FUNDADO EM 31 MARÇO 1922 • N.º 3806 • QUINTA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO 2021 • SPORTING.PT • SEMANAL• ANO 99 • 1€ (IVA INCLUÍDO) • DIRECTOR: ANDRÉ BERNARDO
O MAIS ANTIGO JORNAL DE CLUBE DO MUNDO
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O “SENHOR ATLETISMO” Miguel Braga
Cresci em casa tendo o professor Moniz Pereira como uma das grandes referências nacionais até porque o meu pai acompanhava, como podia, os resultados, performances e afins de todo o atletismo do Leão. Os dois tinham por hábito ter longas conversas que começavam sempre na música (nota: o professor também foi autor de alguns fados, entre eles “As duas Faces do Amor”) e descambavam invariavelmente nas pistas de tartan. Numa altura em que havia apenas dois canais de televisão, o Sporting Clube de Portugal costumava ou ser o único Clube português presente nas grandes provas internacionais ou aquele que, com alguma frequência, colocava atletas no pódio. E foi assim, que nos primeiros anos da década de 80 do século passado, me habituei a ver na televisão os feitos de Fernando Mamede ou Carlos Lopes, mas também de Ezequiel Canário, Joaquim Pinheiro, gémeos Castro e tantos outros. 1984 acabou por ser o ano que ficou marcado para sempre na nossa memória colectiva: não só pelo recorde mundial de Mamede nos 10 000 metros no meeting de Helsínquia, não só pela vitória e respectivo ouro de Carlos Lopes na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, mas porque foi também por altura desses feitos que o meu pai me disse: “por trás de um grande
fundista português estará sempre o professor Mário Moniz Pereira”. Nesta edição do Jornal Sporting, dedicamos algumas páginas [14 a 19] ao “Senhor Atletismo” português. Vários jornais não seriam suficientes para explicar a grandeza de alguém que dedicou a vida ao Sporting CP e ao desporto nacional, formando campeões de eleição, mulheres e homens que ganharam os mais diversos títulos envergando a camisola do Clube e também de Portugal. Tentamos, de forma resumida, dar a conhecer aos mais novos e recordar a todos os outros, a vida e legado de um dos grandes portugueses do século XX. Salvador Salvador renovou na semana passada com o seu Clube do coração, terminando assim uma novela e um assédio a uma das grandes figuras do presente e do futuro do andebol nacional. Em entrevista (páginas 22 a 24), o jogador explica que “as notícias iam saindo e (…) a maior parte delas só serviam para me desestabilizar a mim e à Direcção do Sporting CP. Sempre tive a cabeça no Sporting CP, assim como o coração”. De corpo, alma e coração no Clube, Salvador Salvador terá agora mais responsabilidades, até porque também chegou a altura de deixar ir outro dos nossos, o consagrado Frankis Carol, que se despede nas páginas 26 a 28: “não podia dizer que não, é uma grande oportunidade para mim e tenho de a aproveitar. Agradeço ao Sporting CP ter
compreendido o meu lado e deixar-me ir”. O jogador cubano, internacional pelo Qatar, fez quase 400 jogos pelo Clube e marcou 1621 golos de Leão ao peito, envergando também a braçadeira de capitão e conquistando vários títulos. A Frankis, o nosso agradecimento. E se há homem a quem os Sportinguistas também agradecem a dedicação, esse homem é Nuno Dias, figura central do futsal do Sporting CP, treinador vencedor e de currículo simplesmente invejável. Será ele o nosso próximo convidado do ADN de Leão (pág. 29), o podcast que continua a dar a conhecer o outro lado dos nossos Leões e Leoas. No futebol mantemos a concentração, o foco e a vontade de vencer o próximo jogo. Temos 48 pontos, mas faltam ainda 48 pontos em disputa. Tal como disse depois do jogo com o Gil Vicente FC, o presidente Frederico Varandas, “se a força é uma qualidade importantíssima para alcançar a vitória, a inteligência ainda é mais, por isso queria fazer um apelo a todos os Sócios e adeptos: o Sporting tem de respeitar sempre os seus dois rivais. Têm muita força dentro e fora do campo. É um erro histórico não o fazer. A arrogância, a bazófia, são meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais”. O caminho é longo ainda e devemos todos manter a humildade e os pés bem assentes na terra.
PROPRIEDADE: SPORTING CLUBE DE PORTUGAL DIRECTOR: ANDRÉ BERNARDO COORDENADOR EXECUTIVO: VÍTOR FRIAS || VRFRIAS@SPORTING.PT REDACÇÃO: LUÍS SANTOS CASTELO || LSCASTELO@SPORTING.PT; MARIA GOMES DE ANDRADE || MGANDRADE@SPORTING.PT; PEDRO FERREIRA || PSFERREIRA@ SPORTING.PT; XAVIER COSTA || XRCOSTA@SPORTING.PT FOTOGRAFIA: JOSÉ LORVÃO; MÁRIO VASA; PEDRO ZENKL COLABORADORES PERMANENTES: JUVENAL CARVALHO; PEDRO ALMEIDA CABRAL; TITO ARANTES FONTES AGENDA E RESULTADOS: JOÃO TORRES || JBTORRES@SPORTING.PT EDITOR E SEDE DA REDACÇÃO: ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE, RUA PROFESSOR FERNANDO DA FONSECA, APARTADO 4120, 1501‑806 LISBOA, PORTUGAL TELEFONE: +351 217 516 155 E‑MAIL: MEDIA@SPORTING.PT NIF: 500 766 630 REGISTO ERC: 100313 TIRAGEM: 9500 EXEMPLARES DEPÓSITO LEGAL: 48492/91 DISTRIBUIÇÃO: VASP, QUINTA DO GRAJAL – VENDA SECA 2739‑511 AGUALVA CACÉM IMPRESSÃO: WGROUP ESTRADA DE SÃO MARCOS, Nº 27, 2735‑521 AGUALVA CACÉM ESTATUTO EDITORIAL: HTTPS://WWW.SPORTING.PT/PT/JORNAL/ESTATUTO‑EDITORIAL ASSINATURAS: E‑MAIL: ASSINATURAJORNAL@SPORTING.PT LINHA SPORTING 707 20 44 44 INTERNACIONAL +351 30 997 1906 (segunda a sexta‑feira das 10h00 às 20h00)
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FUTEBOL
1918 1990
LENDAS DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL
Nasceu em Portalegre a 10 de Fevereiro de 1918, há 103 anos. Chegou a Alvalade com 20 anos, integrou a equipa dos 'Cinco Violinos' e depois de 14 épocas saiu como um dos jogadores Leoninos mais titulados de sempre. Canário ficou conhecido como o grande ‘municiador' da famosa linha avançada e venceu sete Campeonatos Nacionais, quatro Taças de Portugal, seis Campeonatos de Lisboa e a Taça Império.
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CARLOS
CANÁRIO
Texto: Xavier Costa Fotografia: Museu Sporting – Centro de Documentação
VERSÁTIL E TECNICISTA, CARLOS AUGUSTO RIBEIRO CANÁRIO FIXOU-SE COMO UM DOS MÉDIOS QUE ‘ALIMENTAVA’ A VORAGEM GOLEADORA DOS ‘CINCO VIOLINOS’, SENDO MUITAS VEZES CONSIDERADO O SEU SEXTO ELEMENTO. O PORTALEGRENSE TORNOU-SE ASSIM UM DOS PROTAGONISTAS DO PERÍODO ÁUREO DO FUTEBOL VERDE E BRANCO QUE DOMINOU PORTUGAL NOS ANOS 40 E 50 DO SÉCULO XX. Nos seus inícios como jovem jogador em Portalegre, Carlos Canário destacou-se como avançado no Sport Clube Estrela, onde jogou de 1933 a 1938. Depois, no início da época de 1938/1939, o alentejano seguiu para Lisboa para tentar a sua sorte, em Alvalade, no clube do coração. “Eu era um Leão que até chorava quando o Sporting CP perdia”, recordou Carlos Canário em 1981 em entrevista à revista cultural de Portalegre A Cidade. Primeiro, à experiência, jogou nas reservas, onde cada jogador tinha dez minutos para se mostrar, tempo que se revelaria suficiente para convencer Joseph Szabo, treinador do Clube naquela altura.
Canário jogava como médio na famosa equipa Leonina dos ‘Cinco Violinos’
Assim, aos 20 anos, Carlos Canário ingressou no Sporting Clube de Portugal e estreou-se com um golo frente ao Carcavelinhos (1-7) para o Campeonato de Lisboa. Ao mesmo tempo que jogava pelos Leões, o jovem portalegrense começou a trabalhar também num grande armazém de mercearia. “O treino começava às 7h00 e eu entrava às 9h00 no emprego, de maneira que às vezes treinávamos de relógio na mão para o treinador não se esquecer”, contou também na supracitada entrevista. De Leão ao peito, nas primeiras quatro temporadas teve algumas dificuldades para entrar na equipa, uma vez que a linha avançada era de grande qualidade. Contudo, em 1941/1942, Canário aproveitou as lesões de alguns colegas da frente de ataque e acabou a temporada como o segundo melhor marcador dos Leões. No entanto, seria na época seguinte que a sua carreira teria a viragem definitiva. O húngaro Szabo optou por recuar Canário no terreno até ao meio-campo, onde se fixaria e passaria a ser uma peça-chave no Sporting CP dos anos 40 do século passado. Como futebolista, Carlos Canário destacava-se pela polivalência e pela habilidade técnica. Agora como médio, assumiu-se como o elo de ligação ao ataque verde e branco, graças à sua visão de jogo e qualidade de passe. Assim, integrado na famosa equipa dos ‘Cinco
Violinos’, Carlos Canário tornou-se o principal criativo que orquestrava as jogadas de golo executadas pela demolidora linha avançada dos Leões. Esta bem-sucedida ligação levou-o, inclusive, a ser considerado muitas vezes como o ‘sexto violino’ e ficou imortalizada numa célebre cena do filme ‘O Leão da Estrela’ de 1947: “Parece que já os estou a ver. A bola é posta em jogo. Os nossos avançam como Leões. Canário recebe a bola e passa a Travassos. Travassos dribla Guilhar e passa a Vasques. Vasques recebe a bola e passa a Albano. Albano passa a Jesus Correia. Jesus Correia centra e Peyroteo, completamente isolado, corre para a área e mete goloooooooo!”, ao mesmo tempo que a mesa cai, depois de levar um pontapé, e os pratos partem-se no chão. Desta forma, Carlos Canário foi parte integrante e fundamental do domínio exercido pelo Sporting CP durante quase uma década em Portugal, quando entre 1943/1944 e 1953/1954, a formação verde e branca conquistou oito campeonatos nacionais. Ora, fruto do seu importante contributo individual aliado ao sucesso colectivo, Canário ficou para a História como um dos jogadores Leoninos mais titulados de sempre. Durante as 14 temporadas com a listada verde e branca, o médio alentejano venceu 18 troféus: sete campeonatos nacionais (1940/1941, 1943/1944, 1946/1947, 1947/1948, 1948/1949, 1950/1951 e 1951/1952), as quatro primeiras Taças de Portugal do Clube (1940/1941, 1944/1945, 1945/1946 e 1947/1948), seis campeonatos de Lisboa e ainda a Taça Império (1944). Até 1951/1952, o jogador portalegrense chegou inclusive a envergar a braçadeira de capitão, realizou quase 300 partidas oficiais e marcou mais de 40 golos. Com o sucesso no Sporting CP, chegou depois, apenas aos 30 anos, a estreia na selecção nacional num particular frente à República da Irlanda, no Estádio Nacional, no Jamor. Carlos Canário somou, no total, dez internacionalizações A, depois de ter capitaneado a selecção B de Portugal contra França em Bordéus. Cerca de três anos mais tarde, a 19 de Maio de 1951, Canário realizou o último jogo ao serviço de Portugal, em Liverpool, numa derrota por 5-2 num particular diante da Inglaterra. Nesse mesmo ano, em 1951, aos 34 anos Canário colocaria um ponto final no brilhante percurso de Leão ao peito, encerrando a sua carreira. No dia 2 de Setembro, foi alvo de uma grandiosa festa de homenagem no Estádio José Alvalade e, depois, no dia 7 de Outubro, fez o seu último jogo. Mais tarde, em 1988, Carlos Canário foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria Saudade, antes de falecer a 8 de Setembro de 1990 de acidente cardiovascular.
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FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL
CAPITÃO COATES DÁ O EXEMPLO EM BARCELOS NUMA REVIRAVOLTA OPERADA NOS MINUTOS FINAIS, O SPORTING CP VENCEU EM CASA DO GIL VICENTE FC POR 1‑2 COM DOIS GOLOS DO DONO DA BRAÇADEIRA. EMBLEMA DE ALVALADE SEGUE LÍDER ISOLADO DA LIGA NOS COM OITO PONTOS DE VANTAGEM PARA O SEGUNDO LUGAR (E SEM DERROTAS). Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: Pedro Zenkl
A dez minutos do fim, na última terça‑feira, o Sporting Clube de Portugal perdia por 1‑0 em casa do Gil Vicente FC. À 18.ª jornada da Liga NOS estava cada vez mais próxima a primeira derrota do líder nesta edição do campeonato. Ainda assim, a equipa verde e branca tem nela muito Esforço, muita Dedicação e muita Devoção na busca incansável pela Glória, o que permitiu uma reviravolta daquelas que não vão sair da memória dos Sportinguistas durante (mesmo) muito tempo. Com dois golos do capitão Sebastián Coates, um verdadeiro líder e exemplo, os Leões venceram por 1‑2, somaram a nona vitória em dez jogos fora de casa e aumentaram a vantagem para o segundo classificado. Tudo sob um dilúvio com direito a trovoada em Barcelos, o que ainda serviu para dramatizar mais o cenário. Em destaque ainda antes do apito inicial esteve o relvado do Estádio Cidade de Barcelos. Um tapete verde de grande nível que se aguentou mesmo com chuva intensa durante grande parte do desafio, ajudando os jogadores a praticar o melhor futebol que conseguissem. E o Sporting CP entrou bem, com
vontade de marcar cedo, mas as tentativas iniciais não foram bem‑sucedidas. Uma delas, um remate de Matheus Nunes, chegou mesmo a obrigar o guarda‑redes Denis a trabalhar. Seria a primeira de várias defesas do brasileiro. O Gil Vicente FC começou a crescer e ameaçou, primeiro, por Samuel Lino e, depois, por Kanya. Esta última contou com uma excelente defesa de Antonio Adán, com o colega de posição e adversário Denis a reagir de seguida ao impedir o autogolo de Henrique Gomes com uma bela intervenção. Os visitados, ainda assim, aproveitaram uma primeira parte menos bem conseguida do que o habitual por parte do Sporting CP para fazer o 1‑0 a cerca de dez minutos do intervalo, com Claude Gonçalves a encontrar Kanya na área e com o japonês a finalizar da melhor forma. Rúben Amorim fez duas substituições ao intervalo e lançou os ‘miúdos’ Gonçalo Inácio e Tiago Tomás para reforçar a defesa e o ataque, respectivamente. O meio‑campo também mereceu reparos aos 54 minutos, quando entrou Daniel Bragança, e este teve impacto logo a seguir, quando recuperou a bola muito bem
Sebastián Coates assumiu a responsabilidade e deu a vitória aos Leões
e a ofereceu a Pedro Porro, que por sua vez cruzou para Pedro Gonçalves. Desta vez, contudo, o melhor marcador da Liga NOS atirou para fora. Nos minutos seguintes, Pedro Gonçalves (de novo), Tiago Tomás, Paulinho e Sebastián Coates tentaram o golo, mas a bola teimava em não seguir na direcção certa e, por isso, o treinador voltou a mexer: entraram, a cerca de 15
9 de Fevereiro de 2021 | Liga NOS – 18.ª jornada | Estádio Cidade de Barcelos
GIL VICENTE FC Kanya (36’)
1‑2 (1‑0 ao intervalo)
SPORTING CP Sebastián Coates (83’, 90+1’)
Sporting CP: Antonio Adán [GR], Pedro Porro, Luís Neto (Gonçalo Inácio, 46’), Sebastián Coates [C], Zouhair Feddal (Matheus Reis, 74’), Vitorino Antunes (Tiago Tomás, 46’), João Palhinha (João Mário, 74’), Matheus Nunes (Daniel Bragança, 54’), Pedro Gonçalves, Nuno Santos e Paulinho. Suplentes não utilizados: Luís Maximiano [GR], Bruno Tabata, João Pereira e Jovane Cabral. Treinador: Rúben Amorim. Disciplina: cartão amarelo para Matheus Nunes (31’).
minutos do fim, o estreante Matheus Reis e João Mário. Mas parecia que o efeito
tardava em aparecer, visto que Tiago Tomás e Paulinho voltaram a estar perto do
FREDERICO VARANDAS SATISFEITO E PRUDENTE No final da partida, Frederico Varandas, presidente do Conselho Directivo do Sporting CP, mostrou‑se feliz com a vitória em Barcelos e com a liderança da Liga NOS, mas pediu prudência aos Sportinguistas. “Foi uma vitória muito importante. Estamos muito contentes com o lugar que o Sporting CP ocupa, mas também temos a consciência de que estão em disputa 48 pontos. Estamos com 11 pontos de vantagem sobre o lugar que dá acesso directo à Liga dos Campeões e isso é muito positivo, mas ainda não ganhámos nada. Se a força é uma qualidade importantíssima para alcançar a vitória, a inteligência, para mim, ainda é mais. Gostaria de fazer o apelo a todo o Sporting CP – e falo de Sócios e adeptos: o Sporting CP tem sempre de respeitar os seus dois rivais. Os nossos dois rivais têm muita força dentro e fora de campo. É um erro histórico não o fazer. A arrogância e a bazófia são meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais. O Sporting CP tem de continuar como tem feito até aqui: concentrado no Sporting CP. Só o Sporting CP interessa. Sérios, competentes, implacáveis dentro de campo e com a humildade dos gigantes”, disse em declarações à Sporting TV.
