SE BEBER NÃO DIRIJA
INDÚSTRIA DE
Ano 10 - Especial Cerveja - 2011
BEB DAS
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www.industriadebebidas.com.br
Brasil Brau registra recorde de público O evento obteve um crescimento de 30%
Construções higiênicas (desenho higiênico) de peças e componentes na cervejaria
Expediente
Edição Especial Cerveja – 2011 Falke Bier www.falkebier.com.br Diretoria Fábio dos Santos Cátia Rodrigues dos Santos fcsantos2002@uol.combr Editor e Jornalista Responsável Domingo Glenir Santanercchi – Mtb: 21.269 fcsantos2002@uol.com.br Repórter Bruno Almeida fcsantos2002@uol.com.br Diagramação e Criação Mofo Design Studio www.mofodesign.com.br Estagiária Letícia dos Santos Dutra fcsantos2002@uol.com.br Assinatura / Expedição Reinaldo A. dos Santos Thiago dos Santos Souza fcsantos2002@uol.com.br Departamento Comercial Fábio dos Santos Enéas B. de Jesus fcsantos2002@uol.com.br Departamento Administrativo Carla Rodrigues fcsantos2002@uol.com.br Colaboradores José Carlos Giordano umbrellagmp@terra.com.br Matthias R. Reinold matthias@cervesia.com.br Consultor Matthias R. Reinold (Mestre Cervejeiro) “Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da editora.” FC Santos Editora e Eventos LTDA Av. da Paz, 665 – Sala 04 – Utinga Santo André – SP – CEP: 09220-310 Tel.: (11) 2786-3076 / 2786-3168 Fax.: (11) 2786-3176 fcsantos2002@uol.com.br www.industriadebebidas.com.br
Índice 06
Capa: Brasil Brau registra recorde de público
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Mercado: Mercado cervejeiro em franca expansão
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Tecnologia: Microcervejarias – Observações técnicas relevantes
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Artigo: O que são construções higiênicas de peças e componentes para a cervejaria
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Pisos: Instituto Adolfo Lutz atesta o potencial dos pisos em MMA para a indústria alimentícia
Anunciantes Adecol................................................. 24
JMB Zeppelin...................................... 28
Agrária......................................... 4 Capa
Miaki................................................... 09
Aro...................................................... 05
MMC Equipamentos........................... 08
ArteCola.............................................. 26
PKK.............................................. 3a Capa
Cervesia.............................................. 23
Rami................................................... 20
Confrebras.......................................... 14
Sibrape............................................... 15
Drink Promotion................................. 07
STA Systems........................................ 29
Eletroinox........................................... 25
System Plast.......................... 2a Capa/03
Etscheid.............................................. 19
Triton.................................................. 11
GEA Engenharia.................................. 27
Vip Beverages..................................... 30
Heuft................................................... 13
Visual Promo...................................... 17
Hexakron............................................ 10
Wallerstein......................................... 23
a
IEC-Perma........................................... 16
Editorial A produção de cervejas no Brasil alcançou no ano passado a marca recorde de 12,6 bilhões de litros, um crescimento de 18% em relação a 2009, mais que o dobro do PIB segundo Gilmar Viana relata. Com este resultado o Brasil se tornou no ano passado o terceiro maior mercado de cervejas do Mundo, atrás da China e dos EUA. Com um mercado a cada dia mais forte e em franca expansão a revista Indústria de Bebidas mantém a tradição e publica a edição Especial Cerveja 2011. Nessa edição nossos leitores e colaboradores irão acompanhar em nossas páginas assuntos atualizados de mercado e artigos técnicos que poderão auxiliá-lo no dia a dia os profissionais da área. Iniciamos com a cobertura da Brasil Brau 2011, evento esse que foi um sucesso e bateu recorde de público e segundo os organi-
zadores o evento obteve um crescimento de 30% e nada menos que 90% dos expositores já confirmaram presença em 2013. Estaremos publicando uma matéria sobre o atual momento do mercado cervejeiro, com destaque para as microcervejarias que vem ganhando destaque com a qualidade nos produtos que tem produzido. Nosso colaborador, mestre cervejeiro e consultor, Matthias Reinold, escreveu para essa edição dois artigos técnicos de grande valia para o mercado cervejeiro. Também estamos destacando as novidades que a empresa Buhler está apresentando ao mercado de microcervejarias e a aprovação do Instituto Adolfo Lutz sobre o potencial dos pisos MMA para a indústria alimentícia. Boa Leitura e ótimos negócios!
Capa
POR Domingo Glenir Santarnercchi
BRASIL BRAU REGISTRA RECORDE DE PÚBLICO A Brasil Brau 2011 foi um sucesso o evento obteve um crescimento de 30% e nada menos que 90% dos expositores já confirmaram participação em 2013.
