Revista do Comando-Geral do Ar
Nº 04 - Novembro 2001
Tecnologia, Doutrina e Capacitacão: O Trinômio da Arma Aérea O Paradigma do Poder Aéreo Revisado Emprego Militar do GPS Bioterrorismo
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Expediente Comandante-Geral do Ar Ten.-Brig.-do Ar José Carlos Pereira Conselho Editorial e Revisão Ten.-Cel.-Av. Narcelio Ramos Ribeiro Maj.-Av. Ari Robinson Tomazini Maj.-Av. Fábio Durante Pereira Alves Maj.-Av. Davi Rogério da Silva Castro Cap.-Av. Carlos Alberto Fernandes Cap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães Colaboração Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) Projeto Gráfico e Fotolitos Tachion Editora e Gráfica Ltda. Rua Santa Clara, 552 - Vila Adyanna Tel/Fax: (12) 3921-0121 / 3922-4048 / 3922-3374 CEP 12243-630 - São José dos Campos - SP e-mail: info@tachion.com.br www.tachion.com.br
Índice Tecnologia, Doutrina e Capacitacão: O Trinômio da Arma Aérea ........................................ 4 Estratégia de Ensino e Pesquisa em Guerra Eletrônica no ITA ........................................................ 8 O Paradigma do Poder Aéreo Revisado .................... 15 Tecnologias a serviço da superioridade de informação .......................................................... 23 Emprego Militar do Sistema de Posicionamento Global (GPS) .................................. 26 Aviões SIGINT e o Domínio da Informação: As Respostas européias ............................................ 31 Bioterrorismo ........................................................... 33 O Oficial de Comunicação Social e as Operações Aéreas .................................................... 35
Impressão Gráfica Itamarati SIG/Sul - Quadra 02 - lote 400 Tel: 61-343-1833 - Fax: 61-343-1099 CEP 70610-400 - Brasília-DF Distribuição interna. Tiragem: 2.000 exemplares. Os conceitos emitidos nas colunas assinadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias publicadas, desde que mencionados o autor e a fonte e remetido um exemplar para o COMGAR. spectrum@comgar.aer.mil.br (Internet)
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Editorial Brig.-do-Ar ROBERTO GERALDO PIMENTA RIBEIRO Comandante da Terceira Força Aérea
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este último trimestre do ano em curso, a revista “Spectrum” reaparece, brindandonos com a sua quarta edição. Na perenidade da sua existência e do intercalado silêncio profícuo e germinador de “boas novas”, ressurge, como sempre o fez desde a sua criação, soprando-nos com a brisa renovadora do conhecimento, agregando novos valores à dinâmica do contínuo processo de evolução da nossa Força Aérea. Juntos, pois, com “Spectrum”, vivemos os momentos finais deste primeiro ano que marca, na história do homem, a abertura do tão propalado, profetizado, discutido e esperado terceiro milênio. Privilégio? Julgamos que sim, porquanto muitos no passado sonharam com esta hora, fruto da própria ansiedade, imaginação e curiosidade que caracterizam o ser humano na sua eterna fixação pelo futuro. Da nossa parte, como integrantes do nosso Comando-Geral do Ar, vivemos o apostolado da nossa missão, a bordo dessa maravilhosa nave, a Força Aérea Brasileira, que, na sua luminosa trajetória, navega no rumo seguro do cumprimento da sua missão, a despeito de turbulências ou tempestades que, eventualmente, possam se interpor à sua rota. Temos, sim, o grande e honroso privilégio de viver a nossa opção de vida, o sacerdócio da nossa profissão, nessa doação ao elevado compromisso pelo que acreditamos ser o melhor que podemos fazer, de forma honesta, em prol do nosso país. No que tem sido a busca de uma contínua e firme evolução, a nossa Força Aérea move-se no sentido de importantes e inadiáveis mudanças, tão necessárias à otimização dos seus meios e capacitação do seu pessoal, quanto imprescindíveis à sua adequação ao cenário dos próximos anos, com vistas à confrontação com futuros e renovados desafios. “Spectrum” tem sido parte intrínseca deste processo, visto que, no rol de uma legião de tantas outras publicações de alto nível profissional, tem contribuído como elemento catalisador na renovação das idéias, na incessante procura de novos conhecimentos, no exercício salutar da reflexão e na firme determinação de levar adiante o incentivo pela prática da boa discussão. A par com o desenvolvimento que se observa no campo do conhecimento técnico e especializado, que tem sido a marca de uma nova geração no contexto da nossa instituição, o aprendizado tem se expandido, igualmente, na área do comportamento, em novas posturas na condução das diversas atividades.
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Neste aspecto, as adversidades têm constituído uma estimulante escola para o nosso pessoal. Aprendemos, assim, a voar cada minuto e cada hora, com o preciosismo do artesão que multiplica os resultados do seu instrumento, cercado dos cuidados devotados à última gota que não pode derramar; aprendeBrig.-do-Ar mos muito, na exploração do eleRoberto Geraldo vado senso do profissionalismo. Pimenta Ribeiro Por tudo isso, a Força Aérea Comandante da está viva e cresce, exatamente por Terceira Força Aérea encontrar-se no interior de cada um daqueles que lhe devotam a sua fé e os seus sonhos, no contraditório do que têm sido as inúmeras dificuldades e restrições materiais por que passa na conjuntura atual. Na verdade, o que se constata é a conversão de todas essas coisas em estímulo multiplicador do pensamento e da criatividade. Conscientes de estarem hoje muito além da era do simples “pé-e-mão”, os nossos combatentes buscam respaldar as suas habilidades no domínio do conhecimento e da informação, vetores estes que os fazem especialmente fortes e cada vez mais capazes para os duelos que estão por vir. Crescendo, pois, estão os homens da nossa Força Aérea, atentos para os valores intangíveis que constituem o lastro para toda e qualquer pretensão de poder e de capacidade de dissuasão na era que adentramos. Desta forma, estarão aptos a dar o melhor sentido possível ao emprego dos nossos meios, na medida exata dos propósitos almejados e da capacidade de fazê-lo bem . Nas páginas de “Spectrum” projetam-se, sazonalmente, fachos de luz da nossa inteligência e do nosso pensamento. Desejamos, assim, que ela continue, a cada edição, a nos presentear com esse encontro pelo campo do conhecimento profissional, possibilitando o estímulo gerador do nosso crescimento organizacional, doutrinário e operacional. Nesse sentido, gostaria de, finalmente, relembrar uma breve mensagem de um velho chefe militar britânico, Maj. Gen. J. F. C. Fuller: “Existe apenas uma maneira de se evitar a decadência – jamais parar de evoluir, jamais se tornar escravo do passado, jamais hesitar em tentar alguma coisa nova devido ao receio de se cometer um erro.”
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Tecnologia, Doutrina e Capacitação O Trinômio da Arma Aérea Narcelio Ramos Ribeiro, Ten.-Cel.-Av. - COMGAR
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ensar sobre a guerra, entendê-la e descobrir como lutar para vencer é muito difícil, pois esse é um dos mais complexos fenômenos produzidos pelos seres humanos. Por esse motivo ela deve ser fragmentada em partes componentes que possam ser examinadas, estudadas e usadas. Há várias maneiras de dividir a guerra: quanto ao tamanho, intensidade, duração, geografia, nível, etc. No entanto, notase que essas fragmentações não parecem ser muito adequadas aos processos de análise, síntese e visualização dos principais fatores que definem a capacidade de uma força aérea. Este artigo não é sobre tática ou um específico sistema de arma, não é também sobre uma determinada guerra. Ele é uma abordagem sucinta sobre tecnologia, doutrina e capacitação de recursos humanos (trinômio), como principais fatores que retratam a capacidade de uma força aérea.
A TECNOLOGIA As formas de cooperação, competição, conflito e guerra mudam conforme a tecnologia disponível no mundo. Essas mudanças influenciam a nossa maneira de observar, entender, decidir e agir, pois elas têm impactos sobre a vida das pessoas, organizações, estados e formas transnacionais de crime ou terror. Os futuristas Alvin e Heidi Toffler têm enfatizado mudanças que ocorreram e poderão ocorrer em função da evolução tecnológica (ondas e eras). Essas mudanças também influem no preparo da arma aérea. A expressão “cavaleiros do século do aço” é bem apropriada para descrever o quanto a arma aérea é dependente da tecnologia, pois a aeronave e seus sistemas de armas, os recursos de combate no solo e de apoio são, na verdade, sistemas
tecnológicos. Essas tecnologias, num conflito, poderão estar presentes em maior ou menor proporção em qualquer um dos lados envolvidos . A questão, portanto, é que o preparo da arma aérea deve ser realizado, considerando não apenas os meios disponíveis na força amiga, mas, também, aqueles passíveis de serem O Tenente Coronel Narcelio utilizados pelo oponente. O entendimento dessas Ramos Ribeiro é piloto de patecnologias requer também trulha, concluiu o CFOAv em capacidade de pesquisar e 1980 e exerce atualmente a desenvolver parte delas no função de chefe do Centro de Eletrônica do próprio país, caso contrário Guerra poderá haver dificuldade COMGAR. Possui curso de para acompanhar ou domi- Guerra Eletrônica na Inglaternar determinados conceitos ra (“Electronic Warfare relativos ao conhecimento Directors”) e pós-graduação dos meios utilizados pela em Planejamento Estratégico e Qualidade Total pela arma aérea. Erros ocorrem quando AEUDF (Brasília). O Ten.- Cel. integrantes da arma aérea li- Narcelio tem trabalhos publimitam-se a ter conhecimen- cados nas revistas da UNIFA to apenas da tecnologia exis- e O Patrulheiro. tente na sua Força, esquecendo-se de que os meios do inimigo nunca serão iguais aos seus. A sabedoria popular refere-se a esse comportamento como “olhar somente para o próprio umbigo”. Expressão como “vamos ter o pé no chão”, às vezes, pode funcionar como uma espécie de cortina, impedindo que a Força perceba a necessidade de conhecer tecnologias passíveis de serem utilizadas por oponentes na cena de ação. Por outro lado, deve-se evitar o modismo de só se interessar pelas inovações tecnológicas, pois estilete também é arma e, não raro, pode surpreender o mundo. A solução, nesse caso, é possuir pro-
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gramas de capacitação voltados para as necessidades da guerra, de pesquisa e desenvolvimento de parte dessas tecnologias e uma doutrina dinâmica.
A DOUTRINA A doutrina de uma força armada reflete a maneira como seus integrantes percebem o negócio denominado “defesa”, os princípios, conceitos e as atividades que dão suporte às ações a ela associadas. Alguns dos mais importantes conceitos relativos ao emprego da arma aérea referemse a centros de gravidade e superioridade aérea. A arma aérea, por pos“A doutrina de uma força ar- suir características como mada reflete a maneira como velocidade, penetração e seus integrantes percebem o ne- flexibilidade, pode ser emgócio denominado “defesa”, os pregada contra qualquer princípios, conceitos e as ativi- tipo de centro de gravidadades que dão suporte às ações de e abreviar o término do conflito. Esses centros vaa ela associadas.” riam conforme o oponente, a geografia e fase do embate, e são extremamente dinâmicos. O conceito de centros de gravidade é ao mesmo tempo importante e muito difícil, pois requer conhecimento, método, intuiç ã o , criatividade e sorte para garantir que os alvos escolhidos causarão decréscimo na vontade de lutar do inimigo. Esse conceito não é muito bem explorado pela maioria das forças aéreas. Essa defici-
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ência ocorre devido a vários fatores, entre os quais dois merecem destaques: a)a maioria das forças aéreas limitamse a usar, apenas, a intuição e experiência para escolher alvos considerados centros de gravidade, não dando a devida importância à utilização de métodos, busca de conhecimento e estímulo à criatividade; e b) na hora da escolha de centros de gravidade, a predominância do etnocentrismo, na maioria das forças aéreas, impede que o inimigo seja visto como um sistema diferente, um organismo vivo com características próprias, que interage, reage, pensa, surpreende, ataca e destrói de modo singular. Outro conceito importante dentro da doutrina é o de superioridade aérea. Existe quase que uma unanimidade de aceitação, quanto à necessidade de se obtê-la no início das ações. A favor desse comportamento existe a história: “desde a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939, nenhum país ganhou uma guerra diante de inimigo com superioridade aérea, nenhuma ofensiva obteve sucesso contra oponente que tinha o controle do espaço aéreo e nenhuma defesa aérea conseguiu se manter diante de uma força que tinha maioria qualitativa e (em alguns casos) quantitativa no espaço” [1]. A questão, no entanto, é que as forças aéreas que não são grandes poderão en-
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contrar situações em que não terão a superioridade aérea. Nesse caso, adotar uma postura epistemológica diante desse conceito, ao invés de aceitá-lo como um dogma, seria uma atitude que poderia resultar em soluções surpreendentes. A doutrina de uma força aérea retrata também a maneira como seus integrantes percebem os conceitos relativos ao poder aéreo, as atividades a ele associadas e o enfoque utilizado para capacitação de recursos humanos.
A CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Todas forças aéreas no mundo capacitam recursos humanos. Poucas, no entanto, atingem os níveis mais altos de conhecimento nesse negócio denominado “defesa”. Isso ocorre devido a vários fatores, dentre os quais alguns merecem destaque: a)a maioria das forças aéreas limitamse a capacitar os recursos humanos visando o desempenho das funções a bordo das plataformas ou no solo, sem, contudo, considerar a necessidade de evolução, melhoria constante, domínio do conhecimento, desenvolvimento de conceitos, concepções, táticas, métodos, modelos e procedimentos operacionais; e b) poucas forças aéreas têm programa de pós-graduação nos níveis de mestrado e doutorado, principalmente nas áreas de comando e controle, guerra eletrônica, análise operacional, armamento aéreo, logística e operações psicológicas. O resultado desse desnível no enfoque da capacitação de recursos humanos entre forças aéreas de diferentes países é que apenas um pequeno grupo delas gera a quase totalidade dos conceitos, concepções, táticas, modelos, métodos e, até mes-
mo, novos procedimentos operacionais, enquanto que a maioria apresenta dificuldade para entender ou, até mesmo, copiar a evolução que ocorre nessas áreas e que afetam a maneira de aplicar a arma aérea. Essa diferença é um dos principais fatores que causam assimetria entre forças aéreas, pois uma política de capacitação de recursos humanos incompleta, sem programa de pós-graduação, pode criar dependência doutrinária, corre o risco de deixar a força conceptualmente fraca, com pouco entendimento de emprego e, mesmo contando com recursos tecnológicos, não elimina a possibilidade de cometer erros amadores, por falta de concepção atualizada. Pós-graduar nas várias áreas da guerra é, portanto, muito mais que uma simples política de educação, é querer dividir com as melhores forças aéreas o pódio do campo de batalha. Percebe-se, portanto, que tecnologia, doutrina e capacitação de recursos humanos são interdependentes “Pós-graduar nas várias e formam os principais pilares de sustentação de áreas da guerra é, portanto, muito mais que uma simples uma força aérea. A o b t e n ç ã o d e política de educação, é querer tecnologia depende de dividir com as melhores forças quantidade significativa aéreas o pódio do campo de de aporte financeiro e de batalha.” decisões que extrapolam os limites de uma força aérea. A doutrina e a capacitação de recursos humanos são questões confinadas aos muros da caserna e a opção de estabelecer ou não programas que permitam a uma força ficar entre as melhores do mundo nessas áreas depende da idéia de vitória de seus integrantes. 1 - WARDEN lll, John A. THE AIR CAMPAIGN: Planning for Combat. Washington: Pergamon-Brasseys, 1989
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Estratégia de Ensino e Pesquisa em Guerra Eletrônica no ITA José Edimar Barbosa Oliveira - Professor Titular do ITA
“O êxito de uma instituição depende da existência de ideais básicos que a identifiquem, da livre adesão e consciente manutenção desses ideais e da presteza com que seus profissionais corrijam e adaptem objetivos táticos e operacionais, ante as imposições de um mundo continuamente em evolução” [1].
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Introdução
Política de Defesa Nacional adotada pelo governo em 1996, que possibilitou a criação do Ministério da Defesa em 10 de junho de 1999, contém uma vertente dedicada à área de Ciência e Tecnologia com a seguinte finalidade: “Orientar o desenvolvimento dos sistemas ou setores de Ciência e Tecnologia das Forças Armadas, de modo a produzir oportunidade de aproveitamento do conhecimento obtido, em prol de interesses comuns das Forças nas áreas de pesquisa, de desenvolvimento, da capacitação tecnológica e fomento industrial, contribuindo, assim, para a consecução dos objetivos da Política de Defesa Nacional”. Portanto, notadamente entre 1996 e 10 de Junho de 1999, as atividades de Ciência e Tecnologia (C&T), das Forças Armadas foram organizadas objetivando alcançar um elevado nível de compatibilização, indispensável para o êxito da implantação da Política de C&T do Ministério da Defesa, em um período reduzido após a sua criação. Em virtude da participação, indispensável e com tendência crescente, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em atividades de ensino e pesquisa em áreas de interesse da Defesa, faz-se necessário destacar algumas das características e realizações deste Instituto que possibilitaram a celebração, a partir de 1998, de cooperação acadêmica com o Comando-Geral do Ar (COMGAR), através do Centro de Guerra Eletrônica (CGEGAR). O ITA, um dos cinco órgãos do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), localizado em São José dos Campos – SP, é o órgão de ensino su-
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perior do Comando da Aeronáutica que tem por finalidade a formação de profissionais de concepção com alto nível de qualificação e a realização de pesquisas e atividades de extensão universitária no campo das tecnologias avançadas, prioritariamente as de interesse aeroespacial. Desde a sua fundação, há aproximadamente meio sécuO Professor Edimar realizou os lo, o ITA tem primado pela cursos de graduação, UnB-76, mestrado, ITA-79, e PhD – McGill busca da excelência, um dos University – Canadá – 86, todos na pressupostos dos seus área de Engenharia Eletrônica. Iniidealizadores, com a convic- ciou suas atividades no corpo doção de que as atividades de cente do ITA em 1977 e em 1993, por meio de concurso público, asensino, pesquisa e extensão cendeu ao nível de Professor Tituconduzirão o progresso lar da Divisão de Engenharia Eletecnológico no sentido da trônica. Suas atividades em ensino destinação constitucional da e pesquisa e consultoria científica ad hoc, para várias organizações de Força Aérea Brasileira “de defomento à pesquisa, têm contribuífesa da pátria e garantia dos do para a organização e execução poderes constitucionais e da de atividades de interesse da Comunidade Científica Nacional. Resullei e da ordem”. tados de suas pesquisas já foram O ITA consolidou sua publicados em vários periódicos competência em áreas que são nacionais e internacionais. Desde estratégicas para a Defesa por 1997 tem participado da meio de ações continuadas de estruturação da linha de pesquisa em Guerra Eletrônica no CTA e cograduação e pós-graduação, ordena o módulo técnico do CEAAE nas seguintes especialidades: desde a sua criação. Em 2000 foi Engenharia Aeronáutica, Enge- laureado com a medalha de Honra nharia Eletrônica, Engenharia ao Mérito da Aeronáutica. Mecânica-Aeronáutica, Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica e Engenharia de Computação. Este Instituto, que é amplamente reconhecido como expoente em suas áreas de atuação, além de ter continuamente prestado elevada contribuição para a evolução tecnológica e industrial do Brasil, realizou inovações nas áreas de graduação e pós-graduação que fazem parte da história vitoriosa do ensino de Engenharia no Brasil. Quando solicitado em suas áreas de excelência, o ITA criou cursos de graduação, pós-
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graduação e especialização para o atendimento de necessidades específicas e temporárias. A iniciativa mais recente do ITA, referente ao atendimento de solicitação da Força Aérea Brasileira, em consonância com a atual Política de Defesa Nacional, foi a criação do Curso de Especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético (CEAAE) [2]. Este curso, concebido para a capacitação acadêmica dos órgãos operacionais na área de Guerra Eletrônica, é coordenado por meio de ações conjuntas do ITA e do CGEGAR, segundo uma metodologia baseada em diretrizes do Comando de Aeronáutica. Aqui se propõe analisar, de forma não exaustiva, as ações na área de Ensino e Pesquisa em Guerra Eletrônica no ITA desde a implantação do CEAAE, há aproximadamente três anos. Inicia-se com considerações sobre a organização acadêmica do CEAAE a qual proporciona a indispensável participação do COMGAR, principalmente, por intermédio do CGEGAR e do Grupo de Instrução Tática Especializada (GITE), na execução de um modelo de ensino com grande ênfase no atendimento das necessidades operacionais na área de Guerra Eletrônica. Em seguida, são apresentadas as ações delineadas para consolidar o CEAAE e difundir a sua metodologia de ensino e pesquisa à luz da política de Ciência e Tecnologia para a Defesa Nacional. Finalmente, investiga-se um modelo, prospectivo, no qual o CEAAE constitui um núcleo estratégico para a execução de atividades de pós-graduação stricto sensu em Guerra Eletrônica no CTA, em consonância com orientações do Diretor deste Centro. Discute-se a potencialidade deste modelo para se integrar nas atividades dos setores de Guerra Eletrônica dos Institutos do CTA, em um Programa Avançado de Ensino e Pesquisa direcionado para as necessidades operacionais dos Comandos Militares do Ministério da Defesa.
Organização Acadêmica do CEAAE A organização do CEAAE, concebida por
um Conselho Consultivo, constituído por professores do ITA e oficiais do CGEGAR, respalda-se na parte da Doutrina de Defesa Brasileira que, em um dos seus itens, orienta ações conjuntas envolvendo instituições de ensino e pesquisa e organizações operacionais do Ministério da Defesa, com o objetivo de modernizar os meios e a concepção de emprego, para melhor defender os interesses do Brasil. O CEAAE é organizado em dois módulos: um módulo operacional, realizado no Grupo de Instrução Tática e Especializada (GITE), em Natal-RN, e um módulo técnico, o qual é realizado no ITA. A execução deste módulo, por determinação da Reitoria do ITA, é atribuição da Divisão de Engenharia Eletrônica (IEE). Para fins de obtenção do certificado de Especialista em Análise de Ambiente Eletromagnético, o módulo operacional é pré-requisito para o módulo técnico. Como requisito do módulo técnico, cada aluno desenvolve um trabalho científico, denominado de Trabalho Individual (TI), cujo relatório técnico, devidamente documentado, é avaliado mediante uma defesa oral, perante uma Banca Examinadora, designada pelo Conselho Consultivo do CEAAE. A banca é constituída por pesquisadores e oficiais que atuam nos setores da Guerra Eletrônica. A elaboração e defesa oral do TI representam uma parte expressiva da atividade de execução da Doutrina na qual o CEAAE está baseado, em função de: ·Cada TI abordar uma necessidade operacional, delimitada pelo Grande Comando ao qual o aluno está subordinado, em acordo com a coordenação do CEAAE; ·Cada TI ser supervisionado por um Orientador do CEAAE, professor ou instrutor militar, e um orientador externo, designado pela coordenação do CEAAE e de acordo com os critérios reconhecidos pelo ITA; e ·O desenvolvimento do TI contar com as
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infra-estruturas disponíveis nos Comandos Militares e nas empresas e organizações civis, que realizam atividades na área de Guerra Eletrônica. Os TI’s realizados revelam que o CEAAE já proporcionou resultados, acadêmicos e operacionais, que, inequivocamente, justificam o acerto da sua criação respaldada em uma concepção voltada para a consolidação de infra-estrutura apropriada para prover o aperfeiçoamento, de forma continuada, do setor operacional responsável pelas atividades em Guerra Eletrônica. O sucesso deste empreendimento indica que o CEAAE poderá ser utilizado como modelo para outras áreas de interesse do Ministério da Defesa. A título de exemplificação, ressaltam-se as áreas de Comando e Controle e Análise Operacional [3], [4]. Realizando-se uma análise crítica das atividades do CEAAE observa-se que a concepção acadêmica dos TI’s depende substancialmente do módulo técnico, ressaltando-se, portanto, a sua função pedagógica. O módulo técnico do CEAAE, sob responsabilidade da Divisão de Engenharia Eletrônica do ITA, tem o seu currículo constituído por dez disciplinas, dentre as quais oito exigem apoio de laboratórios, com as seguintes designações, nas quais a terminologia EE denota Engenharia Eletrônica: ·EE-01 - Fundamentos de Microondas. ·EE-02 - Fundamentos de Antenas. ·EE-03 - Fundamentos de Fotônica. ·EE-04 - Probabilidade e Variáveis Aleatórias. ·EE-05 - Princípios de Telecomunicações. ·EE-06 - Sistemas de Comunicação, Navegação e Vigilância. ·EE-07 - Comunicações Digitais. ·EE-08 - Processamento RADAR. ·EE-09 - Inteligência Artificial.
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·EE-10 - Seminários e Visitas Técnicas. Atualmente, as disciplinas são ministradas por seis professores Doutores do ITA e dois oficiais Engenheiros Eletrônicos com mestrado no ITA. O apoio para a operação dos laboratórios fica a cargo de um sargento da FAB com conhecimento em Guerra Eletrônica. A organização do currículo do módulo técnico do CEAAE tem possibilitado a execução da estratégia de Ensino e Pesquisa na área de Guerra Eletrônica, com base nos seguintes pressupostos: ·A formação acadêmica do aluno do CEAAE deve ser fundamentada em conhecimentos consolidados em disciplinas ministradas pelos quatro Departamentos de Ensino da Divisão de Engenharia Eletrônica do ITA; e · As atividades didáticas do CEAAE devem, sempre que possível, utilizar as metodologias “top – down design” e “just in time”. O primeiro pressuposto, além de assegurar que o currículo do CEAAE espelhe-se em uma organização de ensino de engenharia consolidada, também facilita a sua integração na estrutura funcional do ITA. Por outro lado, o segundo pressuposto estabelece o perfil operacional para as atividades didáticas, uma vez que os cursos são organizados para enfatizarem, em seus inícios, as características de sistemas ou dispositivos com uma visão funcional voltada para equipamentos de aplicações operacionais. Esta metodologia recebe a denominação de “top – down design”. Nesta abordagem de ensino, os conhecimentos científicos, nas áreas de eletromagnetismo, dispositivos eletrônicos, métodos matemáticos computacionais, etc., são apresentados de forma integrada com
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o objetivo de proporcionar aos especialistas a compreensão de procedimentos de projeto e medidas eletrônicas e optoeletrônicas. Adicionalmente, os conhecimentos e procedimentos científicos de cada curso são aprofundados somente quando são indispensáveis para a compreensão detalhada de informações específicas, isto é, “just in time”. Os três anos de prática pedagógica assim fundamentada foram utilizados para estruturar as disciplinas do módulo técnico, que, atualmente, tem apenas um semestre de duração. No âmbito do módulo operacional, constituído pelo Curso Básico de Guerra Eletrônica (CBGE), os resultados acadêmicos mais expressivos são representados pelo aperfeiçoamento técnico do seu conteúdo programático, dinamizado pelo fato de que este módulo passou a constituir o pré-requisito para o módulo técnico do CEAAE. Esta evolução deve-se, essencialmente, aos esforços dos Instrutores do CGEGAR e GITE. Entretanto, alguns dos resultados obtidos em TI’s, bem como a participação de professores e pesquisadores do CTA como conferencistas, também têm contribuído para a inserção de inovações acadêmicas no CBGE. Deve ser ressaltado que o CBGE além de constituir pré-requisito para o CEAAE que, em média, tem tido oito alunos por ano, também forma, anualmente, aproximadamente trinta oficiais dos três Comandos Militares. A organização acadêmica do CEAAE, ora descrita, referiu-se essencialmente aos três primeiros anos do CEAAE. Entretanto, em 5 de março de 2001, a Direção do CTA inaugurou as instalações do Laboratório de Pesquisa em Guerra Eletrônica e Vigilância Eletromagnética da Amazônia. Este laboratório, que revela a determinação da Direção do CTA em consolidar a área de Guerra Eletrônica, terá grande impacto na organização do CEAAE, quando toda a sua infra-estrutura estiver operacionalizada. A análise da evolução do CEAAE, à luz deste novo laboratório, será abordada nas próximas seções.
Consolidação Estratégica do CEAAE Em atendimento à demanda apresentada, nos últimos três anos o CEAAE possibilitou a especialização em Guerra Eletrônica, para os três Comandos Militares, conforme indicado na tabela I. Considerando-se, como critério inicial, apenas o número de especialistas capacitados com conhecimento sobre Guerra Eletrônica, já se obtém uma conclusão positiva sobre a contribuição do CEAAE para a capacitação de setores operacionais da Defesa Brasileira.
