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UMA PUBLICAÇÃO D&D SHOPPING JUNHO 2014
clássico
SWEET HOME JorgE Elias
ARTE
musEu dE artE sacra
TREND
os prÓXimos passos do dEsign
Editorial
dirEto da fontE, o clássico! A revista que agora lançamos é a terceira no tema Estilos. Depois das edições Eclético e Contemporâneo, fomos direto à fonte: o Clássico. Mas não um clássico tradicional. Ousamos, experimentamos o estilo de diversas formas e, o mais importante, ouvimos quem conhece o melhor jeito de (re)criá-lo: os profissionais! Visitamos a casa paulistana do “clássico dos clássicos”, o arquiteto Jorge Elias. Vimos e ouvimos as opiniões de vários craques da arquitetura – como Luiz Bick, William Simonato e Guilherme Torres – e obtivemos respostas à altura de suas interpretações sobre tradição e contemporaneidade por meio de dois lindos projetos do clássico atual e do clássico do futuro, respectivamente... Perguntamos ao paisagista Alex Hanazaki como ele interpreta os jardins clássicos franceses, italianos, brasileiros e outros. Fomos atrás da história de Gregori Warchavchik, o russo modernista que virou um clássico entre nós e cuja obra está ameaçada de sumir da paisagem urbana... Falamos de/ou com ícones do nosso setor, como o multimídia Geraldo de Barros e sua obra burguesa e social, e exaltamos o também arquiteto de Curitiba Jayme Bernardo (paulista, quem diria!) em sua nova fase designer. Como somos curiosos e incansáveis, fomos perguntar a uma série de profissionais, incluindo curadores de mostras de decoração, o que acham da tendência. Como somos tradicionais e antenados ao mesmo tempo, entrevistamos a criadora do evento Casar, Vera Simão, e sua sócia, Camila Piccini, e quisemos saber sobre esta atitude que continua a ser clássica e imbatível, e que agora tem até lista de casamento no nosso próprio Shopping, com concierge e tudo. E como adoramos os prazeres da boa mesa, fomos falar com Juscelino Pereira (à frente do restaurante Piselli há 10 anos, entre outros), por que tanto cresce e se multiplica em novas casas e inúmeros pratos deliciosos. Por fim fomos também passear no Museu de Arte Sacra, um clássico onde a santa paz só é quebrada pelo agito de sua programação dinâmica, e aproveitamos para antecipar a programação cultural dos demais museus da nossa capital paulista, os clássicos em busca de novidades, como o Museu da Imagem e do Som, que ganha cada vez mais destaque em sua nova fase. Quer saber mais? Saboreie nossa revista. E depois venha ao D&D, pois estamos aqui esperando você. Um abraço, Vania Ceccotto
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INDEX16 24
Best BUY | seleÇão de clássicos Peças clássicas de todos os tempos. Saiba onde encontra-las no D&D Shopping
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perfil | GreGori WarchavchiK O ucraniano que viveu no Brasil e abusou do modernismo na arquitetura: um clássico!
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pelO MUNDO | roberto miGotto Belezas naturais e feitas pela mão do homem: o mundo mais belo pelos olhos do grande arquiteto
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sweet hOMe | jorGe elias Em São Paulo, a casa clássica e chic do mais palaciano de nossos profissionais
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GastrONOMia | piselli
Uma trajetória de sucesso. E pensar que tudo começou com uma fracassada plantação de ervilhas
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VerDe | aleX hanazaKi A inspiração pode vir de qualquer país, mas o talento brasileiro com olhar oriental é só dele
44. especial | casar: a hora do sim 56. arte | a paz sacra de um museu 70. ícONe 01 | Geraldo de barros: artista completo 74. ícONe 02 | jaYme bernardo: arQuitetura e aGora desiGn 76. DesiGN & DecOraÇÃO | bicK&simonato e Guilherme torres. clássicos? 80. treND | palavra de Quem sabe tudo sobre tendência 82. eM cartaZ | eXposiÇÕes Que você não pode perder 84. i/d News | por onde andam nossos proFissionais 90. i/d News 02 | o perFil de duas WorKaholics premiadas
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eXpeDieNte
GILBERTO B. BOMENY Presidente Conselho WTC-SP
LUCIANO MONTENEGRO DE MENEZES CEO WTC-SP luciano@wtc.com.br
VÂNIA CECCOTTO Superintendente D&D vania@wtcsp.com.br
ProJEto Editorial
FLÁVIA SAMIA Gerente Geral de Marketing flavia@wtc.com.br
COLABORADORES Tatiane Babachinas Juliana Abbate
AGRADECIMENTOS MD Assessoria Tel.: 11 3049.1888 Marcia Dadamos Fernanda Périgo
TIRAGEM 10.000 exemplares
ENDEREÇO D&D SHOPPING Av. das Nações Unidas 12.555 Brooklin Novo CEP: 04578-903 F: 11 3043.9000 /Ddshopping /Dedshopping @dedshopping
Rua Harmonia, 293 CEP.05435-000 São Paulo - SP Tel.: 55 11 2893-0199
DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br
DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br
EDITOR Sergio Zobaran
JORNALISTAS
FOTOS Nelson Aguilar Paulo Brenta
Roberto Abolafio Junior Silvia Balady Vanda Fulaneto
REVISÃO
PROJETO GRÁFICO
Eduardo Isola comercial@studiolemon.com.br tels.: 55 11 2193–0199 | 99473-2977
Lemon Design e Comunicação
ARTE
Ana Luisa Novato
COMERCIAL
Eduardo Barletta
PRODUÇÃO GRÁFICA
ARTE FINAL
Tinta Pura Enivaldo Carlin Kelson Mota
Ana Luiza Vaccarin
IMPRESSÃO Gráfica Eskenazi
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sElEção dE
clÁssIcos
Uma seleção dos lojistas do d&d, inspirada nos itens clássicos de todos os tempos, apresenta opções que nunca deixaram de agradar - e que atraem os que gostam de ter uma casa com decoração impecável. aproveite!
Best BUY
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01. indusParquet / Taco Versailles Marseille 02. La Lampe / Abajur Tigela 03. Adresse / Estante Mellor 04. Dell Anno / Cozinha Tons de Cinza 05. interbagno / Giratório Vento na cor Ébano 06. Brentwood / Poltrona Slick 07. FastFrame / Quadro The Hug, de Romero Britto.
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25 08. A.oculista / Armação Calvin Klein 09. Spicy / Conjunto de Panelas Greenware 10. espaço 204 / Cadeira Agata 1256 11. Casa di Pietra / Bronzite Vintage 12 . UD HoUSe / Fogão Dolcevita 13. Florense / Cozinha Bistrot 14. Le Lis Blanc Beauté / Instant Baked Bronzer 15. Casa Fortaleza / Tapete Kilim Nomade 16. Gallery by Formato / Sofá Ibiza
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17. Clami / Sof谩 Sheth 18. Bucalo / Cat谩logo Trianon 19. Maison Des Caves / Adega - Art Des Caves Sophistique 70 frente branca 20. By Kamy / Tear Samba 21. MMartan / Kit Belle des Champs 22. Photo Design / Big Ben 23. elgin Cuisine / Cozinha Classy 24. A especialista / C么moda Cle贸patra
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27 25. Mundo do enxoval / Jogo de Lençóis Infinitus 26. Trend Casual Home / Mesa de jantar Soft quadrada 27. Crissair / Cooktop CCB 04 G3 28. Artefacto / PoltronaRigel 29. Simpli / Durafloor 30. varanda / Obra I Love You 31. Sleep House / Conjunto Colchão e Box Simmons Exclusive Memosense Queen 32. Uniflex / Rolo tela solar 33. Natuzzi editions / Sofá B726
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Best BUY 34. Lepri / Brick Marmo Travertino 35. Lucca Antiques / Centro de mesa em porcelana Italiana com detalhes em relevo 36. Luri / Cortina Silhouette Luxaflex 37. Sierra / Sofá Chesterfield 3 lugares 38. Breton Actual Jardim / Cadeira medalhão sem braço 39. Mekal / Cuba tripla estampada com divisão para área molhada em aço inoxidável 40. o Boticário / Floratta in Blue 41. Artefacto B&C / Poltrona Basile -142 riolax / Spa Marilyn 43. Alberflex / Poltrona presidente
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44. Serta Store / Essence Visco Firm Pillow Top Double Face 45. Le Lis Blanc Casa / Jarra Castelo 46. Tok&Stok / Poltrona Art Deco 47. Saccaro / Banco Noronha 48. ornare / CozinhaParis 49. Breton Actual / Poltrona Charles e Eames ES670-1 50. Phenicia Concept / Tapete Color Wash, produzido na Turquia com tapetes orientais antigos, descoloridos e coloridos novamente, que resultam em peças únicas, belas e contemporâneas. 51. DPoT / Poltrona Mole, clássico do design brasileiro, criada por Sergio Rodrigues 52. interdomus Lafer / Poltrona reclinável modelo Kiri 53. Santa Mônica / Tapete Minueto
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54. Stilarredo / Quadro Colors Marrom 55. Amaz么nia M贸veis / Poltrona Rodhes 56. Copel / Colch茫o Memo Silver 57. Madeira Doce / Quarto de Beb锚 58. vitrine / Persiana Madeira Country Woods 59. Maria Pia Casa / Lanterna decorativa Bin 60. innovation by Antares / Poltrona ekornes
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Por: Roberto Abolafio Junior Fotos: Divulgação
moderno
perfil
pIOnEIRO da aRqUITETURa MOdERna nO país, gREgORI WaRchavchIk cRIOU a pRIMEIRa casa BRasIlEIRa dEssE EsTIlO, E MUITO MaIs. UMa dE sUas OBRas, EM sãO paUlO, cORRE RIscO dE dEsapaREcER. é O salãO dE fEsTas dO EspORTE clUBE pInhEIROs, dE MEadOs dOs anOs 1950 Dois projetos de Gregori Warchavchik em São Paulo: no alto, conjunto popular na Rua Barão de Jaguara (1929), na Mooca, e na pág. ao lado, acima, casa da Rua Itápolis (1930) no Pacaembu; abaixo, retrato do arquiteto
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Uma polêmica entre sócios do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, traz à tona, mais uma vez, a questão da preservação de prédios que contam a história da arquitetura no Brasil – e, de quebra, a importância da obra do brasileiro de origem ucraniana Gregori Ilyich Warchavchik (1896–1972). É de autoria desse pioneiro do modernismo no país o salão de festas dali, construído na segunda metade dos anos 1950. O atual plano-diretor da seleta agremiação prevê demolir o prédio, cujas instalações não atenderiam às necessidades dos eventos atuais, atitude que preservacionistas são contra. Derrubar ou não derrubar. Eis a questão. Enquanto não há resolução a respeito, vale lembrar que, nos anos 1980, outra edificação de Gregori Warchavchik correu o risco de ir para o chão. Daquela vez, por conta de uma construtora voraz e seu projeto de empreendimento imobiliário no local. Tratava-se, nada mais, nada menos, do que a primeira casa de estilo modernista brasileira, de 1927, situada à Rua Santa Cruz, no bairro paulistano da Vila Mariana. Depois de longa pendenga judicial, hoje o local pertence ao Museu da Cidade de São Paulo, composto de outros 12 prédios históricos, e abriga um parque público. A construção principal foi restaurada, mas os vários anexos, como a piscina, ainda não. Tal projeto nasceu em meio à pululante cena cultural paulista dos anos 1920, em que Warchavchik fomentou o debate “razão versus ornamentação”
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ao escrever artigos emblemáticos. O mais importante é Acerca da Architectura Moderna (1925) – primeiro manifesto sobre esse movimento arquitetônico no Brasil –, publicado no carioca Correio da Manhã. O texto, originalmente com título Il Futurismo na versão em italiano divulgada no mesmo ano pelo jornal Il Piccolo, de São Paulo, clamava por uma renovação pautada pelo racionalismo, pela antidecoratividade e pela economia construtiva. O autor ainda escreveu: “Os princípios da grande indústria, a ‘estandardização’ das portas e janelas, por exemplo, ao invés de prejudicar a arquitetura moderna, sozinhos poderão ajudar o arquiteto a criar o que, no futuro, se chamará o estilo de nosso tempo”. O discurso evocava o desprezo ao ornamento preconizado pelo tcheco Adolf Loos (1870-1933), o pensamento bauhasiano do alemão Walter Gropius (1883-1969) e a visão de casa como “máquina de morar” atribuída ao franco-suíço Le Corbusier (1887-1965). Desse modo, batia de frente com o conservadorismo até então intocado da arquitetura no Brasil, ainda que os participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 revolucionassem outras expressões. Warchavchik logo conheceu intelectuais desse grupo de vanguarda, como Mário de Andrade, ao transferir-se para São Paulo em meados de 1926. Com 27 anos, o arquiteto desembarcou no país, em 1923, para trabalhar como assalariado na Companhia Construtora de Santos, de Roberto Simonsen, no litoral paulista. Foi funcionário da empresa por três anos e meio.