A
11ª Feira Internacional de Tecnologia em Cerveja, Brasil Brau 2011, realizada de 5 a 7 de julho no Transamerica Expo Center, em São Paulo, registrou público recorde de 5 mil visitantes. Bienal, o evento fará sua próxima edição de 25 a 27 de junho de 2013 prevendo um crescimento de 30%. Nada menos que 90% dos expositores já confirmaram participação. O público foi conferir as novidades apresentadas numa área de 5 mil metros quadrados pelos 100 expositores de equipamentos, insumos e acessórios para o setor e provar os lançamentos das 30 microcervejarias que participam do espaço Degusta Beer, antes restrito aos profissionais do ramo e pela primeira vez aberto aos amantes de cervejas especiais. Sabores exóticos como de bacuri, castanha do Pará torrada, doce de leite, jabuticaba, erva doce, rapadura e mel permitiram que os visitantes conhecessem um pouco mais das inúmeras possibilidades sensoriais da bebida. Palestras sobre gastronomia e coquetelaria, 6
I.B. Ed. Especial Cerveja - 2011
como a de Vinícius Cassarotti, sommelier de cerveja e docente do Senac-Taubaté, foram compartilhadas pela plateia, que experimentou propostas ousadas e convencionais de harmonização, como a tradicional combinação de chocolate meio amargo com cerveja Stout, escura e levemente adocicada. O auditório de 200 lugares reservado ao XII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Cervejeira, que aconteceu simultaneamente à Brasil Brau, lotou todas as manhãs. Com o apoio inédito da Danisco, empresa dinamarquesa com grande destaque no mercado de alimentos, o congresso reuniu profissionais de renome, atuantes no mercado nacional e internacional, para a apresentação de palestras e mesas redondas com novas técnicas e soluções para diversas aplicações do processo produtivo da cerveja. Duas palestras do primeiro dia, voltado para Tecnologia, versaram sobre sustentabilidade: do holandês Jeroen van Roon e do alemão Roland Folz. O primeiro falou so-
bre as vantagens do suplemento de enzimas, Brewers Compass, da Danisco, que permite o uso de 100% de cevada ao invés de malte, cereal muito mais caro. Ao analisar a economia de água, que representa 90% na produção de cerveja, Folz lembrou que as grandes cervejarias mundiais, como Inbev, SABMiller, Heineken e Carlsberg têm como meta para 2012 economizar 20% do bem natural. O setor de equipamentos também oferecia opções para quem quer se iniciar na arte de preparar uma cerveja. Entre eles, o Tri Block 2,5 hl, conjunto de ‘brassagem’, a cozinha da cerveja: três enormes panelas – conjunto que produz 250 litros por processo onde são cozidos os ingredientes até reduzirem e virarem mosto. O lançamento é direcionado aos microcervejeiros, “que não param de se multiplicar”, como observa Reynaldo Fogagnolli, diretor da Egisa, empresa de Bento Gonçalves responsável pelo novo produto. Entre as empresas que oferecem soluções de sustentabilidade
se destaca a Radical Waters, da África do Sul. Líder global na tecnologia de Água Ativada Eletro-Quimicamente (ECA), o grupo já instalou seu sistema patenteado em 21 países nas Américas, Europa, África, Ásia e Austrália. A empresa utiliza desinfetantes e detergentes verdes, não tóxicos, que proporcionam economia de água para as indústrias de bebidas e alimentos. MICROCERVEJARIAS COMEMORAM SUCESSO DO DESGUSTA BEER No Degusta Beer, espaço pela primeira vez aberto ao público, os expositores estavam cheios de motivos para comemorar. Para a maioria, a multiplicação de visitantes superou todas as expectativas. Foi uma grande oportunidade de projeção para as marcas e ampliação de contatos. As 30 microcervejarias participantes foram visitadas por gente de todo o país e do exterior, como a pequena Rofer, de Itupeva (SP), de apenas três anos e produção mensal de 4,5 mil litros/mês. “Ganhamos visibilidade”, festeja o proprietário, Ernesto Tonante. Em sua primeira participação na feira, a novata Dortmund, de Ser-
ra Negra (SP), sentiu ter acertado na estratégia de lançar a marca no evento. “Fomos procurados por muita gente de todo o Brasil. Recebemos uma maioria de potenciais clientes de São Paulo, além de visitantes do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal. Até então, quase ninguém tinha ouvido falar na Dortmund”, comemorou o proprietário, Marcel Longo. “Recebemos pelo menos 10 interessados em representar a marca”, contabilizou Longo, cujo diferencial é maturar as cervejas por quatro meses. Outro que ficou satisfeito com a participação na feira foi Alison Scapini, da Cervejaria Basement, que conseguiu dar grande visibilidade à Califórnia Golden Ale, primeira cerveja da marca, de Videira (SC), lançada na feira. “Estamos felizes e otimistas pelos resultados alcançados com a nossa participação na Brasil Brau. A expectativa de novos negócios é bem promissora, sobretudo com nosso lançamento”, avaliou. “Muito melhor do que eu imaginava”, foi a impressão do príncipe Francisco de Orleans e Bragança, em sua primeira participação na Brasil Brau. “Achei bolachas, copos, filtros, baldes e até estação
de tratamento de esgotos”, comemorou. Trineto do imperador Pedro II e neto de Elizabeth Dobrzensky, que fabricava cerveja na antiga Thcecoslováquia, Francisco faz a Cerveja Imperial há 13 anos em sua fábrica no Vale do Cuiabá,
em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A primeira participação na feira da Dama Bier, de Piracicaba (SP), promete render frutos. Um termômetro foi o lançamento da Stout pela marca de apenas um ano e meio de existência, com produção mensal de 80 mil litros. “Preferimos lançar aqui na feira para aferir a opinião de blogueiros e formadores de opinião. Pelo que vi, as ideias iniciais poderão ser mantidas”, constatou o gerente de marketing, Renato Bazzo, que
fez mais de 500 contatos nos dois primeiros dias de evento. O consumo médio diário no estande foi de 200 litros/dia. A Falke Bier, de Belo Horizonte, pioneiro no evento e uma das estrelas da Brasil Brau com o lançamento da Vivre por Vivre, cerveja de jabuticaba envasada como espumante, tinha um dos estandes mais movimentados da feira. Segundo o proprietário, Marco Falcone, os bons resultados da feira são “líquidos e certos”. Em sua quarta participação no evento, Falcone observou não apenas um extraordinário crescimento do público, “muito maior que o esperado”, como a presença maciça de especialistas e formadores de opinião que reforçam o institucional da marca. Na Colorado, de Ribeirão Preto, em sua terceira edição na Brasil Brau, o movimento também era incessante. “No começo achei que estávamos isolados, localizados no fundo da feira. Depois constatei que foi aqui que a feira acabou bombando”, comentou a gerente de marketing, Bia Amorim. A possibilidade de relacionamento direto com os clientes permitiu aferir a opinião do público sobre a Grão Pará – lançamento da cervejaria feito com castanha do Pará tostada. “A reação do público e dos especialistas foi muito boa”, disse. De Belém para o Brasil. Esse foi o significado da primeira participação da Amazon Bier na Brasil Brau. “Me sinto muito feliz, a feira está superando nossas expectativas”, vibrou o proprietário, Arlindo Guimarães. Até então, a cervejaria, com 11 anos de existência, limitava-se a comercializar chope no bar homônimo em Belém do Pará. A partir de agosto, cervejas engarrafadas passarão a ser vendidas em São Paulo e, possivelmente, em estados conquistados na feira, como Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Distrito Federal. A gaúcha Abadessa, em sua segunda edição na Brasil Brau, festejou a visibilidade proporcionada pela abertura do Degusta Beer ao público em geral. Pequena empresa familiar que produz 12 mil litros/ mês, a marca lançou na feira a Emigrator Doppelbock, uma Bock mais encorpada, com 7,2% de teor alcoólico. “Recebemos muitas prospecções do Brasil inteiro, sobretudo da capital de São Paulo, do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Bahia, Brasília e Fortaleza”, disse o distribuidor Fábio Tozzi. “Se as propostas feitas no primeiro e segundo dia se concretizarem, vamos aumentar em 50% nossa carteira de clientes”, avaliou. A Bamberg, de Votorantim (SP), com cinco anos de existência e produção de 40 mil litros mensais, também sentiu o crescimento da feira, em sua terceira participação. “Recebi gente do Brasil inteiro, europeus, americanos e sul-americanos. Como já ganhamos prê-
mios no exterior é uma tendência que também passemos a exportar nosso produto”, avalia o proprietário, Alexandre Bazzo. A microcervejaria lançou a Weissenbockhalles, cerveja clara, de trigo, com 8 % de teor alcoólico. “A aceitação tem sido excelente. Todo mundo está comentando”, comemorou. EXPOSITORES COMEMORAM O SUCESSO DO EVENTO Um evento como a Brasil Brau não seria o mesmo sem estes grandes expositores que engrandeceram o evento. Para o Diretor da Amazoun Group, Jucimar Maruzza, como primeiro ano de participação, a feira atendeu as expectativas e foi boa para fazer novos contatos. A Mec Bier foi sucesso total na feira. De acordo com o Diretor Marcelo Nicolosi, a feira foi exce-
lente, pois foram fechados três negócios lá mesmo, fora contatos. “Foi excelente, tanto para negócios com a estrutura da feira”, afirmou Marcelo.
