Revista do Comando-Geral do Ar
Nº 05 - Junho 2002
As Asas Rotativas das Forças Armadas Brasileiras Entendendo o Papel do Poder Aéreo na Guerra Moderna Planejamento de uma Missão de Ataque Guerra Eletrônica na EEAR
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Expediente
Índice Editorial ..................................................................... 4
Comandante-Geral do Ar Ten.-Brig.-do Ar José Carlos Pereira Conselho Editorial e Revisão Ten.-Cel.-Av. Narcelio Ramos Ribeiro Maj.-Av. Ari Robinson Tomazini Maj.-Av. Fábio Durante Pereira Alves Maj.-Av. Davi Rogério da Silva Castro Cap.-Av. Carlos Alberto Fernandes Cap.-Av. Edson Fernando da Costa Guimarães Colaboração Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER)
As Asas Rotativas das Forças Armadas Brasileiras .................................................... 8 Entendendo o Papel do Poder Aéreo na Guerra Moderna .................................................. 16 Utilização de Data Envelopment Analysis na otimização da utilização de horas de vôo nos Esquadrões da FAB ........................................... 20 Planejamento de uma Missão de Ataque .................. 22 A Saga do Míssil Sidewinder .................................... 25
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Aeronaves não tripuladas: A Quebra de um Paradigma ..................................... 28 Guerra Eletrônica na EEAR ....................................... 32
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Editorial Brig.-do-Ar GILBERTO ANTONIO SABOYA BURNIER Chefe do CCCOA
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stamos iniciando na Força Aérea Brasileira uma nova fase de existência! Todos os indicadores apontam para um crescimento tecnológico e operacional dos mais significativos. Nos últimos cinco anos, em razão do acerto das decisões tomadas, o nosso segmento operacional tem crescido cada vez mais e vem experimentando implementações que objetivam sua excelência. Algumas dessas decisões já se fazem sentir na atual juventude de nossa oficialidade, através da implantação do Curso de Especialização Operacional – CEO, curso este que capacita os nossos jovens pilotos em cada uma das especificidades das Aviações da Força Aérea. O resultado esperado será a criação de uma nova geração de Equipagens de Combate composta por homens profissionais e motivados, que empreguem seus vetores na amplitude de suas possibilidades em todos os espectros operacionais do Comando-Geral do Ar, seja na Patrulha, na Caça, no Transporte Aeroterrestre, no Reconhecimento, na Busca e Salvamento e na aviação de Asas Rotativas. A Infantaria da Aeronáutica ganhou um novo alento e um novo ânimo com a criação da Primeira Companhia Antiaérea de Autodefesa, marco pioneiro que preenche uma antiga lacuna na área de defesa aeroespacial. O fechamento dos contratos de financiamento para a compra dos novos AT-29, a revitalização dos eficientes F-5 e a implantação, em futuro próximo, dos nossos R-99, marcarão, a partir de 2004, um período de novas conquistas para a FAB. Seguramente estaremos ingressando em uma nova era que fará jus ao potencial de nossos militares e de nossas Unidades Aéreas Operacionais.
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A realidade palpável do SIVAM e a concentração de esforços bélicos na região Amazônica apontam para uma direção, a muito esquecida desde os tempos de pioneirismo do CAN, de interação e, principalmente, segurança e defesa daquela região. A presença da Força Brigadeiro do Ar Aérea nas operações lá Gilberto Antonio Saboya Burnier desencadeadas, seja no policiamento do espaço aéreo, Chefe do Centro de Comando e no apoio à Força Terrestre e Controle de Operações Aéreas nas ações governamentais, demonstra a importância que a Força Aérea dedica àquela região e reafirma a nossa posição soberana sobre todos os rincões de nossa vasta nação. O resgate das antigas ambições da Aviação de Patrulha, retratado no esforço empreendido para a aquisição e a modernização das aeronaves P-3, vem corroborar o verdadeiro significado da aplicação do Poder Aéreo em todas as suas áreas de atuação, além de confirmar o antigo refrão de que “os velhos tinham razão!” Como aviadores, manteremos a tradição de incansáveis papos-rádios, todavia, a nova geração encontrará uma outra forma de comunicação, mediante a implantação do moderno Sistema de Enlaces Digitais da Aeronáutica – SISCENDA. O “data link” será uma realidade. Inicialmente, será implantado no modo “ponto-a-ponto”, entre os R-99 e os Órgãos de Controle de Operações Aéreas Militares – OCOAM. Em curto prazo, através de redes constituídas com todos os meios operacionais de emprego do Poder Aéreo, sejam no ar ou sejam em terra. Os enlaces operacionais de todas as formas, avião-avião, avião-navio, avião-
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terra e avião-armamento ganharão uma nova dimensão, dispensando grande parte das comunicações rádios, de forma a permitir a transmissão de ordens e a garantir o melhor conhecimento da realidade situacional às equipagens. Em suma, agilizando o processo de comando e controle, propiciando a capacidade ideal para a Força Aérea enfrentar uma moderna batalha aérea. Finalmente, até por força de meu cargo atual, não posso deixar de citar o esforço que vem sendo empreendido na área do COMGAR para a implantação de um sistema eficaz de “Comando e Controle”. É fato, e todos sabemos disso, que atualmente já dispomos de algumas áreas de excel ê n c i a e m C 2, e n t r e t a n t o r e s t a - n o s implementar métodos, processos, meios e recursos humanos capacitados em significativa maioria de nossa estrutura. Sabemos que a guerra moderna, particularmente a guerra aérea, é vencida por quem mais rápida e acertadamente consegue fechar o ciclo das decisões operacionais. E isso só será possível para aqueles que dispuserem de um eficiente
sistema de C 2. O COMGAR, recentemente, criou e ativou em sua estrutura o Centro de Comando e Controle de Operações Aéreas CCCOA, o qual eu tenho a honra de chefiar, com a finalidade de preencher esta lacuna em nossa Força Aérea. Dentre as diversas atribuições deste Centro destaca-se a de se interligar, diretamente e no mais alto nível, com o Centro de Operações do Comando Supremo – COCS do Ministério da Defesa, com o Centro de Controle do Teatro de Operações Marítimo – CCTOM da Marinha do Brasil e com o Centro de Controle da Força Terrestre - CCFTER do Exército Brasileiro, substituindo, nesta função o Centro de Coordenação da Aeronáutica – CECOAER do EMAER. Estamos cônscios de que teremos muito trabalho pela frente. Sabemos que encontraremos inúmeros desafios em nossa trilha. Contudo, ladeado por soldados do ar profissionais, capazes e íntegros, posso afirmar que esta batalha, mais uma vez, será vencida. À LA CHASSE!!!
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As Asas Rotativas das Forças Armadas Brasileiras Jorge Silva Escobar - Cel. Chefe da Seção de Estudos e Avaliações da 5ª Subchefia do EMAER
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aceitação da necessidade de um Poder Aéreo independente dos poderes Terrestre e Marítimo foi um processo de constantes conquistas. As Forças Terrestres e as Forças Navais atribuíram aos seus componentes aéreos, e o fazem até hoje, tarefas relacionadas estritamente às suas necessidades operacionais, em prol do cumprimento das suas missões. Embora se utilizem do espaço aéreo com aviões, helicópteros, foguetes e mísseis, seus objetivos perseguem, de um modo geral, o aumento do alcance do poder de fogo, o reconhecimento de áreas maiores e mais distantes e a mobilidade das suas forças. O amplo potencial de aplicações da nova arma aérea e a necessidade do seu desenvolvimento ficaram confinados, no início, à moldura de “elemento de apoio ao combate” terrestre e marítimo, o que implicava concorrer com outros segmentos de apoio das Forças de Superfície por doutrina, estratégias, orçamento e logística adequados às necessidades da batalha em uma dimensão distinta da terra e do mar. A Força Aérea independente surgiu então para atuar num espectro de missões que não fazia parte das atividades dos meios aéreos das Forças de Superfície. O controle do espaço aéreo desde o tempo de paz e os ataques aéreos a pontos sensíveis do poder nacional inimigo provaram, desde a 2ª Guerra Mundial, que o Poder Aéreo influenciava fortemente a decisão de um conflito, ao ponto de ser hoje um dos principais elementos do Poder Militar para dissuasão, pronta-resposta e retaliação. A criação da Força Aérea Brasileira, assim como de outras, deu-se neste mesmo ambiente de afirmação da necessidade de um Poder Aéreo autônomo. À semelhança de outras Forças Aéreas, a FAB foi criada a partir de pessoal e de material oriundo do Exército e da Marinha, os quais, sem mais possuirem componentes aéreos, pas-
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saram a ter suas necessidades aerotáticas apoiadas pela nova Força Armada. Assim permanece até hoje, com a Aviação de Patrulha apoiando a Marinha e a Aviação de Transporte apoiando as operações aeroterrestres do Exército. Entretanto, novos conceiO Coronel Jorge Silva Escobar é piloto operacional nas tos doutrinários, novos modeaviações de Asas Rotativas, Ligalos estratégicos e cenários ção e Observação e Busca e Salprospectivos desenvolvidos vamento; concluiu o CFOAv em pelo Exército e pela Marinha 1978 e exerce atualmente a funexigiram que adquirissem e ção de Chefe da Seção de Estudos desenvolvessem capacidades e Avaliações da 5ª Subchefia do EMAER. Possui cursos de conduaerotáticas específicas, muito ção de Apoio Aéreo (Força Aérea peculiares ao modo de com- Argentina), Planejamento de Transporte Aéreo (IAC), Análise bate de cada Força. A Marinha, desde 1954, Prospectiva (ECEMAR) e MBA em Gestão Estratégica (FGV). O Comanteve seus helicópteros ronel Escobar possui mais de 1500 embarcados. O Exército, no horas voadas em helicópteros. final da década de 80, passou a operar também seus próprios helicópteros. A tese que se pretende desenvolver é que cada Força deve ter suas aeronaves de asas rotativas, pois somente assim terão o completo comando e controle sobre suas atividades, o que implica gerenciar recursos financeiros, operacionais e logísticos necessários ao seu funcionamento e estabelecer critérios e prioridades para o seu emprego. A criação da Força Aérea independente foi útil e indispensável para o desenvolvimento de tecnologia, doutrina e estratégias sobre o domínio do ambiente de combate denominado espaço aéreo. Ela não foi uma solução para necessidades aerotáticas específicas, como o apoio de helicópteros, embora as Forças de Superfície tenham colhido dividendos da luta pela conquista do espaço aéreo. Outro ponto que delimita bem a atuação dos helicópteros de cada Força é que os ambientes terrestre e marítimo continuam sendo
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arenas de atuação exclusiva das respectivas Forças de Superfície, ainda que, para isto, precisem utilizar porções do espaço aéreo sobrejacente a estas áreas, com seus próprios meios aéreos. Os próprios enunciados das missões das aviações de cada Força acentuam o seu caráter de contribuição para o emprego dos poderes Terrestre e Naval. A missão da Aviação do Exército é proporcionar o aumento das capacidades de manobra, de comando, de coordenação e controle, bem como realizar atividades logísticas complementares às operações daquela Força. A missão da Aviação da Marinha é assegurar o apoio aéreo adequado às Operações Navais, a fim de contribuir para a condição de pleno emprego do Poder Naval onde e quando for necessário. Os pilotos do Exército e da Marinha são, primeiramente, Oficiais especialistas das respectivas Forças. Sua formação técnico-doutrinária incutiu-lhes a visão que sua Força tem do ambiente de combate, para, depois de formados, adquirirem a capacidade de empregar meios aéreos naquele mesmo contexto de atuação. Os pilotos da FAB são formados já com a percepção tridimensional de combate da arma aérea e o entendimento de que não há fronteiras, linhas de contato ou áreas de atuação de frações de forças demarcadas no espaço aéreo que cobre os teatros de operações terrestres e marítimos. Os pilotos de helicóptero das Forças de Superfície realizam o seu “vôo solo”, em mé-
dia, após 40 horas de treinamento de vôo. Os pilotos de helicóptero da FAB atingem esta etapa de formação, em média, com 15 ou 20 horas de vôo. A razão da diferença é simples: os pilotos de helicóptero da FAB já eram, anteriormente, pilotos de aviões. A operacionalidade do piloto da FAB em helicópteros é uma especialização comparável à Cavalaria, no Exército, ou à Armada, na Marinha. Pode-se inferir, então, os custos e os investimentos necessários para que uma Força dedique a operacionalidade de algumas de suas unidades para o apoio de atividades de outra Força. Seria até mesmo um contra-senso de conceitos como emprego coordenado, cooperação e operações combinadas. Para que essas estratégias atinjam sua capacidade máxima é preciso que cada componente (ou Força) também esteja no seu nível máximo de operacionalidade. E isso é conseguido na busca constante de excelência nas respectivas áreas de atuação. Deste modo, as peculiaridades dos ambientes de combate, as missões tradicionalmente atribuídas e a formação dos aviadores de cada Força constituem, ao nosso ver, limites claros e consistentes para que cada Força Armada brasileira empregue seus próprios helicópteros, de acordo com as necessidades das suas missões, com suas orientações doutrinárias e estratégicas e com suas capacidades logísticas, sem perder de vista, contudo, que o objetivo de cada Força deve ser uma parcela da soma dos objetivos do país.
