Fotografando notícias 4 edição

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FOTOGRAFANDONOTÍCIAS Fotografando Noticias. Ano IV. Fevereiro/2016. Jornal Online Experimental

Verônica Teles

FESTIVAL GUARNICÊ DE CINEMA

Na 38ª edição, 21 filmes participaram da mostra competitiva página 10 Verônica Teles

Tamara Cantanhede

Leonardo Maluf

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Entrevista Lauro Vasconcelos pág 8

Gisele Carvalho

Vida Saudável Dieta Detox

Leonardo Maluf

Perfil: Professor Protásio Cézar Laboratório de Arqueologia da UFMA “Se não fosse relações públicas, LARQ está estudando estearias seria relações públicas”. na baixada maranhense


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Editorial “Cada mergulho, é um flash”, já dizia a personagem Odete, interpretada por Mara Manzan em O clone. Na época, lá em 2001, essa frase era dita por todos, e ainda se ouve por ai, de vez em quando. O boom dos paparazzi não era tão grande assim! Se fosse dita hoje, poderia ser “cada piscada é um flash”, isso em forma de selfie. Acho impressionante como escancaramos as nossas vidas pelas imagens, ai está o Instagram, facebook e o bombado snapchat que não me deixa mentir. O pior que nem percebemos. No entanto, para sair lacradora, não basta apenas fazer aquela maquiagem maravilhosa, ou copiar a pose das subcelebridades do momento. Tem que saber um pouco de luz, composição fotográfica e algumas técnicas necessárias para que a fotografia fique boa e gere curtidas. Quem, além dos seus amigos mais próximos, vai curtir aquela foto mal enquadrada, escura e com o foco errado? Não sei, mas eu não serei. Digo tudo isso, porque mesmo? Bom, fotografia é comunicação, assim como as redes sociais, e um bom comunicador, além de usuário das redes, deve ter o conhecimento mínimo sobre a arte de fotografar, nem que seja pra criticar, positivamente, o trabalho alheio, claro. Quando entrei no curso de Rádio e TV, não sabia nada de fotografia, mas admirava quem entendia como tudo acontecia. Ao descobrir, lá pela metade do curso, que poderia fazer o Fotografando Notícias, um curso extensionista do laboratório de fotografia do curso Comunicação Social - UFMA, achei sensacional. Primeiro que poderia fazer nos meus horários vagos, sem comprometer as disciplinas. Segundo que aprendi os primeiros passos com uma professora profissional de Mercado que sabe do que está falando e não é uma marinheira de primeira viagem pseudofotógrafa – o que me possibilitou entender como funciona o mercado fotográfico, sem deixar de lado a criatividade. Lá não se aprende apenas a composição fotográfica, mencionada lá em cima, ou os complexos (para mim), iso, diafragma e suas numerações, mas o valor da expressão. Fotografar não é só um verbo no infinitivo com quatro sílabas e enquadramentos em primeiro plano chapado, e sim o vislumbrar agraciado de um momento eternizado por alguém, no caso o fotógrafo. É o sentir. O querer transmitir. O Dizer. Atualmente não trabalho ativamente com fotografia, mas os conhecimentos apreendidos com o Fotografando Notícias ficaram na mente, e sempre que preciso, no trabalho ou no lazer, relembro e dou alguns cliques consideráveis! Passei a amar a fotografia e admirar quem tem o olhar clínico e ao mesmo tempo criativo de passar a sua mensagem de forma poética! Fotografia também é poesia! Não há a necessidade do tradicional. O mundo precisa de criatividade, cor... cliques! Espero que muitos outros alunos passem por lá e saiam com esse sentimento de inovação e renovação! Bora fotografar, meu povo!

Letícia Mourão

Expediente Universidade Federal do Maranhão - UFMA Laboratório de Fotografia Departamento Comunicação Social Reitora Prof. Dr. Nair Portela Vice-Reitor Prof. Dr. Fernando Carvalho Chefe de Departamento Profa. Dra. Protásio Cézar Coordenador do Curso CS Prof. Msc. Luiziane Orientado e Organizado, Revisão de Texto, Edição Fotográfica DSC UFMA: Profa. Esp. e Téc. Lab. de fotografia Mary Aurea de A. Costa E. Projeto gráfico e editoração eletrônica Fabiana França. Graduanda do curso de Comunicação Social Rádio e TV/UFMA

Textos Gisele Carvalho Leonardo Maluf Leticia Mourão Verônica Teles Fotos Aline Azoubel Áurea Costa Gisele Carvalho Leonardo Maluf Veronica Teles Fale Conosco: labfotografiaufma@gmail.com Tel.(98) 3272-8420 Av. dos Portugueses, Centro de Ciências Sociais, Laboratório de Fotografia Departamento de Comunicação Social Bacanga, CEP.: 65080-040 São Luís – MA.


