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NASA A HISTÓRIA DA

A BUSCA PELO DESCONHECIDO

A fascinante história da mais bem-sucedida agência de exploração aeroespacial

A HISTÓRIA DA NASA • 1


2 • A HISTÓRIA DA NASA


PREFÁCIO

DOMÍNIO DO ESPAÇO

“Alcançamos novas alturas e revelamos o desconhecido para o benefício da humanidade.” Esta é a visão da NASA, agência aeroespacial norte-americana que desde 1958 se dedica e desvendar os segredos do espaço. Uma tarefa um tanto desafiadora, quando imaginamos a vasta imensidão em que a Terra, os planetas e o espaço se encontram neste universo. Algumas perguntas intrigantes fazem parte dessa missão que a NASA desempenha, desde que a agência nasceu: “O que há no espaço? Como chegamos lá? O que vamos encontrar? O que podemos aprender lá, ou aprender apenas tentando chegar lá, que vai fazer a vida melhor aqui na Terra?”, questiona-se. Nesta edição, apresentamos a incrível história dessa agência, seus feitos, seus segredos, suas missões – dentre elas, os projetos Mercury e Gemini, que se dedicou ao desenvolvimento de tecnologia enviar o homem à Lua. Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram o primeiro de 12 homens a andar na Lua – e muitas outras curiosidades.

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Enquanto a NASA explora outros territórios e planetas como Plutão e Júpiter, enquanto seus telescópios estão apontados para os pontos mais distantes do universo, tentando desvendar os mistérios da nossa origem, enquanto tentamos entender a real dimensão da Terra, chamada de minúsculo “mármore azul”, embarque na leitura deste Guia. Ótima viagem.

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SUMÁRIO

6 Capítulo 1

A CORRIDA ESPACIAL

A criação da NASA, a Corrida Espacial com a União Soviética, a tecnologia e a vida dentro de um foguete

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IMAGENS: NASA

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Capítulo 2

OS 5 FEITOS MAIS INCRÍVEIS

Levar o homem à Lua, iniciar a exploração do planeta vermelho e a criação de uma estação espacial com as principais agências do mundo estão entre os principais eventos da NASA

58 Capítulo 7

ASTRONAUTAS BRILHANTES

28 Capítulo 3

Vida e história de personagens importantes que ajudaram a construir a agência norte-americana

OS SEGREDOS DA NASA

As histórias secretas da Nasa, como a “Área 51”, o “Programa Viking”, as interrupções da transmissão durante a viagem à Lua, entre outras

39 Capítulo 4 A NASA NO NOSSO DIA A DIA Desenvolvimento e uso cotidiano de produtos desenvolvidos pela Nasa, como travesseiros, palmilhas de calçados e pneus mais resistentes

46 Capítulo 5 O BRASIL NA NASA

62 Capítulo 8 PARA ONDE IREMOS AGORA? As próximas missões da Nasa, seus objetivos e os avanços em termos de tecnologia

86 Capítulo 9 AS OUTRAS AGÊNCIAS ESPACIAIS

A NASA não está sozinha. Conheça as principais agências espaciais do planeta, suas missões e como elas estão relacionadas à agência norte-americana

Um astronauta brasileiro na NASA, a “Missão Centenário”, que levou oito experimentos científicos brasileiros para análise em microgravidade, e a dupla de alunos da Unicamp que ingressou em programa de estágio da agência norte-americana

51 Capítulo 6 A CHEGADA À LUA FOI UMA FARSA?

ficha catalográfica

A polêmica, levantada por alguns especialistas, sobre a possibilidade da chegada à Lua ter sido forjada pelo Governo dos EUA. E ainda: o que os astronautas trouxeram da Lua?

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1 A CORRIDA ESPACIAL

A BUSCA DO HOMEM PELA CONQUISTA DO ESPAÇO Movidos pela Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética dão a largada da corrida para ver quem chega à Lua primeiro

A

6 • A HISTÓRIA DA NASA

ShutterStock

ssim que acabou a Segunda Guerra Mundial, o mundo viu a disputa de poder e influência das duas potências vencedoras do conflito. A disputa entre Estados Unidos e a então União Soviética não ficou restrita aos campos da política ou da economia, ela também se deu no setor tecnológico, dando início à Corrida Espacial em busca da conquista da Lua. A competição da tecnologia para ver quem alcança primeiro o espaço foi responsável pelo surgimento da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA), a principal agência espacial dos dias de hoje. O princípio da tecnologia espacial utilizada na Corrida Espacial nasceu e se desenvolveu durante o governo nazista na Segunda Guerra Mundial, pois Hitler tinha a intenção de criar foguetes capazes de transportar bombas e para lançá-las sobre seus inimigos. Com o final da guerra, tanto Estados Unidos quanto União Soviética se aproveitaram dos estudos e programas armamentistas alemães desenvolvidos pelos especialistas Hermann Oberth e Wernher Von Braun para desenvolverem suas tecnologias espaciais. O marco inicial dessa competição espacial foi o lançamento, por parte da União Soviética, da Sputnik I em 4 de outubro de 1957, considerado o primeiro experimento espacial da história. O primeiro satélite artificial enviado ao espaço pesava aproximadamente 83 kg e foi levado ao espaço pelo foguete Semiorka, que é considerado o primeiro míssil balístico intercontinental testado e aprovado da história. Com o sucesso da primeira tentativa, os soviéticos fizeram o lançamento da Sputnik II, que foi o primeiro satélite a percorrer a órbita da Terra e teve a bordo a cadela Laika. O sucesso das experiências soviéticas forçou os Estados Unidos a reagirem de forma rápida, pois houve uma forte cobrança da opinião pública e de políticos por uma resposta à altura da inovação espacial soviética. Alguns teóricos chamam esse movimento de pressão interna nos Estados Unidos de “efeito Sputnik”, que fez com que o governo reorganizasse sua estrutura militar em torno da questão espacial.


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1 A CORRIDA ESPACIAL

Astronauta Edwin Aldrin caminhando em solo lunar em 1969: feito entrou para a história

A Corrida Espacial foi responsável pelo surgimento da principal agência espacial

No mesmo ano, em dezembro de 1957, o governo norte-americano fez a sua primeira experiência espacial, ao lançar o foguete Juno, que explodiu dois segundos após seu lançamento. A primeira experiência de sucesso da recém-criada NASA foi a Explorer I, lançado em 31 de janeiro de 1958, dando início à uma verdade corrida para ver quem dominava o Espaço primeiro. Graças ao sucesso da expedição da Explorer I, foi possível descobrir a existência de cinturões de radiação em torno da Terra, que ficaram conhecidos como Cinturões de Van Allen, um dos responsáveis pelo projeto da Explorer. O Explorer, apesar de não enviar dados à Terra a partir de maio de 1958, ficou em órbita por mais de 12 anos, regressando ao planeta em março de 1970 ao aterrissar no Oceano Pacífico. O Explorer I foi o primeiro de um vasto programa de satélites norte-americanos lançados ao espaço, sendo que outros 83 artefatos foram lançados até 2004.

plano dele era explorar a Lua com astronautas antes do final da década de 60. Em poucos anos todos os investimentos e etapas necessárias foram planejas e cumpridas com êxito, até que no Natal de 1968 três astronautas norte-americanos orbitaram pela primeira vez a superfície da Lua a bordo da Apollo 8. Em 20 de julho do ano seguinte, 1969, finalmente o homem conseguia pisar na Lua. O feito lembrado até hoje coube as aos astronautas Neil A. Armstrong e Edwin E. Aldrin Jr., que cumpriram a missão a bordo da Apollo 11.

OUTROS FEITOS DA CORRIDA ESPACIAL

Presidente Kennedy anunciando o plano de conquista da Lua antes da década de 1970

OS VOOS TRIPULADOS E O CAMINHO À LUA

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A década de 1960 marca uma divisão entre as experiências espaciais na história da Corrida Espacial. Se nos primeiros anos as experiências se restringiam ao envio de pequenos satélites, a partir da década de 60 começam as primeiras viagens tripuladas pela órbita da Terra. Em abril de 1961, pouco mais de três anos da primeira experiência espacial, a União Soviética anunciou seu primeiro voo tripulado com o astronauta Yuri Gagarin, a bordo da nave Vostok I. Esse evento é considerado um marco na busca da conquista espacial, que teria como ápice com o pouso e o hasteamento da bandeira norte-americana da Lua em 1969. A viagem de Gagarin foi o primeiro passo na evolução das missões espaciais tripuladas, que aos poucos iam aumentando o número de astronautas e distâncias mais longas de suas missões. Em virtude do sucesso da experiência realizada por Gagarin, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, anunciou uma meta ousada para o plano espacial do país. O

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Se os norte-americanos foram os primeiros a pisar em solo lunar, os soviéticos têm para si outros feitos durante a Corrida Espacial. Além de levarem o primeiro homem ao


espaço, conseguiram com a sonda Lunik 3 as primeiras imagens da face oculta da Lua em 1959. O primeiro astronauta norteamericano a viajar em expedição ao espaço foi Alan Bartlett Shepard Jr, que em 5 de maio de 1961 fez um voo sub-orbital com duração de 15 minutos a bordo da espaçonave Freedom 7. A Corrida Espacial durante os anos 60 também proporcionou a ida da primeira mulher ao espaço. Na ânsia de se mostrarem superiores aos norteamericanos, os soviéticos enviaram a astronauta Valentina Vladimirovna em missão tripulada ao espaço em 16 de

julho de 1963, permanecendo em órbita por praticamente três dias a bordo da Vostok 6. Após várias tentativas e a progressões das experiências espaciais, primeiro com sondas e satélites e, posteriormente, com os primeiros voos orbitais tripulados, finalmente, em 1969 o homem pisou na Lua e pôde conhecer de perto seu satélite natural. O projeto Apollo, responsável por levar o homem à Lua, começou a ser desenvolvido em 1965 e teve um revés em sua primeira experiência. Durantes os testes da Apollo 1, três astronautas morreram em decorrência de um incêndio na aeronave. Porém, quatro anos depois, os norte-americanos venceriam a corrida espacial ao levarem Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, a bordo da Apollo 11 a serem os primeiros homens a pisarem na Lua em 20 de julho de 1969, oito dias após o seu lançamento na base de Cabo Canaveral, na Flórida. A HISTÓRIA DA NASA • 9


1 A CORRIDA ESPACIAL

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Principais astronautas da Corrida Espacial GHERMAN TITOV (1935 – 2000)

O astronauta soviético Gherman Stepanovich Titov tem a sua relevância na história da corrida espacial porque é, até hoje, o astronauta mais jovem a ter viajado ao espaço, aos 26 anos, a bordo a espaçonave Vostok 2, em 1961. Assim como Gagarin, ele foi escolhido para fazer parte do programa espacial soviético em 1960, pouco tempo depois de se formar na Escola de Aviação Militar de Stalingrado. Entre os feitos de sua viagem espacial, estão o fato de ele ter sido o primeiro astronauta a ficar cerca de 25 horas em órbita de Terra e ter sido o primeiro a sentir os efeitos físicos da experiência, como enjoos. Após sua volta à Terra. se tornou herói nacional e assumiu cargos de relevância dentro do programa espacial soviético até se aposentar, em 1992. Três anos após deixar suas funções na agência espacial, foi eleito para o Parlamento Russo. Morreu em 2000, aos 65 anos, de ataque cardíaco em sua casa. Em homenagem, uma das crateras na face oculta da Lua leva seu nome.

Estátua na base espacial do Cazaquistão em homenagem ao primeiro astronauta a ir ao espaço

YURI GAGARIN (1934 – 1968)

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Selo em homenagem a Titov, o cosmonauta mais jovem a ir ao espaço

VALENTINA VLADIMIROVNA (1937)

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Yuri Alekseyievich Gagarin foi o primeiro astronauta a viajar pelo espaço. A sua experiência em órbita da Terra foi realizada em 22 de abril de 1961 e durou aproximadamente duas horas. Apesar do pouco tempo, o experimento proporcionou a Garagin dar uma volta completa em torno do planeta e cunhar a famosa frase “A Terra é azul”, em referência a aparência do nosso planeta olhado de fora. Antes de se tornar astronauta e ter seu nome marcado da história, Gagarin era piloto de caças Voroshilov Chkalovsk. Ele serviu na frota de porta-aviões soviéticos de 1957 a 1960 quando, após teste com outros vinte militares, foi selecionado como cosmonauta dentro do projeto da União Soviética de lançar o primeiro homem ao espaço. Após a realização de seu voo espacial, ele passou a percorrer o mundo, inclusive Estados Unidos e Brasil, para fazer a divulgação do projeto espacial soviético. Morreu em março de 1968, junto com o piloto Vladimir Seryogin, durante um voo de requalificação profissional em um acidente com o jato MIG-15.

Valentina, a primeira mulher a ir ao espaço e principal figura feminina do século XX

Valentina Vladimirovna Tereshkova nasceu em 6 de março de 1937 e teve um vida pré-cosmonauta diferente dos outros astronautas russos destacados desse período. Valentia começou a estudar aos 8 anos e aos 18 já trabalhava como operária em uma fábrica têxtil para ajudar no sustento da família. Nessa mesma época, Valentina começou a praticar aulas de paraquedismo e fundou o Clube de Paraquedistas Amadores, que acabou sendo um passo não só para passar a fazer parte do comando soviético, mas também para garantir sua aceitação no programa espacial soviético. Em 1962, devido à sua experiência com paraquedismo, foi aceita no programa de treinamento soviético para astronautas e, um ano depois, em 1963, se tornou a primeira mulher a realizar uma viagem espacial, permanecendo em órbita por quase três dias. Além de receber diversas condecorações pelo seu feito, fez carreira dentro da política soviética. Em 2001, foi eleita a figura feminina mais representativa do século XX, devido à sua façanha.


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ALLAN SHEPARD JR. (1923 – 1998)

Ele tem a sua importância na história não só da Corrida Espacial como também da NASA porque, além de ser o primeiro astronauta norte-americano a realizar uma viagem ao espaço, em um voo sub-orbital em maio de 1961, ele é um dos 12 astronautas da história que pisaram na Lua, em missão realizada em 1974. Alan Bartlett Shepard Jr. participou dos dois principais projetos aeronáuticos dos Estados Unidos, o Mercury e o Apollo. Antes de se tornar astronauta, Shepard se formou em ciências na United States Naval Academy em 1944 e, em sequência, serviu a Marinha durante as campanhas militares norte-americanas no pacífico durante a Segunda Guerra e se tornou piloto de testes navais da Marinha em 1958. No ano seguinte, ele foi um dos sete astronautas a fazerem parte do projeto U.S. Mercury e, dois anos depois, teve a honra de se tornar o primeiro astronauta norte-americano a entrar em órbita. Shepard se aposentou das forças armadas e da NASA em 1974, três anos após pisar na Lua, e morreu em 21 de julho de 1998 vítima de leucemia.

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Allan Shepard participa dos testes do projeto Mercury, responsável por levá-lo ao espaço

NEIL ARMSTRONG (1930 – 2012)

Neil Alden Armstrong é provavelmente o astronauta mais conhecido da história, junto com Yuri Gagarin. Coube a ele a tarefa de ser o primeiro homem a pisar em solo lunar em 24 de julho de 1969. Antes de se tornar astronauta, ele se formou em engenharia na Universidade de Purdue e foi aviador da Marinha dos Estados Unidos de 1949 a 1952, participando nesse período da Guerra da Coreia. Após a guerra, voltou ao seu país e trabalhou como piloto de testes de diversos fabricantes de aviões durante a década de 1950 até ingressar na NASA em 1962. Os primeiros anos de Armstrong na NASA foram dedicados a muitos estudos sobre as tecnologias espaciais como a fabricação dos motores, foguetes e das espaçonaves. Seu primeiro voo só foi acontecer em 1966 em missões de testes de tripulação para os projetos Gemini e Apollo. Três anos depois, Neil comandou a missão Apollo 11 que, junto com os astronautas Edwin Aldrin e Michael Collins, aterrissou em solo Lunar. É dele a famosa frase: “Este é um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”. Morreu no dia 25 de agosto de 2012 devido a complicações pós-operatórias a que foi submetido para desentupir suas artérias coronárias. Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua

EDWARD WHITE II (1930 – 1967)

Edward White em sua aventura em pleno espaço

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Edward Higgins White II, apesar de ter tido uma vida curta, é protagonista de dois importantes eventos na primeira década da Corrida Espacial. Com uma diferença de dois anos, White II se tornou o primeiro astronauta norte-americano a realizar operações fora de sua nave espacial e, infelizmente, foi uma das vítimas da tragédia que foi o lançamento da Apollo 1 em 1967. Ele era piloto de caça das Força Aérea dos Estados Unidos e engenheiro eletricista, além de piloto te testes em aviões experimentais antes de entrar na NASA em 1962. Em sua curta carreira, Edward só teve a chance de ir uma vez ao espaço, quando, a bordo da Gemini IV, foi o primeiro astronauta dos Estados Unidos a caminhar fora na nave, sendo ligado a ela por uma espécie de cordão umbilical feito de borracha, aço e nylon. Ao voltar à Terra, ele foi designado para ser primeiro piloto do projeto Apollo. Em 17 de janeiro de 1967, durante testes do protótipo da cabine de comando da Apollo 1, na Flórida, um curto circuito causou o incêndio da cabine de controle e levou Edward à morte, junto com os astronautas Virgil “Gus” Grisson e Roger Chaffee.

A HISTÓRIA DA NASA • 11


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1 A CORRIDA ESPACIAL AS PRIMEIRAS TECNOLOGIAS ESPACIAIS

Se nos dias de hoje a tecnologia espacial está bem avançada, proporcionando viagens mais longas e melhores condições de permanência dos astronautas em órbita por longos períodos com direito a alimentação balanceada, nos primeiros anos da corrida espacial a realidade era bem diferente. As primeiras tentativas espaciais se dedicaram ao envio de satélites artificiais das séries Sputnik e Explorer, sendo que milhares deles foram lançados no começo dos anos 60, antes de começarem as expedições de viagens tripuladas. Nesse segmento, dois tipos de satélites se destacaram: os de uso civil e militar. Os satélites de uso civil foram primordiais para a evolução de consolidação de diversas tecnologias que desfrutamos hoje, como no campo das telecomunicações com as transmissões de sinal de TV e internet, as previsões meteorológicas e o mapeamento de recursos minerais espalhados por todo o planeta. Já os satélites com missões militares surgiram durante a Guerra Fria com a intenção de espionar as atividades dos países considerados inimigos e atualmente são usados para monitoramento de conflitos, grupos radicais e atividades como o contrabando de armas e drogas. Apesar de hoje serem obsoletos, os primeiros satélites foram um grande avanço na época. Em geral, eles eram formados por pequenos compartimentos de alumínio que levaram instrumentos rudimentares de medição de energia, temperatura e transmissores de rádio que enviavam dados às estações de controle na Terra e a sua vida útil era de poucas semanas. Dentro dessa evolução tecnológica dos aparelhos espaciais, a sonda soviética Lunik 1 teve um grande papel de destaque, pois foi a primeira a conseguir atingir a velocidade

PRINCIPAIS FATOS DA CORRIDA ESPACIAL 12 • A HISTÓRIA DA NASA

necessária para se lançar ao espaço longe da órbita terrestre. Lançada ainda em 1959, a sonda tinha o formato cilíndrico, pesava pouco mais de 360 kg e tinha 60 centímetros de diâmetro, sendo impulsionada pelo foguete Semiorka. Outras tecnologias implantadas nessa época e usadas até hoje são os equipamentos de imagens. Por exemplo, em 1961 a NASA lançou o Discovery 14, que foi o primeiro satélite equipado com máquina fotográfica capaz de fazer imagens

Satélite da família Telstar, responsável pelas primeiros sinais de TV via satélite

1957

Lançamento das sondas Sputnik I e II.

1958

Surge a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA)

1958

Lançamento da Explorer I, a primeira sonda norte-americana.


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da Terra. Na sequência, foram lançados os primeiros satélites civis, sendo o primeiro deles com função meteorológica. Em abril de 1960, o Tiros 1 enviou para a base de controle aproximadamente 2.300 imagens espaciais do planeta nos três meses que ficou em órbita. Após os satélites militares e meteorológicos, foi a vez de o avanço chegar à área das telecomunicações. Em 1962 foi lançando o famoso Telstar 1, o primeiro satélite que possibilitou a transmissão de sinal de TV entre a Europa e os Estados Unidos, tendo como principal feito a transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, ao vivo, sendo considerada a primeira transmissão em tempo real via satélite da história.

A ALIMENTAÇÃO ESPACIAL

Como todos os aspectos tecnológicos do campo espacial evoluíram, a questão da alimentação durante as missões também passou por um processo de melhorias com o passar dos anos. Os primeiros alimentos espaciais são muito diferentes dos encontrados hoje em dia. Por exemplo, Yuri Gagarin, o primeiro astronauta a realizar uma expedição ao espaço em 1961, tinha à sua disposição comida processada armazenada em embalagens semelhantes a tubos de pasta de dente que continham 300 gramas de carne em forma de purê de batata e pasta de chocolate. Eram formatos de alimentos que facilitavam o armazenamento precário. Em 1962, John Glenn, o primeiro norte-americano a ir ao espaço, teve como uma de suas principais missões fazer testes sobre os métodos para se alimentar dentro da nave espacial. Ele conseguiu provar que era possível ingerir alimentos em forma de bolo, além de tomar bebidas líquidas. A experiência foi feita com os conhecidos sucos Tang. Se nos primeiros anos a situação era complicada e a alimentação era bem restrita, a partir da segunda metade da década de 1960 a situação começou a melhorar. A partir do projeto Gemini da NASA, as comidas acondicionadas em tubos passaram a ser abandonadas, pois elas não foram bem aceita pelos astronautas. Por isso, foram desenvolvidos métodos de reidratação de alimentos e o revestimento deles com pastas à base de gelatina para evitar o esfarelamento. Com essa nova tecnologia, os astronautas começaram a se alimentar com camarão, frango, vegetais, entre outros alimentos. Entre os anos de 1968 e 1975, começou a ser possível o uso de água quente dentro das espaçonaves e, com isso, os

1959

Primeiros suprimentos eram embalados em frascos que lembravam tubos de creme dental

astronautas puderam preparar seus pratos sozinhos com os ingredientes desidratados que levavam da Terra. Foi nessa época que apareceram as “spoon-bowl”, embalagens que permitiam que eles se alimentassem com o uso de colheres. Graças às evoluções tecnológicas, a alimentação dos astronautas deixou de ser um problema. Hoje as aeronaves já possuem um sistema próprio e seguro para o aquecimento dos alimentos, além de despejar água quente naqueles produtos que precisam de uma preparação especial. Outra novidade de hoje é que a maioria dos alimentos são tratados previamente com radiação ionizante para a completa destruição e bactérias ou vírus que possam causar algum tipo de doença ao serem ingeridos. As bebidas também já contêm tecnologia para serem fornecidas de forma desidratada, em forma de pó, para serem preparadas de forma instantânea antes do consumo. Além disso, outro ingrediente impensável nas primeiras viagens ao espaço estão presentes atualmente, como mostarda e catchup, além de pimenta e sal, tudo feito para que as comidas tenham um sabor similar ao encontrado na Terra.

1962

A sonda soviética Lunik III faz as primeiras imagens da face oculta da Lua.

John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, anuncia planos de conquista da Lua.

1961

1961

1961

1963

Yuri Gagarin se torna o primeiro homem a viajar ao espaço. Alan Bartlett Shepard Jr é o primeiro norte-americano a viajar ao espaço.

Gherman Stepanovich Titov é o astronauta mais jovem a ir em missão espacial, aos 26 anos. Valentina Vladimirovna é a primeira astronauta mulher a ir ao espaço.

A HISTÓRIA DA NASA • 13


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1 A CORRIDA ESPACIAL

Sputnik I, o primeiro satélite a ser enviado ao espaço

As primeiras espaçonaves SPUTNIK I

A sonda espacial Sputnik I foi o primeiro satélite artificial lançado da Terra. Ela tinha formato esférico de aproximadamente 50 cm e pesava 83,6 kg. Como não contava com tecnologia avançada, sua função era transmitir sinais de rádio que poderiam ser recebidos por qualquer estação de rádio no Cosmódromo de Baiknour. A Sputnik ficou em órbita da Terra por cerca de três meses até cair no mar. Seu foguete propulsor, conhecido como R7, foi projetado para ser um lançador de ogivas nucleares durante os primeiros anos da Guerra Fria. Sua principal importância foi que a partir de seu lançamento, se iniciou a Corrida Espacial em busca da conquista do espaço.

