Texto ii introdução ao estudo das cores 2010

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Texto II - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS CORES*

1 CONCEITOS BÁSICOS O mundo do homem é em grande parte definido pela luz. A luz é uma condição básica para que a percepção visual ocorra. Sem luz os olhos não podem observar forma, cor, espaço ou movimento. A luz exerce, sobre o homem não cientista, verdadeiro fascínio por seus múltiplos efeitos e complexidade. Ela significa para ele: calor, segurança, claridade, sombra, mistura e efeito de cores. Para o físico, entretanto, a luz nada mais é do que uma forma de energia radiante, medida comumente em comprimentos de onda. Os raios visíveis (Fig.1), chamados luz, são conhecidos hoje como sendo somente uma pequena parte da área de radiação solar.

Fig. 1 Isaac Newton, em l676, usando um prisma triangular de vidro, analisou a luz branca de um raio de sol em um espectro de cores. Tal experiência (Fig. 2) pode ser facilmente repetida e processa-se da seguinte maneira: o raio de sol atinge uma das faces do prisma, e ao atravessá-lo até a outra face, não paralela, dispersa-se projetando, num anteparo, uma faixa que contém as seguintes cores: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul e violeta. Estas cores projetam-se sempre nesta ordem. Se usarmos, então, lentes convergentes reuniremos estas cores, novamente, obtendo o branco.

Fig. 2 Para que haja cor é necessário existir luz. A cor não é uma entidade em si, mas sim uma propriedade da luz e dos corpos. Perceber a cor de um objeto é ver como o objeto modifica a luz, uma vez que a cor percebida decorre da relação entre luz incidente, luz absorvida e luz refletida (Fig. 3). As ondas luminosas de diferentes comprimentos de onda, refletidas por um objeto, após a absorção de parte da luz que sobre ele incide, estimulando fibras do nervo ótico, levam ao cérebro diferentes sensações de cor.


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Fig.3 Os estímulos que causam as sensações cromáticas estão divididos em dois grupos: o das cores-luz e o das cores-pigmento: • Cor-luz, ou luz colorida, é a radiação luminosa visível. As faixas coloridas que compõem o espectro visível, quando tomadas isoladamente, uma a uma, denominam-se luzes monocromáticas. • Cor-pigmento é a substância material que, conforme sua natureza, absorve, refrata e reflete os raios luminosos componentes da luz que se difunde sobre ela. É a qualidade da luz refletida que determina sua denominação. Comumente, chamamos cores-pigmento às substâncias corantes que fazem parte do grupo das cores químicas. A cor-pigmento pode ser opaca (ex: tinta à óleo, guache) ou transparente (ex: aquarela, substâncias corantes utilizadas em artes gráficas). As cores podem ser divididas, didaticamente, em primárias, secundárias e terciárias. Cor primária ou geratriz é cada uma das três cores indecomponíveis que, misturadas em proporções variáveis, dão todas as demais cores. Cor secundária é aquela que pode ser obtida pela mistura equilibrada de duas cores primárias. Cor terciária é a cor produzida pela mistura equilibrada de uma cor secundária com qualquer uma das primárias que lhe dão origem. Para os que trabalham com cores-luz (Fig. 4), as primárias são: vermelho, verde e azulvioletado. A mistura proporcional das cores-luz produz, por síntese aditiva (ou adição cromática), a luz branca.

Fig. 4 Para os que utilizam cores-pigmento opacas (Fig. 5), as primárias são: vermelho, amarelo e azul.

Fig. 5 Para os que utilizam cores-pigmento transparentes (Fig. 6), as primárias são: magenta, amarelo e cian. A mistura proporcional das cores-pigmento primárias produz, por síntese subtrativa (ou subtração cromática), um cinza escuro.

Fig. 6


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Cor complementar, em termos de cor-luz, é aquela que somada a outra determinada cor dá o branco. Em termos de cor-pigmento, o que se obtém com a mistura de duas cores complementares, em proporções equivalentes, é o cinza neutro e, em proporções diferentes, cores intermediárias. As cores podem, também, ser subdivididas em cores quentes (vermelho, alaranjado, amarelo e demais cores que possuam considerável proporção de vermelho e/ou amarelo em sua composição) e cores frias (azul, verde, violeta e demais cores que possuam considerável proporção de azul em sua composição). Na percepção das cores são apreendidas três características básicas: • matiz (Fig. 7) - é o “atributo da percepção visual que determina se uma cor é azul, verde, amarelo, vermelho, púrpura, etc.” (NBR-6503 - ABNT - Dez/84). É o que diferencia uma cor de outra. Está diretamente relacionado aos vários comprimentos de onda.

Fig. 7 • brilho, luminosidade ou valor (Fig. 8) - é a quantidade de energia luminosa refletida pela cor. Quando vamos acrescentando, gradativamente, preto a uma cor, vamos reduzindo, cada vez mais, sua luminosidade;

Fig. 8 • saturação, croma ou pureza da cor (Fig. 9) - refere-se à intensidade da cor. Quando a cor está exatamente dentro do comprimento de onda que lhe corresponde no espectro solar temos uma cor saturada (cor pura). As cores vão perdendo croma, ou seja, vão se dessaturando, ao serem misturadas com quantidades cada vez maiores de branco.

Fig. 9 Um fenômeno importante no estudo das cores é o contraste de cores, que pode ser definido como a influência que certa cor exerce na percepção de outra, quando apresentadas em sucessão imediata (contraste sucessivo) ou simultaneamente (contraste simultâneo). No processo de contraste, a cor que modifica a outra é chamada cor indutora e a que sofre o efeito é chamada cor induzida. O fenômeno do contraste constitui indiscutível prova do caráter global ou estrutural da atividade perceptiva. A identidade da cor não reside na cor em si, mas é estabelecida por relação. Não se pode falar como a cor realmente é, num sentido seguro, pois ela é sempre determinada por seu contexto.

Fig. 10

Fig. 11

As figuras 10 e 11 exemplificam o contraste simultâneo. Os quadrados vermelhos do lado esquerdo da figura 10 são exatamente iguais aos do lado direito da figura, embora sejam percebidos como mais escuros. O mesmo ocorre na percepção dos quadrados verdes da figura 11.


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2 HARMONIA DAS CORES A harmonia pode ser definida como uma combinação agradável de partes, seja na música, na poesia ou no uso das cores. Nas experiências visuais a harmonia é algo que é agradável aos olhos, que conquista o interesse do observador e cria um sentido interno de ordem, um equilíbrio dinâmico na experiência visual. Há várias maneiras de criar combinações harmoniosas de cores, sendo as maneiras descritas a seguir umas das mais frequentemente utilizadas: • Utilização de um esquema de cores complementares (Fig.14) - Cores complementares são quaisquer duas cores que sejam diametralmente opostas no círculo das 12 cores.

Fig. 14

• Utilização de um esquema de cores complementares contíguas (Fig. 15) - Combinação de uma cor com as duas cores contíguas da sua complementar direta no círculo cromático. Esse contraste é mais suave do que a das complementares diretas.

Fig. 15 • Harmonia triádica (Fig. 16) – Na harmonia triádica, são usadas três cores equidistantes no círculo das 12 cores. Um triângulo equilátero dentro do círculo das cores indica quais são elas.

Fig. 16 • Utilização de um esquema de cores análogas - Cores análogas são quaisquer três cores que estejam lado a lado no círculo das 12 cores (Fig. 17). Na harmonia pela utilização de cores análogas geralmente uma das três cores predomina.

Fig. 17 • Utilização de um esquema de cores quentes e cores frias - As cores quentes formam a Escala Cromática em Modo Maior e as cores frias formam a Escala Cromática em Modo Menor. Na figura 18, tendo como limites de ambas as escalas o magenta e o verde, no sentido horário, todas as cores quentes partindo do magenta para o verde compõem a Escala Cromática em Modo Maior e todos as cores frias partindo do


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verde para o magenta compõem a Escala Cromática em Modo Menor. Por ser o círculo contínuo e pelas cores se interpenetrarem, o magenta e o verde participam de ambas as escalas.

Fig. 18 – Além de fornecer as Escalas em Modo Maior e Modo menor, esta figura também informa as cores análogas com a denominação de acordes consonantes que são os vários arcos que englobam sempre três cores análogas no interior do círculo das cores.

• Utilização de um esquema monocromático (Fig. 19) - Harmonia obtida através da utilização de uma única cor adicionada gradativamente de branco e/ou de preto.

,

Fig. 19

• Utilizando os círculos de harmonização das cores - Nos círculos de harmonização (figuras 20 e 21), criados por Israel Pedrosa, as cores e os valores estão colocados diametralmente opostos às suas cores e aos valores complementares, desde cada cor representada com seu maior índice de crominância nas bordas dos círculos até a complementação branco-preto, no centro de cada círculo. Os quatro semicírculos se completam, a parte de cima de um com a parte de baixo do outro, formando dois círculos: um de cores dessaturadas, no sentido do branco, e o outro de cores rebaixadas, no sentido do preto.