“As 30 microcervejarias participantes foram visitadas por gente de todo o país e do exterior, como a pequena Rofer, de Itupeva (SP), de apenas três anos e produção mensal de 4,5 mil litros/mês.
“Ganhamos visibilidade” festeja o proprietário, Ernesto Tonante.
A Chopeiras Ribeirão não ficou para trás. De acordo com Fernando,” a feira serviu para fazer bons contatos com clientes, com expectativa de negócios futuros”. A Agavic foi nota 10. De acordo com o Diretor Comercial, Breno
Garrefa, “de todas as feiras, esta foi surpreendente, muita gente visitando os stands, ou seja, a feira cresceu muito, foi excelente”. A Agromalte, de acordo com Jeferson, buscou aproximação com clientes, e em grande parte, conseguiram atendê-los. “Esperamos um segundo semestre muito bom a chegada do verão”, afirmou Jeferson. Para Juvenal Bonifácio da PKK, “a feira foi positiva para novos negócios, demonstrar micro cervejarias, prospectar novos clientes”. De acordo com Tacio Basso, Gerente de Vendas GM (milho, trigo e malte) da Buhler, “a feira foi além das expectativas, muito interessante. O objetivo foi retomar o mercado, conhecer pessoas e vários contatos em micro cervejarias”. Serviço: www.brasilbrau.com.br ■
Mercado
POR Domingo Glenir Santarnercchi
Mercado cervejeiro em franca expansão O mercado brasileiro de cerveja passa por um momento de crescimento com números expressivos, investimentos e lançamentos de novos produtos O Brasil possui uma área total de 8.514km² e uma população de 197.326.640 pessoas (conforme o censo de 2010), o que pode ser dividido em: 31,8% de crianças de 0 a 14 anos, 19,4% de jovens de 15 a 24 anos e 43,2% adultos acima de 25 anos. Estes dados indicam uma relação positiva em relação ao consumo futuro de
cerveja, pois temos uma população grande e um número elevado de jovens e crianças que podem ser encarados como futuros consumidores da loira gelada. Além disto, o País apresenta possibilidades de crescimento no consumo da loira, devido ao consumo per-capto ser muito baixo. Os indicadores econômicos es-
tão nos últimos anos sempre em crescimento e apresentam uma boa estabilidade. Estas informações acima indicam um “Trend” para o crescimento do consumo de cervejas nos próximos anos. O Brasil fechou o ano de 2009 com a produção de cervejas próxima de 109 bilhões de litros e
Japonesa Kirin anuncia compra da Schincariol por R$ 3,95 bilhões O grupo japonês Kirin anunciou no dia 01 de Agosto a aquisição do controle da cervejaria brasileira Schincariol por R$ 3,95 bilhões. A Kirin comprou a Aleadri-Schinni Participações e Representações, de Alexandre e Adriano Schincariol. A holding Aleadri-Schinni tem 50,45% das ações da Schincariol. Ainda não havia nenhuma informação oficial no site da Schincariol, Os detalhes da transação, po-
rém, estavam disponíveis no site da Kirin. A Kirin Holdings Company é uma empresa japonesa presidida pelo CEO Senji Miyake. Com sede em Tóquio, a companhia foi fundada em 1907 e teve uma arrecadação total de mais de R$ 40 bilhões em 2010, segundo o site oficial da empresa. A Kirin tem cerca de 32 mil empregados.
Suspensa venda da Schincariol para a Kirin Os sócios minoritários da Schincariol, detentores de 49,55% das ações, venceram a primeira etapa na disputa envolvendo o controle da companhia. No dia 03 de Agosto, a juíza Juliana Bicudo, da 1ª Vara Cível da Comarca de Itu, deferiu parcialmente o pedido de ação cautelar do escritório Teixeira Martins Advogados, que defende os minoritários, os irmãos José Augusto, Daniela e Gilberto Schincariol, donos da Jadangil, empresa que tem os 49,55% das ações da Schincariol. Pela decisão da juíza, ficam suspensos os efeitos da venda da Aleadri, empresa dos irmãos Adriano e Alexandre Schincariol, que têm 50,45% da fabricante, para a japonesa Kirin. Os minoritários da Jadangil também poderão ter acesso ao histórico de negociações entre a Aleadri e a Kirin. Segundo a assessoria de imprensa dos irmãos
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I.B. Ed. Especial Cerveja - 2011
Alexandre e Adriano Schincariol, a holding Aleadri-Schinni Participações já tomou conhecimento da decisão judicial e está analisando que medidas tomar, incluindo um eventual recurso. Os irmãos são representados pelo escritório de advocacia Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga.
conseguiu o 4º lugar na produção mundial, ficando apenas atrás da China, USA e Rússia. Enquanto na Europa, o volume de consume de cervejas cai, os números de produção de cervejas no
Brasil estão em crescimento constante. Em 2007 a produção estava em 103 bilhões de hl, já em 2008 em 106 bilhões e em 2009 em 109 bilhões de hl. Segundo dados da Sindicerv, Gilmar Viana, o volume
produzido em 2010 no Brasil é de 112,6 bilhões de hl, deixando o Brasil em terceiro lugar na produção mundial de Cervejas.
