Jornal Sporting n.º 3783

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2020/2021

O REGRESSO DO LEÃO FUNDADO EM 31 MARÇO 1922 • N.º 3783 • QUINTA-FEIRA, 20 AGOSTO 2020 • SPORTING.PT • QUINZENAL • ANO 98 • 1€ (IVA INCLUÍDO) • DIRECTOR: ANDRÉ BERNARDO

O MAIS ANTIGO JORNAL DE CLUBE DO MUNDO


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EDITORIAL

VIRAR DE PÁGINA… André Bernardo

… aos últimos 38 anos no futebol é o que todos os Sportinguistas querem e, obviamente, no imediato, ao quarto lugar da época passada.

No mercado de Inverno de 2018/2019 saíram 28 jogadores, dez definitivamente, 18 temporariamente, e entraram sete jogadores pelo valor de 12,3 M€.

A questão de sempre é: como?

No mercado de Verão de 2019/2020 contrataram-se cinco jogadores (incluindo Neto a custo zero e Vietto) pelo valor de 20,5 M€ (13 + 7,5), e entraram mais três jogadores por empréstimo. Saíram 46 no total, 27 de forma definitiva e 19 temporariamente.

Podemos alterar somente a capa do livro e persistir em tentar escrever direito por linhas tortas ou então alterar o paradigma e iniciar um novo capítulo com páginas de linhas direitas.

LINHAS DIREITAS A pré-época de 2020/2021 vai arrancar no futebol com nove jogadores da formação com uma média de idades inferior a 21 anos. No total do plantel a massa salarial será aproximadamente 18 M€/ano menor relativamente a Setembro de 2018. O ano de 2020 marcará também o regresso da equipa B, após a desistência de há duas épocas em consequência da despromoção para o terceiro escalão do futebol português. Foi assim que há dois anos nos propusemos, entre outras coisas, a iniciar um novo capítulo com base na formação (não apenas no futebol), calibrado por contratações dentro dos limites que permitam ao Clube assegurar competitividade mantendo uma estrutura de custos sustentável a médio e longo prazo. A dose que equilibra o modelo pode variar ao longo do tempo e conforme o contexto, mas o modelo não só está definido, como está a ser executado. E dois anos passados estamos mais perto do rumo que definimos e de ter as linhas direitas.

ESCREVER DIREITO

No último mercado de Inverno contratou-se apenas Šporar por 6 M€, vendeu-se Bruno Fernandes e emprestámos cinco jogadores. As análises não devem ser estritamente resultadistas, mas, em resumo das duas épocas pós-invasão a Alcochete, o Sporting CP ganhou no futebol a Taça da Liga e a Taça de Portugal no mesmo ano, feito inédito e que selou a melhor época dos últimos 17 anos e obteve um terceiro e quarto lugares de classificação na Liga NOS. O objectivo cada ano é, e será sempre, melhorar relativamente ao ano anterior e entrar em cada jogo para ganhar. E, portanto, na última época queríamos ter escrito mais direito nas linhas ainda tortas. Porém, demos passos fundamentais para endireitar as linhas com a subida de jovens talentos da formação à equipa sénior, a contratação de um treinador e de avanços positivos na consolidação financeira. Quanto ao último, a recuperação de credibilidade financeira está a ser crucial em momento pandémico e crítica na abordagem ao actual mercado de transferências, muito atípico.

ARRANCAR PÁGINAS Não podemos arrancar as páginas dos últimos 18 anos, nem as de Alcochete em 2018, nem as da COVID-19. Na minha opinião nem devemos. É preciso olhar para elas com boa memória para nos relembrar dos resultados que, por razões diversas, essas narrativas trouxeram, e do contexto e condicionantes que continuamos a enfrentar.

Linhas direitas é a base para escrever direito, mas não o garante por si só. Tal como o volume de investimento é uma condição necessária para assegurar competitividade com os nossos rivais, embora não suficiente. As evidências mostram com clareza que existe um denominador comum entre os clubes que lideram as principais ligas europeias e que é o fosso financeiro que separa estes clubes versus os seus rivais. Depois há quem invista de forma mais eficiente que os demais.

Apesar disso, e da ausência na Champions League, já conseguimos contratar os principais targets que tínhamos definido, mantendo-nos em cumprimento com o fair play financeiro.

No que diz respeito ao investimento do Sporting CP nas últimas três janelas de transferências, até porque mais uma vez a criatividade prolifera, gastámos 31,3 M€ em 11 contratações, mais 7,5 M€ por Vietto (no âmbito do acordo por Gelson de 30 M€). O Clube registou 80 saídas de jogadores (algumas são renovações), 38 definitivas e 42 temporárias.

Iniciamos a pré-epoca com os seguintes jogadores made in Sporting CP: Joelson Fernandes (17 anos), Tiago Tomás (18), Nuno Mendes (18), Gonçalo Inácio (18), Eduardo Quaresma (18), Daniel Bragança (18), Rodrigo Fernandes (19), Luís Maximiano (21), Jovane Cabral (22).

Estratégia fundamental para a já referida redução dos custos estruturais com a massa salarial.

A credibilidade demora muito a construir, mas muito pouco a ser destruída.

ÉPOCA NOVA, NOVA PÁGINA

E contamos com as seguintes novas inclusões: Pedro Porro (20), Antunes (33), Pedro Gonçalves (22), Feddal (30). To be continued…

PROPRIEDADE: SPORTING CLUBE DE PORTUGAL DIRECTOR: ANDRÉ BERNARDO COORDENADOR EXECUTIVO: VÍTOR FRIAS || VRFRIAS@SPORTING.PT REDACÇÃO: LUÍS SANTOS CASTELO || LSCASTELO@SPORTING.PT; MARIA GOMES DE ANDRADE || MGANDRADE@SPORTING.PT; PEDRO FERREIRA || PSFERREIRA@ SPORTING.PT FOTOGRAFIA: JOSÉ LORVÃO; MÁRIO VASA; PEDRO ZENKL COLABORADORES PERMANENTES: JUVENAL CARVALHO; PEDRO ALMEIDA CABRAL; TITO ARANTES FONTES AGENDA E RESULTADOS: JOÃO TORRES || JBTORRES@SPORTING.PT EDITOR E SEDE DA REDACÇÃO: ESTÁDIO DE ALVALADE, RUA PROFESSOR FERNANDO DA FONSECA, APARTADO 4120, 1501-806 LISBOA, PORTUGAL TELEFONE: +351 217 516 155 E-MAIL: MEDIA@SPORTING.PT NIF: 500 766 630 REGISTO ERC: 100313 TIRAGEM: 9500 EXEMPLARES DEPÓSITO LEGAL: 48492/91 DISTRIBUIÇÃO: VASP, QUINTA DO GRAJAL – VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM IMPRESSÃO: WGROUP ESTRADA DE SÃO MARCOS, Nº 27, 2735-521 AGUALVA CACÉM ESTATUTO EDITORIAL: HTTPS://WWW.SPORTING.PT/PT/JORNAL/ESTATUTO-EDITORIAL ASSINATURAS: E-MAIL: ASSINATURAJORNAL@SPORTING.PT LINHA SPORTING 707 20 44 44 INTERNACIONAL +351 30 997 1906 (segunda a sexta-feira das 10h00 às 20h00)


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FUTEBOL

1951

LENDAS DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

Nascido a 5 de Junho de 1951, Manuel José Tavares Fernandes chegou ao Sporting CP na temporada 1975/1976, proveniente da CUF, actual GD Fabril, tornando-se num dos mais brilhantes jogadores dos 114 anos de história do Clube. Ao longo das 12 temporadas em que vestiu de verde e branco, até 1987, somou 260 golos em 441 jogos, números que fazem dele o segundo melhor marcador de sempre do Sporting CP, logo atrás de Peyroteo. Como jogador, conta no currículo com dois Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e uma Supertaça, tendo ainda vencido uma Bola de Prata em 1985/1986 (30 golos), prémio atribuído ao melhor marcador do Campeonato.


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MANUEL

FERNANDES

Texto: Pedro Ferreira Fotografia: Museu Sporting - Centro de Documentação

Manuel Fernandes no seu jogo de estreia com a camisola do Sporting CP frente à AA Coimbra

Recordado como um dos melhores jogadores da história do Sporting CP, Manuel Fernandes estreou-se de Leão ao peito há 45 anos, num jogo em que foi figura de destaque ao assinar um bis diante da AA Coimbra. Tudo aconteceu no dia 27 de Agosto de 1975 – faz 45 anos na próxima quinta-feira – quando o conjunto de Alvalade defrontou os estudantes num encontro de cariz particular em que Manuel Fernandes, então com 24 anos, marcou dois golos, oferecendo o triunfo ao Sporting CP por 5-3. O lote dos marcadores dessa partida ficou completo depois de Baltasar e Marinho também fazerem o gosto ao pé, num jogo que serviu de apresentação aos adeptos verdes e brancos tendo em vista a temporada que começaria cerca de duas semanas depois. “Não mais me vou esquecer da estreia. Usei a camisola nove e marquei dois golos! Depois, estive alguns jogos sem marcar e começaram a duvidar de mim. Mas voltei aos golos frente ao Sliema Wanderers FC, para a Taça UEFA, e já não parei”, recordou, em 2015, ao jornal Record. Se olharmos para as estatísticas relativas à primeira época do “eterno capitão”, é fácil concluir que Manuel Fernandes teve um papel fulcral na manobra ofensiva da equipa, apontando 26 dos 53 golos da equipa no

Campeonato Nacional desse ano, ou seja, quase metade do total. Além disso, foi também o segundo jogador mais utilizado pelo técnico Juca, tendo estado presente em 37 dos 40 jogos disputados pelo Sporting CP, número superado apenas por Samuel Fraguito, que somou mais uma partida. Em 1977/1978, já depois de ter rumado aos Estados Unidos da América para uma breve experiência ao serviço do Rochester Lancers – país onde regressaria, em 1979, para representar os New England Tea Men, juntamente com Salif Keïta – Manuel Fernandes passou a formar dupla com Rui Jordão, dando início a uma parceria que criou muitos problemas aos adversários e que tinha um objectivo bem definido: marcar golos. Ainda assim, seria apenas em 1985/1986, na sua penúltima época em Alvalade, que conquistaria a sua primeira e única Bola de Prata da carreira ao marcar 30 golos no Campeonato Nacional, mais cinco do que o segundo, o vimaranense Paulinho Cascavel, e mais dez (!) do que Fernando Gomes, do FC Porto. Na temporada seguinte, a última em que envergou a braçadeira de capitão, foi figura maior no triunfo sobre o SL Benfica por 7-1, apontando quatro golos e oferecendo aos Leões a maior vitória de sempre em jogos

oficiais sobre o rival da segunda circular. Apesar do papel fundamental que desempenhou na equipa ao longo de mais de uma década, o avançado Leonino acabaria por pendurar as chuteiras no Vitória FC, ao lado de antigos colegas como Ferenc Mészáros e Rui Jordão, e orientado por Malcolm Allison, técnico que o tinha dirigido em Alvalade. Mais tarde, já no papel de treinador, regressou ao Sporting CP, em 1992, para ser adjunto de Bobby Robson, tendo sido ele a recomendar José Mourinho ao treinador inglês. Acabaria por sair na época seguinte, após a entrada de Carlos Queiroz, mas essa não foi a sua última experiência no Clube do coração. Em Janeiro de 2001, voltou novamente a casa para assumir, pela primeira vez, a liderança da equipa principal, tendo terminado essa época com a conquista da Supertaça, frente ao FC Porto, o último troféu que conquistou no seu brilhante e memorável percurso desportivo. Já em 2011, depois do fim da carreira como treinador, passou a ser o responsável pelo projecto do regresso da equipa B, mantendo-se em funções até 2013. Quatro anos depois, em 2015, assumiu a chefia do departamento de prospecção, cargo que foi substituído pelo de embaixador do Clube em 2018. Depois de tantos regressos, é caso para dizer que o bom filho à casa torna, ditado que, neste caso, encaixa na perfeição. Ao fim de 45 anos, seja em que função for, Manuel Fernandes continua a vestir de verde e branco, prova viva de que o esforço, a dedicação, a devoção e a glória compensam.

O avançado recebeu a Bola de Prata pelos 30 golos marcados no Campeonato de 1985/1986


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FUTEBOL ANÁLISE

O RENOVAR DA PAIXÃO

Rodrigo Pais de Almeida

O recomeço dos trabalhos da equipa profissional de futebol é sempre um momento de renovação da paixão que época após época nos leva ao Estádio José Alvalade e pelos quatro cantos do mundo a acompanhar o Sporting Clube de Portugal. É um momento em que a esperança renasce no reino do Leão independentemente do que foram as épocas anteriores (e já lá vão 18 épocas sem conhecer o sabor de um título de campeão nacional). É o tempo de acreditar na qualidade do plantel, de quem o orienta, de quem o dirige, de quem o apoia e de suportar incondicionalmente o esforço, dedicação e a devoção que esperamos que no final da temporada nos leve à tão ambicionada glória. A época começou oficialmente na passada segunda-feira e para já o plantel conta com algumas novidades. Sublinho o fio condutor que me parece estar subjacente à construção do mesmo: mesclar o infindável esquadrão de qualidade “made in Academia” com jogadores experientes que acrescentem opções no jogo/ treino para fazer evoluir os primeiros permitindo alcançar os objectivos de performance da equipa. O final da janela de transferências ainda está longe devido à pandemia, pelo que ainda existirão seguramente alguns ajustes, mas gostava de destacar as

cinco das novidades neste regresso ao trabalho. As chegadas de Pedro Porro e de Antunes vão trazer maior competitividade e profundidade aos corredores da equipa. Na proposta de jogo de Rúben Amorim para este novo Sporting CP, a importância dos laterais não se restringe ao momento defensivo e tornava-se imperioso o reforço com jogadores rápidos e com capacidade de carregarem os jogos pelas laterais até ao último terço do campo. O empréstimo do jovem internacional espanhol por duas épocas irá permitir continuar a sua evolução enquanto jogador num contexto competitivo que lhe possa permitir regressar a breve trecho às selecções de nuestros hermanos. Jogador de amplos recursos técnicos, veloz e com capacidade para encher o corredor, foram estas as características que levaram o Manchester City a investir dez milhões de euros no seu passe (quando tinha apenas 19 anos) e que terá nestas duas épocas em Portugal a oportunidade de se afirmar definitivamente no panorama do futebol mundial. A chegada do internacional português enquadra-se numa perspectiva de negócio de oportunidade por um lado, porque se encontrava sem contrato o que facilita a negociação, e por outro porque a sua elevada experiência trará à equipa um conhecimento do jogo superior, uma versatilidade e polivalência numa defesa a três ou a cinco, transmitindo a jovens como Gonçalo Inácio, mas sobretudo a Nuno Mendes ainda mais suporte e espaço para o seu crescimento enquanto jovens jogadores. O internacional marroquino Feddal foi o escolhido para reforçar a defesa com um central canhoto. Tem a