Fig. 20

Fig. 21

• Utilização de um esquema de cores baseado na Natureza – A Natureza proporciona um ponto de partida perfeito para a harmonia das cores. A figura 22 ilustra um esquema de cores inspirado na combinação harmoniosa das cores usadas na Natureza.


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Fig. 22

3 EFEITOS DAS CORES CROMOTERAPÊUTICOS

SOBRE

O

ORGANISMO:

ASPECTOS

FISIOLÓGICOS

E

Certas cores e combinações de cores podem ser irritantes aos olhos, provocar fadiga, dores de cabeça, aumentar o stress, dificultar a percepção visual, afetar a orientação do indivíduo no espaço e, portanto, comprometer a sua segurança. Outras cores e combinações de cores propiciam um efeito tranquilizador, minimizam a fadiga visual e relaxam o corpo todo. O azul e o verde têm propriedades relaxantes. O verde é considerado como a cor que menos cansa os olhos. O vermelho, o alaranjado e o amarelo são estimulantes. O amarelo é considerado a cor mais irritante aos olhos. As diversas influências que as cores exercem em nosso organismo têm sido estudadas em diferentes campos do saber, sendo a medicina um dos setores em que os efeitos das cores vêm sendo estudados e aprofundados de forma mais sistemática. Pesquisas têm indicado que o vermelho suscita nos indivíduos um aumento das funções vegetativas, ou seja, suscita aumento da frequência dos batimentos cardíacos, da pulsação, da pressão arterial e da frequência respiratória. O azul-escuro tende a provocar uma reação completamente contrária e é a cor preferida pelos pacientes cardiopáticos. O alaranjado parece ter efeitos ainda mais negativos do que o vermelho, pois transforma o estado de excitação em uma verdadeira agitação. Quando o vermelho passa lentamente para o marrom observa-se um progressivo enfraquecimento do estado de excitação. O verde, principalmente o verde-turquesa, parece ser a cor mais repousante. O professor Wolfarth (Canadá) fez com que seus alunos observassem, por alguns minutos, um cartão vermelho-alaranjado. Antes e depois, ele mediu a frequência da pulsação, a pressão arterial e a frequência respiratória. Constatou que observando o cartão vermelho-alaranjado houve intensificação das funções vegetativas dos estudantes. Quando, posteriormente, fez com que os estudantes observassem um cartão azul-escuro, constatou a ocorrência de uma aquietação das funções vegetativas dos estudantes. O que ocorreu com estes estudantes canadenses acontece, provavelmente, com todos os homens de qualquer parte do mundo, pois a "linguagem das cores", do ponto de vista fisiológico, é internacional, não estando ligada a raças ou culturas particulares. Um médico de um hospital de Berlim submeteu, durante diversos anos, todos os seus pacientes cardiopáticos ao color-test (Teste das cores de Luscher). Constatou que eles preferiam a cor azul-escuro, que proporciona quietude e descanso, e que julgavam intolerável o excitante vermelho-alaranjado. Concluiu que a rejeição ao vermelho-alaranjado, por seus pacientes, relacionava-se ao fato de que o sistema vegetativo destes indivíduos não mais tolerava a excitação suscitada por esta cor e que a preferência pelo azul-escuro representava uma busca de distensão e repouso. Kurt Goldstein, em sua prática neurológica, descobriu que uma paciente, com lesão no cerebelo, quando usava roupa vermelha tinha seu estado de equilíbrio alterado, sentia que ia cair, sintoma que desaparecia quando usava verde. Goldstein concluiu, através de estudos com outros pacientes portadores do mesmo tipo de lesão, que as cores que correspondem a um comprimento de onda amplo provocam uma reação expansiva, enquanto que cores que correspondem a um comprimento de onda curto provocam contração. Segundo Goldstein, "o organismo inteiro, por meio de diferentes cores, se volta para o mundo exterior ou se afasta e se concentra no centro de si mesmo". Fèrè descobriu que a luz colorida acrescenta poder muscular e intensifica a circulação sanguínea, segundo uma sequência ascendente que vai do azul, passando pelo verde, amarelo, alaranjado e culminando no vermelho. Em relação a este aspecto, Danger afirma que em ambientes com abundância de


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luz acompanhada de cores luminosas, quentes, o corpo sente-se mais ativo e tal ambiente tende a encorajar ação e esforços musculares. Em lugares menos iluminados, com cores mais frias, como azul, verde, “cinza”, há menos distração e a pessoa sente-se mais capaz de concentrar-se em tarefas sedentárias e mentais. As cores também exercem influência em nosso apetite. Cores quentes, como o vermelho, o alaranjado e o amarelo, estimulam a digestão e o apetite, enquanto cores frias, como o azul e o verde, tendem a retardar a digestão e amenizar o apetite. A cor azul é considerada ótima supressora de apetite. Alguns planejamentos para emagrecimento sugerem que a comida seja colocada em um prato azul, ou, para obter melhores resultados, que seja colocada uma luz azul no interior da geladeira e/ou na área de refeições, afetando assim a coloração dos alimentos e, consequentemente, evitando a manifestação de uma resposta apetitiva que aparência natural do alimento tenderia a provocar. Além das reações fisiológicas mencionadas, a natureza não criou alimentos azuis e, consequentemente, não apresentamos respostas apetitivas automáticas para qualquer alimento que seja azul. A cor azul nos alimentos é associada a alimentos estragados, potencialmente letais. Por outro lado, muitas das coisas boas de comer são vermelhas, alaranjadas ou amarelas, como muitas frutas, carne, pão fresco, bolos, etc. No Brasil, pesquisas vêm sendo realizadas sobre os efeitos da cor no organismo humano e os resultados obtidos têm sido utilizados por arquitetos e médicos responsáveis pelo planejamento hospitalar e programação visual. Diversos hospitais já aboliram a cor branca de alguns de seus setores por outras consideradas mais adequadas ao setor em questão. Pesquisa realizada pelo professor Modesto Farina, da USP, revelou que, entre cerca de 5000 médicos brasileiros entrevistados, 95% destes médicos consideram que as cores podem influenciar na recuperação dos pacientes. Desde os egípcios, a propriedade curativa das cores já era conhecida. Registros de civilizações antigas demonstram que seus poderes eram largamente utilizados na recuperação de doentes. De acordo com o médico infectologista Ito Chinen, do Hospital Emílio Ribas (São Paulo), o poder curativo das cores (cromoterapia) pode se manifestar de forma ainda mais intensa atuando diretamente sobre os órgãos ou regiões que se deseja curar. A cromoterapia consiste em aplicar luzes coloridas sobre o paciente, projetando-as diretamente sobre a região ou utilizando-as apenas no ambiente (quando se deseja um efeito sedativo, por exemplo). O princípio de tudo está na convicção de que ao aplicarmos as luzes coloridas estamos transferindo, para o doente, o tipo específico de onda emitido por cada cor. Ito Chinen afirma, ainda, que as cores têm as seguintes propriedades: • vermelho - cor quente e estimulante que ajuda a restabelecer a energia vital e abrir o apetite, sendo recomendada ainda para pacientes hipotensos; • alaranjado - pode ser usada em pacientes depressivos ou com problemas de batimentos cardíacos e ainda para o metabolismo ósseo; • amarelo - estimulante intelectual e também funciona como estimulante do metabolismo ósseo; • verde - usada para transmitir equilíbrio e tranquilidade e ajuda na cicatrização de tecidos; • azul claro - cor fria utilizada como tranquilizante, sendo indicada para pacientes com quadro de ansiedade ou pressão alta; • azul da Prússia - indicado para processos infecciosos e possui, também, efeitos sedativos e analgésicos; • violeta - usado como anti-séptico e regenerador do sistema nervoso e indicada, também, contra processos tumorais. As influências das cores não estão limitadas ao organismo humano, pois no organismo de outros animais elas também já foram constatadas, conforme demonstra, por exemplo, o estudo realizado por um pesquisador chamado Benoit. O pesquisador mencionado cobriu os olhos de marrecos machos com uma venda. Verificou que a atividade sexual dos animais ficou suspensa. Colocou, posteriormente, os mesmos animais, durante l20 horas, diante de uma luz vermelho-alaranjada e observou que os testículos dos marrecos aumentaram de volume e que a atividade sexual destes animais teve um forte incremento. Outras numerosas observações comprovam que diversos animais reagem com notável evidência às cores, e podem até adaptar a cor da própria pele à cor do ambiente. Informações complementares a respeito do uso das cores pela Medicina podem ser obtidas na obra de Farina (1987).