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O reforço Matheus Reis estreou‑se de Leão ao peito contra o Gil Vicente FC Os festejos de jogadores e equipa técnica em Barcelos
empate e a não o conseguirem obter. Desta vez foi Denis, com duas defesas, a impedir. Farto de ver o Sporting CP em desvantagem, o capitão e ‘El Patrón’ Sebastián Coates apareceu para ser o herói da noite. Primeiro, aos 83 minutos, aproveitou um mau alívio da defesa gilista para, de primeira e à ponta‑de‑lança, colocar a bola no fundo das
redes. Depois, já em tempo adicional, o defesa uruguaio respondeu a um livre batido por Pedro Porro com um cabeceamento para o 1‑2. Reviravolta consumada, ‘bis’ de Sebastián Coates – que está a realizar aquela que é, provavelmente, a sua melhor temporada de Leão ao peito – e grande festa em Barcelos com a vitória da equipa que nunca
deixou de acreditar. O Sporting CP segue no topo da tabela classificativa da Liga NOS com 48 pontos, mais oito do que o FC Porto e mais 11 do que SC Braga e SL Benfica. Na próxima jornada, o conjunto orientado por Rúben Amorim recebe o FC Paços de Ferreira, equipa sensação deste campeonato, no Estádio José Alvalade.
COATES COM DEDICATÓRIA ESPECIAL Os dois golos apontados e o triunfo foram muito especiais para Sebastián Coates. Não só pelo que significaram para o Sporting CP, como também por terem sido dedicados a Santiago ‘Morro’ García, antigo colega do capitão Leonino e amigo de longa data que tirou a própria vida na última semana aos 30 anos de idade. “Para mim, foi um jogo muito especial. Esta semana perdi um amigo, perdi um irmão e era um jogo muito complicado. Muito obrigado a toda a equipa que me apoiou até ao final. Mesmo dentro do campo”, revelou Sebastián Coates à SPORT TV no final da partida em que foi eleito o melhor em campo. O defesa verde e branco e Santiago ‘Morro’ García foram ambos formados no Club Nacional de Football, um gigante do futebol do Uruguai sediado em Montevideu, e mantiveram uma relação de amizade até à morte do segundo. Os dois futebolistas partilhavam até um camarote no Gran Parque Central, estádio do Club Nacional de Football. Assim, Sebastián Coates dedicou os dois golos marcados ao Gil Vicente FC ao amigo ‘Morro’ García, acabando o jogo emocionado. Daniel Bragança entrou muito bem na segunda parte
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OPINIÃO
FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL
CARTA A COATES
Pedro Almeida Cabral
Caro Seba, escrevo-te momentos depois do nosso encontro com o Gil Vicente FC. Foi um jogo difícil e intenso. Na primeira parte, sofremos bastante. Ainda não tinha passado um quarto de hora e foste, uma vez mais, imperial num corte na nossa grande área. Nos segundos 45 minutos, devemos-te a vitória. Aonde foste tu rematar e cabecear para os dois golos, fomos todos celebrar. Há quem fale em estrelinhas, como se o futebol fosse de deitar sortes. Mas também há quem veja o óbvio: o Sporting Clube de Portugal lutou, e lutou com discernimento, fazendo por merecer a reviravolta até ao apito final. Lembro-me quando chegaste ao Sporting CP vindo da Premier League há cinco anos. A necessidade de ter um central com as tuas características era premente. Do empréstimo pelo Sunderland AFC à permanência no Sporting CP foi um ápice. As épocas foram passando e és hoje o jogador mais antigo do plantel. A braçadeira de capitão assenta-te bem. Pela experiência e pela alma com que vestes a camisola
verde e branca. Isso bastaria para seres a voz da equipa em campo. Só que se vai revelando algo mais. Depois de uma temporada com algum azar, regressaste para o que está a ser a tua melhor época no Sporting CP. Outros poderiam ter-se deixado abalar. Ao contrário de ti, que jogas agora com posicionamento impecável e fabulosos cortes milimétricos, comandando toda a linha defensiva no exigente esquema de três centrais de Rúben Amorim. Ainda arranjas tempo para investir na frente, com cinco golos marcados, a um do teu máximo de seis numa época, quando faltam 16 jogos. Não tens só a braçadeira do capitão. És o Capitão. O que é completamente diferente. Vimos as tuas emocionadas declarações após o jogo com o Gil Vicente FC. Sabemos as razões. Perder um amigo tão novo da maneira que foi é duro. Partilhá-lo da maneira que fizeste ainda mais. Mas esse é o principal motivo que me levou a escrever-te. O futebol é demasiado importante para ser apenas futebol. A amizade, o respeito, a superação e o esforço são aquilo que o futebol nos permite perceber melhor. Haver jogadores tão humanos como tu que nos mostram como são e como sentem é bem maior que os meros 90 minutos de um jogo. Desejo e desejamoste força. Também por isto, obrigado Capitão. Saudações Leoninas.
“NÃO FOI ESTRELINHA, FOI CRER” RÚBEN AMORIM REALÇOU A VONTADE E A ATITUDE DA EQUIPA EM BARCELOS, PRINCIPALMENTE NA SEGUNDA PARTE. Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: Pedro Zenkl
No final do desafio, Rúben Amorim fez a análise ao que se sucedeu dentro das quatro linhas do Estádio Cidade de Barcelos e admitiu que os segundos 45 minutos foram bem melhores do que os primeiros. “Mais uma vez ficou demonstrado que o jogo só acaba quando o árbitro apita. Foi uma partida muito complicada, como já sabíamos, contra uma equipa com a lição bem estudada. Entrámos bem e podíamos ter marcado. A partir daí fomos algo displicentes e lentos e deixámos o jogo correr. Depois do intervalo mudámos de mentalidade. Fomos mais pressionantes, tivemos mais bola, procurámos melhor o espaço. Tivemos muitos cruzamentos, faltou alguém meter a bola na baliza. Fizemos um golo, acreditámos até ao fim e fizemos o segundo. O Gil Vicente FC bem na primeira parte, deixou de jogar futebol na segunda”, começou por dizer aos jornalistas. O treinador da equipa de futebol do Sporting Clube de Portugal elogiou depois o capitão Sebastián Coates, autor dos dois golos Leoninos. “Esteve muito bem a defender e a atacar. Deu o exemplo. Parabéns para ele. É o nosso líder e capitão e merece”, frisou. Para Rúben Amorim, o triunfo em casa do Gil Vicente FC não se deveu a sorte. “Hoje não foi estrelinha, foi crer. Fizemos por isso. Em alguns jogos tivemos estrelinha, mas desta vez não. Procurámos até ao fim. Foi o crer, o acreditar. O árbitro ainda não tinha apitado e senti que poderíamos fazer um golo. Fazendo um golo, podíamos ganhar como fizemos”, explicou. Fugindo a euforias, Rúben Amorim voltou a não querer falar de eventuais festas no final do campeonato.
Treinador Leonino explicou que vitória nos minutos finais serviu para que a equipa fique “mais ciente do que vai apanhar nos próximos jogos”
“Imagino ganhar ao FC Paços de Ferreira, como vamos trabalhar e melhorar. A forma como o [Gonçalo] Inácio e o Dani [Bragança] entraram, jogadores que não têm jogado muitos minutos. A capacidade e o crescimento deles. Esse é o nosso foco. Temos muito para trabalhar e crescer. Estamos longe de qualquer festa”, considerou o técnico. Questionado sobre as palavras que dirigiu aos jogadores ao intervalo, Rúben Amorim revelou que a equipa técnica chamou “a atenção para a falta de intensidade, para os problemas e para onde estava o espaço”. “É mais fácil para nós percebermos onde está o espaço e transmitimos essa ideia. Tinha de haver uma mudança de mentalidade”, acrescentou,
justificando também as alterações ao intervalo: “O Gil Vicente FC fechava muito o meio. Precisávamos de um ala em vez de um lateral e o Nuno [Santos] melhorou com muitos cruzamentos. O Neto estava bem no jogo, mas o Inácio é muito forte a carregar a bola. Queríamos variações e o pé esquerdo dele pode facilitar nisso. É muito forte a lançar bolas nas costas”. Por fim, Rúben Amorim opinou sobre o efeito que a reviravolta nos minutos finais pode ter no grupo. “Não sai mais motivada. A equipa está sempre mais motivada quando domina o jogo e não tem oportunidades contra. Isso dá motivação à equipa. (...) Vai sair uma equipa mais ciente do que vai apanhar nos próximos jogos”, concluiu.
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FUTEBOL EQUIPA PRINCIPAL
CHOVEM GOLOS A POTE(S) PEDRO GONÇALVES ASSUMIU MAIS UMA VEZ O PAPEL DE GOLEADOR E FEZ O QUINTO BIS DA TEMPORADA EM NOITE DE ESTREIA PARA PAULINHO E JOÃO PEREIRA. O CS MARÍTIMO AINDA TENTOU, MAS NÃO TEVE QUALQUER HIPÓTESE PERANTE UM LEÃO QUE ALCANÇOU A SUA MELHOR PRIMEIRA VOLTA DE SEMPRE E ESTÁ CADA VEZ MAIS ISOLADO NA LIDERANÇA DA LIGA NOS. Texto: Pedro Ferreira Fotografia: José Lorvão
De má memória para os Sportinguistas, a última visita ao Estádio dos Barreiros, há cerca de um mês, fazia prever mais 90 minutos de muito suor diante do CS Marítimo. Só que, desta vez, a história foi bem diferente, com os Leões a vencerem de forma categórica, por 0‑2, e a confirmarem dessa forma os 45 pontos ao fim de 17 partidas, ou seja, a melhor pontuação de sempre se tivermos em conta o formato actual da competição disputada em 34 jornadas. O jogo ficou marcado pelo controlo Leonino do primeiro ao último segundo, com os maritimistas a não ensaiarem um único remate à baliza de Adán e a revelaram sempre muitas dificuldades em contrariar as incursões do Sporting CP. No ataque, sempre que tentavam sair com bola controlada, os homens de Milton Mendes eram ‘engolidos’ pela pressão alta e pela solidariedade do conjunto de Rúben Amorim, que podia ter vencido por números mais gordos. Em grande destaque, o goleador Pedro Gonçalves bisou aos nove e 57 minutos. No primeiro, nota para o incrível passe de Gonçalo Inácio – tirado a papel químico da assistência para o golo de Porro que deu o triunfo na Taça da Liga – a isolar Pote
RÚBEN AMORIM: “OS JOGADORES TÊM TODO O MÉRITO NESTA VITÓRIA” No rescaldo do triunfo, o treinador do Sporting CP, Rúben Amorim, considerou que a equipa “fez um excelente jogo e teve sempre o controlo”. “Estivemos muito seguros nas bolas paradas e estancámos muito bem as transições do CS Marítimo, que era onde podiam criar perigo. Os jogadores tiveram todo o mérito nesta vitória, foi mais uma vez um excelente trabalho”, começou por dizer, desvalorizando depois o facto de os Leões estarem agora ainda mais distantes do segundo lugar. “Nós queremos é somar pontos. Ganhar os jogos desta forma, sem dar muitas ocasiões ao adversário, é o nosso foco. Não interessa o resultado dos outros e temos de caminhar assim, a olhar só para nós, porque temos muito a fazer. Temos obviamente um objectivo desportivo, mas temos também um objectivo maior, que é criar uma equipa muito forte”, finalizou. Liderança da Liga NOS saiu reforçada com a vitória nos Barreiros
que, depois de ultrapassar o guarda‑redes com recurso a uma ‘cueca’, atirou para o fundo das redes. Já no segundo, o remate cruzado de primeira foi fatal para o guardião verde‑rubro, que não esboçou qualquer reacção. Se passarmos em revista os seus desempenhos, salta à vista o facto de este ter sido o quinto bis do jogador esta época, depois de já ter feito o mesmo contra CD Santa Clara, CD Tondela, Vitória SC e Moreirense FC. No total, foram 14 golos na primeira volta da Liga NOS 2020/2021, o dobro em relação aos atletas que estão na perseguição: Haris Seferovic, Thiago Santana, Mahdi Taremi,
Rodrigo Pinho e Sérgio Oliveira somaram apenas sete. Em meia época apenas, Pote já marcou mais de 65% de todos os golos da sua carreira profissional e não dá mostras de querer abrandar. Quanto ao reforço Paulinho, foi chegar, ver e vencer. Apesar de não ter feito golo, o avançado trabalhou muito e provou que é uma grande contratação, exímio a jogar de costas para a baliza e a atacar a área. Teve a sua melhor oportunidade aos 46 minutos (já tinha rematado aos 8), quando finalizou de letra um cruzamento de Nuno Santos, mas o guarda‑redes impediu que juntasse a estreia a titular à estreia a marcar. Pouco depois,
5 de Fevereiro de 2021 | Liga NOS – 17.ª jornada | Estádio dos Barreiros
CS MARÍTIMO
0‑2 (0‑1 ao intervalo)
SPORTING CP Pedro Gonçalves (9’, 57’)
Sporting CP: Antonio Adán [GR], Gonçalo Inácio, Sebastián Coates [C], Zouhair Feddal, Pedro Porro, Antunes (João Pereira, 87’), João Palhinha, Matheus Nunes (Daniel Bragança, 87’), Pedro Gonçalves, Nuno Santos (Bruno Tabata, 77’) e Paulinho (Tiago Tomás, 66’). Suplentes não utilizados: Luís Maximiano [GR], Eduardo Quaresma, Bruno Paz, Jovane Cabral e Joelson Fernandes. Treinador: Rúben Amorim. Disciplina: cartão amarelo para João Pereira (90+2’).
acabou por dar o lugar a Tiago Tomás, com quem vai ombrear numa luta saudável pelo posto mais subido do terreno. Já com o resultado em 0‑2, o CS Marítimo tentou avançar e ainda esboçou uma reacção, perante um Sporting CP ligeiramente menos pressionante. Ainda assim, eram óbvias as dificuldades dos insulares em penetrar no sistema defensivo verde e branco e as únicas oportunidades até ao apito final pertenceram ao Sporting CP, entre elas um livre directo cobrado por Antunes, um dos destaques deste encontro pela sua entrega total em campo. Minutos antes, ‘o nosso Vitorino’ já tinha sido decisivo ao assistir Pote para o 0‑2. Além disso, ficou ainda na retina o lance da primeira ocasião do jogo, logo aos quatro minutos, quando o internacional português rematou com perigo à baliza da formação da casa. “Tenho um grande orgulho em ser treinador do Antunes pelo jogo que fez e pela forma como trabalha. É a imagem do nosso
grupo”, referiu Rúben Amorim na conferência após a partida. Ainda antes do apito final, nota para a segunda estreia da noite, neste caso de João Pereira, que assumiu o lugar de Antunes na ala esquerda. Curiosamente, este foi já o jogo número 150 do Leão de verde e branco, visto que esta é a terceira passagem do experiente jogador de 36 anos por Alvalade, alguém que sente o Clube e que, certamente, muito jeito dará, pois o caminho é longo e sinuoso. “Feliz por voltar a vestir esta camisola”, assinalou nas redes sociais. Com este resultado, o Sporting CP terminou a primeira volta sem qualquer derrota pela oitava vez desde 1957/1958, alcançou o quarto jogo sem sofrer golos e é detentor da melhor defesa do campeonato, com apenas nove golos sofridos. A distância para o segundo classificado, o FC Porto, aumentou também para seis pontos, registo que, salvo uma única excepção, ditou sempre o campeão nacional.
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FUTEBOL ANÁLISE
AS LIÇÕES DO NOSSO MÍSTER que esperemos que renda muitos golos para a nossa jovem equipa.