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Arquitetura em transformação
Na capital, o imigrante sem muitas posses casou-se, em 1927, com a jovem Mina Klabin, filha do industrial Maurício Klabin e de Bertha Osband, que conhecera em círculos sociais da comunidade judaica (ele descendia de judeus poloneses). Integrado à high society paulistana, naturalizou-se brasileiro, abriu escritório próprio e pode conceber, para o casal, aquela casa modernista em um grande terreno da família Klabin. O prédio, concluído um ano depois, ganhou luminárias e móveis especialmente desenhados por Warchavchik em conformidade com a arquitetura, além de paisagismo com espécies tropicais criado por Mina. Inovadora, a construção apresentava volumes prismáticos brancos e amplas superfícies de vidro, mas não correspondia, em parte, às idéias manifestadas pelo próprio Warchavchik. Entre as discrepâncias em relação ao ideário moderno está sua estrutura, feita de tijolos em vez de concreto armado, além da cobertura do corpo principal, um tradicional telhado de telhas coloniais (estrategicamente escondido por uma platibanda). Estudiosos hoje consideram o resultado – justificado por Warchavchik pela falta de materiais e mão de obra especializada – uma transição na arquitetura brasileira em meio à província que passava por industrialização e urbanização vigorosas. “Foi um embrião para criações posteriores dele próprio”, analisa o arquiteto Paulo Mauro de Aquino, curador do acervo do precursor moderno. De olho no reconhecimento internacional, Warchavchik desdobrou sua intenção inicial em outros dois projetos mais afinados: a casa da Rua Bahia, em Higienópolis, para o empresário Luiz da Silva Prado, de uma família de cafeicultores, e a da Rua Itápolis (ambas de 1930), no Pacaembu, em São Paulo. Pensada por ele para si mesmo, esta foi inaugurada com uma exposição da arquitetura, com os interiores repletos de obras de arte modernistas, além de mobiliário e objetos de mesmo viés. Le Corbusier gostou do que viu ao visitar a construção um ano antes, ainda inacabada. Tanto que indicou Gregori Warchavchik como representante da América do Sul no Congrès Internationaux d’Architecture Moderne (CIAM) à secretaria da organização suíça. “Pensado como protótipo, o edifício isolado atualizava uma óptica escultórica, muito arraigada na arquitetura moderna, do objeto puro, idealizado, sem deformações ou contaminações do ambiente empírico”, escreveu o professor da FAU-USP José Tavares Correia de Lira em seu livro Warchavchik: Fraturas da Vanguarda (2011, 552 págs., CosacNaif). Também lembra, no estudo, que a casa da Rua Itápolis – considerada o auge da carreira de Warchavchik – foi erguida em uma “extensão dos territórios residenciais da nova burguesia urbana em ascensão, que adotavam o palacete eclético, o chalé e o bangalô simplificado como suas alternativas preferenciais”.
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35 Edifício Cícero Prado (1956), localizado na Avenida Rio Branco, em São Paulo. Na pág. ao lado, acima, interior do salão de festas do Esporte Clube Pinheiros (1956); abaixo, casa Nordschild (1931), na Rua Tonelero, no bairro carioca de Copacabana
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Vista do Esporte Clube Pinheiros (1956), onde Gregori Warchavchik projetou o salão de festas
Hoje, quem mora ali é o arquiteto Carlos Eduardo Warchavchik, neto do projetista, para quem o avô buscava uma “arquitetura universal”. Foi a partir desse marco que o velho Warchavchik conquistou definitivamente representantes da alta burguesia e passou a idealizar residências para eles. Antes disso, experimentara desenvolver sobrados geminados e populares na Rua Barão de Jaguara (1929), no bairro da Mooca, com efeito pouco expressivo.
propõe, por exemplo, o premiado Edifício Mina Klabin (1939), na Rua Barão de Limeira, na região central de São Paulo. Já o salão de festas do Esporte Clube Pinheiros (1956) integra a fase final de sua carreira. Ele manteve o escritório aberto até os anos 1960, mas afastou-se da profissão nos últimos anos de vida para cuidar dos negócios da família. Foi em sua primeira casa moderna que morreu, no ano de 1972.
Mestre de mestres
Lições de um pioneiro
Após a Revolução de 1930, Lucio Costa convidou o profissional residente em São Paulo (e outros de orientação moderna) a lecionar no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, para a qual o urbanista franco-brasileiro fora recém-nomeado diretor. Professor de Affonso Eduardo Reidy e Jorge Moreira, além dos irmãos Roberto – Marcelo, Milton e Maurício –, que formariam posteriormente o escritório MMMRoberto, Warchavchik integrou o corpo docente da instituição por dois anos. Nesse período, dava aulas às quintas e sextas-feiras, quando ia à cidade também cuidar da construção da primeira casa modernista carioca, projetada por ele. A conhecida casa Nordschild (1931), mansão do importador alemão de origem judaica William Nordschild, ficava na Rua Tonelero, em Copacabana. Em visita ao Rio, naquele ano, o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1867-1959) conheceu o projeto e considerou-o “quase uma arquitetura brasileira”. Warchavchik ainda assinou outras residências para a elite carioca e, associado a Costa, uma vila operária no bairro portuário da Gamboa (1932/1933). O arquiteto projetou pouco até 1938, quando desvinculou-se da arquitetura estritamente moderna e voltou a atender às demandas do mercado. Ao retomar a lida,
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Para escapar da perseguição antissemita e da Revolução Bolchevique, Warchavchik deixou a terra-natal, Odessa, em 1918, onde vivia em uma família burguesa. A cidade portuária ao sul do império russo, hoje território ucraniano, foi trocada por Roma. Na capital italiana, formou-se arquiteto, em 1920, pelo Reggio Istituto Superiori di Belle Arti. Contemplava a “monumentalidade” típica dos trabalhos de Marcello Piacentini e o “pluralismo linguístico” de Vincenzo Fasolo – ex-professores com quem trabalhou antes de se mudar para o Brasil, já influenciado modernismo. Desenvolvido durante cerca de 40 anos, o conjunto de sua obra pode dividir opiniões, uma vez que há críticos em relação ao profissional ter sucumbido aqui e ali à ornamentação e/ ou não ter engendrado um vocabulário de projeto eminentemente brasileiro. Mas, com o passar do tempo, a contribuição genuína desse nome à história da arquitetura nacional torna-se quase irrefutável. Warchavchik foi pioneiro com o que de bem e mal parece haver nessa circunstância. Teve o mérito de trazer ao país a discussão a respeito da arquitetura moderna e, mais do que isso, conseguir materializá-la, sobretudo com o conjunto das três casas erguidas entre 1927 e 1930 na capital paulista. A inspiração futurista para outros tantos arquitetos daquela época ainda parece fazer a cabeça das gerações contemporâneas.
PELO MUNDO
URBI ET ORBI O ser urbano Roberto Migotto viaja e trabalha ao mesmo tempo, no Brasil e pelo mundo Por: Sergio Zobaran Fotos: Divulgação
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39 “Quando preciso viajar a trabalho, sempre acabo dando uma ‘esticada’” “Quando preciso viajar a trabalho, sempre acabo dando uma ‘esticada’ a algum local próximo. No mínimo com curiosidade de conhecer; ou com vontade de rever. Milão é um destino anual sempre certo por conta do Salão Internacional do Móvel”, diz Roberto Migotto, arquiteto e urbanista famoso por seus projetos, nos quais se destaca um harmônico jogo de volumes e linhas, enfatizando sempre a integração entre o espaço interno e o externo. Com vinte e oito anos de carreira e mais de vinte participações em mostras de arquitetura e decoração, com seu currículo recheado por quinze participações na Casa Cor/SP, uma no Rio de Janeiro, e três na Mostra Black – além de diversos prêmios para suas criações em arquitetura e interiores –, Migotto recentemente vai aos Estados Unidos com frequência, por conta de projetos em Nova York e Miami, e naquele país acabou conhecendo mais outras cidades. “Sou uma pessoa mais urbana. Gosto de conhecer novos restaurantes, museus e apreciar a arquitetura e o urbanismo das diferentes cidades do mundo. Assim consigo conferir também as novidades do design, materiais, tecnologias construtivas, etc.”, ele afirma. Para a revista do D&D, Roberto Migotto lista uma seleção dos monumentos arquitetônicos ou naturais que o emocionam em suas andanças profissionais e turísticas.
No sentido horário, Duomo di Milano, onde Migotto reza; Fallingwater, a casa de Frank Lloyd Wright que ele admira; e o que mais o encanta: a cidade dos Incas, Machu Picchu, e a estátua do Cristo Redentor, no Corcovado, Rio de Janeiro
duomo, milão: “Como pessoa de fé, gosto de renová-la rezando aqui. Rezo e agradeço, ao invés de só pedir”. Casa da Cascata, EUA: “Hoje um museu, a Fallingwater House (em inglês), no estado da Pensilvânia, é uma residência de 1936 com projeto de Frank Lloyd Wright, considerado o introdutor da arquitetura moderna em seu país”. Machu Picchu, Peru: “Pré-colombiana, a cidade perdida dos Incas está localizada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude. É emocionante.” Cristo Redentor, Rio de Janeiro: “Admiro a estátua pelo seu significado e pela beleza da construção em estilo art déco”.
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PELO MUNDO
De cima para baixo: o Empire State Building, que o remete à sua Taubaté natal; o Guggenheim de Bilbao, de Frank Gehry; arte a natureza de Inhotim; o Arco do Triunfo, em Paris; o Parque do Ibirapuera: bom dia a um marco da cidade; o Pão de Açúcar, beleza natural; e o Vaticano e seu significado religioso
Empire State Building, Nova York: “Por muito tempo considerado um dos edifícios mais altos do mundo, e seu desenho continua atual. Um dos símbolos da cidade onde nasci, Taubaté, foi inspirado nele e sempre me chamou atenção, principalmente quando comecei a desenvolver o gosto pela arquitetura”. Guggenheim de Bilbao, Espanha: “O projeto de Frank Gehry, com suas curvas e forma orgânica, consegue se destacar e ao mesmo tempo se integrar à cidade industrial de Bilbao.” Inhotim, Minas Gerais: “É admirável a integração do verde com as obras de arte e de arquitetura” Arco do Triunfo, Paris: “Gosto muito de Paris. Escolhi o Arco do Triunfo para representar essa cidade que tanto aprecio por sua beleza.” Parque do Ibirapuera, São Paulo: “Tenho o prazer de acordar todos os dias e me deparar com esse marco da cidade”. Pão de Açúcar, Rio de Janeiro: “A beleza da geografia natural, em contraste com a cidade, é algo que só se vê na Cidade Maravilhosa”. Vaticano, na Europa: “Aprecio a monumentalidade da Basílica e seu entorno pela beleza arquitetônica e pelo significado religioso”.