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4 A COR DO PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO Forma e cor cumprem as funções mais características da percepção visual: permitem obter informações mediante o reconhecimento de objetos e acontecimentos e transmitem expressão. A forma, segundo Arnheim, é um meio de identificação mais seguro que a cor, por oferecer muito mais tipos de diferença qualitativa e porque suas características distintivas são muito mais resistentes às variações do ambiente. A configuração é quase inteiramente insensível às mudanças de claridade ou à cor do ambiente, enquanto a cor local dos objetos é mais vulnerável nestes aspectos. Forma e cor nos transmitam expressões, porém a cor tende a proporcionar maior impacto expressivo. Para favorecer a comunicação com o público-alvo cor e forma devem ser utilizadas de modo articulado. Em alguns estudos psicológicos, diferenças individuais são reveladas pelas reações ante a cor e a forma. O teste de Rorschach, por exemplo, dá ao indivíduo a oportunidade de basear as descrições do que vê valorizando a cor ou a forma. Segundo Rorschach, as personalidades com características mais extrovertidas tendem a responder pela cor, enquanto os introvertidos reagem, mais frequentemente, à forma. O domínio da cor assinala uma abertura ao mundo exterior, sensibilidade, instabilidade emocional e impulsividade, enquanto que o domínio da forma indica um maior controle sobre os impulsos e atitudes mais racionais. Na maioria das vezes, tanto forma como cor determinam, simultaneamente, a nossa percepção e, nestes casos, o predomínio da forma sobre a cor e o predomínio da cor sobre a forma relacionam-se, respectivamente, a diferentes características de personalidade. 4.1 A preferência de cores A preferência de cores de um indivíduo é influenciada pela cultura e pelo meio físico (clima, estações do ano, etc.) no qual o indivíduo está inserido e por fatores como idade, sexo, classe sócioeconômica, características de personalidade e estado emocional. A preferência pelas cores varia também em função do tipo de objeto em questão. A preferência de cores para roupa pode ser diferente da preferência de cores para carro, para utensílios domésticos, para complementos de vestuário, para objetos de decoração, etc.. Pesquisas sobre preferência de cores têm indicado que as pessoas tendem a preferir cores puras em confronto com nuances, ou seja, preferem o azul puro ao invés do azul esverdeado ou acinzentado. Pessoas que vivem em lugares de clima tropical, com muito sol e céu azul como no Rio de Janeiro, gostam mais de cores saturadas e com brilho; já os moradores de regiões mais temperadas, onde há pouco sol e céu cinzento, possuem uma tendência para cores sombrias. Isto provavelmente decorre do fato de serem essas as cores que elas estão mais acostumadas a ver no seu cotidiano. Pode ocorrer também das pessoas buscarem através das cores um equilíbrio. Neste caso, por exemplo, pessoas que vivem na tranquilidade do campo, acostumadas com o verde e com o azul no dia-a-dia, podem se sentir atraídas pela agitação das cidades com seus vermelhos e amarelos e, desta forma, terem estas cores como prediletas. De modo semelhante, pessoas que vivem nos grandes centros urbanos e sentem-se muitas vezes agredidas pelo excesso de cores quentes, vibrantes, de intenso movimento, podem desejar a tranquilidade dos campos com seus verdes e azuis e, assim, terem estas cores como prediletas. Parece haver uma preferência por cores mais simples e vibrantes, como, por exemplo, o vermelho, nas camadas sociais menos favorecidas, em contraste com a camada social mais elevada, que se inclina para cores mais suaves, mais leves e, muitas vezes, ‘diferentes’ resultantes de misturas de cores, sofisticadas. As camadas populares inclinam-se a seguir a tendência corrente em termos de cor, enquanto que as pessoas de maior poder aquisitivo esforçam-se para serem diferentes da massa e procuram exclusividade, iniciando, portanto, muitas vezes, as tendências de cores, ao invés de segui-las. Várias pesquisas indicam que crianças têm predileção pelas cores vivas, cores puras (saturadas, como as cores do Lego), porém para bebês os médicos recomendam cores pastel. Jovens preferem cores vivas, contudo muitas vezes os adolescentes rejeitam o uso de cores e optam pelo preto, provavelmente como uma forma de diferenciar. Muitas pesquisas têm indicado que o azul é a cor predileta da maioria das pessoas adultas de ambos os sexos. As pessoas conforme vão ficando idosas passam a preferir cores mais neutras, suaves e sombrias, talvez por influência de uma convenção presente em nossa cultura de que idosos ficariam melhor em cores neutras. Farina cita uma pesquisa sobre preferência de cores, realizada por Bamz, na qual foram obtidos os seguintes resultados sobre a preferência de cores em função da idade: Vermelho - período de 1 a 10 anos – idade da efervescência e da espontaneidade; Laranja (Alaranjado) - período de 10 a 20 anos – idade da imaginação, excitação, aventura; Amarelo - período de 20 a 30 anos – idade da força, potência, arrogância;


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Verde - período de 30 a 40 anos – idade da diminuição do fogo juvenil; Azul - período de 40 a 50 anos – idade do pensamento e da inteligência; Lilás - período de 50 a 60 anos – idade do juízo, do misticismo, da lei; Roxo (Violeta) - período além dos 60 anos – idade do saber, da experiência e da benevolência. A preferência de cores pode se dar por: • identificação - afinidade entre características de personalidade do indivíduo e características expressivas da cor (simbolismo da cor), por exemplo, uma pessoa extremamente dinâmica ter como cor preferida o vermelho, ou afinidade entre o estado psicológico (condição psicológica situacional) e o simbolismo da cor; • compensação - busca de equilíbrio através da escolha de cores que simbolizam o oposto do que o indivíduo realmente sente (compensação pelo oposto), por exemplo, uma pessoa extremamente dinâmica ter como cor preferida o verde; • situações vivenciadas - alguns autores consideram que preferência e a aversão por determinadas cores podem também estar relacionadas a situações vivenciadas pelo indivíduo nas quais tais cores se encontravam presentes. Um indivíduo pode ter uma determinada cor como predileta em decorrência desta cor estar presente em uma situação de intensa felicidade vivenciada por ele. A presença de uma determinada cor em uma situação extremamente traumática para um indivíduo pode levá-lo a desenvolver uma aversão por esta cor. O estudo das preferências de cores dos indivíduos pode fornecer indicações sobre suas características de personalidade. A preferência de cores neste aspecto é uma preferência subjetiva, não se referindo à escolha de cores para vestimentas (muito influenciada por tipo físico, condições climáticas e moda), carros e outros objetos. Testes psicológicos de personalidade, como o teste da escolha de cores de Luscher e o teste das pirâmides coloridas de Pfister, fazem inferências sobre a personalidade dos testandos a partir das preferências de cores destes. De modo geral, a preferência por cores quentes indica uma forma de expressão mais espontânea (pessoas mais francas nos seus contatos afetivos), enquanto que a preferência por cores frias indica um comportamento controlado, pessoas mais reservadas e distantes. A preferência por “preto” relaciona-se à problemática emocional, dificuldade de intercâmbio afetivo, angústia, mecanismos repressores da personalidade. A preferência pelo “branco” relaciona-se à insegurança e vazio afetivo. Ao tentar-se fazer qualquer inferência em relação à personalidade de uma pessoa, a partir de sua preferência pelas cores, deve-se sempre considerar: • não apenas a sua cor predileta, mas sim a sua sequência de preferência de cores, pois a significação de uma determinada preferência vai variar em função da sequência (a significação psicológica de uma preferência por vermelho quando a sequência é vermelho, alaranjado e amarelo, será completamente diferente do que quando a sequência é vermelho, azul, verde ou alguma outra sequência); • que a cor pode ter diferentes simbolismos em diferentes culturas, o que, consequentemente, vai alterar a significação psicológica das preferências; • a coloração do meio físico em que a pessoa vive (pessoas criadas em países tropicais, onde o meio ambiente exibe uma grande variedade de cores, reagem às cores de modo bem diferente de outras que vivem em países de clima frio e sombrio). A partir do que foi exposto acima, conclui-se que a avaliação da personalidade do indivíduo, com base em sua preferência de cores, pode estar sujeita a muitas falhas, devendo-se, portanto, em complementação a esta técnica, usar outras técnicas para uma avaliação mais profunda e adequada. 4.2 O simbolismo das cores Os simbolismos das cores referem-se aos sentimentos, emoções e associações que cada uma das cores tende a provocar em nós. Cada cor, paralelamente a suas vibrações eletromagnéticas, possui um campo de vibrações emotivas com características próprias. Através das cores conseguimos transmitir mensagens que expressam e provocam sentimentos, desejos e associações. Vários estudos têm demonstrado que tais expressões das cores podem variar de uma cultura para outra e, também, ao longo dos anos, o que indica a necessidade de pesquisas frequentes a respeito dos simbolismos das cores. No ocidente o “branco” é associado com pureza e alegria, sendo muito usado por noivas na cerimônia de casamento. No oriente, é a “cor” que representa morte e dor, sendo o vermelho a cor convencional para o vestido de noiva. É importante ressaltar que até para indivíduos contemporâneos e