enorme responsabilidade de substituir Jérémy Mathieu, o que se revela uma tarefa hercúlea, mas em tudo no seu percurso como profissional de futebol parece talhado para o fazer com sucesso. Tal como o internacional francês, é um jogador que jogando como defesa-central já actuou confortavelmente como defesa-lateral esquerdo o que é revelador de um jogador rápido e com capacidade técnica acima do comum que lhe garante alguns pontos acima dos demais no momento de construção de jogo ofensivo (e já vão três características idênticas ao já saudoso Mathieu). A experiência do internacional de 30 anos adquirida nos campeonatos espanhol e italiano são um cartão de visita impressionante num atleta que para além do seu bom 1x1 defensivo vem acrescentar centímetros à defesa a três do Sporting CP (tem 1,92 m) sempre importantes nas bolas paradas defensivas e ofensivas. O regresso do jogador que foi considerado a maior promessa da Segunda Liga já era esperado. A leveza de movimentos, bem como a forma refinada com que descobre espaços para colocar a bola nos colegas parece ao alcance de poucos. É um perito nos vários momentos de decisão que observamos num jogo de futebol e a forma como conduz a bola com a cabeça sempre levantada à procura dos colegas em melhor posição, aliados à capacidade de aceleração nos vários momentos de jogo, levaram-me um dia a comentar com alguns amigos Sportinguistas (ainda com a tenra idade de juvenil) que tinha visto na Academia um “Mini Modric”. Daniel Bragança é feito de Sporting CP. Se conseguir o desenvolvimento físico

que a sua jovem idade ainda lhe pode permitir, acredito que poderá ser uma das surpresas da próxima época para aqueles que possam ter andado distraídos nos últimos anos a este maravilhoso pé esquerdo. Por último Pedro Gonçalves, na minha opinião o melhor médio sub-23 da Liga NOS 2019/2020. O rendimento que o jovem de 21 anos demonstrou na última temporada (sete golos e oito assistências) aliados a exibições de excelência contra os três grandes não deixam margem para dúvidas, estamos na presença de um jogador de topo. Mais do que um médio completo pela versatilidade com que é capaz de conduzir o jogo no meio-campo, o “Pote” (alcunha que herdou desde cedo pela mão da sua avó) é um jogador diferenciado, electrizante, com capacidade de penetração nas defesas contrárias onde mais ninguém vê espaço para tal. Comparações à parte, “Pote” consegue conciliar a facilidade de encontrar espaços e de definir o último passe de um verdadeiro número 10, com uma reacção rápida e física na recuperação imediata no momento após perda de bola na transição ataque-defesa. É um médio de posse, mas pelo seu pulmão inesgotável um jogador também de transição de duplo sentido (defesa-ataque e ataque-defesa). É o verdadeiro “médio entre linhas” e rapidamente assumirá um papel fundamental no onze de Rúben Amorim, mas também, e perdoem-me a ousadia e a emotividade tão propícias da época, da selecção nacional portuguesa onde já deveria ter começado a dar os primeiros passos.

Pedro Gonçalves

Antunes

Daniel Bragança

Pedro Porro

Feddal


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ENTREVISTA FILIPE CELIKKAYA

“O PRINCIPAL OBJECTIVO É FORMAR JOGADORES PARA A EQUIPA PRINCIPAL” Filipe Celikkaya está de regresso ao Sporting Clube de Portugal para assumir o comando técnico da equipa B, que também regressa ao Clube dois anos após a extinção. Em entrevista ao Jornal Sporting, o treinador verde e branco deu a conhecer-se a si e às suas ideias e falou sobre este projecto que é essencial para a formação Leonina Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: Pedro Zenkl

É o novo treinador da regressada equipa B do Sporting Clube de Portugal. O que sente por assumir este desafio? Para mim é uma grande felicidade. A vida é feita de desafios e é com muita satisfação que regresso a esta casa. É um dos maiores desafios da sua carreira até agora? Diria que é o desafio mais importante porque é aquele em que estou agora envolvido. E é, claramente, um projecto muito interessante. Ao longo da minha carreira já

vivenciei grandes experiências, como disputar a Liga dos Campeões, Liga Europa, I Liga e conquistar o título de campeão na Ucrânia com o FC Shakhtar, mas agora estou muito focado neste desafio, que me motiva imenso.

“É UM REGRESSO A CASA QUE EU AMBICIONAVA”

E não precisará de tempo de adaptação, uma vez que, como também já disse, se trata de um regresso, não é? Já esteve no Sporting CP durante duas épocas como treinador-adjunto... Sim. É um regresso a casa e um regresso que eu ambicionava. É uma casa que conheço, que gosto e que representei com pessoas que admiro e jogadores que mais tarde encontrei no sector profissional em níveis elevados. Estou muito contente por regressar ao Sporting CP para desempenhar esta função.


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Já conhece os cantos à casa, mas a Academia sofreu algumas alterações… Sim, em termos de infra-estruturas está algo diferente. Há espaços que foram valorizados, como por exemplo os gabinetes técnicos; fizeram melhorias nos balneários, ginásios e em alguns campos, que já existiam antigamente e que agora estão mais elaborados e preparados. Ainda não pude ver tudo porque estamos com os acessos um pouco restritos devido à pandemia, mas é notório que a Academia Sporting está hoje mais funcional e com uma imagem renovada. Na altura deixou o Sporting CP para ser adjunto do míster Luís Castro e foi com ele que esteve nas últimas três temporadas no GD Chaves, Vitória SC e FC Shakhtar. O que aprendeu com ele? Aprendi muita coisa e continuo a aprender com ele e com todas as pessoas que têm a experiência acumulada de vida que ele tem. Criámos uma relação quase familiar, algo que acaba por ser normal no futebol uma vez que passamos sempre mais tempo juntos do que com a própria família. E temos em Filipe Celikkaya um treinador muito idêntico ao Luís Castro? Não seria correcto dizer que não porque, de facto, passei muito tempo com ele e tenho muito orgulho nisso. É normal sermos influenciados pelas pessoas que nos são próximas e que gostamos, e a verdade é que nestes três anos vivemos coisas muito boas em conjunto. Todos os treinadores são diferentes porque são pessoas com personalidades diferentes e não têm de ter pensamentos idênticos, mas obviamente que nos identificamos um com o outro. Se trabalhámos juntos durante três anos é porque nos identificávamos, partilhávamos crenças e ideias semelhantes. Então espera-nos uma equipa B a jogar um futebol apoiado e de forma atractiva ou uma equipa que serve para formar jogadores e na qual as preocupações são, e têm de ser, outras? As preocupações são diferentes. A equipa B é um espaço para formar jogadores e para os fazer evoluir e atribuir competências que lhes vão ser fundamentais no futuro – no conjunto principal, que é uma equipa que tem outras premissas. Por isso, o objectivo principal é esse: formar jogadores e prepará-los para a equipa principal.

“FORMAR É O ADN DO SPORTING CP, GANHAR É UMA CONSEQUÊNCIA DO PROCESSO” E numa equipa em que o foco é formar onde fica o "ganhar"? Vencer é uma consequência de todo o processo desde o início, mas o mais importante é formar jogadores e prepará-los de uma forma sustentada. Esse é o ADN do Sporting CP. O Sporting

CP é um clube ganhador e tem um historial vencedor, mas o objectivo desta equipa é, de facto, preparar os jogadores para a equipa principal. Obviamente que todos os atletas que jogam no Clube têm de ter uma cultura de vitória, mas o primordial, como já disse, é dotar estes jogadores de valências que lhes permitam ter sucesso na equipa principal, que é aquilo que todos desejamos e para o qual trabalhamos.

OPINIÃO

RECOMEÇOS

Também se aprende e forma nas derrotas… Aprende porque se tem de reflectir naquilo que são os erros, as dificuldades e as competências dos jogadores que podem ainda não estar no nível que o Clube pretende no momento. O que nos interessa é o desenvolvimento do jogador a cada semana.

“SAÍRAM GRANDES JOGADORES DESSAS EQUIPAS B DO SPORTING CP” Sendo assim, e como alguém que já foi jogador, observador, treinador-adjunto, técnico principal e que trabalhou com várias equipas de formação, é essencial, sobretudo num clube que se diz formador, ter equipa B? Sim, é importante existir equipa B num clube como o Sporting CP porque é fundamental ter um espaço que funcione como transição da formação para o futebol profissional. Um espaço no qual os jovens que ainda não estão totalmente formados têm a oportunidade de jogar a um nível mais competitivo de forma a melhorarem antes de chegarem à equipa principal. A equipa B jogará no Campeonato de Portugal. Que opinião tem sobre esta prova? É um bom campeonato e é muito exigente. Há equipas que já são totalmente profissionais, há muitos jogadores com qualidade e alguns deles até já passaram pelas I e II Ligas. É um espaço competitivo interessante e que nos permite numa competição que vai criar problemas para os nossos jogadores resolverem. Queremos que lhes coloquem dificuldades para que eles consigam ultrapassar as barreiras porque só assim é que evoluem, e por isso é que a equipa B regressou e o Campeonato de Portugal é um excelente campeonato para isso. Se recuarmos no tempo, por exemplo, quando o Sporting CP criou equipa B, essa equipa também jogou na antiga Segunda B [o actual Campeonato de Portugal] e formou jogadores que anos mais tarde foram Campeões da Europa. Saíram grandes jogadores dessas equipas B do Sporting CP.

“O CAMPEONATO DE PORTUGAL É UM BOM CAMPEONATO E É MUITO EXIGENTE” >>

Miguel Braga

Os inícios de época são alturas de esperança, de acreditar, de crença. Que vamos conseguir mais e melhor, levando o Clube e os sonhos dos Sócios, adeptos, jogadores, staff e direcção ao porto desejado. A época que começa, nas várias modalidades, é uma época atípica, diferente daquilo que todos nós já vivemos: a incerteza relativamente à presença do público nos estádios e pavilhões, o receio de um mercado de transferências peculiar, a ameaça de uma pandemia que parou o país e o Mundo e que nos deixa desconfiados do dia de amanhã. É neste contexto que as várias equipas do Sporting Clube de Portugal se preparam para o futuro que aí vem. Com a certeza de que, mais do que nunca, esta será uma época onde o Esforço, a Devoção e a Dedicação de cada um serão fundamentais e cruciais para atingirmos a desejada Glória colectiva. Este é o caminho que todos, Sócios, adeptos, jogadores, staff, dirigentes e colaboradores do Clube

têm de percorrer. Esta semana regressaram os trabalhos à Academia Sporting com a esperança renovada em atingir os objectivos que a estrutura se propõe a conquistar. Temos a experiência de jogadores internacionais consagrados, a irreverência da juventude da nossa formação e a chegada de reforços com ambição e qualidade que nos permitem sonhar com uma época que recoloque o Sporting CP no lugar que merece. Temos também um treinador ambicioso, conhecedor do futebol nacional e com uma ideia clara do que quer dentro de campo. Esta combinação só nos pode encher de uma esperança verde e branca, desejosos que a bola volte a rolar, idealmente e se as autoridades o permitirem, com público nas bancadas a apoiar a armada de Rúben Amorim. Esta semana que passou, o Estádio José Alvalade foi também palco de uma meia-final da Liga dos Campeões e a nossa Academia foi a arena onde o Paris Saint-Germain se treinou para alcançar pela primeira vez na sua história a presença na final da prova principal do continente europeu. Mais uma vez, o trabalho não visível de uma larga equipa Leonina (e não só) permitiu a realização da competição. A todos os envolvidos, os meus parabéns.


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OPINIÃO ÉPOCA 2020/2021

Tito Arantes Fontes

Começa a ganhar forma a nova época de 2020/2021! Começamos a ver os “rearranjos” nos plantéis das várias equipas. Percebemos as enormes dificuldades que a esmagadora maioria dos clubes de futebol têm em todo o mundo. A título de exemplo, mesmo aqui ao lado, em Espanha, o Valencia CF está numa visível e publicitada crise financeira... sem dinheiro, com salários em atraso... e é bom lembrar que há um ano atrás parecia nadar em dinheiro... por exemplo, comprou-nos o Thierry Correia por 12 milhões de euros! É assim o mundo do futebol... volátil... não perdoando “megalómanos” nem apostas de “all in”! Do nosso lado, temos a gestão prudente que se impõe como a mais adequada ao momento actual do mundo, da Europa, de Portugal e do nosso Clube! Contratações cirúrgicas que esperemos que se concretizem e que desejamos que se confirmem em desempenhos superiores no rectângulo de jogo! Especial esperança no “Pote”, hoje anunciado, e que foi o melhor jogador do FC Famalicão na fantástica época que fez na temporada que agora terminou. Do outro lado da Segunda

Circular – com o inenarrável folclore patrocinado pelo “pravda” e seus sequazes – continua o “pornográfico festim”... ah, é verdade... naquelas bandas há mesmo quem precise muito de ganhar eleições! Recordemos que só jogam 11 de cada lado... e que 11 “estrelas reformadas” não fazem uma equipa... e uma equipa coesa, forte e unida é o que queremos que o Sporting CP tenha! Última nota: ouvi ontem, segunda-feira, dia 17, na TSF, a primeira entrevista que Jorge Sousa deu depois de ter terminado a sua carreira de árbitro. Fiquei elucidado. Homem inteligente. Melífluo, palavroso, com domínio do verbo e dos “lugares comuns”... que só fala do que quer, quando quer, que não “individualiza”, mas que “personaliza” quando lhe dá jeito... homem deslumbrado que se julga “só” o melhor árbitro português enquanto “apitou”. Homem que não foi capaz de reconhecer o seu ódio ao Sporting CP e muito especialmente ao Bruno Fernandes (lembrar, só a título de exemplo, o massacre a que foi sujeito nesta última época no Bessa... debaixo do beneplácito e complacência deste Jorge Sousa... que acabou mesmo – qual algoz – por expulsar a sua própria vítima)! Fiquei com a profunda convicção que o mal que nos fez foi feito com dolo! Infelizmente para ele. Estejamos atentos... ele anunciou que vai continuar ligado ao mundo da arbitragem... ao lado de “lucílios e quejandos”!!! VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!!!!

Ou seja, mais do que o campeonato em si, o importante é haver um espaço competitivo diferente do dos juniores ou dos sub-23… Sim, até porque não faz grande sentido competir numa divisão na qual se vence, constantemente, por 5-0 porque aí estabiliza-se o conhecimento. É preciso surgirem problemas para que os jogadores se superem e continuem a evoluir em todas as dimensões – técnica, táctica, física e psicológica. Todas elas com a sua importância, no entanto, a última é fundamental nas idades próximas do alto nível competitivo.

