Texto i introdução ao estudo da percepção 2010 2

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Texto I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PERCEPÇÃO* 1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PERCEPÇÃO A percepção pode ser descrita como "a maneira como vemos o mundo à nossa volta". Dois indivíduos podem estar sujeitos aos mesmos estímulos sob as mesmas condições aparentes, mas a maneira como cada pessoa percebe tais estímulos é um processo altamente individual. Para cada indivíduo a realidade é um fenômeno totalmente pessoal, baseado, entre outros aspectos, em necessidades, desejos, interesses, valores e experiências pessoais de cada um deles. A realidade para um indivíduo é meramente a percepção daquele indivíduo acerca do que está "lá fora". Os indivíduos agem e reagem com base em suas percepções, não com base na realidade objetiva. Não é o que realmente é, mas sim o que as pessoas pensam que é, que afeta suas decisões, suas ações, seus hábitos de compra, seus hábitos de lazer e assim por diante. O exercício das atividades profissionais de Designer, seja no campo da Programação Visual ou no campo do Projeto de Produtos, requer sólidos conhecimentos sobre percepção. É extremamente importante que o Designer conheça profundamente como ocorre o processo de percepção e os fatores que interferem neste processo, favorecendo ou dificultando a sua ocorrência ou gerando acentuadas distorções perceptivas, para que possa estabelecer uma comunicação eficaz com o seu público-alvo. 2 CONCEITOS DE PERCEPÇÃO Perceber é conhecer, através dos órgãos dos sentidos, objetos e situações, ou seja, é uma forma de conhecimento que vem através dos órgãos dos sentidos. Podemos dizer que perceber é ter consciência da presença de um estímulo, entendendo-se estímulo como qualquer coisa que é capaz de deflagrar uma atividade em um dos órgãos dos sentidos. Exemplos de estímulos incluem imagens, sons, cheiros, texturas, etc. presentes em produtos, embalagens, marcas, anúncios, etc.. Para cada um dos órgãos dos sentidos existe um conjunto específico de estímulos. Anteriormente aos estudos sobre percepção desenvolvidos pelos integrantes de uma das mais importantes correntes da Psicologia no século XX, o Gestaltismo (corrente conhecida também pelos nomes de Psicologia da Gestalt, Psicologia da Forma e Escola de Berlim), distinguia-se no domínio do conhecimento obtido através dos órgãos dos sentidos duas fases: sensação e percepção. A sensação estaria totalmente subordinada aos estímulos e se daria em termos de apreensão de dados isolados ou desconexos. Sobre esta base operariam os processos perceptuais, os quais, mobilizando a experiência passada, enriqueceriam os dados colhidos pelos processos sensoriais, dando-lhes organização e significado. A Psicologia contemporânea, sob a influência do Gestaltismo, em lugar de considerar a sensação e a percepção como funções distintas, tende a falar apenas em percepção, considerando a sensação unicamente como conceito designativo do conjunto de condições neurofisiológicas que se produzem em nível periférico (ou seja, o termo sensação diz respeito à resposta imediata e direta dos órgãos sensoriais aos estímulos que os atingem) . O ato de perceber implica, como condição necessária, a proximidade do objeto no espaço e no tempo (no aqui-agora) e a possibilidade de termos acesso direto ou imediato a tal objeto. Objetos distantes no tempo não podem ser percebidos, mas sim podem ser evocados, imaginados ou pensados. Também não podem ser percebidos objetos presentes no espaço quando obstruídos por barreiras ou quando ultrapassados os limites operacionais dos órgãos receptores. A percepção também se caracteriza pela limitação informativa, isto é, pela captação restrita de objetos e situações. Há um limite em relação à quantidade de dados que o cérebro humano é capaz de


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