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Ave do Ano 2020

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A SPEA responde

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AVE DO ANO 2020 Codorniz: mestre da camuflagem

Portugueses e espanhóis elegeram a codorniz-comum (Coturnix coturnix) como Ave do Ano 2020, numa votação que pela primeira vez foi organizada em conjunto pela SPEA e pela Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/BirdLife).

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Embora em Portugal ainda seja uma ave comum, a codorniz poderá brevemente deixar de o ser, se não forem implementadas medidas para travar o desaparecimento da diversidade natural dos nossos campos. Sem uma política agrícola sustentável, a codorniz irá certamente seguir o caminho de outras aves de zonas agrícolas: o declínio.

Amais pequena ave da família dos galináceos, a codorniz é mestre da camuflagem. Poderá surpreendê-lo ao levantar voo quase debaixo dos seus pés: um borrão rasteiro que rapidamente desaparece por entre as ervas. Embora raramente se deixe observar, é frequente ouvir-se o seu canto.

Se tiver a sorte de ver uma codorniz, poderá identificá-la pela combinação do corpo rechonchudo com as asas compridas e pontiagudas. As suas partes superiores são castanhas, com riscas e barras de bege, enquanto as partes inferiores são de um laranja-amarelado.

A codorniz reproduz-se muito fácil e rapidamente: num ano chega a fazer até três posturas de 8 a 13 ovos cada.

Apesar de esta ave ser ainda comum, a sua área de distribuição diminuiu 30% na última década em Portugal, como resultado de alterações nas práticas agrícolas. A expansão das monoculturas, o desaparecimento dos pousios, e a eliminação das sebes e margens dos campos deixam cada vez menos habitat disponível para esta e outras aves típicas de zonas agrícolas. Esta ave alimenta-se de sementes, grãos de cereais e pequenos invertebrados, pelo que tem sofrido também com o aumento do uso de herbicidas e inseticidas.

Em Espanha, a espécie está já em declínio evidente: o número de codornizes diminuiu 70% nos últimos 20 anos.

“A população ibérica de codorniz é a mais importante da Europa Ocidental. Mas se não se fizer nada para valorizar a agricultura extensiva de sequeiro, vai seguir o caminho de outras espécies ameaçadas como o sisão e a águia-caçadeira”, diz Domingos Leitão, Diretor Executivo da SPEA.

Em Espanha, a espécie está já em declínio evidente: o número de codornizes diminuiu 70% nos últimos 20 anos. Em Portugal, não há mais de 100 mil indivíduos desta espécie. Ao impacto devastador da agricultura intensiva juntam-se a pressão da caça, a contaminação genética (com a introdução da codorniz-japonesa ou de híbridos para fins cinegéticos) e as alterações climáticas.

“A política agrícola tem de compensar quem pratica uma agricultura responsável e sustentável, contribuindo para a preservação dos valores naturais. Senão, daqui por uns anos poderá

Codorniz Mike Langman (www.rspb-images.com) Codorniz Guérin Nicolas

ser difícil ver codornizes nos nossos campos, não por serem mestres da camuflagem, mas por estarem a desaparecer”, diz Domingos Leitão.

A votação para Ave do Ano 2020 decorreu online em Janeiro, promovida pela SPEA e pela SEO/BirdLife. A codorniz-comum foi eleita com 7930 votos, à frente da águia-caçadeira (ou tartaranhão-caçador, Circus pygargus), que teve 6130 votos e do picanço- -real (Lanius meridionalis), que recebeu 5156 votos.

Autora | Sonia Neves SPEA

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