Janeiro 2008

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Propriedade Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal Tel: (+351) 214 524 156 Fax: (+351) 214 528 922 E-mail: apfisio@apfisio.pt Web: http://www.apfisio.pt NIF: 501790411

Direcção Director: Marco Jardim Director Adjunto: Raúl Oliveira Sub-Director: José Esteves

Editor Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Alexandra Amorim, João Ribeiro, Luís Ribeiro, Marco Jardim, Marc Reis, Ricardo Pinto e Telmo Firmino. Serviços Administrativos Ricardo Pinto e Ruben Miranda Conselho Editorial António Cartucho Hospital da CUF Descobertas António Carvalhais Figueiredo Clínica CUF – Stª Maria de Belém Fernando Pereira Faculdade de Motricidade Humana Henrique Relvas Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Jacob Friscknetch Federação Portuguesa de Judo Jan Cabri Faculdade de Motricidade Humana João Paulo Sousa Faculdade de Motricidade Humana José Esteves Escola Superior de Saúde do Alcoitão Maria António Castro Escola Superior de Saúde de Coimbra Paulo Carvalho Escola Superior de Saúde do Porto Paulo Amado Hospital de Stª Mª da Feira Orlando Fernandes Faculdade de Motricidade Humana Raúl Oliveira Faculdade de Motricidade Humana Ricardo Matias Escola Superior de Saúde de Setúbal Rui Torres Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa Rui Soles Gonçalves Escola Superior de Saúde de Coimbra Susana Veloso Universidade Lusófona Themudo Barata Faculdade de Motricidade Humana

Objectivo A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação oficial do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Esta revista pretende divulgar um conjunto de informações indispensáveis para a prática clínica e desenvolvimento profissional contínuo dos fisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem como, temas de áreas relacionadas. Pretende-se abranger temáticas relevantes sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento de lesões resultantes da prática desportiva. Contempla estudos experimentais, quasi-experimentais, descritivos/observacionais (levantamentos epidemiológicos, estudos de caso, descrição de experiências), revisões sistemáticas de literatura, meta-análises e artigos de opinião sobre a prática da fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Os artigos a publicar são submetidos a análise criteriosa pelo Conselho Editorial da revista. Esta publicação dirige-se a todos os fisioterapeutas, bem como a outros profissionais da área da Saúde e do Desporto. Submissão de Trabalhos Para submissão de trabalhos por favor consulte http://www.apfisio.pt/gifd_revista Através deste endereço poderá ter acesso a todas as informações e procedimentos necessários para submeter o seu trabalho a publicação. Para enviar o seu trabalho utilize o seguinte endereço electrónico: revista_gifd@apfisio.pt. Para informações adicionais contacte o Editor – Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto – gifd@apfisio.pt Subscrição A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação de distribuição livre para todos os sócios da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Periodicidade Semestral (Janeiro e Julho) Projecto Gráfico e Conteúdos Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Publicidade Para anunciar na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto deverá entrar em contacto com: Decoder – Tecnologias Criativas em Merketing e Publicidade, Lda. Tel. 214 358 596 – Fax: 214 358 598. ISSN 1646-6586 Registo I.C.S nº 125207 Copyrigtht © Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto © 2007. Todos os direitos reservados.Esta publicação e todo o seu conteúdo estão protegidos pelos direitos do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto. Tiragem 3000 Exemplares Contactos Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto E-mail: revista_gifd@apfisio.pt Sede de Redacção Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Tipografia Sogapal, S.A. Telf:214 347 100 – Fax: 214 347 155


ÍNDICE

EDITORIAL Os Desafios da Especialização 3

Lopes, A.

ESTUDOS ORIGINAIS Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográfica e no Peak Torque durante a Contracção Isométrica do Quadricípite. 6

Alberto, M; Carvalho, P.

Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragem Após Entorse do Tornozelo – Um Estudo em Basquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa. 13

Castro, M.A.; Janeira, M.A.; Madail, J.; Fernandes, O.

Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida, Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a realidade Portuguesa. 23

Domingues, F; Esteves, J; Pascoalinho, J.

REVISÃO DE LITERATURA Disfunções da Cervical - Whiplash associado à prática de Râguebi. 35

Campos, D; Atalaia, T.

O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na Flexibilidade Muscular: Uma revisão sistemática da literatura. 43

Coelho, L.

REVISÃO DE LIVROS Shoulder Rehabilitation: Non-Operative Treatment 57

Oliveira, R.

Tendinopathy in Athletes 58

Oliveira, R.

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas 1960 - 2008 48 anos de afirmação profissional


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

EDITORIAL

Os Desafios da Especialização António Lopes1 Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas e da World Confederation for Physical Therapy - Região Europeia

1

O desenvolvimento das profissões e do respectivo corpo

atribuição, quanto mais não seja para poder avaliar todos

de saberes conduz ao que vulgarmente se chama de

aqueles que sendo autodidactas ou tendo tido percursos

especialização.

formativos menos convencionais, pretendem ser reconhecidos como especialistas.

É assim que podemos considerar “especialista” alguém

Quais são então os atributos de um especialista?

que demonstra um conjunto de conhecimentos e

Numa reunião internacional de fisioterapeutas realizada

competências práticas (skills) dentro de uma determinada

no Estoril em 1998, traçaram-se um conjunto de ideias

área de intervenção, a um nível superior e/ou mais

que viriam em 1999 a constituir a designada “Descrição

avançado do que o que seria de esperar num recém

de Viena” sobre os atributos essenciais de um especialista

qualificado, que inicia o seu exercício profissional nessa

em Fisioterapia, no plano Europeu.

mesma área.

De acordo com essa descrição, que não traduzo para não

Os trajectos para atingir o estatuto de especialista são

atraiçoar o conteúdo original, um especialista é alguém

diversos, mais ou menos formais, mais ou menos

que:

exigentes, mas no essencial incluem duas dimensões que importa compreender. Em primeiro lugar a especialização

- Demonstrates advanced knowledge and skills within

é um processo, vivenciado por alguém, que o leva a atingir

specified areas of practice.

determinadas competências. Em segundo lugar, o estatuto

- Demonstrates evidence-based practice through the

de especialista é-lhe atribuído por uma entidade que

process of clinical reasoning and decision-making, allowing

comprovou que ele tinha as competências exigidas, e que

knowledge to be applied to complex and different situation.

mantém um exercício profissional nessa área, dentro dos

- Demonstrates an educational role, for example as a

padrões exigíveis.

mentor. - Participates in research.

No que respeita ao processo de especialização importará

- Generates new knowledge and skills.

manter em aberto o maior número de vias possível, em-

- Disseminates knowledge and skills.

bora seja facilitadora a existência de propostas

- Demonstrates leadership.

estruturadas oferecidas por entidades de formação

- Demonstrates a critical understanding of the context in

credíveis, em particular as escolas de ensino superior

which practice occurs, for example: social, cultural, political,

autorizadas a atribuir graduações académicas mais ele-

inter-professional collaboration.”

vadas. Mas mais do que saber quem ajuda a formar, importa compreender que competências se tornam neces-

Como se pode ver pelos atributos acima descritos, ser

sárias adquirir. Também porque, em última instância, qual-

especialista, e sobretudo manter o estatuto de especialista,

quer que seja a entidade com poderes para atribuir o es-

é muito mais do que apenas trabalhar na área de

tatuto de especialista, seja ela de natureza púbica ou pri-

especialização e saber mais do que os outros. Há muitas

vada, irá ser necessário estabelecer os critérios para essa

obrigações inerentes ao estatuto de especialista.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Ainda não temos formalmente especializações em

que permitirá a todos os interessados em desenvolverem

Fisioterapia no nosso país, mas para lá caminhamos.

os seus atributos de especialistas, enquanto

Todos os contributos serão importantes mas haverá que

investigadores, produtores de novos conhecimentos,

respeitar uma linha condutora dentro do que são as

educadores e líderes profissionais, para darem o seu

recomendações internacionais.

contributo concreto para uma melhor prestação de

Nesse sentido é de salientar o esforço de todos quantos

cuidados a todos quantos requerem o apoio da Fisioterapia

têm levado por diante as actividades dos Grupos de

e dos Fisioterapeutas.

Interesse da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APF), nomeadamente pela sua actividade de permanente

Notas:

referência por padrões internacionais, sendo igualmente

1 – Para conhecer a posição da Confederação Mundial

justo referir o papel das Escolas, sobretudo no âmbito das

de Fisioterapia - WCPT sobre o processo de

pós-graduações e mestrados, com particular relevo para

especialização, recomenda-se a consulta da página - http:/

as iniciativas que têm sido realizadas em articulação com

/www.wcpt.org/policies/position/index.php)

a APF. Os Fisioterapeutas Portugueses estão preparados para

2 – Para analisar a evolução dos estudos sobre a

enfrentar os desafios colocados pela especialização,

especialização em Fisioterapia desenvolvidos no âmbito

haverá que conjugar esforços e consolidar o trajecto.

da Região Europeia da WCPT, recomenda-se a consulta

Saúdo particularmente o GIFD por esta iniciativa concreta

da página - http://physio-europe.org/public/File/ Recommendation%20on%20Specialisation.pdf

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ARTIGO ORIGINAL

Influência da Posição Angular da Anca na Actividade Electromiográfica e no Peak Torque Durante a Contracção Isométrica do Quadricípite Márcio Alberto1, Paulo Carvalho2 Licenciado em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto. Prática Privada1 Correspondência para: marcio.d.alberto@gmail.com Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Professor Assistente na Escola Superior de Saúde do Porto

2

Resumo Introdução: A avaliação e fortalecimento muscular na posição “óptima” de uma articulação torna-se importante para conseguir contracções máximas. Objectivo: Verificar se a posição angular da anca influencia o peak torque e a actividade electromiográfica do quadricípite. Relevância: A revisão da literatura mostrou que a posição “óptima” do joelho situa-se entre os 60º e 70º de flexão, no entanto, existe pouca evidência sobre a posição “óptima” da anca. Metodologia: Quinze indivíduos saudáveis fizeram parte da amostra. Cada indivíduo realizou três contracções isométricas máximas do quadricípite em cinco posições da coxa (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) com o joelho a 60º de flexão. Foram realizadas contracções de 5 segundos e tempo de repouso com a mesma duração. O tempo de repouso entre as posições da anca foi de um minuto. Foi utilizado um dinamómetro isocinético para avaliação do peak torque e um electromiógrafo para avaliação da actividade electromiográfica. Resultados: Verificaram-se alterações estatisticamente significativas no peak torque isométrico e na actividade electromiográfica do quadricípite na alteração da posição angular da anca. Discussão: Os resultados deste estudo estão de acordo com a literatura mais recente nesta área. Conclusões: Verificou-se que o peak torque do quadricípite é influenciado pela posição da anca. No que diz respeito à actividade electromiográfica, apenas se verificaram diferenças no vasto lateral. Palavras-chave: Peak torque, electromiografia, anca, quadricípite, relação comprimento/tensão

Abstract Introduction: Muscle evaluation and strengthening in the “ideal” joint position is important to produce maximal contractions. Objectives: Verify if hip angular position influences quadriceps peak torque and muscle electrical activity. Relevance: Research shows that “ideal” knee position is located between 60º and 70º of flexion, but there is lack of evidence about the “ideal” hip position. Methods: Fifteen healthy subjects participated in this study. Each subject performed three maximal isometric contractions of the quadriceps in five different hip positions (180º, 140º, 110º, 100º, 90º) with the knee flexed at 60º. Each contraction was held for five seconds with a five second pause between each one. Between each hip position there was a one minute rest. We used an isokinetic dynamometer for evaluation of peak torque and an electromyograph to evaluate muscle electrical activity. Results: We verified statistical significance for quadriceps isometric peak torque and muscle electrical activity when hip angular position was changed. Discussion: The results of this study are sustained by recent literature. Conclusions: It was verified that quadriceps isometric peak torque is influenced by hip position. Quadriceps muscle electrical activity was influenced only in the vastus lateralis. Key words: Peak torque, electromyography, hip, quadriceps, length/tension relationship

Introdução

Há uma relação directa entre a tensão desenvolvida por um músculo e o seu comprimento (Norkin & Levangie,

A força muscular é influenciada por uma variedade de factores como o número de fibras estimuladas a contrair, a frequência de estimulação, a espessura de cada fibra muscular e o comprimento inicial das fibras musculares quando estas se encontram em repouso (Fox, 2002). Uma das características mais importantes do músculoesquelético é a sua relação comprimento/tensão. Há uma

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1992. Há um comprimento muscular dito “óptimo” para o músculo produzir a sua força máxima. Este normalmente situa-se no seu estado de repouso ou com um comprimento ligeiramente superior. Qualquer variação do comprimento ideal irá fazer com que o músculo produza menos tensão. Ao longo dos anos, vários

autores

têm

procurado

5


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

descobrir qual a amplitude articular ideal da anca e joelho

Tabela 1 – Caracterização da amostra

para a maior geração de força extensora do joelho com Média

Desvio Padrão

Máximo

Mínimo

Idade

21,33

1,397

25

19

P eso

64,67

14,21

102

51

Altura

1,70

0,113

2,05

1,60

base na posição angular “óptima” (Becker & Awiszus, 2001; Bohannon, Gajdosik & LeVeau, 1986; Brown & Weir, 2001; Currier, 1977; Hasler, Denoth, Stacoff & Herzog, 1994; Kubo, Tsunoda & Kanchisa, 2004; Lieb & Perry, 1971; Newman, Jones & Newham, 2003; Perumal, Wexler, Ding & Binder-Macleod, 2002; Pincivero, Salfetnikov, Campy & Coelho, 2004; Worrell, Karst, Adamczyk & Moore, 2001). Vários estudos indicam que a posição óptima do joelho

idades compreendidas entre os 19 e 25 anos. Seriam

para maior geração de força é entre os 60º e 70º de flexão

excluídos do estudo todos os indivíduos que

(Becker & Awiszus, 2001; Brown & Weir, 2001; Newman

apresentassem história de patologia neuromusculo-

et al, 2003; Perumal et al, 2002; Pincivero et al, 2004;)

esquelética, de patologia cardiovascular, de patologia

mas os estudos realizados para indicar qual a amplitude

pulmonar ou presença de dor no membro em estudo.

“ideal” da anca são contraditórios (Hasler et al, 1994; Bohannon et al, 1986; Worrell et al, 2001).

Instrumentos

Este estudo é relevante para a fisioterapia no desporto

- Dinamómetro Isocinético Biodex Medical System 3pro®

uma vez que a avaliação e o fortalecimento muscular estão

(Biodex Medical Systems, Inc., Shirley, NY, EUA)

intimamente ligados ao desporto e se torna importante

- Electromiógrafo Biopac MP100 e software de apoio ao

saber qual a amplitude “ideal” da anca para podermos

electromiógrafo de superfície Acqknowledge versão 3.8.1.

realizar uma avaliação correcta e um fortalecimento eficaz.

(Biopac Systems Inc. Goleta, CA, USA) para recolha e tratamento do sinal electromiográfico;

Métodos Tipo de Estudo - Estudo do tipo quasi-experimental.

Procedimentos a)

O membro em estudo foi sempre o membro

inferior esquerdo. Objectivo do Estudo - Verificar se a posição angular da anca influencia o peak torque e a actividade electromiográfica durante a contracção isométrica do quadricípite.

b)

Foi realizada a pesquisa do local correcto para o

posicionamento dos eléctrodos em cada porção muscular, seguida de uma limpeza de pele (retirar pelos, lixar e limpar com álcool) nessa zona para reduzir a impedância e recolher um sinal mais limpo. Foram utilizados eléctrodos

Amostra A população deste estudo foram alunos de várias escolas tendo sido a população alvo constituída por jovens

de AgCl de formato circular com diâmetro de 10mm. A distância interelectrodos foi de 20mm; c)

De seguida cada indivíduo realizou um

estudantes universitários entre os 18 e os 25 anos não

aquecimento de cinco minutos no ciclo-ergómetro para

praticantes de actividade física regular.

pré-activar as fibras musculares e prepará-las para o

A amostra em estudo foi seleccionada por conveniência e

esforço;

foi constituída por quinze indivíduos da população alvo,

d)

Foram colocados os eléctrodos fixando-os com

cujas características (idade, peso, altura) podem ser

tape segundo Pincivero et al, (2001) e Rainoldi, Melchiorri

verificadas na tabela I.

& Caruso, (2004): um eléctrodo bipolar em cada porção

A amostra foi constituída por estudantes de ambos os

muscular do quadricípite em estudo paralelamente às

sexos (5 do sexo masculino e 10 do sexo feminino) com

fibras musculares e um eléctrodo monopolar (eléctrodo

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

terra) no pólo superior da rótula. O indivíduo repousou

Torque no tempo foi feito através de um “led” numa

cinco minutos antes do início da recolha do sinal para

câmara de filmar, o qual nos permitiu saber o início e fim

minimizar a impedância da pele;

de cada contracção de ambas as variáveis na mesma base

e)

Seguidamente foram definidos os parâmetros do

protocolo do Biodex System 3. Foi programado em modo

temporal. k)

Para análise do torque foi utilizado o peak torque

de realização de teste para contracção isométrica do

obtido na melhor das 3 contracções realizadas em cada

quadricípite a 60º de flexão com um tempo de contracção

uma das posições da anca. O torque foi dado

de cinco segundos e tempo de repouso de cinco segundos

automaticamente pelo software do dinamómetro

durante três contracções isométricas do quadricípite

isocinético;

esquerdo. Este protocolo foi repetido para cada posição

l)

Para o tratamento do sinal electromiográfico

foram utilizados os dados da melhor contracção das 3

angular da anca; Cada elemento da amostra foi posicionado na

repetições. Foram apenas analisados os 3 segundos

cadeira do dinamómetro isocinético com a anca a 180º de

intermédios da contracção muscular porque o primeiro e

extensão. O eixo de rotação do braço de alavanca da

último segundo são respectivamente o tempo necessário

cadeira coincidiu com o centro de rotação do joelho,

para o estiramento e relaxamento do componente elástico

tomando como referência o côndilo externo do joelho;

em série. A filtragem digital foi realizada segundo Rainoldi

f)

Os indivíduos foram estabilizados com uma

et al, (2004) utilizando um filtro de baixas frequências de

banda sobre a cintura pélvica, duas no tórax cruzadas

10 Hz e um filtro de altas-frequências de 450 Hz. Depois

entre si, uma fixada no terço distal da coxa esquerda e

foi efectuada a rectificação da curva, ou seja, todos os

outra no terço distal da perna cerca de 3 cm acima do

valores foram tornados absolutos. A suavização foi feita

maléolo interno;

através da função “smoothing” – “Moving Average” – 10

g)

Antes de iniciar a medição da força máxima

amostras. Foi efectuado a normalização em amplitude

isométrica, foi pedido ao indivíduo em teste que colocasse

relativamente ao máximo do sinal EMG de cada sujeito

os seus braços cruzados sobre o tórax, e durante a

da amostra. Seguidamente foi realizada a integração do

medição foi dado feedback verbal e visual através do

sinal e posteriormente retirado o valor do integral de cada

monitor do dinamómetro isocinético de modo a incentivar

uma das porções musculares da melhor contracção. Este

o elemento da amostra a realizar a sua força máxima. O

foi o valor utilizado na análise estatística.

h)

feedback verbal foi dado sempre pelo mesmo indivíduo; i)

Em cada indivíduo foram medidos o peak torque

Análise dos dados

e a actividade electromiográfica do quadricípite em cinco

O tratamento dos dados foi realizado no programa

posições da anca (180º, 140º, 110º, 100º, 90º). A frequência

estatístico Statistical Package for the Social Sciences

de aquisição de electromiografia foi 2000 Hz. A ordem pela

(versão 13.0 para Windows, SPSS, Inc., Chicago, IL), e o

qual foi medida a força do quadricípite em cada uma das

nível de significância considerado foi de 5%.

posições da anca foi preestabelecida. Assim os indivíduos

Inicialmente foram calculadas as medidas de tendência

iniciaram o estudo com a anca a 180º (deitado) e

central e de dispersão (médias, desvios padrão, limites

progrediram até à posição de sentado, ou seja, com a

máximos e mínimos) para os valores de peak torque e

anca a 90º. A posição angular da anca foi controlada

integral obtidos.

utilizando um goniómetro universal. O tempo de repouso

Dado o tamanho amostral de 15 indivíduos, foi realizado

entre cada posição da anca foi de um minuto;

o teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidade

j)

Durante o teste foi registado simultaneamente o

das distribuições dos valores do torque e do integral.

sinal electromiográfico das diferentes porções musculares

Uma vez que os resultados demonstraram que não

no

do quadricípite

estávamos perante uma distribuição normal, foi utilizado

nodinamómetro isocinético. A sincronização do sinal EMG/

o teste não paramétrico de Friedman, para verificar se

computador e o

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

peak torque

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Gráfico 1: Valores médios em Newton.metro (N.m) do torque do quadricípite nos diferentes ângulos da anca (90º, 100º, 110º, 140º, 180º).

existiam diferenças significativas do torque do quadricípite

Através do teste de Shapiro-Wilk constatou-se que os

e da actividade electromiográfica entre as diferentes

valores do peak torque e do integral não seguiram uma

posições da anca. Dado que este evidenciou diferenças

distribuição normal.

significativas procedeu-se à comparação das médias

Posteriormente, aplicado o teste de Friedman, verificou-

através do teste de Wilcoxon.

se que existiam diferenças significativas (p=0,000<0,05)

Resultados

do torque e da actividade electromiográfica em cada uma das cinco posições testadas. Foi realizado então o teste

Como se pode verificar no Gráfico I, a média dos valores

de Wilcoxon.

de peak torque a 90º e 180º foi muito inferior à média

É possível constatar, através da análise dos valores de

obtida nas posições de 100º, 110º e 140º.

prova (Tabela II) que existem diferenças significativas entre

Como se pode verificar no Gráfico II, a média do integral

os valores do peak torque obtidos com a anca a 100º e

não teve variações significativas em cada porção muscular

90º (p=0,003), 110º e 90º (p=0,02), 100º e 180º (p=0,002),

nas diferentes posições.

110º e 180º (p=0,011) e 140º e 180º (p=0,001).

Gráfico 2: Valores médios em milivolts (mV.s) da actividade do vasto interno, recto femural e vasto externo nos diferentes ângulos da anca (90º, 100º, 110º, 140º, 180º).

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Tabela 2: Níveis de significância do teste de Wilcoxon para o torque (T) medido nas diferentes posições da anca.

