O grande teste...
NO FUTURO DO LIVRO
O ano de 2010 nos levou à evolução do livro: o eReader. Testamos os melhores modelos disponíveis no Brasil para você parar de carregar peso na mala. Por Stella Dauer
Muito se discute sobre a internet e o que ela está fazendo com a mídia. A indústria da música está desesperada e a do jornal impresso já começa a chorar alguns enterros. A do livro está bem desconfiada, olhando pra todos os lados, sem saber muito bem o que será dela. Afinal, dentre todas as mídias, a do livro é a que se mantém quase inalterada há décadas. E justamente por conta
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disso, uma das mudanças mais radicais da indústria estaria por vir. Foi quando começaram a surgir os leitores de livros eletrônicos, chamados lá fora de eReaders. O mais famoso deles ainda é o pioneiro Kindle, lançado exclusivamente pela loja americana Amazon para servir de suporte à sua vasta “ebiblioteca”. A partir daí, outros lançaram seus eReaders, o que fez o mercado de livros digitais
começar, de fato, a crescer. Entretanto, o preço tanto de eBooks quanto de leitores eletrônicos praticado no Brasil, bem como a “teimosa” preferência do público pelos livros em papel, faz esse nicho crescer vagarosamente por aqui. Apesar dessas dificuldades, já é possível encontrar vários modelos vendidos oficialmente para concorrer com as edições impressas. Procuramos testar todos os modelos vendidos oficialmente no Brasil, mas, infelizmente, a Mix Tecnologia e a Elgin não puderam participar com seus produtos.
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Upgrade Grande teste Lê arquivos em:
AZW
JPG
TXT
PRC
MOBI
CBZ
MP3
1. Todas as entradas e botões vieram parar embaixo do Kindle 2. O teclado QWERTY quebra um galho na hora das anotações
Amazon Kindle 3 R$799 (Wi-Fi e 3G) (amazon.com)
O
Kindle foi o primeiro eReader a alcançar sucesso mundial – e a chegar oficialmente ao Brasil. Sua terceira geração tem design bem acabado e caprichado. O corpo pode ser em plástico branco (versão com 3G e Wi-Fi) ou preto (versão só com Wi-Fi). Seus botões são confortáveis, incluindo os do teclado QWERTY físico. O processador de 532 MHz e o sistema operacional baseado em Linux fazem dele um leitor rápido no gatilho. Ele teve a mais rápida virada de página dos nossos testes, apenas 0,7 segundo! A duração da bateria também é ótima: com as conexões desligadas, ele aguenta praticamente um mês de uso. Pesando 221 gramas, tem traseira emborrachada e possui saída-padrão para fone, porta miniUSB e um microfone (curiosamente ainda sem utilidade). Sua tela tem ótimo contraste, as letras são bem definidas e o fundo é bem claro, tudo graças aos 16 tons de cinza e à nova tecnologia de E-Ink, conhecida como Pearl (confira o teste exclusivo na ed. 36, pág. 88). O acesso direto à loja da Amazon é possível graças às conexões 3G e Wi-Fi. As compras são realizadas com um clique mediante o cadastro completo no site. O 3G também é grátis em todo o mundo, mas a Amazon cobra US$2 a mais em cada livro fora dos Estados Unidos para cobrir esse custo. O acervo
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em inglês do site é monstruoso, mas os títulos em português são escassos. Um browser ainda em fase experimental permite acessar outros sites, o que requer muita paciência, pois E-Ink não é recomendado para esse tipo de aplicação. Outras funções experimentais são a leitura em voz alta dos livros comprados na Amazon e o tocador de audiolivros e MP3. Embora tenham funcionado a contento, exigiam que ficássemos apertando combinações de teclas como Shift e Symbol, já que não apresentam botões específicos para cada ação. Bem bizarro… A maior facilidade da plataforma Kindle é a possibilidade de ler o mesmo livro em vários lugares como seu desktop, o leitor, o notebook e smartphones de algumas plataformas. É possível ajustar a fonte em até oito tamanhos diferentes, escolher entre três tipos de espaçamento de linhas e também três opções de palavras por linha. E como é fácil de segurar e os botões de passagem estão em ótimo local, a leitura é bem agradável. Há ainda opções para marcar páginas e textos, fazer anotações e armazenar tudo em um arquivo de texto separado que pode ser lido no PC. As anotações e a página em que você parou, bem como trechos dos livros, podem ser compartilhadas entre as plataformas e pelo Twitter ou Facebook. Detalhe interessantíssimo: é possível assinar – direto no Kindle – revistas e jornais gringos e brasileiros. Basta ligá-lo pela manhã para receber tudo. Um luxo só… Para