ de ervilhas. E, mais importante, aprender truques para ser melhor que elas. Para isso, fomos ao Braz & Braz e passámos três semanas numa cozinha até o arroz sair soltinho!
NA C ZINHA A relação chegou àquele ponto em que se atreveram a comer em casa e descobriram que cozinhar não é nada fácil? Ou é a carne que queima, o molho que não liga, os ovos estrelados que ficaram uma desgraça, já para não falar do arroz que se colou à panela, enquanto na televisão a nossa equipa está a fazer o jogo da época. Então se for ela que lá está, e não distingue uma caçarola de um micro-ondas, o mais certo é balúrdio que acabou de
gastar no hiper ir directo para o lixo. Está na altura de meter mãos à obra e tratar de resolver o assunto: parabéns, acaba de descobrir que elas querem que você faça mais coisas do que pendurar candeeiros e ir passear o cão à rua. Se quer ser um verdadeiro mestre na cozinha e na culinária, este não é o sítio indicado – são precisos anos e anos de prática, muito saber, um dom e gostar de lavar a loiça –, mas se tem a mania que faz um pratos, ou se acabou de se separar e está farto de mandar vir pizzas,
comprou a revista certa! Nas próximas páginas, verá decifrados alguns dos enigmas que há muitos anos o intrigam (bem, se calhar nunca pensou nisso, mas vamos supor que assim é...) e, BEM MAIS IMPORTANTE, poderá aprender verdadeiras soluções MacGyver que não só o vão tirar de apuros culinários, como o tornarão num aliado precioso na cozinha enquanto ela lá está, ou então, quando for mesmo preciso fazer as pazes e você se vê forçado a dizer "Hoje cozinho eu!".
Gafanhoto, só cozido
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REGRAS QUE VÃO MUDAR O MUNDO
Se seguir estes passos como se fossem leis, tudo se tornará muito mais fácil. O que não quer dizer que fique a saber como estrelar um ovo.
1. SIGA A RECEITA
2. NÃO INVENTE
Arranje umas receitas e comece por experimentar. Verifique se tem todos os ingredientes, como é óbvio: é impossível fazer bife com cogumelos sem cogumelos. Mantenha a calma e, em caso de dúvida, ponha a menos. No fim é que se rectificam as coisas. Ah, e comece por coisas simples, não vá logo fazer Perdiz à Convento de Alcântara, porque de outra maneira o resultado será um desastre tão grande que perderá a vontade de comer e morrerá à fome.
Esta é a regra mais importante: experimente, mas não invente. Lá porque há açafrão das Índias no armário das especiarias, ou azeite aromatizado na despensa, não quer dizer que tenha de o juntar ao bolo de chocolate. A tentação de meter um pouco de tudo é grande, mas evite, porque acabou de chegar à cozinha e não pode fazer tudo de uma vez. E não se esqueça, as natas não salvam qualquer coisa e são uma bomba de colesterol.
!! Caraças! Que perdi o br
inco!
O vinho é que me dá asas Junho 2002
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6.
A COMIDA JÁ NÃO É O QUE ERA Se não consegue fazer aquelas amêijoas como costuma comer na Carrapateira por mais que tente, isso pode ter a ver com a qualidade dos produtos. Os químicos que ajudam à produção em grande escala acabam por retirar aos alimentos grande parte do seu sabor. O frango não sabe a nada, os morangos não sabem a nada e por aí fora. Desista e dê graça Deus de haver o caldo Este gajo é Knorr. um porco
À 17.ª vez, ele percebeu que tinha de girar
Quatro horas depois, a cebola estava picada
8.
HÁ COISAS QUE NÃO VALEM A PENA Não vale a pena fazer pizza em casa: o seu forno, pura e simplesmente, não dá, porque não atinge as temperaturas certas. O mesmo é válido para o seu fogão: dificilmente aguenta a água a ferver quando você lá mete o esparguete, por isso é que é fundamental perceber que tipo de equipamento tem em casa. Isto é válido para o tipo de tachos e frigideiras que usa: às vezes as que têm um ar mais velho e usado são as melhores ("é nos tachos velhos que se fazem os melhores cozinhados", dizem os alentejanos e dizem bem). O que isto significa é que dificilmente você chega lá e já está! Não está, meta isso na cabeça.
3.
NÃO SE PREOCUPE, VOCÊ NUNCA SERÁ UM BOM COZINHEIRO Nada como um pouco de prática para se perceber como é difícil cozinhar bem, a sério e de forma variada. Normalmente sabemos fazer um ou dois pratos bem, e tudo o resto sai uma boa porcaria, ideal para ir directo para o lixo. Para se ser um razoável cozinheiro, é preciso muita prática, conhecer os alimentos muito bem e saber onde os comprar, ter muita paciência e err... amor ao que está a fazer. Quer dizer, você quer mesmo saber como fazer um molho espesso a partir dos sucos que ficaram no tacho depois de um assado (se a resposta for sim, comece por retirar a gordura que flutua e só depois adicione o espessante)? Como você prefere ver a bola, o melhor é esquecer.
4. NÃO SE APRESSE Qualquer prato ficará melhor se for feito lentamente, de forma a que os sabores se possam conjugar. Se vai dar um jantar, comece a prepará-lo de manhã. Se preferir, encomende e diga que faltou a água, mas – e já parecemos uma revista feminina – verá que o tempo que passa na cozinha pode ser muito relaxante e o fará esquecer do facto de o seu vizinho da frente ter um “BMW” novo, enquanto você guia o “Panda” que era da mãe.
Quer que pise, ou come assim?
Mesmo com metade no chão, ainda sobrou o suficiente para fazer o refogado
7.
A MADEIRA É GIRA NOS MÓVEIS As colheres de pau, embora castiças e jeitosas para bater nos putos, retêm os sabores dos alimentos. O mesmo é válido para as tábuas de corte. Deixe-se de tradições e prefira tudo em plástico. Se comprou o material em madeira, meta-o na lareira e vá comprar tudo de novo.
5. INVISTA A SÉRIO Invista em excelente equipamento. Aquelas facas que comprou na Loja dos 300 vão deixar de cortar daqui a uns dias.
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Ando a arranjar lenha para me queimar
9. PENSE DEPRESSA Não é possível cozinhar bem e ter a mania que “ninguém pode entrar na cozinha”. Tem de se habituar à confusão e manter a cabeça fria, definindo prioridades: ou seja, há muito que essa salsa já devia estar picada.
10. ÁGUA A FERVER Tenha sempre água a ferver – ou numa chaleira, ou numa panela ao lume. É preciso para quase tudo, cozer, escaldar, pelar, etc. Mais de cem episódios sem arranjar uma mulher. MacGyver para quê?
RAPA O TACHO
FOI UM ‘AR’ QUE
Ó QUERIDA, FAZ ANTES ASSIM... Entre na cozinha e ensine à sua mais-que-tudo soluções fantásticas para problemas eternos PEIXE FRESCO: DO MAR OU DO CONGELADOR? O seu sogro tem a mania que distingue se o peixe acabou de morder ou isco ou se estava esquecido numa arca da Brandoa, mas não lhe explica o truque? O peixe fresco tem os olhos brilhantes e meio salientes, pele firme e brilhante e não cheira a amoníaco. LAVAR COGUMELOS Nunca mergulhe estes fungos em água – vão absorver e empapar. Lave-os debaixo da torneira, raspando a sujidade e deixe-os poisar uns dez minutos antes de fazer aqueles bifes com cogumelos – o único prato que sabia fazer até hoje. LIMAS E LIMÕES Estava tudo preparado para uma grande “caipiroska” e só tem duas limas? Meta o fruto no micro-ondas durante 30 segundos e deixe repousar. Depois role-os na pedra da cozinha, pressionando levemente. Não sairá o dobro do sumo, mas quase. É a minha cara-metade
SAL A MAIS Há duas maneiras, uma mais eficaz do que a outra: se está a fazer um molho ou uma sopa, deite metade fora e comece tudo outra vez, tendo em conta a proporção dos ingredientes. Ou então adicione uma grande batata descascada, deixe cozer e retire-a. No fim, atire-a à cara de alguém. DEMASIADA GORDURA O seu colesterol disparou e a sopa ou o ensopado têm demasiada gordura? Arranje folhas verdes (alface, couve), corte-as grosseiramente com as mãos e meta-as no tacho: a gordura vai agarrar-se às folhas. Outra maneira é meter o cozi-
Não distingo uma abrótea de um safio, mas...
nhado no frigorífico, aguardar umas horas e esperar que a gordura venha ao de cima. FIO DENTAL O fio dental (mas daqueles sem sabor) é excelente para cortar queijo fresco, molotovs e essas coisas. Finja que é um assassino da Máfia e vá em frente. Não se esqueça que depois não é suposto usá-lo nos dentes. AFIAR FACAS OU TESOURAS Se não houver nenhum daqueles amoladores com assobio irritante nas redondezas, use um esfregão verde para a loiça e veja toda a gente a abrir a boca de espanto. ALHO FÁCIL Enfie os dentes (do alho) no micro-ondas, no máximo durante 15 segundos. Não, não é por terem a mania que são espertos: é porque assim a pele sai muito mais facilmente. ARROZ SOLTINHO Junte umas gotas de sumo de limão à cozedura e verá como o arroz fica mais solto. CORTAR CEBOLAS Nos filmes, nos livros de cozinha e naqueles programas de televisão com “chefs” jeitosos, picar uma cebola parece estar ao alcance de qualquer papalvo, mas não é assim. Quem já experimentou, sabe daquilo que nós estamos a falar (como diria o Octávio). Primeiro descasque-a, mas não tire aquela parte da raiz (era essa a primeira a ir, não era?). Depois corte-a em duas partes, verticalmente na parte da raiz, de forma a ficar com dois bocados. Em seguida, segure a parte da raiz com os dedos e faça cortes paralelos o mais junto que conseguir (NÃO CORTE ATÉ À RAIZ, porque é o que mantém a cebola intacta). Em seguida, corte na perpendicular e já está. Se não quer ser visto a chorar como uma Madalena, antes de passar à acção, passe a cebola, as mãos e a faca por água fria. Isto sim, é um banquete
SE LHES DEU
Acha que sabe distinguir um assado de um estufado? Pense outra vez.
ASSAR Assar é fácil e difícil: se por um lado é só meter a peça no forno, o problema é a temperatura. Se não for a correcta, o alimento não cozinha como deve ser. Então como se faz? Isso queríamos nós saber! A melhor maneira de errar o menos possível é começar com uma temperatura elevada para garantir que a peça fique tostada. Saiba que enquanto repousa, a carne continua a assar! No fim, é só juntar um pacote de batata frita.
ESTUFAR Cozinhar numa pequena quantidade de líquido. Ao contrário de escalfar e de cozer, em que os alimentos são completamente submersos em líquido fervente, os estufados usam uma porção relativamente pequena de líquido – mais ou menos até metade. O objectivo do estufado é concentrar o sabor dos alimentos no líquido que os rodeia, de forma a que possa ser utilizado como molho.
FRITAR Fritar é lixado, deixemo-nos de coisas. Se a gordura está demasiado quente, fica cru por dentro e carbonizado por fora, se não está, os alimentos absorvem demasiada gordura e ficam uma porcaria. A técnica é a seguinte: se o óleo ainda estiver frio, os alimentos vão ao fundo; se estiver demasiado quente, os alimentos flutuam de imediato. Estará boa quando os alimentos forem ao fundo e subirem logo de seguida.