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A Necessidade de Guerreiros Técnicos* J. Douglas Beason - Coronel Força Aérea dos Estados Unidos da América Existe um hiato entre o inventor que sabe o que eles [sic] poderiam inventar se fossem capazes de saber o que seria desejado e os soldados que sabem, ou devem saber, o que querem e o pediriam se fossem capazes de saber quanto a ciência pode fazer por eles. Em verdade, este abismo ainda não foi preenchido. Winston S. Churchill *Artigo reproduzido da revista Aerospace Power Journal, edição em português do 3º trimestre de 2001.
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esde o começo da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea viu a introdução do avião a jato, do radar, das bombas atômicas, dos mísseis balísticos, dos computadores, dos lasers, das armas guiadas com precisão, dos satélites, dos sensores (noturnos) infravermelhos (IR), dos veículos aéreos não tripulados, da tecnologia stealth –– a relação das contribuições científicas e técnicas feitas aos sistemas de armas é longa e sua participação no êxito do combate na guerra é nada menos que notável.
Ciência e tecnologia: vantagem para o combatente. Entretanto, por mais rápido que as novas armas tenham sido introduzidas na Força Aérea operacional, os avanços na ciência e na tecnologia excederam de muito até esse ritmo, crescendo a uma taxa exponencial. Os registros de milênios indicam que o conhecimento mundial dobrou, desde os anos de 1950, em comparação com o período que vai do começo dos tempos até a década de 1950, e o
Figura 1. Densidade de pessoal no campo de batalha (por km2) (de Kenneth L. Adelman e Norman R. Augustine, The Defense Revolution: Intelligent Downsizing of America’s Military [San Francisco, California: Institute for Contemporary Studies Press, 1990], 53)
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ritmo está se acelerando. Este nhecimento derramou-se sobre o combatente na guerra. O guerreiro de hoje está usando, para lutar, sistemas de armas mais tecnologicamente sofisticados do que no passado, e isto resultou em um número menor de guerreiros necessários ao combate no campo de batalha. A figura 1 mostra o decréscimo espetacular na
crescer do co-
O Coronel J. Douglas Beason (Academia da Força Aérea dos EUA; Mestrado, National Defense University; Mestrado, Doutorado, University of New Mexico) é comandante, Phillips Research Site, e vice-diretor, Diretoria de Energia Dirigida, Laboratório de Pesquisa da Força Aérea, Base Aérea Kirtland, Novo México. Exerceu, entre outras, as funções de analista graduado de política no Escritório de Ciências da Casa Branca; chefe, Destacamento do Lawrence Livermore National Laboratory, Agência de Armas Especiais de Defesa; diretor de pesquisa do corpo docente e professor-adjunto de física na Academia da Força Aérea dos EUA; e vice-diretor de Armas Avançadas e Sobrevivência, Phillips Laboratory. Tendo recebido o National Defense University President’s Strategic Vision Award, já publicou 12 livros e mais de 80 trabalhos científicos, técnicos e comerciais. Graduado com distinção e estagiário de pesquisa da Industrial College of the Armed Forces, o Cel Beason também cursou o Air War College e a Escola de Comando e Estado-Maior da USAF.
densidade de número (ou guerreiros por km 2) tornado possível pela exploração da ciência e da teconologia (C&T) adiantadas. Introduzir C&T no campo de batalha capacitou menos guerreiros a produzirem mais dano, com mais precisão, do que no passado. Por exemplo, o alcance da lança foi ampliado pelo arco e flecha. Este alcance e poder destrutivo foi ampliado pela bala o que, por sua vez, foi ampliado pela granada de canhão; e isto foi ainda ampliado pelas aeronaves e pelos mísseis balísticos. No seu texto a respeito da Iniciativa de Defesa Estratégica, para o National War College, o Cel Simon P. Worden alongouse na exploração de C&T definindo a eficácia militar como medida básica do poder militar de uma arma. 1 A eficácia militar é uma medida quantitativa do alcance de uma arma, de sua precisão e letalidade (ou poder destrutivo) expressos em um único número.
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ladas); e sistemas de armas de alta precisão convencionais (não nucleares) e de longo alcance, todos conectados com computadores digitais. 2
Figura 2. crescimento da “eficácia militar” (escala logarítmica) devido a C&T (de Simon P. Worden, SDI and the Alternatives [Washington, D. C.: National Defense University Press, 1991],15)
A figura 2 mostra o crescimento espetacular da eficácia militar ao longo dos anos, devido a C&T. Aqui, o eixo do y é graduado em expoentes de potência de 10, de maneira que o valor máximo de “25” não é um simples fator cinco vezes maior do que “20”, mas 10 5 ou 100 mil vezes maior. Por exemplo, pela análise de Worden, os atuais mísseis balísticos intercontinentais com ogiva nuclear (ICBM) são 10 4, ou 10 mil vezes mais eficazes do que era a artilharia em 1930. Embora a tática e a estratégia militares tenham desempenhado um papel em melhorar a letalidade dessas armas, o crescimento surpreendente na eficácia militar é devido principalmente a uma razão, e apenas uma razão: o adiantamento feito em C&T e sua extensão ao guerreiro.
A ciência e a tecnologia no campo de batalha É crescente a C&T presente no campo de batalha. O campo de batalha de amanhã consistirá em circuitos globais rastreando alvos; sensores sofisticados; combatentes conectados à informação; plataformas stealth aéreas, terrestres e marítimas (tanto tripuladas quanto não tripu-
A figura 2 mostra que tem havido um crescimento exponencial na eficácia militar devido a avanços em C&T, e esta tendência continuará. Isto significa que, no futuro, a Força Aérea experimentará não apenas crescimentos de alguns poucos pontos percentuais, ou mesmo, a duplicação da eficácia militar, mas incrementos de muitos milhares de vezes, todos devidos à exploração de C&T. Isto implica que a superioridade arrasadora das forças armadas dos Estados Unidos é diretamente devida aos investimentos em pesquisa em C&T de defesa feitos 20 ou 30 anos atrás. 3 Este fato bem estabelecido corporifica-se em produtos como o caça stealth F-117, o bombardeiro stealth B-2; o Sistema de Posicionamento Global (GPS); mísseis de cruzeiro; lasers, microeletrônica; atribuição de missões de obtenção, processamento, exploração e transmissão de informação; e pequenas plataformas espaciais, para mencionar alguns. 4 As decisões de investimento em C&T tomadas décadas atrás nos levaram aonde estamos hoje: os guerreiros na “ponta ofensiva da clava” são mais agudos, mais rápidos, menos visíveis, de maior alcance, mais exatos, mais móveis e mais mortais do que em qualquer época anterior –– enquanto produzem menos danos colaterais. Portanto, a lição é que os adiantamentos de hoje em C&T produzirão uma nova geração de sistemas de armas para o guerreiro. Entretanto, avanços em C&T de defesa não acontecem da noite para o dia, nem acontecem no vácuo. Nas palavras de um antigo pesquisador dos prestigiosos Bell
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Laboratories, “trabalho de qualidade exige apoio sustentado. Você não pode apenas abrir a torneira e ter Prêmios Nobel da noite para o dia”. 5 Como em qualquer outro
tem motivação para realizar pesquisa em algumas áreas singulares às forças militares – – como o refinamento das miras de bomba ou a limpeza de superfícies stealth. Além
empreendimento bem sucedido, C&T exige suor e persistência, bem como criatividade. Em outras palavras, C&T de defesa precisa ser nutrida, cuidada e sustentada, senão morrerá.
disso, a indústria de defesa reduziu significativamente seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) à medida que as aquisições militares foram reduzidas espetacularmente, com grandes decréscimos da P&D interna das indústrias (IR&D). Pondo de parte as oportunidades de estabelecer interesses conjuntos em tais áreas de uso duplo, como as tecnologias espaciais, a indústria está se afastando da pesquisa de longo prazo. Embora os laboratórios de defesa estejam em posição de assumir esse papel, eles também estão sofrendo significativamente da dificuldade de atrair talentos de primeira linha, já que também estão sendo diminuídos. Este problema não é só do Departamento de Defesa (DOD); os laboratórios de segurança nacional do Departamento de Energia têm o mesmo problema. 7 A despeito disto, os laboratórios do DOD têm uma função vital para fornecer a ponte de transição crítica de C&T, de modo que a arma correta, com os aprimoramentos corretos, chegue aos guerreiros.
Ciência e tecnologia na base industrial de defesa, em mutação No passado, uma infra-estrutura constituída de laboratórios, indústrias e estabelecimentos de ensino de defesa gerou a C&T que seria explorada para produzir os principais sistemas de armas que viriam a seguir. O final da guerra fria obrigou a nação a afastar-se de manter uma única base industrial de defesa, e confiar no mercado comercial para conseguir uma fração significativa da C&T necessária às armas de amanhã. Porém, o mercado comercial também sofreu mudanças. A maior parte da pesquisa industrial cansativa e de maior alcance diminuiu espetacularmente. Agora as empresas se concentram em exigências de curto prazo, como problemas de manufatura e de atender ao mercado a tempo, e afastaram-se de produzir adiantamentos de C&T que, uma vez, já foram a base dos projetos de longo alcance. 6 Embora algumas indústrias continuem a desenvolver tecnologias para ampliar e manter sua participação no mercado, haverá, em geral, menos risco a correr e menos inovação. Embora algumas tecnologias de importância capacitadora para as forças armadas sejam desenvolvidas, haverá menos integração de tecnologias para finalidade de defesa. Sem a necessária infra-estrutura ou o estímulo do lucro, o mercado comercial não
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A necessidade de guerreiros tecnicamente competentes A natureza sofisticada de C&T exige a atenção de especialistas. Do mesmo modo que requer muitos anos de experiência tornar-se um piloto da Força Aérea, explorar a C&T apropriada para o guerreiro exige anos de estudo e experiência de pesquisa. Certamente, é necessário um quadro especializado de técnicos civis para apoiar a base de C&T de defesa. Eles forneceriam continuidade de longo prazo e fariam com que a ansiedade de futuro fosse temperada
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pela realidade e pelas lições do passado. Alguns chegam a argumentar que, porque a missão das forças armadas é combater em guerras e vencê-las, esse quadro de pessoal científico deveria ser constituído apenas de civis –– deixando a guerra aos guerreiros e permitindo que este quadro civil produzisse novas armas. Há muito de verdade no argumento de que os militares devem se concentrar em sua competência central de combater. Entretanto, os guerreiros não podem ser isolados do processo de obter a arma correta no campo. Os guerreiros têm de estar envolvidos neste processo e precisam ter a formação prévia correta para fazê-lo. Esses guerreiros precisam ser oficiais técnicos, competentes em C&T e capazes de compreender e influenciar todas as fases do processo de aquisição –– do cientista que executa a pesquisa básica ao executivo da indústria que constrói o sistema de armamento –– para obter para os guerreiros o que eles precisam. Ao contrário de civis (inclusive militares da reserva), os guerreiros técnicos fornecem um contexto imediato e operacional para concentrar C&T de modo a ter um máximo de utilidade. Oficiais técnicos foram expostos a uma quantidade de experiência militar muito maior do que seus correspondentes civis. Isto torna o oficial alguém que está “por dentro” no que se refere à confiança e às necessidades do combatente –– um verdadeiro “guerreiro técnico”. Isto é especialmente importante quando existe uma transição de C&T, já que a C&T é inextricavelmente ligada a seu produto final –– as armas de guerra. Além disso, sistemas de armas sofisticados exigem que não haja descontinuidades ao longo das fases de pesquisa e de implementação, do início até o uso. De outro modo, este problema
de “interface” de C&T em transição pode produzir algo que é bem intencionado mas que, operacionalmente, deixa de ser entregue ao campo. Portanto, o melhor meio de garantir que uma transição dotada de credibilidade exista é ter um guerreiro responsável pela arma, do nascimento até a morte. Isto exige um quadro pequeno, mas dedicado, de guerreiros tecnicamente instruídos –– que estão mais próximos ao combatente e, todavia, têm uma captação impecável das sutilezas técnicas, junto com o senso comum robusto e sensato –– para manter a continuidade. Mas ele não pode fazer isso sozinho. Estes guerreiros técnicos precisam interagir estreitamente a longo prazo com especialistas civis em C&T, bem como com a indústria, o meio acadêmico e outros recursos nacionais.