T 100º - T 90º

T110º - T90º

T 140º - T 90º

T 180º - T 90º

T110º - T100º

0,003

0,020

0,221

0,427

0,615

T 140º - T 100º

T 180º - T 100º

T140º - T110º

T180º - T110º

T 180º - T 140º

0,173

0,002

0,147

0,011

0,001

Valor de Prova (p)

Valor de Prova (p)

Não existem diferenças significativas entre as posições

A validade interna poderá estar limitada pelo facto de não

de 100º e 110º (p=0,615), 100º e 140º (p=0,173), 110º e

ter sido usado a melhor forma de sincronização do sinal

140º (p=0,147), 90º e 180º (p=0,427) e 140º e 90º

EMG/Torque por impossibilidade de adquirir o material

(p=0,221).

adequado.

Aplicado o teste, pode-se verificar através dos valores de

A validade externa poderá estar limitada pelo facto de a

prova (tabela III) que não existem diferenças significativas

amostra ser de conveniência e constituída por um número

entre a actividade electromiográfica tanto para o recto

reduzido de indivíduos. Assim, não podemos generalizar

femural como para o vasto interno nas cinco posições da

os resultados do estudo à população alvo.

anca. No que diz respeito ao vasto externo verificou-se

Neste estudo foi possível verificar que a anca a 100º ou a

existirem diferenças significativas entre a actividade

110º contribuiu para um aumento do torque do quadricípite

electromiográfica registada aos 180º e 110º (p=0,041).

em relação às posições de 90º, 140 e 180º sendo que o torque máximo foi encontrado aos 100º. Isto está de acor-

Discussão

do com Pavol & Grabiner (2000), que apenas verificaram a variação da força muscular do quadricípite em duas

Existem alguns factores limitantes neste estudo e assim torna-se relevante referi-los.

amplitudes da anca (110º e 180º), sendo esta significativamente superior aos 110º.

Tabela 3: Níveis de significância para o teste de Wilcoxon para a actividade muscular (i ) do vasto lateral (VL), recto femural (RF) e vasto medial (VM) medido nas cinco posições da coxo-femural.

Valor de Prova (p)

T 100º - T 90º

T110º - T90º

T 140º - T 90º

T 180º - T 90º

T110º - T100º

VL

1,000

0,427

0,885

0,383

0,496

RF

0,609

0,691

0,609

0,776

0,776

VM

0,776

0,910

0,650

0,394

0,460

T140º - T110º

T180º - T110º

T 180º - T 140º

T 140º - T 100º T 180º - T 100º

Valor de Prova (p)

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

VL

0,733

0,156

0,156

0,041

0,112

RF

0,427

0,773

0,609

0,650

0,691

VM

0,776

0,383

0,256

0,100

0,191

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Os resultados do presente estudo estão tembém de acordo

Possivelmente esta deverá ser a amplitude em que os

com Rochette, Hunter, Place & Lepers (2003), que

sarcómeros se encontram num comprimento mais eficaz

verificaram um torque do quadricípite significativamente

para a produção de força.

superior na posição de sentado quando comparado com

Assim, será possível tirar maior proveito do fortalecimento

a posição de deitado.

muscular, fundamental em fisioterapia no desporto para

Os resultados deste estudo estão em parte de acordo com

promover o retorno do atleta mais rapidamente possível à

Currier (1977). Este autor afirma que os torques nas

prática desportiva.

posições da anca entre 110º e 130º são significativamente superiores às restantes não havendo grandes diferenças entre si. Está em desacordo porque refere que a posição de 100º da anca apresenta força do quadricípite menor e que não é suficiente para tirar partido da relação comprimento/tensão muscular do recto femural. Por outro lado, este estudo está em desacordo com os resultados de Bohannon et al, (1986), que compararam o torque do quadricípite na posição de sentado e na posição de semi-reclinado e referiram não haver diferenças significativas entre as duas posições.

porções musculares do quadricípite nas diferentes posições da anca verificou-se que tanto o recto anterior (actividade máxima aos 100º) como o vasto interno máxima

aos

140º)

A posição angular da anca influencia o valor do peak torque produzido pela contracção isométrica máxima voluntária do quadricípite. No entanto, não influencia a actividade electromiográfica com excepção do vasto externo com a anca a 180º, apresentando menor actividade quando comparado com a posição a 110º. Os resultados deste estudo são relevantes para a fisioterapia no desporto no que diz respeito à avaliação da força e na fase inicial do fortalecimento e reabilitação

No que diz respeito à actividade electromiográfica das

(actividade

Conclusões

não

variaram

significativamente entre as diversas posições da anca enquanto que o vasto externo (actividade electromiográfica máxima aos 110º) variou significativamente apenas entre as posições de 110º e 180º. Isto está em parte de acordo

de um determinado atleta visto terem sido realizadas contracções isométricas. Uma vez que o músculo entra em fadiga mais tarde quando trabalhado no comprimento “ideal” (Fitch & McComas, 1985) achamos pertinente a realização deste estudo. Seria interessante realizar este mesmo estudo em atletas realizando contracções concêntricas ou excêntricas pois numa fase mais avançada da reabilitação são utilizados principalmente estes tipos de contracção muscular.

com os resultados de Hasler et al, (1994), que verificaram que a actividade electromiográfica do recto femural não

Bibliografia

variou significativamente ao longo das diferentes posições da anca (90º, 112º, 135º, 157º, 180º). No entanto, a actividade electromiográfica do vasto externo aumentou significativamente nas posições de 90º e 180º e a do vasto interno registou valores significativamente superiores aos

Becker R, Awiszus F. Physiological alterations of maximal voluntary quadriceps activation by changes of knee joint angle. Muscle and Nerve 2001; 24(5): 667-672; Bohannon R, Gajdosik R, LeVeau B. Isokinetic knee flexions and extension torque in the upright sitting and semireclined sitting positions. Physical Therapy 1986; 66(7): 1083-1086.

90º da anca, contrariando os valores do presente estudo. Contudo, tendo como base os estudos realizados e os dados obtidos no presente estudo, a posição da anca entre os 100º e os 110º seria útil quer num momento de avaliação muscular, sendo possível obter de facto a força máxima do quadricípite, quer num plano de fortalecimento, pois

Brown L, Weir J. Accurate assessment of muscular strength and power. Journal of Exercise Physiology online 2001 Aug; 4(3): 121; Currier D. Positioning for knee strengthening exercises. Physical Therapy 1977; 57(2): 148-152.Fitch S, McComas A. Influence of human muscle length on fatigue. Journal of Physiology 1985; 362: 205-213.

nesta posição o indivíduo é capaz de gerar maior tensão

Fox S. Human Physiology. 7th ed. New York: McGraw-Hill; 2002.

muscular e entra em fadiga mais tarde (Fitch & McComas,

Hasler E, Denoth J, Stacoff A, Herzog W. Influence of hip and knee joint angles on excitation of knee extensor muscles. Electromiographic Clinical Neurophysiology 1994; 34(6): 335-361.

1985).

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Artigo recebido a: 03 de Março de 2007

Pincivero D, Salfetnikov Y, Campy R, Coelho A. Angle and gender specific quadriceps femoris muscle recruitment and knee extensor

Aceite para publicação a: 14 de Novembro de 2007

Artigo revisto a: 26 de Outubro de 2007

torque. Journal of Biomechanics 2004; 37(11): 1689-1697.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

11


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nยบ 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ARTIGO ORIGINAL

Importância da Intervenção do Fisioterapeuta no Tempo de Paragem após Entorse do Tornozelo. Um Estudo em Basquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa Maria António Castro1 , Manuel António Janeira2 , João Madail3 , Orlando Fernandes4 Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Desporto - Actividade Física Adaptada. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra1 - Correspondência para: macastro@netcabo.pt Doutor em Ciências do Desporto. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto 2 Fisioterapeuta. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra3 Licenciado em Educação Física. Mestre em Treino de Alto Rendimento. Faculdade de Desporto da Universidade de Évora4

Resumo Introdução: No basquetebol, a lesão por entorse do tornozelo é, altamente limitante para o atleta e obriga a bastante tempo de paragem. Relevância: Um dos aspectos relevantes da intervenção do fisioterapeuta remete para a necessidade da redução do tempo de paragem dos atletas, face às lesões ocorridas na prática desportiva. Objectivos: Os objectivos do presente estudo efectuado em basquetebolistas da Liga Profissional Portuguesa durante duas épocas consecutivas foram: (i)Avaliar o tempo de paragem dos atletas após entorse do tornozelo em função da gravidade da lesão; (ii)Comparar a gravidade da entorse do tornozelo e os tempos de paragem após lesão em basquetebolistas pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente de fisioterapeuta e em equipas que não dispõem deste apoio. Metodologia: A amostra de atletas que sofreram entorse (n=81) foi dividida em dois grupos: um pertencente a equipas com fisioterapeuta (CF—n=44) e outro sem fisioterapeuta (SF—n=37). Resultados: As comparações entre grupos (CF vs. SF) evidenciaram diferenças estatisticamente significativas relativamente aos tempos de paragem, para a totalidade da amostra (CF—3.7±4.04dias vs. SF—12.57±24.28dias; p=0.040), bem como por gravidade de entorse, ligeiro (CF—1.46±1.91dias vs. SF—3.2±2.24dias; p=0.006) e grave (CF—7.83±3.43dias vs. SF—41.12±41.13dias; p=0.011). Discussão e Conclusões: A entorse do tornozelo afecta cerca de 50% dos atletas em estudo e o tempo de paragem que provoca aumenta proporcionalmente à maior gravidade da lesão. Os resultados mostram inequivocamente a importância da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempo de paragem dos atletas após entorse, quer do ponto de vista da apreciação global, quer da apreciação da gravidade da lesão. Palavras Chave: entorse do tornozelo, basquetebol, fisioterapeuta, tempo de paragem

Abstract Introduction: In basketball, an ankle sprain is a very common injury that keeps athletes out of practice for a long time. Relevance: Among other things, the existence of sports’ physiotherapists in a team is justified by the need of reducing the time lost after an injury. Objectives: The aim of this study on Portuguese championship professional basketball players is to: (i) evaluate athletes’ lost time after an ankle sprain according to the severity of their injury; (ii) compare the time lost after an ankle sprain in teams with or without physiotherapists and according to the injury’s severity. Methods: The sample of athletes with an ankle sprain (n=81) was divided into two groups: one of those which had a physiotherapist on their team (CF-n=44) and another one without physiotherapist (SF-n=37). Results: Comparing the groups (CF vs. SF) showed significant statistical differences in the time lost after an ankle sprain (CF-3.7±4.04 days vs. SF—12.57±24.28 days; p=0.040). When analysed by severity both mild (CF-1.46±1.91 days vs. SF-3.2±2.24 days; p=0.006) and severe ankle sprains (CF-7.83±3.43 days vs. SF-41.12±41.13 days; p=0.011) showed significant statistical differences in the time lost. Discussion & Conclusions: During our study, half of all basketball players suffered an ankle sprain, although the number of ankle sprains tended to diminish as the injury’s severity increased. It has become evident that the time lost by athletes after an ankle sprain in teams working with physiotherapists is largely smaller than in teams without physiotherapists. This was observed when ankle sprains were analysed in general and when they were divided into the existing severity grades. Key-words: ankle sprain, basketball, physiotherapist, time lost

Introdução

técnico de equipas de alta competição é hoje uma realidadee o basquetebol tem de tal sido um exemplo

A importância dos fisioterapeutas no seio do corpo

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

pioneiro. Nesta modalidade em

Portugal, cerca de

13


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

60% das equipas que participam na Liga Profissional de

literatura nacional. De facto, desconhecem-se quais os

Clubes incluem na sua equipa técnica um ou mais fisiote-

benefícios efectivos que o acompanhamento em

rapeutas com funções permanentes junto do corpo de atle-

permanência dos fisioterapeutas acarretam nas equipas

tas. De igual modo, outras equipas de diferentes divisões

onde intervêm. Neste contexto, foram dois os objectivos

nacionais mantêm ligações privilegiadas com fisioterapeu-

do nosso estudo: (i) Avaliar o tempo de paragem dos

tas ou com gabinetes privados servidos por estes profis-

atletas após entorse do tornozelo em função da gravidade

sionais e que disponibilizam serviços de fisioterapia. Tam-

da lesão; (ii) Comparar a gravidade da entorse do tornozelo

bém as selecções nacionais, masculinas e femininas, de

e os tempos de paragem após lesão em basquetebolistas

diferentes escalões competitivos recorrem aos serviços

pertencentes a equipas que dispõem do apoio permanente

profissionais dos fisioterapeutas, que incluem um acom-

de fisioterapeuta e em equipas que não dispõem deste

panhamento sistemático a treinos e jogos durante os pe-

apoio.

ríodos de concentração das equipas para a preparação das competições. Esta intervenção, mais ou menos siste-

Metodologia

mática, reflecte a preocupação de todos os agentes envolvidos no fomento do basquetebol em conseguirem

A população foi constituída pelos basquetebolistas

potencializar ao máximo o rendimento dos seus jogado-

pertencentes à totalidade das equipas da Liga Profissional

res e das suas equipas através de cuidados particulares

Portuguesa que disputaram os campeonatos em duas

no campo da prevenção e da recuperação das lesões. As

épocas consecutivas. Destes, incluíram-se no estudo

lesões músculo-esqueléticas mais frequentes em

exclusivamente aqueles que sofreram entorses do

basquetebolistas são as que afectam as extremidades dos

tornozelo ao longo das épocas desportivas. A amostra

membros inferiores e incluem contusões, roturas

constituída por 81 jogadores seniores de basquetebol foi

ligamentares e musculares, inflamações músculo-

dividida em dois subgrupos. Um, que incluía os atletas

tendinosas, fracturas e luxações (Baumhauer, Alosa,

pertencentes a equipas cujo corpo técnico dispunha dos

Renstrom, Trevino & Beynnon,1995; Butcher, et al.,1996).

serviços de um fisioterapeuta (CF- n=44); o outro, que

A ocorrência destes tipos de lesões tem a ver com as par-

incluía os atletas pertencentes a equipas cujo corpo técnico

ticularidades específicas do jogo de basquetebol, ou seja

não dispunha deste apoio (SF- n=37). Foram considerados

com os locais onde o jogo decorre, com os materiais com

critérios de inclusão na amostra, fazer efectivamente parte

que se lida e com os próprios constrangimentos do jogo.

do conjunto de jogadores habitualmente convocados para

De facto, o basquetebol é um jogo que privilegia a força

os jogos das suas equipas e terem sofrido pelo menos

explosiva, praticado num espaço físico muito reduzido e

uma entorse do tornozelo durante as duas épocas em

desenvolvendo-se em movimentos que requerem brus-

análise, na sequência da prática desportiva,

cas mudanças de velocidade e de direcção, rotações sú-

independentemente do facto de a lesão ter ocorrido

bitas e inúmeros saltos, o que, necessariamente, implica

durante os treinos ou na competição. Os valores médios

variadíssimas situações de contacto físico não sanciona-

de idade, peso e altura dos indivíduos em estudo são de

das pelas regras. Nesta modalidade desportiva, a lesão

24.9± 3.72 anos, 90.55±11.7 kg e 193.7± 9.25 cm,

por entorse do tornozelo não é só a mais frequente e a

respectivamente.

que obriga a mais tempo de paragem, como também uma

A recolha de informação foi efectuada com recurso a um

das mais limitantes para o atleta. Um dos aspectos mais

questionário auto- administrado que indagava acerca (i)

relevantes da intervenção profissional do fisioterapeuta

da idade, peso e altura dos atletas; (ii) do volume de treino;

tem a ver com a necessidade da redução do tempo de

(iii) da posição específica em campo e do uso de

paragem dos atletas, face às lesões que estes desenvol-

protecções articulares; (iv) da ocorrência de entorse do

vem durante a prática desportiva. Todavia, a pertinência

tornozelo, gravidade e tempo de paragem motivado por

deste assunto não está ainda devidamente esclarecida

essa lesão e (v) se pertenciam ou não a

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

equipas que

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

dispunham do acompanhamento permanente de

(SF), constatamos que a progressão em número

fisioterapeuta. A informação acerca da existência de

inversamente proporcional à gravidade não ocorre (Quadro

acompanhamento

foi

1). Verificamos que nas equipas sem este profissional de

cruzada com a informação fornecida pelos clubes e pelos

saúde ocorre maior número de entorses (60%) e ocorrem

registos da Federação Portuguesa de Basquetebol.

mais entorses de maior gravidade. Com efeito, nas equipas

Foram considerados indicadores em estudo, o tempo de

sem fisioterapeuta predomina a ocorrência de entorses

paragem do atleta, expresso em número de dias que o

do tornozelo graves, ultrapassando largamente o número

mesmo esteve impedido de treinar e/ou jogar por motivo

de entorses ligeiras e moderadas. Este aspecto toma

de entorse do complexo articular do tornozelo, a gravidade

especial relevância tanto ao nível da saúde do atleta como

da entorse do tornozelo e o acompanhamento da equipa

da harmonia da própria equipa que deixa de poder contar

ser realizado ou não por fisioterapeuta.

com os seus elementos lesionados.

Foram consideradas as entorses de gravidade ligeira (GI),

É evidente também a relação entre a gravidade da lesão

moderada (GII) e grave (GIII). Para as comparações entre

e o tempo de paragem dos atletas ou seja, a entorses

permanente de

fisioterapeuta

grupos recorremos ao teste de Mann-Whitney e para as comparações inter-grupo por graus de entorse, recorremos ao teste de Kruskal-Wallis, ambos para medidas independentes. O nível de significância foi estabelecido

Quadro 2 – Médias e desvios-padrão dos tempos de paragem dos atletas avaliados por grau de entorse. Grau entorse

n

TP (dias)

Grau I

39

2.13±7.1

Grau II

28

6.04±6.7

Grave (n)

6 (5.5%)

37 (33.6%)

em 5%.

Resultados

Na análise dos resultados obtidos sobressai o elevado número de atletas que sofreram entorses do tornozelo (49.7%) o que ilustra bem, a relevância deste tipo de traumatismo para os basquetebolistas estudados. Quando

menos graves corresponde um tempo de paragem menor,

avaliada em função do volume de treino a incidência de

enquanto as entorses mais graves corresponde um tempo

entorse apresenta o valor de 0,76 por 1000 horas de treino,

de paragem mais dilatado (Quadro 2). Do ponto de vista

mostrando claramente a importância da entorse do

do tempo de paragem, as lesões de gravidade ligeira

tornozelo na prática do basquetebol.

implicam menor tempo de paragem que as de gravidade

As entorses de tornozelo que predominaram nos

moderada e estas menor tempo de paragem que as

basquetebolistas lesionados (n=81) foram as que se

graves, independentemente dos grupos em estudo, com

enquadram como mais graves seguidas das mais ligeiras.

e sem fisioterapeuta.

Quando analisadas separadamente, em função dos

Independentemente do grau da lesão, é evidente o menor

grupos com fisioterapeuta (CF) e sem este profissional

tempo de paragem dos atletas pertencentes a equipas com

Quadro 1 – Entorses do tornozelo sofridas pela amostra

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Gravidade entorse

C om Fisioterapeuta n(% )

Sem Fisioterapeuta n (% )

Li gei ro (

24 (21.8%)

15 (13.6%)

Moderado (n)

14 (12.7%)

14 (12.7%)

Grave (n)

6 (5.5%)

37 (33.6%)

15


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

fisioterapeutas relativamente ao outro grupo de atletas em

De um modo muito específico, o contributo substancial do

estudo. As comparações entre grupos, com fisioterapeuta

fisioterapeuta no seio das equipas parece evidente se

(CF) versus sem fisioterapeuta (SF) evidenciaram

atendermos, fundamentalmente, à diferença numérica

diferenças estatisticamente significativas relativamente

entre os tempos de paragem por entorses graves no seio

aos tempos de paragem, para a totalidade da amostra

dos dois grupos em análise (cerca de 33 dias). As

(CF-3.7±4.04 dias vs. SF-12.57±24.28 dias). A relevância

comparações entre grupos (CF vs. SF), relativamente aos

estatística avaliada pelo teste de Mann-Whitney (Z=-2.05,

tempos de paragem por grau de entorse, evidenciaram

p=0.040) expressa uma diferença de aproximadamente 8

diferenças estatisticamente significativas para a gravidade

dias para a recuperação dos atletas pertencentes aos dois

ligeira (CF- 1.46±1.91 dias vs. SF-3.2±2.24 dias; Z=-2.72

grupos em confronto. Para além destes resultados, refira-

dias, p=0.006) e grave (CF- 7.83±3.43 dias vs. SF-

se a elevada variabilidade do tempo de paragem dos

41.12±41.13 dias; Z=-2.53, p=0.011). Relativamente às

atletas que não tiveram apoio de fisioterapeutas, expressa

entorses moderadas, os grupos expressaram semelhança

pelo valor do desvio padrão de ±24.28 dias.

estatística (CF- 5.79±4.61 dias vs. SF- 6.29±8.43 dias;

Esta mesma tendência é verificada quando se avaliam os

Z=-0.79, p=0.431).

tempos de paragem induzidos pela gravidade de entorse do tornozelo nos dois grupos de atletas pertencentes a

Discussão

equipas com e sem apoio permanente de fisioterapeutas

Incidência e gravidade da entorse do tornozelo

como se ilustra no gráfico seguinte.

Os resultados revelam que cerca de 49% da amostra sofreu, durante as épocas desportivas em análise, pelo

À excepção do tempo de paragem provocado por entorses

menos uma entorse do tornozelo. Este valor corresponde

de gravidade moderada (Z=-0.79, p=0.431), os valores

a uma frequência de entorse por mil horas de 0,76 para a

dos tempos de paragem decorrentes de entorses de

generalidade dos basquetebolistas portugueses

gravidade ligeira e grave revelam diferenças

participantes no estudo. A partir da avaliação efectuada

estatisticamente significativas do grupo dos atletas com

parece inegável, a dimensão que a entorse do complexo

apoio de fisioterapeuta relativamente aos que não o

articular do tornozelo tem nos atletas em estudo (jogadores

possuem (ligeiro: Z=-2.72, p=0.006; Grave: Z=-2.53,

de basquetebol profissionais da Liga Portuguesa de

p=0.012).