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inseridos em uma mesma cultura as cores podem ter diferentes simbolismos em decorrência das vivências distintas de cada um deles. Além disto, é importante enfatizar que uma mesma cor pode produzir associações diferentes para um mesmo indivíduo em decorrência da situação em que ela está sendo percebida. Há vários simbolismos distintos relacionados a cada uma das cores e a situação em que a cor está inserida influencia o surgimento no indivíduo que percebe tal cor de um ou outro sentimento, emoção ou associação. Alguns dos simbolismos mais frequentemente relacionados às cores em nossa cultura são: • amarelo - simboliza luz, vida, ação, poder, riqueza (ouro), inteligência, calor interno. Para Van Gogh, "o amarelo é a suprema claridade do amor. Sem ele tudo o que fiz é morto, sombrio e sem valor". Para Kandinsky, "o amarelo irradia, emite uma luz de dentro para fora". Na antiguidade, por ser muito luminoso, foi usado para discriminação social de prostitutas e judeus. • alaranjado - reúne a excitação do vermelho e a luminosidade do amarelo. É associado à juventude, sol, vida, alegria, saúde, prosperidade, fartura e sabores agradáveis. • vermelho - representa virilidade, paixões violentas, sentimentos opostos como amor e ódio, poder, coragem, perigo (simbolismo internacional), crueldade, destruição, fogo, sangue (calor interno), esbanjamento, barulho, fome, dinamismo, impulsividade, erotismo e agressão. Para Goethe, "o vermelho transmite sentimentos de posse e de domínio". • rosa - é tido como delicado, tênue, feminino, adocicado e infantil. Sugere aroma agradável. • violeta - sugere melancolia, angústia, aflições, resignação e solenidade. É, frequentemente, associado à velhice, saudade e mistérios. Em termos de alimentação é associado a mau sabor. Em religião está ligado à penitência. • púrpura (resultante da mistura de vermelho e violeta) - simboliza realeza, nobreza, pompa, riqueza, domínio e justiça. • azul - simboliza céu, mar, simplicidade e quietude. Sugere também frescor, pureza e propriedade higiênica (principalmente na presença de branco). É a cor da frieza de raciocínio. É associada a bom gosto, prestígio e som agradável. Para Kandinsky, "o azul simboliza ternura e induz ao descanso profundo". • verde - simboliza natureza e esperança. Representa, também, segurança, frescor, repouso, quietude, equilíbrio e imobilidade. É a cor mais passiva, que não se dirige para nenhuma direção e nem contem qualquer elemento de alegria, tristeza ou paixão. Para Kandinsky, "o verde é a cor da burguesia. É uma vaca gorda saudável, capaz de ruminar eternamente, enquanto seus olhos bovinos contemplam sem expressão o mundo". • marrom - simboliza terra. Transmite sentimentos de segurança, aconchego, conforto e utilidade. • "preto" - relacionado com azar, maldição, morte, maldade, tristeza e solidão. É associado a objetos pesados, sons desagradáveis, angústia, opressão e medo. • “branco" - representa paz (simbolismo internacional), castidade, pureza. Para muitos, é a cor da honestidade e integridade. Pode transmitir impressão de vazio e de infinito. Pode sugerir ação refrescante e desinfetante sobretudo se combinado com o azul. • "cinza" - simboliza tranquilidade, sobriedade, moderação, modéstia, resignação, humildade. É também associado à tristeza, monotonia, dissimulação, indecisão, ausência de energia e sujeira. Informações complementares a respeito dos simbolismos das cores podem ser obtidas nas obras de Farina (1987) e de Pedrosa (1980 e 2003). 5 A COR NO ESPAÇO EM QUE SE VIVE A extensão e o volume um objeto podem ser aparentemente alterados pelo uso da cor. Superfícies brancas, ou em cores claras, parecem ser maiores do que de fato são, pois a quantidade de luz que refletem lhes confere amplidão. Superfícies em cores escuras, ao contrário, têm seu volume diminuído. Superfícies em cores quentes são vistas como apresentando maior extensão do que na realidade possuem, enquanto que, em cores frias, como apresentando menor extensão. Arnheim afirma que o olho humano não focaliza as cores da mesma maneira. As cores quentes são focalizadas atrás da retina e para distinguí-las, claramente, as lentes dos olhos se tornam mais convexas, o que traz estas cores mais para perto e faz com que sejam percebidas com maior extensão do que realmente possuem. As cores frias são focalizadas na frente da retina, fazendo com que as lentes oculares se aplainem (ficam menos convexas), o que ‘empurra’ estas cores para trás e faz com que sejam percebidas com menor extensão do que realmente possuem. As cores podem, também, influenciar na apreensão do peso dos objetos. Objetos em cores escuras tendem a parecer mais pesados que os mesmos objetos em cores claras. Goldman menciona que os operários, de uma determinada indústria, ao terem que carregar manualmente, por uma curta distância,


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caixas metálicas pintadas de preto, queixaram-se, ao gerente, afirmando que o serviço estava acima de suas forças e solicitaram a diminuição no peso do conteúdo das caixas. Quando pintaram as caixas metálicas de verde claro, os operários agradeceram, pois acreditavam que haviam diminuído o peso do conteúdo das caixas, que, no entanto, era exatamente o mesmo. As cores desempenham importante papel no consumo de energia nos ambientes. Na medida que o branco reflete os raios de energia radiante do sol em grande quantidade e o preto os absorve quase que em sua totalidade, e que quanto mais quente um telhado de uma construção, mais quentes os cômodos abaixo, o uso de cores claras e/ou revestimentos reflexivos em telhados reduz gastos com refrigeração. Num dia ensolarado, com temperatura de 32,2º C, em Austin Texas, foi constatada uma temperatura de 43,3º C em um telhado branco, de 60º C em um telhado revestido com alumínio e de 87,8º C em um telhado preto. Um estudo na Flórida revelou que aumentando a reflexão dos telhados os moradores economizavam, em média, 23% dos gastos com refrigeração. Economia de energia também pode ser propiciada pelas cores usadas no interior de uma construção. Paredes escuras absorvem mais luz e refletem menos, consequentemente, ambientes com paredes escuras requerem mais luz do que aqueles com paredes claras. Além das paredes, é aconselhável, também, o uso de cores claras no teto para obter-se boa reflexão da luz. Quanto maior o valor de reflexão de luz de uma cor utilizada nas paredes e teto, menos luz artificial é necessária. Um nível extremamente alto de iluminação num ambiente com paredes muito claras é prejudicial, por causar excessiva estimulação e irritação aos olhos. Cores utilizadas nas paredes também podem propiciar economia nos gastos de energia consumida com refrigeração ou aquecimento de ambientes. As cores empregadas em um ambiente afetam nossa percepção de temperatura. Estudos indicam que as pessoas estimam a temperatura de um ambiente com cores frias como sendo 6º a 10º F (em torno de 12º a 14º C) mais frio que a verdadeira temperatura. Ambientes com cores quentes são estimados como tendo temperatura 6º a 10º F mais quente que a temperatura real. As cores criam um novo espaço arquitetônico. Além de ‘refrescar’ ou ‘aquecer’ ambientes, as cores podem, também, recuar ou avançar paredes e tetos, diminuir o sentimento de imensidão (cores contrastantes), disfarçar defeitos, etc. As cores são elementos muito importantes em qualquer ambiente. Por ocasião da escolha do conjunto de cores adequado a um determinado ambiente, deve-se, primeiramente, considerar a função do ambiente, a sua área, suas condições de iluminação (iluminação natural e/ou artificial, quantidade de luz incidente, se recebe sol da manhã ou da tarde) e de temperatura e as características dos futuros usuários do ambiente em questão. Deve-se, então, analisar, cuidadosamente, as qualidades de cada cor e observar as relações que existem entre elas, para chegarmos a uma escolha harmoniosa, estética e funcional. Uma cor nunca pode ser considerada isoladamente! Cores quentes parecem sair de seus planos, aproximam-se dos nossos olhos, são salientes e agressivas. Devem ser usadas em ambientes que não recebem muita luz natural, pois aquecem e iluminam o espaço. Em ambientes que recebem muita luz natural devem ser evitadas, pois transmitem, neste caso, sensação de abafamento e diminuem o espaço, acabando por se tornarem cansativas e pesadas. Em relação ao emprego de cada uma das cores quentes, tomando como referência, principalmente, Goldman, podemos afirmar que: • vermelho - deve aparecer na arquitetura de interiores em pequenas áreas, excluindo-se aqueles ambientes em que haja interesse em criar um clima de excitação, como, por exemplo, em teatros. Quando usado em paredes, faz com que elas avancem, diminuindo, aparentemente, o espaço interno. Por suas características de excitação e movimento, não beneficia a atividade mental. Tem maior poder de atração, porém cansa facilmente. Aumenta, aparentemente, os objetos. • amarelo - como o vermelho, reduz, aparentemente, o espaço interno, pois também é uma cor que avança. É uma cor altamente visível. Por irradiar muita luz, não deve ser usado em superfícies muito extensas, mas sim deve partir de pontos. Em paredes estimula, mas é, ao mesmo tempo, irritante. É indicado para sala de aula de crianças com deficiência intelectual, por ser considerada a cor que mais estimula a atividade cerebral. É contra-indicado em pisos, pois, com sua extraordinária claridade, transmite forte impressão de estar avançando. • alaranjado - assim como o vermelho e o amarelo, quando usado amplamente diminui, aparentemente, o ambiente. Por ser facilmente distinguido, é fartamente utilizado como símbolo de "alerta" nas sinalizações de indústrias, identificando peças perigosas.


