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“DESDE SEMPRE QUE SOU DO SPORTING CP, CONTINUAR A PARCERIA

COM O CLUBE DO MEU CORAÇÃO É MUITO BOM”

A atravessar a melhor fase da carreira, Teresa Bonvalot acaba de renovar contrato com o Sporting Clube de Portugal, emblema que representa desde 2019. A atleta de 23 anos, que se tornou na primeira mulher da história a apanhar uma onda na estreia do surf nos Jogos Olímpicos, em Tóquio, recebeu o Jornal Sporting e a Sporting TV na sua casa para uma longa entrevista em que revelou a ambição de “trazer uma medalha” de Paris, em 2024, onde já tem presença assegurada. Depois de no final do ano passado ter ficado muito perto de conseguir a qualificação directa para o circuito Mundial, a jovem natural de Cascais diz-se também “mais bem preparada” para continuar a lutar por esse objectivo nas Challenger Series, que arrancam já neste mês de Maio. A juntar a isso, a Leoa explicou o motivo pelo qual considera Patrícia Mamona uma referência e abordou o papel que tem desempenhado no desenvolvimento do surf nacional, mostrando-se feliz por “dar força aos mais novos para seguirem os seus sonhos”.

Acaba de renovar contrato pela segunda vez desde 2019 com o Sporting Clube de Portugal, que já admitiu ser o seu clube do coração. Qual o sentimento neste momento?

Sabe sempre bem continuar num clube pelo qual sempre tive um carinho gigante. Desde sempre que sou do Sporting CP, por isso continuar a parceria com o clube do meu coração é muito bom.

Já são quatro anos de ligação ao Clube. O que pesou mais na decisão de prolongar o vínculo?

É a continuação de algo que tenho um grande gosto em fazer parte, queria continuar a pertencer a esta família. Foi uma decisão fácil, o meu objectivo era prolongar este vínculo e continuar.

Soma já muitas vitórias a nível nacional e internacional. Há alguma que seja mais especial?

Ter dado ao Museu o primeiro título nacional do Clube é especial e um sonho tornado realidade. Acredito que nos próximos anos há-de haver mais, meus e de outros atletas do Sporting CP. É um objectivo ver mais atletas do Clube chegarem longe e demonstrarem o belo surf que têm.

Tornou-se a primeira atleta do surf do Sporting CP, sendo que a seguir vieram outros nomes como Jéjé Vidal ou Luís Perloiro. De certa forma, acredita que a sua chegada acabou por atrair estes e outros atletas para o Clube e levou para outro nível a ligação com a modalidade?

Conheço o Jéjé Vidal desde os meus 12 anos e também o Luís Perloiro, são dois surfistas que sempre tiveram muita presença na minha carreira. Comecei a surfar com o mesmo treinador do Luís, puxámos um pelo outro e acabámos por motivar-nos um ao outro desde muito cedo. Ver onde eles estão hoje e a forma como estão a cumprir os objectivos sabe muito bem e dá gosto ver. Se acabei por ser uma influência, espero que tenha sido boa no início da modalidade no Clube, que ainda é recente. Acredito que não existem limites e que vai ficar cada vez melhor.

E já tem visto algumas camisolas e bandeiras do Sporting CP pelas praias nas provas nacionais?

Lembro-me perfeitamente de que, no ano passado, houve um senhor numa prova que me disse que era fanático pelo Sporting CP. Pediu-me para assinar um cachecol do Clube porque queria levá-lo para um museu que tinha em São Miguel. Em cada evento há sempre alguns fanáticos pelo Clube a virem tirar-me fotografias por ser atleta do Sporting CP e isso acaba por ser incrível.

Nos últimos dois anos conseguiu alguns dos melhores resultados internacionais da já longa carreira que tem vindo a construir. Se tivesse de escolher entre Sydney, na Austrália, onde se tornou a primeira portuguesa a vencer uma etapa das Challenger Series, Netanya, em Israel, onde se sagrou Campeã Europeia, ou Tsurigasaki, no Japão, onde ficou para a história como a primeira mulher a surfar nos Jogos Olímpicos, qual delas escolheria como a mais simbólica?

É uma pergunta muito difícil. A dos Jogos Olímpicos foi muito especial, mas Sydney foi um momento histórico não só para mim, mas também para Portugal e para o surf feminino, pois na altura conquistei a minha maior vitória. Poder representar a bandeira nacional ao mais alto nível nas Challenger Series foi algo que me marcou a mim e a muita gente. Ainda assim, ficar para a história por ter surfado a primeira onda feminina no ano de estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos é uma coisa pequena que no fundo é gigante. Não consigo decidir entre essas duas.