A produção de cervejas no Brasil alcançou no ano passado a marca recorde de 12,6 bilhões de litros, um crescimento de 18% em relação a 2009, mais que o dobro do PIB segundo Gilmar Viana relata.
Com este resultado o Brasil se tornou no ano passado o terceiro maior mercado de cervejas do Mundo, atrás da China e dos EUA. Segundo Gilmar Viana, presidente da Sindicerv, esse resulta-
do se deve a três fatores: crescimento de renda, estabilidade dos preços e clima favorável. O clima muito quente, típico neste verão, eleva no país inteiro o consumo de cervejas.
O atual momento das MicroCervejarias no Brasil
Q
ue o mercado brasileiro de cervejas artesanais vive um crescimento expressivo, não há a menor dúvida, basta avaliar a progressão do espaço Degusta Beer, nas quatro últimas edições da Brasil Brau, maior feira do segmento cervejeiro da América Latina, com sua última realização recentemente no mês de julho. Na primeira edição do Degusta Beer, em 2005, estiveram presentes apenas a Devassa e a Falke Bier. Em 2007 algo em torno de 15 participantes, em 2009 por volta de 20 e em 2011 mais de 30 expositores exibindo suas cervejas, com muitos lançamentos.
Europa há 10 anos e que a tendência é que o setor ganhe projeção e maior participação no mercado cervejeiro do país (hoje representa algo em torno de 0,2% do mercado, enquanto nos Estados Unidos chega a 5% de toda produção cervejeira do país). No entanto existem dificuldades que precisam ser vencidas, assim como ajustes na concepção da forma do negócio. O tratamento tributário que o governo dá ao setor é injusto e inviabilizador já que não avalia o baixo poder contributivo dos pequenos produtores com um modelo desigual. É preciso mobilização dos atores, não
Temos visto também o aumento progressivo de bares e restaurantes cada vez mais envolvidos com a face gastronômica das cervejas especiais, além de empórios, delikatessens e lojas especializadas. A divulgação na mídia também tem sido intensa, jornais, revistas, rádio e televisão. Especialistas de outros países que temos tido contato que visitaram o Brasil nos últimos como os americanos Randy Mosher, Charlie Papazian, Ray Daniel, Pete Slowberg, Dog Odwel, o canadense Stephen Beaumont, o austríaco Conrad Seidl, o italiano Teo Musso são unânimes em admitir que a fase em que nos encontramos coincide com Estados Unidos e
só das micro cervejarias, mas de toda a cadeia produtiva. Quanto ao modelo do negócio, temos notado muitas empresas tentando fabricar cervejas no modelo das industriais, logicamente torna-se difícil competir com as grandes, o que nos faz destacar é a diferença, são cervejas ousadas que tragam novidades ao consumidor. Serviço: Fotos divulgação Marco Falcone – www.falkebier.com.br Michael Trommer – michaeltrommer@terra.com.br Valor Online G1, com informações da Reuters G1, São Paulo ■
Tecnologia
POR Matthias R. Reinold
MICROCERVEJARIAS Observações técnicas relevantes O avanço da onda de fusões entre as grandes cervejarias propicia uma boa chance de se investir e obter sucesso no segmento de microcervejarias, onde o consumidor terá a oportunidade de degustar cervejas especiais, que a maioria das grandes cervejarias normalmente não pode oferecer.
N
a Alemanha existem atualmente mais de 300 microcervejarias, principalmente no sul do país. No Brasil temos mais de 170 microcervejarias, distribuídas principalmente nas regiões sudeste (42) e sul do país (37). Quando a cerveja era feita em casa, apenas para consumo da família, a tarefa era ainda mais simples, porque as demandas relativas à qualidade do produto eram fáceis de atender. A afirmação de que a "cerveja não provoca doenças”, e a observação de que ela ajuda a superar as preocupações do dia-a-dia, em geral, satisfaziam, mesmo que a cerveja apresentasse um sabor e aroma duvidosos. Os requisitos técnicos para a produção de cerveja eram muito baixos. De acordo com os conhecimentos de Louis Pasteur e os desenvolvimentos, em particular por Paul Lindner (microbiologista alemão que se dedicou ao estudo dos processos de fermentação) e Emil Christian Hansen (micologista dinamarquês), a experiência de saborear a cerveja tornou-se previsível. Estes conhecimentos proporcionaram o controle microbiológico, permitindo que a cerveja mantivesse seu aroma e sabor estáveis por mais tempo. MUDANÇAS NO CENÁRIO DA CERVEJA No passado, a fabricação de cerveja era regida pelas tradições, e por muito tempo, os mais importantes "conservantes" da cerveja foram o extrato aparente próximo do extrato aparente final e o uso do máximo de lúpulo. Em 1975, definia-se uma cerveja Pilsen normal alemã com 30 a 40 unidades de amargor EBC (European Brewery Convention), e uma cerveja tipo Export com 20 a 30 unidades de 18
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amargor EBC. Para obter uma vida de prateleira desejada de seis semanas, normalmente não se utilizava uma estabilização tanino-protéica, e longos períodos de maturação ainda eram usados como uma mensagem publicitária. Até o final dos anos 1970 havia uma grande variedade de sabores no cenário cervejeiro alemão. Em Dortmund ainda era fabricado um volume significativo de cerveja Export, que era significativamente mais amarga do que as habituais Pilsens de hoje. Cervejas de cervejarias distintas podiam também ser diferenciadas por um consumidor casual de cerveja. Começou então a perseguição mundial por redução de custos. Algumas cervejarias que com isso obtiveram sucesso, produzindo cervejas com o menor custo possível e que eram aceitas por um grande número de pessoas, levaram a mudanças no cenário cervejeiro. Deste modo, muitas cervejarias foram "forçadas" a copiar o conceito, pelo menos em parte. Como em testes de comparação as cervejas menos lupuladas (menos amargas) são mais bem aceitas, a dosagem de lúpulo foi reduzida de forma contínua, o que também reduziu os custos. Mas foi ignorado o fato de que podemos beber grandes quantidades de cerveja mais lupulada, antes que você esteja “saciado”, assim como o fato de que um consumidor normal de cerveja não organiza "testes comparativos". No Brasil, como em outras partes do mundo, ocorreu o mesmo efeito relativo à diminuição do amargor das cervejas e a padronização das cervejas comerciais. Se por um lado a concentração de volumes e a padronização de cervejas toma corpo, por outro, abre-se uma lacuna no segmento de cervejas
especiais, que pela imensa variedade de estilos, atende os desejos dos consumidores que desejam consumir produtos diferenciados. O conhecimento sobre este assunto pode ser muito útil para uma estratégia de produção e comercialização de produtos. DEFINIÇÃO DO PORTE DAS CERVEJARIAS Como não existe no Brasil uma legislação a respeito da classificação do porte das cervejarias, para melhor entendimento, podemos classificá-las em: Cervejeiro caseiro – produz cerveja apenas para consumo próprio, pois é vedado qualquer tipo de comercialização. Os volumes por cozimento oscilam entre 20 litros e 50 litros. Nanocervejaria – pequena cervejaria com capacidade de produção entre 50 litros por cozimento e 200 litros por cozimento. (500 litros nos EUA). Microcervejaria – pequena cervejaria com capacidade de produção entre 200 e 6.000 litros por cozimento. Cervejaria de pequeno porte – cervejaria com capacidade de produção entre 6.000 litros (60 hl) e 20.000 litros (200 hl) por cozimento. Cervejaria de médio porte – cervejaria com capacidade de produção entre 20.000 litros (200 hl) e 50.000 litros (500 hl) por cozimento. Cervejaria de grande porte – cervejaria com capacidade de produção acima de 50.000 litros (500 hl) por cozimento.