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UD HOUSE Coifas e Eletrodomésticos Gourmet | Shopping D&D – Piso Boulevard – Loja 135 | Shopping Lar Center – 3º Piso – Loja 319 Tel.: 11 5505 3000 / 2089 1111 | www.udhouse.com.br
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especial
r a s a c nOIvOs E pROfIssIOnaIs dIanTE dO sIM Por: Vanda Fulaneto
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As transformações da sociedade brasileira desde os anos 1960 e a nova organização familiar que substitui o antigo modelo patriarcal ocorreram com o surgimento da nova mulher, que trabalha e não depende financeiramente do marido. Mesmo com as uniões durando menos tempo, o número de casamentos cresceu 9,86% em 2013 em todo o Brasil, aponta pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E este crescimento favorece o mercado e deixa os fornecedores da área muito felizes e cheios de trabalho. Para obter um retrato fiel de toda esta situação, nossa revista foi conversar com a empresária e cerimonialista Vera Simão, que mostra porque sua feira de casamentos, a Casar, pioneira do setor no País, vai de vento em popa. A reconhecida Vera, que foi chefe do cerimonial do Governo do Estado de São Paulo, tem hoje a preciosa ajuda de sua sócia Camila Piccini, publicitária formada na FAAP (Fundação Armando Alvarez Penteado) e que já atuou em grandes empresas como a Hershey’s e a Bacardi Martini. Hoje Camila é conhecida como a queridinha das noivas – ela entrou no mundo casamenteiro por acaso, mas promete não sair dele tão cedo. Um dos motivos que a levaram a fazer seu blog de sucesso, onde o assunto é sempre o casamento, foi o seu próprio. O ‘Say I Do’ (nome de seu blog) foi criado para ajudar as noivas em todas as etapas da cerimônia, e seu antes e depois, passando pelo dia D e chegando à lua de mel. Camila explica: “O trabalho do portal é facilitar a vida das noivas e minimizar o stress: e quem não quer essa ajuda?”.
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especial
Carolina Piccini (em pé) e Vera Simão: unidas pelo Casar.
Vera Simão é formada em turismo e hotelaria na Suíça e hoje dá aulas no curso de pós-graduação em eventos. À frente de seu próprio negócio, trabalhando com organização de grandes festas, Vera comemora em 2014 a décima-terceira edição do Casar e explica que há treze anos não existiam informações virtuais ou blogs especializados como hoje. A Casar, também a melhor feira especializada do setor, une produtos e fornecedores especializados em festas de casamento e é a maior referência no mercado: “uma referência para a noiva, em um evento que oferece praticidade, pois ali pode-se encontrar tudo o que um casal de noivos precisa, em um mesmo lugar”. Do encontro com Camila, Vera comenta: “A Camila é minha filha espiritual, a minha sucessora, trabalha muito e leva tudo com seriedade, como eu. E faz tudo muito bem e com muito profissionalismo. Identificamo-nos em muitas coisas desde o primeiro momento – ela é tudo que eu sonhei para me suceder”. Hoje Camila comanda com maestria o Casar: “Ela não para um segundo, é superantenada e entende muito do assunto; e ainda chama atenção pela jovialidade e ideias criativas que só somam valor ao nosso evento”, conclui a experiente e especialista Vera, que escreveu até um livro inteiro sobre o assunto (Casar – Do Planejamento à Celebração em Grande Estilo). “A ideia da nossa feira é realizar um sonho. E o tamanho do sonho dos noivos não é o mais importante – afinal, não se pode dizer que um belo casamento tem a ver com gastar uma fortuna. Nós passamos o estilo e os noivos se adaptam a ele, e realizam seu sonho da maneira que eles podem”, justifica Vera. “Estar no Casar é o que todos os noivos desejam, pois o evento tem qualidade, e na vida, além da ideia, você precisa realizá-la. O que conseguimos no Casar foi, ao longo de seu tempo de maturação, torná-lo superdesejado. Estamos colhendo os frutos do plantio. Os noivos peneiram, e no Casar podem encontrar os mais variados produtos e serviços do segmento para realizar o melhor casamento: do vestido ao sapato, joias, bufê e doces”, afirma Camila. Ela conta também que o Casar faz tanto sucesso que chegou a Minas Gerais, onde acabou de ser realizada sua terceira edição: em Belo Horizonte já faz parte do Calendário Oficial da Cidade.
“Estar no Casar é o que todos os noivos desejam, pois o evento tem qualidade. e na vida, além da ideia, você precisa realizá-la” Vera Simão
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47 novidade: LISTA DE CASAMENTO D&D: UM SHOPPING DE PRESENTE PARA OS NOIVOS Dos utensílios para equipar toda a cozinha aos móveis para decorar a casa inteira, com o suporte de um concierge Elaborar a lista de presentes e pensar na decoração da nova casa: um trabalho exclusivo dos noivos? A resposta é não! Com a “Lista de Casamento D&D” é possível encontrar em um só lugar. No shopping que é referência em decoração e design, todos os móveis e acessórios necessários para ambientar uma casa, desde peças exclusivas, assinadas por grandes designers, até tapetes e outros revestimentos, além de objetos de decoração, presentes, e os utensílios do dia a dia. A partir de maio deste ano, para os noivos e aqueles que já moram juntos – e também vão oficializar a união –, o D&D Shopping apresenta uma lista abrangente, com tudo o que é preciso para iniciar a vida a dois. São mais de 60 lojas à disposição deles, que ainda contam com o serviço de concierge, onde um profissional os acompanha para ajudar na elaboração da lista, de acordo com o estilo e a necessidade particular de cada casal. Como funciona? Os noivos acessam o hotsite “Lista de Casamento D&D”, no site dedshopping. com.br, fazem o cadastro e, nesse momento, marcam a melhor data para ir ao shopping, onde serão recebidos por um concierge que irá acompanhá-los e orientá-los para fazer a lista perfeita! Após a aprovação dos noivos, ela fica disponível para a consulta dos convidados, que podem filtrá-la pelo segmento de produto ou até mesmo por faixa de preço. O D&D entra assim neste mercado com um mix de produtos que até então não constava nas listas de casamento convencionais. “No período pré-casamento, os casais também estão pensando no ‘morar’, e fazer a lista de casamento no D&D vai otimizar o tempo dos noivos, que já estão decorando o novo lar. A lista, em um único local, acaba se tornando prática tanto para o casal quanto para os convidados. Ela permite que os noivos escolham os produtos de acordo com suas necessidades –a melhor marca, o melhor produto, o melhor design – e os convidados presenteiam com algo útil que o casal utilizará no novo momento de vida.”, explica Vânia Ceccotto, superintendente do D&D Shopping. Os noivos que fizerem sua lista de casamento no D&D, e atingirem o valor de R$ 15 mil no seu encerramento, ganham automaticamente um final de semana romântico no Sheraton São Paulo WTC Hotel. E, no dia da escolha da lista de presentes, um almoço ou jantar no shopping e estacionamento gratuito.
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CLÁSSICO dos CLÁSSICOS
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A casa do arquiteto Jorge Elias, uma questão de bom gosto e estilo.
49 Arte acima do console italiano, de baixo para cima: obras de Andy Warhol, Vlaminck, Karel Appel e, no alto, desenho de Picasso. E os pares de poltronas: Cresson ao fundo; Tilliard à frente; e Delanois à direita. Todas do século 18
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osto do clássico porque tem mais personalidade”, diz Jorge Elias, que acha que hoje em dia “o resto, na arquitetura, ficou tudo muito igual”. Em sua casa no Jardim Europa, bairro localizado na região mais arborizada de São Paulo, o hall de entrada impõe com pé-direito alto e dá início ao ‘grand tour’ por seus 1.800 m2, com o piso forrado de mármore crema marfil. A imponente construção de 1999, de características arquitetônicas clássicas, mas eminentemente urbanas, e cercada por muros e um jardim interno com direito a belo gramado é também – em seus interiores – um resumo daquilo que ele mais gosta: móveis de colecionador, especialmente franceses e ingleses dos séculos 18 e 19, e arte global de primeira linha, com seu toque elegantemente palaciano, o que lhe confere um ar eterno. Efetivamente, nestes quinze anos, a decoração da casa em que vive com a mulher, Lucila, e a filha Manuela – o filho Eduardo se casou com Marcela e se mudou – vem sendo levemente alterada. E às vezes, se necessário, posta em dia. “No living, por exemplo, não mudou nada!”, afirma Jorge. Afinal, “não tem porque mexer, já que as coisas são muito boas – e se faz apenas uma atualização aqui e ali”, constata e reafirma orgulhoso. Se há uma ou outra troca (de móveis, especialmente), é por substituição por outra peça ainda melhor. Ainda que, para ele, não existam peças (boas) descartáveis.
Por: Sergio Zobaran Fotos: Nelson Aguilar
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Para quem, como eu, já o entrevistou diversas vezes para as melhores revistas da área no Brasil em função de seu extenso, único em sua proposta e reconhecido trabalho, é fácil acreditar que suas verdades são postas em prática à exaustão. No caso de seu pouso de praia, no ponto mais emblemático do Guarujá, o tom marroquino e exótico (para o Brasil) jamais foi maculado. E, na fazenda do interior do estado, a riqueza de detalhes rigorosos de sua ‘antiguidade’ clássica não precisou em qualquer momento passar por revisões déco ou up grades.
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01. Acima, na biblioteca do térreo, lustre francês do séc. 18 em cristal de rocha, e duas fotos de David LaChapelle: Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor 02. No hall de entrada, espelho Régence e mesa italiana, ambos do séc. 18. Sobre a mesa, ‘dolphin’ em revival Grotto do séc. 19; lustre Luiz XV, séc 18. 03. Poltrona com tapeçaria rara em chinoiserie, do ebanista Jean Avisse
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53 Sobre a lareira francesa do séc. 18, tela de Juan Miró; cadeiras/poltronas diversas, como as francesas Luiz XVI, do séc. 18, de Claude Sené
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04. Na biblioteca do andar superior, cadeiras do século 20: à frente, a Brno, de Mies van der Rohe; e a de Charles e Ray Eames em alumínio e couro preto. 05. O outro lado da mesma biblioteca - na parede, coleção de pinturas italianas do século 18
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Jorge, estudioso e também extremamente didático quando solicitado, aposta em cômodas (especialmente dos séculos 18, 19 e 20), consoles e poltronas (pelas quais é fissurado “pois dão clima a qualquer ambiente”). Que, junto aos tapetes, espelhos e tecidos ‘ricos’ são os itens principais de uma decoração, especialmente neste seu adorado estilo clássico, no qual detesta coisas reconhecíveis (“menos a arte, claro!”). “Prezo pela exclusividade e pela qualidade” – e, sempre, pelas boas proporções. O que compõe com tais peças compradas em leilões e nas melhores maisons déco pelo mundo? “Arte moderna, fotografias, peças compradas prontas com um toque Paris dos anos 1940 e 50 ou móveis com desenho meu que mando fazer, de linhas limpas”. No grande terreno, que dispensou a piscina (“tenho árvores no gramado ao invés dela, já que o clima de São Paulo não ajuda – a moda de ficar na piscina de casa com os amigos acontecia aqui até os anos 1980”), o profissional falante, mas discreto, e para lá de eclético na sua trajetória, dá seus toques quanto à preferência por materiais conforme o lugar para onde projeta casas no estilo, várias. Seus croquis parecem gravuras de época e estão expostos em frente às estantes de seu escritório, que mais parece uma instalação imperial/real com um jeito despojado de empório (pois ali ele acomoda grande parte dos móveis que encaixa em suas criações e uma loja com os complementos que desenvolve ou compra no exterior e pelo Brasil). Seus revestimentos-coringa são mármores, molduras em gesso e boiserie forrando paredes nas casas urbanas. Madeira, pedra, ladrilho hidráulico e até palha nas construções de praia. E nas fazendas, madeiras e materiais de demolição, telhas velhas e cal. “Cada casa tem seu jeito”, diz Jorge, que leva um estilo de vida também clássico, coerentemente. Por exemplo, ele não enxerga, do mesmo jeito que todos, os atuais ambientes integrados. Pois, para ele, cada coisa tem seu lugar. Adepto da tradição em quase todos os aspectos, a cozinha, numa casa ‘jorgiana’, fica sempre separada da sala. “Não gosto do cheiro de comida entrando...”.