E se juntarmos Haleiwa, no Havai, onde conseguiu o terceiro lugar na última etapa das Challenger Series e ficou à beira de, pela primeira vez, garantir um lugar no circuito Mundial?

Diria que o Havai é um mix de emoções. Apesar de ter conseguido um excelente terceiro lugar, algo histórico num sítio muito complicado de surfar, foi muito difícil porque fiquei empatada na classificação geral das Challenger Series, algo que há talvez 1% de probabilidade de acontecer. No fim acabou por cair para a minha adversária [que assegurou assim um lugar entre a elite Mundial]. Ainda assim, é um sítio que considero muito especial e de muito respeito para mim.

Apesar de não ter conseguido a qualificação directa, o estatuto de primeira suplente deu-lhe já em 2023 a oportunidade de participar e somar pontos nas primeiras três etapas do circuito Mundial, primeiro devido à lesão de uma outra atleta e depois por ter recebido um wildcard.

Têm sido meses de muita aprendizagem, estar no circuito Mundial é outro nível e outra experiência. Queria tirar o máximo de aprendizagem dessas etapas porque é o topo, onde quero pertencer, fazer o meu melhor surf e lutar heat a heat pelas vitórias. Ainda assim, isso acaba por levar o seu tempo pois a experiência é tudo. É uma montanha-russa de emoções, especialmente por as duas primeiras etapas, Pipeline e Sunset, terem sido no Havai, que é algo recente e tem das ondas mais difíceis do Mundo. É preciso ter muita experiência e para nós, mulheres, é algo ainda mais novo porque só há dois anos é que existem estas provas. Tem sido essa a mentalidade, de receber, explorar e tentar sobressair para ganhar mais confiança e superar-me.

Na primeira etapa, em Pipeline, entre 29 de Janeiro e 10 de Fevereiro, alcançou o nono lugar entre 18 participantes. Que balanço faz dessa prova? Foi um resultado muito interessante.

Como lidou com o facto de ter ficado à beira de atingir o circuito Mundial? Disse em entrevista ao Jornal Sporting, em Fevereiro de 2021, que esse era um dos seus “maiores objectivos”.

Apesar da forma como tudo acabou, e tal como disse no encerramento da prova em Haleiwa, a verdade é que tinha tido um ano excelente com dois terceiros lugares nas últimas etapas das Challenger Series, um primeiro lugar e um nono. Com estes resultados, em qualquer um dos anos anteriores teria conseguido a qualificação para o circuito Mundial, mas em 2022 diminuíram de seis para cinco o número de atletas que se podiam qualificar. Como fiquei empatada no quinto lugar com a Sophie McCulloch e os nossos resultados nas etapas eram todos iguais, acabou por cair para o lado dela porque o segundo critério de desempate era o número de vitórias em heats. Agarrei-me ao facto de as coisas terem acontecido assim por uma razão e tentei olhar de forma positiva para o facto de, pela primeira vez, ter quatro meses de pré-época.

Na altura houve muitos atletas e até importantes responsáveis da modalidade a deixarem-lhe mensagens públicas de reconhecimento pelo seu trabalho. Houve até quem pedisse que fosse aberta uma excepção para poder integrar o circuito Mundial. Esse incentivo foi importante?

Sim, sabe sempre bem sentir o apoio de todos. Estávamos a ter uma viagem inacreditável com imenso apoio dos surfistas portugueses e estrangeiros. Sabia que tinha de fazer um bom resultado pois ainda havia uma vaga em aberto, mesmo havendo atletas que estavam mais em baixo e que também podiam entrar na luta. Mesmo perante a pressão, consegui um excelente resultado. Foi até à última, deixei tudo no Havai e toda a gente viu isso, daí muitos dizerem que merecia a qualificação. Apesar do desfecho desfavorável, foi um ano de imensa aprendizagem.

Tanto Pipeline como Sunset Beach foram dois eventos bastante difíceis em termos de condições. Tal como muitos disseram, foi um mês do pior Havai, que nessa altura do ano costuma ter ondas perfeitas. Mas tentei aproveitar ao máximo o que havia e acabei com o nono lugar. Foi uma etapa de muita superação porque de repente estava no pico só com mais duas atletas, algo que nunca imaginei. É outro respeito porque já não estás ali para ver os outros, somos apenas três no mar e temos de saber que onda vai ser boa e atirarmo-nos. Foi uma experiência inacreditável, as pernas tremeram um bocadinho. Tive muito respeito porque as ondas de Pipeline brincam contigo facilmente e é preciso muita experiência. Nestes últimos anos já começo a conseguir fazer mais surf lá, mas antigamente ninguém te deixava apanhar ondas, principalmente por seres mulher. É provavelmente dos sítios mais difíceis de ganhar ritmo, podes ficar lá quatro horas e apanhar apenas uma onda. Num heat já é diferente porque estás só com mais duas atletas. Apesar de ter imaginado que estaria mais nervosa, quando entrei era apenas eu e o mar.

