Revista SPECTRUM Nº 02

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Revista do Comando-Geral do Ar

Nº 02 - Agosto 2000

Network Centric Warfare (NCW) Materiais Absorvedores de Radiação Eletromagnética Emprego da Aviação de Transporte na Amazônia Manobra contra Mísseis Infravermelhos


Spectrum

Editorial Ten.-Brig.-do-Ar Carlos de Almeida Baptista Comandante da Aeronáutica

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na alocação de recursos. Nosso Ministro da Defesa tem empregado o melhor dos seus esforços para que a situação de degradação da Força seja revertida, pois tem constatado o quanto depende de nós a vigilância e o controle do espaço aéreo, a integração nacional, o socorro às populações em situações de calamidade, a indústria aeronáutica brasileira... O Comandante Supremo está, igualmente, comprometido com a recuperação da Força e busca os meios necessários, em meio a um contexto econômico-financeiro que, aos poucos, vai se tornando saudável. Não lutamos por uma Força melhor que o País, apenas tentamos demonstrar que ela não deve descer a níveis de preparo e emprego jamais observados desde os seus primórdios. Continuo dizendo que a esperança é uma bela companheira de viagem, o que me dá a alento para pensar que em breve possamos ter o futuro mais claramente definido. Iniciativas como a desta publicação, que trata de assuntos técnicos de alto nível, demonstram que, apesar das dificuldades, o gênio inventivo de Santos-Dumont, a perseverança de Eduardo Gomes e a liderança de Nero Moura, encontraram terreno fértil nos nossos Guerreiros do Século do Aço. Concito os companheiros que integram o Comando-Geral do Ar a empregarem suas inteligências e seus esforços com o profissionalismo e o amor dos que fazem do seu trabalho e dos objetivos da Instituição o grande elenco de idéias que, cada vez mais, fortalecem nossa Força e ganham, no tempo e no espaço, o testemunho de credibilidade da Nação a qual pertencemos, a qual defendemos e a qual teremos sempre que prestar contas.

com prazer que registro, para a revista Spectrum, produzida pelo Comando-Geral do Ar, a minha mensagem de primeiro semestre à frente do Comando da Aeronáutica. Tenho dito e repetido que me senti, após cinco anos e meio de afastamento, como se tivesse retornado de um curto período de férias da Organização. Para isso, em muito contribuíram meus companheiros do Alto Comando, imediatamente solidários com o novo Comandante. Considero necessário, no tempo que me resta nesta que, certamente, será a última missão devotada ao serviço público do meu País, estabelecer e concretizar o que será a Força Aérea Brasileira do novo milênio. Estamos entregando a administração direta da INFRAERO e da Aviação Civil ao Ministério da Defesa, orgulhosos dos chefes do passado e do presente, além dos servidores que nesses campos exerceram suas atribuições, arquitetos e construtores de dois segmentos chaves para a prosperidade do País, respeitados no contexto internacional pela eficiência com que prestam seus serviços ao imenso público que deles se utiliza. Lamentavelmente, encontramos a Força, cuja atividade-fim é desenvolvida, preponderadamente, pelo COMGAR, em difícil situação operacional. É esse Comando, com todas as suas Unidades Aéreas, que habita a maior parte dos nossos pensamentos e consomem a maior parte das nossas preocupações. Sabemos que todos os esforços, para reequipá-lo e modernizá-lo, não trarão resultados a curto prazo. Não caberá a nós a colheita dos frutos cujas sementes estão sendo plantadas agora. As autoridades da República, conscientes das dificuldades que temos para cumprir essa missão, nos colocaram prioritariamente

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Índice

Expediente

Planejando a Guerra ....................................... pág 5 Comandante-Geral do Ar Ten.-Brig.-do Ar Henrique Marini e Souza

O Impacto das Concepções e Tecnologias no Preparo e Emprego da Força Aérea Brasileira ............................... pág 7

Conselho Editorial e Revisão Ten.-Cel.-Av. Narcelio Ramos Ribeiro Maj.-Av. Ari Robinson Tomazini Cap.-Av. Fábio Durante Pereira Alves Cap.-Av. Davi Rogério da Silva Castro Cap.-Av. Carlos Alberto Fernandes Cap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães

Emprego da Aviação de Transporte na Amazônia ..................................................... pág 12 Network Centric Warfare (NCW) Uma Revolução no Campo de Batalha ......... pág 14 Materiais Absorvedores de Radiação Eletromagnética ............................ pág 17

Colaboradores Sr. Carlos Lorch (Action Editora) Cap.-Av. Hélio Rodrigues Costa (1º/16º GAv) Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) Adriana Beal (Vydia Tecnologia)

A Gestão do Conhecimento no Contexto das Organizações Militares .......................... pág 21 IFF : Perguntas e Respostas ........................... pág 23 Data Link nas Operações Aerotáticas .......... pág 27

Fotografias Revista Força Aérea

Manobra Contra Mísseis Infravermelhos ....... pág 32 Bomba Guiada a Laser: Ter ou Não Ter, Eis a Questão ....................... pág 35

Projeto Gráfico e Fotolitos Tachion Editora e Gráfica Ltda. Rua Santa Clara, 552 - Vila Adyanna Tel/Fax: (12) 321-0121 / 322-4048 / 322-3374 CEP 12243-630 São José dos Campos-SP e-mail: info@tachion.com.br www.tachion.com.br

ECHELON: O Sistema está lá fora! .............. pág 37 Determinação da Altitude de Operação de uma Aeronave de Alarme Aéreo Antecipado ......................................... pág 39 A Necessidade de Pós-Graduação na Área Operacional ......................................... pág 44

Impressão Gráfica Itamarati SIG/Sul Quadra 02 lote 400 tel: 61-343-1833 fax: 61-343-1099 CEP 70610-400 Brasília-DF

Distribuição interna. Tiragem: 1.500 exemplares.

Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que mencionados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o COMGAR.

spectrum@comgar.maer.mil.br

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Planejando a Guerra

Brig.-do-Ar Delano Teixeira Menezes Comandante da Segunda Força Aérea

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xiste um ditado que diz que a moda é que faz a lei e não a lei que faz a moda. A Doutrina é mais ou menos isso: ela nasce de baixo para cima, ela é ditada pelo modus faciendi do campo de batalha desde o nível tático, passando pelo operacional até o nível estratégico. É por isso que as doutrinas devem ser revistas a cada conflito, a cada batalha que implique o emprego maciço de recursos materiais e humanos na busca dos objetivos estratégicos e políticos. E a Força Aérea é o componente do Poder Militar mais susceptível a essas mudanças porque está mais próxima das transformações tecnológicas e porque é a arma que reúne as características que todo comandante militar gostaria de ter: velocidade, poder de destruição, precisão e alcance. Não é para menos, pois o homem levou 5000 anos para passar da velocidade de um pessoa andando para a de 90 Km/h, em condições favoráveis, num campo de batalha; o navio levou séculos para passar de 10/12 nós para 25/30 nós (e olhe lá!), enquanto que o avião levou menos de cinqüenta anos para pular de 50/100 nós para duas vezes e meia a velocidade do som, podendo aumentar ainda mais esta performance. Naturalmente que a velocidade de assimilação das transformações que ocorrem na doutrina está diretamente associada às ameaças e ao envolvimento em conflitos que cada país vive e à inserção política do mesmo no cenário mundial. Podemos depreender, assim, por quantas transformações passaram as doutrinas militares desde a Primeira Guerra Mundial, e o próprio conceito de guerra total depois da Segunda Guerra Mundial e a subseqüente Guerra Fria! Imaginemos o poder de barganha política que ganhou um estado, ou coalizão, depois de serem alcançados os níveis de precisão nos ataques realizados durante a Guerra do Golfo! ○

Mas esta é uma visão tática do problema. O cenário mundial mudou. O balanço de poder no mundo já não é o mesmo desde o desmanche do poder soviético. As hipóteses de conflito podem ter até aumentado mas os espaços diminuíram e o controle da expansão dos mesmos aumentou. Isto é, as guerras permitidas hoje não podem extrapolar deBrigadeiro-do-Ar terminados limites e devem ter Delano Teixeira Menezes um desfecho em tempo limitado. Além disso, as ameaças Comandante da Segunda são difusas, ou não se sabe a Força Aérea priori qual será o inimigo. Diante desse novo cenário, a capacidade de uma resposta rápida e precisa vai determinar a vantagem inicial em termos militares e a conseqüente iniciativa políticodiplomática para alcançar um desfecho favorável num prazo pequeno. A atual Estrutura Militar de Guerra (EMG) pode estar defasada para atender a essas novas demandas. Mas enquanto ela não for revista, cada Força Armada deverá estar preparada para melhor atendê-las, no mais curto espaço de tempo possível, sem desfazer cada uma das estruturas existentes que suportarão as necessidades das Unidades envolvidas no conflito. E isso acontecerá de uma maneira não muito diferente do dia-a-dia atual. O Comando-Geral do Ar como o componente da Força Aérea que primeiro será engajado e principal provedor dos recursos humanos e materiais devidamente adestrados e preparados para o combate, deverá ter uma organização interna tal que não deixe que as suas atribuições de planejamento e emprego operacional sejam perturbadas pelas atividades correntes que continuarão a existir. As modificações estruturais necessárias ○

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para que isso seja possível não são muito grandes, e são de fácil implementação, porque a atual organização operacional das Grandes Unidades subordinadas ao COMGAR já facilita as adaptações que se fazem necessárias. Ou seja, cada uma das Forças Aéreas existentes, com as suas características de O homem levou 5000 anos especializadas , já são capapara passar da velocidade de zes de atender às necessidaum pessoa andando para a de des de uma força a ser empre90 Km/h, em condições favogada em combate, com meios ráveis, num campo de batainclusive para apoiá-las. lha; o navio levou séculos Por outro lado, as atuais Forpara passar de 10/12 nós para ças Aéreas estão de tal forma 25/30 nós (e olhe lá!), enquanto que o avião levou me- envolvidas na apresentação de nos de cinqüenta anos para um produto (o piloto pular de 50/100 nós para duas operacional), ao final de cada vezes e meia a velocidade do ano, que não lhes sobra temsom, podendo aumentar ain- po para dedicar-se à elaborada mais esta performance. ção dos Planos necessários para atender às diversas hipóteses de conflito. Tampouco o tem o Estado-Maior do COMGAR, ainda envolvido com os problemas dos COMAR. Como resultado, existem hoje poucas pessoas engajadas em Planejamento Militar real, tanto no COMGAR como nas Forças Aéreas subordinadas. A ativação de uma Força Aérea sem meios aéreos subordinados, com um Estado-Maior constituído somente para planejar, seria uma forma de se preencher essa falha. Ela faria os Planos e Ordens e empregaria os meios que lhes seriam alocados na medida necessária para a dimensão do conflito. Assim, as Forças Aéreas atuais permaneceriam com os encargos da formação, manutenção e ele6

vação operacional das equipagens. A vantagem dessa Grande Unidade é que ela estaria livre de uma série de encargos, podendo debruçar-se sobre os documentos operacionais para mantê-los permanentemente atualizados. Poderia testar a validade desses documentos aplicando, em exercícios periódicos, as Unidades Aéreas que cada uma das Forças Aéreas (II, III e V) aprontariam para o combate. As atuais Forças Aéreas cumprem muito bem o seu papel de adestrar as equipagens de combate, cuidar da disponibilidade dos aviões e preparar a logística de mobilidade das suas Unidades, abrigando, cada uma, mesmas linhas de doutrina operacional (Caça/Ataque e Reconhecimento em uma, Transporte/Reabastecimento em outra e Patrulha, Asas Rotativas, Busca e Salvamento em outra). Esta organização facilita a unidade doutrinária e a administração da progressão operacional das equipagens. Com a ativação dessa nova Força Aérea, alcançaríamos uma verdadeira capacidade de pronta resposta, fosse qual fosse a arquitetura da Estrutura Militar de Guerra.


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O Impacto das Concepções e Tecnologias no Preparo e Emprego da Força Aérea Brasileira

Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av. CGEGAR

Nos últimos cinqüenta anos têm ocorrido evoluções cada vez mais aceleradas nas concepções de emprego e tecnologias destinadas ao campo de batalha, provocando mudanças significativas nos cenários operacionais, no preparo e emprego das forças armadas [1]

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sse fenômeno tornou-se mais intenso na última década do século XX, despertando as atenções dos estudiosos militares, os quais reconhecem que está ocorrendo uma verdadeira revolução nas concepções, acepções e tecnologias de guerra ( Revolution in the Military Affairs - RMA). Tudo isso ocorre no habitat operacional, possível palco de atuação da Força Aérea Brasileira. Tais fatos tornam-se mais importantes, quando se considera também que as hipóteses de engajamento pelas forças armadas brasileiras são difusas, indefinidas no tempo, no espaço e na origem. Esse artigo propõe-se a analisar de maneira sucinta e realística o impacto dessas mudanças aceleradas no preparo e emprego da FAB. Iniciará examinando a interdependência entre as concepções de emprego e as tecnologias do espaço de batalha, mostrará em seguida a rápida evolução de cada uma delas nos últimos cinqüenta anos e, finalmente, fará um sumário sobre o comportamento que vem sendo adotado e outras providências a serem implementadas pela Força Aérea Brasileira diante dessa realidade. No entanto, há necessidade de, inicialmente, identificar os fatores que influem em todas atividades de uma força aérea e definem sua capacidade operacional.

restre como Sun Tzu, Sir Basil Liddell Hart e Carl Von Clausewitz. Esse último definiu a essência da guerra por meio de uma trindade que compreende o povo (paixão), as Forças O Tenente Coronel Narcelio RaArmadas (criatividade) e a pomos Ribeiro é piloto de patrulítica (razão) [2]. Recentemenlha, concluiu o CFOAv em 1980 te, o Tenente Coronel David K. e exerce atualmente a função de Edmonds, da USAF, idealizou chefe do Centro de Guerra Ele a trindade do poder aéreo batrônica do COMGAR. Possui seada na convergência tempocurso de Guerra Eletrônica na Inral da teoria, tecnologia e práglaterra ( Electronic Warfare tica [3]. Directors ) e pós-graduação em Tanto a trindade da guerra Planejamento Estratégico e Quade Clausewitz, quando aplica- lidade Total pela AEUDF da ao poder aéreo, quanto as (Brasília). O Ten.- Cel. Narcelio idéias do Tenente-Coronel tem trabalhos publicados nas Edmonds são dependentes de revistas da UNIFA e O dois fatores essenciais e presen- Patrulheiro. tes na aplicação de uma força aérea: Concepção de Emprego e Tecnologia. As concepções de emprego são os métodos utilizados para aplicação da força aérea, os caminhos escolhidos para atingir os objetivos. Independente de serem doutrinariamente certos ou errados, atualizados ou não, são fatores presentes em qualquer cenário. As tecnologias são as plataformas, os sistemas d armas, os sensores, os softwares , as comunicações, os dispositivos. Esses dois fatores estão sempre presentes e condicionam todas as ações, atividades e até mesmo o resultado no campo de batalha. Por isso eles são considerados driving forces . Eles se complementam, derivam da essência do poder aéreo, resultando numa dicotomia que traduz a arte e a ciência da guerra dos Ca-

Driving Forces do Poder Aéreo As teorias e princípios iniciais do poder aéreo vieram, de pensamentos desenvolvidos, primordialmente, por teóricos do poder ter○

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valeiros do Século do Aço . A maior sinergia do poder aéreo no campo de batalha ocorre quando há coincidência temporal entre as concepções de emprego e a tecnologia existente. Isso é um desafio que só é superado pelas forças aéreas que compreendem a dimensão e a importância desses driving forces . Essa coincidência temporal, A maior sinergia do aliada a uma flexibilidade doutrinápoder aéreo no campo ria, foi um dos fatores responsáveis de batalha ocorre pelas seguidas vitórias de Israel conquando há coincidên- tra as nações árabes na Guerra dos Seis cia temporal entre as Dias em 1967, Yom Kippur em 1973 e concepções de empre- Vale do Bekaa em 1982. Em nenhum desses conflitos go e a tecnologia exisIsrael possuía vantagem numérica, mas tente. soube compreender e explorar melhor os driving forces do poder aéreo. Note-se, ainda, que na Guerra do Yom Kippur eram os Árabes que possuíam a supremacia tecnológica: o SA-6 (míssil superfície-ar) era guiado pelo primeiro radar com tecnologia Doppler, permitindo acompanhar e abater aviões israelenses voando próximo ao solo; o míssil SA-7 portátil era algo inusitado; e o canhão ZSU-23-4 foi o primeiro de uma série de hard kill que passaria a existir no campo de batalha. A despeito dessas desvantagens e de ter sofrido pesadas baixas no início do conflito, Israel mudou sua concepção de emprego em pleno andamento da batalha, passou a utilizar-se de supressão de defesa aérea, adaptou a tecnologia para superar as ameaças existentes, fez coincidir no tempo os driving forces do poder aéreo. O mesmo não ocorreu no lado árabe, que tinha tecnologia mas pecava na concepção de emprego, causando uma defasagem temporal nos driving forces , minimizando o efeito letal das suas forças armadas. Essa falta de sincronismo foi resultado da rigidez doutrinária oriunda de escola soviética, e do pouco 8

conhecimento sobre poder aéreo, os quais não possibilitaram o desenvolvimento de concepção de emprego no mesmo compasso da evolução da tecnologia. Esse descompasso entre concepções de emprego e tecnologias é melhor compreendido fazendo-se uma analogia entre algumas organizações nacionais que entraram na era da computação: aquelas que buscaram uma concepção de gestão, na qual foi incluida a tecnologia da informação, tiveram diminuição de custo e pessoal, ampliaram seus negócios e melhoraram sua capacidade de resposta e de competição nos cenários contemporâneos. Por outro lado, houve organizações que limitaram-se a apostar na tecnologia, sem se preocupar com novos métodos de gerência e utilizaram o computador como uma máquina de escrever de luxo com resultados nada animadores. Mas nem sempre as concepções de emprego do poder aéreo estiveram sincronizadas com a tecnologia. Ao contrário da teoria de Clausewitz, de que a natureza da guerra é intemporal , os driving forces (concepção e tecnologia) não o são. Eles evoluem com o tempo e são interdependentes.