“IR AOS B OU SUB-23 É UMA DESPROMOÇÃO? NÃO. ELES SÃO JOGADORES DO SPORTING CP, NÃO SÃO JOGADORES DE UMA EQUIPA” E ao longo da temporada vai haver, ou já há, uma grande interacção entre o Filipe Celikkaya e os treinadores da equipa principal, Rúben Amorim, e da equipa sub-23, Filipe Pedro? Sim, naturalmente. A ideia é ir dando aos jogadores a oportunidade de experimentarem e vivenciarem outros contextos, entenda-se outras equipas, nem que seja a treinar? Sim, mas o mais importante é que eles tenham o espaço ideal para competir. Um jogador de 20 anos ainda não é um jogador formado. O facto de ele ir à equipa principal. não quer dizer que já está preparado para o alto rendimento. Uns estão, outros precisam de mais tempo nessa equipa para adquirirem essas competências, porque é

um espaço de elite, e outros ainda não estão preparados e esta equipa B surge para os preparar de uma forma sustentada para quando o treinador da equipa principal, neste caso o Rúben Amorim, achar que é pertinente a sua subida. Mas não é fácil chegar a esse patamar. Os jogadores chegam lá com trabalho, mérito e competência. Na equipa B há jogadores que apresentam características que têm de ser melhoradas e se forem melhoradas poderão ter oportunidade de demonstrar isso na equipa principal. E, ao contrário, por exemplo, os jogadores da equipa B ao irem jogar nos sub-23, não irão encarar isso como uma despromoção? Não, nem faz sentido que assim seja. Eles são jogadores do Sporting CP, não são jogadores de uma equipa e, portanto, têm de estar preparados para jogar ou treinar quer seja na equipa B, sub-23 ou principal. Eles têm de estar sempre preparados e têm de aproveitar essa oportunidade para demonstrarem que têm qualidade para continuar no Clube e para serem aposta regular. Têm de vivenciar a exigência diária da profissão de uma forma muito apaixonada. Isso é muito importante. E depois desta primeira época após o regresso, e do trabalho que pretende desenvolver na equipa B, acredita que o Clube terá mais jogadores preparados para jogar na equipa principal? Esse é, obviamente, o objectivo principal e ficaria muito contente se isso acontecesse. Quais são os outros objectivos para esta primeira temporada? O principal é esse: formar jogadores para a equipa principal. Estamos no Sporting CP e, portanto, existe uma cultura de vitória, mas isso é uma consequência do trabalho feito, por isso não nos vamos desviar do nosso principal objectivo.

O REGRESSO DA EQUIPA B A época 2020/2021 marcará o regresso da equipa B do Sporting Clube de Portugal, um dos objectivos da actual Direcção Leonina para continuar a fortalecer a aposta na formação. Isto porque é essencial para o Clube ter uma equipa num espaço competitivo mais exigente, após os escalões de formação e antes da chegada à equipa principal. Neste regresso, a formação B verde e branca, que será orientada por Filipe Celikkaya, competirá no Campeonato de Portugal (CP) para onde caiu, após seis épocas na II Liga, em 2017/2018 altura em que se decidiu a sua extinção. Ainda assim, não será a primeira vez que o Sporting CP competirá neste campeonato, uma vez que em 2000, aquando da sua criação, e até 2004, a equipa B jogou na Segunda B, que corresponde ao actual CP. No Campeonato de Portugal da temporada que em breve se inicia estarão presentes 96 equipas: duas vindas da II Liga, 70 que permaneceram

na prova, 20 que ascenderam das competições regionais e quatro novas equipas B – incluindo a do Sporting CP. Estas 96 equipas serão divididas por oito séries compostas por 12 clubes e, para já, ainda não é conhecida a série em que o Sporting CP irá jogar a primeira fase do CP. Sendo que, uma vez que em 2021/2022 haverá alterações nos campeonatos portugueses, o primeiro classificado de cada série irá disputar o acesso à II Liga e os clubes que ficarem entre os segundo e quinto lugares irão disputar o acesso a uma nova prova, a III Liga. Assim, na segunda fase do CP haverá dez séries, duas de acesso à II Liga – compostas por quatro equipas cada uma – e oito de acesso à III Liga – compostas por quatro equipas cada uma. O vencedor das duas séries de acesso à II Liga sobem e os primeiro e segundo classificados do acesso à III Liga qualificam-se para a nova prova.


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ENTREVISTA FILIPE PEDRO

“A LIGA REVELAÇÃO É SUPERPOSITIVA PARA OS NOSSOS JOGADORES” Filipe Pedro é o novo treinador da equipa sub-23 do Sporting CP, regressando ao Clube pela segunda vez na carreira. Em entrevista ao Jornal Sporting, o técnico de 33 anos falou da equipa e da relevância da Liga Revelação na formação, assim como da importância de dar aos jogadores vários contextos competitivos na mesma época Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: José Lorvão É o novo treinador da equipa sub-23 do Sporting Clube de Portugal. Está preparado para este desafio? Sim, considero-me preparado. Vivi até aqui um conjunto de experiências que me permite encarar este desafio com confiança e com a preparação necessária para me fazer valer e ter sucesso. Trata-se de um regresso, uma vez que já foi aqui treinador-adjunto no passado. Que diferenças há entre o Filipe Pedro dessa altura e o de agora? Várias, cresci na função e na maneira de ver e trabalhar. Aqui adquiri ferramentas que me permitem perceber os diferentes contextos e as necessidades de cada escalão, uma vez que tive a felicidade de trabalhar em quase todos eles. Fora consegui vivenciar aquilo que é necessário, a todos os níveis, em

contextos profissionais e o que se pretende nas I e II Ligas, que é onde nós queremos inserir os nossos jogadores.

“HOUVE UMA GRANDE EVOLUÇÃO NA ACADEMIA SPORTING” E que diferenças encontrou na Academia Sporting de Alcochete? Há inúmeras diferenças a apontar quer em termos de recursos humanos – departamentos novos –, quer em infra-estruturas – campos, balneários ou material de trabalho. Neste momento, a Academia Sporting está dotada de mais pessoas, mais competência

e de mais e melhores condições. Houve, de facto, uma grande evolução num conjunto de coisas que são fundamentais para que possamos dar aos nossos jogadores melhores ferramentas para chegarem a diferentes contextos e corresponderem da forma que queremos. Quando deixou o Sporting CP ainda não havia equipa sub-23, mas existia equipa B. Hoje em dia existem ambas. Considera uma mais-valia a existência desta equipa que agora orienta? Claro, é mais um espaço onde podemos continuar a potenciar os nossos atletas e que nos permite ter um maior volume de jogadores junto de nós. Além de tudo aquilo que o campeonato em que está inserida dá aos jogadores.


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E o que é que, no seu entender, a Liga Revelação veio acrescentar à formação em Portugal e em particular à do Sporting CP? De uma forma geral e resumida, uma vez que é uma prova que não tem a condicionante de subir ou descer de divisão, veio aumentar de uma forma exponencial a riqueza táctica do jogo dos nossos atletas. Isto porque, como equipa grande que somos, estamos mais habituados a assumir o jogo e a jogar de forma mais ofensiva, jogando contra formações que se fecham muito, mas neste campeonato todas elas acabam por jogar como nós porque ninguém vai descer nem subir e isso faz com que os jogadores enfrentem situações que não enfrentaram na formação. Isso ajuda-os a crescer no processo defensivo e a experienciar um campeonato mais equilibrado com uma competitividade maior do que aquela a que estavam habituados, e que vai acontecer no futuro, ainda que, sobretudo, nas fases finais de juvenis e juniores as dificuldades também aumentem. Isso faz também com que, além de ser um campeonato onde há mais talento, seja mais imprevisível e qualquer equipa possa ganhar… Sim, também, até porque para alguns clubes a equipa sub-23 funciona como a B, como aconteceu connosco nos últimos dois anos, e por vezes é apetrechada com jogadores da equipa principal. Isso cria contextos de dificuldade enorme e é superpositivo para os nossos atletas. E ao contrário do que aconteceu nas duas últimas épocas, agora haverá, como já referido, também equipa B. Estas duas equipas vão trabalhar muito entre elas? O objectivo da equipa sub-23, assim como da B e da sub-19, é potenciar jogadores para chegarem à equipa principal o mais rapidamente possível. Nesse sentido, essa ligação existirá para podermos continuar a cumprir essa missão e será decidida por nós consoante aquilo que acharmos melhor para cada jogador e dentro de determinado momento. No entanto, a equipa sub-23 recorrerá mais aos juvenis e aos juniores ou não? Se formos ver por escalões, seria assim, sim, mas isso vai depender daquilo que nós entendermos que é mais importante em determinado momento da época. Até porque a evolução dos jogadores não é linear. Determinado atleta pode ter uma evolução enorme em dois meses, como também pode acontecer o contrário, e por isso fazer mais sentido experienciar outros contextos que, na nossa opinião, lhe vão possibilitar retomar o caminho que nós pretendemos para chegar aos patamares que nós entendermos. Posto isto, naturalmente que essa ligação será a mais lógica, mas não quer dizer que em determinados momentos não possa ser feita de outra forma. O mais importante é, e sublinho, ter essas vias abertas e nós estarmos em constante análise àquilo que é o contexto e a evolução individual de cada jogador.

“O JOGAR ABAIXO OU JOGAR ACIMA NÃO EXISTE, HÁ O SPORTING CP E O CONTEXTO COMPETITIVO”

Então, em sentido inverso, da mesma maneira que um jogador dos sub-23 pode ir à B também pode ir aos sub-19? Claro, se entendermos que nesse momento nos sub-19 há um contexto competitivo maior, assim o faremos. Temos de estar abertos a possibilitar aos nossos jogadores as melhores experiências possíveis para os potenciar para a equipa principal, e a melhor experiência por vezes pode ser no escalão abaixo. E isso não poderá ser visto como uma despromoção? O treinador da equipa B, Filipe Celikkaya, disse ao Jornal Sporting que não… O jogar abaixo ou jogar acima não existe, à frente de tudo está o Sporting CP e por trás disso há sempre o contexto competitivo que vai possibilitar ao jogador experienciar situações que o vão fazer desenvolver as suas características individuais em termos tácticos e técnicos, e é isso que nós pretendemos. Se nós entendermos que numa altura esse jogador deve estar nos sub-19 e depois nos sub-23 ou na B, essa via deve estar aberta.

“GANHAR A LIGA REVELAÇÃO OU COLOCAR JOGADORES NA EQUIPA PRINCIPAL? COLOCAR JOGADORES” Como é que se explica isso aos atletas? E mesmo às pessoas de fora. Valorizando os contextos competitivos. Eu já aqui falei das mais-valias da Liga Revelação, mas também posso enumerar uma série de itens positivos do campeonato de juniores e do Campeonato de Portugal. Por isso, nesse sentido, acho que todos os contextos são ricos e têm as suas características únicas que são positivas para todos os atletas. Depois cabe-nos a nós decidir qual o melhor para o jogador e eles têm de ter consciência que aquilo que nós queremos é que eles evoluam enquanto atletas. Nenhum deles, em momento algum, será prejudicado. Percebe-se então, pelo que já nos disse, os plantéis destas três equipas também serão mais abertos do que o normal… Exactamente e isso, pelo que já referi, faz todo o sentido. É importante haver esta abertura tendo em conta aquilo que nós queremos, que é a evolução do atleta no processo focado no jogador. O Filipe Pedro, pela experiência que tem no futebol de formação, concorda com esse modelo centrado no jogador e não propriamente no resultado? Concordo e considero que esse modelo não nos afasta nem desvia, de todo, das vitórias. O Sporting CP entra sempre para ganhar, e queremos vencer todos os jogos, mas se, em alguns momentos, tivermos de colocar o processo de formação do jogador à frente, colocaremos. Assim como, em determinados momentos, poderemos colocar o resultado à frente do jogador porque isso também vai fazer com que o atleta evolua individualmente e prepará-lo para o futebol sénior. O nosso processo além de ser claro é equilibrado, também neste sentido. Não podemos ser extremistas, nem somos fundamentalistas, ao ponto de dizermos que só o jogador interessa ou só o resultado interessa. Não. Há momentos e nós teremos de tomar decisões consoante esses momentos.

O ADN é formar, a cultura é vencer… Sim, os resultados estão sempre presentes e vamos sempre querer vencer. E por isso existe, de uma forma equilibrada, o processo focado no jogador e o processo focado no ganhar. Conforme eles vão crescendo e vão tendo mais idade, o próprio processo se vai focando mais na estratégia e na táctica do que nas características individuais. Aqui existe sempre uma preocupação constante em ganhar jogos, daí a nossa mensagem ser centrada em ganhar todos os jogos.

“O NOSSO PROCESSO É CLARO E EQUILIBRADO” Sendo assim, o Sporting CP tem como objectivo ganhar a Liga Revelação, não é? Se tivermos essa possibilidade, sim, queremos ganhar a Liga Revelação, mas também queremos, se for possível, colocar dois jogadores na equipa principal. Ainda assim, se tivermos de escolher entre vencer a Liga Revelação ou colocar dois ou mais jogadores na equipa principal, escolhemos a última opção. Pomos isso à frente de ganhar o campeonato, mas se conseguirmos as duas coisas, óptimo. E quais são os outros objectivos e desafios a que se propõe o míster Filipe Pedro e esta equipa para 2020/2021? Os nossos principais objectivos são os que já disse. Propomo-nos a jogar sempre para ganhar porque somos o Sporting CP e, sobretudo, a formar jogadores que possam ser opções válidas na equipa principal ou na equipa B, com perspectiva de chegarem à primeira..

“EQUIPA PRINCIPAL? NA MAIOR PARTE DAS VEZES, A JANELA DE OPORTUNIDADE É FUNDAMENTAL” Ainda assim, nem sempre é fácil chegar à equipa principal. Porquê? Não é uma resposta fácil, na medida em que tem muitas variáveis, mas podemos colocar a pergunta de outra maneira: porque é que alguns lá chegam? Chegam porque a oportunidade e o contexto surgem, muitas vezes, quando menos esperamos. A janela pode abrir-se, por exemplo, para um jogador que se calhar até dá menos nas vistas, por causa da lesão de outro atleta e se o mercado não estiver aberto. Na maior parte das vezes, a janela de oportunidade é fundamental para eles lá chegarem ou não. Neste momento temos uma via muito aberta com a equipa principal, mas por variadíssimas razões a oportunidade pode não surgir. Por isso, é preciso entender que não depende das vontades, nem depende só do jogador – e eles também têm de ter essa noção –, mas é claro que é melhor eles estarem sempre preparados para o caso de a oportunidade surgir.


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ENTREVISTA MATHEUS NUNES

“VOU TRABALHAR PARA DAR DORES DE CABEÇA AO MÍSTER” A equipa principal de futebol dos Leões começou nesta segunda-feira, na Academia Sporting, a preparar a época 2020/2021. O Jornal Sporting esteve no início dos trabalhos e falou com Matheus Nunes sobre a nova temporada e a anterior, na qual se estreou e ganhou espaço na equipa orientada por Rúben Amorim Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: José Lorvão Poucas semanas após o término da última época, está de regresso à Academia. Foram boas as férias? Sim, deram para descansar, relaxar e estar com a minha família e com os meus amigos. Tentei aproveitar para estar com todos uma vez que ao longo da época isso é sempre mais difícil.

Aquilo que quero é melhorar a cada treino e dar o máximo para ajudar o Clube a conseguir os objectivos. Quanto ao jogar ou não jogar é o míster quem escolhe. Sei que temos um plantel muito forte, com jogadores de qualidade e muito competitivos, por isso cabe-lhe a ele escolher, mas eu vou trabalhar todos os dias para lhe dar dores de cabeça.

Como é que é jogar sem eles? Eu nunca joguei na equipa principal com adeptos, mas tenho a certeza de que com eles é muito melhor. Eles fazem a diferença porque são muito fervorosos. De certeza que teremos melhores resultados com eles presentes porque eles nos dão sempre muito apoio.

Chegou com as baterias recarregadas de forma a estar preparado para o que aí vem? Sinto que sim. Recarreguei as minhas baterias e, além disso, aproveitei também para trabalhar alguns aspectos em que preciso de melhorar. Por isso, volto de certeza mais forte do que aquilo que estava na época passada.