Razões para ter guerreiros tecnicamente competentes As seguintes razões para desenvolver um quadro de guerreiros tecnicamente competentes foram compiladas de uma grande variedade de fontes –– de cientistas na bancada a vice-presidentes de grandes empresas, e de combatentes a altos funcionários do governo. É importante que essas razões sejam sublinhadas, por causa das dinâmicas responsabilidades que fazem parte do trabalho dos que tomam decisão na Força Aérea, de modo que os chefes possam conhecer bem os argumentos subjacentes ao assunto a ser decidido. 1. A Força Aérea precisa de guerreiros técnicos que sejam compradores inteligentes. Por estarem fardados, os técnicos com o uniforme da Aeronáutica são tratados de maneira diferente de seus equivalentes civis. A experiência operacional dos oficiais,
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ou mesmo a aparência dessa experiência, lhes dá um selo de autenticidade junto à indústria, ao meio acadêmico e outras agências governamentais. Um oficial sabe o que os guerreiros precisam em primeira mão. E esse conhecimento não pode simplesmente ser transmitido de forma tão convincente por meio de um civil porque é a presença
da farda e a proximidade à experiência operacional que faz diferença. Mas não basta envergar a farda. O oficial técnico precisa ter adequadas credenciais acadêmicas e experiência de pesquisa para que mereça a confiança da comunidade de C&T. Do mesmo modo que o brevê de piloto treinado dá um selo de credibilidade aos oficiais aviadores, um grau de doutor é a “carteira do sindicato” que pode abrir portas fora da Força Aérea. 8 Já foi demonstrado que os homens de azul com formação técnica podem ser aceitos e podem mover-se em ambos os mundos, servindo como compradores inteligentes, a fim de obterem para os combatentes o que eles precisam quando eles precisam. Além disso, oficiais com grau de doutor resolvem problemas de maneira diferente do que o fazem os combatentes. Eles fornecem a capacidade de conceituar, generalizar e sintetizar, dando ao combatente acesso a uma amplitude maior de informação. 2. A Força Aérea precisa de guerreiros técnicos para ter uma visão estratégica. O combatente precisa reagir a ameaças de curto prazo que podem requerer soluções técnicas rápidas. Guerreiros técnicos com conhecimento operacional podem ajudar, seja por causa de seu conhecimento direto, seja por terem acesso à tecnologia apropriada. Além disso, há problemas de maior alcance que exigem mais tempo e mais pensamento do que simplesmente reagir como se reage a um impacto. O final
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da guerra fria restringiu severamente o orçamento para “conseguir qualquer coisa a qualquer custo, e consegui-lo para ontem”. Esses problemas exigem estratégias de longo prazo que estão além do rápido tempo de reação que se requer do combatente. São categorias de ameaças persuasivas e desafios emergentes. Dois exemplos são a defesa nacional antimísseis e o controle do espaço. Reagir a esses problemas estratégicos altamente técnicos exige um quadro de guerreiros com formação científica que simplesmente não pode ser obtido por meio de cursos de treinamento de curta duração. Esses oficiais podem fazer o acoplamento entre as necessidades de curto prazo do guerreiro e as estratégias de curto prazo, para fazer face a futuras ameaças e necessidades. Além de ter um ponto de vista operacional, esses guerreiros técnicos podem compreender as realidades, as capacidades e as limitações do que C&T tem para oferecer. 3. A Força Aérea precisa de guerreiros técnicos para servirem como intermediários honestos. Os guerreiros precisam ter acesso às habilidades de um facilitador técnico e de um tradutor que se possa mover facilmente entre dois mundos –– o do guerreiro e o da comunidade de C&T –– e que possa erguerse acima dos interesses paroquiais. Observe simplesmente o número de companhias em busca de contratos para defesa. É difícil para o guerreiro tomar uma decisão técnica adequada depois de ouvir apresentações conflitantes que parecem igualmente promissoras ou vazias. Contudo, ter um de seus próprios membros como um intermediário honesto, permite que os guerreiros façam aquilo que eles foram treinados a fazer: vençam a guerra.
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4. A Força Aérea precisa de guerreiros técnicos para manter honesta a comunidade de C&T. A comunidade de C&T sabe que o guerreiro técnico é seu semelhante e não um estranho, alguém que não vai ser enganado nem conduzido. Assim, o guerreiro técnico pode desmascarar um blefe e “levantar a bandeira da conversa fiada”, se a comunidade de C&T não estiver sendo franca. Em sentido oposto, os guerreiros técnicos podem servir como advogados da comunidade de C&T, se houver um problema técnico que mereça uma atenção imediata e alta prioridade –– como por exemplo, o desenvolvimento surpreendentemente alto da arma de perfuração “destruidora de
bunker”, durante a Guerra do Golfo. Dar melhores armas aos guerreiros com a facilitação dos guerreiros técnicos ajudará a ganhar guerras. 5. Os combatentes precisam dos guerreiros técnicos para que estes sejam extensões deles próprios. Guerreiros tecnicamente competentes são necessários para promover a integração através das descontinuidades dos estágios de desenvolvimento de armas, da concepção à mão do matador. Precisam sentir-se igualmente em casa, da bancada científica ao escritório do executivo industrial que está produzindo o novo sistema de armas. É fundamental para essa exigência a aceitação da pessoa como um igual tecnicamente sensato e suscetível de reconhecimento. Tendo um guerreiro neste papel, o combatente trabalha com um colega de confiança, alguém que tenha acesso ao clima rápido e perigoso da zona de guerra, bem como ao esotérico laboratório de pesquisa. A questão principal é que os guerreiros técnicos têm em mente o melhor interesse dos guerreiros, porque eles próprios são guerreiros.
Preparar guerreiros técnicos Do mesmo modo que a Força Aérea não hesitaria em dar a um oficial Os guerreiros técnicos aviador o encargo de fazer voar uma ala, dar a um médi- podem efetuar as transições co militar o encargo dos cui- das descobertas de pesquisa dados médicos ou tornar um básica para uma idéia criatiauditor militar responsável por va de operação, para uma resolver questões legais, garan- arma que satisfaça as exigêntir que o melhor de C&T seja cias da guerra. explorado para a segurança nacional exige nada menos do que um profissional científico-militar supervisionando as preocupações de C&T. Nesta época de crescimento exponencial do conhecimento científico, não ter um quadro de oficiais competentes cientificamente responsáveis por C&T de defesa é o mesmo tipo de coisa que levar a efeito uma batalha sem combatentes. É simplesmente impensável. Os guerreiros técnicos podem efetuar as transições das descobertas de pesquisa básica para uma idéia criativa de operação, para uma arma que satisfaça as exigências da guerra. Acompanhar a arma que está nascendo através das “costuras” pelos sofisticados estágios do processo de desenvovimento garante a continuidade. Guerreiros tecnicamente competentes são necessários para reconhecer a utilidade (ou inutilidade, conforme ilustrado pela débacle do A-12 da Marinha) futura de uma descoberta e fazer a transição da idéia para que se torne uma arma militarmente útil. Mais importante, os guerreiros técnicos podem manter as armas concentradas em sua finalidade última de apoiar o combatente. Podem garantir que não se tornem sobrecarregadas com exigências adicionais, que são geralmente colocadas nas armas por uma burocracia bem intencionada. E podem fazer isso seguindo a arma ao longo de seu ciclo de vida, da bancada científica até às mãos do combatente, fornecendo uma transição sem
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descontinuidades. Entretando, como observado antes, conseguir um quadro de oficiais técnicos de alta qualidade não acontece da noite para o dia. Como qualquer grupo de pessoas motivadas, guerreiros técnicos devem ver incentivos na carreira, se o que se deseja é reter as pessoas de mais alto calibre. De outro modo, os melhores e mais brilhantes procurarão maior mobilidade em outra parte. Para este fim, o Scientific Advisory Board da Força Aérea (SAB) recomendou recentemente ao secretário da Força Aérea e ao chefe do estado-maior que “precisamos ter um caminho para que oficiais mais técnicos e científicos alcancem as posições mais altas em nossa Força Aérea”. 9 Assim, “a Força Aérea deve considerar a gerência de carreira de oficiais orientados tecnicamente com o mesmo vigor com que considera os oficiais aviadores”. 10 Em linguagem clara, isto significa dar aos oficiais técnicos um caminho claro e indubitável de promoção. As designações de ciência e tecnologia devem ser vistas como aperfeiçoadoras da carreira e devem existir oportunidades de chefia em todos o s n í v e i s . P o r e x e m p l o , o A i r F o rc e Research Laboratory (AFRL) oferece uma excelente oportunidade para formar guerreiros técnicos superiores. Fazendo ligeiras modificações em sua estrutura já bemsucedida, o AFRL poderia ser um modelo para C&T de defesa. Para ilustrar este ponto, a maior parte das grandes unidades da Força Aérea adotaram a tradicional estrutura de alas. Existem alas de teste, e até o escritório do comandante de cadetes da Academia da Força Aérea dos Estados Unidos tornouse uma ala. Com uma certa licença e re-
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conhecendo a semelhança do AFRL com uma força aérea numerada, tanto pela presença de um oficial-general no comando quanto pelo tamanho, seria fácil estabelecer “alas de pesquisa”, localizadas nos principais locais de pesquisa que já existem. Isto forneceria uma real oportunidade, em nível de ala, para o espectro de oficiais técnicos, do comando de esquadrão ao comando de ala, e ao financiamento e à logística de C&T. Em adição, colocar a estrutura de C&T em linha com a Força Aérea operacional, forneceria ampla oportunidade de chefia para formar guerreiros técnicos.
Conclusões C&T é fundamental para o combatente. O melhor modo de explorar C&T é ter guerreiros técnicos –– oficiais militares competentes que tenham credibilidade tanto junto aos combatentes quanto à comunidade de C&T . O único modo de garantir guerreiros técnicos da mais alta qualidade na Força Aérea é adotar o compromisso de promover um pequeno quadro de oficiais para preencher este papel. Se a Força Aérea quiser manter-se na vanguarda de C&T, precisa ter oficiais que possam “falar a linguagem”, que possam servir completamente como interface entre o guerreiro e a indústria, e que tenham tanto visão técnica quanto experiência . Esses oficiais precisam ser formados e precisam ter uma mentalidade técnica, não sendo apenas oficiais que foram expostos à C&T; porque, então, simplesmente se obteriam oficiais com graus superiores e um conhecimento casual de C&T –– não verdadeiros guerreiros técnicos. Por exemplo, a Marinha assumiu o compromisso de criar e promover seus oficiais técnicos por meio de um programa rigoroso e bem de-
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finido para “EDs” (oficiais em funções de engenharia), que têm um amplo espectro de tarefas, desde funções embarcadas até funções de oficial-general. Finalmente, deve estar disponível um
caminho claro para a ascensão de oficiais técnicos. Um conjunto de guerreiros técnicos é necessário no corpo de oficiais, com meios para escolher ou identificar os melhores e colocá-los em funções de chefia de elevada hierarquia. Alas de pesquisa, sob o guarda-chuva do Air Force Research Laboratory, forneceriam uma estrutura ideal. Nesses dias de programas de alta tecnologia com prioridade nacional e altamente visíveis –– lasers baseados no espaço, defesa nacional antimísseis, lasers aerotransportados e armas de energia dirigida, para citar alguns –– os guerreiros técnicos são necessários para a Força Aérea, agora mais do que nunca. Finalmente, para parafrasear um recente estudo do SAB da Força Aérea, no mundo de hoje, incerto, rapidamente cambiante, o guerreiro técnico precisa fornecer à Força Aérea capacidades para levar a efeito qualquer missão, enfrentar qualquer contingência, dominar qualquer campo de batalha e vencer qualquer guerra. Apenas assim estará sendo alcançada a meta derradeira da C&T de defesa: ganhar a guerra.