PRINCIPAIS FATOS DA CORRIDA ESPACIAL 14 • A HISTÓRIA DA NASA

EXPLORER 1

Em resposta ao sucesso da experiência espacial da União Soviética, os norte-americanos lançaram em 31 de janeiro de 1958, na estação do cabo Canaveral, a Explorer 1, seu primeiro satélite artificial. Seu peso total era de 13,9 kg, ou seja, bem mais leve do que o artefato soviético. Além disso, a Explorer tinha um pouco mais de 2 metros de altura e continha dois transmissores de rádio, conjuntos de baterias, sensores de temperatura externa e interna e detectores de micrometeoritos, uma revolução para a época. Sua principal contribuição foi a detecção dos raios do Cinturão de Van Allen, que são pequenos cinturões de partículas presentes no campo magnético que fica ao redor da Terra e é responsável por uma séria de fenômenos atmosféricos, como os relâmpagos.

1965

Edward Higgins White II é o primeiro astronauta a fazer missões fora da aeronave, em pelo espaço sideral.

1967

O mesmo Edward sofre um acidente fatal durante os testes da Apollo 1 e morre junto com os astronautas Virgil “Gus” Grisson e Roger Chaffee.


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Lançamento da Explorer I, em reposta ao lançamento da soviética Sputnik

Montagem da cápsula da Apollo 11 onde ficavam os astronautas

Vostok 6 Imagem: 304822436 – Crédito: Aleksei Golovanov / Shutterstock.com– Legenda: Primeira aeronave da família Vostok, responsável por levar a primeira mulher ao espaço A Vostok 6 foi a última missão espacial da família de foguetes Vostok e nem por isso deixa de ter sua importância histórica. Foi a bordo da tripulação da Vostok 6 que a astronauta Valentina Tereshkova se tornou a primeira mulher a participar de uma missão e chegar ao espaço. O principal motivo de sua missão era comparar os efeitos das operações espaciais nos organismos de homens e mulheres, por isso, foram lançados ao mesmo tempo as naves Vostok 5 e 6. Graças às fotos tiradas por Valentina, foi possível detectar a camada de aerosol presente na atmosfera da Terra. Na volta à Terra a capsula da Vostok pousou em uma fazenda coletiva nas proximidades da cidade de Baevo, no Cazaquistão, e hoje é ponto turístico do país, onde muitas pessoas vão visitar a estátua em homenagem à primeira astronauta da história.

O mais famoso e bem-sucedido projeto da era da Corrida Espacial, a Apollo 11 foi responsável pela famosa imagem de Neil Armstrong pisando na Lua e junto com Edwin E. Aldrin Jr. ficou a bandeira norte-americana em solo lunar. A missão foi a quinta tripulada do projeto Apollo, que em seu início tem o trágico acidente que vitimou três astronautas, entre eles Edward White II, o primeiro cosmonauta a realizar a “andar” no espaço. A missão partiu da Terra em 16 de julho de 1969 e tinha como destino uma jornada de quatro dias até começar o processo de alunagem – aterrissagem em solo lunar, em 20 de julho – em uma região conhecida como Mar da Tranquilidade, que era uma imensa área plana formada de lava basáltica solidificada, na parte visível da Lua. O processo de aterrisagem foi dificultado por causa de algumas crateras lunares e solo irregular, mas finalmente a Apollo 11 completou a sua missão com a conquista definitiva da Lua e da vitória norte-americana da Corrida Espacial. NASA

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APOLLO 11

1969

Lançamento da Apollo 11, em julho. Finalmente o homem pisa na Lua em missão realizada pelos astronautas Neil A. Armstrong e Edwin E. Aldrin Jr.

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2 FEITOS INCRÍVEIS

CONHEÇA OS CINCOS FEITOS MEMORÁVEIS DA HISTÓRIA DA MAIOR AGÊNCIA ESPACIAL

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A ESTAÇÃO ESPACIAL INTERNACIONAL

O projeto de construção de uma Estação Espacial verdadeiramente Internacional começou a ser desenvolvido em 1998 e contou com a participação conjunta de 16 países. As agências que colaboraram para transformar o sonho em realidade são divididas em dois grupos diferentes, cada um com seu grau de responsabilidade. No primeiro grupo estão as agências parceiras e no segundo, as agências consideradas participantes. No grupo dos países parceiros, se encontram os países que além de fornecerem os componentes para a construção da Estação, também dividem os custos de operação e manutenção dela com a agência norte-americana, a NASA. Além disso, as nações consideradas parceiras contribuem com o envio de astronautas para operarem os equipamentos fornecidos por eles, tendo total autonomia para suas experiências. As agências espaciais desse grupo são: a Agência Espacial Americana (NASA), a russa (Roscosmos), a japonesa (JAXA),

16 • A HISTÓRIA DA NASA

a canadense (CSA) e a da União Europeia (ESA), que representa Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, França, Espanha, Suécia, Alemanha, Reino Unido e Suíça. No segundo grupo estão os países considerados participantes do projeto, que passaram a fazer parte da ISS ao compartilharem obrigações e direitos juntos com alguns dos países parceiros. Apesar de partilharem as obrigações com as agências do primeiro grupo, os países do bloco dos participantes não precisam contribuir para os custos da operação da Estação e nem podem operar os equipamentos que fornecem, pois cabe aos países parceiros a operação das tecnologias oferecidas pelos países com os quais têm contratos de cooperação tecnológica. Hoje, os países considerados do grupo dos participantes do programa espacial da Estação Internacional têm ligação apenas com a NASA. Os dois países que compõem o grupo dos participantes são o Brasil com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Itália com a sua agência internacional espacial (ASI).

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Levar o homem à Lua, iniciar a exploração do planeta vermelho e a criação de uma estação espacial com as principais agências do mundo estão entre os principais eventos da NASA. Confira!

QUAL O OBJETIVO DA ESTAÇÃO INTERNACIONAL? Em virtude de todo o seu tamanho e da tecnologia empregada em sua construção e manutenção, além de contar com a colaboração e interesses de diversos países, não podemos definir que a Estação Espacial Internacional tem apenas um único objetivo, como foram nos casos dos satélites e das primeiras estações espaciais como a russa MIR. Por ter


o uso compartilhado, o projeto precisa englobar uma série de interesses comuns entre todas as nações participantes. Os objetivos da Estação Espacial também vão além da construção de uma estação para a exploração do espaço e compreendem também os interesses geopolíticos e 16 agências que a compõem. Entre os diversos objetivos da ISS, podemos destacar, por exemplo, o principal deles, que é a Exploração do Espaço com o propósito ampliar a experiência e os conhecimentos dos seres humanos sobre o sistema solar. Por isso, uma das obrigações da Estação é realizar pesquisas frequentes que possibilitem a permanência dos astronautas por um tempo cada vez maior em

órbita, além de testar novas tecnologias que possam promover viagens espaciais mais longas e a planetas mais distantes. Ainda no setor tecnológico, mas no campo das pesquisas, é dever da ISS promover pesquisas que visem entender as implicações da microgravidade nas áreas da Física, Química e Biologia, por exemplo. Já para o setor de desenvolvimento, a Estação deve ser capaz de criar novas tecnologias para os voos espaciais e, em consequência disso, encontrar tecnologias que possam ser aplicadas para o aumento da produtividade e da qualidade dos produtos já existentes na Terra. No campo comercial, cabe a ISS estimular o investimento dos setores privados da economia no desenvolvimento das A HISTÓRIA DA NASA • 17


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Astronauta James S. Voss, fazendo pesquisas dentro do módulo Destiny, o principal laboratório da ISS

tecnologias espaciais em diversos campos para promover a melhoria de vida da população na Terra como, por exemplo, a criação de novos materiais mais resistentes, novas drogas, medicamentos, produtos químicos e biológicos.

CARACTERÍSTICAS DA ISS

A Estação Espacial Internacional pode ser definida como um grande laboratório de microgravidade localizado no espaço com uma estrutura composta por 43 componentes que foram sendo acoplados um ao outro com o passar do tempo até darem a ela a forma como conhecemos hoje. A ISS pesa aproximadamente 400 toneladas, com 109 metros de largura, 73 metros de comprimento e mais 20 metros de altura e tem seu custo estimado em mais de US$ 150 bilhões. A sua concepção foi feita para que ela fosse construída com bases em estruturas modulares, pois assim a Estação poderia ser atualizada, modificada ou até mesmo expandida de acordo com as necessidades tecnológicas sem fosse preciso um grande trabalho por parte dos astronautas ou mesmo ter que parar o seu funcionamento em caso de reparo ou atualização, mantendo a ISS funcionando de forma intermitente. O primeiro módulo da Estação Espacial, chamado de Zarya, de fabricação russa, foi lançado ao espaço em 1998, em missão não tripulada e empurrado pelo foguete Próton. Apesar de ser um local para convivência humana, a estação ficou seus dois primeiros anos sem contar com a presença de nenhum astronauta. Só a partir do ano 2000, quando o módulo russo Zvezda foi acoplado à sua estrutura, com equipamentos que possibilitavam a vida fora da Terra é que a estação passou a ser habitada permanentemente por três astronautas, que de tempos em tempos vão se revezando a cada missão que chega lá. A construção da Estação Espacial levou 13 anos para ser concluída: de novembro de 1998 a junho de 2011. Nos últimos 16 anos, já foram realizadas cerca de 40 expedições em direção à Estação Espacial, seja para montagem de novos módulos em sua estrutura, para trocar de tripulação ou para a realização de experiência específicas.

18 • A HISTÓRIA DA NASA

A Estação Espacial é composta por 14 módulos principais, todos eles pressurizados, ou seja, com as condições de oxigênio e pressão atmosféricas necessárias para a sobrevivência do ser humano. Cada um desses módulos tem aproximadamente 1.000 metros cúbicos e cada um deles tem uma função específica, como por exemplo, servir como espaço de laboratório para pesquisas, compartimento de pouso e decolagem de aeronaves, módulos de ligação e passagem e áreas comuns de convivência.

Nava espacial russa Soyuz, acoplada ao módulo de doca da ISS, que permite a entrada e saída de astronautas

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2 FEITOS INCRÍVEIS


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O projeto Apollo, como visto no capítulo anterior, foi o mais audacioso feito pela NASA em seus primeiros anos de existência e levou o homem, pela primeira vez na história, a pisar na Lua. O feito foi realizado por Neil Armstrong em 24 de julho de 1969, porém a conquista foi o resultado de um longo projeto espacial norte-americano iniciado quatro anos antes, tendo somente em sua 11ª viagem conseguido atingir a meta estipulada em 1962 pelo presidente norte-americano John Kennedy. O pouso em território lunar foi realizado às 17 horas e 17 minutos, de acordo com o horário de Brasília e seis horas depois, as primeiras imagens oficiais foram liberadas para milhões de pessoas que estavam ansiosas para verem a história acontecendo. É claro que a conquista da Lua valeu todo o esforço empreendido pela NASA, porém o caminho até o objetivo final não foi nada fácil. Todo o desenvolvimento espacial norte-americano que culminou na expedição da Apollo 11 envolveu o trabalho de mais de 40 mil pessoas de setores como indústria, universidades, centros de pesquisas e mão de obra da própria agência norte-americana. Além da colaboração de todo esse pessoal, o projeto gerou gastos de aproximadamente US$ 136 bilhões e teve que superar diversos contratempos tecnológicos, políticos e alguns acidentes durante suas fases de testes. O projeto Apollo surgiu com o objetivo de concretizar a conquista no espaço em meados da Corrida Espacial e teve em seu início a elaboração de quatro estratégias para conseguir o feito. A primeira delas consistia em fazer o lançamento da espaçonave diretamente à superfície da Lua, porém a ideia foi abandonada porque seria necessário construir um foguete de propulsão muito mais potente do que a tecnologia da época permitia. A segunda estratégia sugeriu o encontro entre dois foguetes, um deles contendo o módulo lunar e o outro um tanque de combustível

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APOLLO 11

que se acoplaria à espaçonave na órbita da Terra e assim eles teriam potência e combustível suficientes para ir à Lua e regressar até a estação de lançamento. Houve também quem sugerisse ideia semelhante à segunda, porém o encontro entre a espaçonave tripulada e o foguete com combustível se daria na superfície da Lua. Porém, nenhuma dessas ideias convenceu o pessoal da NASA, que acabaria por escolher uma quarta estratégia, que seria um meio termo entre a segunda e terceira opções oferecidas. A estratégica escolhida para levar ao homem à Lua determinava que a espaçonave seria composta por dois módulos distintos, sendo eles o Módulo de Comando e Serviço (CSM) e o Módulo Lunar (LM). Dentro do primeiro módulo ficaram os sistemas de suporte de vida para que toda a tripulação pudesse ir e voltar da Lua com segurança, além de um escudo de calor para a reentrada na Terra. Segundo a estratégia, o Módulo Lunar se desprenderia do Módulo de Comando na órbita da Lua e levaria os astronautas até a superfície do satélite. E foi justamente o que aconteceu.

A Apollo 11 momentos antes de ser lançada em direção à Lua

A HISTÓRIA DA NASA • 19


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2 FEITOS INCRÍVEIS A VIAGEM À LUA

Com a estratégia escolhida e toda a tecnologia à disposição, era a hora de começar a planejar como seria o percurso feito e os preparativos para a viagem espacial mais importante da história. Depois de muitos testes tripulados com as aeronaves Apollo 8 e 10, finalmente chegava a hora da viagem final que entraria para a história. Em 16 de julho de 1969, às 9h32 no horário de Brasília, finalmente a Apollo 11 era lançada da base 39 do Cabo Kennedy. A tripulação foi composta por Neil Armstrong, o comandante responsável pela missão, pelo astronauta Michael Collins que ficou responsável por pilotar o Módulo de Comando, e por Edwin Aldrin, o piloto do Módulo Lunar. O lançamento da Apollo 11 foi um sucesso, com tudo correndo conforme o esperado, e após 12 minutos ela já se encontrava na órbita terrestre e depois de se afastar cerca de uma órbita e meia da Terra, foi acionado o último estágio do foguete Saturno V, responsável por colocar a espaçonave na rota de encontro com a Lua. Após meia hora do trajeto em direção ao nosso satélite, o Módulo de Comando se separou do último estágio do foguete, e se uniu ao Módulo Lunar para a última parte do trajeto da missão. Após três dias de viagem pelo espaço, a Apollo 11 passou pela face oculta da Lua e começou a entrar na órbita lunar, iniciando os preparativos para a alunissagem, na região denominada “Mar da Tranquilidade”, uma região que segundo os estudos realizados pela NASA era propício para o pouso, pois era relativamente plana e continua o solo firme. No dia seguinte, em 20 de julho, enquanto a nave passava pela face oculta da Lua, os dois módulos se separaram e o compartimento onde estavam Neil e Edwin iniciou seu processo de descida. Ao chegarem a 15 km da superfície, Armstrong finalmente acionou o comando para que a o Módulo Lunar iniciasse o processo de alunissagem. Ao chegarem a 2 km do solo, Edwin manobrou o ML deixando-o em posição vertical para iniciar o pouso, foi nesse instante que os dois astronautas conseguiram, pela primeira vez, avistar o solo lunar a olho nu.

20 • A HISTÓRIA DA NASA

Módulo de Comando registra o momento em que o Módulo Lunar se prepara para o pouso na Lua

Se até o momento a missão corria perfeitamente dentro do planejado, conforme a aproximação da Lua ia ocorrendo, alguns contratempos começaram a surgir. Quando a espaçonave se encontrava a 100 metros do solo, os astronautas perceberam que o local escolhido para o pouso não era tão plano como todos esperavam, pois havia diversas pedras na região, o que poderia causar algum acidente se eles pousassem lá. Foi então que Armstrong acionou o comando de pouso para o modo semiautomático e após quase dois minutos de apreensão, ele finalmente achou um local mais seguro para o pouso e conseguiu realizar a alunissagem que todos esperavam. E comunicou ao Centro de Controle na Terra que finalmente a Águia, apelido da Apollo 11 que remetia à ave símbolo dos Estados Unidos, tinha pousado na superfície lunar. Uma câmera de TV devidamente preparada e instalada na base do Módulo Lunar permitiu que o público da Terra pudesse presenciar esse momento único na história das viagens espaciais.

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A SONDA PIONEER 10

A Sonda interplanetária Pioneer 10 tem o seu lugar na história dos grandes feitos da NASA porque foi o primeiro artefato espacial criado pelo homem a chegar a outro planeta. O projeto Pioneer tinha em sua 10ª e 11ª missões o objetivo de mapear a atmosfera entre Marte e Júpiter, além de conseguir imagens que pudessem mostrar como eram constituídas as superfícies dos planetas. Lançada em 1972, a Pioneer 10 tinha como principal missão investigar o caminho espacial entre os dois planetas e determinar como era a constituição dos cinturões de asteroides presentes ao redor de Júpiter, pois com os dados coletados, os engenheiros da NASA pretendiam saber quais decisões deveriam tomar ao lançarem a sonda subsequente, a Pioneer 11. Após diversos estudos, a NASA percebeu que devido às características das órbitas de Júpiter e da Terra, haveria a possiblidade de lançar missões espaciais não tripuladas à região, dentro de um espaço de tempo de 13


Arte representando a passagem da Pioneer 10 pela atmosfera de Júpiter

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meses. Por motivos de economia de tempo, combustível e material, a agência decidiu realizar a construção das duas sondas ao mesmo tempo e deixá-las a postos para lançamento dentro da janela temporal estipulada. Com a aprovação do programa espacial conjunto em fevereiro de 1969, ficou definido que a Pioneer 10 seria lançada em direção a Júpiter em fevereiro de 1972 e a sua sucessora, em março de 1973, já com todos os dados sobre os cinturões de asteroides em mãos. Uma das principais preocupações dos especialistas da NASA em relação ao lançamento da Pioneer 10 estava relacionada a eles não saberem ao certo quais os problemas que ela iria enfrentar até chegar a atmosfera de Júpiter. Para eles, o principal problema era em relação aos cinturões de asteroides, localizados no trajeto entre Marte e Júpiter. Eles acreditavam que era grande a possiblidade da sonda sofrer algum tipo de colisão com os pequenos corpos celestes antes de chegar a Júpiter. Porém, para sorte de todos, a Pioneer conseguir transpor a barreira de asteroides sem maiores problemas e conseguiu cumprir a missão de fotografar a órbita de Júpiter. No projeto inicial, a sonda seria colocada em espaço a uma velocidade superior a 50 mil km/h e partiria diretamente a Júpiter sem escalas, em uma missão de deveria durar, no máximo 750 dias, ou seja, pouco mais de dois anos. Em 12 semanas, a sonda já tinha conseguido atravessar a órbita de Marte, a mais de 80 milhões de quilômetros da Terra e, em julho do mesmo ano, ela finalmente chegou ao temido cinturão de asteroides, que segundos os dados enviados, continham desde partículas de poeira até pedaços de rocha do tamanho do Alaska.

Superada a principal preocupação dos engenheiros da NASA, a sonda alcançou Júpiter em dezembro de 1973 com a velocidade estimada de 131 mil km/h. A Pioneer 10 enviou para o centro de controle da NASA, nos Estados Unidos, diversas imagens do planeta e sua atmosfera. A sonda também foi responsável por registrar os cinturões de radiação e localizar os campos magnéticos em torno do planeta, além de evidenciar que Júpiter, diferente do que pensavam os cientistas, é um astro predominantemente líquido.

PERDIDA NO ESPAÇO

Se nas projeções iniciais da NASA, a missão total da Pioneer 10 deveria durar, entre a ida ao espaço e o retorno à Terra, de 21 a 25 meses, a história real se mostrou diferente. Ao invés de desacelerar, a Pioneer, se aproveitando de força gravitacional seguiu espaço adentro para bem adiante de Júpiter em direção à estrela de Aldebarã, na constelação de Touro e se tornou o

primeiro artefato espacial a romper o sistema solar no qual estamos inseridos. Já passados mais de 50 anos de seu lançamento e quase 20 desde que sua missão foi encerrada e a Pioneer ainda continua viajando pelo espaço. De acordo com os engenheiros da NASA, a última mensagem recebida pela equipe foi em 22 de janeiro de 2003. Eles acreditam que a falta de contato atualmente se deve ao fato da queda de energia da fonte de alimentação da sonda e que, devido a isso, ela não teria condições suficientes para se comunicar com o centro de controle da agência na Terra, impossibilitando que os cientistas tenham uma localização exata do artefato. O último contato em que a NASA pôde rastrear a Pioneer foi em abril de 2002 e ela já se encontrava distante do sistema solar. O programa da Pioneer só foi oficialmente declarado terminado em março de 1997 e a sonda foi encaixada dentro dos projetos de tecnologias de comunicação desenvolvidos pela A HISTÓRIA DA NASA • 21


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2 FEITOS INCRÍVEIS

agência norte-americana. De acordo com seu último sinal de telemetria, em 2002, a sonda estava localizada a mais de 12 milhões de quilômetros da Terra, que para comparação, daria 82 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Além de ter sido o primeiro artefato espacial produzido a chegar a Júpiter, outros fatos marcantes colocam a Pioneer 10 entre os principais feitos da história da NASA. Onze anos após o seu lançamento, a sonda atingiu a órbita de Plutão, o mais distante do sistema solar, ajudando os engenheiros da agência a entenderem o funcionamento dos ventos solares e dos raios cómicos. O projeto da Pioneer foi tão inovador para a época, que tanto em sua estrutura de aproximadamente três metros de comprimento e com peso calculado de 258 kg, quando na de sua sucessora, a Pioneer 11, foram fixadas placas de alumínio folhados a outro com diagramas contendo as coordenadas de localização da Terra e desenhos de um homem e uma mulher, caso alguma das duas sondas fossem interceptadas por qualquer tipo de vida inteligente durante sua jornada espacial. A Pioneer 10 foi considerado até fevereiro de 1998 o objeto fabricado pelo homem que tinha percorrido a maior distância no espaço, até ser superado pela sonda Voyager, que ultrapassou a última marca registrada pela NASA para a missão exploratória da Pioneer 10. Até julho de 2001, a Pioneer havia percorrido mais de 11,83 bilhões de quilômetros da Terra e viajando a uma velocidade de 12,24 km2 em relação ao Sol.

A Pioneer 10 em sua plataforma de lançamento para uma viagem que ainda não terminou

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MISSÃO “MARS PATHFINDER”

A Sonda interplanetária Pioneer 10 tem o seu lugar na históA missão espacial chamada “Mars Pathfinder” lançada pela NASA em 1996 teve como objetivo levar um robô ao planeta vermelho para fazer estudos sobre as características do solo de Marte. O projeto faz parte de uma das primeiras missões da série NASA Discovery e sua principal característica era usar a mobilidade do Sojourner, um veículo (Rover) que tinha mobilidade para circular pelo território irregular de Marte e que podia levar acoplada uma série de instrumentos de medição que possibilitariam aos cientistas da NASA estudar com maior propriedade os solos de planetas mais distantes. Por ter um tamanho relativamente pequeno, o Pathfinder só pôde carregar em sua carroceria uma câmera estereoscópica com filtros espectrais, uma câmera de raio-X chamada Alpha Próton e um instrumento para coleta de informações da estrutura atmosférica do planeta. O Sojourner foi lançando no dia 4 de dezembro de 1996 e, segundo estimativas da NASA, demoraria entre 6 a 7 meses para conseguir atingir o solo marciano, sendo controlado à

22 • A HISTÓRIA DA NASA

Pathfinder em ação coletando dados o irregular solo marciano

distância por uma espécie de controle remoto. O processo de viagem pelo espaço ainda iria exigir uma série de quatro manobras de correção de rotas, que seriam ajustadas em pleno voo para que ele chegasse com segurança ao local de pouso estipulado. Essas correções de rotas foram feitas por meio de um constante rastreamento feito por telemetria dos dados que a sonda enviava para o centro de controle da NASA. O plano de pouso também estava definido, assim que o artefato chegasse a Marte, em 4 de julho de 1997. Após entrar na atmosfera, ele iria liberar os paraquedas, desligar o sistema de propulsão por foguetes e acionar o sistema de airbags para que a aterragem não causasse nenhum dano aos sistemas de medição


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que a sonda levava. Essa foi a primeira experiência da NASA em relação a esse sistema de pouso, pois até então ela usava o sistema repuxo dos foguetes. O local onde a Pathfinder pousou, na planície de Ares Vallis, no hemisfério norte de Marte, foi batizada como Estação Memorial Carl Sagan, em homenagem ao famoso astrofísico e cosmólogo, que faleceu poucos dias depois do lançamento da missão para Marte. Já o nome de Sojourner é uma homenagem à ativista pelos direitos civis Sojourner Truth, morta em 1883. Entre o seu desembarque até a sua última transmissão realizada em 27 de setembro de 1997, a Mars Pathfinder enviou para a Terra aproximadamente 2,3 bilhões de bits em informação, sendo mais de 16.500 imagens da sonda e 550 imagens do veículo circulando pela superfície de Marte. Além disso, o Centro de Controle da NASA recebeu mais de 15 análises químicas completas sobre as rochas, solo e dados sobres ventos e fatores climáticos encontrado no planeta vermelho. Os resultados obtidos por essa expedição, tanto pela sonda quando pelo rover, levaram os cientistas da NASA a sugerirem que Marte era um planeta que em seu passado tinha o clima bastante quente e úmido com direito a água em estado líquido.