A Evolução Na Primeira Guerra Mundial o poder aéreo não foi um fator decisivo. É claro que nessa época a teoria de Clausewitz ainda não havia sido transportada para essa nova dimensão da guerra [4]. Como não havia teoria escrita do poder aéreo, o desenvolvimento das concepções não acompanhou a incipiente tecnologia da época. Durante os anos subsequentes, entusiastas do poder aéreo como Giuilio Douhet, Gen Billy Mitchell, Sir Hugh Trinchard e Alexandre P. Seversky usaram numerosas idéias de guerra de Clausewitz (como a do centro de gravidade) para desenvolverem concepções ○


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de emprego, que culminaram nos conceitos de bombardeio estratégico, superioridade aérea e predominância dessa nova dimensão da guerra. Esses conceitos foram tão avançados para a época, que só houve tecnologia para tornálos realidade na Guerra do Golfo, em 1991. Esse foi um processo evolutivo que ocorreu a partir da II Guerra Mundial, primeiro conflito após a teoria pioneira acerca do poder aéreo. Ainda nessa linha, o Cel John Warden da USAF lançou os fundamentos de uma campanha aérea no seu livro Air Compaign: Planning for Combat 1 .

Essa versão modificada e atualizada do centro de gravidade de Clausewitz com seus cinco anéis concêntricos tornou-se o foco central da campanha aérea do Golfo. Até essa época, as idéias para a aplicação do poder aéreo estavam à frente da tecnologia. Pode-se deduzir que na Guerra do Golfo houve a coincidência temporal entre concepção e tecnologia, permitindo a concretização da predominância dessa dimensão da guerra. O quadro a seguir sumariza as evoluções das concepções de emprego e tecnologias do campo de batalha.

1 O Coronel Warden definiu o centro de gravidade do inimigo em cinco anéis concêntricos: (de fora para dentro) liderança, instalações de produção, infraestrutura, população e forças militares.

PERÍODO

C ONC EPÇ Ã O

TEC NOLOGIA

1940 a 1950

B o m b a rd e iro e stra té g ic o a c id a d e s e complexo de objetivos, guerra eletrônica, primeiros elementos de guerra psicológica.

Av iõ e s a h é lic e , b o mb a c o n v e n c io n a l, b o m b a a tô m ic a , c rip to g ra fia , p rim e ira s aeronaves a jato.

1950 a 1960

Gu e rra fria (g u e rra d a a tiv id a d e d e in te lig ê n c ia ), e n fo q u e n o a ta q u e estratégico e destruição em massa.

Comunicações, imageamento por satélite.

1960 a 1970

Supressão da Defesa Aérea (Wild Weasel), afirmação da guerra psicológica e guerra eletrônica.

Satélite d e co mu n icaçõ es, míssil superfície-ar, míssil anti-radiação.

1970 a 1980

U s o in te n s iv o d a s u p re s s ã o d a d e fe s a Link de dados , mísseis ar-superfície, uso a é r e a , m a i o r e n f o q u e n a s o p e r a ç õ e s intensivo de AEW e satélite de SIGINT tá tic a s, p rim e ira s id é ia s d e g u e rra n o ( I n t e l i g ê n c i a d e S i n a i s ) e I M I N T comando e controle. (Inteligência de Imagens)

1980 a 1990

Uso in te n siv o d a g u e rra e le trô n ic a , crescimento do enfoque nas operações Tecnologia da informação, exploração do táticas, cinco anéis de Warden, lança-se o LA SER. c o n c e ito d e g u e rra n o c o ma n d o e controle.

1990 a 2000

Uso pleno do poder aéreo (supremacia), guerra no comando e controle (o centro Uso intensivo de armamento inteligente, d e g ra v id a d e é o c ic lo d e c o m a n d o e s o f i s t i c a d o s s i s t e m a s d e c o m a n d o e c o n t r o l e ) , u s o i n t e n s i v o d e g u e r r a controle, aeronave stealth, High Power p s i c o l ó g i c a , o p e r a ç ã o c o m b i n a d a , M ic ro w a v e (b o m b a e le tro m a g n é tic a ) Information Warfare , primeiros sinais de b o m b a d e g r a f i t e , p r o j é t e i s d e Ne two rk C e n tric Wa rfa re (su b stitu iç ã o h ip e rv e lo c id a d e , in te lig ê n c ia a rtific ia l, de massa de força por massa de efeito), fusão de dados, redes de sensores, rede de s u r g e o c o n c e i t o d e G l o b a l R e a c h , atiradores. Global Power .

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dade) [6], entender e explorar os conceitos de precisão, letalidade, conhecimento situacional global e do teatro de operações, estabelecer estratégias e aplicar o poder aéreo como instrumento de política do estado-nação. O desenvolvimento organizacional, para atingir esse nível de cultura, depende de três fatores: conhecimento profissional sobre os driving forces do poder aéreo, criatividade e recursos técnológicos. Dentro desse enfoque, torna-se de fundamental importância a parceria que está

Nota-se que o desenvolvimento quase que sicronizado e mais acelerado dos driving forces do poder aéreo ocorreu com mais ênfase no final do Século XX. Essas mudanças são relevantes para os integrantes da Aeronáutica por causa dos seguintes axiomas: a) o negócio da FAB não é qualquer O poder aéreo repre- negócio, é a guerra, a defesa da pás e n t a a d i m e n s ã o tria, a aplicação militar do Poder mais privilegiada de Aeroespacial Brasileiro; p r o j e ç ã o d e f o r ç a b) no espaço de batalha, a FAB conq u e a á r e a p o l í t i c a correrá com oponentes que utilizarão t e n d e r á c a d a v e z os driving forces do poder aéreo; e mais a selecionar e a c) o preparo e emprego da FAB depenempregar. dem dos driving forces do poder aéreo.

sendo realizada entre COMGAR e DEPED/ CTA, no sentido de, juntos, criarem um programa de busca de excelência na área da guerra, que consta basicamente de cursos de pós-graduação nos níveis de especialização, mestrado e doutorado, com o objetivo de preparar oficiais e civis assemelhados para: resolver problemas operacionais e técnicos dos cenários de guerra, conflito ou crise; gerar novos conhecimentos ( know-why ) que resultem em conceitos de guerra, concepções de emprego, métodos, procedimentos operacionais, processos e tecnologias; melhorar o ciclo de decisão nos vários níveis da guerra e a utilização dos meios existentes; e tirar melhor proveito das concepções e tecnologias de forças oponentes. Outra resposta a essa realidade é o constante incentivo que o ComandanteGeral do Ar (Ten.-Brig.-do-Ar Henrique Marini e Souza) está dando à utilização da criatividade e do potencial dos recursos humanos para solucionar problemas operacionais, técnicos e, até, administrativos. Nesse sentido, têm sido reconhecidos e destacados aqueles que ultrapassam os limites das atividades rotineiras, para implementar inovações ou mudanças que

Preparo e Emprego da FAB Segundo a Estratégia Militar Brasileira, o preparo das forças armadas deve basear-se em capacidade, pois as ameaças são difusas [5]. Pode-se deduzir, baseado nessa afirmativa e no que foi exposto nos parágrafos anteriores, que a preparação da FAB requer a busca incessante de conhecimentos e meios que possibilitem melhor explorar as concepções e tecnologias utilizadas nos cenários de crise, conflito ou guerra, a fim de atingir os objetivos políticos do estado-nação brasileiro. Essa capacidade requer uma postura pró-ativa diante da evolução acelerada das concepções e tecnologias dos cenários contemporâneos. É, portanto, uma questão de cultura organizacional. Essa cultura tem a função de criar valores compartilhados, preparar os integrantes da organização para liderança intelectual, capacitá-los para desenvolver teoria ou visão de vitória, possibilitar a melhor utilização das características de uma força aérea (velocidade, alcance e flexibili10


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agregam valor à missão da força. Quanto aos recursos tecnólogicos necessários ao preparo e emprego da FAB dentro de uma visão de vitória , dependem de aporte financeiro, cuja obtenção requer a atuação de atores fora da esfera da Aeronáutica. O poder aéreo representa a dimensão mais privilegiada de projeção de força que a área política tenderá cada vez mais a selecionar e a empregar, por ser a opção de mais baixo risco em termos de custo-benefício, a que melhor responde aos multiformes e imprevisíveis cenários, a que é capaz de reagir mais rapidamente para projetar a força física onde e quando necessário e a que obtém efeitos psicológicos e estruturais a milhares de quilômetros de suas bases de origem. A sinergia que garante a utilização do potencial máximo do poder aéreo ocorre quando há sincronismo entre concepções de emprego e tecnologias existentes no cenário operacional. Esse ponto ótimo, para ser atingido, depende da cultura organizacional (conhecimento e criatividade) e de recursos tecnológicos. O aporte financeiro para o desenvolvimento ou aquisição dos recursos tecnológicos depende também de outras áreas do governo, mas o saber e a cultura

organizacional são problemas exclusivos da Aeronáutica, que, utilizando programas de busca de excelência e de incentivo à criatividade, reage com vigor e prepara-se para concorrer nos cenários de guerra, conflito ou crise contemporâneos.

Referências [1] FITZSIMMONDS, James R. The coming Military Revolution: Opportunities and Risks , Parameters, Summer 1995 [2] CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra . São Paulo: European, 1981. [3] EDMONDS, David K. Airpower Journal, Edição Brasileira, Terceiro Trimestre 1998. [4] Ibid, 26 [5] BRASIL. Estado-Maior das Forças Armadas. Estratégia Militar Brasileira . Brasília, 1998 (FA-E-01). [6] BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Estado-Maior da Aeronáutica. Doutrina Básica da FAB . Brasília, 1997. (DMA 1-1).

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Emprego da Aviação de Transporte na Amazônia

Renato Cossatis Filho, Ten.-Cel.-Av Comandante do 1o/9o GAV

O Emprego de Forças Terrestres na Amazônia

Obviamente, em virtude das técnicas de combates empregadas, a Força Terrestre não terá condições de se expor abrindo clareiras (ZL). A solução prática será o Ressuprimento Aéreo ocorrer sobre as águas dos rios e lagos que pontilham toda a região amazônica. A Amazônia pos- O Ten.-Cel. Renato Cossatis sui lagos como o de Filho é operacional em TransTefé (40 x 7 km), porte Aéreo Logístico, TransPiorini (50 x 5 km), porte Aeroterrestre e ReabasMancapuru, Badajós, tecimento em Vôo. Concluiu Janaucá e muitos ou- o CFOV em 1980 e exerce tros; possui os rios atualmente a função de coAmazonas, Negro, mandante do 1º/9º GAV. PosSolimões, Tapajós, sui 16 anos dedicados à AviMadeira, Xingu, ação de Transporte, 6 em Tocantins, Branco e C-115 Buffalo e 10 em mais uma infinidade C/KC-130 Hércules.

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imensa região amazônica, com quatro milhões de km2, é conhecida pela sua densa floresta tropical, onde a maioria de suas árvores atingem mais de trinta metros de altura. Esta região, totalmente envolvida por rios, córregos e igarapés, engloba a maior bacia de água doce do mundo. Em razão destas características geográficas, o emprego de forças terrestres na Amazônia, em uma situação de conflito, assume um perfil muito diferente das guerras convencionais, tornando evidente a utilização de técnicas conhecidas como resistência ou lassidão. Serão empregadas, certamente, tropas páraquedistas em missões de Infiltração Aeroterrestre, tais como: infiltração de comandos e de forças especiais. Todavia, a realização de um Assalto Aeroterrestre, para o emprego da Brigada Infantaria Pára-quedista, será muito dificultado pela carência de Zonas de Lançamentos (ZL) compatíveis na região. Consequentemente, a maioria das forças terrestres empregadas serão as Brigadas de Infantaria de Selva, que necessitarão de total apoio logístico a ser fornecido pela V Força Aérea. Como será realizado o ressuprimento dessas tropas? As Bda. Inf. Selva irão abrir clareiras ou ZL, a fim de permitir o lançamento de material sobre o solo firme para o seu ressuprimento? A experiência de quem opera na abertura de clareiras informa que para construir uma ZL de 400m x 200m, utilizando dez homens treinados e bem equipados, em regime de urgência, são necessários quatro dias de trabalho só na derrubada das árvores, permanecendo o problema principal a ser resolvido que é a retirada dos escombros, visando o recebimento da carga. 12

de afluentes que podem vir a ser utilizados como zonas aquáticas de lançamento.

O material a ser lançado É evidente que o material a ser lançado estará ligado às necessidades das Unidades Terrestres desdobradas. A título de exemplo, pode-se imaginar: rações, medicamentos, munições, armamentos, fardamento, equipamentos eletrônicos, motores para embarcações leves, combustível para helicópteros desdobrados em profundidade na selva e muitos outros. A necessidade de material a ser ressuprido às Bda. Inf. Selva é calculada por dia de operação em combate, sendo que a menor fra○


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por determinação do Comandante da V Força Aérea, foi reiniciado o desenvolvimento de novos hidropáletes, visando não só atender às necessidades da Força Terrestre, mas também permitir a realização da XX RAT na região amazônica, nossa principal hipótese de emprego. Com duas folhas de compensado naval, três fitas de pálete e uma camada de isopor variável com o peso da carga (até 50 cm), o 1o/9o GAV desenvolveu uma nova plataforma

ção a ser empregada, por doutrina, será no nível de batalhão. Para o cálculo da carga a ser lançada, tem-se que considerar que um batalhão é formado por pelo menos três companhias e cada companhia tem no mínimo três pelotões. De acordo com o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), a necessidade de material das tropas infiltradas na floresta amazônica, a cada 5 dias de operação, será: pelotão 600 kg; companhia 2.400 kg; e batalhão 25.000 kg.

de baixíssimo custo e com uma capacidade de flutuabilidade de até 1220 Kg. Estas plataformas foram aprovadas no teste de lançamento aéreo do C-115 (agosto de 1999) e do C-130 (abril de 2000). Além do hidropálete, o 1o/9o GAV em conjunto com o CIGS estuda ainda a possibilidade de empregar técnicas de lançamento rasante, que é de grande precisão, para lanchas de duralumínio com uma carga de 600 Kg. A praticabilidade e a aceitabilidade deste projeto serão exaustivamente analisadas antes dos vôos de teste.