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Os prós e contras da dieta Detox texto e fotos Leonardo Maluf Ao longo dos últimos tempos, tem se ouvido falar bastante da dieta detox, uma alimentação a base de frutas e sucos naturais que promete livrar o corpo de toxinas e ainda ajudar na perda de peso e aceleração do metabolismo. Na verdade, existem vários tipos de dieta detox, o mais comum é a baseada quase exclusivamente em frutas e sucos verdes. Essa alimentação, segundo nutricionistas, serve para reduzir os impactos de substâncias que fazem mal ao organismo como aditivos alimentares, pesticidas, poluentes do ar, bifenóis presentes em embalagens plásticas, entre outros. Ou seja, faz uma limpeza no organismo. Como resultado há a desintoxicação e uma perda de peso em poucos dias, no entanto, o consumo exclusivo da dieta detox por tempo indeterminado pode trazer problemas ao organismo desde tonturas, fraquezas até danos irreversíveis, pois ao cortar alguns alimentos, o corpo irá precisar de algumas vitaminas, proteínas e minerais que são essenciais à saúde. Além disso, o consumo de suco detox em excesso sobrecarrega o funcionamento do fígado e dos rins, pois estes órgãos precisarão utilizar energia de outras fontes para funcionar causando doenças metabólicas. Nesse processo, os rins acabam sendo os mais prejudicados, pois eles controlam os eletrólitos no organismo e o excesso de líquido causa um desequilíbrio desses eletrólitos. Para o corpo ficar desintoxicado e não ficar sujeito a doenças, a nutricionista Aline Pontes recomenda que a dieta seja feita durante uma semana, ou no máximo vinte dias, pois “o organismo pode criar um bloqueio contra esses alimentos que foram tirados da alimentação e depois será mais difícil voltar ao consumo normal”. A nutricionista alerta ainda que a utilização desta dieta unicamente para o emagrecimento é um erro, pois como essa alimentação a base de líquidos reduz

Alimentos complementares para Dieta Detox: Suco de Laranja, Mel, Couve-folha e Gengibre

drasticamente o consumo de calorias, o organismo irá acumular muito mais gordura do próprio corpo e assim, “após uma dieta detox muito restritiva e por um período extenso a pessoa pode não só voltar ao peso original como ganhar mais gordura, pois o corpo vai querer voltar ao peso perdido, mas só recupera a gordura e então a pessoa fica mais flácida”.

Para manter um corpo saudável em longo prazo, Aline Morais indica a substituição de alimentos industrializados por alimentos livres desses aditivos, como grãos, frutas, legumes devem ser consumidos em maior quantidade. Aliado a isso, é recomendada a prática de atividade física para que não haja resquícios dentro da corrente sanguínea que não possa ser metabolizado.

Nutricionista, Aline Pontes, com alguns ingredientes da Dieta Detox


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PERFIL: Professor Protásio CÉzar Dos Santos “Se não fosse relações públicas seria relações públicas”. Com quase quarenta anos como professor, Protásio nem sempre soube que seria relações públicas. Seus pais queriam que ele fosse médico, no entanto, depois de um teste vocacional ele descobriu o que faria para o resto da vida.

texto Leonardo Maluf fotos Aline Azoulbel, Áurea Costa e Leonardo Maluf A nossa conversa aconteceu em sua sala no Departamento de Comunicação Social da UFMA. Antes mesmo de começar a entrevista ele fica bem à vontade e pede que eu explique sobre o que exatamente é o enfoque da entrevista, pois não queria “falar besteira demais”. Logo após nossa prévia conversa eu pergunto se há algum problema em fazer perguntas pessoais e ele responde prontamente que não tem problema nenhum com isso. Então, começamos oficialmente a nossa entrevista. Protásio Cézar dos Santos é professor de comunicação social e profissional de relações públicas e muito decido quanto a isso, mas nem sempre foi assim. De uma família rígida em que os pais determinassem quais carreiras os filhos devem seguir, Protásio sempre ouviu que deveria ser médico. Fez alguns vestibulares, mas não passou para medicina. Decidiu passar um tempo no Rio de Janeiro e foi em um teste vocacional que descobriu que tinha aptidão para trabalhar em comunicação social e, dentre as opções que o curso oferecia, Protásio se identificou com relações