E a nível de equipa, quais são os objectivos para 2020/2021? Para já, o nosso primeiro grande objectivo é passar a eliminatória da Liga Europa. De resto, queremos ir jogo a jogo, ganhar todos os encontros e depois no final fazemos as contas, mas é óbvio que queremos o Sporting CP lá em cima.

Que objectivos tem a nível pessoal para esta primeira época completa na equipa principal?

Infelizmente esta temporada parece que vai começar como terminou a última: sem adeptos no estádio.

Quando se estreou na equipa principal no Estádio José Alvalade, já não havia adeptos nas bancadas. Nunca pensou que assim fosse, não é? Não. Eu já tinha jogado em Alvalade pelo GD Estoril Praia, para a Taça da Liga, e foi diferente. Nesse jogo senti a pressão dos adeptos e, claro, quando cheguei ao Clube, imaginei a estreia com adeptos. Com eles a atmosfera é diferente, por isso estou ansioso para que eles possam voltar.


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“TENHO DE APROVEITAR A OPORTUNIDADE E TRABALHAR CADA VEZ MAIS PARA AJUDAR O SPORTING CP A CHEGAR AO LUGAR AO QUAL PERTENCE” Fez dez jogos na equipa principal, ou seja, esteve em todos após a retoma do futebol. Desses dez jogos, é capaz de escolher um que lhe tenha corrido melhor? O que me correu melhor foi o último, contra o SL Benfica, apesar do resultado. Estava mais solto, mais calmo e mais tranquilo para fazer o que o míster me pediu. Por isso, foi aquele em que me senti melhor e que fiz melhor aquilo que sei. E houve algum em que não tenha ficado tão satisfeito e não tenha gostado tanto do que fez? É normal que isso aconteça, mais ainda quando se é novo… Sim, o primeiro, contra o Vitória SC. Pensei demasiado no que o míster me disse para fazer, esqueci-me de aproveitar e relaxar durante o jogo, por isso fiquei mais ansioso e nervoso. O próprio míster disse isso após o jogo. Esqueci-me de aproveitar a realização daquele que era o meu sonho de criança e do meu primeiro jogo na equipa principal do Sporting CP. Ainda assim, foi melhorando e isso viu-se perfeitamente. Que balanço faz destes seus primeiros dez jogos? Faço um balanço positivo. Acho que esses jogos serviram, sobretudo, para me adaptar a tudo aquilo que é novo e que é diferente relativamente ao outro lado [formação]. Serviram para perceber como é jogar na I Liga e adaptar-me ao estilo de jogo do míster. Sempre quis estar aqui e, por isso, tenho de aproveitar a oportunidade e trabalhar cada vez mais para ajudar o Sporting CP a chegar ao lugar ao qual pertence. E nos próximos dez veremos um Matheus Nunes ainda melhor do que nos primeiros? Com certeza que sim. Tenho trabalhado muito para melhorar, ficar mais tranquilo e poder mostrar a minha qualidade aos Sportinguistas. Tenho a certeza que, jogo após jogo, vou melhorar e mostrar a minha qualidade. Além disso, as coisas vão sair melhor e mais naturalmente quando estiver mais relaxado. Que diferenças é que encontrou entre a equipa sub-23 e a principal? Sobretudo a intensidade, o comprometimento e a qualidade. Na equipa principal é tudo mais elevado, mesmo nos treinos, e nos jogos a velocidade é muito maior e temos de pensar mais rapidamente porque acontece tudo mais depressa. Basicamente, essas foram as maiores diferenças porque a união e a entreajuda são iguais.

“NÃO HÁ MUITA GENTE COM UMA HISTÓRIA IGUAL À MINHA. SOU UM ABENÇOADO” Há dois anos o Matheus Nunes estava no GDU Ericeirense e, entretanto, estreou-se e ganhou espaço na equipa principal do Sporting CP. Nessa altura imaginava-se a viver tudo isso em tão pouco tempo? Para ser sincero, nunca me passou pela cabeça, não me imaginava tão depressa na equipa principal do Sporting CP, mas acreditava que seria possível chegar longe. Até já

comentei isso com a minha mãe. Acho que foi graças ao meu trabalho, à nossa fé e à ajuda de todos aqueles que estão à minha volta que estou aonde estou hoje. Houve muito trabalho meu, assim como de todos os que me rodeiam, e muitos sacrifícios. Não há muita gente com uma história igual à minha. Sou um abençoado por estar aqui dois anos depois e estou muito feliz, grato e orgulhoso pelo que consegui fazer até hoje. Graças ao trabalho, sacrifícios, fé… e a uns bons pezinhos, não? Sim, graças aos meus pezinhos também. Ajudou-me um bocadinho ter uns pés como deve ser (risos).

“ESTREIA? ESTAVA NERVOSO. ESTOU NO MAIOR CLUBE DE PORTUGAL E NUM DOS MAIORES DA EUROPA” O que é certo é que tem conseguido vingar e com apenas 21 anos viu-se como titular do Sporting CP. O que é que lhe passou pela cabeça após o primeiro jogo? Dois dias depois ainda não parecia ser real. Comentei com os meus pais e com os meus amigos mais próximos como é que era possível as coisas acontecerem assim tão rapidamente, mas a verdade é que no futebol estas coisas acontecem e, para mim, foi inesperado estrearme na equipa principal. Quando estávamos em casa, em confinamento, não esperava que isto me viesse a acontecer. E fui titular logo no primeiro jogo. Por isso, temos de trabalhar todos os dias e estar prontos para quando a oportunidade surgir. Eu estava preparado. Ainda assim, antes do jogo estava nervoso ou não? Sim, estava nervoso, como é óbvio. Essa estreia foi diferente das estreias nos sub-23 ou na equipa sénior do GDU Ericeirense. Estou no maior Clube de Portugal e num dos maiores da Europa. No primeiro jogo senti alguns nervos, mas depois foi passando. O que lhe disse o Rúben Amorim antes do jogo? Ainda se lembra? Deu-me muita confiança. Ele transmite muita crença a todos e sobretudo ao mais novos, diz-nos que somos iguais aos outros e que, por isso, temos de estar tranquilos para jogar quando ele nos chamar. Não me lembro das palavras que me disse no dia, mas nessa semana passou-me muita força e disse-me para estar tranquilo que estava preparado e que ele confiava em mim. O míster jogou na mesma posição do Matheus Nunes, por isso conhece bem a posição. Costuma dar-lhe alguns conselhos? Já me deu, claro, e interrompe os treinos para me dizer algumas coisas. Quando percebe que posso fazer melhor, corrige-me e diz-me aquilo que preciso de melhorar. Vai-me dando uns toquezinhos em certos exercícios. Já agora, que opinião tem acerca do Rúben Amorim treinador, já que do jogador se calhar não se lembra… ou lembra? Não me lembro porque era muito novo e não acompanhava muito o futebol português a não ser a formação, via mais os jogos dos juniores ou dos juvenis. Se perdi alguma coisa por não ver? De certeza!

(…) Como técnico é um grande treinador e é dos melhores, se não o melhor, que já apanhei na minha curta carreira. Passa-nos muita confiança, deixa-nos tranquilos, motiva-nos e diz-nos que para jogarmos no Sporting CP temos de ter uma ambição muito grande e de dar o litro. Além disso, não tem medo de apostar nos mais jovens. Se trabalharmos muito, ele dá-nos a oportunidade. Seguramente vai ter uma grande carreira.

“O SEBA [COATES] É UM PAI PARA NÓS” O Rúben Amorim prefere jogar com três centrais e, por isso, coloca só dois médios. Esse esquema agrada-lhe? Sim, eu sinto-me bem a jogar assim. Nos sub-23 jogava com quatro defesas, mas o míster também só jogava com dois médios e eu também já vinha habituado do GD Estoril Praia. Mas não tenho qualquer problema em jogar num esquema de três centrais ou quatro defesas com dois médios ou mais. Vou sempre tentar fazer o melhor que consigo e corresponder às expectativas. Por isso, seja qual for o esquema ou a posição vou sempre tentar fazer aquilo que o treinador me pede e dar o meu melhor. Para além do Matheus Nunes, no final da última temporada estrearam-se mais jovens jogadores na equipa principal. Como viu a chegada de tantos jogadores da formação à equipa? Para mim é um orgulho poder estar aqui com eles e de certeza que eles também estão felizes. Eu não sou da formação, mas sei que os miúdos da formação sonham sempre em chegar à equipa principal. O Edu [Eduardo Quaresma], por exemplo, está aqui há dez anos e trabalhou muito para chegar aqui. Atingir este patamar é uma gratificação muito grande. E, pelo que já vimos nestes primeiros dias, a oportunidade foi dada a vários outros. Acredita que nos próximos meses chegarão mais jogadores da formação à equipa principal? De certeza que sim. Vi jogos dos juniores e dos juvenis e sei que temos muitos miúdos com muita qualidade que se trabalharem, como eu e os outros fizemos, de certeza que vão chegar à equipa principal. O Sporting CP sempre teve uma das melhores formações do Mundo e de certeza que vai continuar a formar muitos jogadores de elevado nível. Os jovens têm acrescentado qualidade, mas é essencial haver jogadores mais velhos e com maior experiência. Eles costumam falar com vocês e dar-lhes alguns conselhos? Claro. O Seba [Coates] é um pai para nós. Em campo está-nos sempre a ajudar e a querer que façamos as coisas da melhor maneira, mas é ele e todos. Eles dão-nos muitos conselhos, mesmo fora de campo, por causa das redes sociais por exemplo. E também vos dizem como lidar com a pressão? Isto porque há muitos olhos postos em si e em todos os jogadores da formação, e nem sempre é fácil lidar com isso… Sim, eles dão-nos muita confiança, tal como o míster, como já disse. Dão-nos confiança até nos treinos, dizem-nos que estão cá para nos apoiarem. Além disso, pedem-nos calma para melhorarmos e para conseguirmos fazer as coisas tranquilamente e é isso que tentamos fazer.


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FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

CARAS NOVAS PARA 2020/2021 PEDRO PORRO, ANTUNES, PEDRO GONÇALVES E FEDDAL SÃO OS PRIMEIROS REFORÇOS DA EQUIPA PRINCIPAL DE FUTEBOL DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL PARA A NOVA TEMPORADA. OS QUATRO JOGADORES CHEGARAM A ALVALADE NOS ÚLTIMOS DIAS E JÁ TRABALHAM ÀS ORDENS DE RÚBEN AMORIM Texto: Luís Santos Castelo, Maria Gomes de Andrade Fotografia: José Lorvão

Pedro Porro

“ESTOU MUITO FELIZ, É UM GRANDE PASSO NA MINHA CARREIRA” Pedro Porro chegou ao Sporting Clube de Portugal por empréstimo do Manchester City FC e vai jogar de Leão ao peito nas duas próximas temporadas, tendo o Clube ficado com opção de compra após esse período. “Estou muito feliz. O Sporting CP é um grande de Portugal e o projecto entusiasmou-me. É um grande passo na minha carreira. Venho para dar tudo de mim e fazer um grande campeonato”, começou por dizer o internacional sub-21 espanhol aos meios de comunicação do Clube após rubricar o contrato. Ansioso por começar a jogar com a listada verde e branca, o defesa‑direito, que na última temporada representou o Real Valladolid CF, deixou a promessa: “Sou um tipo de jogador que gosta de trabalhar, de traçar objectivos e cumpri-los. Venho para dar o máximo e ajudar os meus companheiros de equipa e este grande Clube”. “Espero dar muitas alegrias. Sei que os nossos adeptos vibram muito, por isso digo-lhes que estejam tranquilos: vou dar tudo por esta camisola. Espero que a pandemia os deixe regressar em breve ao estádio porque serão uma

Antunes

grande ajuda para nós”, acrescentou. Na mesma ocasião, o reforço Leonino falou sobre o leão que tem tatuado no braço esquerdo, dizendo que o facto de agora vestir a pele do Leão o vai fazer “trabalhar mais do que nunca”. “Foi a primeira tatuagem que fiz porque gosto de leões e do que simbolizam, além disso o meu avô sempre me disse ‘tens de ser um leão na vida porque senão comem-te a ti’. Fi-la também em homenagem a ele”, revelou.

BILHETE DE IDENTIDADE

Nome: Pedro Antonio Porro Sauceda Data de nascimento: 13 de Setembro de 1999 (20 anos) Nacionalidade: espanhola Posição: defesa-direito Clubes anteriores: GAG Don Benito, Rayo Vallecano, CF Peralada, Girona FC, Real Valladolid CF Internacional sub-21 espanhol

“GARRA, DEDICAÇÃO E VONTADE DE VENCER” Também Antunes é reforço do Sporting Clube de Portugal e assinou contrato por duas épocas, regressando assim ao futebol português após vários anos em Espanha e na Ucrânia. “É sensacional voltar a Portugal e fazêlo para representar um clube como o Sporting CP. Jogar num grande do futebol português era um sonho de criança e realizo-o agora. Para mim é um voto de confiança enorme”, começou por dizer o defesa-esquerdo aos meios de comunicação do Clube, admitindo que “não podia deixar fugir” a oportunidade. “Sinto-me mais forte do que antes e tenho a certeza absoluta que vou corresponder”, afirmou, dizendo ainda aquilo que pode acrescentar: “Acima de tudo trabalho. Nunca fui tecnicamente muito vistoso, mas não sou mau (risos) e sempre fui caracterizado pela garra e dedicação, assim como pela vontade de vencer”. “Espero poder incutir isso neste grupo que merece ganhar todos os anos. É com essa vontade que venho e que vou entrar em todos os jogos. Quero ganhar títulos”, sublinhou, antevendo uma integração fácil: “O Neto é um grande amigo e vai ser uma grande ajuda para me adaptar rapidamente. Com o apoio dele e de outros jogadores, que já conheço de

outras ligas, penso que o entrosamento vai ser fácil”. “Sei que é um grupo muito humilde e é isso que precisamos: humildade e muito trabalho para conseguirmos coisas boas para este grande Clube”, rematou Antunes que, curiosamente, também tem tatuado no braço direito um leão que “significa força e garra”.

