A SECRETARIA

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A SECRETARIA ato unico de Michela Marelli

Amplo salão. A direita um sofá com uma poltrona, na frente uma mesa baixa. Encostado na parede da esquerda; um balcão com um vaso de planta ornamental em cima. No fundo, uma grande biblioteca cheia de livros raros, ao lado uma porta dupla. No centro, um pouco mais à frente, uma escrivaninha presidencial com anexa mesa para a datilografa, sobre o qual está apoiada uma maquina de escrever modelo antigo. No chão, um amplo tapete. Nas paredes, quadros e esculturas, todos representando nus femininos. Não há janelas, nem outras portas. No centro da sala, no teto, um lustre, apagado. O abat-jour perto da poltrona e a lâmpada da escrivaninha estão acesas, mas a luz que realmente ilumina a sala, provém da porta dos fundos, que está aberta. Um homem, com um terno elegante, está sentado na penumbra, e não se consegue ver o seu rosto. Homem: Numero VR 48 I 1846. Entra uma mulher de uns trinta e cinco anos,olhos verdes, cabelos ruivos, "gostosa", vestida com um tailleur marrom. Com determinação caminha duas vezes, indo e voltando, no fundo da sala. Homem: uma outra vez , por favor. A mulher caminha de novo , indo e vindo. Homem: Tá bom, obrigada.Pode ir. Numero AL 44 S 1754. A mulher sai entra uma outra , uns trinta anos, olhos azuis , cabelos loiros, despachada, com um conjunto azul. Caminha indo e vindo, rebolando um pouco. Homem: Obrigada, pode ir. Numero AC 42 I 2133. A mulher sai entra uma outra muito mais jovem, olhos azuis, cabelos castanhos, pequena, com um tailleur cinza. Caminha indo e vindo è um pouco embaraçada. Homem: Bom. As imediatamente?

outras

podem

ir.

E'

disposta

a

começar


Mulher: Claro. A porta se fecha atrás dela, a sala fica na penumbra. Homem: Informo a senhora que não è possível sair daqui durante trabalho. Mulher: E' previsto no contrato; Homem: Em cima da escrivaninha tem uma copia; assine-a. A mulher se aproxima da escrivaninha e, ficando em pe na frente dessa, assina o contrato com a caneta que estava apoiada em cima do mesmo; Homem: (Esticando uma das mãos) A minha caneta. A mulher lhe da a caneta. Homem: Pode começar. Mulher: O que eu devo fazer? Homem: Caminhe. A mulher começa a caminhar. O homem desliga o abat-jour ao seu lado. Homem: Apaga a luz da escrivaninha. A mulher se aproxima da escrivaninha e apaga a luz. A sala fica completamente escura. Homem: Continua a caminhar. Mulher: Não vejo aonde ir. Homem: Quero sentir o som dos seus passos. Barulho de passos inseguros dela. Homem: Vai até a porta; Barulho de passos. A mulher abre a porta, entra uma faixa de luz. Homem: Não lhe disse para abrir. Mulher: Me desculpe. Fecha de novo a porta.


Homem: Venha aqui. A mulher tropeça e cai.: Homem: Não tinha visto o tapete? acende a luz ao seu lado.: Homem: Continue. A mulher se levanta e continua a caminhar. Homem: Então, senhorita... a mulher para e olha o homem. Homem: Não lhe disse para interromper. Mulher: Me desculpe. Retorna a caminhar. Homem: Ao lado da porta tem o interruptor do lustre, acenda-o por favor. Passando perto da porta a mulher para e aperta o interruptor, se acende o lampadário. A mulher se vira olhando para controlar. Homem: Ninguém lhe disse para parar. A mulher recomeça a caminhar com prontidão. Homem: O portamento è fundamental para uma secretaria. A mulher tenta melhorar a própria postura . Depois de poucos passos... Homem: Bom, pode ser suficiente. A mulher para. Silencio. Ele a encara. Ela abaixa o olhar. Mulher: Como me devo dirigir ao senhor, senhor? Homem: Assim esta bem. Mulher: Como o senhor quiser. Homem: Os seus encargos consistirão principalmente em estenografar e bater a maquina tudo aquilo que eu ditarei. Espero que seja muito rápida.