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Cores frias transmitem sensação de frescor e amplitude. Criam ilusão de profundidade, transformando pequenos aposentos em ambientes mais espaçosos. Não são adequadas para ambientes com pouca luz natural, pois, neste caso, transmitem sensação de frio e solidão. Goldman menciona que em uma dada indústria norte-americana, situada numa região de temperatura muito baixa, as operárias queixavam-se sempre de frio muito intenso no local de trabalho, embora a temperatura do local de trabalho estivesse regulada por um termostato em 22 graus. Quando substituíram o azul-esverdeado das paredes por alaranjado claro as operárias pararam de reclamar de frio. Em relação à utilização de cada uma das cores frias, tomando como referência, principalmente, Goldman, podemos afirmar que: • verde - é a cor que menos cansa a vista e, por isso, é amplamente utilizado em mesas de jogos e quadros escolares. É muito empregado em arquitetura de interiores, por não causar fadiga e sugerir frescor, natureza e tranquilidade. Aumenta, aparentemente, as dimensões internas de um ambiente. • azul - assim como o verde, pode ser usado em grandes superfícies sem se tornar cansativo e aumenta, aparentemente, as dimensões internas de um ambiente. Conduz ao relaxamento e é adequado em ambientes de descanso. Quartos azuis transmitem sensação de espaço e serenidade. O azul claro torna o teto, aparentemente, mais alto, leve, amigável e celestial. O azul deve ser equilibrado harmoniosamente com outras cores nos ambientes para não criar um clima de tristeza. Em relação à utilização de acromáticos - "branco", "cinza" e "preto" - nos ambientes, tem-se que: • "branco" - traz claridade e alegria, quando usado como acessório. Realça as cores próximas, tornandoas mais atrativas. Um ambiente completamente branco torna-se frio e impessoal. • "cinza" - é usado como contraste para cores intensas. É de grande harmonia com todos os tipos de composição de cores. Se usado em demasia, sombreia o ambiente. • "preto" - leves toques de preto dão um aspecto requintado ao ambiente, porém, em demasia, cria um clima de tristeza, até mesmo em ambientes formalmente luxuosos. Em ambientes de trabalho, Farina afirma que a cor deve ser usada no sentido de não fatigar os operários, facilitar a percepção dos materiais de trabalho, reduzir os acidentes, manter um clima psicológico capaz de beneficiar a todos e para manter a produtividade (lugares luminosos são bons para trabalho com os músculos, por exemplo). As cores adequadas a um ambiente de trabalho vão variar em função da área e do tipo de trabalho a ser desenvolvido nesta área, mas as seguintes considerações podem ser aplicadas aos ambientes de trabalho de um modo geral: • na maioria das vezes a redução da eficiência e a má qualidade do trabalho são produzidas por tensão ocular e fadiga resultantes de contraste acentuado de cores (por exemplo, máquina escura e parede branca) que implica intenso esforço visual para que os olhos se ajustem às constantes variações de claro/escuro, ou por cansaço produzido pela permanência do trabalhador em locais nos quais são usados esquemas de cores muito alegres; • o brilho prejudica a acuidade visual, torna a visão difícil, acarretando desconforto físico e psicológico e, consequentemente, reduz a eficiência. As cores podem ser usadas de modo a eliminar o brilho; • cores vivas causam uma certa distração, enquanto que cores suaves possibilitam melhor concentração; • psicologicamente, as cores quentes e frias ajudam a compensar extremos de temperatura; • cores agradáveis, além de propiciarem um ambiente psicologicamente mais favorável às pessoas que nele trabalham, inspiram maior cuidado com os equipamentos. A utilização de cores, de acordo com determinado código, constitui-se um eficaz sistema de comunicação em qualquer ambiente de trabalho. Um esquema de cores bem planejado nos ambientes de trabalho, conforme ressalta Farina, pode estabelecer um sistema de comunicação capaz de garantir segurança e eficiência aos empregados. O conhecimento, por parte dos empregados, das cores convencionais usadas, por exemplo, em cabos elétricos, cilindros de gás, peças móveis e perigosas, etc., permite a prevenção de inúmeros acidentes de trabalho. Goldman menciona que em todos os grandes países foram adotadas normas técnicas para orientar o uso das cores nos locais de trabalho e que, em alguns lugares, tais normas não impõem cores, mas apenas sugerem. Afirma, ainda, que: • vermelho - é empregado para distinguir aparelhos e equipamentos de combate a incêndios, além de indicar caixas de alarme e portas de saídas de emergência. Na sinalização de tráfego, vermelho é "perigo". É, também, a cor mais apropriada para luzes colocadas em barricadas, para sinalizar obstruções temporárias, perigos de contatos elétricos, tapumes de obras e nos botões interruptores de


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circuitos elétricos para parada de emergência. A luz vermelha é a que mais facilmente se distingue à noite. (Pedrosa afirma que o vermelho, “por sua propriedade de penetrar mais profundamente a neblina e a escuridão do que as outras cores, ele é usado como luz de alarme, nas torres elevadas, cimo dos edifícios, proas de embarcações, etc.” Acrescenta-se que o vermelho tem sido empregado para indicar instalações de transporte como elevadores, escadas, etc.); alaranjado - cor essencialmente dinâmica que significa "alerta" e, por isso, é amplamente usada para identificar partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos (como já mencionado previamente); amarelo - é a cor ideal para a prevenção do perigo, pois parece gritar "cuidado". Por sua alta visibilidade, é a mais adequada para indicar áreas onde existem riscos. O vermelho, que internacionalmente identifica o perigo, não consegue chamar tão prontamente a atenção como o amarelo. (acrescenta-se que o amarelo tem sido empregado para indicar instalações do sistema elétrico); verde - é a cor adotada internacionalmente para caracterizar "segurança". Identifica caixas de equipamentos de socorro de urgência, caixas contendo máscaras contra gases, etc.. É, também, sinal de segurança no trânsito. A luz verde tem, relativamente, uma boa visibilidade, inclusive noturna. (acrescenta-se que o verde tem sido empregado para indicar tubulações do sistema hidráulico); azul - tem sido utilizado para sinalizar equipamentos e espaços que devem permanecer fora de serviço. (acrescenta-se que o azul tem sido empregado para indicar tubulações do sistema de ar condicionado).

Informações complementares sobre o uso das cores na segurança do trabalho podem ser obtidas na NR-26, portaria nº 3.214 de 08/06/78, anexada no final deste texto. Nos hospitais as cores devem ser estimulantes ou tranquilizadoras, de acordo com os objetivos do ambiente. Cores quentes são mais indicadas para ambientes de estimulação, enquanto que cores frias são mais apropriadas para ambientes de repouso. Paredes de centros cirúrgicos, panos de delimitação de campo cirúrgico e a roupa da equipe de cirurgia devem ser azul-esverdeado para facilitar a eliminação da pós-imagem suscitada pela prolongada observação do vermelho do sangue, evitando, assim, o ofuscamento da visão dos profissionais da equipe durante uma cirurgia. De acordo com Goldman, embora o branco seja ótimo refletor de luz, não é indicado em teto de quartos de hospitais, nem mesmo para os quartos que recebem pouca iluminação natural, pois a pessoa hospitalizada passa boa parte do tempo olhando para o teto e grandes superfícies totalmente brancas criam um ambiente depressivo. Farina afirma que “Como o branco reflete intensamente a luz, pode ocorrer o fenômeno de ofuscamento, que tem a propriedade de ocasionar no doente uma sensação de cansaço e de peso na cabeça, considerando-se o fato de ele, na maior parte das vezes, ser obrigado a repousar de costas e [..] fixar os olhos no teto.” Cores quentes e neutras, como o bege e amarelo muito claro, têm sido utilizadas, segundo Farina, em substituição ao branco, em muitos hospitais, para gerar uma sensação de maior proteção e conforto aos doentes (e também aos acompanhantes). O importante é que, antes de tudo, os pacientes se sintam mais seguros e confortáveis no ambiente hospitalar, o que por si já pode ajudar no tratamento. 6 A COR EM PUBLICIDADE E NA PROMOÇÃO DE VENDAS Em publicidade, Farina menciona que vários fatores se conjugam para determinar a cor exata que será a portadora da expressividade mais conveniente a cada tipo específico de mensagem para um produto a ser consumido. Devido às suas qualidades intrínsecas, a cor tem a capacidade de captar rapidamente, e sob um domínio emotivo, a atenção do comprador. Numa embalagem, a cor é o fator que em primeiro lugar atinge o olhar do comprador. Portanto, é para ela que devem se dirigir os primeiros cuidados, principalmente se considerarmos as ligações emotivas que envolve e seu grande poder sugestivo e persuasivo. As cores de uma embalagem deverão favorecer a rápida identificação do produto, refletir sua essência e finalidade e, evidentemente, despertar o impulso de compra. As cores desempenham importante papel nas vendas, especialmente em locais onde os produtos são comprados muitas vezes por impulso, como, por exemplo, em supermercados e lojas de auto-serviço.