BILHETE DE IDENTIDADE

Nome: Vitorino Gabriel Pacheco Antunes Data de nascimento: 1 de Abril de 1987 (33 anos) Nacionalidade: portuguesa Posição: defesa-esquerdo Clubes anteriores: SC Freamunde, FC Paços Ferreira, AS Roma, US Lecce, Leixões SC, AS Livorno, PAE Panionios, Málaga CF, FK Dynamo Kyiv e Getafe CF Internacional português


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Pedro Gonçalves

“É UM GRANDE ORGULHO PODER VESTIR ESTA CAMISOLA” Já Pedro Gonçalves chegou ao Sporting Clube de Portugal proveniente do FC Famalicão e assinou um contrato válido para as próximas cinco temporadas. “É um grande orgulho poder vestir esta camisola. O Sporting CP é um dos grandes de Portugal. De certeza que vou dar tudo por este símbolo e pela família Sportinguista”, começou por dizer aos meios de comunicação do Clube o jovem médio, referindo que escolheu o Sporting CP porque “o projecto é aliciante”. “O objectivo é ganhar todos os jogos para que possamos dar as maiores alegrias aos nossos adeptos. Precisamos do apoio deles. Espero que isto passe o mais rapidamente possível e que em breve consigamos estar todos juntos em Alvalade”, referiu o jogador de 22 anos que fez a formação em Portugal, Espanha e Inglaterra. O médio, que teve a última experiência com a camisola de Portugal na selecção sub-20, quando ainda era jogador do Wolverhampton Wanderers FC, chega ao Sporting CP com rótulo de sensação da I Liga devido à boa temporada no FC Famalicão. Ao serviço da formação famalicense, Pedro Gonçalves destacou-se dos demais, marcou presença em 40 jogos, apontou sete golos e fez oito assistências. Agora, de Leão ao peito, o atleta prometeu a mesma dedicação e igual rendimento: “Foi fruto de muito trabalho. Encaixei nas ideias do

Feddal

treinador e dei sempre o máximo de mim. Espero repetir o ano, ou, claro, fazer até melhor”. Para quem não o conhece, Pedro Goncalves deu-se a conhecer: “O meu forte não é falar, gosto mais de jogar futebol. Sou um jogador que gosta de ter bola, reagir à perda e que acelera bem. Depende dos treinadores. Eu adapto-me a qualquer estilo de jogo”. Na mesma ocasião, e porque tem a alcunha de Pote, que evoluiu que Potinho, o reforço Leonino contou o porquê desse nome: “Quando era pequeno era gordinho e fazia apostas em chocolates e sempre que ganhava, lá está, comia um (risos)”.

BILHETE DE IDENTIDADE

Nome: Pedro António Pereira Gonçalves Data de nascimento: 28 de Junho de 1998 (22 anos) Nacionalidade: portuguesa Posição: médio Clubes anteriores: Wolverhampton WFC e FC Famalicão Internacional sub-20 português

“ESTOU MUITO FELIZ POR ESTAR AQUI E POR PERTENCER A ESTE ENORME CLUBE” Por sua vez, Zouhair Feddal é reforço do Sporting Clube de Portugal após três épocas no Real Betis Balompié e assinou contrato válido para as duas próximas temporadas com opção de prorrogação. “Estou muito feliz por estar aqui e por pertencer a este enorme Clube. A única coisa que posso prometer é compromisso, trabalho, sacrifício, luta e entrega até ao final. Isso nunca me vai faltar e espero que possamos conseguir atingir os nossos objectivos”, começou por dizer aos meios de comunicação do Clube o central. Internacional pela selecção de Marrocos, Feddal tem 30 anos e vem acrescentar qualidade e experiência, adquiridas em vários clubes e ao serviço do país natal, ao plantel orientado por Rúben Amorim. Como sénior, o magrebino, que fez a formação entre França e Espanha, já jogou nos campeonatos marroquino, italiano e espanhol. Agora o defesa chega a Portugal e ao Sporting CP, um Clube que conhece bem, até porque alguns compatriotas já vestiram a camisola verde e branca. “Sei que já jogaram aqui outros jogadores marroquinos, como Naybet ou Hadji. É um Clube muito reconhecido a nível europeu e também a nível africano e é um dos grandes clubes de Portugal. Vamos seguramente atingir os objectivos que temos. Sei que estou num Clube que pensa em ganhar e quero conseguir

coisas importantes”, assegurou. Descrevendo-se como “um jogador competitivo”, Feddal revelou também que gosta “de sair a jogar”, mas garantiu que “não complica muito”. “Tenho de demonstrar a todos os Sportinguistas que estou aqui para conseguir coisas boas e para ajudar o Sporting CP”, justificou. Por fim, o novo Leão explicou que se adapta “ao que o treinador quiser” e que está disponível “para o que ele precisar” antes de contar, numa só palavra, o que mais quer fazer no Sporting CP: “Ganhar”.

BILHETE DE IDENTIDADE

Nome: Zouhair Feddal Agharbi Data de nascimento: 23 de Dezembro de 1989 (30 anos) Nacionalidade: marroquina Posição: defesa-central Clubes anteriores: UEM Vilajuïga, CD Teruel, Terrassa FC, CD San Roque de Lepe, RCD Espanyol B, FUS Rabat, Parma FC, SSR Siena, USC Palermo, Levante UD, Deportivo Alavés e Real Betis Balompié Internacional marroquino


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OPINIÃO

FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL

O FÁBIO, UM AMANHÃ DE ESPERANÇA

Juvenal Carvalho

Sou, comum dos mortais, alguém que amando incondicionalmente o Sporting Clube de Portugal, tem momentos nos quais não consegue reagir sem tristeza aos hiatos de tempo em que não conseguimos conquistar títulos na modalidade que mais peso tem no nosso Clube, que é obviamente o futebol. Passei os 50 anos, e apesar de ter apenas ideia de ter ganho cinco campeonatos na minha existência, sendo até em 1974 ainda muito criança, alguém que nunca se demoveu, que nunca desistiu, que acima de tudo consegue viver o Sporting CP acima das vitórias do futebol, que apesar de estarem muito aquém das que gostaria de ter, procura ter sempre uma inabalável esperança a cada começo de época. E este ano, ou no começo da nova época, como preferirem, e naquele que é o maior período sem conquistar um campeonato nacional na nossa história, estranhamente fui marcado por um episódio que achei diferente, e que a mim, apesar de homem de poucas crenças, me deu um alento, e como se diz na gíria, uma grande fezada. Numa esplanada na cidade do Porto, onde bebia um café, estava sentado um senhor numa mesa ao lado, quando de repente apareceu uma criança equipada ‘à Sporting’, que aos gritos disse ao avô, vinda de jogar à bola, que tinha marcado muitos golos

que dedicou ao Šporar, ao Wendel, ao Coates e ao Matheus Nunes. Aquele menino era o Fábio, a quem me apresentei, mostrando-lhe o meu cartão de Sócio que lhe fez brilhar os olhos. Estabeleci ali desde logo uma animada e Leonina conversa com ele, dizendo-lhe que também eu vivia assim como ele o Sporting CP desde menino. Ele, nascido na cidade do Porto, e com pais portistas e o avô, um ‘velho Leão’, a quem ele seguiu as pisadas, mostrou um fervor pelo Clube, que os tenros oito anos de idade não o demovem de não ter visto ainda o Sporting CP ganhar um campeonato. Este é dos que deveria dar lições a muitos adultos na arte de amar o Clube. Este menino, o Fábio, será apenas um dos muitos meninos que nunca nos viram ganhar um campeonato nacional de futebol, mas que de Norte a Sul, bem como nas ilhas e ainda espalhados pelo mundo, são incondicionalmente Sportinguistas. Dirão os que não sabem o que é vivenciar o Sporting CP, que estranho é este fenómeno de sermos menos ganhadores e ainda arrastarmos tantos jovens. Pois é, mesmo tendo perdido algumas gerações de jovens, porque quem ganha capta mais, uma certeza tenho. Enquanto houverem “Fábios”, o Sporting Clube de Portugal não morrerá. Aos profissionais do Sporting Clube de Portugal, que iniciaram agora a época 2020/2021, um humilde pedido. Façam o Fábio feliz. Porque com ele feliz, todo o universo Leonino o ficará. Lutem por cada bola como se fosse a última. Queremos ter amanhãs de esperança. Isso está nos vossos pés!

REGRESSO COM FOME DE BOLA E DE VITÓRIAS EQUIPA DE RÚBEN AMORIM DEU INÍCIO À PRÉ-TEMPORADA COM AMBIÇÃO E VONTADE DE VENCER. “VAMOS DAR TUDO POR ESTA CAMISOLA”, ASSEGUROU O CAPITÃO SEBASTIÁN COATES Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão

Depois do período de férias, a equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal deu início aos trabalhos para 2020/2021 na última segunda‑feira. O plantel de Rúben Amorim juntou-se na Academia Sporting, em Alcochete, para os habituais testes físicos e médicos antes de, no dia seguinte, partir para o relvado. Com boa disposição e espírito de grupo, os futebolistas do Sporting CP receberam ainda as contratações já anunciadas que se juntaram à equipa nestes primeiros dias de pré‑temporada. Antunes, Pedro Porro, Pedro Gonçalves e Feddal conheceram os cantos à casa e os novos companheiros. Um deles foi Sebastián Coates, capitão dos Leões que, na segunda-feira, falou aos órgãos de comunicação social do Sporting CP. “Fizemos os testes médicos e começamos com o mesmo espírito. Vamos dar tudo por esta camisola e lutar. Começamos a pré-época com objectivos e queremos dar início da melhor forma”, começou por dizer o internacional uruguaio. “Quem está neste grande Clube quer sempre ganhar todos os jogos. Vamos começar a trabalhar e a preparar tudo para que isso aconteça. É um ano com muitos objectivos e com um campeonato competitivo. Vamos dar o máximo”, acrescentou. Destacando a importância da parte física, que “é muito importante e faz parte da pré‑época”, o defesa lembrou ainda os Sócios e adeptos do Sporting CP. “É sempre importante ter os adeptos ao nosso lado. Estamos

A equipa verde e branca realizou testes físicos e médicos na segunda-feira

a viver um momento difícil em todo o Mundo e esperamos poder voltar a tê-los no estádio. Queremos dar-lhes alegrias. (…) A melhor mensagem que podemos passar é dar tudo dentro do campo e prepararmo‑nos bem para a época. Temos um grupo com qualidade e vamos dar tudo para estar bem fisicamente e tacticamente. Todos temos a ambição de ganhar jogos e atingir os objectivos”, frisou. Sobre a participação na terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga Europa,

Sebastián Coates assegurou que o Sporting CP tem “um grupo bom, com qualidade” e que tem “de mostrar do que é capaz”. Por fim, o capitão Leonino admitiu o desejo de regressar à Liga dos Campeões em 2021/2022. “[Jogar na Liga dos Campeões] é o que todos queremos. Desde que cheguei aqui, o Sporting CP tem sido um grande Clube no futebol mundial e os grandes clubes têm de estar nas grandes competições. Ir à Liga dos Campeões é um objectivo e uma ambição que todos temos”, finalizou.

LIGA COMEÇA A 20 DE SETEMBRO A Liga NOS tem início agendado para 20 de Setembro, sendo que a previsão é que acabe a 19 de Maio de 2021. O sorteio da competição mais importante do futebol português está marcado para 28 de Agosto. Já a participação do Sporting CP Liga Europa na Liga Europa tem início marcado para 24 de Setembro, dia em que se vai jogar a terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos em jogo único. Os play-offs, também realizados num jogo apenas, vão acontecer a 1 de Outubro, sendo que os seis encontros da fase de grupos estão marcados para 22 de Outubro, 29 de Outubro, 5 de Novembro, 26 de Novembro, 3 de Dezembro e 10 de Dezembro. O sorteio da terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos, onde entra o Sporting CP, está marcado para 1 de Setembro em Nyon, na Suíça.


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ENTREVISTA NEVENA DAMJANOVIĆ

“QUANDO VISTO ESTA CAMISOLA REPRESENTO TODOS OS SPORTINGUISTAS” Nevena Damjanović, capitã da equipa de futebol feminino, falou sobre o passado, o presente e lançou 2020/2021 em entrevista ao Jornal Sporting Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão O que mais a surpreendeu no Sporting CP? O que me surpreendeu mais foi a quantidade de adeptos que temos. Uma das razões por que vim foi porque o Sporting CP é um Clube muito grande e porque queria ter a oportunidade de representar um emblema destes. Mas a quantidade de adeptos e de apoio surpreendeu-me.

“O QUE ME SURPREENDEU MAIS [QUANDO CHEGUEI] FOI A QUANTIDADE DE ADEPTOS QUE TEMOS” A equipa já começou os trabalhos para 2020/2021. Como foi o arranque depois de vários meses bem atípicos? Foi, definitivamente, algo que nunca tínhamos vivido – parar de jogar futebol durante vários meses. Foi difícil, porque tínhamos saudades do nosso trabalho, mas tudo está a voltar ao normal e estamos a treinar, mas foi estranho. “Quero ganhar a Liga com este Clube”, garantiu a defesa

Aos 27 anos, Nevena Damjanović capitaneia a equipa de futebol feminino do Sporting Clube de Portugal. Depois do ŽFK Spartak Subotica (Sérvia, país natal da defesa-central) e do Fortuna Hjørring (Dinamarca), assinou pelo emblema de Alvalade em 2018. Desde então, tem deliciado os Sócios e adeptos Leoninos, mas também a própria internacional sérvia não esconde a satisfação por vestir de verde e branco. Tanto que, recentemente, chegou a acordo com o Sporting CP para a renovação do contrato. Em entrevista ao Jornal Sporting, Nevena Damjanović mostrou estar bem ciente do peso da camisola que utiliza e da responsabilidade proveniente da braçadeira de capitã. Defesa, mas goleadora, a Leoa fez o lançamento de 2020/2021 e deixou uma garantia: o foco está na conquista da Liga e das restantes competições. Renovou recentemente com o Sporting CP. O que a fez tomar essa decisão de continuar de verde e branco? Renovei o contrato porque me sinto muito bem neste Clube. Era um desejo meu continuar aqui, principalmente com a pandemia de COVID-19. Nem coloquei

em questão se queria continuar ou não. Quero ganhar a Liga com este Clube, pelo que estou motivada para continuar e para fazer parte desta família. Que balanço faz destas duas épocas a nível individual e colectivo? Jogámos bem, mas não ganhámos a Liga. Em 2019/2020 penso que estivemos muito melhor do que em 2018/2019, mas a pandemia de COVID-19 parou as competições. Estávamos no primeiro lugar da Liga juntamente com o SL Benfica e em boa posição para ganhar no final porque já tínhamos enfrentado os adversários mais complicados. Melhoramos todos os anos e mal posso esperar pelo início da nova temporada. Estando em Portugal há dois anos, o que é que já consegue dizer em português? (Risos) Percebo tudo de português, seja quando a treinadora está a falar ou quando estou a ter uma conversa. Não falo porque todos sabem falar inglês, mas percebo português.

Já se adaptou à nova realidade? Sim. Quando tudo começou, estava chocada. Sou uma futebolista, mas também sou atleta, pelo que estava preocupada em manter a forma e em realizar treinos físicos. Trabalhei bastante durante a quarentena para estar preparada quando regressássemos. Várias jovens jogadoras da formação têm treinado com a equipa principal. Qual a sua opinião sobre essa aposta? Digo sempre que temos um talento fantástico nas jovens jogadoras. Fico muito feliz por elas fazerem parte da nossa equipa porque considero que podem trazer uma energia nova à equipa. É muito bom tê-las a treinar connosco. Têm muito talento e ajudam-nos muito. Podem fazer a diferença. Nós, as mais velhas e experientes, temos a responsabilidade de as ajudar e ensinar. Quais são os objectivos para 2020/2021? O objectivo, quando se joga por este Clube, é ganhar troféus. Devemos vencer todas as competições e esse é o objectivo. Estamos a trabalhar bastante na pré-temporada para melhorarmos o que não esteve tão bem na época passada e para estarmos preparadas em cada jogo.