O verdadeiro paneleiro
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ABC DO TACHO Aprofunde os seus conhecimentos
ALOURAR – fritar ou tostar ligeiramente até obter uma cor dourada
AMANHAR – Preparar o peixe retirando-lhe escamas e vísceras APURAR – cozinhar muito lentamente, de forma a obter uma boa concentração de aromas e sabores BANHO-MARIA – quando se coloca um recipiente noutro, que contém água a ferver ou não. A ideia é cozer ou aquecer sem usar calor directo, cozinhando lentamente. DESTEMPERAR – Reduzir o aroma ou grau de temperatura, mediante a adição de um líquido. EMULSÃO – A ligação perfeita de compostos ou ingredientes líquidos diferentes, de maneira a formar um preparado homogéneo. ENGROSSAR – Tornar um molho mais espesso, juntando farinha, por exemplo. ESCABECHE – Molho preparado à base de azeite, vinagre, alho, louro e cebola. FRICASSÉ – Uma espécie de guisado, onde o molho é ligado com gemas de ovo e sumo de limão GRATINADO – Cozinhado envolvido num molho que posteriormente será levado ao forno até formar uma crosta. JULIANA – tipo de corte dos vegetais, em tiras finas. PUXADA – Refogado, mas onde a cebola apenas amacia, não chegando a alourar PELAR – tirar a pele REFOGADO – cebola frita e alourada em gordura, à qual se juntam depois outros alimentos. SALTEAR – Fritada rápida de alimento em lume forte, agitando a frigideira durante o processo. SUAR – quando um alimento é guisado em lume lento no seu próprio suco. – Pai, posso mandar vir uma pizza?...
Tudo bem, pode ser essa a lavar a loiça
O P R O B LE M A JÁ NÃO É D E P O I S
MÃOS LIMPAS
O forno parece um campo da Al-Qaeda depois de um bombardeamento Estou com uma mão americano? Azar o seu. Eis como minimizar os riscos. um bocadinho ‘gay’
FORNO MALDITO Ela estava a tirar a lasanha e deixou cair queijo derretido. Não há problema, deite sal grosso para cima das nódoas, espere que seque e remova com uma espatulazinha de metal (não risque). Depois é só passar uma esponja húmida. Explosões ao domicílio
CHEIRO A OVOS Qualquer um sabe que o cheiro a ovos se propaga pela loiça mais depressa do que uma gripe na sala de espera de um hospital (é por isso que essa deve ser sempre a última loiça a ser lavada). Se isso já é chato, e quando há restos de ovos que se pegam à frigideira? Passe essa loiça por água fria – a água quente que você costumava pôr ainda “coze” mais os ovos, deixando tudo mais entranhado. FORA COM OS FRITOS Na próxima vez que fizer fritos, coloque um copinho de lixívia nas redondezas do fogão. A lexívia absorve muitos dos cheiros. Mas atenção: tenha a certeza que sabe onde está a lexívia, na vá distrair-se e misturá-la na canja. MICRO-ONDAS INFERNAL Pois é, a empregada não anda a limpar o aparelhómetro como deve ser e sempre que aquece o leitinho à noite fica a saber a sopa de grão? Na próxi-
ma vez, ponha um pirex com água lá dentro e deixe ferver durante 2 minutos. Aguarde. O vapor ajuda a desentranhar a porcaria. Se juntar umas gotas de sumo de limão, os cheiros desaparecem. MÃOZINHAS DE OURO A loura está a chegar, você esteve a cozinhar e as suas mãos cheiram pior que os pés? Agarre numa batata crua, esfregue-a nas mãos e depois lave com água e sabão. Ninguém nota que esteve as últimas três horas a arranjar as lulas. LÁ VAI ALHO O cheiro a alho entranha-se nas mãos, pior que um cobrador do fraque à porta de um caloteiro. Esfregue as mãos numa colher de metal enquanto lava as mãos: a reacção química anula o cheiro. LIMPAR O ROBÔ Cometeu a ousadia de usar o robô de cozinha que a tia ofereceu à sua mais-que-tudo no Natal e só agora percebeu porque é que nunca sai do armário: é impossível de limpar! Em vez de desmontar aquilo para lavar, ponha simplesmente um pouco de água morna e detergente da loiça e um, dois, três... Depois é só passar por água. Tenho saudades da Lena d’Água
DUAS RODAS
Se já tem o blusão de cabedal e um colete de ganga com uma águia bordada nas costas, só lhe falta escolher a mota. Textos João Godinho
A LO B A S O L I T Á R I A
BMW R1200C A mota ideal para quem gosta de viajar sozinho. Um banco único é uma óptima desculpa para se livrar de penduras indesejáveis, ainda que também possa funcionar contra si, caso tenha acabado de conhecer uma
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rapariga e a queira levar a casa. Com um motor boxer de 1170 cc capaz de debitar 61 cavalos, e uma velocidade máxima de 168 km/h, este veículo vai ser o companheiro de viagem com que sempre sonhou.
DUAS RODAS
ASPIRADOR DE MÃO
APRILIA SR 50 DITECH Os italianos juram a pés juntos que esta é a acelera mais desportiva alguma vez feita. Isto porque está equipada com o revolucionário motor Ditech, um 50 cc de injecção directa, capaz de cumprir os
100 metros em menos 1,5 segundos que as scooters tradicionais. Para além disso, é ainda uma das melhores aliadas da carteira, consumindo apenas 2 litros a cada 100 quilómetros percorridos. Uma verdadeira economia de escala!
RODAS DE OURO
HYOSUNG MIDAS Os coreanos desenvolveram uma mota citadina bem diferente das outras que circulam por aí. Apesar de parecer que foi desenhada a pensar no gosto das velhinhas inofensivas, a Midas vem equipada com um motor de três
válvulas e 110 cc e caixa de quatro velocidades. É certo que o modelo podia ter um ar mais masculino, mas as motas são um meio de transporte e não uma arma de engate, lembra-se?
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DUAS RODAS SACO DE COMPRAS
ÁGUIA RASTEJANTE
HARLEY-DAVIDSON VRSCA V-ROD As malas têm espaço para dois garrafões de 5 litros...
A Harley é já um ícone do povo americano. É o veículo da liberdade e raros são os amantes de motas que não sonharam um dia cruzar os EUA numa destas meninas. Se bem que diferente daqueles modelos de guiador alto e selim reclinado, a V-Rod mantém intactos os valores da marca. Não faltam os cromados, o motor de 1130 cc é suficientemente bruto para desenvolver 115 cavalos de potência, e o design combina com todo o tipo de motards, desde o estilo Yuppie aos
feios, porcos e maus. Parece é que o preço fica mais em conta para os primeiros. Venda o apartamento, separe-se da sua mulher, deixe crescer a barba e meta um lenço na cabeça. Agora é um motard com “M” grande e pode começar a frequentar as concentrações, onde o que não faltam são miúdas que despem a roupa em nome da liberdade!
A SUPERENCER ADOR A
PIAGGIO X9 500 Combina com a sua bela gravata de cornucópias A scooter dos executivos por excelência. Sim, porque os senhores do fatinho e mala de pele já não têm estatuto para andar montados em aceleras de 50 cc! Com o mercado em expansão, a Piaggio lançou uma 500 cc em que não é preciso perder tempo a meter mudanças e que atinge facilmente os 160 km/h. A pensar na segurança dos condutores, a X9 está equipada com um sistema de travagem integral que reduz substancialmente a distância de travagem e que actua eficazmente em qualquer tipo de piso. O compartimento de carga tem capacidade para 45 litros, o suficiente para guardar um pit-bull. É que, depois de a experimentar, não vai querer correr o risco de a perder para um larápio qualquer!
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DUAS RODAS A R R O Z ? TC H AU TC H AU !
HYOSUNG GV 250 AQUILA Ideal para se deslocar enquanto estiver na Coreia a assistir ao Mundial de futebol. Com esta mota irá passar despercebido entre os fanáticos adeptos da equipa da casa, pois a GV é um verdadeiro sucesso no país do taekwondo. Os bancos são individuais, o que permite andar com um amigo a pendura e ao mesmo tempo evitar que ele fique colado às suas costas. De resto, estamos a falar de uma 250 cc com arranque eléctrico, depósito de catorze litros e refrigeração a óleo e ar. Para conduzir, já sabe, primeira velocidade para baixo e as restantes quatro para cima. OLHO DE BOI
N A S C I D A PA R A C U RVA R
RECORDAR É VIVER
BUELL CYCLONE M2
Em terra de cegos, quem tem um olho é rei!
Desconhecida dos menos habituados ao mundo das motas, a Buell é uma marca americana que pertence ao grupo grupo Harley-Davidson. Mas, ao contrário da Harley, mais virada para a condução por puro lazer, a Buell dedica-se à construção de motas mais desportivas. A Cyclone M2 é a prova disso. A sua aparência mais ou menos discreta não deixa adivinhar a potência do motor que a equipa: um 1200 cc,
com dois cilindros em V e que debita qualquer coisa como 91 cavalos. Em termos de estrutura e chassis, tudo foi pensado para proporcionar ao piloto a melhor posição de condução e um maior controlo em curva. Combinando velocidade e segurança, este é um veículo desportivo que se adapta na perfeição às necessidades do dia-a-dia. Não sabemos porquê, mas ao olhar para esta mota lembrámo-nos logo do filme Mad Max.
CASAL BOSS A nossa primeira mota.Foi com muita pena nossa que vimos desaparecer um dos maiores símbolos da nossa adolescência.É certo que só tinha duas velocidades e andava a passo de caracol, mas ainda assim foi graças a esse clássico de duas rodas e 50 cc que hoje nos gabamos de ter curtido com mais de 100 miúdas.
PIAGGIO VESPA Não há muito a acrescentar a esta best-selling italiana. A sua história remonta a 1946 e rapidamente ganhou adeptos no mundo inteiro. Em Portugal, a moda também pegou, embora na realidade nunca ninguém tenha gostado muito daquele sistema de mudanças de punho.
YAMAHA DT 50 LC Quando apareceu, foi o delírio! Talvez o maior sucesso de vendas no mercado das motorizadas. Nos bons e saudosos velhos tempos, a mão que acelerava uma DT era a mão que dominava o mundo. Que o digam os rapazes da Linha de Cascais! Naquela altura, 7,2 cavalos sempre eram 7,2 cavalos!
ZUNDAPP As motorizadas de 50 cc desta marca alemã tiveram uma aceitação sem igual entre a população envelhecida de Portugal. Muitos de nós deram os primeiros passos no mundo das duas rodas nas motas que roubávamos ao tio Zé da Horta. Quem é que não se lembra das folgas daquelas caixas de velocidades e de bater com o joelho no guiador sempre que se mudava de mudança?
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DUAS RODAS VOCÊ DECIDE
AGORA ESCOLHA Tal como no programa de televisão, é só telefonar e pedir a favorita
BMW C1 Até pode parecer um daqueles triciclos que os velhotes gostam de usar para carregar as batatas da horta para o mercado, mas vista bem de perto vai ver que esta é uma mota com a assinatura da BMW e que até tem uma certa pinta. Disponível em duas motorizações, 125 e 175 cc, o ponto forte deste veículo é que a chuva deixa de ser um problema e não se precisa de preocupar com os rails em caso de queda.
APRILIA CAPONORD Polivalência e versatilidade. É assim que a Aprilia define esta mota. Conduz-se com a facilidade de uma mota de enduro e ao mesmo tempo é capaz de oferecer as prestações e o conforto de uma grande turismo. Com um design moderno e equipada com um potente motor bicilíndrico de 1000 cc, a CapoNord é uma mota para quem gosta de fazer turismo mas que não dispensam o lado desportivo da condução.