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Segundo Danger, para favorecer a venda de produtos comprados, principalmente, por impulso, são indicadas cores que têm poder de atração inerente. Vermelho e amarelo são as melhores de todas, por serem facilmente reconhecíveis e sobressaírem, fornecendo, assim, incentivo às vendas. O azul é bem apreciado pelas pessoas em geral, porém tende a ser uma cor ‘acanhada’, não possuindo bastante impacto. Danger afirma, também, que para incentivar as vendas é importante que as cores usadas em displays formem um plano de fundo complementar às cores do produto ou de sua embalagem. Deverão contrastar com o produto, mas não o dominar. Um fundo azul seria adequado a um produto vermelho, porém se o produto fosse azul e o fundo vermelho o produto ‘desapareceria’, pois uma cor forte como o vermelho domina uma cor suave como o azul. Segundo Pedrosa, o vermelho “é a cor que mais se destaca visualmente e a mais rapidamente distinguida pelos olhos”. Nem sempre uma cor resulta adequada para diferentes produtos ou embalagens. Deve-se utilizar a cor em função do objeto em si (de seu tamanho, sua finalidade e outras características) e em função das características do público consumidor potencial (classe social, faixa etária, etc.). O dourado, o prateado e também o “preto” tendem a ser associados a produtos luxuosos, requintados. Cores suaves (cores pastel, ou seja, cores dessaturadas em decorrência da adição de branco a elas) são também indicadas para embalagens de produtos luxuosos, principalmente para produtos que sugerem distinção, sofisticação com sobriedade. Cores mais simples e vibrantes, como, por exemplo, o vermelho, são mais adequadas para produtos destinados às camadas sociais populares. Cores pastel são mais indicadas para produtos para bebês, mas para produtos destinados a crianças as cores vivas, saturadas são mais adequadas. Embalagens em cores vivas são adequadas também para jovens, enquanto que para produtos destinados a um público de idosos é mais adequada a utilização de cores mais neutras, suaves e até mesmo sombrias. Informações adicionais sobre pesquisas sobre preferência de cores podem ser encontradas em Farina (1987). Deve-se sempre proceder a uma análise do mercado e das tendências do consumidor em relação às cores para que se possa decidir sobre quais as cores mais indicadas para determinados produtos e embalagens. Há produtos que têm uma íntima relação com a moda e, portanto, exigem uma renovação mais constante no esquema de cores utilizadas, para que não se quebre a conexão que deve existir com a tendência do momento. A cor, devido a sua importância no produto e/ou na embalagem, deve ser objeto de estudos do mesmo nível que os realizados para determinar a forma do produto ou o material com que será produzido. Cores fortes, como o vermelho, o alaranjado e o amarelo, podem tornar a embalagem mais visível que cores suaves, como o azul e o verde. Ter visibilidade significa, sob o ponto de vista das vendas, fazer com que o produto seja percebido pelo consumidor, dentre uma infinidade de outros também expostos. Em termos gerais, segundo Danger, a cor de maior visibilidade, no espectro, é o amarelo, seguido do alaranjado e do vermelho. O amarelo é uma cor luminosa e muito forte para atrair a atenção, seja sozinho ou junto com outras cores. O alaranjado transborda irradiação e expansão e por isto pode ser usado como ponto de chamada para determinadas embalagens. Vermelho-alaranjado é a cor que mais atrai a atenção, que se impõe à percepção sendo quase impossível de ser desprezada, embora nem sempre seja muito apreciada. Segundo Pedrosa (1980), o vermelho “é a cor que mais se destaca visualmente e a mais rapidamente distinguida pelos olhos”. Os detalhes que precisam de destaque na propaganda do produto devem usar cor forte, pois a cor suave é sempre dominada pela cor forte. Conforme mencionado previamente, as cores podem exercer influência em relação às dimensões e ao peso dos objetos. A percepção do tamanho é influenciada pela claridade da cor dos objetos, assim cores pastel conferem à embalagem um aspecto maior que as cores escuras. Embalagens em cores quentes parecem ser maiores que as mesmas embalagens em cores frias. Em relação ao peso, qualquer embalagem escura parecerá mais pesada do que as de cores claras.


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As cores empregadas em embalagens de alimentos objetivam estimular o paladar e devem, portanto, refletir seu conteúdo e propiciar associação correta com ele. Neste sentido, a própria cor do produto será, obviamente, a mais indicada como elemento sugestivo. Convém mencionar que nada é mais apetecível do que a imagem do próprio alimento, sobretudo quando já o apreciamos. A espécie humana desenvolveu associações entre o que vê e o que come e tais associações devem ser consideradas no planejamento da embalagem de alimentos. O vermelho da maçã e o vermelho da carne de boi são muito atraentes. Alaranjado é associado com alimento saudável e saboroso. Amareloesverdeado é associado à doença. Verde em embalagem de alimentos precisa estar intimamente associado com a cor do produto, como, por exemplo, produtos com sabor de hortelã. O azul e o violeta não são muito atraentes em embalagens de alimentos, mas o azul é um bom fundo para muitas das outras cores usadas para alimentos. Preto e púrpura, embora não sejam boas cores em relação a alimentos, são associadas a chocolates. A cor do chocolate é própria para um produto de chocolate, porém apresenta dificuldades no planejamento de uma embalagem atraente, sendo, por isso, só utilizada, geralmente, na foto do produto apresentada na embalagem predominantemente de outras cores. Cuidado especial é necessário quando o produto pode ser visto através da embalagem, como é o caso de muitos artigos de confeitaria. Seria inadequado, por exemplo, imprimir o invólucro do pão em verde, pois poderia sugerir que estivesse mofado. Na embalagem de alimentos, é vital que a aparência da mesma não deprecie a dos alimentos que contém. Cores metálicas atualmente têm sido empregadas em embalagens visando transmitir o conceito de produto com tecnologia avançada Em letreiros luminosos, as luzes vermelhas combinadas com luzes verdes ou azuis são as mais indicadas, por serem mais facilmente diferenciadas. A luz branca é, em seguida, a mais indicada. Luzes azuis combinadas com luzes verdes, assim como luzes amarelas combinadas com luzes alaranjadas, são impossíveis de diferenciar a distância. Em cartazes, títulos de livros, rótulos de embalagens, etc., a adequada combinação de letras e fundo é de grande importância. Uma regra básica para se obter boa legibilidade é a utilização de cores claras combinadas com cores escuras. Goldman afirma que: • letras vermelhas têm ótima legibilidade sobre fundo branco. Têm também destaque sobre fundo preto, principalmente se contornadas pelo branco. São ilegíveis sobre o violeta e desagradáveis quando o fundo for verde ou alaranjado; • letras alaranjadas apresentam legibilidade razoável sobre fundo cinza, preto e azul; • letras amarelas sobre fundo violeta, azul, verde escuro e, principalmente, sobre fundo preto ganham acentuado destaque. Sobre fundo branco ou alaranjado tornam-se praticamente ilegíveis; • letras verdes são razoavelmente legíveis sobre um fundo branco, principalmente se contornadas pelo preto. Têm um efeito desagradável sobre fundo laranja, amarelo ou vermelho. A leitura de letras verdes sobre fundo preto, cinza, azul e violeta torna-se bastante difícil; • letras azuis são muito bem legíveis sobre fundo branco, alaranjado e, principalmente, amarelo. Em fundo violeta, preto e verde tornam-se ilegíveis. Com fundo vermelho o efeito também não é bom; • letras violetas apresentam boa legibilidade sobre fundo amarelo ou branco. São praticamente ilegíveis sobre fundo azul, verde ou cinza. Apresentam efeito desagradável sobre fundo alaranjado ou vermelho; • letras brancas são acentuadamente legíveis sobre fundo azul, violeta, preto, marrom e vermelho. Sobre qualquer um destes fundos o branco sempre apresenta legibilidade superior do que quando azul, violeta, preto, marrom ou vermelho são pintados sobre o branco. Em fundo amarelo letras brancas não apresentam resultados satisfatórios; • letras pretas alcançam maior potência sobre fundo amarelo ou branco. Em fundo alaranjado, azul e verde claros também apresentam boa legibilidade. De forma geral, as combinações de letras e fundos que apresentam os maiores índices de visibilidade e de legibilidade são: preto sobre amarelo (é considerada a melhor), amarelo sobre preto, preto sobre branco, branco sobre vermelho, branco sobre preto, branco sobre azul, azul sobre branco, vermelho sobre branco, verde sobre branco e vermelho sobre amarelo.