AS DESCOBERTAS EM MARTE

A primeira missão realizada em solo marciano propiciou aos cientistas da NASA terem indícios de todo o processo de formação do planeta vermelho. O primeiro objeto analisado pela Sojourner foi a composição da “Barnacle Bill”, uma rocha que foi encontrada a poucos metros do local de pouso da Pathfinder. O rover utilizou a câmera Alfa Próton X-Ray Spectrometer (APSX) para vasculhar os elementos contidos dentro da rocha e descobriu que dentro dela havia uma quantidade considerável de sílica, elemento oxigenado encontrado com muita frequência em minerais e regiões arenosas e muito utilizando da fabricação de vidros, por exemplo. A presença desse tipo de elemento químico na rocha encontrada em Marte dá grandes indícios de que houve atividade térmica na região e com base nos estudos complementares sobre a composição da “Barnacle Bill” os cientistas na acreditam que o planeta vermelho possa ter uma formação geológica bem parecida com a da Terra, uma hipótese que antes era descartada. Apesar da grande contribuição do APSX, os especialistas da NASA conseguiram extrair mais informações sobre a formação do astro por meio das imagens capturadas pela sonda, que mostravam formas arredondadas nas laterais das rochas e das pedras espalhadas pelo local de aterragem da Pathfinder, o que indicava que houve, de algum modo, movimentos diferentes que empurraram o solo marciano em diferentes direções. Esses movimentos diferentes da superfície e das pedras encontradas são um forte indício de que Marte era um planeta muito mais rico em água do que as amostragens das fotográfica sugeriram, pois se acreditava que a única região com água era o vale onde a sonda pousou, pois ele teria sido formado por meio de uma grande inundação. A expedição não possibilitou apenas que a NASA analisasse as condições atuais e tivesse indícios da formação da superfície marciana. Por causa das imagens enviadas pela sonda e dos dados coletados, foi possível também entender um pouco como é formada a sua atmosfera. Enquanto a Pathfinder coletava dados e fazia a análise do solo, a Sojourner tirava fotos do céu e dos arredores do planeta nos diferentes sóis que duraram a expedições. Vale explicar que o aparecimento do

“Barnacle Bill”, a rocha que serviu de referência para os estudos sobre a formação de Marte

A HISTÓRIA DA NASA • 23


Sol era a unidade escolhida para medir a duração do tempo da expedição. Por exemplo, uma imagem do pôr do Sol 24, mostra que a cor azulada do céu, o que significa que há uma intensa dispersão de poeira das formações na atmosfera do planeta. As fotos capturadas entre os sóis 10 e 86 mostraram que os ímãs da Pathfinder estavam cobertos de

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2 FEITOS INCRÍVEIS

poeira, o que significou para os cientistas da NASA que a poeira da superfície marciana contém alta carga magnética, o que segundo eles, foi um dos fatores que levaram a Sojourner a parar de enviar dados para a Terra, pois o acumulo de poeira magnética teria causado o descarregamento das baterias do artefato espacial. Durante todo o período em que durou a missão “Mars Pathfinder” o rover rodou mais cerca de 100 metros, sendo que nunca uma distância superior a 12 metros por Sol.

Pôr do sol em Marte registrado pela Sojourner

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O TELESCÓPIO ESPACIAL KEPLER

Telescópio Kepler ainda em fase de construção

24 • A HISTÓRIA DA NASA

A Sonda interplanetária Pioneer 10 tem o seu lugar na histLançando em 7 de março de 2009, o telescópio espacial Kepler foi ao espaço com um objetivo bem claro: encontrar planetas com características semelhantes à Terra e onde houvesse possiblidade de existência de vida, além de orbitar estrelas situadas em galáxias vizinhas. A missão de que o Kepler faz parte foi a primeira da NASA com o objetivo de detectar em outras galáxias planetas rochosos que tenham condições de vida semelhantes às encontradas aqui, ou seja, que tivessem a temperatura da atmosfera adequada, e manter água em estado líquido na superfície, a primeira condição de vida básica para os seres humanos. O telescópio Kepler faz parte do projeto NASA chamado Discovery 10 e foi projetado com o único propósito de descobrir planetas com tamanho semelhante à Terra dentro ou próximo da região da Via Láctea e detectar quais deles se encontram em zonas habitáveis dentro de seu sistema planetário. Para a NASA, o resultado dessas pesquisas, que teriam duração de aproximadamente três anos, permitiriam entender e colocar o nosso sistema solar dentro do modelo de diversos sistemas planetários que compõem a galáxia. Além desses objetivos mais genéricos, no que diz respeito à área cientifica, o envio da missão Kepler tinha também objetivos específicos, como determinar a distribuição de tamanhos e formas das órbitas dos planetas encontrados, estimar a quantidade de planetas existentes em sistemas de múltiplas estrelas, determinar a variedade do tamanho das órbitas, o


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Arte conceitual sobre a expedição da Kepler no Espaço

tamanho de massa e densidade dos planetas considerados gigantes, identificar a existência ou não de membros adicionais em caso de novo sistema planetário e determinar as propriedades das estrelas maiores, similares ao Sol, nesses novos sistemas encontrados. A expedição do Kepler tinha também como objetivo secundário mapear as demais galáxias e coletar dados que serviriam como ponto de partida para outras missões da NASA, dentro do projeto Origins, como a missão Terrestrial Planet Finder (TPF), que pretende explorar planetas com as mesmas características da Terra. Para atingir essa meta, era importante que o artefato coletasse as seguintes informações: identificasse as características similares às nossas em possíveis estrelas hospedeiras para futuras pesquisas, definisse o volume e do espaço necessário para a futura expedição e guardasse as coordenadas que permitissem ao sistema da NASA reconhecer os planetas terrestres determinados como alvos das próximas missões. A metodologia adotada pelos cientistas da NASA para determinar o tamanho e as condições de vida dos planetas descobertos pela Kepler era, primeiramente, medir o tamanho da órbita do planeta, que é calculada pelo tempo que o planeta demora para orbitar em torno da principal estrela da galáxia, em seguia era determinado o tamanho do planeta, calculando sobre a quantidade de radiação aquele planeta recebe da estrela. O último e, talvez o mais importante passo, era calcular a temperatura do planeta, que era feito por meio de uma equação em que leva em consideração

Ilustração destaca as principais características do Kepler 10, primeiro planeta encontrado fora do sistema solar

a relação do tamanho da órbita do planeta e da temperatura da estrela. Se os cientistas chegassem à conclusão de que a temperatura é amena, seria um sinal que aquele planeta era plenamente habitável por seres humanos. O telescópio Kepler está atualmente em uma missão chamada K2, para estudar supernovas, aglomerados estelares e galáxias distantes.

O KEPLER E SUAS DESCOBERTAS

A primeira descoberta foi divulgada em janeiro de 2011, quando os cientistas da NASA confirmaram a existência de um planeta rochoso fora de nosso sistema solar e que foi batizado de Kepler 10-B, em referência à sonda e à estrela do outro sistema chamado de Kepler. O novo corpo celeste mede 1,4 o tamanho da Terra, sendo o menor planeta já visto fora do nosso sistema solar. A confirmação da existência dele demandou mais de oito meses de pesquisa dos dados enviados pelo telescópio e foi feita entre maio de 2009 e janeiro de 2010. No mês seguinte, em fevereiro de 2011, foi anunciada a descoberta de uma estrela batizada de Kepler 11, distante a 2 mil anos-luz da Terra e que tem características similares ao Sol. Dentro desse sistema planetário, o telescópio encontrou ainda outros seis planetas que giram em torno da Kepler 11 e que variam entre 2,4 e 13,5 vezes a massa do nosso planeta, sendo os maiores com tamanhos similares a Urano e Netuno. Entre o final de 2010 e o começo de 2011, o telescópio encontrou o que até então seria a sua principal descoberta. Batizado com o nome de

planeta Kepler 22b, o astro rochoso tem características muito semelhantes às encontradas na Terra, inclusive com uma vasta zona habitável e com condições favoráveis ao surgimento e manutenção da vida. Em números gerais, até 2013, quando o telescópio deixou de fazer explorações de transições para a descoberta de novos planetas e passou a procurar por supernovas e aglomerados estrelares em outras galáxias, ele havia descoberto aproximadamente 5 mil exoplanetas, ou seja, planetas fora de nossa galáxia, sendo que, de acordo com números da NASA, mais de 2.325 têm sua existência confirmada e que, desses, aproximadamente 1.300 são confirmados como realmente planetas, enquanto os demais, apesar de todos os indícios, ainda precisam de uma confirmação oficial. Em maio de 2016, os cientistas responsáveis por analisarem os dados enviados pelo telescópio, revelaram que ele havia encontrado, no último ano da missão, aproximadamente 500 planetas com tamanho semelhante ao da Terra. De todos esses, nove orbitam em regiões consideradas como zona habitável em relação a suas estrelas. Entre esses nove planetas, um deles chamou a atenção dos especialistas da NASA, pois é o que tem a dimensão quase do mesmo tamanho do nosso planeta e segundo os dados analisados, sua rotação em torno da principal estrela dura 380 dias, pouco mais do que a Terra leva para circundar o Sol. Pelo jeito, está cada vez mais próxima a descoberta de outras formas de vida no universo. A HISTÓRIA DA NASA • 25


2 FEITOS INCRÍVEIS

Aspectos Externos do Módulo Lunar O Módulo Lunar da Apollo 11, responsável por levar o homem à Lua, era relativamente pequeno, pois possuía 6,37 metros de altura e apenas 4,27 metros de diâmetro, ou seja, com todos os equipamentos que tinha a bordo, sobrava um espaço bem justo e nada confortável para os dois astronautas.

MÓDULO DE DESCIDA

A parte inferior da Módulo Lunar é conhecido como módulo de descida, que é composto por um Rover (porta) e por mais quatro instrumentos de pouso, também conhecidos como pernas, que como você pode ver na imagem, e são responsáveis por dar todo o equilíbrio necessário para que o Módulo Lunar possa alunissar.

O trem de pousou localizado na parte da traseira do módulo de descida se estende por baixo do módulo até a escotilha localizada na parte frontal da espaçonave e serve também como escada para que os astronautas possam descer à Lua e posteriormente retornar à nave.

26 • A HISTÓRIA DA NASA

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As pernas do módulo são compostas por um suporte principal com mecanismo de reforço e bloqueio, além de um reforço na parte inferior de material deformável para absorver o impacto do artefato com o solo Lunar.

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A base inferior é feita de uma liga especial de alumínio, em formato octogonal com as medidas de 3,22 metros de altura (com as estruturas de pouso) e seu diâmetro mede 4,29. Dentro da estrutura ficam as baterias responsáveis por gerar toda a energia do Módulo Lunar, os equipamentos científicos e balões de oxigênios reservas.

Diagrama com as informações sobre as características externas do Módulo Lunar


MINÚSCULO

O compartimento interno destinado a abrigar a tripulação media apenas 234 cm de diâmetro e ocupa a parte da frente da cápsula de transporte, de onde os astronautas só tinham duas janelas triangulares para olhar para fora da espaçonave. Com o intuito de economizar peso, a NASA não colocou assentos no compartimento, obrigando os astronautas a ficarem de pé.

PARTE EXTERNA

Na parte superior externa do Módulo Lunar ficam localizadas as antenas responsáveis por toda a transmissão de dados e a comunicação entre o Módulo Lunar, o Módulo de Comando e Serviço e a Centro de Controle da NASA na Terra.

COMPARTIMENTO DE CARGAS

Na parte traseira da cápsula de sobrevivência, há um compartimento despressurizado destinado a guardar os instrumentos eletrônicos de manutenção da espaçonave e os balões de oxigênios que são usados pelos astronautas fora da nave.

CÁPSULA DE TRANSPORTE (STAGE RISE)

A stage rise, é como é chamada a parte superior do Módulo Lunar, contém a cabine onde fica a tripulação, todos os sistemas eletrônicos de controle da espaçonave e os foguetes responsáveis por fazer o veículo subir da superfície lunar até encontrar o Centro de Comando.

MOTORIZAÇÃO

O motor do módulo do Módulo Lunar funcionava abastecido por um combustível líquido preparado com uma mistura líquida de hidrazina e dimetil-hidrazina assimétrica, que é responsável por gerar a combustão que faz o foguete funcionar e não causa faíscas.

A HISTÓRIA DA NASA • 27


3 OS SEGREDOS DA NASA

MUITO ALÉM DAS DESCOBERTAS Nos mais de 60 anos de existência, a agência norte-americana coleciona diversas teorias sobre os segredos que esconde da população

A

história da NASA não é só feita de grandes expedições e descobertas espaciais, ela também registra alguns casos curiosos e, em alguma medida, sem nenhuma explicação por parte da agência militar norte-americana. A principal e mais emblemática delas é a famosa Área 51, que além de ter a sua localização escondida até poucos anos atrás, suas operações internas sempre são questionadas pela comunidade cientifica e por ufólogos, pois muitos deles acreditam que em seu interior haja exemplares de vidas extraterrestes guardados sob total sigilo. A Área 51 é tão mística na mente da população mundial que a sua existência já rendeu muitos filmes desde a metade da década passada. A famosa área militar permaneceu sem confirmação oficial de sua existência e localização até meados de 1994, quando o governo dos Estados Unidos finalmente reconheceu sua existência e sua localização. A base militar mais famosa do mundo fica localizada no Estado de Nevada, famoso pelos cassinos da cidade de Las Vegas. A região onde se encontra a Área 51 também é conhecida como Terra da Fantasia ou a Fazenda, devido à sua enorme extensão em meio ao deserto na região Oeste dos Estados Unidos, na região de Groom Lake, aproximadamente a 170 km ao norte de Vegas. De acordo com a NASA, o complexo existe desde a Segunda Guerra Mundial e serve de local para testes e criação de armamentos de algo grau tecnológico, e por isso sua localização permaneceu secreta por tanto tempo. Após a agência norte-americana assumir a sua existência, diversos ufólogos – pessoas aficionadas por óvnis e extraterrestres – começaram a levantar outras questões referentes ao complexo e às atividades exercidas em seu interior. As principais questões levantadas por ufólogos, após a confirmação da existência da Área 51, dizem respeito a quando o governo norte-americano vai realmente admitir ou relevar se há ou não espécies alienígenas no local e se o número 51 que nomeia a base é um número aleatório ou se é referente a uma série de complexos iguais que 28 • A HISTÓRIA DA NASA

foram construídos por todo os Estados Unidos. Estima-se, segundo especialistas, que o complexo que abriga a Área 51 é composto por prédios subterrâneos com mais de 20 andares. Em fotos recentes tiradas pela empresa TerraServer, é possível ver o que seriam as entradas secretas do complexo, dentro de um terreno de mais de 1,5 mil km². Uma das atividades ligadas à Área que a CIA confirma terem ocorrido na região foi o desenvolvimento do caça U-2. Ela usou a região para realizar testes de voos em uma área


ShutterStock

Região desértica de Nevada, local onde se encontra a ex-secreta Área 51

ShutterStock

considerada pelo governo como segura e secreta. Ainda de acordo com os documentos oficiais da agência de inteligência, o complexo foi usado durante a Segunda Guerra para o desenvolvimento e testes de um vasto arsenal usado na artilharia aérea do exército norte-americano. Outros modelos desenvolvidos no local foram o avião-espião Lockheed U-2, o SR71 Blackbird (o avião mais rápido da história) e o F-117 Nighthawk, o primeiro avião “invisível” aos radares a entrar em operação. A HISTÓRIA DA NASA • 29


3 OS SEGREDOS DA NASA

VOCÊ SABIA?

A faixa do terreno conhecida como Área 51 teve seu nome mudado pela primeira vez pelo engenheiro aeronáutico, Clarence “Kelly” Johnson, da empresa Lockheed, que decidiu chamar a região desértica de Nevada como “Paradise Ranch”, sendo encurtado posteriormente para o Ranch. A ideia era fazer com que o nome soasse mais atraente para todos os trabalhadores e pilotos que trabalhavam nas instalações subterrâneas.

WATERTOWN

O QUE DIZ A NASA? 30 • A HISTÓRIA DA NASA

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Além do nome oficial, a Área 51 também aparece nas documentações oficiais das empresas que prestavam serviço no complexo militar com o apelido de Watertown. Primeiramente se dizia que o nome era uma referência à cidade de mesmo nome e que era o local de nascimento de Allen Dulles, um alto diretor da CIA. Porém, segundo registros divulgados pela própria agência, o nome é referente ao movimento de escoamento das água das chuvas que corriam das montanhas próximas e inundavam o Groom Lake. Diversos gerentes de projetos se referiam às instalações secretas como “Watertown Strip.”

Um dos casos mais famosos da história ligados à Área 51 é o Caso Roswell. Toda a história que intrigou pessoas, especialistas, ufólogos e até gerou diversos filmes em Hollywood começou em 7 de julho de 1947 na cidade de Albuquerque, no Estado do Novo México, Estados Unidos. Nesta data, Lydia Sleepy, uma operadora da estação de rádio Koat atendeu o telefonema do repórter Johnny McBoyle da rádio KWS de Roswell dizendo que havia uma notícia em primeira mão. Segundo relato dele, um disco voador tinha acabado de cair nas proximidades da cidade de Roswell e que ele tinha visto o incidente. McBoyle inclusive disse que o óvni tinha a aparência de uma grande frigideira amassada e que um agricultor teria, com seu trator, arrastado a espaçonave para dentro de um abrigo para gados. Pronto! A partir de então começaram a surgir diversas teorias sobre o que havia ocorrido na cidade de Roswell e qual seria o destino da espaçonave e dos extraterrestres que a pilotavam. A principal teoria até hoje afirma que tanto os ETs quanto a nave estariam guardadas sob total sigilo dentro das instalações da Área 51, onde o governo norte-americano faria diversas experiências para descobrir o funcionamento das tecnologias dessas civilizações mais avançadas. Shutterstock

Além de criar o nome Ranch, Clarence Johnson foi um dos designers responsáveis pelos aviões conhecidos como Blackbird

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CASO ROSWELL E A ÁREA 51

Placa de boas-vindas na cidade de Roswell, Novo México

Para a NASA, a história de alienígenas em Roswell não passa de folclore


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Reprodução de um corpo alienígena vítima do famoso incidente, no International UFO Museum and Research Center na cidade de Roswell

O QUE DIZEM OS UFÓLOGOS? Desde 1947 até dos dias de hoje há uma legião de fãs e ufólogos que acreditam na existência de vida inteligente fora da Terra que afirmam que o governo norte-americano mantém espécies de extraterrestes na Área 51 para motivos de estudos. Ancorados nos relatos de diversas pessoas que diziam terem visto objetos voadores não só na região de Roswell, mas também em diversas outras regiões do país, a crença dos estudiosos cada vez mais se reforçava no sentido de que, sim, havia acontecido contato de extraterrestes com o nosso planeta e que as forças armadas do governo faziam de tudo para esconder esses acontecimentos. Apesar de diversas teorias sobre o que realmente ocorrido no Estado do Novo México, todas Se do lado dos ufólogos e estudiosos há a crença de que houve, sim, um caso de experiência extraterreste envolvendo a cidade de Roswell e, posteriormente, as instalações militares secretas da Área 51, para o governo norte-americano a história não passa de folclore e é bastante diferente. Entre os anos de 1947 e 1994 o governo continuou apenas a negar tanto a existência da Área 51 como a existência de conteúdo alienígena em suas bases secretas, porém, sem a divulgação de nenhuma documentação. No entanto, o governo foi obrigado a divulgar uma

elas convergem em um sentido: que os destroços encontrados em Roswell seriam realmente de uma nave alienígena e que o governo norte-americano, ao identificar os destroços como sendo de uma nave extraterreste, teria começado uma ampla campanha de desinformação para negar o fato e desacreditar os depoimentos das pessoas para acobertar a existência dos destroços e os levado para a secreta Área 51 para pesquisas e análises de seus especialistas. Apesar de fontes oficiais sempre afirmarem que o objeto voador era na verdade um balão meteorológico de testes, entusiastas e pesquisadores de vida extraterreste e de UFOs continuam acreditando que o que houve em Roswell foi a aparição de uma espaçonave alienígena.

documentação oficial sobre o caso em 1994 a pedido do congressista Steven Schifft, eleito pelo novo México e que fez petição oficial ao congresso. O governo então divulgou dois relatórios. O primeiro deles, em 1994, chamado “O relatório Roswell: a verdade diante da ficção no deserto do Novo México”, que destaca que os destroços encontrados em Roswell seriam referentes ao projeto Mogul, um experimento secreto para tentar detectar possíveis testes nucleares soviéticos, onde foram colocados detectores de baixa frequência em balões

meteorológicos. O segundo relatório, lançado em 1997, chamado “O incidente de Roswell: caso encerrado”, falava sobre a possiblidade das atividades alienígenas e dizia que os tais corpos alienígenas encontrados por testemunhas seriam, na verdade, bonecos de testes do projeto High Drive e eram semelhantes aos atuais protótipos usados em testes da indústria automobilística. Na época do ocorrido em Roswell os bonecos eram usados para testar sistemas de injeção das cabines de aviões e para os projetos de espaçonaves da NASA. A HISTÓRIA DA NASA • 31


3 OS SEGREDOS DA NASA

Área 51 nas telas do cinema Todo o mistério envolvendo a Área 51 e a presença de corpos alienígenas sempre foi uma forte fonte de inspiração para filmes de Hollywood. A seguir, você conhecerá alguns deles.

INDIANA JONES: O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (2008)

Indiana Jones foi um dos personagens do cinema a “conhecer” o interior da Área 51

HANGAR 18 (1980)

Um dos primeiros filmes de Hollywood a fazer referência é o Hangar 18. O filme, um misto de ação e ficção científica, dirigido por James L. Conway, conta a história de um grave acidente envolvendo um satélite norte-americano, que em uma missão colide com um óvni (objeto voador não identificado). Após a colisão, a tal espaçonave alienígena faz um pouso de emergência em uma área do deserto de Arizona – qualquer semelhança com o caso Roswell não é mera coincidência. As menções não param por aí. Por exemplo, por questões políticas a Casa Branca, centro do governo dos Estados Unidos, decide esconder a história e os restos do óvni são levados para uma instalação secreta chamada Hangar 18. Ou seria Área 51?

HOMENS DE PRETO (1997)

Outro filme sobre invasão alienígena que faz referência às instalações militares secretas do governo dos Estados Unidos. Diferentemente de Independence Day, no qual o ataque à Terra aconteceria por meio de umas diversas naves, nessa aventura com Will Smith (de novo) e Tommy Lee Jones, os dois agentes especiais eram encarregados de descobrir e prender/matar alienígenas que já estavam presentes na Terra disfarçados de seres humanos. A referência à tal base aparece na sala de teste e onde o ainda civil Will Smith passa por um interrogatório. Vale lembrar que também nessa base ultrassecreta há diversos exemplares de extraterrestes.

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INDEPENDENCE DAY (1996)

Ator Bill Pullman interpreta o presidente dos Estados Unidos no primeiro filme da franquia

32 • A HISTÓRIA DA NASA

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Até nos filmes do famoso arqueólogo há referências à famosa base militar secreta do governo norte-americano. Apesar da história se passar na região conhecida como Eldorado, na região das linhas de Nazca, no Peru, e a busca pela caveira de Cristal, que seria uma representação do esqueleto de uma civilização alienígena, o começo da história passa no começo de 1957, quando Indiana Jones é sequestrado pelos soviéticos e levado para uma base militar, onde um tal “Hangar 51” guarda segredos e potentes armas da humanidade. No caso do filme, foi no tal depósito que o governo dos Estados Unidos guardou a poderosa “Arca da Aliança”.