YAMAHA YZF-R1 Lançada há quatro anos, a R1 acompanha as tendências da moda e aparece em 2002 de cara renovada. Com um design futurista mas ao mesmo tempo funcional, esta 1000 cc oferece ao piloto uma combinação única de potência e segurança. O sistema de injecção electrónica de competição, o primeiro aplicado em motas de série, é apenas um dos atributos que diferenciam esta mota da concorrência.
HONDA CBR 900 RR Uma superdesportiva que já conquistou o seu espaço entre os amantes da alta velocidade. Não conhecer a CBR é quase tão mau como não saber quem é o nosso primeiro-ministro. Com quase um cavalo por quilograma, cada aceleração é uma injecção de adrenalina directa ao coração. Tenha é cuidado com as overdoses, pois conduzir um bicho destes não é a mesma coisa que andar de bicicleta!
HONDA PAN EUROPEAN ST1100A O próprio nome diz tudo. Esta é uma mota de turismo, com todo o conforto que é possível conseguir num veículo de duas rodas. Agarre no passaporte, encha as malas de roupa e tente dar a volta ao mundo em menos de 80 dias. Leve é sempre uma rapariga a pendura, pois enquanto estiver a atravessar o deserto do Saara vai precisar de alguma coisa com que se entreter.
HYOSUNG KARION Os orientais pensam em tudo e agora até se lembraram de inventar uma mota para a praia. Equipada com uns gigantescos pneus, nem as areias movediças conseguem travar esta 125 cc. Apesar de ter apenas 13,5 cavalos e de não passar dos 105 hm/h – o que em areia solta já é muito –, as rodas encarregam-se de garantir que não vai ficar atascado na Praia do Tomates nem fazer figura de parvo em frente das tias.
SUZUKI HAYABUSA Por outras palavras, esta mota é uma GSX-R, um dos modelos mais famosos da Suzuki, equipada com um poderoso motor de 1300 cc. É a mais potente de todas as versões desportivas da marca, com qualquer coisa como 175 cavalos, e também a mais cara. Como não o queremos assustar, preferimos omitir os dados sobre a aceleração e velocidade de ponta.
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DECORAÇÃO DO CAPACETE: O próprio penteado.
DECORAÇÃO DO CAPACETE: Umas fatias de pizza e a caricatura do Papa
DECORAÇÃO DO CAPACETE: Um pikachu motard
DECORAÇÃO DO CAPACETE: Uma bandeira pirata
DECORAÇÃO DO CAPACETE: Cifrões por tudo o que é sítio
DECORAÇÃO DO CAPACETE: O Calimero a fazer cavalinhos
DECORAÇÃO DO CAPACETE: Um samurai a picar cebola com um sabre
DUAS RODAS ESPELHO MEU
V E N D AVA L D A S E S T R A D A S
SUZUKI V-STROM 1000 Baptizada com o nome brisa , em alemão, a marca nipónica lança este ano no mercado uma mota única. Segundo os seus criadores, este camaleão combina as características de uma mota desportiva, de enduro e turismo. Como é que isso funciona não sabemos, mas que a menina tem estofo para isso tem. São 1000 cc de força bruta distribuídos por 207 quilos de peso. O depósito tem capacidade para 22 litros, que são bombeados para o motor através de um sistema digital de injecção. Parece que isto aumenta o rendimento a baixas rotações e reduz a emissão de gases. O S AC H O CO M R O D A S
KTM 50 SX PRO SENIOR LC “De pequenino se torce o pepino”, já diz o povo. Ciente disso, a KTM desenvolveu uma motorizada para os futuros campeões das pistas de terra. É certo que o motor tem apenas 50 cc, mas como a mota pesa apenas 40 quilos, esta miniatura consegue ter prestações de nos deixar os cabelos em pé. Indicada para crianças entre os seis e nove anos, ofereça uma ao seu filho ou sobrinho e enquanto ele estiver na escola aproveite para abrir uns regos no jardim e plantar umas batatas. LANÇA-CHAMAS
CO R R E D O R A D E F U N D O
APRILIA RSV MILLE R TUONO
Silenciosa como uma betoneira
Esta é uma mota de topo. Inspirada num modelo que fez sucesso no campeonato de Superbikes, a RSV é uma 1000 cc de altas performances. Com os seus 140 cavalos, o difícil mesmo vai ser conseguir manter a roda dianteira no chão. Ainda por cima quando um dos objectivos do construtor italiano era criar uma mota leve e fácil de guiar. A aerodinâmica foi outra das preocupações dos engenheiros e embora pareça muito despida de carnagens, a verdade é que o resultado salda-se por um elevado coeficiente de penetração e uns níveis baixíssimos de turbulência.
CARROS E MIUDAS
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EM MÊS DE SALÃO AUTOMÓVEL DE LISBOA, EIS A NOSSA HOMENAGEM AOS MELHORES BÓLIDES
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CARROS E MIĂšDAS
Fotografias F. Carmin
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Saola/Fototeca
CARROS E MIÚDAS
CARROS E MIÚDAS
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OS MELHORES Lembra-se de como é que se divertia antes de perder a inocência? Recorde os jogos que
BATALHA NAVAL JOGADORES: Um contra um. Espiões não são permitidos. IDADES: Os velhos lobos do mar estão sempre em vantagem. COMO JOGAR: Disponha secretamente a sua frota numa grelha (A-J e 1-10) e dispare torpedos verbais até afundar por completo os barcos e submarinos do inimigo. PORQUE É BOM: Porque de outra forma nunca iríamos vestir a pele de estrategas militares. FACTOR GAJAS: Nunca reparou que os grandes senhores da guerra estão sempre rodeados de mulheres de sonho?
João Godinho Ilustrações de Rui Morais
JOGOS DE SEMPRE
ninguém levava a mal e que eram bem mais produtivos em termos de miúdas do que a Kapital.
AS IR DE CA IN BR
JOGAR À BOLA
JOGADORES: No mínimo quatro, dois para cada lado. IDADES: A suficiente para conseguir chutar a bola. COMO JOGAR: Fintar, fintar, fintar, até marcar golo. Como nunca ninguém queria ficar à baliza, nos bons velhos tempos era só chutar e facturar. PORQUE É BOM: Ao contrário do futebol profissional, não existe a regra do fora do jogo, os jogadores movimentam-se livremente pelo campo, não há árbitros, treinadores ou suplentes e os dirigentes desportivos não têm qualquer influência no marcador. FACTOR GAJAS: A não ser que jogue na primeira divisão, este jogo é o inimigo público número um do engate.
IOIÔ
JOGADORES: Um e quantos mais ioiôs melhor. IDADES: Quase todas. COMO JOGAR: É só comprar o ioiô e meter o cordel no dedo. A primeira fase é o para cima e para baixo, com um movimento de pulso à gay. A seguir, vêm as manobras mais complicadas, como o cãozinho e o relógio. Lembra-se? PORQUE É BOM: Não conseguimos descobrir. FACTOR GAJAS: Com esses tiques de mão, não se admire se elas só quiserem ser suas amigas.
ESCONDIDAS
JOGADORES: Ilimitado, ainda que um mano a mano seja particularmente trágico para quem procura.
IDADES: A suficiente para saber contar. COMO JOGAR: Um tapa os olhos e conta até 100. Os outros escondem-se o melhor que conseguirem. O objectivo é encontrar pelo menos um dos companheiros. Simples, não? PORQUE É BOM: É emocionante e divertido. Mas é preciso ter cuidado ao escolher o buraco onde se esconde. Na história do jogo, já foram registadas pelo menos 13 mortes, algumas delas por afogamento. Ficar debaixo de água é um bom esconderijo, mas lembre-se que não é um peixe! FACTOR GAJAS: Se conseguir convencer uma a esconder-se consigo debaixo dos lençóis, tiver uma garrafa de champanhe e alguns morangos, até pode ser que se safe.
BERLINDE
JOGADORES: Os que quiser. Jogar sozinho é uma pasmaceira, mas ajuda a aliviar o stress. IDADES: Desde que saiba o que é um berlinde, está bom. COMO JOGAR: Faça várias covas no chão – peça uma picareta emprestada –, dispostas em linha, triângulo ou quadrado. O objectivo é projectar a esfera para as covas, ou, se preferir, acertar no berlinde do adversário de forma a afastá-lo do buraco. Quem perder o jogo passa as bolas – não são essas que está a pensar – para as mãos do oponente. PORQUE É BOM: Porque, ao contrário da maioria dos jogos, o lucro da vitória é quantificável, ainda que o prémio não passe de simples berlindes. É a vida! FACTOR GAJAS: A única coisa que pode fazer é dizer às raparigas: “Tenho umas grandes bolas.” Claro que está a falar dos abafadores (berlinde de tamanho XL) com que ganhou ao jogo!
JOGOS NADA PERIGOSOS
BATE-PÉ JOGADORES: Muitas mulheres e poucos homens. IDADES: Desde a fase da puberdade até à terceira idade.
PIÃO
JOGADORES: Dá para jogar sozinho. IDADES: Logo que se sabe o que é um pião. COMO JOGAR: Desenha-se um círculo no chão, com um diâmetro igual ao do cordel. Lança-se o pião com o objectivo de retirar do círculo os piões adversários. PORQUE É BOM: Estragar as coisas dos outros consegue ser quase mais divertido do que sacar gajas. FACTOR GAJAS: Se for um verdadeiro mestre do pião e as conseguir impressionar com as suas habilidades até pode ser que dê.
MÉDICOS
JOGADORES: Um médico e muitas enfermeiras. IDADES: Com mais de 12 anos corre-se o risco de se começar uma família. COMO JOGAR: Um tem de fingir que está doente. O outro – com sorte uma rapariga – começa a dar beijinhos e a fazer massagens para curar todos os males. O paciente começa a sentir-se bem melhor. PORQUE É BOM: Não se faça de parvo! FACTOR GAJAS: Nunca teve um fetishe com enfermeiras?
MONOPÓLIO
JOGADORES: 2-6 IDADES: Pessoas suficientemente velhas para compreender os princípios básicos do capitalismo. COMO JOGAR: Compre o máximo de propriedades e torne-se em Dona Branca. Leve os seus amigos à falência e não lhes empreste dinheiro para pagar a fiança se eles forem parar à cadeia. PORQUE É BOM: Não há nada como ser rico. FACTOR GAJAS: Pode sempre tentar convencer as miúdas de que as notas são verdadeiras. Por outro lado, quem domina os negócios, normalmente domina as mulheres.
COMO JOGAR: A cada número corresponde um acto. Por exemplo, o 1 significa um beijo na cara. À medida que os números crescem, aumenta a parada. As mulheres estão alinhadas numa parede e o homem escolhe uma delas. Ele diz-lhe um número. Se ela bater o pé isso quer dizer: nada feito! Se não bater, é ela quem está feita. O objectivo deste jogo é levar a mulher para a cama. Os números são só para disfarçar. PORQUE É BOM: Desde quando é que jogos de cariz fortemente sexual não são bons? FACTOR GAJAS: Elevado. Se não conseguir sacar uma neste jogo, então chegou a altura de pensar seriamente em passar-se para o outro lado.