Rodrigo Pais de Almeida
Os dois jogos desta semana mostraram um líder da Liga NOS com prestações assimétricas. Na primeira parte da Madeira a equipa do Sporting Clube de Portugal entrou muito forte mantendo essa atitude e pressão asfixiante até ao intervalo, o que permitia recuperações de bola em “zonas altas” e perto da linha de golo. No jogo de Barcelos a equipa passou grande parte do primeiro tempo com o seu jogo “bloqueado”, com poucas ideias para ultrapassar o adversário e chegava ao intervalo com uma desvantagem de um golo. O mais marcante da vitória ante o CS Marítimo foi, a meu ver, a capacidade que a equipa demonstrou em não conceder nenhuma oportunidade de golo evidente ao adversário ao longo dos 90 minutos. Num terreno onde havia sido eliminada da Taça de Portugal, a formação Leonina apresentou‑se desde o primeiro minuto com a ideia clara de recuperar a bola o mais depressa possível e, aquando da sua posse, alternar os movimentos na profundidade com enredo interior mostrando ao “universo Leonino” o que o mais recente reforço Paulinho pode aportar à equipa. Os apoios frontais de costas para a baliza, a capacidade de libertar espaços no corredor central para quem entra ou detrás ou em diagonais vindo das laterais, e uma presença na área em constante movimentação
Ricardo Soares, por seu turno, estudou bem a equipa do Sporting CP ao preparar o jogo de Barcelos. Aguentar os minutos iniciais de maior pressão dos Leões (e onde até poderíamos ter feito o golo por duas vezes), levar o adversário a relaxar e a acreditar que mais cedo ou mais tarde os golos surgiriam, e tentar a sua sorte nos contra‑ataques que pudessem chegar ao último reduto Leonino (e foram dois). Uma primeira linha de pressão mais baixa e mais larga dava total liberdade aos centrais do Sporting CP para trocarem a bola entre si e com os laterais, mas nunca deixaram Antunes e Porro orientarem‑se para a baliza gilista obrigando a bola a recuar novamente para a fase de construção do trio de defesas. Se a bola entrasse em Matheus Nunes ou Palhinha para a segunda fase de construção, aí sim, iniciava‑se uma fase de maior pressão da equipa de Barcelos que bloqueava os dois jogadores do Sporting CP e impedia a bola de entrar no seu reduto defensivo. Se juntarmos a esta “teia” dos galos uma certa apatia e sentimento de que o jogo se iria resolver por si (motivado pela facilidade das duas oportunidades iniciais falhadas), bem como um número excessivo e nada usual de passes errados e com a intensidade inadequada, o guião para a perda de pontos estava escrito. E só uma segunda parte antagónica o poderia evitar! Nestas coisas do futebol fala‑se muito de sorte e azar. De “estrelinhas” e de “patinhos feios”. Como diria um presidente de um clube da Liga NOS que tive o privilégio de conhecer “O
adversário vencer‑nos por sorte? Sorte é ter saúde…”. Já o escrevi noutros artigos que refugiarmo‑nos na sorte ou no infortúnio não é mais do que a medida dos medíocres. No futebol a sorte procura‑se. A sorte constrói‑se! A vitória em Barcelos procurou‑se na segunda parte com uma atitude diferente, é verdade, mas contruiu‑se a partir do banco pelo nosso jovem treinador Rúben Amorim que nos deu a todos, sem excepção, uma verdadeira lição de como mexer num jogo a partir do banco de suplentes sem alterar o sistema. Ensinou‑nos como ganhar supremacia territorial e volume ofensivo mexendo na organização, na forma e nos conceitos, sem ser necessário aumentar a presença na frente de ataque. Se os adeptos em casa pediam Jovane, Tabata e Tiago Tomás para o reinício de segunda parte para abrir a frente de ataque, Rúben Amorim preferiu trocar Neto por Gonçalo Inácio para criar com mais assertividade e rapidez atrás (e avançar 20 metros na construção mais alta por parte
dos centrais dotados agora de maior capacidade técnica e de passe) e Tiago Tomás por Antunes recuando Nuno Santos para a posição de lateral não alterando o seu sistema, mas com TT a “encolher” por dentro junto de Paulinho libertando as subidas de Porro. Se o conforto de quem estava a ver o jogo no sofá pedia o “consagrado” João Mário, Rúben Amorim antecipou‑se ao conjunto gilista e aos cinco minutos da segunda parte dava a oportunidade a Daniel Bragança (AKA “Mini Modric”) para dar velocidade na circulação da bola e capacidade desta chegar a ambos os corredores gerando incerteza a quem defende. Se os impacientes adeptos pediam o “assalto final” à baliza de Denis, Rúben Amorim trocava centrais canhotos para dar qualidade de subida e libertar ainda mais o ala esquerdo na profundidade chamando a marcação para o central (a estreia de Matheus Reis por Feddal) e o meio‑campo defensivo (João Mário por Palhinha)
perdendo inclusivamente centímetros que podiam ser decisivos numa bola parada, mas ganhando em critério, em coerência, e em complementaridade do que estava a fazer Daniel Bragança. Chame‑lhe teimosia quem quiser ou quem andar menos atento ao nosso percurso. Ou ainda quem precisar de legendas para perceber um jogo de futebol na sua plenitude. Eu a isto chamo ser fiel a conceitos, a rigor, a compromisso, a disciplina, a valores, a ideias, aos seus jogadores e à sua equipa que tão brilhantemente tem construído! Rúben Amorim não mexe em jogadores, mexe no próprio jogo (seu e do adversário). Rúben Amorim mexe na criação e na forma, não em preenchimento de espaços. Rúben Amorim mexe atrás para libertar à frente. Rúben Amorim quer mais construção e rapidez de circulação de bola atrás para conseguir fazer mossa na frente. Quando todos pensávamos em bolas na frente ele preocupava‑se como é que as bolas saíam lá de trás. Brilhante caro Rúben!
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FUTEBOL SUB‑23
FUTEBOL FEMININO
REACÇÃO LEONINA SEM RECOMPENSA
LEOAS VENCEM ALBERGARIA E REGRESSAM AO SEGUNDO LUGAR
DEPOIS DE UMA ENTRADA EM FALSO, O SPORTING CP AINDA CHEGOU AO 1‑1. NO SEGUNDO TEMPO, APESAR DAS MELHORIAS NO JOGO LEONINO, A VITÓRIA (2‑1) SORRIU AOS ENCARNADOS GRAÇAS A UMA BOLA PARADA.
VITÓRIA EXPRESSIVA DO SPORTING CP COM DOIS GOLOS “VINDOS” DA FORMAÇÃO.
Texto: Xavier Costa Fotografia: Mário Vasa
A equipa sub‑23 do Sporting Clube de Portugal visitou, na passada segunda‑feira, o SL Benfica, saindo derrotado por 2‑1, no jogo referente à sétima jornada – a última da primeira volta – da fase de apuramento para a Taça Revelação. As primeiras situações de golo foram para os encarnados, mas Diego Callai, guardião Leonino de apenas 16 anos, bloqueou ambos os remates. O SL Benfica assumia posses mais longas e empurrava os Leões para um bloco mais baixo e de linhas muito juntas. O Sporting CP tentava construir a três, com Renato Veiga entre os centrais para ligar o jogo por dentro com os extremos, mas com algumas dificuldades. Mais confortáveis no encontro, aos 16 minutos, as águias inaugurariam o marcador, graças a um remate de fora da área de Rafael Brito, mas os Leões
responderam três minutos depois. Duarte Carvalho encontrou Joelson Fernandes na área que, frente à baliza, desviou com sucesso para o 1‑1. Até ao intervalo, Diego Callai respondeu com segurança às investidas encarnadas e aguentou o empate. O equilíbrio de forças marcou o reatamento da partida, mas foram notórias as melhorias do lado Leonino. O Sporting CP melhorou a pressão, conseguiu ter mais posse de bola e subiu no terreno. Contudo, uma bola parada aos 54 minutos voltaria a inclinar o marcador para as águias. A partir do banco, Filipe Pedro promoveu cinco alterações em poucos minutos para tentar mexer com o jogo. Tiago Ferreira, um dos jovens recém‑entrados, ameaçou de imediato, mas à figura. Nos últimos dez minutos, o cerco Leonino à área adversária intensificou‑se. Na derradeira oportunidade, após entendimento colectivo, o lateral Hevertton Santos cruzou, mas Gonçalo Costa, em boa posição, não cabeceou de forma certeira e o 2‑1 manteve‑se até ao apito final. A equipa orientada por Filipe Pedro fecha a primeira volta desta segunda fase no segundo lugar com os mesmos 18 pontos e viu fugir o SL Benfica, agora com 23 pontos, na liderança.
Tiago Ferreira entrou na segunda parte para procurar o empate
Rafael Brito (16’) António Silva (54’)
2‑1 (1‑1 ao intervalo)
A equipa principal feminina de futebol do Sporting Clube de Portugal venceu, no passado sábado, por 0‑4, na deslocação ao terreno do Clube Albergaria em jogo da quarta jornada da fase de apuramento do campeão da Liga BPI. O encontro começou com a equipa da casa a dificultar a tarefa verde e branca no ataque, mas aos 37 minutos as Leoas colocaram‑se na frente do marcador e a partir daí tudo foi mais fácil. Valeu o golo de Joana Marchão – o primeiro da conta pessoal nesta época – aos 37 minutos, que fez com que a equipa Leonina fosse para o intervalo a vencer pela margem mínima. Na segunda metade, a superioridade Leonina demorou menos a espelhar‑se no
marcador, com Marta Ferreira, que já tinha marcado na ronda anterior, e que voltou a merecer a titularidade, a fazer o 0‑2 a favor do Sporting CP, aos 54 minutos. Apesar de controlar a partida, a formação verde e branca só voltou a marcar nos últimos dez minutos da partida. Primeiro por Raquel Fernandes – que leva 11 golos esta temporada – e depois por Inês Gonçalves, que tinha entrado aos 85 minutos, que selou o marcador no último lance da partida. Um golo especial, já que foi o primeiro da jovem jogadora formada no Sporting CP na equipa principal e conseguido logo na sua segunda aparição na formação comandada por Susana Cova. O Sporting CP subiu, assim, à segunda posição da tabela, agora com sete pontos em três jogos.
Inês Gonçalves estreou‑se a marcar na equipa principal
8 de Fevereiro de 2021 | Taça Revelação – Fase de apuramento – 7.ª jornada | Benfica Campus – Campo n.º 1
SL BENFICA
Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: Mário Vasa
SPORTING CP
6 de Fevereiro de 2021 | Liga BPI – Apuramento campeão – 4.ª jornada | Estádio A. A. Martins Pereira
CLUBE ALBERGARIA
0‑4
Joelson Fernandes (19’)
Sporting CP: Diego Callai [GR]; Hevertton Santos [C], Rodrigo Rêgo, Chico Lamba, Flávio Nazinho (Gonçalo Costa 64’); Renato Veiga, João Daniel, Duarte Carvalho (D. Cabral 69’), Bruno Tavares (Lucas Dias 62’), Joelson Fernandes (Tiago Ferreira 62’) e Youssef Chermiti (Paulo Agostinho 62’). Suplentes não utilizados: Vasco Gaspar [GR], Samuel Lobato, Roberto Martínez e Rafael Fernandes. Treinador: Filipe Pedro.
(0‑1 Intervalo)
SPORTING CP Joana Marchão (37’) Marta Ferreira (53’) Raquel Fernandes (73’) Inês Gonçalves (90+3’)
Sporting CP: Inês Pereira [GR], Mariana Rosa, Bruna Costa, Nevena Damjanović [C], Joana Marchão, Raquel Fernandes, Joana Martins, Andreia Jacinto (Neuza Besugo, 80’), Tatiana Pinto (Rita Fontemanha, 85’), Marta Ferreira (Carolina Mendes, 80’) e Ana Capeta (Inês Gonçalves, 85’). Suplentes não utilizadas: Patrícia Morais e Mónica Mendes. Treinador: Susana Cova.
DÁ GOSTO JOGAR AO ATAQUE
PATROCINADOR OFICIAL DA EQUIPA DE VOLEIBOL E BASQUETEBOL DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL
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HOMENAGEM
100 ANOS DO ETERNO PROFESSOR MÁRIO MONIZ PEREIRA ECLÉCTICO ATLETA QUE, COMO TREINADOR, SE TORNARIA O ‘SENHOR ATLETISMO’. APAIXONADO POR DESPORTO, PELO SPORTING CP E PELA MÚSICA, A HISTÓRIA ÍMPAR DO MAIOR RESPONSÁVEL PELA EVOLUÇÃO DO ATLETISMO EM PORTUGAL ATÉ AOS MAIORES FEITOS EUROPEUS E MUNDIAIS NA MODALIDADE. Texto: Xavier Costa Fotografia: Museu Sporting – Centro de Documentação
Cumprem‑se, precisamente no dia de hoje, 100 anos desde o nascimento, em Lisboa, de Mário Alberto Freire Moniz Pereira, que ficaria imortalizado como o ‘Senhor Atletismo’ e se tornaria a personificação do eclectismo, quer no Sporting CP, quer em Portugal. 11 de Fevereiro de 1921 foi assim o sinal de partida de uma corrida sem igual, protagonizada pelo professor Mário Moniz Pereira, um caso de longevidade, dedicação e sucesso. Partiu a 31 de Julho de 2016, aos 95 anos, mas a sua figura e legado são eternos.
Símbolo maior do Sporting CP, o professor Mário Moniz Pereira é conhecido, sobretudo, como um treinador de excelência ligado à evolução do atletismo e aos maiores feitos portugueses e Leoninos na modalidade, entre os quais a histórica medalha de ouro de Carlos Lopes, um dos principais nomes que treinava, nos Jogos Olímpicos (JO) de 1984, em Los Angeles ou as 12 Taças dos Clubes Campeões Europeus de corta‑mato conseguidas de Leão ao peito. Além disso, Moniz Pereira destacou‑se pelo eclectismo, tanto dentro como fora do
desporto, preenchendo os seus 95 anos de vida não só como atleta das mais diversas modalidades, mas também como professor, poeta e compositor.
DO ECLECTISMO… Com quase 80 anos de carreira ao mais alto nível, Moniz Pereira começou por ser atleta. Desde cedo se interessou pelo desporto e demonstrou grande aptidão em várias modalidades. Voleibol, futebol, andebol, basquetebol, ténis de mesa, ginástica, hóquei em patins e atletismo foram as várias modalidades praticadas pelo jovem Moniz Pereira, que depois viria a licenciar‑se em Educação Física no Instituto Nacional de
Educação Física de Lisboa, onde seria, mais tarde, professor. Amante do eclectismo, ingressou no Sporting CP em 1939 como mesa‑tenista. No Clube de Alvalade, Moniz Pereira destacou‑se também no voleibol, conquistando dois campeonatos nacionais na década de 50 do século XX. Depois ainda do hóquei em patins e ginástica Leoninos, Moniz Pereira viria a construir o seu principal legado, mais tarde, no atletismo enquanto treinador.
… AO ‘SENHOR ATLETISMO’ A dedicação ao treino, a exigência e a devoção pelo trabalho em prol da evolução constante tornaram‑se marcas do professor Mário Moniz Pereira. Ora, não foi por acaso que celebrizou a frase “a sorte dá muito trabalho”, que sintetiza bem a sua postura enquanto treinador. Ainda jovem, nos anos 40 do século passado, começou a liderar a equipa de atletismo do Sporting CP, cujo sucesso dominaria hegemonicamente a modalidade em Portugal. Nas décadas vindouras foram dezenas de títulos nacionais de pista e de corta‑mato em masculinos e femininos arrecadados para o museu verde e branco. No entanto, sob a orientação de Moniz Pereira, o atletismo Leonino foi mais longe e almejou atingir grandes feitos também na Europa. No total, nesse período, o Sporting CP levantou 12 Taças dos Clubes Campeões Europeus de corta‑mato, colocando definitivamente o Leão rampante no mapa da modalidade. Dionísio e Domingos Castro, Manuel de Oliveira, Armando
Aldegalega, José Carvalho, Aniceto Simões, Naide Gomes e Francis Obikwelu foram alguns dos nomes Leoninos orientados por Moniz Pereira e que demonstram a sua influência e justificam a alcunha de ‘Senhor Atletismo’ que passou a acompanhá‑lo. Mais tarde, em 2000, os Leões conquistaram a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus de pista em masculinos, com Moniz Pereira já como dirigente da secção de atletismo.
FAZEDOR DE CAMPEÕES Além do sucesso nacional e europeu com o Sporting CP, o professor Mário Moniz Pereira queria mais e melhor para o atletismo português. Aliás, o treinador sempre acreditou que Portugal também podia formar atletas campeões no atletismo. A essa vontade juntou, como sempre, grandes doses de trabalho, conseguindo projectar, de forma inédita, nomes como Carlos Lopes e Fernando Mamede para a elite olímpica e mundial. Moniz Pereira ficou assim para a história como um ‘fazedor de campeões’, exímio na arte de treinar e formar alguns dos melhores atletas da história do desporto nacional. O ‘Senhor Atletismo’ foi o mentor de Carlos Lopes, Campeão Olímpico na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 e vice‑campeão olímpico nos 10 000 metros nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976, e de Fernando Mamede, recordista mundial dos 10 000 metros em 1984. Ao todo, marcou presença como treinador, seleccionador e até jornalista em dezenas de Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, Taças dos Clubes
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Campeões Europeus de corta‑mato e outras competições de grande relevo.