finalizar, uma crítica. A principal desvantagem do Kindle está nos grilhões que o prendem à Amazon. Graças a isso, não é possível ler arquivos ePub, formato-padrão dos mercados brasileiro e mundial. Além disso, seu arquivo proprietário AZW só pode ser lido no Kindle e aplicativos da Amazon para Macs, PCs e smartphones. Tudo bem que formatos como PRC, MOBI, TXT e CBZ foram liberados, mas esqueça PDFs com DRM de livrarias brasileiras como Saraiva e Cultura. Resumindo: até dá para ler muitos tipos de arquivos, mas o problema é a não inclusão dos principais formatos adotados no Brasil. Para aliviar, a Amazon converte gratuitamente PDFs e DOCs para AZW e até os entrega gratuitamente no aparelho via Wi-Fi. E é bom que se diga que leitura de PDFs puros não é a mais indicada. Ele tem 4 GB de memória interna, mas não há espaço para cartões.
Diferencial Conexões Wi-Fi e 3G, teclado QWERTY físico
Lê arquivos em:
ePUB
TXT
HTML
1. Pra que entrada de áudio se ainda não serve pra nada? 2. Com a capinha preta, ele fica estiloso e protegido
Positivo Alfa R$799 (livrariacultura.com.br)
É
um dos leitores eletrônicos mais leves, pesando apenas 194 gramas. Mesmo com a capinha protetora que o acompanha, o dispositivo é diminuto. É muito fácil e confortável segurá-lo com uma só mão e virar as páginas com a outra, simplesmente passando o dedo de um lado a outro da tela. O corpo é preto fosco e sua tela de 6 polegadas sensível ao toque (cuja tecnologia de papel eletrônico é fornecida pela empresa SiPix) ocupa praticamente toda a frente do aparelho. E mesmo oferecendo 16 tons de cinza, seu contraste poderia ser melhor. Pena não ser possível ajustar. A sensibilidade do display é muito boa, de modo que não é preciso “esmagar” o dedo na tela. Entretanto, pode dar vontade de fazer isso, já que a resposta ao toque é um pouco lenta, o que dá a impressão de que nada acontece. Como forma de não deixar o usuário tenso, um LED azul pisca instantaneamente ao menor toque para indicar o ativamento da função. Arquivos em ePub e PDF podem levar até 2 segundos para virar uma página. Nada muito dramático, mas pode irritar. O teclado para buscas e anotações é virtual. A boa notícia é que a digitação foi feita sem problemas, pois o Alfa e seu sistema operacional baseado em Linux e processa-
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dor de 400 MHz são eficientes para lidar com tudo isso rapidamente. A interface é paradoxal. Enquanto as configurações são simples e fáceis de lidar, os botões do menu podem levar um tempo para serem compreendidos por conta da iconografia adotada. Ele permite notas e marcas nas páginas e busca no conteúdo. Botões para aumentar as fontes são facilmente acessíveis. Ele lê arquivos ePub, TXT, HTML e PDF (com e sem DRM) de qualquer fonte, mas esse último requer um pouco de paciência. Há também um dicionário Aurélio embutido, que funciona sem a internet. Basta clicar no ícone de dicionário do menu e clicar sobre a palavra a ser analisada. Um sensor de movimento faz a tela rotacionar conforme a posição do aparelho. É prático, mas pode incomodar quem lê deitado. Para desligar, basta ativar o economizador de bateria, que desliga essa função. Com uso intenso de Wi-Fi e leitura, a bateria não durou sete dias. Somente para leitura, ela passa de uma semana com folga. É possível conectar-se facilmente a uma rede sem fio e ter acesso direto a duas lojas de livros, Saraiva e Cultura (e o Submarino deve chegar em breve). Por meio de seu (um tanto tosco) navegador embutido, também dá para acessar sites com Google, Wikipédia e qualquer outro. Mas só se você tiver paciência para isso, já que ele não é feito para uso normal de internet e pode irritar em virtude da lentidão. Acessar as lojas é fácil. No caso da Saraiva, é preciso ter uma conta AdobeID, que pode ser criada no próprio dispositivo. Tivemos alguns problemas em conseguir sincronizar o aplicativo do computador com o Alfa, mas deu tudo certo no final. Ah, e ele também desliga o Wi-Fi cada vez que você fechar o navegador ou o leitor – o que é ótimo para a bateria, mas um pouco chato para o usuário. Os mais de 120 mil eBooks da Cultura podem ser adquiridos de maneira tradicional por compra online. Ele tem 2 GB de memória interna, mais do que suficiente para 1.500 livros. Se você quiser mais, ele ainda suporta cartões microSD de até 16 GB. Mesmo com o Wi-Fi atualizado, ainda não há novidades sobre o áudio. A entrada disponível já está energizada e existe um botão físico para controlar essa função, mas não há previsão de quando será inserida.