QUARTO ESCURO JOGADORES: Consoante o tamanho do quarto. Mas um casal já faz a festa. IDADES: Dos 10 aos 100 anos COMO JOGAR: Os jogadores vão todos para um quarto, apagam as luzes e escondem-se. O que fica de fora tem de entrar e encontrar alguém no meio da escuridão. A luz acende-se e chega a vez do que foi apanhado ficar de fora. Procure sempre ficar ao lado de uma miúda. Lembre-se que às escuras tudo pode acontecer! Até mesmo uma primeira experiência homossexual involuntária. PORQUE É BOM: Lembra-se quando se escondia debaixo da cama com a Guida e rezava para que o jogo durasse só mais dois minutos? FACTOR GAJAS: O escuro joga sempre a favor do homem.
MASTERMIND JOGADORES: Dois. IDADES: A suficiente para ter dois dedos de testa.
FISGAS
JOGADORES: Um humano e muitas aves. IDADES: Da puberdade até à meia-idade. COMO JOGAR: Encontre um bom pedaço de madeira e com a ajuda de uma faca de escuteiro talhe uma arma à sua medida. Compre, ou roube, um elástico bem forte e corte um bocado de cabedal do blusão do seu avô. Monte tudo tipo Lego, encha os bolsos com pedras e vá até ao Jardim Zoológico arrasar com a fauna. PORQUE É BOM: Através deste jogo, vai conseguir abastecer a sua arca frigorífica com carne para um mês. FACTOR GAJAS: Convide-as para jantar e sirva-lhes uma empada de caça. Costuma resultar sempre.
COMO JOGAR: Sem ver o jogo do adversário, tem de adivinhar qual a sequência de cores que ele pôs no tabuleiro. Não lhe podemos explicar tudo se não perde a piada! PORQUE É BOM: Ajuda a desenvolver a mente. FACTOR GAJAS: Quando for um Mastermind, utilize os seus poderes para fazer delas o que bem entender.
AS IR DE CA IN BR
CARRINHO DE ROLAMENTOS JOGADORES: Mais do que um, se quiser fazer corridas. Idades: 8-18.
COMO JOGAR: Primeiro é preciso ir roubar madeira às obras e comprar rolamentos. Depois tem de se construir a máquina. A partir daí é só encontrar uma descida íngreme e atirar-se de cabeça. PORQUE É BOM: Não é preciso carta de condução. FACTOR GAJAS: Um bom carro é uma das melhores armas para as convencer a sair consigo.
BRAÇO-DE-FERRO JOGADORES: São obrigatórios dois. IDADES: A mesma, para ser equilibrado. COMO JOGAR: Não tem nada que saber. O seu braço contra o do outro, em cima de uma mesa. A vitória é sua se conseguir que a mão dele seja a primeira a tocar o tampo da mesa, se o adversário desistir ou lhe partir os ossos do pulso. PORQUE É BOM: Se ganhar sempre, a sua auto-estima vai disparar por aí acima. FACTOR GAJAS: A virilidade masculina é um dos factores determinantes no engate.
TV BRINCA
JOGADORES: Dois. Normalmente pessoas que não nasceram para jogar à bola. IDADES: 10 -13 1/3 COMO JOGAR: É preciso acertar numa bola – de feitio quadrado – que anda para
um lado e para o outro do ecrã. É uma versão arcaica de um jogo computadorizado de ténis, onde as raquetes são substituídas por barras brancas que se movem verticalmente. PORQUE É BOM: Na altura ainda não existia o 48K e esta máquina era o mais próximo que havia de um computador pessoal. FACTOR GAJAS: Nulo. Os nerds sempre foram melhores a lidar com novas tecnologias do que com gajas!
POLÍCIAS E LADRÕES
JOGADORES: O mesmo número de polícias e ladrões. Uma utopia, a bem dizer. IDADES: Crianças que já consigam distinguir entre o bem e o mal. COMO JOGAR: Tal como na vida real, os bons têm de acabar com os maus. É um jogo complicado, pois a imitar os sons de tiro com a boca não se vai muito longe. PORQUE É BOM: Depois de acabar o jogo, os bandidos voltam a ser pessoas normais. FACTOR GAJAS: Se pertencer ao grupo dos feios, porcos e maus, as probabilidades de sacar uma são elevadas. Se estiver do lado da lei, a não ser que faça de 007, pode esquecer.
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JOGO DO GALO
JOGADORES: Dois. Se jogar sozinho, as probabilidades de ganhar sempre aumentam substancialmente.
IDADES: Universal. COMO JOGAR: Tem de fazer três cruzes ou três bolas seguidas na diagonal, vertical ou horizontal. Pouco mais há a dizer. Se não conhece o jogo, é muito provável que enquanto bebé não tenha passado pelas três fases de Freud (Oral, Anal; Fálica). PORQUE É BOM: É uma das soluções mais baratas para combater o tédio. Uma caneta e um papel são suficientes para matar o tempo enquanto espera pela sua vez na Repartição de Finanças. E o que não faltam por lá são reformados desejosos de se tornarem o seu novo melhor amigo! FACTOR GAJAS: Sempre que ganhar, cante de galo. Elas gostam disso.
APANHADA
JOGADORES: Vários. IDADES: A partir do momento que se aprende a andar. Jogar à apanhada com
bebés que ainda gatinham não dá luta. COMO JOGAR: Uns correm que nem uns loucos enquanto um ainda mais maluco tenta apanhá-los. PORQUE É BOM: Não há regras e não é preciso pensar. FACTOR GAJAS: Fica em forma para correr atrás das miúdas que fugirem de si.
LÁ VAI ALHO
JOGADORES: Muitos e em número par. IDADES: Antes dos 15 e depois dos 50 é arriscado. COMO JOGAR: Uma das equipas coloca um elemento de frente e com as mãos apoiadas na parede. Os restantes ficam em fila, curvados e com as mãos apoiadas nas ancas do parceiro da frente – não, não é uma posição do Kamasutra. Os rapazes da outra equipa saltam para as costas dos que lá estão amochados, lançando o grito de guerra “lá vai alho!”. Conta-se até dez e se a equipa que está em baixo não aguentar com os alhos às costas, perde. PORQUE É BOM: Dá para aplicar uns pontapés no rabo do adversário enquanto saltam para as suas costas. FACTOR GAJAS: Médio. Desde que não esteja com hálito a alho, claro!
EIXO
JOGADORES: Dois, no mínimo. IDADES: A idade dos porquês. COMO JOGAR: Uns curvam-se, com as mãos nos joelhos, e os outros saltam-lhe por
cima. O jogo é só isto... ah, ah!
PORQUE É BOM: Quem é que disse que era? FACTOR GAJAS: Assim de repente, não encontrámos nenhum.
Para quem aprecia qualidade de vida
Jรก nas bancas
Como é que nos vamos vestir hoje? Junho 2002
SUPER
Limpeza geral p.126
Fanatismo p.116
Botas sem gatos p.124
18 páginas Cheias de fúria de viver e sangue frio
De ponta e mola p.108
ModaMaxim Sangue novo SUPER
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Junho 2002
Fato branco com colete em linho, €550,00; Camisa branca, €54,37; Laço preto com pregas, €14,22, tudo El Corte Inglés.
Em carne
viva
Homem que é homem gosta de carne e de facas. Mesmo que ande vestido de smoking.
Fotografia Carlos Ramos Styling Michele Santos
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ModaMaxim Sangue novo SUPER
Smoking preto, €837,98; Camisa branca, €132,18, tudo Emporio Armani
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Blazer preto com forro verde, â‚Ź453,20, D&G; Camisa branca, â‚Ź36,00, Benetton.
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ModaMaxim Sangue novo SUPER
Smoking preto, €949,00; Camisa branca, €174,16; Laço de cetim preto, €54,00, tudo Rosa & Teixeira.
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Junho 2002
Camisa branca, €170,00; Ténis pretos e cinzentos com monograma, €255,00; Cinto em pele, €205,00, tudo Gucci na Fashion Clinic.
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ModaMaxim Sangue novo
Blazer com gola pespontada, €300,00; Calças brancas, €166,00, ambos Manuel Alves / José Manuel Gonçalves; Camisa branca com abertura tipo polo, €85,00, Firma tudo na ModaLisboa Design.
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Maquilhagem e Cabelos Alda Salavisa Manequins Joaquim (Central Models) Assistente de Moda Rita Rosa Assistentes de Fotografia Carlos Cristóvão
SUPER
ModaMaxim Mundial 2002 SUPER
Emily: T-shirt, €61,75, e calções, €28,50, oficiais da Selecção Portuguesa, ambos NIKE no El Corte Inglés. Teodora: T-shirt branca, €61,75, e calções cinzentos, €28,50, do equipamento alternativo da Selecção Portuguesa, ambos NIKE no El Corte Inglés.
Teodora: T-shirt, €61,75, e calções, €28,50, oficiais da Selecção Brasileira, ambos Nike no El Corte Inglés; Biquíni branco; Fita de cabelo, €26,40, D&G. Emily: T-shirt oficial da Selecção Nigeriana, €61,75, Nike no El Corte Inglés; Calções oficiais da Selecção Argentina, €41,00, Adidas.
A bola O Mundial está aí à porta e é preciso saber festejar os golos como deve ser. Aqui está um guia para saber vestir e despir em 2002.
Fotografia Rui Moreno Styling Michele Santos
nossa
é
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ModaMaxim Mundial 2002 SUPER
Emily: T-shirt oficial da Selecção Sueca, €58,00, Adidas; Mini-saia de ganga, €63,00, Levi’s Red Tab; Bola de futebol, €10,74, Decathlon. Teodora: T-shirt oficial da Selecção Espanhola, €58,00, Adidas na Decathlon; Calças pirata, €71,90, Levi’s Engineered Jeans.
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Teodora: T-shirt oficial da Selecção Francesa, €58,00, e calções, €41,00, ambos Adidas; Meias, €3,94; Chuteiras X-2 TRX FG, €64,34, Adidas ambos no El Corte Inglés. Emily: T-shirt oficial da Selecção Argentina, €58,00, Adidas; Calções de ganga branca, €62,95, Guess Jeans; Meias, €3,94; Chuteiras Air Zoom Total 90, €137,17, Nike ambos no El Corte Inglés.
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Maquilhagem Alda Salavisa Cabelos Pedro Gil para Hélder e Pedro Cabeleireiros Manequins Emily (L’Agence) Teodora (Elite) Assistente de Moda Rita Rosa
ModaMaxim Mundial 2002 SUPER
Teodora: Biquíni branco, €45, Poko Pano. Emily: Biquíni triangular, €12,40, La Redoute.
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ModaMaxim Exclusivos ® SUPER
Cinzeiro em cristal, € 199,52.
Estojo para charutos prateado, € 129,69. Esferográfica preta, € 379,09. Porta-chaves com chave de fendas, € 269,35. Caixa para 100 charutos em madeira encrostada, € 1945,31. Cachimbo de espuma do mar preto e branco, € 613,52.
Cincoestrelas Há marcas que têm mesmo pinta. A Dunhill é uma delas. Fomos dar uma volta pela loja para ver o que lá havia.
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Alfred Dunhill – Avenida da Liberdade, 224 B, Lisboa.
Fato de lã azul com risca, €1185,00; Camisa de algodão branca com fantasia azul, €163,00; Gravata de seda roxa, €83,00.
Blusão de pele de cabra castanho, € 1330,00; Camisa de linho bege, € 133,00.
Moldura, €329,21; Bola de Cricket, € 77,31. Isqueiro de prata Tin Can, € 239,42. Canivete de prata multifunções, € 179,57. Camisa de algodão branca, € 159,62. Botões de punho em prata, € 259,37. Perfume Desire 50ml, € 35,50. Camisa de linho com gola amovível, €133,00.