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7 A COR EM INTERFACES GRÁFICAS COM O USUÀRIO O diálogo do homem com um software, como mencionado por Ferreira e outros (2004), se dá através da interface com o usuário. Textos, imagens, propagandas são transmitidos a todo instante para um grande número de pessoas em diversas partes do mundo através das interfaces dos softwares. Tais interfaces devem ser “amigáveis” fazendo com que os usuários se sintam confortáveis e estimulados para usá-las. As cores empregadas nas interfaces desempenham um papel extremamente importante neste processo de comunicação. O uso adequado das cores pode resultar em assimilação rápida e correta da informação e aceitação do software ou do website.. Weinman (2001, p. 197) afirma que “um esquema de cor efetivo e agradável pode ser mais poderoso do que animação, interatividade ou imagens gráficas inteligentes”. A escolha das cores para uma interface deve ser realizada sempre considerando-se o conjunto das cores que serão empregadas em decorrência do fato das características percebidas em uma cor poderem ser modificadas em função de alteração das demais cores presentes no contexto em que a referida cor se encontra inserida. Em interfaces, assim como no uso das cores nos ambientes, deve-se analisar, cuidadosamente, as qualidades de cada cor e observar as relações que existem entre elas, para chegarmos a uma escolha harmoniosa, estética e funcional. Novamente é preciso enfatizar que uma cor nunca pode ser considerada isoladamente! Weinman (2001, p. 216) menciona que “esquemas de cores eficazes têm muito mais a ver com os relacionamentos de cores do que com a escolha de um matiz específico”. As cores empregadas em uma interface devem apresentar coerência, articulação e harmonia em relação aos demais componentes visuais da interface e até em relação aos componentes auditivos, se estes estiverem presentes na interface. A adequada articulação de formas, cores e sons potencializa o poder expressivo de destes componentes favorecendo a comunicação com o usuário. O esquema de cores empregado em interfaces com o usuário deve: - favorecer a legibilidade da interface: como mencionado previamente no tópico sobre cartazes, títulos de livros, rótulos de embalagens, etc., a adequada combinação de letras e fundo é de grande importância para se obter boa legibilidade e a regra básica para se conseguir boa legibilidade é a utilização de cores claras combinadas com cores escuras. Se o fundo for claro, as letras devem ser escuras. Se o fundo for escuro, as letras devem ser claras. Uma bela combinação de cores de letras e de fundo nem sempre favorece a leitura. É necessário que haja contraste suficiente entre letras e fundo para que a leitura se realize com facilidade. Uma interface com fundo branco oferece máxima legibilidade para texto com letras escuras, porém o brilho intenso do branco tende a causar fadiga visual ao ser observado por um tempo prolongado e, além disto, contrastes acentuados observados por longo tempo, como letras pretas em fundo branco, implicam intenso esforço visual. O cinza é uma boa opção para fundo, pois minimiza o contraste entre a parte mais clara e a mais escura da composição amenizando assim o esforço visual. Apesar de ser do ponto vista fisiológico uma opção adequada para fundo, não é muito usada em softwares consagrados, sendo inclusive considerada por alguns designers como uma opção de amadores, provavelmente em função de ser mais agradável observar-se uma tela com fundo cromático. O fundo preferencialmente deve ser liso, mas se for realizada uma opção por fundo com arte é necessário que todas as cores do fundo sejam escuras ou todas sejam claras. Se forem usados valores claros e escuros simultaneamente no fundo nem a combinação com letras claras nem a combinação com letras escuras apresentará legibilidade satisfatória; - não produzir cansaço visual no usuário: é importante ter o cuidado de evitar utilizar no fundo e em grandes áreas da interface cores com brilho intenso e agressivas, como o amarelo, o alaranjado e também o vermelho saturados, pois isto ao longo do tempo de observação acarretaria desconforto físico e psicológico. Interfaces que não apresentam boa legibilidade, principalmente aquelas em que predominam textos, também acarretam cansaço visual; - orientar o percurso do usuário pela interface: o agrupamento de elementos da interface que sejam relacionados deve ser favorecido pela utilização da mesma cor para estes elementos. As cores também podem ser usadas para criar uma hierarquia na interface orientando em relação ao que é mais importante e deve ser lido primeiro. As informações mais importantes podem ser destacadas pela utilização, por exemplo, de uma cor que apresente alto contraste em relação à cor predominante da interface; - adequado para transmitir os conteúdos abordados no software ou website: Cores com um simbolismo compatível com os conteúdos da interface devem ser empregadas para favorecer uma comunicação imediata com o usuário. Sites com informativos financeiros costumam usar um esquema de cores sóbrias. Sites esotéricos têm preferência por cores com um simbolismo mais místico. Em interfaces criadas para um público mundial deve-se ter um certo cuidado em relação a este aspecto, pois os simbolismos das cores podem variar de uma cultura para outra;


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- ser adequado ao público-alvo: como previamente mencionado, as preferências de cores variam em função de fatores como idade, sexo, cultura, meio físico. Se um software ou um website se destina a um grupo de uma certa região, ou de uma certa idade, a escolha das cores para a interface deve levar em conta estes aspectos, pois eles influenciam a aceitação da interface. Softwares criados para crianças tenderão a ter maior aceitação pelas crianças se forem produzidos em cores vivas. Interfaces criadas para um público mundial costumam adotar um esquema de cores pastel, mais neutras e mais suaves para terem aceitação nas diferentes culturas. Interfaces criadas para públicos específicos e inseridos numa mesma cultura tendem a adotar um esquema de cores compatível com as características e preferências do públicoalvo. - limitar-se a utilização de no máximo sete cores: o excesso de cores pode tornar a interface confusa, visualmente poluída e desagradável para o usuário fazendo com que ele a abandone. Um uso moderado de três até no máximo sete cores é o mais indicado; - conter uma combinação harmoniosa de cores: como previamente mencionado, nas experiências visuais a harmonia é algo que é agradável aos olhos, que conquista o interesse do observador e cria um sentido interno de ordem, aspectos muito importantes numa interface. No caso de existir uma cor institucional que tenha que ser usada na interface, as demais cores a serem empregadas devem combinar de forma harmoniosa com esta.

• Texto resumido e adaptado para fins didáticos, por Celia Azevedo, contendo diversos trechos e imagens retirados das seguintes obras: ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. DANGER, Eric. A cor na Comunicação. Rio de Janeiro: Forum, l973. FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em Comunicação. 3.ed. São Paulo: Edgard Blucher,l987. FERREIRA, Simone Bacellar Leal et al. Requisitos não-funcionais para interfaces com o usuário: o uso das cores. Disponível em:< http://www.inf.puc-rio.br/~bacellar/index_port.htm>. Acesso em: 19/05/04 GOLDMAN, Simão. Psicodinâmica das cores. 4.ed. Porto Alegre: La Salle,  l964. MORTON, J. L. Color matters. Disponível em:< www.colormatters.com>. Acesso em: 18/05/04. PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 2.ed. Rio de Janeiro: Léo Christiano,l980. _____. O universo da cor. Rio de Janeiro: Senac, 2003. PENNA, Antônio Gomes. Percepção e realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1993. WEINMAN, Lynda. Projetando gráficos na Web. 3. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2001.

ANEXO A - NR-26, portaria nº 3.214 de 08/06/78

NR 26 - Sinalização de Segurança (126-000-6) 26.1 Cor na segurança do trabalho. 26.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR - tem por objetivo fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra riscos.