Quem não lembra que no primeiro filme da franquia, lançado em 1996, Will Smith e Bill Pullman salvam o mundo de uma grande invasão alienígena, com direito a uma nave mãe que cobre boa parte da Terra? No filme blockbuster dirigido por Roland Emmerich e com grande elenco, a referência à Área 51 aparece quando o então presidente dos Estados Unidos, após um intenso ataque mundial dos alienígenas, pousa em uma base secreta militar muito semelhante ao que seria a famosa Área 51 e acompanha todo o desenvolvimento tecnológico e da missão que será responsável por nos livrarem de nos tornarmos escravos de uma inteligência superior. Além da estrutura física, a referência se dá no aparecimento de centros de pesquisas e também há três cadáveres alienígenas conservados em uma ala da base secreta. Lembram-se de que uma das teses é que o governo norte-americano havia escondido na base militar os ETs mortos na queda de uma espaçonave em Roswell? Pois é....


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Sonda Viking 1, responsável por fazer as primeiras imagens de Marte

pois eles acreditam que a combinação dos elementos da radiação ultravioleta acaba saturando a superfície e o solo do planeta e, por consequência, acaba por inviabilizar qualquer formação de organismos vivos na superfície. A NASA, porém, diz que qualquer definição sobre a existência ou não de vida no planeta em um passado distante permanece sem nenhuma conclusão.

PROGRAMA VIKING

O programa Viking corresponde a duas sondas envidas pela NASA em direção a Marte em 1976 e os resultados obtidos em suas pesquisas também são recheados de mistérios. A missão foi a primeira lançada em direção ao planeta vermelho e tinha como meta fotografar o máximo possível de imagens para que os especialistas da agência pudessem identificar as principais características dele. O que se conseguiu identificar nessa primeira missão do que NASA considerou como Jornada para Marte foram indícios de água no Planeta. A sonda ficou na órbita de Marte por seis anos e seu projeto foi desativado em 1982, depois de render diversas imagens bem nítidas da atmosfera marciana. Além da captura da imagem, os demais objetivos das sondas Viking 1 e 2 eram tentar caracterizar a composição da superfície de Marte e, quem sabe, encontrar indícios da existência de vida no planeta vermelho. Foi esse último objetivo que rendeu todo o mistério da missão Viking. Em 2000, o professor de farmacologia da Universidade Americana da Escola Caribbean of Medicine, Joseph Miller, solicitou à NASA dados biológicos das experiências da Viking para realizar os seus estudos. Ele queria analisar os dados coletados pelas duas sondas para ver se a equipe da NASA não havia deixado passar algum dado quando

foram feitas as primeiras análises dos dados enviados pela Sonda. As conclusões de Miller revelaram que os dados do Programa Viking oferecem provas da existência de vida em Marte. Nos dados analisados, ele levantou a hipótese de a sonda ter encontrado nas amostras de solo marciano micróbios que provavelmente teriam capacidade de metabolizar os nutrientes do solo e liberar dióxido de carbono ou gás metano, o que indicaria a capacidade do micróbio realizar metabolismo semelhante às espécies encontradas na Terra.

ENTÃO, EXISTE VIDA EM MARTE?

Todas as teorias da descoberta da vida em Marte a partir das viagens das sondas do projeto Viking acontecem devido às diversas análises dos dados encontrados na superfície do planeta vermelho. Alguns biólogos e cosmólogos, como Carl Sagan, após analisarem os dados sobre das viagens das sondas, acreditavam que era possível a existência de vida em Marte. Sagan afirmou que os resultados obtidos com as amostras de dois locais diferentes da superfície de Marte deram positivo para a existência de condições para a existência da vida, porém a NASA nega que os resultados são conclusivos. De acordo com ela, os biólogos que participaram da missão detectaram que Marte é um planeta auto-esterilizável,

O QUE A NASA ESCONDE? Com a revelação de que a missão Viking tinha detectado um possível rosto humano retratado no solo de Marte, tanto a comunidade científica quanto os ufólogos começaram a criar diversas teorias de que a NASA estaria escondendo os dados verdadeiros sobre a missão ao planeta vermelho e sobre uma a concreta existência de uma civilização inteligente na superfície marciana. Uma das teorias era que a tal civilização que aparecia retrata viveu em Marta em um passado distante e que acabou, por algum motivo migrando para a Terra. Os defensores dessa tese partiam do ponto que havia semelhanças entre o formato do rosto encontrado em Marte, com as formações encontradas nas pirâmides do Egito. Vale lembrar que essa teoria ganhou força entre o final da década de 1970 e meados da década de 1980, principalmente em virtude de vários relatos de abdução e contatos diretos com extraterrestes, que foram usados à exaustão pela mídia e comunidade científica para espalhar e comprovar essa tese.

A HISTÓRIA DA NASA • 33


3 OS SEGREDOS DA NASA

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Alô, tem alguém aí?

A famosa imagem da face humana em solo marciano

Além dos dados das bactérias fotografadas em território marciano, um assunto que intrigou especialistas durante muitos anos foi a imagem do que seria um rosto humano. A famosa imagem do solo com o formato de um rosto humano foi uma das primeiras fotos tiradas pela sonda Viking em 25 de julho de 1976 e causou enorme alvoroço na comunidade ufóloga no mundo. A imagem se refere à região norte da planície do planeta, que fica em uma zona que os especialistas da NASA definem como um local de transição entre as regiões norte e sul do planeta vermelho e cheia de crateras e planícies. A descoberta da imagem que mexeu com o senso comum de muitas pessoas foi feita por dois engenheiros de computador da NASA, e seus nomes são Vincent DiPietro e Gregory Molenaar. A descoberta aconteceu quando os dois engenheiros vasculhavam imagens dos arquivos enviados pela Viking, adquiridos em 1976 e que correspondiam a dois filmes diferentes tirados em momentos distintos do voo feito pela sonda. Na primeira imagem, a 35A72 e que foi definida pelo chefe da NASA responsável pela missão Viking como sendo uma ilusão de ótica, pois o rosto seria um efeito de luz e sombra que desapareceu em outras imagens tiradas pela sonda. Porém a segunda imagem, tirada após a Viking orbitar 35 vezes por marte mostra o mesmo rosto em uma foto tirada de um ângulo diferente.

O FIM DA TEORIA

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No final do século passado, em 1998, outra sonda foi enviada a Marte e, por fim, os mistérios e as teorias do famoso rosto humano foram revelados. As imagens capturadas pela sonda Mars Global Surveyor, com uma resolução 10 vezes melhor que a Viking, mostraram que na realidade o famoso rosto com feições humanas são parte de uma cadeia de crateras e cordilheiras. Para Alden Albee, um dos cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Califórnia, as novas imagens mostram que a tal imagem polêmica mostra uma rocha remanescente de diversas erosões ocorridas no planeta durante a formação geológica de Marte.

34 • A HISTÓRIA DA NASA

Imagem dos cânions marcianos registrados pela missão Viking em 1976


Discos voadores ou luas de Saturno?

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Outro mistério que ronda as expedições da NASA tem nome e sobrenome: Dr. Norman Bergrun, um ex-cientista que afirmou em livro e em várias entrevistas que a agência norte-americana identificou a existência de óvnis orbitando ao redor dos famosos anéis de Saturno. Em janeiro de 1996, durante uma entrevista a uma rádio de Charlotte, Carolina do Norte, ele afirmou que fotos tiradas pela sonda Voyager relevavam a existência de objetos cilíndricos, com um comprimento de uma vez e meia o diâmetro de nosso planeta, e que eles foram identificados como sendo naves extraterrestres. Ele também fez uma afirmação muito mais séria: que além de Saturno, os outros objetos voadores teriam sido vistos no planeta e estariam migrando para outros astros que têm anéis em suas órbitas, como Júpiter e Saturno. Ele baseia suas afirmações em imagens capturadas pelas sondas Voyager, Hubble (telescópio) e Cassini Huygens – a mais recente delas. Apesar de suas alegações, a NASA nunca confirmou a existência de óvnis, não só em Saturno, mas também em todo o sistema solar e, por enquanto, as alegações de Norman ficam apenas no campo das teorias. Até os lendários anéis de Saturno são motivos de mistérios sobre vida extraterreste

UM ÓVNI A CAMINHO DO SOL? Em 8 de dezembro de 2012, uma imagem capturada pela sonda Solar Dynamics Observatory, registou em meio a imagens do Sol o que, segundo alguns ufólogos, seria um disco voador sobrevoando a órbita do maior astro de nosso sistema. A imagem feita pela agência espacial norte-americana começou a gerar muitas especulações após se tornar pública, pois ficou evidente que havia alguma coisa orbitando a atmosfera solar. A dúvida que fica é: o objeto era ou não um disco voador? Para os entusiastas o objeto que até mesmo a NASA não conseguia explicar o que era e como ele se movia em torno do sol era uma amostra clara da existência de óvnis. O que intrigava os especialistas é que nenhum objeto feito de metais conhecidos conseguiria suportar o calor dissipado pelo Sol, todos eles derreteriam. Apesar de muitos acreditarem na existência da espaçonave, os cientistas do Laboratório de Pesquisas Navais dos Estados Unidos, após analisarem as imagens, colocaram essa teoria por terra. Para eles, o que algumas pessoas definem como sendo um disco voador nada mais é do que uma coleção de listras luminosas produzidas pelos raios cósmicos que, ao passarem pelo sensor da câmera espacial, causaram tal efeito.

Nem a chegada à Lua está imune a teorias A chegada do homem à Lua também é cercada de mistérios e teorias da conspiração. A principal teoria a respeito do feito de Neil Armstrong é: a primeira é que a viagem à Lua nunca teria ocorrido e que o pouso da Apollo 11 teria sido um truque feito pelo governo norte-americano e pela NASA.

JÁ CHEGOU O DISCO VOADOR?

Mais uma vez os mistérios das experiências espaciais da NASA estão ligados à existência ou não de vida alienígena. Não foi só uma vez que especialistas e entusiastas de vida extraterreste foram levados a acreditar que, desde as primeiras expedições espaciais, a NASA tem encontrado não só indícios de vida fora da Terra, mas também a existência de discos voadores em nossa galáxia. Para eles, apesar de divulgar imagens e dados, a agência ainda esconde essas descobertas. Veremos agora algumas teorias sobre a existência de naves espaciais que teriam sido descobertos pela NASA.

A HISTÓRIA DA NASA • 35


3 OS SEGREDOS DA NASA

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Não fomos à Lua?

AS PERGUNTAS DE BILL KAYSING

Em seu livro, Kaysing enumera uma série de argumentos para questionar o sucesso da chegada do homem à Lua. A primeira delas é que não foram vistas estrelas no céu e, segundo ele, se não existe atmosfera na Lua, deveria ser possível 36 • A HISTÓRIA DA NASA

enxergar as estrelas no universo. Ele ainda afirmou que a superfície do satélite natural é cheia de crateras e que nas filmagens não é possível ver nenhuma delas. Além disso, alega que o ângulo das sombras dos astronautas indica que havia duas fontes de luz na hora do pouso na Lua, quando na verdade só existiria a luz do Sol. E ele não parou por aí... Para reforçar a sua tese de que a conquista da Lua foi uma fraude, ele mostra outro indício de que o evento não aconteceu. Para Kaysing, no momento da alunissagem, a câmera a bordo da Apollo 11 não balançava, mesmo ela estando alocada perto de uma turbina. Na explicação dele, a tal câmera que registrou o pouso na Lua teria sido operada por Stanley Kubrick em algum estúdio no estado de Nevada e nunca viajou ao espaço. Para completar as teorias conspiratórias, outros dois questionamentos foram feitos durante as décadas seguintes ao evento: como a bandeira norte-americana poderia tremular se não existe vento na Lua e sim o vácuo? E porque, depois de 1972, a NASA nunca mais fez nenhuma expedição tripulada à Lua, já que tinha tecnologia para isso? Essas perguntas continuam vivas até hoje e sem respostas da NASA.

VOCÊ SABIA? O filme “2001, Uma Odisseia no Espaço”, dirigido por Stanley Kubrick, foi o primeiro filme a retratar uma viagem espacial com estrema fidelidade na caracterização da nossa galáxia, sendo lançado em 1968, um ano antes da viagem do homem à Lua. É considerado um dos melhores filmes já feitos na história do cinema.

Representação do espaço feita por Stanley Kubrick em “2001, Uma Odisseia no Espaço”

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A principal teoria em torno da história e tida como absurda pela maioria das pessoas afirma que a famosa imagem transmitida pela NASA em julho de 1969 não teria sido feita em solo lunar, mas que teria sido encenada em um grande estúdio de TV em Nevada, nos Estados Unidos. Para tornar a história ainda mais fantástica, as pessoas que defendem que a viagem a Lua é uma farsa dizem que toda a encenação teria sido dirigida pelo famoso cineasta Stanley Kubrick, o mesmo do filme “2001, Uma Odisseia no Espaço”. Por incrível que pareça, essa teoria da conspiração rendeu até um livro escrito por Bill Kaysing com o nome de “Nunca Fomos à Lua”. A premissa defendida por ele é que o governo não tinha tecnologia suficiente para enviar astronautas à Lua para vencer a corrida espacial e que a Apollo 11, após eu lançamento, teria aterrissado no Polo Sul.


Um cavaleiro de olho da Terra?

Um dos casos mais recentes e que geraram debates na comunidade científica foi a possível aparição de um objeto voador não identificado durante uma transmissão ao vivo das atividades dos astronautas na Estação Espacial. O evento aconteceu em 30 de setembro de 2016 e o principal motivo de questionamentos foram sobre a NASA ter interrompido uma transmissão após as imagens detectarem uma nave espacial próximo ao Sol. Momentos antes da interrupção, algumas pessoas perceberam que na imagem havia um objeto estranho que ficava bem próximo à atmosfera da Terra. Para afastar, mais uma vez, qualquer teoria sobre a existência de discos voadores e vidas inteligentes longe da Terra, a NASA afirmou que não houve corte do sinal de transmissão para esconder a existência de tal óvni, mas sim que a Estação Espacial Internacional ficou, por um momento, longe dos satélites responsáveis por transmitirem os sinais para a Terra. Ainda sobre esse assunto, a NASA explicou, após a análise das imagens, que devido à luz emitida pelo Sol em seu período de nascimento não foi possível identificar na hora a presença de um fiapo na parte interna da lente da câmera e que isso causou a ilusão de um objeto iluminado semelhante a uma nave espacial. Mesmo com a versão oficial da NASA, muitos ufólogos ainda acreditam terem visto um óvni e que a agência espacial norte-americana ainda esconde a existência de vida extraterreste.

Transmissão ao vivo da Estação Espacial gerou teorias de óvnis ao redor da Terra

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O mistério em torno do chamado Cavaleiro Negro talvez tenha sido o mais antigo e mais duradouro sobre a presença de objetos voadores não identificados já registrados. Até hoje há discussões de onde teria vindo e o que realmente é esse cavaleiro que observa nosso planeta. Alguns ufólogos acreditam que ele está presente no espaço há mais de 13 mil anos. A primeira pessoa a identificar a sua presença foi Nikola Tesla, conhecido como pai da engenharia elétrica, e que, em 1899, ao desenvolver seu primeiro rádio transmissor, detectou um sinal artificial vindo do espaço. Na época ninguém acreditou em sua tese, pois achavam impossível captar sinais transmissores vindos do espaço. Algumas décadas após a descoberta de Tesla, em 1927, o mesmo final foi captado por astrônomos europeus e em meados da década de 30. Foi então que surgiu a pergunta: o que seria esse tal Cavaleiro Negro? Desde a década de 50 do século passado, a NASA já deu várias versões para a existência do objeto que ronda nosso planeta. A primeira delas era que ele seria um satélite natural, depois artificial, posteriormente a agência alegou ser uma espécie de lixo espacial que flutuava em nossa atmosfera. Mais recentemente ela disse que se tratava de cobertores térmicos perdidos durante missões espaciais que ficaram pairando no ar e que não tem nenhuma relação com os as descobertas de Tesla no final do século XIX. Para ufólogos, as respostas dadas pela NASA não são muitos convincentes e muitos continuam acreditando que o Cavaleiro Negro é uma espaçonave alienígena.

UM ÓVNI VISTO DIRETO DA ESTAÇÃO ESPACIAL

A HISTÓRIA DA NASA • 37


3 OS SEGREDOS DA NASA

O mistério de Edgar Mitchell Edgard Mitchell foi um engenheiro, piloto e astronauta. Ele também é considerado o sexto homem a pisar na Lua em missão realizada pela Apollo, em fevereiro de 1971. O que teria sido um feito para se comemorar, na verdade trouxe muita dor de cabeça para a NASA. Mitchell passou boa parte de sua vida alegando que durante o seu pouso realizado na parte escura da Lua ele teria visto um extraterrestre. A NASA, por sua vez, sempre negou o ocorrido. Até por se tratar em um ex-funcionário, a NASA sempre tratou Mitchell

AS PALAVRAS DE MITCHELL “Era nisso que os extraterrestres estavam interessados. Queriam conhecer as nossas capacidades militares. Pela minha experiência, a falar do assunto com pessoas, torna-se claro que os extraterrestres estavam a tentar impedir-nos de entrar em guerra, e ajudar a criar paz na Terra.” Declaração ao jornal The Mirror, sobre o hipotético novo alienígena na região de White Sands National Monument, localizado no Novo México

como extremo respeito, mas fazia questão de ressaltar em todos os comunicados que não concordava com as opiniões dele e que a agência não mantinha nenhum programa de rastreamento de extraterrestres ou que escondia qualquer avistamento de óvnis ou que tenha realizado qualquer contato com espécie alienígena. Mitchell morreu em fevereiro de 2016, aos 85 anos, e deixou para a humanidade um legado de mistério sobre a existência ou não de contatos entre astronautas e extraterrestres.

“Nós estamos sendo enganados e a verdade está sendo encoberta. Mas isso mudará rapidamente. Há 50 anos essa política de sigilo aos UFOs tinha uma razão militar e estratégica. Agora, não. Tal jogo governamental é pantanoso, sujo e burocrático. Isso tem que acabar, e irá. Os ufólogos não se calam e têm a seu favor o fato de que o Fenômeno UFO está em constante evolução, inquieto, aumentando a cada dia. Não se pode mais tapar o Sol com a peneira. No entanto, a revelação da verdade deve ser gradativa, senão sacudirá e abalará nossos alicerces.” “Alienígenas existem e suas naves são verdadeiras. Pelo menos uma já se acidentou na Terra e foi resgatada por militares norte-americanos, que a desmontaram para conhecer seu funcionamento (...) É possível também que aviões de espionagem estejam funcionando graças a princípios obtidos por cientistas nos destroços de naves alienígenas acidentadas.” Discurso presente em suas palestras “Temos que expandir nossos horizontes, embora tal processo nos apresente mais perguntas do que respostas.” Mitchell após voltar do espaço e ter feito contato telepático com extraterrestres

NASA

“Passei horas olhando para fora da janela da Apollo 14” (…) “Isso ampliou meus horizontes.” Entrevista a Eliot Kleinberg, do Palm Beach Post, antes de escrever seu livro e fundar o ICN – Instituto de Ciências Noéticas “Sabemos que os UFO ‘s são reais. São naves que vêm de fora e os governos sabem disso.” Entrevista ao repórter Eliot Kleinberg, Palm Beach Post

Edgard Mitchell 6º astronauta a pisar na Lua e que dedicou a vida a defender a existência de UFO ‘s 38 • A HISTÓRIA DA NASA


INVENÇÕES NO COTIDIANO 4

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ALÉM DAS DESCOBERTAS ESPACIAIS, A NASA TAMBÉM CONTRIBUI PARA MELHORAR NOSSA VIDA

Satélites de telecomunicação, filtros de água e alimentos em pó são só algumas inovações da NASA que fazem parte de nosso cotidiano

A

história da NASA não se restringe apenas às viagens e descobertas de planetas, estrelas e muitas coisas do nosso universo. Graças ao alto grau tecnológico necessário para realizar suas experiências, a agência norte-americana acabou contribuindo, e muito, para que novas tecnologias passassem a fazer parte de nosso cotidiano. Alguns dos exemplos são tão comuns que talvez nem imaginamos que são criações derivadas de experiências espaciais como a espuma Tempur, usada para revestir bancos espaciais e que hoje em dia são encontradas em nossos colchões e travesseiros. Neste capítulo vamos conhecer um pouco melhor como surgiram essas invenções tão importantes para o nosso dia a dia.

REVOLUCIONANDO A TELECOMUNICAÇÃO

Apesar do primeiro satélite ter sido lançado pela NASA em meados da década de 1960, a ideia da construção de um aparelho que pudesse ser lançado ao espaço para a transmissão de sinais de rádio surgiu alguns anos antes mesmo do surgimento da agência. A ideia de se construir um satélite partiu do cientista e matemático Arthur C. Clarke que, em 1945, publicou um artigo na revista “Wireless Word” sugerindo a possibilidade da construção de um artefato que ficaria a 35.786 km de altura dentro da órbita da Terra. Na visão dele,

uma vez o artefato em órbita com uma estação de transmissão, seria possível realizar transmissões de ondas de rádio para diversas áreas dos Estados Unidos. Nascia assim a primeira ideia e o conceito dos satélites de transmissão. Um dos grandes motores, senão o principal, que levou a NASA a investir pesado na construção de satélites de comunicação, foi a disputa com a União Soviética pela conquista do espaço durante a Corrida Espacial. Após os soviéticos lançarem o Sputnik 1, em 1957, o primeiro satélite capaz de amplificar e retransmitir informações entre ele e o centro de controle em nosso planeta, foi a vez de os Estados Unidos lançarem, em 1960, o Echo 1, seu primeiro satélite comunicacional. Após as primeiras experiências com a transmissão de rádio via satélite, a NASA revolucionou o mundo das telecomunicações ao lançar o que talvez seja o satélite mais conhecido até os dias de hoje, o Telstar 1, em 10 de julho de 1962. Ele é considerado o primeiro satélite de comunicação ativo lançado na história, porém, por estar longe da órbita determinada por Clarke, suas transmissões de ondas de rádio eram irregulares. Apesar disso, ele foi o primeiro de uma série de mais de 200 satélites que orbitam a Terra e nos possibilitam assistir televisão, acessar a internet, saber a localização de ruas no celular e outras tarefas comunicacionais. A HISTÓRIA DA NASA • 39


4 INVENÇÕES NO COTIDIANO

Satélites de comunicação em destaque FAMÍLIA SYNCON

Foram lançados três satélites da família Syncon, sendo o primeiro deles em 1963. O mais famoso deles é o Syncon C, lançado em 19 de agosto de 1964 e que foi responsável pela transmissão da Olimpíada de Tóquio em 1964 para toda a costa oeste dos Estados Unidos.

INTELSAT

A partir da década de 1970, os satélites passam a ter mais tecnologia. O Intelsat III, o terceiro dessa geração, continha 1.200 circuitos de voz e um canal de televisão próprio. Já o Intelsat IV contou com 9000 circuitos de voz e 12 canais de televisão.

BRASILSAT I

Essa tecnologia demorou aproximadamente 20 anos para chegar ao Brasil. Só em 1984 que o governo brasileiro lançou seu primeiro satélite, o Brasilsat I. A intenção era levar o sinal das emissoras de televisão a todo o território nacional.

maior facilidade maior para eles os manusearem durante as missões. Os produtos liofilizados já são bem comuns no cotidiano das pessoas e vão além de frutas, carnes e bebidas utilizados nos primeiros experimentos da NASA. Hoje podemos adquirir diversos produtos com essa tecnologia, como café e sucos em pó, ovos, sopas, leite, ervas medicinais (chá), temperos e condimentos, além de medicamentos fitoterápicos.

ALIMENTOS COM MAIOR VIDA ÚTIL

A conservação de alimentos por um longo tempo como conhecemos hoje surgiu das técnicas desenvolvidas pelos cientistas da NASA preocupados com a alimentação dos astronautas que embarcavam em viagens espaciais e precisavam se alimentar em situações adversas. Essa tecnologia começou a se desenvolver durante as longas missões Apollo e é conhecida como alimentos liofilizados. O processo que revolucionou a forma como conservamos os alimentos também é usado na produção de diversos produtos farmacêuticos e é conhecido como liofilização. Ele consiste em um processo de desidratação primeiro congelando o alimento e depois retirando todo o seu líquido por meio de sublimação, conservando o alimento por longos períodos sem perder o sabor e suas propriedades nutricionais. O Advanced Food Technology Project (AFTP) é o nome do projeto da NASA responsável por pesquisar e implementar a liofilização na produção de comidas para astronautas e que, com o tempo, foi chegando às prateleiras dos mercados. Esse processo de liofilização, além de criar novas formas de alimentos, proporcionou que os astronautas levassem uma quantidade maior de alimento em suas viagens e terem uma

E NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, COMO FUNCIONA?