Clubes - LCB). A importância destes valores afigura-se

Gráfico 1 – Tempo de paragem por gravidade de entrose do tronozelo

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

16


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Quadro 3 – Estudos sobre incidência de entorses do tornozelo em basquetebol

Autor

N ível C ompetitivo

n

Incidência de entorses do tornoz elo

Smi th & Rei schl, 1986a

L i ce a l

84

70%

Marti n, Yesali s, Foster & Albri ght,1987a

Júni or

347

32%

Pfei fer, Gast & Pforri nger, 1992

clube

473

24,6%

Leanderson, Nemeth & Eri ksson, 1993

2ª di vi são

96

92% (5,5/1000horas)

Powell,1996

L i ce a l

6500

38%

Hi ckey, Fri cker & McD onald,1997)

Selecção Femi ni na

49

12,1%

Hosea, C arey & Harrer, 2000

Li ceal / Uni versi tário

11780

9%

McKay, Goldi e, Payne, Oakes & Watson, 2001

Recreati vo

360

3.85/1000 parti ci pações

Beynnon, Vacek, Murphy, Alosa & Paller, 2005

Li ceal / Uni versi tári o

901*

0.68 /1000 di as exposi ção

Presente estudo

Profi ssi onal (Portugal)

163

49,7% (0,76/1000h)

*basquetebol e outras modali dades

como um indicador relevante no planeamento da

avaliam a incidência da entorse durante uma época

prevenção das lesões em basquetebol. Nesta questão a

desportiva (Powell,1996; Smith & Reischl,1986a) e

literatura parece ter consenso já que nos diversos estudos

outrosdurante o curto período de tempo inerente a uma

em basquetebol a entorse surge como o tipo de lesão

competição (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987a). Um

mais frequente (Fong, Hong, Chan, Yung & Chan,2007;

segundo momento de interpretação destes resultados

Gomez, DeLee & Farney,1996; Harmer,2005; Messina,

prende-se também com o grau de prevenção a que os

Farney & DeLee,1999; NATA,1998; NCAA,2004a;

jogadores estarão sujeitos.A literatura tem vindo a

NCAA,2004b).Todavia, verificamos alguma disparidade de

esclarecer o facto de os vários tipos de protecção para a

valores na literatura acerca da incidência da entorse do

articulação do tornozelo (Bahr & Bahr,1997; Beynnon,

tornozelo, que estará certamente relacionada com vários

Murphy & Alosa,2002; Handoll, Rowe, Quinn & de

aspectos dos quais salientamos o facto de se usarem

Bie,2001; Osborne & Rizzo,2003; Parkkari, Kujala &

diferentes formas de análise, apresentando o valor de

Kannus,2001; Quinn, Parker, de Bie, Rowe &

incidência por número de exposições do atleta à

Handoll,2000; Rosenbaum, et al.,2005; Thacker, et

modalidade, por número de dias de prática desportiva,

al.,1999; Verhagen, van Mechelen & de Vente,2000)

por horas ou minutos de participação desportiva. Para

constituírem verdadeiras protecções na ocorrência de

além disso, os estudos reportam-se a diversos níveis

entorse, especialmente da sua reincidência ou ainda da

competitivos e, são efectuados com diferentes tempos de

ocorrência de entorses de maior gravidade. Por essa

duração. De facto, alguns destes autores estudaram

razão, alguns países obrigam mesmo os atletas a utilizar,

jogadores dos liceus americanos (Powell,1996; Smith &

no jogo e no treino, protecções do tornozelo. De facto no

Reischl,1986a) enquanto outros centraram a sua atenção

presente estudo a relação entre a ocorrência de entorse

em populações de atletas profissionais (Leanderson,

e o uso de material de protecção revelou-se muito

Nemeth & Eriksson,1993). Por outro lado, alguns estudos

significativa sendo a ocorrência desta lesão muito mais

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

17


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

baixa em atletas que usam protecção.

de paragem mais dilatados, independentemente da

Para além dos aspectos anteriormente referidos,

modalidade desportiva em causa e com referência

verificamos no estudo realizado que nas equipas com

exclusiva a esta situação traumática e não à globalidade

apoio permanente de fisioterapeutas, se verificam menos

das lesões (Voleibol: ligeira<7, moderada [8,21] e

entorses do tornozelo e que quando esta lesão ocorre ela

grave>21; Futebol: ligeira <7, moderada [8,21] e Grau

é com mais frequência de gravidade ligeira e moderada.

III>21; Hóquei: ligeira <7 moderada >7)(NATA,1998). Do

A relevância deste aspecto prende-se com a possibilidade

mesmo modo, os nossos resultados confirmam os tempos

de nas equipas, os fisioterapeutas introduzirem medidas

diferenciados de paragem dos atletas face à diferente

preventivas de ordem diversa e promoverem essa

gravidade de entorse. Grosso modo, e em referência à

intervenção de cariz preventivo junto de treinadores e

globalidade da amostra, as entorses de gravidade ligeira

atletas. Desde a utilização de meios externos de protecção

provocaram, em média, tempos de paragem de 2 dias, as

como sejam as ortóteses e as ligaduras funcionais, até à

moderadas tempos de paragem médios entre 4 e 12 dias,

implementação de programas de treino proprioceptivo

enquanto as entorses graves provocaram tempos de

(Thacker, et al.,1999), as equipas com apoio permanente

paragem médios superiores a 26 dias. Relativamente a

de fisioterapeuta beneficiaram da redução do número de

este assunto, a literatura referente ao jogo do basquetebol,

entorses ocorridas. De referir ainda será a maior facilidade

confirma os resultados do nosso estudo (Starkey, 2000).

no retorno à prática desportiva por parte dos atletas cuja

De facto, Smith & Reischl (1986b) ao estudarem as

equipa dispõe de um fisioterapeuta para adequar a carga

entorses do tornozelo em basquetebolistas americanos,

de treino à condição clínica do atleta (Wolfe, Uhl, Mattacola

referem tempos de paragem, por grau de entorse,

& Mccluskey,2001 )

semelhantes aos identificados no presente estudo. Resultados afins foram encontrados por Bahr, Karlsen,

Tempo de Paragem após lesão

Lian & Ovrebo (1994), num estudo acerca da incidência

Os níveis de sucesso desportivo são largamente

deste tipo de lesão em jogadores de voleibol.

condicionados pela forma ajustada como o treinador toma

Importa clarificar que tempos de paragem e tempos de

decisões em campos determinantes do processo de

recuperação são questões substancialmente diferentes.

orientação desportiva, dos quais, os cuidados clínicos e a

Por tempo de paragem, entende-se o período em que o

prevenção das lesões, são aspectos fundamentais

atleta está ausente da prática desportiva devido a uma

(Janeira,1998). Nesta abrangência, os tempos de

qualquer lesão, independentemente das estruturas

paragem, após lesões de diferentes gravidades,

anatómicas

constituem-se como uma das preocupações mais

recuperadas. Como se sabe, o retorno à prática desportiva

importantes de treinadores e atletas. Os “custos” das

acontece, muitas vezes, sem que a recuperação

lesões e, consequentemente, a ausência dos atletas na

anatomofisiologica esteja completa. Ou seja, no caso

competição obrigam o treinador a equacionar a

específico da entorse do tornozelo, a noção de retorno à

importância deste efeito aditivo (lesão + tempo de

prática não é sinónimo de recuperação completa das

paragem), com repercussões no rendimento competitivo

estruturas anatómicas envolvidas. Por tempo de

das equipas (Amorim, Morais, Oliveira & Mamede,1989;

recuperação entende-se o período que decorre desde o

Comas,1991; Knight,1985; Stone & Steingard,1993) e,

momento da lesão até ao restabelecimento total das

muitas

estruturas anatómicas lesadas. É nesta dupla dimensão

vezes,

na

integridade

psicológica

do

lesadas,

estarem

completamente

atleta(Smith,1996).

que a intervenção dos fisioterapeutas tem sido apontada

Na literatura revista (Baumhauer, Alosa, Renstrom, Trevino

como decisiva, no âmbito da preparação desportiva

& Beynnon,1995; Ellison,1995; Loosli, Requa, Garrick &

(Araújo,1986; Oliveira,1990). Para Garrick, Schelkun. &

Hanley,1992; Watson & Ozanne-Smith,2000) foi possível

Heinz (1997), o tempo de paragem por entorse do

perceber que a maior gravidade da entorse requer tempos

tornozelo situa-se entre 3 dias e 6 semanas, valores

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

18


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

coincidentes com o actual estudo. Pese embora esta

forma particular o movimento efectuado pelo atleta às

igualdade nos tempos de paragem após lesão, a questão

capacidades da estrutura em recuperação, só possível,

que se coloca tem a ver com a importância que a presença

também, com a presença deste profissional. Corroboran-

do fisioterapeuta na equipa desportiva poderá ter na

do estas posições, Powell (1996) verificou num período

modificação desses mesmos tempos de paragem, após

de 10 anos que a presença do fisioterapeuta nas equipas

lesão dos atletas. Os resultados do presente estudo

desportivas conduziu a uma redução elevada da gravida-

sustentam, claramente, a importância do fisioterapeuta na

de das lesões ocorridas durante os treinos e as

diminuição dos tempos de paragem dos atletas com

competições. Segundo este autor, lesões com tempos de

entorses do tornozelo e, também, na diminuição dos

paragem superiores a sete dias, foram reduzidas em

tempos de paragem por gravidade da lesão. Dos 81

cerca de 31% pela intervenção permanente do fisiotera-

indivíduos constituintes da nossa amostra, 44 pertenciam

peuta junto dos atletas pertencentes a diferentes

a equipas com apoio permanente de fisioterapeutas e 37

modalidades desportivas. Também Foster, Yesalis,

a equipas sem este tipo de apoio. Ainda assim, foi possível

Ferguson & Albright (1989) verificaram a diminuição do

verificar a diminuição significativa dos tempos de paragem,

tempo de recuperação após lesão em 70% dos atletas

após lesão, nos atletas apoiados por fisioterapeutas,

acompanhados por fisioterapeutas. Reforçando a ideia da

relativamente aos que não possuíam este apoio (3.70±4,0

importância do fisioterapeuta junto das equipas

dias vs 12.57±24.3 dias). Assim, os resultados deste

desportivas, Martin, Yesalis, Foster & Albright (1987b)

estudo parecem sugerir que a intervenção do

referem que, da totalidade das lesões ocorridas no Tor-

fisioterapeuta diminui em cerca de três vezes o tempo de

neio Olímpico de Basquetebol (Júnior), 75,9% foram tra-

paragem dos atletas, após lesão. Por outro lado, centrando

tadas pelo fisioterapeuta, facto que evidencia o papel

a apreciação em torno da gravidade da entorse, a

determinante desempenhado por estes profissionais de

comparação entre o tempo de paragem nos dois grupos

saúde na recuperação dos atletas e favorece a

em estudo (com fisioterapeuta e sem fisioterapeuta) vai

perspectiva da sua intervenção em primeira instância. Os

ao encontro dos resultados anteriormente expressos. Os

autores (Martin, Yesalis, Foster & Albright,1987b) questi-

tempos de paragem dos atletas com apoio dos

onam mesmo a importância do apoio médico de forma

fisioterapeutas são, efectivamente, sempre menores em

permanente em torneios desta natureza e sugerem, em

todos os níveis de gravidade de entorse e com relevância

alternativa, o apoio permanente do fisioterapeuta. A

estatística para os tempos de paragem após entorses de

justificação desta sugestão tem a ver com o facto de

gravidade ligeira (p=0.006) e grave (p=0.012).

somente uma pequena parte dos atletas (4%) ter

As diferenças, atrás mencionadas, poderão esclarecer o

necessitado de cuidados médicos, em oposição com o

papel decisivo do apoio permanente do fisioterapeuta aos

elevado número de atletas (75,9%) que necessitaram

atletas de basquetebol. A abrangência deste apoio pode-

de

cuidados

fisioterapêuticos.

rá manifestar-se segundo três níveis. Um, relacionado com a prevenção da lesão, feita de um modo sistemático, por

Conclusões

exemplo através do aconselhamento de ortóteses, que possam diminuir a incidência da entorse, e através da par-

Da globalidade dos resultados por nós avaliados numa

ticipação activa no treino, trabalhando no sentido de me-

população de basquetebolistas, decorre um conjunto de

lhor “apetrechar” fisicamente os jogadores, para que a en-

constatações fundamentais, relativamente à incidência da

torse do tornozelo possa ser evitada, nomeadamente atra-

entorse do tornozelo, à sua gravidade e aos tempos de

vés do treino proprioceptivo. A outra, relacionada com a

paragem que esta lesão provoca nos jogadores. Afigura-

especificidade do tratamento, domínio evidente da inter-

se relevante na população de basquetebolistas estudados,

venção qualificada do fisioterapeuta. Por último, a

a forte incidência da entorse do tornozelo. De facto, cerca

integração progressiva do atleta no treino, adequando de

de 50% dos atletas em estudo sofreram, pelo menos, um

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

19


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

traumatismo desta natureza durante as duas épocas competitivas avaliadas. Por outro lado, os resultados revelaram de uma forma substantiva, que a importância da intervenção do fisioterapeuta na redução do tempo de paragem dos atletas após entorse do tornozelo é manifesta, quer do ponto de vista da apreciação global, quer do ponto de vista da apreciação da gravidade da lesão. O que aqui se pretende sublinhar é que, de facto, e a partir exclusivamente dos resultados do estudo efectuado, as equipas parecem ter vantagem em dispor dos serviços de um fisioterapeuta em permanência, visto parecer ser possível que os seus cuidados, promovam uma alteração nas consequências das lesões. Na generalidade das entorses ocorridas, as equipas com apoio permanente de fisioterapeutas viram os seus atletas ser privados da prática de basquetebol, durante 4 dias ao passo que nas equipas sem este apoio os atletas estiveram ausentes 13 dias. Deste modo torna-se evidente a importância da inclusão de um fisioterapeuta na equipa técnica dos clubes. No domínio da preparação desportiva, a intervenção do fisioterapeuta mostra-se indispensável na formulação, em

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Artigo recebido a: 23 de Maio de 2007 Artigo revisto a: 21 de Agosto de 2007 Aceite para publicação a: 26 de Outubro de 2007

Smith, R. W. and Reischl, S. F. -Treatment of ankle sprains in young athletes. Am J Sports Med (1986a); 14(6): 465-71.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

PUB

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nยบ 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

ARTIGO ORIGINAL

Contributo para a Adaptação e Validação do Instrumento de Medida, Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a Realidade Portuguesa Felipe Domingues1, José Esteves2 , José Pascoalinho Pereira3 Fisioterapeuta.Centro de Saúde de Sacavém1 Correspondência para: filipe_afonso_d@hotmail.com Fisioterapeuta. Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Prática Privada Fisioterapeuta. Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Alcoitão

2

3

Resumo Introdução: Sendo as lesões do complexo articular pé e tíbio-társica das mais comuns na sociedade, torna-se necessária a existência de um instrumento de medida adaptado e validado que permita avaliar a funcionalidade do pé e tíbio-társica. Objectivo: Contribuir para a validação e adaptação cultural e linguística de um instrumento de medida, a escala de avaliação da funcionalidade da articulação tíbio-társica e pé “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” desenvolvida por Roos EM, Brandsson S, Karlsson J. (2001). Relevância: Permitir a utilização deste instrumento de medida validado e adaptado à população/realidade Portuguesa. Metodologia: Numa primeira fase procedeu-se à tradução por intermédio de 2 tradutores bilingues, seguido da retroversão por intermédio de 2 tradutores bilingues e posterior aprovação da autora original Ewa Roos da versão consenso Inglesa obtida. Na 2ª fase realizou-se a adaptação cultural através da verificação das características métricas validade de conteúdo pelo painel de peritos, e da fiabilidade intra-observador por teste-reteste através do intra class correlation (ICC) e da consistência interna através do Alpha de Cronbach (á) numa amostra de 35 utentes. Resultados: Cada sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer; qualidade de vida), obteve bons indicadores de fiabilidade intra-observador (ICC = 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936) e bons indicadores de consistência interna (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893). Conclusão: A versão final portuguesa da FAOS na amostra utilizada possui bons índices de validade de conteúdo, de fiabilidade intra-observador e de consistência interna. Palavras-chave: Avaliação em fisioterapia; adaptação cultural de instrumentos; FAOS; tíbio-társica e pé; funcionalidade.

Abstract Introduction: As the foot and ankle complex injuries are one of the most common injuries in society, it becomes necessary to have a suitable and validated instrument of measure that allows the evaluation of the foot and ankle functionality. Objective: To give one contribution to cultural and linguistic validation and adaptation of a measure instrument, the evaluation scale of the foot and ankle functionality “Foot and Ankle Outcome Score (FAOS)” developed by Roos EM, Brandsson S, and Karlsson J. (2001) Relevance: To allow the use of this measurement instrument adapted and validated to the Portuguese population\reality. Methods: At the 1st phase, the translation was preceded by 2 bilingual translators, followed by the back translation preceded by 2 others Bilingual translators and later on it was gotten the approval form the original author Ewa Roos of the gotten English consensus version. At the 2nd phase was made a cultural adaptation through the verification of the metric characteristics, the content validity, the reliability intra-observer for test-retest by intraclass correlation (ICC) and the internal consistency through the Cronbach Alpha (á). Results: Each sub-scale (symptoms; pain; functionality, daily life; functionality, sport and activities of leisure; quality of life) had good scores for reliability intra-observer (ICC = 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 and 0,936) and good scores for internal consistency (á = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 and 0,893). Conclusion: The Portuguese ending version of the FAOS in the used sample, possess good content validity, reliability intra-observer and internal consistency. Key words: physiotherapy evaluation; instruments cultural adaptation; FAOS, foot and ankle; functionality.

Introdução

Raspa 2003). Robbins & Waked (1998) afirmam que, apesar de as lesões da tíbio-társica ocorrerem

As fracturas e luxações do pé e tíbio-társica estão entre

frequentemente durante a locomoção normal, elas são

as lesões mais frequentes do sistema músculo-esquelético

provavelmente mais comuns no desporto. Segundo Rego,

(Henning, 1998; Lynch 2002; Relvas 1990; Sanderlin &

Reis e Oliveira (2007), em Portugal, na

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época de

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

2005/2006, as lesões em ginastas de competição

pontuação elevada num sistema e ao mesmo tempo pode

afectaram maioritariamente o membro inferior, sendo a

apresentar uma pontuação baixa noutro sistema de

seguir ao joelho, o pé, dedos e tornozelo as regiões

avaliação.

anatómicas mais lesionadas. Nyska & Mann (2002)

Deste modo, salienta-se a importância e necessidade da

referem que as lesões laterais da tíbio-társica ocorrem

existência de um instrumento de medida que, contendo os

predominantemente nas populações jovens e masculina

principais elementos métricos, seja também reconhecido

e as lesões do médio-pé ocorrem predominantemente na

e utilizado a um nível internacional de modo a se obterem

população mais idosa e feminina. Estes autores referem

resultados similares em condições similares permitindo

que 45% das lesões ocorrem em actividades desportivas,

assim a comparação entre vários estudos de diferentes

20% durante jogos e 16% em trabalho.

origens.

Daqui se depreende a existência de uma enorme

Em 2001, Ewa Roos, em conjunto com os seus

quantidade de utentes a requerer diariamente a

colaboradores, publicou um artigo no qual apresenta o

intervenção dos Fisioterapeutas para a resolução de

instrumento de medida “Foot and Ankle Outcome Score

problemas relacionados com o pé e tíbio-társica. Assim

(FAOS)”. O conteúdo da FAOS baseia-se na Escala

sendo, torna-se necessário a existência de um instrumento

Avaliativa da Osteoartrite (Knee injury and Osteoarthritis

de medida devidamente creditado para a avaliação da

Outcome Score (KOOS)) e foi desenvolvida para medir a

funcionalidade do pé e tíbio-társica.

opinião dos pacientes sobre uma variedade de problemas

Os instrumentos de medida, devem de possuir certas características métricas no sentido de garantirem uma boa qualidade da medida para que estas nos permitam formular conclusões válidas. Assim sendo, de acordo com a literatura consultada, Rothstein (1985), Sim e Arnell (1993), Cole, Finch, Gowland, Mayo (1994), Ferreira e Marques (1998), Fitzpatrick et al (1998), Finch et al (2002), as principais características métricas são a fiabilidade, validade e a sensibilidade.

ligados à funcionalidade do pé e tíbio-társica. Este estudo apresenta valores bastante elevados nas várias características métricas estudadas. Na validade de conteúdo, os pacientes não sugeriram questões adicionais a acrescentar, todos os items foram considerados como sendo pelo menos de alguma importância por mais de 67 % dos pacientes. Na validade de construção, segundo a autora, obteve-se uma já esperada moderada correlação (rs=0.58 a 0.67) quando se comparam as 5 sub-escalas da FAOS com a escala Karlsson score. Na fiabilidade,

Apesar de existirem alguns critérios de selecção de

para cada sub-escala, (sintomas; dor; funcionalidade, vida

instrumentos de medida de diferentes autores, a confusão

diária; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;

parece ser considerável quando se pretende seleccionar

qualidade de vida) foram obtidos os seguintes resultados:

um instrumento de medida que avalie a funcionalidade da

na consistência interna o Alpha de Cronbach foi á = 0,88,

tíbio-társica e pé. Exemplo disso é o trabalho de Schuh &

0,94, 0,97, 0,94 e 0,92; na fiabilidade intra-observador, o

Hausel (2000), que alertam para o facto de que, a

coeficiente de correlação de Spearman foi 0.89, 0.96, 0.85,

publicação de vários e diferentes tipos de artigos sobre

0.92 e 0.92 e o coeficiente intra class correlation foi ICC =

lesões da tíbio-társica em que os resultados eram

0,86, 0,78, 0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala

avaliados com instrumentos de medida diferentes, torna

respectivamente.

difícil ou mesmo impossível a comparação entre essas

A FAOS é de auto-preenchimento pelo paciente e consiste

publicações. Existem actualmente vários instrumentos de

em 42 questões distribuídas em cinco sub-escalas: Dor,

medida publicados para medir a funcionalidade do pé e

Outros Sintomas, Funcionalidade na vida diária,

tíbio-társica. No entanto, Akseki, Pinar, Bozkurt & Yaldiz,

Funcionalidade no desporto e lazer, e Qualidade de Vida

(2002), após a comparação de 4 instrumentos de medida

relacionada com o pé e tíbio-társica. São apresentadas

usados em lesões da tíbio-társica, concluem que uma

opções estandardizadas de resposta e cada questão tem

pessoa com lesão da tíbio-társica pode apresentar uma

uma pontuação de 0 a 4. É calculada uma pontuação

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

normalizada (100 indicando ausência de sintomas e 0

mínimo 4 anos de experiência na área, com várias

indicando sintomas extremos) para cada sub-escala. No

comunicações livres realizadas e, alguns com trabalhos

final obtém-se um score total através do somatório das

publicados em revistas científicas.

pontuações de cada sub-escala.