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minha experiência, principalmente com as jogadoras mais novas. É defesa-central, mas tem quase 20 golos pelo Sporting CP em duas temporadas. Sempre marcou um número considerável de golos? Sim, sempre marquei muitos. No ŽFK Spartak Subotica conseguia fazer muitos golos e na Dinamarca marcava sete ou oito por temporada. Fico feliz por isso e por não me limitar a defender. É uma jogadora muito forte nas bolas paradas, sejam pontapés de penálti ou livres directos. Treina muito essas situações? Quando era mais nova, treinava muito os livres directos. Na Dinamarca já não treinava tanto. Já facturou mais do que uma vez em jogos grandes contra adversários como SL Benfica ou SC Braga. Sente que rende ainda mais quando há mais pressão? Gosto de pressão. Acho que qualquer verdadeiro atleta gosta. E esse tipo de jogos trazem algo mais, o que é inacreditável. Damos sempre 100%, mas quando jogamos contra SL Benfica, SC Braga ou outra equipa de qualidade, damos ainda mais e isso é fantástico no futebol.

“O SPORTING CP É UM CLUBE MUITO GRANDE E ESTOU HONRADA POR SER CAPITÃ DESTA EQUIPA” A equipa de futebol feminino já deu o pontapé de saída para a nova época

“O OBJECTIVO, QUANDO SE JOGA POR ESTE CLUBE, É GANHAR TROFÉUS. DEVEMOS VENCER TODAS AS COMPETIÇÕES” Depois de um ano a trabalhar com Susana Cova, considera que as ideias da treinadora já estão bem vincadas no grupo? O primeiro ano é sempre difícil quando se troca de treinador. Agora, estamos mais preparadas e sabemos o que a treinadora quer de nós. É muito mais fácil traduzir em campo aquilo que ela imagina tacticamente. Quando chegou ao Clube, em 2018, disse ao Jornal Sporting que os Sócios e adeptos podiam “esperar 100%” de si “em todos os jogos”. Sempre foi uma atleta dedicada? Sim. Estou muito agradecida por poder jogar futebol a este nível e por poder representar este Clube. Quando visto esta camisola represento todos os Sportinguistas. Por isso, dou sempre tudo. Sei que, por vezes, não parece e não jogo sempre bem, mas tento dar sempre 100%. Essa é a minha mentalidade. Como era a vida em Kragujevac, na Sérvia, cidade de onde é natural? Antes de jogar futebol, praticava karaté. Era a minha modalidade de eleição. O futebol feminino, na Sérvia, não era muito desenvolvido e comecei tarde, aos 13 ou 14 anos.

Em que momento percebeu que podia ser profissional de futebol? Sempre fui muito dedicada. Para mim, para além do futebol, a educação era o mais importante e terminei a universidade. Depois, quando fui para a Dinamarca, percebi o que era o futebol ao mais alto nível. Lá, percebi o que significava ser uma futebolista profissional. Em 2015, trocou o ŽFK Spartak Subotica, da Sérvia, pelas dinamarquesas do Fortuna Hjørring. Como descreve a experiência de jogar num país onde o futebol feminino está bem mais avançado do que em Portugal? Foi muito interessante porque o futebol feminino na Dinamarca é importante e há muito mais igualdade entre homens e mulheres [no futebol]. Foi muito bom e uma experiência fantástica. É muito agradável ver que estão a tentar que a diferença para os homens seja menor.

Um dos seus festejos mais conhecidos envolve uma continência. O que significa a celebração? Significa trabalho árduo todos os dias para conseguir ganhar e marcar. É um momento de orgulho. Quem são as colegas de equipa de quem é mais próxima? Tenho muita sorte por estar numa equipa onde me dou bem com todas as miúdas. São todas minhas amigas. Claro que as estrangeiras, como eu, são mais próximas. E a Carlyn Baldwin, claro, é uma grande amiga. O que significa ser capitã do Sporting CP? É uma honra para mim. Quando estou em casa, represento a minha família. No campo, represento o Sporting CP e isso é uma responsabilidade muito grande. O Sporting CP é um Clube muito grande e estou honrada por ser capitã desta equipa. Significa muito para mim e espero representar o Clube da melhor forma. Estou a adorar cada momento.

“GOSTO DE PRESSÃO. ACHO QUE QUALQUER VERDADEIRO ATLETA GOSTA” Está habituada a ganhar títulos e já o fez na Sérvia e na Dinamarca. Considera que essa experiência e mentalidade pode ajudar a recolocar o Sporting CP na rota dos troféus? O meu único foco está em ser campeã e é para isso que trabalho todos os dias, mas para isso acontecer tudo tem de estar no seu lugar. É um desporto de equipa e não de uma jogadora. Por isso, quero ajudar com a

A continência nos festejos "significa trabalho árduo todos os dias para conseguir ganhar e marcar"


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ENTREVISTA TRAVANTE WILLIAMS E SHAKIR SMITH

WELL CONNECTED LIONS Travante Williams e o reforço Shakir Smith jogaram juntos na universidade e reencontram-se agora no Sporting Clube de Portugal. À conversa com o Jornal Sporting, explicaram de forma dedicada o que significa ser Well Connected (em português: ‘bem relacionado’), as duas palavras que ambos têm nos respectivos nomes de utilizador no Instagram. Companheiros de casa em Portugal, país que até já é a “primeira casa” de Travante Williams, os atletas americanos falaram ainda do regresso ao trabalho com a equipa, dos objectivos para 2020/2021 e do entusiasmo de jogar na Basketball Champions League Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão Os nomes de utilizador de cada um no Instagram revelam uma ligação. Travante Williams é @wellconnectedalaska e Shakir Smith é @wellconnectedcinco naquela rede social, sendo que as semelhanças nos handles escolhidos não são obras do acaso. Os dois basquetebolistas norte-americanos do Sporting Clube de Portugal são amigos de longa data e têm agora a sorte de voltarem a ser colegas de equipa ao mesmo tempo que espalham o estilo de vida Well Connected, que tem como objectivo “conhecer pessoas, viajar pelo Mundo, espalhar amor e boa energia”, como explicou Travante Williams, criador do conceito. À conversa com o Jornal Sporting, os dois Leões de 27 anos garantiram que o facto de terem adoptado essa mentalidade mudou a forma como encaram a vida e os seus desafios. Talvez por isso se tenham voltado a encontrar no mundo do basquetebol, onde querem levar o Sporting CP à Glória com Esforço, Dedicação e Devoção. Com ou sem adeptos nas bancadas do Pavilhão João Rocha devido à pandemia de COVID-19, Travante Williams e Shakir Smith querem deliciar os Sportinguistas num ano em que um dos pontos altos vai ser a participação na Basketball Champions League.

REENCONTRO SEIS ÉPOCAS E VÁRIOS PAÍSES DEPOIS O extremo Travante Williams e o base Shakir Smith jogaram juntos nos Adams State Grizzlies, equipa da Adams State University, universidade do estado norte-americano do Colorado, na temporada 2014/2015. Depois do basquetebol universitário, Travante Williams jogou na Geórgia antes de, em 2017, chegar a Portugal para reforçar a UD Oliveirense. Dois anos depois, assinou pelo Sporting CP. Já Shakir Smith passou pela Bulgária, Macedónia do Norte e Suécia antes de, finalmente, ser contratado pelo Sporting CP para a temporada 2020/2021. A amizade, contudo, ficou bem forte até hoje. “No nosso terceiro ano de faculdade jogámos juntos na Adams State University sob o comando do treinador Louis Wilson. Conhecemo-nos dessa forma. Ele foi uma das primeiras pessoas que eu conheci quando cheguei ao Colorado. (...) Um dos nossos treinadores, Troy Johnson, apresentou-me ao Shakir, disse que ele era o meu base e sugeriu que passássemos tempo juntos. A partir daí, ficámos amigos e o resto é história”, começou por dizer Travante Williams. Shakir Smith reforçou que

À esquerda, Travante Williams e Shakir Smith em 2014, quando representavam a equipa universitária dos Adams State Grizzlies. À direita, a mesma fotografia em 2020, com o equipamento do Sporting CP nos corredores do Pavilhão João Rocha ambos estão ligados por laços muito fortes, sendo que até já se deslocaram às cidades natal um do outro para conhecer a zona e as respectivas famílias. E se ‘Alaska’ no nome de utilizador de Travante Williams no Instagram tem uma razão óbvia – é o estado norte-americano de origem do basquetebolista, enquanto Shakir Smith é natural do Arizona –, porquê o ‘cinco’ no handle de Shakir Smith? “Começou na escola secundária. Sempre utilizei o número cinco. Adorava o Allen Iverson [jogador de basquetebol] e o Michael Vick [jogador de futebol americano], que utilizaram o número três e o número sete, respectivamente. Quis arranjar um número para mim e escolhi o cinco, que estava no meio. Depois, de onde venho há uma cultura mexicana-americana muito forte e é daí que vem o ‘cinco’ em espanhol. Os meus amigos chamam-me ‘cinco’”, frisou ainda.

UM ESTILO DE VIDA O Jornal Sporting questionou, por fim, aos dois basquetebolistas o que quer dizer Well Connected – em português, significa ‘bem relacionado’. Travante Williams, que fundou o conceito, tinha a resposta na ponta da língua. “Para nós, Well Connected é um estilo de vida que estamos a tentar que chegue às pessoas. Começou há alguns anos e o objectivo é levar um estilo de vida que faz com que perguntes o que queres de ti próprio.

Quero conhecer pessoas, viajar pelo Mundo, espalhar amor e boa energia. Essa é a base da ideia. Um grupo de amigos decidiu que queria ser bem relacionado em diferentes níveis”, contou. O camisola 0 dos Leões foi mais longe, explicando que pretende “levar esta energia para todo o lado” e admitindo que está feliz por fazê-lo em Portugal. “Na vida, queremos encontrar um objectivo. E o nosso é ligar as pessoas”, acrescentou. Shakir Smith passou a ser Well Connected ligeiramente mais tarde, por influência de Travante Williams, mas assim que percebeu do que se tratava a sua vida mudou: “Para mim, ele [Travante Williams] era uma espécie de presidente da ideia. Ele falou-me disto do Well Connected e, ao início, perguntava-lhe de que é que ele estava a falar. Ele insistiu e explicou do que se tratava e eu finalmente percebi. Mudou o meu estado mental e fez-me perguntar o que realmente quero neste Mundo, o que quero fazer e onde quero deixar a minha marca. Well Connected é um estilo de vida: mostrar aos outros que gostas deles, ser confiante, mas ao mesmo tempo humilde”. E tudo será mais fácil se todo o grupo tiver a mesma mentalidade, assegurou a cara nova do plantel de Luís Magalhães. “Se a nossa equipa for Well Connected, acredito que todos vão revelar a melhor versão deles próprios. E isso é o que queremos”, disse. >>


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OPINIÃO

OURO VERDE

Pedro Almeida Cabral

Há poucos dias, a 12 de Agosto, celebraram-se os 36 anos da conquista da primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos para Portugal. Carlos Lopes, Sportinguista emérito, foi quem ganhou a prova mais importante do atletismo olímpico, que se disputa em último lugar. Não é uma efeméride qualquer. Quem viu, como eu, não esquece a extraordinária corrida de Carlos Lopes e de como encheu de alegria um país inteiro. Carlos Lopes, atleta Sportinguista desde os 20 anos, foi um diamante laboriosamente lapidado pelas mãos do Professor Moniz Pereira. O nosso visionário e multifacetado treinador de atletismo, que introduziu os treinos bidiários e tantas outras inovações, foi um dos artífices do olimpismo Sportinguista. Não é muito conhecida a história de superação de Carlos Lopes entre 1976, quando conquistou a medalha de prata nos 10.000 metros nos Jogos Olímpicos de Montreal, melhorando o seu recorde pessoal em 45 segundos, e 1984, ano do ouro olímpico. Durante estes oito anos, o seu caminho foi irregular. E, na verdade,

Carlos Lopes, só começou a correr a maratona em 1982, não tendo sequer acabado a primeira prova em que participou. Teve um resultado animador em 1983, terminando em segundo lugar na Maratona de Roterdão. Tornou a correr os 10.000 metros, mas sem glória. Em 1984, optou finalmente pela maratona e uma preparação meticulosa de Moniz Pereira aliada às extraordinárias capacidades atléticas de Carlos Lopes fizeram o resto. Foi até a primeira maratona ganha por Carlos Lopes e ainda hoje é a maratona olímpica ganha pelo atleta masculino mais velho, com 37 anos. Se há medalha olímpica que tem sabor a Sporting CP é esta. Porque seria impossível conquistá-la sem um percurso no Sporting CP que preparou, endureceu e guiou Carlos Lopes para a vitória. Não por acaso, Carlos Lopes sempre partilhou o feito com Moniz Pereira. Para mim, há 36 anos foi a noite em que me fechei com o meu pai em frente a uma pequena televisão a preto e branco e na qual vimos os dois até às tantas da manhã a corrida interminável. Cabeceando com sono, despertei com os gritos do meu pai aos 35 km, quando Carlos Lopes desferiu o seu afamado ataque final que lhe valeu o ouro, fixando o recorde olímpico por 24 anos. Do alto dos meus quase sete anos, foi a noite mais longa até então, mas também a mais inesquecível. Afinal, já deambulava por Alvalade e sabia bem que aquele ouro era também verde.

FELIZES EM PORTUGAL

ENTUSIASMO PARA 2020/2021

“Se Portugal é a minha segunda casa? Acho que já é a primeira”. Foi desta forma que Travante Williams admitiu o seu amor a este pequeno país na ponta da Europa e com todo um Oceano Atlântico pelo meio no caminho para os EUA. “Quando regresso aos EUA, tenho logo saudades de Portugal. Nos últimos anos, só tenho estado nos EUA seis semanas por ano. Já considero Portugal a minha casa e quero ficar por cá muito tempo”, adicionou. Shakir Smith tem uma história bem mais curta com o território e o povo lusitanos, mas a experiência, para já, é positiva. “É um país muito bonito e as pessoas recebem-nos muito bem. Tenho recebido muito apoio dos nossos adeptos e adoro isso. A equipa é óptima. O Travante é um bom guia. Já me mostrou muito da cidade, incluindo os sítios onde posso precisar de ir, como mercearias ou supermercados. Tem sido muito bom para mim”. As expectativas, por isso, têm sido cumpridas, até porque Shakir Smith tem estado em contacto com Travante Williams desde a vinda deste último para Portugal. “Já sabia como era o estilo de vida dele e como ele estava”, reforçou. Para Travante Williams, que está agora a partilhar casa com Shakir Smith, há um dos dois companheiros que tem bem mais responsabilidade nas tarefas domésticas: “Sou o companheiro de casa mais organizado. Acho que sou mais adulto. (Risos) Como já cá estava, é mais fácil para mim ajudá-lo. Já estivemos juntos durante grande parte do Verão e tem sido tempo bem passado”. Para além de guia, Travante Williams também foi, durante breves momentos, uma espécie de agente de Shakir Smith. Na verdade, o nome do novo base Leonino foi sugerido aos responsáveis do plantel pelo craque que chegou a Alvalade em 2019. “Havia uma vaga e eu fiz a sugestão. Só mostrei o vídeo e gostaram do que viram. (...) Ele é um jogador que já provou o que vale. Jogou em vários países e era importante na maioria das equipas onde esteve. É bom para nós tê-lo aqui e estamos felizes pela escolha dele em vir para o Sporting CP”, garantiu Travante Williams.