Tabela 1
Entretanto, para mensurar a contribuição do CEAAE deve ser adotada uma métrica mais elaborada que atribui importâncias para a doutrina e o “know – how”, do modelo iteano de ensinar e pesquisar, que foram sinteticamente apresentadas anteriormente. Referindo-se à primeira seção, no que tange à subordinação do ITA ao CTA, ressalta-se que a métrica adotada deve levar em consideração a infra-estrutura científica e tecnológica e o complexo industrial, principalmente a parte localizada nas proximidades de São José dos Campos, com o qual o CTA mantém contrato para desenvolver tecnologias para o setor aeroespacial. À luz deste critério mais abrangente, tornase mais evidente a necessidade de consolidação do CEAAE, principalmente por parte do COMGAR, que necessita realizar a capacitação, de forma continuada, dos seus setores operacionais. A óptica do corpo docente do módulo técnico do CEAAE também revela e atribui uma grande importância estratégica para a consolidação da especialização, tendo em vista as seguintes assertivas:
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·O ITA, em atendimento à solicitação do Comando da Aeronáutica, é uma das instituições que tem como atribuição a realização de cursos de especialização. ·O CEAAE possibilita a participação do ITA em atividades de interesse operacional por meio de atividade de ensino e pesquisa. ·Os alunos do CEAAE, por meio da execução de TI, podem exercer uma ação integradora entre o ITA e os outros Institutos do CTA, em áreas de interesse operacional. ·Os alunos do CEAAE, por meio da execução de TI, podem promover a participação do ITA, em colaborações com indústrias autorizadas, em atividades de interesse operacional do setor aeroespacial. ·A orientação de TI pode proporcionar aos professores do ITA a oportunidade para identificar linhas de pesquisa, de interesse operacional, que exijam o desenvolvimento de pesquisa avançada em programa de pós-graduação stricto sensu. Em particular ressalta-se o Programa Integrado de Graduação e Mestrado (PIGM). ·Os professores responsáveis pelas disciplinas do CEAAE poderão atuar de forma integrada segundo uma concepção que não é usual em curso de graduação ou pós-graduação stricto sensu. Na avaliação do tempo necessário para efetivar a consolidação do CEAAE deve-se levar em consideração o perfil técnico-científico do corpo discente colocado à sua disposição. Portanto, várias iniciativas estão sendo desenvolvidas, pelo CTA e CGEGAR, com o objetivo de difundir o modelo de ensino e pesquisa do CEAAE junto aos órgãos de ensino e setores operacionais dos três Comandos Militares. Um aspecto importante para a continuidade de fluxo de candidatos para o CEAAE é dar ao público-alvo o conhecimento de sua existência e importância. A divulgação realizada pela Revista Spectrum do Comando-Geral do Ar, editada semestralmente com tiragem
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de 2000 exemplares (n° 03 / março / 2001), tem contribuído para a fixação da importância da pós-graduação, lato-sensu e stricto sensu em Guerra Eletrônica. Uma abordagem, prospectiva, bem estruturada de um programa de pós-graduação, no ITA, foi apresentada no primeiro número da Revista Spectrum. Outra forma de divulgação, com grande importância estratégica, tem sido a apresentação oral do TI pelo formando. Esta metodologia atinge orientadores externos, e oficiais que podem influenciar na designação de novos candidatos para o CEAAE. Mais ainda, em agosto de 2001, dias 28 e 29, foi realizado no CTA, o III Simpósio de Guerra Eletrônica. Este evento possibilitou uma divulgação muito ampla da Guerra Eletrônica, inclusive junto a algumas indústrias, e contou com a contribuição de vários ex-alunos do CEAAE, por meio de apresentações técnicas. Para finalizar, os Encontros de Centros de Guerra Eletrônica dos Comandos Militares têm proporcionado oportunidades para divulgações de resultados operacionais e identificações de necessidades operacionais em Guerra Eletrônica.
CEAAE como Dínamo de uma Pós-graduação Stricto Sensu Atualmente, as capacidades para conceber e incorporar inovações em procedimentos e tecnologias são critérios utilizados em organizações públicas e privadas como indicadores da competência para realizarem suas atribuições em uma sociedade continuamente em evolução. Esta sistemática já foi incorporada por organizações militares de vários países nos quais a compreensão da “Revolution in the Military Affairs (RMA)” – Revolução em Assuntos Militares – tem guiado programas de capacitação de recursos humanos e de renovação das equipagens. No Comando da Aeronáutica do Brasil, a RMA tem recebido atenção conside-
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Spectrum
rável, nos últimos anos, conforme demonstrado em artigo publicado na Revista Spectrum de Agosto de 2000. Um programa de pós-graduação stricto sensu em guerra eletrônica, combinado com o CEAAE, pode constituir um apoio expressivo para a inserção das inovações necessárias para a prática de uma RMA em atividades operacionais no Brasil. Entretanto, é necessário que seja cuidadosamente estudada a natureza de um programa de pós-graduação com esta finalidade, para evitar a criação de um curso de pós-graduação que se superponha aos cursos já existentes no ITA. Não deve causar nenhuma surpresa saber que este tema tem ocasionado várias reflexões no ITA, onde programas de pós-graduação, predominantemente orientados para as pesquisas básicas, existem desde meados dos anos sessenta e já proporcionaram resultados expressivos em várias áreas de pesquisa de interesse do setor aeroespacial. A gênese e a consolidação do modelo de pós-graduação correntemente adotado pelo ITA, inspiraram-se em uma concepção amplamente utilizada por universidades norte-americanas. Seus fundamentos são rediscutidos em uma publicação recente [5]. A natureza e a organização da pós-graduação necessária em uma instituição que atua como dínamo de uma RMA são questões atuais em várias Nações avançadas.
Figura 1
A compreensão da relevância destas questões pode ser auxiliada pela representação esquemática apresentada na Fig. 1, a qual fundamenta-se na extraordinária análise apresentada por Donald E. Stokes em: Paster’s Quadrant– Basic Science and Technological Innovation [6]. De acordo com a representação esquemática, a compreensão constitui o combustível e o produto de uma pesquisa básica pura (Pure Basic Research). Por outro lado, em atividades de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico a motivação e o resultado são a tecnologia disponível e a tecnologia avançada, respectivamente. Uma boa ilustração do primeiro tipo de pesquisa é o trabalho de Niels Bohr, em Física Atômica, já o segundo tipo é bem representado pelos trabalhos de Thomas Edison. Em organizações onde estas duas concepções de pesquisa, identificadas pelas partes direita e esquerda da Fig. 1, são executadas de forma independente, têm sido observadas grandes dificuldades em realizar inovações e incorporações em tecnologia e processos. A interface entre estes dois modelos pode ser realizada, de forma dinâmica, por meio da pesquisa básica inspirada em aplicações (Use-Inspired Basic Research). Deve ser ressaltado que o modelo apresentado na Fig. 1 é eminentemente dinâmico e realimentado, uma vez que os resultados obtidos, compreensão e tecnologia avançada, iniciam um novo ciclo. O CTA reflete este modelo de sucesso. A metodologia de ensino e pesquisa em Guerra Eletrônica no ITA, perfeitamente integrado ao CTA, pode ser enormemente acelerada pela prática do modelo ilustrado na Fig. 1, se o CEAAE, devidamente consolidado, for utilizado como dínamo propulsor da atividade de pesquisa básica inspirada em aplicações. Neste modelo, ainda prospectivo, a responsabilidade pela experiência em pesquisa básica
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inspirada em aplicações ficaria a cargo da Pósgraduação Stricto Sensu em Guerra Eletrônica, a qual poderá ser implementada a partir do inicio de 2002. Finalmente, se apresentados resultados promissores, a pós-graduação como um todo praticada no ITA, poderia ser ampliada para realizar, não só a pesquisa básica, mas também pesquisa básica inspirada em aplicações. As ações já implementadas que estão acelerando a implementação e a avaliação progressiva do modelo são: a inauguração do Laboratório de Pesquisa em Guerra Eletrônica e Vigilância Eletromagnética da Amazônia e a celebração do Termo de Cooperação entre o EMGAR e o CTA, em março de 2001, com cinco anos de duração. A execução plena do modelo proposto exige um quadro de pessoal capacitado para a natureza do empreendimento científico e tecnológico, conforme ilustrado na Fig. 1. Entretanto, levando-se em consideração as interdependências entre as várias atividades, algumas soluções para os problemas decorrentes da falta de pessoal podem ser beneficiadas pelas participações, na forma de professores visitantes ou conferencistas, em tempo parcial e períodos bem determinados, de vários exalunos e oficiais, com formações científicas em áreas afins, dos três Comandos Militares. É oportuno ressaltar, mais uma vez, que a implementação do programa de pós-graduação com a concepção ilustrada na Fig. 1 deve ser realizada de acordo com um planejamento que possibilite a prática, de forma continuada, das ações que proporcionam resultados inequívocos que indicam se os objetivos estão sendo alcançados. Finalmente, à luz da Política de C&T para a Defesa Nacional, devem ser realizadas gestões com o objetivo de transformar a atividade de pós-graduação em Guerra Eletrônica no ITA em uma atividade que integra a Estratégia de
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Ensino e Pesquisa para a Defesa Nacional.
Considerações Finais Este artigo, propositadamente escrito na forma de um ensaio, tem a finalidade de apresentar uma visão pessoal sobre ações e planejamento estratégico para consolidar o Ensino e a Pesquisa em Guerra Eletrônica no ITA. Obviamente, as opiniões aqui emitidas resultam das colaborações de inúmeros companheiros de jornada, que, certamente, reconhecem no texto as marcas de suas pegadas. Entretanto, para evitar omissões, não intencionais, não são feitas citações nominais, exceto quando são inevitáveis. Algumas das proposições apresentadas merecem estudos mais aprofundados, quer para validá-las ou substituí-las por sugestões mais valiosas.
Fig. 2 - Ten.-Brig.-do-Ar Marini na inauguração do Laboratório de Pesquisa de Guerra Eletrônica e Vigilância Eletromagnética da Amazônia.
Referências Bibliográficas [1] Revista de Formados do ITA – Turma 96 [2] Ministério de Aeronáutica Portaria Nº 304 / GM3. [sl:sn], Brasília, maio, 1998 (Criação do CEAAE no ITA) [3] Comando da Aeronáutica. MCA500-3, Comando e Controle na Guerra, [sl:sn], março, 2000. [4] Almeida, J. E. P., “Análise Operacional”, Spectrum – Revista do Comando – Geral do Ar, Nº 02 – Agosto de 2000 pg. 25-27 e 33. [5] Zachary, G. P., “Endless Frontier – Vannevar Bush, Engineer of The Americam Century”, The Free Press, New York, NY, 1997. [6] Stokes, D. E., “Pauster’s Quadrant – Basic Science and Technological Innovation”, Brooking Instituition Press, Washington, DC, 1997.
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O Paradigma do Poder Aéreo Revisado Carlos Roberto Liberato – Ten.-Cel.-Av. 3SC31-EMAER
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om a criação do Ministério da Defesa, a sociedade brasileira passou a discutir o papel das Forças Armadas. Muito embora conste no artigo 142 da Constituição do Brasil a destinação das mesmas e a Lei Complementar Nº 97 especifique as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego da Aeronáutica, nenhum documento, mesmo no âmbito interno da Aeronáutica clarifica exatamente quais são as missões a cargo da Força Aérea. E para que isso possa ser definido, faz-se necessária uma revisão conceitual a respeito das possibilidades de emprego do Poder Aéreo nos dias atuais. No meio ambiente atual, o Poder Aéreo pode ser aplicado de três diferentes modos, o que sugere um novo paradigma para a Força Aérea Brasileira no Século XXI. As operações aéreas aqui descritas podem ser similares às atuais em todas as três situações, mas o raciocínio a ser empregado são totalmente diferentes em cada uma delas. O paradigma pode ser aplicado aos mais variados cenários, desde operações de manutenção de paz até a guerra convencional em larga escala. Ele ultrapassa o tradicional divisor “estratégico-tático”, que tem se provado artificial e limitante, já que a eficácia relativa de uma tarefa ou missão específica é dependente das decisões tomadas ao nível político do conflito. Por fim, oferece a oportunidade de uma apropriada revisão da antiga categoria de “operações independentes” [1].
PREPARAÇÃO DO MEIO AMBIENTE A primeira aplicação ou contribuição do Poder Aéreo às operações conjuntas ou combinadas é preparar o meio ambiente para que as forças de superfície possam ser desdobradas com maior eficácia. Por exemplo, as Forças Aéreas Aliadas o fizeram com sucesso antes do Desembar-
que da Normandia, em 1944 [2]. A Luftwaffe falhou em fazê-lo em 1940 e a Operação “Sea Lion” (invasão da Grã Bretanha) foi abandonada [3]. Na atualidade, com as reformulações conceituais inseridas pela Guerra do Golfo, a “preparação aérea” terá a mais alta prioridade [4]. Entre seus objetivos, estarão inclusos: - Negar ao oponente ou O Ten.-Cel Liberato é piloto agressor a aplicação de sua de Patrulha, concluiu o CFOV em estratégia; 1982 e exerce atualmente o cargo - Criar circunstâncias fade Adjunto da Seção de Comando voráveis ao emprego de nose Controle, Guerra Eletrônica e Sissa própria estratégia; e temas Operacionais da 3ª - Reduzir o esforço de Subchefia do EMAER. Possui, encombate das forças de super- tre outros, os cursos Básico e de fície amigas e, assim, reduzir Planejamento de Guerra Eletrônios custos, os riscos e as bai- ca (COMGAR), Electronic Warfare Specialist Course (Inglaterra ), xas. Electronic Warfare Operations for A preparação do ambi- Staff Officers Course (EUA) e Dataente de batalha pela Força Link Net Management Course (AleAérea se dará pela manha). implementação das seguintes características do Poder Aéreo: alcance, penetração, precisão, versatilidade e capacidade de resposta oportuna [5]. Assim, reduzirá a capacidade de combate do oponente ou agressor pela destruição de seus suprimentos, pelo bloqueio das rotas de ressuprimento e de reforço, pela negação de sua capacidade de manobra e concentração de forças, pela ruptura em seu Sistema de Comando e Controle, destruição de seus vetores aéreos e defesas anti-aéreas, bem como pelo estabelecimento de bloqueios e embargos. Isso criará uma situação aérea favorável ao desdobramento da força de superfície no Teatro de Operações pelo estabelecimento do domínio das informações, o que será obtido por intermédio da vigilância e do reconhecimento e pela negação de oportunidades si-
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milares ao oponente [6]. A necessidade dessa preparação pela Força Aérea deverá ser identificada, juntamente com a contribuição geral do emprego do Poder Aéreo, antes do desdobramento das forças de superfície, para que as operações conjuntas ou combinadas possam ser levadas a efeito. A preparação do terreno pela Força Aérea, por exemplo, foi fundamental para a vitória na Europa Ocidental, em 1944, na Guerra do Golfo, em 1991 e na Bósnia, em 1995 [7].