A segunda amostra constituiu a amostra de utentes e foi

A FAOS apresenta como mais-valias o facto de ser uma

obtida por conveniência sendo formada por 35 sujeitos,

escala de avaliação simples, de aplicação relativamente

24 utentes do sexo feminino e 11 utentes do sexo

rápida (cerca de 10 minutos) e eficaz sem necessidade

masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os

de 1 observador, os dados são de fácil análise estatística

80 anos. Foram incluídos todos os sujeitos, que saibam

e interpretação, contando para isso o apoio dado pela

ler e escrever, que apresentem uma e qualquer patologia

disponibilização on-line, no site www.koos.nu, de uma folha

músculo-esquelética na tíbio-társica e/ou pé e que se

de cálculo no programa EXCEL, com as devidas fórmulas

traduza numa diminuição da funcionalidade desse sujeito.

de cálculo já introduzidas, ou então, através da ficha de

Foram excluídos do estudo os sujeitos que foram não

pontuação manual da FAOS disponível no guia de

colaborantes, possuíam alterações cognitivas ou que

utilização da FAOS (para obter a versão traduzida do guia

apresentaram outros problemas associados que impediam

de utilização da FAOS, deverá contactar via e-mail para

a avaliação de qualquer dos itens constituintes da escala

filipe_afonso_d@hotmail.com)”

FAOS, ou preenchimento indevido da FAOS.

A nível internacional, esta é uma escala que é utilizada

Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um

em diferentes estudos de investigação por diferentes

questionário, especialmente elaborado para verificar a

autores tais como: “Foot orthoses for the treatment of

validade de conteúdo, e a própria FAOS – versão

plantar fasciitis” de Roos, Engstrom, Soderberg (2006) ou

portuguesa, para verificar a fiabilidade intra-observador e

“Twenty-six-year results after Brostrom procedure for

a consistência interna.

chronic lateral ankle instability” de Bell, Mologne, Sitler,

Os dados qualitativos obtidos junto ao painel de peritos,

Cox (2006).

foram tratados através da técnica de análise de conteúdo.

O presente estudo tem como objectivo geral contribuir para

Os dados quantitativos, recolhidos através da FAOS, foram

a validação e adaptação do instrumento de medida “Foot

tratados através da estatística descritiva utilizando o

and Ankle Outcome Score (FAOS)” para a realidade

programa “SPSS 14,0”. Foi utilizado o coeficiente de

portuguesa através do processo de tradução e verificação

correlação intra class (ICC) para análise dos dados obtidos

das características métricas validade de conteúdo, a

da aplicação do instrumento em momentos diferentes por

fiabilidade intra-observador e a consistência interna.

cada utente – fiabilidade intra-observador. A consistência interna foi verificada através do coeficiente de Alpha

Metodologia

Este estudo do tipo metodológico, compreende uma 1ª

Cronbach (á).

PROCEDIMENTOS NA 1º FASE – Tradução

fase na qual se procedeu à tradução da FAOS e uma 2ª fase na qual se verificaram as características métricas validade de conteúdo, a fiabilidade intra-observador e a consistência interna. Estes procedimentos só foram realizados após a autorização da autora, da escala original. Foram seleccionadas duas amostras. A primeira, que foi seleccionada por conveniência e qualidade, constituiu o

O processo de tradução e adaptação da escala FAOS baseou-se nas linhas orientadoras apresentadas por Beaton, Bombardier, Guillemin, & Ferraz (2002), para o processo de adaptação intercultural de instrumentos de medida. Com base nestas linhas realizaram-se cinco passos distintos:

painel de peritos, sendo formada por oito fisioterapeutas e um médico, todos eles experts na área das condições músculo-esqueléticas. Estes elementos possuem no

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Passo I – Tradução inicial Foram realizadas duas traduções independentes da FAOS

25


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

(T1 e T2) a partir da versão Inglesa para a língua

uma escala ordinal de zero a cinco , com a respectiva

Portuguesa.

justificação e sugestão. Cada questionário, no início,

As duas traduções independentes foram realizadas por

continha duas folhas de rosto onde figurava a identificação

tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua

do autor deste estudo, o objectivo do estudo e as

Portuguesa. O tradutor T1 é profissional de saúde e

instruções de preenchimento do respectivo questionário.

conhecedor do tipo de conceitos do questionário. O

No final de cada um destes instrumentos figurava uma

tradutor T2 não está ligado à área da saúde, de modo a

folha com três questões que solicitavam uma apreciação

reflectir uma linguagem utilizada pela população comum.

global e pessoal sobre a FAOS. Desta análise resultaram algumas sugestões e alterações da versão consenso

Passo II – Sintetização das duas traduções

Portuguesa que conduziram à versão final Portuguesa da

Uma terceira pessoa imparcial serviu de mediador na

FAOS (Anexo 1).

discussão das diferenças de tradução obtendo-se numa

Para verificação da fiabilidade intra-observador e

tradução de consenso (T12).

consistência interna, aplicou-se a versão final Portuguesa da FAOS na amostra de utentes em estudo. A cada utente

Passo III – Retroversão

foi explicado o objectivo deste estudo e o método como

Trabalhando a partir da versão T 12, o questionário foi

este estava a ser levado a cabo. Cada utente preencheu

novamente traduzido para a língua Inglesa através de duas

duas vezes o questionário, com um dia de intervalo.

retroversões independentes do instrumento (RV1 e RV2)

O procedimento do tratamento estatístico relativo ao

por tradutores bilingues que têm como língua mãe a língua

estudo da fiabilidade intra-observador e da consistência

Inglesa.

interna, foi realizado a partir dos resultados obtidos, os quais foram introduzidos numa base de dados, numa folha

Passo IV – Sintetização das duas retroversões

em Excel, disponibilizada pela autora original no site

Cruzaram-se as duas retroversões entre si e elaborou-se

www.koos.nu , e de seguida, transportados e analisados

uma terceira versão – versão consenso inglesa.

com o programa informático “SPSS 14,0”.

Comparou-se a versão inglesa original com a versão consenso Inglesa obtida, para verificar se havia diferenças

Resultados e discussão

de significado entre elas. No que respeita à validade de conteúdo, através da análise Passo V – Aprovação da autora original

das cotações atribuídas pelos peritos existiu um acordo

Foi enviada uma cópia da versão consenso Inglesa obtida

total em 16 das questões mantendo-se o seu conteúdo.

ao autor original da escala para que fosse aprovada a

Em 7 questões apesar de terem sido realizadas algumas

versão obtida. A autora Ewa Roos aprovou e deu a sua

sugestões de alteração, manteve-se a versão original

permissão para continuar o estudo obtendo-se assim a

portuguesa por se aproximar mais da versão original em

versão portuguesa a apresentar ao painel de peritos.

inglês e manter todo o conteúdo de cada questão e por possuírem uma boa facilidade de compreensão por parte

PROCEDIMENTOS NA 2º FASE – Verificação das

dos utentes. Em 19 questões foram aceites as sugestões

características métricas validade de conteúdo, a

propostas devido ao facto de algumas das questões

fiabilidade intra-observador e consistência interna.

estarem confusas na forma como estavam elaboradas. Foram assim introduzidas alterações que iam no sentido

O painel de peritos analisou a validade de conteúdo da

de clarificar a redacção, corrigir a semântica, especificar

versão portuguesa do instrumento através de um

melhor determinadas actividades solicitadas, utilizar a

questionário. Este instrumento de recolha de dados

mesma terminologia e o mesmo modo de construção

requeria que cada item da FAOS fosse cotado segundo

frásica ao longo de todo o questionário. As sugestões

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

26


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

aceites encontram-se mais correctas em termos de

similares aos valores obtidos pelo autor

original da

linguagem corrente mantendo todo o conteúdo da questão

versão original da FAOS que obteve como resultados 0,88,

e apresentando uma melhor facilidade de compreensão

0,94, 0,97, 0,94 e 0,92 para cada sub-escala

por parte dos utentes e por se aproximar mais da versão

respectivamente.

original. Nas três questões que solicitavam uma apreciação global e pessoal sobre a FAOS, 89% do painel concorda

Conclusões

na generalidade com as questões da FAOS, sendo baixa a percentagem de peritos que retiraria ou acrescentaria

Conclui-se que a versão final Portuguesa da FAOS, na

alguma questão.

amostra em estudo, possui validade de conteúdo,

Ao chegar a um consenso final relativo ao conteúdo de

fiabilidade intra-observador e consistência interna,

cada pergunta da versão portuguesa da FAOS, foi

podendo por isso ser utilizada na prática clínica, pelo que

concluído pelos autores do estudo que, o nível de

se considera importante a sua utilização no sentido de

consenso atingido foi elevado, pois, 81% das questões

melhorar a intervenção da fisioterapia no desporto, ou

obteve uma concordância total, sem sugestão de

outras áreas, promovendo a qualidade da intervenção.

alterações, de pelo menos 2/3 do painel. Em 19% das

Este estudo apresenta como principal limitação à validade

questões foram introduzidas algumas das alterações

externa, o facto de não se poder garantir a

introduzidas pelo painel de peritos. Como tal, considera-

representatividade da amostra face à população

se que o questionário na nossa amostra apresenta

portuguesa, devido ao reduzido número de sujeitos da

validade de conteúdo.

amostra, devido ao facto de a amostra ter sido obtida/

Na análise da fiabilidade intra-observador por teste-reteste,

seleccionada por conveniência e por ter sido obtida numa

verifica-se que cada sub-escala (sintomas; dor;

zona limitada do País, Lisboa. Também o facto de não se

funcionalidade, vida diária; funcionalidade, desporto e

ter realizado um pré-teste com o objectivo verificar se o

actividades de lazer; qualidade de vida), obteve como valor

questionário era de fácil compreensão para o utente, uma

do ICC 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936 para uma

vez que se trata de um instrumento de auto –

significância de 0,000. Pestana & Gageiro (2000), afirmam

preenchimento, representa outra limitação, esta relativa à

que é considerado como bom indicador de consistência

validade interna, no presente estudo.

um ICC com valor superior a 0,8. Assim sendo, os valores

Pretendeu-se dar um primeiro contributo no processo de

obtidos representam um valor elevado e, segundo estes

tradução e adaptação da FAOS, pelo que se sugere a

autores são considerados como um bom indicador positivo

realização de estudos futuros com amostras mais

de fiabilidade intra-observador. Estes resultados vão ao

representativas e que visem outras características

encontro dos valores obtidos pelo autor original da versão

métricas que não foram agora contempladas, tais como:

original da FAOS que obteve como resultados 0,86, 0,78,

a validade de construção, validade critérios, sensibilidade

0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala respectivamente.

e aceitabilidade pelos utentes, assim como algumas

Na análise da consistência interna, verifica-se que cada

sugestões pertinentes, que se inserem no âmbito da

sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diária;

modificação da escala, levantadas pelo painel de peritos

funcionalidade, desporto e actividades de lazer; qualidade

na analise da validade de conteúdo.

de vida), obteve como valor do Alpha de Cronbach á =

Por último, considera-se importante a validação de outros

0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893. Fortin (2000), afirma

instrumentos de medida da funcionalidade da tíbio-társica

que o coeficiente de Alpha de Cronbach (á) varia de 0,00

e pé, de forma a que os profissionais de saúde tenham

a 1,00 e que, o valor mais elevado denota uma maior

acesso a um leque mais alargado de instrumentos.

consistência interna. Com base no anteriormente exposto, constata-se que todas as sub-escalas possuem um bom indicador de consistência interna, obtendo valores

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

27


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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A versão integral deste estudo está disponível na biblioteca

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Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Artigo recebido a:13 de Outubro de 2007 Artigo revisto a: 01 de Novembro de 2007 Aceite para publicação a: 10 de Novembro de 2007

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

FAOS FOOT&ANKLE SURVEY IAPT – INQUÉRITO AO PÉ & TORNOZELO Data de hoje : ____ / _____ / ______

Data de nascimento : ____ / _____ / _____

Nome : _______________________________________________________________

INSTRUÇÕES: Este inquérito solicita-lhe a opinião sobre o seu pé/tornozelo. Esta informação ajudar-nos-á a acompanhar a forma como se sente em relação ao seu pé/tornozelo, bem como a sua aptidão para realizar as actividades do dia-adia. Responda a cada questão assinalando com uma cruz o quadrado apropriado. Deverá inscrever apenas uma cruz para cada questão. Se tiver dúvidas quanto à forma de responder a alguma questão, dê por favor a melhor resposta que conseguir.

Sintomas Estas questões referem-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.

S1. Tem inchaços no seu pé/tornozelo? Nunca Raramente

Por vezes

Frequentemente

Sempre

S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de ruído, quando movimenta o seu pé/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S3. O seu pé/tornozelo prende ou bloqueia quando se move? Nunca Raramente Por vezes

Frequentemente

S4. Consegue endireitar completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes

Raramente

Nunca

S5. Consegue flectir completamente o seu pé/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes

Raramente

Nunca

Sempre

Rigidez As questões seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana. Por rigidez entende-se a sensação de restrição ou de lentidão aquando da movimentação das articulações.

S6. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo de manhã logo após acordar? Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Esta questão refere-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última semana.

S7. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo após estar sentado, deitado ou após ter repousado no final do dia? Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

Dor P1. Com que frequência sente dor no seu pé/tornozelo? Nunca Mensalmente Semanalmente

Diariamente

Sempre

Qual a intensidade de dor que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana, durante as seguintes actividades?

P2. Torcer ou rodar sobre o pé/tornozelo Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P3. Esticar completamente o pé/tornozelo Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P4. Dobrar completamente o pé/tornozelo Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P5. Caminhar numa superfície plana Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P6. Subir ou descer escadas Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P7. À noite quando está deitado na cama Nenhuma ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P8. Sentado ou deitado Nenhuma

ligeira

Moderada

Grave

Extrema

P9. Na posição de pé Nenhuma

ligeira

Moderada

Grave

Extrema

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Funcionalidade, vida diária As questões seguintes dizem respeito à sua função física. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar e para cuidar de si próprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

A1. Descer escadas Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A2. Subir escadas Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A3. Erguer-se após ter estado sentado Nenhum ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A4. Estar de pé Nenhum

Moderado

Grave

Extremo

A5. Baixar-se até ao chão / apanhar um objecto Nenhum ligeira Moderado

Grave

Extremo

A6. Caminhar numa superfície plana Nenhum ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A7. Entrar/sair do carro Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A8. Ir às compras Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A9. Calçar peúgas/meias Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A10. Erguer-se da cama Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

A11. Tirar peúgas/meias Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

ligeira

Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posição dos joelhos) Nenhum ligeira Moderado Grave

Extremo

A13. Entrar/sair do banho Nenhum ligeira

Extremo

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Moderado

Grave

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

A14. Sentar-se Nenhum

ligeira

A15. Sentar-se/erguer-se da sanita Nenhum ligeira

Moderado

Grave

Extremo

Moderado

Grave

Extremo

A16. Tarefas domésticas que impliquem esforço (mover caixas pesadas, esfregar o chão, etc.) Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

A17. Tarefas domésticas leves (cozinhar, limpar o pó, etc.) Nenhum ligeira Moderado

Grave

Extremo

Funcionalidade, desporto e actividades de lazer As questões seguintes dizem respeito à sua função física quando desenvolve uma actividade mais exigente em termos de esforço. As questões devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo. SP1. Agachar-se Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

SP2. Correr Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

SP3. Saltar Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

SP4. Torcer/rodar sobre o pé/tornozelo lesado Nenhum ligeira Moderado

Grave

Extremo

A questão deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/ tornozelo. SP5. Ajoelhar-se Nenhum

ligeira

Moderado

Grave

Extremo

Qualidade de vida Q1. Com que frequência se apercebe do seu problema no pé/tornozelo? Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente

Sempre

Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente prejudiciais ao seu pé/tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q3. Até que ponto está preocupado com a falta de confiança no seu pé/ tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Extremamente

Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu pé/tornozelo? Nenhum ligeira Moderado Grave

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Extremo

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PUB

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REVISÃO DE LITERATURA

Whiplash Associado à Prática de Râguebi. Diogo Campos1, Tiago Atalaia2 Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa. Equipa Sénior de Râguebi do Grupo Desportivo de Direito1 Correspondência para: dcampos@esscvp.eu Fisioterapeuta. Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa

2

Resumo Introdução: Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva, cujo objectivo é o de lutar pela vitória, possível através de um jogo de 80 minutos entre duas equipas. O seu carácter intensamente físico, torna o atleta mais vulnerável à ocorrência de lesões. A maior incidência de lesões associa-se ao atributo técnico da placagem, que pode produzir um mecanismo de whiplash. Este mecanismo é uma das formas possíveis de originar lesões da coluna cervical ou incapacidades associadas. Objectivo e Relevância: O objectivo do trabalho é perceber através de uma análise de literatura, quais as actuais posições sobre esta temática, quais os conceitos e definições actuais e qual a associação entre whiplash e râguebi. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados PubMed, ISI Web of Science e ISI Web of Knowledge tendo sido seleccionadas 23 referências pela sua relação directa quer à lesão em si, quer pela sua associação ao ambiente da modalidade râguebi. Resultados: Através de uma revisão de literatura, podemos verificar que é importante uma visão bio-psico-social por parte do fisioterapeuta e restante equipa de saúde, de forma a poderem ser identificados os factores de risco e indicadores de prognóstico que permitem o desenvolvimento de estratégias de prevenção ou intervenção a este nível, onde quer a sua definição bem como as implicações a nível do indivíduo e atleta ainda não são consensuais. Discussão: O whiplash é frequente no râguebi estando os atletas sujeitos a múltiplos mecanismos deste tipo ao longo da época desportiva. Contudo existe uma baixa incidência de lesões associadas. Como tal, é proposta uma avaliação que dê particular importância à identificação de factores de risco, nomeadamente a existência de sintomatologia prévia na coluna cervical, IMC <23, pescoço longo, atitude psicológica negativa, factores psico-sociais externos, fadiga e a preparação e antecipação do impacto. Conclusão: O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica associada à modalidade podem ser a chave da baixa incidência de lesões por este mecanismo a nível do râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então a chave de uma estratégia mais efectiva na prevenção e abordagem às lesões por mecanismo de whiplash. Palavras chave: Whiplash, Râguebi, Fisioterapia, Bio-psico-social, Lesão Cervical, Coluna Cervical.

Abstract Introduction: As other sport activities, rugby is a collective sports performed in a typical sport environment were the goal is to achieve winning by the mean of an 80 minute game between two teams. It’s an extreme physical intensity sport were the athlete is vulnerable to injury. The higher incidence of injury is associated to tackling, which can produce a whiplash mechanism. This mechanism is one of the possible ways that can lead to injuries of the cervical spine or associated disabilities. Objectives and Relevance: The goal of this paper is to understand which are the actual standings about this issue, it’s concepts and definitions and what kind of association between whiplash and rugby. Methods: We perform a search for references in PubMed, ISI Web of Knowledge and ISI Web of Science databases, finding 23 references that we selected because of its relation with whiplash and it’s association with rugby. Results: By means of a literature review, we could state the importance of a bio-psycho-social approach to this issue by the physical therapist and other elements of health professionals team, in order to identify risk factors and prognostic indicators that could help define a well supported and adequate prevention and intervention, in a field were whiplash definitions and it’s implications to the subject or athlete is still not consensual. Discussion: Whiplash is frequent in rugby. During rugby season the athletes suffer multiple mechanisms of this type. However the incidence of associated injuries is low. In this paper is suggests an evaluation that highlights the identification of risk factors, as the existence of previous symptomatic injury of the cervical column, BMI <23, long neck, negative psychological attitude, external psychosocial factors, fatigue and the preparation and anticipation of the impact. Conclusion: The sport environment associated to a strong psychological attitude of the rugby player could be the key aspect of the reported low incidence of whiplash-associated disabilities in rugby. A consensus on whiplash definition and assessment normalization could conduct to a more effective and adequate intervention in this condition. Key words: Whiplash, Rugby, Physiotherapy, Bio-psycho-social, cervical injury, cervical spine.

Introdução

ambiente rico em lesões e condições clínicas de importância académica e científica. O râguebi não é

O ambiente desportivo sempre foi e sempre será um

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

excepção.