“TENHO ESTADO A DEIXAR CADA VEZ MAIS MARCADO O MEU NOME”

Nota que as suas adversárias, muitas delas com largos anos de experiência e vários títulos conquistados, já olham para si com outros olhos por tudo o que tem vindo a conseguir?

Na minha forma de pensar, deves dar o maior respeito a todas as atletas porque ou fazes o melhor que sabes ou então estás sempre dependente dos outros. Todas demonstram muito respeito pois, tal como eu penso assim, elas também pensam. Mas como é óbvio tenho estado a deixar cada vez mais marcado o meu nome, ainda que já conheça muitas das minhas adversárias há imenso tempo. Desde 2013, quando recebi um wildcard em Cascais, fui criando o meu nome e demonstrando capacidade e qualidade para um dia estar lá com elas. É giro porque depois acaba por criar-se uma espécie de família, em que todas já nos conhecemos, gostamos uma das outras e puxamos umas pelas outras. Já dentro da água é outra história, todas queremos vencer e mostrar o >> nosso melhor surf, mas que seja justo e que haja luta até ao fim.

Na terceira etapa do circuito Mundial teve a oportunidade de surfar em casa, em Peniche, com a praia cheia para vê-la. Como foi essa prova à qual nem Marcelo Rebelo de Sousa quis faltar?

Foi das melhores etapas que já fiz em termos de multidão na praia. Lembro-me de estar a descer para o primeiro heat e ficar com pele de galinha, com toda a gente a bater palmas e a puxar por mim. É uma emoção que não tens em muitos sítios e Portugal é um dos locais onde as pessoas vibram de uma forma diferente, estão ali para ver-te sobressair e dar essa força. Foi uma etapa muito especial, de grande emoção e até superação. Quando entrei na água pela primeira vez tinha as pernas a tremer por ter tanta gente na praia, mas ao mesmo tempo queria usar isso como uma coisa boa. Além disso, é incrível o apoio das pessoas e todos querem tirar fotografias.

Ficou novamente no nono lugar e superou no primeiro heat a ex-bicampeã Mundial Tyler Wright. Foi mais uma prova de que, aos 23 anos, está pronta para integrar o circuito Mundial?

É a isso que me tento agarrar e para isso que luto todos os dias. O meu objectivo é pertencer ao circuito Mundial a tempo inteiro e mais tarde lutar pelo título Mundial. Sempre foi esse o meu objectivo e sonho de criança e é com essa mentalidade que tento todos os dias superar-me e trabalhar. Para que isso aconteça e para que depois consiga lá permanecer entre as melhores.

Nessa etapa de Peniche, foi convidada a escolher a atleta feminina que mais a inspira para entrar na água com o nome dessa pessoa na licra, numa iniciativa que teve como mote o Dia da Mulher. Acabou por escolher Patrícia Mamona, atleta Leonina do triplo salto. Porquê?

Escolhi a Patrícia por ser alguém que me inspira muito, conheci-a em 2015 numa etapa do circuito Mundial para a qual fui convidada. A Liga Mundial de Surf (WSL) e o Comité Olímpico organizaram um passeio de barco em que ela esteve presente com outros atletas Olímpicos. Lembro-me de ser uma miúda e estar a conversar com pessoas que eram ídolos para mim, sendo que na altura já tinha sido confirmado que os Jogos Olímpicos de Tóquio iam ter surf. A partir daí comecei a acompanhar mais a carreira da Patrícia e as coisas que ela tem conseguido são um exemplo e uma demonstração de perseverança. É uma atleta excepcional, que luta pelos seus objectivos e sobressai. Os Jogos de Tóquio aumentaram a minha paixão pela atleta que ela é e tenho-a como um grande exemplo para a atleta e pessoa que quero ser. Daí tê-la escolhido.

Da mesma forma como olha para a Patrícia Mamona, hoje há muitos jovens, e não só, que a vêem como uma referência por tudo o que tem vindo a conseguir. Como lida com isso?

É incrível ser um exemplo quando estou apenas a ser eu mesma e a lutar por objectivos. Dar força aos mais novos para que sigam os seus sonhos, seja de que modalidade forem, é incrível.

Se pensarmos em grandes atletas nacionais, temos de falar inevitavelmente da Teresa Bonvalot. Já parou para pensar como é que, aos 23 anos, conseguiu conquistar este estatuto?