Principalmente depois do que se viveu e continua a viver devido à pandemia de COVID-19, este início de pré-temporada tem sido especial. Após vários meses estranhos e longe dos colegas de equipa, Travante Williams não escondeu a satisfação de reencontrar as caras com quem partilha o balneário. “Foi fantástico voltar aos treinos e ver os rapazes. Voltar a estar neste tipo de ambientes faz-me estar feliz”, considerou. Para Shakir Smith, apesar de ser novo no Sporting CP, a felicidade é semelhante. “Estou muito entusiasmado. Sabia que vinha para um ambiente vencedor e estava sempre a perguntar quando é que era o voo. Estava pronto há muito tempo”, assegurou. Uma das principais características de 2020/2021 é a participação do Sporting CP na Basketball Champions League. O emblema verde e branco vai defrontar os suíços do Fribourg Olympic Basket na primeira ronda de qualificação para a fase de grupos e Shakir Smith, que já competiu na prova em 2018/2019 ao serviço dos suecos do Norrköping Dolphins, tendo sido eliminado bem cedo, quer ter melhores memórias. “Quero fazer muito melhor do que da última vez. Foi mais uma motivação para vir para cá. A primeira vez serviu para experimentar. Agora quero ter uma boa prestação”, referiu. Já para Travante Williams vai ser uma estreia em competições europeias: “Participar numa competição europeia é mais um obstáculo ultrapassado. Quero ajudar a minha equipa a ganhar, jogar de forma intensa e queremos fazer o melhor que conseguirmos. Essa é a mentalidade”. Por fim, os dois norte-americanos falaram sobre os Sócios e adeptos do Sporting CP, admitindo as saudades de jogar perante aqueles que, antes da pandemia de COVID-19, apoiavam de forma incansável a equipa. “Temos saudades deles e sabemos que eles também sentem a nossa falta. Queremos o apoio deles, seja no pavilhão ou através das redes sociais. Que nos apoiem, que apoiem todas as modalidades e que apoiem o Sporting CP em toda a linha”, disse Travante Williams, enquanto Shakir Smith está ansioso por conhecer os Sportinguistas pessoalmente assim que for seguro. “Têm sido fantásticos através das redes sociais. Estou pronto para dar o meu melhor e quero que, quando for possível, os adeptos encham o Pavilhão João Rocha”, concluiu.

Tanto Travante Williams como Shakir Smith têm as palavras Well Connected nos nomes de utilizador no Instagram


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MODALIDADES ATLETISMO

LEOAS CONQUISTAM DÉCIMO TÍTULO CONSECUTIVO COMO ERA ESPERADO, A EQUIPA FEMININA DE ATLETISMO DO SPORTING CP DOMINOU QUASE TODAS AS PROVAS DOS CAMPEONATOS NACIONAIS DE CLUBES, CONQUISTANDO O 50.º TROFÉU EM 78 EDIÇÕES DA PROVA. EM MASCULINOS, OS LEÕES ARRECADARAM O SEGUNDO LUGAR DO PÓDIO Texto: Pedro Ferreira Fotografia: José Lorvão, Pedro Zenkl

A equipa feminina de atletismo do Sporting Clube de Portugal conquistou, no passado sábado, o décimo título consecutivo nos Campeonatos Nacionais de Clubes de pista ao ar livre.

O dia terminou com os festejos do décimo título feminino consecutivo, o 50.º em 78 edições da prova

Naquela que é considerada a prova rainha da modalidade em Portugal – e que encerra a temporada –, as Leoas

Cláudia Ferreira estabeleceu um novo recorde nacional de sub-23 do lançamento do dardo

não deram hipóteses à concorrência e arrecadaram um total de 134 pontos, mais 33 do que o segundo

classificado, o SL Benfica, e mais 39,5 do que o terceiro, a Juventude Vidigalense. Já em masculinos, o conjunto de Alvalade alcançou o segundo lugar do pódio, logo à frente do SC Braga, equipa que que acumulou 75,5 pontos, menos 41,5 do que a formação verde e branca, e atrás do SL Benfica. Para fazer face à pandemia de COVID-19, o evento teve este ano a duração de apenas um dia (o habitual são dois) e realizou-se, em simultâneo, em seis cidades diferentes – Lisboa, Guimarães, Vagos, Faro, Ribeira Brava e Ponta Delgada –, tendo os atletas Leoninos entrado em prova no Estádio Universitário de Lisboa em conjunto com todos aqueles que marcaram presença em representação de clubes das associações de Lisboa, Santarém, Leiria e Setúbal. Durante a manhã, a equipa

feminina do Sporting CP venceu sete das nove provas disputadas, com o maior destaque a pertencer a Cláudia Ferreira, atleta do lançamento do dardo que bateu o recorde nacional de sub-23 (que pertencia, desde 2001, a Sílvia Cruz, antiga atleta Leonina) com a marca de 54,66 metros, assegurando a primeira posição com mais de dez metros de vantagem sobre a segunda classificada Marlene Araújo, do SC Braga. Na prova do lançamento do disco, Irina Rodrigues esteve também em evidência ao triunfar com uma vantagem de 13,32 (!) metros em relação à segunda classificada,juntando a sua vitória às de Olímpia Barbosa (100 metros barreiras) e Anabela Neto (salto em altura). Outra das figuras de destaque foi Lorène Bazolo, atleta que venceu a prova dos 100 metros diante de Arialis


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No lançamento do disco, Irina Rodrigues esteve em destaque ao triunfar com uma vantagem de 13,32 (!) metros em relação à segunda classificada

Vera Barbosa venceu a prova dos 400 metros barreiras com grande vantagem sobre a concorrência

Martinez, do SL Benfica, e que voltaria a triunfar sobre a benfiquista, já da parte da tarde, na prova dos 200 metros. Nos 400 metros, Cátia Azevedo (53,03 segundos) foi a grande vencedora, relegando a bracarense Carina Vanessa (56,33 segundos) para o segundo lugar do pódio. No salto em comprimento, a favorita Evelise Veiga (6,41 metros) confirmou as expectativas e venceu a prova pela quarta temporada

Já no salto à vara, Marta Onofre teve uma prova tranquila e venceu com a marca de 3,80 metros, bem distante dos 3,25 metros atingidos pela atleta que ficou no segundo lugar, Sara Pereira, da ACD Jardim da Serra. Por fim, Patrícia Mamona, que no fim-de-semana anterior tinha arrecadado o 11.º título nacional da carreira, venceu a prova feminina do triplo salto, apesar de ter ficado abaixo da marca dos 14 metros. Ainda assim, é importante referir que

consecutiva, superiorizando‑se a Lucinda Gomes (6,09 metros), do GD Estreito. Ainda nos saltos, mas desta vez em altura, nota para o triunfo de Anabela Neto com a marca de 1,82 metros, números mais do que suficientes para bater os 1,66 da segunda classificada Milena Lucena. Da parte da tarde, destaque para os já esperados triunfos de João Viera, nos 3000 metros marcha, e de Vera Barbosa, nos 400 metros barreiras, com

os dois atletas do Sporting CP a vencerem as respectivas provas sem dificuldades e com uma larga diferença sobre os segundos classificados. No lançamento do martelo, Vânia Silva foi figura de relevo ao vencer a prova com uma vantagem de cerca de oito metros em relação à marca alcançada pela segunda classificada, e no lançamento do peso e do disco, respectivamente, nota para as vitórias de Jéssica Inchude e Edujose Lima.

a atleta tinha estado em prova na noite anterior, no meeting do Mónaco da Liga Diamante, evento no qual alcançou a terceira posição. Com este triunfo, a formação feminina do Sporting CP conquistou o 50.º título em 78 anos, o que significa que desde 1995 as Leoas perderam apenas um Campeonato. Para ficar a par dos resultados detalhados dos atletas do Sporting CP nesta prova, consulte a página 31 desta edição do Jornal Sporting.

CLASSIFICAÇÃO FEMININOS 1.º Sporting CP – 134 Pontos 2.º SL Benfica – 101 Pontos 3.º Juventude Vidigalense – 94,5 Pontos 4.º SC Braga – 78 Pontos 5.º ACD Jardim da Serra – 77,5 Pontos 6.º GD Estreito – 62,5 Pontos 7.º ADR Água de Pena – 55 Pontos 8.º GRECAS – 43,5 Pontos

CLASSIFICAÇÃO MASCULINOS 1.º SL Benfica – 140,5 Pontos 2.º Sporting CP – 117 Pontos 3.º SC Braga – 75,5 Pontos 4.º Juventude Vidigalense – 73,5 Pontos 5.º ACD Jardim da Serra – 63 Pontos 6.º GRECAS – 63 Pontos 7.º CB Faro – 61 Pontos 8.º ADR Água de Pena – 54,5 Pontos João Vieira confirmou as expectativas ao triunfar sem dificuldades nos 3000 metros marcha


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POR ONDE ANDA

DOMINGOS CASTRO Pisou os maiores palcos do atletismo mundial e levou o nome do Sporting CP e de Portugal além-fronteiras como poucos. Quase duas décadas depois do fim da carreira, fomos saber por onde anda Domingos Castro Texto: Pedro Ferreira Fotografia: Museu Sporting - Centro de Documentação

As medalhas foram uma constante ao longo da carreira de Domingos Castro

Descoberto pelo professor Mário Moniz Pereira em tenra idade, Domingos Castro é, ainda hoje, um dos nomes incontornáveis da história do atletismo e do desporto nacional. Irmão gémeo de Dionísio Castro, outro dos históricos da modalidade em Portugal, Domingos nasceu em Fermentões, uma pequena aldeia do distrito de Guimarães, demonstrando desde cedo grande aptidão para as longas distâncias. Depois de chegar ao Sporting CP, em 1984, foram muitos os recordes que bateu e os títulos que conquistou ao longo das 16 temporadas em que vestiu de verde e branco, tanto a nível nacional como internacional, construindo uma carreira que o levou a correr em diferentes disciplinas, com principal destaque para os cinco e dez mil metros, maratona, meia-maratona e corta-mato. Ainda assim, no início, nem tudo foi fácil, como o próprio conta. “Tive muitas dificuldades quando cheguei, até porque vim primeiro do que o meu irmão. Nunca me habituei à alimentação em Lisboa, uma cidade gigante para quem vem de uma aldeia e está sozinho. Precisei de um ano para me adaptar, mas a partir daí

foi tudo maravilhoso”, revelou em entrevista ao Jornal Sporting, admitindo recordar o percurso em Alvalade com “grande saudade”. Apesar de ter estado presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos (JO), Domingos Castro não tem dúvidas em apontar o segundo lugar nos cinco mil metros dos Mundiais de Roma como o melhor momento da carreira. Ainda assim, também não esquece o que sucedeu um ano depois, em 1988, quando esteve muito perto de sair dos JO com uma medalha, mas acabou ultrapassado já nos últimos metros, caindo do segundo para o quarto lugar. “A maior frustração foi em Seoul, quando perdi a medalha em cima da meta. Foi horrível, uma das piores coisas que me aconteceram”, recorda. Hoje, quase 20 anos depois de ter terminado a carreira, o ex-fundista enveredou por outros caminhos, embarcando numa viagem pelo mundo empresarial que teve o seu ponto de partida nas lojas chinesas. “Tive uma sociedade com um amigo chinês durante oito anos. Primeiro começámos com as lojas, e depois passámos a ser fornecedores desses espaços”, conta. Durante quase uma década, geriu o negócio enquanto se desdobrava em viagens com destino a África, continente onde investiu nos combustíveis e na organização de eventos desportivos. “Mais recentemente, desde há cerca de dois anos, tenho estado também em Moçambique. Fundámos a famosa Meia-maratona Internacional de Maputo, prova que tem tido grande sucesso. Fui também organizador da Meia-maratona de Luanda, em

Angola, e depois quis fazer a Maratona, mas as coisas complicaram-se com a crise económica. Por isso mesmo, suspendemos tudo e vamos ver se retomamos um dia destes”, revela Nos últimos tempos, deu início a um projecto focado no agenciamento de jogadores de futebol, desporto que admira e que tem acompanhado com muita atenção, especialmente no que diz respeito aos mais jovens, até porque quatro dos seus seis filhos são praticantes. “Os mais novos, o Domingos e o Dionísio, são gémeos e jogam nos petizes do Sporting CP. Depois tenho o Guilherme, de 12 anos, no SG Sacavenense, e o Bruno, que está no GS Loures”, sublinha, admitindo que embora alguns tenham revelado aptidão para o atletismo, sempre preferiram a bola. Apesar de neste momento passar mais tempo em Portugal e de estar focado no crescimento dos filhos, com quem passou a quarentena na quinta da família, em Mafra, dedicando inúmeras horas à plantação de legumes biológicos ou, simplesmente, a “ouvir os pássaros”, Domingos Castro nunca esqueceu o atletismo, continuando a correr, pelo menos, duas maratonas por ano. “No ano passado fiz a de Sevilha e a de Nova Iorque. Corro para me sentir bem, é um momento de convívio com os meus amigos. Contrariamente ao que acontecia antes, hoje desfruto das maratonas, embora sofra muito mais. Este ano tínhamos definido correr a Maratona de Lisboa, mas não aconteceu. Para o ano, logo se verá”, até porque, como o próprio diz, é preciso “viver um dia de cada vez”.

Domingos Castro, o primeiro à direita de verde e branco, destacou-se nos cinco mil e dez mil metros, maratona, meia-maratona e corta-mato


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CLUBE MODALIDADES

REINO DO LEÃO Texto: Pedro Ferreira Fotografia: Pedro Zenkl

PATRÍCIA MAMONA TERCEIRA NO MÓNACO Seis dias depois de se ter tornado campeã nacional do triplo salto pela 11.ª vez e algumas horas antes de ajudar o Sporting CP a vencer o seu décimo título consecutivo nos Campeonatos Nacionais de Clubes, Patrícia Mamona esteve em bom plano no Meeting do Mónaco, prova inserida na Liga Diamante, alcançando o terceiro lugar com a marca de 14,08 metros. Depois de abrir as hostes com um salto de 13,95 metros, a atleta Leonina teve ainda três tentativas nulas, terminando a sua participação na prova disputada no Stade Louis II, casa da AS Monaco FC, com novo ensaio perto dos 14 metros (13,88 m). À frente da atleta verde e branca ficaram a venezuelana Yulimar Rojas, com 14,27 metros, e a búlgara Gabriela Petrova, com um salto de 14,18 metros.

2021, disse estar muito satisfeita por ter, mais uma vez, o apoio do Sporting CP na preparação para o ano olímpico que se avizinha. “Estou muito feliz por prolongar a minha ligação ao Clube. É um orgulho enorme fazer parte desta família e poder continuar a lutar por títulos no Sporting CP”, sublinhou.

NATAÇÃO REGRESSOU À COMPETIÇÃO NO OPEN DE LOULÉ Sete atletas do Sporting CP estiveram presentes, no passado fim-de-semana, no Open de Loulé, prova que decorreu nas Piscinas Municipais daquela localidade e que contou ainda com a participação das equipas dos Comités Olímpicos de Portugal, Brasil e Espanha. Naquela que foi a primeira competição após a retoma, os nadadores Leoninos alcançaram quatro pódios, com Francisco Santos a garantir o segundo lugar nos 200 metros costas com a marca de 2’01’’60. Nos 50 metros bruços, Francisco Quintas (28’’45) e Alexis Santos (29’’23) arrecadaram o segundo e terceiro lugares, respectivamente, sendo que na prova dos 100 metros bruços o mesmo Francisco Quintas assegurou novamente a segunda posição do pódio com o tempo de 1’02’’32. Por fim, em femininos, o maior destaque vai para Inês Henriques, atleta que ficou no terceiro lugar da prova de 100 metros mariposa com 1’03’’99.