O processo de desidratar componentes é mais comum na indústria alimentícia, mas ele também está presente na indústria farmacêutica e nos remédios que consumimos em nosso cotidiano. Se no ramo alimentício a principal contribuição da liofilização é permitir que os alimentos possam ser conservados por maior tempo, além de aumentar a praticidade do manuseio, na indústria farmacêutica ele é utilizado para evitar qualquer tipo de contaminação por micróbios e bactérias durante sua produção, estocagem e aplicação. De acordo com historiadores, o primeiro produto liofilizado foi o vírus da raiva, em 1911, ou seja, bem antes de a NASA realizar seus experimentos com produtos alimentares. Desde então, esse processo é usado para desidratar diversas substâncias, como antibiótico, enzimas, bactérias, vírus, hormônios e parcelas de sangue. O processo de liofilização na indústria farmacêutica pode ser usado de duas formas: a fria, que elimina qualquer germe que possa ter interferido no processo de fabricação do medicamento, e o calor, que é usado para esterilização do produto e mata todos os microrganismos. A principal vantagem desse processo de produção de medicamentos é que ele preserva mais tempo as substâncias ativas, pois ela só tem contato com a água durante o processo de aplicação do medicamento, evitando assim que a substância se decomponha e o remédio perca a eficácia.

40 • A HISTÓRIA DA NASA

NASA

Cientista preparando comida liofilizada para os astronautas


Palmilhas especiais desenvolvidas com a tecnologia da NASA

ENERGIA LIMPA

Além de artefatos tecnológicos usados em nosso dia a dia, os avanços das experiências da NASA também têm contribuído para avanços no campo de energia limpa e sustentável. O programa Erast, iniciado em 1993, tinha como um de seus principais objetivos criar uma tecnologia que proporcionasse não só o controle à distância de espaçonaves, mas também que elas pudessem realizar longos voos sem a necessidade de muito combustível, foi assim que nasceram as células de calor que equipam os painéis solares que aos poucos vão fazendo parte de nosso cotidiano.

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Outra tecnologia inventada pela NASA e que está presente em nossos dias é o material usado na fabricação de palmilhas para calçados. Os fabricantes de calçados esportivos desenvolvidos para a prática de esportes de alto rendimento se inspiraram na tecnologia usada pela NASA na fabricação das botas lunares para desenvolverem produtos mais confortáveis. Os trajes especiais desenvolvidos pela NASA para as missões tripuladas do projeto Apollo continham além de um material térmico para manter o astronauta aquecido, botas produzidas sob medida para proporcionar a ventilação adequada e equipadas com molas para absorção de impacto nos pés e nas pernas no momento que eles caminhassem no solo lunar. A tecnologia foi desenvolvida pela NASA no final da década de 1960, mas só chegou ao mercado consumidor no início dos anos 80. Nessa época, a empresa norteamericana de calçados Kangaroos passou a aplicar os princípios das botas lunares em uma nova linha de calçados que planejava lançar, inclusive usando o mesmo material que a NASA utilizou para produzir as botas espaciais dos astronautas em seus produtos. Contando com a colaboração da agência norteamericana, a empresa de calçados criou e patenteou um tecido especial formado de espuma de poliuretano conhecido como Dynacoil e que tem como principal característica distribuir a força e o peso dos pés quando a pessoa caminha ou corre. O novo produto, desenvolvido em conjunto com a NASA, é um entrelaçado de fibras que forma o tecido da palmilha que é capaz de absorver o impacto do pé batendo no chão e transformá-lo em força de impulso. Além da empresa Kangaroos, outra fabricante de calçados também se utilizou das tecnologias desenvolvidas pela NASA para incrementar seus produtos. A AVIA converteu a tecnologia de molas presentes nas botas usadas por Neil Armstrong para criar uma câmara de compressão e absorção de impacto localizado na região do calcanhar utilizando o mesmo sistema de molas para melhorar o desempenho dos atletas.

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PALMILHAS DE CALÇADOS

O Projeto Erast (Environmental Research Aircraft and Sensor Technology) foi concebido a partir de uma parceria entre a NASA e setores industriais para desenvolver uma tecnologia para as aeronaves que fossem ao espaço em missões não tripuladas como, por exemplo, satélites e sondas, que além de poderem ser controladas à distância, participariam de missões de longa duração sem a necessidade de reabastecimento, pois a energia necessária para se manter em órbita viria de pequenos sensores instalados na espaçonave que reteriam a luz solar e a transformariam em energia. Se a aplicação prática de células fotovoltaicas começou a ser instalada em satélites em 1993, o seu desenvolvimento começou quatro anos antes, em 1989, quando a NASA se associou à empresa Thin Film Technologies, Inc., agora chamada PowerFilm, Inc. A contribuição da empresa no processo foi desenvolver uma maneira de incorporar as células da captação de energia solar em pequenas folhas flexíveis para facilitar o ser armazenamento. Devido à tecnologia desenvolvida por essa parceria, as células conseguem converter 90% da luz captada em energia limpa.

Astronautas fazendo manutenção os painéis solares da Estação Espacial

A HISTÓRIA DA NASA • 41


4 INVENÇÕES NO COTIDIANO

Tecnologia em nosso dia a dia

Espuma especial desenvolvida pela NASA está presente em camas

42 • A HISTÓRIA DA NASA

TRAVESSEIRO INTELIGENTE?

Pensando em proporcionar maior conforto para os astronautas, a NASA desenvolveu uma espécie de espuma inteligente, com memória, para revestir os assentos das naves espaciais. Essa tecnologia que hoje já está presente em colchões, travesseiros e bancos de moto e carro é chamada de Tempur, uma espécie de espuma que contém memória, ou seja, não deforma com o passar do tempo. Seu desenvolvimento começou em meados da década de 1970, mas chegou ao mercado nos anos 90. A matéria-prima desenvolvida pela agência norte-americana é uma espécie de plástico chamado silício-poliuretano com células abertas e também é conhecida popularmente como espuma de poliuretano de alta resistência ou simplesmente espuma espacial. Além de proporcionar conforto para os astronautas em longas viagens, a NASA também se preocupou que a nova espuma também ajudasse a diminuir o impacto sofrido pelos tripulantes das naves espaciais durante o pouso. A principal característica dessa espuma é que, por ser maleável, ela permite uma perfeita distribuição da pressão e do peso do corpo no travesseiro, proporcionando não só a absorção de impacto como também um sono mais confortável. Outra característica específica é que essa es-

puma tem a propriedade de absorver o calor do corpo, mantendo sempre uma temperatura agradável para quem a utiliza.

MUITO MAIS QUE UM SIMPLES TRAVESSEIRO

O principal uso comercial dessa espuma desenvolvida pela NASA é em travesseiros, colchões e bancos das naves espaciais, mas com o passar dos anos ela também começou a ser utilizada para fins medicinais e esportivos. Na área da medicina, por exemplo, o fato de ela proporcionar uma distribuição de peso igualitária e ser sensível à temperatura corporal tem contribuído muito para a melhoria das condições de vida para pessoas com deficiência ou que, por motivo de doença, precisam passar longos períodos deitadas na cama. Devido a essas qualidades, os médicos podem moldar sua estrutura para dar mais conforto aos pacientes ao mesmo tempo em que podem reduzir a pressão sobre certas partes do corpo, evitando assim o aparecimento de escaras em pacientes que precisam ficar acamados mais tempo para se recuperarem. Além do uso em processos de recuperação de pacientes ou para pessoas com deficiência, o Tempur também é usado como revestimento em próteses de braços e pernas para pessoas amputadas, pois além de ser confortável ela diminui o atrito entre a prótese e os pontos de fixação no corpo humano e tem aparência e comportamento semelhantes ao da pele humana, facilitando a assimilação do uso da prótese por parte do paciente. Shutterstock

Além da NASA usar a tecnologia de captação e luz solar e transformá-la em energia limpa para suas missões, os benefícios desse novo modelo energético já chegaram à sociedade, apesar de ainda não ser tão popular. Uma das muitas aplicações possíveis de painéis solares está no aquecimento de água e eles são usados geralmente em residências onde as pessoas instalam pequenas chapas de vidro para o uso dessa energia em casa para a iluminação, utilização de eletrodomésticos e aquecimento da água do chuveiro. Em alguns casos, os painéis solares são usados também para alimentar o sistema de aquecimento de piscinas. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma grande parcela da população usa o sistema de energia solar para abastecer os sistemas de aquecimento, ventilação e o ar condicionado, que são responsáveis por 30% do consumo de energia usados em edifícios comerciais e mais de 50% de toda a energia consumida em residências. Ou seja, apesar de cara, a adoção desse sistema de energia limpa acaba gerando uma economia não só na conta de luz no final do mês, mas também ajuda a preservar o meio ambiente, pois diminui a necessidade do uso de hidrelétricas. Além do uso caseiro da energia solar, ela também pode ser encontrada na agricultura para o aquecimento de estufas e já existem, na indústria automobilística, alguns testes para a adoção desse novo modelo em transporte coletivo e individual.


Shutterstock Shutterstock

A bomba de insulina ajudou a melhorar a condição de vida dos diabéticos

NO TRATAMENTO DA DIABETES

Outra invenção que surgiu devido às necessidades especiais da NASA em suas missões tem ajudado a melhorar a vida das pessoas com diabetes. A bomba de insulina surgiu da derivação de um equipamento que a agência norte-americana começou a desenvolver durante a década de 1970 para fazer o monitoramento da saúde de seus astronautas que embarcavam em longas missões espaciais. Como durante as viagens o estado de saúde dos astronautas podia variar em virtude das modificações do ambiente ao seu redor como, por exemplo, a falta de gravidade ou a exposição à falta de oxigênio, a NASA decidiu que era necessário criar um aparelho que possibilitasse o monitoramento permanente e em tempo real do organismo dos astronautas, mesmo eles estando a uma longa distância do centro de controle. A partir dessa necessidade, os mesmos cientistas que participaram da criação do sistema de monitoramento das sondas Viking que foram a Marte começaram a trabalhar no desenvolvimento dessa tecnologia de monitoramento à distância. A primeira bomba de insulina foi inventada no final da década de 1960 e tinha o tamanho de uma mochila. A partir de meados da década de 1980, houve progressos tecnológicos que proporcionaram seu uso de forma mais prática e sua comercialização só foi possível a partir do final da década de 1980, quando já era considerada portátil.

COMO ELA FUNCIONA?

A famosa bomba de insulina é um aparelho eletrônico com um peso aproximado de 100 gramas que envia pequenas doses de insulina para o organismo do diabético de forma contínua e precisa, com o objetivo de manter o controle da glicemia (taxa de açúcar). Esse sistema inteligente monitora as taxas de glicemia do sangue e envia a dose necessária de insulina para que a pessoa possa manter seu sistema equilibrado. Nos dispositivos mais comuns há um reservatório de insulina ligado a um tubo plástico que tem em uma de suas pontas uma cânula que serve como guia para uma agulha para que seja feita a aplicação subcutânea da insulina no portador de diabetes. A cânula geralmente é trocada a cada três dias e pode ser fixada, por meio de uma fita adesiva, nas regiões do abdômen, nádegas, coxas e braços. Já a bomba é normalmente usada dentro de bolso ou presa por meio de um clipe de cintura. Há também a possibilidade de fixá-la ao corpo por meio de uma espécie de cinta, que costumeiramente fica por debaixo da camisa. O grande diferencial dessa tecnologia derivada dos rastreadores da NASA é que, por meio dela, é possível que o tratamento seja feito de forma ajustável e personalizada para cada paciente, além, é claro, de dar mais liberdade para o indivíduo, pois como o aparelho faz a injeção de insulina nos horários programados, a pessoa pode, por exemplo, viajar, trabalhar ou mesmo dormir sem se preocupar com os horários das aplicações ou com ter uma alimentação menos rígida. É possível até realizar a atividade física sem problemas.

CURIOSIDADE

A espuma espacial não está presente apenas nos enchimentos de travesseiros mais modernos e no revestimento de próteses, a Tempur também é encontrada nos revestimentos internos dos carros de corrida e nos capacetes dos jogadores de futebol americano, já que como ela absorve bem o impacto, ela acaba aumentando a proteção aos esportistas e diminuindo as lesões cerebrais, por exemplo.

VOCÊ SABIA? O desenvolvimento das fibras do tecido Dynacoil levou aproximadamente dois anos de intenso intercâmbio entre os especialistas da Divisão de Desenvolvimento e Alta Performance da Kangaroos Inc., localizada em St. Louis, e os cientistas do Centro de Pesquisa de Aplicações Aeroespaciais da NASA que fica na cidade de Indiana. O projeto desse novo tipo de palmilha inspirada nas botas usadas pelos astronautas da NASA não procurava somente criar um tênis confortável com absorção de impacto durante a prática de esportes. A ideia da empresa era que que além disso, o novo produto também proporcionasse a estabilidade lateral da musculatura dos pés, evitando lesão e aumentando o rendimento do atleta. A empresa definiu assim o funcionamento da nova tecnologia: à medida que o pé faz contato com o chão, o tecido entrelaçado é comprimido para absorver o impacto. Em contrapartida, à medida que o pé chega ao final de seu passo, as ondas da fibra proporcionam um feito de força para cima, auxiliando a tomada de impulso pelo atleta.

A HISTÓRIA DA NASA • 43


4 INVENÇÕES NO COTIDIANO

Outras invenções

Lentes oculares mais resistentes a antirrisco só foram possíveis graças à tecnologia espacial da NASA

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A tecnologia que você encontra nas lentes de óculos resistentes a arranhões, riscos e quedas também foi desenvolvida pelos laboratórios de inovações da NASA. O primeiro passo para essa revolução se deu longe da NASA, pois a partir de 1972 a FDA (Food and Drug Administration), uma espécie de agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos, determinou que, para evitar acidentes, os fabricantes das lentes dos óculos deveriam substituir o vidro pelo plástico, que além de ser mais barato absorvia melhor a radiação ultravioleta e não gerava estilhaços que pudessem ferir os olhos dos usuários. Porém, apesar desse avanço, havia um grande problema para ser revolvido pela indústria ótica. Mesmo sendo mais resistentes, as lentes feitas de material plástico arranhavam com facilidade e podiam prejudicar a vista do usuário. É aí que a NASA entra na história. Preocupada com as partículas e a sujeira encontradas no espaço, a agência desenvolveu um revestimento que protegia os equipamentos e os uniformes dos astronautas dessa sujeita, principalmente os visores dos capacetes. Nesse momento a empresa Foster-Grant, uma reconhecia fabricante de óculos de sol licenciou essa tecnologia para seus produtos, tendo surgido ali a confecção de lentes resistente a arranhões e com um maior fator de bloqueio dos raios ultravioleta. A lente de plástico com revestimento especial antiarranhões desenvolvida pela NASA foi lançada em 1984 com o nome de Space Tech Lens, sendo 10 vezes mais resistente que as lentes de plásticos comuns.

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

LENTES MAIS RESISTENTES

Software de imagens da NASA permitiu um diagnóstico completo das tomografias

A tecnologia para a realização dos exames de imagem em alta definição característicos da tomografia computadorizada não surgiu de experimentos diretos da NASA, mas tem relação direta com outra tecnologia desenvolvida pela agência. A contribuição tecnológica da agência espacial aconteceu por meio do seu sistema de digitalização de imagens. Logo após a conclusão da missão que levou Neil Armstrong, Buzz Aldrin e a Apollo 11 a pousarem na Lua, em julho de 1969, o laboratório Jet Propulsion, de propriedade da NASA, passou a desenvolver uma tecnologia para processar de forma digital as imagens capturadas pelo módulo lunar para que fosse permitido que os cientistas pudessem melhorar, via software, a qualidade das fotos tiradas da superfície lunar. A criação dessa tecnologia de processamento digital de imagens teve um papel primordial no processo de criação do dispositivo de tomografia computadorizada, pois por meio dela é possível que o computador consiga obter imagens quase perfeitas do corpo humano no tamanho e formato certo. Além de serem usadas nos computadores destinados a tomografia, a tecnologia de processamento digital desenvolvido pela NASA também está presente nos equipamentos de ressonância magnética.

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Saiba mais! TAMBÉM SÃO INVENÇÕES RELACIONADAS À NASA: 44 • A HISTÓRIA DA NASA


FILTRAGEM DE ÁGUA

Os sistemas de filtragem de água existem desde 1950, antes da existência da NASA. Porém, graças às necessidades específicas exigidas para o padrão de segurança da agência para as missões espaciais, esse sistema comum não funcionava a contento. Por isso, a agência espacial criou uma tecnologia que melhorou não só o sistema de filtragem de água, mas também a qualidade da água que, posteriormente, chegou às nossas casas. Transformar a água contaminada em água potável da forma como era feito não satisfazia às necessidades da agência espacial. Para ela era preciso desenvolver um sistema que além de limpar a água levada pelos astronautas ao espaço de qualquer bactéria ou possível foco de doença, conseguissem eliminar 100 % dos focos de contaminação, pois o tratamento e recuperação seriam extremamente complicados com eles viajando pelo espaço. Além disso, era necessário que fosse possível a filtragem de água em situações extremas e mantê-las livres de contaminação por todo longo período da missão espacial. Nos filtros comuns há pequenos blocos de carvão vegetal que são responsáveis por filtrarem as impurezas da água. No caso dos modelos desenvolvidos pela NASA, as peças de carvão são ativadas e contêm íons de prata que neutralizam qualquer bactéria presente na água. Essa tecnologia está presente em praticamente todos os filtros modernos encontrados nas residências de todo o mundo. • • • • • •

Próteses e membros artificiais; Detectores de fumaça; Sistema contra a formação de gelo para aviões; Detector de minas terrestres; Software para o uso do Google Earth; Termômetro auricular;

Os engenheiros da NASA também contribuíram muito para a evolução dos aparelhos auditivos. Mesmo que não tenha sido desenvolvido a partir de experiências espaciais da agência norte-americana, a ideia do implante coclear surgiu dentro de suas instalações. No final da década de 1970, engenheiro Adam Kissiah, devido ao seu problema auditivo e em decorrência de três cirurgias corretivas sem sucesso, começou a desenvolver um dispositivo para resolver definitivamente seu problema. Apesar de não ter conhecimentos medicinais, Kissiah usou sua expertise em telemetria e sensores de detecção para desenvolver um dispositivo que poderia ser implantando na cabeça e interligado à orelha que por meio de um fio que transmitiria os impulsos eletrônicos para os nervos do sistema auditivo para, em seguida, serem transmitidos para o cérebro da pessoa, resolvendo assim os problemas de surdez mais severas que os dispositivos convencionais não conseguiam resolver. Surgiu então o método do implante coclear, tão comum nos dias de hoje. Modelo de aparelho auditivo criado por Kissiah, engenheiro da NASA

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Tecnologia avançada na filtragem da água também foi uma contribuição da agência espacial

APARELHOS AUDITIVOS

da NASA

Além das inovações apresentadas anteriormente nesse capítulo, a seguir iremos mostrar outras invenções da NASA que têm impacto em praticamente tudo que usamos nas nossas atividades cotidianas.

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Eletrônicos sem fio; Esteiras ergométricas; Aparelhos dentários invisíveis; Isolamento térmico; Pneus como borracha mais resistente; Repelente de água para roupas de mergulho. A HISTÓRIA DA NASA • 45


5 O BRASIL NA NASA

A AVENTURA BRASILEIRA NO ESPAÇO Mesmo com pouco tempo de existência, a Agência Espacial Brasileira coleciona alguns feitos

A BREVE HISTÓRIA BRASILEIRA

Se a NASA existe desde o começo da década de 1950, a nossa agência espacial só foi criada em 1994, há pouco mais de 20 anos. Assim que completou três anos, a AEB deixou o seu primeiro grande passo. Em 1997, o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso e o presidente norteamericano Bill Clinton assinaram um acordo de cooperação mútua entre as agências, que dava o direito da AEB participar do grupo de agências espaciais responsáveis pela construção, manutenção e operação da Estação Internacional Espacial. Um dos primeiros projetos dentro desse acordo de cooperação previa que a agência espacial brasileira

46 • A HISTÓRIA DA NASA

deveria construir e entregar seis componentes tecnológicos para serem instalados na Estação Espacial, sendo o primeiro deles o “Express Pallet”, uma plataforma a ser instalada parte exterior da Estação para dar suporte aos astronautas. O entusiasmo da parceria tecnológica entre as duas agências durou pouco mais de cinco anos. Visto como uma oportunidade de ouro para que empresas brasileiras se destacassem no cenário mundial, principalmente a Embraer, que era a principal empresa responsável pela confecção das peças, a parceria praticamente deixou de existir em 2002, quando a AEB comunicou à NASA que estava desistindo de construir as seis partes originais previstas no cronograma porque não tinha tecnologia suficiente para sua produção e não conseguiria entregar a encomenda dentro do prazo estipulado, que era em 2003.

UM PAPEL MENOR NA PARCEIRA

Sem condições de seguir com o seu papel original na parceria de participação na Estação Espacial e vista com desconfiança pelas demais parceiras como as agências espaciais de Japão, Alemanha, Canadá, França, entre outras, a Agencia Espacial Brasileira teve que renegociar os termos do contrato assinado em 1997 e se contentar com uma NASA

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história espacial brasileira não é tão vasta e nem tem tantos feitos quanto a da agência espacial norte-americana, mas não quer dizer que não tenhamos alguns fatos para comemorar como, por exemplo, a participação na construção e manutenção da Estação Espacial Internacional, o envio de nosso primeiro astronauta ao espaço e de termos nosso samba tocado em Marte. Neste capítulo do especial sobre a NASA, veremos como é a relação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a principal agência espacial do mundo.


participação menor e ficar em segundo plano nas relações de protagonismo do projeto da ISS. No final das contas, o Brasil permaneceu no projeto, mas a contribuição da AEB acabou ficando restrita a equipamentos de suporte de voo que já haviam sido desenhados anteriormente. Um sinal que mostra como a agência brasileira perdeu relevância no projeto da Estação Espacial é que o prédio de dois andares onde os técnicos e cientistas iriam trabalhar passou a servir para os projetos da agência espacial chinesa. Se entre 2002 e 2003 a participação brasileira na atuação da Estação Espacial sofreu um baque, os anos seguintes seriam ainda piores. Entre 2002 e 2005, a agência brasileira sofreu com um orçamento cada vez menor e com a burocracia estatal para conseguir colocar em prática suas obrigações com a NASA, inclusive uma parceria entre a AEB e o SENAI não saiu do papel. Finalmente em 2005 a agência norte-americana reduziu ainda mais a representatividade brasileira no grupo mundial de colaboração espacial, deixando a AEB com a responsabilidade de construir 15 placas adaptadoras. Apesar dos diversos problemas, a participação brasileira continuava no patamar estabelecido até o final de 2006, quando a NASA determinou que se congelasse a fabricação das placas e a participação da AEB na Estação Espacial passou a viver momentos de incerteza que duram até hoje. Mesmo com todos os problemas, temos motivos para comemorar a parceria entre a Agência Espacial Brasileira e a NASA, como veremos a seguir.

SAMBA EM MARTE

Um outro momento que vai ficar marcado na história da experiência espacial foi a execução do samba “Coisinha do Pai”, de autoria de Jorge Aragão e nacionalmente conhecido na voz de Beth Carvalho, em 11 de julho de 1997. A responsável por colocar parte da cultura brasileira do espaço foi a engenheira mecânica Jaqueline Lyra, que fazia parte da equipe responsável pela missão Mars Pathfinder e cuidava do controle de temperatura da sonda Sojouner.

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Satélite Aquarius que vai medir a salinidade no oceano é um dos projetos da NASA de que o Brasil faz parte

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5 O BRASIL NA NASA

A Sojouner teve a honra de acordar ao som do samba “Coisinha do Pai”

É comum que os engenheiros da NASA em Terra usem música como forma de despertar os astronautas nas missões espaciais e a equipe responsável por levar o primeiro robô a Marte decidiu fazer o mesmo com o rover. A música foi transmitida do centro de Controle na Califórnia às 23h do dia 11 de junho de 1997, no 39º dia da missão, e fez com que não só o mundo, mas também o espaço conhecesse uma parte da música popular brasileira. Jaqueline trabalha para a NASA há mais de 20 anos, após se formar Engenheira Espacial na Universidade do Texas em 1988. Atualmente ela ocupa o cargo de gerente da área de sistemas termomecânicos para a missão Marte 2020 na empresa JSL.