A Plataforma de Lançamento Aéreo No ano de 1984, oficiais do 1o/9o GAV perceberam esta problemática e desenvolveram uma plataforma que tinha capacidade de flutuabilidade de até 420 Kg de carga. Foi realizado um lançamento sobre as águas do Rio Negro, a 800 pés de altura, tendo a plataforma sido recolhida por um bote a remo guarnecido por dois militares. A experiência colhida naquela ocasião demonstrou que tal prática é totalmente viável, simples, econômica e efetiva. No entanto, após o lançamento de teste bem sucedido nada mais foi feito e tudo foi esquecido com o passar dos anos, não sobrando vestígios da plataforma que foi denominada hidropálete. No ano de 1999, após a exposição do o o 1 /9 GAV no Simpósio da XIX Reunião da Aviação de Transporte,

O que falta fazer A XX Reunião da Aviação de Transporte na Base Aérea de Manaus, neste ano de 2000, será um marco da elevação operacional das equipagens de nossa Aviação no cumprimento de missões de Transporte Aeroterrestre

Continua na página 43 ○

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Network Centric Warfare (NCW) Uma Revolução no Campo de Batalha [1] Edson Fernando da Costa Guimarães , Cap.-Av. CGEGAR

A Guerra é um produto de seu tempo. As ferramentas e táticas com as quais lutamos têm sempre evoluído com a tecnologia. Devemos estar prontos para seguir esta tendência. [2]

ção [1]. Com o intuito de empregada com sucesso no setor privado, pesquisadores militares de todo o mundo têm estudado a adaptação desses princípios às Forças Armadas. Desses estudos [1] surgiu o conceito de Network Centric Warfare (NCW) que será o principal enfoque deste artigo. NCW é uma mudança fundamental do que antes era chamado de platform-centric warfare... , também considerada a maior Revolução nos Assuntos Militares dos últimos 200 anos. [2]

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ivemos hoje o que muitos chamam de Era da Informação. Não que a informação não tivesse importância antes, mas os métodos de obtenção, transmissão, processamento e arquivamento tornaramse tão eficientes que a Informação passou a ser matéria prima, combustível e produto das mudanças observadas nessa nova Era. A Era da Informação mudou a forma como as riquezas são geradas, alterou a distribuição do poder e diminuiu as distâncias, comprimindo o tempo e mudando o ritmo de nossas vidas. A história tem mostrado que as táticas e técnicas empregadas pelas forças militares evoluem em função da tecnologia disponível, da mesma forma que forçam a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Dessa forma, por diversos momentos da história, a tecnologia militar foi pioneira na descoberta de novos conceitos que, mais tarde, acabaram sendo empregados fora do ambiente castrense, seja na indústria, na medicina, nas telecomunicações ou nos transportes. Nas últimas décadas, porém, com a rápida progressão da capacidade de processamento dos computadores e do poder advindo da conexão entre eles (redes), tem-se observado um desequilíbrio entre a velocidade com que a iniciativa privada consegue incorporar essas novas tecnologias em comparação com as Forças Armadas. Empresas de sucesso têm se utilizado da tecnologia disponível para adquirir superioridade de informação, definida como um estado alcançado quando a vantagem competitiva é derivada da habilidade de explorar uma posição superior de informa14

aplicar a tecnologia já

O Capitão Edson Fernando da Costa Guimarães é piloto de transporte, concluiu o CFOAv em 1990 e exerce atualmente a função de adjunto à Seção de Desenvolvimento de Recursos Humanos do Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR (CGEGAR). Possui cursos de Guerra Eletrônica no Brasil e na França, pós-graduação em análise e projeto de sistemas (GFI/ UNB Brasília) e mestrado em Engenharia de Sistemas de Guerra Eletrônica na Naval Postgraduate School (EUA).

Platform-Centric Warfare vs. Network Centric Warfare Como dito anteriormente, NCW representa uma mudança do que antes se empregava: Platform-Centric Warfare. Nesta última, cada arma tem seu próprio sistema de sensores, e se o sensor não está co-localizado com a plataforma, existe um sistema de comunicação pontoa-ponto para prover dados para o atirador. Agora não é mais possível ter uma massa de plataformas (navios, aviões) e um grande número de sistemas de armas, e ainda assim, armas de precisão devem ser empregadas em local e horário exatos, onde apenas um sensor pode não ser suficiente para guiá-los, sendo necessários dados integrados de vários sensores e bancos de dados para alimentá-los. NCW é a habilidade ○


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de força. Na verdade, é necessário um conjunto de redes (LAN - local area networks ) com aplicações comuns, táticas e não-táticas. Essas redes precisam de largura de banda suficiente para todos os usuários se beneficiarem do fluxo de dados e das bases de dados. O problema, entretanto, não é apenas conectar peças. São neces-

de forças dispersas geograficamente criarem um alto nível de consciência situacional que pode ser explorada para atingir os objetivos da guerra. O conceito de consciência situacional (figura 1) implica um grande volume de informações sobre espaço de batalha , termo que veio substituir a expressão campo de batalha para reforçar ainda mais a desvinculação com o aspecto físico do terreno onde as batalhas eram vencidas. Ele engloba conhecimento sobre a situação amiga, a situação do inimigo e do cenário operacional.

sários organização, doutrina e treinamento. Dessa forma, a produtividade da rede poderá exceder a soma da produtividade das partes. Outro fator que força as Forças Armadas a reverem seus métodos é a constante busca de eficiência que lhe é exigida ao mesmo tempo em que os recursos disponíveis são constantemente reduzidos. A NCW propõe então uma reinterpretação de alguns dos princípios da guerra, entre eles o princípio da massa. Uma vez que, com a indisponibilidade de recursos, fica comprometida a capacidade de mobilizar uma grande quantidade de meios (Massa de Forças), torna-se essencial que se possa causar o mesmo efeito (ou maior) com os poucos recursos disponíveis (Massa de Efeitos).

Figura 1 Consciência Situacional

Para sua consecução, a NCW é estabelecida sobre quatro pilares: - Banda larga de radiofreqüência (Data Links): provê a habilidade de transportar grande quantidade de dados pelo espectro eletromagnético; - Redes locais de banda larga: permitem o processamento e a transmissão de dados localmente; - Gerenciamento de informação: torna eficiente o uso, o processamento e a aplicação da informação; e - Plataformas preparadas: permitem o uso dos serviços oferecidos pela rede. Mas que mudanças ocorreram no cenário militar de modo a suscitar a necessidade de repensar-se a maneira como seus meios são empregados? Atualmente, tem-se que confiar em uma grande quantidade de informação, entregue oportunamente e em local exato. A solução que se apresenta é o uso de redes como multiplicadoras

Modelo Lógico da NCW A Malha da NCW (figura 2) é composta de três sub-malhas: - malha da informação - malha de sensores - malha de atiradores

Figura 2 - Modelo Lógico para NCW

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A Malha da Informação provê infra-estrutura para as comunicações e a computação. Ela recebe, processa, transporta, guarda e protege as informações, provendo infra-estrutura plug-and-play para sensores e atiradores, podendo existir no espaço, no céu, em terra ou no mar. É uma malha física e permanente. Um aspecto importante que deve ser considerado quanto à malha da informação é a segurança, em seus três objetivos fundamentais [3]: - Sigilo (proteção contra divulgação indevida de informações criptografia e controle de acesso); - Integridade (proteção contra a modificação não autorizada de informação totais de controle e assinatura digital); - Disponibilidade (proteção contra a interrupção do serviço backup e duplicação de sistemas); A Malha de Sensores é composta de sensores baseados em terra, mar, ar e no espaço. Podem ser sensores isolados, baseados em plataformas de sistemas de armas, transportados por tropa ou sensores de situação logística. Tais sensores provêem alto grau de consciência do espaço de batalha, incluindo forças amigas, inimigas ou neutras e cenários. É uma malha transiente (existe apenas para uma determinada missão) e é capaz de realizar alocação dinâmica de sensores e fusão de dados Finalmente, a Malha de Atiradores permite que a guerra seja planejada e executada de forma a se alcançar projeção de força em tempo e local precisos, através do conhecimento do campo de batalha. Por meio deste modelo, novas capacidades operacionais são conquistadas, tais como o planejamento predictivo (habilidade de ser pró-ativo no processo de planejamento, estando preparado para reagir e explorar oportunidades, moldando as ações de forma a ficar dentro do ciclo de decisão do inimigo e mantendo-o de fora do nosso ciclo), gerenciamento integrado da Força (capaci16

dade de atingir sincronismo de missões e recursos provenientes de todos os componentes da Força), operação sincronizada de Forças Distribuídas, execução de missões de tempo crítico (habilidade de prover busca e aquisição de alvos, seleção de alvos, coordenação da guerra), seleção de alvos e execução de ações de pronta resposta.

Mitos da NCW Alguns mitos existem em torno do conceito de NCW. O primeiro deles é que a NCW seria apenas uma guerra de redes. Tal argumento é falso, pois NCW é na verdade o uso da tecnologia de redes para aumentar o poder de combate das Forças. Outro mito diz respeito à preocupação de que a NCW mudaria a natureza da guerra. Se olharmos os princípios da guerra, apenas alguns princípios deveriam ser reinterpretados, como o princípio de massa, passando a nos interessar a massa de efeitos e não de forças. Toda essa movimentação no sentido de melhorar a eficiência do uso dos recursos disponíveis faz com que sejam geradas discussões e debates em torno de melhores táticas e técnicas para aplicação militar. Toda essa Revolução no Campo de Batalha força a que se repensem conceitos e doutrinas, livrando o contexto de paradigmas antigos e já não tão eficientes. Manter as concepções de emprego militar sincronizadas com a tecnologia disponível é o desafio constante das Forças Armadas.

Bibliografia [1] Alberts, David S. et al. Network Centric Warfare: Developing and Leveraging Information Superiority. CCRP Publication Series, 1999. [2] Cebrowski, Vadm Arthur K., USN and John J. Garstka. Network Centric Warfare: Its Origin and Future. Proceedings of the Naval Institute 124:1, 1998. [3] White, Gregory B. et al. Computer System and Network Security . CRC Press LLC, 1996.


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Materiais Absorvedores de Radiação Eletromagnética

Mirabel Cerqueira Rezende, Fábio Santos da Silva, Inácio Malmonge Martin IAE/CTA

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sorção do sinal emitido por uma determinada fonte é avaliada por medidas de refletividade do material ou do objeto em questão. Os absorvedores dielétricos são obtidos a partir da adição de pequenas partículas de carbono, grafite ou partículas de metal pulverizadas em uma matriz de resina. E, os absorvedores magnéticos pela incorporação de partículas magnéticas, como ferritas, à

s materiais absorvedores de radiação usam as propriedades de troca de energia da radiação eletromagnética por energia térmica, podendo-se citar determinados tipos de materiais carbonosos, óxidos cerâmicos (ferritas) e polímeros condutores. Estes materiais quando atingidos por uma onda eletromagnética têm a estrutura molecular excitada e parte da energia incidente é convertida em calor (Figura 1).

matriz polimérica [Hippel, 1954; Cho, Kang, OH,1996]. Os MARE encontram aplicações nas faixas de freqüência de 30 MHz até 100 GHz, podendo-se citar: antenas de alto desempenho, revestimentos de O Doutor Inácio Malmonge Martin câmara anecóica, proteção eleé Bacharel em Física pelo Instituto tromagnética de materiais de Física de Rio Claro/UNESP aeroembarcados, blindagem de (1967), Mestre em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica/ radiação danosa em aparelhos CTA (1968), Doutor em Ciências pela celulares, sistemas de seguran- Faculdade de Ciências de Toulouse/ ça interna de aeronaves; Univ. de Toulouse, França (1971) e Doutor em Ciências pelo Centro de cabeamento para controle de Estudos Espaciais e da Radiação, geração de ruídos espúrios; con- França, (1974). É Professor Livre trole de interferência de sinais Docente do Instituto de Física da UNICAMP e, atualmente, atua como de TV em edifícios; segurança pesquisador convidado da Subdivide fornos de microondas; produ- são de Compósitos da AMR/IAE/CTA ção de válvulas cardíacas com proteção eletromagnética; na in- O Engenheiro Fábio Santos da Silva dústria militar para a redução da é formado pelo Departamento de Engenharia Química da UFSC(1998) seção reta radar (Radar Cross e Mestrando em Ciências pelo InstiSection - RCS) em navios e ae- tuto Tecnológico de Aeronáutica ITA/ ronaves; na redução de ondas su- CTA. perficiais na blindagem de compartimentos; em atenuadores e terminações para guias de ondas e conexões; na otimização de diagramas de irradiação de antenas; na redução de reflexões indesejáveis de objetos e dispositivos; entre outras.

Figura 1: Esquema da transformação da energia eletromagnética em calor pelo MARE.

As características da tecnologia de baixa detecção por ondas eletromagnéticas são atribuídas ao formato da estrutura da aeronave e, também, aos materiais empregados na sua construção e no seu revestimento, destacando-se o uso de compósitos com fibras de carbono e revestimentos à base de ferritas [Lee, 1991]. Alguns materiais podem ser usados para absorver uma parte da radiação incidente em uma determinada faixa de freqüências ou para atenuar uma alta porcentagem do sinal do radar em banda larga de freqüências. Em sendo assim, a transparência e a refletividade de uma estrutura ao radar são funções da geometria do alvo e das propriedades dielétricas e magnéticas do material [Ufimtsev, 1996; Sattar, 1996; Stonier,1991]. Os materiais absorvedores de radiação podem ser divididos naqueles que absorvem os campos magnético e elétrico e a combinação de ambos, denominados materiais absorvedores híbridos. A eficiência na ab○

A Doutora Mirabel Cerqueira Rezende é Bacharel em Química pelo Instituto de Química de Araraquara/UNESP (1980), Mestre em Ciências pelo Instituto de Física e Química da USP/São Carlos (1985) e Doutora em Engenharia pelo Departamento de Engenharia Química da USP/SP (1991). É pesquisadora da Divisão de Materiais(AMR)/IAE/CTA na área de materiais desde 1985 e, atualmente, Chefe da Subdivisão de Compósitos da AMR/IAE/CTA, sendo responsável pelas atividades de P&D em MARE no CTA

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História do Desenvolvimento dos MARE

absorvedor. Este tipo de material foi utilizado para a redução de interferências eletromagnéticas, não sendo aplicado para a redução de RCS [Johnson, 1992]. O segundo material absorvedor desenvolvido, conhecido como Salisbury, tem seu princípio de funcionamento baseado na perda da radiação pelo fenômeno das reflexões múltiplas da onda. Neste caso, um absorvedor com valores de impedância próximos da do ar (377 ohms por polegada quadrada) é posicionado sobre o material (alvo) a ser revestido, a uma distância previamente calculada (Figura 2), de modo que as ondas incidentes e aquelas refletidas no material se cancelem, provocando uma atenuação de 25 a 30 dB da radiação incidente. O primeiro Salisbury patenteado era formado por uma face frontal de lona dopada com grafite, colada em uma placa de madeira e abaixo desta uma base de alumínio. Atualmente, esses absorvedores possuem a face frontal em fibra de vidro com impregnação de grafite e a espessura desejada é obtida por uma espuma e um material condutor como base final [Johnson, 1992].

Os avanços tecnológicos que os MARE podem proporcionar às áreas da eletroeletrônica, espacial e aeronáutica têm impulsionado a realização de várias trabalhos de pesquisa e desenvolvimento na obtenção desses materiais. Os primeiros estudos nessa área ocorreram pouco antes da Segunda Guerra Mundial, quando os alemães reduziram o RCS de periscópios submarinos. Dois tipos de materiais foram desenvolvidos para este propósito. O primeiro obtido com borracha dopada magneticamente, que atenuava a radiação incidente em torno de 3 GHz. O segundo projeto foi desenvolvido por Jauman que obteve um material multicamadas de diferentes espessuras, relativamente espesso, com aproximadamente três polegadas, sendo que as camadas aumentavam gradativamente a condutividade diminuindo, assim, a resistividade. Esses absorvedores conseguem uma boa atenuação (-20 decibéis - dB) em uma banda larga de freqüências. Este tipo de absorvedor, denominado absorvedor Jauman, ainda hoje é comercializado [Johnson,1992]. Os norte-americanos desenvolveram dois absorvedores, o primeiro obtido no laboratório de radiação do Massachusetts Institute of Technology MIT, patenteado por Otto Halpern, que recebeu o nome de HARPA (Halpern Anti Radiation Paint). Este absorvedor consistia de materiais condutores como alumínio e cobre ou materiais ferromagnéticos aditados em materiais não condutores, como plásticos e borrachas. A mistura resultante era obtida em finas camadas posicionadas em estrutura sanduíche, com orientações contrárias, em zero e noventa graus, de modo que a eficiência da absorção da radiação não fosse afetada de maneira significativa pela posição do 18

Figura 2: Funcionamento de um absorvedor ressonante, tipo Salisbury

A Inglaterra iniciou suas pesquisas no Laboratório de Pesquisas de Plessey, em 1947, e o primeiro produto de sucesso foi ○


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uma borracha natural aditada com carbono, conhecido como DX1, utilizado no radar do bombardeiro Vulcan. Esse grupo de pesquisas também desenvolveu absorvedores para navios, com a principal finalidade de reduzir falsos ecos. Os materiais desenvolvidos eram absorvedores magnéticos ressonantes, formados de borracha natural e elastômeros de neoprene e operavam de 1 a 18 GHz. Quando colados a uma estrutura metálica reduziam as reflexões de 20 a 30 dB. Em função do sucesso desta linha de absorvedores, atualmente estes materiais são usados em quase todos navios britânicos [Knott, Schaeffer, Tuley, 1993]. O maior interesse na redução de RCS surgiu no final da década de 70, quando o governo norte-americano iniciou trabalhos para a produção de um bombardeiro de baixa detecção por radar. Desde essa data, o interesse na redução do RCS pela utilização de MARE e por estruturas absorvedoras de radiação (Radar Absorbing Structures RAS) tem aumentado de maneira significativa. Hoje, os trabalhos mais inovadores na área de processamento de MARE estão utilizando como centros absorvedores da radiação eletromagnética borrachas e tintas aditadas com polímeros condutores. Tais absorvedores apresentam como principais características valores de atenuação comparáveis aos obtidos com ferritas, baixos valores de densidade e versatilidade no processamento, permitindo a obtenção de MARE com característica res-

sonante ou de banda larga.