REFORÇOS PARA O ANDEBOL, VOLEIBOL E TÉNIS DE MESA TRÊS ATLETAS OLÍMPICOS RENOVAM CONTRATO Patrícia Mamona, Jorge Fonseca e Joana Ramos renovaram contrato com o Sporting CP. A atleta do triplo salto e os dois judocas, respectivamente, vão continuar a vestir de verde e branco na próxima temporada, sendo que, dos três, apenas Joana Ramos ainda não tem presença assegurada nos Jogos Olímpicos (JO). Aos 38 anos, a atleta tinha pensado acabar a carreira em 2020 mas, devido ao adiamento dos JO para 2021, decidiu alterar a decisão e, por isso, vai também continuar de Leão ao peito. “Tenho um compromisso com o meu país e com o clube que escolhi representar. Considero que o Sporting CP é, desde há muito tempo, o melhor Clube para eu treinar e tem-me dado tudo aquilo que preciso”, disse a judoca. Já Jorge Fonseca, Campeão do Mundo de judo na categoriad e -100 kg, mostrou-se muito feliz por continuar a defender o emblema de Alvalade e apontou a mais conquistas. “Estou muito contente por ter renovado com o Sporting CP, o Clube do meu coração. Era um dos meus objetivos imediatos. Sinto-me bem aqui e é com o símbolo do Sporting CP que quero continuar a conquistar títulos”, garantiu. Por fim, Patrícia Mamona, atleta que, à semelhança de Jorge Fonseca, tem já presença assegurada nos JO

Em preparação para a nova temporada, as modalidades do Sporting CP, nomeadamente as equipas de andebol, voleibol e ténis de mesa, receberam recentemente novos reforços para fazer face a 2020/2021. Nuno Roque, andebolista que actuava no CF “Os Belenenses” e que conta no currículo com passagens por SL Benfica, Madeira SAD, AA Águas Santas, FC Porto e Chartres MH, de França, está de regresso a Alvalade depois de ter representado o emblema verde e branco entre 2006 e 2009. Aos 33 anos, o central vai reencontrar Rui Silva e Ricardo Candeias, treinador e adjunto, respectivamente, com quem já trabalhou no passado. No voleibol, destaque para a contratação de Hugo Vinha, atleta que chega proveniente do CV Oeiras, emblema no qual cumpriu toda a formação. Aos 19 anos, o distribuidor vai ser colega de posição de Miguel Maia, uma referência com quem, segundo o próprio, vai tentar “aprender ao máximo”. Por fim, e depois de confirmada a saída de Aruna Quadri, Thiago Monteiro é a nova aquisição da equipa de ténis de mesa. Contratado aos franceses do Angers TT, o consagrado atleta brasileiro chega a Lisboa com um currículo que impressiona, tendo marcado presença, por exemplo, em três edições dos Jogos Olímpicos e conquistado diversas medalhas nos Jogos Sul-Americanos e Pan-Americanos.

CAIO JAPA DE REGRESSO A CASA Aos 36 anos, Caio Japa esteve de regresso a Alvalade. Depois de nove épocas de Leão ao peito, o fixo luso-brasileiro voltou a Lisboa durante alguns dias para recuperar de uma lesão contraída na última temporada, estando a ser acompanhado nas instalações do Clube por Naide Gomes, ex-atleta e actual preparadora física das modalidades verdes e brancas. “Sinto que estou a regressar a casa, mesmo que seja por um período curto. Conheço muito bem este Clube, vivi aqui muitos bons momentos. Devo partir em breve, mas como já adoptei Lisboa como a minha casa, de certeza que vou voltar aqui muitas vezes”, referiu o jogador, admitindo depois ter “muitas saudades” de tudo. Após mais uma sessão de trabalho realizada no Pavillhão João Rocha, recinto onde ainda actuou na sua época de despedida, o futsalista recordou os tempos que viveu no Clube e não teve dúvidas em apontar o momento mais marcante. “Foi, sem dúvida, o meu primeiro título de campeão nacional pelo Sporting CP”, concluiu.

NUNO PINTO É O NOVO TREINADOR DO HÓQUEI FEMININO Depois de na temporada passada ter liderado a formação sub-13 masculina de hóquei em patins do Sporting CP, Nuno Pinto, de 44 anos, é agora o novo treinador da equipa principal feminina dos Leões. “As responsabilidades são sempre muitas quando se serve um Clube com a grandeza do Sporting CP. Estou feliz e à espera de começar”, disse o técnico em declarações aos meios de comunicação do Clube. Além do cargo de treinador da equipa principal verde e branca, Nuno Pinto vai ainda acumular funções como adjunto da selecção nacional sénior feminina, prova da qualidade que lhe é reconhecida.

BASQUETEBOL DEFRONTA VITÓRIA SC A 4 DE OUTUBRO A Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) divulgou as datas dos jogos que vão definir o vencedor da Taça de Portugal 2019/2020, prova que tinha sido cancelada devido à pandemia de COVID-19, com o Sporting CP a discutir a meia-final contra o Vitória SC no dia 4 de Outubro. Na outra meia-final, FC Porto e SL Benfica estarão frente a frente, sendo que todos os encontros, incluindo o da final, que está agendado para o dia 5 de Outubro, serão realizados no Pavilhão Multiusos de Odivelas.


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CLUBE MUSEU

LEÕES À SOLTA NO MARACANÃ Texto: Vasco Campos, Museu Sporting - Centro de Documentação Fotografia: Museu Sporting - Centro de Documentação

Vasques posa para a fotografia no relvado do Maracanã

Em início da pré-época, voltamos atrás no tempo e contamos a história da digressão Leonina ao Brasil, em 1952. Uma viagem que pode ser acompanhada no Jornal Sporting e ilustrada por fotografias de época através de um cruzamento de documentos do Centro de Documentação do Museu Sporting. Estamos a 15 de Junho de 1952 quando o Jornal Sporting anuncia com destaque na primeira página - “A «Taça Rio» será um facto!” – o entusiasmo justifica-se, o Sporting Clube de Portugal, o bicampeão português, é o convidado para o torneio internacional comemorativo dos 50 anos do Fluminense FC, campeão carioca no início desse ano. A competição, de carácter intercontinental, pretende reunir as melhores equipas europeias e sul-americanas do momento. O Sporting CP acaba por ser convidado com alguma naturalidade devido ao período hegemónico que vive no futebol português, vencendo o Campeonato Nacional por cinco vezes nas últimas seis épocas. Esse sucesso, tinha como principal responsável um afamado quinteto – Os Cinco Violinos – que espalhavam magia e, ao mesmo tempo, terror pelos campos nacionais. A glória perdurou, mesmo com a equipa “órfã” de Peyroteo, com a conquista dos campeonatos em 1951 e 1952. Mas voltando à viagem, a 5 de julho o Jornal Sporting dá nota do embarque da comitiva no avião da Panair com destino ao Rio de Janeiro. Uma travessia mais cómoda quando comparada com a intrépida viagem de barco feita vinte e quatro anos antes por

Jorge Vieira e companhia. A missão verde e branca cumpriu um duplo propósito: por um lado no aspecto desportivo procurou estabelecer o nome do Sporting CP no panorama internacional e, por outro, cumprir um objectivo institucional através do contacto com a comunidade portuguesa e luso-descendente no Brasil. Este segundo aspecto era igualmente importante porque com a comitiva foram também os famosos “Lagartos”, com o intuito de serem vendidos no Brasil para arrecadar fundos para a construção do futuro Estádio José Alvalade. Este tipo de viagens tinha à época uma grande importância no fortalecimento da ligação institucional entre clubes e, no caso do Brasil, na ligação afectiva do Clube aos Sócios e adeptos Leoninos naquele país. Nesse sentido é relatado que o Sporting CP traz consigo ofertas para todos os clubes e ainda o chamado “material de propaganda”, como postais e cerca de cinco mil emblemas em metal. A embaixada Leonina é recebida em apoteose como relata o jornal brasileiro A Noite, num clima de festa e expectativa para ver os campeões portugueses. O primeiro jogo, e o mais importante, ocorre a 13 de Julho contra o Fluminense no Maracanã. O periódico brasileiro Jornal dos Sports descreve um jogo muito bem disputado e renhido que terminou com um empate a zero. Mas o mais relevante é a descrição do volume de apoio ao Sporting CP, cerca de 80% dos setenta mil adeptos. Um número impressionante de adeptos Leoninos no maior estádio do mundo. Outros jornais

brasileiros repetem o tom elogioso e sobretudo enaltecem o desportivismo, a fibra e capacidade técnica dos jogadores portugueses. Os resultados dos restantes jogos, uma derrota frente aos uruguaios do Peñarol e uma vitória frente aos suíços do Grasshopper, não são suficientes para seguir em frente na Copa, mas a viagem é um sucesso pelo lado institucional, cultural e propagandístico da digressão. Desse ponto de vista, um dos pontos altos da viagem é a condecoração de Góis Mota, vice-presidente do Sporting CP, com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo Presidente Getúlio Vargas. Uma distinção pelo esforço de aproximação dos dois países através do desporto. O relato da digressão é impressionante e extenso, das descrições minuciosas dos jogos às reportagens da imprensa brasileira sobre o Sporting CP, passando por descrições de recepções e jantares feitos em honra dos Leões convidados. Dois aspectos parecem ser transversais: a importância do Sporting CP no estreitamento dos laços diplomáticos entre os dois países e o significado desta embaixada para a comunidade portuguesa deste país. Neste duplo movimento, o Sporting Clube de Portugal colocava em prática um diálogo intercultural multifacetado e complexo, mas proveitoso para ambos os países. Fontes: Museu Sporting - Centro de Documentação - Colecção Jornal Sporting (15 de Junho de 1952 e edições de 5, 12, 19 e 26 de Julho do mesmo ano).

Comitiva do Sporting CP a ver um jogo da Copa Rio no Maracanã. Na primeira fila, Veríssimo, Passos e Canário; na segunda fila, Mário Wilson, Barros e Jesus Correia


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RESULTADOS ATLETISMO MASCULINO

AGENDA

Camp. Nacional de Clubes - Final 100 m: 2.º Dorian Keletela 10’’56 200 m: 3.º Omar Elkhatib 21’’67 400 m: 2.º Omar Elkhatib 47’’54 800 m: 2.º Nuno Pereira 1’51’’80 1500 m: 4.º Luís Monteiro 3’59’’82 3000 m: 2.º Miguel Marques 8’25’’93 110 m barreiras: 3.º Rasul Dabó 14’’43 400 m barreiras: 5.º Francisco Marques 57’’96 2000 m obstáculos: 2.º Fernando Serrão 5’39’’38 3000 m marcha: 1.º João Vieira 12’43’’50 Salto em comprimento: 6.º Bruno Pinto 6,52 m Triplo salto: 1.º Tiago Pereira 16,36 m Salto em altura: 2.º Tiago Pereira 2,09 m Salto com vara: 2.º Carlos Pitra 4,60 m Lançamento do peso: 2.º Marco Fortes 17,27 m Lançamento do disco: 1.º Edujose Lima 56,55 m Lançamento do martelo: 2.º Rúben Antunes 65,76 m Lançamento do dardo: 2.º Ilírio Nazaré 62,00 m Colectivo: 2.º Sporting CP

FEMININO

Seniores - Diamond League do Monaco

Triplo salto: 3.º Patrícia Mamona 14,08 m Camp. Nacional de Clubes - Final 100 m: 1.º Lorène Bazolo 11’’39 200 m: 1.º Lorène Bazolo 23’’38 400 m: 1.º Cátia Azevedo 53’’03 800 m: 3.º Rita Figueiredo 2’11’’92 1500 m: 2.º Salomé Afonso 4’21’’20 3000 m: 2.º Sara Moreira 9’20’’07 110 m barreiras: 1.º Olímpia Barbosa 13’’71 400 m barreiras: 1.º Vera Barbosa 57’’84 2000 m obstáculos: 5.º Bárbara Neiva 6’56’’95 3000 m marcha: 3.º Vera Santos 13’27’’71 Salto em comprimento: 1.º Evelise Veiga 6,41 m Triplo salto: 1.º Patrícia Mamona 13,64 m Salto em altura: 1.º Anabela Neto 1,82 m Salto com vara: 1.º Marta Onofre 3,80 m Lançamento do peso: 1.º Jessica Inchude 17,23 m Lançamento do disco: 1.º Irina Rodrigues 58,06 m Lançamento do martelo: 1.º Vânia Silva 58,72 m Lançamento do dardo: 1.º Cláudia Ferreira 54,66 m - RECORDE NACIONAL SUB-23 Colectivo: 1.º Sporting CP - CAMPEÃO NACIONAL

NATAÇÃO MASCULINO

Seniores - Open de Loulé 200 m livres: 13.º Igor Mogne 1’54’’02

400 m livres: 12.º Igor Mogne 4’01’’75 50 m costas: 6.º Francisco Santos 26’’19; 9.º Alexis Santos 26’’40 100 m costas: 4.º Francisco Santos 56’’84; 9.º João Vital 59’’61 200 m costas: 2.º Francisco Santos 2’01’’60 50 m bruços: 2.º Francisco Quintas 28’’45; 3.º Alexis Santos 29’’23 100 m bruços: 2.º Francisco Quintas 1’02’’32 200 m bruços: 5.º Francisco Quintas 2’16’’93; 7.º João Vital 2’23’’92 50 m mariposa: 7.º Alexis Santos 25’’60 100 m mariposa: 5.º Igor Mogne 56’’04 200 m estilos: 5.º João Vital 2’06’’99 400 m estilos: 4.º João Vital 4’26’’79 4x100 m estilos: 1.º Portugal (Francisco Quintas) 3’42’’37

ATLETISMO SEGUNDA-FEIRA, 24 DE AGOSTO 16H00 - 21H15

TRIATLO SEXTA-FEIRA, 21 DE AGOSTO 10H00

Seniores SPORTING CP Gran Premio Disputación de Castellón Pista de Atletismo Gaetá Huget (Castellón, Espanha)

Juniores Joana Oliveira Taça da Europa de Olsztyn Olsztyn (Polónia)

15H00

Elite Inês Oliveira Taça da Europa de Olsztyn Olsztyn (Polónia)

17H30

FEMININO

Elite João Mansos Taça da Europa de Olsztyn Olsztyn (Polónia)

Seniores - Open de Loulé 200 m livres: 9.º Maria Moura 2’09’’90 400 m livres: 14.º Maria Moura 4’36’’26 100 m mariposa: 3.º Inês Henriques 1’03’’99 200 m mariposa: 4.º Inês Henriques 2’17’’28; 6.º Maria Moura 2’21’’75 400 m estilos: 8.º Inês Henriques 5’05’’06

TIRO COM ARCO MASCULINO

Seniores - Gran Premio de España / Ciudad de Toledo Compound: 9.º Nuno Félix

*Agenda sujeita a alterações após o fecho de edição. Para mais informações consulte a agenda em sporting.pt

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