Fotógrafo Rui Moreno Produção Michele Santos Assistente de Moda Rita Rosa Maquilhagem e Cabelos Nani Fernandes Manequim João Pedro (Best) Junho 2002
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ModaMaxim Ídolos SUPER
Fato de algodão cinzento, €540,00, DKNY.
Fato de algodão cinzento, €540,00, DKNY.
Camisa lilás, €54,37, EL CORTE INGLÉS.
Corrente Meplat em ouro branco, €3.830,00; Anel Love em ouro branco, €1.000,00 ambos CARTIER.
Botas Chelsea em pele castanhas, €316,24, CROCKETT&JONES na Rosebud.
Anel Tank Max em ouro branco com pedra de ónix, €2280,00, CARTIER.
Vestir Como o Brad Pitt Porque o homem é bem-parecido, sim senhor, e até nem é nada mau actor. 124
Fotografia Rui Moreno Produção Michele Santos Assistente de Moda Rita Rosa Junho 2002
Cosmética
Tommy Hilfiger A propósito do lançamento do seu novo perfume, uma conversa com um dos maiores nomes da moda e da cosmética. Uma simpatia! Quais são as diferenças entre este Tommy T e os outros perfumes à venda no mercado? Trata-se de um perfume Clean and Fresh. Os outros perfumes do mercado são muito fortes. Quem os usa, se entra num elevador, todas as outras pessoas vão primeiro sentir o perfume que traz, e só depois é que olham para o indivíduo. Isto retrata os anos 90.Tommy é muito pessoal, só a sua namorada é que sabe o que você usa. Os meus consumidores são jovens e activos, saudáveis e bonitos, mas não querem dar nas vistas. Querem uma coisa mais particular, com um cheiro fresco. O novo perfume vem substituir as outras marcas de perfume da Tommy Hilfiger? Não, Tommy é um clássico que tem a sua atitude própria. É mais difícil desenhar roupas ou criar perfumes? O perfume é desenvolvido pela Estée Lauder, que tem os melhores perfumistas do mundo. Eu só tenho de, todas as semanas, ir cheirando as amostras e
dizer se gosto ou não. Desenhar roupas é totalmente diferente, não é só o controlo de qualidade no fabrico: é o corte, os botões, os fechos, os logótipos.Tudo tem de estar perfeito. Das diversas linhas que cria: homem, mulher, jeans, criança, home e cosmética, qual é que lhe dá mais prazer? Prefiro desenhar a colecção de homem, pois desenho para mim. Desenho para mim, porque sei o que quero. Para mulher é difícil, não sei o que as mulheres querem, por isso quem desenha é a minha irmã. Eu não entendo as mulheres: tento, mas não consigo. Quando cria, no que é que pensa? Depende da colecção. Na colecção de Primavera, por exemplo, penso fora de portas, barcos, navegar, velejar, penso no mar, nos resorts, penso em desportos, bicicleta, rooler blade, ténis, surf, mergulho nos desportos ao ar livre. E alguns desportos de interior também. Passa grande parte do seu tempo a praticar desporto?
dixit por Rica rdo Lopes
Eu gosto de mergulho, esqui, ténis, de andar de bicicleta, motos e guiar carros de competição. Mas, como tenho quatro filhos, passo bastante tempo com eles. Você acha que simboliza o “American Dream”? Sim. A forma como começou a construir a sua marca é um sinónimo disso mesmo. Quando abriu a sua primeira loja, a People’s Place, no início de 70, já ambicionava ser designer de moda ou pretendia simplesmente servir o consumidor com roupa alternativa? Eu era muito novo, e pareceu-me uma boa oportunidade para me divertir. Tinha as minhas próprias lojas e desenhava para elas. Mas eu queria desenhar para as massas, para o mundo. Então, coloquei o meu sonho em prática e segui-o. Divertia-se mais nessa altura a transformar jeans ou agora, que tem que desenhar as suas linhas duas vezes por ano? Agora é uma quantidade muito grande de trabalho. Mas eu tenho uma grande e fantástica equipa a trabalhar comigo. São mais de cem designers vindos de diferentes áreas. E tenho DJ’s, skate boarders, surfer’s, gente muito cool e jovem, cheias de ideias novas, que me ajudam naquilo que eu quero fazer. A palavra “americano” está em toda a sua comunicação, de todas as marcas. Acha que todo o mundo devia perseguir o American Dream? Eu penso que originalmente denominamos American Dream porque a América era um pedaço de terra e todas as pessoas que vieram da Europa para cá, tinham como objectivo ter sucesso na nova terra. Mas este sonho está disponível para outros países. Pessoas de Hong Kong, ou do Japão, que começaram pequenos negócios que estão a correr bem, podem expandir-se para Portugal ou para diversos locais do mundo, coisa que alguns anos atrás as pessoas pensavam só ser possível na América. Utilizou numa campanha recente dois modelos portugueses, os gémeos Guedes, fotografados por Mario Testino. Conhece Portugal? Não conheço Portugal. O meu sócio tem casa no Porto, e ouvi dizer que a comida é boa, o vinho é bom e o país é simplesmente lindo. Tem noção que em Portugal Tommy Hilfiger é uma marca conhecida? Se é assim, então é óptimo. Eu sei que as coisas correm bem em Portugal, mas nunca gostei de dizer que somos fantásticos. Gosto de pensar que temos de ser sempre melhores. Não podemos relaxar.
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Cosmética Moda Maxim Cosmética SUPER
Toca para o banho Gel, champô e bálsamos: tudo coisas para usar debaixo do chuveiro enquanto afina as cordas vocais
Por Ricardo Lopes Fotografia Paulo Andrade
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NA PÁGINA DA ESQUERDA
Tónico de corpo, Allure Homme, Chanel. € 37,50 Gel de duche, Tommy’s Cranberry burst. € 23,70 Gel de duche e champô, Clinique Happy. € 22,10 Champô True Calm, Redken. € 13,40 Gel para cabelo, Fix max, L’Oréal Professionnel. € 9,00 Gel de duche e champô, T , Tommy Hilfiger. € 22,45 Gel de duche e champô, Cible, Klorane. € 6,80 Gel de limpeza, Neutrogena. € 7,50 NESTA PÁGINA
After Shave Balm, Kenzo pour homme. € 35,50 Perfume Lumieres D’Issey 125 ml, Issey Miyake. € 36 Gel de duche, Armanimania, Georgio Armani. € 30,46 Pschittt gel despenteante, Fructis Style. € 4,23 Perfume Basi Homme 75 ml, Armand Basi. € 35,25 Gel de duche e champô, Fahrenheit, Christian Dior. € 37,5 Esfoliante de corpo, b.clean, United Colors of Benetton. € 13 Creme para o banho, Japonese Hotsprings, The Body Shop. € 9,65 Gel de duche e champô, White, Emporio Armani. € 21,91
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Já pensou em começar a viver? Junho 2002
SUPER
Odeio pombos
Rotações impróprias p.140 E a bateria? p.134
Cuidado! p.137
Aproximem-se! p.133
Xutos sempre p.138
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Filmes Storytelling Todd Solondz continua angustiado, mórbido e mais duro que Terry Zwigoff, do qual Ghost World estreou finalmente em Portugal. Mas também continua mestre no desafio ao espectador a rir de sequências, obviamente incorrectas, de dor e humilhação. A sua última comédia celebra a angústia da adolescência e inspira-se em estereótipos da BD. Fiction, a primeira das duas histórias que a compõem, é uma
meditação cruel sobre a diferença, enquanto Non-Fiction é menos malicioso e mais reflexivo até porque é protagonizado por um cineasta parecido com Solondz, em busca de financiamento para um documentário sobre a adolescência. M.C.P.
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Charlotte Gray Hombre, el peluqueiro estaba borracho
MI CASA ES SU CASA
Hable con ella
Almodóvar tem mais um filme. Pelos vistos, genial!
Um filme sobre o amor? Pois é, e então? 132
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Pedro Almodóvar, o grande retratista da alma feminina, regressa com outro filme extraordinário centrado, desta vez, na sensibilidade masculina. O cineasta assume que os homens lhe inspiram tragédias e assim nasceu Hable con Ella, obra sobre a incomunicação entre os casais e que sublinha que na emoção não há masculino nem feminino, mas pessoas que sofrem por amor e de solidão. Desvendar a história diz pouco sobre o filme. Um jornalista argentino convalescente de um amor liga-se a uma toureira saudosa do amante que a abandonou. A incompreensão do novo amor fá-la oferecer-se à colhida na arena. Marco vigia-lhe o coma na clínica onde Benigno, um enfermeiro que é o centro da comédia e da tragédia, insiste em recuperar para a vida a bailarina de que há muito
se enamorou. Os dois trocam histórias e ganham cumplicidade. Hable con Ella é uma obra plena de vida, que fala do amor sem procurar compreendê-lo. Almodóvar suaviza a tragédia com uma ternura divertida e volta a criar algumas das personagens mais fortes que o cinema já mostrou, revelando-nos mais um punhado de actores extraordinários. O filme abre e encerra com coreografias suas, sobre as quais Almodóvar afirmou articularem-se “milagrosamente” com o argumento – Elis Regina (Por Toda a Minha Vida) e Caetano Veloso – que interpreta com uma ternura imensa a sua versão de Cucurrucucu são, além de actores perfeitos, cúmplices em dar alma a um melodrama que remete para o interior de cada um. Maria do Carmo Piçarra
✪✪✪✪✪
A realizadora de Mulherzinhas dirige (mal) Cate Blanchett, no que alguns apontam como o primeiro desempenho falhado da australiana. O filme vem embalado com uma fotografia apelativa, mas não deixa de ser uma adaptação falhada do romance de Sebastian Faulks. Charlotte Gray é uma escocesa que, durante a II Guerra, ingressa na Resistência Francesa a pretexto do desaparecimento do amante. Mas o coração atraiçoa-a quando
conhece Dominique, um resistente que é também o guardião de dois órfãos judeus. O senão do filme é que o argumento e a personagem de Charlotte – espécie de morta-viva – acabaram com o registo emotivo que garantiu o êxito do livro. M.C.P.
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A Profecia das Sombras Neste thriller engenhoso e baseado em factos reais, Richard Gere redime-se da cabotinice habitual na pele de um jornalista do Washington Post cuja mulher morre subitamente. Dois anos depois, a caminho de uma reportagem, vê-se inexplicavelmente a 400 milhas do seu destino e em Point Pleasant, uma cidadezinha dominada pela histeria colectiva, causada por aparições de uma criatura alada. A curiosidade de John Klein é espicaçada porque a mulher morreu
quando desenhava a criatura. Ignorando os avisos do xerife, investiga o mistério, apesar das ameaças à sua sanidade mental. Os desempenhos são a mais-valia de um filme que tem como senão um desequilíbrio no final. Os fãs dos Ficheiros Secretos vão gostar. M.C.P.
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DVD Notting Hill Julia Roberts é a namorada da América e tem jeito para o humor. Hugh Grant brilhou em Quatro Casamentos e um Funeral. Juntaram-nos numa comédia, que se transforma em drama com final feliz, onde compõem um casal improvável e que por isso têm de enfrentar algumas provações. Ela é uma vedeta infeliz que precisa de ser amada como uma simples rapariga. Quanto a ele, tem o olhar mais canino do universo e a mulher
trocou-o por outro. A primeira metade do filme tem algumas das situações mais hilariantes da década e embora a segunda não acompanhe, mantém um charme inegável. M.C.P.