Tipos de Absorvedores Os absorvedores de radiação estão divididos em banda estreita ou ressonante, tipo N (Narrow) e banda larga, tipo W (Wide), de acordo com a faixa de freqüências absorvida. A Figura 3 ilustra curvas de atenuação típicas, obtidas pelo uso destes dois tipos de absorvedores. Os absorvedores tipo N possuem uma banda característica de absorção, sendo utilizados quando ape- Os avanços tecnológicos que nas uma freqüência ou peque- os MARE podem proporcionar na faixa deve ser reduzida ou às áreas da eletroeletrônica, eliminada. Aplicações típicas espacial e aeronáutica têm deste tipo de absorvedor são impulsionado a realização de observadas na eliminação de várias trabalhos de pesquisa e interferências em dispositivos desenvolvimento na obtenção eletrônicos e na prevenção da desses materiais. reflexão de sinais de TV em paredes de edifícios. No Japão este tipo de aplicação já é uma prática. Os absorvedores tipo W possuem uma banda larga de absorção, devendo ser utilizados quando se deseja atenuar várias freqüências, possuindo um grande campo de aplicações, destacando-se os absorvedores piramidais. Este tipo de absorvedor tem como aplicação mais significativa o revestimento de câmaras anecóicas, sendo utilizados para freqüências superiores a 30 MHz.

Figura 3: Exemplos de absorvedores (a) tipo N, atenuando a radiação na faixa de 8-10 GHz e (b) tipo W, atenuando a radiação de 4-18 GHz.

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ção de MARE tipos tintas, borrachas, compósitos com fibras de carbono e absorvedores híbridos, usados nos setores aeronáuticos, de telecomunicações, entre outros.

Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de MARE no Centro Técnico Aeroespacial Devido à constante atualização tecnológica exigida no setor aeronáutico, visando um maior desempenho das aeronaves, maior segurança em vôo, otimização de sistemas de comunicação e o domínio no sistema de camuflagem, a Divisão de Materiais, do Instituto de Aeronáutica e Espaço, do CTA, vem se dedicando à pesquisa e desenvolvimento de materiais absorvedores de radiação à base de ferritas, partículas de carbono e polímeros condutores em matrizes poliméricas tipos epóxi, silicone, espumas de poliuretano e colméias, contribuindo no domínio tecnológico ao nível nacional de MARE tipos ressonante e banda larga, na faixa de 2 a 18 GHz. Dentre os benefícios dessa área de atuação à indústria aeronáutica do país e ao setor privado, em geral, pode-se destacar: a inovação tecnológica na área de preparação de MARE com propriedades de absorção de comprimentos de ondas previamente especificados em função da formulação preparada; o domínio na utilização de ferritas, polímeros condutores e partículas de carbono na prepara-

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Referências Bibliográficas CHO, S.B.; KANG, D.H.; OH, J.H.Journal of Materials Science, 31, 4719-4722,1996. HIPPEL, ARTHUR R. VON ; Dieletric Materials and Applications , John Wiley, New York, 1954. JOHNSON, R.N.; Radar Absorbing Material; A passive role in an Active Scenario , International Coutermeasures Handbook, 11th ed., E.W. Communications, Palo Alto, CA., 1992. KNOTT, E. F.; SCHAEFFER, J. F.; TULEY, M. T.; Radar Cross Section , 2ª Ed., Artech House, Inc., 1993. LEE, S. M. International Encyclopedia of Composites , vol. 6, VHC Publishers, New York, 1991. SATTAR, A.A. Journal of Materials Science Letters, 15, 1090-1092, 1996. STONIER, R.A. SAMPE Journal, 27(4), 917, 1991. UFIMTSEV, P.Y. Proceedings of the IEEE, 84(12) 1828-1851, 1996.


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A Gestão do Conhecimento no Contexto das Organizações Militares Adriana Beal Vydia Tecnologia

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nformação, conhecimento e tecnologia são, atualmente, recursos estratégicos que precisam ser administrados eficazmente para que qualquer organização seja ela pública ou privada consiga manter-se em uma situação vantajosa e evolutiva no ambiente em que opera. Nas organizações militares, os desafios para se alcançar o aproveitamento máximo da informação disponível se revestem de características ainda mais complexas do que os observados em outros ambientes, uma vez que estão em jogo não apenas questões relacionadas à condução das suas próprias operações, mas também temas mais amplos, ligados à segurança nacional. Dessa forma, é exigido das Forças Armadas a execução de uma gama cada vez maior de operações sofisticadas, que dependem não apenas de tecnologias bastante avançadas, como também de um grande volume de informações estratégicas, como os conceitos consciência situacional [4] e comando e controle [1] podem ilustrar. Ao mesmo tempo em que se acumulam essas novas exigências, observa-se uma redução sistemática dos recursos disponíveis no âmbito das organizações militares [4]. Nesse contexto, o processo de obter a informação certa, colocá-la num formato aproveitável, e fazê-la chegar onde ela é necessária de modo eficiente, econômico e eficaz assume um papel-chave, seja nas operações militares de alta tecnologia, seja na gestão de todos os outros aspectos organizacionais presentes nas Forças Armadas. Os recentes avanços na tecnologia da informação e nas redes de telecomunicação, ao facilitar significativamente a coleta, a proteção e o uso do conhecimento corporativo, propiciaram o surgimento de novos softwares e processos desenvolvidos para se integrar aos sistemas de informação já existentes, e per○

mitir a disseminação mais efetiva do conhecimento por toda a organização. Essas novas metodologias são conhecidas em seu conjunto como gestão do conhecimento [2]. A gestão do conhecimento ou gestão do capital intelectual abrange os processos gerais de localização, organiAdriana Beal é graduada em zação, transferência e uso mais Engenharia Elétrica pela Unieficiente da informação e da versidade de Brasília, e espeespecialização presentes em cialista em auditoria de uma organização. Apesar de Tecnologia da Informação. É não ser um conceito novo - há autora do livro "Manual de centenas de anos artesãos, coTecnologia da Informação merciantes e trabalhadores já para Gerentes" e exerce aturepassavam o conhecimento almente a função de conobtido no desempenho das suas sultora nas áreas de gestão atividades profissionais para estratégica da T.I. e seguaprendizes -, foi apenas no inírança da informação na cio dos anos 90 que a gestão Vydia Tecnologia. Minisdo conhecimento passou a ser trou, em 1999 no Rio de Jaadotada como uma prática neiro, o módulo "Análise e consciente pelos administradoMelhoria de Processos" do res de empresas e gestores de curso de capacitação dos órgãos públicos. gestores das Organizações Administrar o conhecimenMilitares Prestadoras de to não é gerenciar documentos Serviços (OMPS) da Marieletrônicos, nem informações. nha do Brasil. A gestão do conhecimento faz a convergência de várias disciplinas, como o gerenciamento eletrônico de documentos, o gerenciamento de informações e os data warehouses, entre outros, acrescentando-lhes um elemento novo - o relacionamento. Implementar um sistema completo de gestão de conhecimento não é uma tarefa simples ou rápida; entretanto, os resultados podem ser significativos e os riscos minimizados adotando-se uma metodologia por etapas, que assegure o aproveitamento dos recursos de tecnologia da informação já disponíveis na organização, e ofereça benefícios ○

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mensuráveis a cada fase concluída. O comprometimento da alta administração com o processo, e a efetiva participação dos dirigentes na definição dos problemas-chave a serem resolvidos e dos objetivos corporativos a serem alcançados, são fatores essenciais para que um projeto dessa natureza obtenha sucesso. A tecnologia possui um papel importante na implantação de um sistema de gestão do conhecimento, proporcionando metodologias e processos necessários para a sua concretização. Pacotes de aplicativos podem reduzir o trabalho de desenvolvimento do sistema, executando tarefas básicas como a localização de especialistas na organização, recuperação rápida de documentos e automatização de parte das funções de administração do conteúdo. Não menos importante que as características técnicas são as considerações humanas, de motivação das pessoas que irão A gestão do conhecimento ou documentar, gerenciar e compar gestão do capital intelectual tilhar o conhecimento. Ao longo abrange os processos gerais de da vida de um projeto de gestão localização, organização, transfedo conhecimento, os dirigentes rência e uso mais eficiente da inprecisam estar constantemente formação e da especialização preenfatizando a qualidade e o vasentes em uma organização. lor do conhecimento administrado, e incentivando os usuários e colaboradores do sistema a manter e atualizar as informações armazenadas. Sendo a gestão do conhecimento um campo ainda nas primeiras fases de desenvolvimento, são raros os modelos bem-sucedidos que podem servir como base para a definição de um sistema eficiente e efetivo de gestão do capital intelectual de uma organização, seja ela civil ou militar. Por outro lado, a maioria das organizações que investiram na implantação de um sistema de gestão do conhecimento declaram ter obtido resultados tangíveis, como aumento da eficiência, aprimoramento do processo de tomada de decisões e maior disseminação de soluções [5]. 22

Nas Forças Armadas, assim como em muitas outras instituições públicas, tem sido constante a busca por uma maior eficiência operacional, cada vez mais necessária para fazer frente à sistemática redução dos recursos disponíveis e às crescentes exigências em relação ao nível do serviço prestado à sociedade. As novas tecnologias voltadas para a gestão do conhecimento oferecem a promessa do uso mais eficiente da informação e do produto da inteligência coletiva, sem que sejam alteradas as ferramentas normalmente usadas para criar e processar esse conhecimento. Com o uso das tecnologias e metodologias voltadas para esse fim, as organizações militares podem estabelecer sistemas de gestão do conhecimento que apoiem e otimizem a geração, coleta e assimilação da informação, e facilitem o compartilhamento da experiência, competência e habilidade encontrados em seus recursos humanos. Iniciativas dessa natureza proporcionariam benefícios não somente para as operações militares de alta tecnologia, mas também para a economia, eficiência e eficácia dos demais aspectos organizacionais presentes nas Forças Armadas. [1] CASTRO, Davi R. S., "Data Link nas Operações Aerotáticas", Revista Spectrum, agosto 2000. [2] DATAWARE Technologies. Knowledge Management: Linking People to Knowledge for Bottom Line for Bottom Line Results. Dataware Technologies, 1998. [3] DAVENPORT, Thomas e PRUSAK, Laurence. Working Knowledge. Harvard Business School Press, 1998. [4] GUIMARÃES, Edson F. C., "Network Centric Warfare", Revista Spectrum, agosto 2000. [5] HANSEN, T. Morten et alli. What´s your strategy for managing knowledge? In: Harvard Business Review, p. 106-116, março/abril 1999.


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IFF : Perguntas e Respostas ...

Eric Julius Wurts, Cap.-Art. EsACosAAe (Exército Brasileiro)

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s fratricídios, perdas em combate causadas por tropas amigas, talvez sejam o remédio mais amargo a ser ingerido pelos militares em tempos de guerra.(LUM, 1995, p. 35) O problema aparece sempre que a confusão do combate se torna inevitável, especialmente quando o tamanho das forças e a sua mobilidade dificultam o reconhecimento de suas próprias posições e de seus aliados, e quando a letalidade de seus armamentos extrapola sua capacidade de reconhecer o alvo. A preocupação e a discussão do tema não são recentes. Remontam ao tempo das batalhas medievais, quando os brasões heráldicos, bandeiras e uniformes faziam parte da solução. No combate naval, bandeiras de sinalização e insígnias davam às embarcações a capacidade de reconhecimento além do alcance de seus canhões. No entanto, no combate moderno, o emprego do vetor aéreo e a crescente capacidade dos armamentos por ele utilizados, num ambiente envolvendo forças blindadas de deslocamento rápido, não tem sido acompanhado por igual desenvolvimento nos sistemas de identificação. (CARROL,1995, p. 37) O ápice do problema ocorreu na Guerra do Golfo, onde as perdas causadas por fratricídios nas forças americanas atingiram o índice alarmante de 17% do total, contra uma média de 15% se considerados todos os conflitos envolvendo aquele País no século XX. (LUM, 1995, p. 35) No Iraque, os incidentes foram limitados ao engajamento de alvos terrestres por plataformas aéreas e entre alvos terrestres. Mas em 1994, quando dois helicópteros Blackhawk americanos foram abatidos por caças F15 da USAF, a vulnerabilidade no combate aéreo também ficou aparente. (LUM, 1995, p. 35) A Guerra das Falklands (Malvinas) também deixou na memória dos militares argentinos ○

dolorosas recordações: ...perde a vida o Cap. Garcia Cuervo, que é abatido pela própria artilharia antiaérea, ... como o avião estava intacto, mas não tinha combustível para chegar ao Continente,... tentou pousar em Porto Argentino ( trecho extraído da entrevista do Maj Puga da Força Aérea Argentina concedida à Revista de Aeronáutica). (PUGA apud COSTA, 1991, p. 19) O Capitão de Artilharia Eric Julius Wurts concluiu o Curso O Sistema IFF de Formação de Oficiais de O sistema IFF (Identification Artilharia da Academia MiliFriend or Foe), também dito tar das Agulhas Negras identificação em combate (AMAN) em 1987 e exerce (Combat Id), constitui-se de um atualmente a função de Insdispositivo de reconhecimento trutor-chefe da Seção de Rano qual uma pergunta padrão dares e Guerra Eletrônica da é emitida e uma resposta co- Escola de Artilharia de Costa dificada recebida. Caso a res- e Antiaérea (EsACosAAe). posta esteja correta, o alvo é Possui o curso de Artilharia de reconhecido como amigo. Se o Costa e Antiaérea alvo permanece passivo , não (EsACosAAe), Estágio de é possível identificá-lo. É dife- Guerra Eletrônica (CIGE) e o rente, portanto, do radar primá- Curso Básico de Guerra Elerio, pois não há simples refle- trônica da FAB. xão de energia pelo alvo, e sim uma resposta proveniente dele; pode-se dizer que o IFF complementa o emprego do radar primário, sem dispensar seu uso. Por este motivo, também é conhecido por radar secundário . Apesar das diferenças, os dispositivos normalmente trabalham associados fisicamente, sincronizados e com antenas solidárias. (BRASIL, 1995, p. 7 8, 7-9) O Mk I, primeiro sistema IFF efetivo em uso, entrou em serviço em 1940. (CARROL, 1999, p. 40) Desde então, grandes progressos foram realizados e a versão mais atualizada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é o Mk XII, passando pelo Mk X (BASIC), já obsoleto, porém em uso em al○

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guns países, ainda que parcialmente. Normalmente o IFF emprega duas freqüências fixas: uma para interrogação, 1030 MHz, e outra para resposta , 1090 MHz. A pergunta emitida pelo radar secundário é constituída de um trem de 03 pulsos, P1, P2 e P3. O espaçamento em microssegundos entre P1 e P3 define o modo de interrogação ; P2 destina-se à supressão dos lóbulos secundários. Os modos de interrogação estão explicitados na tabela a seguir. As respostas dos transponders das aeronaves têm a mesma estrutura básica, constando de dois pulsos (F1 e F2) separados por um tempo fixo em microssegundos. No espaçamento temporal entre F1 e F2 encontram-se até 12 (doze) pulsos, cujas presenças ou ausências,

balha com os modos 1, 2 e 3; o Mk XA complementou seu antecessor com o modo C e melhorou a capacidade dos códigos no modo 1; o Mk XII incorporou a capacidade de incluir adicionalmente o modo 4, que trabalha com criptografia, permitindo a utilização de um maior nível de segurança para a salvaguarda da informação. Os equipamentos Mk X ( SIF), Mk XA e Mk XII são compatíveis entre si. Para incorporação do modo 4 necessita-se de equipamento extra para a criptografia, como o do exemplo do IFF 4760 apresentado nas figuras 1 e 2.