Desde nova que sou muito competitiva, não gosto de perder nem a feijões. Lembro-me de jogar PlayStation e futebol com a minha irmã mais nova, algo que adorava, e odiava perder. Isso explica o porquê de adorar competir e superar-me de evento a evento. Mesmo vencendo a etapa anterior, quero ganhar a seguinte. Nunca estou contente pois tenho objectivos superiores, o que traz coisas boas e más. Quero sempre superar-me e nunca acho que cheguei ao limite, se um dia for Campeã Mundial vou querer fazê-lo mais do que uma vez. Comecei desde cedo a ir para fora para competir e a ter objectivos bem estabelecidos, sendo que o que mais gosto de fazer é surfar e competir. Se me perguntarem se prefiro fazer surf livre ou competir, digo competir sem dúvida. É aí que sobressai o meu melhor surf e que ultrapasso os meus limites.

“PATRÍCIA MAMONA? TENHO-A COMO UM GRANDE EXEMPLO PARA A ATLETA E PESSOA QUE QUERO SER”

Foi assim que imaginou todo este percurso quando era mais nova e via os seus ídolos a surfar?

Sempre fui uma pessoa tímida que gosta de estar no seu canto, apesar de ter grandes sonhos e objectivos. Nunca pensei muito no que poderia conseguir, apenas no que queria fazer e onde queria chegar, sendo que o resto acaba por vir por si só. Nunca imaginei o impacto que hoje se calhar tenho nas gerações mais novas, fico estupefacta com isso. Penso que isso deve-se ao que tenho feito, o que é muito satisfatório. Ainda assim, tento não pensar muito nisso porque fico envergonhada. Tem sido um percurso de muita aprendizagem, por vezes fora da minha zona de conforto, o que faz parte. É o ciclo dos objectivos que tracei, como um dia ser Campeã Mundial. É normal que aí seja mais reconhecida, mas nunca pensei nisso, só nos meus objectivos e sonhos. foi algo que elevou muito o surf. Ter lá o meu nome e a bandeira portuguesa é algo inédito.

É uma vantagem ter tido essa confirmação tão cedo? Isso ajuda de certa forma na preparação? Assegurar a qualificação o mais cedo possível era um objectivo porque assim tenho mais tempo para treinar para a onda onde se vão realizar os Jogos. Acaba por ser um alívio de certa forma porque tenho mais tempo para me preparar, mesmo sendo um ano muito atarefado para mim em que vou ter inúmeros eventos. Assim tenho mais de um ano para preparar pranchas e voltar ao Taiti, que é onde se vai realizar a prova, além de poder afinar os pontos que fazem a diferença. Assim vou bem mais preparada para lá e com as ferramentas para ter um resultado melhor.

Com o regresso da lesionada Johanne Defay viu a vaga de suplente inutilizada nas duas etapas australianas antes do cut que precede a fase final do circuito Mundial. Agora vai focar-se nas Challenger Series que arrancam já neste mês para tentar o acesso à elite Mundial em 2024?

Sim. Sabia que provavelmente não participaria em todas as cinco etapas do circuito Mundial antes do cut, portanto olhei para cada uma delas com o intuito de retirar o máximo de experiência e crescer como atleta. O foco são as Challenger Series que arrancam já em Maio.

Depois da frustração no final do ano passado, em que ficou à porta de entrar de forma directa no circuito Mundial − algo que seria histórico − acredita que está ainda mais bem preparada?

Tudo o que acontece na vida são lições para nos tornarmos melhores atletas e pessoas. Não consigo dizer se essa poderá ser a razão para este ano conseguir melhores resultados, é algo que na competição é sempre difícil dizer. Ao entrar na água, o meu objectivo será sempre trazer a vitória e dar o máximo nos 30 minutos de cada heat, mas nunca conseguimos prever nada. O surf e o mar são sempre uma incógnita, mas tenho a certeza de que agora estou mais bem preparada, tenho maior experiência e chego aqui com mais aprendizagens. É com essa mentalidade que chego este ano, de tentar sugar, aprender e melhorar a cada heat e evento.

Foi a primeira atleta do Sporting CP, e a quarta a nível nacional, a garantir uma vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, que se realizam em 2024. De que forma recebeu essa notícia?