Mostra um canto da escrivaninha aonde tem um bloco e um lápis. O homem se levanta da poltrona e vai em direção à biblioteca, onde com cuidado, escolhe um volume antigo. Ela se aproxima da escrivaninha pega o bloco e o lápis. Olha ao redor, queria sentar-se no lugar anexo para datilografar, mas o homem antecipa. Homem: (Sem levantar a cabeça do livro que estava folhando) Pode ficar em pé.(Começa a ditar rapidamente sem se preocupar com o sentido ou com a pontuação.) Como merecimento da vossa ultima circular notificamos que o vosso pedido enviado para a nossa sede central de um quantitativo impreciso de objetos não determinados na qualidade sobre indicada , não chegaram nas nossas mãos logo não somos capazes de dar nenhuma noticia referente a sua evasão da parte da nossa empresa pedimo-lhes para refazê-lo com a mesma modalidade de modo que possamos comunicar-lhes a eventualidade da vossa atuação sobre a qual não temos no momento presente nenhuma certeza isso nos já lhe informamos na anterior resposta que mandamos ao vosso principal referente para nos desconhecido ao qual endereçaremos também essa nossa e outras sucessivas cartas que... Nisso se acomodara na escrivaninha, apoiando os cotovelas nas abas da cadeira de escritório e, com indolência, os pés na borda da escrivaninha. Folheia com decisão o volumo que segura com a esquerda. O barulho das paginas folheadas preenchem as breves pausas feitas para pegar fôlego, sai sem nenhum tipo de significado lógico. Mulher: Desculpe, nau consigo segui-lhe. O homem fecha bruscamente o livro fazendo em barulho seco, mas fora iso não faz um mínimo movimento, não muda nem a expressão Homem: Tire os anéis. A mulher executa: Além da aliança têm um no anular esquerdo, um no minguinho esquerdo e um no anular direito. São anéis simples, não muito grandes, tira todos menos a aliança. Homem: Todos. A mulher, com dificudade, tira também a aliança. Não sabe aonde apoiá-los. O homem tira os pés da escrivaninha, apóia o livro e se senta composto, tudo isso continuando a olhar fixo para a mulher. Homem: Coloque-os aqui. Indica com precisão um ponto na sua frente. A mulher coloca os exatamente ali se alongando sobre a escrivaninha. Sem nem mesmo esperar que ela se levante e pegue o bloco e o lápis, que tinha apoiado no canto, o homem recomeça a ditar ainda maio


rapidamente que antes. Enquanto isso batuca ininterruptamente na escrivaninha. Homem: Como merecimento da vossa ultima notificamos que o vosso pedido enviado para a nossa sede central de um quantitativo impreciso de objetos não determinados da qualidade acima indicada, não determinados da qualidade acima indicada, não chegaram nas nossas mãos logo não somos capazes de dar nenhuma noticia referente a sua evasão da parte da nossa empresa. Pedimolhes para refazê-lo de modo que possamos notificar-lhe a eventual possibilidade, a qual não temos, no momento atual, nenhuma certeza.... Mulher: (que tentou segui-lo) Desculpe... Homem: (O homem se interrompe. Olha-a. Batuca) Incomoda? Mulher: Sinceramente... Poderia por favor repetir a frase... Homem: Conseguiu escrever todo? Mulher: Estou tentando corrigir aquilo que escrevi primeiro. Homem: Lhe foi podido para estenografar, não corrigir. Pegue as folhas que escreveu. Destaque do bloco uma por uma. Rasgue. Na metade (batucando). Ainda na metade agora. (batucando) e agora ainda na metade. Mulher: (Executa. Quando tem na mão a 1° folha rasgada) Aonde posso jogar? Homem: Uma outra. A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade... Enquanto isso marca com o barulho dos dedos sobre a escrivaninha cada vez que diz metade, e na mesma hora ela rasga o folha: os dois barulhos quase se sobrepõem. Perseguida por ele a mulher deixar cair de vez em quando aos seus pés as folhas rasgadas. Quando todas as folhas estão rasgadas, o homem que age sempre naturalmente e com elegância, levanta-se e vai recolocar o livro no seu lugar, depois vai sentar-se na poltrona. Homem: Por favor caminhe. A mulher apoia o bloco sobre a escrivaninha e executa. Faz duas vezes o percurso ao longo da parede dos fundos. Homem: Uma recomendação: Nas toque os meus livros; São extremamente delicado e a disposição não é casual. Acho que è tudo. Recomeçamos.