Professor Dr. Protásio Cézar em sua sala no Departamento de Comunicação Social - UFMA

públicas. Um amor à primeira vista que tem dado muita satisfação e realização profissional, pois quando perguntei qual seria sua profissão alternativa se não fosse essa ele respondeu “se não fosse relações públicas seria relações públicas”. Na carreira de professor, que atua a trinta e oito anos, aconteceu meio que por

Professor Dr. Protásio Cézaar em sala de aula com alunos do curso de Comunicação Social

acaso. Assim que voltou para o Maranhão começou a trabalhar como assessor de comunicação, ele foi convidado por um professor para lecionar em seu lugar no curso de engenharia da FESM (Federação das Escolas Superiores do Maranhão); Protásio gostou da experiência e decidiu seguir carreira no magistério. Segundo ele, lecionar era uma vontade que tinha guardada em si, pois desde criança sempre teve vontade de “mandar”, liderar, e estar à frente ensinando as pessoas. Quanto à sua gestão de chefe do departamento de comunicação social, Protásio assume gostar muito da função. Ele adora cuidar da parte administrativa do curso e já está em sua quarta gestão. No entanto, ele diz não estar acostumado ainda com falta de compreensão de algumas pessoas que acham que ele tem de resolver tudo, e fez até uma analogia em relação a isso “O chefe de departamento é como a rainha da Inglaterra que reina, mas não governa”. Encerrada a primeira parte da entrevista, fui procurar mais a fundo como foi o Protásio como estudante


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e ele disse que passou por várias fases indo de médio, bom a muito bom aluno. Inclusive, a fase na universidade foi essa com muito bom desempenho e segundo ele é a fase que o estudante tem que buscar mais conhecimento pois “ao entrar na universidade, você (o estudante) já é um profissional e tem que pensar em termos de mercado. Hoje o aluno que está ‘antenado’ não deve esperar o conhecimento unicamente do professor, pois percebe que noventa por cento depende dele e ele tem condições de acessar o conhecimento”. Continuamos nossa conversa por mais alguns minutos até que migramos para a comunicação na atualidade, sobre a quantidade de informação na internet e a banalização da fotografia. Ele acredita que não só a fotografia está ficando cada vez mais banalizada, mas sim a vida no geral. Esse excesso de compartilhamento de fotos e publicações sem nenhuma preocupação faz com que as pessoas percam o sentido do coletivo, o sentido do respeito. Para ele, a sociedade está tornando pessoas mais “depressivas e revoltadas, pois se está perdendo a coletividade com esse excesso de cultura, de produção e consumo.” Protásio contou ainda que em uma aula recente, ele debateu o assunto sobre essa

falta de sentimento que está tornando as pessoas mais violentas, e sem respeito umas pelas outras. Desse ponto ele partiu para sua família, contando que sempre ensinou os filhos a pedirem a benção aos avós, pois acredita que esse contato com a família, com o humano é muito importante numa sociedade cada vez mais individualista. “Hoje as pessoas estão se fechando com suas individualidades com as máquinas e perdendo oportunidade de ter um relacionamento com as pessoas” conclui ele. FOTOGRAFIA Quando perguntado sobre a sua experiência com fotografia, Protásio disse não possuir muito contato com câmeras. No seu tempo como universitário os laboratórios não dispunham de equipamentos fotográficos, portanto as únicas experiências foram longe do ambiente acadêmico e sem nenhuma noção técnica das coisas. Ele inclusive conta de algumas fotografias que tem em casa do tempo que as câmeras possuíam filmes. Segundo ele, as fotos sempre saíam escuras ou claras demais, desfocadas, e chegava até a cortar a cabeça das pessoas ou alguma outra parte do corpo, no entanto são fotos que o fazem lembrar-se