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Frequência Jim Caviezel (revelado, entre nós, por A Barreira Invisível) contracena com Dennis Quaid numa ficção cujos desempenhos e a qualidade do argumento nos fazem querer acreditar. Trata-se da história de um jovem órfão que, durante uma tempestade eléctrica, descobre em casa o velho rádio que o pai usava para as suas comunicações. John Sullivan passa a manter conversas com um bombeiro que – descobre mais tarde -–
Apit’ó comboio, lá vai apitar...
M O I N H O S D E V E N TO
é o próprio pai, trinta anos antes, a enviar-lhe mensagens. Os dois assumem que esta é a possibilidade de mudar a sua história e o drama transforma-se em filme de acção. M.C.P.
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Memento Uma das obras mais engenhosas da história recente do cinema e tornada em objecto de culto. Abre-se à leitura de cada um e a edição em DVD permite vê-lo numa ordem cronológica que talvez não lhe dê um sentido mais definido do que tem no original, mas potencia o interesse do filme-objecto. Quebra-cabeças, realizado pelo novato Christopher Nolan, reconstitui a busca da verdade por Leonard Shelby, incapacitado de reter memórias devido ao
ataque de que foi vítima durante a violação e assassinato da sua mulher. Shelby usa o corpo como um bloco de notas para não perder as pistas do puzzle que está a reconstruir. M.C.P.
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Moulin Rouge Em Moulin Rouge, a obra que confirmou a excentricidade na composição de atmosferas de Baz Luhrmann, o ex-trainspotter Ewan McGregor é Christian, escritor que vai inspirar-se à Paris do fim do século XIX e encontra o amor, trágico, junto a Satine, a cortesã mais famosa do clube. A inspiração da intriga é La Bohème, embalada no glamour hollywoodesco, e nela a ameaça menor ao amor de Christian e Satine, doente com tuberculose, é um casamento de conveniência. Trata-se de uma revisitação do género melodramático que associa uma montagem dinâmica de autênticos videoclips, intercalados com momentos de
drama, ao desenho de atmosferas luxuriantes e a espectaculares coreografias de dança. McGregor e Kidman revelam que, além de representar, também sabem cantar... e bem. De tal forma que redimem a obra que sacrifica as emoções aos efeitos estilísticos do seu único senão. A edição especial inclui dois discos e extras realmente apelativos. Além do comentário do realizador e produtores, integra uma secção interactiva que dá uma visão histórica, técnica e artística do filme; making of; entrevistas com o realizador; sequências de dança por editar e a análise de outras em multiângulo, trailers, etc. Maria do Carmo Piçarra
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McGregor e Kidman revelam que, além de representar, também sabem cantar... e bem. Junho 2002
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Discos OLHÓS CARRINHOS DE CHOQUE
Pet Shop Boys Release
O nono álbum de uma carreira que já ultrapassou os quinze anos tem tido críticas mistas. Uns adoram-no e outros não escondem a desilusão. Na base desta divisão está o facto de em Release grande parte da electrónica ter dado lugar a um som mais simples e limpinho, assente na guitarra (não certamente por acaso a de Johnny Marr, um ex-Smiths que ainda é do melhor que há) e no ritmo do baixo e da bateria. Pois bem, cá para mim, há aqui uma certa confusão, porque a electrónica que sempre foi imagem de marca dos PSB continua por lá, só que foi afagada em favor de uma tonalidade mais pop, muito mais difícil de fazer do que parece e que está muito bem feitinha, sim senhor. Acresce a esta mudança o facto de a voz de Neil Tennant também aparecer menos anasalada, mais cristalina, muito embora se continue a reconhecer à légua. Release são dez grandes canções e é um disco equilibrado, que talvez peque por falta de ambição – esperamos sempre mais das grandes bandas, e que por isso ficará a meio da tabela no ranking da discografia dos PSB. Em resumo, tem tudo para animar o Verão. Pera aí que eu sei tocar aquela dos Deep Purple. Tan, tan, tan, tantan ta-na...
“Release” tem tudo para animar o Verão 134
Junho 2002
SE ESTIVER NOUTRA, OIÇA
Lambchop
Is a woman
De certeza, um dos mais surpreendentes do ano. Calmo como uma tempestade.
Pedro Boucherie Mendes
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Sheryl Crow C’Mon C’Mon
Bryan Ferry Frantic
Gomez In Our Gun
The Chieftains The Wide World Over
Longe dos tempos em que era corista de Michale Jackson, Sheryl Crow é hoje um dos nomes femininos mais fortes da pop-rock actual. Mas não se deixem enganar – lá por a moça ter sucesso, não significa que a sua música não tenha qualidade. Este seu novo disco é (feliz ou infelizmente) na linha dos anteriores: boas canções, bem tocadas, belas malhas. Tem tudo para fazer parte da banda sonora deste Verão. Se for tudo assim, já não estamos nada mal. P.B.M.
Há oito anos que este autêntico cromo não editava um original. E aqui a palavra “cromo” é para ser entendida num registo elogioso. Bryan Ferry tem conseguido não cair naquele tom lamechas, açucarado até ao enjoo de outros, e se é verdade que já está entradote, o certo é que se mantém lá em cima, naquela categoria dos que a gente deixa entrar em casa. Se estão à espera de surpresas em Frantic, esqueçam: são 13 canções onde a voz de Ferry se impõe e se demarca. P.B.M.
Ao terceiro álbum, os ingleses Gomez confirmam tudo o que prometeram. In Our Gun confirma – se fosse necessário convencer alguém – que nada do que se diz deles é casual A música, atenção, não é bem a mesma. Há aqui avanços, progressos e requintes na sua pop modernaça, com paladares mais electrónicos, mais ambientais, e, mesmo que por vezes algumas soluções possam soar a exagero, a insistência será recompensada.
Não fossem os U2 e os Chieftains seriam a banda irlandesa mais famosa e querida em todo o mundo. Wide World Over é uma celebração de 40 anos de carreira e de parcerias. Assim, temos Sinéad O’Connor, The Corrs, Sting, os Stones, Joni Mitchell, Van Morrisson entre outros, a ajudarem à festa celta, a que se juntam alguns dos melhores singles do grupo que leva já 40 anos de estrada no lombo. Tudo tresanda a uísque, mas uísque do bom, e isso é que interessa. P.B.M.
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P.B.M.
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Livros LER É PODER
Um Copo antes da Guerra Dennis Lehane, Gótica, €15
Um livro policial é como um pacote de Smarties: quando se começa, só se pára no fim. No caso de Dennis Lehane, e deste seu primeiro romance, a analogia funciona na perfeição. Ora leiam as primeiras cinco linhas: "O bar do Ritz-Carlton dá para os Jardins Públicos e exige gravata. Já contemplei os Jardins Públicos de outros sítios, sem gravata, e nunca me senti incomodado, mas talvez o Ritz saiba algo que não sei." O resto da prosa mantém este registo, enquanto acompanhamos os casos de Patrick e Angie, dupla de
detectives que lembra Bruce Willis e Cybill Shepard em Moonlighting (lembram-se? Modelo e Detective). Também aqui ambos gostavam de cair nos braços um do outro, mas nenhum tomava a iniciativa. De resto, Patrick é meio-desajeitado, e por isso usa uma Magnum capaz de matar um elefante, ela mais dinâmica e responsável. Vale a compra. Ah, o rapazinho ganhou o Prémio Shamus para o melhor primeiro romance com este livro. Martim Avillez Figueiredo
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Patrick é desajeitado, e tem uma Magnum capaz de matar um elefante
Crónicas de uma pequena Ilha Bill Bryson, Quetzal, €19,71
Depois de Made in America – de que já falámos aqui –, surge este Crónicas, dedicado a Inglaterra. Bryson é um escritor genial – o verdadeiro, irónico, mordaz e atento escritor de viagens – que fala, com gosto e propriedade, dos sítios comuns e normais. No caso, Bryson revisita os mesmos sítios de Inglaterra onde esteve alguns anos antes. E mesmo que, para nós, muitas
cidades e respectivas atracções sejam desconhecidas, o certo é que pela escrita de Bryson nos divertimos à grande. Em si, o livro nada tem de transcendental ou sequer de particularmente interessante – esta Inglaterra é demasiado longínqua –, mas Bryson é um clássico e isso só por si é mais do que suficiente. Pedro Boucherie Mendes
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Israel, Palestina, Alain Gresh, Campo das Letras, €11,34 Islão, Gérard Chauvin, Hugin, €9,93 Para quem ouve o Fórum da TSF, Portugal parece um país de ilustres especialistas no conflito do Médio Oriente, mas a verdade sobre este problema tem demasiados contornos para tanto doutorado. Assim, está justificada a passagem pela livraria da esquina para comprar estes dois livrinhos. As respostas são muitas, a escrita é clara e os autores sabem verdadeiramente do assunto. Alain Gresh, por exemplo, é editor da revista Politique Internationelle (não conhece? Azar). No seu livro, viaja através da história triste desta guerra estúpida, clarificando questões com poucas respostas. Como a da existência do povo palestiniano antes da Declaração de
Balfour: segundo escreve, citando um autor israelita, "já no séc. XIX havia consciência de país entre os árabes". Já o Islão, de Chauvin, mergulha nesse complexo universo onde se vive à imagem do Corão, procurando explicar com detalhe as dimensões desta religião. Mas a grande vantagem de qualquer destas obras é que traz respostas sem parecer que foi escrita por um hooligan da causa. Eles até podem deixar transparecer o que pensam, mas não abdicam do rigor que livros destes exigem. M.A.F.
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E S TA N T E
CALIFORNIA E NEPAL
JAPÃO
NOVA IORQUE
CARAÍBAS
Lonely Planet, €14,91
Asa, €8,48
Estampa, €7,98
Asa, 8,48
Conhecidos como os guias dos viajantes de mochila, estes livrinhos escritos em inglês (mas à venda cá) são verdadeiras enciclopédias (não ilustradas, atenção) escritas por viajantes profissionais.
O guia de todos os verdadeiros portugueses – sim, esses que vão viajar quilómetros para fazer ouvir a língua de Camões no país do Sol Nascente. Hotéis, restaurantes, mapas, tudo o que precisa para se concentrar no que é importante: a bola.
Formato pequeno (cabe no bolso das calças), é quase um mapa ilustrado. Cada duas páginas de texto desdobram-se num mapa detalhado da zona, acompanhado de fotografias e textos claros e informativos. Boa escolha.
A ideia aqui é praia e coqueiros, mas nada impede que conheça um pouco mais a região. Com este livrinho, escusa de passar as tardes na Biblioteca Nacional em busca de monografias sobre o Caribe. E ainda lhe diz onde jantar ou beber um Dry Martini. Junho 2002
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Internet Jogos telefónicos www.jamdat.com Uma vez que gastou um dinheirão nesse seu telemóvel de última geração, chegou a altura de fazer render o peixe. Através deste site vai ficar a saber que, para além de fazer telefonemas e enviar mensagens, o seu telefone portátil também pode ser transformado numa espécie de Game Boy. E não estamos a falar daqueles jogos da treta como o Snake e outros do género! O que vai
http://www.uglyfootballers.com
Corpo brilhante Mulher com “m” grande e cara de anjo e tem um defeito: não está cá Nasceu em Los Angeles, é filha de um conhecido actor, já trabalhou como modelo, apareceu em vários telediscos, fez uma panóplia de filmes e vive com um velho. Chama-se Angelina Jolie e dá cabo de nós enquanto apreciadores da beleza e magia do sexo feminino. Aquela sua cara de malandreca, a energia e rebeldia da jovem e um corpo de bradar aos céus, em que qualquer trapinho assenta que nem uma luva, fazem-nos questionar se na realidade vale a pena andarmos a perder tempo com as miúdas que se movimentam no nosso universo, ou antes se é preferível guardarmos toda a nossa energia sexual para os sonhos eróticos que temos à noite. E ao encontrar este site ainda ficámos com mais dúvidas! Tudo porque confirmámos através das fotografias da menina que ela é tudo aquilo que pensávamos. E muito mais! Por favor, se é homem, siga o nosso conselho e largue tudo o que está a fazer – menos ler a revista – e veja uma dezena de imagens inéditas deste sex symbol de Hollywood, algumas delas onde aparecem bem explícitos os atributos físicos da Angelina. Deixe-nos dizer-lhe que apenas não demos a pontuação máxima a este site porque não existem fotografias em que ela apareça despida da cintura para baixo.
http://www.versaweb.net/ ~risk/featured.html
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Lara Croft? Tu queres jogar agora ao Lara Croft?