Brewpub – pequena cervejaria com venda de no mínimo 25% da cerveja produzida no próprio estabelecimento (bar ou restaurante). NEM TODO CONCEITO É BEM SUCEDIDO Conquistar novos consumidores é geralmente mais difícil, do que mobilizá-los para provar (degustar) ou mudar de marca. As novidades exercem um encanto, mas que apenas obtém sucesso quando a disponibilidade de produto é garantida. De nada adianta investir em mídia, se o consumidor não encontra a sua cerveja preferida nos pontos de venda. Um local ideal para uma cerveja gourmet (voltada para a gastronomia), são em bares e restaurantes que oferecem boa culinária e produtos diferenciados. Normalmente podemos encontrar uma grande variedade nas grandes cidades. No início dos anos 1980, acreditava-se que uma microcervejaria (brewpub) seria sempre uma expe-
riência gastronômica, como se fosse uma atração – casa de shows ou um restaurante badalado. O equipamento de fabricação de cerveja era integrado ao restaurante e também deveria chamar a atenção visualmente. Este conceito nem sempre é coroado de êxito. Entre as décadas de 1980 e 1990, as primeiras microcervejarias (brewpubs) fecharam definitivamente as suas portas. Quando tentamos copiar um conceito, o sucesso é geralmente significativamente menor ou o custo significativamente mais elevado do que o original, se o mercado aonde o empreendimento será instalado não entender o conceito. MAS O QUE É REALMENTE IMPORTANTE? Quando se trata de uma microcervejaria, a localização, qualidade dos equipamentos, capacitação do profissional cervejeiro e portfólio de cervejas são importantes. Em um brewpub, o conceito de
gastronomia tem que estar correto, isto é, no cardápio a comida deve estar harmonizada com os tipos de cerveja disponíveis. Além dos custos de aquisição do equipamento para produzir cerveja, por exemplo, deve se levar em consideração o custo do aluguel do imóvel (se for o caso) e demais despesas necessárias para a operação do empreendimento. Estes custos e despesas podem aumentar ou até mesmo exceder o nível de custos desejado. Ao usar equipamentos de brassagem que brilham como espelhos e que apresentam uma instalação repleta de tecnologia - que atende a altas exigências visuais e técnicas os custos de capital são muitas vezes os maiores itens a serem levados em consideração. Uma sala de cozimento pode representar entre 25% e 30% do investimento total em equipamentos da microcervejaria. ENTÃO, QUAL É A SOLUÇÃO? Basicamente, existem algumas pos-
Tecnologia sibilidades de solução: - Escolha um local em que se pode atingir o volume de produção (vendas) necessário sem problemas; - Reduza drasticamente os custos de investimento dimensionando adequadamente os equipamentos, periféricos e instalações; - Reduza os custos operacionais ao máximo, sem comprometer a qualidade dos produtos; - Se for necessário, instale a microcervejaria fora de um grande centro urbano e, por exemplo, atenda deste local os pontos de venda – preferencialmente em bairros típicos de bares ou restaurantes. Locais adequados com um volume de vendas de cerveja permanentemente de vários milhares de litros de cerveja por mês são raros de se encontrar no Brasil. Os outros pontos podem ser considerados separadamente ou em conjunto. Como a rentabilidade aumenta com o volume de produção, vale a pena considerar vender a cerveja produzida em pequena escala em vários
pontos de venda ou em eventos grandes como, por exemplo, festivais. Se você quer reduzir os custos de investimento, você pode economizar na aparência e/ou na tecnologia. A experiência mostra que a aparência é muito menos importante para o cliente do que geralmente se supõe. A ausência de um polimento externo espelhado ou um detalhe qualquer de acabamento provavelmente não serão notados pelo visitante ou cliente. A técnica não deve ser escondida por meio de artifícios e sim mostrada de modo transparente. Equipamentos bem concebidos e construídos, que atendam aos padrões mínimos vigentes, não são exatamente baratos. A cerveja produzida na microcervejaria pode ter aroma e sabor muito diferentes de uma pilsen normal do supermercado, mas deve poder conquistar um número suficiente de pessoas que gostem desta cerveja. Há um número significativo de pessoas que gostam de diacetil (cheiro semelhante ao mel ou manteiga ran-
çosa) e sabor de cerveja jovem (não maturada, com cheiro e gosto “agressivos”), e mesmo pessoas que gostam de DMS (composto a base de enxofre). No entanto, raramente são encontradas pessoas que gostam de mosto queimado, levedura autolisada que gera um cheiro de produto podre ou de subprodutos do metabolismo de lactobacilos e Enterobacteriaceae que geram acidez ou azedume na cerveja. Em microcervejarias que produzem cervejas do estilo inglês ou norte-americano, geralmente se produz uma cerveja padrão e outros estilos, como Stout e IPA. Em microcervejarias orientadas para cervejas alemãs, são produzidas cervejas lager leves como o tipo principal. Outras cervejas são a Weiss, Bock, Schwarzbier, entre outras. Algumas microcervejarias optam também por produzir cervejas sazonais, em escala reduzida, uma vez ao ano. As cervejas especiais possuem um valor agregado mais alto em razão do seu processo de produção e insumos, logo elas são vendidas por