Notas 1. Simon P. Worden, SDI and the Alternatives (Washington, D.C.: National Defense University Press, 1991), 13–15. 2. Kenneth L. Adelman e Norman R. Augustine, The Defense Revolution: Strategy for the Brave New World (San Francisco: Institute for Contemporary Studies Press, 1990), 53. 3. Genevieve J. Knezo, Defense Basic
Research Priorities: Funding and Policy Issues (Washington, D.C.: Congressional Research Institute, 90-506 SPR, 24 October 1990), 12. 4. Institute for Defense Analysis, “Report of the Task Force for Improved Coordination of Science and Technology Programs,” Washington, D.C., August 1988, 8. 5. Dr. Cammy Abernathy, professsor de ciência física na Universidade da Flórida, citado por Robert F. Service in “Relaunching Bell Labs,” Science 272 (3 May 1996): 639. 6. “Basic Research White Paper,” R & D Magazine, October 1997, 9; on-line, Internet, May 1998, disponîvel em http:// www.rdmag.com. 7. J. Douglas Beason, DOD Science and Technology Strategy for the Post-Cold War (Washington, D.C.: National Defense University Press, 1997), 76-77. 8. A história mais característica do que pode ir mal é a do dinâmico capitão mandado fazer uma exposição para a indústria. Após uma apresentação que impressionou bem o pessoal da indústria, o capitão foi convidado a examinar algum equipamento em laboratório. Os funcionários da indústria ficaram desapontados quando o capitão não chegou sequer a reconhecer o próprio equipamento a respeito do qual acabara de falar. Foi assim que descobriram que o capitão tinha memorizado uma “exposição enlatada” e não tinha entendido uma única idéia fora de sua apresentação. 9. New World Vistas: Air and Space Power for the 21st Century, summary volume (Washington, D.C.: USAF Scientific Advisory Board, 1995), 62. Ibid., 69.
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Entendendo o Papel do Poder Aéreo na Guerra Moderna Paulo Cesar de Carvalho Faria – Maj.-Eng. COMGAR
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inimigo - um Estado, uma organização criminal ou um indivíduo normalmente age baseado em alguma forma de relação custo-benefício; do ponto de vista do Poder Aéreo, cabe determinar qual o preço que induzirá o lado oposto a
aceitar as nossas condições. Sob esse aspecto, as operações militares devem ser conduzidas para que os objetivos estabelecidos (conquista territorial, deter a ofensiva inimiga, resposta a uma ação grave contra a segurança ou soberania nacional, imposição de uma religião, dominação étnica, por exemplo) possam ser alcançados com uma probabilidade razoável de êxito e a um custo aceitável. Para tanto, precisamos conhecer como o nosso inimigo está organizado; felizmente, a maioria dos sistemas atualmente em operação 1 se estrutura basicamente nos mesmos moldes, apenas os detalhes variam. Isso é muito importante para os planejadores das ações militares, pois permite que conceitos gerais sejam desenvolvidos, qualquer que seja o inimigo a ser enfrentado. O mais importante desses conceitos, Centro de Gravidade 2 , está intimamente ligado a um conhecimento razoável do nosso inimigo, pois uma vez que sabemos como ele se organiza como sistema, podemos conceber formas factíveis de impor-lhe custos intoleráveis, deixando-o sem alternativas às nossas exigências: há, portanto, um interesse primordial na identificação dos alvos a serem atacados. Uma visão sistêmica do inimigo comporta em si vantagens que não podem ser usufruídas se o encararmos como uma mera coleção de navios, carros de combate e aeronaves. O sistema maior (o todo), na verdade, é composto de vários outros subsistemas (liderança, orgânico essencial, infra-estrutura, população, militar) que se
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relacionam entre si, sendo o subsistema militar apenas a “blindagem” dos demais e não a sua essência. Certamente, não devemos fazer da destruição do “escudo” do nosso inimigo o objetivo principal desse jogo de guerra, sendo o nosso Poderio Militar um meio para alcançarmos esse fim:
convencê-lo a aceitar a nosO Major Paulo Cesar de Carsa posição. valho Faria é Engenheiro EletrôA guerra não se resume, nico da turma de 1977 (Aspirante de 1981) do Instituto Militar de portanto, ao choque puro e Engenharia, Mestre em Engenhasimples de forças militares; ria de Sistemas (IME) e especialis3 é, sobretudo, uma questão ta em C I pela George Mason University (Virgínia – EUA). Atude se obter do oponente, almente exerce a função de Chepelas formas mais variadas, fe da Seção de Sistemas do Cenalgo que ele não está incli- tro de Comando e Controle de Operações Aéreas (CCCOA) do nado a ceder, impedindo-o Comando-Geral do Ar de optar por uma ação alter- (COMGAR). Possui, entre outros, os cursos de Extensão em Engenativa inaceitável a nossos nharia de Armamento Aéreo no interesses. Estamos falando Instituto Tecnológico da Aeronáude sermos capazes de impor tica (ITA), Básico de Guerra Eletrônica (IPV) e Planejamento de ao adversário algo cujo cus- Guerra Eletrônica (COMGAR). to seja tão elevado que não lhe reste opção diferente da submissão à nossa vontade. Em geral, devemos tornar esse custo – político, econômico e militar – muito superior ao preço que ele aceita pagar. Uma outra possibilidade menos sutil, seria causarlhe a paralisia estratégica3 e operacional. O entendimento do modo como o inimigo se organiza facilita a determinação dos seus Centros de Gravidade que se transformarão nos objetivos a serem desestabilizados, desequilibrando-o, na tentativa de causar a sua paralisia tanto operacional quanto estratégica – uma espécie de estímulo com respostas completamente desproporcionais à excitação do sistema, como ocorre na ressonância. Aliás, a guerra é tipicamente não linear , ou seja, as
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mínimas variações nas condições iniciais têm conseqüências totalmente desproporcionais. Ataques simultâneos a objetivos cruciais, os Centros de Gravidade, do Estado e das Forças Inimigas, representam a paralisia e a derrota rápida do adversário. O Poder Aéreo é, necessariamente, o instrumento ideal para a esses tipos de ataques, que passaremos a denominar de “Guerra Paralela”, podendo tirar vantagem, muito mais que as Forças de Superfície, do aproveitamento simultâneo dos Princípios da Massa e da Manobra. A Guerra Paralela coloca muitas partes do sistema do inimigo sob ataques simultâneos, tornando praticamente impossível para o sistema atacado defender-se ou reparar-se. Cada ataque, isoladamente, seria incapaz de produzir o efeito desejado, porém, sendo eles direcionados simultaneamente a diversos subsistemas importantes do inimigo, o seu efeito combinado será devastador: num mesmo momento, funções sistêmicas importantes deixarão de operar - as comunicações cessam de funcionar, o fornecimento de energia elétrica fica interrompido, os Centros de Defesa Aérea param de controlar Unidades subordinadas e elementos-chave do Sistema de C2 inimigo são destruídos, colocando-o num dilema causado pelo caos reinante. Tirando proveito das não-linearidades da guerra, a vitória vem não somente pela supremacia no conflito direto entre forças militares, mas pelo ataque aos Centros de Gravidade do
inimigo que, dependendo da situação, se identificam com os seus líderes, com o seu exército, com a sua capital ou com os seus aliados. Nos tempos modernos, a complexidade da guerra cresceu assustadoramente e, também, os efeitos da sua característica predominantemente não-linear. A ênfase no uso de tecnologia de ponta, como aeronaves e mísseis com assinaturas eletromagnética e térmica imperceptíveis, bem como munição precisamente guiada confere ao Poder Aéreo as vantagens inerentes à Surpresa e à Iniciativa da Ofensiva, permitindo alcançar, simultaneamente e com perdas mínimas, objetivos estratégicos e táticos. Um ataque simultâneo e rápido ao inimigo, cuidadosamente preparado, pode detê-lo pela paralisia das suas Forças, provocando a sua derrota num curto período de tempo, pois o priva da sua capacidade operacional, reduzindo substancialmente o seu potencial ofensivo. Novamente, pelas suas características, o Poder Aéreo encontra-se em situação privilegiada no cumprimento dessa missão. Contudo, a menos que a ofensiva inicial na Guerra Paralela suprima a capacidade do inimigo de empregar armas de destruição em massa ou armamento convencional avançado, é aconselhável que a Guerra Aérea Paralela, do tipo “blitzkrieg”, seja seguida da retração e da dispersão das Forças Terrestres e Navais Combinadas, negando-se, assim, ao inimigo alvos mais convidativos a possíveis contra-ataques, especialmente aqueles que fizerem uso de armas de destruição em massa. Para obter mais informação sobre a for-
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ma como o inimigo se organiza, devemos decompor seus sistemas em subsistemas, detalhando a nossa compreensão do seu modo de funcionamento até o nível de conhecimento considerado ideal. Isso nos permite identificar o que verdadeiramente desconhecemos e a concentrar a nossa pesquisa sobre informação nos dados relevantes. Os amantes do raciocínio estruturado reconhecem que estamos falando de um processo de diferenciação, ao invés do tradicional processo de integração. A diferenciação tem se demonstrado extremamente útil no trato dos complexos sistemas atualmente em uso em todos os campos do conhecimento humano. É interessante notar que no cotidiano as coisas acontecem exatamente no sentido contrário: aprendemos a encarar o mundo de modo essencialmente tático, começando o nosso aprendizado pelos níveis mais baixos e, então, construindo o nosso caminho para o topo. Há, conseqüentemente, uma forte e natural tendência a raciocinarmos taticamente quando nos deparamos com os diversos cenários ao longo da nossa carreira. Os aspectos negativos desse vício de raciocínio se manifestam quando temos que pensar, geralmente nos mais altos postos da hierarquia militar, em vencer guerras e não no confronto puro e simples de forças. Nesse caso, se quisermos ser bem sucedidos, devemos abordar o problema sob o ponto de vista estratégico e operacional - uma decomposição “topdown” da situação em análise, o que representa um desprendimento, ao menos momentaneamente, do enfoque tático que tende sempre, por razões já explicadas, a predominar. Nesse modo de travar a guerra, está
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implícito que é preciso educar o inimigo a perceber os efeitos das nossas ações, numa espécie de Operações Psicológicas, disponibilizando informações sobre a extensão das perdas que podemos impor, e sobre os efeitos que essas perdas podem causar em curto e em longo prazo. Os fundamentos para o emprego do Poder Aéreo, no contexto atual, podem ser resumidos da seguinte forma: • Entender o ambiente político e tecnológico; • Identificar os objetivos políticos; • Determinar qual a melhor maneira de induzir o inimigo a ceder à nossa vontade (imposição de custo proibitivo, paralisia estratégica / operacional ou destruição); • Usar a abordagem sistêmica para obter informação sobre o inimigo que permita a identificação dos seus Centros de Gravidade; • Atacar os alvos certos em paralelo, tão rápido quanto possível. A análise dos recentes conflitos (Guerra do Golfo Pérsico, por exemplo) revela que o Poder Aéreo mostrou-se realmente decisivo para a obtenção dos resultados pretendidos; ainda, do aprofundamento dessa análise, as constatações abaixo listadas contribuem bastante para o entendimento da verdadeira revolução que vem acontecendo na prática da guerra: • A importância dos ataques estratégicos, considerando a fragilidade dos Estados nesse nível da guerra; • As conseqüências fatais da perda da Superioridade Aérea Estratégica e Operacional; • Os efeitos esmagadores da “Guerra Paralela”;
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• A fragilidade das Forças de Superfície no nível Operacional da guerra; • A redefinição dos conceitos de Massa e Surpresa em função da tecnologia “stealth” e da precisão do armamento moderno; • A viabilidade da “ocupação aérea”; • A dominância do Poder Aéreo (melhor relação custo benefício, maior mobilidade e rapidez, com menor risco de perdas humanas e materiais); • A importância da informação nos níveis Estratégicos e Operacionais e Técnicos da guerra.