35


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

O râguebi é um desporto com uma grande componente

O Râguebi

física, envolve muito contacto corporal e é considerado uma forma de exercício intenso (Gabbett, 2002; Sherrard,

Como outras modalidades desportivas, o râguebi reveste-

Lenne, Cassel, Stokes & Ozanne-Smith, 2002; Mashiko,

se de um ambiente típico de uma modalidade colectiva,

Umeda, Nakaji & Sugawara, 2004).

cujo objectivo é o de lutar pela vitória, possível através de

A sua prática abrange desde os escalões de formação a

um jogo de 80 minutos entre duas equipas.

juniores e destes até aos jogadores seniores podendo

O seu carácter intensamente físico, torna-o mais vulnerável

estes ser amadores, semi-profissionais e profissionais,

à ocorrência de lesões, como apontam os estudos de

dando a cada um destes escalões, e respectiva idade

Sherrard et al (2002) onde, a modalidade râguebi contribui

associada, diferentes necessidades físicas e psicológicas

para a maior incidência de lesões em todos os desportos

o que se reflecte na propensão para a lesão (Gabbett,

praticados na Austrália, sendo que na Nova Zelândia

2002; Hoskins, Pollard, Hough & Tully, 2006).

constitui a maior forma de utilização de subsídio de

Aos jogadores é requerido uma combinação de velocidade,

compensação por lesão desportiva.

resistência, força e agilidade, de forma a torná-los capazes

Estas lesões encontram-se associadas em maior

de dar resposta às exigências do jogo em si mas também

incidência à placagem (Sherrard, et al, 2002; Gabbett,

para conseguirem suportar o impacto da colisão em

2003; Mashiko et al, 2004; Best, McIntosh, Savage, 2005;

velocidade, e à consequente lista de lesões que daí

Brooks, Fuller, Kemp, Reddin, 2005), gesto técnico através

possam advir (Sherrard et al, 2002; Sye, Sullivan &

do qual um jogador de râguebi impede a progressão no

McCrory, 2006). No râguebi actual, o atleta é sujeito a

terreno do jogador adversário. Sendo um gesto técnico

uma elevada pressão física e a um número de impactos

que na maioria das vezes é aplicado em alta velocidade e

com cargas a serem absorvidas em particular pela coluna

potência a um corpo em deslocamento, que constitui o

cervical e lombar, além dos membros inferiores (Hoskins

corpo do oponente, esta colisão ou impacto pode conduzir

et al, 2006; Castinell, Adam & Prat, 2007), com o impacto

a várias lesões que podem ir desde lesão a nível do

consequente a nível da sua performance física (Gabbett,

membro superior (particularmente no complexo articular

2004).

do ombro e punho), do membro inferior (mais incidência no joelho e tibio-társica) e outras regiões (usualmente

O objectivo do trabalho é perceber quais as actuais

cabeça, coluna cervical e tronco) (Sherrard et al 2002;

posições sobre esta temática, quais os conceitos e

Gabbett, 2003; Best, McIntosh e Savage, 2005; Brooks et

definições actuais e qual a associação entre whiplash e

al, 2005). Num estudo realizado por Browne (2006) num

râguebi, através de uma pesquisa e análise aos termos

hospital de referência para lesões vertebrais pediátricas

whiplash, lesão cervical e râguebi, nas bases de dados

australiano, onde durante 3 anos se registaram todas as

PubMed, ISI Web of Science, ISI Web of Knowledge,.

ocorrências de lesões cervicais, o autor verificou que de

Em nosso entender, é necessário proceder a uma breve

1745 episódios de lesões da coluna cervical em crianças

descrição do ambiente relacionado com o râguebi, definir

com menos de 15 anos, 1610 eram oriundos de acidentes

o conceito de whiplash, analisar a associação desta

de viação e atropelamentos, e os restantes 139 casos

condição com o gesto desportivo, quais as incidências,

oriundos da prática de desporto, sendo que 125 estavam

mecanismos de lesão e factores de risco e indicadores de

relacionados com a prática de râguebi.

prognóstico. Por fim esperamos proceder à elaboração

Por outro lado, a intensidade física desta modalidade

de pontos de vista, fruto da nossa pesquisa, que possam

desportiva leva a que a atitude psicológica dos atletas seja

de alguma forma contribuir para a compreensão da

de entrega total, aceitação do impacto associado à

temática, perceber que estratégias de prevenção podem

modalidade e a capacidade de sofrimento e determinação

ser adoptadas e elaborar linhas pesquisa futuras.

essenciais à vitória. Assim, levantam-se algumas questões

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

36


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

inerentes ao ambiente que podem levar a que o atleta

velocidade do impacto, maior seria este mecanismo

minimize a sua lesão ou os sintomas que possa estar a

dinâmico e, dessa forma, maiores as consequências a

sentir, facto que deve levar a um maior cuidado por parte

nível cervical. Esta dedução seria igualmente aplicada aos

do fisioterapeuta e restante equipa de saúde.

acidentes de viação. No entanto, estudos recentes verificam que acidentes de viação de baixa velocidade

Whiplash

constituem a principal causa de whiplash (Quinlan, Annest, Myers, Ryan & Hill, 2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis,

Apesar de ainda não existir consenso quanto à melhor definição de whiplash (Livingston, 2000), a que é mais referenciada pelos artigos sobre esta temática é a da Quebec Task Force. Este grupo de trabalho foi criado para desenvolver uma definição de whiplash bem como guidelines para a abordagem às desordens associadas a esta condição clínica. A definição desenvolvida é a

2007), ou seja, impactos mais compatíveis com aqueles que ocorrem no decorrer de um jogo ou treino de râguebi. Então porque razão o whiplash não constitui a maior incidência de lesão nesta modalidade? Para nos ajudar a responder a esta questão necessitamos de entender quais são as incapacidades associadas ao mecanismo de whiplash.

seguinte: Incapacidades associadas ao mecanismo de whiplash “Whiplash é um mecanismo de aceleração desaceleração de transferência de energia para o pescoço. Pode resultar de uma colisão na retaguarda ou lateral de veículos motorizados, mas também pode ocorrer durante um mergulho ou de outros incidentes. O impacto pode resultar em lesões ósseas ou de tecidos moles (lesão de whiplash), que por sua vez pode levar a uma variedade de manifestações clínicas” (Spitzer et al, 1995).

Como vimos anteriormente, whiplash é um mecanismo dinâmico, não uma lesão. Através deste mecanismo dinâmico poderemos desenvolver disfunções e incapacidades em consequência do stress aplicado às estruturas cervicais. Segundo a American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS), os sintomas associados às lesões por whiplash incluem dor e rigidez no pescoço, cefaleias, dor localizada

De facto a palavra whiplash descreve um movimento dinâmico, mas devido a esta analogia em relação ao movimento que ocorre a nível do pescoço durante os acidentes de viação, também se viria a tornar num termo que designa uma lesão do pescoço (Krafft, Kullgren, Lie & Tingvall, 2005). Apesar da origem do termo, este mecanismo lesivo pode decorrer de outras actividades, tais como o mergulho, râguebi; futebol americano, ski ou até numa aterragem dum avião (Spitzer et al, 1995; Montazem, 2006; Lark & McCarthy, 2007). Analisando o gesto desportivo de placagem, a brusca alteração da velocidade provocada pela colisão entre os dois atletas, provoca um mecanismo dinâmico com consequente transmissão da energia cinética do impacto à coluna cervical, ou seja, conduzindo a uma situação de

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dormência no braço e/ou mão, tonturas, zumbidos, visão turva, dificuldade de concentração ou de memória, irritabilidade, disturbios do sono e fadiga (AAOS, 2000). Estas alterações podem não se manifestar de imediato mas sim ao longo das primeiras 48 horas, por vezes não se consegue estabelecer uma correlação directa entre a sintomatologia e os achados imagiológicos (Quinlan et al, 2004; Giannoudis, Mehta & Tsiridis, 2007). Deste modo, sendo uma situação em que por vezes a componente psico-social supera a biológica, é crucial que a avaliação se centre numa visão bio-psico-social (Ferrari & Russel, 1999; Hendriks, Scholten-Peeters, van der Windt, Neeleman-van der Steen, Oostendrop & Verhagen, 2005; Holm, Carroll, Cassidy, Skillgate & Ahlbom, 2007). A forma como o indivíduo reage ao mecanismo de whiplash

whiplash. Assim sendo, seria de esperar

no ombro ou entre as omoplatas, dor lombar, dor ou

que quanto maior a

é preponderante para a sua capacidade de recuperação

37


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

e à ocorrência de sintomatologia. Vários autores têm-se

fazendo registos com terminologias o mais consensuais

debruçado sobre este tema, com o intuito de identificar os

possível em relação à especificidade da situação clínica

factores de risco e respectivos indicadores de prognóstico.

e da modalidade desportiva, de forma a conseguir seleccionar informação pertinente que auxilie o

Factores de risco e indicadores de prognóstico

fisioterapeuta a identificar os factores de risco, medi-los e, dessa forma, contribuir para uma abordagem mais

Na nossa pesquisa, a predisposição para a ocorrência de

sustentada e estruturada (Fuller et al, 2007).

incapacidades provocadas pelo mecanismo de whiplash encontra-se mais associada a indivíduos do sexo

Discussão

feminino, com a severidade da lesão a aumentar e capacidade de recuperação a diminuir com o avanço da

O mecanismo de whiplash é frequente no ambiente do

idade (Hartling, Pickett & Briston, 2002). Por outro lado,

râguebi. Dado o facto de se constituir uma modalidade de

indivíduos com uma atitude psicológica mais forte e mais

elevado índice físico e onde o contacto é frequente, torna-

positiva estão menos predispostos ao aparecimento de

se importante a definição de estratégias de avaliação que

sintomatologia do que aqueles com atitudes mais frágeis

identifiquem factores de risco para a ocorrência de lesões

ou depressivas (Holm et al, 2007; Jones & Elklit, 2007).

associadas ao mecanismo.

Também no que diz respeito à constituição e morfologia

Por outro lado, a existência de sintomatologia prévia na

corporal, indivíduos com um índice de massa corporal

coluna cervical, deve alertar o fisioterapeuta para uma

(IMC) baixo ou que têm um pescoço mais longo, possuem

abordagem que vise o aumento da preparação e

maiores probabilidades de desenvolverem lesões pelo

antecipação do contacto. Para tal, deverá ser realizado

mecanismo de whiplash (Veronesi, 2005).

um trabalho consensual com a equipe técnica para um

Um atleta de râguebi, por possuir uma atitude psicológica

correcto desenvolvimento das capacidades físicas. Neste

forte, inerente à prática e vivência da modalidade,

trabalho de equipa, o fisioterapeuta tem a obrigação de

associado ao facto de possuir uma aptidão físico elevada,

informar os demais elementos da equipa técnica sobre os

contribui para a diminuição da probabilidade de lesão

factores de risco, para que no momento da tomada de

associada a whiplash, reduzindo igualmente os indicadores de mau prognóstico. A estes factores podemos ainda associar que normalmente o atleta possui um IMC adequado, com um bom suporte muscular associado (Sherrard et al, 2002).

decisão estes sejam tidos em consideração. Seguindo esta linha de pensamento, e tendo por base a literatura consultada, enumeramos alguns factores de risco que deverão ser debatidos com toda a equipe técnica: •

destes indivíduos para algumas lesões, deverá

Outro factor que tem vindo a ser estudado, relaciona-se

ser efectuado um treino específico de força e

com a antecipação do embate, isto é, um indivíduo que

resistência muscular (Sherrard et al, 2002;

não se encontre preparado para o mecanismo de whiplash ou o impacto que o origina, aumenta a probabilidade de ocorrência de sintomas (Giannoudis, Mehta & Tsiridis,

Veronesi, 2005); •

particular a estes atletas, incidindo num programa

a forma como o atleta encara e se prepara para o impacto,

de estabilização dinâmica cervical (incluindo

habitualmente correlacionados com o nível de

trabalho de força e resistência) e automatização

concentração, contribui para a redução da incidência dos

da antecipação ao impacto (Incluindo trabalho de

sintomas habitualmente provenientes deste mesmo

Estes conteúdos

deverão ser incluídos na avaliação,

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Pescoço Longo: Tal como em outras alterações morfológicas, deverá ser dada uma atenção

2007). Fazendo uma analogia para a vertente desportiva,

mecanismo.

IMC abaixo de 23: Dada a maior predisposição

reeducação do gesto) (Veronesi, 2005); •

Atitude psicológica: Identificar atletas com uma atitude mais negativa, de forma a poder dar

38


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

reforços positivos (Holm et al, 2007; Jones &

múltiplos mecanismos de whiplash ao longo da época

Elklit, 2007);

desportiva. Dessa forma, ele deve antecipar este facto

Factores psico-sociais externos: Identificar

através

eventuais problemas pessoais que possam estar

preferencialmente deve começar antes da própria época

a afectar o atleta, influenciando negativamente a

desportiva, identificando potenciais factores de risco,

sua atitude psicológica (Holm et al, 2007; Jones

permitindo o seu controlo e monitorização de forma a

& Elklit, 2007);

minimizar as possíveis incapacidades que daí possam

Fadiga: Deve ser tido em consideração que

surgir. Tal só é exequível através de uma interacção bio-

alguns estudos epidemiológicos referem uma

psico-social com os atletas.

de

uma

avaliação

continuada,

que

maior incidência de lesões desportivas durante a segunda parte do jogo, associando este facto

Conclusão

à fadiga (Gabbett, 2002; Best, McIntosh & Savage, 2005; Brooks et al, 2005). Como tal, e

O ambiente desportivo e a forte atitude psicológica

sempre que possível, o tempo de exposição do

associada à modalidade podem ser a chave da baixa

atleta à prática desportiva, e consequentes

incidência de lesões por este mecanismo a nível do

possíveis lesões, deverá ser reduzido.

râguebi. Uma normalização da avaliação torna-se então

Nomeadamente em atletas com grande nível de

a chave de uma estratégia mais efectiva na prevenção e

participação desportiva (como por exemplo os

abordagem às lesões por mecanismo de whiplash.

atletas que para além da actividade desportiva no clube que representam, fazem parte da Bibliografia

selecção nacional); •

Preparação e antecipação do impacto: A introdução do impacto deverá ser progressiva e contínua ao longo da época desportiva, existindo um cuidado particular para a avaliação do gesto desportivo (de placar e de ser placado), corrigindo eventuais erros que recrudesçam os factores de

AAOS. (2000). Whiplash. Estados Unidos da América: American Academy of Orthopaedic Surgeons. Disponível online: http:// orthoinfo.aaos.org/fact/thr_report.cfm?Thread_ID=232 Best, J. P., McIntosh, A. S., & Savage, T. N. (2005). Rugby World Cup 2003 injury surveillance project. Br J Sports Med, 39(11), 812-817. Brooks, J. H., Fuller, C. W., & Kemp, S. P. (2005). 018 The Incidence, Severity and Nature of Cervical Injuries in Professional Rugby Union [Abstract]. Br J Sports Med, 39(6), 377.

risco (Sherrard et al, 2002) Várias adaptações às regras de jogo foram já efectuadas de modo a prevenir a ocorrência de mecanismos de whiplash, nomeadamente a punição com expulsão temporária a todas as placagens altas. Muitas vezes é fácil pensar-se que num desporto onde é permitido tanto

Brooks, J. H., Fuller, C. W., Kemp, S. P., & Reddin, D. B. (2005). Epidemiology of injuries in English professional rugby union: part 1 match injuries. Br J Sports Med, 39(10), 757-766. Browne, G. J. (2006). Cervical spinal injury in children’s community rugby football. Br J Sports Med, 40(1), 68-71. Castinel, B. H., Adam, P., & Prat, C. (2007). A stress fracture of the lumbar spine in a professional rugby player. Br J Sports Med, 41(5), 337-338.

contacto físico, facilmente as regras podem ser esquecidas dando origem a lesões. Analisando a literatura, podemos verificar que apenas 6% das lesões ocorrem derivadas de uma técnica que vá contra as leis de jogo (na gíria denominada por falta), o que é um número bastante baixo principalmente se tivermos em consideração dados de outros desportos, como o futebol em que cerca de 44% das lesões surgem de uma falta (Brooks et al, 2005). O fisioterapeuta que trabalhe no râguebi deve ter em atenção que todos os seus atletas

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

vão ser sujeitos a

Ferrari, R., & Russell, A. S. (1999). Whiplash: heading for a higher ground. Spine, 24(1), 97-98. Fuller, C. W., Molloy, M. G., Bagate, C., Bahr, R., Brooks, J. H., Donson, H., et al. (2007). Consensus statement on injury definitions and data collection procedures for studies of injuries in rugby union. Clin J Sport Med, 17(3), 177-181. Gabbett, T. J. (2002). Physiological characteristics of junior and senior rugby league players. Br J Sports Med, 36(5), 334-339. Gabbett, T. J. (2003). Incidence of injury in semi-professional rugby league players. Br J Sports Med, 37(1), 36-43; discussion 43-34.

39


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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Artigo recebido a: 8 de Outubro de 2007 Artigo revisto a: 10 de Novembro de 2007 Aceite para publicação:

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REVISÃO DE LITERATURA

O Efeito da Variável Tempo de Estiramento Estático na Flexibilidade Muscular: uma revisão sistemática da literatura. Luís Coelho1 Fisioterapeuta. Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda1 Correspondência para: coelholewis@hotmail.com

Resumo Introdução: A flexibilidade muscular pode ser caracterizada por diferentes variáveis. Dentro dessas, o tempo de estiramento tem sido sujeito a um número limitado de estudos. Objectivos: Este estudo teve como principal objectivo a realização de uma revisão bibliográfica sistemática centrada na variável temporal de duração do estiramento estático e seu efeito na flexibilidade muscular. Relevância: O conhecimento da variável tempo de estiramento pode ser considerado como de especial relevância para o trabalho de alongamento realizado pelos fisioterapeutas no contexto clínico e pelos desportistas e treinadores no contexto desportivo, com vista à optimização dos resultados. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa de artigos acerca da temática, referente aos últimos 15 anos de publicação (Fontes: Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), assim como uma consequente análise comparada dos artigos e discussão. Resultados: Verificou-se que tempos de estiramento de 30 segundos de duração parecem corresponder aos mais vantajosos no sentido do aumento das amplitudes de movimento activo. Não parece verificar-se eficácia significativa na realização de estiramentos analíticos com um tempo de duração superior a 30 segundos, exceptuando as populações com uma idade igual ou superior a 65 anos. Discussão: Tempos de estiramento com um tempo superior a 30 segundos parecem não ser vantajosos no aumento da amplitude de movimento pelo facto de esse tempo ser suficiente para a produção da máxima deformação plástica dos tecidos moles. Populações mais envelhecidas necessitam de tempos de alongamento maiores devido à natureza mais rígida dos tecidos. Apresentam-se, no artigo, diferentes recomendações e linhas de orientação para a realização de estudos futuros dentro da linha de investigação vigente. Conclusões: O tempo de estiramento estático considerado ideal parece corresponder a 30 segundos de duração, aumentando para um minuto para as populações mais idosas. Palavras-Chave: Estiramento estático, Tempo de estiramento, Flexibilidade, Amplitude de Movimento.

Abstract Introduction: Muscular flexibility is defined by different variables. Inside them, the time of static stretch has been reduced to a limited number of studies. Objectives: The purpose of this study was to undertake a systematic bibliographic review centred in the temporal variable of the static stretch duration and its effects on the muscular flexibility. Relevance: Knowledge about the time of static stretch variable may be considered as relevant for the stretching work done by physical therapists in the clinical context and by sportsmen and trainers in the sport context, with the results optimisation purpose. Methodology: It was realized a research about the theme, including the last 15 years of publication (from Google, Medline, Medscape, PEDro, PhysioBase e Pubmed), and a consequent comparative analysis of the articles and discussion was done. Results: It was verified that stretching times of 30 seconds of duration may correspond to the most advantages times if we want to gain range of motion. It seems that there is no relevant evidence that it is effective to do analytical stretch with a duration over 30 seconds, excepting people aged 65 years or older. Discussion: Times of stretching superior to 30 seconds may be disadvantage to gain range of motion, because that time seems to be sufficient to produce maximal tecidular deformation. Older populations need bigger times of stretching because of its rigid tecidular nature. Different recommendations and orientation lines for the realization of future studies inside the present line of investigation are presented in the article. Conclusions: Time of static stretch considered ideal seems to be 30 seconds duration, and it becomes one minute in the older persons. Key Words: Static stretching, Time of stretch, Flexibility, Range of motion.

Introdução

é necessário possuir uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor.

Para que esta seja normal é

De modo a ser possível desempenhar a maioria das tarefas

fundamental haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos

quotidianas funcionais, assim como actividades

moles que circundam a articulação, ou seja, músculos,

ocupacionais e recreativas, é necessário possuir uma

tecido conectivo e pele, e mobilidade articular.

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Conceptualmente, a flexibilidade muscular tem sido

das fibras neuronais associadas, estruturas envolvidas

definida em termos da amplitude de movimento disponível

num complexo processo de inervação recíproca (Kisner

por parte de uma articulação, amplitude essa dependente

& Colby, 1998).

em grande parte da extensibilidade dos músculos.

As propriedades mecânicas do tecido muscular dependem

Podemos atender à flexibilidade como “a habilidade para

dos sarcómeros e respectivas pontes transversas de actina

mover uma articulação ou articulações através de uma

e miosina. Quando um músculo é alongado passivamente,

amplitude de movimento livre de dor e sem restrições,

o alongamento inicial ocorre no componente elástico em

dependente da extensibilidade dos músculos, que permite

série e a tensão aumenta agudamente. Após certo ponto,

que estes cruzem uma articulação para relaxar, alongar e

ocorre um comprometimento mecânico das pontes

conter uma força de alongamento” (Kisner & Colby, 1998,

transversas à medida que os filamentos se separam com

p. 142, cap. 5).

o deslizamento e ocorre um alongamento brusco nos

Um estiramento constitui um termo geral descritivo de

sarcómeros (Flitney & Hirst, 1978). Se um músculo é

qualquer manobra terapêutica elaborada para aumentar

imobilizado na posição alongada por um período

o comprimento de estruturas de tecidos moles e, desse

prolongado de tempo, o número de sarcómeros em série

modo, aumentar a amplitude de movimento. Os

aumenta, dando origem a uma forma mais permanente

estiramentos tendem a ser realizados frequentemente nos contextos clínico e desportivo, com todas as vantagens que os mesmos apresentam para a mobilidade e a prevenção de lesões e contraturas. Segundo Kisner & Colby (1998), existem três métodos básicos de alongamento: alongamento passivo aplicado manual ou mecanicamente, inibição activa e auto-alongamento. A literatura internacional tem tratado do tema referindo-se ao estiramento estático, nomeadamente aquele que é realizado mantendo sempre a mesma amplitude de movimento (é este o tipo de alongamento que permite e facilita a realização de estudos sobre flexibilidade). Os principais métodos de estiramento estático incluem o estiramento passivo manual (o típico alongamento, realizado pelo terapeuta no contexto clínico ou pelo treinador no contexto desportivo), o estiramento passivo mecânico prolongado (realizado aplicando uma força externa de baixa intensidade através do posicionamento do paciente com tracção, pesos ou sistemas mecânicos), o estiramento mecânico cíclico (mediante a utilização de dispositivos mecânicos electrónicos) e o estiramento activo ou auto-alongamento (Kisner & Colby, 1998). A flexibilidade está dependente de diversas propriedades mecânicas e neurofisiológicas do tecido contráctil e do tecido não contráctil. As propriedades neurofisiológicas do tecido contráctil estão dependentes do funcionamento do fuso neuromuscular, do órgão tendinoso de Golgi e

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de alongamento muscular. O músculo irá ajustar o seu comprimento com o tempo de modo a manter a maior sobreposição funcional entre actina e miosina (Tardieu, Tabary, Tabary & Tardieu, 1982). As características mecânicas do tecido mole não contráctil estão dependentes das forças de sobrecarga e distensão tecidular, sendo que a curva sobrecarga – distensão concebe o comportamento dos tecidos perante uma força de deformação. Quando sobrecarregadas, inicialmente as fibras de colagéneo alongam-se. Com sobrecarga adicional, ocorre deformação recuperável na amplitude elástica. Assim que o limite elástico é alcançado, ocorre falha sequencial das fibras de colagéneo e no tecido na amplitude plástica, resultando em libertação de calor (histeresis) e um novo comprimento quando a sobrecarga é libertada (Threlkeld, 1992; Tillman & Cxummings, 1992). O comportamento visco-elástico dos tecidos moles durante um alongamento compõe-se de uma deformação ou creep, o qual pode ser expresso por uma equação (Etnyre & Abraham, 1986): Índice de deformação = Força aplicada / Coeficiente de elasticidade x Tempo A deformação muscular será maior em músculos mais retraídos (com menor Coeficiente de elasticidade) e depende proporcionalmente da Força aplicada e do factor Tempo. Estes últimos factores parecem concorrer de igual maneira para a deformação muscular aquando de um alongamento. Porém, tal só acontece segundo a perspectiva

mecânica.