Diferencial Tela de toque, capa inclusa, acelerômetro, dicionário brasileiro, Wi-Fi www.winajuda.com.br
Upgrade Grande teste
ePUB
TXT
PRC
MOBI
BMP
HTML
RTF
JPG
PNG
GIF
MP3
1. Botões de toque que parecem de apertar 2. Com a capinha, passa despercebido como diário ou agenda
W860 R$ 599 (maniavirtual.com.br)
T
al qual o Digle Book, o W860 é mais uma aposta das importadoras e lojas brasileiras para aquecer o mercado de livros eletrônicos. E ele não decepciona: já sai da caixa com uma boa capinha protetora. Além dela, encontramos também fones de ouvido, cabo USB e carregador. O design é simples e sóbrio, todo de couro preto fosco. Logo abaixo da tela há quatro botões sensíveis ao toque (que parecem ser de apertar à primeira vista) com controle de volume, para virar páginas, home, seleção de música, zoom e retorno. Abaixo ficam a saída para fone, porta miniUSB, entrada para cartão, botão de energia e o reset. É o mais leve dos testes: pesa apenas 189 gramas! O menu todo em português é fácil de entender. É possível executar uma função com poucos cliques. Entretanto, o botão home (representado por uma casinha) pode confundir: clicar nele não significa que você vai retornar ao menu principal do aparelho, mas abrir o menu do livro que estiver sendo lido ou outras funções diferentes. Na hora da leitura, estranhamos um pouco o fato de os botões para passar a página só estarem na lateral direita, o que pode prejudicar o usuário canhoto. No resto, ele se saiu bem. Levou 6 segundos para abrir um livro em ePub e 3 segundos na virada de página. No PDF, foram 5 segundos para abrir e 2,5 segundos para mudar de página. É possível inserir marcadores de página nos arquivos, mas não se pode inserir qualquer anotação ou grifo no texto. Mas se você não colocar o www.winajuda.com.br
WMA
marcador de páginas, ele não se lembrará do local onde você interrompeu a leitura de um livro, função que é essencial em um eReader. É possível escolher ler em até oito fontes diferentes. Ele não lê arquivos ePub e PDF com DRM, logo, não vai funcionar com a maioria dos livros vendidos em grandes livrarias. Porém, o W860 reconhece arquivos em MOBI, HTML, TXT, RTF e PRC, além de JPG, BMP, PNG, GIF, MP3 e WMA. Às vezes podem ocorrer alguns problemas de acentuação, mas é possível que sejam devido à conversão de arquivos. A tela tem bom contraste, mas quando viramos uma página ou selecionamos uma imagem diferente, a marca da página ou imagem anterior fica na seguinte por um tempo maior do que o esperado. Ele tem apenas oito tons de cinza na composição da tela, então, fotos podem ficar com baixa definição. Porém, mostrou-se competente para quadrinhos como mangá, já que a transição de páginas em JPG é rápida. O W860 tem 2 GB de memória interna e aceita cartões no padrão SD com capacidade para até 8 GB. Ele roda sob sistema Linux e seu chipset é o STMP3780, um processador utilizado em tocadores multimídia. O som externo dele é um pouco baixo, mas para tocar áudio sem incomodar ninguém o W860 já vem com um par de fones (que não é dos melhores, mas permite ouvir música ou um audiolivro em local quieto sem problemas). Há uma área dedicada para a música, onde é possível ver artista, álbum e nome da canção, mas navegar pelo tocador é um pouco confuso. Sua bateria tem duração média. Ouvindo música, os “palitinhos” que indicam a carga caíram rapidamente. E na leitura de livros, aguentou mais de uma semana de uso intenso. Uma coisa estranha que notamos foi que, no desligamento automático, ele manteve a página que deixamos, assim, pensamos que ele tinha travado, e não desligado. Seu preço o torna competitivo em relação ao Alfa e ao Cool-ER. Embora não tenha nenhuma conexão sem fio ou outras funções como o Kindle, ele cumpre seu uso com competência e tem bom custo–benefício.