Conclusão É incontestável que um novo mundo vem sendo construído ao nosso redor e que verdadeiras revoluções estão acontecendo na política, nos negócios e na guerra. Devemos aprender a lidar com essas profundas transformações, se quisermos sobreviver; ignorá-las não é uma boa prática. Obviamente, é da natureza humana permanecer, por força da inércia ou reação às mudanças, agindo como se o mundo fosse o mesmo, mesmo que esse procedimento seja perigoso – o mundo exterior fez obsoletas as “velhas” formas de empreender a guerra. Aceitar as mudanças manifestas nos últimos conflitos dos tempos modernos não é fácil, mas de modo algum impossível, se resolvermos usar o atributo que é único da nossa espécie – pensar!
Bibliografia [1] WARDEN III, John A. “The air Campaign”. Washington: Pergamon-Brasseys, 1989. [2} Leonhard, Robert R. “The Principles of War for the Information Age”. Novato,
California: Presidio Press 2000 [3] Ribeiro, Narcelio R., “O Poder Aéreo nas Operações Psicológicas”. Revista Spectrum, , março de 2001.
Notas 1 Sistemas organizados com base nos organismos vivos são similares, pois executam sempre as mesmas funções: uma liderança que coordena os diversos componentes, funções essenciais de conversão de energia, uma infra-estrutura que permite a conexão entre os subsistemas, uma população que o faz funcionar e subsistemas de defesa que o protegem contra ataques. 2 O eixo de todo o poder e movimento, no qual tudo se apoia. Esse é o ponto de concentração do nosso esforço desestabilizador – características estratégicas, localidades e capacidades de onde o oponente extrai a sua liberdade de ação, força física e vontade de lutar pelos seus objetivos. 3 A idéia de causar no inimigo a “paralisia” é bastante simples. Encarando-o como um sistema, temos que identificar aquelas partes a serem afetadas, para impedir que o sistema sob ataque seja capaz de executar as funções que desejamos neutralizar. Em geral, devemos começar pela supressão da capacidade da liderança inimiga de obter, processar e usar informação essencial às suas ações; assim procedendo, teremos causado a paralisia do sistema inimigo no seu nível estratégico.
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Utilização de Data Envelopment Analysis na otimização da utilização de horas de vôo nos Esquadrões da FAB. José Virgílio Guedes de Avellar – Cap.-Av. Alexandre Olympio Dower Polezzi – Asp.-Of.-Eng. ITA
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esde a Revolução Industrial o mundo sofreu profundas modificações no tamanho e na complexidade das organizações. Um dos principais reflexos dessa mudança pôde ser observado no crescimento da divisão do trabalho, acarretando uma maior segmentação das responsabilidades. Dessa forma, ficou muito mais complexa a alocação de recursos para atividades que visam o crescimento da organização como um todo, sendo esse tipo de problema um dos focos de estudo da Pesquisa Operacional (PO). Dentro desse contexto, o Comando da Aeronáutica (COMAER) tem procurado formas de controlar recursos e pessoal de maneira a alcançar a máxima operacionalidade da Força. Denominado Sistema de Gerenciamento de Padrões Operacionais, o SISGPO é um projeto coordenado e patrocinado pelo EstadoMaior da Aeronáutica (EMAER), que visa dotar o Comando da Aeronáutica de um instrumento analítico para o gerenciamento da atividade aérea no âmbito da Força Aérea Brasileira. Uma das fases do projeto, que vem sendo desenvolvida através do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), é a medição e comparação da eficiência relativa dos Esquadrões de vôo. Dessa forma, torna-se necessária a utilização de métodos e ferramentas estatísticas capazes de auxiliar no cálculo e análise dessas eficiências. Um método não-paramétrico clássico, desenvolvido para medir a eficiência relativa de diferentes entidades de um gênero comum é a Análise Envoltória de Dados (em inglês, Data Envelopment Analysis- DEA) [1]. Além de ser uma ferramenta relativamente recente e de prestígio crescente em termos de aplicações práticas, DEA mostra-se bastante robusto no estabelecimento de novas metas (benchmarks) para entidades consideradas aquém da fronteira de eficiência, através de uma análise prévia dos inputs e outputs utilizados.
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As diferentes entidades analisadas, ditas Decision Making Units (DMU’s), são comparadas em função do conceito de eficiência de Farrel [2] que compreende um quociente entre as somas ponderadas dos outputs y e dos
inputs x de cada DMU, onde u é o vetor de pesos ou ponderador de y e v é o ponderador de x. Nos casos de múltiplos inputs – múltiplos outputs, temos que uma medida de eficiência relativa é dada por [2]:
O Capitão José Virgílio Guedes de Avellar Piloto de Patrulha, concluiu o CFOAv em 1990 e atualmente está cursando o último ano de Engenharia Mecânica-Aeronáutica no ITA.
(1) O Aspirante a Oficial Engenheiro Alexandre Olympio Dower Desta forma, a medida de Polezzi , atualmente está cursaneficiência depende de um con- do o último ano de Engenharia junto de pesos a serem atribu- Mecânica-Aeronáutica no ITA. ídos a cada input e a cada Menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática. output. As letras u e v da fórAmbos vêm desenvolvendo mula de eficiência são variá- trabalhos na área de Pesquisa Operacional e Data Envelopment veis, sendo que a cada entidaAnalysis para o Comando da Aede avaliada (DMU) serão atri- ronáutica através da parceria ITAbuídos pesos diferentes. Os IEAv, apresentando artigos no IV Simpósio de Pesquisa pesos são escolhidos pelo DEA Operacional da Marinha (SPOLMde maneira a maximizar a efi- 2001) e no IFORS 2002 (International Federation ciência de cada DMU. Operations Research Society Diversos testes e simula- Congresso Internacional de Pesções estão sendo feitos para quisa Operacional) que será reaadequar essa metodologia em lizado na Escócia. algumas das fases do Projeto SISGPO, sendo que esse artigo tem como objetivo fazer uma simulação de como seria a análise da eficiência relativa de um dos Esquadrões de Vôo da Força Aérea Brasileira usando-se DEA. O Esquadrão escolhido para esse primeiro estudo foi o Grupo de Defesa Aérea (GDA) e, a partir desse estudo, tem-se por meta suprir o projeto SISGPO de indicadores que
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Tecnologias a serviço da superioridade de informação André Luiz Pierre Mattei, Maj.-Av. - CTA Fábio Durante Pereira Alves, Maj.-Av. - COMGAR
possibilitem uma melhor avaliação de como está sendo gerenciada a atividade aérea como um todo.
DEA na avaliação do GDA Um estudo inicial de aplicação de DEA foi feito no Grupo de Defesa Aérea (GDA) com a finalidade de se determinar a eficiência de emprego ar-ar. A partir de dados hipotéticos, balizados pelo Oficial de Doutrina do Esquadrão, foi comparada a eficiência atingida pelo mesmo num determinado ano com a alcançada em anos anteriores. A eficiência foi calculada através do percentual de acerto dos pilotos obtido nas diversas modalidades ( outputs ) em relação ao número de missões realizadas ( inputs ). Assim, foi mais eficiente o piloto que conseguiu acertar mais a partir do menor número de missões de treinamento. O valor da eficiência do Esquadrão em um determinado ano é dado pela média dos valores da eficiência dos pilotos naquele ano. Modelo implementado: Entradas ( inputs ): Número de missões de treinamento realizadas por cada piloto. Missão 11F: treinamento de combate aéreo; Missão 44F: treinamento de interceptação; Missão 39F: escolta; Missão 56F: patrulha aérea de combate; e Missão 60F: varredura As três últimas missões foram agrupadas em uma só, já que são realizadas simultaneamente. Saídas ( outputs ):
Porcentagens de acerto em treinamento de missões 11F e em missões 44F. Resultados obtidos: Os resultados do modelo estão colocados no gráfico a seguir. O número de horas de vôo se manteve praticamente constante em todos os anos, variando-se apenas a distribuição das horas por tipo de missão e por piloto. Esse fator é muito relevante, pois graças a ele foi possível a comparação dos Esquadrões a partir dos mesmos orçamentos anuais.
Gráfico 1 : Gráfico da eficiência média do Esquadrão em comparação com o tipo de treinamento em cada ano.
No gráfico acima, a linha verde representa a média e a linha azul, o desviopadrão dos valores das eficiências dos pilotos. As três barras de cada ano representam a quantidade de cada tipo de missão executadas em média pelo piloto. Assim seria possível, a partir do gráfico, concluir que a melhor maneira de distribuir as horas de vôo é a do ano 2, já que apresenta o maior valor médio. Outro ponto a ser analisado é o que diz respeito ao desvio-padrão, por exemplo na comparação do ano 3 com o ano 4. Apesar de os dois anos terem alcançado valores muito próximos de eficiência, o ano 4 obteve valor muito menor de desvio-padrão, mostrando que nesse ano o Esquadrão esteve muito mais homogêneo do que o no ano 3. Continua na página 34
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Planejamento de uma Missão de Ataque Maj.-Av. Davi Castro
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ntre os muitos fatores que devem ser levados em consideração no planejamento de um ataque existe a avaliação do número de aeronaves necessárias para cumprimento da missão. A resposta se baseará numa análise do alvo e no grau de precisão possível de se atingir com as aeronaves, armamentos e pilotos disponíveis. Sobre esses últimos, o que se tem são os dados de treinamentos em estande, realizados nas diversas modalidades de emprego. Mas como usar esses dados? Neste artigo pretendemos aplicar alguns conceitos de Probabilidade e Estatística na solução de um problema de nosso dia-a-dia operacional. O exemplo e os dados são completamente fictícios, elaborados tão somente a título de ilustração. Entretanto, o modelo aplicado, por ser genérico, pode ser ajustado para qualquer unidade aérea que pretenda estimar o número de aeronaves necessárias para cumprimento de uma missão de ataque ao solo.
Os dados disponíveis Vamos supor ainda que para resolver o problema o oficial de operações tem em mãos os resultados de uma missão de qualificação em lançamento de bombas para dez pilotos de dois esquadrões diferentes, “A” e “B”. Somente um dos Esquadrões deverá ser escalado para o ataque. Tabela 1: Resultados para uma missão de lançamento de bombas dos esquadrões “A” e “B”
Piloto nº
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Esquadrão “A”
Esquadrão “B”
35 ft às 6 horas 50 / 1 45 / 10 bingo 20 / 2 60 / 10 45 / 4 55 / 7 bingo 40 / 4
25 ft às 4 horas 35 / 7 20 / 5 30 / 3 5 / 12 35 / 11 10 / 1 20 / 11 10 / 6 20 / 10
A situação Suponhamos que a seguinte situação tenha sido apresentada ao A-3 da FAE III: “Um determinado alvo circular, para ser considerado destruído, deve ser atingido por pelo menos uma bomba a uma distância máxima de 15 ft do seu centro. Você deve enviar o menor número possível de aeronaves para atacá-lo de maneira que cada uma faça apenas uma passagem contra o alvo (reposicionamento proibitivo devido à presença de artilharia antiaérea) e que a missão seja cumprida com 90% de chance de êxito”. Propositadamente, nosso exemplo não desce ao detalhe da análise de dano, vamos assumir simplesmente que as informações sobre o alvo estão disponíveis. Outras duas considerações foram feitas para facilitar a abordagem: o alvo é circular e cada aeronave deve lançar apenas uma bomba. Veremos mais tarde porque.
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Figura 1: Apresentação pictorial dos valores da tabela 1. Em azul os lançamentos do esquadrão “A” e em vermelho os lançamentos do Esquadrão “B”.