O SPORTING CP E A MÚSICA Depois de atleta, treinador e Sócio número dois do Clube, a influência de Moniz Pereira na vida do Sporting CP não ficaria por aí, onde chegou a integrar a comissão de honra do Centenário do Clube e foi dirigente e vice‑presidente para as modalidades. Com
uma vida recheada de sucesso em prol do desporto nacional, o ‘Senhor Atletismo’ foi distinguido com inúmeros prémios ao longo da sua vida [ver páginas 16 e 17]. Paralelamente ao atletismo e ao Sporting CP, a música foi também uma das paixões à qual se dedicou. Moniz Pereira destacou‑se assim como poeta, autor, compositor e letrista de conhecidos fados e canções interpretados por Amália Rodrigues, Carlos do Carmo,
Tony de Matos, Fernando Tordo, João Braga, Paulo de Carvalho e Camané, entre muitos outros. Completado hoje o centenário do nascimento de uma personalidade única como foi o professor Mário Moniz Pereira, importa recordar alguns dos seus versos que, em retrospectiva à sua vida, deixam uma certeza: “Valeu a pena/ Ter vivido o que vivi/ (...) Valeu a pena / Sonhar o que sonhei”.
DOMINGOS CASTRO: “FOI ELE QUEM ME LEVOU ATÉ AO PATAMAR MAIS ELEVADO” “O professor Moniz Pereira foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Mudou-a em todos os sentidos, como treinador e pai. (...) Devo-lhe a minha carreira. Foi ele quem me levou até ao patamar mais elevado do atletismo mundial. (...) Quando fui vice-campeão do Mundo, em 1987, fiz o aquecimento com o meu irmão Dionísio no estádio anexo ao Olímpico de Roma. O professor despediu-se de nós e disse que ia para o estádio para arranjar um lugar nas bancadas, junto à pista, para ainda nos dar uma palavrinha. Do nada, volta para trás, vem directo a mim diz: ‘Domingos, hoje é o teu dia, tem-los no sítio’. Foi um dos momentos que mais me marcou, ele conhecia-me tão bem que já previa que ia acontecer algo de bom nesse dia.”
NAIDE GOMES: “PARA ELE NÃO HAVIA IMPOSSÍVEIS” “Foi o ‘Senhor Atletismo’, como todos sabem. Era tão apaixonado pela modalidade que isso transparecia nas palavras dele e na maneira de agir. (...) Foi ele quem me chamou para o Sporting CP – que eu sempre quis representar – e foi graças a ele e ao Clube que pude evoluir e ter a carreira que tive. Quando acreditava nas nossas capacidades, investia em nós, apoiava-nos e incentivava-nos. Recordo-me tão bem da forma como exemplificava os exercícios e da maneira como nos motivava antes das provas. Contava-nos histórias da carreira dele antes de entrarmos de forma a puxar por nós e com isso fazia com que entrássemos descontraídos e cheios de energia. E para ele não havia impossíveis: ‘Se partires uma perna, competes com a outra, e se partires as duas, vais a rastejar’. (...) Há muitas histórias com ele e a forma como ele dizia as coisas era diferente. Lembro-me de uma vez, enquanto eu estava a treinar salto em comprimento, me dizer ‘Oh menina, é salto em comprimento, não em altura. Tem de ir para a frente, não para cima’. Sempre atento, sempre com uma palavra e a fazer-nos sorrir”.
FRANCIS OBIKWELU: “A MENTALIDADE DELE FEZ TODA A DIFERENÇA”
CARLOS LOPES: “DEIXOU UM LEGADO MUITO PESADO, QUE DEMONSTRA A DIMENSÃO QUE TINHA” “Foi um grande senhor do atletismo, um homem que fez milagres e que elevou a modalidade até ao mais alto nível, dando-lhe dimensão. Soube escolher os atletas e geria-os muito bem, dando-lhes a oportunidade de se mostrarem ao mundo. (...) Teve um papel extremamente importante na minha carreira. Fez-me acreditar nas minhas capacidades. Fazia isso a todos com quem trabalhava e a fórmula que criou deu frutos extraordinários. Deixou um legado muito pesado, que demonstra bem a dimensão que tinha. (...) Lembro-me que uma vez não queria participar numa prova e ele, dum momento para o outro, disse-me ‘Se não fores tu, quem é que que vai? Olha à tua volta e dá-me um nome’, eu olhei e só estávamos os dois (risos) e disse-lhe ‘Bom, se não pode ser o professor, tenho de ir eu’. Isso demonstra como ele nos sabia levar até àquilo que ele pretendia de nós e por isso é que ele era diferente”.
“O professor Moniz Pereira era um Senhor com ‘S’ maiúsculo e foi como um pai para mim. Ensinou-me muita coisa, não só para crescer como atleta, mas também como homem. Acreditou sempre em mim, disse-me sempre que ia ser um grande atleta, e ajudou-me com tudo. Ele até me dizia como gastar o dinheiro e ajudou-me a comprar casa. (...) Sou uma pessoa de fé, sabia que podia ir longe na carreira, mas ele ‘empurrou-me’, ajudou-me sempre e puxou-me sempre para cima. A mentalidade dele fez toda a diferença e foi muito importante para o meu percurso. Mesmo após uma vitória no dia seguinte havia treino e esse espírito fez a diferença. (...) Guardo muitas histórias com ele, ele fazia-nos rir como ninguém. Era muito engraçado. Uma vez um rapaz disse-lhe que queria treinar connosco porque corria mais do que eu, e então ele deixou-o ir treinar. Após imensas voltas, o professor perguntou-lhe ‘Então, está tudo bem? Está cansado?’ e o rapaz respondeu ‘Não, sou solteiro’ (risos). Ou seja, ele com o cansaço nem percebeu o que o professor tinha perguntado. Ficámos todos a rir”.
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HOMENAGEM
CENTENÁRIO DE MONIZ PEREIRA: 100 CURIOSIDADES SOBRE O “SENH Texto: Paulo Almeida Fotografia: Museu Sporting – Centro de Documentação
INFÂNCIA E FAMÍLIA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1921, em Lisboa; Nome completo: Mário Alberto Freire Moniz Pereira; Quis o destino que ficasse para a eternidade conhecido como o ‘Senhor Atletismo’; Foi educado dentro da fé católica e ia à missa todos os domingos; A família tinha fortes tradições desportivas: corridas de automóveis, concursos hípicos, natação e futebol; Detestava beber leite, mas adorava chocolate; Os primeiros anos de vida foram passados na Rua Gomes Freire, n.º 163, onde tinha como vizinho Mário Soares; Casou com Maria Carlota, que conheceu com 18 anos – no primeiro dia de aulas no Instituto Nacional de Educação Física – e tiveram cinco filhos; Para compensar a família das muitas ausências, institucionalizou os ‘Congressos Moniz Pereira’.
FORMAÇÃO ACADÉMICA 10. Fez a instrução primária no Colégio Lisbonense; 11. Aos 18 anos terminou os estudos no Liceu Camões; 12. Era excelente em desporto e em música, mas não gostava de álgebra superior e geometria descritiva; 13. Em 1945 licenciou‑se em Educação Física, no Instituto Nacional de Educação Física (actual Faculdade de Motricidade Humana); 14. No curso eram 12 homens e 12 mulheres, o que resultou em vários casamentos – inclusivamente o dele; 15. A sua tese foi baseada em fotos, nas quais ele próprio era o modelo a exemplificar as várias técnicas; 16. Quando concluiu o curso disse querer ver um atleta seu vencer o ouro olímpico. Chamaram‑lhe louco, mas 39 anos depois conseguiu; 17. Frequentou a vida militar, tendo sido professor dos ‘Pupilos do Exército’; 18. Foi professor no Instituto Nacional de Educação Física durante 27 anos, ensinando voleibol e atletismo.
A LIGAÇÃO AO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL 19. Salazar Carreira – grande personalidade na história Leonina – foi o principal responsável pelo seu crescente interesse pelo desporto; 20. O avô era vizinho de Salazar Carreira na Avenida da República, n.º 3; 21. Salazar Carreira emprestava‑lhe livros e jornais da época – principalmente o L’Equipe de França; 22. Antes de falecer, em 1974, Salazar Carreira deu ordens expressas à filha para que todo o seu espólio de livros e material desportivo fosse entregue a Moniz Pereira; 23. Em 1939 ingressou no Sporting Clube de Portugal como praticante de ténis de mesa;
24. A partir de 1945 tornou‑se treinador da equipa de atletismo dos Leões, sendo igualmente professor de ginástica, especialmente vocacionada para os atletas do Clube; 25. ‘Fazedor de Campeões’ como Álvaro Dias, Manuel de Oliveira, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Gémeos Castro, Francis Obikwelu, Rui Silva e Naide Gomes; 26. No voleibol foi Campeão Nacional pelo Sporting CP em 1954 como jogador e em 1956 como treinador; 27. Foi preparador físico da equipa de futebol em 1970 e 1971, que era dirigida por Fernando Vaz, e conquistou um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal; 28. Em 1996, a renovada pista de atletismo do antigo Estádio José Alvalade recebeu o seu nome; 29. Em 2000, foi galardoado pelo Sporting CP com o ‘Leão de Ouro com Palma’ – a distinção mais alta do Clube; 30. Em 2006, fez parte da Comissão de Honra do 1.º Centenário do Sporting CP; 31. Aquando da sua morte, em 2016, era o Sócio n.º 2 do Sporting CP com data de filiação de 23/01/1922; 32. Por essa altura, o Sócio n.º 1 – João Salvador Marques – afirmou: “O Sporting e todos os que amam o nosso Clube têm uma enorme dívida de gratidão para com Moniz Pereira”; 33. Em 2017, recebeu o Prémio Leões Honoris Sporting CP na categoria Honra Saudade;
O ‘SENHOR ATLETISMO’ 34. 35. 36. 37. 38. 39.
Esteve presente como técnico, jornalista e seleccionador de atletismo em: 12 Jogos Olímpicos; Cinco Campeonatos do Mundo; 13 Campeonatos da Europa; 15 Taças da Europa; 22 Campeonatos do Mundo de corta‑mato; 18 Taças dos Clubes Campeões Europeus de corta‑mato.
40. 41. 42. 43.
Como treinador, a nível colectivo, proporcionou ao atletismo Leonino: 30 Campeonatos Nacionais de pista (masculinos); 24 Campeonatos Nacionais de pista (femininos); 33 Campeonatos Nacionais de corta‑mato (masculinos); 12 Taças Europeias de Clubes de corta‑mato (masculinos).
Factos que demonstram a sua paixão e entrega à modalidade: 44. Foi campeão universitário de Portugal de triplo salto; 45. Em veteranos, foi recordista nacional de salto em altura, triplo e salto em comprimento, bem como recordista ibérico de salto em comprimento; 46. Em 1977, com 56 anos, conquistou as medalhas de bronze no salto em comprimento e triplo salto no Mundial de veteranos, disputado em Gotemburgo; 47. Em 1982, com 61 anos, ficou em 3.º lugar no triplo salto no Campeonato da Europa de veteranos, disputado em Estrasburgo.
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HOR ATLETISMO” FRASES CÉLEBRES 48. “Velha é a pessoa que tem a vida cheia de anos. Eu tenho anos cheios de vida”; 49. “Quando era criança e ia para a praia, em vez da bola de futebol eu levava uma fita métrica e um cronómetro”; 50. “Tenho resultados dos atletas desde 1945. Dá trabalho, mas quem quer trabalhar a sério é assim”; 51. “Se Portugal me der as melhores condições, obteremos iguais resultados ao de outros países”; 52. “Os meus atletas perceberam sempre que não podiam faltar, mesmo no aniversário”; 53. “Mesmo quando chovia torrencialmente, eu estava com os atletas na pista e nunca na bancada”; 54. “Aqui no Sporting CP, sob quaisquer condições atmosféricas, inclusive terramotos, todos os dias há treino”; 55. “Carlos Lopes era bom na pista, no corta‑mato e na estrada: foi campeão em todas essas modalidades”; 56. “Depois do ouro olímpico de Carlos Lopes disse que havia treino às 9h00 da manhã. Eles não queriam acreditar pois queriam festejar. Respondi‑lhes: quero ganhar mais vezes”; 57. “Os portugueses têm falta de cultura desportiva”; 58. “Os jornais só falam de futebol, as televisões nunca deram um campeonato de atletismo”; 59. “Viver é treinar e treinar é quase vencer”; 60. “Só com muito trabalho é que o melhor tecnicamente ganha”; 61. “A sorte dá muito trabalho”; 62. “No atletismo, por um segundo podemos passar de 1.º para 7.º”; 63. “Fazer uma boa canção é como ter uma boa equipa. Há que ter um bom compositor, um bom letrista e um bom cantor”.
GALARDÕES E DISTINÇÕES 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75.
Medalha de Mérito Desportivo, em 1976 e 1984; Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, em 1980; Comenda da Ordem de Instrução Pública, em 1984; Medalha de Mérito Grau Ouro da Câmara Municipal de Lisboa, em 1985; Conselheiro da Universidade Técnica de Lisboa, em 1985; Ordem Olímpica pelo Comité Olímpico Internacional, em 1988; Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1991; Prémio Prestígio do Município de Sintra, em 1997; Prémio Consagração de Carreira pela Casa da Imprensa, em 1998; Emblema de Ouro da Associação Europeia de Atletismo, em 2001, É Doutor ‹Honoris Causa› pela Universidade Técnica de Lisboa, em 2001; Em 2017 foi inaugurada no Alto do Lumiar, em Lisboa, uma pista de atletismo com o seu nome; 76. Mérito Desportivo ‑ Alto Prestígio pela Confederação do Desporto de Portugal, em 2009; 77. Globo de Ouro na categoria Mérito e Excelência, em 2013;
78. A 6 de Março de 2018 foi homenageado no Museu Nacional do Desporto com a reconstituição da sua sala de trabalho.
AMOR À MÚSICA 79. Com oito anos, num período de férias nas Caldas da Rainha teve a sua primeira experiência musical; 80. Tocava piano, mas nunca conseguiu cumprir o sonho de aprender a tocar guitarra portuguesa; 81. Deu o nome de ‘Contentamento’ à primeira canção para a qual escreveu letra; 82. Compositor de mais de 130 temas musicais registados na Sociedade Portuguesa de Autores; 83. O seu primeiro objectivo foi ter uma música cantada por Carlos do Carmo, segundo ele “um dos melhores cançonetistas do mundo”; 84. Em 2002, foi lançado o CD ‘Moniz Pereira: 40 anos de música’; 85. Os seus grandes sucessos foram ‘Fado Varina’, cantado por Carlos do Carmo, ‘Valeu a Pena’ e ‘Chegas Coradinha’; 86. Grandes fadistas cantaram‑no: Amália Rodrigues, Lucília do Carmo, Maria da Fé, Maria Armanda, Joana Amendoeira, Teresa Tapadas, etc.; 87. E também intérpretes masculinos: Carlos do Carmo, Paulo de Carvalho, João Braga, Tony de Matos, Fernando Tordo, António Pinto Basto, Camané, etc.; 88. Em 2008, recebeu em Sintra o ‘Prémio Amália’ pelo seu passado brilhante nas letras e na música.
OUTRAS CURIOSIDADES 89. Praticou andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins, ténis de mesa, voleibol e atletismo; 90. Foi árbitro internacional de voleibol no Campeonato do Mundo de Paris, em 1956; 91. Sócio honorário da Associação Internacional de Treinadores de Atletismo; 92. Membro do Conselho Superior de Desporto desde a sua fundação; 93. Entre 1976 e 1983 foi director do Estádio Nacional; 94. Em 1982, presidiu à Comissão de Apoio à Alta Competição; 95. Publicou quatro livros sobre desporto, um dos quais ‘Carlos Lopes e a escola portuguesa do meio fundo’; 96. Emil Zátopek – atleta checoslovaco – foi a sua maior referência no atletismo devido à sua máxima: “Os meus recordes serão somente batidos pelo atleta que aguentar um treino mais intenso do que eu”; 97. Escreveu sobre atletismo, durante vários anos, para o jornal ‘A Bola’; 98. O seu prato favorito era bife com batatas fritas – se fosse no Café Império, melhor ainda; 99. Amante da natureza, do Sol e da cidade de Lisboa – para ele, a mais bonita do mundo; 100. Faleceu a 31 de Julho de 2016, a uma semana do início dos Jogos Olímpicos do Brasil, nos quais o Sporting CP teve a sua maior representação com um total de 30 atletas.