TABELA 1 MODOS DE FUNCIONAMENTO DO IFF Modos Militares 1

Modos Civis -

2

-

3

A

Utilização Controle e identificação de tráfego aéreo militar Utilização militar em combate Controle e identificação de tráfego aéreo civil e militar (compartilhado) Controle e identificação de tráfego aéreo civil Transmissão automática da altura da aeronave Utilização civil Modo militar com criptografia

B C D -

4

FIGURA 1 IFF 4760

FIGURA 2 IFF 4760 com modo 4

O IFF Mk XV, teve sua previsão de entrada em operação marcada para 1995, envolvendo projeto conjunto do EUA com países europeus da OTAN. Em 1991, menosprezado pelos EUA e, posteriormente, pelos desapontados países europeus em virtude da atitude americana, o programa foi abandonado. (CARROL, 1999, p. 40,41) A OTAN atualmente realiza estudos para me-

permitem obter as diferentes combinações, os códigos . Uma rápida viagem no tempo mostra os sistemas de IFF em uso na OTAN. Ao IFF Mk X (BASIC), citado acima, anterior a 1969, seguiu-se o IFF MK X ( SIF - Selective Identification Feature), que tra24


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lhorar o Mk XII e, em 1999, a implementação de um sistema com maior capacidade de encriptação, o Mk XIIA ou modo 5, já se encontrava em fase de concepção. (CARROL, 1999, p. 40-41)

Km é capaz de bloquear simultaneamente 10 (dez) diferentes sinais entre 960 e 1850 MHz, com uso de potências de 1 KW para bloqueio em onda continua ou 2 KW para bloqueios pulsados. (JANE S, 1995-96, p. 506) Como resposta a esta ameaça, a tendência de identificação por data link, com as vantagens inerentes das técnicas de espalhamento espectral por salto de freqüência, salto temporal e seqüência direta, cresce rapidamente e vem ocupando cada vez mais espaço, dificultando sobremaneira o bloqueio. O IFF não é capaz de localizar a plataforma, apenas permite identificá-la. Durante a Guerra do Golfo, esta situação poderia ser resolvida e fratricídios evitados com o uso do Global Positioning System (GPS) ainda pouco difundido (apenas um por batalhão era disponível); mães, na tentativa de salvar seus entes, adquiriam unidades de GPS disponíveis comercialmente e as enviavam para seus filhos e filhas. (CARROL, 1999, p. 38). Entretanto, apenas localizar-se em combate não é o suficiente. Focalizando o conceito de NCW (Network-Centric Warfare), verifica-se a importância de uma consciência situacional para sobrevivência em combate. Onde estou?; Onde estão os inimigos?; e Onde estão os amigos? são perguntas essenciais que o IFF ou o GPS sozinhos não respondem. Além de se obter a desejada consciência situacional , é preciso transmití-la. Neste contexto, novamente um sistema de identificação baseado em data link, com maior capacidade de conteúdo que o IFF tradicional, surge como alternativa, pois permite a inclusão de informações adicionais na transmissão de dados, tais como o posicionamento dos alvos e o código específico da plataforma em cheque. Outra situação delicada é o envolvimento necessário de forças combinadas ou conjuntas em teatros de operações. Muitas soluções abordam aspectos inerentes a cada força específica sem levar em consideração a integração com as demais. Esse problema aumenta de tamanho com a difusão do vetor aéreo nas forças terrestres e marítimas, e com o uso de plataformas aéreas de

Deficiências e Alternativas Apesar de os sistemas de IFF terem atingido avanços significativos, um problema básico permanece. Trata-se da lacuna causada pela falta da resposta e a inerente dúvida se é um alvo inimigo ou um alvo amigo com o transponder desligado. Como alternativa, programas de reconhecimento de alvos não-cooperativos têm sido estudados. Um exemplo de tecnologia que vem sendo explorada para alvos não-cooperativos é conhecido como azimuth squint, usado em radares com antenas phased array de alta resolução, obtida através do acompanhamento angular do alvo e do uso de células de transmissão controladas. (JANE´S, 1995-96, p.3) Associando tais características a um processamento avançado de sinais, um padrão de reflexão pode ser obtido para cada tipo de alvo e, após comparado com uma biblioteca, tal padrão identificará o alvo. Alguns sistemas com antenas tradicionais, como o EL/M 2106 NG-40 da Israel Aircraft Industries, conseguem executar tal tarefa para aeronaves de asas rotativas, por intermédio do processamento do desvio Doppler causado pela velocidade das pás rotativas, uma vez que cada velocidade de rotação e número de pás resulta em um padrão diferente. Outros processos sofisticados baseiam-se na identificação dos alvos por características, como formato, emissões infravermelha e eletrônicas, entre outras, a dita data fusion. (JANE´S, 1995-96, FOREWORD) Outra deficiência em combate dos sistemas IFF é o estabelecimento de freqüências padrão (1030 e 1090 MHz). O uso contínuo da mesma freqüência facilita o bloqueio por parte do inimigo e diminui a confiabilidade do sistema num ambiente de intenso combate eletrônico. Sistemas de Contramedidas Eletrônicas (CME) têm seu trabalho facilitado. O AN/MLQ-T6 JAMMER, por exemplo, num raio de alcance de aproximadamente 80 ○

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lhorar o desempenho dos sistemas de IFF tradicionais. Seu uso não pode ser simplesmente descartado. Uma análise acurada dos sistemas disponíveis, verificando a viabilidade de incrementá-los com o modo 4; da capacidade de mudança da cultura institucional das Forças Armadas, para melhor integrá-las; e da projeção de gastos dos recursos orçamentários disponíveis, quando a modernização de meios é aplicada, é importante fator para a decisão que ofereça a melhor relação custo-benefício, a fim de evitar um dos mais amargos remédios em combate: o fratricídio.

múltiplo emprego. Soluções alternativas, neste caso, passam necessariamente por uma revisão na cultura organizacional das Forças Armadas com o objetivo de otimizar normas e procedimentos comuns que atendam às prerrogativas das forças em questão; a associação de normas e procedimentos aos sistemas IFF tradicionais pode melhorar sensivelmente seu desempenho. Áreas específicas também apresentam questões próprias. O reconhecimento entre plataformas terrestres é uma delas. Um exemplo de equipamento de última geração para este caso é o BCIS (Battlefield Combat Identification System) da TRW/MAGNAVOX. O BCIS trabalha com um sinal digital encriptado de 38 GHz com um feixe estreito. Montado numa viatura blindada ou mecanizada, o sistema de interrogação funciona alinhado com o medidor de alcance laser do atirador do armamento da plataforma. Se o transponder da plataforma interrogada responde ao sinal, um círculo vermelho aparece no visor do atirador. Há projetos para integrá-lo com plataformas aéreas. (CARROL, 1999, p. 40; LUM, 1995, p. 38;R.T.L.,1995, p. 14;. JANE´S, 1995-96, FOREWORD)

Referências Bibliográficas [1] BRASIL, Ministério da Defesa. Exército Brasileiro, Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, Apostila de Princípios Básicos de Radar, p.7-8 7-14, mar.1995. [2] CARROL, Sean. The mark of Cain: avoiding fratricide, Journal Of Electronic Defense, Alexandria, v. 22, n. 1, p.37-41, Jan.1999.

Conclusão

A evolução da capacidade dos sistemas de armas, aliada às características do combate moderno, tem provocado fratricídios em combate. Os sistemas de identificação , ao longo do tempo, vêm procurando soluções para pôr termo ao problema. Deficiências dos sistemas IFF tradicionais em face da existência de alvos não-cooperativos , da utilização de freqüências padrão que facilitam as ações de CME e da impossibilidade da transmissão de dados aumentaram a tendência de uso de data link, posto que possibilita melhor performance na segurança do sinal e na transmissão de dados adicionais; sua resistência em ambientes de GE é mais forte. Entretanto, a padronização de normas e procedimentos com a necessária integração das Forças Armadas, ao nível operacional, podem me26

[3] COSTA, Álvaro Luiz Pinheiro. IFF amigo ou inimigo ? ZOOM, Fortaleza, ano XIII, n. 15, p. 19, dez. 1991. [4] Jane s Radar and Electronic Warfare Systems 1995-96. Radar Systems: Introduction, Foreword (Identification), IFF Systems, AN/MLQ-T6, IFF 4700 SERIES TRANSPONDERS, Jun. 13, 1995. [5] LUM, Zachary A. Friend? ... Foe? ... Fire!!!, Journal of Eletronic Defense, Alexandria, v. 18, n. 5, p. 35-38, May 1995. [6] R.T.L. New electronic device developed to prevent friendly fire incidents, Defence Electronics, Nashville, v. 27, n. 3,.p. 14, Mar. 1995.


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Data Link nas Operações Aerotáticas

Davi Rogério da Silva Castro, Cap.-Av. CGEGAR

A

s Comunicações se constituem em um dos pilares das atividades de com bate e sem elas não é possível executar, com eficiência, as funções de planejamento, direção, coordenação ou controle. É certo que devam existir enlaces de comunicações entre todos os níveis de Comando e Controle, mas o termo data link é, geralmente, associado ao enlace de dados no nível tático. Tradicionalmente, as atividades de Comando e Controle no campo de batalha têm sido realizadas conforme o ciclo OODA (Observar, Orientar, Decidir e Agir). As fases principais desse ciclo podem ser explicadas da seguinte forma [6]: a) Observar: buscar ou coletar dados através das diversas fontes. Consiste no levantamento de informações sobre o inimigo, o estado das forças amigas e, ainda, a meteorologia e a geografia da área de operações; b) Orientar: desenvolver opções baseadas na análise das informações disponíveis; c) Decidir: selecionar o curso das ações, preparar e distribuir ordens; e d) Agir: implementar e avaliar ações, promovendo a realimentação do ciclo.

ção atualizada na área de operações por meio de sensores diversos e a análise das forças inimigas quanto a armamentos, plataformas, recursos humanos e estrutura de Comando e Controle, bem como o resultado da identificação de um objetivo e as ordens para execução de uma determinada missão, tudo deve estar disponível àqueles que irão O Capitão Davi Rogério da resgatar, transportar, ata- Silva Castro é piloto de atacar, defender, patrulhar, fa- que, concluiu o CFOAv em zer reconhecimento etc. 1987 e exerce atualmente a Para apoiar todas essas função de Chefe da Seção atividades, faz-se necessá- de Inteligência do Centro de ria a transferência de dados Guerra Eletrônica do entre plataformas e esta- COMGAR (CGEGAR). É Enções de controle, por meio genheiro Eletrônico pelo Insde enlaces de comunica- tituto Tecnológico de Aeroções confiáveis, rápidos e náutica (ITA), possui o Curseguros (resistentes às inter- so Básico de Guerra Eletrôferências naturais ou inten- nica e está cursando cionais jamming ). Es- mestrado em Engenharia Elétes enlaces devem permitir trica na Universidade de a troca tanto de informa- Brasília (UnB). ções sobre as atividades de forças amigas (localização, planos, situação etc.) quanto das observações geradas pelos diversos sensores, bem como possibilitar o emprego eficaz dos meios através da transmissão de ordens de comando. O avanço tecnológico, possibilitou que todos esses dados fossem digitalizados, tornando mais fácil a implementação da criptografia e o processamento de informações geradas por fontes diversas. O uso de redes digitais de distribuição de informações táticas permite a transferência rápida e acurada de elevados volumes de dados entre diversas plataformas, proporcio-

No nível tático, cada uma das fases ocorre numa velocidade maior que nos níveis estratégico e operacional. Essa velocidade requer que as plataformas aéreas e as unidades de superfície sejam capazes de acompanhar o cenário e atinjam um nível de consciência situacional do ambiente à sua volta de maneira a lhe permitir realizar o ciclo de Comando e Controle mais rapidamente que o inimigo complete o seu. Qualquer que seja o tipo de operação, Aeroestratégica, Aerotática ou de Defesa Aérea, é possível identificar os processos envolvidos em cada uma das fases do ciclo de Comando e Controle. Por exemplo, o levantamento da situa○

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nando coordenação e eficiência na execução da missão, mesmo que para isso seja necessária maior largura de banda [veja o texto em destaque]. As justificativas para se adotar um data link são inúmeras. A principal é que o aumento do número de aeronaves numa operação coloca o volume das informações veiculadas entre elas em um patamar que o enlace de voz não atende. A codificação utilizada nas comunicações convencionais é um recurso que apresenta fragilidade, face ao barateamento e difusão de sistemas de interceptação e escuta. Existe, ainda, grande dificuldade de se estabelecer uma autenticação confiável entre os interlocutores, o que compromete ainda mais a comunicação. Um data link possibilita automatização, com ganho substancial na capacidade de Comando e Controle. Assim, a situação aérea observada por uma determinada aeronave poderá ser compartilhada com outras, aumentando o raio de cobertura total. Nos data links, informações digitais são transferidas através da rede de comunicações, processadas e apresentadas ao operador. No display, essas informações são combinadas provendo uma representação padronizada para localização de forças amigas, rotas de interceptação, designação de alvos e objetivos, além de outras informações de Comando e Controle, sem que haja comunicação verbal entre os operadores. Conceitualmente, um data link pode ser estratificado em sete camadas (padrão OSI), a saber: física, enlace, rede, transporte, sessão, apresentação e aplicação. Entretanto, para simplificação do estudo, pode-se adotar uma representação em apenas três camadas: 28

a) camada física: responsável pelo sistema de transmissão e recepção de sinais, podendo incluir a digitalização de voz, a codificação/decodificação, a cifração/decifração e a modulação/ demodulação de sinais, a utilização de protocolos de acesso múltiplo e outros recursos;

figura 1: As três camadas de um data link

b) camada lógica: encarregada do gerenciamento do enlace e formatação de mensagens. Ou seja, por meio desta camada é possível organizar as informações a serem transmitidas em pacotes de bits adequados segundo as características da camada física. Esses pacotes recebem o nome de mensagens e contém os dados de status da aeronave e do armamento, aqueles gerados pelos sensores etc.; c) camada de aplicação: responsável, basicamente, pela interface com o operador e pelo processamento das informações disponíveis, de forma a oferecer o máximo de automatização aos processos de Comando e Controle. Assim, conclui-se que a simples existência de um transceptor seguro e eficiente não significa que se tem um data link. É necessário, ainda, um software de


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gerenciamento de comunicação, que formate os dados a serem transmitidos segundo os requisitos do transceptor e, no caminho inverso, reagrupe as mensagens que chegam. Além disso, existe a necessidade de um software aplicativo, com capacidade de cálculo e condições de fornecer ao operador a visualização das informações e escolha dos serviços a serem executados.

entre os enlaces automáticos de dados em operação na OTAN e foi concebido para corrigir as deficiências apresentadas por seus dois antecessores, não alterando os conceitos básicos de troca de informações por data link, mantidos por vários anos pelos Link-4 e Link-11. Ele apresenta uma alta performance, possui capacidade de transmissão de dados criptografados ( secure ), agilidade de freqüência e capacidade de relay , que possibilita a ampliação do alcance em UHF até 300 milhas náuticas. Utiliza-se da faixa entre 916-1215 MHz [2] para troca de dados e pode ser empregado por sistemas em estações marítimas, terrestres e aerotransportadas. O Link-16 não utiliza uma Estação Controladora da Rede (ECR), sendo uma rede livre que não necessita da transmissão contínua para estar ativa. Ele possui três formatos de mensagem: um fixo, tipo utilizado pelo Link-11; um com texto livre; e um de formato variável. O sistema emprega o recurso de TDMA para que todos os usuários compartilhem o mesmo canal. Toda informação de cada usuário é disponibilizada em tempo real para qualquer um que necessite dos dados. No arranjo TDMA do JTIDS, cada usuário possui um ou mais time slots que se repetem a ciclos regulares de 12,8 minutos, conforme se pode verificar na figura abaixo:

O JTIDS dos EUA Os links utilizados pelos EUA são baseados em um programa de padronização e desenvolvimento único do Departamento de Defesa dos EUA (DoD), que vem evoluindo ao longo dos anos, buscando atender às necessidades operativas das Forças Armadas dos EUA [1]. O Tactical Digital Information Link (TADIL) padroniza formatos de mensagens e as características de transmissão para possibilitar a troca de dados entre estações, permitindo a evolução dos equipamentos em torno de um padrão estabelecido. A padronização estabelecida pelo TADIL, recentemente, foi modernizada p e l a a p l i c a ç ã o d o J o i n t Ta c t i c a l Information Distribution System (JTIDS), cujos protocolos, características de transmissão, formatos de mensagens e convenções tornaram possível o emprego de redes sem nós principais. O JTIDS ou Link-16 é o mais moderno

figura 2: Estrutura do ciclo TDMA no JTIDS

"A aeronave sueca Grippen utiliza um data link para obter consciência situacional." ○

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Em busca da Consciência Situacional

O Link-16 é usado em operações de vigilância, guerra eletrônica, coordenação de ações, armamento, controle de aeronaves, combate aéreo, navegação, comunicações cripto-voz e identificação positiva de unidades (similar a um IFF, só que atribuído ao sistema).