A mulher volta paro o canto da escrivaninha e pega de novo o bloco e o lápis o homem começa imediatamente a ditar, lentamente, rachando as palavras, sem voz, quase falando a se mesmo. Homem: Como merecimento da vossa ultima notificamos que o vosso pedido enviado para a nossa sede central, de um impreciso quantitativo de objetas não determinados da qualidade indicada acima não chegaram nunca as nossas mãos por isso não somos capazes de dar a respeito a isso nenhuma noticia que resguarda a sua efetiva execução a cargo da nossa empresa. pedimo-lhe de repetir com a mesma modalidade... Mulher: (Escreve alguma cosa, depois se enche de coragem) Por favor poderia falar mais alto? Homem: Tinha pedido para ir mais devagar. A mulher faz um sorriso forçado Homem: Era uma piada na Homem: Mulher: acha engraçada? Mulher: Claro. (Tenta rir) O homem se levanta da poltrona, e dirige para a escrivaninha. A mulher desencosta para deixá-lo passar. Ele se senta composto na cadeira. Homem: Como merecimento da vossa ultima notificamos que o vosso pedido enviado para a nossa cede central por um impreciso quantitativo de objetas, não determinados da qualidade acima indicada, não chefão às nossas mãos; hão somos então capares de dar-le nenhuma noticia certa sobre a vossa efetiva evasão da parte da nossa empresa. Pedimo-lhes de repetir com a mesma modalidade, de modo que possamos comunicar-lhes a eventualidade da sua atuação, sobre a qual não temos no presente momento nenhuma certeza. iso lhes foi já informado na anterior resposta, enviada-lhes ao vosso principal remetente a nos desconhecido, ao qual endereçamos também essa nossa e as sucessivas outras que queremos enviar-lhes. Dessa vez dita lentamente respeitando e sinalizando a pontuação. Homem: Escreveu? Mulher: Sim, claro.


Homem: Rasgou as folhas de antes? Mulher: Não. Homem: Rasgue. A mulher procura uma folha no bloco, destaca e rasga. Homem: A metade, a metade, a metade. (pausa) Todos. Mulher: Eu escrevi só uma, não conseguia sentir. Homem: Também aquelas que escreveu agora. A mulher destaca uma por uma as folhas do bloco e rasga-lhe deixando cair os pedaços de papel. Homem: A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade. Uma outra. A metade, a metade, a metade. A metade, a metade, a metade. A metade, a metade, a metade... A mulher rasca todas as folhas e olhe pro chão. Homem: (indicando a maquina da escrever) Por favor. A mulher o olha com ar interrogativo. Homem: Bata essa carta a maquina. A mulher olha-o incerta e ele indica a maquina de escrever com jeito imperioso, mantendo porem a sua expressão angelical. A mulher senta-se no plano anexo. Deixa o bloco e o lápis a o lado da maquina de escrever. Depois de um momento de incerteza pega uma folha na primeira gaveta, arruma-o. Tenta repetir-se o texto da carta decór, è incerta, mas começa a bater a maquina aquilo que se rememora. E' uma maquina manual muito rumorosa. Homem: Está fazendo muito barulho. Mulher: Desculpe. (Tenta ser mais silenciosa) Homem: Ainda menos. A mulher se esforça para não fazer nenhuma barulho. O homem sentado na escrivaninha pega os anéis apoiados encima dessa e examina-os cuidadosamente, mas com destaque. Lê a incisa õ dentro da aliança: as faz saltar não mãos (?) fazendo.as ressoar. A mulher percebe o faz um gesto de desaprovação. (?) Homem: Acabou?