A qualificação para Paris era um objectivo que tinha traçado desde os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. Sabia que o período de qualificação ocorreria entre 2023 e 2024, tanto através do circuito Mundial como dos Jogos Mundiais da ISA. Por ter sido a única substituta que podia somar pontos no circuito Mundial, sabia que isso podia acontecer, apesar de até há pouco tempo não ter essa confirmação. Nunca se sabe se vão mudar alguma regra ou não, portanto quando recebi a confirmação oficial fiquei muito feliz por ter a minha segunda participação nos Jogos. Marcar presença nas duas únicas edições em que o surf fez parte do programa é algo com que todos os atletas sonham e para o qual trabalhei todos os dias. Quando comecei nunca imaginei que o surf estaria nos Jogos, mas é uma satisfação enorme pois é o maior evento desportivo do Mundo. Poder representar Portugal ao mais alto nível é fora de série e acredito que

Como referiu, a prova de surf dos Jogos Olímpicos vai realizar-se em Teahupo’o, no Taiti, Polinésia Francesa, onde curiosamente já esteve a treinar no ano passado. O que lhe pareceu?

Estive lá num estágio com a Red Bull que tinha precisamente o intuito de conhecer a onda, até porque para muitos dos que fomos era a primeira vez. O objectivo era criar mais à-vontade e testar pranchas. É claramente uma das ondas mais difíceis do Mundo, não sei se não está até acima de Pipeline [Havai]. Mete um certo respeito e quem conseguir passar lá mais tempo e criar mais à-vontade, vai ter uma grande vantagem. Daí que o meu objectivo seja voltar ainda este ano, se possível duas vezes. É uma onda tubular que te puxa e faz sair da zona de conforto. Não parece assim tão grande, mas suga tudo e tens de apanhá-la por baixo, algo diferente do habitual. Mas acredito que vão ser uns Jogos muito bons. Vamos estar afastados da aldeia olímpica, mas espero poder passar algum tempo lá antes e depois da prova, isso seria o ideal.

Em 2021, no Japão, foi nona classificada na estreia do surf nos Jogos Olímpicos. Já definiu objectivos para 2024 ou ainda não está a pensar nisso?

Imensas pessoas fizeram-me essa pergunta quando saiu a notícia de que já tinha a qualificação assegurada. O meu principal objectivo era ter já a confirmação oficial, foi só nisso que pensei até agora. O resto vou pensar daqui para a frente.

Depois de tudo isto, o que diria à rapariga que começou a surfar com tantos sonhos?

Diria que quando tens um objectivo, um sonho e uma paixão, seja ela qual for, deves segui-la apesar de todas as dificuldades que possas encontrar. Desfruta de todos os momentos de felicidade que tiveres, das coisas mais significativas às mais banais, e segue todos os teus sonhos.

“NUNCA

E na próxima entrevista que fizermos, que notícia gostaria que estivéssemos a dar sobre si?

Adorava que falássemos dos Jogos Olímpicos e de eu trazer uma medalha para Portugal, seria um sonho tornado realidade. Ou então abordarmos mais uma vez o circuito Mundial de surf, bem como os eventos, as ondas, os resultados e os objectivos que quero alcançar. Além disso, também podíamos falar novamente sobre a continuidade da parceria entre mim e o Sporting CP.

Modalidades Futsal

NUNO DIAS JUNTA MAIS UMA FINAL FOUR À CARREIRA E TEM O RSC ANDERLECHT COMO PRIMEIRO OBSTÁCULO NO CAMINHO PARA O TERCEIRO TÍTULO EUROPEU.

Pela sétima vez nas últimas nove edições, a equipa masculina de futsal do Sporting Clube de Portugal está na final four da UEFA Futsal Champions League, que se realiza nos próximos dias em Maiorca, ilha espanhola no Mar Mediterrâneo. Em declarações aos jornalistas, Nuno Dias fez a antevisão a mais uma das inúmeras fases de decisão que conta na carreira.

Os Leões vão procurar chegar à sexta final dos últimos sete anos e, mais importante, ao terceiro título na competição − repetindo os feitos de 2018/2019 e 2020/2021, quando, curiosamente, o hóquei em patins também se sagrou Campeão Europeu.

Em Palma, o Sporting CP vai defrontar os belgas do RSC Anderlecht esta sexta-feira, nas meias-finais, enquanto os anfitriões do AE Palma Futsal defrontam o SL Benfica no outro jogo. No domingo, vão-se realizar os jogos do terceiro e quarto lugares e da final da prova, sempre no Velòdrom Illes Balears, arena com mais de 6000 lugares.

Apesar de ser a equipa mais bem-sucedida das que estão em prova, o Sporting CP rejeita qualquer tipo de pressão ou favoritismo extra. De acordo com Nuno Dias, não há responsabilidade maior do que aquela de vestir a camisola verde e branca.

“A pressão que colocamos a nós próprios é maior do que todas as outras juntas. Esse é o nosso grau de exigência todos os dias. A pressão do exterior não nos interessa muito”, começou por dizer, continuando.