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26.1.2 Deverão ser adotadas cores para segurança em estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes. 26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes. 26.1.4 O uso de cores deverá ser o mais reduzido possível, a fim de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador. 26.1.5 As cores aqui adotadas serão as seguintes: - vermelho; - amarelo; - branco; - preto; - azul; - verde; - laranja; - púrpura; - lilás; - cinza; - alumínio; - marrom. 26.1.5.1 A indicação em cor, sempre que necessária, especialmente quando em área de trânsito para pessoas estranhas ao trabalho, será acompanhada dos sinais convencionais ou da identificação por palavras. 26.1.5.2 Vermelho O vermelho deverá ser usado para distinguir e indicar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio. Não deverá ser usado na indústria para assinalar perigo, por ser de pouca visibilidade em comparação com o amarelo (de alta visibilidade) e o alaranjado (que significa Alerta). É empregado para identificar: - caixa de alarme de incêndio; - hidrantes; - bombas de incêndio; - sirenes de alarme de incêndio; - caixas com cobertores para abafar chamas; - extintores e sua localização; - indicações de extintores (visível à distância, dentro da área de uso do extintor); - localização de mangueiras de incêndio (a cor deve ser usada no carretel, suporte, moldura da caixa ou nicho); - baldes de areia ou água, para extinção de incêndio; - tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água; - transporte com equipamentos de combate a incêndio; - portas de saídas de emergência; - rede de água para incêndio (sprinklers); - mangueira de acetileno (solda oxiacetilênica). A cor vermelha será usada excepcionalmente com sentido de advertência de perigo: - nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de construções e quaisquer outras obstruções temporárias; - em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência.

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26.1.5.3 Amarelo Em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar gases não liquefeitos. O amarelo deverá ser empregado para indicar "Cuidado!", assinalando: partes baixas de escadas portáteis; corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem risco; espelhos de degraus de escadas; bordas desguarnecidos de aberturas no solo (poços, entradas subterrâneas, etc.) e de plataformas que não possam ter corrimões; bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente; faixas no piso da entrada de elevadores e plataformas de carregamento; meios-fios, onde haja necessidade de chamar atenção; paredes de fundo de corredores sem saída;


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vigas colocadas a baixa altura; cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes, guindastes, escavadeiras, etc.; equipamentos de transporte e manipulação de material, tais como empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagonetes, reboques, etc.; fundos de letreiros e avisos de advertência; pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estruturas e equipamentos em que se possa esbarrar; cavaletes, porteiras e lanças de cancelas; bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto); comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco; pára-choques para veículos de transporte pesados, com listras pretas. Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização. 26.1.5.4 Branco O branco será empregado em: passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largura); direção e circulação, por meio de sinais; localização e coletores de resíduos; localização de bebedouros; áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência; áreas destinadas à armazenagem; zonas de segurança. 26.1.5.5 Preto O preto será empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (ex: óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche, etc.). O preto poderá ser usado em substituição ao branco, ou combinado a este, quando condições especiais o exigirem. 26.1.5.6 Azul O azul será utilizado para indicar "Cuidado!", ficando o seu emprego limitado a avisos contra uso e movimentação de equipamentos, que deverão permanecer fora de serviço. - Empregado em barreiras e bandeirolas de advertência a serem localizadas nos pontos de comando, de partida, ou fontes de energia dos equipamentos. Será também empregado em: - canalizações de ar comprimido; - prevenção contra movimento acidental de qualquer equipamento em manutenção; - avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência. 26.1.5.7 Verde O verde é a cor que caracteriza "segurança". Deverá ser empregado para identificar: - canalizações de água; - caixas de equipamento de socorro de urgência; - caixas contendo máscaras contra gases; - chuveiros de segurança; - macas; - fontes lavadoras de olhos; - quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança, etc.; - porta de entrada de salas de curativos de urgência; - localização de EPI; caixas contendo EPI; - emblemas de segurança; - dispositivos de segurança; - mangueiras de oxigênio (solda oxiacetilênica). 26.1.5.8 Laranja O laranja deverá ser empregado para identificar: - canalizações contendo ácidos; - partes móveis de máquinas e equipamentos; - partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas; - faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos;


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- faces externas de polias e engrenagens; - botões de arranque de segurança; - dispositivos de corte, borda de serras, prensas. 26.1.5.9 Púrpura A púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. Deverá ser empregada a púrpura em: - portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou materiais contaminados pela radioatividade; - locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados; - recipientes de materiais radioativos ou de refugos de materiais e equipamentos contaminados; - sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. 26.1.5.10 Lilás O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham álcalis. As refinarias de petróleo poderão utilizar o lilás para a identificação de lubrificantes. 26.1.5.11 Cinza a) Cinza claro - deverá ser usado para identificar canalizações em vácuo; b) Cinza escuro - deverá ser usado para identificar eletrodutos. 26.1.5.12 Alumínio O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (ex. óleo diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, etc.). 26.1.5.13 Marrom O marrom pode ser adotado, a critério da empresa, para identificar qualquer fluído não identificável pelas demais cores. 26.2 O corpo das máquinas deverá ser pintado em branco, preto ou verde. 26.3. As canalizações industriais, para condução de líquidos e gases, deverão receber a aplicação de cores, em toda sua extensão, a fim de facilitar a identificação do produto e evitar acidentes. 26.3.1 Obrigatoriamente, a canalização de água potável deverá ser diferenciada das demais. 26.3.2 Quando houver a necessidade de uma identificação mais detalhada (concentração, temperatura, pressões, pureza, etc.), a diferenciação far-se-á através de faixas de cores diferentes, aplicadas sobre a cor básica. 26.3.3 A identificação por meio de faixas deverá ser feita de modo que possibilite facilmente a sua visualização em qualquer parte da canalização. 26.3.4 Todos os acessórios das tubulações serão pintados nas cores básicas de acordo com a natureza do produto a ser transportado. 26.3.5 O sentido de transporte do fluído, quando necessário, será indicado por meio de seta pintada em cor de contraste sobre a cor básica da tubulação. 26.3.6 Para fins de segurança, os depósitos ou tanques fixos que armazenem fluidos deverão ser identificados pelo mesmo sistema de cores que as canalizações. 26.4 Sinalização para armazenamento de substâncias perigosas. 26.4.1 O armazenamento de substâncias perigosas deverá seguir padrões internacionais. a) Para fins do disposto no item anterior, considera-se substância perigosa todo material que seja, isoladamente ou não, corrosivo, tóxico, radioativo, oxidante, e que, durante o seu manejo, armazenamento, processamento, embalagem, transporte, possa conduzir efeitos prejudiciais sobre trabalhadores, equipamentos, ambiente de trabalho.


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26.5 Símbolos para identificação dos recipientes na movimentação de materiais. 26.5.1 Na movimentação de materiais no transporte terrestre, marítimo, aéreo e intermodal, deverão ser seguidas as normas técnicas sobre simbologia vigentes no País. 26.6 Rotulagem preventiva. 26.6.1 A rotulagem dos produtos perigosos ou nocivos à saúde deverá ser feita segundo as normas constantes deste item. 26.6.2 Todas as instruções dos rótulos deverão ser breves, precisas, redigidas em termos simples e de fácil compreensão. 26.6.3 A linguagem deverá ser prática, não se baseando somente nas propriedades inerentes a um produto, mas dirigida de modo a evitar os riscos resultantes do uso, manipulação e armazenagem do produto. 26.6.4 Onde possa ocorrer misturas de 2 (duas) ou mais substâncias químicas, com propriedades que variem em tipo ou grau daquelas dos componentes considerados isoladamente, o rótulo deverá destacar as propriedades perigosas do produto final. 26.6.5 Do rótulo deverão constar os seguintes tópicos: - nome técnico do produto; - palavra de advertência, designando o grau de risco; - indicações de risco; - medidas preventivas, abrangendo aquelas a serem tomadas; - primeiros socorros; - informações para médicos, em casos de acidentes; - e instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamento, quando for o caso. 26.6.6 No cumprimento do disposto no item anterior, dever-se-á adotar o seguinte procedimento: - nome técnico completo, o rótulo especificando a natureza do produto químico. Exemplo: "Ácido Corrosivo", "Composto de Chumbo", etc. Em qualquer situação, a identificação deverá ser adequada, para permitir a escolha do tratamento médico correto, no caso de acidente. - Palavra de Advertência - as palavras de advertência que devem ser usadas são: - "PERIGO", para indicar substâncias que apresentem alto risco; - "CUIDADO", para substâncias que apresentem risco médio; - "ATENÇÃO", para substâncias que apresentem risco leve. - Indicações de Risco - As indicações deverão informar sobre os riscos relacionados ao manuseio de uso habitual ou razoavelmente previsível do produto. Exemplos: "EXTREMAMENTE INFLAMÁVEIS", "NOCIVO SE ABSORVIDO ATRAVÉS DA PELE", etc. - Medidas Preventivas - Têm por finalidade estabelecer outras medidas a serem tomadas para evitar lesões ou danos decorrentes dos riscos indicados. Exemplos: "MANTENHA AFASTADO DO CALOR, FAÍSCAS E CHAMAS ABERTAS", "EVITE INALAR A POEIRA". - Primeiros Socorros - medidas específicas que podem ser tomadas antes da chegada do médico. Fonte: http://www.areaseg.com/normas/. Acesso em: 15/11/04.


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