Prefácio do Catálogo Cantos Cuentos Colombianos Hans-Michael Herzog Ruth Schmidheiny Após anos de intensa procura por um local adequado para o nosso espaço cultural e anos mais de um meticuloso trabalho de restauração e reforma, finalmente estamos prontos: a Casa Daros, no Rio de Janeiro, abre suas portas ao público. Quando, bem no início do novo milênio, começamos a desenvolver uma coleção de arte latino-americana contemporânea, quase ninguém fora da América Latina sabia do seu poderoso potencial intrínseco. A visão estrangeira que se tinha da arte latino-americana era prejudicada pela ignorância e pela arrogância. Queríamos rebater essa percepção. Já em 2002 começamos a apresentar a coleção em Zurique em exposições minuciosamente planejadas com esse intuito, acompanhadas de publicações cuidadosamente elaboradas. La Mirada – Looking at Photography in Latin America Today foi a primeira de uma série de mostras realizadas no nosso museu, situado na antiga cervejaria Löwenbräu, em Zurique. Entre muitas outras exposições, apresentamos as instalações de luz cinética dos anos 1960, feitas por Julio Le Parc (Le Parc Lumière, 2005), uma justaposição de trabalhos da América Latina, com outros da Europa e dos Estados Unidos (Face to Face, 2007/08), uma ampla exibição de vídeos (For You, 2009) e, finalmente, mostras individuais dos trabalhos de Antonio Dias (2009) e Luis Camnitzer (2010). Nosso objetivo foi sempre o de chamar atenção para a incrível variedade da arte latinoamericana. Cada projeto representava uma estreia europeia, permitindo que o público se familiarizasse com artistas e questões até então desconhecidos. O propósito das exposições era apresentar as facetas mais variadas da produção artística latino-americana, enfatizando sua relevância internacional e fixando-a, definitivamente, no contexto da arte dos séculos XX e XXI. Para tal, a obra de arte não era encarada como representante de um projeto específico de curadoria, mas sim como o ponto de partida para uma análise sofisticada de forma e conteúdo, e para uma interpretação de suas inúmeras camadas de sentido. O fio condutor de todas as nossas atividades foi a coleção, sediada em Zurique, que no momento consiste em 1.160 obras feitas por 117 artistas. É uma das mais completas coleções desse tipo, assim como nossa biblioteca de cerca de 7 mil volumes, que foi