Para melhor visualização, a “roleta” com os acertos dos dois esquadrões está apresentada na figura 1. Os dados disponíveis parecem bons, não se observam tendências ou qualquer outra anomalia que possa nos fazer desistir de usá-los. Fazendo a projeção dos vinte resultados nos eixos x (horizontal) e y (vertical), chegamos nos valores da tabela 2 a seguir:
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Tabela 2: Resultados da tabela 1 projetados nos eixos cartesianos. A origem é o centro do alvo.
Piloto Esquadrão “A” Esquadrão “B” x y x y 1 0 -35 22 -12 2 25 43 -17 -30 3 -39 22 10 -17 4 0 0 30 0 5 17 10 0 5 6 -52 30 -17 30 7 39 -22 5 9 8 -27 -48 -10 17 9 0 0 0 -10 10 35 -20 -17 10 média -0,2 -1,9 0,4 0,1 σ 30,9 29,3 16,7 17,9 Observe que o Esquadrão “A”, apesar de possuir um maior número de bombas exatamente no centro do alvo (bingo), tem também um maior número de bombas lançadas longe, resultando em uma dispersão (σ, desvio padrão) maior que para o outro Esquadrão. As médias não estão “zeradas” mas podem ser desprezadas pois representam erros muito pequenos. Se houvesse uma tendência muito forte de resultado fora do centro do alvo, deveriam ser pesquisados prováveis problemas na harmonização, nos parâmetros de lançamento, nos ajustes de computadores e/ou visores etc. Uma vez que o alvo é circular e temos resultados compatíveis, devemos estabelecer desvios padrões iguais para os eixos x e y. Serão usados os seguintes valores: σA = 30 e σB = 17 ft. Até aqui o que fizemos foi criar um modelo probabilístico para descrever a capacidade de cada Esquadrão em acertar um alvo circular. A partir desse ponto assumimos que qualquer combinação de pilotos do Esquadrão “A” apresenta o mesmo desempenho baseado em σA e, da mesma forma, para o Esquadrão B com σB. Estabelecemos, portanto, uma medida objetiva da capacitação operacional de cada Esquadrão, passível de ser melhorada conforme sejam realizadas mais missões de estande, o que permitiria um acompanhamento contínuo
da qualidade do treinamento dos pilotos.
Solução Para resolver o problema proposto, temos que, primeiramente, calcular a probabilidade de cada esquadrão acerO Major Davi Rogério da Siltar o alvo. Isso é feito usandova Castro é piloto de Ataque, conse uma fórmula bastante simcluiu o CFOAv em 1987 e ples para o caso de alvo circuatualmente é mestrando em Análar [1]:
lise Operacional na Naval Postgraduate School, EUA. É Enonde genheiro Eletrônico pelo Instituto Phit = probabilidade de acerto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) R = raio do alvo (15 ft no caso e possui o Curso Básico de Guerra Eletrônica.
em questão) σ = desvio padrão
Esta fórmula deriva da distribuição binormal (produto de duas distribuições normais independentes), cujos detalhes fogem ao objetivo do artigo. Fazendo o cálculo para cada Esquadrão chegamos aos seguintes valores: Esquadrão “A”
Esquadrão “B”
Phit 0,1175 (11,75 %)
0,3225 (32,25 %)
Levando-se em consideração que cada aeronave fará apenas um lançamento, podemos usar as probabilidades calculadas de forma independente. Em outras palavras, cada lançamento pode ser tratado como um evento isolado, descorrelacionado dos demais. Isso é importante também porque independência é uma condição implícita na fórmula que usamos logo acima. Bem, desejamos ter 90% de certeza que pelo menos uma bomba atingirá o alvo. Ou seja, qualquer que seja “n”, o número de bombas lançadas, uma delas obrigatoriamente deverá cair sobre o alvo, as outras podem até
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mesmo errar. Para entender o que está em jogo, vamos fazer os cálculos das probabilidades para “n” igual a 2, quando então surgem quatro situações: a) as duas bombas acertam o alvo. Como os eventos são independentes, multiplicamos as probabilidades de sucesso:
b) a primeira acerta e a segunda erra o alvo. A probabilidade de errar é o complemento da probabilidade de acertar:
c) a primeira bomba erra e a segunda acerta, mesmo resultado da letra b:
d) as duas bombas erram o alvo:
Observe que apenas a situação (d) não nos serve e que todas as quatro probabilidades somadas nos fornecem 100%. Verifique também que no caso geral, a probabilidade de errar o alvo em todos os “n” lançamentos é
Dessa forma, podemos descrever o resultado de “pelo menos um acerto” como sendo “todas as possibilidades, menos a que representa nenhum acerto”. Como temos que alcançar 90% de êxito na missão, chegamos à fórmula final (lembre que 90% = 0,9):
Para determinar “n” basta aplicar logaritmos em ambos os termos da expressão acima:
Esquadrão “A” Esquadrão “B” nº mínimo de aeronaves necessárias probabilidade de êxito
19 90,7 %
6 90,3 %
Conclusão O Esquadrão “B” é o mais indicado para cumprimento da missão. O Esquadrão “A” sequer teria condições de atender a solicitação proposta, pois cada piloto teria que fazer dois lançamentos. Verificamos que mais importante que possuir poucos expoentes, é fazer com que todos os pilotos tenham bons resultados. Como foi explicado no início do artigo, os dados são fictícios, gerados para causar um certo impacto na conclusão. Observe que a diferença no desvio padrão é aproximadamente 50%, mas o número de aeronaves resultante para o Esquadrão “A” é mais que três vezes maior que para o Esquadrão “B”. Chegar a essa conclusão sem fazer os cálculos é impossível. Podemos concluir que é possível fazer o planejamento de uma missão baseado em resultados de treinamento: quanto mais dados, melhores as medidas de eficiência e melhores as estimativas. Podem-se estabelecer medidas de eficiência não só para o esquadrão mas também para cada piloto, em cada modalidade de emprego, o que vai aprimorar mais ainda o planejamento.
Referências [1] PRZEMIENIECKI, J. S.; “Mathematical Methods in Defense Analyses”, 3rd Edition, AIAA Education Series, 2000. [2] ANDRADE, Eduardo Leopoldino; “Introdução à Pesquisa Operacional”, 2a. Edição, Livros Técnicos e Científicos Editora SA, 1998.
Finalmente temos:
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A Saga do Míssil Sidewinder Paulo Roberto de Souza Gerente do Programa MAA-1
O
míssil sidewinder é, de longe, o mais famoso míssil ar-ar de curto alcance. Em 1999 foi lançado um livro que conta sua verdadeira e fiel história: “Sidewinder – Creative Development at China Lake”. O autor, professor Ron Westrum, colheu informações durante 12 anos e contou com o apoio de membros da própria equipe que projetou o míssil para descrever os sucessos e os insucessos do projeto. Para nós brasileiros, que não aceitamos o insucesso de um único míssil que erra o alvo, a leitura desse livro revela enormes surpresas, pois mostra de maneira clara, por meio de estatísticas e da apresentação de fatos, que a certificação de um míssil dessa classe e sua integração nas aeronaves não significa uma probabilidade de sucesso de 100%, nem mesmo de 70%. Muito pelo contrário, com menos de 15% de sucesso o sidewinder já foi utilizado na guerra do Vietnam, mostrando que a melhor arma é aquela que já existe no seu arsenal e a próxima arma
virá do aprimoramento da qualidade da primeira, na melhoria contínua do projeto; contando com a realimentação indispensável do operador, que representa o cliente final do produto. O desenvolvimento do sidewinder começou com o AIM-9A, em 1947. O AIM-9B, implantado nas aeronaves da marinha americana em 1956, foi o mais fabricado (95.000 apenas nos Estados Unidos) e o AIM-9X, que incorpora os avanços tecnológicos atuais, deverá ser fabricado a partir de 2002. A figura abaixo ilustra as transformações que sofreram as estruturas da seção de controle e guiagem do sidewinder. As demais partes da estrutura sofreram poucas modificações externas.
O Maj. R/R Paulo Roberto de Souza é engenheiro eletrônico formado pelo ITA em 1979, Mestre em Engenharia Eletrônica pela Naval PostGraduate School da Marinha dos Estados Unidos (1986) e possui o Curso de Extensão Universitária em Engenharia de Armamento Aéreo (ITA-1980). Trabalhou no CTA, como engenheiro do projeto do míssil MAA-1 (“Piranha”) de 1981 a 1984 e como Gerente do Projeto MAA-1 de 1987 a 1998. Foi Chefe da Divisão de Sistemas Bélicos do CTA de 1992 a 1998. Passou a trabalhar na empresa Mectron em ago/98, onde é o Gerente do Programa MAA-1 (Implantação do Míssil MAA-1 na FAB).
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O desenvolvimento do primeiro sidewinder é uma demonstração de talento e perseverança de uma equipe de engenheiros e técnicos do Naval Weapons Center, em China Lake. Há muita similaridade entre as dificuldades encontradas em China Lake e aquelas que ocorreram no CTA durante o desenvolvimento do míssil MAA-1. A primeira delas: os dois começaram sem dinheiro e com enorme desconfiança. O MAA-1, em 21 anos de desenvolvimento só teve verba específica durante 10 anos. O sidewinder, no início, dependia de verbas de outros projetos. Alguns trechos do livro merecem um destaque especial, pois narram fatos que nos animam a enfrentar os enormes desafios tecnológicos inerentes ao desenvolvimento e a fabricação de mísseis (os números das páginas são mencionados para facilitar a verificação): 1.Os mísseis anteriores ao sidewinder erravam 90% dos lançamentos (pág. 31) e os foguetes ar-ar eram uma opção. Em uma ocasião, dois F-89 lançaram 208 foguetes contra um alvo aéreo desgovernado que rumava para Los Angeles. Nenhum acertou o alvo que não atingiu L.A. por falta de combustível. Os foguetes iniciaram uma série de incêndios e acertaram um carro (pág. 30). China Lake desenvolvia os sistemas de controle de tiro para os foguetes. 2.Durante um teste o míssil abandonou o lançador e iniciou manobras imprevistas obrigando o piloto Wally Schirra (futuro astronauta) a agir rápido para evitar ser atingido (pág. 105). 3.Em 1953, o programa quase foi interrompido após 12 falhas seguidas (pág. 114). 4.O primeiro tiro com sucesso do sidewinder foi em 11 set 1953 (pág. 115). 5.Após o primeiro tiro com sucesso seguiram-se 6 insucessos (pág. 116). 6.Durante uma das fases de testes, lançaram 100 mísseis em 3 meses. Em 3 anos, um
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único piloto lançou 92 mísseis (pág. 122). 7.Em 1955 a Philco começou a produzir os mísseis e as primeiras unidades falharam nos ensaios em vôo (pág. 123). O sidewinder entrou em serviço em 1956 (pág. 121 e 130). Em 1956, 200 mísseis foram lançados para avaliação (pág. 131). 8.Após uma falha espetacular do míssil na presença do alto escalão da Marinha, um dos engenheiros da equipe, famoso por suas frases, disse: “a probabilidade de sucesso é inversamente proporcional ao posto das autoridades presentes” (pág. 158). 9.O míssil perdia alvos estacionários em altas altitudes porque sua navegação proporcional foi projetada para alvos móveis (pág. 160). 10. A probabilidade de sucesso em condições ideais era de 70% (pág. 173). 11. Mais de 95.000 AIM-9B´s foram fabricados por empresas americanas (pág. 173). 12. Um B-52 amigo foi acidentalmente abatido pelo sidewinder devido a falha no lançador (pág. 174). 13. O AIM-9B teve 9 versões até a chegada do AIM-9C (pág. 174). O atual sidewinder, AIM-9M, também teve 9 versões (pág. 204). 14. Problemas na confiabilidade dos protótipos do AIM-9D: um único míssil foi aos testes finais 30 vezes e falhou em todos (pág. 177). 15. Produção na Philco: apenas 23% dos mísseis entregues ao cliente funcionavam (pág. 179). 16. Produção na General Electric: um dos mísseis entregues à Marinha não possuía o detetor infravermelho e outro continha flocos de tabaco na parte interna do dome (pág. 180). 17. Em 1967, produção de AIM-9D na Raytheon: 300 mísseis por mês e apenas 100 aprovavam nos testes (pág. 181). 18. Os mísseis sidewinders AIM-9E e AIM9J eram ineficientes (pág. 213). Obs.: estão previstos no computador de tiro míssil do F-5 da FAB, juntamente com o AIM-9B.