Estratégias efetivas reconhecem que a Consciência Situacional ( Situational Awareness ) é crucial não só para antecipar o que está para acontecer no futuro, como também para definir o presente imediato [5]. O ciclo de Comando e Controle (detecção, processamento, decisão e

Bits e Fourier

te recuperado.

No começo do século XIX, o grande matemáti-

Nenhum recurso de transmissão consegue

co francês Jean Fourier demonstrou que qualquer

enviar sinais sem perder alguma potência no pro-

função periódica g(t) pode ser construída soman-

cesso. Seja qual for o sistema de transmissão, as

do-se um número (possivelmente infinito) de senos

componentes de Fourier não são igualmente trata-

e cosenos. A decomposição da função g(t) em uma

das acarretando distorção no sinal resultante. Além

freqüência fundamental f0 e suas componentes,

disso, os circuitos e o meio de transmissão ditam,

ou harmônicas, todas múltiplas de f0, é amplamente

fisicamente, uma freqüência de corte, acima da qual

utilizada nas comunicações digitais e permite a

todas as harmônicas são fortemente atenuadas. É a

compreensão de diversos fenômenos [4]. Na ilus-

freqüência de corte do sistema de comunicação

tração a seguir vemos que uma onda quadrada

que estabelece a chamada largura de banda dis-

pode ser aproximada por várias representações

ponível. A limitação, devida à distorção ou à fre-

em série de Fourier:

qüência de corte, existe sempre, tornando impossível a recuperação fiel do sinal original, caso essa limitação não seja respeitada no projeto do sistema. A onda quadrada pode ser vista, genericamente, como a variação de "zeros" e "uns" de uma transmissão digital, os bits. Também de forma genérica, diz-se que a freqüência fundamental (em Hertz) coincide com a taxa de transmissão (em bits/seg). Se as harmônicas são múltiplas de f0, quanto maior a taxa de transmissão, maior é a parcela do espectro utilizada pelo sistema de comunicação, pois mais espaçadas estarão as componentes de Fourier do sinal.

a linha verde é a componente com freqüência fundamental somente, a amarela é a soma da funda-

Olhando o problema de outra forma, dizemos

mental com a 1a. harmônica e a azul acrescenta a

que é necessário trabalhar com sistemas de maior

2a. harmônica ao resultado anterior, numa tendên-

largura de banda, se desejamos altas velocidades

cia de aproximação à onda quadrada original.

de transmissão de dados. Isso geralmente implica

Portanto, podemos concluir que, se forem soma-

também na busca pela utilização de freqüências

das todas as infinitas harmônicas, o sinal repre-

portadoras mais altas.

sentado pela linha vermelha deve ser perfeitamen-

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ação) ocorre continuamente durante a missão e as tripulações devem dominar todas as tendências para antecipar os eventos futuros. Em outras palavras, a busca da Consciência Situacional é um processo dinâmico, que deve ser levado a efeito até que a missão seja completada. A tripulação precisa conhecer sua orientação em relação a inúmeras variáveis (amigos, inimigos, meteorologia, terreno, condições do sistema de armas e qualquer outro elemento que contribua para o

sucesso da missão). Eles integram esta informação com seus próprios planos de missão, exploram opções e tomam decisões baseados em táticas predefinidas e capacidades de seus sistemas de armas. A tripulação precisa ver, pensar, decidir, comunicar e executar mais rápido que o adversário. A única maneira de fazer isso é obtendo a informação correta no tempo certo para tomar a decisão mais apropriada. Quando estas conexões são feitas, a Consciência Situacional se torna uma contribuição significativa ao sucesso em engajamentos táticos, daí a importância de um data link eficiente.

Definições Data Fusion Fusão de dados. Processo de integração de dados provenientes de fontes (sensores) diferentes.

Referências

Network Centric Warfare Guerra centrada em redes. Ver artigo na página 14 desta revista.

[1] Silva, Júlio César Barreto Leite, Capitãode-Corveta, Enlaces Automáticos de Dados , Revista Passadiço, Marinha do Brasil. [2] Fenton, Sandra J., Global Broadcast Service Reach Back Via Satellite Tactical Digital Link J (S-TADIL J) , Master´s Thesis, Naval Postgraduate School, CA, USA, September 1999. [3] Schleher, D. Curtis, Electronic Warfare in the Information Age , Artech House, Boston, 1999 [4] Tanenbaum, Andrew S., Redes de Computadores , Editora Campus, Rio de Janeiro, 1994 [5] Karen T. Garner and Thomas J. Assenmacher, Improving Airborne Tactical Situational Awareness , Journal of Electronic Defense, Nov 1996. [6] Comando da Aeronáutica, MCA 500-3 Comando e Controle na Guerra , 17 de março de 2000.

OSI Open Systems Interconnection . Modelo de referência desenvolvido pela International Standards Organization (ISO) para interconexão de sistemas abertos, isto é, sistemas que são abertos à comunicação com outros sistemas. Situational Awareness Consciência situacional. Compreende a observação do ambiente e processamento dos dados para composição de uma visão da situação atual que oriente o processo decisório e a ação sobre este ambiente. TDMA Time Division Multiple Access ou Acesso Múltiplo por Divisão do Tempo. Recurso que possibilita, numa rede de comunicações, a utilização do mesmo canal por diferentes usuários sincronizados, transmitindo em intervalos de tempo fixos, pré-configurados.

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Manobra Contra Mísseis Infravermelhos

Rodrigo Fernandes Santos, Cap-Av 1º Grupo de Aviação de Caça

- Dois, break à direita, míssil às 6 horas, nível!

tecnologia. Nas nossas prováveis hipóteses de conflito, os inimigos possuem as mesmas deficiências que sentimos, quando, então, doutrina e treinamento farão muita diferença. Às vezes, a acomodação com o status quo é tanta que não aprimoramos nossas táticas, mesmo com a aquisição de novos equipamentos. Com o fim do ciclo de vida operacional dos mísseis AIM-9B, as Unidades Aéreas congelaram as táticas de combate desenvolvidas para o cenário com mísseis que necessitam ser lançados no setor traseiro da aeronave alvo. Dentre as técnicas consagradas, o break de 5 G por 5 segundos como forma de treinar uma curva de máxima performance contra mísseis foi massificado durante várias gerações de pilotos e virou um condicionamento adquirido como verdade absoluta. Com esta manobra era possível provocar uma espirrada do míssil pela sua incapacidade de acompanhar um alto incremento na velocidade angular do alvo. Após a aquisição de mísseis infravermelhos de 3ª geração (Python 3 e MAA-1), que possuem características de lançamento all aspect , não houve estudos para atualização das táticas, e muitos argumentos foram assumidos como verdadeiros, sem a devida comprovação. A primeira consideração a ser feita sobre a capacidade de lançamento all aspect é a detecção. Considerando a transmissividade atmosférica, existem duas faixas onde os sensores operam com maior eficiência, que são de 3mm a 5mm e de 8mm a 12mm. Ao contrário do que muitos acreditam, os mísseis de 3ª geração não conseguem

E

lá vai o piloto puxar 5G por 5 segundos para se defender da ameaça. Será que essa manobra é realmente efetiva contra o armamento lançado? Será que, pelo menos, é a melhor alternativa a ser tomada? A evolução da doutrina na Força Aérea toma alguns impulsos quando há aquisição de equipamentos novos ou quando há intercâmbios operacionais com outros países. Porém, algumas vezes, a grande distância entre o maO Capitão Rodrigo Fernanterial que possuímos e o que des Santos é piloto de caça, existe de mais moderno cauconcluiu o CFOAv em 1990 sa uma desmotivação na buse exerce atualmente a funca de atualização de proceção de chefe da Seção de Indimentos a fim de obter a teligência do1º Grupo de Avimelhor performance com os ação de Caça. Possui cursos meios atuais. de Inteligência Aérea de Quantas vezes já ouvimos Combate na Argentina e Báargumentos do tipo: Isso não sico de Guerra Eletrônica no é mais usado! ou O ameriGrupo de Instrução Tática e cano não faz mais nada asEspecializada (GITE). O Casim! , como se só tivéssemos pitão Rodrigo tem trabalho duas opções: incorporar toda publicado na revista Zoom a tecnologia de última gera(1993). ção ou manter a doutrina sem evolução. O fato de termos acesso ao conhecimento sobre equipamentos de autoproteção como M AW S (Missile Approach Wa r n i n g Systems), flares ultra-rápidos e decoys com diagrama de emitância espectral semelhante ao dos gases de escapamento não significa que só poderemos combater quando possuirmos tal 32


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detectar a emissão infravermelha produzida pelo atrito aerodinâmico das partes frontais das aeronaves. É possível perceber a emissão infravermelha numa apresentação frente a frente, graças ao cone formado pela dispersão dos gases atrás do escapamento. Nesta situação, é muita crítica a utilização da pós-combustão, já que influi diretamente no tamanho deste cone. A variação de potência na faixa militar , apesar de causar alteração na temperatura dos gases, não altera tanto a área possível de ser detectada pelo setor frontal e torna-se menos significativa. Com isso, forma-se um envelope infravermelho cardióide para cada regime de motor, onde é possível detectar a emissão de determinada aeronave. Estar dentro do envelope para lançamento é a primeira condição que o míssil deve satisfazer para ser eficaz contra o alvo. A outra consideração na capacidade all aspect é sobre o percurso do míssil entre o lançamento e a detonação. Os mísseis de 3ª geração possuem navegação proporcional, dirigindo-se a um ponto à frente na trajetória do alvo, graças a possibilidade do auto diretor acompanhar a emissão sem necessidade de apontá-la. A variação na velocidade angular torna-se menor e a curva descrita pelo míssil é mais suave, com qualquer manobra do alvo, diminuindo a possibilidade de espirrada (não acompanhamento do alvo). Além disso, a colocação de espoletas de proximidade exime-o de impactar diretamente no objetivo. Estas características propiciam o acompanhamento em ângulos de aspecto até 180o ou com grandes velocidades angulares. A restrição na navegação passa a ser a capacidade de o míssil alcançar o alvo, devido à limitação de empuxo do motor foguete. Incluindo a altitude de lançamento e as velocidades da plataforma lançadora e do alvo, forma-se o envelope cinemático onde é possível para o míssil atingir o alvo. Para ser eficaz, o míssil deve permanecer dentro dos envelopes cinemático e infravermelho ○

simultaneamente durante toda a trajetória de vôo. Terá que manter a detecção que o guiará e, ainda, conseguir alcançar o alvo. O objetivo da defesa é colocar o míssil fora de algum dos dois envelopes. Vamos analisar um exemplo de superposição dos envelopes: No setor frontal do O comprimento de onda onde ocoralvo, o envelope re o pico de intensidade da emissão infravermelho é menor que o cinemático, infravermelha obedece a Lei de Descom qualquer regime locamento de Wien [1], que é dada de motor; logo, é a por: lmax = 2898/T , onde lmax é o comcapacidade de primento de onda em que ocorre o pico detecção que limita- de radiação e T é a temperatura absorá o lançamento nes- luta do corpo. O aquecimento nos ponta situação e a varia- tos de estagnação da aeronave calculado pela fórmula: ção de potência é fa- é tor decisivo. Será que Ts = To (1 + 0,2 r M² ), onde: Ts é a é necessário reduzir o temperatura da superfície (K); To é a motor para mínimo ou temperatura do ar (K); r é o fator de somente retirar da fai- recobrimento e M é o número Mach. Mesmo para uma aeronave voanxa de pós-combustão é suficiente para ne- do à baixa altura e com Mach 2, o comprimento de onda em que ocorregar a detecção? Os mísseis não ria a melhor detecção seria em torno apresentam gráficos de 10mm e os mísseis de 3ª geração só de envelope possuem detetores entre 3mm e 5mm, infravermelho, porque captando a assinatura infravermelha do a sua composição de- calor dos motores que, com temperapende da emissão de turas entre 450ºC e 700ºC, produzem cada aeronave alvo. picos de radiação com comprimento Mesmo que sejam de onda entre 3mm e 4mm. mantidos os parâmetros de altitude, composição atmosférica, temperatura do ar, etc., será a característica de emissão termal do alvo que determinará o envelope infravermelho de cada sensor. Somente o treinamento prático contra aeronaves equipadas com motores de diversos tipos e em vários regimes de potência propiciará conhecer esses limites para cada míssil. A experiência em combates simulados contra mísseis de 3ª geração determinará qual regime mínimo de motor possibilita a detecção pelo setor frontal. ○

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A detecção de uma aeronave sem pós-combustão e motor turbo-fan pode ser obtida tão próxima que impeça o lançamento do míssil, mesmo com 100% de potência. Nesse caso, uma alternativa de defesa para a ameaça frontal seria simplesmente forçar o engajamento frente a frente. Se o míssil for lançado antes que se obtenha o alinhamento (a aeronave seria "vista" de lado), reduzir a potência para diminuir o envelope infravermelho seria o mais correto. No setor traseiro, o envelope infravermelho será tão maior que o cinemático, quanto menor for a sobrevelocidade entre lançador e alvo e o fator limitador para o míssil será a capacidade de alcançar o objetivo. Mesmo reduzindo o motor para mínimo, a distância de detecção permanecerá grande e a conseqüente diminuição da velocidade irá aumentar o envelope cinemático, facilitando o lançamento. Quando o alvo executa uma curva, desloca o seu envelope cinemático para o lado da curva, significando que o míssil pode ser lançado mais distante neste setor, já que descreverá uma trajetória mais curta, usando a navegação proporcional. Logicamente, no setor oposto ao da curva, a distância máxima de lançamento torna-se menor, pois o míssil percorrerá caminho maior do que percorreria se a aeronave não curvasse. Quer dizer que devemos curvar para fora do inimigo? Essa decisão depende da distância em que se encontra a ameaça. Uma curva na direção do incursor para negar o envelope infravermelho pode ser tentada, desde que haja espaço de manobra para aproá-lo antes que o míssil seja disparado. Quando o incursor está próximo à distância de lançamento pelo setor traseiro, curvar para fora e estender é a única chance de negar o envelope cinemático, já que, curvando na direção do atacante, facilitaremos o envelope cinemático sem tempo para negar o envelope infravermelho. A extensão com nariz para baixo é importante, porque o alcance do míssil torna-se menor com a diminuição da altitude. 34

Esse tipo de manobra, que ainda não consta de nossa doutrina, foi utilizada pelos ingleses com sucesso contra os mísseis argentinos, em 1982. Suas implicações no contexto tático d evem ser estudadas para que atualizemos os exercícios de combate a fim de que treinemos para uma situação próxima a nossa realidade.

Envelope de Lançamento [2]

Conclusão Os mísseis de 3ª geração são realidade na Força Aérea. Enquanto nos mantemos informados do que existe no contexto sul-americano e mundial, é nossa obrigação atualizar nossa doutrina, empregando os meios que possuímos da melhor maneira. O sucesso do passado não garante a eficácia futura e, mesmo esperando por novos equipamentos, muito pode ser aprimorado para que tenhamos a consciência tranqüila do dever cumprido.