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ENTREVISTA LEONOR MONIZ PEREIRA
“O MEU PAI DIZIA QUE A PISTA DE ALVALADE ERA O SEU LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO” Como forma de assinalar o centenário do nascimento do professor Mário Moniz Pereira, celebrado no dia 11 de Fevereiro, o Jornal Sporting esteve à conversa com Leonor, uma das filhas do ‘Senhor Atletismo’, que recordou a ambição, a boa disposição e o carisma de uma das figuras mais emblemáticas que o desporto nacional alguma vez conheceu. Texto: Pedro Ferreira O dia 11 de Fevereiro assinala o centenário do nasci‑ mento do seu pai. Como gosta de recordá-lo? De muitas formas. Uma pessoa bem-disposta, muito positiva, que gostava muito de viver e que nunca se dava por vencida. Gostava muito de levar a sua avante. É um orgulho ser filha do professor Mário Moniz Pereira. Como era o professor como pai? Gostávamos muito de brincar e ele diferenciava-se nesse ponto: era um pai mais próximo do que a maioria. Ele ensinou-me a nadar, a andar de patins e de bicicleta, por exemplo, sendo que nessa altura era normal os pais terem um relacionamento mais distante. Embora ele muitas vezes não estivesse presente, devido a competição, arranjava sempre forma de nos surpreender. No Verão, os outros pais estavam de férias com os filhos e ele estava nos campeonatos de atletismo, mas arranjava sempre forma de chegar a casa, fazer uma brincadeira e compensar essa situação. Quais são as melhores memórias que tem desses momentos? Gostava muito de ir aos treinos com o meu pai. Quando ele era treinador de voleibol, íamos muitas vezes aos treinos, até mais do que aos de atletismo. Não sei porquê, mas no atletismo lembro-me de ir apenas às provas. Por exemplo, recordo-me de ir com ele ao futebol e depois ao cinema. Ele ia ao treino masculino e depois ao feminino, e talvez por isso eu tenha querido ser jogadora de voleibol e não praticar atletismo. Quais as maiores virtudes e defeitos do seu pai? Era muito persistente e, portanto, muito teimoso, o que tinha aspectos positivos e negativos. Mas era uma pessoa muito alegre, tentava sempre levar as coisas a rir. Era um pai exigente em algumas coisas, mas de forma autoritária. Levava-nos à certa pela brincadeira. Por exemplo, numa noite em que ele não queria que nós saíssemos, não dizia para não sairmos. Em vez disso, dizia que lhe apetecia jogar às cartas connosco, organizava um jogo e nós esquecíamos que queríamos sair e ficávamos em casa, tal como ele queria. O professor celebrizou diversas máximas. Há alguma que a tenha marcado mais? Houve uma que me marcou muito e que ele dizia sempre no primeiro dia no Instituto Nacional de Educação Física (INEF), quando começava a dar aulas. Ele dizia que havia três ‘quês’ na vida muito importantes: o ‘quê’ de crer e de acreditar que se é capaz de fazer algo, o ‘quê’ de querer muito isso e sacrificar-se para o conseguir e o ‘quê’
de continuar, ou seja, ser persistente e não desistir. Isso simbolizava muito a forma de estar dele, de pensar e de lidar connosco. Na sua opinião, o que movia o seu pai? Ele meteu na cabeça que havia de conseguir demonstrar que os portugueses eram tão bons como os outros e que, se quisessem e tivessem as mesmas oportunidades, conseguiriam uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Demorou mais de 30 anos, mas conseguiu. O seu pai praticou diversos desportos, mas acabou por render-se ao atletismo. Por que razão acha que esco‑ lheu esta modalidade? Ele sempre foi treinador de voleibol e atletismo. Penso que se dedicou mais ao atletismo porque, como professor e investigador de educação física, uma faceta de que se fala menos, dividiu a carreira em dois grandes períodos. O primeiro esteve ligado à aprendizagem do gesto técnico porque nessa altura, nos anos 40, 50 e 60 do século XX, havia poucas imagens sobre como se processava um lançamento ou um salto de forma correcta. Numa primeira fase, ele dedicou-se e escreveu sobre isso. Depois de contactar com o Emil Zátopek, atleta que muito admirava, começou a dizer que quem treinasse mais é que ia conseguir ganhar, tal como o checo defendia. Numa segunda fase, dedicou-se a trabalhar os factores de aptidão física para a corrida, estudar o treino intervalado e a sua aplicação nos diferentes desportos. O meu pai foi meu professor na década de 1960 e dizia, na cadeira de teoria do jogo e do desporto, que o futebol é um desporto de pára-arranca. Por isso, os atletas tinham de fazer séries de 40 a 50 metros, seguidas de intervalo e nova repetição. É o princípio básico do treino intervalado. Na corrida ele fazia a mesma coisa. Acabou por deixar o voleibol para se poder dedicar aos treinos intensivos, duas a três vezes por dia, com os atletas da corrida. Além de um homem com grande paixão pelo treino, tinha também um grande instinto para a prospecção de novos talentos. Acredita que o seu pai estava desti‑ nado a ser um homem do desporto? Acho que foi muito influenciado pelo Salazar Carreira. Eles eram vizinhos e conversavam muito sobre desporto. O Salazar Correia acreditava muito numa formação de base comum aos vários desportos para os treinadores, assim como o meu pai. Por isso é que ele foi aluno do terceiro curso do INEF, que Salazar Correia ajudara a fundar, e a minha mãe foi colega dele. Isso também o ajudou a manter-se nessa actividade e a manter o seu trabalho.
O professor era considerado um pai por muitos atletas. Como é para uma filha ouvir isto? Não me importava nada (risos). Achava engraçado e a minha mãe também dizia que tinha muitos filhos adoptivos. Víamos isso com naturalidade porque ele passava muitas horas com os atletas. Foi sob o comando do professor que atletas como Carlos Lopes ou Domingos Castro conseguiram as suas melho‑ res prestações. Recorda algum resultado que tenha dado mais gozo ao seu pai? Ele ficava sempre feliz quando os atletas batiam recordes. A relação de proximidade que tinha com os atletas estava relacionada com o facto de andar sempre à procura da melhor forma de eles brilharem, e ele sentiam isso. Algo que me marcou muito foi quando tinha uns sete ou oito anos, num Portugal vs. França em atletismo. Adorava aquilo porque entrávamos pela Porta 10A e chegávamos muito cedo, isto porque os atletas tinham de aquecer. Uma hora e tal antes da prova tínhamos o Estádio José Alvalade por nossa conta e fartávamo-nos de correr e brincar na relva. Podíamos andar na relva, mas quando chegavam os lançadores tínhamos de ir para a bancada para não levarmos com um martelo ou um peso em cima. Por isso, tínhamos um sinal combinado com ele para quando tivéssemos de ir para a bancada. Nesse dia ele disse: “Leonor, vais ajudar aquele atleta português e vais pedir emprestada ao francês a vara dele, porque ele tem uma nova que ainda não existe em Portugal. Se ele emprestar, fazes-me sinal”, pediu-me porque eu estudava no Liceu Francês e sabia falar a língua. O português saltou, adaptou-se bem à vara e o meu pai pediu para ele fazer um salto extraconcurso, no qual ele bateu o recorde nacional. O meu pai depois explicou-me que o nosso atleta era bom, tinha treinado muito e queria que ele fosse recompensado, pois já sabia que ele não podia ficar bem classificado com a vara que tinha. Desta forma, bateu o recorde nacional e ficou contente. Isto foi na década de 1950 – o meu pai teve estas preocupações com os atletas desde muito cedo. O que representava o Sporting CP para o professor Moniz Pereira? O meu pai dizia que a pista de Alvalade era o seu laboratório de investigação. O maior desgosto da vida dele foi deixar de ter uma pista no Estádio José Alvalade, porque ele achava que a equipa se construía com todos juntos a treinar, mesmo que fossem de disciplinas diferentes. As vitórias do Sporting CP também foram devidas ao facto dos atletas fazerem mais do que uma disciplina. Como ele registava e sabia todos os resultados de todos os atletas nacionais, porque os escrevia nos seus cadernos, fazia
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estimativas e previsões. Ele dizia à equipa no balneário quem ia disputar cada prova na véspera ou no próprio dia. Hoje em dia, isso é muito difícil de fazer porque cada atleta tem o seu treinador, treina por disciplina e encontram-se pouco uns com os outros. O Sporting CP para ele representava uma hipótese para experimentar diferentes tipos de treino. Em casa tentava transmitir o que era sentir Sporting CP? Lá em casa somos todos do Sporting CP, sou Sócia desde que nasci (n.º 181). Fiz ginástica no Clube e nunca joguei voleibol feminino porque deixou de haver e não havia outros desportos femininos na altura. Sigo mais as modalidades do que o futebol do Sporting CP, mas ainda neste fim-de-semana vi o andebol, o basquetebol e voleibol. É professora catedrática jubilada da Faculdade de Motricidade Hu‑ mana (FMH) na área do desporto adaptado. De que forma é que o seu pai influenciou o seu percurso académico? Influenciou muito porque comecei a fazer ginástica aos três anos no Sporting CP, aprendi a nadar com ele aos seis e depois fui atleta e vivi sempre num meio desportivo. Ia muitas vezes ao INEF com ele e a minha mãe também era professora de educação física. No fundo, fui influenciada pelos dois porque a minha mãe fez o primeiro trabalho em Portugal na área da reabilitação, tendo-se dedicado durante muito tempo a esse tema. Foi professora na Escola do Magistério Primário de Lisboa, instituição especializada na formação de professores, e segui o trabalho dela. Quando me formei perguntaram-me se queria ir para a ginástica do Sporting CP, mas eu não queria (risos). Agradeci muito ao professor Reis Pinto, que tinha sido meu professor de ginástica, e disse que quando houvesse algo para pessoas com deficiência eu ia. Não fui eu, mas foi uma aluna minha, a Márcia Ferreira, que lidera hoje o goalball do Clube. Comecei a trabalhar com crianças cegas e, alguns anos depois de me ter licenciado, quando abriram pela primeira vez em Portugal uma formação de professores de educação física e desporto para pessoas com deficiência, fui para a FMH leccionar essa disciplina. Tinha experiência com alunos cegos e fiz a primeira tradução e apresentação do goalball em Portugal. Ensinei aos alunos, entre outras coisas, o desenvolvimento motor atípico destas crianças e como é que se consegue que elas sejam activas, participem e tenham o melhor desenvolvimento motor possível de acordo com as suas capacidades. Estamos habituados a que as crianças se mexam e tenhamos de dizer-lhes para estarem quietas, e assumimos esse comportamento com as crianças cegas, mas elas não desenvolvem essa actividade porque não têm um estímulo exterior. O gosto pelo desporto tem tido continuidade na família? Sim, a minha filha é professora de biomecânica, também na FMH, e o meu filho treinador de basquetebol. Além do desporto, o seu pai era também um apaixonado por fado, tendo composto 135 temas que foram interpretados por nomes co‑ mo Carlos do Carmo ou Lucília do Carmo. Qual a importância da música na vida do professor? Ele sempre gostou muito de música, tinha um piano em casa e tocava todos os dias. A avó dele tinha sido pianista e ele tinha muito bom ouvido. Era capaz de ir ver um filme e, se gostasse muito da música, tocava o refrão quando chegasse a casa. Ele achava que a música aproximava os atletas, tanto que nos momentos de pausa ele tocava e os atletas reuniam-se à volta dele para ouvir e cantar. Fazia muito isso nos Jogos Olímpicos e uma das coisas que o Emil Zátopek contava era que os atletas chegavam, viam se ele já lá estava e, se não estivesse, começam a perguntar quando é que ele começava a tocar. Quer deixar uma mensagem aos Sportinguistas e/ou para aqueles que mais privaram com o seu pai? Acredito que eles, tal como eu, vão ficar satisfeitos por o meu pai ser lembrado. Sei que ele tem muitos admiradores, agradeço a todos a forma como sempre o acompanharam e se lembraram dele e pela quantidade de mensagens que recebemos depois da sua morte. Sei que o que ele mais gostaria era que em sua memória se pugnasse pelo desenvolvimento desportivo, em especial pelo seu atletismo.
OPINIÃO
JOGO A JOGO… PÉS NO CHÃO!!!
Tito Arantes Fontes Acabámos agora o jogo de Barcelos… um daqueles jogos que nos consome “anos de vida”… inicio prometedor nos primeiros minutos e depois, depois fomos caindo, deixando andar e o Gil Vicente FC a acercar‑se cada vez mais da nossa baliza… cada vez com mais perigo… até que marcou mesmo! A coisa ficou mais difícil e – claramente – todos víamos que na segunda parte muita coisa tinha de mudar! E mudou… não sei o que Rúben Amorim disse no balneário aos nossos jogadores, mas sei – isso sim – que a nossa atitude mudou e mudou para melhor! Passámos a jogar com outra intensidade, com outra vontade, com outra garra… e íamos ganhando “bola atrás de bola”… as ditas “primeiras bolas”, as “segundas” e até as “terceiras”… era uma avalanche contínua, de pressão constante, de arreganho… até que – tal como na primeira volta no José Alvalade – aos 83 minutos conseguimos o empate! Merecido! Sofrido e merecido! Tudo podia ainda acontecer… e aconteceu… no segundo minuto dos “descontos”… pum, já está, outro golo do SCP! Reviravolta no resultado! Vitória do SCP! Herói do jogo? COATES! Mais uma imperial exibição a defender, coroada com dois golos… prova que temos aqui um central que é também um avançado e dos bons! Obrigado, COATES!!! Mais ainda por ser num dia especial, depois de uma semana em que o futebol uruguaio perdeu um amigo teu, de muitos anos! Deus sabia e abençoou‑te… para lhe poderes dedicar – como bem fizeste! – os dois golos da tua felicidade, da nossa felicidade! No final do jogo oportunas declarações de Rúben Amorim e do presidente Frederico Varandas! O primeiro escalpelizando bem o jogo, consciente da sofrível, lenta e má primeira parte que fizemos, do mérito do Gil Vicente FC e das alterações que teve de fazer e do diálogo com os jogadores, nomeadamente ao intervalo, para lhes
incutir a “poção mágica” da vitória! E sintetizou a sua ideia com a frase “Até voltarmos a ganhar alguma coisa não se pensa em festas! Não imagino festa nenhuma de campeão com os adeptos. Imagino, sim, ganhar ao FC Paços de Ferreira e pensar em como vamos trabalhar e melhorar para esse jogo”! É isso mesmo! Jogo a jogo! Depois veio o nosso presidente Frederico Varandas lembrar que “não ganhámos nada”, salientar que temos de respeitar sempre os nossos dois rivais… “que têm muita força dentro e fora do campo” e lembrar à nação Sportinguista que “a arrogância, a bazófia, é meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais”! Terminou dizendo que “o Sporting CP tem de continuar como até aqui, concentrado, sério, competente, implacável dentro de campo e com a humildade dos gigantes”! Sábias palavras! Ou seja, pés no chão! Fizemos uma extraordinária primeira volta do Campeonato, a melhor de sempre da nossa centenária história! Saibamos, pois, agora honrar esse fantástico marco com uma segunda volta que a dignifique… para honra e Glória do nosso SCP! E isso, caríssimos Sportinguistas, só com a filosofia que os nossos líderes tão bem apontaram e agora nos recordaram: é jogo a jogo… e pés no chão!!! Arbitragem – temos assistido ultimamente a arbitragens condignas nos jogos do Sporting CP. Soares Dias no “dérbi dos dérbis”, como já comentámos, Hugo Miguel com o CS Marítimo e Nuno Almeida em Barcelos. Três boas actuações, aqui e ali com erros, bem sei, mas criteriosas e permitindo “jogos saudáveis”. Afinal é mesmo possível haver boas arbitragens em Portugal! Pese embora noutros lados se continue a assistir a inexplicáveis e injustificadas “berrarias”… nomeadamente do “apito azul”, o tal clube que consegue por si só ter mais penáltis que o somatório dos outros três melhores classificados da Liga portuguesa! O tal clube que é o menos amarelado” de todos os clubes da Liga nacional! Pois, ainda assim, não lhes basta… e refilam, barafustam, conspurcam… e expelem constantemente o seu fel, a sua mentira, contaminando o “ar saudável” em que queremos viver! Não, não pode ser! Conselho Disciplina (CD) – vergonhosa actuação! Não lhe chegou não ter decidido, como devia, a despenalização do Palhinha! Despeitado com o “nó cego jurídico” que lhe foi aplicado pela cristalina decisão judicial do TCAS, desata a emitir comunicados (veiculando
conscientemente informação errada), a fazer exposições ao Conselho Superior dos Tribunais Administrativos (um topete!) e a contribuir para um “desinformado” clima em que pululam vários analistas de pacotilha dos meios de comunicação social! Com tudo isto, contribuiu decisivamente para levar a FPF a anunciar um lamentável, triste e envergonhado recurso para o Supremo Tribunal Administrativo da decisão do TCAS! Pobre Conselho Disciplina! O tal que ainda aplica “filosofias inglesas”, como a tal do “field of play doctrine”, que até os próprios ingleses nem sempre aplicam em matéria disciplinar! Como foi bem demonstrado neste último fim‑de‑semana com a despenalização de dois jogadores na Premier League por terem sido mal admoestados pelo árbitro no decurso de jogos dessa competição. Tudo decidido em menos de oito dias. Como cá o CD poderia ter feito… máxime depois de Fábio Veríssimo ter assumido o seu erro, baseado no facto de não ter visto o lance do Palhinha em toda a sua plenitude. É este mesmo CD que aplicou 45 dias de suspensão ao presidente Frederico Varandas pelas declarações por este proferidas após o jogo de Alvalade com o FCP… ficamos curiosos e atentos para saber qual a sanção que o mesmo CD aplicará a Sérgio Conceição por ter dito, depois do último jogo com a Belenenses SAD, no Jamor, preto no branco, que “fomos enganados” Fomos roubados!”… esperemos pela sanção! E falaremos! Liga Portugal – tem a Liga nos seus quadros uma senhora de nome Sónia Carneiro. É empregada da Liga! O Sporting CP é associado histórico e fundador da Liga! Pois bem, essa senhora, vá lá saber‑se porquê, resolveu botar opinião no passado domingo num jornal desportivo do Norte! E falou sobre a “field of play doctrine”… mas será que essa empregada não deveria, num tema sensível que envolve um associado histórico e fundador da Liga estar sossegada, tranquila e caladita?… pois, parece que sim, que era assim que a senhora deveria estar… portanto, ó Liga, põe lá ordem na tua casa! Respeita os teus associados fundadores e históricos! E – por isso e para isso – diz lá aos teus empregados para se “empregarem” nos temas próprios dos seus postos de trabalho… deixando os outros para quem de direito! Até porque – decisiva razão – os empregados da Liga não se devem imiscuir nas discussões, divergências, questões que envolvam os seus associados! Viva o Sporting Clube de Portugal!!!