Mulher: Não, ainda não. Sobre a escrivaninha tem três cartas, o homem as examina com evidente satisfação, controla que envelopes estejam perfeitamente fechados. Homem: Uma coisa importante, não me abra a correspondência. E’ um prazer que não renunciarei nunca. Tira da gaveta da escrivaninha um punhal antigo, muito pontudo, olha-o com admiração. Homem: E’ um elemento / pedaço (?) do século XVII: uma misericórdia (?). Pega uma carta enfia a ponta do punhal no envelope, lentamente faz penetrar toda a lamina a depois com um só golpe, violento, rasga-a. A mulher se engessa, o homem extrai a folha, desdobra-o e come aquilo que está escrito sinalizando com o punhal. Depois dobra a carta na metade e corta em dois pedaços os sobrepõem, corta de não na metade e depois ainda metade, empilha os pedaços de papel em cima da escrivaninha: Pega o envelope rasgado relê o endereço e coloca numa gaveta do escrivaninha. Mulher: (Apresentando-lhe a folha sem levantar-se) Terminarei. Homem: (Olhando-a de longe) E’ inelegível: muito claro. Deve fazer mais pressão sobre as teclas, assim não da para fotocópia. Rasgue-a e refaça: A metade, a metade, a metade. A mulher rasga a folha, conseguindo segurar nas mãos todos os pedaços de papel que joga imediatamente no lixeiro ao lado do plano anexo; depois recomeça a escrever, mais devagar, exercitando am cada tecla uma pressão maior. Homem: Silenciosamente. A mulher consegue fazer menos barulho. O homem abre um segundo envelope. Escorre os olhos na carta, corta-a três vezes na metade, empilha ao pedaços em cima dos outros, pega todos e as enfia na misericórdia: Coloca o envelope na gaveta, depois, com o punhal na mão, se levanta e vai colocar-se atrás da mulher, de modo que pode ler aquilo que ela está escrevendo sobre os seus ombros. Enquanto isso arranca as foletos (?) um por um do punhal e os deixa cair a terra. A mulher acaba e lhe dà a folha. E lê nem chega a pegála. Homem: Errada, refaça. Mulher: Mais…


Homem: Refaça. A mulher pega a folha que tinha apoiado do lado da máquina de escrever rasga e joga no lixeiro. Homem: A metade, a metade, a metade. (Breve pausa) Aquele ai também. Mulher: Mas ainda não escrevi nada. O homem a olha. A mulher arranca afolha da máquina de escrever e a rasga. Homem: A metade, a metade, a metade. A mulher joga o papel no lixeiro, depois coloca uma nova folha na maquina e recomeça a escrever, enquanto o homem sentado na escrivaninha abre um terceiro envelope, lê a carta e com o punhal rasga-a três veres, empilha os pedacinhos de papel e guarda o envelope. Quando acaba (?LEI O LUI) a mulher se levanta vai na frente da escrivaninha e dá a folha ao homem. Homem: (sem ver) Tem ainda alguns erros. Por gentileza, reescrevaa. A mulher pega a carta e a rasga. Homem: A metade, a metade, a metade. Ao mesmo tempo de cada rasgada o homem deixa cair a misericórdia com parte do cabo perpendicular a escrivaninha, e retira-o com ponta antes de perder o equilíbrio. A mulher quando acaba de rasgar o folha, que desta vez segura nas mãos (?), para na frente da escrivaninha e olha o homem. Ele também a olha. Ficam alguns segundas fixando-se (?) nas olhos. No entanto, o homem manchem o estilete oscilando com o indicador direito apoiado sobre ponta, e depois, com um gesto rápido, continuando a fixar a mulher, empunha-o e com ímpeto golpeia no nada se levantando com um salto da cadeira. A mulher titubeia / se assusta mesmo se a direção do afundo não fosse a sua. Homem: Capaz de perfurar uma couraça e chegar direto no coarão. Mata sem deixar nem mesmo o tempo de dizer “Misericórdia” (?). E’ a isso que deve o seu nome. Enquanto isso (?), girando ao redor da escrivaninha, se aproxima da mulher e mostra-lhe o punhal. Homem: Olhe que ponta afiada, mais delicada que um alfinete.