Referências Bibliográficas [1] Comando da Aeronáutica, "Sistemas Eletroópticos", Curso Básico de Guerra Eletrônica, COMGAR, maio 2000. [2] Comando da Aeronáutica, "Apostila de Sistemas de Armamentos", Curso Básico de Guerra Eletrônica, COMGAR, maio 2000. ○


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Bomba Guiada a Laser: Ter ou Não Ter, Eis a Questão

Steven Meier, 1º Ten.-Av. GITE

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era capitalista gerou um consumismo desenfreado até então nunca visto. A sede pelo novo, avançado e arrojado parece ser simplesmente inesgotável. O que hoje é chamado de moderno amanhã poderá estar sendo qualificado como obsoleto. O mais interessante é que as novas criações, de utilidade jamais imaginada pela grande maioria dos consumidores, tornam-se, num piscar de olhos, indispensáveis. Entretanto, para manter-se constantemente atualizado, o cliente paga um preço elevado, e o pior é que nem sempre fica satisfeito, pois os equipamentos estão cada vez mais complexos, de operação relativamente simples, mas com uma manutenção cada vez mais especializada, exigindo em muitos casos a intervenção do próprio fabricante. A satisfação plena só vem com o domínio da tecnologia, pois só assim surge a capacidade de manipular o conhecimento a fim de superar os eventuais empecilhos, que criam tanta dependência. No campo militar as coisas não são diferentes. A sofisticação dos modernos sistemas d armas objetiva, acima de tudo, a melhoria na precisão e a economia de meios. As forças armadas dos países tecnologicamente desenvolvidos dispõem em seus arsenais desse tipo de armamento e, toda vez que os empregam, fazem ampla publicidade a respeito da precisão cirúrgica de seus bombardeios, alardeando também que o número de baixas tornou-se insignificante. Porém, devido ao custo elevado dessa nova tecnologia, as bombas convencionais continuam sendo utilizadas e em muito maior escala do que as inteligentes. E não é apenas o preço um fator limitante para o seu emprego. Assim como um remédio antibiótico elimina determinados males mas, ao mesmo tempo, suscita efeitos colaterais nocivos à saúde humana, ○

os armamentos modernos, apesar das maravilhas tecnológicas incorporadas, geram uma gama variada de restrições, até então inexistentes. Há um caso clássico que exemplifica muito bem os fatos acima e será descrito a seguir. Trata-se da Operação Ópera desenvolvida pela Força Aérea Israelense, no início da década de 80, com o intuito de destruir o reator nuclear iraquiano da Usina O Tenente Steven Meier é de Osirak.[1] piloto de caça, concluiu o Uma vez esgotadas todas CFOAv em 1994 e exerce as tentativas de pressão diplo- atualmente a função de chemáticas para que a França fe da Subseção de Pessoal não vendesse um reator atô- do Grupo de Instrução Tátimico a Bagdá, tendo falhado ca e Especializada (GITE). em seguida os atentados pla- Possui os cursos de Planejanejados pelo Mossad para ex- mento do Emprego do Armaplodir o carregamento ainda mento Aéreo e o Básico de em portos franceses, os israe- Guerra Eletrônica, ambos lenses passaram a considerar realizados no GITE. a hipótese de um ataque aéreo diretamente à usina. Para isso, não dispunham de muito tempo, pois, uma vez iniciada a produção de urânio enriquecido, esse ataque colocaria centenas de milhares de pessoas em risco, já que a Usina de Osirak situava-se a apenas 15 quilômetros a oeste de Bagdá. Corria o ano de 1980 e, devido a problemas fronteiriços, tem início a Guerra IrãIraque que perduraria pelos próximos oito anos. Um dos primeiros ataques iranianos foi voltado justamente para Osirak. Com bombas convencionais, foguetes e tiros de canhão, não causaram grande estrago mas fizeram com que os iraquianos reforçassem enormemente sua capacidade defensiva em torno da usina. Esse evento, veio a atrapalhar os planos israelenses. Porém, devido à escalada no esforço de guerra ○

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iraquiano, seu projeto atômico foi refreado e os israelenses ganharam tempo para se preparar. Escolhido o F-16 para realizar o ataque, por ser o único avião capaz de vencer, voando a baixa altura, os 1000 quilômetros de distância que separavam os israelenses de Osirak, faltava definir o tipo de armamento a empregar. Israel dispunha em seu arsenal, além das bombas convencionais, das modernas GBU-12 de 1000 libras guiadas a laser. Em dúvida entre as MK-84 de 2000 libras, consideradas bombas burras, e as GBU-12, os israelenses passaram a treinar com ambas. Ao longo do treinamento, a precisão alcançada com as MK O sonho iraquiano de 84 foi crescente, uma vez que o dominar a energia nuclear sistema de pontaria era bastante ainda não estava definitieficiente e os pilotos estavam se vamente acabado, mas, tornando cada vez mais peritos por muito tempo, sepulta- neste tipo de missão. Além do do debaixo dos escombros mais, a simplicidade das caracde Osirak. terísticas de operação de uma MK-84 conferia-lhe um elevado grau de confiabilidade. O mesmo não ocorria com as GBU-12. As bombas guiadas a laser (LGB) dependem de um designador para iluminar o alvo, que, no caso dos israelenses, estava instalado em outra aeronave. Problemas relacionados à falta de coordenação entre as aeronaves lançadora e designadora comprometeram a eficiência de diversas missões de treinamento. Levando-se em consideração que o silêncio rádio era uma condição primordial para o sucesso da missão, pois os israelenses não possuíam superioridade aérea na região, esse entrave praticamente inviabilizava o uso das bombas guiadas a laser. Além desse detalhe, há outros fatores a serem considerados no lançamento de uma LGB. Como a bomba não possui propulsão, o ponto inicial do guiamento deve ser suficientemente alto para possibilitar o planeio da mesma até o alvo, visto que ela aproará 36

o objetivo assim que receber o reflexo do laser.[2] Ou seja, o feixe laser deve ter um ângulo relativamente elevado, mas a bomba não precisa necessariamente ser lançada de grandes alturas. Ela apenas deve interceptar o feixe ao longo de sua propagação. Isto implicava em, no caso israelense, a aeronave designadora abandonar a formação em vôo rasante e subir bem antes de alcançar o objetivo para poder iluminá-lo, denunciando antecipadamente sua presença e expondo-se perigosamente à artilharia antiaérea inimiga. Por fim, como se não bastassem as dificuldades de coordenação entre as aeronaves designadora e lançadora, ou a exposição prematura da aeronave designadora, a bomba também poderia sofrer desvios se o feixe laser fosse refletido pelo alvo para uma posição próxima.[2] Como o objetivo escolhido pelos estrategistas recaiu sobre a redoma que envolve o reator, as chances de haver uma reflexão não poderiam ser descartadas. Consideradas, então, as diversas restrições apresentadas pela bomba guiada a laser, chamada inteligente, os israelenses finalmente optaram pelas burras MK-84. Ao colocarem o plano em prática, os israelenses utilizaram o dobro das bombas necessárias ao cumprimento da missão, tendo em vista que o alvo era estratégico e, portanto, de importância vital. Ao todo, foram empregados oito F-16 carregando duas MK-84 cada. Das dezesseis bombas lançadas sobre a cúpula do reator, quinze acertaram em cheio, sendo que uma delas falhou. Outra, que errou o alvo, acabou destruindo a câmara de guiagem de nêutrons. O sonho iraquiano de dominar a energia nuclear ainda não estava definitivamente acabado, mas, por muito tempo, sepultado debaixo dos escombros de Osirak. Continua na pág 43 ○


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ECHELON: O Sistema está lá fora!

Gelson de Sousa Machado Junior, 3S BCO CGEGAR

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projeto Echelon, realizado em conjunto com o governo de vários países, é uma rede gigantesca de supercomputadores que visa integrar e manter sob seu controle todas as informações, independentes da fonte, do sigilo ou qualquer outro tipo de restrição, em âmbito mundial. Diferentemente de muitos dos sistemas de espionagem eletrônica desenvolvidos durante a Guerra Fria, O Echelon foi idealizado primariamente para alvos não-militares: governos, organizações, empresas e indivíduos em qualquer país. Ele afeta potencialmente qualquer pessoa se comunicando internacional ou domesticamente, em qualquer lugar do planeta. O Echelon pode, virtualmente, capturar e analisar qualquer chamada telefônica, e-mail ou transmissão de fax e telex , independente do meio de transmissão utilizado (satélite, microondas, celular, rádios convencionais, inclusive walkies-talkies, etc.). A rede do Echelon não foi projetada para espionar a correspondência individual de ninguém. O sistema funciona interceptando indiscriminadamente grandes quantidades de comunicações, fazendo uso dos poderosos computadores para identificar e extrair mensagens de interesses para as agências de inteligência participantes do consórcio, de acordo com palavras-chave pré-determinadas, com o auxílio de tecnologias sofisticadas de reconhecimento de voz e de reconhecimento óptico de caracteres (OCR). Supondo-se, por exemplo, que a Rússia fizesse parte do sistema, eles poderiam cadastrar a palavra Gorbachev e todas as mensagens, de qualquer meio de comunicação, que contivessem a referida palavra, seriam enviadas para a agência interessada. Uma cadeia de instalações secretas de interceptação foi ○

estabelecida ao redor do mundo para captar tráfego entre os maiores componentes das redes internacionais de telecomunicações. Algumas delas monitoram redes de comunicações baseadas em terra, outras espionam comunicações entre satélites, e uma outra vigia mensagens de rádio. O sistema Echelon interliga todas essas instalações secretas, suprindo os integrantes do grupo operador do sistema com a capacidade de in- O 3º Sargento BCO Gelson terceptar grande parte das comu- de Sousa Machado Junior é operador radar, MAGE e foto nicações do planeta. Os computadores localizados de patrulha, concluiu o CFS nas estações são conhecidos em 1993 e exerce atualmencomo dicionários Echelon. Má- te a função de analista de inquinas como estas, capazes de formações na Seção de Inteanalisar fluxos de transmissões ligência do Centro de Guersugadas de redes de telecomuni- ra Eletrônica do COMGAR cações, existem já há pelo me- (CGEGAR). Possui cursos de nos 30 anos, mas o sistema Guerra Eletrônica (FAB) e de Echelon foi projetado para Monitoração em Guerra Eleinterconectar estes monstros e trônica (EB). permitir que eles funcionem como um todo. Além de espionar grupos terroristas e países inimigos, há indícios que o Echelon vêm sendo utilizado, após o fim do Império do Mal , para propósitos menos nobres, como espionagem política, incluindo bisbilhotar as atividades da Anistia Internacional e Greenpace, e industrial, visando favorecer empresas que ajudaram a construir o próprio Echelon. Para que o Echelon possa desempenhar sua missão a contento é preciso que as mensagens interceptadas não sejam criptografadas, ou o sejam com chaves pequenas, da ordem de 40 bits, já que ○

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estas podem ser decifradas em tempo real pelos supercomputadores. No início de dezembro de 98, representantes de 33 países (dos quais o Brasil não fez parte) reuniram-se em Viena para discutir os mecanismos de controle de exportação de armas e de tecnologias associadas (como a criptografia, é claro), em mais uma rodada do Acordo de Wassenaar. O principal objetivo desse acordo é limitar a exportação para os países não signatários de tecnologias sensíveis, que incluem não só armamentos (mísseis, tanques, explosivos, etc.) como também tecnologias de uso civil que também possam ser usadas para guerra ou terrorismo (conhecidas como dual-mode technologies ), com destaque para a criptografia. Embora o sigilo da correspondência e das comunicações seja direito assegurado na nossa Constituição (e na Declaração Universal dos Direitos Humanos), acontecimentos recentes, no Brasil e no mundo, mostraram a relativa facilidade com que pessoas ou instituições com a devida (ou indevida) motivação e com os recursos financeiros e tecnológicos corresponden-

mo . Esse tipo de criptografia tipo 2 é a chamada criptografia forte , que utiliza chaves com 128 bits ou mais. Na reunião de Viena ficou acertado que os países signatários deverão iniciar o controle da exportação de hardware e software genéricos que trabalhem com chaves simétricas maiores que 56 bits e de produtos de mercado ( massmarket ) que utilizem chaves maiores que 64 bits. Esse acordo não afeta, entretanto, software de domínio público (como o PGP, o SSLeay e o GNU Privacy Guard). Do outro lado do ringue estão as ONGs americanas que defendem o direito à privacidade individual como a Electronic Frontier Foudation (EFF), o Electronic Privacy Information Center (EPIC) e a Americans for Computer Privacy. Quem tem atacado fortemente os termos do Acordo de Wassenaar é, no entanto, a australiana Electronic Frontiers Australia (EFA), que está liderando uma campanha global, com lobbies organizados em quase todos os 33 países para pressionar os políticos locais por uma posição em favor do não controle da exportação de criptografia. Na opinião da EFA, entretanto, nas próximas rodadas do acordo de Wassenaar os falcões deverão ganhar espaço e impor a adoção de controles de exportação de criptografia mais rígidos, colocando em cheque os direitos individuais num mundo cada vez mais digitalizado. O Big Brother está vigiando você!

tes podem atropelar aquele direito, sobrepondo-se à lei. Nesse cenário, a criptografia é uma tecnologia essencial para a proteção dos direitos do cidadão e, por extensão para a defesa da democracia. Nas palavras de Bruce Schneier, há dois tipos de criptografia: o que impede sua irmãzinha de ler seus arquivos e aquele que impede os governos das grandes potências de fazerem o mes-

Referências:

[1] Teixeira, Carlos A., Caderno Informática e etc , Jornal o Globo (30/03/1998), Rio de Janeiro, 1998. [2] Revista Expresso (www.expresso.pt) , edição 1330, 1998. [3} Hager, Nicky, Secret Power , Covert Action Quaterly, 1997. fotos: www.ifrance.com


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Determinação da Altitude de Operação de uma Aeronave de Alarme Aéreo Antecipado

Fernando Augusto Maschio de Siqueira, Cap.-Av. 4º ETA

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altitude de operação de uma aeronave de alarme aéreo antecipado vem sendo um importante fator de análise para seu emprego e possui papel determinante no sucesso da missão. Para tanto, consideram-se diversos fatores de natureza técnica e operacional, na determinação da melhor altitude de vôo. Os de natureza técnica são definidos por limitações da plataforma, do radar e de equipamentos auxiliares que, de alguma forma, limitem a operação. Já os de natureza operacional são estabelecidos em função da forma de utilização da plataforma e dos equipamentos que a compõe, estando diretamente relacionados com a capacidade do operador (seleção, formação e treinamento). Os fatores de natureza técnica, oriundos do projeto do sistema como um todo (aeronave, radar, fontes de força etc.), não permitem a interferência do operador. Devem ser conhecidos e compreendidos, visando o correto emprego dentro de suas limitações. São fatores considerados, dentre outros, de natureza técnica: - altitude máxima de operação da plataforma; - altitude máxima de operação das antenas do radar/radome; e - altitude mínima de operação. O segundo fator, as antenas do radar, tem suas limitações oriundas da necessidade de refrigeração e restrições estruturais do próprio radome. Tal limitação poderia nos levar à seguinte pergunta: se tivéssemos um radome mais resistente, poderíamos operar a altitudes maiores com algum ganho operacional? Nem sempre. O fator mais importante é estudar se estaríamos acrescendo algo à operação, pois há uma altura ótima, que não é necessário ultrapassar. O cálculo des○

sa altura ótima levará em conta o alcance máximo não ambíguo do radar, seu alcance máximo teórico e o horizonte radar [veja texto em destaque], e n t r e o u t r o s parâmetros. A altitude mínima estabelece o limite inferior e também está relacionada com o radar, em função da segurança no solo contra as emissões eletromagnéticas. O Capitão Fernando Augusto Partindo da faixa definiMaschio de Siqueira é piloto da por limitações técnicas, de transporte, concluiu o deve-se buscar a altitude de CFOAv em 1990 e exerce emprego que traga mais atualmente a função de chevantagens operacionais, utife da Seção de Inteligência lizando-se agora de ferrae Guerra Eletrônica do 4º Esmentas mais subjetivas, quadrão de Transporte Aéreo. oriundas do operador (e sua O Capitão Siqueira possui o capacidade). Curso de Especialização em Para tal devem ser consiAnálise de Ambiente Eletroderados, dentre outros fatomagnético no Instituto res de natureza operacional: Tecnológico de Aeronáutica - altitude de melhor (ITA). performance da plataforma (alcance e autonomia); - alcance mínimo do radar; - horizonte radar; - alcance máximo não ambíguo do radar e - alcance máximo teórico do radar. A altitude de melhor performance apenas inicia o estudo proposto, pois revela-se como uma faixa onde se buscaria um melhor aproveitamento da missão, partindo-se da premissa de que a aeronave AEW deve se deslocar para a área de missão com o menor gasto de combustível e lá permanecer pelo maior tempo possível. Dessa premissa extraímos a próxima questão: porque não voar na maior altitude tecnicamente permitida, com o ○

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consequente menor consumo de combustível, obtendo ainda um aumento no horizonte radar e assim o maior alcance?