Diferencial Capa protetora e fones de ouvido inclusos Janeiro 2011 |
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Lê arquivos em:
TXT
HTML
RTF
MOBI
PRC
ePUB
PDF 1. Vários botões dedicados, haja memória! 2. A bateria é substituível, mas o fone não é padrão
Cool-ER R$600 (gatosabido.com.br)
O
simpático e espartano Cool-ER possui processador de 400 MHz, sistema baseado em Linux, mas não tem Wi-Fi, 3G, teclado físico nem capa protetora. Se você quer um aparelho simples, que apenas leia eBooks, esse é “o cara”. O design de seu corpo plástico, disponível em três cores, não é dos mais belos. Além disso, parece que está faltando alguma coisa dentro dele: parece que ele é meio oco. Isso se traduz em seu peso de apenas 193 gramas, um dos mais leves em nossos testes. Há muitos botões nas laterais: um para música, outros para rotação de tela, home, menu e volume. Na parte de cima ficam o botão de energia e a entrada para cartões. Embaixo, a entrada para fones e uma porta microUSB. Na frente fica, apenas o pad de navegação. Não há teclado físico e os botões são duros; demora um pouco para decorar o que é o quê. O pior é que, para chegar a algumas funções, serão necessários quase dez cliques. Brincadeira! O contraste de sua tela de E-Ink de oito tons de cinza não é dos melhores, o que o torna pouco indicado para a exibição de imagens.
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A leitura nele é simples, ajudada por seu peso. Mudar a página pelo pad navegador é um pouco complicado, mas a transição não teve problemas. Se estiver difícil de ler, é só aumentar a fonte pelos botões do volume. Há três tipos de fontes e oito tamanhos bem grandes. Você pode escutar músicas e audiobooks apertando o botão exclusivo para áudio. Sua memória interna de 2 GB, dá para mais de mil livros ou uma centena de músicas, e ainda pode ser expandida com cartões SD de até 4 GB. A saída para fone é menor do que a padrão, o que é resolvido com o adaptador que já vem na caixa. E para quem quer se distrair, vem com o jogo Sudoku na memória. Em nossos testes, os formatos TXT, MOBI, PRC, ePub (com e sem DRM), PDF (com e sem DRM), HTML e RTF foram exibidos com ótima visualização e diagramação. E já que trabalha com DRM, pode ser utilizado para a leitura de arquivos das principais livrarias brasileiras, desde os comercializados pela Gato Sabido até os vendidos pelo Submarino e afins. Alguns livros de domínio público já vêm na memória. Para inserir mais, basta colocar um cartão SD ou conectá-lo ao PC e arrastar tudo para a memória ou com a ajuda do aplicativo Adobe Digital Editions, gratuito. Não é novidade que eReaders não se dão muito bem com PDFs. E mesmo vindo com a tecnologia Reader Mobile da Adobe, esse fato não poderia ser diferente com o Cool-ER. Isso permite alterar facilmente o tamanho da fonte do PDF, por exemplo, mas arquivos com muitas imagens fazem a rolagem de página ser muito demorada. Por não apresentar qualquer conexão sem fio, a duração da bateria passa das duas semanas. Porém, é bom você lembrar o que estava lendo antes de desligar o aparelho, já que ele volta ao menu inicial, o que nos obriga a ter de abrir o livro do início. No entanto, é possível colocar marcadores nas páginas e também buscar palavras específicas. A má notícia é que o teclado virtual exige paciência para ser usado. O Cool-ER é a opção nacional mais barata do mercado. Isso faz dele uma boa escolha se você não lê muitos livros ou não enxerga letras pequenas. Dá para embarcar na onda dos eReaders gastando pouco.