Oferece-lhe o punhal. A mulher o pega com desajeitado embaraço. Mostra-lhe o seu indicador direito. Homem: Não se vê nada, mas ao contrario… (?) Aperta o dedo entre o polegar e o indicador da mão esquerda e sai sangue. A mulher olha-o com uma mistura de embaraço e de angustia. O homem como se nada fosso, tira o lenço do bolso e se enxuga, depois põem o lenço o lugar, sem ligar mais para mulher vai em direção ao móvel longo (balcão) na parede esquerda, o abre e tria um aquecedor uma caixa de leire a longa conservação, uma bandeja com um bule, duas xícaras. Jarrinha de leite, açucareiro,, colherinha coador de chá e uma outra bandeja cheia de caixas de chá. Abre a garrafa com um abridor que pegou numa gaveta do balcão da qual pagou também dois guardanapos e uma tesoura de cozinha. Derrama a água no aquecedor (?) e enfia a fio na tomada, abre com a tesoura a caixa de leite e mete na jarrinha. A mulher enquanto isso apóia o punhal sobre a escrivaninha, pega os pedaços de carta deixa dos pelo homem e joga no lixo junto com aqueles que tinha na mão, só então recomeça a escrever. Enquanto o homem está examinando (?) as diferentes caixa de chá, a mulher lhe apresenta uma nova folha. Ele se surpreende de encontrá-la atràas de si, pega a carta, dá uma olhadinha e devolve-a. Homem: Bom, faça duas cópias. Mulher: Onde está a maquina de xerox? (?) Homem: Não tem. Mulher: Como… Homem: Com a máquina de escrever. A mulher vira e com resignação vai ao plano anexo a escrivaninha. O homem continua olhando-a. Homem: A senhora prefere o que? A mulher, que já estava sentando, volta-se surpresa (?) pela sua pergunta direta. Homem: Que tipo de chá prefere? Mulher: Qualquer um tá bom. (?) A mulher se senta pega uma outra folha e recomeça a escrever. O homem espera que a água ferva, passeia no fundo da sala ao longo da biblioteca.


Homem: Então para a senhora, chá è tudo igual? Não consegue diferenciar nem mesmo, não digo o chá cines do indiano ou do Ceilão, mas os pretos dos verdes. Sabe que eles tem cores diferentes? Ou talvez nao sabia que existem os chá verdes. Provavelmente sabe muito menos que existem com sabores diferentes: o clássico Orange Pekoe, do sabor delicado e agradável; o Pense of Walesa, do gosto cheio e decisivo; o Lapsan Souchong levemente defumado; o Vintage Darjeeling que tem sabor de nozes e mel; o Darjeeling, levemente moscatel (?). Darjeeling è uma região situada no norte de Índia. O lugar da proveniência è extremamente importante. Freqüentemente chás diferentes são compostos com misturas no qual è possível acrescentar alguns aromas: se vai do clássico jasmim e bergamota a rosa canina e aos frutos silvestres, passando naturalmente pelo pêssego e o hortelã. Então qual desses pensa que prefere? Mulher: Eu gosto do Earl Grey. Homem: Aromatizado com essência de bergamota. Próprio para ser bebido de tarde. Quase banal. (?) A chaleira apita (?). O homem se aproxima e o apaga, derrama um pouco de água fervente no bule, esquentando-a depois a esvazia joga fora a água no vaso com planta, coloca cinco colherinhas de chá Earl Grey e derrama a água. Olha o relógio e recomeça a caminhar. Homem: Mas sobretudo para se fazer um bom chá, è necessário quatro minutas exatos de infusão. O tempo è um ingrediente fundamental da precisão. De todo mondo cada coisa não è nada além do que o tempo que se emprega para fazê-la. (Pausa) Como è que a senhora faz um chá? Com os saquinhos? Mulher: Sim. Homem: Colocada diretamente na panelinha que usou para ferver a água? Mulher: Sim. O homem caminha um pouco, depois olha novamente o relógio, retorno ao balcão e serve o chá nas duas xícaras filtrando com o coadorzinho. Homem: Leite ou açúcar? Mulher: Todos os dois. Homem: Como as crianças mimadas. Coloca o açúcar em uma xícara e o leite am todas as duas.