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55 06. Detalhe do closet de Jorge Elias. 07. Uma geral da biblioteca do segundo andar da casa do arquiteto
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encontro com a paz No centro de São Paulo, o Museu de Arte Sacra guarda a história de uma forma tranquila e ao mesmo tempo contemporânea Por: Silvia Balady | Fotos: Divulgação
Um ponto pacífico no agitado centro da capital paulista. Essa é a primeira sensação que envolve a chegada ao Museu de Arte Sacra de São Paulo. É como se os ruídos incessantes do trânsito caótico da metrópole não ultrapassassem os muros do seu perímetro, deixando a edificação de mais de dois séculos de existência envolta em silêncio e paz. O prédio onde está sediado o MAS é um dos poucos dessa época ainda em condições de uso e totalmente preservado. Pertencente ao complexo do Mosteiro da Luz, o Museu de Arte Sacra, uma das mais importantes instituições do gênero no país, é fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo.
A parte mais antiga do complexo foi construída sob orientação de Frei Antônio de Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, uma função que se mantém até hoje. Este exemplar único, construído em taipa de pilão, foi projetado devido a uma visão de uma freira que recebeu o pedido em sonho. O acervo do museu começou a ser formado por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas. Na década de 1970, foi possível ampliar significativamente esse acervo, composto por mais
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01. São Pedro Papa, séc. 18, Portugal, em madeira policromada e dourada 02. Vista lateral externa do Museu de Arte Sacra de São Paulo 03. Recorte do Presépio Napolitano, uma doação do Conde Francisco Matarazzo Sobrinho 04. Altar com escultura de N. Sra. da Luz, com coroa de prata, do século 16, em barro cozido e policromado 05. Vista parcial interna do museu, com peças do acervo (mostra permanente) 06. Sala de Taipa
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de 18 mil peças de coleções do Governo do Estado, da Mitra Arquidiocesana, do Antigo Museu dos Presépios, da Ordem das Concepcionistas e de doações, e cujo patrimônio compreende relíquias das histórias do Brasil e mundial. As obras foram todas criadas entre os séculos 16 e 20, contando com exemplares raros e significativos. O museu possui obras de nomes reconhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Benedito Calixto de Jesus. Destacam-se também as coleções de presépios, arte barroca, prataria e ourivesaria, lampadários, mobiliário, retábulos, altares, vestimentas, livros litúrgicos e numismática. E um atuante setor educativo desenvolve práticas e ações com alunos de escolas públicas e particulares nos domínios do MAS, além de estar sempre disponível para visitas guiadas e dar mais informações aos visitantes. De seus corredores, com suas amplas janelas com conversadeiras que vislumbram um jardim interno, tem-se acesso a itens raros de suas coleções, sempre em exposição. Suas salas de mostras temporárias abrigam exposições tanto de obras mais antigas como de artistas contemporâneos que hoje passam a frequentar os domínios do museu.
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07. N. Sra.das Dores, de Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), feita em Vila Rica, atual Ouro Preto, MG, em madeira policromada, no século 18 08. Exposição Floração, de Paulo von Poser, realizada em 2012. Serviço Museu de Arte Sacra de São Paulo Av. Tiradentes, 676 - Luz - São Paulo Informações: 11 3326-5393 (para marcação de visitas monitoradas). De terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábado e domingo das 10h às 18h. Ingresso R$ 6,00 (estudantes pagam meia entrada); grátis aos sábados.
Fotografias, desenhos e instalações também habitam periodicamente o ambiente, fazendo mais próximo do público esse espaço que não se apresenta como um local de devoção, e sim como um recanto de arte. Uma de suas salas – a Sala de Taipa – é mantida na condição original para que se possa vislumbrar o trabalho original de construção do prédio. No Museu de Presépios, o grande destaque é a doação do Conde Ciccillo Matarazzo do Presépio Napolitano, composto por mais de 1500 peças, que está permanentemente em exibição. Entre seus projetos mais recentes, o MAS convida anualmente uma personalidade de destaque de diferentes setores da sociedade para que organize a montagem de um grupo de presépios do acervo da instituição na mostra de final de ano. O jornalista Cesar Giobbi, curador da primeira edição, descreve sua impressão: “O Mosteiro da Luz é um edifício ao qual é difícil ficar indiferente. É de uma beleza, de uma majestade, com seu imenso pé-direito, suas largas galerias, sua infinidade de portas e janelas, as tábuas largas do piso, o jardim singelo... Fora que é um dos raros vestígios do passado colonial paulista. O acervo do Museu de Arte Sacra é de impressionar o mais acostumado viajante por terras do barroco brasileiro.
E o profissionalismo lá dentro – com sua administração dinâmica e a reserva técnica moderna – dá a quem convive mais de perto a confiança do acervo público bem mantido. Cada visita é um prazer renovado. Esta nova remontagem do acervo, mesmo, está uma beleza, muito cenográfica, ressaltando a produção paulista.” Bem, no ano seguinte a Giobbi, foi a vez da designer de interiores Cristina Ferraz aceitar o convite, e ela coordenou a maior exposição sobre o tema já realizada no museu, com 42 participantes. Em sua memória, a lembrança é repleta de carinho: “o Museu de Arte Sacra me impressionou muito pelo imóvel maravilhoso, por seu acervo de peças de qualidade excepcional, pelo caráter educativo com aulas bem abrangentes falando sobre o material, procedência e história dos itens expostos para estudantes, principalmente de colégios públicos, e pela emoção que os visitantes sentem quando se deparam com os presépios, pois eles despertam lembranças de momentos muito felizes”. Uma visita ao Museu de Arte Sacra oferece um contato mais íntimo com o passado, desprovida de saudosismo, mas com inúmeras informações históricas e artísticas. É a possibilidade de vivenciar história numa pausa do cotidiano.
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Ervilhas EM FESTA! Em italiano, as leguminosas do título são piselli – nome escolhido por Juscelino Pereira para seu primeiro restaurante. A denominação deu sorte. Transformado em uma referência de gastronomia italiana, o endereço, no bairro paulistano dos Jardins, faz 10 anos.
Por: Roberto Abolafio Junior Fotos: Paulo Brenta
Acima, vista do restaurante a partir da entrada; na página ao lado, acima, o salão, com cadeiras Thonet e painel de garrafas verdes iluminadas, e abaixo, detalhe da fachada
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Considerado um dos mais elegantes e saborosos restaurantes paulistanos, o Piselli comemora uma década de atividade no dia 31 de julho deste ano – mesma data do aniversário de 45 anos de seu idealizador e proprietário, Juscelino Pereira. A casa de refinada gastronomia italiana foi a primeira do restaurateur e é seu xodó. Pode-se dizer que esse “restô” já nasceu clássico por conta do cardápio inicial, composto de um mix dos mais representativos pratos de diferentes partes da Itália. Entre eles, um legítimo Spaghetti alla Carbonara, receita romana com gemas, pancetta cortada em cubinhos, queijo pecorino e pimenta-do-reino moída na hora. O prato é ainda oferecido pela cozinha, que há cerca de dois anos passou a enfatizar iguarias típicas do Piemonte, região ao norte da bota. Um dos hits é o Brasato alla Piemontese, carne de vitelo assada no vinho tinto e servida com purê de batatas trufado. “Fui conhecendo mais essa área e me afeiçoando ao que vem dela”, explica o paulista nascido em Joanópolis em uma família de negociantes. Destacam-se ainda recentes criações do chef Moreno Colisimo, como o Casoncelli della Mamma, casoncelli de beterraba e ricota servido na manteiga, sálvia e semente de mostarda. “Hoje, meu foco é o Piselli, além da ampliação da rede Maremonti”, afirma ele, um dos sócios deste “restaurante com pizza”. Originalmente inaugurado em 2000, na Riviera de São Lourenço, a rede hoje conta com sete endereços – e a ideia é crescer mais.
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Brasato alla Piemontese, um dos sucessos do endereço
Outras casas de que Juscelino foi sócio são: Zena Caffé, hoje de propriedade do filho mais velho, Dudu Pereira, Tre Bicchieri e La Cocotte. Na exigente São Paulo, onde tantos negócios abrem e fecham por vezes em ritmo zás-trás, um restaurante completar dez anos é motivo de orgulho. E é assim mesmo que se sente o proprietário do Piselli, que em italiano significa “ervilhas”. O nome é uma espécie de private joke, hoje nem tão particular assim. Foi o fracasso do investimento em uma horta dessas leguminosas na terra-natal que fez o então ambicioso jovem, a conselho da família, transferir-se para a capital no final dos anos 1980. Na cidade, trabalhou em um boteco na Casa Verde, onde fazia de tudo um pouco e já se percebia sua característica-chave: o atendimento exemplar aos anseios dos clientes. Estes o incentivaO restaurateur Juscelino Pereira, em uma mesa do Piselli vam a ir para uma casa chique nos Jardins. Após passar por uma pizzaria no Centro e uma churrascaria na Lapa, tornou-se garçom e depois maître do extinto St. Peter’s, no badalado bairro. Mas foi a entrada no Fasano, como auxiliar do sommelier Manoel Beato, que Um dos clientes fez questão de vir cumprimentar o propriese transformaria em rito de passagem na sua carreira. Ficou no grupo tário, que costuma fazer o mesmo com todos, sempre de mapor dez anos, onde, ao fim, era gerente do restaurante Gero. Nesse neira simpática, no ambiente repaginado de maneira sutil pelo período, visitou pela primeira vez a Itália e aprofundou os conhecidesigner de interiores Nando Marmo e pelo arquiteto Marino mentos da gastronomia do país e da ciência da enologia. Barros. O marcante painel em que o fundo de garrafas verdes Mais uma vez incentivado por clientes – alguns dos quais se toriluminadas parece evocar as piselli continua lá, como as canaram verdadeiros amigos –, resolveu aventurar-se em voo solo perdeiras Thonet. “Aqui, privilegiamos, sobretudo, o conceito de to de completar 35 anos. Quatro desses compraram “cotinhas” para comer bem, ainda que não abramos mão do conforto”, afirma viabilizar o negócio e, com algumas lágrimas e certo frio na barriga, Juscelino Pereira, à frente de uma equipe afinada. Juscelino trocou o certo pelo incerto. E o incerto deu certo. “Se não tiSeu nome, sugerido pelo avô, Vicente Tavico, homenageia vesse tentado, estaria frustrado hoje”, avalia ele, que costuma receber Juscelino Kubitschek. “Foi uma espécie de bênção de meu Fabrizio Fasano, patriarca daquela família tão importante em sua vida, avô para mim, que me trouxe sucesso”, acredita o dono de em sua “casa”. Apaixonado pela Itália, visitada por ele ao menos uma restaurantes. Se o presidente desenvolvimentista ficou conhecido pelo lema “50 anos em 5” de seu Plano de Metas, vez ao ano, o homem com sobrenome ironicamente português recebeu esse mestre da gastronomia paulistana poderia muito bem a reportagem no final de tarde de uma quarta-feira no salão do Piselli. dizer que fez “50 anos em 10” - com uma trajetória que Pouco depois das 19 horas, o local, que conta com 250 rótulos em sua partiu do mais simples até chegar ao mais sofisticado. carta de vinhos, já tinha três mesas ocupadas.
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65 Alex Hanazaki mistura espécies brasileiras em jardins clássicos, ‘típicos’ de outros países.