Segundo

a

perspectiva

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

neurofisiológica, a deformação das fibras musculares do

nas palavras-chave, excluindo todos aqueles que

fuso neuromuscular (fibras cuja contracção depende da

incluíssem nos seus métodos o controlo da duração do

velocidade de estiramento) está dependente mais do

estiramento mas não tivessem como objectivo principal o

tempo do que da força aplicada (Zachazewski, 1989,

seu estudo. Significa isto que foram seleccionados

1990).

somente os estudos que possuíssem a variável tempo de

Neste contexto, é possível entender a importância da

estiramento como variável independente que se fez variar.

realização de estudos e revisões da literatura acerca do

Outros estudos incluem este parâmetro; porém, o seu

tempo de duração de um estiramento muscular. Aliás, a

objectivo não corresponde à utilização desse parâmetro

presente revisão constitui uma sistematização dos

como variável manipulável. Estes estudos não entram

resultados e conclusões de estudos experimentais

dentro dos objectivos específicos desta revisão

relativos à respectiva temática, sendo que o principal

bibliográfica. Para além disso, foram seleccionados

objectivo desta revisão consiste em analisar

somente os estudos em que o estiramento estudado

comparativamente as diversas investigações que

correspondesse ao estiramento estático, excluindo

estudaram o efeito da variável tempo de estiramento

técnicas como o hold-relax, o contract-relax, o

estático na amplitude de movimento. Tais estudos

alongamento balístico ou o estiramento com mobilização

possuem relevância para a intervenção do terapeuta e do

passiva contínua. Após a pesquisa, foi realizada uma

professor de educação física, visto que o conhecimento

análise detalhada da bibliografia obtida, incluindo a

do tempo de estiramento é necessário à obtenção de um

realização de fichas de leitura. A informação foi

máximo de prestação física dos utentes com o máximo

sistematizada num quadro inclusivo dos aspectos

de resultados. Em especial, o conhecimento vigente possui

metodológicos mais importantes (Quadro 1): amostra/

uma máxima relevância para a intervenção do

participantes, métodos, resultados e conclusões (os

fisioterapeuta na prática desportiva, intervenção essa que

estudos estão ordenados por datas de publicação).

inclui a realização sobrepujada de alongamentos.

Efectuámos uma análise global e parcial dos estudos que

Metodologia

aparecem na Análise dos Resultados e na Discussão. Resultados

Foi efectuada uma pesquisa na Internet, nas seguintes bases de dados: Google, Medline, Medscape, PEDro,

Foram encontrados somente cinco estudos relativos aos

PhysioBase e Pubmed, com enfoque unicamente nos

últimos 15 anos, em que a variável tempo de estiramento

últimos 15 anos de publicação. Uma pesquisa inicial

foi manipulada de modo a medir os diferentes efeitos na

averiguou a inexistência de artigos sobre o tópico em

amplitude articular (variável dependente). O seguinte

análise em português. Daí terem sido seleccionadas bases

quadro operacionaliza os estudos, apresentando os

de dados com palavras-chave em inglês. A preferência

principais aspectos metodológicos e procedimentais dos

pelos últimos 15 anos de publicação deve-se à

mesmos. Após o quadro, é efectuada uma discussão, a

necessidade de incluir artigos fundamentais publicados

qual permite colocar alguns aspectos das investigações

neste período, ao mesmo tempo que se prima pela

em evidência.

actualização das publicações. As seguintes palavras-chave fizeram parte da pesquisa:

Discussão

stretch, stretching, static stretching, flexibility, creep, muscular deformation, range of motion, time e duration.

Após terem sido resumidos os principais aspectos relativos

Foram incluídos somente estudos experimentais (de

a cada um dos estudos em vigência, procuramos agora

qualquer tipo), independentemente da população em

analisar os procedimentos metodológicos e os resultados.

estudo. Os estudos seleccionados teriam de ter qualquer

O primeiro estudo atendido, o estudo de Bandy e Irion

uma das palavras-chave principais referidas no título ou

(1994)

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

apresenta-se

bem

definido

em

termos

45


e g a nho s d e a m p l i t ud e : G r up o 1 ( n= 1 4 , e s ti ra m e nto d e 1 5 s e g .) - p r é - te s te : 5 0 ,1 4 º 6 ,0 9 , p ó s - te s te : 4 6 ,3 6 º

a mp li tud e d e a lo ng a me nto muscula r, a tra vé s d e um g o ni ó me tro : re a li za d a a nte s d o s e s ti ra me nto s e 6 semanas após os estiramentos. Medição da amplitude

idades compreendidas entre os 21 e os

37 anos, com limitação da amplitude de

flexi bi li dade muscular dos ísqui oti bi ai s

74(3):238-9

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I g r a us , d f= 1 9 , t= 1 , 3 9 , p > 0 . 0 1 ) . Nã o s e

decúbito dorsal e com anca a 90º de flexão. 5 g rup o s : Grup o 1 re a li zo u trê s e s ti ra me nto s d e 1

5 g r up o s : G r up o 1 ( 1 2 ho m e ns , 6

mulhe re s ; i d a d e mé d i a : 2 4 ,4 4

g r up o s e xp e r i m e nt a i s ( F = 1 , 5 1 ; d f = 4 , 8 8 ,

Registaram-se diferenças significativas entre os g r up o s e xp e r i m e nt a i s e o g r up o c o nt r o l o (F=3,99, df=4,88, p<0.05).

seg. cada (10 seg. de intervalo). Grupo 3 realizou um estiramento de 1 min. Grupo 4 realizou um estiramento d e 3 0 s e g . G r up o 5 é o g r up o d e c o nt r o l o . O s esti ramentos foram reali zados com o parti ci pante de pé, colocando o membro inferior esquerdo em extensão

27,32 5,60 anos, limites: 21-31 anos).

Grupo 3 (12 homens, 6 mulheres; idade

média: 27,33 7,60 anos, limites: 21-39

anos). Grupo 4 (12 homens, 6 mulheres;

idade média: 24,78 2,37 anos, limites:

p>0.05).

re g i sta ra m d i fe re nça s si g ni fi ca ti va s e ntre o s

m i n u t o c a d a ( 1 0 s e g u n d o s d e i n t e r va l o e n t r e o s estiramentos). Grupo 2 realizou 3 estiramentos de 30

estiramento de 1 para 3 vezes por dia.

anos, limites: 21-31 anos). Grupo 2 (12

é va nt a j o s a a p a s s a g e m d a f r e q uê nc i a d e graus, df=17, t=7,23, p<0.01) e Grupo 5 (00,60

mais de 30 segundos de duração, assim como não

Não há vantagens na realização de estiramentos com

apresenta-se como o mais efectivo.

O e s t i r a m e nt o c o m 3 0 s e g und o s d e d ur a ç ã o

segundos) deve ser questionada

e s ti ra me nto s d e te mp o p ro lo ng a d o (ma i s d e 3 0

e o esti ramento de 60 segundos. A reali zação de

Não há diferenças entre o estiramento de 30 segundo

que os estiramentos de tempos inferiores.

efectivo no aumento da amplitude de movimento do

O estiramento de 30 segundos demonstrou ser mais

Discussão e Conclusões

graus, df=17, t=6,43, p<0.01), Grupo 4 (11,50

ho m e ns , 7 m ul he r e s ; i d a d e m é d i a :

3 ,3 5

passiva do joelho direito, realizada com participante em

30 graus de encurtamento muscular).

graus; df=18, t=6,70, p<0.01), Grupo 3 (10,45

a nt e s d o s e s t i r a m e nt o s e 6 s e m a na s a p ó s o s estiramentos. Medição da amplitude de flexão/extensão

mai s; df=17, t=6,79, p<0.01), Grupo 2 (10,05

te s te e o p ó s -te s te : Grup o 1 (1 0 ,5 0 g ra us a

Diferenças médias (e significância) entre o pré-

dos músculos ísquiotibiais (pelo menos

77(10):1090-6.

amplitude articular, através de um goniómetro: realizada

Grup o mus c ula r te s ta d o : ís q ui o ti b i a i s . Me d i ç ã o d a

fixa, sem apoio do terapeuta.

estiramento. O participante manteve-se numa posição

ponto manteve-se a posi ção e medi u-se o tempo de

coluna manteve-se numa posição neutra). A partir deste

o sujeito começava a sentir o alongamento muscular (a

numa superfície elevada à frente até ao ponto em que

7 ,2 9 , p ó s - te s te :

4,92, pós-teste:

39 anos, com limitações da amplitude

idades compreendidas entre os 21 e os

esti ramentos foram reali zados com o parti ci pante de

N=93 (61 homens e 32 mulheres), com

45,20º 6,68, ganho: 0,27º.

g rup o (c o ntro lo ) nã o fo i s uje i to a e s ti ra me nto s . Os

P h y s i c a l T h e r a p y,

(n=1 5 ) - p ré -te s te : 4 5 ,4 7 º

durante, respectivamente, 15, 30 e 60 segundos. O 4º

Bandy et al (1998)

60 seg.) - pré-teste: 50,07º 39,21º 9,59, ganho: 10,86º; Grupo de controlo

e s t á t i c o s ( a ut o - a l o ng a m e nt o ) 5 d i a s p o r s e m a na ,

fle xã o ). 4 g rup o s: 3 g rup o s

experimentais e um grupo de controlo.

pé, colocando o membro inferior esquerdo em extensão

ganho: 12,50º; Grupo 3 (n=14, esti ramento de

9 0 º . 4 g r u p o s : 3 g r u p o s r e a l i za r a m e s t i r a m e n t o s

arti cular do joelho com anca a 90º de

9,54,

teste: 51,64º

9,74, pós-teste: 39,14º

Grupo 2 (n=14, estiramento de 30 seg.) - pré-

passi va de flexão/extensão do joelho, reali zada com participante em decúbito dorsal e com anca flectida a

(i.e. com pelo menos 30 graus de défice

de flexi bi li dade; medi da da ampli tude

7 ,9 2 , g a nho : 3 ,7 8 º;

Médias de amplitudes entre o pré e o pós-teste

Physical Therapy,

Gr up o m us c ula r te s ta d o : ís q ui o ti b i a i s .M e d i ç ã o d a

N=57 (40 homens e 17 mulheres), com

Resultados

Bandy e Irion (1994)

Métodos

Sujeitos

Autor(es)/Ano

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

46


Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I melhores resultados do que o esti ramento de outras durações (estiramento de 60 seg.: 2,4º de

4 grupos: Grupo 1 é o grupo de controlo. Os grupos experimentais (2 a 4) realizaram estiramentos 5 vezes

N= 6 2 ( i d a d e m é d i a : 8 4 , 7

limites: 65-97 anos) com encurtamento

m us c ula r d o s m ús c ulo s ís q ui o ti b i a i s

Feland et al (2001)

P hys i c a l T he r a p y,

81(5):1110-7

controlo (p<0.05). Não se verificaram diferenças entre o grupo de "5 segundos" e o grupo de "15 s e g und o s " p a r a a a m p l i t ud e p a s s i va d e movimento. Porém, no respeitante à amplitude acti va, o grupo de " 15 segundos" apresentou maiores valores de amplitude relativamente ao grupo de "5 segundos" (p<0.05).

O tempo de estiramento foi controlado. O grupo de "5 segundos" realizou cada estiramento 9 vezes e o grupo de " 15 segundos" reali zou cada esti ramento 3 vezes (total de 45 seg. para cada grupo). Os esti ramentos foram realizados com o participante de pé, colocando o membro inferior esquerdo em extensão numa superfície elevada até ao ponto em que o sujeito começava a sentir o alongamento muscular (a coluna manteve-se numa

p e r s i s t i r a m d ur a nt e m a i s t e m p o d o q ue o s resultados dos estiramentos de tempos

um p e r ío d o d e r e p o us o d e 1 0 s e g und o s e nt r e o s e s t i r a m e n t o s . O s e s t i r a m e n t o s f o r a m r e a l i za d o s passivamente com o apoio do terapeuta. O participante

li mi te s : 8 0 -9 3 a no s ); Grup o 3 (n=1 5 ,

idade média: 85,2 6,5 anos, limites: 65-

92 anos); Grupo 4 (n=17, idade

4 ,5 a no s ,

de 15 seg.: ganho de 0,6º por semana). O s r e s ul t a d o s d o e s t i r a m e nt o d e 6 0 s e g .

O s g r u p o s e xp e r i m e n t a i s e f e c t u a r a m , p o r d i a , 4 estiramentos (com variação na duração temporal), com

85,1 6,4 anos, limites: 70-97); Grupo 2

(n=1 7 , i d a d e mé d i a : 8 5 ,5

30 seg.: ganho de 1,3º por semana; estiramento

ganho de amplitude por semana; estiramento de

por semana, durante 6 semanas, com uma duração de 15, 30 e 60 segundos (cada) respectivamente.

4 grupos: Grupo 1 (n=13, idade média:

Grupo muscular testado: ísquiotibiais.

estiramentos.

jo e lho e s q ue r d o , a nt e s e d e p o i s d e r e a li za d o s o s

Me d i ç ã o d a a mp li tud e a rti c ula r p a s s i va e a c ti va d o

O e s t i r a m e nt o d e 6 0 s e g und o s p r o d uzi u

e xp e r i m e nt a i s r e l a t i va m e nt e a o g r up o d e

realizou estiramentos.

posição neutra).

o s g r up o s e xp e r i m e nt a i s . M e l ho r i a s na a m p li tud e d e m o vi m e nto no s g r up o s

15 segundos, respectivamente. O grupo de controlo não

(limitação de pelo menos 20º).

5 ,6 a no s ,

experimentais e um de controlo.

33(4):259-63

M e l ho r i a s s i g ni f i c a t i va s na a m p l i t ud e d e movimento activa e passiva (p<0.05) em ambos

activos 3 vezes por semana, por um período total de 5 semanas, mantendo o estiramento por um tempo de 5 e

raparigas), com uma média de idades

de 20,5 1,35 anos. 3 grupos: 2 grupos

antes e depois da experiência.

M e d i c i n e ,

O grupo de controlo não apresentou alterações

Grupo muscular testado: ísquiotibiais 3 grupos: 2 grupos realizaram estiramentos estáticos e

fixa, sem apoio do terapeuta.

J o ur na l o f Sp o r t s

N=24, alunos uni versi tári os, membros

de um clube desportivo (19 rapazes e 5

ponto manteve-se a posi ção e medi u-se o tempo de

controlo.

Ro b e rts e W i ls o n

coluna manteve-se numa posição neutra). A partir deste

anos, limites: 22-36 anos) é o grupo de

(1999) British

sujei to começava a senti r o alongamento muscular (a

4 ,7 9

mulhe re s ; i d a d e mé d i a : 2 7 ,2 0

esti ramento. O parti ci pante manteve-se numa posi ção

numa superfície elevada à frente até ao ponto em que o

2 2 -2 9 a no s ). Grup o 5 (1 3 ho me ns , 7

A manutenção do estiramento por um tempo de

estudos respeitantes a populações mais jovens.

c a ra c te rís ti c a s nã o p re s e nte s no re la ti vo a o s

amplitude com tempos de estiramento de 60 seg.,

dos tecidos moles podem explicar os ganhos de

Nos i ndi víduos mai s i dosos, as característi cas

sobretudo em sujeitos com mais idade.

ma i o re s g a nho s d e a mp li tud e d e mo vi me nto ,

Tempos mais longos de estiramento resultam em

articular passiva.

poderá não significar uma melhoria da amplitude

N o e nt a nt o , um m a i o r t e m p o d e e s t i r a m e nt o

amplitude activa de movimento.

s e g und o s , r e s ul t a e m m a i o r e s g a nho s d e

1 5 s e g und o s , e m o p o s i ç ã o a um te mp o d e 5

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

47


Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I participante em decúbito dorsal e anca a 90º de flexão,

2x30 seg., 4,0º após 4x15 seg. e 3,3º após 12x5 seg. Na flexão dorsal: 1,8º após 1x60 seg., 2,8º após 2x30 seg., 2,9º após 4x15 seg. e 4,6º após 12x5 seg.

aleatóri a, com pelo menos uma semana de i ntervalo entre cada protocolo, e com um espaço de 48 horas sem realização de actividade desportiva.

flexão do joelho: 3,8º após 1x60 seg., 4,7º após

se rvi u d e co ntro lo p a ra o s o utro s. To d o s o s suje i to s re a li za ra m a to ta li d a d e d o s p ro to co lo s, numa o rd e m

anca: 2,7º após 1x60 seg., 5,5º após 2x30 seg., 3,6º após 4x15 seg. e 4,9º após 12x5 seg. Na

4x15 seg. e 6,6º após 12x5 seg. Na abdução da

tercei ro protocolo compreende 4 esti ramentos de 15 s e g und o s c a d a . O q ua rto p ro to c o lo c o mp re e nd e 1 2

após 1x60 seg., 6,3º após 2x30 seg., 5,9º após

compreende 2 esti ramentos de 30 segundos cada. O

estiramentos de 5 segundos cada. O primeiro protocolo

seg., 9,4º após 2x30 seg., 8,4º após 4x15 seg. e 10,2º após 12x5 seg. Na extensão da anca: 6,8º

e s t i r a m e nt o d e 6 0 s e g . O s e g und o p r o t o c o lo

média aumentou 8,3º após a realização de 1x60

s e g . O p r i m e i r o p r o t o c o lo c o m p r e e nd e um s ó

protocolo tem um tempo total de estiramento(s) de 60

3 0 se g und o s. Na fle xã o d a a nca , a a mp li tud e

Nos protocolos de estiramentos de 60 seg. não

Os parti ci pantes reali zaram todos 4 protocolos. C ada

com estiramentos de menor duração.

t íb i o - t á r s i c a ) , m e d i a nt e a ut i l i za ç ã o d e um M yr i n flexometer e de um goniómetro (para medir a abdução

s e re g i s ta ra m q ua i s q ue r p ro g re s s o s

seg. de duração, mai or do que nos protocolos

abdução da anca, flexão do joelho e flexão dorsal da

relativamente aos protocolos de estiramentos de

o c o rre u no p ro to c o lo d o s e s ti ra me nto s d e 3 0

a r t i c u l a r e s p a s s i va s ( f l e xã o e e xt e n s ã o d a a n c a ,

antes e depois de cada protocolo de treino.

O a ume nto ma i s s i g ni fi c a ti vo d a s a mp li tud e s

F o ra m o b ti d a s 5 me d i çõ e s b i la te ra i s d e a mp li tud e s

da anca). Reali zaram as medi ções 2 i nvesti gadores,

todas as amplitudes de movimento.

anos.

S ept 2005

movimento foi obtido após cada protocolo para

joelho e flexores plantares.

Grupos musculares testados: bilateralmente, flexores e extensores da anca, adutores da anca, extensores do

c o m uma i d a d e mé d i a d e 1 4 ,3

1 ,3

13 parti ci pantes, jogadores de futebol

mediante a utilização de um goniómetro. U m i nc r e m e nt o d e t o d a s a s a m p l i t ud e s d e

e 0,8º dos grupos 2 e 3, respectivamente).

mediante a realização do straight-leg-raising test. Medi ção da ampli tude passi va de movi mento com o

amplitude a mais 4 semanas após o tratamento do que no pré-teste, comparativamente aos 0,7º

da cabeça, o membro de não teste estendido no colchão e o membro a testar a ser esti rado pelo i nvesti gador

i nf e r i o r e s ( o g r up o 4 a i nd a p o s s uía 5 , 4 º d e

estava em decúbito dorsal, com uma almofada debaixo

Loannis et al (2005)

4,6 anos, limites: 68-90

P hys i c a l Tr a i ni ng ,

anos).

média: 83,2

mais de 30 seg.

si gni fi cati vas na reali zação de esti ramentos com

e s ti ra me nto s re a li za d o s . Nã o ho uve va nta g e ns

s e g . d e ve r - s e - ã o a o g r a nd e núm e r o d e

Os ganhos de amplitude com os estiramentos de 5

os estiramentos de 30 seg. e de 5 seg.