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de belos momentos. Apesar da sua falta de um conhecimento técnico mais aprofundado, Protásio diz admirar a profissão e, para ele, “fotografar com alma” é o que considera essencial em um fotojornalista; “ele precisa fotografar com a alma, precisa captar o mais próximo da realidade”, diz ele. HOBBIES E SONHOS Numa parte mais descontraída da conversa perguntei sobre a intimidade dele, como seus hobbies e sonhos. Ele é assinante de uma companhia de streaming e adora assistir filmes. Outra paixão é a leitura, demonstrou ser um leitor assíduo dos romances de Sidney Sheldon e Agatha Christie “li todos os livros de Agatha Christie” revela. Por fim, questionei sobre algum sonho ainda não realizado e Protásio disse querer visitar a cidade de Jerusalém, no entanto espera um pouco mais de paz para que possa conhecer a cidade sagrada. Acabada a conversa, disse que precisaria de algumas fotos para o jornal on line Fotografando Notícias. Sempre muito divertido ele exigiu que eu tirasse uma foto de um ângulo que o favorecesse e não desse tanta atenção aos seus cabelos.


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Laboratório de Arqueologia da UFMA estuda estearias da baixada maranhense O LARQ é o único laboratório que trabalha com arqueologia acadêmica no Estado texto e fotos Verônica Teles Descobrir e conhecer a cultura e o modo de vida das sociedades antigas é o principal objetivo da arqueologia, ciência que, por meio da análise de restos materiais como objetos e con struções antigas, ajuda a reconstruir a vida de povos que nos antecederam. No Brasil, até meados do século XIX, viajantes estrangeiros realizavam coletas e observações no país acerca desses materiais, mas somente durante o Segundo Reinado as primeiras instituições de pesquisa foram realmente implantadas no país com Dom Pedro II, como o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Mais tarde, outras organizações, como o Museu Paulista e Museu Paraense foram surgindo.

No Maranhão, um grande passo para os estudos arqueológicos foi dado no ano de 2014, com a inauguração do Laboratório de Arqueologia (LARQ), vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHIS) da Universidade Federal do Maranhão. O laboratório foi idealizado ainda em 2010 pelo arqueólogo, professor do departamento de história da UFMA e autor de livros sobre arqueologia nas Américas, Alexandre Navarro, durante uma reunião de assembleia de departamento. Hoje, ele coordena o laboratório e conta com a participação do museólogo Helder Luiz Bello de Mello e alunos pesquisadores de

vários cursos de graduação da UFMA. O LARQ surgiu do desejo de se contemplar o Estado com estudos voltados para as estearias, sítios arqueológicos e palafíticos onde viveram populações indígenas do passado. Até o momento, já foram analisadas as peças das estearias do Município de Pinheiro, e atualmente estão sendo realizados estudos das peças da estearia do Caboclo, encontradas no Município de Santa Helena. A intenção é analisar, comparar os dois sítios e avaliar se essas populações foram contemporâneas, se viveram durante o mesmo período, produziam o mesmo tipo de cerâmica, usavam o mesmo tipo de material, entre outras

Sala onde funciona o Laboratório de Arqueologia da UFMA, LARQ


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Peças da estearia do Caboclo em fase de estudo

análises. Há vestígios destas populações por toda a baixada maranhense. O laboratório realiza um trabalho minucioso de análise deste material através de um processo cauteloso com etapas que envolvem, inicialmente, a procura das peças e sua retirada do lago, em seguida, a higienização, a numeração, a pesagem e a análise por meio do microscópio para identificar quais substâncias compõem a peça, a tecnologia desenvolvida por eles para produzir à cerâmica e identificação tanto das características daquela sociedade quanto do tempo que ali viveram. Um processo que dura cerca de seis meses. As peças podem ser coletadas em campo ou chegar ao laboratório por meio de doação. Ao todo, 770 peças já foram analisadas e um total de 5 mil ainda faltam ser estudadas. A proposta é que após todos esses procedimentos as peças façam parte do Museu de Arqueologia da Universidade, que funcionará no prédio da antiga Fábrica Progresso, onde funcionava o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado, Sioge. A proposta é também expandir os estudos para outros sítios arqueológicos do Maranhão e visitar estearias em outros municípios, como Viana, Pedro do Rosário, Penalva e Olinda Nova, locais que ainda não foram muito estudados. “O legal é dar visibilidade para essas comunidades,

Cássia Betânia, aluna pesquisadora, realiza processo de higienização do material coletado nas estearias

saber que existe um grande patrimônio arqueológico e cultural ali, ver aquela sociedade se envolver naquele projeto e mostrar que aquilo ali não é só um lago, não é só um esteio, e sim o patrimônio da humanidade”, enfatiza Cássia Betânia, estudante do 8º período de história da UFMA e aluna bolsita do laboratório. A estudante ainda relata sua experiência como pesquisadora do projeto: “eu conheci os sítios, as comunidades e

desenvolvi outro conceito de patrimônio cultural. Tive experiências muito boas, então além do aprendizado acadêmico, vêm às experiências de vida porque você conhece outras comunidades que vivem de forma completamente diferente da sua. É legal entender como essa população 700 anos atrás já ‘tava’ fazendo esse material, já ‘tava’ sobrevivendo e vivendo de uma forma tão sustentável, tão independente”.