Diferencial Simplicidade e economia www.winajuda.com.br
Upgrade Grande teste Lê arquivos em:
JPG
PPT
PPTX
ePUB
DOC
DOCX
CBZ
TXT
1. Design sóbrio com muitas conexões 2. Slot com tampinha e o teclado QWERTY bonitão
iRiver story R$1099 (livrariasaraiva.com.br)
O
mínimo que podemos dizer do (ainda caro) iRiver Story é que ele surpreendeu. Esperávamos receber uma cópia do Kindle 2, mas descobrimos que o iRiver Story é muito mais bonito que a segunda geração do eReader da Amazon. Olhando de perto, vemos um aparelho mais caprichado, com teclado QWERTY físico e teclas quadradas e espaçosas. Os botões para virar a página parecem fora do lugar, mas logo se percebe o propósito: servem para quem lê o livro com as duas mãos ao mesmo tempo. O peso-pesado deste teste (são 289 gramas) tem acabamento de plástico branco fosco e, na parte de baixo, traz um plugue-padrão para fones, um microfone, saída miniUSB e a entrada para cartões SD, esses dois últimos cobertos por uma tampinha. A combinação do processador de 533 MHz e sistema baseado Linux resultou em um eReader bem ágil. Para leitura, ele é agradável. O contraste da tela de E-Ink não é muito forte, mas outras funções o tornam prático. Sua bateria, por exemplo, é a que mais dura entre os leitores disponíveis no Brasil. Dá para usar intensamente por mais de uma semana sem se preocupar com tomada. Além disso, ele tem, no teclado, um exclusivo botão para girar a tela. O iRiver Story aceita uma grande variedade de formatos, como PDF
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MP3
(com e sem DRM), ePub (com e sem DRM), DOC, XLS, PPT, CBZ, TXT, MP3. É isso mesmo, dá para visualizar nativamente arquivos da suíte Office, mesmo que com certa dificuldade e vagarosidade. BMP, GIF e JPG também são aceitos. No PDF ele não faz feio. Os arquivos que têm texto reconhecível ficam com leitura melhor quando ativamos o recurso Refluxo, que tira as frescuras como fundos e bordas, deixando apenas o texto, que também pode ser aumentado. Entretanto, o zoom é extremamente lerdo. O story tem a mais bela interface entre os eReaders. Contudo, o bom design visual acaba prejudicando a usabilidade, pois as fontes escolhidas ficaram muito pequenas e dificultam a leitura. Mas quem conseguir enxergá-lo navega tranquilamente por todas as funções – em português. As categorias pré-programadas são livros, quadrinhos, documentos pessoais, marcadores e conteúdo do cartão SD. Bem prático. Nossos cronômetros cravaram 2,5 segundos para a transição tanto de ePubs como PDFs. Nada tão devagar a ponto de se perder as estribeiras. Porém, fotos de câmeras digitais em resolução muito alta podem não ser exibidas, já que sua tela tem apenas oito tons de cinza e resolução de 800×600 pixels. O iRiver Story possui botões dedicados para mídia no teclado físico. Ele reproduz áudio tanto por meio de suas caixinhas (que dão para o gasto) quanto em fones de ouvido via plugue-padrão. E falando em áudio, ele vem com microfone que permite gravar notas em MP3 para serem posteriormente transferidas para o PC. Entre outras funções incomuns, estão uma agenda e também uma área exclusiva para escrever notas, que podem ser salvas no formato TXT. Sua memória interna de 2 GB é suficiente para 1.500 livros. Mas se você quer mais espaço para músicas e audiobooks, é possível expandila para até 32 GB via cartão SD. E se ainda quiser já sair lendo livros, o iRiver Story vem com 200 e-books gratuitos, a maior parte em inglês. A falta de Wi-Fi pode ser uma desvantagem para quem procura um leitor conectado. Entretanto, para quem quiser apenas ler e-books, isso não deve ser um problema.