“Sinceramente, acho que não há favoritos quando se chega a uma altura destas, com quatro equipas com grande qualidade que eliminaram outras grandes equipas. Encaixam-se aquelas velhas máximas do ‘jogo a jogo’ e do ‘50-50’. A única vantagem será, talvez, para a AE Palma Futsal, que joga em casa e que estão a preparar a competição de forma extraordinária. Têm conseguido cativar toda a ilha.

(...) Mas também não me parece que esse factor venha a ser muito determinante, pelo que as possibilidades são iguais para todos”, acrescentou.

O treinador falou depois do RSC Anderlecht, “uma equipa muito pouco belga, uma vez que os jogadores são quase todos estrangeiros”: “Têm o Diogo, que jogou no Sporting CP e foi dos melhores que tive a oportunidade de treinar, e uma série de jogadores inter- nacionais por boas selecções. É uma equipa cheia de jogadores com muita experiência e ainda não perdeu qualquer jogo esta época em todas as competições, sendo que já defrontaram AFC Kairat, AE Palma Futsal e FC Barcelona nesta UEFA Futsal Champions League. Eliminaram o FC Barcelona da final four , o que diz muito das dificuldades que vamos encontrar”.

Experiente nestas andanças, Nuno Dias referiu que “o primeiro sentimento de alegria é o de estar na final four ”. “Depois, vencer a UEFA Futsal Champions League − e eu já tive a felicidade de o fazer duas vezes - é um momento extraordinário. É alcançar algo que todos, sem excepção, querem alcançar. Ninguém consegue ganhar uma UEFA Futsal Champions League sem mérito”, adicionou. Questionado sobre se gostava de encontrar o SL Benfica na final, Nuno Dias foi claro na resposta.

“O futsal português já conseguiu alcançar um patamar em que não precisa de uma final entre dois clubes portugueses para chegar onde quer que seja.

O que me interessa é ganhar e ir à final, seja com o SL Benfica ou com a AE Palma Futsal. Para mim, é-me indiferente”, garantiu.

Por fim, o técnico afirmou que continua motivado, apesar de já ter ganho mais do que uma vez tudo o que havia para conquistar: “Ganhar não cansa nada. Fico chateado é quando perco. Quando já não tiver essa ambição de ganhar todos os jogos com qualidade, de trazer mais troféus para o Clube e de vir treinar todos os dias com alegria, porque o futsal é uma paixão para mim, não vou estar aqui a fazer nada”.

FINAL FOUR DA UEFA FUTSAL CHAMPIONS LEAGUE

SEXTA-FEIRA, 5 DE MAIO

17h00: Sporting CP vs. RSC Anderlecht

20h00: AE Palma Futsal vs. SL Benfica

DOMINGO, 7 DE MAIO

16h00: Derrotado da primeira meia-final vs. Derrotado da segunda meia-final

19h00: Vencedor da primeira meia-final vs. Vencedor da segunda meia-final

Local: Velòdrom Illes Balears, Palma de Maiorca, Espanha

Nota: horas de Portugal continental e Madeira

Modalidades H Quei Em Patins

ALEJANDRO DOMÍNGUEZ PARTE PARA A FINAL EIGHT DA WSE CHAMPIONS LEAGUE, A REALIZAR EM VIANA DO CASTELO, COM AMBIÇÃO, COMO EXPLICOU EM

ANTEVISÃO AO JORNAL SPORTING.

Tal como o futsal, também a equipa masculina de hóquei em patins do Sporting Clube de Portugal disputa, este fim-de-semana, o mais importante título europeu de clubes. E, novamente como o conjunto de Nuno Dias, os Leões patinadores vão tentar repetir os recentes feitos de 2019 e 2021, quando se sagraram Campeões Europeus.

Ao Jornal Sporting, Alejandro Domínguez fez a antevisão à final eight da WSE Champions League, que se realiza a partir de hoje em Viana do Castelo.

O Sporting CP só entra em cena amanhã, defrontando a AD Valongo nos quartos-de-final (21h00). O emblema de Alvalade chega a esta prova depois de uma dura e polémica final four da Taça de Portugal, mas o treinador verde e branco acredita “que a equipa já está com a cabeça no jogo” desta sexta-feira. “Já fizemos algum trabalho de recuperação com os jogadores e estamos todos com vontade de demonstrar a nossa melhor versão. Fisicamente, o último fim-de-semana foi um golpe duro. Foram dois jogos muito intensos e, a nível emocional, também foi difícil. Fizemos tudo e foi impossível ganhar. Há coisas incontroláveis que não gostamos de ver numa pista de hóquei, mas temos de manter a identidade e os nossos valores para seguir em frente. Os nossos adeptos têm de estar orgulhosos do trabalho da equipa, assim como o Clube. A única coisa que quero é continuar o caminho que este grupo, que tem uma segunda pele e é um exemplo, estava a traçar. Os jogadores têm um espírito extraordinário e espero que consigamos estar, outra vez, numa final”, começou por dizer, garantindo também que “esta equipa tem uma energia diferente”.