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Fotografia: Um amor à Segunda Vista Lauro Vasconcelos é uma daquelas pessoas que tem paixão pelo que faz. Mas não foi sempre assim. Mesmo tendo contato com a fotografia ainda cedo, o que ele queria era ser jogador de futebol. No entanto, foi na fotografia que ele se encontrou texto e fotos Gisele Carvalho FN. Como começou sua relação com a fotografia? LV. Bom, quando tinha 10 anos de idade, meu irmão mais velho que morava aqui em São Luis mandou buscar o resto da família que morava em monte Alegre (PA). Ele é fotografo e dono do Foto Brasil. Eu ainda nem imaginava ser fotógrafo, porque na época o que queria ser era jogador de futebol. Mas, como morava com ele, tive que começar a bater retrato 3x4 e ir para o laboratório revelar. Mais tarde, com 16 anos, comecei a trabalhar com meu tio Jorci, que tinha o Foto Nazaré. Eu batia foto 3x4,10x15 e comecei a fazer pequenos aniversários. Foi quando comprei minha primeira câmera fotográfica uma Zenit 58mm. Depois disso, fui trabalhar no Foto Mocó (Mobi e Cordeiro) e depois meu amigo Cordeiro Filho, ex-vereador de São Luís, me levou para trabalhar no Odilo Costa Filho, onde comecei a me profissionalizar. FN. Quando e como decidiu que queria viver da fotografia? Já chegou a se arrepender da escolha alguma vez? LV. Depois de várias tentativas de ser jogador de futebol, [joguei no infanto do Sampaio Corrêa, juvenil Expressinho, juvenil do

São José, categoria Júnior do Tupâ], tentei o Curso de Educação Física no antigo Cefet. Passei na prova escrita, passei no TAF, e lamentavelmente fiquei reprovado na prova de natação. A partir dai comecei a me dedicar mais a fotografia como profissão já com uns 19 anos de idade. Comecei a fazer cursos de fotografia no Odilo Costa Filho, onde depois virei instrutor das oficinas de fotografia por cinco anos. Fiz cursos no FotoSombra, no Senac, no Centro de Cultura, cursos por correspondência, etc. Aí sim, depois de ter feito esses cursos, decidi que queria viver de fotografia. FN. Que impressões tenta passar com o seu trabalho? LV. O melhor possível. Sempre fazer de tudo para agradar os clientes, nunca deixar de transmitir segurança no trabalho e procurar entender o cliente e transmitir nas fotos os seus pensamentos. FN. Qual o trabalho mais difícil de cumprir e qual foi o mais marcante na sua trajetória? LV. Quando trabalhava no Jornal Folha do Maranhão, a Polícia

PERFIL Nome completo:

Jorci Lauro Dos Santos Vasconcelos Idade:

48 Anos ProfIssão:

Repórter Fotográfico (drt 0681/MA)

O Fotógrafo, Lauro Vasconcelos, analisando um portifólio fotográfico


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O Fotógrafo sonha em publicar um livro sobre sua carreira