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19. Na guerra do Vietnam: de 1965 a 1968, foram lançados 187 sidewinders AIM-9B e AIM9D obtendo 16% de sucesso e de 1971 a 1972 foram lançados 267 AIM-9D e AIM-9G com 19% de sucesso. Os mísseis AIM-7, Sparrow, tiveram um desempenho ainda pior (pág. 215). 20. Na guerra das Malvinas a Marinha e a Força Aérea inglesa lançaram 26 mísseis sidewinder AIM-9L, abatendo 18 aeronaves argentinas, 69% de sucesso (pág. 218). O míssil AIM-9X, inicialmente previsto para ser implantado em 2002, pretende devolver a hegemonia no campo de mísseis ar-ar de curto alcance aos Estados Unidos da América. A última notícia é que o início da produção de 10.000 unidades, para a Navy e USAF, vai atrasar em pelo menos 1 ano devido a problemas inesperados que surgiram no atuador. Esta hegemonia pertence aos russos desde 1985, quando lançaram o míssil R-73 (AA-11 é a denominação da NATO), com várias inovações: ângulo de visão de 60o, escravização ao capacete do piloto, controle simultâneo por desvio de jato do motor-foguete e aerodinâmico (canards), controle ativo de rolamento com ailerons nas superfícies traseiras, medição de ângulo de ataque, etc. O detetor infravermelho ainda é de uma única célula de antimoneto de índio. A foto abaixo ilustra o R-73.
O sidewinder AIM-9X terá autodiretor com imageador infravermelho numa matriz de 128x128 sensores, o que possibilitará a rejeição de flares. Entre várias outras inovações o míssil terá ângulo de visão de 90 o , escravização ao capacete do piloto e uma grande manobrabilidade. A foto abaixo ilustra o AIM-9X.
Míssil Sidewinder AIM-9X
Os especialistas em mísseis de todo o mundo, brasileiros incluídos, dedicam uma admiração muito grande aos inventores do sidewinder. Quanto mais se conhece sobre mísseis, principalmente sobre as dificuldades, mais se reconhece o trabalho dos precursores. O nosso míssil da mesma classe, o MAA-1 (“Piranha”), também é fruto da tenacidade de engenheiros e autoridades da Força Aérea, que acreditaram num projeto difícil, numa área em que a tecnologia é mantida em segredo total. Pelos resultados obtidos até o momento nos testes do MAA-1, quando comparados com aqueles obtidos ao longo da história do sidewinder (incluindo o AIM-9L), podemos concluir que a versão atual já é uma realidade e vislumbrar um futuro de sucessos para as versões que se seguirão. O nosso MAA-1X não está muito longe, basta acreditar na capacidade dos brasileiros.
Míssil R-73: no detalhe, o controle por desvio de jato
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Aeronaves não tripuladas: A Quebra de um Paradigma Arthur Alexandre Gentil Toneli, 1o Ten.-Av. GITE
N
o início do século passado, a guerra terrestre havia chegado a um impasse para o soldado. O advento da metralhadora fez do ato de se abandonar uma trincheira um suicídio. Para quebrar esse paradigma, surgiu o avião tripulado, que retomou a manobrabilidade para o campo de batalha. Hoje, um século após, o piloto está envolvido num paradigma semelhante. A guerra eletrônica cresce de tal maneira que os mais modernos aviões da atualidade não garantem o sucesso da missão, visto que suas ameaças evoluem na mesma proporção. Isso significa que retornar de um território fortemente defendido é tão incerto quanto se levantar de uma trincheira e sobreviver. Para desequilibrar essa balança em prol dos pilotos, os aviões são construídos com inúmeros sistemas de proteção que oneram por demais as aeronaves. Surge, então, o dilema: continuar investindo exclusivamente na corrida tecnológica, arcando com altos custos e incerta eficácia, ou adotar um novo conceito de Poder Aéreo, investindo em outros equipamentos de maior eficácia, mais baratos e seguros. A segunda opção d i z r e s p e i t o a o e m p r e g o d e U AV s –
Unmanned Aerial Vehicles (veículos aéreos não tripulados) – em substituição às aeronaves convencionais, uma alternativa que ganha cada vez mais adeptos nas modernas forças aéreas. Entretanto, para que se possa discorrer a respeito das vantagens dos sistemas não tripulados, é preciso compreender em que consiste esses veículos. Os UAVs não são apenas aeromodelos de controle remoto. Diferem também dos RPVs – Remotely Piloted Vehicles (veículos pilotados remotamente) - que se res-
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tringem a grandes aeromodelos ou aeronaves convencionais adaptadas ao vôo remoto para servirem de alvos e plataformas de reconhecimento. Por outro lado, os UAVs são veículos aéreos de projeto independente, controlados por computad o r, p o d e n d o s e r pré-programados p a r a v o a r e m u m a O Tenente Arthur Alexandre r o t a e s p e c í f i c a e Gentil Toneli é piloto de caça, interagirem a qual- concluiu o CFOAv em 1996 e quer momento com exerce atualmente a função de o piloto que se en- Chefe da Subseção de Cursos contra fora da aero- do Grupo de Instrução Tática e nave. C u m p r e m Especializada (GITE). Possui o missões de reconhe- Curso de Planejamento do Emcimento levando a prego de Armamento Aéreo do bordo s e n s o r e s COMGAR. eletro-óticos, infravermelhos e radares de abertura sintética. A partir de 2010, também cumprirão missões de ataque ao solo, com a den o m i n a ç ã o d e U AV s d e C o m b a t e o u UCAVs – Unmanned Combat Air Vehicles , materializados pelo projeto X-45 da Boeing (figura 1). Os UCAVs terão papel desde o primeiro dia de guerra, quando comporão um pacote de ataque executando missões de supressão de defesa. Em seguida as aeronaves tripuladas realizarão as missões de ataque convencionais, enquanto os UCAVs proverão contínua vigilância do campo de batalha com capacidade de reengajamento imediato para manter anuladas as defesas inimigas [4]. Para tanto, o sucesso de seu emprego repousa num confiável sistema de data link, capaz de resistir aos diversos tipos de interferência. O operador pilota a ae-
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Boeing X-45
ronave a partir de uma estação de controle no solo ou no ar, comunicando-se diretamente na linha de visada, ou indiretamente, através de retransmissão por outras aeronaves ou satélites. Essa concepção causa grande impacto numa cultura construída sobre a tradição de pilotos de combate, e conseqüentemente sua aceitação sofre inicialmente alguma resistência. Entretanto, suas vantagens no campo operacional, econômico e político eliminam os focos de rejeição. Logo de início, a remoção do piloto simplifica o projeto, aumentando o desempenho. As aeronaves modernas são grandes, pesadas e complexas devido aos sistemas de interface humana, como a aviônica da nacele, o assento ejetável e outros sistemas de suporte à vida. Eliminando-se essas necessidades, o UAV pode ser menor em cerca de 50%, mais leve em até 33% e mais aerodinâmico. Devido ao pequeno tamanho, o UAV oferece natural capacidade stealth e, por não necessitar de nacele, sua assinatura radar é atenuada ainda mais [4]. Além disso, a performance do avião não mais seria restrita às limitações fisiológicas, como a tolerância à carga G e a fadiga de uma missão prolongada, mas apenas, pela força de sua estrutura e autonomia de vôo. Um fato ilustrativo foi a realização do primeiro vôo entre os Estados Unidos e a Austrália, realizado em abril de 2001, pelo Global Hawk, um UAV de alta altitude que entrará em serviço em 2003. Essa aeronave percorreu 12000Km em 22 horas, sem
escala, uma proeza difícil de ser realizada por uma aeronave tripulada de apenas 44ft de comprimento. Além do grande alcance, a autonomia também permite que o UAV fique sobrevoando o campo de batalha por longo período de tempo, o que favorece as missões de reconhecimento, como pode ser observado na Bósnia. Antes do emprego do Predator, um UAV americano de média altitude (figura 2), o tempo entre o usuário fazer seu pedido de informação e a coleta ser realizada era de 72 horas. Com o veiculação de imagens quase em tempo real, o ciclo foi reduzido para 48 horas. Mas sua autonomia de 40 horas também permitia que, durante uma missão, o Predator fosse reengajado em outras tarefas, trazendo o ciclo de coleta para uma questão de segundos. A rapidez na veiculação das imagens permitia que os produtos fossem analisados e os alvos restantes abortados ou acrescentados enquanto a missão ainda estivesse voando [5]. Todas essas vantagens operacionais somam-se à simplicidade logística. Um sistema Predator completo, por exemplo, constitui-se de quatro aeronaves, um terminal de comunicação e disseminação de imagens e uma estação de controle no solo. Ocupa 5 C-130 e pode operar dentro de 6 horas após a chegada no sítio [2]. Aeronaves de projetos mais modernos, como o UCAV X-45, poderão ser estocadas por até 10 anos, após voltar de sua missão, e estar prontas para operar em uma hora [3]. Em época de pequeno orçamento, as forças aéreas precisam encontrar novos meios de reduzir suas necessidades de grande número de aviões. A solução adotada recentemente tem sido a de aumen-
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tar a sobrevivência das aeronaves tripuladas, através do uso de tratamento stealth e moderna aviônica. Entretanto, estes aspectos não são baratos. A média de preço de uma aeronave de combate na próxima década está projetada para ser de US$ 47,2 milhões contra US$ 34,3 milhões na década passada. Em contrapartida, o preço de um veículo não tripulado tende a diminuir com o natural barateamento dos processos de miniaturização [1]. Além disso, como esses veículos são controlados por operadores sentados em frente a computadores, não há necessidade de os pilotos treinarem constantemente para manterem suas habilidades psicomotoras. Eles podem sentar frente aos mesmos computadores e utilizar simuladores. Dessa forma, além de se economizar com o treinamento dos pilotos, os UCAVs voarão esporadicamente, reduzindo o custo de manutenção em até 80% [6]. Entretanto, a principal vantagem da utilização de aeronaves não tripuladas é o ato de salvar a vida dos pilotos em missões de alto risco. Mais do que uma sim-
ples questão humanitária, evitar que os pilotos sejam feitos prisioneiros é impedir a chantagem inimiga e os efeitos da propaganda negativa. Durante a O p e r a ç ã o Te m pestade no Deserto, foram derrubadas 38 aeronaves da Coalizão. Porém, apenas 7 missões de Combate-Sar foram acionadas, das quais somente 3 tiveram êxito [7]. Enquanto os pilotos conviviam com esse baixo índice, seus compatriotas assistiam às confissões dos prisioneiros pela televisão. Recentemente, quando o piloto de F16, Cap. Scott O’Grady foi derrubado em território inimigo na Bósnia, em 1995, os Estados Unidos viveram momentos de tensão até que uma perigosa missão de busca e salvamento trouxe-o de volta. Dois meses depois, um UAV Predator foi derrubado na mesma área, ao invés de outro piloto.
AERONAVE
A-1 *
Predator **
X-45 ***
CLASSIFICAÇÃO
Aeronave tripulada
UAV
UCAV
FUNÇÃO
Rec/ Ataque
Reconhecimento
Rec/ Ataque
COMPRIMENTO
44 ft
27 ft
27 ft
PESO MAX
27500 lb
2250 lb
11000 lb
CARGA
8350 lb
450 lb
3000 lb
ALCANCE
500/ 1000 Nm
500 Nm
500/ 1000 Nm
CUSTO
US$ 10 milhões
US$ 3,3 milhões
US$ 10 milhões
Predator
* dados obtidos em <http://www.fighter-planes.com>. Acesso em: 31 maio 2001. ** dados obtidos em “Will fighter pilots take a back seat?”. Defense News, Springfield, p. 18, March 12, 2001. *** dados obtidos em [3] e <http://www.abs.net/~maddock/LO/UCAVs/boeingUCAV.htm>. Acesso em: 31 maio 2001.