APOIO A segunda contribuição do Poder Aéreo às operações conjuntas ou combinadas é referente ao apoio das forças de superfície já desdobradas, nos mais variados níveis de intensidade dos conflitos. Entre suas atividades, podem ser listadas as seguintes [8]: - Prover liberdade de ação às forças de superfície pela negação da capacidade de interferência aérea inimiga ou por mísseis; - Evitar a interferência das forças de superfície inimigas; - Inibição da capacidade de manobra inimiga; - Negação da capacidade de concentração de forças inimigas; - Negação da capacidade de reconhecimento de forças inimigas; - Ruptura na estrutura de Comando e Controle inimiga; - Prover a mobilidade necessária às forças amigas; - Prover o ressuprimento das forças amigas; - Prover o reconhecimento da frente de batalha; e - Prover o apoio de fogo amigo. Se todas as demais atividades puderem ser levadas a efeito com eficácia e eficiência – incluindo os acertos no campo político do
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conflito e o comprometimento das forças de superfície – o apoio de fogo deverá ser uma solicitação esporádica e somente em casos extremos. Entretanto, ele permanecerá um poder de deterrência em muitas outras circunstâncias. Para o emprego do apoio aéreo em sua máxima capacidade, diversos pré-requisitos são essenciais. Podem ser citados: - Conceitos, planejamento e treinamento conjunto e combinado exaustivamente testados e executados; - Designação conjunta dos alvos inimigos – por exemplo, inclusão das forças especiais e unidades de artilharia contra as defesas áereas oponentes; - Um Comandante único para todo o Teatro de Operações que, caso não seja um homem de Força Aérea, deverá possuir um único Assessor/Comandante de Força Aérea para coordenar todas as operações aéreas no TO; e - Meios múltiplos de transmissão-recepção de dados ar-superfície que permitam as comunicações em tempo tão próximo do real quanto possível1 .
“OPERAÇÕES DISTINTAS” (OPERAÇÕES INDEPENDENTES) A terceira contribuição do Poder Aéreo é, atualmente, chamada de “Operações Independentes”. Neste trabalho, ver-se-á que o mais correto seria chamá-las de “Distintas”, o que, segundo a definição do “Dicionário Aurélio” é “que não se confunde, isolado, diverso, diferente”, uma palavra que explicita melhor o conceito. Em alguns casos, a possessão de território pode não ser a questão. Por sermos um país de tradição pacifista, o Governo pode não ter vontade de empregar o poder 1 Esses pré-requisitos forçarão a uma convergência teórica e doutrinária entre as Forças Singulares envolvidas nas operações no nível operacional da guerra (Nota do Autor).
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militar na íntegra 2 [9]. Ou, usando exemplos externos, esse emprego pode ser punitivo, como na Líbia, em 1986 ou preventivo, como contra Osirak, no Iraque, em 1981. O Poder Aéreo moderno pode atacar os pontos fortes ou fracos do oponente com mais oportunidade (“pronta resposta”) além do alcance ou capacidade das forças de superfície amigas. Até bem pouco tempo atrás, o “ataque estratégico” era um instrumento “tosco”. Hoje, nas “Operações Distintas” (Independentes), as munições guiadas com precisão (PGM – Precision-Guided Munitions) têmse transformado em um instrumento afiado que, em muitas ocasiões, vêm sendo empregadas no apoio direto da política. Essas armas têm sido empregadas como meios de deterrência ou coerção 3 [10]. No plano político, podem ser colocadas ou retiradas em coordenação com o uso da diplomacia e outros meios de pressão (notadamente, econômicos). Ações aéreas diretas, “Distintas” (Independentes), podem ser levadas a efeito em todos os níveis, desde uma resposta a atos terroristas até ataques a alvos específicos em conflitos de larga escala. Uma força aérea que é conhecida por possuir meios de longo alcance, com ou sem reabastecimento aéreo, de um país com um governo que é conhecido por ter a determinação de empregá-la, pode influenciar diretamente a política, pelo simples fato de existir. Como disse, na década de 30 do século passado, Roosevelt: “Se quer ser ouvido, fale baixo, mas tenha uma bengala grossa”. Um aumento no estado de alerta e a convocação do pessoal de primeira linha são, atualmente, o equivalente moderno da mobilização levada a efeito no princípio do Século XX. A grande diferença é que este tipo de ação pode ser levado a efeito rapidamente como acompanhamento das pres-
sões diplomáticas [11]. É o equivalente aéreo da “existência da frota”, de Mahan, exceto que a diplomacia já pode ser apoiada sem os gastos de um desdobramento de superfície. Ou seja, “o poder de pressão político-militar pode influir sem sair de seu território”. A capacidade de deterrência é relevante como instrumento de indução a soluções pacíficas, tanto seja ela nuclear como em caso de confrontações convencionais. Na Bósnia, a contribuição do Poder Aéreo foi retardada por uma falta de consenso e determinação política por parte da ONU. Conseqüentemente, os sérvios não se sentiram inibidos ou coagidos a negociações sérias até que a Operação “Deliberated Force” fosse lançada em setembro de 1995.
DESIGNAÇÃO DE ALVOS NA GUERRA LIMITADA A habilidade do Poder Aéreo em atacar direta e independentemente com força total um elemento crítico ou uma vulnerabilidade distante pode ser explorada nos mais variados cenários, mas também aqui há a necessidade de se reavaliar os antigos hábitos da designação de alvos. Por exemplo, se ataques à infra-estrutura industrial ou econômica do inimigo forem autorizados, eles deverão ter um impacto instantâneo. De outra forma, esses ataques serão penalizados de maneira inaceitável pela pos2 Esse aspecto, tratado em “Beyond Gunboat Diplomacy: Forceful Applications Of Airpower In Peace Enforcement Operations”, tese de James O. Tubbs, de junho de 1995 para a “The School Of Advanced Airpower Studies”, se aplica ao caso da política externa brasileira (Nota do Autor). 3 O problema da oportunidade do emprego decisivo da força para desestruturar o ciclo decisório de um oponente é tratado com detalhes em “John Boyd And John Warden: Air Power’s Quest For Strategic Paralysis”, tese de David S. Fadok, de junho de 1994 para a “The School Of Advanced Airpower Studies” (Nota do Autor). 4 As Operações “Linebaker” foram um exemplo típico de como a interferência direta do Poder Político na escolha dos alvos impediu a consecussão dos objetivos militares (Nota do Autor).
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sibilidade do estabelecimento de uma oposição continuada dentro do limite de tempo disponível para as operações. Mesmo assim, esses ataques devem levar em consideração a reconstrução e o repovoamento do local após o conflito. Em outras palavras, deverão ser consistentes com os limites impostos pelas circunstâncias políticas, o que pode ser frustrante para as tripulações empregadas nas missões. Um exemplo clássico desse fator ocorreu no Vietnã4 , onde as restrições políticas impuseram campanhas graduais de bombardeio intermeadas com pausas diplomáticas, o que foi explorado pelo Vietnã do Norte para o reparo dos danos e reforço das defesas antiaéreas. A fraqueza apresentada pelos bombardeios não se encontra na tentativa de coordenar o emprego da força com a diplomacia, mas sim em permitir ao Vietnã do Norte explorar as pausas nos ataques. Nas campanhas do futuro, as negociações diplomáticas deverão proibir expressamente a reconstrução ou o reforço militar – e serem utilizadas como instrumento de pressão política. Agora, precisa-se enfatizar a oportunidade diplomática proporcionada pela aplicação “distinta” (independente) do Poder Aéreo, especialmente com a precisão das PGM requerendo um número menor de aeronaves atacantes. E isso significa voltar a atenção ao “gradualismo” ao invés da concentração de forças – como usada na Tempestade no Deserto, mas em adição uma a outra 5 [12]. Existe pouca justificativa histórica, mesmo em uma guerra total, para campanhas de bombardeio destinadas a destruir o moral da população civil e, em conseqüência, exercer pressão sobre o Governo inimigo. Quando Trenchard afirmou que o impacto do bombardeio no moral era vinte vezes mais efetivo que ataques aos meios materiais do oponente, essa assertiva refletia o poder negligenciável das bombas de 1918, ao invés do seu impacto de-
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cisivo no moral das massas. Desde então, “moral” e “força de vontade” têm permanecido alvos irreais ou vagos. Um governante autocrático permanecerá intocado pelo sofrimento da população e irá suprimir quaisquer reclamações. Uma população democrática tenderá a responder como os ingleses em 1940 ou os norte-americanos após Pearl Harbor (ou mais recentemente após os ataques ao World Trade Center). Nações fanáticas, por sua vez, muito provavelmente, serão tomadas por um espírito de vingança e não de submissão. Além do mais, ao se considerar ataques contra a população civil, o “fator CNN” deverá ser levado em consideração. Imagens de mortes civis ou a miséria causada pelos ataques podem fazer boa figura na mídia, mas não no Poder Aéreo amigo. O bombardeio indiscriminado ainda carrega a bagagem emocional de Guernica, Dresden e Hiroshima. Um ditador como Saddam Hussein terá ganhos propagandísticos importantes das imagens de destruição de depósitos de água potável, centrais elétricas e outros serviços de utilidade pública. Tal emprego do Poder Aéreo, provavelmente colocará em risco a Política da Nação, especialmente se esta for dependente do apoio internacional, mais do que ampliará seu espectro de atuação. A liderança do país oponente pode ser um alvo produtivo e legítimo quando o processo decisório é, indisputavelmente, autocrático. Mas, mesmo assim, há a necessidade de se ter uma alternativa disponível e que seja flexível, para que a posição do governo seja sustentável e permita a assinatura de acordos de paz. A imposição de uma derrota militar é, geralmente, mais produtiva que a criação de mártires. 5 O conceito de aplicação gradual do emprego é descrito em detalhes em “Joint Operations in the Gulf War: An Allison Analysis”, tese de Paul Mason Carpenter, de junho de 1994 para a “The School Of Advanced Airpower Studies” (Nota do Autor).
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Por todas essas razões, pode-se argumentar que, em um futuro previsível, as “Operações Distintas” (Independentes) deverão estar clara e diretamente associadas com a capacidade militar oponente em atingir seus objetivos políticos.
OPERAÇÕES DE BAIXA INTENSIDADE Em um conflito não-convencional, onde um oponente ou beligerante não combate de maneira tradicional, o Poder Aéreo pode negar locais seguros aos insurgentes, inibir a concentração de forças e negar as oportunidades e vantagens de uma escalada de nível no conflito. Em missões de paz, o Poder Aéreo pode receber a tarefa específica de reduzir a força militar usada por um beligerante, de modo a extrair concessões e forçar as condições de um tratado de paz. Nessas circunstâncias, o Poder Aéreo se torna um equalizador com uma relação custo-benefício muito favorável. Ele pode ser rapidamente desdobrado para bases em território fronteiriço e, igualmente, recolhido sem as penalidades e custos decorrentes da extração de forças de superfície. No meio tempo, pode ser mantido em variados níveis de prontidão, apto a responder junto com as pres-
Fig. 1 – Combate noturno nos céus de Londres, em 1940 – “Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos”!
sões diplomáticas, mas sem os problemas de se manter forças de superfície em um país hostil durante um cessar-fogo. Pode permanecer em suas bases, dentro do alcance de suas aeronaves, indefinidamente, com uma relação de custo-benefício muito mais compensadora para os longos períodos de tempo exigidos por forças de manutenção de paz [6]. Em geral, o emprego do Poder Aéreo oferece as seguintes vantagens: - Comprometimento mínimo de forças; - Efeitos provocados facilmente observáveis; - Possibilidade de baixo índice de casualidades; - Custo reduzido; - Exerce efeito residual; e - Facilidade de extração em situações não satisfatórias e imprevisíveis, ou mesmo em situação de assinatura de um cessar-fogo. Se insurgentes, tropas irregulares ou provocadores receberem apoio externo, o Poder Aéreo pode reforçar a pressão diplomática em suas fontes. A apreensão ou interceptação de indivíduos terroristas ainda permanecerá como tarefa para as forças de segurança de superfície, mas qualquer patrocinador externo permanecerá vulnerável ao longo braço do Poder Aéreo. Outro exemplo externo que abre um bom precedente para o futuro foi a Operação “El Dorado Canyon”, contra o General Khadaffi. Em todos esses cenários, os governos “amigos” que forem intervir, perseguem objetivos limitados, sensíveis ao custo e às baixas de pessoal em caso de envolvimento prolongado e às implicações políticas e psicológicas da possibilidade de derrota e humilhação. O Poder Aéreo oferece uma resposta alternativa com a duração e localização do emprego à escolha do governo “amigo”. Ações de polícia por Forças Aéreas profissionais podem vir a ser requisitadas contra crimes internacionais, tais como trá-
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fico de drogas ou pirataria. A capacidade de vigilância e reconhecimento pode ser ampliada. Plantações de drogas, laboratórios de processamento, aeronaves e embarcações juntamente com frutos altamente tangíveis de ganhos ilícitos, tais como mansões residenciais dos chefes de cartéis, podem ser destruídos mesmo quando estejam fora do alcance ou “inclinação” das autoridades legais locais. Essas atividades não impedirão o crime internacional, mas diminuirão o fluxo de mercado, reduzindo as vantagens materiais obtidas por intermédio dele e introduzirão em cena penalidades à altura da brutalidade das próprias atividades ilegais. O Poder Aéreo é particularmente apropriado para operações humanitárias em resposta a desastres naturais, em que não haja um contencioso político em cena. Essas oportunidades para demonstrações de boa vontade, auxílio, e aprovação pública deverão continuar sendo utilizadas por forças aéreas que tenham poucas oportunidades de combate para demonstrar seu valor e competência profissional. Finalmente, um problema não relacionado a qualquer ambiente específico vai requerer a contribuição, de uma maneira ou de outra, do Poder Aéreo. A proliferação de armas de destruição em massa pode ser restringida por tratados internacionais. Se isso ocorrer, como todos os demais tratados de controle de armamento, vai-se precisar da monitoração e vigilância por meios aéreos e espaciais. Se isso não ocorrer, o Poder Aéreo poderá ultrapassar os obstáculos causados por engodos, camuflagens, mobilidade e proteções. O ataque preemptivo de Israel à instalação nuclear iraquiana de Osirak oferece uma solução precedente ao problema em tela muito mais controversa.