Diferencial Design, gravação de voz, leitura de arquivos Office, teclado QWERTY físico Janeiro 2011 |
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ePUB
HTML
RTF
DOC
MP3
JPG
WMA
1. Teclado alfanumérico ao lado é meio inovador… 2. Esta capinha deixa o Digle discreto e muito protegido
Digle Book R$899 (diglebook.com.br)
O
Digle Book vem embalado em uma bela caixa e traz uma caprichada capa de couro com fecho imantado. Ele é pequeno, mas não é muito leve, pesa 218 gramas. Sua interface digital é bem simples e está em português. Todas as funções estão na home e as configurações são acessadas com, no máximo, três cliques. Há categorias para todos os gostos: os últimos dez livros lidos recentemente, músicas, fotos, configurações e uma dedicada só para o guia do usuário. Não é possível ver o conteúdo do cartão microSD e o que está na memória interna ao mesmo tempo; é preciso selecionar a pasta e trocar a forma de armazenamento. Já os botões são confusos. O teclado alfanumérico físico fica na lateral e não tem muita utilidade; os botões que ficam abaixo da tela (todos com indicação em inglês) servem para dar zoom, retornar à home, avançar a página e rotacionar a tela. O pad de navegação central, por exemplo, só serve para navegar pelo menu do aparelho. Ele vem com 2 GB de memória interna, que abriga aproximadamente 1.500 livros. Se quiser mais espaço, aceita cartões de até 8 GB, mais do que suficiente para carregar tudo o que você desejar. Para completar,
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esse leitor traz 181 livros em língua portuguesa, todos de domínio público. Já dá para se distrair por mais de um ano sem gastar um centavo ou mesmo garimpar eBooks pela internet afora. Com esse armazenamento, também é possível ouvir música no Digle – a bateria aguenta até dez horas tocando áudio. Ele tem um player dedicado e é possível controlar o volume por botões na lateral, tanto do som interno como externo. Entretanto, a entrada do fone não é a padrão, assim como o Cool-ER. Mas as semelhanças acabam por aqui, pois ele não vem com um adaptador. Que tristeza… Compatível com um grande número de arquivos como ePub, PDF, HTML, RTF, TXT e DOC, o Digle às vezes pode enfrentar problemas com diagramação, acentuação ou imagens embutidas. E por não aceitar PDF e ePub com DRM, não exibe arquivos das principais livrarias brasucas. Que tristeza, de novo… A tela de E-Ink tem bom contraste, o que ajuda a ler quadrinhos, mas letras muito pequenas podem ficar prejudicadas com a baixa definição e os oito tons de cinza disponíveis na tela, o que o torna impróprio para visualizar fotos. Não há especificações sobre o processador, apenas que é um ARM9, o mesmo utilizado em consoles portáteis de videogames. Na hora da leitura, levou 7 segundos para abrir um livro em ePub e mais 5 para virar a página. Já no teste com um PDF, foram 5 segundos para abrir e outros 2 para virar. É possível marcar páginas e rotacionar a tela e só há um meio de voltar à pagina anterior: é necessário digitar o número da página desejada no teclado lateral. Sim, enquanto todos os outros leitores permitem que se faça isso com um só botão, o Digle oferece uma alternativa para lá de burocrática. Por quê? Em compensação, sua bateria teve boa duração em nossos testes, mesmo dizendo no manual que aguenta menos do que outros modelos. Como ele não tem conexão sem fio, passamos vários dias usando-o e a carga não caiu em mais do que 25%. Uma função inteligente permite escolher precisamente em quanto tempo ele vai se desligar, de 1 a 999 minutos. Dá para carregar o bicho tanto pelo PC como pela tomada.
