1 ACERCA DO TEATRO ESTUDANTIL E O FESTIVAIS ESTUDANTIS1 Joaquim Gama2
Este texto é fruto das reflexões instauradas no 1º Colóquio sobre Teatro Estudantil, realizado na Universidade de Sorocaba, no campus Raposo Tavares, no dia 18 de setembro de 2007, sob a curadoria da Profa. Dra. Ingrid Dormien Koudela, envolvendo a participação dos alunos do curso de licenciatura de Teatro/Arte Educação, professores da universidade citada e as presenças de artistas integrantes do 6° Festival Estudantil SESI de Teatro – Sorocaba. O trabalho tem o objetivo de registrar idéias e reflexões surgidas durante o Colóquio e propor ações de âmbito artístico-pedagógico que possibilitem ao leitor pensar a importância do teatro estudantil, dos festivais de teatro estudantil e nas suas possíveis formas organizacionais. As questões levantadas que conduzem esta reflexão são: Como pode se dar a formação dos atores no teatro estudantil? A instrumentalização do teatro na escola, muitas vezes, sem o conhecimento pedagógico do fazer artístico, é presente também no teatro estudantil? Em que universo está circunscrito do teatro estudantil? Na perspectiva da última questão, Ingrid Koudela abriu o evento apontando as diferenças entre o teatro feito para as crianças e o Teatro Estudantil, que é também possui diferenças com relação ao Teatro Amador. Em geral, a denominação Teatro Amador sempre causou polêmica. Alguns autores consideram tal nomenclatura pejorativa ao trabalho de artistas que labutam sobre diversas dificuldades financeiras, que realizam suas propostas cênicas à custa da boa vontade e do trabalho intenso dos participantes do grupo. Muitas vezes, tal denominação traz a idéia de uma produção de baixa qualidade artística. O que nem sempre é verdade. Sabemos que muitos dos atores profissionais são oriundos do movimento de Teatro Amador e conseguiram se destacar justamente pelas suas capacidades de experimentação e criação artística. Para Paschoal Carlos Magno, “(...) um teatro só é autêntico quando revela ou leva à cena os autores de seu país, quando descobre, compara ou estimula os talentos novos e os jovens. Daí a importância do teatro amador” (In: FAYA, 2005, p. 177). Se por um lado a utilização do termo amador, atrelado ao teatro, sempre foi acompanhado de juízos de valores preconceituosos e depreciativos, não podemos perder de vista que o Teatro Amador, principalmente por intermédio dos festivais, tiveram e têm a tarefa de propor, reinventar e criar novas combinações cênicas que não só trazem um frescor para o fazer teatral, como também realimentam as companhias profissionais. É possível afirmar que o Teatro Amador configura-se como um laboratório de experiência e investigação teatral. Isso possibilita também aos profissionais do teatro lançar mão de propostas que já tenham sido experimentadas e colocadas à prova do público. O fato de não terem compromissos financeiros com uma produção e de trabalharem sob a égide das diversidades, os grupos amadores têm justamente um campo propício para investir na experimentação teatral. O Teatro Amador traz consigo uma maior liberdade de ação artística, muito provavelmente, pelos atores não viverem profissionalmente do teatro. O Teatro Estudantil traz consigo as mesmas possibilidades
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Texto publicado na revista Urdimento, UDESC, nº 10, http://www.ceart.udesc.br/ppgt/urdimento/. Coordenador Pedagógico da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Professor convidado da ECA/USP. 2