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FUTSAL
VOLEIBOL
PARAGEM NÃO TRAVOU O RITMO DOS LEÕES
VITÓRIA SUADA
SPORTING CP REGRESSOU À COMPETIÇÃO APÓS A PARAGEM PARA COMPROMISSOS DAS SELECÇÕES COM UMA GOLEADA SOBRE A AD MODICUS. CARDINAL VOLTOU A BISAR E CONSOLIDOU O POSTO DE MELHOR MARCADOR DA LIGA PLACARD. Texto: Maria G omes de Andrade Fotografia: Pedro Zenkl
A equipa principal de futsal do Sporting Clube de Portugal regressou ao Campeonato Nacional da melhor maneira e ao ritmo do costume, vencendo a AD Modicus por 1‑7 em jogo da 20.ª jornada da prova, no sábado passado. A formação orientada por Nuno Dias, que apostou em Guitta, João Matos, Erick Mendonça, Pauleta e Merlim de início, mostrou que o bom momento com que foi para a paragem não foi interrompido e, apesar dos primeiros minutos terem sido divididos, após o primeiro golo o Sporting CP dominou a partida. Assim, ao intervalo os Leões já venciam em Vila Nova de Gaia por 1‑3 com golos
de Cardinal, Pany Varela e Rocha. Na segunda metade, a equipa verde e branca, que se mantém invencível esta temporada, continuou a mandar no jogo e Merlim aumentou logo nos primeiros minutos a vantagem Leonina. Dez minutos depois foi a vez de Cardinal bisar na partida – e consolidar o posto de melhor marcador do Campeonato Nacional, com 26 golos – e logo a seguir Cavinato também marcou. O jovem Mamadú Ture, que no jogo anterior tinha bisado, tal como Cardinal, voltou a estar de pé quente e selou depois o triunfo do Sporting CP. Os Leões voltaram a jogar na quarta‑feira, às 20h30, no Pavilhão João Rocha diante do Dínamo Sanjoanense, já depois do fecho desta edição do Jornal Sporting.
SPORTING CP ENTROU BEM E ESTEVE A VENCER POR 2‑0, MAS QUASE VIU A AJ FONTE BASTARDO DAR A VOLTA AO RESULTADO. NEGRA DECIDIU O JOGO E DEU MAIS DOIS PONTOS AOS LEÕES. Texto: Maria Gomes de Andrade
A equipa principal de voleibol do Sporting Clube de Portugal confirmou, no sábado passado, o bom momento que atravessa, mas teve de suar para vencer (3‑2) a AJ Fonte Bastardo em jogo da nona jornada da segunda fase do Campeonato Nacional. A formação comandada por Gersinho entrou muito bem na partida, conseguindo desde cedo uma vantagem considerável, que chegou a ser de dez pontos, e venceu o primeiro set por 25‑16. O segundo set foi mais disputado e dividido do que o primeiro, mas os Leões voltaram a vencer de forma justa (25‑22). O terceiro set confirmou o crescimento da formação visitante no encontro, com
a AJ Fonte Bastardo a estar em vantagem durante quase todo o set e a vencê‑lo por 24‑26, numa recta final bastante emotiva. No quarto set, a formação da Praia da Vitória voltou a superiorizar‑se e venceu por 22‑25, levando a decisão do jogo para a ‘negra’ – que foi disputadíssima do início ao fim, apesar de os visitantes ainda terem tido cinco pontos de vantagem, com as duas equipas a alternarem vantagens, mas com o Sporting CP a acabar por vencer na raça: 21‑19. Vitória justa e muito importante para os Leões, a sétima consecutiva na prova, na segunda posição da tabela, na ronda anterior ao dérbi diante do SL Benfica na Luz, que se disputou na quarta‑feira, às 18h00, já depois do fecho desta edição.
6 de Fevereiro de 2021 | Campeonato Nacional – 2.ª fase ‑ 9.ª jornada | Pavilhão João Rocha
SPORTING CP
3‑2
AJ FONTE BASTARDO
(25‑16, 25‑22, 24‑26, 22‑25, 21‑19)
Sporting CP: José Rojas (15), Victor Hugo (10), Paulo Victor (26), Miguel Maia [C] (3), Bob Dvoranen (19), Hélio Sanches (5), Gil Meireles [L], Bruno Alves, Renan Purificação (1), André Saliba e José Fidalgo [L]. Treinador: Gersinho.
BASQUETEBOL SOFRE PRIMEIRA DERROTA DA ÉPOCA NA LIGA PLACARD A equipa de basquetebol do Sporting CP amealhou, na passada terça-feira, a primeira derrota na Liga Placard ao ser batida por 102-98 em casa do Imortal BC, em jogo em atraso da 17.ª jornada. Numa tarde desinspirada para os Leões, os algarvios chegaram mesmo a ter 20 pontos de vantagem (75-55), mas uma incrível recuperação liderada por Diogo Ventura ainda deu esperança, com o resultado a fixar-se em 97-96 a poucos segundos do fim. Os últimos instantes foram de grande emoção e indefinição, mas a vitória sorriu aos homens da casa. Apesar deste resultado, os pupilos de Luís Magalhães continuam na liderança da Liga Placard com mais dois pontos do que o segundo, o FC Porto, que tem menos um jogo disputado.
Cardinal marcou mais dois golos na Liga Placard
6 de Fevereiro de 2021 | Liga Placard – 20.ª jornada | Pavilhão do Modicus
AD MODICUS Márcio (11’)
1‑7 (1‑3 intervalo)
9 de Fevereiro de 2021 | Liga Placard – 17.ª jornada | Pavilhão Municipal de Albufeira
102 ‑ 98
SPORTING CP IMORTAL BC Cardinal (8, 34’), Pany Varela (11’), Rocha (13’), Merlim (23’), Cavinato (36’), Mamadú Ture (40’)
Sporting CP: Guitta [GR], João Matos [C], Erick Mendonça, Pauleta e Merlim. Jogaram ainda: Tomás Paçó, Mamadú Ture, Cavinato, Pany Varela, Zicky Té, Cardinal e Rocha. Treinador: Nuno Dias. Disciplina: cartão amarelo para Pany Varela (38’) e Tomás Paçó (39’).
SPORTING CP
(24‑26, 29‑22, 29‑17, 20‑33)
Sporting CP: Travante Williams (23), Shakir Smith (13), João Fernandes (14), Cláudio Fonseca (8), James Ellisor (10), Diogo Ventura (19), Micah Downs (3), Pedro Catarino, Diogo Araújo (6), Jeremias Manjate, Francisco Amiel (2) e Jorge Embaló. Treinador: Luís Magalhães.
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ANDEBOL
REGRESSO DE LEÃO À EUROPA SPORTING CP VENCEU O HT TATRAN PREŠOV POR 27‑21, CONFIRMANDO O FAVORITISMO E APROXIMANDO‑SE DO OBJECTIVO TRAÇADO NA EHF EUROPEAN LEAGUE: CHEGAR À PRÓXIMA FASE DA PROVA. Texto: Maria Gomes de Andrade
o favoritismo e a superioridade em golos, ainda que tenha A equipa principal de andebol visto Dmytro Doroshchuk ser do Sporting Clube de Portugal expulso aos 14 minutos, e foi recebeu e venceu, no último descolando no marcador. domingo, o HT Tatran Prešov Assim, com uma boa exibição e por 27‑21 em jogo em atraso da Matevž Skok em grande plano, segunda jornada do grupo B da os comandados de Rui Silva EHF European League. foram para o intervalo a vencer A formação eslovaca até se por 13‑10. colocou na frente do marcador À procura de alterar o rumo do no Pavilhão João Rocha, mas jogo, o HT Tatran Prešov entrou depressa a equipa verde e melhor na segunda metade e branca empatou a partida, foi‑se aproximando do Sporting passando para a frente do CP no marcador, enquanto os marcador com golos de Tiago Leões viram o guarda‑redes Rocha e Pedro Valdés. adversário negar‑lhes Os visitantes ainda empataram as investidas. (2‑2), mas o Sporting CP O guardião verde e branco Pub Jornal SCP_Wash here_24,8x16.pdf 1 31/08/20 12:12 conseguiu, de seguida, converter também continuou em
destaque, sendo fundamental para que, após os primeiros 15 minutos da segunda parte, o Sporting CP conseguisse aumentar a vantagem, ultrapassando a mão cheia de golos de diferença (21‑15).
Vantagem essa que os Leões ainda conseguiram aumentar nos últimos minutos, com o HT Tatran Prešov a encurtar, mas sem alterar muito a diferença resultante da supremacia verde e
branca dentro das quatro linhas. Bom jogo no regresso à Europa da equipa Leonina, que assim soma seis pontos em cinco jogos, consolidando‑se nos lugares de acesso à próxima fase da prova.
7 de Fevereiro de 2021 | EHF European League – Grupo B – 2.ª jornada | Pavilhão João Rocha
SPORTING CP
27 ‑ 21
HT TATRAN PREŠOV
(13‑10 intervalo)
Sporting CP: Matevž Skok [GR], Aljoša Čudić [GR], Manuel Gaspar [GR], Pedro Valdés (7), Dmytro Doroshchuk, Jens Schongarth (4), Nuno Roque (1), Darko Đukić (3), Joel Ribeiro, Tiago Rocha (8), Salvador Salvador (2), Francisco Tavares (2), Carlos Ruesga, Tomás Tavares, Miguel Lourenço e Duarte Seixas. Treinador: Rui Silva. Disciplina: cartão vermelho para Dmytro Doroshchuk (14’) e exclusão de dois minutos para Salvador Salvador (28 e 41’) e Jens Schongarth (30 e 47’).
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ENTREVISTA SALVADOR SALVADOR
“O MEU CORAÇÃO SEMPRE ESTEVE AQUI” Aos 19 anos, Salvador Salvador renovou o contrato que o liga ao Sporting Clube de Portugal. Depois de muitas notícias e rumores na imprensa desportiva, o lateral da equipa de andebol verde e branca oficializou o novo vínculo com o emblema que defende desde os 13 anos – quando chegou a Alvalade proveniente do NA Samora Correia – e que ama desde que nasceu. Agora, em entrevista ao Jornal Sporting, Salvador Salvador reforçou a ideia que já tinha revelado na quinta‑feira passada, quando foi anunciado o prolongamento da ligação ao Clube: o objectivo foi sempre a renovação do contrato. O internacional português, que é uma das maiores promessas do andebol nacional e europeu, não escondeu o Sportinguismo, explicou o que espera conseguir nos próximos anos de Leão ao peito e garantiu que está naquela que “sempre foi” a sua casa. Texto: Luís Santos Castelo Fotografia: José Lorvão, Mário Vasa Depois de muitos rumores, chegou a confirmação da sua renovação. Como é que se sente depois de prolon‑ gar o contrato? Sempre estive de consciência tranquila. As notícias iam saindo e eu, muitas vezes, ria‑me porque a maior parte delas só serviam para me desestabilizar a mim e à Direcção do Sporting CP. Sempre tive a cabeça no Sporting CP, assim como o coração. O meu coração é verde e branco, como sempre disse. Sou Sportinguista desde que nasci e serei, muito provavelmente, até morrer. Por isso, sinto‑me muito feliz por poder continuar no Clube que sempre amei e no Clube que respiro. O meu sentimento é de alegria. Por tudo isso, continuar no Sporting CP sempre foi o seu objectivo? Sim. Tal como referi e como sempre tentei transmitir a toda a gente, tanto à minha família como aos meus amigos mais próximos a quem ia contando o que se passava, sempre quis ficar aqui, no Sporting CP. Felizmente, foi o que aconteceu.
“PODER CRESCER E, QUEM SABE, TORNAR‑ME UMA FIGURA DO CLUBE QUE SEMPRE AMEI É ALGO QUE EU NÃO TROCARIA POR NADA” Porque é que o Sporting CP é o Clube ideal para si? Acho que o Sporting CP é o Clube certo porque, primeiro, já é o meu sétimo ano de casa. Poder crescer e, quem sabe, tornar‑me uma figura do Clube que sempre amei é algo que eu não trocaria por nada. Se me dissessem isso em criança eu não acreditava. O facto de isso poder acontecer é algo que me deixaria bastante feliz. Esta renovação de contrato é muito importante para mim também por causa disto. O que espera alcançar, tanto a nível colectivo como individual, nos próximos anos? Renovo com o Sporting CP para conquistar títulos. O Sporting CP é a maior potência desportiva em Portugal e quem não joga no Sporting CP para disputar títulos não tem a mentalidade certa. Por isso, estou aqui para ganhar títulos e vamos lutar por cada troféu em que entrarmos. Vamos lutar pelo Campeonato Nacional, pelas Taças e na Europa. O meu objectivo é dar esses títulos
a todos os Sportinguistas, a toda a massa adepta, e ser realmente feliz como sempre fui aqui no Sporting CP. Está no Sporting CP desde 2014, quando tinha 13 anos. O que já aprendeu neste Clube? Não comecei a jogar andebol no Sporting CP, mas cheguei aqui muito cedo e fui campeão em quase todos os escalões pelo Clube. Faltou‑me o campeonato de iniciados e falta‑me o de seniores. Foi no Sporting CP que aprendi praticamente todas as bases do jogo e onde tive oportunidade para crescer como jogador e onde agora tento evoluir a cada dia, a cada treino. O Sporting CP sempre fez parte da minha vida. Ingressei no Clube em 2014 e vim para Lisboa viver com colegas em 2016 e aí tive a certeza de que era isto que queria seguir. O Sporting CP ensinou‑me a ser jogador, mas também muitas outras coisas e fico muito grato ao Clube por isso. Estou onde sempre quis estar e esta renovação é, também, um agradecimento.
“RENOVO COM O SPORTING CP PARA CONQUISTAR TÍTULOS” Nesse momento em que chegou ao Sporting CP já pensava em ser jogador profissional de andebol? Era demasiado novo para pensar nisso, mas conforme os anos foram passando ia alimentando o sonho. Consegui treinar com a equipa sénior desde muito cedo e, se calhar, na altura não tinha noção do significado.
O camisola 23 em acção já em 2020/2021
Agora, depois de evoluir e de me formar como jogador e como homem, sei e percebo exactamente que era isto que eu queria. Qualquer miúdo da minha idade ou mais novo do que eu pensa em chegar a um Clube tão grande como o Sporting CP. Se calhar, por vezes, não tenho noção do quão bom é chegar aqui. Daí também estar muito feliz por poder estar aqui e por poder continuar de Leão ao peito. Ainda é um jogador muito jovem, tem apenas 19 anos. Em que aspectos do jogo acha que pode evoluir? (Risos) Acho que posso evoluir em todos os aspectos do jogo. E muito. Tenho objectivos muito bem traçados. O meu objectivo é ser melhor dia após dia e tenho muito para aprender e para crescer. Esta renovação nunca me vai levar com ‘a cabeça à Lua’. Vou tentar ter os pés sempre bem assentes no chão e entender que isto é apenas fruto do meu trabalho, mas que o meu trabalho não vai acabar aqui. Ainda sou muito novo, ainda posso dar muito e é isso que pretendo.