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Feios mas bons
A VIDA POR UM FIO
Homem que é homem, não se cansa da Angelina Jolie
encontrar neste endereço são jogos de consola adaptados ao sistema URL do seu celular. Desde golfe, bowling e futebol americano, até lutas de gladiadores, lá vai encontrar de tudo, como na farmácia. Agora não digam que não somos mesmo seus amigos!
giut
Junho 2002
Estes arrotos a alho são piores que o Antrax...
É certo que não estamos a ser nada originais ao falarmos deste site, apresentado ao mundo por um sem-número de publicações, mas para o caso de ter passado desapercebido aos olhos de alguém, deixamos aqui um site que fala sobre o lado feio do futebol, com especial incidência nos rostos de alguns dos nomes mais conhecidos do mundo dos relvados. Veja algumas lesões decorridas no terreno de jogo e conheça as
mulheres de sonho desses patinhos feios da bola, numa secção chamada Beauty and the Beast. Está explicada a razão porque a maioria dos putos – mesmo correndo o risco de se partirem todos – sonham um dia vir a ser grandes jogadores de futebol!
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Jornal, mas não banal http://mangalho.do.sapo.pt Este é um site com o formato de um jornal on-line. Até pode parecer igual aos outros e quase somos levados a pensar que se trata de apenas mais um dos muitos que procuram conquistar o seu espaço na Net. Mas ao lermos as notícias com atenção, vamos reparar que todas elas são escritas na palhaçada, que as fotografias são trabalhadas e acrescidas de um ligeiro
toque de humor, e os artigos são assinados com nomes do arco da velha. Se criatividade é coisa que não lhe falta, fica desde já a saber que os autores desta sátira jornalística aceitam colaboradores. Isto sim, é uma maneira diferente de dar informação!
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Jogos
Capitalism II Cd-ROM Na sociedade capitalista, só faltava um jogo que servisse para brincar às finanças. Aqui, o principal é fazer crescer depressa o "cacau" e colocá-lo a render num faustoso banco ou então adquirir o melhor prédio da nossa cidade. Mas é necessário estar atento às catástrofes, para não vermos o nosso dinheirinho a descer
Dungeon Siege Cd-ROM Mais uma história de ficção produzida pela Microsoft, onde as semelhanças com o conhecido Diablo são no mínimo impressionantes. O jogador terá que destruir e matar tudo o que mexe para prosseguir na sua longa jornada, encontrando inimigos que parecem saídos de um filme de terror. Aves que cospem pequenas balas que
vertiginosamente. Se tem a pretensão de se tornar num grande tubarão, tem aqui uma grande oportunidade de provar que estão à altura dos acontecimentos. Ter muito dinheiro não implica uma vida simpática e feliz, pelo contrário, significa muito trabalho, alguma atenção com os rendimentos e um conhecimento profundo pelos mercados accionistas. Com muito som ambiente e uns gráficos bem simpáticos, pode-se passar algumas horas a arruinar empresas e a fazer o mundo girar à nossa volta. P.V.
Farto de ser maltratado, o namorado da Gisela entra em acção
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lentamente enfraquecem a nossa personagem, animais que constantemente nos atacam, ursos perigosos que iremos encontrar dentro de cavernas e muito mais! Tal como em Diablo II, as armas e os vários itens têm um papel fundamental para o desenrolar da acção. Por isso, é importante conhecer as características de cada arma, da sua potência, fraqueza, e por aí fora. Algo de inovador é que pode controlar mais do que uma personagem ao mesmo tempo. Interface excelente e uns gráficos fabulosos. P.V.
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BANG-BANG
Rainbow Six Raven Shield
Cd-ROM
Mais um Rainbow Six, no caso a sexta versão desta série inspirada numa obra de Tom Clancy. Aqui há vários modos de jogo, incluindo uma grande variedade de missões de treino (distâncias de tiro diferentes, cenários de obstáculos, recuperação de reféns com uma só equipa, etc.). Mais simples não podia ser: depois de se certificar de que tem a missão planeada (e assegure-se de que a gravou), é tempo de a jogar (arranje o CD e veja como). Rainbow Six passa por cima da própria barreira entre o realismo e a jogabilidade, chegando quase ao cúmulo do realismo em algumas situações e indo até quase à perfeição na jogabilidade. A AI é esquizofrénica e pode dar conta dos membros da sua equipa em poucos momentos. Delicie-se com esta maravilha, mas não se esqueça de tomar os calmantes. Pedro Vasconcelos
Rainbow Six chega aos limites do realismo
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VRUM VRUM
Grand Theft Auto III Cd-Rom A série de jogos Grand Theft Auto sempre despertaram curiosidade, sobretudo por causa das polémicas cenas de violência que os seus programadores não resistiam a criar. Este não é excepção. No início do jogo, podemos ver uma fantástica cena: um veículo prisional que é abalroado e dinamitado. E de repente somos confrontados com a liberdade de um personagem no meio da ponte, o que fazemos?
Seguimos o nosso instinto e o chamamento de um tipo que parece querer ajudar-nos, porque não sabe conduzir. E estamos dentro da nossa primeira missão. O que torna o jogo GTA3 mais surpreendente, é a possibilidade de pesquisarmos o seu imenso mundo, ultrapassando ao mesmo tempo os pequenos desafios propostos. A IA do jogo é assombroso e os gráficos, do melhor que há para PC. P.V.
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Guia Gadgets DANÇA DA CHUVA SL-1210MK2, Technics, € 600 Este leitor de discos é uma lenda viva. Está em exposição no museu londrino das Ciências como uma das peças tecnológicas que marcou o século passado. O corpo em alumínio e a base em borracha permitem desfrutar do melhor som jamais imaginado por um disco de vinil. Onde comprar: Rev. Sonicel
INVENTAR A RODA Biomega MN03 Relâmpago, € 2.710 Desenhada por Marc Newson, é baseada num concept car. Toda a sua estrutura é em alumínio, tem travão de disco na roda traseira, pedais Mikishima do tipo easy clip-on e estrutura antioxidante. Onde comprar: Moda Lisboa Design, Tel.: 21-031 28 30
PREPARA-ME UM SHOT! Câmaras digitais, motas de água, fornos micro-ondas e botas de futebol. E não é que dá vontade de comprar tudo?
ÁGUA VIVA! Sea-Doo RXX, € 18.705 160 CV de potência transformam-na num autêntico animal selvagem. É sem dúvida uma digna sucessora daquela que foi considerada a melhor moto de água do mundo a RX. Onde comprar: Rev. Milfa, Tel.: 22-938 24 50
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ME ZIDANE, TU FIGO Adidas Predator, € 75 Esta é a 6.ª geração das míticas botas de futebol Predator. Com um formato anatómico e auxiliada pelas mais altas tecnologias, a Adidas desenvolveu uma das mais sofisticadas botas de futebol. Agora já pode dar um show de bola. Onde comprar: Rev. Adidas
PASSA O ENTRECOSTO! Micro-ondas Samsung C109STF, € 356 Um forno micro-ondas com grelhador e convecção de 28 L com controlo digital. Está equipado com a função de pré-aquecimento, possui multiespeto e prato tostador. O seu revestimento exterior é em Inox. Onde Comprar: Rev. Samsung
DIGITA LÁ! Contax N Digital. Aprox., € 7.000 Baseada na Contax N1, trata-se da primeira câmara digital SLR no mundo a empregar a imagem completa de 35 mm, 24 x 26mm, com mais de 6 megapixel CCD. Utiliza lentes Carl Zeiss T. Onde Comprar: Rev. Auferma, Tel.: 22-616 73 00
WHAT’S UP, MAN? SKYY Vodka, € 8,90 A líder americana na produção de vodka, chegou finalmente a Portugal. Extremamente leve, esta vodka tem a particularidade de ser destilada duas vezes. Onde comprar: Rev. Somagnum Junho 2002
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Guia Carros
Ó carro
É a nova estrela da Maserati, a máquina do tridente do Deus Neptuno. Em versão Coupé e Spyder.
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mio
MASERATI Modelos: Coupé e Spyder (descapotável)
Versões: GT e Cambiocorsa (caixa de Fórmula 1) Motor: 4244 cc, V8, 390 cv Características: Sistema Shyhook, controlo de tracção electrónico, ABS electrónico. Computador de bordo. Velocidade Máxima (Coupé): 285 km/h Aceleração: 4,9 s dos 0 aos 100 km/h
O último "brinquedo" a sair das fábricas de Modena é bonito, fogoso e tecnologicamente muito avançado. Lá dentro, melhorou muito em conforto, e cabem lá quatro pessoas com facilidade. O trabalhar do motor é um som bonito só de ouvir, e guiar este carro é um prazer. Com a caixa de 6 velocidades em versão sport, com pequenas paletes atrás do volante para subir ou descer a mudança, tal como num Fórmula 1, o Maserati tem o comportamento de um emocionante desportivo. 390 cavalos debaixo do pé, muito bom a curvar graças ao seu equilíbrio e à nova suspensão, o carro é muito fácil de guiar, apesar de tanta potência. A sensação que temos é que é um carro desportivo espectacular, mas também que pode ser guiado numa cidade ou em pequenos trajectos menos dados a arranques e acelerações. Com este Maserati, a marca dá mais um passo no sentido do regresso a um lugar que já foi dela, como referência de carros desportivos de grande qualidade. O preço é uma consequência óbvia disso mesmo: 105 a 115 mil euros, dependendo da versão.
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Bebidas O CO P O D O M U N D O
Vamos à bola
Com o Mundial a começar a qualquer momento, chegou a hora de saber escolher as bebidas. Luís Ramos Lopes explica os truques
Saem dois tintos para a bancada central
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O Mundial está aí à porta e convém começar desde já a organizar as coisas para tirar todo o partido daquelas fabulosas jornadas em frente à televisão. É a altura de juntar os amigos, preparar uns petiscos e vibrar com as melhores jogadas. Para um aficionado, não apenas do futebol, mas de todas as coisas boas, os vinhos de qualidade têm também uma palavra a dizer neste Mundial. Não imagino, por exemplo, festejar uma vitória da equipa portuguesa com cerveja: isso é para os ingleses, alemães, e outros bárbaros do futebol. Nem procurar
esquecer uma derrota (lagarto, lagarto) emborcando diligentemente uma garrafa de anis escarchado: não apenas não dá prazer algum, como ao desastre futebolístico se irá associar uma monumental dor de cabeça. A vitória quer um vinho alegre, despretensioso, irreverente, que nos dê prazer a beber sem ter que pensar muito nele, já que temos o espírito ocupado com a festa; a derrota exige um vinho mais sério, envolvente, que nos tome de assalto os sentidos, fazendo esquecer o desaire
pontual e alimentando as esperanças para o próximo embate. Ficam aqui algumas propostas que me parecem cumprir inteiramente os objectivos pretendidos. Antes, porém, deixava um conselho. Não pense em ir buscar aqueles copos de cristal, muito grandes e de pé alto, para servir os vinhos durante este campeonato: é que o futebol, mesmo de sofá, é um desporto violento, com muito esbracejar e pontapés na atmosfera e o pior que pode acontecer é o Figo marcar um golo enquanto apanhamos os cacos debaixo da mesa.