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Todas essas vantagens podem parecer muito futuristas por nossa Força Aérea, mas ficam claras quando a aeronave A-1 é comparada com o Predator e com o X-45 (ver tabela). Se uma missão de reconhecimento tático, realizada por uma aeronave A-1, fosse comparada com a mesma missão executada por um Predator, os resultados seriam diferentes. Operacionalmente, o A1 não cumpriria a missão se viesse a ser abatido após sobrevoar seu alvo, ao contrário do UAV que possui capacidade para transmitir informações em tempo real. Economicamente, o prejuízo pela perda seria três vezes maior do que seria com o Predator. E, politicamente, seria preciso acionar uma arriscada missão de Combate-SAR para não sofrer os efeitos já comentados. Por outro lado, se a missão fosse uma supressão de defesas, executada por um A-1 ao invés de um X-45, o resultado seria parecido com a análise anterior. O A1, por não possuir o tratamento stealth do X-45, teria maior probabilidade de ser abatido antes do lançamento de seu armamento, comprometendo o sucesso da missão. Nesse caso, o prejuízo pela perda de um A-1 ou X-45 seria o mesmo, mas as conseqüências decorrentes da perda do piloto seriam relevantes. Após um século de desenvolvimento da guerra aérea, a tecnologia trouxe o equilíbrio entre ataque e defesa, entrincheirando os pilotos na incerteza do sucesso da missão. Para reverter esse quadro, existem duas saídas. A primeira é continuar investindo nas aeronaves tripuladas, seguindo o ciclo vicioso da guerra eletrônica. E a segunda é romper esse paradigma, buscando, nas aeronaves não tripuladas, a melhor relação custo/ bene-
fício para se modernizar uma força aérea.
Referências [1] FINNEGAN, P.; HITCHENS, T. “UCAVs gain military currency”. Defense News, Springfield, p. 26, March 6, 2000. [2] HEWISH, M. ”Building a bird’s eye view of the battlefield”. Jane’s International Defense Review, Alexandria, v. n. 30, p. 55, February 1997. [3] JEFFERSON, O. “Boeing unveils UCAV”. Air Force Print News, San Antonio, September 28, 2000. Disponível em: <http://www.fas.org/ man/dod-101/sys/ac/docs/man-acucav-000928.htm>. Acesso em: 31 maio 2001. [4] PIKE, J. “X-45 Unmanned Combat Air Vehicle (UCAV)”. Federation of American Scientists, Washington, April 25, 2000. Disponível em: <http:// www.fas.org/man/dod-101/sys/ac/ ucav.htm>. Acesso em: 13 maio 2001. [5] LOK, J. J. “Sky-high surveillance realigns the battlefield”. Jane’s International Defense Review, Alexandria, v. n. 30, p. 58, September 1997. [6] “TAKING the pilot out of the cockpit”. USNews, Palm Coast, September 18, 2000. Disponível em: <http:// www.usnews.com/usnews/issue/ 000918/tank.b.htm>. Acesso em: 6 maio 2001. [7] UNITED STATES OF AMERICA. “Joint Tactics, Techniques, and Procedures for Combat Search and Rescue”. Joint Pub 3-50.21, Washington, p. I-3, March 23, 1998.
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Guerra Eletrônica na EEAR Antonio Carlos de Oliveira Filho – 2S BCO
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Guerra Eletrônica desponta no século XXI como a grande arma que as nações podem utilizar para a sua proteção. A soberania de cada uma dependerá de como elas atuarão no cenário mundial, gerenciando e executando ações dentro de um contexto que exigirá um emprego efetivo do seu poderio. Nesse aspecto, a segurança desponta como um fator de primordial importância, devendo ser garantida em todos os níveis, incluindo a própria formação do pessoal envolvido. Pertencemos a uma nação de apenas 500 anos, mas já devemos ser capazes de elaborar meios de resguardar a soberania nacional, pois os conflitos testam nossa capacidade de suportar as injustiças que interferem em nossa convivência pacífica. Somos, no entanto, um conjunto harmônico de Estados e Municípios pautado na soberania, na cidadania e na dignidade da pessoa humana, o que bem descreve a sociedade em um Estado Democrático de Direito1 . Porém, para que
ela seja construída sobre alicerces sólidos e fortes, há a necessidade de nos colocarmos em posição de constante vigília sobre os objetivos definidos para o bem comum (a manutenção da lei, dos poderes constitucionais, da ordem democrática e dos princípios inerentes à natureza humana2 ). Eis onde se insere a atuação importantíssima das Forças Armadas, mantendo os valores da Nação, sob a autoridade do Presidente da República. Em sua nobre missão, as Forças Armadas, em especial a Força Aérea Brasileira, necessitam se organizar para a consecução dos objetivos constitucionais, mantendo o esperado, correto, eficiente e permanente preparo operacional3 exigido para o emprego em cenários4 com tendência a desestabilizar, de algum modo, a ordem e a soberania, defendendo-as a todo custo. Entretanto, o que deve ser feito não pode esperar a ocorrência de um conflito para justificar o preparo da Força para o pronto emprego, devendo ser implantadas imediatamente, sob amplo planejamento, medi-
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das que viabilizem a sua atuação. De outro lado, a globalização, ao mesmo tempo em que trouxe conseqüências práticas para a vida diária de todos, trouxe também uma revisão em vários conceitos dos diversos campos de ação da tecnologia e do desenvolvimento científico, entre os quais certamente se encontram os próprios Cursos: CFS (EEAR): 1989, recursos usados nos domínios de cada nação para a so- C103 Operador de Telecomunilução de seus problemas. cações Aerotáticas (1º/1ºGCC): Aqui, como instrumento po- 1992, Curso Básico de Guerra deroso da atuação da Força, Eletrônica (GITE): 1998, Curso vemos a Guerra Eletrônica, Básico de Redes de Comunicavia indispensável hodierna ção de Dados (IPV): 2000. Atualmente, exerce a função ao planejamento dos parâmetros necessários à mo- de Instrutor da Subseção de Ensivimentação dos recursos bé- no de Comunicações da EEAR. licos e ao preparo para o efetivo emprego em ações que requeiram uma resposta eficiente. A Guerra Eletrônica reúne conceitos tecnológicos de alto nível, incentivando ainda mais a pesquisa e representando nitidamente a aplicação do conhecimento humano em ambientes hostis, buscando sempre a excelência nos resultados almejados. Nela visualizamos a aplicação de sistemas militares que têm funções específicas no teatro de operações, empregando táticas de operação indispensáveis ao aumento da capacidade de combate, onde reside a maior possibilidade da Força de se adiantar nos objetivos definidos em nossa Constituição. Os meios e recursos utilizados na Guerra Eletrônica têm em comum o fato de serem elementos importantíssimos na condução das atividades definidas em criterioso estudo, pois a ação precisa ter um tratamento especial face à sua aplicação no teatro de operações. As comunicações, a vigilância do espaço aéreo, o acompanhamento de prováveis situações ofensivas e a identifica-
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ção, por exemplo, são fatores que merecem atenção no trato das informações e dos procedimentos pertinentes, em razão da segurança nacional envolvida. Não há como promover tal atenção sem considerar a segurança de todo e qualquer ponto de tratamento das ações, sendo esse um dos aspectos mais importantes a ser considerado no sistema. A alimentação, o armazenamento, o emprego de tecnologias e de procedimentos que garantam o sigilo e a integridade5 das investidas realizadas e planejadas, possibilitando o adequado controle dos dados úteis às ações de Guerra Eletrônica, são cruciais na implementação e na manutenção da segurança em todos os níveis utilizados. Desse modo, devemos entender segurança como simplesmente a ação objetiva “de negar nossos segredos a outrem”6 , impedindo que o inimigo use informações a nosso respeito contra nós mesmos no desenrolar da guerra. Por isso, devemos reconhecer que, atualmente, “tudo o que uma nação faz interessa, de alguma forma, a outros”7 , tornando importante disseminar a mentalidade de segurança entre os executantes de alguma função no cenário eletromagnético, pois é no desrespeito aos princípios em que se fundamentam as suas ações que uma missão poderá fracassar. Trata-se de ter consciência das conseqüências de atos aparentemente despretensiosos, mas que servem de apoio a contra-ataques. Nesse quadro, cremos no preparo das pessoas envolvidas, em todo e qualquer nível de atuação, para enfrentar as situações hostis em condições de atender as diretrizes para a efetivação dos empreendimentos, tendo em vista principalmente o aspecto segurança. Nesse ínterim, visando adequar o contexto da Força Aérea Brasileira ao panorama militar apresentado por várias nações do mundo todo, o Comando da Aeronáutica implantou o Sistema de Guerra Eletrônica da Aeronáutica, propondo um modelo de sistema dentro dos padrões solicitados pelas ações da GE. O sistema permite o planeja-
mento, o gerenciamento e a execução das atividades de Guerra Eletrônica no âmbito da Aeronáutica, no intuito de imprimir maior poder de combate às organizações operacionais. Além disso, o sistema visa ao desenvolvimento dos meios humanos necessários ao desempenho de funções que exijam um padrão de eficiência condizente com a operacionalidade requerida em ambientes hostis. Atendendo à necessidade, o Departamento de Ensino da Aeronáutica, em coordenação com a Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo e com o Comando-Geral do Ar, adotando os princípios de condução das atividades de Guerra Eletrônica8 , implantou a disciplina de Guerra Eletrônica no currículo da Especialidade Comunicações da EEAR. A disciplina busca promover o desenvolvimento da mentalidade dos Alunos ainda em sua fase de formação militar9 , constituindo forte aliada ao estabelecer a conduta essencial no trato da Guerra Eletrônica em seus mais diversos aspectos. A idéia básica é apresentar os conceitos principais e suas aplicações, facilitando a inserção do elemento certo nas atividades e incentivando seu trabalho, diante da importância do tema. Pioneira nessa instrução desde 1994, com o PMAP, a Especialidade de Comunicações certamente alavancará a efetiva implantação da instrução de Guerra Eletrônica na Escola de Especialistas de Aeronáutica, estendendo os conceitos a um número mais significativo de militares e fomentando um contato mais aprofundado com tais atividades. Sua finalidade precípua será a de ampliar os horizontes de conhecimento dos especialistas, em especial, nesse momento, dos especialistas em Comunicações, preparando-os para um desempenho funcional adequado às necessidades do Comando, tendo em vista a tomada de consciência das atitudes convenientes que um operador ou um analista deve assumir quando utilizando de alguma forma o espectro eletromagnético.
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Enfim, cremos que, para uma boa perspectiva das ações da Guerra Eletrônica e dos sistemas correlatos, a formação de pessoal envolvido deverá, como está sendo feita, iniciar ainda no período escolar, aplicando principalmente os conceitos de segurança, pois nela se estruturam princípios utilizados na manutenção dos elos do sistema e na promoção dos requisitos indispensáveis ao emprego dos recursos bélicos, com o objetivo fundamental de defender a soberania nacional.
Notas 1 Art. 1º, inc. I, II e III, Constituição Federal. 2 cf Art. 142, caput, Constituição Federal.
3 cf Art. 7º, inc. I, Lei Complementar 69/91. 4 NSMA 500-1 Sistema de Guerra Eletrônica da Aeronáutica. 5 DMA 500-2 Estratégias de Guerra Eletrônica da Aeronáutica. 6 FMA 205-2 Mentalidade de Segurança. 7 Idem, Ibidem. 8 DMA 500-1 Diretrizes de Guerra Eletrônica da Aeronáutica. 9 Objetivo proposto pela DMA 500-2, visando alcançar todos os níveis educacionais de formação de pessoal especializado para a condução das atividades de GE.
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Conclusão
Referências bibliográficas
A Força Aérea Brasileira tem cada vez mais se preocupado com o gerenciamento de sua operacionalidade. Sob este enfoque, surge a grande importância do projeto SISGPO e de ferramentas capazes de auxiliar o processo decisório em todos os níveis no âmbito da atividade aérea no COMAER, sendo o DEA uma delas. A partir da análise DEA nos Esquadrões espera-se que seja possível determinar fatores como: grau de eficiência de emprego de cada piloto e do Esquadrão, melhor forma de treinamento a partir de um número fixo de horas de vôo, treinamentos específicos para cada piloto e avaliação do grau de homogeneização do Esquadrão.
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Revista “SPECTRUM” Objetivos e Diretrizes para Publicação
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