Os maiores ganhos de amplitude obtiveram-se com

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

48


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

metodológicos, sendo que destrinçou três grupos bem

do estudo.

definidos em termos dos tempos de estiramento: um grupo

Aparte estas limitações, este é o estudo que investiga os

com 15 segundos de estiramento, outro grupo com 30

mais pequenos tempos de estiramento. Em termos de

segundos de estiramento e outro com 60 segundos de

resultados, concluiu-se haver um maior ganho de

estiramento. Os resultados levam a concluir que o

amplitude de movimento para os estiramentos de 15

estiramento de 30 segundos é mais efectivo que o de 15

segundos do que para os estiramentos de cinco segundos;

segundos e tão eficaz quanto o de 60 segundos para

mas apenas no relativo à amplitude activa de movimento.

melhorar a flexibilidade. Veremos que este não é o único

As diferenças não foram significativas no respeitante à

estudo com este tipo de conclusões.

amplitude passiva de movimento. Tal facto contradiz os

O estudo de Bandy et al (1998) incluiu o maior número de

resultados do estudo de Bandy e Irion (1994), de Feland

participantes jovens entre as investigações apresentadas.

et al (2001) e de Loannis et al (2005), investigações em

Constitui um estudo de metodologia sólida, sendo que

que foram realizados os testes de medição da amplitude

controlou a variável independente através de quatro

passiva.

grupos experimentais e um de controlo. Os participantes

Parece podermos afirmar que teria sido importante realizar

foram sujeitos a estiramentos estáticos, com controlo do

as medições das amplitudes activas de movimento nos

tempo e método de estiramento (necessário ao evitamento

outros estudos em análise. Poderia ter sido obtido um

de compensações articulares). Como esperado, foram

conjunto de novas informações, pois essa amplitude não

encontradas diferenças entre os grupos experimentais e

está dependente da realização de uma pressão adicional

o grupo de controlo. Por outro lado, não foram verificadas

por parte de um investigador, inclusivo da sua

diferenças significativas entre os diversos grupos

subjectividade (restando a questão da subjectividade da

experimentais, tendo-se concluído que um estiramento de

medição). Por outro lado, a medição da amplitude passiva

60 segundos não é necessariamente mais eficaz no

de movimento apresenta-se como mais efectiva no sentido

aumento das amplitudes de movimento do que um

em que tal valor de amplitude está dependente unicamente

estiramento de 30 segundos. Aqui encontra-se uma

da flexibilidade do grupo muscular a testar, excluindo o

semelhança com os estudos de Bandy e Irion (1994) e de

factor força dos músculos antagonistas ao grupo muscular

Loannis et al (2005), os quais chegam a conclusões

em teste; para além disso, consegue-se obter o máximo

similares.

de deformação muscular em alongamento, algo que não

O estudo de Bandy et al (1998) tem uma importante

poderia suceder sem o auxílio de uma força exterior ao

limitação: não incluiu um grupo com um tempo de

sujeito.

estiramento de menos de 30 segundos, como fizeram nos

Já no respeitante à forma como os estiramentos foram

outros estudos. Teria sido importante fazê-lo, pois ainda

realizados, nos três estudos até agora analisados, estes

não está suficientemente explanada a efectividade da

corresponderam a estiramentos na posição de pé, sem

realização de estiramentos com tempos de 10 ou de 20

auxílio do investigador. Este auxílio corresponderia a um

segundos relativamente a 30 segundos de duração.

factor de subjectividade acrescida, limitando, de alguma

Por outro lado, Roberts e Wilson (1999) cometeram o erro

forma, o estudo e o conjunto dos seus resultados.

oposto, pois incluíram dois grupos experimentais, um a

Ora é precisamente esta a grande limitação do estudo de

realizar estiramentos de cinco segundos e outro a realizar

Feland et al (2001). O estiramento efectuado

estiramentos de 15 segundos, tendo inquinado a utilização

correspondeu ao straight-leg-raising test realizado, como

de grupos com maior tempo de estiramento. Obviamente

se sabe, por um agente externo que impõe uma certa

que tal inclusão grupal obrigaria ao aumento do tamanho

força adicional no estiramento. Tal procedimento poderá

da amostra, que, nesta revisão da literatura, é a segunda

ter-se devido ao facto de a população em estudo possuir

mais pequena (n=24), comprometendo a validade externa

esta população a realização de estiramentos autónomos,

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

49


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

os quais requerem um maior esforço.

O estudo prima pela originalidade metodológica e por ter

Não sabemos se o facto de terem sido realizados

incluído o mais abrangente conjunto de tipos de

estiramentos passivos é responsável pelos resultados

estiramento e o maior número de grupos musculares

obtidos, os quais contrariam aquilo que Bandy e Irion

testados. Por outro lado, possui uma amostra muito

(1994) e Bandy et al (1998) referiram relativamente ao

reduzida (a mais pequena da revisão, n=13) e compreende

estiramento com 60 segundos de duração. Feland et al

uma população desportiva. A diferença metodológica torna

(2001) concluíram que o estiramento de 60 segundos é

o estudo dificilmente comparável com os outros que foram

mais eficaz na melhoria da flexibilidade do que os

analisados. As características da amostra dificultam a

estiramentos de tempos inferiores. Para além do tipo de

generalização dos resultados obtidos com o estudo.

estiramento realizado, também a população estudada é

Passemos agora a uma análise ou discussão aprofundada

diferente. Os autores estudaram indivíduos com 65 anos

dos resultados obtidos.

de idade ou mais anos. A explicação possível poderá residir

A literatura acerca da temática da flexibilidade é pouco

sobretudo nas idades estudadas. Visto que a elasticidade

abundante. Muitos foram os estudos realizados acerca

muscular nos idosos é menor (ex. Feland et al, 2001),

da influência dos exercícios de flexibilidade na prevenção

poderá ser necessário um maior tempo de estiramento

de lesões, assim como muitas são as investigações que

para que determinada deformação necessária ao

permitiram manipular as diferentes variáveis relativas a

alongamento total de um músculo possa surgir. Assim

diferentes métodos de treino de flexibilidade ou diferentes

sendo, registar-se-iam diferenças maiores em tempos mais

posições de estiramento (músculos encurtados vs.

alargados.

músculos estendidos) de modo a se comparar os mesmos

O estudo de Loannis et al (2005) apresenta-se aqui como

na sua eficácia no aumento da amplitude de movimento.

especialmente relevante, pois foram efectuados pelos

Contudo, se tivermos em conta a variável tempo de

investigadores estiramentos passivos aos participantes,

estiramento como factor a manipular nos estudos, é, no

à semelhança do que aconteceu no estudo anterior, mas

mínimo, surpreendente o reduzido número de estudos

os participantes eram adolescentes. Ora, tendo em conta

publicados em língua inglesa (ou mesmo noutras línguas)

que se concluiu não existirem vantagens na realização de

que têm sido realizados com o referido objectivo. As razões

estiramentos com um tempo superior a 30 segundos, e

para tal poderão variar entre a consideração, por parte

tendo em conta que foram realizados estiramentos

dos investigadores, da irrelevância do tipo de estudo

passivos, fortalece-se aqui a hipótese de que a razão pela

aludido, até à consciencialização da dificuldade que tal

qual os estiramentos de 60 segundos levam a resultados

tipo de estudo pode acarretar. A dificuldade que aqui

relevantes no estudo de Feland et al (2001) está na idade

apontamos constitui-se na possibilidade de a realização

avança dos participantes.

de estiramentos durante um maior período de tempo poder

O estudo de Loannis et al (2005) possui uma metodologia

constituir um factor de sobrecarga e fadiga para os

diferente dos outros quatro estudos analisados. Os

participantes dos estudos, levando a que sujeitos

participantes não foram divididos em diversos grupos.

pertencentes aos grupos de maiores tempos de

Realizaram na sua totalidade os diversos tipos de

estiramento possam, eventualmente, reagir com certa

estiramentos com pelo menos uma semana de intervalo

contrariedade.

entre os protocolos. É um tipo de desenho de série

Por outro lado, sublinhando agora a questão da

temporal, comum nos estudos quasi-experimentais, apesar

irrelevância do tipo de estudo realizado, é possível que

de que, neste caso, o estudo, pelo facto de possuir

os investigadores se sintam mais motivados para a reali-

aleatorização e um protocolo que serve de grupo de

zação de investigações em que as variáveis independen-

controlo,

tes possam revelar uma diferença mais significativa

preenche

experimentais.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

os

critérios

dos

desenhos

entresi. Eventualmente, para muitos autores, o tipo de

50


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

estiramento realizado importa mais no aumento da

utilizado outro instrumento para além do goniómetro, na

flexibilidade do que o tempo dedicado ao estiramento;

medição da maioria das amplitudes de movimento.

esquecendo a importância da variável temporal, que o

Em todos os estudos, os estiramentos efectuados não

mesmo será dizer que poderão subestimar a tendência

foram precedidos de aquecimento ou exercício prévio. Este

teorética dos diversos dados científicos de base

é um aspecto de importância cabal, pois tal como estudos

neurofisiológica e biomecânica, que é o de afirmarem que

(clássicos e recentes) têm demonstrado, a amplitude de

é necessário um período mínimo de tempo para que o

movimento aquando da realização de um estiramento

estiramento possua determinado efeito.

poderá ser mais elevada se o treino de flexibilidade for

Em concordância com o que anteriormente ficou dito, não

precedido de aquecimento directo (Henricson, 1985;

podemos deixar de sublinhar o quanto poderá ser inditoso

Lehman et al, 1970; Lespargot, Robert & Khouri, 2000;

realizar uma revisão bibliográfica com um número tão

Zachazewski, 1989, 1990) ou na forma de exercício

parco de estudos. De modo a se compensar tal limitação

(Anderson, 2005; Gillette, 1991; Johansson et al, 1999;

quantitativa, procurou-se analisar os quatro estudos

Smith, 1994). Seria difícil objectivar os resultados obtidos

presentes com um rigor qualitativo mínimo.

se diferentes sujeitos tivessem realizado alguma forma

Desta análise tentamos tirar algumas conclusões. Porém,

de aquecimento, pois é tarefa complexa operacionalizar

tendo em conta a já referida escassez numérica dos

os efeitos desse mesmo aquecimento em diferentes

estudos da natureza vigente, tentamos sobretudo retirar

indivíduos.

desta revisão um conjunto de linhas de orientação para a

Os primeiros três estudos analisados (Bandy & Irion, 1994;

realização de estudos futuros.

Bandy et al, 1998; Roberts & Wilson, 1999) foram muito

Todos os estudos, exceptuando Loannis et al (2005),

semelhantes entre si em termos das idades dos

investigaram a flexibilidade dos músculos ísquiotibiais, o

participantes e do tipo de estiramento realizado, diferindo

que se deve ao facto de ser este o grupo muscular com

cabalmente do quarto (Feland et al, 2001) no respeitante

maior tendência para o encurtamento muscular (Bertherat,

a esses factores. Este último incluiu uma população mais

1976; Busquet, 1998; Souchard, 2004) e um dos que mais

velha. Loannis et al (2005) incluíram, por outro lado, a

facilmente pode ser testado no respeitante à amplitude

mais jovem e activa das populações, tendo em comum

de movimento.

com o estudo de Feland et al (2001) somente o facto de

Todos os estudos incluem na amostra maior número de

também ter utilizado estiramentos passivos no tratamento

homens do que de mulheres, o que se relaciona com os

experimental.

critérios impostos de um mínimo de limitação articular do

Em termos dos resultados alcançados, no seu conjunto,

joelho, associados ao facto de que os homens são, em

os diversos estudos permitiram concluir que a variável

média, menos flexíveis do que as mulheres, tal como

tempo de estiramento é significativa no respeitante ao

estudos recentes tão bem têm mostrado (Youdas et al,

ganho de flexibilidade. Os estudos de Bandy e Irion (1994),

2005). Aliás, em nenhum dos estudos houve divisão dos

de Roberts e Wilson (1999) e de Feland et al (2001)

resultados da variável dependente pelos diferentes sexos,

permitem concluir que tempos de estiramento mais

ficando sem se saber se o comportamento dos resultados

elevados resultam num maior ganho de flexibilidade. Os

tem exactamente a mesma expressão em ambos os sexos.

estudos de Bandy e Irion (1994), de Bandy et al (1998) e

Todos os estudos incluíram critérios de inclusão na

de Loannis et al (2005) levam a concluir que 30 segundos

amostra, assim como critérios precisos de medição do

correspondem ao tempo óptimo de realização de um

tempo de estiramento.

estiramento. Todos estes estudos concluem que um tempo

Em todos os estudos, a amplitude de movimento foi

maior de estiramento (para além de 30 segundos) não é

mensurada mediante a utilização de um goniómetro,

mais vantajoso no ganho de flexibilidade. Por outro lado,

incluindo métodos de avaliação da fiabilidade como o

o estudo de Feland et al (2001) não corrobora estes

desenho teste-reteste. Apenas em Loannis et al (2005) foi

resultados, tendo demonstrado

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

que o

tempo de

51


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

estiramento de 60 segundos levava a ganhos de

Daí se explica que um estiramento de 15 segundos seja

flexibilidade superiores aos obtidos com estiramentos com

mais efectivo que um estiramento de cinco segundos

uma duração de 30 segundos. Como explicar estas

(Roberts & Wilson, 1999) ou que um estiramento de 30

divergências? Uma análise cuidadosa e reflectida dos

segundos seja mais eficaz que um estiramento de tempo

estudos, de outra literatura encontrada, e até da

inferior (Bandy & Irion, 1994; Feland et al, 2001). Por ou-

experiência clínica partilhada por terapeutas e professores

tro lado, como se explica que a partir de 30 segundos não

de educação física, poderá ajudar a esclarecer a questão

pareça existir qualquer vantagem em termos do aumento

dos tempos necessários aos estiramentos.

da flexibilidade, como referido por Bandy e Irion (1994),

Nos

diversos

estudos,

foram

Bandy et al (1998) e Loannis et al (2005)? A explicação

particularmente controladas: o número de estiramentos e

parece residir no facto de 30 segundos constituir o tempo

o tempo de duração do estiramento. Os dois factores foram

necessário para que a deformação tecidular possa ven-

conciliados de modo a que o tempo total de estiramento

cer a resistência do reflexo miotático de encurtamento e a

pudesse ser equitativo nos diferentes grupos testados.

resistência mecânica do próprio tecido músculo-tendinoso.

Assim, podiam ser realizadas verdadeiras comparações

A partir do momento em que a deformação máxima foi

entre os grupos em termos do tempo de estiramento

obtida, o prolongamento da posição de deformação não

realizado. Agora, a questão tem de se colocar da seguinte

apresenta vantagens, pois o tecido mole passou a apre-

maneira: será que merece a pena prolongar um

sentar uma certa libertação, uma pequena margem de

estiramento para além de um determinado período de

amplitude que faz com que a tensão de estiramento pas-

tempo? Será que existe um tempo óptimo/ideal para que

se a ser progressivamente menor. Se no estudo de Feland

a realização de estiramentos seja mais eficiente? E esse

et al (2001) os resultados indicam que um estiramento

tempo variará segundo factores como a idade, género,

superior a 60 segundos apresentou vantagens é porque

grupos musculares testados e condição clínica presente?...

foi realizado um estiramento em tecidos moles de pesso-

Diversas razões têm sido apresentadas para defender a

as com mais idade, ou seja, em músculos com capacida-

realização de estiramentos com um tempo mínimo de

de de deformação mais lenta (mais stiffness). Significa

duração. Essas mesmas razões poderão explicar os

isto que, proporcionalmente, em pessoas de idade mais

resultados consecutivos relativos aos estudos analisados.

avançada, um estiramento de maior duração tem os mes-

Referimo-nos às questões de ordem mecânica e

mos efeitos que um de menor duração em indivíduos mais

neurofisiológica que foram apresentadas na introdução.

jovens. A explicação proposta é apoiada pelos dados. Uma

É necessário um período de tempo mínimo de estiramento

rápida verificação da tabela, nomeadamente à coluna dos

para que possa ser inibido o reflexo miotático de

resultados dos estudos, permite perceber que os ganhos

encurtamento das fibras musculares alongadas, por um

de graus de amplitude que os jovens dos estudos de Bandy

lado, e para que possa ser obtida uma deformação

e Irion (1994) e de Bandy et al (1998) conseguiram em

adicional dos componentes visco-elásticos do músculo,

seis semanas com estiramentos de 30 segundos ou que

por outro (Threlkeld, 1992, Tillman & Cxummings, 1992).

os adolescentes do estudo de Loannis et al (2005) conse-

Seguindo a lógica da equação Índice de deformação =

guiram durante um período semelhante com estiramentos

Força aplicada / Coeficiente de elasticidade x Tempo, pode

com a mesma duração são muito similares aos ganhos

ser argumentado que o ganho de flexibilidade (dependente

de graus de amplitude que os idosos de Feland et al (2001)

da quantidade de deformação tecidular obtida) está

conseguiram com estiramentos de 60 segundos, também

dependente do tempo de estiramento, numa razão de

em seis semanas.

proporcionalidade directa. O mesmo será dizer que quanto

O ponto de deformação máxima dos tecidos musculares

mais longo for o estiramento mais vantagens daí advém

dos idosos demora mais tempo a ser obtido do que um

para o ganho de flexibilidade (Zachazewski, 1989, 1990).

ponto de deformação equivalente nos jovens.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

duas

variáveis

52


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

As propriedades biomecânicas do tecido muscular alteram-

método de tornar objectivos os dados que os modelos

se significativamente com a idade, com os idosos a

teoréticos sustentam. Daí a necessidade de realizar mais

possuírem uma resposta mecânica da unidade contráctil

estudos futuros sobre a temática vigente.

ao alongamento mais lenta, em parte devido à progressiva

A análise realizada na presente revisão bibliográfica

transformação do tecido muscular em tecido conectivo,

poderá ajudar a criar linhas de orientação metodológica e

ao aumento do conteúdo tecidular de colagéneo, à

heurística para futuros estudos a realizar.

maturação e aumento do número de cross-links elásticos

Recomenda-se, portanto, que sejam realizados estudos

e à diminuição da quantidade tecidular de água, elastina

com amostras mais estratificadas, divididas em grupos

e glicosaminoglicanos (James & Parker, 1980; Kappeler

de diferentes tempos de estiramento (ex. cinco segundos,

& Epelbaum, 2005; Oken et al, 2006).

10 segundos, 15 segundos, 20 segundos, 30 segundos,

O estudo de Loannis et al (2005) é o único que fornece

45 segundos, 60 segundos, 90 segundos, 120 segundos),

alguma evidência de que o número de estiramentos é tão

com controlo (e estratificação mais abrangente) do factor

importante quanto o tempo de duração do estiramento

frequência do estiramento, e com inclusão e controlo dos

propriamente dito no que diz respeito aos ganhos de

factores sexual e etário e da forma como estes se

flexibilidade. Os dados assim o sugerem, demonstrando

relacionam com os resultados obtidos. Será vantajosa a

ganhos de amplitude após a administração do protocolo dos 12 estiramentos de cinco segundos comparáveis aos ganhos após a administração do protocolo de dois estiramentos de 30 segundos. Sendo assim, este estudo contraria mais directamente os resultados de Bandy et al (1998), investigação em que os mesmos parâmetros foram objecto de análise própria, tendo-se verificado que não se registavam alterações relevantes no aumento do número de estiramentos. Que tipo de explicação pode ser avançada para tal discrepância? Podemos avançar que, provavelmente, um aumento de um para três estiramentos pode não ser significativo para produzir resultados relevantes. Eventualmente, se Bandy et al (1998) tivessem criado outros grupos em que o aumento da frequência de estiramentos seria de um para, por exemplo, seis ou nove ou doze, seria possível deparar-nos com resultados mais significativos. A diferença justifica-se, pois tal como argumentou Taylor et al (1990), é necessário um mínimo de quatro repetições do mesmo estiramento para se produzir uma máxima deformação tecidular

realização de estudos com populações de diferentes idades, como por exemplo, adolescentes, adultos jovens, adultos de Meia-idade e sujeitos com 65 anos ou mais, com controlo inclusivo das variáveis desportiva, ocupacional, profissional e nutricional. Quanto mais avançada for a idade dos participantes, mais importante será a inclusão de grupos com a realização de estiramentos de maior duração. Será fundamental a realização de estudos futuros em que as diferentes populações sejam submetidas ao mesmo tipo de estiramento, efectuado pelo mesmo investigador e realizado com durações diferentes em grupos correctamente estratificados. Os estudos a efectuar no futuro deverão ter em conta a realização de dois grandes tipos de estiramento estático: o estiramento em cadeia funcional realizada autonomamente pelo participante e o estiramento analítico efectuado passivamente pelo investigador. É importante perceber se há ou não diferenças em termos da forma como o estiramento é realizado, no respeitante aos tempos de estiramento e consequentes ganhos na flexibilidade. Recomenda-se, em acrescento, a realização de

Recomendações para a realização de estudos futuros Apesar de existir uma grande quantidade de literatura respeitante às alterações biomecânicas e neurofisiológicas subjacentes ao treino de flexibilidade, a temática em questão peca por uma grande escassez de estudos experimentais, os

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

quais

compreendem o

único

estiramentos durante pelo menos seis semanas, à semelhança do que foi realizado na grande parte dos estudos analisados. Um tempo superior a este poderá ser ainda mais recomendável. Para além disso, é recomendável a realização entre quatro e dez estiramentos por dia, pois quatro corresponde ao número mínimo de

53


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

estiramentos necessários ao máximo alongamento

utilização de metodologias renovadas, incluindo a

tecidular, enquanto que mais de 10 estiramentos parece

utilização de diferentes tempos de estiramento aplicados

ser desnecessário na obtenção de mais deformação dos

a diferentes grupos musculares.

tecidos (Taylor et al, 1990). No respeitante à medição da amplitude de movimento, efectuada tanto no pré-teste como no pós-teste, seria vantajosa a medição tanto da amplitude passiva (com pressão adicional) como da amplitude activa de movimento em cada participante. A medição deverá sempre ser

Bibliografia Andersen, J.C. (2005). Stretching before and after exercise: effect on muscle soreness and injury risk. J Athl Train, 40(3), 218-220. Bandy, W.D., & Irion, J.M. (1994). The effect of time on static stretch on the flexibility of the hamstrings muscles. Phys Ther, 74(9), 845-850.

realizada em decúbito dorsal com a anca flectida a 90º, tal como efectuado nos estudos analisados (isto se nos estivermos a referir aos músculos ísquiotibiais). Não se recomenda a efectuação de medições da amplitude com testes como a medição do comprimento do espaço entre os dedos e o chão com o participante inclinado à frente, entre outros, pois não são suficientemente específicos, dependendo muitos destes testes da flexibilidade de diferentes grupos musculares. Ainda em termos da medição efectuada, recomenda-se, dentro do possível, a efectuação de testes de fiabilidade, do tipo intra-observador (teste-reteste) e inter-observador. O ideal corresponde à realização de várias medições (no mínimo três) e à efectuação de uma média final das

Bandy, W.D., Irion, J.M., & Briggler, M. (1998). The effect of time and frequency of static stretching on flexibility of the hamstrings muscles. Phys Ther, 77(10), 1090-1096. Etnyre, B.R., & Abraham, L.D. (1986). Gains in range of ankle dorsiflexion using three popular stretching techniques. Am J Phys Med, 65, 189-196. Feland, J.B., Myrer, J.W., Schulthies, S.S., Fellingham, G.W., & Measom, G.W. (2001). The effect of duration of stretching of the hamstring muscle group for increasing range of motion in people aged 65 years or older. Phys Ther, 81(5), 1110-1117. Flitney, F.W., & Hirst, D.G. (1978). Cross bridge detachment and sarcomere “give” during stretch of active frog’s muscle. J Physiol 276, 449-465. Gillette, T.M. (1991). Relationship of body core temperature and warm-up to knee range of motion. J Orthop Sports Phys Ther, 13(3), 126-131. Henricson, A.S. (1985). The effect of heat and stretching on range of hip motion. J Orthop Sports Phys Ther, 6(2), 269.

mesmas. Para além dos métodos de avaliação, importa recomendar a realização de estudos incluindo outros grupos musculares para além dos ísquiotibiais. É fundamental escolher grupos com tendência para o encurtamento e que facilitem a medição angular; é o caso do tricípete sural, grupo muscular fácil de estirar e de avaliar. No domínio da investigação dos tempos dos exercícios de flexibilidade está quase tudo por fazer, e esta limitação dificilmente pode deixar de se repercutir negativamente

James, B., & Parker, A.W. (1980). Active and passive mobility of lower limb joints in elderly men and women. Am J Phys Med Rehabil, 68, 162-167. Johansson, P.H., Lindström, L., Sundelin, G., Lindström, B. (1999). The effects of preexercise stretching on muscular soreness, tenderness and force loss following heavy eccentric exercise. Scand J Med Sci Sports, 9(4), 219:225. Kappeler, L., & Epelbaum, J. (2005). Biological aspects of longevity and ageing. Rev Epidemiol Sante Publique, 53(3), 235241. Kisner, C., & Colby, L. (1998). Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas (3ª edição). São Paulo: Editora Manole Ltda.

no mundo das experiências clínica e desportiva. Lehman, J.F., Masock, A.J., Warren, C.G., & Koblanski, J.N. (1970). The effect of therapeutic temperatures on tendon extensibility. Arch Phys Med Rehabil, 51, 481-487.