O NOVO “ESPAÇO” DE BATALHA Qualquer que seja a natureza das operações onde seja empregado o Poder Aéreo
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– na preparação, em apoio ou “Distintas” (Independentes) e diretas – existe uma característica que é comum a todas. O campo de batalha do Poder Aéreo não é confinado pela Linha de Contato entre as tropas de superfície, pelas costas ou fronteiras. O “espaço” de batalha do Poder Aéreo é aquele que a força aérea estabelecer e será restrito apenas pelo alcance dos vetores a serem empregados e pelas informações disponíveis. Este é um princípio que é válido para qualquer força aérea [8]. Algumas vezes se discute que o desdobramento de forças de superfície demonstra um maior envolvimento de um governo do que o emprego do Poder Aéreo. Isso permite levantar dois pontos contrários a essa assertiva. Primeiro (e, novamente, usando um exemplo externo, à falta de um similar nacional), as mortes dos “Marines” norteamericanos em Beirute e das tripulações de helicópteros na Somália – televisadas para todo o planeta – rápida e tragicamente encerraram aqueles “envolvimentos”. E, segundo, é a percepção que o oponente possui a respeito da vontade de um governo em permanecer “envolvido” que conta. Uma resposta poderosa com risco reduzido, provavelmente, terá um impacto muito maior do que dar-lhe a oportunidade de explorar as condições locais de modo favorável. O que precisa aqui ser enfatizado é que, quanto maior a preocupação com a possibilidade de ocorrerem baixas nas tropas envolvidas, maior será a razão de se explorar a vantagem tecnológica propiciada pelo emprego balanceado do Poder Aéreo e, assim, reduzir ao mínimo o tamanho
6 A questão da necessidade de obtenção da igualdade tecnológica é descrita em “The Future of NATO’s Tactical Doctrine”, tese de Linda E. Torrens, de junho de 1996 para a “The School Of Advanced Airpower Studies” (Nota do Autor).
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das tropas de superfície expostas às ações do oponente. Isso significa explorar, em toda a sua capacidade, o Poder Aéreo disponível estando preparado para aceitar algumas perdas.
ATINGINDO A META Na preparação para tantas incertezas, em um período de acelerado desenvolvimento e proliferação da tecnologia, não existem respostas fáceis. Superioridade tecnológica não é um luxo: a oposição será, cada vez mais, sofisticada, ainda que em menor quantidade, em todos os níveis de intensidade de conflito, em qualquer ponto do “espaço” de batalha 6 [13]. Em virtualmente quaisquer circunstâncias previsíveis e, principalmente, na Região Amazônica, a Força Aérea terá que lidar com a possibilidade de inferioridade numérica, com as distâncias envolvidas, o acesso aos alvos, a vulnerabilidade ao armamento do inimigo. E para isso, a resposta é ter a superioridade tecnológica, em particular o domínio da informação e a economia de esforço.
CONCLUSÃO Muitas questões permaneceram intocadas, entre as quais o balanceamento entre o emprego de aeronaves tripuladas,
Fig. 2 – Ciclo de Comando e Controle – de John Boyd.
UAVs e satélites, bem como o questionamento entre sistemas defensivos e ofensivos. Mas, como já foi observado no passado, não é a possessão de tecnologia, mas o seu domínio intelectual que determinará sua importância em um conflito. Enquanto os novos vetores previstos colocam a FAB no Século XXI, os conceitos permanecem arraigados ao pensamento de décadas passadas. As denominações “tático” e “estratégico” são relíquias de conflitos dominados por campos de batalha (de superfície) e combates internacionais irrestritos. Atualmente, em situações de emprego restrito conjunto ou combinado, pode ser criado um novo paradigma e uma nova estrutura conceitual, nos quais o Poder Aéreo irá, nos mais variados cenários, preparar o terreno para as forças de superfície, apoiálas ou operar “distintamente” contra alvos além do alcance ou capacidade das forças de superfície envolvidas. Em um ambiente de circunstâncias e resposta política imprevisíveis, o emprego do Poder Aéreo pode oferecer uma proposição altamente versátil, bem como politicamente atrativa. Por fim, pode-se afirmar que o Poder Aéreo oferece as vantagens de relação custo-benefício favorável, risco mínimo, oportunidade e possibilidade de baixas reduzidas nos mais variados cenários – se empregado, algumas vezes antes, algumas vezes conjuntamente e, algumas vezes, “distintamente” das demais Forças Singulares. O emprego do Poder Aéreo é uma opção que deve estar disponível qualquer que seja o tamanho e capacidade da Força Aérea Brasileira. “É costume nos países democráticos censurar os gastos feitos com armamentos
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como conflitantes com as exigências dos serviços sociais; existe uma tendência para esquecer que o mais importante serviço social que um governo pode prestar a seu povo é mantê-lo vivo e em liberdade.” Sir John Slessor
Bibliografia Bucknan, Mark A., “Lethal Airpower And Intervention”, junho de 1996, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 2. “Homepage “ http://www.aero1.
web.org/history/wwii/d-day/2.html”, capturada em 02 de maio de 2001. 3. Hoyt, Edwin P., “World at War – Volume Three - The Battle of Britain”, 1ª Edição, 1992, Avon Books, New York, New York, Estados Unidos. 4. Aspin, Les, “Interim Report of the Committee on Armed Services, House of Representatives”, Chairman, Committee on Armed Services, de 30 de março de 1992, Washington, DC, Estados Unidos. 5. Holmes, James Michael, “The Counterair Companion: A Short Guide To Air Superiority For Joint Force Commanders” , junho de 1994, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 6. Bullock, Harold E., “Peace By Committee: Command And Control Issues In Multinational Peace Enforcement Operations”, junho de 1994, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 7. Beale, Michael O., “Bombs Over Bosnia: The Role Of Airpower In BosniaHerzegovina” , junho de 1996, “The School Of Advanced Airpower Studies”,
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Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 8. Hamilton, Robert J., “Green and Blue in the Wild Blue: An Examination of the Evolution of Army and Air Force Airpower Thinking and Doctrine Since the Vietnam War” , junho de 1993, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 9. Tubbs, James O., “Beyond Gunboat Diplomacy: Forceful Applications Of Airpower In Peace Enforcement Operations”, junho de 1995, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 10. Fadok, David S., “John Boyd And John Warden: Air Power’s Quest For Strategic Paralysis”, junho de 1994, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 11. Pray Jr., John I., “Coercive Air Strategy: Forcing A Bureaucratic Shift”, junho de 1994, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 12. Carpenter, Paul Mason, “Joint Operations in the Gulf War: An Allison Analysis”, junho de 1994, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos. 13. Torrens, Linda E., “The Future of NATO’s Tactical Doctrine”, junho de 1996, “The School Of Advanced Airpower Studies”, Maxwell Air Force Base, Montgomery, Alabama, Estados Unidos.
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Tecnologias a serviço da superioridade de informação André Luiz Pierre Mattei, Maj.-Av. - CTA Fábio Durante Pereira Alves, Maj.-Av. - COMGAR
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Fig. 1 - Modulador óptico integrado tipo Mach-Zehnder
s mudanças observadas na política e na situação de Segurança Brasileira dos últimos anos têm alterado a forma com que as Forças Armadas encaram seu papel dentro da sociedade. Paralelamente a estas mudanças, o desenvolvimento de tecnologias associadas a sensores e a redes de sensores tem modificado a forma pela qual os recursos disponíveis podem ser empregados. Estas tecnologias permitem uma mudança de paradigma na estrutura hoje utilizada, centrada na plataforma, para uma mais moderna, que emprega o conceito de Network Centric Warfare (NCW). Entre outros, dois excelentes artigos, tratando destes conceitos, foram publicados por esta revista na edição de Agosto de 2000, veja referências [1] e [2]. Esta mudança de abordagem traduz o fato de que, mantendo os sistemas de armas e plataformas com seus próprios sensores para vigilância, há a subtilização dos recursos disponíveis e o impedimento da chamada Superioridade de Informação, que pode ser definida como sendo o conhecimento de aspectos essenciais da situação operacional das forças aliadas e das oponentes para ação rápida e precisa. Esta Superioridade, no entanto, não deve ser encarada como privilégio do Alto Comando e muito menos, estática. A qualquer escalão deve ser possível acessar as informações necessárias ao cumprimento da missão particular atribuída e estas devem ser alvo de constantes atualizações, refletindo os novos dados fornecidos pela rede de sensores e às reavaliações de seus graus de certeza. Para dar suporte ao Comando Militar e permitir a Superioridade de Informação, a rede de Comando e Controle deve conter funções para: avaliar os danos de batalha; avaliar a capacida-
de de comando do oponente; obter dados de inteligência sobre a localização, habilidade de combate e intenções do inimigo; analisar o terreno e a meteorologia; e analisar a evolução da situação logística. [3] A realização destas funções é complexa e requer o uso de tecnologias avançadas, não só para obtê-las, mas também para disponibilizá-las aos usuários da O Maj.-Av. André Luiz Pierre Rede (tendo como premissa bá- Mattei é piloto de Patrulha, concluiu o CFOAv em 1987 e exerce sica a abordagem de NCW). atualmente as funções de Gerente Vários são os desafios Técnico dos programas PX e CLX tecnológicos a serem vencidos na Vice-Direção do CTA, de Inspara se ter uma rede eficiente, trutor do CEAAE no Instituto Tecnológico da Aeronáutica, ITA, tais como: e de Coordenador Técnico da Ati·A Superioridade de Infor- vidade de Pesquisa em Receptomação requer um sistema de res de Guerra Eletrônica com comunicações rápido, confiável Processamento Óptico no Laboratório de Guerra Eletrônica do ITA. e seguro; O Maj Pierre Mattei é Enge·Os sistemas de sensores nheiro Eletrônico e Mestre em Cidevem ser capazes de detectar, ências pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica. acompanhar e identificar alvos móveis e estáticos a grande distância no ar, no solo e na superfície e sob o mar; [4] ·As redes, sub-redes e usuários (sejam eles computadores ou pessoas) devem estar conectados; ·A fusão de dados deve es- O Major Fábio Durante Pereira tabelecer relações entre dados Alves é piloto de helicóptero esobtidos por diferentes sensores, pecializado em resgate, concluiu o CFOAv em 1986 e exerce atuvindos de fontes emissoras e de almente a função de adjunto ao faixas espectrais variadas; e Centro de Guerra Eletrônica do ·A fusão de informações Comando-Geral (CGEGAR). O Major Durante é Engenheiro Eledeve atribuir valores quantitatitrônico e Mestre em Ciências pelo vos a dados qualitativos e/ou Instituto Tecnológico de Aeronáucom grau de incerteza associa- tica. do. Para lidar com esses desafios e visando, prioritariamente, atender às necessidades operacionais do Comando da Aeronáutica, o Laboratório de Pesquisa em Guerra Eletrônica e Vigilância Eletromagnética da Amazônia,
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no ITA, mantém atividades científicas em algumas das principais tecnologias associadas a uma rede de informações.
Comunicações Na área de comunicações existe uma grande gama de tecnologias envolvidas dependendo do tipo de enlace considerado. Em uma configuração do tipo NCW podem ser empregadas, entre outras, comunicações digitais e analógicas, com e sem criptografia, enlaces na atmosfera e em fibras ópticas, na faixa de HF, V/UHF, microondas e óptica, em rede e pontoa-ponto. Todas estas variáveis impõem a necessidade de dispositivos específicos para compor as partes do sistema de comunicações da rede. É interessante ressaltar a importância de dispositivos eletroópticos e acustoópticos em redes e subredes interligadas através de nós que utilizam freqüências ópticas como portadoras. Estes dispositivos possuem características de baixo consumo, grande largura de banda, pequeno volume e peso, além de altas velocidades de chaveamento. Dado o volume de informação a ser acrescentada e retirada (add-drop) nos nós da rede, dispositivos eletroópticos e acustoópticos desempenham um papel chave em sistemas de C2 e Guerra Eletrônica. A Fig. 1 mostra, esquematicamente, um dispositivo modulador eletroóptico integrado. Este tipo de modulador pode, por exemplo, modular a portadora óptica com um sinal na faixa de microondas, o que possibilita desde a obtenção de altíssimas taxas de transmissão de dados, até o envio de um sinal radar para antenas remotas. Uma análise técnica e aplicações destas tecnologias em Guerra Eletrônica pode ser encontrada na referência [5].
Sensores Assim como nas comunicações, os sensores são concebidos através de uma variada gama de tecnologias, abordagens e arquiteturas que variam não só com as necessidades de uma aplicação específica, mas também com o custo.
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Na área de sensores, especialmente os aplicados à Guerra Eletrônica, uma análise interessante sobre as tecnologias associadas atualmente pode ser encontrada em [6]. Tecnologias eletroópticas, MMIC (Monolithic Microwave Integrated Circuits) e digitais assumem a liderança nesta área capital e, muito freqüentemente, podem ser encontradas trabalhando em conjunto dentro de um mesmo sensor. Um exemplo, visto esquematicamente na Figura 2, é o processamento de sinais de RF (na faixa de 0,5 a 40 GHz) em um receptor RWR ou MAE. Estes receptores passivos podem tratar os sinais, inicialmente, em um circuito MMIC, em seguida, em um processador acustoóptico a Célula Bragg, por exemplo. Após passar por um conjunto de detectores ópticos, tratá-los em um circuito digital que realiza o deinterleaving computadorizado, disponibiliza os parâmetros dos sinais eletromagnéticos pulsados. No campo dos sensores ativos, pode-se realçar o caráter vital das antenas tipo phased array. Constituem-se, na verdade, em uma rede de antenas, algumas vezes com milhares de elementos associados. A importância que vêm assumindo estas antenas advém do fato de se poder controlar eletronicamente seu diagrama de emissão. Aplicada em um radar ou em um sistema CME, pode-se iluminar diversos alvos ao mesmo tempo ou evitar o uso de jamming
Fig. 2 - Analisador de espectro de potência usando Célula Bragg.
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pelo oponente, conforme o caso, através do controle do número, posição e ganho de lóbulos (beam forming). Em sistemas phased array utilizam-se tecnologias MMIC. eletroópticas e/ou digitais para o controle da fase e da amplitude do sinal eletromagnético emitido em cada um dos elementos da antena. [5] e [6]
Fusão de Dados e de Informações
Fig. 3 - Três informações de posição podem ser fundidas para aumentar a precisão.