“São extraordinários. Na final do outro dia, qualquer outra equipa teria caído muito antes. Nós caímos e levantámo-nos inúmeras vezes”, acrescentou. No total, o Sporting CP sagrou-se Campeão Europeu três vezes − para além de 2018/2019 e 2020/2021, houve ainda a conquista de 1976/1977. O primeiro obstáculo para o quarto troféu deste calibre vai ser um encontro decidido em pormenores, ou não fosse esta uma fase com as oito melhores e conhecidas equipas da Europa.

“A AD Valongo é uma equipa muito bem construída tacticamente e explora muito bem as individualidades. Ganharam em Barcelona e mais ninguém o fez este ano. Têm muitos argumentos e estão nestes quartos-de-final com muita motivação. Temos uma baixa importante, a do Alessandro Verona, mas a equipa está bem preparada. Vamos afinar os detalhes, que vão ser muito importantes”, frisou Alejandro Domínguez.

Reforçando que este Sporting CP foi “construído para ganhar, seja pela qualidade dos jogadores ou pela experiência que têm nestes jogos”, o timoneiro Leonino explicou que os atletas “precisam do apoio para fazerem o seu papel” e assegurou que o grupo “só pensa em ganhar à AD Valongo e seguir em frente nesta final eight”. Outra das motivações para Alejandro Domínguez é o facto de nunca ter conquistado a WSE Champions League como treinador-principal. Fê-lo como adjunto, no Reus Deportiu, mas não tem dúvidas de que a maior força é aquela que vem do colectivo: “Só consegui este título como treinador-adjunto e seria muito bom ganhá-lo enquanto treinador do Sporting CP, mas o que me motiva mais é ganhá-lo pela equipa. Temos de estar focados e unidos e só dessa forma vamos ter hipóteses”. Por fim, o argentino que subiu ao comando do Sporting CP no início de 2022/2023 pediu a ajuda dos Sócios e adeptos Leoninos em Viana do Castelo: “Num ambiente hostil como o de Tomar, contámos com muita gente nas bancadas a apoiar-nos durante todo o jogo. Mesmo perdendo, apoiaram-nos no final e esperaram-nos foram do pavilhão. Esperamos o mesmo em Viana do Castelo, onde vamos ter o melhor hóquei do mundo e onde vão ser muito importantes”.

FINAL EIGHT DA WSE CHAMPIONS LEAGUE

QUINTA-FEIRA, 4 DE MAIO

18h00: SL Benfica vs. FC Porto

21h00: FC Barcelona vs. OC Barcelos

SEXTA-FEIRA, 5 DE MAIO

18h00: GS Hockey Trissino vs. UD Oliveirense

21h00: Sporting CP vs. AD Valongo

SÁBADO, 6 DE MAIO

15h00: Vencedor do SL Benfica vs. FC Porto vs. Vencedor do FC Barcelona vs. OC Barcelos

18h00: Vencedor do GS Hockey Trissino vs. UD Oliveirense vs. Vencedor do Sporting CP vs. AD Valongo

DOMINGO, 7 DE MAIO

15h00: Vencedor da primeira meia-final vs. Vencedor da segunda meia-final

Local: Pavilhão Municipal José Natário, Viana do Castelo

Modalidades Futsal

BOM (E FELIZ) ENSAIO PARA O QUE SE SEGUE

SPORTING CP CUMPRIU O PRIMEIRO OBJECTIVO NO CAMPEONATO NACIONAL ANTES DE RUMAR PARA ESPANHA ONDE VAI DISPUTAR A FINAL FOUR DA UEFA FUTSAL CHAMPIONS LEAGUE. LEÕES FECHARAM A PRIMEIRA FASE DA LIGA EM PRIMEIRO, COM APENAS UMA DERROTA E COM O MELHOR ATAQUE.

antes de chegar a João Matos, e a entrar na baliza.

Feito o empate, os Leões foram à procura de passar para a frente do marcador, mas Guilherme Oliveira, com uma boa exibição até ao momento, foi sabendo segurar o resultado até ao intervalo.

Assim, a segunda metade começou com o empate e com ambos os guarda-redes a destacarem-se: o visitante continuou a saber negar o golo ao Sporting CP, mas aos 23 minutos pouco pôde fazer ao remate do guardião Bernardo Paçó, que subiu no terreno e fez o 3-2.