um preço mais elevado, comparada com o tipo de cerveja básico (geralmente Pilsen). Algumas vezes a cerveja apresenta alguns aromas e sabores indesejáveis (fora do padrão), oriundos das restrições técnicas do equipamento de produção. ONDE PODEMOS REALMENTE ECONOMIZAR DINHEIRO? Normalmente é escolhida uma sala de cozimento com dois recipientes, com tina de mostura/cozinhador de mosto/whirlpool integrados e tina de clarificação em outro recipiente. Como equipamento isolado temos um tanque de água quente em aço inoxidável. Geralmente a cobertura externa do isolamento térmico é feita em aço inoxidável. O aquecimento dos recipientes é um fator de maior custo. Um aquecimento a vapor, é tecnicamente a solução mais limpa, mas em conjunto com o gerador de vapor, também uma das mais caras. No Brasil, o vapor é a opção mais utilizada em salas de cozimento com volume de mosto quente superior a 2,5 hl (250 litros). Outras opções, geralmente utilizadas em salas de cozimento de pequeno porte, são o aquecimento elétrico ou a chama direta. No aquecimento elétrico com uma potência de 36 kW, uma mostura de 5,5 hl pode ser aquecida em cerca de 1°C em um minuto. Um problema com o elemento de aquecimento elétrico é a temperatura da superfície, porque o aquecimento é normalmente distribuído em uma área pequena, além da limitação da potência de aquecimento: para elevar 11 hl de mosto de 72°C à temperatura de cozimento, o aquecimento elétrico de 36 kW leva cerca de uma hora. Sistemas de aquecimento por chama direta, revestidos com tijolos refratários são caros e praticamente não utilizados. Queimadores abertos, como os usados para aquecer panelas grandes de paella, são significativamente mais baratos, mas menos eficientes. No aquecimento por chama direta deve ser levado em consideração o risco de incandescimento pelo uso de
aço inox. Quando o queimador de “panela de paella” é escolhido não apenas pelo seu desempenho térmico, mas também pelo projeto, é possível atingir temperaturas de superfície dentro do limite tolerável. Uma vez que estes queimadores requerem determinado volume de ar de alimentação, a operação dentro de ambientes fechados deve prever os aspectos de segurança. Pode se renunciar mais facilmente a um afofador na tina de clarificação do que a um fundo falso adequado. Um fundo falso fresado espesso é desejável, mas um fundo falso com arame perfilado (peneira filtrante) apresenta praticamente o mesmo resultado, mas é muito mais barato. Uma descarga do bagaço para baixo é mais confortável do que a descarga lateral, mas um cervejeiro motivado também se acostuma com a porta lateral. Não deveria se renunciar, se possível, a um Whirlpool separado, que também pode ser usado como um tanque de água quente. Um sistema de resfriamento padrão, que utiliza uma mistura de etanol-água é mais favorável do que sistema de armazenamento de gelo. O resfriamento do mosto deve ser efetuado em dois estágios para obter uma temperatura de água quente mais elevada possível (> 80°C). Assim você poderá obter um resfriamento adequado e água quente em volume adequado para a operação da microcervejaria. A automatização do processo de mosturação é um item importante para assegurar a segurança operacional e também um item de conforto, porém outras funções de automação ou válvulas de controle remoto geralmente não são obrigatórias. Na microcervejaria, a fermentação fechada é também mais fácil de controlar. O isolamento dos tanques de fermentação/maturação deve ser bem feito, de modo a evitar perdas de frio desnecessárias. O volume dos tanques deve ser dimensionado para que comportem um número de cozimentos não excessivo, permitindo esvaziamento e enchimento em curto espaço de tempo.
Com isso, aumenta-se o ciclo de uso, não necessitando de tanques extras, o que mantém o investimento baixo. A tubulação rígida na área de adegas projetada como uma cerca de tubos, é mais barata no longo prazo, do que o uso de mangueiras e bombas portáteis. As bombas centrífugas e outros componentes devem ser adequados ao processo pretendido. CONCLUSÃO Quando se opta por montar uma microcervejaria, e necessitamos de um custo de investimento mínimo, regularmente iremos nos deparar desde equipamentos que não são fabricados de acordo com as prescrições técnicas cervejeiras, com requisitos mínimos de segurança, até equipamentos automatizados que atendem as normas cervejeiras e demais requisitos. Dentre as opções há os intermediários, que oferecem equipamentos com boa tecnologia cervejeira, segurança, dimensionamento e operacionalidade simples, porém com pouca automatização, com um custo mais atrativo. Muito importante é considerar o suporte de um técnico experiente para a escolha dos equipamentos de uma cervejaria e contratar um profissional cervejeiro com boa formação e experiência, para operar os equipamentos. Este profissional deve ser capaz de resolver a maioria dos problemas operacionais e estar totalmente comprometido com os objetivos da empresa. Serviço Matthias R. Reinold – Mestre Cervejeiro Diplomado www.cervesia.com.br Referências – Gasthausbrauereien: Technisch-wirtschaftliche Betrachtung – Brauindustrie 1/2011Raimund Kalinowski – Cervesia ■
Artigo
POR Matthias R. Reinold
O que são construções higiênicas de peças e componentes para a cervejaria
A
palavra higiene é derivada da deusa grega Hígia, a deusa da saúde. Sob higiene entendemos atualmente tudo que serve à saúde e ao bem estar no sentido mais amplo da palavra. O contrário é classificado como não higiênico, que prejudica o nosso bem estar ou a nossa saúde. Os microrganismos prejudicam o nosso bem estar de modo geral apenas quando provocam uma doença ou, por exemplo, quando eles crescem de modo visível em superfícies ou sobre os alimentos. Fontes de ruído, odores ou correntes de ar comumente perturbam muito mais o bem estar, mas para a maioria das pessoas dificilmente vem à mente as exigências de higiene. Tal como acontece com tantas coisas, tentamos fazer com que a higiene seja objetivamente mensurável. No entanto, isso não é possível acontecer, pois tem a ver com os valores subjetivos de cada um. PERCEPÇÃO DE HIGIENE Uma mesma pessoa pode ter várias perspectivas sobre requisitos de higiene. Por exemplo, teremos expectativas completamente diferentes sobre a higiene em uma empresa farmacêutica, uma empresa de alimentos ou na colheita em uma plantação. Os grãos, que por meses sofreram a influência de pneus de máquinas até a exposição a agentes do meio ambiente, inclusive a excrementos de aves, serão transportados sem hesitação em reboques abertos; degustações de alimentos que acontecem no supermercado, de amostras que 22
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estão sobre o balcão, expostas ào meio ambiente ou mesmo a pessoas que tossem sobre elas, são classificados como um problema de higiene.