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ma non troppo Ao elaborar um jardim contemporâneo para qualquer um de seus muitos clientes, o paisagista e arquiteto paulista Alex Hanazaki procura fugir de conceitos pré-estabelecidos. “Quando olho um projeto arquitetônico, procuro trazer para seu jardim uma diferença”, ele diz. E, assim, enxerga de antemão um conceito que nunca parte de uma referência que possa se transformar em uma cópia: “sempre mudo aquilo que existe”, ele se orgulha. E completa dizendo “não me peça para fazer um jardim copiado, pois preciso de liberdade para criar em cima”. E não se aperta: “Afinal, no Brasil, em se plantando, tudo dá, realmente”. Os jardins contemporâneos de Alex misturam tudo, especialmente o que há de mais moderno, inclusive em termos de tecnologia. Desta forma, a obrigatoriedade atual de ser sustentável lhe serve como suporte. Ao mesmo tempo em que busca alternativas “vai deixando os jardins mais atuais” usando desde novos acabamentos até madeiras, que para ele, agora, são as ecológicas/recicladas; de elementos cimentícios que substituem as pedras à
Por: Sergio Zobaran Fotos: Arquivo Pessoal
iluminação de LEDs; recursos que utilizam a água, como fontes, cascatas e espelhos d’água, e até projeções, como a que apresentou em seu imenso jardim vertical instalado na primeira MostraBlack, em São Paulo, em 2011. Apesar de afirmar que nunca fez qualquer jardim ‘típico’ (“uso minha técnica e um pouco de diplomacia para demover a ideia da pessoa que me pede isso”), Hanazaki recebe constantemente encomendas para criar um clima francês, italiano, japonês ou, eventualmente, inglês, além do estilo tropical brasileiro e do que mais gosta, o jardim contemporâneo. “As possibilidades do trabalho são inúmeras, e sempre misturo árvores e outras plantas bem nossas nesses tipos de jardim (de outras ‘nacionalidades’)”. Enquanto busca executar um jardim relacionado ao estilo de arquitetura da construção, “dou liberdade para ipês crescerem tanto ao lado de cerejeiras japonesas quanto de jabuticabeiras”.
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Jardim tropical | Foto: Demian Golovaty
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Jardim italiano | Foto: Beto Riginik
Brasileiros, juntos e misturados
“O país tem na veia a exuberância da vegetação, com uma diversidade enorme e, portanto, muito rica de espécies vegetais”. E aí a ‘brincadeira’ que ele mais gosta é misturar as texturas e as cores das folhas. “Não faço um jardim cheio de florzinhas, mas de folhagens como as da Mata Atlântica”. A mistura continua: “São folhas pequenas junto às grandes, de bananeiras, e o capim”. Estas são as ‘sutilezas’ incluídas por Alex em ritmo tropical.
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“Estes têm mais bossa, pois o espírito daquele país é parecido com o do Brasil. É passível, no entanto, de grandes misturas, aceitando diversos tipos de vegetação – ainda que grande parte dela deva ser podada. Também neles solto muitos vasos ornamentais, clássicos ou em terracota”. Não são os mais típicos solicitados no restante do Brasil, mas em São Paulo, devido à cultura ser tão influenciada pela colonização italiana, a demanda de uma Toscana tropical é frequente.
Franceses, mas não estáticos
“São os clássicos, caracteristicamente muito organizados. Simétricos, com vegetações mais podadas, comportadas”. Mas acabam, nas mãos de tesoura de Alex, sendo jardins franceses tropicalizados em sua formação estrutural, mesmo com suas topiarias, buchinhos e cercas-vivas. “Neles emprego um pouco dos trópicos. E gosto de vê-los crescendo, ficando adultos, sem se tornarem estáticos, ainda que se tenha que fazer um grande controle na faca, na tesoura”. Jardim contemporâneo | Foto: Beto Riginik www.ded.com.br
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Jardim contemporâneo (acima) com grande influência oriental, pelos traços e vegetações utilizadas (cerejeiras de Okinawa e bambus) e, ao mesmo tempo, pelas plantas brasileiríssimas, como a jabuticabeira e a grande horta. Foto: Arquivo pessoal
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“Com minha ascendência oriental mixada à minha brasilidade natural, eles estão intrinsicamente inseridos na minha forma de projetar. Existe mesmo uma configuração no meu traçado que é oriental, pois sofro obviamente esta influência”. Mais uma vez, tendo como exemplo um jardim criado para a MostraBlack, desta vez em 2012, podemos resgatar a lembrança de um jardim traçado à régua, mas com uma cerejeira que floriu em plena exposição.
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Foto: Beto Riginik
“Segue o mesmo raciocínio do francês – mas é um jardim mais solto. E até brinco ao dizer que é um jardim desorganizado. E que busca muitas sensações. É sensorial com suas trepadeiras. E tem-se que ter muita paciência, pois demoram a crescer e dar um efeito”. Às roseiras também em forma de trepadeira, Alex enxerta, neste tipo de jardim campestre, as madressilvas, os jasmins-estrela e as glicínias. Na temporada de pico das florações, tudo ‘explode’”.
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FOTO: BOB WOLFENSON / ARQUIVO GERALDO DE BARROS, GENEBRA / DO LIVRO GERALDO DE BARROS: ISSO (EDIÇÕES SESC SP), DE FABIANA DE BARROS
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O multitalentoso Geraldo de Barros fez da arte e da fotografia, além do design, um manifesto em nome da democracia.
Por: Roberto Abolafio Junior Fotos: Divulgação
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Na pág. ao lado, o construtivista Geraldo de Barros; abaixo, fotos da série Sobras (1996 a 1998)
Desconstruir a realidade para reinventá-la. Tal pensamento parece ter norteado a produção multidisciplinar e experimental do paulista Geraldo de Barros (1923 - 1998) de meados da década de 1940 até o fim de sua vida, aos 75 anos. Esse expoente da pintura, da fotografia e do design brasileiro, também gravurista e artista gráfico, era bancário e, em paralelo às atividades artísticas, trabalhou no Banco do Brasil até aposentar-se. Nasceu em Chavantes e morreu na cidade de São Paulo, onde fez história ao lutar, de maneira obstinada, por uma arte mais democrática. O ideário socialista traduz-se nas iniciativas de caráter coletivo que pontuaram sua trajetória. Em 1952, por exemplo, ele fundou, com outros nomes, o grupo Ruptura, articulador da revolucionária arte concreta paulista. O movimento apontava aspectos como possibilidades de aplicação prática da arte e sua socialização. Já em 1954,
Geraldo de Barros começa a desenvolver móveis ao fundar, com o frei dominicano João Batista Pereira dos Santos, a Unilabor – cooperativa social-religiosa de artesãos, na qual os trabalhadores opinavam na gestão e dividiam os lucros. Originalmente ligado à pintura, o autor começou a fotografar a partir de 1946. A atividade resultou em duas célebres séries, nas quais a foto é vista como construção, desenvolvidas em períodos distintos: a abstrato-geométrica e renovadora fotoformas (1949 a 1951), com cunho expressionista, e a memorial Sobras (1996 a 1998). Nesta, ele interveio em antigas imagens, sobretudo familiares e de viagens, com a assistência da fotógrafa Ana Moraes. À época, na faixa dos 70 anos, sofria de graves limitações motoras advindas de isquemias cerebrais. “Se só guardamos lembranças dos momentos tristes ou alegres, enlouquecemos. Felizmente existem os restos”, pensava ele.
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Seus cliques geniais costumavam vir de uma Rolleiflex 1939. “Sempre trabalhei com essa máquina, que me possibilita duplas ou mais exposições e permite compor quando fotógrafo”, afirmou o profissional no documentário biográfico Sobras em Obras (1998), do suíço Michel Favre. Michel é casado com a artista Fabiana de Barros, filha caçula de Geraldo de Barros e Electra Delduque de Barros (1919 - 2010). Ela é autora do livro Geraldo de Barros: Isso (Edições Sesc SP), sucesso de crítica, editado no ano passado. A outra filha do casal é a também artista Lenora de Barros. O inventor nato trocou a forma bidimensional de suas obras pela tridimensionalidade dos móveis, mas ser designer na Unilabor significava um desdobramento de sua arte concreta. Ele criou o nome e a logomarca da pequena fábrica comunitária, precursora da produção de móveis em série no país. O objetivo era oferecer para a classe média peças com bom preço, de formas simples e funcionais, de estética moderna. Geraldo projetava-as com poucos materiais, a partir de um conceito modular inspirado na escola alemã Bauhaus: caixas de madeira e armações de ferro podiam repetir-se em linhas diversas. Desse tempo, a Dpot reeditou, com direção de criação de Baba Vacaro, uma estante e duas cadeiras (uma delas com três versões) – e até o final do ano apresentará outras peças do autor. Essa “visão modular” caracterizou tanto a produção da utópica Unilabor – fechada em 1967 e da qual o designer desligou-se pouco antes – quanto a da Hobjeto. Em associação com Aloísio Bione, esta empresa foi criada em 1964 pelo profissional, que projetou ali peças fabricadas em grande escala e com menor custo. Já nos anos 1980, Geraldo de Barros criou pinturas-objetos com Fórmica, de cores simples e formas geométricas fáceis de reproduzir – outro destaque na vasta produção artística dessa figura multitalentosa. Como aparente consequência, certo ar industrial dá identidade às pinturas-objeto criadas por ele, na década de 1980, com Fórmica. O emprego do laminado plástico soma-se às cores simples e formas geométricas fáceis de reproduzir das obras, mais um destaque na vasta produção artística dessa figura multitalentosa.
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À esq., cadeira GB01 Ripas, originalmente produzida pela Unilabor e hoje editada pela Dpot, assim como a estante GB, no alto, à esq.; abaixo dela, foto da série Sobras (1996 a 1998)
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Arquiteto expande fronteira da arquitetura com sua linha de design de mobiliário
BERNARDO Por: Sergio Zobaran Fotos: Divulgação
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75 Com curadoria de Consuelo Cornelsen, Curitiba recebeu – de dezembro de 2013 até março deste ano – a exposição Jayme Bernardo Design no Museu Oscar Niemeyer. Fascinado por design de mobiliário desde a faculdade, Jayme sempre desenhou móveis exclusivos para seus projetos de interiores. Há quatro anos criou um departamento específico de design em seu escritório, “não só para aumentar a produção dessas peças, mas com a intenção de ter um espaço para criação que expressasse beleza estética, inovação no uso de materiais e, ao mesmo tempo, para ter conexão com os projetos arquitetônicos”, ele explica. Foram 22 peças de mobiliário expostas (e que deverão voltar a cartaz ainda este ano, em São Paulo), resultado de seu trabalho de design com linhas assinadas e produzidas em escala industrial: mesas, aparadores, bancos, pufes, cadeiras, poltronas e sofás de autoria de Jayme e sua equipe. Entre elas, três peças já premiadas na versão brasileira do IDEA Awards, categoria Prata: a mesa Medusa, em 2012, e as linhas Taj e Arcos, em 2013. As diversas linhas, e as peças isoladas, refletem o gosto sensível, apurado e eclético de seu autor, sempre com uma visão absolutamente contemporânea. Jayme Bernardo e sua equipe, desta forma, atingem em uníssono o grau de maturidade que o momento atual brasileiro recupera na excelência do desenho de mobiliário de nível internacional.
UM POUCO MAIS DE JAYME
Nascido em São Paulo e criado no Paraná, Jayme Bernardo mantém, há trinta anos, seu escritório de arquitetura em Curitiba – e filiais em São Paulo e Miami –, com mais de 30 profissionais ao todo. Neles desenvolve interiores de residências, hotéis, restaurantes e casas noturnas, além dos projetos de arquitetura, design e eventos. Equilibrado entre forma e função, e criterioso com a plástica e a estética, ele busca o novo e atua bastante em São Paulo e em diversas cidades no País, além da capital paranaense. E chega com seu talento aos EUA (Miami e NY), França (Paris) e Angola. Jayme cria sua arquitetura limpa, de linhas retas, pensando nos interiores com pés-direitos generosos, móveis clássicos e contemporâneos, cores, texturas e muita arte. Nos exteriores, usa muita cor e a mistura de materiais: vidro, madeira e concreto, especialmente. Nas mostras de decoração, as edições da Casa Cor de Curitiba e SP lhe renderam muitos prêmios na última década – quando também ganhou premiações da indústria: Deca e Docol. E fez sucesso com seu restaurante no rooftop da MostraBlack (SP, 2013): “Mostra é uma oportunidade, tem que ser um show”.