Diferencial Livros e capas já inclusos www.winajuda.com.br
Upgrade Grande teste O que é o papel eletrônico? Todo mundo que pega um eReader na mão se impressiona com a tela, muito parecida com papel. E logo depois fica nervoso, porque a transição de páginas com mais de dois segundos parece uma eternidade para quem está acostumado a tablets, notebooks e smartphones. Fica mais fácil entender a “lerdeza” do papel eletrônico quando descobrimos que as letras formadas na tela são mesmo feitas de… tinta! Isso mesmo, a coisa é bem mais simples do que parece. Esse display nada mais é do que um sanduíche em que uma
camada de microcápsulas cheias de tinta oleosa e micropartículas brancas e pretas é envolvida por duas camadas de circuitos. Para formar uma letra, linha ou imagem, o chip do leitor envia informações para as camadas magnéticas dispararem cargas fazendo com que essas bolinhas mudem de posição – neste caso para cima ou para baixo. Com isso, exibem pontos escuros ou claros na superfície da tela para formar letras, linhas e até imagens. Esse processo de transição de tintas e partículas é muito mais vagaroso do que
o de uma tela de LCD, onde, basicamente, temos minúsculas luzes ligando e desligando. E como a tela de papel eletrônico só gasta energia quando muda de aspecto, também podemos entender o porquê de a bateria de um leitor eletrônico durar tanto. Caso o usuário prefira ler textos com fontes maiores, por exemplo, terá de virar páginas com maior frequência. Com isso, a bateria se esvai mais rapidamente. Ou seja: a dica é, na medida do possível, optar por letras menores para que seu eReader fique ligado por mais tempo.
Tabela de especificações técnicas FABRICANTE
POSITIVO ALFA
AMAZON KINDLE 3
GATO SABIDO COOL-ER
IRIVER STORY
DIGLE BOOK
W860
TELA
Toque de 6”
6”
6”
6”
6”
6”
DIMENSÕES (MM)
168 x 123 x 9
190 x 122 x 9
185 x 118 x 10
205 x 127 x 10
164 x 126 x 11
180 x 130 x 10
MEMÓRIA
2GB
4GB
1GB
2GB
2GB
2GB
CARTÃO
microSD de 32GB
Não aceita
SD de 4GB
SD de 32GB
microSD de 8GB
SD de 8GB
ÁUDIO
Não
Int / Ext
Interno
Int / Ext
Int/Ext
Int/Ext
TECLADO
Virtual
Físico
Virtual
Físico
Físico
Virtual
BATERIA (EM VIRADAS DE PÁGINA)
8 a 10 mil
10 mil
8 mil
9 mil
7 mil
7 mil
CONEXÕES SEM FIO
WiFi
WiFi / 3G
Não
Não
Não
Não
FORMATOS ACEITOS
ePub (com e sem DRM), PDF (com e sem DRM), TXT e HTML
AZW, JPG, TXT, PRC, MOBI, PDF (sem DRM), CBZ, MP3
TXT, HTML, RTF, MOBI, PRC, ePub (com e sem DRM), PDF (com e sem DRM), MP3
JPG, PPT, PPTX, PDF (com e sem DRM), ePub (com e sem DRM), DOC, DOCX, CBZ, TXT, MP3
ePub, PDF, HTML, RTF, DOC, MP3, WMA, JPG
ePub, PDF (sem DRM), MOBI, HTML, TXT, RTF, PRC, JPG, BMP, PNG, GIF, MP3 e WMA
PESO
194
221
193
289
218
189
800
R$540 (Wi-Fi) e R$710 (Wi-Fi+3G)
599
1099
899
599
PREÇO NOTA
Veredicto final Embora não tenhamos um campeão inconteste, três eReaders se destacam na multidão. Se está empolgado com o mercado de eBooks brasileiro, está com dinheiro sobrando e está doido para entrar na onda, seu aparelho é o Positivo Alfa. Vem com rede sem fio, tela de toque e
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suporta arquivos em ePub e PDF com o DRM (de que as grandes livrarias locais tanto gostam). Mas, se o seu negócio são “eBooks alternativos”, curte ler em inglês e não quer gastar os tubos, a melhor pedida é o Kindle, aparelho que oferece qualidade, bom desempenho e preço atrativo. Nossa escolha econômica fica com o W860, que não é incrível, mas oferece um bom serviço pelo preço pedido. É bom que se diga que cada um dos outros aparelhos testados também tem seu mérito. O iRiver Story e seu belo design e ótimo acabamento; o Digle Book e as centenas de livros que traz na memória, o Cool-ER com sua simplicidade de uso… Quando uma nova tecnologia é lançada, é fundamental informar-se o máximo possível para fazer a melhor escolha. E esperamos ter ajudado com nosso primeiro teste de eReaders. Novembro 2010 |
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