“O SPORTING CP ENSINOU‑ME A SER JOGADOR, MAS TAMBÉM MUITAS OUTRAS COISAS E FICO MUITO GRATO AO CLUBE POR ISSO” Sempre se destacou muito pela vertente física, tanto pelo tamanho como pela capacidade atlética. É esse o seu ponto mais forte? (Pensativo) Poderá ser um ponto forte porque nem toda a gente nasce assim, com o meu tamanho e com as minhas condições físicas, mas isso também se trabalha. A vertente física é muito importante neste desporto, como é óbvio, mas não bastam os atributos com que se nasce e tenho trabalhado sempre essa parte também. Mas acho que, muito mais do que a vertente física, posso vir a destacar‑me pela inteligência dentro e fora de campo. Tento trabalhar isso nos treinos e aprender com as pessoas mais indicadas. As minhas condições físicas podem ser uma virtude, mas a inteligência pode ser muito mais. É um dos nomes mais promissores do andebol português e Europeu. Quem é a sua maior referência na modalidade e porquê? Desde miúdo que gostei de ver imensos jogadores. >>
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emprestados. Os miúdos podem basear‑se em nós e sonhar em chegar a estes palcos que nós estamos a alcançar agora. Quando tínhamos a idade deles também sonhávamos alcançar [estes palcos]. Podem consegui‑lo se continuarem a trabalhar e se o trabalho continuar a ser bem feito. Já disse que é Sportinguista desde que nasceu. Isso dá‑lhe um orgulho especial por ser um produto da formação do Sporting CP? Sim, como é óbvio. O facto de ser Sportinguista deixa‑me muito feliz por esta decisão. O meu coração sempre esteve aqui. Respiro Sporting CP desde que comecei a representar o Clube. Adoro o Clube e é muito por aí que esta renovação acontece. O facto de ser do Sporting CP ainda me deixa mais feliz por continuar a representar este Clube.
Aqui com Miguel Afonso depois da assinatura do novo vínculo, Salvador Salvador (19 anos) já é internacional pela selecção nacional
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Sempre vi muito andebol e conforme fui crescendo tentei sempre acompanhar esses atletas. Adoro ver jogar o Mikkel Hansen [jogador da selecção da Dinamarca e dos franceses do Paris Saint‑Germain] e o Luka Karabatić [jogador da selecção de França e do Paris Saint‑Germain]. Em Portugal, adoro ver o Frankis [Carol] a jogar. É incrível o poderio físico dele, a inteligência que ele coloca no jogo e todas as vertentes em que consegue ser bom. Tento olhar muito para ele e aprender. Via‑o na televisão quando era pequeno e agora partilho o campo com ele. Posso aprender muito com ele, assim como com todos os meus colegas. Como é partilhar a posição com Frankis Carol e Pedro Valdés? Quem faz as coisas mais incríveis nos treinos? Cada um é melhor num determinado aspecto. O Frankis é um jogador incrível e é bom em praticamente todas as vertentes. O Pedro é completamente diferente. Tem muito mais poderio físico e é uma coisa brutal a defender. Posso aprender muito, mas mesmo muito,
com os dois. Nos treinos, depende dos exercícios e de tudo. Qualquer um de nós se destaca num determinado aspecto e pode fazer coisas incríveis.
“OS MIÚDOS [DA FORMAÇÃO] PODEM BASEAR‑SE EM NÓS E SONHAR EM CHEGAR A ESTES PALCOS QUE NÓS ESTAMOS A ALCANÇAR AGORA” A formação do Sporting CP tem produzido vários jo‑ gadores de bom nível nos últimos anos, como é o caso de Francisco Tavares, Manuel Gaspar, Joel Ribeiro ou do próprio Salvador Salvador. O trabalho está a ser bem feito? Penso e defendo que sim. Como já referi, consegui ser campeão em praticamente todos os escalões e isso diz muito do trabalho que tem sido feito na formação do Sporting CP. É muito importante os miúdos verem crescer frutos da formação, como o Manuel, o ‘Chico’ Tavares, eu, o Joel ou outros jogadores que estão
Estreou‑se pela equipa sénior do Sporting CP em 2018/2019 e na temporada passada esteve cedido ao Boa Hora FC, onde era figura de grande relevo. Co‑ mo está a correr a actual temporada, a primeira en‑ quanto membro do plantel principal? É muito diferente poder representar um grande, se não o maior Clube, em Portugal. Acompanhava a equipa sénior já há dois anos e treinava praticamente todas as semanas com eles, mas ter o papel e a importância que tenho neste momento é completamente diferente. Poder trabalhar com jogadores de alto nível que sempre foram grandes nomes no andebol português e europeu é muito gratificante. Posso aprender muito com isso e vai‑me fazer crescer, não só este ano como nos próximos em que estiver no Sporting CP. Que mensagem quer enviar aos Sportinguistas, ainda para mais numa altura em que os adeptos não têm a possibilidade de marcar presença nos jogos? Que fiquem descansados e seguros em casa. Que tentem relaxar para não pensarem que eu me ia embora sem voltar a ver o [Pavilhão] João Rocha cheio. Sente‑se em casa no Sporting CP? Sim. Sinto‑me completamente em casa. Sempre foi a minha casa. É o meu sétimo ano e ainda vão ser mais uns ‘anitos’. É bem mais a minha casa do que a minha própria casa.
30.º ANIVERSÁRIO DO NÚCLEO DO SPORTING CP DE PORTALEGRE
ADEUS A JOSÉ PARDETE
O Núcleo do Sporting Clube de Portugal comemorou, recentemente, o 30.º aniversário de uma forma bem diferente do habitual. Numa altura de pandemia, em que as festas e as aglomerações de pessoas estão proibidas, o Núcleo celebrou a data com uma homenagem àqueles que trabalham na linha da frente nesta altura e, por isso, entregou uma dezena de refeições, confeccionadas na própria sede, aos elementos de piquete dos Bombeiros Voluntários de Portalegre. Esta iniciativa, além de servir como forma de celebrar o aniversário e agradecer àqueles que a todos ajudam no combate à pandemia, enquadrou‑se no propósito que todos os núcleos Leoninos têm: servir a comunidade da zona em que estão inseridos.
José António Pardete Costa Ferreira, mais conhecido como José Pardete, faleceu no passado dia 13 de Janeiro, aos 79 anos. José Pardete, que era actualmente o Sócio n.º 41 do Sporting Clube de Portugal, representou o Clube na década de 60 do século passado, como guarda‑redes da equipa de andebol. Aos familiares e amigos, em particular ao filho Jean‑Jacques Pardete, que nos deu conta do falecimento do pai, o Jornal Sporting endereça as mais sentidas condolências.
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ENTREVISTA FRANKIS CAROL
“CHEGUEI SEM SABER NADA DO CLUBE E SAIO COMO UM VERDADEIRO SPORTINGUISTA” Dez temporadas depois, Frankis Carol despede-se do Sporting Clube de Portugal. O cubano, internacional pelo Qatar, fez 392 jogos e marcou 1621 golos de Leão ao peito, envergando também a braçadeira de capitão e conquistando vários títulos. Uma ligação que chegou agora ao fim, mas que jamais será esquecida, tal como o próprio referiu na última entrevista ao Jornal Sporting. Texto: Maria Gomes de Andrade Fotografia: Mário Vasa Chegou a hora do adeus, Frankis Carol. É com algu‑ ma tristeza que deixa o Sporting CP? É com muita tristeza. Estive aqui quase dez anos e já sabia que me ia custar dizer adeus, mas a vida é mesmo assim. Saio triste, no sentido de deixar o Clube, mas ao mesmo tempo contente e entusiasmado com o desafio que me espera noutro clube e noutro país. Aos 33 anos, não podia dizer que não a um novo de‑ safio que vai ser bom a todos os níveis, não é? É isso mesmo. Não podia dizer que não, é uma grande oportunidade para mim e tenho de a aproveitar. Agradeço ao Sporting CP ter compreendido o meu lado e deixar-me ir.
“TÍTULO QUE DEU MAIS GOZO? O PRIMEIRO CAMPEONATO NACIONAL” Ainda se lembra de quando chegou ao Sporting CP? Foi há muito tempo, mas lembro-me (risos). Era tudo uma novidade. O Clube, o país... foi uma grande mudança na minha vida. E lembra-se como é que recebeu a notícia do interes‑ se do Sporting CP? Sim. Foi uma enorme surpresa para mim. Estava em Cuba e não estava a jogar nessa altura. Foi tudo graças a um primo meu que conhecia um dirigente do Sporting CP e que lhe falou de mim. Depois um dia, estava eu nas aulas da universidade e ligou-me um número português... saí para atender, apresentaram-se e disseram-me aquilo que queriam. Eu disse logo que sim.
“FOI UM ORGULHO E UMA HONRA USAR A BRAÇADEIRA DE CAPITÃO” Sem hesitar? Sem hesitar, claro. Tudo aquilo que eu mais queria era jogar andebol e sair de Cuba. O que sabia sobre o Sporting CP? Na realidade, não sabia nada, mas eu só queria vir e sabia que a oportunidade era muito boa. Cheguei sem saber nada do Clube e saio como um verdadeiro Sportinguista.
“VOU TER MUITAS SAUDADES E PARA SEMPRE” Chegou com o também cubano Yailan Hechavarria... Sim, e tenho de dizer a verdade, o Sporting CP acreditava mais nele (risos). Ainda assim, eu consegui logo demonstrar o meu valor e corresponder mais do que o previsto. E até acabei por ter mais ‘sucesso’ aqui do que ele. E acha que isso aconteceu porquê? Não sei, mas acho que isso depende sempre da personalidade de cada um e daquilo que cada um faz. Eu aproveitei a oportunidade que me deram ao máximo, desde o início e em todos os jogos, ele não a conseguiu aproveitar tão bem. Felizmente as coisas correram-me bem e consegui rapidamente fazer com que olhassem para mim com bons olhos.
“JOGUEI VÁRIAS VEZES LESIONADO PORQUE A EQUIPA PRECISAVA DE MIM” Quando chegou sentiu logo que podia ficar aqui tanto tempo quanto ficou? Sinceramente, não pensei em nada, cheguei apenas com a intenção de demonstrar o que valia, mas com o passar do tempo, e até há dois/três anos, achava que ia terminar aqui a minha carreira. Fui muito feliz aqui e fazia todo o sentido, mas a vida deu esta volta. Com aquilo que estava a fazer no Sporting CP, tive a oportunidade de representar a selecção do Qatar e com isso comecei a despertar o interesse de clubes de lá. O que se lembra do primeiro jogo de Leão ao peito? Foi com a AA Águas Santas. Estava algo nervoso, tinha a pressão de corresponder. Ainda por cima quando entrei estávamos a perder, mas acabámos por ganhar e eu marquei logo oito golos. E em tantos jogos, houve algum que o tenha marca‑ do mais? Tenho de dizer um? Ui, isso é muito difícil. Foram muitos jogos. Talvez escolha o da final da Taça de Portugal contra o FC Porto, na primeira temporada, porque foi aquele que me deu o primeiro título e logo apenas seis meses depois de chegar.
Se é difícil escolher um jogo, um golo será ainda mais, não? Marcou mais de 1600... A sério? Marquei assim tantos (risos)? Sim, é difícil. Um golo não consigo mesmo dizer. Títulos também conquistou vários, e ganhou quase tudo aquilo que havia para ganhar. Qual é que lhe deu maior gozo conquistar? Foi o primeiro Campeonato Nacional, em 2016/2017, porque o Sporting CP não ganhava o campeonato há muitos anos e também porque era aquele que me faltava conquistar. Além disso, conquistá-lo também foi muito importante para o Clube Como é normal, estas dez épocas não foram feitas só de bons momentos. Qual foi o pior momento que viveu no Sporting CP? Esse sei. Foi um jogo no Dragão Caixa em que lutávamos pelo título frente ao FC Porto. O jogo acabou empatado e teve de ir a prolongamento, mas como vi cartão vermelho e fui expulso não pude jogar e ajudar a equipa. Fiquei mesmo triste, e acabámos também por não ganhar o campeonato. As lesões também fazem parte dos piores momentos... Sim, ainda que também façam parte do percurso, mas eu até joguei várias vezes lesionado. E jogou lesionado porquê? Porque faz parte de mim, não gosto de perder e gosto muito de competir e ajudar o meu Clube. Se a equipa precisava de mim eu só tinha era de ajudar. Sempre disse que só não jogaria se não conseguisse andar. >>
OS NÚMEROS DE FRANKIS CAROL DE LEÃO AO PEITO 10 392 1621 1 1 3 2
temporadas jogos golos Taça Challenge Supertaça Taças de Portugal Campeonatos Nacionais
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OPINIÃO
OS OPINADORES
Juvenal Carvalho
Começo esta coluna de opinião com uma evidência. Decididamente, e não entro em futurologia, e sei bem que nada está ganho e que o caminho a percorrer será árduo, o Sporting Clube de Portugal começa a incomodar, e fundamento a minha opinião sustentando‑a em diversos opinadores da nossa praça. Falo de pessoas com tempo de antena, que estão para o futebol como Carlos do Carmo estaria para o rock, ou Luciano Pavarotti para o fado. Aos dias de hoje, aqueles que gostavam tanto de um Sporting CP bonzinho nos relvados, e que até aqui ou ali diziam que éramos prejudicados e que era evidente uma diferença de tratamento, são hoje os mesmos que querem tapar o sol com a peneira e aqui‑d’el‑rei, espumam de raiva e verberam contra o tratamento dado ao clube deles, que no deve e haver têm décadas de saldo positivo e que agora são afinal os ‘calimeros’ da nossa praça. Que viram falta do Coates em Famalicão, que não viram penálti no lance do Zaidu em Alvalade, etc. Como diria o míster Quinito, numa expressão tão sua, e que fez escola, que se referia muitas vezes ao jogo como entretido. É também entretido, mas com um misto de revolta com escárnio, ouvir esses opinadores, que de lentes coloridas em riste, querem minimizar épocas menos bem preparadas, e que nunca esperavam – e tanto ainda falta – ver o Sporting CP na liderança. Fiquei feliz em tempos, e não
quero pôr toda a gente no mesmo saco, porque programas e pessoas existem em que só se fala do jogo jogado, que alguns canais tivessem acabado com as aleivosidades de alguns em programas que nada acrescentavam que não o fomento do ódio. São também os mesmos que vêem num cartão amarelo caricato mostrado a João Palhinha no Bessa, e no recurso de despenalização do nosso Clube a um erro admitido pelo próprio árbitro Fábio Veríssimo, um “precedente perigoso”. Pois bem, precedente perigoso, é outra coisa. É mesmo um jogador entrar em campo e num simples minuto ser‑lhe mostrado amarelo num lance normal. Repor a justiça é um acto inerente à mesma justiça. Nunca pode ser visto como “precedente perigoso” alguém, e aqui falo de que clube for, querer que se faça justiça. Não querer ver isso é mesmo não querer ver nada. Que o Sporting CP continue a dar razão a estas pessoas para continuarem a sua saga. É sinal de que os incomodamos, e até se percebe no ar uma santa aliança contra os mesmos. É porque alguma coisa estamos a fazer bem. E estamos a fazer bem no local certo. Dizia‑me um velho Leão que já não está no mundo dos vivos que para ganharmos tínhamos não só de ser melhores, mas sim muito melhores. Era eu uma criança e interiorizei isso. Hoje lembro‑me amiúde dele. E ainda não havia o mediatismo destes opinadores de pacotilha. Era ainda no tempo da televisão a preto e branco, e em que eu lia no nosso jornal, então ainda muito jovem, as tão bem escritas prosas de Inácio Teigão contra alguns apitadores. Pouco ou nada mudou. Mudaram‑se os tempos, mas não se mudaram as vontades. Continua tudo como dantes... apenas apareceram aqueles que hoje são os protagonistas dos novos tempos e invertem tudo aquilo que nós vimos. Os opinadores.
>> Os meus colegas até gozavam comigo porque às vezes até jogava melhor quando estava lesionado, então diziam-me ‘tens de continuar lesionado para continuares a jogar assim’ (risos). Nas últimas temporadas, foi-lhe também en‑ tregue a braçadeira de capitão. Isso foi um or‑ gulho para si? Claro que foi, fiquei mesmo muito contente quando assumi esse papel. Não estava à espera e, depois de tantos anos aqui, foi especial. Um grande orgulho e uma honra. Ao seu lado, neste percurso todo, estiveram sempre os adeptos. Que memórias guarda deles? Para mim são, sem dúvida, os melhores adeptos do Mundo. Apoiaram-me desde o início e sempre foram uma força extra para nós. Mesmo nos maus momentos, porque os houve, eles nunca deixaram de nos apoiar e de dar força.
“ACHAVA QUE IA TERMINAR A CARREIRA AQUI” Tem pena de ter feito o último jogo com as bancadas vazias? Tenho, tenho muita pena mesmo. É totalmente diferente jogar com eles ou sem eles. Queria ter-me despedido com as bancadas cheias, mas a pandemia não deixou. Guarda muito carinho pelos adeptos e de cer‑ teza que também guarda dos jogadores que partilharam o balneário consigo. Há algum deles que seja especial? Todos eles o são, ainda que obviamente houvesse sempre um ou outro mais próximo. Actualmente, era o Pedro Valdés. Mas sempre me dei bem com todos, mesmo depois de saírem do Clube. Tenho boa relação com todos eles e faço vários programas da minha vida pessoal com alguns deles.