BRASILEIRO NO ESPAÇO: MISSÃO CENTENÁRIO

O momento mais representativo da recente história espacial brasileira aconteceu em 2006 quando, por meio de um acordo com a agência Roscosmos, da Rússia, foi possível que Marcos Pontes se tornasse o primeiro astronauta brasileiros a viajar ao espaço e conhecer a Estação Espacial Internacional. Em meados de 2005 a Agência Espacial Brasileira definiu que a primeira missão espacial do país deveria ocorrer em 2006, ano que marcou o centenário da invenção do 14-Bis por Santos Dumont. Como a relação com a NASA, principal responsável pela criação da Estação Espacial não era das melhores, devido aos atrasos constantes do envio

48 • A HISTÓRIA DA NASA

O ano de 2006 ficou marcado pela chegada do primeiro brasileiro à Estação Espacial Internacional

dos equipamentos encomendados por ela, e também por uma questão de atrasos operacionais da agência norteamericana por causa do acidente com o ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, só restou à agência brasileira negociar com a Roscosmos para que a missão e o envio de um astronauta brasileiro à Estação Espacial acontecesse a bordo da Soyuz, em missão tripulada lançada em março de 2006. Devido ao pouco tempo entre o acordo e o tempo de lançamento da espaçonave, o astronauta brasileiro Marcos Pontes teve apenas cinco meses para aprender a língua e os sistemas de navegação russo, porém o que o ajudou nesse processo foi ele ter feito um extenso programa de treinamento espacial na NASA no começo dos anos 2000. O custo total do acordo para a realização da viagem espacial brasileira, que além do astronauta levou experimentos nacionais para a Estação Espacial, custou aproximadamente US$ 10 milhões de dólares, metade do valor que os russos cobram da NASA pela participação no mesmo tipo de missão. A tripulação foi composta pelos astronautas Marcos Pontes, pelo russo Pavel Vinogradov e pelo norteamericano Jeffrey Williams, tendo sua decolagem realizada em 29 de março de 2006 no Centro de Lançamento de Baikonur (Cazaquistão). A Missão Centenário foi considerada um sucesso e teve uma duração total de 10 dias, sendo oito dentro da Estação Espacial e dois dias a bordo da Soyuz.

ESTUDANTES NO ESPAÇO? Um dos frutos da parceria entre a Agência Espacial Brasileira e a NASA foi proporcionar a estudantes brasileiros do Ciências Sem Fronteiras um estágio na principal agência espacial do mundo. O programa International Internship Program NASA I² levou dois alunos do curso de Engenharia da Computação da Unicamp que participavam de cursos de extensão/especialização na Universidade de Cornell, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos, para um período de 10 semanas de estágio no centro de Ames Research Center (ARC), em Palo Alto, Califórnia. Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer e aprender como funcionam os equipamentos do centro de análise de dados da agência espacial da World Wind, uma plataforma criada pela NASA que possibilita a visualização e monitoramento de terremotos em todo o globo terrestre. Em 2016 foi a primeira vez que a agência brasileira participou do programa de estágio e pretende manter essa parceria pelos próximos anos para proporcionar que mais estudantes de tecnologia possam conhecer e aprender como funciona o projeto espacial da NASA.


VOCÊ SABIA?

Além do astronauta brasileiro, a Missão Centenário levou para a Estação Espacial Internacional oito experimentos nacionais, sendo cinco científicos, um tecnológico e mais dois educativos. Todos as experiências foram feitas dentro dos laboratórios da ISS e seus resultados estão em análise pelos pesquisadores brasileiros. O experimento tecnológico com o sistema de refrigeração já está disponível para uso comercial no Brasil. Os experimentos levados ao espaço foram: • Efeito da Microgravidade na Cinética das Enzimas Lipase e Invertase (FEI); • DRM - Danos e Reparos no DNA na Microgravidade (UERJ/INPE); • CEM - Teste de Evaporadores Capilares em Ambiente de Microgravidade; • MHP - Minitubos de Calor (UFSC); • NIP - Nuvens de interação Proteica (CenPra); • GSM - Germinação de Sementes em Microgravidade (CENARGEN); • SED - Sementes de feijão brasileiras (experimento educacional); • CCM - Cromatografia da Clorofila (experimento educacional).

Marcos Pontes, o primeiro astronauta Brasileiro O brasileiro Marcos Cesar Pontes tem 63 anos e seu maior feito da carreira foi ter sido o primeiro astronauta do país a viajar ao espaço. Porém, a sua vida não se restringe a isso. Sua carreira começou muito antes de sua entrada dentro da espaçonave Soyuz, em março de 2006. Em 1981, aos 19 anos, ele começou sua carreira militar ao entrar na Academia da Força Aérea (AFA) na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo. Saiu de lá formado como bacharel em tecnologia aeronáutica e com o cargo de oficial aviador. Após esse período de estudos nas Forças Armadas, ele se especializou na pilotagem de aviões de caça e se tornou líder de esquadrilha, controlador aéreo e piloto de testes de aeronaves. Sua carreira de piloto guarda um momento histórico dentro da aviação nacional, ele foi responsável pelo primeiro lançamento do primeiro míssil de fabricação nacional, o MAA-1. Além de grande experiência no campo da aviação, Pontes é formado como Engenheiro Aeronáutico (ITA) e possui mestrado em Engenharia de Sistemas pela escola e pós-graduação da Marinha norte-americana de Monterey, Califórnia. Após quase 20 anos dedicados a aviação militar, ele foi selecionado pelo programa espacial da NASA em junho de 1988 para ocupar a vaga que o Brasil tinha no programa de treinamento de astronautas para viagens relacionadas à construção da Estação Espacial Internacional. No mesmo ano, Marcos começou seu treinamento no Centro Espacial Lyndon Johnson, localizando em Houston, no Texas, de onde saiu formado e declarado oficialmente astronauta em dezembro de 2000. Seis anos após se formar na NASA, ele foi enviado para a primeira missão espacial brasileira em março de 2006.

e consultoria a empresas. Nos dias hoje ele ganha a vida promovendo palestras a empresas de pequeno, médio e grande porte, tanto no Brasil como no Exterior. Entre os cargos que ocupa estão: professor e pesquisador convidado do Instituto de Estudos Avançados da USP, diretor técnico do Instituto Nacional para o Desenvolvimento Espacial e Aeronáutico, embaixador do Brasil da ONU para Desenvolvimento Industrial, além de ser presidente da Fundação Astronauta Marcos Pontes.

SAIBA MAIS SOBRE PONTES

Como es livros: É Possível! • Lançou os seguint 10); (20 e ad lid rea nhos em com transformar seus so do an (2015) e Caminh 15). O Menino do Espaço (20 l cia pa Es o uma Missã Gagarin: crônicas de São Paulo putado federal por • Foi candidato a de – Partido os quadros do PSB em 2014 integrando tos, porém vo 7 .70 . Conseguiu 43 até a Socialista Brasileiro nte ple su de rgo upa o ca não se elegeu e oc 2018. próxima eleição, em

A VIDA APÓS O ESPAÇO

Logo após voltar de sua viagem espacial de 10 dias à Estação Espacial Internacional, Marcos Pontes decidiu pedir exoneração do Exército, onde tinha a patente de tenente-coronel para se dedicar à vida acadêmica, palestras

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Marcos Pontes, o único brasileiro a ir ao espaço A HISTÓRIA DA NASA • 49


6 REALIDADE OU FICÇÃO?

A CHEGADA À LUA FOI UMA FARSA? Analisamos as principais teorias em torno da missão Apollo 11 para que você possa tirar suas conclusões

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conquista do espaço com a chegada do homem à Lua aconteceu a mais de 40 anos, porém até hoje esse evento, que é consideração o maior acontecimento da história da humanidade, ainda gera controvérsia. Nesse período, tanto ufólogos quanto cientistas têm questionado se realmente o que vimos em 1969 é real ou se é uma farsa montada pelo governo norteamericano. Nesse capítulo vamos abordar as principais questões levantadas sobre a viagem do homem à Lua e o que a NASA diz a respeito.

TEORIA 1

O MITO DAS SOMBRAS

Uma das principais teorias defendidas por quem coloca em xeque a viagem do homem à Lua é a questão do posicionamento das sombras. De acordo com essa teoria, as sombras dos astronautas e do módulo lunar são projetadas em diferentes direções, mesmo que a única fonte de iluminação possível teria sido o Sol. Para os defensores da tese, como só havia uma fonte de iluminação, todas as sombras deveriam ser projetadas em uma mesma direção. Além disso, eles alegam que como não havia atmosfera para difundir a luz solar, as sombras deveriam formar as regiões de penumbra, o que impossibilitaria vermos as imagens dos astronautas na sombra. As teorias sobre as sombras não pararam por aí. Após analisarem as imagens tiradas da Lua, os teóricos da conspiração perceberam a existência de dois objetos paralelos que não tinham as sombras do mesmo tamanho. Eles alegam que a iluminação, na realidade, não era proporcionada pelo Sol. Para eles, todas essas diferenças das sombras confirmam a tese de que os astronautas da Apollo 11 não estiveram em solo lunar e que as diferentes sombras são indícios que as imagens foram feitas dentro de um estúdio e que a iluminação seria dos refletores fotográficos presentes no estúdio. O que comprovaria que a farsa foi toda montada dentro de algum estúdio secreto dentro dos Estados Unidos. A NASA, o famoso programa de TV norte-americano “Caçadores de Mitos” e a comunidade científica já expuseram

50 • A HISTÓRIA DA NASA

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Para tudo há uma explicação


diversos argumentos para explicar as distorções das sombras dos astronautas, equipamentos e rochas lunares para contrapor as alegações de que a conquista da Lua teria sido uma farsa. Sobre a questão da penumbra das sombras e da falta de atmosfera para dissipar a luz solar no nosso satélite, a teoria mais aceita é que vemos sombras mais claras nas imagens devido à superfície da Lua ser formada por um material chamado silicato, que por ser extremamente brilhante acaba, indiretamente, servindo como refletores da iluminação vinda do Sol. De acordo com os cientistas, o efeito é semelhante ao que se observa quando vemos o reflexo da luz solar sobre a areia branca ou em superfícies cobertas de neve. Sobre a questão do tamanho e da diferença angular das sombras, a resposta também está relacionada às condições do solo da Lua. A explicação da NASA é que como o solo da lunar é irregular, cheio de montes e crateras, por exemplo, ele gera a distorção do tamanho das sombras. Sobre elas estarem em posições diferentes, os estudiosos alegam que não havia apenas a luz do sol sobre a Lua, mas também a luz emitida pela Terra e pelo Modulo Lunar que estavam em uma angulação diferente em relação à superfície da Lua e à luz vinda do Sol, e que se colocarmos a fotos em perspectiva, veremos que não há nada errado ou diferente, pois cada foto foi tirada de um ângulo diferente, o que explicaria a variação de posicionamento das sombras, cada uma referente a uma das diferentes fontes de iluminação.

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Mesmo na penumbra é possível ver o astronauta

A HISTÓRIA DA NASA • 51


É possível a existência de um espaço sem estrelas?

TEORIA 2

ONDE FORAM PARAR AS ESTRELAS?

Outra questão levantada pelos teóricos contrários a possiblidade do homem ter realmente chegado à Lua e que mexe com o imaginário popular é a questão da ausência de estrelas no espaço no momento em que as fotos foram tiradas. As principais perguntas que se fazem são: Se o espaço é repleto de estrelas e se na Lua não há atmosfera, por que nas imagens dos astronautas caminhando no solo lunar não é possível vermos nenhuma estrela ao fundo? Por que nas imagens o universo é apenas um fundo negro? Ainda de acordo com essa teoria, se não há atmosfera e nem nuvens na Lua, então o correto seria que tanto nas fotos, quanto nas filmagens da alunissagem e da caminhada do homem na lua, fosse possível enxergar as estrelas de nossa galáxia de forma mais nítida e mais brilhante do que costumamos ver a noite aqui na Terra. Para quem defende essa teoria, a tal falta de estrelas se deu por conta da falta de atenção dos especialistas que montaram a farsa no estúdio e do descuido de quem manipulou as imagens e se esqueceu de inserir as estrelas do sistema solar ao fundo. Eles ainda alegam a possiblidade de as estrelas terem sido removidas das fotografias para que não fosse possível descobrir a localização exata de onde as fotos teriam foram tiradas, muito provavelmente em alguma região isolada, secreta e desértica da Terra.

Sim, existem estrelas

A NASA contesta essa teoria afirmando que existem, sim, estrelas

52 • A HISTÓRIA DA NASA

e que o fato delas não aparecerem nas imagens fotográficas do pouso do homem na Lua se deve ao fato da pouca tecnologia e da baixa qualidade das fotos tiradas. Além disso, a agência espacial norte-americana diz que o pouso do módulo lunar da Apollo 11 acorreu no período conhecido como manhã lunar e que, como aqui na Terra, é o período onde a luz do Sol brilha com mais intensidade. O fato de haver uma intensidade maior dos raios solares sobre a Lua e da configuração da câmera ser sido feita para captura rápida de imagens, sem deixar muita luz entrar no obturador para que não ofuscasse os detalhes da superfície da Lua, foram os motivos para que as estrelas não aparecessem nas imagens. Ainda para a NASA, embora as estrelas fossem perceptíveis a olho nu, elas não eram suficientemente brilhantes para que a câmera as capturasse. Alguns especialistas na área da fotografia confirmaram a tese defendida pela NASA, pois segundo eles, para ser possível fotografar objetos que emitem pouca luz, como é o caso das estrelas, é preciso aumentar o tempo de exposição do objeto a ser fotografado para que a luz atravesse a lente, passe pelo obturador da máquina e consiga ser registrada pelo filme. Para que fosse possível captar as imagens das estrelas, o ideal seria um filme rápido com maior sensibilidade e adequado para registar imagens de objetos luminosos com pouco tempo de exposição. Para os especialistas, se a NASA utilizasse a máquina de forma comum para fotografar a Lua e o espaço, o excesso de tempo de exposição à luz acabaria por borrar a imagem e nenhum detalhe da lua seria registrado.

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6 REALIDADE OU FICÇÃO?

TEORIA 3

UMA QUESTÃO DE PATRIOTISMO

Não foram só as imagens do solo, das sombras ou das estrelas que foram questionadas pelos teóricos da conspiração. A outra polêmica que surgiu a partir das imagens divulgadas pela agência espacial norte-americana questiona a presença do maior símbolo do país, a bandeira dos Estados Unidos, na superfície da Lua. O questionamento sobre o maior símbolo da vitória norte americana na Corrida Espacial é que nas imagens oficiais ela aparece tremulando logo após ter sido fixada por Neil Armstrong, mesmo não havendo vento na atmosfera lunar. Para quem acredita que a viagem à Lua é uma farsa, a pergunta é: como poderia uma bandeira estar tremulando como se fosse hastada em qualquer lugar, se é sabido que não há vento na Lua? Para eles, a única explicação plausível para que a bandeira tremulasse em condições adversas é que ela nunca esteve na Lua, mas sim fixada dentro de um estúdio fotográfico e que o descuido da equipe de produção ao deixar a porta do local aberta e que é responsável pela passagem de vento que fez a bandeira tremular, comprovando assim que a tal expedição à Lua não passaria de uma fraude. A questão do balanço do pano da bandeira não se dá apenas sobre a análise das fotos registradas pela tripulação da Apollo 11. Os teóricos dizem que além das fotos, foi possível ver claramente a bandeira sacudindo no ar como se houvesse uma brisa, no momento da transmissão ao vivo do pouso da Lua.


TEORIA 4

AS MARCAS LUNARES

Com ou sem brisa?

A explicação da NASA sobre essa polêmica passa bem longe da existência ou não de uma brisa de vento que teria feito a bandeira tremular. A agência espacial norte-americana argumenta que o fato da bandeira aparecer tremulando está diretamente ligado tanto ao mastro de apoio, quanto ao suporte fixado na parte superior do pano da bandeira para que ela ficasse estendida. A NASA alega que, devido à sua sabedoria de que não havia atmosfera e, em consequência disso, não haveria vento na lua para que a bandeira ficasse aberta, os cientistas da agência decidiram fixar uma barra horizontal de alumínio por toda a extensão do pano da bandeira, para que assim fosse possível que ela permanecesse estendida sem a necessidade de vento. A partir disso, a agência explica que o movimento do tremular que aparece nas imagens é em decorrência de um resíduo de vibração da barra após o mastro ter sido fixado ao solo. Para completar, a NASA diz que devido ao mastro ser de alumínio flexível, um material leve, ele continua a virar após ser fixado ao solo e por isso nas imagens há a sensação de que a bandeira esteja tremulando como se fosse soprada pelo vento. A explicação da comunidade científica segue na mesma linha, pois segundo eles, só é possível ver a bandeira balançar no momento em que a haste é fixada, em movimento similar ao se montar uma barraca de praia, ou imediatamente após ela ter sido fixada, quando tanto o mastro quando a haste ainda tinha algum movimento residual do esforço feito para ela ser fixada no solo.

Uma coisa de cada vez

Para a NASA, as questões relativas ao pouso do Módulo Lunar são simples, já para a consistência da pegada dos astronautas a resposta é um pouco mais complexa. Sobre as pegadas, a agência afirma que o solo da Em um ambiente arenoso, é possível uma pegada tão perfeita?

NASA

Bandeira dos Estados Unidos tremulando no solo lunar

Após surgirem questionamentos sobre as sombras, as estrelas e a não existência de vento na Lua, as pessoas contrárias à Conquista do Espaço pela NASA resolveram pôr em dúvida a veracidade a missão analisando as marcas deixadas pelos astronautas e pelo Módulo Lunar na superfície do nosso satélite natural. De acordo com os adeptos da teoria cuja conquista do espaço nada mais é do que uma farsa, como é possível que o Módulo Lunar, que pesava aproximadamente 17 toneladas, tenha pousado na Lua e não tenha deixado nenhuma marca profunda no solo, ao mesmo tempo que as botas dos astronautas deixaram marcas bem perceptíveis como se tivessem sido feitas em terra ou cimento molhado? Os teóricos da conspiração acreditam que devido ao seu peso, o Módulo Lunar deveria formar uma cratera no solo, seja devido ao trem de pouso ou sob os foguetes. As imagens mostram algumas marcas, mas bem menores do que eles acreditam que seria o correto acontecer. Além disso, alegam que não há poeiras sobre os trens de pouso e que isso também colocaria em questão se o Módulo Lunar teria mesmo pousado na Lua ou se ele teria sido colocado dentro de um estúdio para que as imagens fossem feitas. Já sobre as famosas pegadas deixadas pelos astronautas, a dúvida fica no sentido de que, se não há água ou umidade no solo lunar, como seria possível que as marcas das botas ficaram tão nítidas, já que não há partículas de água no solo lunar para que a formação ficasse tão perfeita.

Lua é formado em sua maior parte por um material conhecido como silicato, que é formado por longas cadeias de moléculas. Quando essas longas cadeias são quebradas, por exemplo, com o impacto da bota dos astronautas, suas extremidades ficam livres para se recombinarem com outros elementos químicos. Em nosso planeta, por exemplo, elas se unem com o oxigênio presentes no ar e formam os óxidos e começam o famoso processo de oxidação, também conhecido como ferrugem. Como na Lua não há gases na atmosfera, as partículas soltas do silicato se recombinam com outras partículas do mesmo material que foram deslocadas pelo impacto gerado pelas botas e por isso que o formato do solado das botas fica tão nítido. Para explicar as questões do Módulo Lunar, a justificativa sobre não haver poeira do solo sobre o trem de pouso da espaçonave se ancora sobre a questão do vácuo. Como não há ar na atmosfera lunar, não teria como a poeira ficar suspensa e depois recair sobre a superfície, pois sem a resistência do ar, a poeira levantada pelos jatos de propulsão do módulo lunar caíram tão rapidamente quanto subiram, quase como tivessem o peso de uma pedra. Porém, os cientistas afirmam que os foguetes do módulo lunar não produziram nenhum deslocamento de ar, pois não há ar na atmosfera da Lua e por isso as únicas poeiras que se moveram foram aquelas que foram atingidas diretamente pelos gases expelidos pelos jatos. Sobre a falta de marcas profundas da alunissagem, a explicação é que havia sensores em forma de cabo em três das quatro plataformas de pouso, e quando um desses cabos tocava o chão, era um sinal ao piloto para que ele pudesse desligar os jatos de pouso, proporcionando um pouso mais suave e, de acordo com os cientistas, sem marcas profundas.

A HISTÓRIA DA NASA • 53


6 REALIDADE OU FICÇÃO? TEORIA 5

FILMES DE OUTRO PLANETA?

Outra questão levantada pelos teóricAs teorias conspiratórias não ficaram apenas no campo das análises das imagens envidas para a Terra e divulgadas pelas NASA. O questionamento também se dá em questões técnicas e sob quais condições as imagens foram tiradas. De acordo com dados da NASA, as temperaturas da superfície do nosso satélite variam de 120° Celsius negativos a 150° positivos, ou seja, uma enorme variação climática. Mesmo estando à mesma distância da Terra em relação ao sol, a Lua não tem uma atmosfera gasosa que possa filtrar a intensidade dos raios solares e a sua superfície acaba absorvendo completamente todo o calor emitido pelo Sol. Devido a essas características da temperatura lunar, alguns teóricos, entre eles Bill Kaysing, começaram a questionar qual teria sido o filme usado pela NASA para fazer os registros da viagem à Lua, pois mesmo nos dias de hoje nenhum filme fotográfico, por mais tecnológico que seja, tem a capacidade de resistir uma temperatura tão alta que, de acordo com eles, superaria facilmente os 100° Celsius no momento em que as fotos foram tiradas. Por causa da incapacidade de o filme resistir à temperatura da Lua, os teóricos contrários a viagem à Lua afirmam que essa é mais uma prova de que as imagens teriam sido feitas dentro de algum estúdio fotográfico aqui na Terra, o que corresponderia dizer que as imagens não foram tiradas diretamente

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da Lua por Buzz Aldrin. Se ele mesmo as tivesse feito em solo lunar, as imagens não existiriam, já que o filme usado por ele teria derretido ao entrar em contato com a temperatura da Lua.

Filmes protegidos

A NASA reconhece que, de fato, nenhum filme resistiria às temperaturas tão altas encontradas no solo da Lua. Mas de acordo com a agência, existem duas explicações para os questionamentos sobre a possiblidade de sobrevivência dos filmes à alta temperatura lunar. A primeira é que devido à questão da existência do vácuo na atmosfera lunar, ou seja, o calor não se propaga por condução (o ar aquece o que está em contato com ele) ou convecção (o ar quente sobe e o frio desce), mas apenas por irradiação, ou seja, por meio da incidência direta dos raios solares sobre algum objeto. Para evitar que o calor do Sol danificasse as máquinas fotográficas, a NASA primeiramente instruiu seus astronautas que desviassem a máquina dos raios do sol e, para que a proteção fosse mais efetiva, revestiram os equipamentos fotográficos com uma espécie de manta reflexiva feita do mesmo material branco usado na roupa dos astronautas da Apollo 11. Com isso, caso os raios solares entrassem em contato com as máquinas, o seu calor seria repelido pela manta e preservaria a integridade dos filmes. De acordo com cientistas, outro fator deve ser levado em consideração é o horário do pouso. Como já dito anteriormente sobre a questão das estrelas, a chegada à Lua foi realizada durante o período da manhã na Lua, quando as temperaturas são mais amenas e o calor não é tão intenso como pregaram os teóricos da conspiração.

Qual a explicação para o filme fotográfico ter resistido às altas temperaturas lunares?

54 • A HISTÓRIA DA NASA

TEORIA 6

O PROBLEMA VAN ALLEN

Apesar de praticamente todas as teorias sobre a ida ou não do homem à Lua serem sobre o pouso, as operações realizadas lá e todas elas serem baseadas nas imagens divulgadas pela NASA, uma delas adota o campo da ciência para colocar a missão em dúvida. Essa teoria, lançada por um cosmonauta soviético, questiona não o momento de chegada à Lua, mas sim o trajeto realizado pela Apollo 11 até chegar lá. O cosmonauta, em suas alegações, afirmava que a Conquista do Espaço seria uma farsa, pois se eles tivessem mesmo se dirigido à Lua, eles não teriam sobrevivido à exposição radioativa do cinturão de Van Allen, uma espécie de nuvem que fica ao redor da Terra composta por partículas carregadas de prótons, que são altamente radioativas. De acordo com os argumentos da corrente que defende essa teoria, só seria possível que os astronautas sobrevivessem à radiação do cinturão de se estivem protegidos por espessas camadas de chumbo na carcaça da espaçonave. Como a estrutura não comportava tantas camadas desse material, eles alegam que a Apollo 11 nunca saiu da Terra. A principal questão sobre a radiação é que, se não houver uma proteção adequada de chumbo, essas partículas radioativas têm a capacidade de atravessar a pele e causar sérios danos nas células do corpo humano. Em alguns casos de exploração prolongada, pode causar câncer na pessoa exposta. Por isso, seria necessário, de acordo com quem acredita que a viagem à Lua é uma farsa, que a parede da Apollo 11 tivesse pelo menos 2 metros de espessura para que os astronautas sobrevivessem à exposição do cinturão radioativo.