Ao lado, a mesa lateral Equilíbrio, disponível em lâmina natural de madeira e laca. Abaixo, a poltrona Nona, em madeira maciça. E, no rodapé desta página, o aparador V, em laca vermelha
LIVRE PENSAR, BELO FAZER Arquiteto desenha móvel também? Desde sempre. De Le Corbusier a Sergio Rodrigues, en passant por Oscar Niemeyer. Para complementar seus próprios projetos e cumprir medidas às vezes inexistentes na movelaria, para cobrir a ausência de determinadas peças no mercado, por desejos próprios e de seus clientes e, principalmente, por paixão. Assim acontecem peças únicas, nos mais variados estilos e materiais. Algumas vezes, a fórmula – se é que existe uma – dá muito certo. Por exemplo, no caso de uma cadeira, um dos itens mais difíceis de se criar e executar, pois deve resultar em uma peça bonita e, ao mesmo tempo, confortável.
E aí a série é inevitável, se a indústria estiver disposta a colaborar. É o caso de Jayme Bernardo, que pôs para fora também o dom e a técnica de desenhar mobiliário. E por isso obteve parcerias de sucesso.Surgiram retas e curvas, texturas diversas, dobras, recortes, flexibilidade, firmeza e delicadeza, brilho na concepção e no olhar. Em peças inteligentes, fluidas, livres e leves na medida certa. Com uma estética contemporânea e atemporal ao mesmo tempo. Com um quê de brasilidade profunda e um allure absolutamente internacional. Assim é o design de Jayme Bernardo, desenvolvido por sua equipe. Que seja eterno em sua evolução. SZ
*Texto publicado no catálogo da exposição de Curitiba
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DesiGN & DecOraÇÃO
Por: Sergio Zobaran Fotos: Divulgação
ClÁssiCos dE hoJE E do futuro duas VisÕEs do Estilo clássico na dEcoração, sob o olhar dos EscritÓrios paulistanos bicK simonato E studio guilhErmE torrEs
Para analisar o estilo em si, no design de interiores, convocamos dois escritórios de arquitetura de São Paulo – a dupla Luiz Bick e William Simonato e Guilherme Torres – para apresentar projetos muito distintos, mas com um só conceito. Aquele que traduzisse suas respectivas e melhores interpretações do ‘clássico’. Aqui eles falam do que fazem hoje, do tanto de passado e presente que penetram em seus projetos e daquilo que esperam continuar a praticar em sua profissão – ou até deixar como legado para o futuro. Bick Simonato Arquitetura e Decoração*
respeito Às proporções simEtria E uma lEitura do QuE sEmprE foi bonito
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Revista D&D Shopping: O clássico na arquitetura continua valendo? Bick Simonato: Tenho feito arquitetura e decoração sem ranço, e o meu clássico é menos rebuscado... O que eu fiz no Seridó (o empreendimento 106, Seridó, com suas duas torres e apartamentos de alto padrão da construtora São José, em São Paulo), por exemplo, foi deixar as janelas alinhadas. As dos quartos, das salas, da cozinha, todas elas têm o mesmo tamanho. Por que? Porque respeito proporções! RD&D: E nos interiores, também? BS: Sim! Nos interiores, se você vir as fotos de um living decorado (como o do apartamento que ilustra esta matéria), tudo está dentro de uma proporção. Detesto lustre deslocado ou uma mesa fora da proporção de uma sala, por exemplo. RD&D: O que faz de um apartamento um clássico? BS: Linhas retas e uma simetria rigorosa – o que não deixa de ser cartesiano. E sempre: a proporção é fundamental. RD&D: Em resumo, o que é, para seu escritório, o estilo clássico nos interiores? E até quando ele vai persistir? BS: Fazemos uma leitura boa do que sempre foi bonito. A simetria é o que dá a beleza, e ainda existe a proporção de altura, o uso do preto e do cru, quase uma ausência de cor – tudo isso faz uma decoração aconchegante e calma, clássica. RD&D: Vemos que há misturas de elementos clássicos e contemporâ-
neos no mobiliário e na arte aplicada à decoração. Por que? BS: Acreditamos nos contrastes! Fazemos uma estrutura clássica com abertura para o moderno, com liberdade. Afinal, você herda, ganha de presente, tem filhos... e é preciso conviver com isso tudo com harmonia. RD&D: Nos seus projetos de São Paulo, Nova York e também em Portugal e no Equador, vocês seguem à risca a sua marca registrada, essa mistura do atual ao clássico. Mas, afinal, por que esta mistura? BS: Com a vida, uma família também precisa de liberdade e todos podem participar da decoração, de uma ou outra forma, com suas próprias peças. RD&D: Por serem peças clássicas, é até uma ousadia em uma casa, em tempos atuais, elas serem mostradas neste mundo em que o moderno e o contemporâneo são mais valorizados. É por isso que seu trabalho faz tanto sucesso? BS: O que é bonito é bonito há 300 anos. Com o clássico que gostamos muito é bem mais fácil de acertar – cadeiras laranja ou tendências berrantes ficam a um passo do ridículo. E não tem como não gostar do xadrez, do cabouchon, de um piso em tabuleiro preto e branco. RD&D: Qual o seu próximo passo na valorização de seu estilo? BS: O que é bom tem obrigação de continuar, simples e básico. Nosso objetivo é seguir com nosso estilo definido.
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Acima, vista do living com boiserie e porta que dá acesso ao family room. Abaixo, à esquerda, sala de jantar com mesa em carvalho, século 18, chinoiserie e cadeiras Brno, de Mies Van Der Rohe. Lustre em bronze e cristais Baccarat. À direita, detalhe do living com escultura metálica de Rainer Lagemann e telas de Siron Franco
*Sócios desde 1989, Luiz Ricardo Bick, economista formado pela FAAP em 1984, com curso de arquitetura de interiores, e William Simonato, arquiteto formado pela FAU/USP em 1980, desenvolvem, através da Bick Simonato Arquitetura e Decoração, atividades que englobam desde o projeto de arquitetura até a ambientação final. Com trabalhos publicados em revistas especializadas do país, Europa e América do Sul, participam de diversas mostras de decoração desde 1997, como a Casa Cor/SP, e possuem projetos executados também em Nova York e Miami. William Simonato, através da Simonato LL, desenvolve os projetos arquitetônicos de casas e prédios residenciais e comerciais. www.ded.com.br
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Studio Guilherme Torres*
futuro AtuAL
a rElEitura das dÉcadas dE 1950, 60 E 70 Em uma Visão matEmática. RD&D: O que é, para você, o ‘clássico do futuro’ na arquitetura de interiores? BS: Acredito que o clássico do futuro são peças de design atual, com traço forte, que marcam um período. RD&D: O que faz de um apartamento seu um possível representante deste estilo? BS: A arquitetura de interiores é o primeiro passo para a criação de um cenário atual, que virá a criar esta imagem de ‘clássico’. O trabalho do nosso estúdio sempre tem como característica uma releitura da arquitetura dos anos 1950, 60 e 70. Esta é a chave. RD&D: E até quando vai persistir? BS: Tudo o que projetamos é feito pra existir o maior tempo possível. Os espaços são sempre despojados de qualquer traço que os envelheça ou possa datá-los de forma pejorativa. O mobiliário é sempre selecionado de forma criteriosa. A parte divertida de uma decoração, por outro lado, é o seu caráter efêmero.
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RD&D: Vemos que há misturas de elementos já clássicos, ainda que recentes, e outros muito contemporâneos no mobiliário e na arte. Por que? BS: Escolho o que gosto, o que acredito. Por exemplo, a poltrona Up 5 é considerada um clássico do design, com quatro décadas desde sua criação, e convive muito bem com o Smock sofa da Patricia Urquiola, que já nasceu fadado a se tornar clássico. A definição de um clássico seria algo que serve de modelo para exprimir uma era. Esta reunião de formas e cores, presentes neste projeto, reflete muito o espírito da primeira década do século 21, quando há uma retomada de estilo formal, vestido com novas cores e acabamentos. O azul, muito presente nesta proposta, para mim equivale ao ‘novo preto’. Podem ser mudadas cores, texturas, até mesmo peças de lugar para acompanhar novos tempos.
RD&D: Nos seus projetos você segue à risca a sua marca registrada? BS: Vejo uma linha condutora em todos os projetos. Não sei se é algo que fica aparente, mas consigo perceber que, indiferentemente ao espaço, budget ou mesmo gosto há sempre algumas assimetrias e proporções que considero uma parte marcante do meu repertório. Diria que o trabalho do nosso escritório tem muito de matemático. RD&D: Imaginamos, por serem peças ainda recentes, que se trata de uma aposta – isso é verdade? BS: Confio muito nos meus instintos. E alguém tem que eleger o que é clássico ou não, não é verdade? RD&D: Qual o próximo passo na valorização de seu estilo? BS: Gostaria de trabalhar em escalas maiores, deixar um legado para a sociedade. Louis Kahn dizia que todo tijolo tem uma ambição. Sou desse tipo de tijolo.
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01. O apartamento tem uma base muito sóbria, com piso e algumas paredes em limestone baiteg blue e outras revestidas em ébano de Macassar. Sofá Groundpiece de Antônio Citterio, tapete em patchwork, mesa de centro Spin, de Guilherme Torres para NOS Furniture. Ao fundo, luminaria de Philippe Starck. 02. O pilar estrutural do prédio ganhou destaque sendo revestido em aço inox escovado. Ao fundo, tela de RAG, Zipper Galeria. Lustre alemão e cadeiras em couro azul. Mesa em laca Jet, design Guilherme Torres. 03. Em primeiro plano, o icônico Smock, sofá de Patricia Urquiola para Moroso, forma a área de leitura com as estantes. Ao fundo, foto de Lufe Gomes sobre a parede de limestone. 04. Cama Poliform e o tapete em pele de ovelha
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*Guilherme Torres é um perfeccionista. É o que diz em seu braço, em poucas palavras: “work it harder, better, faster, make it over”, citação da música da banda francesa Daft Punk que decora a sua pele e as paredes do seu studio. Este lema não oficial descreve uma ética de trabalho e compromisso com a qualidade que é facilmente perceptível em seu trabalho. As formas nítidas, detalhes minimalistas e rica paleta de materiais caracterizam seus projetos e são aplicadas em residências, reformas de interiores, lojas e, claro, sua própria casa e escritório. Equilibrar a estética rigorosa da arquitetura com uma leveza lúdica é um dos aspectos encontrados no design de interiores de seus projetos. As formas austeras e as superfícies sutis fornecem um cenário convidativo para receber o vívido mobiliário em seu interior, enquanto os espaços são cuidadosamente arranjados para se beneficiarem da luz natural. Tudo isso somado compõe um portfólio excepcional, especialmente para alguém tão jovem. Texto por Kevin Frank – Archilepsy Magazine.