Homem: A sua xícara está aqui. Pode vir pegá-la quando tiver terminado. O homem pega a sua xícara, um guardanapo e vai sentar-se no sofá, apóia o guardanapo no joelho, mexe o seu chá e toma com gosto. Depois se enxuga a boca e apóia xícara, colherinha e guardanapo ma mesinha. Se deita no sofá. A mulher continua a bater máquina. Homem: Procure fazer menos barulho, esta repousando. A mulher lhe traz as três cópias da carta, que ele nem mesmo pega. Faz um sinal de consenso, com a mão. Boceja e não dá a mínima para ela. Mulher: E’ uma pausa? Homem: Não tem pausa. Mulher: O quê que eu devo fazer? Homem: Coloque-as no envelope e remeta-as. Mulher: Qual è o endereço? Homem: Lhe ditei antes: remetente desconhecido. Mostre-me-as mais uma vez. Se levanta com um salto ágil, pega as cartas e vai pare a escrivaninha. Re-lê todas com atenção. Tira a caneta do bolso e sobre carta uma faz um sinal diferente. Devolve à mulher que enquanto isso se aproxima. Homem: Refaça-as corretamente. Mulher: As correções, podem ser feitas em todas as três copias? (?) Homem: Claro que não. (Pausa) Rasgue-as. A mulher se dirige a máquina de escrever. Homem: Eu disse para rasgar aquelas cartas. Mulher: Mas, eu ainda não li as correções. Homem: A metade, a metade,e depois ainda a metade. A metade, a metade, a metade. A metade, a metade, a metade. A mulher rasga as folhas e os joga no lixeiro. Algumas pedaços caem das suas mãos. Ela se abaixa, recolhe, recolhe também aquele que o


homem tinha deixado cair rasgando-lhe com o punhal. O homem percebe, tem uma reação de surpresa. (?) Homem: Sim, os outros também. (Mostras os pedaços de papel que ficaram no chão na frente da escrivaninha.) A mulher pega o lixeiro e recolhe todo. Homem: Reescreva a carta. A mulher coloca o lixeiro no lugar, senta-se, pega uma outra folha na gaveta, ajusta e recomeça a bater a máquina. A porta do fundo se abre, como no começo entra uma forte luz que porem durante a cena seguinte se enfraquece muito lentamente até apagarem- se. Homem: Por hoje è só, pode ir. Mulher: Acabo essa carta. O homem retorna a deitar-se no sofá. A mulher acaba de bater a máquina e lhe apresenta as folhas. O homem nem sequer olha. Homem: Está bem, coloque-as no envelope, não esqueça de fechar bem. E depois pode ir. O homem apaga o abat-jour e se gira do outro lado. A mulher retorna ao seu lugar pega um envelope na gaveta do plano anexo e dobra com cuidado a folha uma só vez, mas percebe que tem qualquer coisa de errado, Re-lê a carta. Rasga-a meticulosamente três vezes pela metade com um gesto solene e automático. Com o barulho da folha rasgada o homem se vira. Mulher: Tinha um erro de pontuação. A mulher joga a carta no lixo, senta-se na frente da maquina de escrever pega una folha nova e recomeça a bater nas teclas num modo um pouco mais rumoroso que antes. Acaba a carta, a apresenta ao homem, que se sentando no sofá começa a ler atentamente. Homem: Perfeita, coloque-a no envelope e deixe-a em cima da escrivaninha. A mulher pega de novo a carta. Mulher: Primeiro devo fazer duas copias. Volta a maquina de escrever e recomeça a bater nas teclas sempre mais e mais alto. O homem se levanta, pega um livro ao acaso na biblioteca senta-se na poltrona, folheia-o, tenta ler, mas seu olhar cai sempre na mulher, atarefada ao ponto que parece que ela não o percebe. Rapidamente as duas cópias são apoiada ao lado da