TEORIA 7

POR QUE O HOMEM NÃO VOLTOU À LUA?

Nem toda a radiação é igual

Apesar de todo o conhecimento que temos sobre a radiação se basear no uso de partículas radioativas em exames medicinais como raio-X ou tomografias, por exemplo, quando se analisa o cinturão de Van Allen, a questão fica um pouco diferente. Para os especialistas da NASA, a radiação do cinturão não é a mesma usada em exames e tratamentos medicinais ou mesmo dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol. A radiação contida no cinturão é conhecida como ionizante e é menos potente do que radiação de prótons, como a do raio-X, por exemplo. Para se proteger da radiação do cinturão é necessário apenas uma folha de papelão ou uma chapa de metal de pouco mais de 1 centímetro para que os astronautas tivessem a proteção adequada. Além da comunidade científica, os cientistas da NASA antes da missão ser lançada realizaram um mapeamento completo do cinturão de Van Allen e chegaram à conclusão de que se a Apollo 11 atravessa a região em alta velocidade e por um local onde ele é mais estreito, a exposição à radiação seria muito pequena e não representaria nenhum perigo à tripulação. Um estudo posterior realizado pela Universidade Caltech sobre a missão Apollo 11 e a exposição à radiação e um artigo da NASA chamado “Biomedical Results Of Apollo - Radiation Protection And Instrumentation” confirmam que o risco à saúde dos astronautas durante a viagem à Lua foi mínimo.

Depois da vitória, tudo mudou A principal resposta dada pela NASA e pelos cientistas que defendem que houve a chegada do homem à Lua é

Por que não voltamos à Lua?

NASA

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Simulação em laboratório do que seria o cinturão de Van Allen

Uma pergunta recorrente até os dias de hoje é: se naquela época o homem conseguiu chegar à Lua, por que quase 50 anos depois do evento que mudou a história das viagens espaciais, nós nunca mais voltamos lá? Todas as viagens à Lua foram realizadas durante o governo Nixon, no auge da Guerra Fria, sendo que foram realizadas sete missões tripuladas ao nosso satélite entre os anos de 1969 e 1972 e seis delas terminaram com a alunissagem. Após o término da missão Apollo 17, todo o projeto de viagem e exploração da superfície lunar foi abandonado e o homem nunca mais retornou para lá. Para os teóricos que acreditam que todo o projeto Apollo de conquista da Lua foi uma farsa, a tese defendida é que se tivemos condições de realizar essa viagem no final da década de 1960, por que então a NASA não enviou mais nenhuma expedição para lá? Afinal de contas, capacidades nós temos. Para eles, o fato de nunca mais termos voltado à Lua é um forte indício que nunca estivemos lá e que as imagens divulgadas em 20 de julho de 1969 não passaram de um truque de estúdio para que o governo norte-americano pudesse provar sua supremacia e vencer a corrida espacial, pois eles acreditam que se as missões à Lua continuassem acontecendo, hoje elas se tornariam corriqueiras, inclusive proporcionado a ida de civis para lá. A questão desse tópico é mais ideológica do que técnica, pois os teóricos da conspiração miram mais nas reais intenções do governo norteamericano ter abandonado as viagens à Lua logo após ter mostrado que era possível.

uma mistura de questões políticas, econômicas e estratégicas tanto da NASA quanto do governo norteamericano. Sobre as questões políticas, depois de conquistar o espaço e vencer a corrida espacial e, ao mesmo tempo, ver que a União Soviética não tinha interesse em ser a segunda colocada nessa disputa, não valia mais a pena insistir em uma batalha já ganha e então a NASA decidiu investir em missões não tripuladas com sondas e, principalmente, satélites, que eram comercialmente mais lucrativos do que investir uma enorme quantia financeira só para realizar viagens a uma região do espaço já conquistada e já explorada. Ou seja, como as missões Apollo tinham mais a intenção de provar a superioridade norte-americana sobre a União Soviética do que qualquer outra coisa, não fazia sentido continuar com elas após o objetivo ter sido atingido. Outro motivo para essa mudança foi o desinteresse da mídia e da população sobre o tema, já que nenhum deles se mostrava muito empolgado em ver astronautas e rochas, as únicas coisas que a viagem a Lua podia oferecer, em detrimento à Guerra do Vietnã, que monopolizava a atenção de toda a sociedade dos Estados Unidos. Além da questão política, houve também a questão econômica e estratégia, pois cada missão à Lua não era nada barato. Só no programa Apollo, foram investidos aproximadamente US$ 25 bilhões e a NASA preferiu usar a maior parte de sua verba para realizar os avanços tecnológicos em sondas, robôs e satélites para explorar o restante do espaço, que traziam mais resultados científicos do que enviar homens à Lua.

A HISTÓRIA DA NASA • 55


6 REALIDADE OU FICÇÃO?

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Seria Stanley Kubrick o verdadeiro responsável pela conquista do espaço?

TEORIA 8

O FATOR KUBRICK

Durante todo o capítulo você viu inúmeras teorias conspiratórias questionando a veracidade da expedição que levou o homem à Lua e se tornou um dos principais fatos do século XX. Praticamente todos os questionamentos foram em cima das imagens e vídeos divulgados pela NASA. Ora eram sobre a existência ou não das estrelas, de marcas ou poeira no solo lunar, ora o questionamento era sobre o tremular ou não da bandeira. Porém, todas elas chegavam à mesma conclusão: a conquista do espaço foi uma fraude produzida dentro de um estúdio secreto. E de acordo com esses teóricos, o responsável pela toda a elaboração e filmagem da farsa tinha um nome: Stanley Kubrick. Entre tantos diretores renomados de Hollywood, por então caberia a ele encenar a farsa da chegada do homem à Lua? Para os teóricos que atribuem o feito cinematográfico da farsa a Kubrick, o ponto de apoio é o filme lançado pelo diretor um ano antes da missão que colocou Neil Armstrong na história. Em 1968, o diretor lançou o conhecido filme “2001, Uma Odisseia no Espaço”, em que, com o passar o tempo, o homem deixava as cavernas e passava a realizar viagens pelo espaço. A cena do filme onde os astronautas caminham pela superfície lunar em busca do encontro de um aerólito alienígena e a caracterização do espaço feitas por ele ficaram tão realistas que muitas das pessoas que defendem essa tese acreditam que não seria muito difícil para o diretor recriar o cenário do filme em estúdio apenas acrescentando

56 • A HISTÓRIA DA NASA

o módulo lunar e os astronautas e forjar toda a história da conquista da Lua a pedido da NASA. Alguns acreditam até que em fotos posteriores de estúdio feitas pela agência aparecem a imagem o rosto do diretor por trás de um dos astronautas dirigindo a encenação.

A filha responde

A teoria de que Kubrick teria dado vida à farsa arquitetada pelo governo norte-americano representado pelo presidente Nixon e pela NASA para vencerem a corrida espacial permanece até os dias de hoje, mesmo que o diretor nunca tenha se pronunciado sobre o assunto até o seu falecimento em 1999. Nem mesmo a morte dele serviu para aplacar essa teoria e coube à filha dele, Vivian Kubrick, vir a público e desmentir a teoria relacionada ao pai. Em julho de 2016, a filha do diretor ao ser questionada sobre o assunto em uma rede social resolveu se manifestar e saiu em defesa do pai afirmando que ele nunca havia participado de tal farsa e que associarem Kubrick às teorias contra a conquista do espaço pelo homem era uma mentira grotesca e uma afronta não só a integridade artística, mas também a consciência política e social que o diretor sempre teve. Ainda segundo o texto dela nas redes sociais e reproduzido pelo site “canaltech.com.br”: “Certamente (?!) um artista, como o meu pai, cujo grau de integridade artística profunda é autoevidente, cuja consciência política e social está manifestamente presente em quase todos os filmes que fez, cujo tema altamente controverso literalmente colocou sua vida em risco e ainda assim ele continuou a fazer o filme que ele fez... vocês não acham que ele seria a última pessoa no mundo a ajudar o governo dos Estados Unidos em uma traição tão terrível ao seu povo?”, escreveu.

AS A seguir, veja as principais relíquias que a Apollo 11 trouxe da Lua e que estão guardadas em um museu da NASA.

MUSEU LUNAR O local responsável por guardar as amostras rochosas trazidas pelos astronautas que foram à Lua corresponde a um grande armazém dentro das instalações do Centro Espacial e foi inaugurado em 1979 para abrigar mais de 380 quilos de rochas e amostras do solo lunar. Sua entrada é liberada aos visitantes com autorização da NASA e tem o nome de “Laboratório de Amostras Lunares”.

FORMAÇÃO DA SUPERFÍCIE Graças às amostras de rochas e da superfície lunar trazida pelos astronautas, foi possível os cientistas da NASA confirmarem a tese que o solo irregular da Lua foi formado pelo intenso impacto de asteroides e meteoros, e que eles são responsáveis pelo surgimento da maioria das crateras que formam a topografia lunar. Também foi possível descobrir que a manta e a poeira que cobrem a superfície da Lua e são chamadas de regolitos são resultado de intenso choque de meteoritos, micrometeoritos e radiação que atingiram a Lua desde sua formação.

A MULTIPLICAÇÃO As 2.200 espécies diferentes que chegaram da Lua por meio das diversas missões Apollo, entre 1969 e 1972, foram transforma-


ONDE FICA: Centro Espacial Lyndon Johnson, também conhecido Space Center Houston. Além de guardar rochas lunares, o espaço abriga o centro de controle da Estação Espacial, campos de treinamento de astronautas, pesquisa e controle de voos e fica localizado na cidade de Houston, Texas.

A famosa pedra gênesis, formada junto com a superfície da Lua, foi capturada pela equipe da Apollo 15, em 1971

As rochas da superfície lunar trazidas pelos astronautas são de grande valia para os pesquisadores da NASA e de equipes parceiras, pois devido à atmosfera da Lua ser formada por vácuo, permitiu que tanto a superfície do satélite natural quanto as rochas permanecessem praticamente inalteradas desde a sua formação, facilitando assim as pesquisas sobre a formação não só da Lua, mas também da origem do nosso sistema solar.

DAS ROCHAS das pelos cientistas da NASA em mais de 110 mil amostras prontas para experiências, sendo todas elas catalogadas individualmente.

Amostras de rochas lunares trazidas pela equipe da Apollo 11 em 1969

NÚMEROS GERAIS

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De acordo com o site mantido pela curadoria do laboratório e pela NASA, entre 1969 e 1972 as seis viagens realizadas com sucesso à Lua trouxeram mais de 2.200 amostras de seis locais diferentes da Lua e estão separadas por: rochas lunares, amostras do núcleo do satélite, seixos – fragmentos de foto mineral ou rocha menor que um grão, além de areia e poeira da superfície lunar.

Cientistas analisando amostra de rocha lunar trazida pela equipe da Apollo 14, em 1971

TRABALHO COLETIVO

ACESSO RESTRITO A preocupação é tão grande com a preservação das amostras lunares que a NASA autoriza a visitação, em média, de 100 pessoas por ano ao Laboratório de Amostras Lunares. Todas essas visitas são de finalidade educacional ou para pesquisa.

Além da curadoria e da preservação as amostras da Lua trazidas pelo programa Apollo, o Laboratório de Amostras Lunares também é responsável por preparar amostras do acervo para envio a cientistas e educadores a título do empréstimo. Aproximadamente 400 amostras são distribuídas por ano para projetos de ensino ou pesquisas de cientistas cadastrados na NASA.

A PEDRA MAIS IMPORTANTE

Amostras do solo lunar separadas para envio para pesquisas de outros cientistas NASA

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ESTUDOS DO SISTEMA SOLAR

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RELÍQUIAS DA LUA

A rocha mais importante do acervo é uma conhecida por “gênesis”, pois os pesquisadores acreditam que ela foi formada em algum momento próximo da solidificação da Lua, há aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Ela é formada por uma coloração suave e tem um tamanho aproximado de uma grande borracha. Ela fica armazenada dentro de uma caixa com gás nitrogênio para sua perfeita conservação.

A HISTÓRIA DA NASA • 57


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7 ASTRONAUTAS BRILHANTES

Neil Armstrong em pose após retornar da missão Apollo 11

ELES FIZERAM HISTÓRIA Conheça um pouco da vida de personagens célebres que ajudaram a construir a agência norte-americana

A

história da NASA está prestes a completar 60 anos e é repleta de conquistas e descobertas espaciais, mas elas não seriam possíveis sem a participação de pessoas. Neste capítulo vamos contar um pouco da história dos principais astronautas que passaram pela agência espacial.

NEIL ARMSTRONG, O MAIOR DE TODOS Neil Armstrong é provavelmente o astronauta mais conhecido de toda a história da NASA, muito por causa de sua participação na missão da Apollo 11 e da conquista do espaço. Porém, a sua vida não se restringiu somente a esse grande evento. Durante seus 82 anos de vida ele realizou muitas outras coisas. Ele nasceu em 5 de agosto de 1930 na cidade de Wapakoneta, Ohio. Ou seja, 29 anos antes de colocar seu nome na história da humanidade. Antes de entrar definitivamente para a carreira de astronauta, Armstrong foi engenheiro aeronáutico e piloto de caças e nesse período serviu à Marinha dos Estados Unidos entre os anos de 1949 e 1952, chegando a participar ativamente da Guerra da Coreia. Entre os anos de 1952 e 1955, quando foi recrutado pela NACA, um órgão governamental que precedeu o surgimento da NASA, Armstrong trabalhou como pilotos de testes para empresas privadas fabricantes de avião e jato, atingindo a marca de ter testado mais de 900 modelos de aeronaves diferentes durante a década de 1950.

58 • A HISTÓRIA DA NASA

Em 1955, Armstrong, devido à sua experiência com aeronaves, deixa de lado o setor privado e ingressa no Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA). Nos primeiros 17 anos de sua carreira dentro das duas agências, ele desempenhou o papel de engenheiro, piloto de testes e de administração até chegar ao posto de astronauta, em 1962. Sua primeira missão como astronauta foi comandar a missão Gemini, sendo lançado em 16 de março 1966 a bordo do Gemini 8 ao espaço e se tornando o primeiro astronauta a realizar o acoplamento de dois veículos no espaço com sucesso. Sua segunda missão espacial aconteceu três anos depois, em 1969, quando a bordo da Apollo 11 ele se tornou o primeiro homem a pisa na Lua e cravar o seu nome da história.

De volta da Lua

Após o retorno da missão Apollo 11, Neil Armstrong trabalhou por dois anos em funções administrativas da agência espacial, onde ocupou o cargo de Vice-Administrador Associado, na

sede da agência em Washington, ficando responsável pela gestão e coordenação de investigações tecnológicas da aeronáutica. Em agosto de 1971, ele deixou seu cargo na agência espacial para se tornar professor e lecionou durante oito anos Engenhara Aeroespacial na Universidade de Cincinnati, no Estado onde nasceu. Após esse período como professor, Armstrong decidiu se aventurar no ramo do petróleo e se tornou diretor de uma empresa fabricante de máquinas petrolíferas, a Cincinnati Gas and Electric Co. Seus últimos anos foram dedicados a conferências sobre voos espaciais e aparições públicas sempre que havia atos em celebração ao feito conquistado em 1969. A última vez que foi visto em público foi em novembro de 2011 quando recebeu medalha de outro do Congresso norte-americano por seu feito histórico. Morreu em 25 de agosto de 2012, aos 82 anos, em decorrência de complicações de uma cirurgia cardiovascular para desobstrução de suas artérias coronárias.


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BUZZ ALDRIN, O PARCEIRO DE ARMSTRONG Não podemos falar de Neil Armstrong e nos esquecermos de seu parceiro de viagem à Lua, Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar em nosso satélite. Edwin Eugene Aldrin Jr. nasceu em 1930 na cidade de Nova Jersey e, assim como seu companheiro de viagem, também serviu o exército norte-americano antes de fazer parte da NASA. Entre os anos de 1956 e 1959, fez parte da Força Aérea dos Estados Unidos e participou da Guerra da Coreia, além de servir na Alemanha como piloto. Após voltar da Lua, deixou a NASA e voltou à Força Aérea, onde trabalhou como consultor. Além disso, escreveu três obras entre 1973 e 2006, sendo dois livros autobiográficos e mais recentemente, um conto de ficção científica. Atualmente vive com a esposa, Lois Driggs, em Los Angeles.

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Shepard retirando o uniforme após voltar de sua primeira viagem ao espaço

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Jonh Glenn, já como senador, vestindo novamente seu uniforme de astronauta em 1998

Buzz Aldrin em evento realizado em São Francisco em 2009

JOHN GLENN, DE ASTRONAUTA A SENADOR John Herschel Glenn Jr., nasceu em na cidade de Cambridge, Ohio em 18 de julho de 1921 e entrou para a história da NASA ao se tonar o primeiro astronauta a entrar na órbita da Terra a bordo da cápsula espacial Friendship 7, em 20 de fevereiro de 1962. Antes de fazer parte da NASA, ele fez parte o exército como piloto naval e atuou em diversos combates no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Após voltar da missão Mercury, da qual se tornou um herói nacional, não mais voltou ao espaço, e logo após a morte do presidente J. Kennedy decidiu entrar para a política e foi senador por Ohio de 1974 a 1999 pelo partido Democrata. Em 1998 voltou ao espaço a bordo do ônibus espacial Discovery para participar de uma experiência da NASA sobre o efeito da viagem espacial em pessoas da terceira idade.

ALAN SHEPARD, O QUINTO HOMEM A PISAR NA LUA Alan Bartlett Shepard Jr. nasceu em 18 de novembro de 1923 e morreu 21 de julho de 1998, aos 74 anos. Como a maioria dos astronautas da primeira geração da NASA, fez parte do exército antes de se tornar astronauta e participou da Segunda Guerra Mundial como piloto naval da Marinha. Em 1959 foi um dos primeiros astronautas recrutados pela NASA e participou de dois eventos que colocaram seu nome na história. Ele foi o primeiro norte-americano a entrar no espaço em 1961 a bordo da Freedom 7, porém, sem atingir a órbita da Terra. Dez anos depois estava na tripulação da Apollo 14 e se tornou o quinto homem a pisar na Lua, em 1971. Na volta à Terra, foi promovido a chefe de escritório da NASA, onde trabalhou até se aposentar em 1974. Morreu em 1998, vítima de leucemia, e teve suas cinzas jogadas ao mar junto com as de sua esposa. A HISTÓRIA DA NASA • 59


GUS GRISSOM: O FIM TRÁGICO DE UM HERÓI O tenente-coronel Virgil Ivan “Gus” Grissom foi um astronauta que marcou a história da NASA em três momentos, dois deles positivos e outro trágico. Ele fez parte da primeira geração de astronautas escolhidos pela NASA após fazer parte do exército dos Estados Unidos. Gus foi o segundo astronauta norte-americano a ir ao espaço, a bordo da cápsula Liberty Bell 7, em 1961. Voltou ao espaço em 1965 a bordo da Gemini, sendo o primeiro astronauta a realizar uma viagem tripulada em dupla, ao lado de John Young. O fato trágico é que Gus fazia parte da equipe que testava o módulo de comando que seria usado na Apollo 1, em 1967, na base espacial do Cabo Canaveral e devido a um incêndio na parte elétrica acabou morrendo carbonizado no interior do equipamento. John em treinamento para a missão Gemini, sua primeira viagem ao espaço

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Gus em retrato oficial da NASA tirado em 1964

MAE JEMISON: EFEITOS SOBRE MICROGRAVIDADE Mae Carol Jemison nasceu em 17 de outubro de 1956 no estado do Alabama e entrou para a história da NASA em 1992 ao fazer parte do grupo de especialistas a bordo do ônibus espacial Endeavour e se tornar a primeira mulher afro-americana a ir ao espaço. No período em que ficou no espaço, ela realizou experimentos sobre microgravidade e os efeitos do enjoo na tripulação. Antes de fazer parte da NASA, em 1987, ela se formou em engenharia química pela Universidade de Stanford e medicina pela Faculdade de Medicina de Cornell em Nova York, além de passar dois anos trabalhando como médica do Corpo da Paz na Libéria e em Serra Leoa. Após se aposentar da NASA, em 1993, ela criou o Grupo Jemison, uma empresa focada em pesquisar, desenvolver e comercializar tecnologias avançadas.

JOHN YOUNG, O RECORDISTA EM VIAGENS AO ESPAÇO

Lovell durante treinamento para a missão Apollo 13

JAMES LOVELL: “TIVEMOS UM PROBLEMA” James Arthur “Jim” Lovell Jr. nasceu em Cleveland em 25 de março de 1928 e podemos dizer que foi o primeiro astronauta da NASA a entrar para a história devido ao fracasso da missão que comandava. Antes de se tornar astronauta, frequentou por muitos anos a Escola de Pilotos de Testes em Maryland, onde durante seus quatro anos de carreira naval acumulou mais de 7 mil horas de voo, sendo metade delas em aeronaves a jato. Entrou para a NASA em 1962 e seu principal feito por ter dito a célebre frase “Houston, nós tivemos um problema”, quando teve que abortar a missão à Lua da Apollo 13 devido à explosão de um tanque de oxigênio dentro do Módulo Lunar, obrigado a equipe a retornar à Terra sem cumprir sua missão. Após se aposentar da NASA em março de 1973, dedicou sua vida ao trabalho no setor privado e hoje percorre os Estados Unidos dando palestras em universidades sobre sua experiência espacial.

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O astronauta John Watts Young nasceu na cidade de San Francisco em 24 de setembro de 1930 e tem lugar reservado nos grandes feitos da NASA por ter sido o nono homem a pisar na Lua durante a missão Apollo 16, realizada em 1972. Depois dele, apenas mais três astronautas tiveram a felicidade de tocar o solo lunar. Além disso, ele é considerado o astronauta que mais vezes foi ao espaço tendo totalizado seis viagens no comando de missões dos Projetos Gemini, Apollo e do ônibus espacial. Se aposentou da NASA em 2004 aos 74 anos e hoje participa de encontros realizados pela NASA com astronautas mais jovens. 60 • A HISTÓRIA DA NASA

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Mae Jemison, a primeira afroamericana a ir ao espaço durante seus testes de microgravidade

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7 ASTRONAUTAS BRILHANTES


Bluford em foto oficial da missão Challenger que levou o primeiro afro-americano ao espaço

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Sally Ride em foto oficial da missão Challenger

Collins a bordo da Columbia em 1999

EILEEN COLLINS: UMA MULHER NO COMANDO NA NASA

Sally Kristen Ride merece o lugar que tem na história e a homenagem recente feita pelo Google transformando-o em tema de doodle. Nascida em Los Angeles em 26 de maio de 1951, ela foi a primeira mulher norte-americana a ir ao espaço, um grande feito ainda mais em uma época em que a presença das mulheres a NASA era restrita. Formada em física e inglês pela Universidade de Stanford, Sally entrou para a NASA em 1980, onde realizou trabalhos em laboratórios até 1983, quando foi convocada para fazer parte da tripulação da Challenger, que colocou dois satélites na órbita da Terra em junho de 1983, quando seu nome entrou para a história. Em 1987 ela se desligou da NASA e passou a lecionar física nas universidades de Stanford e UCLA. Morreu em 2012 em virtude de um câncer no pâncreas.

Guion Bluford Jr., atualmente com 74 anos, entrou para a história da NASA ao se tornar o primeiro afro-americano da ser enviado para uma missão espacial. Bluford é formado em engenharia aeroespacial pela Universidade Estadual da Pensilvânia e antes de fazer parte do corpo de astronautas na NASA, em 1979, fez parte da Força Aérea norte-americana e participou em mais de 140 missões de combate na Guerra do Vietnã. Sua entrada para a história aconteceu em 30 de agosto de 1983 quando foi enviado a bordo da primeira missão do ônibus espacial Challenger, lançado e aterrissado no período noturno, em 1992. Em 1993 se aposentou da NASA e passou a se dedicar à iniciativa privada, onde desde então atua como vicepresidente da divisão de engenharia da NYMA Inc., uma empresa que presta serviços à NASA.

Eileen Marie Collins gravou seu nome na história em 1999 ao ser a primeira mulher a comandar uma missão espacial da NASA ao liderar a missão STS-93, que levou ao espaço ônibus espacial Columbia ao espaço com o objetivo de colocar na órbita da Terra o satélite Chandra, uma espécie de observatório dos efeitos de raios-X. Antes de ir ao espaço, Collins se formou na Universidade de Siracusa em 1979 e fez mestrado em matemática pela Universidade de Stanford, onde lecionava até ser selecionada para o programa de treinamentos de astronautas da NASA, em 1990. Eileen realizou um total de quatro viagens espaciais até se aposentar em 2005 para se dedicar à família e trabalhar no setor privado. Foi a primeira astronauta a fazer um ônibus espacial girar 360° sobre seu próprio eixo, em 2005.