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Segundo o dicionário Aurélio, o substantivo feminino ‘tendência’ significa propensão, inclinação, o que nos faz prever. A palavra – e o conceito que encerra – é discutida sempre, seja na moda, no mercado financeiro, no comportamento ou na decoração. Tem gente que é contrária, mas tem mais gente ainda que faz absoluta questão de compreendê-la, ficar próximo a ela, absorvê-la, segui-la, ou mesmo até apontá-la. Fomos ouvir de curadores, arquitetos e designers de interiores suas diferentes opiniões sobre este que é um dos temas mais polêmicos da nossa área. Afinal, o que é a tendência, se ela existe mesmo, porque e para quê. Diretora de Relacionamento da Casa Cor há 15 anos e, desde 2013, membro do Comitê Curador responsável pela seleção, indicação e convite aos profissionais participantes da mostra paulistana, a designer de interiores santista Cristina Ferraz sempre foi apreciadora de obras de arte e móveis antigos, e proprietária de um antiquário na década de 1990. Quando pergunto sobre seu critério de escolha dos participantes da Casa Cor/SP, ela responde: “Eu e o Comitê Curador (também formado por Roberto Dimbério, consultor no segmento de arquitetura e decoração; Waldick Jatobá, empresário e curador de arte; e Tuca Reinés, fotógrafo) esperamos que o profissional esteja no mercado há mais de três anos e que já tenha clientes e portfólio. Então analisamos seus ambientes realizados, valorizando a parte técnica e harmônica, como a proporção do espaço, a circulação, as cores e texturas que eles usaram, por exemplo.” Para Cristina, tendência é uma palavra essencial: “quando você quer lançar, reformar ou adaptar um espaço, obviamente vai procurar por orçamentos que atendam às suas necessidades. Desta forma, sem querer, você acaba indo para as tendências expostas no mercado – como este é muito amplo, há áreas e escritórios comerciais que estudam isso, como na iluminação e nas cores, por exemplo. Claro que isso não implica na ideia e na mistura de tecidos e texturas que podem estar fora do que chamamos de tendência. O importante é utilizar os materiais com harmonia, traduzindo seu sentimento e as lembranças do
Por: Vanda Fulaneto
cOM a palavRa, qUEM EnTEndE dO assUnTO: Os qUE anTEcIpaM E Os qUE analIsaM Os pRóxIMOs passOs dO dEsIgn dE InTERIOREs
Patrícia Aguiar “Arquitetos e designers de interiores estão sempre antenados com tudo o que está acontecendo ao nosso redor. As publicações resumem isso nas chamadas tendências. Arquitetura e design de interiores são, por natureza, muito mais duráveis que na moda. As tendências mudam com o sabor das estações, e é preciso ter cautela ao segui-las para evitarmos criar algo datado, que em pouco tempo pode cansar”. Shenia Nogueira “O conceito de tendência existe, e é ele quem rege nossa orquestra decorativa com paleta de cores, linha de mobiliário, entre tantas coisas. E vejo o lançamento nas passarelas dos grandes estilistas de moda como o evento mais importante na apresentação de tendências ano a ano. A decoração subtrai da moda grandes ideias que aplica na sua especialidade: procurar sempre o melhor em morar bem”. Silvana Lara Nogueira “A tendência aparece na moda e na decoração através das referências globais, que acabam influenciando a criação das coleções de tecidos, papéis de parede, etc. Portanto, acredito na tendência como algo natural, espontâneo, e não uma regra a ser seguida”. Lourdes Kawakami “Tendências existem e, muitas vezes, norteiam nossas decisões. Importante, porém, é não ficarmos reféns de modismos. Tendências mudam, modismos passam, mas bom senso sempre fica”.
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Jóia Bergamo Todas os anos surgem novas tendências, que não deixam de ser orientações para aquilo que está na moda. Alguns não acreditam nelas e preferem usar o estilo puro e atemporal! Vai de cada um! Mas as tendências estão em todas as áreas, como moda, decoração, cores, texturas, quadros, iluminação... E, dando então uma dica: apostem nos móveis reciclados, nas cores berinjela e roxa para o mobiliário e no amarelo; além da customização de móveis antigos e muito conforto no mobiliário”. Claudia Gallasso “Tendência em arquitetura e decoração existe sim. Assim como na moda, os fabricantes e as feiras, principalmente da Europa, ditam as tendências, cores, estilos, materiais, etc. Eu, particularmente, prefiro não seguir à risca todas as tendências e nem mudar a decoração a cada ano, pois acho mais importante que a casa tenha o estilo dos moradores. Tendências como tecnologia, sustentabilidade e itens que possam trazer conforto aos moradores devem ser seguidos e utilizados ao máximo. Isso sim traz qualidade de vida e bem-estar para qualquer pessoa. O restante é modismo e tem prazo de validade”. espaço de acordo com o gosto”, finaliza a curadora. Waldick Jatobá, baiano ‘naturalizado’ carioca, vive em São Paulo há 10 anos e seu interesse pela arte contemporânea começou nos anos 90, quando teve contato mais próximo com artistas cariocas da Geração 80, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Rosângela Rennó e Ernesto Neto. Nos últimos cinco anos, começou sua coleção de peças, notadamente de mobiliário. É curador de arte e design contemporâneo, membro do Conselho do Instituto Campana, da Associação de Amigos do MAC/ USP, da Casa Cor São Paulo e do Fundo de Crowdfunding Startando. Economista de formação com experiência de 20 anos no mercado financeiro nacional e internacional, ele atua no mercado de arte por intuição, admiração e vocação. Waldick não acredita em tendências, acha que o bom senso na decisão do mobiliário, das cores, dos objetos, entre outros, deve sempre prevalecer e traduzir a personalidade do usuário. A tendência, para ele, pode até existir, mas não acredita que seja uma regra: “existem pessoas superiluminadas, como a pesquisadora holandesa de tendências Li Edelkoort. Ela traça um planejamento estratégico do comportamento humano para os próximos anos e não limita-se a qual será a cor da moda, mas vai fundo no entendimento do comportamento”. Por isso, Waldick acredita que o estilo se sobrepõe à tendência, e é um sinônimo de elegância. “As pessoas já têm tudo, e precisam ser provocadas pela emoção que aquela peça ou móvel pode trazer para induzi-la a consumir”. Já a arquiteta paulista Raquel Silveira, à frente de sua criação – a Mostra Black – desde a primeira edição anual, em 2011, afirma ser louca por tendências. E quando questionada sobre o assunto, ela responde: “Tendências fazem parte do negócio!”. Raquel afirma que a toda hora está atrás delas: “Seria impossível dizer quantas horas no meu dia eu as procuro”, pois a tendência, na sua opinião como profissional, “reflete os novos tempos e tem sempre validade – uma tendência grita por si.” Para a expert, são muitos os componentes levados em conta na escolha dos profissionais da Black, referência no segmento de decoração, pois “nada escapa do meu rigor estético; sou perfeccionista e rigorosa com detalhes; adoro unir o clássico e o novo, mas o que tenho certeza é que o mais importante é a criatividade”.
Paula Gambier “Tendência existe sim, e tem um papel importante em nossas criações. O tempo todo recebemos informações de todos os tipos e de diversas áreas, e o que é de fato importante fica em nossa memória e somos atraídos por ela. No nosso trabalho temos que ter esta sensibilidade de detectar, dentre todas as tendências, o que é realmente relevante para nosso cliente”. Meyer Cortez Arquitetura “As tendências existem e muitas vezes resultam de ideias criativas que refletem a atualidade e a necessidade das pessoas pelo novo. As feiras, as mostras e todas as novidades renovam e movimentam o mercado da arquitetura e do design. Mas o uso de peças atemporais permite que o projeto seja sempre atual, pois se adequam perfeitamente às tendências futuras”. Ieda Korman “Quando comecei a trabalhar com arquitetura de interiores, uma cliente e dona de importante fábrica de vestuário me perguntou se havia moda em decoração. Rapidamente respondi que não, pois naquela época as coisas eram feitas para durar. Hoje, tudo mudou. Acredito que até para melhor. Os bens de consumo se socializaram, dando espaço para que todos vivam melhor. Em um segundo, todo o mundo tem acesso ao que há de mais novo no mercado. Vejo como tendência hoje, no Brasil, uma volta aos elementos orgânicos com ênfase nos móveis de madeira, bem como nos acabamentos. E se minha cliente hoje me perguntasse se há moda ou tendência em decoração, eu diria que sim! Mas que espero que todos decorem sem pensar nela ou em modismos”.
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mostra À mostra musEus ‘clássicos’ da cidadE aprEsEntam sua programação: dE pÉrolas rEais a pÉrolas da artE mundial.
Não é de hoje que a maior e mais movimentada cidade do país recebe exposições diversas, nacionais e estrangeiras, para enriquecer a vida cultural dos que amam arte. Paulistanos e não paulistanos que sentem prazer em visitar museus têm muitos bons motivos para sair de casa nos próximos meses. Confira a programação dos principais museus da cidade.
musEu dE artE BrasilEira da faaP (maB-faaP) 10/5 a 22/6 tauromaquia Importante mostra com obras dos artistas Goya, Picasso e Salvador Dalí 19/7 a 28/9 PÉrolas do qatar Traz conteúdo educativo sobre o desenvolvimento da pérola, as variedades existentes, onde são encontradas, as diferenças entre as de água doce e salgada, entre naturais e cultivadas, suas várias tonalidades – de branco a preto, rosa, marrom, roxo, verde e azul. serviço Local: MAB-FAAP Endereço: Rua Alagoas, 903 – Higienópolis Informações: 11 3662.7198. Com entrada gratuita, aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 10h às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. E fechado às segundas-feiras, mesmo quando feriado.
instituto tomiE ohtakE 22/5 a 27/7 oBsEssão infinita, dE YaYoi kusama A exposição da mais proeminente artista japonesa viva (a dos delírios e das bolinhas) promete: afinal, reúne aproximadamente 100 obras entre pinturas, esculturas, trabalhos em papel, vídeos e slides e oferece um trabalho que expressa uma pesquisa profunda da artista mais original do pós-guerra. Produzida em sua edição brasileira e latino-americana pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larratt-Smith e Francis Morris. serviço Local: INSTITUTO TOMIE OHTAKE Endereço: Av. Faria Lima, 201 (entrada pela Rua Coropés, 88) – Pinheiros – SP. Informações: 11 2245.1900. Com entrada franca, aberto para visitação de terça a domingo, das 11h às 20h.
musEu dE artE modErna dE são Paulo – mam 31/3 a 15/6 vontadE Construtiva na ColEção fadEl Depois de inaugurar o MAR (Museu de Arte do Rio), no ano passado, chega a São Paulo no MAM. A seleção de todas as 180 peças, pertencentes ao acervo de mais de 1700 obras do advogado carioca Sergio Fadel, tem a curadoria de Paulo Herkenhoff. São de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Amílcar de Castro e Di Cavalcanti, entre outros, e provam como a coligação entre os movimentos modernos e pós-modernos resultaram na edificação cultural do país. serviço Local: MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO – MAM Endereço: Parque do Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3). Informações: 11 5085.1300. De terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h).
musEu da Casa BrasilEira atÉ 1/6 o EsPÍrito das formas A exposição apresenta o trabalho da ceramista Caroline Harari por meio de suas peças e fotos de Zaida Siqueira. Um olhar contemporâneo sobre a permanência das formas cerâmicas e das técnicas artesanais de Harari, contextualizando sua criação e produção entre a cultura dos povos indígenas e africanos. atÉ 8/6 instalação Balanço noar, dE Carol gaY Em continuidade ao ciclo de instalações realizado desde o 2º semestre de 2013, O MCB e o BOOMSPDESIGN apresentam o balanço Noar, da designer Carol Gay. Inspirado na poltrona Noar, peça do portfólio da designer, o balanço é feito com câmara de pneu reciclada, estrutura em aço inox e suspenso por cordas. O projeto é uma realização de cunho socioambiental, feito por uma associação de artesãs costureiras e com material reciclado. EXPosiçÕEs dE longa duração a Casa E a CidadE – ColEção CrEsPi-Prado Retrato de um importante capítulo do desenvolvimento paulistano entre o final do século 19 e meados do século 20, a exposição relembra o uso residencial do imóvel que abriga o MCB a partir do cotidiano e da trajetória dos seus moradores originais: Fábio Prado e Renata Crespi. Compõem a mostra textos de especialistas, vídeo com depoimentos sobre o casal e ampla contextualização iconográfica. ColEção mCB O acervo do MCB é constituído de móveis e utensílios representativos da casa brasileira desde o século 17 ao 21. A mostra Coleção MCB apresenta as peças agrupadas por função, como servir, sentar, dormir, ouvir, guardar e rezar. Ícones do design brasileiro, como a Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, e a Cadeira Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, estão entre as obras expostas.
instalação PulsEira dE ÁrvorE, dE rEnata mEllão Instalada em uma árvore no jardim do MCB, a obra é composta por uma pulseira feita em látex com lentes de aumento que possibilitam visualizar o microcosmo da superfície vegetal. De forma interativa, os visitantes podem experimentar o objeto, descobrindo detalhes inesperados. EsPECial: as imPErdÍvEis visitas noturnas A cada quinze dias, às quartas-feiras, o MCB fica aberto para visitação noturna gratuita, das 18h às 22h, atendendo ao público espontâneo e também a grupos agendados. serviço Local: Museu da Casa Brasileira. Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705. Informações: 11 3032-3727. De terça a domingo, das 10h às 18h. Gratuito aos domingos e feriados. Acesso a pessoas com deficiência e bicicletário com 20 vagas. Estacionamento pago no local.