Mesmo dentro da indústria de alimentos as apresentações são graduadas. Ninguém pode esperar uma situação semelhante em um abatedouro como em uma fábrica de sorvetes. Asséptico significa na realidade esterilidade (Sepse significa podridão em grego). Asséptico é considerado por muitos como um tipo mais nobre de higiene. Para um médico o procedimento asséptico se faz necessário e é um nível acima do procedimento higiênico. Na indústria de alimentos e bebidas, no entanto, estas são exigências completamente diferentes. O que é higiênico ou anti-higiênico tem muito a ver com o correspondente círculo cultural e com os valores correspondentes de cada indivíduo. No Japão, as pessoas ficam enojadas com as bactérias mortas que permanecem nas bebidas após a pasteurização. Para essas pessoas, apenas uma filtração correspondente é higienicamente aceitável. Trabalhar de maneira higienicamente correta - no verdadeiro sen-
tido da palavra, significa atender as expectativas dos colaboradores e clientes, tanto quanto tecnicamente e economicamente viável. EHEDG - European Hygienic Equipment Design Group O EHEDG (European Hygienic Equipment Design Group) desenvolveu diretrizes e recomendações para construções e versões higienicamente adequadas. As organizações credenciadas pela EHEDG realizam tais testes e certificam componentes, para que eles possam usar o logotipo da EHEDG para fins de publicidade. O EHEDG é parcialmente forçado a escolher formulações bastante abstratas, para que os componentes que foram higienicamente provados durante anos nas indústrias de alimentos e bebidas no âmbito do produto, não sejam excluídos de uma vez. Estas formulações podem – similar a textos legais – dar uma certa margem de interpretação. O EHEDG também lida apenas com uma pequena área da higiene. A capacidade de limpeza e segurança operacional estão claramente em primeiro plano. Alguns aspectos de higiene, como por exemplo a ergonomia, não são considerados pelo EHEDG. Mas eles são extremamente importantes, se não queremos degradar a higiene para uma ciência da capacidade de limpeza. O projeto higiênico não deve ser aplicado aos componentes individuais, mas sempre considerado como um todo. De modo geral, não podemos ignorar a questão, se uma válvula de
esfera industrial é higienicamente adequada ou não, porque depende de onde e para que ela seja utilizada. Se ela é o bloqueio entre a tubulação de água e a mangueira, dificilmente alguém deixará de utilizá-la por razões higiênicas, mas sim por razões técnicas.
Mesmo quando as mangueiras possivelmente devam ser evitadas, elas são necessárias para a conexão de caminhões-tanque ou contentores de grandes dimensões. Para limpar o chão, de modo que a higiene do ambiente de produção seja mantida, uma man-
Válvula de esfera industrial não-higiênica, utilizada em tubulação de cerveja
gueira de água é indispensável. Como bloqueio para um produto (ex. cerveja ou mosto), no entanto, a válvula de esfera industrial, devido à sua capacidade de limpeza insuficiente, é considerada anti-higiênica e deve ser substituída por válvulas consideradas higiênicas.
Núcleo de uma torneira de amostras sem a concepção higiênica necessária
A
ergonomia é essencialmente a relação entre homem e máquina. Uma vez que uma ergonomia insatisfatória pode perturbar o bem-estar de modo persistente e pode até mesmo deixar doente, é sem dúvida uma parte importante da higiene. Aqui, a acessibilidade para a operação e manutenção vêm à nossa mente primeiro. Configuração de cores, iluminação, ruídos, vibrações, instruções de manutenção e operação (!) ou a configuração do software de uma máquina ou sistema são os primeiros a serem esquecidos. Uma construção em que estes pontos não são levados em consideração, pode ser higiênica por pura coincidência. A experiência
Construção não higiênica e inadequada de uma vela sinterizada para a aeração do mosto cervejeiro
Quando os componentes não são totalmente feitos de aço inoxidável, muitas empresas escolhem a pintura de acordo com as suas próprias cores corporativas. Estas cores da empresa, no entanto, muito raramente tem o objetivo de criar um ambiente de trabalho ergonômico. Só quando se está consciente deste fato e comunica-se isso ao fornecedor, podemos possívelmente mudar esta condição; pois comprovadamente as cores têm mostrado uma influência muito forte sobre o bem-estar e não deveriam servir essencialmente para atribuir um componente a um determinado fornecedor.
nos mostra que, infelizmente, isto raramente acontece. Apenas quando relacionamos estas ligações de modo consciente, é que podemos avaliar o desenho higiênico de máquinas e equipamentos. O que por alguns fabricantes de equipamentos é entregue como documentação e aceito por empresas de bebidas, é ruim do ponto de vista higiênico, como uma capacidade de limpeza deficiente. Uma iluminação suficientemente brilhante, sem ofuscar, com temperatura de cor deliberadamente selecionada, é um requisito fundamental para a operação higiênica. A fonte de luz em si deveria possuir grande superfície, para evitar sombras.