Federal investigava uma onda de prostituição infantil nos navios que ancoravam no Porto do Itaqui. As meninas iam de canoas para o navio em troca de alguns dólares. Uma repórter da editoria de polícia muito doida pediu que eu fosse tirar fotos do navio e das meninas chegando ao navio. Peguei uma catamarã e a maré estava vazando. Quando chegava mais perto do navio, as ondas aumentavam e chegavam a três metros de altura. Pensei que ia morrer! Chegando perto do navio, já estava escurecendo, às 17h40 e o medo ia aumentando. Não vi menina alguma e bati a foto do navio. Quando cheguei na redação, todo molhado, mostrei a foto pra ela, que começou a sorrir e me disse: “O navio não é esse! Ele ta ancorado no porto da Vale!”. Queria matar ela. E o mais marcante foi num jogo que fotografei pelo Jornal Folha do Maranhão. Era a eliminatória Sulamericana BRASIL 3X0 VENEZUELA, no Estádio Castelão, em São Luís, em 14 de Novembro de 2001. Isso que é unir o útil ao agradável! FN. Que tema mais gosta de fotografar? Por quê? Você tem o sonho de fotografar alguma situação ou tema específico? LV. Atividades culturais e esporte, de preferência o futebol. Em São Luís, a cultura tem muita diversidade. É tudo muito lindo. Adoro fotografar o Bumba Boi, o Tambor de Crioula, as danças, passeatas, etc. Já o futebol porque amo de paixão esse esporte. É emocionante, tudo de bom! Se tivesse condições, fotografaria a natureza. Tem cada coisa linda, linda mesmo, no mundo afora. FN. Qual a maior recompensa que seu trabalho traz a você? LV. O reconhecimento, os elogios. É tão bom quando as pessoas fazem elogios pra você referentes ao seu trabalho. Também há as amizades que você consegue com sua profissão, as mais altas da sociedade como também as mais humildes. Eu amo

essa profissão. FN. O avanço da tecnologia, no sentido de que as câmeras estão cada vez mais acessíveis a qualquer pessoa que não tem conhecimento aprofundado em fotografia, o incomoda? LV. Em nenhuma hipótese. Não me sinto incomodado. Eu sempre digo para meus colegas de profissão que a concorrência está grande, mas tem mercado pra todos! Equipamento é importante sim, mas o diferencial é você e seu modo de ver as coisas que você vai fotografar, a sua mente e, principalmente, o seu olhar. FN. Quais são os seus planos em relação à fotografia? Como se vê daqui a 10 anos? LV. Pretendo continuar trabalhando como repórter fotográfico na assessoria de comunicação [Ascom] da Secretaria de Educação e Ascom da Fundação Municipal de Cultura e tenho sim um projeto já em andamento, dos meus 30 anos de fotografia: fazer uma grande exposição fotográfica e lançar um livro “São Luís e sua diversidade cultural”. Penso em daqui a dez anos ainda estar fotografando e em oferecer palestras e oficinas de fotografia, se Deus assim me permitir. FN. Qual recado você deixa para os alunos de fotografia em meio a um cenário em que todos se dizem ser fotógrafos profissionais? LV. Realmente, basta comprar uma câmera fotográfica e já se acha que é um profissional. Mas, o mundo da fotografia é muito mais complexo do que se imagina. Por isso que você tem que ter certeza se é isso que você quer. A fotografia é uma profissão muito deslumbrante, maravilhosa, traz muito prazer. Mas como toda profissão, é preciso dedicação, estudo. Lembre-se sempre: sucesso é fruto de um trabalho bem feito!


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FESTIVAL GUARNICÊ DE CINEMA EXIBE GRANDES OBRAS CINEMATOGRÁFICAS NO MARANHÃO Ao longo de 38 anos de história, o Festival de Cinema maranhense promove encontro entre os amantes da sétima arte. texto e fotos Verônica Teles

Com um rico e extenso patrimônio cinematográfico, o Festival Guarnicê de Cinema é o maior festival do Estado do Maranhão e um dos mais antigos do país. Promovido pelo Departamento de Assuntos Culturais, o evento foi criado no ano de 1977 com o nome de Jornada Maranhense de Super 8, pois participavam apenas filmes da bitola Super 8, que tinha grande popularidade no Brasil antes da massificação da tecnologia provocada pelo vídeo analógico. A partir da sua 9ª edição, em 1986, com a chegada do videocassete, mudou-se o nome para Jornada de Cinema e Vídeo no Maranhão. Hoje, o nome do Festival inspira-se na maior manifestação folclórica do Estado, o bumba- meu- boi, ao utilizar a palavra-chave Guarnicê, que se refere a um momento de preparação em que os brincantes se reúnem em torno da fogueira para esquentar seus tambores e pandeirões que anunciam a chegada do Boi. Na edição do ano passado, o Festival Guarnicê de Cinema mais uma vez revelou novos talentos do mundo cinematográfico, apresentou filmes e documentários interessantes para a comunidade e estimulou assim, a produção audiovisual local, regional