A fusão de dados e de informações assegura a chamada RMA (Revolution in Military Affairs), veja referência [3], através da coincidência temporal das driving forces na aplicação do poder aéreo: Concepção de Emprego e Tecnologia, conforme definido na referência [1]. A fusão de dados e de informações objetiva tratar e combinar informações de várias fontes de forma a apresentar resultados em um formato de fácil interpretação aos usuários. E, em concordância com o grau de acesso permitido a um usuário particular, diversos dados ficam a disposição na rede [4]. A Figura 3 mostra esquematicamente uma aeronave de C2 recebendo várias informações de posição de um mesmo alvo, simultaneamente, através de seu radar e enlace de dados com outras plataformas sensoras. Os dados podem ser fundidos para aumentar a precisão da informação. A fusão de dados requer técnicas avançadas de Inteligência Artificial (IA), como as de redes Bayesianas e de lógica fuzzy. Estas são necessárias ao tratamento de informações com grau de incerteza associado e muitas vezes qualitativas. A referência [7] realiza um estudo introdutório sobre as aplicações de IA em sistemas C2.
Comentários Finais Revolution in Military Affairs, Network Centric Warfare, Comunicações, Sensores, Fusão de Dados, MMIC, Inteligência Artificial e Processamento Óptico: estes são exemplos de termos encontrados no ambiente tecnológico atual na área de Defesa. Dominálos, e não somente tê-los a disposição, é tarefa que vem sendo realizada pela parceria CTA/ COMGAR. Através de pesquisa e de desenvolvimento, concepção de emprego e de tecnologia estão sendo trabalhadas conjuntamente para se obter a superioridade da Informação.
Referências [1] Ribeiro, Narcélio R., “O Impacto das Concepções e Tecnologias no Preparo e Emprego da Força Aérea Brasileira”, Revista Spectrum, p. 7-11, Agosto, 2000. [2] Guimarães, Edson F. C., “Network Centric Warfare – Uma Revolução no Campo de Batalha”, Revista Spectrum, p. 14-16, Agosto, 2000. [3] Nilsson, Per, “From Brute Force to Brainpower”, Swedish Journal of Military Tech., 3, SEK45, p. 6-11, 2000. [4] Isaksson, Bengt, “Sensors and Sensors Systems for Information Superiority”, Swedish Journal of Military Tech., 3, SEK45, p. 12-20, 2000. [5] Oliveira, José E. B., Alves, Fábio D. P., Mattei, André L. P., “Trends in Photonics Applied to Electronic Warfare at Brazilian Airforce”, Proc. of the Intern. Microwave and Optoelectronics Conf., Aug. 1999. [6] Neri, Fellipo, and Pinto, Giuseppi, “The Capital Importance of MMIC and Eletrooptical Processing in the Defense Equipment of the New Millenium”, Anais do IX Simpósio Brasileiro de Microondas e Optoeletrônica, Agosto 2000. [7] Harris, Christopher J., “Application of Artificial Intelligence to Command & Control Systems”, London: Peter Peregrinus Ltd, 1988.
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Emprego Militar do Sistema de Posicionamento Global (GPS) Davi Rogério da Silva Castro, Maj.-Av. - CGEGAR
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GPS vem ganhando mais e mais adeptos desde seu batismo de fogo na Guerra do Golfo e atualmente pode ser considerado um recurso de utilidade mundial. Essa evolução certamente não fazia parte da sua concepção inicial, que tratava do emprego de sistemas espaciais no auxílio à navegação de aeronaves militares e mísseis balísticos. Mas hoje, dez anos depois, presenciamos um fenômeno de inversão em que as aplicações civis do GPS tornaram-se tão importantes que praticamente esquecemos sua origem bélica. Este artigo pretende apresentar a fragilidade do GPS frente à atuação de um sinal interferidor (“jamming”) em um cenário tático genérico. A baixa resistência do sistema nos leva a perguntar quais seriam as alternativas disponíveis para tornar o GPS minimamente íntegro, confiável e disponível nas operações militares. A resposta se seguirá mediante a descrição de algumas das técnicas mais relevantes para a solução do problema.
Disponibilidade Seletiva Em maio do ano passado o governo americano decidiu retirar o sinal S/A (“Selective Availability” – Disponibilidade Seletiva) das transmissões do GPS. Este sinal foi originalmente concebido para introduzir um erro nas informações geradas pelos satélites destinadas ao público em geral, degradando a precisão das medidas de posição e tempo. Com esse erro proposital, os americanos pensavam estar se protegendo da eventual aplicação do GPS para guiamento de armas por países não aliados (a política americana trata o GPS como um recurso crítico de defesa, tanto quanto um recurso comercial e científico). Entretanto, a pressão exercida pela comunidade civil, que passou a usar o GPS para as mais diversas aplicações e desejava um sistema tão preciso quanto possível, conseguiu fazer o Departamento
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de Defesa americano (DoD) concordar com a desativação do S/A. Com esta decisão o Serviço de Posicionamento Padrão (SPS – “Standard Positioning Service”), de uso civil, passou a contar com uma precisão bastante próxima da obtida pelo Serviço de Posicionamento Preciso (PPS – “Precise Positioning Service”), O Major Davi Rogério da Silde uso exclusivo militar. Al- va Castro é piloto de Ataque, conguns resultados obtidos no cluiu o CFOAv em 1987 e Centro Técnico Aeroespacial atualmente é mestrando em Aná(CTA) são apresentados na fi- lise Operacional na Naval gura 1 e mostram que o erro Postgraduate School, EUA. É Engenheiro Eletrônico pelo Instituto médio de posicionamento geTecnológico de Aeronáutica (ITA) rado pelo GPS está entre 24,72 e possui o Curso Básico de Guere 25,54 metros com S/A e 4,27 ra Eletrônica. e 7,09 metros sem S/A, com nível de confiança de 95% [2]. Além disso, os erros de posicionamento sem o S/A têm uma variância estacionária pequena (entre 0,16 e 0,36 metros), ao contrário dos erros de posicionamento com S/A (variância entre 17,37 e 38,91 metros).
Figura 1: Comportamento dos Erros de Posição do GPS com e sem S/A [2]
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A decisão de retirar o S/A, do ponto de vista comercial, significa a possibilidade dos americanos terem de volta grande parte do dinheiro aplicado no desenvolvimento com a venda de receptores para o mundo todo. Os Estados Unidos já investiram 21 bilhões de dólares no GPS e têm uma despesa anual de 600 milhões de dólares com sua manutenção [5]. Mas a concepção original do sistema é militar, muitos recursos foram gastos nessa direção (estima-se que 20.000 plataformas estejam equipadas com receptores GPS e outros 100.000 portáteis estejam com as tropas [1]). Quais devem ser então as novas alternativas para garantir acesso ao sistema pelas forças militares americanas e negar seu uso aos adversários?
NAVWAR A primeira abordagem para resposta à pergunta seria a separação dos sistemas civil e militar. Isso tem sido levado em consideração, principalmente no meio civil, que precisa ainda de garantias sólidas para continuar investindo na maciça utilização do sistema, mas é uma solução cara e que levaria anos para ser implementada. A suspensão do código S/A leva a crer que os americanos estão realmente dispostos a manter o sistema atual. Portanto, devemos esperar que o DoD empregue todos os esforços na chamada “Navigation Warfare” (NAVWAR). A capacidade “anti-jamming” oferecida pelos sistemas de espalhamento espectral torna-se praticamente sem efeito no caso do GPS (ver box “Breve descrição do GPS”). A distância entre transmissores e receptores é tão grande que um interferidor não precisa de muita potência para causar problemas. A figura a seguir mostra um cenário tático simplicado e os principais fatores a serem considerados no cálculo da efetividade de uma ação de interferência:
Figura 2: Parâmetros envolvidos no cálculo da relação J/S em um cenário tático simplificado
Podemos tomar a fórmula (simplificada) para cálculo da relação “jamming”/sinal em dB para aproximar algumas relações entre distância do intereferidor e potência de transmissão requerida. Alguns valores típicos são: Pt + Gt = 25 dBW, Ds = 11.000 NM = 20.372.000 m, Gr = 25 dB. Supondo ainda que o ganho da antena do receptor na direção do “jammer” é 8 dB, chegamos à conclusão que um transmissor de 100 W (20 dBW), com antena omnidirecional (3 dB) é capaz de interferir nos receptores civis que estiverem em um raio de 10 km. Este cálculo é apenas uma aproximação, mas já é possível ter uma idéia do que pode ocorrer em um campo de batalha onde estejam sendo utilizados interferidores bem projetados. Receptores GPS exibem diferentes níveis de vunerabilidades a diferentes tipos de formas de onda interferidora, seja de barragem,
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Breve descrição do GPS O segmento espacial do sistema é constituído por 24 satélites que orbitam a Terra em um período de 12 horas a aproximadamente 11.000 NM de altura [1]. Existem seis planos orbitais, igualmente espaçados de 60 graus, cada plano orbital é ocupado por 4 satélites, permitindo, teoricamente, uma visibilidade entre 5 e 8 satélites em qualquer parte do globo terrestre. Cada um dos satélites em órbita transmite a hora certa juntamente com sua posição exata e outras informações. O receptor, por possuir a hora sincronizada com o que é difundido pelo satélite, computa o tempo percorrido entre a transmissão e recepção do sinal e o converte em distância, a chamada “pseudorange”. A posição do receptor (x, Y, Z), tomando o centro da Terra como origem, é calculada quando quatro satélites estiverem visíveis. É importante ressaltar que, dependendo da geometria relativa dos satélites, o sistema de equações pode não ter solução. Por outro lado, se mais de quatro satélites são observados simultaneamente, existirá um conjunto de quatro que fornecerá a solução com menor erro. As freqüências portadoras utilizadas no link satélite-receptor são conhecidas como L1 (1.575,42 MHz) e L2 (1.227,60 MHz) com polarização circular à direita (RHCP, “right hand circular polarization”), o que diminui a dependência do receptor quanto ao aspecto de orientação da antena e minimiza os efeitos da propagação na atmosfera. O receptor GPS processa um sinal extremamente fraco (tipicamente –120 dBm a –136 dBm), praticamente no mesmo nível de um ruído. Para minimizar a dificuldade de se trabalhar com sinais dessa ordem de grandeza, é utilizada a técnica de “espalhamento espectral”. Basicamente, o sinal original é multiplicado por um sinal código de freqüência mais alta, gerando o efeito de “espalhamento”. O receptor recupera o sinal ori-
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ginal a partir da combinação do sinal que chega na antena com uma cópia do mesmo código usado na transmissão. As larguras de banda resultantes são 1,023 MHz para o sinal de aquisição (C/A, coarse acquisition) e 10,23 MHz para o sinal de precisão (P(Y), precision), este último criptografado, para aplicação exclusiva militar. Ao compararmos esses valores com a largura de banda necessária para transmissão dos dados, apenas 50 Hz, percebemos a origem do ganho de processamento resultante do espalhamento. Ou seja: 43 dB para o sinal C/A e 53 dB para o código de precisão. Com este ganho de processamento, a potência do sinal no receptor sobe para níveis mais tratáveis. O código de espalhamento para o sinal C/A tem período de repetição de apenas 1 ms, portanto fácil de ser sincronizado, modula a portadora L1 e está disponível para todos que quiserem construir um receptor GPS. Já o código militar, que é secreto e modula L1 e L2, tem período de 7 dias, o que torna complicadíssima a tarefa de aquisição. Por essa razão, os receptores que trabalham com o sinal P utilizam também o sinal C/A como forma de viabilizar a sincronização no código mais longo (ver figura abaixo). Cada satélite possui um conjunto de códigos específico, por isso dizse que o sistema emprega CDMA (“Code Division Multiple Access”), ou seja, acesso múltiplo por divisão de códigos.
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de ponto ou de varredura, modulada em amplitude, fase ou freqüência, etc. Essa vulnerabilidade é extremamente dependente do cenário, do modo de recepção e da antena [4]. As principais técnicas disponíveis para minimizar os efeitos da ação intencional (“jamming”) e/ou de uma simples interferência são as seguintes: a) Filtragem no Receptor (“frequency domain filtering” e “temporal filtering”): reduzem em até 30 dB o efeito da interferência e são de fácil implementação, mas inserem atraso no processo de aquisição, atenuam o sinal GPS e não conseguem fazer frente a interferência faixa larga ou a múltiplos interferidores de varredura. b) Filtragem Espacial (“spatial filtering”, “null steering” e “beam steering”): a filtragem no domínio espacial pode ser obtida pela adaptação eletrônica do diagrama de irradiação da antena, pelo chaveamento e/ou cancelamento de lóbulos etc. Esta técnica apresenta problemas de implementação principalmente devidos aos tamanhos das “arrays” de antenas (banda L), necessidade de sincronização com a posição dos satélites para ajuste do apontamento e dificuldade de se contrapor a vários interferidores simultaneamente. Torna-se viável apenas para grandes plataformas, como navios, por exemplo. c) Cancelamento em amplitude ou fase (“amplitude/phase cancellation”): nesta técnica são empregados dois conjuntos de antenas separados verticalmente que recebem, individualmente, cópias do mesmo sinal defasado em amplitude ou fase. A combinação dos dois sinais permite a separação entre a interferência e o sinal do GPS. Como na técnica anterior, não é efetiva contra vários interferidores simultaneamente e é extremamente sensível à variação de atitude da plataforma. Chega a produzir de 20 a 30 dB de supressão de fontes interferidoras.
d) Cancelamento em polarização (“polarization anti-jam”): é a técnica mais interessante do ponto de vista de independência da atitude da plataforma, contraposição a múltiplas fontes de “jamming” e facilidade de implementação, mesmo em pequenos receptores. Nesta técnica o circuito de recepção provoca a anulação de todos os sinais que não tiverem a mesma polarização do sinal do GPS, ou seja, que não forem RHCP (“right hand circularly polarized”). O resultado é a supressão de todo tipo de interferência, inclusive banda larga. Chega a 40 dB de eficiência mas provoca também a atenuação do sinal GPS. e) Integração com plataforma inercial: o acoplamento do GPS a um inercial (ou IMU/ INS, “Inertial measurement unit/Inertial navigation system”) é a melhor solução para emprego em plataformas com altas taxas de manobrabilidade como mísseis e aeronaves de caça. O conceito de integração pode considerar a inicialização do GPS com informações geradas pelo INS para aprimorar os tempos de aquisição e rastreio ou pode ser usada a técnica de filtragem de Kalman para fusão dos dados provenientes dos dois sistemas. Nesta última aplicação os dois sistemas trabalhariam simultaneamente fornecendo informações ao filtro, que se encarregaria de utilizar somente as informações mais relevantes.