Montagem não higiênica de um sensor de temperatura em um tanque de fermentação/maturação
Se fizermos as seguintes perguntas para a avaliação de uma solução técnica sob o ponto de vista higiênico: 1) Esta solução é positiva para o bem estar das pessoas? 2) Existem soluções melhores, economicamente viáveis? Chegaremos à conclusão de que as boas soluções não têm necessariamente de ser caras e complexas e quase sempre há a possibilidade de se melhorar. CONSTRUÇÕES E MONTAGENS HIGIÊNICAS Certamente, ao longo dos anos
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Artigo tem aumentado as exigências de higiene através dos valores das normas. Assim, uma torneira de amostras rosqueada em uma luva e vedada por uma junta de borracha plana e fita de teflon em contato com produtos como cerveja ou mosto, ou para ser utilizada em CIP, já não é mais aceitável. Não é necessário o uso de uma torneira de amostras asséptica para a coleta de amostras microbiológicas, que não são críticas. Torneiras de amostras adequadas são preferencialmente soldadas. A torneira de amostra rosqueada que contém uma junta de vedação na parte frontal, em contato com o produto, com encosto metálico, para obter uma área de vedação definida com uma tensão definida, em conexão com um furo de vazamento, que indica quando a vedação estiver defeituosa, também é aceitável. Soldas efetuadas de modo impecável são a melhor e mais durável emenda. Mesmo as carcaças de bombas podem ser soldadas à
Exemplo de torneira asséptica Keofit
tubulação, se com isso a manutenção não for comprometida. Infelizmente, a qualidade do cordão de soldas muitas vezes não é satisfatória e, muitas vezes leva a discussões sobre o que é higienicamente aceitável - rugosidade melhor do que Ra = 1,6 µ. Engenheiros de solda das agências de inspeção técnica tem parcialmente idéias de cordões de solda executados tecnicamente, que mais remetem à construção naval do que em indústrias de alimentos. As normas corresponden-
tes também são muito limitadas para definir uma solda higienicamente bem feita. Por isso, em alguns casos a aquisição de amostras-limite, e a inserção delas em contrato pode evitar a necessidade de se realizar uma inspeção interna nas tubulações por câmeras. Sempre que possível, devem ser evitadas conexões desmontáveis. Alguns medidores de fluxo eletromagnéticos, mesmo quando entregues com conexão soldada, podem, por exemplo, ser desmon-
tados de qualquer maneira, já que apenas um dos flanges incluídos é soldado. As válvulas de retenção, devem ser usadas principalmente com uma versão de flange higiênico, que muitas vezes é mais barato do que a versão de conexão rosqueada de acordo com DIN 11851. Conexões de tubulação em conformidade com a norma asséptica DIN 11864 são fabricadas em uma variante para alimentos de acordo com DIN 11853 com bocal curto. A diferença de preço para a conexão roscada de acordo com a norma DIN 11851 é tão pequena, que as vantagens, tais como a centralização e batente metálico, mais do que compensam o custo extra. Muitas pessoas são da opinião que ao visitar feiras técnicas e participar de conferências não se precisa mais de consultores e auditores técnicos. Para elas, os fornecedores e consultores de aplicação aparente-
mente fornecem esta consultoria de forma gratuita. Mas quando testamos equipamentos recém-lançados, na maioria das vezes iremos perceber que podíamos instalar uma solução melhor e por isso muitas vezes mais econômica, com custos de investimento equivalentes. Se um fornecedor fabrica conexões, válvulas, máquinas ou equipamentos que podem ser limpos e esterilizados, deve também chamá-los assim, pois higiene significa outra coisa. O simples fato do equipamento ser construído em inox não lhe garante condições higiênicas e assépticas. Podemos concluir que diversas peças e componentes utilizados na cervejaria devem ter uma construção higiênica para garantir que não haja proliferação de microorganismos que possam alterar o sabor e aroma da cerveja e tampouco permitir que haja contaminação físico-química do produto. Serviço Matthias R. Reinold – Mestre Cervejeiro Diplomado www.cervesia.com.br Referências 1. Construções higiênicas - Raimund Kalinowski. 2. Relatórios de não-conformidades - Cervesia ■
Por Bruna Maldonado
Instituto Adolfo Lutz atesta o potencial dos pisos em MMA para a indústria alimentícia A Miaki foi a primeira a importar o MMA, resina utilizada há décadas para o desenvolvimento de revestimentos em países de primeiro mundo
C
omo bons conhecedores do segmento alimentício, a Miaki Revestimentos há 18 anos vem acompanhando o desenvolvimento das empresas desta cadeia com a finalidade de sanar suas carências com relação a seus pisos e revestimentos. Com uma infra estrutura diferenciada, a Miaki conta com um Centro de desenvolvimento tecnológico que avalia todas as tendências mundiais em pisos e revestimentos e desenvolve soluções de alto desempenho para as empresas do Brasil. Foi neste pensamento que a Miaki foi a primeira a importar o MMA, resina utilizada há décadas para o desenvolvimento de revestimentos em países de primeiro mundo, considerada como tecnologia de ponta para áreas agressivas das indústrias
de alimentos e bebidas. Trata-se de uma resina tri-componente, que por sua resistência também é utilizada para confecção de vidros a prova de bala, implantes ósseos e dentários, lentes de contatos entre outros. Dentre a vasta lista de produtos de alta resistência desenvolvidos a partir desta, estão os revestimentos da Miaki. Centenas de indústrias já utilizam e atestam esta tecnologia, que trás como grande diferencial o tempo de cura do material, apenas 3 horas, não sendo necessário, portanto, que a empresa pare o seu processo de fabricação, para que haja a troca do pisos. “É como trocar o pneu da bicicleta, com ela em movimento” afirma José Janércio de Lima, gerente industrial da Ceratti, grande parceira da Miaki. Outros pontos fortes
deste revestimento são sua extrema resistência mecânica,térmica e química, padrão de qualidade europeu (atendendo com folga às normas da ANVISA), ecologicamente correto (isento de solventes), possui resistência UV, estrutura molecular inalterada por décadas a fio e pode ser projetado em níveis de antiderrapancia de acordo com a necessidade do ambiente. Cientes da qualidade do revestimento desenvolvido e com a finalidade de comprovar a mesma para seus clientes e parceiros do segmento alimentício, a Miaki em maio de 2010 procurou a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e através do Instituto Adolfo Lutz realizou análises Microbiologicas comparativas em amostras de MMA, cerâmica antiácida, poliuretano cimentício e cimento com agregados de alta resistência, contaminando as superfícies destas amostras com bactérias e fungos e posteriormente higienizando-as por meio de escovação com água e detergente neutro. Buscando simular um dos tipos de exposição freqüente em ambientes da cadeia alimentícia.
Os testes comprovaram que o MMA é uma superfície realmente limpa, pois após a higienização, não retém ou absorve qualquer bactéria ou fungo, ao contrário dos outros sistemas, que apresentaram focos de contaminação ao final do teste. Estes laudos constituem provas científicas de que materiais que apresentem juntas ou porosidade, não devem ser utilizados em ambientes onde a facilidade de descontaminação e a assepsia são fatores fundamentais. Serviço www.miaki.com.br ■