e nacional. Com apresentação do humorista maranhense Tedd Mac, a solenidade de encerramento do Festival ocorreu no Teatro Alcione Nazaré, em São Luís, e foi prestigiada por um grande público. Naquela ocasião, foi anunciado o resultado oficial que premiou os filmes de curta e longa metragem vencedores do 38º Festival Guarnicê de Cinema. Participaram da mostra competitiva 21 filmes de Etados como São Paulo, Pernambuco, Espírito Santo, Ceará, Minas Gerais, Maranhão, Rio de Janeiro e Distrito Federal. O curtametragem de ficção “O Nome do Dia” (RJ), de Marcelo Quintella e Boynard, foi uma dos grandes premiados da noite, nas categorias de melhor Direção, melhor Direção de Fotografia, melhor Trilha Sonora e melhor Ator. O filme ainda levou o prêmio no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por ser eleito o melhor Curta Nacional. O curta-metragem “Do Meu lado” (RJ), dirigido por Tarcísio Lara Puiati, levou três prêmios para casa: Melhor Curta Nacional, eleito por voto popular, Melhor Direção de Arte para Guga Feijó, premiado pelo júri técnico, e ainda o Troféu ABDMA de melhor curta.

O Júri Popular, formado pelo público presente às sessões competitivas de curta metragem, elegeu como melhor Curta Maranhense o documentário “O Mistério das Tulhas”, de Ananda Cardoso, Christian Caselli, Diego Uchôa, Helen Maria, Lua Ferreira, Leonardo Sá, Marcos Frazão e Melody Fisher. O Troféu Guarnicê de Cinema para o melhor filme Longa Metragem Nacional foi para o documentário “Sem Pena”, De Eugênio Puppo (SP). O evento contou com o trabalho voluntário de 30 jovens monitores que atuaram no Festival nas mais diversas áreas, como atendimento, recepção, logística e comunicação dos convidados e do público. Entre esses voluntários estavam vários estudantes da Universidade Federal do Maranhão, como Jorge Pinheiro, graduando do curso de Rádio e TV, que trabalhou na monitoria técnica, dando auxílio na parte de projeção dos filmes, áudio e iluminação. “Antes de fazer Rádio e TV eu sempre tive curiosidade, vontade de conhecer como funcionava a parte da produção, da técnica, então, esse festival foi uma oportunidade que eu tive de trabalhar isso, adquirir conhecimentos e aprimorar algumas coisas que eu aprendi ao longo do curso”, conta.


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Premiação do Festival Guarnicê de Cinema no Teatro Alcione Nazaré, em São Luís.

Entre os convidados, esteve presente a Magnífica Reitora da UFMA Nair Portela e o ex-reitor da instituição Natalino Salgado.

Documentário maranhense recebe troféu de melhor curta maranhense pelo voto do júri popular.

Jorge Pinheiro, estudante de Rádio e TV da UFMA, na monitoria técnica do Festival.


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Fotografia &Tecnologia Se há uma combinação que poderia traduzir bem a fotografia é a junção de arte e tecnologia. O olhar do fotógrafo, é claro, é o grande responsável por tornar o resultado único. Mas a tecnologia utilizada também faz a diferença. E é essa tecnologia que desperta a curiosidade, dúvidas e até receios por parte de muitos iniciantes. Foi pensando em quem deseja se aventurar nesse universo que o Fotografando Notícias pediu a opinião de profissionais sobre temas comuns quando o assunto é fotografia.

texto Gisele Carvalho 1. Melhores câmeras para iniciantes (Qual equipamento comprar ? ) “Se o iniciante não tem conhecimento de equipamento fotográfico qualquer câmara vai servir. Com o passar do tempo fotografando, ele vai descobrindo o que almeja, o resultado esperado não aparece e sim um indesejado, as dificuldades vão surgindo e ele vai descobrindo que precisa de lente “tal” e câmara “x”. Se ele quer fazer pequenos registros de passeios, qualquer compacta vai bem. Lembrando que compacta é a câmara com uma só lente e faz tudo no modo automático. Agora se ele (iniciante) pensa em fotos mais ousadas pega uma semiprofissional que caiba no bolso ou seja no orçamento, tipo das linhas Nikon, Canon” Biaman Prado “As melhores câmeras para esse caso são as semiprofissionais porque elas têm alguns recursos que serão necessários para o iniciante no futuro. É melhor aprender logo com uma semiprofissional. Um exemplo é a Canon XTI5, que tem tudo que um equipamento profissional tem” Biné Morais “Para um iniciante, as melhores câmeras são as que ele mais tiver domínio e saber lidar com elas” Jhonata Torres 2. Canon ou Nikon? (Qual escolher quando se é iniciante