ESTEVA DOURO TINTO 2000
MURALHAS VINHO VERDE BRANCO 2001
COUTEIRO-MOR REGIONAL ALENTEJANO BRANCO 2001
MURGANHEIRA, ESPUMANTE SUPER-RESERVA 1997
DOMINI PLUS DOURO TINTO 2000
Um vinho para todas as ocasiões. Aroma muito frutado, sabor suave, bebendo-se facilmente e com prazer, ideal para os petiscos "de comer em frente à televisão". Bom para aqueles momentos em que o jogo se arrasta.
Se o clima é de festa antecipada e a mesa está posta com sapateira, gambas, camarão da costa, lagostins e outros que tais, então é a altura de o Muralhas brilhar. Nem se dá por ele, bebemos, está calor, sabe bem, bebemos outra vez.
Feito com Roupeiro, Chardonnay e Arinto, é um branco que alia uma grande frescura aromática, a um corpo cheio e envolvente, com final vivo e citrino, capaz por isso de acompanhar na perfeição uns pastéis de bacalhau ou mesmo um queijo de cabra.
As vitórias de Portugal têm de ser celebradas com espumante nacional. E este Murganheira, de aroma perfumado a frutos secos, harmonioso, persistente, vai mesmo a preceito. E mostramos ao mundo que de classe sabemos nós.
Perdemos a batalha, mas não a guerra. Limpe-se a mesa dos petiscos e abra-se um tinto que nos anime. Esta estreia duriense de José Maria da Fonseca é bem capaz disso: intenso, poderoso, cheio, com um longo final.
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Ei ó Rosinha, não valem roletas!
CRÉDITOS FOTOGRAFIAS Pág. 14 a 15 – Reuters; Pág. 16 a 20 – Lux, Reuters; Pág.20 – Reuters; Pág. 22 –Reuters; Pág. 24 a 25 – Reuters; Pág. 26 a 27 – Reuters; Pág. 32 a 36 – Reuters; Pág. 38 a 42 – Reuters; Pág. 44 a 48 – Reuters; Pág. 50 a 54 – Alexandre Almeida/O Independente, Luís Rodrigues, José Chan, Reuters; Pág. 66 a 75 –ASF, Lusa, Patrick Grosner, João Miguel Rodrigues, Francisco Carvalho/O Independente, Bruno Rascão/Arquivo O Independente, Reuters; Pág. 124 – A.D.S.; Pág. 135 – José Chan; Pág. 142 – Reuters, José Chan; Pág. 145 a 146 – Reuters. Agradecimentos: (SHOTS) Cinema e Publicidade Lda, telf. 213 870 862; Antiga Confeitaria de Belém, Lda, telf. 213 638 077; Braz & Braz, Lda,Tel. 21 346 23 46.
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Alice Felix Pág. 76 – Soutien ameixa, €13,40, La Redoute – venda por catálogo; Calções camuflados, €59,00, Energie – F. S. Ribeiro, 21 319 61 00; Pág. 77 e 80, Blusão de ganga, €257,40, D&G; Biquini verde, €124,30, Emporio Armani – Avenida da Liberdade, 220, Lisboa; Mules, €86,90, La Redoute – venda por catálogo; Pág. 78, Biquini verde camuflado, €29,70, La Redoute; Pág. 79,T-shirt de alças, €69,28, Guess Jeans – Projecto Aprovado, 21 816 22 19; Biquini verde, €54,40, Cores d’Areia – Calçada do Combro, 121, Lisboa; Cinto, €19,90, La Redoute.
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FUTEBOL Adidas – 21 938 02 00; D&G – Porto Fora de Horas,22 999 44 00; Decathlon – Alto da Cabreira, Alfragide; El Corte Inglés – Avenida António Augusto de Aguiar,31,Lisboa; La Redoute – venda por catálogo; Levi’s – xn comunicação,21 440 97 30; Poko Pano – Maresias,22 370 88 23.
Brad Pitt Cartier – Rua Garret, 53/59, Lisboa; DKNY – Forum Tivoli, loja 2, Lisboa; El Corte Inglés – Avenida António Augusto de Aguiar, 31, Lisboa; Rosebud – Rua da Artilharia 1, 47, Pátio Bagatela, loja V, Lisboa.
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Mais
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Director Domingos Amaral damaral@maxim.iol.pt Director-adjunto Martim Avillez Figueiredo mfigueiredo@maxim.iol.pt Editor-geral Pedro Boucherie Mendes pbmendes@maxim.iol.pt Assistente de Redacção Isabel Gonçalves igoncalves@maxim.iol.pt Revisão Jorge Pires Tradução Carla Hilário de Almeida ARTE Editor Jorge Santos jsantos@maxim.iol.pt Designer Eduardo Cordeiro ecordeiro@maxim.iol.pt F OTO G R A F I A Coordenador José Chan jchan@maxim.iol.pt Rui Moreno rmoreno@maxim.iol.pt MODA Produtora Michele Santos Assistente Rita Rosa OPINIÃO Margarida Rebelo Pinto e João Pereira Coutinho CO L A B O R A D O R E S Textos Maria do Carmo Piçarra, Ricardo Lopes, João Godinho, Mónica Bello, Paulo Jorge Neves, Pedro Vasconcelos e Rui Morais Fotografia Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE Director Comercial Tomaz Alpoim tel.: 21 4369613 talpoim@maxim.iol.pt Contactos Rita Cunha tel.: 21 4369612 rcunha@maxim.iol.pt Francisco Cortez Pinto tel.: 21 4369590 fcortez@maxim.iol.pt Planeadora Leonor Assis tel.: 21 4369614 lassis@mail.soci.pt Assistente Susana Morais tel.: 21 4369496 smorais@mail.soci.pt Delegação Norte Maria João Eça tel.: 22 6057579 meca@maxim.iol.pt MARKETING Gestor de Produto Manuel Simões de Almeida PRODUÇÃO Director Rogério Carrilho Assistente Francisco Rosa INFORMÁTICA Director Ricardo Silvestre Coordenador Rui Maia PRÉ-PRESS Feira das Vaidades R E D AC Ç Ã O R. Mário Castelhano, 40, Queluz de Baixo, 2749-502 Barcarena Tel.: 21 4349101 maxim@maxim.iol.pt PROPRIEDADE Dennis Publishing Ltd 30 Cleveland Street, London W1P 5FF United Kingdom E D I TO R Feira das Vaidades – Publicações Lda. (Grupo Soci) R. Mário Castelhano, 40, Queluz de Baixo - 2749-502 Barcarena IMPRESSÃO Lisgráfica – Casal de Santa Leopoldina, Queluz de Baixo DISTRIBUIÇÃO Midesa – Rua da República da Coreia, 34, Ranholas, 2710-460 Sintra TIRAGEM 65 900 exemplares DEPÓSITO LEGAL 162005/01 N.º DE REGISTO 123799 Auditoria solicitada à APCT
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Acabou-se a conversa
Olhá a onda!
Martim Avillez Figueiredo ataca as companhias aéreas, que vendem barato mas olham os passageiros como gado bravo
E
Enquanto para a indústria automóvel somos consumidores de primeira, para a de aviação estamos ao nível dos escravos que serviam de combustível às galeras romanas 146
Junho 2002
sta crónica é um manifesto. Digo-o já para que não sobrem dúvidas: um manifesto contra a prepotência das companhias de aviação. Como a maioria das pessoas, voo em trabalho e férias. Faço-o em classe económica e sempre que carro, comboio (ou barco?) se revelam opção impossível. Pode dizer-se, portanto, que usamos aviões por necessidade, o que significa que é um meio de transporte como outro qualquer, e que por isso não deve ser considerado “locomoção” de ricos. Aceitam a ideia? Muito bem. Lanço então o slogan do manifesto: viajar de avião é uma ofensa aos nossos direitos e garantias. Parecevos grande palavrão? Não é. O que estas duas inofensivas palavras significam, na sua dimensão mais simples, é democracia, o que não é coisa pouca, já que através dela descobrimos as vantagens da economia de mercado e compreendemos a dimensão da palavra exigência. Afinal, se antes nos contentávamos em andar a pé, hoje não prescindimos do carro. Se há trinta anos festejávamos a compra de um Fiat 127, agora exigimos um Fiat Cinquecento com
airbag, ar condicionado e direcção assistida. Somos mais livres, mais exigentes e o mercado acompanhou a nossa evolução. Numa frase, vivemos melhor. E, no entanto, aplicando esta ideia às companhias de aviação, verifica-se que acontece justamente o contrário. Em vez de aviões confortáveis e requintados, levantam voo ferros-velhos com asas, cujos padrões de conforto se aproximam cada vez mais dos níveis de exigência de um Fiat 600. As cadeiras parecem-se com dispositivos de tortura medieval, as refeições são preparadas na cozinha de uma prisão para serialkillers e os filmes internos pensados para entreter indigentes. É assim ou não é? Ainda esta semana viajei para Nova Iorque com a Continental Airlines e confirmei isso mesmo. As cadeiras, aliás, tinham um desesperante requinte de malvadez: recostando-as para dormir, instalava-se uma barra de ferro nas nossas costas! Porquê, senhores? Reparem no exemplo da indústria automóvel: eles perceberam que o facto de, nos últimos trinta anos, termos ficado mais dependentes do carro, não
significa que estejamos dispostos a guiar calhambeques. Por isso, tratam-nos com carinho. Mimamnos. Pelo preço da chuva, dão-nos rádios com leitor de CD, encostos de cabeça, jantes de liga leve e, com jeitinho, pintura metalizada. Melhoraram a oferta sem carregar nos preços. Já os aviões, entretêmse a retirar “extras” à cabina. É certo que apresentam preços baixos, mas quem lê o Astérix sabe o que aquela aldeia sofreu quando contratou os serviços de um capitão gaulês para os transportar num cruzeiro barato até Atenas: os “jogos a bordo” consistiam num remo para cada um e a “música ambiente” num tambor que marcava o ritmo. Ou seja, enquanto para a indústria automóvel somos consumidores de primeira, para a de aviação estamos ao nível dos escravos que serviam de “combustível” às galeras romanas. É por isso que o slogan deste manifesto diz o que diz: viajar de avião é uma ofensa aos nossos direitos e garantias. Eu explico. Fomos nós quem, nos últimos anos, conquistámos esses direitos. Porque razão só as companhias de aviação os parecem negar? Não critico que se vendam lugares em primeira classe por preços exorbitantes. Pouco me importa que alguém dê 5000 euros para ir daqui a Nova Iorque a bebericar Moet&Chandon. A Peugeot também vende o seu 607 com televisão e flutes de champanhe no porta-luvas. O que lamento é que a classe económica dos aviões não seja um bocadinho mais parecida com o conforto de um 206. Será que é pedir muito? Enquanto não se decidem, lanço um desafio. Risquem do mapa as companhias que vos tratam como gado bravo, mesmo que isso implique pagar um pouco mais. Eu já risquei duas: a americana Continental Airlines e a açoriana Sata.