Em primeiro lugar, o aumento do horizonte rádio pode não ser aproveitado, se for tal que exceda o alcance máximo não ambíguo. Notemos a dificuldade de usar aqui o alcance máximo teórico, advinda de não estabelecermos o tamanho dos alvos. De qualquer forma, mesmo para os alvos maiores, o alcance máximo teórico limitará a performance do radar antes do alcance máximo não ambíguo. Adicionalmente, quando se aumenta a altitude da aeronave tem-se um proporcional aumento do cone de não detecção, característica de Radar de AEW. [2] Delineando o que poderia ser a melhor altitude, já se vê que ela deverá ficar em uma faixa onde a plataforma obtém uma boa performance, dentro do limite técnico, e ainda, a uma altura tal que o alcance do radar se aproxime da distância máxima de linha de visada (horizonte radar). Para tal, basta definirmos agora o que seria a altitude mais próxima do horizonte radar . Para cálculo do horizonte rádio/radar utilizamos o modelo em voga, que compensa os efeitos da propagação atmosférica pela adoção de um raio terrestre igual a 4/3 do raio real:

Alcance Radar O alcance máximo não ambíguo, também chamado de alcance máximo em primeira recorrência, é definido pelo tempo de escuta disponível entre a emissão de dois pulsos consecutivos, constituindo-se, portanto, um limite absoluto para o alcance do radar, exceto em radares pulso-Doppler. O alcance máximo teórico, por sua vez, é fruto de cálculo para determinadas condições de potência disponível, falso-alarme aceito, probabilidade de detecção requerida e tamanho do alvo, entre muitas outras. Embora mais difícil de estabelecer, por conter elementos de natureza probabilística, este é o real alcance máximo do radar. Normalmente, no projeto de um radar, procura-se fazer com que o alcance máximo não ambíguo seja maior que o teórico, de forma a não limitar a performance possível.

(Eq. 1)

Onde Rhor é o horizonte radar em milhas náuticas, H1 e H2 são as alturas do AEW e do alvo, respectivamente, em pés. [3] Cone de não detecção

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Com o alvo a 1000 ft, ou seja H2 = 1000, teremos:

(Eq. 2)

onde: H1 - altura do AEW, em pés. Runamb - alcance máximo não ambíguo ou alcance instrumentado, em milhas náuticas. Altitude do AEW vs. Alcance máximo da

Tomando como exemplo um radar embarcado com 250 NM de alcance máximo não ambíguo, a melhor altitude de operação dessa plataforma seria no máximo de 29.500 FT, pois a partir dela a aumento da altitude só estaria trazendo desvantagem à operação do radar.

aeronave alvo. [4]

Por meio de uma visualização gráfica (ver figura), podemos avaliar as relações entre a altura do AEW, a altura do alvo e o horizonte radar resultante. Observemos que de nada adianta aumentar o horizonte radar (com o aumento da altitude e suas conseqüências) além do alcance máximo não ambíguo. Melhor ainda seria se pudéssemos calcular com mais facilidade e em tempo real o alcance efetivamente obtido pelo radar para as diversas condições atmosféricas, tamanho do alvo, etc. Em suma, aumentar o horizonte radar através do aumento da altitude do AEW somente será efetivo até o limite do alcance máximo. Pela dificuldade de definir alcance , adotamos o alcance máximo não ambíguo. Supondo o alvo em uma situação bastante desfavorável a 1000 Ft, teremos na Equação 2 a determinação da melhor (ou maior) altitude de operação de uma aeronave AEW. Partindo da equação 1:

Altitude de operação de aeronave AEW

Conclusão Performance da plataforma, alcance mínimo, alcance máximo não ambíguo, alcance radar teórico e horizonte radar são os principais fatores a serem considerados para a determinação da melhor altitude de opera○

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Referências

ção, e devem ser analisados em conjunto com os demais. Balizados pelos fatores de natureza técnica e computando os de natureza operacional, podemos obter a forma correta de operação. Este cálculo é apriorístico, devendo servir de base para o início da operação. Não consideramos aqui outros fatores, como a existência de inversões térmicas na atmosfera, que poderiam causar o aprisionamento da energia emitida pelo radar acima das interfaces entre camadas de ar. Nesse e noutros casos, cabe ao operador detectar o motivo da perda de performance e adequar o perfil de vôo. Finalmente, assumimos ao escrever este trabalho que o radar é o sensor principal a bordo de uma aeronave AEW, havendo outros sensores, para os quais o perfil de vôo poderá ser substancialmente diferente.

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[1] EMBRAER. SA and RS Aircraft Systems Critical Design Review. São José dos Campos - SP. 1999. [2] SIQUEIRA, Fernando A. M., Emprego do Sistema ERIEYE da Aeronave AEW & C EMB145 SA (Surveillance Aircraft) do Sivam (R99 A) Uma proposta de emprego pela Unidade Aérea. Trabalho individual de conclusão de pós-graduação. ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica: 1999. [3] SKOLNIK, Merrill I., Introduction to Radar System. United States of America: McGraw-Hill, 1980. [4] NAVAL AIR WARFARE CENTER, EW and Radar Systems Engineering Handbook (http:/ /ewhdbks,mugu.navy.mil/).


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Emprego da Aviação de Transporte na Amazônia

Continuação da pág. 13

na Amazônia. A realização de lançamentos em ZL aquática simulará o ressuprimento dos combatentes de selva em qualquer parte da floresta. Contudo, é preciso pensar em como realizar os lançamentos numa situação real, onde o inimigo provavelmente seja superior tecnologicamente. Devido ao ambiente eletromagnético hostil, todas as missões de Ressuprimento Aéreo deverão ser realizadas, primordialmente, no período noturno, empregando-se técnicas de navegação à baixíssima altura (low contour) que buscam a sombra radar causada pelo baixo relevo. Cabe lembrar que até a Força Aérea dos Estados Unidos, com toda sua parafernália eletrônica, priorizou a realiza-

ção de suas missões no período noturno nas guerras do Iraque e da Iugoslávia. As atuais metas da Aviação de Transporte devem buscar a proficiência de suas equipagens não só na execução do vôo muito baixo e noturno sobre a floresta amazônica com equipamentos específicos para visão noturna, como também do pouso à noite nos pelotões de fronteira, utilizando balizamento tático de película reflexiva, capaz de iluminar as laterais da pista com a reflexão da própria luz dos faróis da aeronave (lembrando que o pouso noturno nessas condições é semelhante ao pouso noturno em porta-aviões). Tudo isto visando atingir a pronta-resposta necessária à região.

Bomba Guiada a Laser: Ter ou Não Ter, Eis a Questão Continuação da pág 36

Referências bibliográficas:

Examinando esse episódio, que se tornou um clássico no atual contexto dos conflitos militares, descobre-se que a precisão nem sempre está relacionada com o que há de melhor em avanços tecnológicos. Entretanto, ficou patente, desde o prelúdio da concepção até o coroamento da operação com êxito total, o elevado grau de adestramento e profissionalismo de todas as pessoas envolvidas no planejamento e execução da missão. Que ensinamentos podem ser retirados dessa análise? Inúmeros sem dúvida, porém, o mais relevante deles é que uma Força Aérea, mesmo tecnologicamente defasada e com recursos financeiros limitados, pode ser capaz de cumprir os fins a que se destina, bastando para isso empenho, dedicação e profissionalismo de seus membros.

[1] MALCON, John. Bulls Eye One Reactor.1 ed. EUA, 1994. [2] CATRE, Grupo de Instrução Tática e Especializada. Apostila de Guiamento de Armas. Curso Básico de Guerra Eletrônica 2000.

Bibliografia recomendada: GUNSTON, Bill. Smart Weapons. Ed. Salamanders Books Ltd. Londres - UK, 1986. LASER GUIDED BOMB MANUAL. Fighter Weapon School. Langley Air Force Base. April 1986. MANGRICH, Ricardo, Maj.-Av. Armamento Inteligente? Revista Zoom, 1º/4º GAv. Fortaleza, 1997.

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A Necessidade de Pós-Graduação na Área Operacional

Ari Robinson Tomazini, Maj.-Av. CGEGAR

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capacitação de pessoal em cursos de pós-graduação é o principal pilar da sustentação do progresso das várias atividades humanas dos dias atuais. A principal diferença entre a graduação e a pós-graduação é que enquanto aquela prepara os recursos humanos para desempenhar funções conforme métodos e tecnologias existentes, esta capacita-os a desenvolver novos métodos e tecnologias, pesquisar, buscar a inovação, superar os obstáculos conhecidos e os novos. Métodos e tecnologias têm sido desenvolvidos num ritmo cada vez mais acelerado, com apoio acadêmico, permitindo superar barreiras nos vários campos do conhecimento e forçando todos os usuários da tecnologia a uma evolução acelerada e sem descanso. As organizações cujos negócios estão voltados para um mercado de forte concorrência precisam investir em pósgraduação para se manter entre as melhores e não desaparecer. Se a atividade em pauta é fortemente competitiva (e a nossa o é, por essência), não é preciso parar para ser ultrapassado: basta diminuir o ritmo.

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Na área militar, a pós-graduação permite a uma Força Armada entender, desenvolver e explorar com maior probabilidade de sucesso os conceitos de guerra, as concepções de emprego e as tecnologias utilizadas nos cenários de crise, conflito O Major Ari Robinson Tomazini ou guerra.

é piloto de patrulha, concluiu o CFOAv em 1985 e exerce atual-

A PósGraduação na Aeronáutica

mente a função de chefe da Seção de Recursos Humanos do Centro de Guerra Eletrônica do

Um fato inteCOMGAR (CGEGAR). Possui ressante ocorreu na cursos de Guerra Eletrônica no área de fenômenos Brasil e na Inglaterra, pós-graduatmosféricos. Há ação em análise e projeto de sisalguns anos, a Aetemas (GFI/UNB - Brasília) e pósronáutica era a insgraduação em Engenharia de tituição brasileira Sistemas Eletrônicos Militares na que liderava o coRoyal Military College of Science nhecimento em (Inglaterra). meteorologia. Essa posição, nos dias atuais é ocupada pelo INPE. A inversão de posição deve-se ao fato de que o INPE fez a opção por um programa de Mestrado e Doutorado, enquanto a Aeronáutica manteve a política de capacitação de pessoal no nível de graduação ou em cursos de pequena duração. Nós militares não precisamos ser os melhores em meteorologia. Apesar da importância desse assunto em nosso diaa-dia, ele não é realmente nosso negócio . A aplicação militar do poder aeroespacial brasileiro é o negócio da Força Aérea. Já possuímos programas de ○


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res e civis para:

capacitação em áreas técnicas que têm apresentado resultados de inquestionável valor para o país. Esses programas foram iniciados a partir da criação do ITA, instituto considerado pelo MEC como a melhor instituição de ensino em engenharia do país e que conta com um formidável corpo docente, uma infra-estrutura considerável, além de possuir a melhor biblioteca da América Latina. No entanto, os novos cenários de guerra requerem que a Aeronáutica busque a excelência em áreas vitais para a aplicação militar do Poder Aeroespacial como, por exemplo, a guerra eletrônica.

a ) resolver problemas operacionais e técnicos relativos à atividade militar; b) gerar novos conhecimentos (KnowWhy) que resultem em conceitos, concepções de emprego e tecnologias; c ) desenvolver métodos, procedimentos, processos e tecnologias para melhorar o ciclo de decisão nos vários níveis da guerra; d) melhorar a utilização dos meios existentes na nossa Força; e

Objetivo do Mestrado em Guerra Eletrônica

e ) tirar proveito das concepções e das características dos recursos técnicos do inimigo.

A guerra eletrônica sistematizada e tratada como objetivo organizacional data de pouco tempo na Força Aérea Brasileira. Pode-se inferir que essa seja uma das principais causas das dificuldades encontradas pelos integrantes da Aeronáutica para conceber novos conceitos de guerra, desenvolver concepções de emprego, entender e explorar as tecnologias utilizadas nos cenários de guerra. Para obter efeito semelhante ao que essa atividade provocou nas Forças Aéreas que venceram os conflitos dos últimos sessenta anos, há que se ter um programa de busca de excelência, cujo principal pilar é a capacitação de recursos humanos a nível de mestrado e doutorado. Esses cursos deverão preparar milita○

Essa proposta poderá fazer a diferença entre a vitória e a derrota, o sucesso e o fracasso num teatro de guerra para a Força Aérea Brasileira. Numa área do conhecimento onde a competição é a tônica, a velocidade de superação de barreiras é o que faz a diferença entre os vencedores e os vencidos. Não faltam exemplos, antigos e recentes, de que no conflito entre as vontades nacionais, aquela que melhor domina o conhecimento leva enorme vantagem.

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Revista SPECTRUM Objetivos e Diretrizes para Publicação

A

ve curriculum vitae em que se mencione titulação acadêmica, experiência profissional e/ou acadêmica, instituição(ões) de vinculação, cargo ou função, endereços, e-mail, telefones e fax. Se mais de um autor, ordenar de acordo com a contribuição de cada um ao trabalho. 3) Enviar resumo do texto, entre dez e quinze linhas, em que constem objetivo, método, resultado e conclusões, bem como de três a cinco palavras-chaves. 4) As referências bibliográficas completas do(s) autor(es) citados deverão ser apre-

Revista Spectrum tem como finalidade contribuir para a divulgação de trabalhos voltados exclusivamente para o preparo e emprego da Força. Pretende-se incentivar a apresentação de temas que venham a despertar debates, motivar o início de estudos que possam ser aproveitados, hoje ou no futuro, com o objetivo de conferir o devido realce ao aguerrido espírito operacional da Força Aérea Brasileira. Não se estabelece preferência de abordagens: diferentes perspectivas teóricas e metodológicas no tratamento de temas são aceitáveis, desde que consistentes e significativas para o desenvolvimento da área operacional. O público alvo é constituído dos profissionais civis e militares das três Forças Armadas e do Ministério da Defesa, Institutos de Pesquisa, Universidades e de outras Organizações Públicas e Privadas interessadas nos assuntos operacionais da Força Aérea.

sentadas em ordem alfabética no final do texto, de acordo com as normas da ABNT (NBR 6023). As referências a autor(es) devem ser citadas no corpo do texto com indicação numérica na lista de bibliografia. 5) Notas referentes ao corpo do texto devem ser indicadas com um número sequencial, imediatamente depois da frase a que diz respeito. As notas deverão vir no rodapé do texto. 6) O artigo deverá ser enviado em disquete de 3,5 , acompanhado de duas vias impressas e foto(s) do(s) autor(es) busto, frontal, sem data.

Forma de apresentação dos artigos Os textos devem ser encaminhados de acordo com os seguintes critérios e características técnicas: 1) Formatação: papel A4 (29,7x21cm); margens: superior = 2,5cm, inferior= 2,5cm, esquerda= 2,5cm e direita= 2cm; editor de texto: Word for Windows 6.0 ou posterior, utilizando caracteres Arial, tamanho 12pt e espaçamento 1,5 linhas. O artigo não deverá exceder 5 páginas, incluindo quadros, tabelas, gráficos, ilustrações, notas e referências bibliográficas. Deve-se observar a ortografia oficial e conter, na primeira lauda do original, o título do trabalho e o(s) nome(s) completo(s) do(s) autor(es). 2) Apresentar em uma página separada: título do trabalho, nome(s) completo(s) do(s) autor(es) acompanhado(s) de bre46

Enviar artigos para: Revista Spectrum Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR Esplanada dos Ministérios, Bloco M anexo 2º andar CEP 70045-900 - Brasília-DF Tel.: (61) 313-2528 Fax.: (61) 224-1840 e-mail: spectrum@comgar.maer.mil.br

Cronograma para a próxima edição: até 15 nov 2000: recebimento de artigos dez 2000: revisão e editoração eletrônica jan 2001: impressão e distribuição ○


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