Ensaios teratológicos: pistas para os estudos culturais da educação

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Copyright ® 2024 by Daniel Figueiredo

AntiLab/UFPB - Laboratório de pesquisas antidisciplinares

Cruzador Pirata é uma zona autônoma temporária

Capa, Diagramação e edição: Daniel Figueiredo

Roteiro, desenhos e arte final: Daniel Figueiredo

ISBN: 978-65-00-98527-6

Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?

Já faz alguns anos que terminei meu doutorado. Não tenho saudade.

Depois da defesa da minha tese, depositei meu texto e peguei meu diploma.

De tempos em tempos meus escritos vinham até mim, sussurravam, as vezes gritavam, queriam ganhar o mundo de alguma forma. Pensei em como fazer isso. Para mim, sempre foram ensaios reunidos em um conjunto monstruoso que chamam de tese. Então os dividi em ensaios, curtos, audaciosos, como munições para uma arma ainda não criada.

O nome? Ensaios teratológicos.

Nada mais assertivo para uma ideia monstruosa de fazer filosofia nos trópicos, na verdade, no semiárido (morava no sertão do pajeú, pernambuco)Mas não me convenceu e deixei meus ensaios alí, em algum repositório no ciberespaço.

Anos mais tarde, os sussurros ganharam formas desenhadas, bocas, línguas, dedos, orelhas...e agora existiam em meus mundos, em minhas cosmogonias.

Como pedaços a serem coletados e costurados, meu Frankenstein tomou forma, virou quadrinhos (quadrizines?)

Assim, eu os apresento...meus ensaios.

Este volume corresponde a primeira parte: As pistas. Espero que ao menos se divirtam.

Daniel Figueiredo Março de 2024

AntiLab/UFPB - Laboratório de pesquisas antidisciplinares

ISSO É UM FRANKENSTEIN!!

Antes de mais nada, quero advertir o leitor desavisado de que esta é uma obra ficcional/acadêmica/filosófica monstruosa! Sim, um monstro! Como diz Daniel Figueiredo, um mostro como potencialidade, um devir que desafia a artificial normalidade, uma disruptura do tempo contínuo forjado pela razão cartesiana da modernidade.

Ao ler a obra “Ensaios Teratológicos: pistas para os estudos culturais da educação”, fui assaltado pelo espanto. Nos primeiros momentos da leitura, não consegui entender o que estava acontecendo. Após algumas releituras, fui absorvido pela beleza e pela complexidade da discussão e da estética. Em um fragmento de tempo (futuro, passado e presente), meu pensamento desorientado foi abduzido pela complexidade do monstro e do seu corpo deformado que afronta as falsas normalidades, legitimidades e legalidades e embaralha o tempo. Agora, há uma dimensão do tempo denominada pós-modernidade. A lógica do tempo foi rompida, o devir do tempo presente não é apenas o futuro, é também o pós; este prefixo, associado às palavras moderno e humano tem o condão de nos lançar incertezas profundas e angustiantes. De fato, Daniel Figueiredo tem razão ao afirmar que a existência é um vir a ser. No entanto, não se pode perder de vista que este é um vir a ser complexo, para falar o mínimo. Nas palavras do autor, “o monstro é a personificação da cultura, do momento em que ela se faz, é o devir transgressor que se impõe nas disparidades da vida cotidiana”.

Além da figura do monstro, Daniel Figueiredo traz em sua obra, uma personagem própria dos tempos atuais: o ciborgue. Vale ressaltar que

o ciborgue não deixa de ser um mostro, mas não é o monstro de tempos idos. O ciborgue é, segundo Daniel Figueiredo, “o montrum”. No entanto, não é qualquer monstro, é uma espécie específica de monstro, “[...] que adverte sobre o novo mundo, a nova cultura da informação, dos bits, do óleo e sangue, da carne e do metal”.

Estimado(a) leitor(a), passaria horas falando e refletindo sobre esta incrível obra, mas o protagonista é o texto de Daniel Figueiredo. Para concluir, quero dizer que, ao ler a obra, recuperei, em minha frágil memória, dois autores clássicos da literatura mundial: Franz Kafka (Tcheco) e Edgar Allan Poe (Americano). Ambos se notabilizaram pela capacidade de transpor o óbvio. Ao ler este belíssimo texto, você verá que não há nada de óbvio nas páginas que seguem.

Alexandre Macedo DHP/CE - UFPB

Cruzador Pirata é uma zona autônoma temporária

Referências

COHEN, Jeffrey Jerome. A cultura dos monstros: sete teses In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Pedagogia dos monstros: os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000

FOUCAULT, Michel. Os anormais. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

HARAWAY, D.J. (2009) Manifesto ciborgue: ciencia, tecnologia e feminismo- socialista no final do sec XX in: TADEU, T (org) Antropologia ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora.

SILVA, Tomaz Tadeu. Monstros, ciborgues e clones: os fantasmas da Pedagogia Crítica In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Pedagogia dos monstros: os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000

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