Conclusão Neste artigo foram discutidas as vulnerabilidades do GPS sob o ponto de vista das interferências intencionais (“jamming”) e apresentadas algumas soluções técnicas que atualmente vêm sendo publicadas nas fontes abertas. Infelizmente, não foram encontradas referências aos recursos que efetivamente estão sendo implementados nas armas americanas. Vale comentar que as conferências sobre o assunto, realizadas nos EUA, são de caráter secreto.
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Apesar do título, as discussões se aplicam também às situações de emprego civil do GPS. Os requisitos quanto a integridade, confiabilidade e disponibilidade de um sistema de auxílio à aproximação e pouso, por exemplo, são tão rigorosos quanto os de guiamento de um míssil. Portanto, em nome da segurança, os efeitos de interferência devem ser levados a níveis muito próximos de zero e medidas devem ser tomadas para proteger o sistema. Enfim, seja qual for a aplicação, militar ou civil, uma dúvida deve estar sempre norteando as decisões: o GPS é confiável?
Referências: [1] David Almeida Alcoforado, “Confiabilidade do Sistema de Posicionamento Global (GPS)”, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2000; [2] L. C. L Rosa, F. Walter e D. R. Méndez, “Efeito Imediato do Desligamento do S/A nos Erros de Posicionamento de um Usuário do Sistema GPS”, Divisão de Engenharia Eletrônica do Intituto Tecnológico de Aeronáutica, 2000; [3] Don Herskovitz, “GPS Insurance – Antijamming the System”, Journal of Electronic Defense, December 2000; [4] Mario M. Casabona and Murray W. Rosen, “Discussion of GPS Anti-jam Technology”, Electro-Radiation Inc., FairfieldNJ, 1999; [5] Dr. Stanley B. Alterman, “GPS Dependence: A Fragile Vision for US Battlefield Dominance”, Journal of Electronic Defense, September 1995; [6] Don Herskovitz, “And The Compass Spun Round and Round – The Coming Era of Navigation Warfare”, Journal of Electronic Defense, May 1997; [7] Rodolpho Vilhena de Moraes, Kevin Theodore Fitzgibbon e Fernando Walter, “O
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Sistema GPS”, Revista ITA Engenharia Vol. I, nº 1, Outubro de 1994;
“Jargão do GPS” DGPS – “Differential GPS”. Recurso que utiliza estações de solo transmitindo sinais GPS como se fossem satélites (“pseudolites”). O resultado é o aumento da precisão e confiabilidade da informação de posição nas proximidades, permitindo, por exemplo, o pouso de precisão. Galileo System – Sistema europeu para navegação por satélites de aplicação civil. Pretende disponibilizar 30 satélites em órbita de 24.000 km e entrar em operação a partir de 2008. Esse sistema deve ser capaz de receber os sinais do GPS e do GLONASS e oferecer precisão de 4 m com alta confiabilidade. GLONASS – “GLObal NAvigation Satellite System”. Sistema Russo de navegação por satélites, semelhante ao GPS americano. Utiliza diferentes freqüências para cada um dos satélites de sua constelação (FDMA, “Frequency Division Multiple Access”). GNSS – “Global Navigation Satellite System”. NAVSTAR – “Navigation Satellite Timing and Ranging”. NAVWAR – “Navigation Warfare“. Os conceitos de Guerra Eletrônica aplicados à navegação moderna foram resumidos no termo NAVWAR e são intimamente ligados às conhecidas Medidas de Proteção Eletrônica (MPE) e pelas Contra-Medidas Eletrônicas (CME).
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Aviões SIGINT e o Domínio da Informação: As Respostas Européias Thales International
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Fig. 1 - Transall Gabriel
ssenciais para o controle da informação, beneficiando-se das vantagens da terceira dimensão, os aviões SIGINT (Signal Intelligence) inserem-se, agora, num sistema de “sistemas”. A respectiva concepção está evoluindo para sistemas multimissões que utilizam sensores eletromagnéticos e ópticos complementares. Para tal, devem levar em consideração a evolução da ameaça. A inteligência de sinais eletromagnéticos é uma disciplina designada pelo acrônimo anglo-saxão SIGINT (Signal Intelligence). A SIGINT compreende a COMINT (Communication Intelligence), a informação sobre as comunicações radio, e a ELINT (Electronic Intelligence) que se interessa por radares. A descrição dessa aérea de abrangência, permite perceber a contribuição da SIGINT no controle da informação. A importância da participação aérea na gestão das crises e o desafio do domínio do espectro eletromagnético em qualquer ação militar fazem da SIGINT um das peças essenciais da credibilidade da política de Defesa na Europa. Neste domínio os Norte Americanos apresentam uma quantidade impressionante de meios, sendo exemplo disso o esquadrão de RC – 135 Rivet Joint, e, ainda como o mostrou a atualidade recente os EP3 – Aries. Portanto, de ambos os lados do Atlântico, os conceitos operacionais prevêem que esses aparelhos de informação façam parte do sistema das Forças envolvidas. De fato, a missão SIGINT vem apoiar muitas funções operacionais essenciais: C4I SR, apoio a operações de ataque em profundidade e domínio dos meios terrestre, aéreo e marítimo.
Os Aviões SIGINT a serviço da Gestão das Crises. Um dispositivo SIGINT aerotransportado
compreende uma ou várias aeronaves tendo, a bordo, uma carga útil de informações eletrônicas, um segmento no solo para processamento e tratamento da informação e meios de ligação que permitam sua integração em um esquema cooperativo. Suas ações inserem-se numa continuidade operacional. Em tempo de paz, alertam para a iminência de uma crise, dado que esta se manifesta por um súbito aumento da atividade radioelétrica. A missão principal torna-se, então, a coleta de dados referentes à documentação e localização. Em seguida, esta atividade permite alimentar as bibliotecas dos sistemas de armamento e de guerra eletrônica de autoproteção. Em situação de crise, os aviões SIGINT contribuem à proteção das Forças, para a informação da zona de operação – em tempo real – em proveito de um centro de comando, à vigilância dos tratados e acordos de cessarfogo, ou ainda às operações de combate SAR. Além disso, podem detectar atividades ilegais que se revelam através da utilização de meios de comunicações móveis. Oferecem uma ampla cobertura sobre a zona de operação, ignorando os obstáculos do relevo. O modo de intervenção no cenário tático é dos mais discretos: os sensores são passivos e as aeronaves inserem-se na navegação aérea civil, a partir do espaço aéreo internacional e, assim, em total legalidade. Sua versatilidade de utilização deve ser realçada. Participando do ciclo “Observação, Orientação, Decisão, Ação” o avião SIGINT pode passar de uma missão estratégica para uma missão tática, sem modificar o respectivo sistema de missão. Mas, para tal, é necessário primeiramente equipá-lo com sistemas de comunicações protegidos para permitir que entre em relação direta com os outros componentes do dispositivo, em particular com os postos de comando das unidades de terra, com
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os navios de superfície e, é claro com aviões armados. A superioridade tecnológica de uma força é medida, assim, pelo nível de desempenho dos respectivos sistemas SIGINT.
Uma frota SIGINT Européia modernizada. Na Europa, o SIGINT sempre foi uma prioridade. Foi assim que, durante os tempos da Guerra Fria, as forças Armadas Européias se equiparam com aviões SIGINT para vigiar o Pacto de Varsóvia. Hoje em dia, as frotas Européias, ou seja, cerca de vinte aviões, são as herdeiras daquela rede SIGINT. Os aparelhos SIGINT da Europa que trabalham em cooperação com os Estados Unidos, participaram das operações da Guerra do Golfo e das várias crises dos Balcãs, onde sempre mostraram sua importância. A titulo de exemplo, durante a operação “Força Aliada” no Kosovo, os aviões SIGINT estavam dispostos em cobertura dos “raids” aéreos ofensivos. Sua missão consistia, em acompanhar a atividade das Defesas Aéreas adversas. Na Europa, há que sublinhar os esforços da Grã Bretanha e da França para disporem dos meios aerotransportados SIGINT mais modernos. Esses aviões têm uma particularidade: os sistemas de informação eletrônica de bordo foram desenvolvidos em plena soberania pelas respectivas industrias nacionais. A Grã Bretanha equipou-se com três NIMROD R1 que em 1995, se beneficiaram de um retrofit confiado à RACAL (empresa recentemente ligada à THALES, antiga Thomson-CSF). Na França, enquanto a década de 80 era dedicada ao desenvolvimento de dois aviões TRANSALL C-160 Gabriel, durante os anos 90, o esforço incidiu no SARIGUE Nova Geração (NG), um DC-8 totalmente dedicado a informação eletromagnética. Desenvolvido pela THALES, o sistema SIGINT do SARIGUE abrange a totalidade do espectro das freqüências. Estando em serviço na Força Aérea Francesa, pode-se con-
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siderar que esse aparelho é o mais recente, atualmente na Europa, dedicado a essa missão. Nesta frota, pode-se considerar, os aparelhos de patrulhamento marítimo (aviões Atlantique e Nimrod R2), que transportam células SIGINT simplificadas.
O Avião SIGINT multimissões. Parece que a tecnologia escolhida para satisfazer as necessidades atuais é a dos aviões SIGINT multimissões. São aparelhos equipados com vários sensores complementares (ELINT, COMINT, radar SAR de alta resolução, óptica), e com vários meios de comunicação para entrarem em relação com um centro de exploração ou de comando. Em missão, a complementaridade dos sensores é analisada como segue: os sensores eletromagnéticos interceptam e localizam os sinais interess a n t e s , freqüentemente a longa distância; em seguida, sua identificação e localização precisa, é realizada graças ao sensor óptico de bordo. A fusão das informações constitui a etapa seguinte. Num terceiro tempo, e de acordo com o alvo, o avião pode transmitir uma ordem de ataque, com transmissão da posição exata da ameaça. Por outro lado, os meios integrados de autoproteção (detecção de mísseis, jamming, chaff & flares ), podem também ser acrescentados a esses aviões de informação.
Fig. 2 - Sarigue NG
Os novos desafios Se for conveniente observar o lugar que os aviões SIGINT ocupam atualmente dentro de um dispositivo operacional, há que interesContinua na pág 38
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BIOTERRORISMO Marcus Vinicius da Silva Coimbra, Cap.-Farm - HFAG
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utilização de armas biológicas tem sido documentada ao longo da história da humanidade. Os romanos antigos, dentre outros, jogaram carne putrefata em poços para envenenar seus adversários ao beberem água. Na idade média, mais precisamente no século XIV, os bárbaros utilizaram catapultas e lançaram corpos de vítimas da peste bubônica na cidade de Kaffa, um importante porto econômico que estavam atacando. Desta ação, provavelmente, resultou uma epidemia que se espalhou por toda a Europa Oriental. Os conquistadores espanhóis e a Inglaterra usaram a varíola, o sarampo e possivelmente outros agentes para ajudar a subjugar os americanos nativos, quase dizimandoos[1]. Há fortes indícios de que a Alemanha tenha utilizado agentes biológicos durante a I Guerra Mundial. Durante a II Grande Guerra o Japão, a Alemanha, os Estados Unidos e o Reino Unido desenvolveram programas secretos de armas biológicas e o Japão as utilizou contra a Manchúria em 1938.[2],[3] Há de se notar que qualquer agente biológico capaz de causar doença em seres humanos pode ser considerado uma arma passível de ser utilizada em uma guerra ou em um evento terrorista. Conseqüentemente, o conceito mais amplamente difundido para este tipo de arma é o que define arma biológica como qualquer organismo ou toxina encontrado na natureza, capaz de ser manipulado a fim de incapacitar, matar ou abater um adversário. Entretanto, o bioterrorismo não precisa ser direcionado contra a vida humana propriamente dita para ser efetivo, pode também atingir fontes de água, animais, colheitas e alimentos industrializados. A lista de agentes biológicos atualmente passíveis de utilização em um evento bioterrorista fica em torno de 30, destacandose cinco como os mais prováveis de serem utilizados: Bacillus anthracis, o agente do antraz;
Yersinia pestis, o agente da peste bubônica; Brucella spp , o agente da brucelose; Clostridium botulinum, produtor da toxina botulínica, responsável pelo botulismo; e a varíola. Outras doenças importantes, passíveis de serem transmitidas por armas biológicas são o mormo, o tifo, as encefalites virais e as febres O Cap.-Farm. COIMBRA é hemorrágicas (como por Mestre em Ciências (Microbiologia exemplo o Ebola). Estes agen- e Imunologia) pela UFRJ e Doutor tes, com exceção do vírus da em Ciências (Microbiologia e varíola, podem ser encontra- Imunologia) pela UFRJ e Virginia dos na natureza e causam Commonwealth University – Medical College of Virginia, exerepisódios ocasionais em anicendo atualmente a função de Chemais e humanos.[4],[5] fe da Seção de Microbiologia e BiO impacto de uma epi- ologia molecular do Hospital de demia causada por uma arma Força Aérea do Galeão. biológica depende das características do patógeno ou da toxina utilizada, do tipo de arma ou do sistema de propagação, do local onde foi utilizada a arma e da velocidade e eficácia da resposta defensiva do serviço de saúde. Felizmente, as tentativas de ataques com armas biológicas no século passado produziram um número limitado de vítimas. Contudo, estes eventos, em sua maioria, não foram promovidos por armas biológicas desenvolvidas por pesquisas tecnológicas patrocinadas por uma nação. A probabilidade de que uma arma biológica inicie uma epidemia em larga escala é muito pequena na atualidade [4],[6], embora não devamos subestimar os efeitos psicológicos negativos provocados na população após qualquer tentativa de bioterrorismo. Entretanto, tal assertiva não descarta a possível utilização de uma arma biológica com alto poder de destruição por uma nação, por um grupo terrorista ou por pequenos grupos autônomos, como por exemplo fanáticos religiosos, uma vez que a tecnologia associada com a confec-
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ção de uma arma biológica é relativamente barata e fácil de ser obtida.[7],[8] Os agentes microbianos necessários, como matéria-prima da maioria das armas biológicas, estão amplamente disponíveis e as instalações para desenvolvimento destas armas requerem pouco espaço e não são facilmente indentificáveis.[9] Destacando-se que a disseminação, mesmo de organismos altamente controlados, como o vírus da varíola, não é completamente impossível. Dentro desta realidade e face aos últimos acontecimentos bioterroristas ocorridos nos Estados Unidos, três eventos, em particular, foram reavaliados e trouxeram ao conhecimento geral a verdadeira possibilidade de uma catástrofe causada por uma arma biológica. Primeiro, foram as investigações sobre a liberação, em 1995, do gás sarim por um grupo de religiosos fanáticos no metrô de Tóquio, que revelaram que este grupo já havia tentado, por pelo menos 9 vezes, matar milhares de pessoas na referida cidade utilizando armas biológicas.[10] Segundo, as revelações fornecidas por dissidentes de um sofisticado programa de armas biológicas, desenvolvido pela então União Soviética, com o agravante de que projetos e equipamentos deste programa possam ter tido o caminho de outras nações e/ou grupos terroristas.[11] Finalmente, a série de achados após a Guerra do Golfo, em relação ao poderio tecnológico do Iraque para o desenvolvimento de armas biológicas. Este país, além de desenvolver variações de patógenos e toxinas, incluindo antraz e toxina botulínica, admitiu que tinha projetado bombas e mísseis para disseminar esses agentes.[9] Diante de tal perspectiva, há de se considerar que o conceito de Guerra deve ser modificado ou pelo menos acrescentado de novas variáveis, pois, diferentemente da guerra convencional, onde há a necessidade de um grande efetivo equipado para este fim ou mes-
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mo da guerra nuclear, que se utiliza de uma tecnologia cara e difícil de ser obtida, a guerra biológica pode utilizar-se apenas de um especialista no assunto e poucos homens com disposição ideológica de destruir o oponente racional. Tal cenário estabelece que um superpoder militar, acrescido da utilização de tecnologia de ponta, não é mais sinônimo de sucesso em um conflito. As nações que desejam manter sua hegemonia deverão, também, investir em pesquisas capazes de criar defesas contra os possíveis agentes biológicos. Deverão, ainda, construir um sistema de informações com profissionais de diversas áreas capazes de avaliar os avanços tecnobiológicos de diversos grupos internos e/ou externos, a fim de se ter o controle de possíveis agentes que possam ser utilizados como armas bélicas. E, acima de tudo, uma nação deve se empenhar para que acordos sejam realizados no sentido de eliminar qualquer arma de destruição em massa ou instalações que possam produzi-las.