máquina de escrever. Quando a mulher extrai a ultima folha, o homem se levanta aliviado deixando o livro ma mesinha. Pega as folhas e olha-as rapidamente. Homem: Está ótimo. Obrigada. Até mais. Volta as costas à mulher levando embora as três folhas. Mulher: Devo colocá-las no envelope. Estica a mão ma direção do homem. O homem lhe dá as cartas e fica de pé olhando-a. A mulher rele-as. Abre a primeira gaveta, tira um lápis e corrige as cartas. Depois as rasga uma por uma, três veres cada uma. Os pedaços de papel caem diretamente no lixeiro. Homem: Eram ótimas. Mulher: Não eram perfeitas. (?) Introduz uma nova folha na maquina e recomeça a bater as teclas com um barulho que cresce cada vez mais. O homem vai do balcão para tomar uma outra xícara de chá, levanta o bule, mas deve retornar na mesinha para pegar a xícara. Quando o derrama mão obstante o coados se respinga. Se limpa com o guardanapo. Está indo sentar, porem se esquecer do leite. Volta ao balcão, se serve e volta de novo para sentar-se. Arruma o guardanapo quer mexer o chá mas a colherinha fica em cima do balcão, vai pegà-la. Volta para o sofá, senta-se, arruma o guardanapo, pega o chá, mexe, deve começar a tomá-lo, quando a mulher acaba a terceira folha e a extrai da maquina de escrever. Ele se levanta em um salto para alcançá-la, o guardanapo cai no chão, a xícara consegui apoiá-la na mesinha, mas não chega em in tempo. Ela rasga rápido, tre vezes na metade a carta apenas terminada, sem nem mesmo dar uma olhada. Mulher: Talvez fosse melhor se me ditasse outra vez. O homem se deixa cair na cadeira, fixa a porta aberta. A mulher pega de novo o bloco e o lápis e se coloca em pé na frente dele. O homem começa a ditar, lentamente, com voz baixa, cansada; de vez em quando parece que faz um esforço de memória. Homem: Como merecimento da vossa ultima carta, notificamos que o vosso pedido mandato para quantitativo de objetos da qualidade indicada acima, não chegaram nas nossas mãos. Por isso não somos capazes de dar-lhes nenhuma noticia sobre a efetiva evasão da parte da nossa empresa. Pedimo-lhes para refazê-lo de modo que possamos comunicar-lhes a eventualidade da vossa atuação, sobre a qual não temos nenhuma certeza. Isso nos já lhe informamos na anterior resposta que mandamos ao vosso principal remetente a nos desconhecido, ao qual endereçaremos também essa nossa e as outras sucessivas cartas que queremos enviar-lhes.


Assim que acaba, a mulher arranca uma por uma as folhas do bloco e rasga-as tres veres a metade, deixando cair os pedaços. Depois se abaixa para recolhê-los e joga-os no lixeiro perto do plano anexo. No qual se senta de novo e, enfiando una folha na maquina, recomeça a bater energicamente sobre as teclas, fazendo um barulho sempre mais forte; ensurdecedor, cada vez mais irritante e angustiante. O homem continua sentado, os pés apoiados na terra na sua frente, as mãos agarradas nas abas. Parece um condenado na cadeira elétrica. Fecha os olhos e escuta os barulhos. Somente o barulho de arrancar a folha de máquina que causa uma contração nervosa. Rapidamente as três folhas se empilham do lado da maquina. Porém assim que acaba, ela as rasga com o mesmo gesto, diretamente no lixeiro. O homem se gira para olhá-la, mas ela parece perceber nada. Recomeça logo a escrever, num dilúvio martelante de teclas batidas com uma energia raivosa. Quando extrai a terceira folha da maquina ele se levante, com um frágil salto, um movimento rápido mas sem vigor, e olha para ela suplicante. Mulher: Sim, pode ser… De mais a mais a perfeçãõ na è coisa dessa terra. O homem se deixa cair na cadeira, abaixa a cabeça e alonga as perras completamente relaxado, sem força nenhuma. A mulher dobra rapidamente as três folhas e as enfia in outras três envelopes, que fecha lambendo-os meticulosamente. Mulher: Me dê a caneta. O homem tira a caneta do bolso e alongando-se lhe dá. A mulher escreve alguma coisa em cima dos três envelopes. Apóia a caneta no lado da maquina da escrever. Levanta-se, vai no frente da escrivaninha e com a mão esquerda apresenta as três cartas abertas como um leque ao homem, com a direita pega o punhal e lhe oferece. Segura-o na ponta, com una despudorada habilidade. (?) Mulher: Estão prontas. Homem: Abra a senhora. Mulher: O senhor è quem fará amanhã. (?) A mulher se inclina sobre a escrivaninha, apóia as cartas as apóia em cima da (?) misericórdia e pega os seus anéis, com calma os coloca (?). Primeiro os lustra na manga do blazer. A aliança limpa até mesmo o lado ed dentro com o dedo. Vai até o balcão, mexe o seu chá, bebe-o, deixa a xícara ali, limpa a boca com o guardanapo. Vê o livro em cima de mesinha, pega-o e o coloca em seu lugar.


Mulher: AtĂŠ a manhĂŁ. Antes de sair aperta o interruptor do lustre e a sala fica no escuro. FIM


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