PinaCotECa do Estado atÉ 29/6 laErtE ramos A instalação do artista, que é paulistano e formado na FAAP, ocupa a área do octógono com cerca de 100 esculturas (30 modelos distintos) de casamatas miniaturas de fortificações-objetos-ninhos compostos de cerâmica branca, areia, terra e plantas artificiais suspensas - e 44 peças columbiformes.
EXPosição PErmanEntE artE no Brasil: uma histÓria na PinaCotECa são Paulo Exposição com peças do acervo da Pinacoteca traz um panorama da arte brasileira do período colonial aos anos 1930 por meio de obras realizadas por artistas fundamentais para a história da arte no Brasil, como Debret, Taunay, Facchinetti, Almeida Junior, Eliseu Visconti, Pedro Alexandrino, Candido Portinari e Lasar Segall, entre outros. serviço Local: Pinacoteca do Estado. Endereço: Praça da Luz, 2. Informações: 11 3324.1000. De terça a domingo, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Às quintas até as 22h.
mis: um Caso À PartE musEu da imagEm E do som dÁ a virada E arrasa na visitação Em 2013, o MIS conquistou um recorde de público, com mais de 260 mil visitantes (em 2010 foram 61 mil). Destes, 80 mil visitaram a exposição Stanley Kubrick, mostra de maior sucesso da instituição, que em março de 2014 bateu novo recorde de público com mais de 80 mil visitantes durante a exposição de David Bowie, a melhor marca mensal desde a fundação do local, em 1970. “Com certeza a programação fixa estimula e fideliza o público, que quando vem para ver uma programação acaba vendo mais de uma – e ainda quero melhorar a condição de visita do museu”, diz André Sturm, o diretor executivo do MIS desde junho de 2011. Sturm começou seu trabalho revitalizando o local como um verdadeiro centro cultural e conquistando um público cativo. “Fico feliz em ver este espaço democrático funcionando a todo vapor; e não é
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só pelo meu trabalho, mas por ver o museu cheio de gente de diferentes idades, saindo daqui com os olhos brilhando de felicidade”, comenta o diretor. Ele criou uma programação fixa para diversos públicos: a Maratona Infantil, Cinematógrafo para os cinéfilos, o Estéreo MIS para os amantes de música, além de criar espaço para vários artistas nas áreas de fotografia e artes, entre outras. quem é ele: André Sturm é gaúcho de Porto Alegre, formado em Administração de Empresa na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e, em 2011, teve seu nome citado por Andréa Matarazzo, então Secretário da Cultura, para fazer parte do Conselho Administrativo do Museu. Além de atual diretor do MIS, ele é presidente do Programa Cinema do Brasil, foi coordenador entre 2007 e 2011 da Unidade de Fomento e Difusão de Produção Cultural (Secretário do Estado e Cultura de SP) e Presidente do SIAESP (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), além de exercer em paralelo as funções de cineasta e produtor – em 1989 criou a Pandora Filmes, distribuidora independente e pioneira nesse segmento no Brasil. Entre 2004 e 2011, foi programador e responsável pelo Cine Belas Artes, em São Paulo, que voltará à cena em 2014, com o patrocínio da Caixa.
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PRoGRama I/D ComEmoRa PREmIaÇÃo 2013 Na ToSCaNa
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o país Escolhido dEsta VEz foi a itália, mais prEcisamEntE a rEgião da toscana, ondE Estão abbazia di sant’antimo, montalcino, san gimignano E siEna. numa ViagEm dE sonho, os arQuitEtos prEmiados no programa i/d 2013 dE rElacionamEnto do d&d shopping passEaram bastantE antEs dE chEgar ao dEstino final, milão, ondE todos participaram do salão intErnacional do mÓVEl. o grupo (composto por profissionais dos sEguintEs EscritÓrios: claudia gallasso, JÓia bErgamo, paula gambiEr, patricia aguiar, Korman arQuitEtos, mEYEr cortEz arQuitEtura, rocha andradE, shEnia noguEira E silVana lara noguEira) ficou hospEdado no hotEl castEllo di casolE. o VErdadEiro castElo, alÉm dE sEr o mElhor rEsort da Europa, tEr spas, piscina E uma trEmEnda Vista, É considErado o sEgundo hotEl dE mElhor alta gastronomia no continEntE. alÉm dE tudo, todos fizEram dEgustação dE Vinhos no local ondE sE produz o rEconhEcido Vinho brunEllo dE montalcino.
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1. Abbazia Di Sant’Antimo: Em pé: Fernando Freixo de Carvalho, Paula Gambier, Danielle Cortez, Natália Meyer, Ieda Korman, Vânia Ceccotto, Camila Carneiro Johnson, Rita de Cássia Camilo, Cristina Rocha Andrade, Ana Paula Zagallo, Claudia Gallasso, Andréa Pilar, Shênia Nogueira, Fatima Checchi, Silvana Lara Nogueira Abaixados: Luiz Roberto Correa Lopes, Beto Nadaleto, Jóia Bergamo, Roberto Facchini, Daniel Polacchini, Fernando Oliveira 2. Castello Di Casole, em Siena 3. Grupo composto por profissionais e lojistas no Castelo Di Banfi, em Montalcino 4. Ieda Korman, Vânia Ceccotto, Jóia Bergamo, Fernando Oliveira, Silvana Lara Nogueira, Roberto Facchini, Danielle Cortez, Luiz Roberto Correa Lopes, Abaixados: Natália Meyer e Beto Nadaleto no Castelo di Banfi, em Montalcino 5. Grupo composto por profissionais e lojistas em almoço no Cheese Farm em San Geminiano 6. Claudia Gallasso, Cristina Rocha Andrade, Ieda Korman e Andréa Pilar em Siena 7. e 8. Grupo composto por profissionais e lojistas em Siena 9. Vânia Ceccotto, Jóia Bergamo, Andréa Pilar, Claudia Gallasso, Daniel Polacchini, Ana Paula Zagallo, Rita de Cássia Camilo, Silvana Lara Nogueira e Roberto Facchini 10. Castelo Di Casole 11. Cristina Rocha Andrade, Jóia Bergamo e Claudia Gallasso 12. Silvana Lara Nogueira, Vânia Ceccotto, Claudia Gallasso, Jóia Bergamo, Cristina Rocha Andrade, Danielle Cortez, Ieda Korman, Natália Meyer, Shênia Nogueira, Paula Gambier em Castelo Di Casole 13. Catedral de Siena
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TIN TIN Em mILÃo o sucEsso do programa foi comEmorado na noitE dE 9 dE abril com um supEr coQuEtEl ofErEcido por Vania cEccoto, a supErintEndEntE do d&d shopping, na suítE prEsidEncial do armani hotEl, Em milão. marcaram prEsEnça no EVEnto, rEalizado na clássica capital industrial da itália, os arQuitEtos, dEsignErs dE intEriorEs E loJistas. confira nas fotos QuEm EstaVa lá!
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1. Antonio Ferreira Júnior, Raul Penteado, Vânia Ceccotto, Angelo Derenze, Jóia Bergamo 2. Silvana Lara Nogueira, Fátima Cecchi, Vânia Ceccotto e Shênia Nogueira 3. Gerson Dutra de Sá, Ana Salama, Rosana Albuquerque, Leila Libardi 4. Gil Cioni, Andréa Pilar, Luiz Augusto Bianchi 5. Cristina Rocha Andrade, Camila Carneiro Johnson e Denise Monteiro 6. Fernanda Marques, Marcelo Rosenbaum e Patricia Anastassiadis 7. Convidados D&D Shopping 8. Vânia Ceccotto, Christian Kadow, Andréa Pilar 9. Fernanda Marques, Vânia Ceccotto, Paulo Bacchi, Lais Bacchi e Patricia Anastassiadis 10. Ângelo Derenze, Walkiria Derenze, Cris Armentano e João Armentano 11. Christian Kadow, Bianka Mugnatto, Vânia Ceccotto, Luiz Augusto Bianchi 12. Grupo D&D arquitetos e lojistas 13. Léo Shehtman, Brunete Fraccaroli, Caco Carneiro 14. Silvia Regina Romano, Gislaine Tangary e Cristina Rocha Andrade 15. Benjamin Ramalho, Cris Ruegg, Vânia Ceccotto, Luiz Claudio Began, Andréa Gonzaga e Ludmila Lepri 16. Alessandra Marques, Luciana Almeida e Danyela Correa 17. Zize Zink, Vânia Ceccotto, Patricia Anastassiadis 18. Esther Schattan e Ludmila Lepri
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18. Luciana Tomas, Leôncio Pedrosa, Vânia Ceccotto 19. Vânia Ceccotto, Luiz Claudio Began 20. Guinter Parschalk e Denise Barretto 21. Vânia Ceccotto, Jóia Bergamo 22. Bobby Dekeyser e Vânia Ceccotto 23. José Roberto Moreira do Valle e Vânia Ceccotto 24. Luiz Claudio Began, Luc Deframde, Vânia Ceccotto, Thierry Marteau e Mathias 25. Rodrigo Costa Alessandra Marques, Danilo Brandão e Vânia Ceccotto 26. Vânia Ceccotto Marcelo Rosenbaum 27. Vânia Ceccotto 28. Flávia Franco e Vânia Ceccotto 29. Marlúcia Cândida, Jóia Bergamo, Lívia Barreto e Vânia Ceccotto 30. Zanini de Zanine 31. Danilo Brandão, Vânia Ceccotto e Gil Cioni
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TRaBaLHo
E PRÊMIOS
o Estilo dE patricia E cristina rocha, irmãs-arQuitEtas dE são paulo “É muito bom ver o nosso trabalho ser reconhecido no mercado!”, assim afirmam Patricia e Cristina Rocha enquanto contam que estão muito felizes com o resultado de tanto esforço e dedicação na vida profissional. As irmãs já realizaram mais de 300 trabalhos, divididos entre projetos residenciais, comerciais e de incorporação. E não foi só no Brasil – alguns deles foram executados na Cidade do México e em Estocolmo. Com perfeita sintonia entre ambas, a cada dia as irmãs estão mais certas que o melhor que fizeram foi se unir, pois perceberam que profissionalmente se completam: Patricia é arquiteta e Cristina é designer de interiores. O estilo delas é único e também eclético, com olhar sofisticado. Elas adoram viajar, ler e sentir o modo de vida de cada família. A proposta da dupla é realizar projetos repletos de afeto e sensibilidade, acrescentando bom senso e criatividade nos trabalhos que concluem. “Projetamos espaços inteligentes, aconchegantes e compatíveis, que acompanham a realidade e o estilo de vida dos moradores; e acrescentamos nesses espaços móveis coringas. Assim, transformamos o sonho dos clientes em realidade”, declaram.
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O ano passado foi sensacional para essas meninas, ganhadoras do Prêmio de Melhor Profissional do Ano de 2013 da Revista Decorar, e o primeiro lugar no programa i/D do D&D Shopping no primeiro semestre de 2013, sendo contempladas com um carro HB20 e uma viagem à Art Basel/Miami (um dos mais importantes eventos de arte e design do mundo), com hospedagem no Hotel Mandarin. Na premiação do final de ano, também do D&D, elas também ficaram em primeiríssimo lugar e tiveram como prêmios um carro Veloster e outra viagem, que incluiu hospedagem no estreladíssimo Castello di Casole, onde aproveitaram para relaxar com a bela paisagem campestre da Toscana. Quando questionadas sobre estilo, elas explicam: “Decoramos sempre com base neutra, em tons de cinza ou bege. Depois disso, pontuamos com cores, seja em uma mesa, em um quadro ou uma poltrona. Também abusamos de linhas retas e limpas, que consideramos atemporais, misturando texturas, materiais e acabamentos”, explica a dupla de ação, que ama o próprio trabalho e através dele se realiza. ROCHA ANDRADE ARQUITETURA (11) 3501.1557 contato@rochaandradearquitetura.com.br