Bacilus anthracis
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O Oficial de Comunicação Social e as Operações Aéreas Francisco Guirado Bernabeu, Cap.-Av. - CECOMSAER
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ficial de Comunicação Social? Acho que sei... Não é quem desempenha aquela função, atribuída normalmente ao oficial mais moderno, que cuida dos cartõezinhos de aniversário, organiza as festinhas e acaba fazendo as tarefas chatas que não se encaixam em nenhuma outra seção da unidade? Agora me lembro, mas o que haveria de interessante para se falar dele, em uma publicação como a Spectrum que trata de assuntos operacionais importantes para a Força Aérea? Se ao ler o título os seus pensamentos foram mais ou menos parecidos com esses, permeados por preconceitos já tão arraigados em nossa cultura organizacional, a leitura deste artigo certamente lhe dará a oportunidade de conhecer uma outra face da atividade de Comunicação Social e seu envolvimento em um conflito armado. Basicamente, mostrará como é possível utilizar os recursos de comunicação para conquistar o apoio da população civil, deixando planejadores e tripulantes livres para pensar e desempenhar ações de combate.
A Comunicação Social em Combate Assim como em tempo de paz, são três as atividades que podem ser desempenhadas pela Comunicação Social, durante um conflito: o Jornalismo, as Operações Psicológicas e as Relações Públicas. O Jornalismo é responsável por alimentar os noticiários com o desenrolar das atividades desempenhadas pelas Forças Armadas e contrapor-
“Atenção unidades VJ: Deixem Kosovo Agora a OTAN está usando o bombardeiro B-52 para lançar a bomba MK-82, de 225 Kg, nas unidades VJ, em Kosovo. Cada aeronave pode carregar mais que 50 dessas bombas! Essas aeronaves retornarão quantas vezes forem necessárias para remover suas unidades de Kosovo e impedí-los de cometer atrocidades. Se vocês desejarem ver suas famílias novamente, abandonem sua unidade e equipamentos e saiam de Kosovo agora!”
se às especulações veiculadas pela mídia. O melhor exemplo sobre a importância dessa atividade está na Guerra do Vietnã, quando a opinião pública dos Estados Unidos, informada sobre o desenrolar do conflito pelos meios de comunicação, pressionou o governo americano a abandonar as atividades de combate. As Operações Psicológicas, por sua vez, têm como O Cap.-Av. Francisco é piloto objetivo influenciar opiniões, de Busca e Salvamento, concluiu o atitudes e comportamentos do CFOAv em 1989 e exerce atualmeninimigo ou da população ini- te a função de Adjunto da Divisão miga e evitar, ainda, que nos- de Produção e Divulgação do Censas tropas sejam envolvidas tro de Comunicação Social da Aepela propaganda adversária. ronáutica. Possui os cursos de: CoEssa atividade tem sido larga- municação Social no Centro de Esmente empregada nos últimos tudos de Pessoal, no Exército Brasiconflitos militares. Em Kosovo, leiro; Civil Affairs, no Exército dos os bombardeios sobre tropas EUA; Análise de Propaganda, na Sede Slobodan Milosevich eram cretaria de Assuntos Estratégicos; e Pós-Graduação em Administração intercalados com de Marketing, pela Universidade panfletagens, dando a opção Dom Bosco, Campo Grande-MS. aos soldados de renderem-se antes do próximo ataque. O artifício funcionou e a Força Aérea da OTAN economizou surtidas e centenas de bombas não despejadas sobre o adversário. Essas duas áreas, o Jornalismo e as Operações Psicológicas, são intensamente exploradas por forças aéreas, em coordenação com as outras forças de superfície, existindo já uma volumosa literatura. Sobre o emprego das Relações Públicas, porém, não existe muito a respeito, a não ser as atividades praticadas por determinados exérci-
“Milhares de bombas... e o desejo, capacidade e apoio do mundo para despejá-las na sua unidade”
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tos, denominadas Civil Affairs, ou Assuntos Civis. A fim de entender melhor o assunto, imagine uma tropa, avançando em determinada direção, deparando-se com um civil, apanhado de surpresa pelas operações militares. A unidade responsável por cuidar desse indivíduo e encaminhálo para um campo de refugiados será um Batalhão de Assuntos Civis. O objetivo principal dessa unidade será fazer com que a população civil, inserida no contexto de um Teatro de Operações, interfira o mínimo possível nas operações militares, dando liberdade de atuação às tropas, nas ações de combate. Dessa forma, um Batalhão de Assuntos Civis terá por atribuição a montagem e o gerenciamento de campos de refugiados, a distribuição de ajuda humanitária e o estabelecimento de relações com entidades não-governamentais e autoridades locais. Mas e se, durante o deslocamento, o exército tomar uma cidade? Mais uma vez o Batalhão de Assuntos Civis estará presente, administrando serviços essenciais como policiamento, transporte, saneamento básico, abastecimento de água e víveres, etc. Na Guerra da Bósnia, grupos étnicos, autoridades civis, organizações não-governamentais e pessoas desabrigadas criavam pressões e defendiam interesses diferentes, muitas vezes antagônicos. Esse cenário exigiu a presença de negociadores hábeis e experientes, encontrados entre os recursos humanos que compõem as unidades de Assuntos Civis. Muito bem, esse parece um assunto interessante para um Exército, mas qual a aplicação prática nas operações da Força Aérea Brasileira? Suponha que o Brasil seja engajado em um conflito bélico na região amazônica e que o Primeiro Grupo de Caça e mais duas ou três unidades tenham que se deslocar para uma cidade da Amazônia com 10 mil habitantes (2.500 vivendo na área urbana), oito indústrias, 12 estabelecimentos comercias e força policial composta por um sargento e três soldados (omitimos o nome da cidade, mas ela existe). A presença dos militares alterará substancialmente a rotina da comunidade, pois a partir daquele momento a localidade po-
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derá tornar-se alvo de ataques inimigos, já que existirá um objetivo militar a ser destruído. Alguém terá que organizar a defesa civil da cidade ou pelo menos coordenar os trabalhos, no sentido de construir abrigos antiaéreos; definir rotas de evacuação; identificar o posicionamento de recursos essenciais, como pontos de abastecimento de água e de energia elétrica; levantar locais que poderão abrigar refugiados, como escolas, ginásios, etc. Alguém deverá contatar autoridades locais a fim de conseguir apoio às necessidades administrativas das unidades deslocadas, buscar os meios de comunicação social da comunidade, propiciando um canal onde possam ser passadas orientações à população, em caso de ataques aéreos, e até transmitir mensagens codificadas a outras forças operando na região. Mas porque a Força Aérea cuidaria desse tipo de atividade? Como nosso País possui diferenças regionais significativas, a estrutura de defesa civil varia de município para município, dependendo de sua localização no contexto nacional. Assim como determinadas comunidades ficarão totalmente dependentes de orientações militares, em caso de conflito, outras serão autônomas, chegando a tomar a iniciativa para apoiar as atividades aéreas. De qualquer forma, é de fundamental importância que uma unidade deslocada sinta-se bem acolhida em qualquer lugar onde opere, dentro do território nacional. Um gesto indispensável para criar esse clima de confiança entre população e organização militar é a observância das necessidades básicas da comunidade, principalmente as provocadas pelo conflito. Essa atividade se reveste de especial importância caso o Brasil venha a combater um país que utilize eficazmente as Operações Psicológicas. Um dos argumentos mais explorados em campanhas é a responsabilização do governo e das forças armadas pelas dificuldades enfrentadas pela população civil, procurando colocá-la sempre em posição contrária às forças legalmente constituídas. Se existir um mínimo de ressentimento entre a população e as forças armadas, os objetivos das Operações Psicológicas inimigas serão alcança-
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dos, criando dissidências e pressões internas. Se, porém, ambas as partes tiverem um firme relacionamento, baseado na confiança e na observância das necessidades mútuas, a propaganda inimiga não encontrará um ambiente fértil para se instalar e disseminar a desconfiança entre as diversas instituições nacionais. O que se propõe é que passemos a encarar mais profissionalmente o papel da Comunicação Social nas manobras que envolvam deslocamentos das unidades da Força Aérea. Podemos promover a visita de oficiais a sedes de organismos de Defesa Civil locais, levantar as condições dos recursos do município que poderiam ser utilizados em caso de conflito, catalogá-los e enviá-los a um banco de dados central, trabalhando conjuntamente com o órgão central de Defesa Civil. Podemos, ainda, nos unir a organizações não-governamentais, como a Cruz Vermelha, promovendo missões de assistência cívico-social, criando relacionamentos que, certamente, tornar-se-ão rotineiros em caso de guerra. Além de treinarmos para o combate, estaremos auxiliando o Brasil a desenvolver sua estrutura de Defesa Civil e fortalecer suas instituições. Em suma, se queremos que a população apóie as atividades da Força Aérea, esse apoio deve ser conquistado. Os habitantes de qualquer localidade brasileira devem sentir que a FAB está presente para trazer segurança à comunidade, apoiando-a em caso de problemas, e não vê-la como intrusa, responsável pela destruição e pelo caos, freqüentemente observados em conflitos armados. Nesse contexto, é importante que pessoal especializado acompanhe as unidades deslocadas, estabelecendo o contato com a comunidade. Para aqueles que argumentam que tais atividades não podem cair nas mãos de um oficial de comunicação social de unidade aérea, uma vez que ele é um piloto e todos os pilotos são importantes para o combate, uma observação: estão certos. O CECOMSAER está repensando sua estrutura de comunicação social. Já montou um grupo de trabalho que tem por obje-
tivo analisar como integrar essa atividade no preparo e no emprego da Força Aérea. Não só a estrutura está sendo repensada, mas também o planejamento e a execução de atividades de Jornalismo e de Operações Psicológicas. Há pelo menos três anos a ECEMAR vem desenvolvendo o tema em seus cursos. As últimas manobras militares que a Força Aérea realizou continham em suas ordens de operações o anexo G, de Comunicação Social. Resta agora que essas atividades sejam incorporadas à cultura organizacional da Força Aérea, que surjam mais pessoas interessadas em desenvolver conhecimento, seja pela defesa de teses em cursos civis de pós-graduação, seja pelo desenvolvimento de monografias em cursos de carreira. O assunto deste artigo é apenas a ponta de um iceberg. Muitas outras atividades podem ser desenvolvidas, apoiadas em ferramentas e no conhecimento produzido pela Comunicação Social. Quer exemplos? O estudo da ascendência dos meios de comunicação social no psicossocial de uma população, a ponto de influenciar uma Força Aérea na escolha dos centros de gravidade a serem bombardeados, como ocorreu em Kosovo. No mesmo conflito, as implicações na utilização de um avião – um C-130 da USAF, conhecido por Comando Solo – equipado com emissoras de rádio e TV, na disseminação de propaganda favorável às forças atacantes. O mais importante, porém, em plena Era da Informação, quando o conhecimento representa a fonte de poder entre as nações, é que o estudo e o aperfeiçoamento profissional sejam semeados em solo fertilizado pela compreensão e pelo estímulo institucional, permitindo o crescimento continuado e a colheita de frutos saborosos em responsabilidade e ricos em competência. Nessas condições, esperamos plantar a semente da Comunicação Social em Combate. Aqueles que se interessarem em saber mais sobre o assunto, contatem, por gentileza, o conselho editorial da Spectrum ou o CECOMSAER, pelo telefone (61) 329-9683. Emitam sua opinião, transmitam sua dúvida ou solicitem mais informações. Obrigado!
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Aviões SIGINT e o Domínio da Informação: As Respostas Européias (Continuação) sar-se também pela adaptação dos respectivos sensores aos novos alvos. É assim que os meios SIGINT devem agora processar as telecomunicações digitais civis. Do lado da ameaça radar, observam-se as seguintes evoluções: maior discrição dos transmissores, agilidade dos parâmetros, radar com modo de imageamento, radares anti-furtivos. De fato, os sistemas de informação eletromagnéticos deverão proporcionar uma maior sensibilidade, um aumento das freqüências cobertas com capacidade de extração, de rastreio e de análise melhoradas. Hoje em dia, há muita esperança no desenvolvimento de tecnologia digitais nos sistemas SIGINT para tratar desses novos desafios.
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