FALAÇÃO & CANTORIA de ANTONIO BIVAR ATO ÚNICO EM QUATRO CENAS SINOPSE Época atual (primeiros anos do século XXI). O cenário é uma praça. Dois bancos separados a uma certa distância. A praça é uma metáfora. Os personagens, aparentemente, são pessoas convencionais que a freqüentam ou passam por ela. Idades variadas – um casal de velhos, uma mulher de meia-idade, dois jovens e um menino. A princípio parece que essas pessoas falam sozinhas; no decorrer, dialogam; no mais, se adivinham, se descobrem, se entendem, se desentendem, se ajudam, se atrapalham, filosofam, conflituam, tagarelam. Às vezes cantam. O resultado é uma comédia atual, feita para divertir.
PERSONAGENS (POR ORDEM DE ENTRADA NA PRAÇA) O CARA A PIN UP A VELHA O MENINO A BEATA O MENDIGO (FIGURAÇÃO) O VELHO
CENA 1 MANHÃ DE UM DIA QUALQUER DE VERÃO. A PRAÇA ESTÁ VAZIA. NOTAM-SE ALGUMAS (POUCAS) SUJEIRAS: PAPEL AMASSADO, GARRAFAS PLÁSTICAS VAZIAS, COPINHO DE SORVETE. CARA (ENTRANDO. CARREGA ALGUNS LIVROS): Eu podia ir pra casa. Ler. Mas lá deve estar tão chato quanto aqui. E tá um puta calor. Em casa gosto de ficar pelado. No calor todo artista gosta de ficar pelado. Mas construíram um edifício bem na cara. Não dá mais pra ficar pelado. Se às vezes esqueço e fico, todo mundo pensa que sou exibicionista e que tô coçando o saco pra me exibir para eles. De fundo, de frente, janela e sacada, já deu pra tirar o mapa da vizinhança. É a garota clorofila, é o casal de velhos, é a solteirona evangélica e peituda – nem sei se ela é evangélica, ela tem cara de evangélica, se veste como evangélica, mas os peitões não têm nada de evangélicos. E ela tem um nariz de “cheira-peido” que vou te contá. Tem um desprezo por esta geografia, que não tá no Atlas. (PEQUENA PAUSA) Pô, não dá mais pra ficar
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