Sporting CP pela primeira vez na frente do marcador e a continuar a pressionar muito, sufocando a equipa visitante, mas o resultado foi mantendo-se até aos 33 minutos, altura em que, por fim, Esteban Guerrero fez o 4-2: cruzamento desde a esquerda e o espanhol só teve de encostar junto ao segundo poste.

Dois golos de vantagem, numa altura em que a formação visitante já apresentava algum desgaste e em que o Sporting CP não baixava o ritmo, conseguindo entrar nos derradeiros cinco minutos da partida da melhor maneira: Hugo Neves fez o 5-2 e logo a seguir foi Pauleta a fazer o 6-2.

A vitória Leonina ganhava assim maior expressão, passando ainda para números mais volumosos nos derradeiros dois minutos com golos de Alex Merlim, Anton Sokolov e dois de Diego Cavinato.

Triunfo expressivo da formação verde e branca, antes de disputar em Palma de Maiorca, Espanha, a final four da UEFA Futsal Champions League com o terceiro troféu no pensamento.

A equipa principal de futsal do Sporting Clube de Portugal venceu, no passado sábado, o SC Ferreira do Zêzere por 10-2 no último jogo da fase regular do Campeonato Nacional.

Os Leões fecharam assim esta fase da prova na primeira posição com 57 pontos, 18 vitórias, três empates e apenas uma derrota, terminando ainda com o melhor ataque (135 golos marcados) e a segunda melhor defesa (38 golos sofridos).

Diego Cavinato, destacadíssimo líder dos melhores marcadores, fechou com 33 golos.

Sporting CP vs. SC Ferreira do Zêzere a ser o jogo 500 de Nuno Dias e Paulo Luís no comando técnico verde e branco, com os dois a serem homenageados pelo presidente Frederico Varandas, antes do encontro, com uma camisola devidamente personalizada com a marca alcançada.

A noite era, por isso, de festa, mas

29 de Abril de 2023 | Campeonato Nacional – 22.ª jornada |

Pavilhão João Rocha

Sporting Cp

a equipa visitante veio até ao Pavilhão João Rocha disposta a estragá-la, conseguindo adiantar-se no marcador logo no terceiro minuto de jogo.

Assim, os Leões tiveram de correr atrás do resultado e o empate chegou logo no minuto seguinte por Diego Cavinato que, nas costas do guarda-redes, só teve de encostar a bola cruzada por Hugo Neves.

1-1 no marcador com o jogo a continuar bem disputado, com ocasiões de parte a parte e com o SC Ferreira do Zêzere a passar, novamente, para a frente aos 11 minutos.

Sc Ferreira Do Z Zere 10

- 2

Diego Cavinato (4’, 38’, 40’), Nicolas Tomés (ag, 17’), Bernardo Paçó (23’), Esteban Guerrero (33’), Hugo Neves (35’), Pauleta (36’), Alex Merlim (37’), Anton Sokolov (39’) Nicolas Tomé (3’) Costelinha (11’)

(2-2 ao intervalo)

Sporting CP: Guitta [GR], Tomás Paçó, João Matos [C], Diego Cavinato e Alex Merlim; Bernardo Paçó [GR], Anton Sokolov, Pauleta, Pany Varela, Miguel Ângelo, Hugo Neves e Esteban Guerrero. Treinador: Nuno Dias. Disciplina: cartão amarelo para Esteban Guerreo (31’).

Desta vez a vantagem visitante durou mais tempo, apesar da pressão alta do Sporting CP e da série de oportunidades que criou, também com Bernardo Paçó a subir no terreno e a tentar o golo um par de vezes.

Foi só já ao minuto 17, que a turma de Alvalade conseguiu chegar ao 2-2 de bola parada: Anton Solokov assumiu o lance na esquerda e cruzou para a área, com a bola a bater num defesa visitante,

500 Jogos De Nuno Dias E Paulo Lu S

Após o final do encontro, Nuno Dias falou dos 500 jogos no comando técnico verde e branco, referindo que esse número “equivale a muitas alegrias, muitos troféus e isso é o mais importante”. “500 são bastantes, mas aquilo que alcançámos nesses 500 jogos é que é extraordinário e é para isso que trabalhamos todos os dias. Estou feliz por este número, se calhar impensável quando cheguei, e extremamente feliz pelo que já alcançámos neste número de jogos”, disse o treinador Leonino, que nestas cinco centenas de jogos conquistou 30 troféus, entre eles duas UEFA Futsal Champions League e sete Campeonatos Nacionais.

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