Arquivo particular / fotógrafo Biaman Prado. Pôr do sol em São Luís do Maranhão.

na fotografia?) “A escolha é por gostar da marca tal, porquê todas são boas, Nikon e Canon, o que muda são pequenos detalhes de uma para a outra. Sendo assim, podemos indicar a Nikon do seguimento D3100,3200 e etc ou a Canon do seguimento Rebel ti, Rebel til, Rebel till, etc. (essas câmaras podem trocar de lentes)” Biaman Prado “Canon e Nikon são marcas de ponta. No mercado, elas brigam para oferecer a melhor tecnologia. Se uma lança um recurso, a outra corre atrás para melhorar.

Hoje, as câmeras da Nikon estão mais avançadas, melhoraram em recursos como cor e foco. Mas é como disse antes, em questão de um ano ou dois, a Canon melhora esses pontos também” Biné Morais “Em questão da melhor marca, abre-se um questionamento muito grande por dois fatores, primeiro custo e benefício e segundo, adaptação. Nós fotógrafos sabemos que já foi feita essa pesquisa sobre a “melhor” marca e a Nikon sai disparadamente na frente em qualidade, nitidez e cores na foto. Mas a Canon se difere na questão de valores. Tudo da


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Canon é mais em conta financeiramente, então gera essa dúvida sobre qual escolher. Se o iniciante tiver um capital bom inicialmente, melhor seria optar pela Nikon. Se seu capital inicial não for bom, melhor mesmo é a Canon” Jhonata Torres 3. Smartphones X Câmeras (Esses dispositivos estão tão desenvolvidos a ponto de bater os equipamentos profissionais?) “Quanto aos smartphones, eles fotografam bem quando tem uma boa fonte de luz. Em pixel batem algumas câmeras, mas são limitados em recursos de manuais fazem tudo automático. Mas se a luz estiver boa, sem problemas fazem boas fotos. Os Iphones se destacam seguidos pela Samsung. Esses, às vezes, conseguem melhores resultados que as câmaras fotográficas” Biaman Prado “Acredito que sim. Alguns recursos no celular, como o zoom, ainda não são tão precisos. Para fazer foto em velocidade, o celular também deixa a desejar. Mas em fotos paradas se consegue fazer fotos até melhores do que com as profissionais” Biné Morais 4. Editores de imagens (Até que ponto você acredita que devem ser editadas as fotos?) “Todas as fotos precisam de ajustes. A edição é fundamental desde que se descaracterize a imagem. Não podemos fraldar a imagem. Se isso acontece, ela

Arquivo particular / fotógrafo Biné Morais. Carnaval 2016: Turma do Quinto é campeã com samba-enredo “O Anjo Gabriel”.

perde sua autenticidade e é fácil detectar e passa a ser montagem. O que é permitido nos ajustes: brilho, contraste, tons, corte e aumentar o foco, sem alterar a essência da imagem. Os programas Photoshop e Lightroom são os melhores para edição de imagens” Biaman Prado

mas estão transformando as imagens. Às vezes, o pôr do sol fica amarelo demais ou verde demais. Hoje, existem vários editores que são mais fáceis de utilizar e as pessoas acabam criando aberrações. Fica bonito, mas se sente que não é o real” Biné Morais

“No fotojornalismo, não temos tempo suficiente para uma edição mais precisa. Já nos outros trabalhos, às vezes edito para tirar algumas imperfeições do rosto do cliente, o sol que mancha a maquiagem ou tirar algumas linhas de expressão, por exemplo. Por mim, deixaria o real. Mas o próprio cliente pede. O Photshop veio para melhorar o serviço do fotógrafo,

“Edição de imagem sempre vai existir. Se você mudar a configuração da câmera no processo da foto, já se torna uma edição. Muitos não usam programas, mas isso é bem pessoal. Sendo assim, a edição apenas ajuda na qualidade do trabalho” Jhonata Torres

Links úteis www.achfoto.com.sapo. pt/hf_6.html (História da Fotografia) www.photopro.com.br/ tutoriais-gratis/35-dicasfotografia-iniciantes/ www.youtube.com/user/ canaldafotoonline

Arquivo particular / fotógrafo Jhonata Torres. Vista da foz dos rios Anil e Bacanga.


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