“QUERIA TER-ME DESPEDIDO COM AS BANCADAS CHEIAS” E houve algum com quem tenha aprendido mais? Para ser sincero acho que aprendi com todos, com os mais velhos e com os mais novos, porque todos nós temos qualidades diferentes e isso, numa equipa, acaba sempre por ajudar a todos. Treinadores também teve alguns... qual foi o que mais o marcou? Sinceramente, gostei de trabalhar com todos eles, mas o Frederico Santos marcou-me muito e com o Hugo Canela também gostei mesmo muito de trabalhar. E o Sporting CP também o marcou, não é? Completamente, até porque me mudou a vida e me deu a oportunidade de jogar andebol ao mais alto nível. O Sporting CP tornou-se na minha segunda família, na minha segunda casa. Vai ter saudades do Clube? Vou ter muitas saudades e para sempre. Foram quase dez anos, não foi um ano, nem dois. Vivi coisas inesquecíveis no Sporting CP e em Portugal. E do Pavilhão João Rocha vai ter saudades? Também vou ter, claro. Foi um pavilhão especial, a nossa casa passados tantos anos, e gosto muito do ambiente no Pavilhão João Rocha. Agora que deixa o Sporting CP, como é que o vai recordar? Sempre com orgulho. Representei o melhor Clube da Europa. Quando um dia olhar para trás, nem sei se acredito que tive essa honra... E neste adeus, consegue definir o Sporting CP numa só palavra? Vida. O Sporting CP deu-me tudo, deu-me a vida que tenho hoje e que me faz feliz.
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ADN DE LEÃO LOGO ORIGINAL
PODCAST
MÍSTER NO ‘ADN DE LEÃO’ NUNO DIAS É O PRÓXIMO CONVIDADO DO PODCAST OFICIAL DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL. Texto: Pedro Ferreira
Nuno Dias, treinador da equipa de futsal do Sporting CP, é o 11.º convocado do podcast ‘ADN de Leão’. Depois do capitão João Matos já ter passado pelo estúdio da Academia de Alcochete, agora foi a vez do experiente técnico dar‑se a conhecer um pouco melhor numa conversa recheada de boa disposição conduzida pelo humorista Guilherme Geirinhas. “Acho que correu muito bem. Tentei mostrar um pouco daquilo que sou, para quem não me conhece. O Guilherme fez um excelente trabalho de pesquisa, foi buscar alguns assuntos que não estava à espera. Foi um programa interessante”, afirmou aos meios de comunicação do Clube após a gravação do podcast. “Este tipo de conteúdos
Guilherme Geirinhas e Nuno Dias no estúdio da Academia
demonstra que por detrás de um treinador ou atleta está um ser humano como outro qualquer, com as suas
Nuno Dias foi surpreendido por alguns dos temas abordados
virtudes e defeitos. Este podcast oferece aos Sportinguistas a possibilidade de estarem do outro lado, algo que poucos conhecem e que gera sempre curiosidade por parte dos adeptos”, reconheceu. Quanto aos temas abordados, Nuno Dias não quis revelar em demasia, mas deixou antever alguns assuntos fora da caixa. “Houve algumas surpresas, fui apanhado desprevenido. O Guilherme fez um bom trabalho nesse aspecto, mas acho que também me safei bem. O podcast foi conduzido de uma forma interessante e houve total
abertura da minha parte para falar sobre todos os temas que me foram propostos”, assegurou. Por fim, o timoneiro da equipa de futsal fez ainda questão de deixar uma palavra aos Sócios e adeptos do Sporting CP, prometendo momentos de muita animação a todos os ouvintes. “Há algumas situações interessantes para os Sportinguistas. Espero que percam, ou melhor, ganhem um tempinho para se rirem um pouco, acredito que se vão divertir tanto quanto eu”, finalizou. Em Alvalade desde 2012/2013, Nuno Dias foi considerado em Janeiro deste ano o terceiro
Guilherme Geirinhas fez questão de eternizar o momento
melhor treinador do mundo e tem um currículo que fala por si. Além de ter liderado os Leões à conquista de uma inédita UEFA Futsal Champions League, venceu ainda cinco Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal, cinco Supertaças e duas Taças da Liga, contabilizando cerca de dois mil golos marcados no seu reinado. Actualmente na nona época de verde e branco, o técnico tem boas possibilidades de aumentar o seu palmarés já dentro de pouco tempo, assim como o do Clube, dado que o Sporting CP lidera de forma invicta a Liga Placard após 20 jornadas, a par do SL Benfica, é favorito no jogo dos oitavos‑de‑final da UEFA Futsal Champions League diante dos checos do FK Chrudim e está também na luta pelas duas Taças: de Portugal e da Liga. O ‘ADN de Leão’ com Nuno Dias vai para o ar na próxima terça‑feira, dia 16 de Fevereiro, às 19h06, nas plataformas habituais de podcasts, podendo ainda ser visto no canal oficial do Clube no YouTube e na Sporting TV.
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MUSEU
MANTER VIVA A MEMÓRIA DE MÁRIO MONIZ PEREIRA Texto: Isabel Victor Passatempos: David Felgueira
Quem conheceu Mário Moniz Pereira e com ele privou na vida pessoal e/ ou profissional, reconhece o inexcedível valor de seu legado, múltiplo e facetado. As vozes emocionadas não deixam dúvidas relativamente à forma como o professor mudou a vida de tantas pessoas, sejam eles amigos, familiares, tertuliantes do fado, ex-alunos, simples anónimos ou atletas que com ele atingiram o olimpo. Foram algumas dessas vozes que o Museu Sporting convocou para contar a história e manter viva a memória do Senhor Atletismo. Os objectos vieram a reboque: o inconfundível cronómetro analógico; um fragmento da pista de atletismo do antigo Estádio José Alvalade; o caderno de recortes de imprensa sobre Carlos Lopes minuciosamente organizado pelo Bernardes Dinis; as primeiras sapatilhas do Fernando Mamede; a medalha de vice-campeão do Mundo, conquistada em 1987, pelo Domingos Castro; o compromisso de treinar todos os dias, fizesse sol ou chuva, assinado pelo Armando Aldegalega; a folha de tempos da Cristina Coelho, manuscrita pelo professor, religiosamente guardada pela atleta e amiga; o pequeno recorte de jornal, amarelecido, que anunciava o nascimento da filha Leonor, guardado na carteira de documentos durante mais de meio século; a dedicatória premonitória no livro “Carlos Lopes e a Escola do Meio fundo” de Moniz Pereira, que o então estudante
Carlos Lopes: “Para ele a disciplina estava acima de tudo”
Carlos Silva comprou com a sua mesada. O cartão de Sócio número dois do Sporting Clube de Portugal – exibido
orgulhosamente, que o Museu, para sempre, guarda como testemunho de uma vida dedicada ao Clube.
EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA “A SORTE DÁ MUITO TRABALHO” DEDICADA A MÁRIO MONIZ PEREIRA
Imagens: Programa expositivo: Design:
David Felgueira Miguel Pereira Luiz Filipe Trigo
Armando Aldegalega: “Tentar o melhor possível”
Ana Cristina Coelho: “O treino e a exigência eram meio caminho andado”
Domingos Castro: “O professor disse: ‘Domingos hoje é o teu dia’. E foi.”
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RESULTADOS ANDEBOL MASCULINO
Seniores ‑ Liga Europeia Sporting CP 27‑21 HT Tatran Prešov
ATLETISMO MASCULINO
Absolutos ‑ Torneios de preparação Pista coberta FPA 60 m: 1.º Carlos Nascimento 6’’81 60 m: 5.º Rui Corvelo 7’’10 200 m: 1.º Tomás Gonçalves 22’’60; 2.º Omar Elkhatib 22’’64 400 m: 2.º Omar Elkhatib 49’’29 400 m: 2.º Duarte Fernandes 49’’75 1500 m: 3.º Nuno Pereira 3’43’’32 ‑ REC. PESSOAL / QUAL. CAMP. EUROPA PISTA COBERTA; 10.º Ricardo Ferreira 3’56’’33 3000 m: 2.º Fernando Serrão 8’08’’98; 6.º Ricardo Ferreira 8’20’’17 60 m barreiras: 6.º Francisco Ferraz 8’’98
Salto em comprimento: 4.º Tomás Dinis 6,94 m Seniores ‑ Meeting de Metz “Moselle Athélor” Triplo salto: 3.º Tiago Pereira 16,08 m Seniores ‑ Provas de observação de lançamentos Lançamento do peso: 1.º Daniel Santiago 15,98 m; 3.º Tomás Rodrigues 13,54 m Lançamento do disco: 1.º Edujose Lima 55,05 m Lançamento do martelo: 2.º Rúben Antunes 66,31 m
FEMININO
Absolutos ‑ Torneios de preparação Pista coberta FPA 60 m: 1.º Lorène Bazolo 7’’45; 2.º Maria João Barbosa 7’’90 60 m: 4.º Matilde Sousa 8’’03 200 m: 3.º Juliana Guerreiro 26’’19; 4.º Beatriz Gameiro 26’’87; 6.º Catarina Figueiredo 27’’10 400 m: 1.º Juliana Guerreiro 56’’85; 4.º
Beatriz Gameiro 59’’21; 6.º Catarina Figueiredo 1’01’’53 400 m: 1.º Juliana Guerreiro 57’’02; 3.º Beatriz Gameiro 58’’32 ‑ REC. PESSOAL 800 m: 2.º Rita Figueiredo 2’10’’83; 4.º Beatriz Rodrigues 2’12’’59 1500 m: 4.º Rita Figueiredo 4’31’’33; 5.º Beatriz Rodrigues 4’31’’46 Salto em altura: 1.º Anabela Neto 1,78 m Salto em altura: 1.º Anabela Neto 1,76 m Salto em comprimento: 1.º Evelise Veiga 6,37 m Triplo salto: Evelise Veiga sem marca
Sub‑23 ‑ Ap. Taça Revelação SL Benfica 2‑1 Sporting CP
BASQUETEBOL MASCULINO
Seniores ‑ Taça Hugo dos Santos Meias‑finais: Sporting CP 79‑67 Imortal BC Final: Sporting CP 68‑72 FC Porto
FEMININO
Seniores ‑ Liga BPI Clube Albergaria 0‑4 Sporting CP
Seniores ‑ Liga Placard Imortal BC ‑ Sporting CP
FUTSAL MASCULINO
Seniores ‑ Liga Placard AD Modicus 1‑7 Sporting CP
ESPORTS MASCULINO
Seniores ‑ Meeting Hauts‑de‑France Pas‑de‑Calais 3000 m: Fancy Cherono Lançamento do peso: Auriol Dongmo
Individual ‑ FIFA eClub World Cup Runrun (2 V / 2 D); Zé Diogo (1 V / 2 D)
FEMININO
Seniores ‑ Camp. Nac. 1.ª Divisão Sporting CP 3‑0 FC Águias Sta. Marta
FUTEBOL MASCULINO
Seniores ‑ Provas de observação de lançamentos Lançamento do peso: 1.º Jéssica Inchude 17,26 m Lançamento do disco: 2.º Irina Rodrigues 60,73 m; 3.º Jéssica Inchude 46,73 m
VOLEIBOL MASCULINO
Seniores ‑ Liga NOS CS Marítimo 0‑2 Sporting CP Gil Vicente FC ‑ Sporting CP
Seniores ‑ Camp. Nacional 1.ª Divisão Sporting CP 3‑2 AJ Fonte Bastardo
AGENDA ANDEBOL SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 21H00 Seniores SPORTING CP vs. FC Gaia 17.ª jorn. Camp. Placard Andebol 1 Pavilhão João Rocha
TERÇA‑FEIRA, 16 DE FEVEREIRO 19H45
QUARTA‑FEIRA, 17 DE FEVEREIRO 17H00
Seniores Patrícia Mamona (triplo salto) WAITG ‑ Copernicus Cup Arena Toruń (Toruń, Polónia)
BASQUETEBOL SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 15H00
Seniores HT Tatran Prešov vs. SPORTING CP 8.ª jorn. Gr. B Liga Europeia Tatran Handball Arena (Prešov, Eslováquia)
Seniores SPORTING CP vs. A. Académica Coimbra 18.ª jorn. Liga Placard Pavilhão João Rocha
ATLETISMO SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 14H15 ‑ 18H45
ESPORTS QUINTA‑FEIRA, 11 DE FEVEREIRO 19H00
Absolutos SPORTING CP Camp. Portugal Pista coberta Altice Forum (Braga)
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 14H15 ‑ 18H45 Absolutos SPORTING CP Camp. Portugal Pista coberta Altice Forum (Braga)
Equipa CD Feirense vs. SPORTING CP 1.ª jorn. Grupo A FPF Masters eFootball Online
FUTEBOL SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 11H00
Sub‑23 Portimonense SC vs. SPORTING CP
8.ª jorn. Ap. Taça Revelação Estádio Dois Irmãos (Portimão)
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 15H00
Equipa B SPORTING CP B vs. CO Montijo 16.ª jorn. Série G Camp. Portugal Estádio Aurélio Pereira
Competição: Campeonato Nacional – Série dos primeiros – 11.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. Castêlo da Maia GC Horário e local: 12h00 – Pavilhão João Rocha Transmissão: Directo e exclusivo
Basquetebol
Seniores SPORTING CP vs. FC P. Ferreira 19.ª jorn. Liga NOS Estádio José Alvalade
QUARTA‑FEIRA, 17 DE FEVEREIRO 12H45
Sub‑23 SPORTING CP vs. CD Cova Piedade 9.ª jorn. Ap. Taça Revelação Estádio Aurélio Pereira
FUTSAL SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 17H00
Seniores FC Azeméis vs. SPORTING CP 22.ª jorn. Liga Placard Pav. Mun. Vale de Cambra
Competição: Liga Placard – 18.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. AA Coimbra Horário e local: 15h00 – Pavilhão João Rocha Transmissão: Directo e exclusivo
Voleibol
Competição: Campeonato Nacional Feminino – 23.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. Leixões SC Horário e local: 18h00 – Pavilhão João Rocha Transmissão: Directo e exclusivo
Andebol
Seniores Fem. ARCD Venda Luísa vs. SPORTING CP 4.ª jorn. 2.ª fase/Manut. Camp. Nac. 1.ª Div. Pav. Mun. Condeixa‑a‑Nova
GINÁSTICA SEGUNDA‑FEIRA, 15 DE FEVEREIRO SEXTA‑FEIRA, 12 DE FEVEREIRO 11H00 20H15
13/02 – Sábado Voleibol
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 18H00
Competição: Campeonato Placard Andebol 1 – 17.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. FC Gaia Horário e local: 21h00 – Pavilhão João Rocha Transmissão: Directo e exclusivo
Seniores SPORTING CP Comp. Int. Trampolins Online
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 10H00
Absolutos SPORTING CP Treino competitivo Aval. Sel. Nacional Comp. Piscinas do Jamor (Oeiras)
VOLEIBOL SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 12H00
Seniores SPORTING CP vs. Castêlo Maia GC 11.ª jorn. 2.ª fase Camp. Nac. 1.ª Div. Pavilhão João Rocha
HÓQUEI EM PATINS DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 17H00
18H00
Seniores Fem. A. Académica Coimbra vs. SPORTING CP Quartos‑de‑final Taça Portugal Pav. n.º 3 Estádio Univ. Coimbra
NATAÇÃO SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO 16H00
Seniores Fem. SPORTING CP vs. Leixões SC 23.ª jorn. 1.ª fase Camp. Nac. 1.ª Div. Pavilhão João Rocha
DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO 15H00
Seniores Fem. SPORTING CP vs. Vitória SC 24.ª jorn. 1.ª fase Camp. Nac. 1.ª Div. Pavilhão João Rocha
Absolutos SPORTING CP Treino competitivo Aval. Sel. Nacional Comp. Piscinas do Jamor (Oeiras)
*Agenda sujeita a alterações após o fecho de edição. Para mais informações consulte a agenda em sporting.pt
14/02 – Domingo
16/02 – Terça‑Feira
Futebol
Futebol
Competição: Campeonato de Portugal – Grupo G – 16.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. C. Olímpico Montijo Horário e local: 15h00 – Estádio Aurélio Pereira Transmissão: Directo e exclusivo
Competição: Liga Revelação – Apuramento para a Taça Revelação – 9.ª jornada Jogo: Sporting CP vs. CD Cova da Piedade Horário e local: 17h00 (a confirmar) – Estádio Aurélio Pereira Transmissão: Directo
Andebol
Competição: Liga Europeia – Grupo B – 8.ª jornada Jogo: HT Tatran Prešov vs. Sporting CP Horário e local: 19h45 – Tatran Handball Arena (Prešov, Eslováquia) Transmissão: Directo e exclusivo
Que seja um ano de novos sorrisos
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2021/02/11 5ªFeira
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