Conclusões De acordo com os estudos analisados, o tempo de estiramento estático considerado ideal parece corresponder a 30 segundos de duração. Porém, em indivíduos com idades mais avançadas, esse tempo parece aumentar, devido à

natureza mais rígida dos

Lespargot, A., Robert, M., & Khouri, N. (2000). Stretching the triceps surae muscle after 40 degrees C warming in patients withcerebral palsy. Rev Chir Orthop Reparatrice Appar Mot, 86(7), 712-717. Loannis, T., Christos, G., Nikolaos, Z., Aikaterini, V., & Efstratios, V. (2005). The effect of stretching duration on the flexibility of lower extremities in junior soccer players. Physical Training, September.

tecidos. Recomenda-se a realização de estudos com a

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Oken, B.S., Zajdel, D., Kishiyama, S., Flegal, K., Dehen, C., Haas, M., Kraemer, D.F., Lawrence, J., & Leyva, J. (2006). Randomized, controlled, six-month trial of yoga in healthy seniors: effects on cognition and quality of life Altern Ther Health Med, 12(1), 40-47.

Tillman, L.J., Cummings, G.S. (1992). Biologic mechanisms of connective tissue mutability. In: Currier, D.P., Nelson, R.M. (Eds.). Dynamics of human biologic tissues. Philadelphia: FA Davis.

Roberts, J.M., & Wilson, K. (1999). Effect of stretching duration on active and passive range of motion in the lower extremity. Br J Sports Med, 33(4), 259-263.

Youdas, J.W., Krause, D.A., Hollman, J.H., Harmsen, W.S., & Laskowski, E. (2005). The influence of gender and age on hamstring muscle length in healthy adults. J Orthop Sports Phys Ther, 35(4), 246-252.

Smith, C.A. (1994). The warm-up procedure: To stretch or not to stretch. A brief review. J Orthop Sports Phys Ther, 19(1), 12-17.

Zachazewski, J.E. (1989). Improving flexibility. In: Scully, R.M., Barnes, M.R. (Eds.). Physical Therapy. Philadelphia: JB Lippincott.

Tardieu, C., Tabary, J.C., Tabary, C., & Tardieu, G. (1982). Adaptation of connective tissue length to immobilization in the lengthened and shortened position in cat soleus muscle. J Physiol (Paris), 78, 214-220.

Zachazewski J.E. (1990). Flexibility in sports. In: Sanders, B. (Ed.). Sports Physical Therapy. Norwalk: Appleton & Lange.

Taylor, D.C., Dalton, J.D., Seaber, A.V., Garrett, W.E. (1990). Viscoelastic properties of muscle-tendon units: the biomechanical

Artigo recebido a: 30 de Maio de 2007

effects of stretching. Am J Sports Med 18, 300-309.

Artigo revisto a: 28 de Outubro de 2007 Aceite para publicação: 05 de Novembro de 2007

Threlkeld, A.J. (1992). The effects of manual therapy on connective tissue. Phys Ther, 72, 893-902.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

55


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nยบ 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

REVISÃO DE LIVROS Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment Todd S. Ellenbecker New York, NY: Thieme, 2006 180 páginas, 220 ilustrações; Softcover ISBN 978-1-58890-370-9, US $49,95 ISBN 978-3-13-140221-9, EU 39,95

Shoulder Rehabilitation: Non-Opera-tive Treatment é um

conflito, especifica de forma clara, lógica e objectiva a

livro editado por um prestigiado Fisioterapeuta americano

fisiopatologia, classificação dos diferentes tipos de conflito

(Director of Physiotherapy Associates Scottsdale Sports

bem como as diferentes formas de intervenção em

Clinic in Scottsdale, Arizona e Chairman of the USTA Sport

fisioterapia. Os outros capítulos desta secção contam com

Science Committee) com uma vasta experiência na área,

a preciosa colaboração de vários autores onde se destaca

que apresenta, analisa e discute os conhecimentos mais

o de W.Ben Kibler que apresenta de forma analítica as

recentes relacionados com a evidência no tratamento de

disfunções da escápula (biomecânica, fisiopatologia e

Fisioterapia das perturbações músculo-esqueléticas do

guidelines para a Fisioterapia).

complexo articular do ombro (CAO), fornecendo guidelines orientadoras dos planos de intervenção para as diferentes

Na 2ª secção são abordadas temáticas específicas muito

condições.

úteis ao Fisioterapeuta que tem de tomar decisões sobre a forma e timing de regresso à actividade desportiva pós-

Organizado para servir quer como base de referência

lesão, analisando particularmente a reintegração de 4

clínica quer como um suporte sólido de revisão actual de

desportos (ténis, natação, lançamento e golfe)

conceitos e modelos de intervenção nas disfunções do CAO, está dividido em 2 grandes secções e conta com o

Todos os capítulos são de leitura fácil, acompanhadas por

contributo de outros vários autores:

imagens, fotografias de exercícios, esquemas e tabelas que sistematizam as ideias-chave que suportam o texto.

1) Reabilitação da patologias especificas do Ombro com

No final de cada capítulo há uma extensa e actual lista de

6 capítulos: Reabilitação nos Síndromes de conflito

referências bibliográficas.

(primários, secundários e internos); Reabilitação da microinstabilidade; Reabilitação da macro-instabilidade;

Este livro reúne as condições para ser uma excelente fonte

Reabilitação da capsulite adesiva; Reabilitação das lesões

de recurso para os Fisioterapeutas que lidam com as

da articulação acromio-clavicular; Classificação e

disfunções do complexo articular do ombro quer nos

tratamento das patologias da omoplata.

pacientes em geral quer no caso de atletas em particular.

2) Temáticas especiais na Reabilitação do Ombro com 3 capítulos: Modificação

Raul Oliveira

dos exercícios tradicionais e

oregresso à actividade desportiva; Aplicação de Tape e uso de aparelhos externos na reabilitação do ombro; Programas específicos de reintegração desportiva. Na 1ª secção o capítulo 1 relacionado com os síndromes de

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

REVISÃO DE LIVROS Tendinopathy in Athletes Savio Woo, Per Renstrom, Steven Arnoczky Blackwell Publishing; 1 Edição (February 14, 2007) 233 páginas, 83 ilustrações; Hardcover ISBN-10: 1405156708, US $125 ISBN-13: 978-1405156707, EU 92,21

Este livro editado por autores de renome internacional com

Está organizado em 15 capítulos com uma extensa e actual

vasta experiência e investigação nesta temática constitui

lista de referências bibliográficas no final de cada um.

um volume que se integra na Encyclopaedia of Sports

Temas abordados em cada capítulo:

Medicine series e que foi publicado neste ano de 2007 sob os auspicious do Comité Olímpico Internacional.

1 - Tendinopatias: um problema major em medicina desportiva.

É um livro que actualiza os conhecimentos sobre as

2- Etiologia da tendinopatia

tendinopatias, analisando o “estado da arte” desde as

3- Biologia molecular da tendinopatia

áreas das ciências básicas (bases moleculares e

4- As respostas celulares do tendão às alterações da

bioquímicas; alterações biomecânicas e comportamento

carga: implicações na etiopatogénese da tendinopatia

dos tendões in vivo) até aos aspectos das diversas

5- Como são os tendões ao vivo? Actividade metabólica e

intervenções clínicas. Em cada um dos capítulos há

circulatória associada ao exercício

contributos de diversos autores internacionalmente

6-Patologia de sobrecarga nos tendões: aspectos

reconhecidos pela investigação já produzida nos diversos

histopatológicos e histoquímicos

domínio (quer investigadores quer clínicos).

7- Estudos mecanobiológicos dos mecanismos moleculares e celulares nas tendinopatias

Apesar da elevada prevalência e incidência das

8- Comportamento in vivo dos tendões de Aquiles e patelar

tendinopatias quer no desporto quer na prática da

durante a marcha normal

actividade física bem como na actividade profissional, a

9- Inervação tendinosa: compreensão da fisiopatologia e

etiopatogénese precisa e as estratégias de intervenção

implicações para o tratamento

mais eficientes ainda levantam muitas questões que não

10- Modelo neuropático da etiologia e tratamento das

estão bem explicadas e/ou resolvidas.

tendinopatias do tendão de Aquiles

Este livro constitui um excelente recurso para se

11- Abordagem terapêutica integradora das tendinopatias:

acompanhar a progressão dos conhecimentos mais

aspectos biomecânicos e biológico

actuais das ciências-base nesta temática e sua aplicação

12- Patologia crónica do tendão de Aquiles: conceitos de

aos contextos clínicos dando aos fisioterapeutas

biologia básica e suas implicações para o tratamento

fundamentos mais sólidos e credíveis na selecção das

13- Tendinopatias do pé nos atleta

suas estratégias de intervenção (quer na prevenção,

14- Abordagens alternativas no tratamento das

querno tratamento).

tendinopatias: medicina tradicional chinesa

Apresenta secções do tipo “What We Need to Know” que

15- Cirurgia nas tendinopatias crónicas

constituem linhas de investigação futuras quer para clínicos quer para novos investigadores.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Os capítulos 4, 5, 8, 10 e 11 são particularmente interessantes e com informação muito actual e relevante

58


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

relacionada com o comportamento neuromecânico em

É um livro que constitui uma referência incontornável nesta

condições fisiológicas bem como as alterações/

matéria não só para os fisioterapeutas do desporto mas

perturbações ao equilíbrio homeostático que caracterizam

também para todos os fisioterapeutas que lidam com esta

as diferentes lesões tendinosas.

problemática no campo da saúde ocupacional. Raul Oliveira

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES

· Os artigos devem ser redigidos de acordo com as Normas de Redacção e Formatação da Revista Portuguesa de

A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto saúda-o e

Fisioterapia no Desporto.

congratula-se pelo interesse na publicação do seu artigo. Antes de o enviar, sugerimos que leia atentemente todas as instruções

TIPOLOGIA DOS ARTIGOS

que se seguem: Estudos Experimentais e Quasi-Experimentais – Trabalhos SUBMISSÃO DOS ARTIGOS

originais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas relacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo, os

Todos artigos para submissão na Revista Portuguesa de

critérios de selecção e a caracterização da amostra, os

Fisioterapia no Desporto são realizados por correio electrónico.

instrumentos aplicados, os procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo de 3500 palavras. Estes tipos de

Comece por guardar o seu trabalho como documento Word da seguinte

forma:

data_nome

do

autor

estudos devem de ter um resumo/abstract estruturado.

(exemplo:

janeiro2006_antónio manuel silva)

Estudos Descritivos / Observacionais – Trabalhos originais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas relacionadas.

· Enviar o documento em anexo para o seguinte endereço electrónico: revista_gifd@apfisio.pt

Descrever de forma clara o tipo de estudo (pode incluir estudos de levantamento epidemiológico, estudos de caso, descrição de experiências, entre outros), os critérios de selecção e a

· Após a recepção do documento, o Editor, através de e-mail,

caracterização da amostra, os instrumentos aplicados, os

enviará o aviso de recepção do mesmo. Nesse mesmo aviso

procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo

receberá o número do código atribuído ao seu trabalho

de 3500 palavras e resumo/abstract estruturado.

(Consultar – http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )

Levantamento Epidemiológico – Estudos retrospectivos · Este processo deverá ser acompanhado pelo preenchimento

ou prospectivos para determinação da prevalência, incidência

do documento “Formulário de Autorização dos Autores para

de lesões e caracterização dos factores de risco associados ás

Publicação do Artigo” (disponível para download em http://

lesões das diferentes modalidades desportivas e/ou actividades

www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/submeter-um-trabalho.php).

físicas. Máximo de 3000 palavras e resumo/abstract estruturado.

Depois de preenchido, certifique-se que constam as assinaturas de todos os autores e envie-o por correio para a

Estudos de Caso – Descrição detalhada de um caso

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (consultar a morada

clínico, contendo características relevantes do utente, avaliação

neste documento).

e diagnóstico em fisioterapia bem como a descrição da intervenção. No conjunto devem existir, pelo menos, 10

· Após estes procedimentos o Coordenador do Conselho Editorial enviará uma cópia do trabalho para dois ou mais

referências bibliográficas distintas. Máximo de 850 palavras e resumo/abstract estruturado.

elementos do Conselho Editorial para iniciar-se o processo de revisão (em: http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/revisao.php )

Descrição de Experiências – Descrever de forma clara os aspectos inovadores da experiência e as bases teóricas em

REQUISITOS GERAIS

que esta se enquadra ou a descrição de novos instrumentos, procedimentos ou tecnologias relevantes para a prática ou

· Os resultados e/ou dados apresentados no trabalho nunca

investigação clínica em fisioterapia no desporto ou áreas

deverão ter sido publicados noutros jornais ou revistas quer

relacionadas. Máximo de 1500 palavras e resumo/abstract

de carácter geral quer de natureza científica.

estruturado.

· O artigo deve estar sobre revisão exclusiva da Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

Revisões Sistemáticas da Literatura e Meta-Análises –

· O trabalho deve estar relacionado com aspectos científicos,

Revisões detalhadas sobre novas temáticas ou temáticas

clínicos, profissionais relevantes para a fisioterapia no

estabelecidas na área da fisioterapia no desporto, bem como em

desporto em particular e para as ciências do desporto em

áreas relacionadas. Descrever de forma clara os procedimentos

geral.

e meios utilizados no decorrer da revisão, explicitando se esta foi sistemática, exaustiva e actualizada. Máximo de 4000 palavras

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

e resumo/abstract estruturado.

Citações e Referências Bibliográficas

Artigos de Opinião: Ponto de vista de um expert sobre um artigo

·

publicado na revista. Os comentários surgem a título de convite

Referências Bibliográficas devem estar citadas no texto

por parte do Editor. Os autores do artigo sob comentário têm a

(Consultar o documento: Normas de Citações e da Lista Final de

oportunidade de responder ao ponto de vista do expert. Máximo

Referências Bibliográficas disponível para download em http://

de 750 palavras.

www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/autores/normas-de-redaccao-e-

Todas as referências que fazem parte da lista final de

formatacao.php )

NORMAS DE REDACÇÃO E FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS

·

As referências citadas durante o texto devem contemplar

o nome do autor (apelido), seguido de vírgula e o ano de Todos os artigos sujeitos a submissão à Revista Portuguesa de

publicação (ex. Campbell, 1999). Se a referência for de dois

Fisioterapia no Desporto devem seguir as seguintes normas de

autores deve-se colocar a ligação “&” entre os nomes dos

redacção e formatação:

mesmos, seguido de vírgula e o ano de publicação (ex. Campbell & Fortis, 2000). Se a referência for mais de dois

• Devem ser escritos em português.

até seis autores, deve citar-se todos os nomes numa primeira

• Todas as páginas numeradas (incluindo a página de

vez e nas subsequentes, o apelido do primeiro autor seguido

rosto) com margens laterais, superior e inferior de 2,5 cm.

de “et al”. Quando são mais de seis autores utiliza-se sempre

• Texto escrito em documento Word, com alinhamento

“et al” (ex. Garth et al, 1997).

justificado e espaçamento entre linhas de 1,5 cm. Tipo de

·

letra: Arial com tamanho 12.

referência tem 7 ou mais autores, citam-se os primeiros três

• Não podem ser utilizados outros procedimentos de

seguido de “et al”.

formatação, como por exemplo, rodapés, cabeçalhos, etc.

·

Na lista final de Referências Bibliográficas, quando a

Regra geral, as entradas da lista final de Referências

Bibliográficas devem ser ordenadas por ordem alfabética Página de Rosto

do apelido do primeiro autor. ·

Caso existam vários trabalhos do mesmo autor, coloca-

• Título do artigo.

se em primeiro lugar os trabalhos individuais, seguidos dos

• Nome de cada um dos autores com o respectivo título

trabalhos colectivos, utilizando o apelido do segundo autor

profissional e/ou académico e a instituição a que pertencem.

como critério de ordenação. Para vários trabalhos do mesmo

• Endereço do correio electrónico ou morada de um dos

autor utiliza-se o ano de publicação como critério de

autores, para correspondência.

ordenação (do mais antigo para mais recente). ·

Resumo / Abstract

Referências a trabalhos aceites mas não publicados

devem ser designados como “in press”. Teses de Doutoramento ou de Mestrado são considerados trabalhos

• Não deve exceder as 250 palavras e deve estar

publicados. Não são aceites informações provenientes de

estruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos,

documentos, apresentações ou apontamentos pessoais.

Relevância, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão

·

e Palavras-chave. Deve-se fazer igualmente um resumo/

bibliográficas devem de ser verificadas pelo(s) autor(es).

abstract em inglês com a mesma estrutura.

Quaisquer erros ou omissões sobre as mesmas são da

Todas as normas de citações e de referências

exclusiva responsabilidade do(s) autor(es). Texto Tabelas, Quadros e Gráficos • Estudos

Experimentais,

Quasi-Experimentais,

Descritivos/Observacionais

(levantamentos

·

As tabelas, quadros e gráficos devem estar inseridas no

epidemiológicos, descrição de experiências) Revisões

texto e apresentadas como imagem em formato JPEG.

Sistemáticas de Literatura e Meta-Análises devem estar

Devem de ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e

estruturados da seguinte forma: Introdução, Métodos,

um tamanho máximo de 80 kb (bytes)

Resultados, Discussão e Conclusões.

·

• Estudos de Caso devem estar estruturado da seguinte

numeradas sequencialmente e ter o respectivo título. Este

forma: Introdução, Descrição do Caso, Resultados e

deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra –

Discussão.

Arial de tamanho 10 com espaçamento entre linhas de 1,0.

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

Todas as tabelas, quadros e gráficos devem ser

61


Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

No caso de existirem abreviaturas, a respectiva legenda

mesmo (quando aplicável) e que uma entidade competente e

deve figurar fora e imediatamente abaixo das tabelas,

responsável aprovou este projecto de investigação (quando

quadros e gráficos. Estas devem de ser escritas em Arial

aplicável). Este mesmo documento pretende ainda refutar,

de tamanho 9.

qualquer interesse comercial e/ou outro tipo de conflito de

·

interesses.

·

Todas as tabelas, quadros e gráficos devem estar

referidas no texto. ·

POLITICAS EDITORIAIS

As tabelas e quadros não devem ter linhas verticais. Usar

sempre linhas horizontais para o cabeçalho e finalização das mesmas.

·

sobre a decisão final de publicação do artigo. ·

Figuras, Imagens e Fotos

É responsabilidade exclusiva do Director pronunciar-se

Os autores devem estar disponíveis para realizarem as

alterações propostas ao seu artigo antes da decisão formal para publicação.

·

As figuras, imagens e fotos devem estar inseridas no

texto. Devem ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e um tamanho máximo de 80 kb (bytes) ·

Todas as figuras, imagens e fotos devem estar em formato

JPEG (JPG). ·

Todas as figuras, imagens e fotos devem ser numeradas

sequencialmente e ter o respectivo título. Este deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra – Arial de tamanho 10 e com espaçamento entre linhas de 1,0. ·

Todas as figuras, imagens e fotos devem de ser referidas

algures pelo texto. ·

São excluídas quaisquer figuras, imagens e fotos não

·

Em caso de necessidade, os revisores podem partilhar

ou recorrer a outros profissionais para complementarem a sua revisão. ·

Os autores não estão autorizados a fazer qualquer

alteração ao artigo proposto para publicação, durante o processo de revisão, excepto para corrigir erros ou omissões. ·

O Editor pode recusar-se a publicar, se o autor efectuar

alterações substanciais ao artigo depois do mesmo ter sido sujeito ao processo de revisão e aceite para publicação. ·

O Editor pode solicitar revisões adicionais para

complementar as opiniões do Conselho Editorial.

originais, que sejam retiradas de livros ou outras fontes desde que não tenham a autorização expressa dos autores

SUGESTÕES

e/ou editores. Quando submeter o artigo certifique-se que: DOCUMENTOS ADICIONAIS · Para publicação dos artigos os autores devem de preencher o Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do Artigo (disponível para download em http://www.apfisio.pt/gifd_revista/ pages/autores/submeter-um-trabalho.php) e envia-lo por correio para

seguinte morada:

Tem uma cópia do e-mail enviado para a Revista

Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. ·

Tem uma cópia do seu artigo guardada no disco rígido

do seu computador e que fez uma cópia para uma disquete, CD ou outro tipo de dispositivo. ·

Enviou o Formulário de Autorização dos Autores para

Publicação do Artigo com as assinaturas originais de todos Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal

os autores. ·

Fez um resumo/abstract estruturado em português e um

outro em inglês. ·

Todas as referências que fazem parte da lista final de

Referências Bibliográficas estão citadas no texto e que se Por um lado, este documento formaliza a autorização de todos

encontram ordenadas por ordem alfabética.

os autores para a publicação do artigo na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto assegurando a originalidade de todo o

Para informações adicionais consulte o seguinte endereço: http:/

seu conteúdo (imagens, fotos, quadros, tabelas, etc), a

/www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/inicio.php. Para qualquer outro

exclusividade e os direitos de publicação por parte do Editor. Por

esclarecimento contacte o Director ou o Grupo de Interesse em

outro, certifica uma participação activa do (s) autor (es) na

Fisioterapia no Desporto através do seguinte endereço

realização do estudo/trabalho, e que este, envolveu a obtenção

electrónico: gifd@apfisio.pt

do consentimento informado de todos os sujeitos envolvidos no

Janeiro 2008 I Vol. 2 I Nº 1 I

62


Informações www.fisiotroia.org

Contactos fisiotroia@ess.ips.pt



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