QUERO SER ASTRONAUTA

SALLY RIDE, A PIONEIRA NO ESPAÇO

GUION BLUFORD: O PRIMEIRO AFRO-AMERICANO EM MISSÃO ESPACIAL

Tornar-se um astronauta e viajar ao espaço não é uma tarefa das mais simples, ainda mais se você não for norte-americano, pois eles priorizam pessoas nascidas no país na hora de fazer a seleção. Mas você pode tentar entrar no programa espacial da NASA por meio da Agência Espacial Brasileira, porém, a situação é um pouco mais complicada pois eles não costumam alistar astronautas de outras agências. O primeiro passo é a formação acadêmica. A NASA exige no mínimo que o candidato seja bacharel em engenharia, biologia, física ou ciências da computação. Não basta ser formado, pois a agência exige pelo menos três anos de experiência na área de formação ou 1.000 horas de voo

no comando de aviões a jato. Essa exigência cai para dois anos se o candidato tiver mestrado ou deixa de existir se a pessoa tiver um doutorado. Digamos que o candidato atenda aos requisitos acadêmicos, agora ele deve ser aprovado também nos requisitos físicos, que são avaliados em teste bem rígidos. A pressão sanguínea, por exemplo, precisa ser próxima do 14/9. A altura deve estar entre 1,49m (mínimo) e 1,93m, máximo. Não há idade limite para um astronauta, mas os últimos que entraram tinham uma média de idade do grupo de 34 anos. Após ser aprovado na seleção, o candidato ainda terá que passar por um período de dois anos de treinamento e avalição, que são compostos por provas militares de sobrevivência, aulas de voo e mergulho, além de aprender robótica e noções do idioma russo. A HISTÓRIA DA NASA • 61


8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

PRÓXIMO DESTINO: MARTE Após conquistar a Lua, agora a NASA mira o planeta vermelho

O

mundo está mudando, e a cada dia a ciência espacial nos apresenta uma tecnologia ou uma descoberta nova sobre o Sistema Solar e as galáxias, e a pergunta que fica é: para onde iremos agora? É sem dúvida uma pergunta difícil de responder, porém, neste capítulo, vamos tentar respondê-la contando para vocês quais são as principais missões que NASA planeja para as próximas décadas.

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MISSÃO INSIGHT

62 • A HISTÓRIA DA NASA

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A NASA tinha programado o início da Missão InSight rumo a Marte para 2016, porém, devido a um problema com alguns instrumentos de medição, a agência adiou seu lançamento para, provavelmente, 2018. A principal característica desta missão é que ela será a primeira a fazer uma pesquisa mais profunda do solo de Marte para descobrir como se formaram as rochas e o solo do planeta, na busca por dados que possam levar os cientistas a terem algum indício sobre a formação dos planetas rochosos de nosso Sistema Solar. A sonda é equipada com um sismógrafo francês que vai medir a intensidade da vibração do subsolo de Marte em diversas regiões do planeta. O principal motivo que levou a NASA a escolher Marte para realizar uma pesquisa mais profunda das características do seu solo e subsolo é que o planeta ainda guarda memória de sua formação, como afirmou Bruce Banerdt, um dos principais cientistas da missão insight, para o site da NASA. “Marte mantém evidências sobre o desenvolvimento inicial dos planetas rochosos que não existem mais na Terra. A obtenção de informações sobre o núcleo, manto e crosta de Marte é prioridade para a ciência planetária e a InSight foi construída para alcançar este objetivo”, disse.


Arte conceitual sobre a missão InSight, que quer conhecer o núcleo de Marte

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De acordo com o site da NASA, o principal objetivo da missão InSight é coletar dados suficientes que proporcionem aos cientistas o entendimento sobre como foi o processo de formação e como foram se definindo as superfícies dos planetas rochoso de nosso sistema planetário, que tem mais de 4 bilhões de anos. A sonda conta ainda com avançados sistemas de medição que vão focar a exploração do planeta vermelho em três frentes. A primeira vai, por meio do sismógrafo, capturar o que os cientistas chamam de impressões digitais do processo de formação do solo, medir os sinais vitais de Marte por meio da movimentação das placas rochosas, medir o calor do núcleo e do subsolo do planeta por meio de um sistema de mediação de fluxo de calor. O principal diferencial da missão InSight para as demais missões com sonda do programa “Jornada Para Marte” que a NASA lançou ainda em meados da década de 1970 com o envio das sondas Viking ao planeta vermelho, é que ela é a primeira que vai fazer uma busca além da superfície do solo marciano. Todas as missões feitas com destino a Marte até hoje se preocuparam em investigar a história da superfície do planeta, analisando por meio de imagens e fragmentos de rochas as características dos cânions, vulcões, rochas e solo da superfície.

A HISTÓRIA DA NASA • 63


8 PARA ONDE IREMOS AGORA? A missão que tem previsão de ir ao espaço em 2018 vai ser a primeira que vai buscar indícios da formação e da evolução de Marte, pesquisando seus blocos de rocha e núcleo que só podem ser encontrados em uma zona muito mais profunda e próxima do centro do planeta. Com tantos outros planetas no Sistema Solar e até a Lua, nosso satélite natural, por que então a NASA tem essa obsessão por Marte? Por que essa nova sonda vai ser enviada justamente para o planeta vermelho? A ideia de ir até Marte, que tanto fascina a NASA, é que além de ser um planeta próximo, o planeta vermelho tem características semelhantes à Terra e entender como ele foi formado vai ajudar os cientistas a compreenderem como é que foi o processo de formação geológica do nosso planeta. Além de ter características semelhantes, como a existência de água, Marte, de acordo com os especialistas da NASA, teve menos atividades geológicas desde sua formação do que a Terra. Por exemplo, no planeta vizinho não foram detectadas placas tectônicas, ou seja, a sua formação rochosa é muito mais concentrada do que a nossa. É por causa dessa característica mais pura de seu solo, que o planeta consegue manter um registro geológico mais completo e mais fácil de ser analisado, pois ainda é possível encontrar elementos básicos da construção dele como, por exemplo, o núcleo, o manto e a crosta marciana. Devido à permanência, quase intactas, de suas características naturais, os resultados obtidos pela missão InSight, vão proporcionar aos especialistas terem dados concretos sobre o tamanho, espessura, densidade e a estrutura das três camadas que formam o planeta vermelho, além de poder determinar o momento em que o calor escapa do interior do planeta em direção à superfície, propiciando então o entendimento de todo o processo evolutivo não só da Terra, mas também dos demais planetas rochosos de nosso Sistema Solar. Além dessas características, Marte ainda tem um outro fator que o torna o planeta vermelho único em nosso sistema solar e explica a insistência de diversas missões, cada vez mais exploratórias da NASA ao planeta. De acordo com os cientistas, Marte pode ser considerado um planeta conhecido como “Goldilocks”, ou seja, ele tem uma superfície grande o suficiente para sido formado pelo

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POR QUE MARTE?

aquecimento interno e formar diferentes camadas separadas, o mesmo processo pelo qual passaram Terra, Vênus, Mercúrio e a Lua, por exemplo, porém, ao mesmo tempo, sua superfície é menor em relação aos outros planetas e, por causa disso, ele conseguiu reter os vestígios originais do início de seu processo de formação e também do processo de formação do Sistema Solar.

Especialistas da NASA testando a mecânica da sonda e do sismógrafo SEIS

Curiosidades • Você sabia que a sonda usada missão InSight tem design e tecnologia semelhantes à usada na sonda da missão Phoenix, de 2007? A sonda da missão Phoenix é praticamente a mesma que é usada na InSight, porém com outros equipamentos tecnológicos, pois seu objetivo era estudar a formação de glacial próximo ao polo norte de Marte. • De acordo com a NASA, o reaproveitamento da sonda usada há quase uma década, além de reduzir o custo de produção para projetar e testar um sistema novo desde o início, fornece para a agência um caminho mais seguro para o envio da nova missão a Marte, pois o rover já provou sua eficácia. • A missão InSight não é puramente norte-americana, ela conta com apoio tecnológico europeu para funcionar. O Experimento Sísmico para Estrutura Inferior (SEIS) que vai medir a movimentação geológica do subsolo de Marte foi construído pela Agência Espacial Francesa (CNES) e o equipamento que vai medir o fluxo de calor do planeta vermelho foi fornecido pela Agência Espacial Alemã (DLR).


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CARATERÍSTICAS DA MISSÃO INSIGHT Arte da sonda vasculhando o subsolo marciano

TECNOLOGIA

Conheça os instrumentos espaciais que serão usados pela InSight

ABERTURA DA JANELA DE LANÇAMENTO

FECHAMENTO DA JANELA DE LANÇAMENTO

5 de maio de 2018

26 de novembro de 2018

TEMPO DE ESTIMADO DA MISSÃO 728 dias ou 708 soles (medida de dia em Marte)

TEMPO PARA COMEÇO DA OPERAÇÃO APÓS A SONDA CHEGAR A MARTE 60 dias

VOLUME DE DADOS RECEBIDOS A NASA espera receber 29 GB de dados sobre a missão

SEIS Em formato que lembra um casco de tartaruga, o SEIS é um sismógrafo ultrassensível que será responsável por registrar a “pulsação” do subsolo de Marte. Ele fará a medição de terremotos e outras atividades internas da superfície do planeta. HP³ Em formato de antena, esse instrumento tem o objetivo de perfurar o solo de Marte e fazer medições da temperatura interna do planeta. A sonda de fluxo de calor com maior capacidade já usada vai perfurar cinco metros abaixo da superfície marciana para saber quanto de calor do núcleo chega até a superfície do planeta e levantar dados de sua história térmica. RISE Com uma forma semelhante a uma lata, esse equipamento terá a função de controlar os reflexos da transmissão de dados de Marte para a Terra. Ele vai medir com precisão o efeito Doppler – um fenômeno que é observado quando as ondas emitidas por um emissor estão em movimento em relação ao receptor. Ao rastrear a oscilação do sinal enviado pela sonda, os cientistas poderão determinar de que forma a atmosfera de Marte foi constituída.

A HISTÓRIA DA NASA • 65


8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

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MISSÃO TESS

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TESS é uma abreviação do que a NASA chama “Transiting Exoplanet Survey Satellite”, ou seja, um satélite transitório de exploração de exoplanetas. Esse novo telescópio espacial faz parte do programa Explorer e irá viajar pelo espaço na busca de exoplanetas que orbitam estrelas de outros sistemas solares. De acordo com estimativas da agência norte-americana, o telescópio deve ser lançado em 2017 e deverá permanecer em missão em órbita até o final de 2019. O projeto desse telescópio começou em meados de 2006, quando um grupo privado queria financiar a ida do TESS em uma curta missão interplanetária. O grupo que começou a projetar exploração do espaço por meio da TESS tinha o apoio financeiro de gigantes do setor de tecnologia como Google, a Fundação Kavli e financiadores particulares do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que seria o responsável por todo o desenvolvimento do satélite. Porém, em meados de 2008, o projeto ganhou um novo fôlego quando o MIT propôs que a NASA assumisse

a missão espacial de exploração de exoplanetas como sendo um projeto próprio e, em 2010, o TESS foi aceito com parte do Programa Explorer, que visa à criação de sondas e telescópios para a exploração do espaço. Após três anos parado, em 2013 o projeto TESS começou a ser desenvolvido pela NASA, que manteve a parceria financeira com a Fundação Kavli e tecnológica com setor de astrofísica do MIT.

O que fará o TESS?

A expectativa das empresas e instituições que, junto com a NASA, estão produzindo o telescópio TESS é que, durante os dois anos de duração de sua missão, ele consiga monitorar a intensidade do brilho de mais de 200 mil estrelas existentes no espaço e que possa trazer dados consistentes sobre a variação da emissão de luz por parte dessas estrelas quando elas estiverem em trânsito. De acordo com os cientistas envolvidos no projeto, esses trânsitos de luz acontecem quando a órbita de um planeta está diretamente colocada em frente à sua estrela-mãe, ou seja, seria como medir a intensidade de luz emitida pela Terra quando sua órbita está diretamente em frente ao Sol e determinar se há e quanto há de variação de luz. Eles esperam que a TESS consiga catalogar mais de 1.500 estrelas diferentes que estão em trânsito e possam se tornar exoplanetas (planetas que orbitam em estrela que não seja o Sol e que, portanto, pertençam a outro sistema planetário). Dentro dessas 1.500 amostras de novos possíveis planetas, os cientistas esperam encontrar dados

Mapa de área com exoplanetas a serem explorados

66 • A HISTÓRIA DA NASA

de aproximadamente 500 planetas do tamanho da Terra ou maiores, com emissão de luz até duas vezes menores do que a Terra. Além de encontrar nossos exoplanetas, outro objetivo estipulado para a TESS é que ela possa detectar também corpos celestiais rochosos e com características propícias à vida semelhantes a que temos na Terra e, nesses possíveis planetas, encontrarem zonas habitáveis dentro de seu sistema planetário.

Que diferencial o TESS oferece?

A grande referência quando falamos do TESS é o telescópio Kepler que, como visto no segundo capítulo desse especial, conseguiu detectar a existência de diversos exoplanetas em outros sistemas planetários e desde 2013, quando completou a sua missão, seguiu sua viagem espacial em busca de supernovas. De acordo com a equipe, o TESS terá uma capacidade de detecção de 30 a 100 vezes maior que o Kepler, ou seja, ficará mais fácil e seguro caracterizar se a estrela encontrada pelo telescópio são ou não um exoplaneta e também conseguir fornecer aos cientistas dados que possam ajudar a mensurar a massa, o tamanho, a densidade e as propriedades dos planetas encontrados. O objetivo principal da equipe responsável pelo desenvolvimento do TESS é descobrir novos planetas em outros sistemas, mas ela também quer se aproveitar dos dados já obtidos pelo Kepler para conseguir aprofundar suas pesquisas e trazer novos insights para a ciência espacial que procura entender o funcionamento dos planetas de outro sistema planetário, principalmente nos casos do que eles têm tamanho igual ou superior à Terra. A expectativa dos cientistas do MIT e da NASA é que os dados coletados pelo TESS possam servir como, por exemplo, um catálogo mais extenso de planetas que possam ser explorados mais detalhadamente, quando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) que tem seu lançamento previsto para 2018, for registrar essas outras estrelas e planetas.


• O Projeto TESS é composto por diversos parceiros e pessoas que trabalham nos diversos componentes que fazem parte do telescópio e que são primordiais para o sucesso da missão. • O Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT, é responsável por grande parte do desenvolvimento técnico do aparelho e que tem o Dr. George Ricker como o responsável por dar as diretrizes e checar o cumprimento dos prazos de desenvolvimento. O laboratório Lincoln do Instituto ficou responsável por produzir todo o conjunto tecnológico que irá captar as imagens, desenvolvendo as câmeras, conjuntos de lentes e detectores de luz, além das capas e montagem da própria na estrutura do telescópio. • A responsabilidade da NASA, mais precisamente de seu centro espacial Goddard Space Flight Center, é garantir e gerenciar de projetos ligados a TESS como engenharia de sistemas e segurança, além de oferecer seu centro de operação para que a empresa Orbital ATK que, além de construir a estrutura do telescópio, possa operá-lo quando ele estiver em órbita. • Além de toda a estrutura da NASA e dos laboratórios do MIT, houve também uma grande mobilização de diversas entidades científicas para a criação e manutenção do Centro de Ciências TESS, que será responsável por coletar e analisar todos os dados captados pelo telescópio e também é onde ficarão todas as frentes de trabalho científicos da missão. Fazem parte da parceria científica do Centro de Ciências, o Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisas Espaciais e o Observatório Astrofísico Smithsonian. Os dados dessa pesquisa, após a realização da missão, ficarão arquivados para consulta no Space Telescope Science Institute.

CONCEPÇÃO DE EXOPLANETAS DADOS TÉCNICOS DA MISSÃO: DATA DE LANÇAMENTO

TÉRMINO DA MISSÃO

dezembro de 2017

dezembro de 2019

LANÇADOR Foguete Falcon 9 de dois estágios fabricado especialmente para o transporte de satélites

CENTRO DE OPERAÇÕES a operação contará com oito diferente instalação nos Estados Unidos para dar todo o suporte necessário para o Centro de Comando do TESS.

DISPOSITIVO DE IMAGEM O telescópio será composto por quatro câmeras idênticas e um Unidade de Tratamento de Dados (DHU). Além disso, cada câmera terá: o Campo de visão de 24° × 24° o Abertura de 100 mm de diâmetro o Conjunto de lentes com 7 elementos óticos o Revestimento antitérmico o Resolução de 16.8 Megapixel, de baixo ruído e baixo consumo de energia

CORPO A espaçonave responsável por fazer a viagem espacial será a plataforma LEOStar-2, que é flexível e de alto desempenho e possui sensores de transmissão remotos. Com capacidade de carregar até 500 kg, ela é composta por: o 3 eixos estabilizados o Duas cabeças rastreamento e 4 rodas sistema de impulso de zero o 433W de eixo único painel solar articulado o Controle térmico passivo o Sistema de propulsão mono-propulsor A HISTÓRIA DA NASA • 67

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Você sabia?


8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

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SONDA SOLAR PROBE PLUS

Não é só de missões à Lua, Marte e a exploração de outros sistemas planetários que vive a NASA. O projeto Solar Probe Plus foi anunciado em meados de 2009 e tem como principal objetivo a construção de uma sonda especial que possa orbitar e coletar dados do Sol e se seus nove raios solares. O design e a construção do aparelho ficaram a cargo do Laboratório de Aplicações Físicas da Universidade John Hopkins, com seu lançamento originalmente agendado para 2015, porém por atrasos no cronograma, ela deve ser lançada ao espaço durante o ano de 2018. De acordo com a NASA, a missão de lançamento da sonda solar tem tudo para mudar a forma como os cientistas compreendem o funcionamento da principal estrela de nosso sistema planetário. A sonda deve orbitar a uma distância de 4 milhões de milhas da superfície do Sol, o mais perto que qualquer espaçonave já chegou dele. Após seu lançamento, a Solar Probe Plus deverá coletar dados importantes que irão fornecer uma base nova de dados e contribuir para que os especialistas da agência norte-americana tenham a capacidade de prever os eventos de espaço-tempo que podem vir a impactar, tanto negativa quanto positivamente, a vida na Terra. Segundo a NASA, além da missão explorar a região mais importante do nosso Sistema Solar, ela poderá responder uma dúvida que atormenta a agência há tempos. Um estudo da Academia Nacional de Ciências revelou a possibilidade de um grande evento solar que poderá, por exemplo, deixar toda a costa leste dos Estados Unidos sem energia por um ano, além de causar um prejuízo de aproximadamente US$ 2 trilhões para a economia do país.

O que há para ver no Sol?

Além da preocupação que uma atividade Solar inesperada possa trazer

68 • A HISTÓRIA DA NASA

A Solar Probe Plus passando por fase de testes de seus instrumentos

graves prejuízos econômicos aos Estados Unidos e ao mundo, há outras questões fundamentais que a missão rumo ao Sol precisa responder. A NASA afirma que precisa chegar tão próximo ao Sol porque necessita estudar as características da coroa solar, pois ela é instável e vem produzindo vento solar, e expele constantemente massa da sua coroa. A agência norte-americana quer entender o que está motivando esses fenômenos e tentar prever suas consequências como, por exemplo, alguns desses materiais expelidos pelo Sol, que não altamente magnetizados, podem em uma velocidade muita rápida atingir diversas partes do planeta e causar sérios estragos. Outras perguntas que a NASA espera responder a partir dos dados recebidos da sonda são: por que coroa solar é mais quente que a fotosfera e como é o funcionamento dos ventos solares acelerados? Além de responder a essas perguntas, a partir da missão Solar Probe Plus, a NASA espera compreender a estrutura física da coroa e da heliosfera interna do Sol e procurar uma forma de criar uma conexão entre a atividade solar e o meio-ambiente e a infraestrutura tecnologia da NASA aqui na Terra. Dentro desses parâmetros, a agência espera criar um modelo melhor das comunicações via satélite, melhorar a rede de distribuição de energia limpa, diminuir a exposição à radiação em voos comerciais das companhias aéreas e melhorar a segurança dos astronautas em longas missões no espaço.

O que os cientistas querem?

Não é só a NASA que tem grandes expectativas em torno da missão à órbita do Sol. A comunidade científica também espera que a expedição possa trazer muitos ganhos e elucidar algumas questões. De acordo com o site da missão, a Solar Probe Plus pretende, além dos objetivos já citados, rastrear o fluxo de energia que aquece e acelera as partículas

que geram a energia solar e eólica produzida pelo astro maior de nosso sistema. Os ganhos científicos se darão também com a com a possibilidade de determinar a estrutura e a dinâmica de plasma contidos no sol e dos campos magnéticos que são gerados pelos ventos solares. Eles também querem explorar e entender como funcionam os mecanismos do sol para acelerar e transportar as partículas energéticas.

Uma longa viagem

A sonda Probe Plus tem previsão de lançamento em 31 de julho de 2018 e será o equipamento espacial que chegará mais perto do Sol, a aproximadamente 4 milhões de milhas de sua superfície, ou seja, cerca de 6,5 milhões de quilômetros. Porém, a viagem direta não é possível, ela terá que percorrer um longo caminho até chegar à órbita solar, que os especialistas do programa definem como sendo uma rota inovadora, pois


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A coroa e a emissão de radiação solar é que o NASA procurar entender com a Solar Probe

Você sabia?

será a primeira vez a tentarem o envio indireto de uma sonda ao Sol. Ela partirá da Terra em direção à órbita de Vênus, atingindo a região em 29 de setembro de 2018, quando começará a reduzir sua velocidade e o tamanho de sua órbita até chegar à região solar. A Probe Plus ainda deve passar pela órbita de Mercúrio, segundo estima o programa espacial, em 1 de novembro de 2018 e só chegará realmente à distância planejada de 6 milhões de quilômetros da superfície solar em 19 de dezembro de 2024, tendo percorrido então uma viagem de mais de seis anos no espaço. No processo de aproximação da órbita solar, a sonda deverá ser lançada em direção ao seu destino, após aproximadamente girar 24 vezes em torno de sua própria órbita, a uma velocidade de aproximadamente 450 mil milhas por hora, que corresponde a mais de 720 mil quilômetros por hora. Se tivéssemos um veículo com a capacidade de atingir essa velocidade, segundo dados da NASA, seria possível fazer uma viagem entre a Filadélfia e Washington, nos Estados Unidos, em um segundo. A previsão da NASA é que após atingir a órbita solar, a sonda permaneça em missão por três meses recolhendo todos os dados e imagens necessárias para os estudos do vento e das erupções na região da coroa solar. Seu regresso à Terra será provavelmente em abril de 2025.

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A coroa solar é a película luminosa que costumamos ver quando acontece o eclipse solar. Essa parte do Sol é formada por uma espécie de plasma que tem a temperatura de 2 milhões de graus Celsius. O fato de ter uma temperatura tão alta é o que provoca suas constantes erupções e produzem o temido vendo solar que, de acordo com os cientistas, gera grandes fluxos de partículas carregadas de radiação semelhante à encontrada no cinturão de Van Allen.

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8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

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TELESCÓPIO ESPACIAL JAMES WEBB

O telescópio James Weeb tem previsão de ser lançado ao espaço pela NASA em outubro de 2018 e deverá permanecer em missão por um período entre 5 a 10 anos. Ele faz parte de um programa chamado “Explorer”, que busca varrer o espaço para encontrar novas estrelas e planetas em novas galáxias. Esse telescópio tem como um de seus principais objetivos aprofundar as pesquisas e coletas com mais informações do que seus antecessores Kepler, Hubble e TESS já terão conseguido descobrir até a data de seu lançamento. O principal diferencial do James Webb em relação ao TESS, por exemplo, é que ele será o primeiro que terá a capacidade de registrar a radiação infravermelha. De acordo com os cientistas da NASA, a expectativa é que, com o lançamento do telescópio, será possível observar o processo de formação das primeiras galáxias e estrelas, além de estudar como é o processo de formação das galáxias e ver quais elementos estão presentes nos processos de formação das estrelas e dos planetas de outros sistemas planetários. Nascido com o nome de Next Generation Space Telescope (NGST), ele foi renomeado com a nomenclatura atual em 2002, quando a NASA decidiu fazer uma homenagem ao militar James Edwin Webb, segundo administrador da agência norte-americana e um dos responsáveis pela evolução que a agência atingiu durante a Corrida Espacial, culminando com a conquista da Lua pelo Programa Apollo, do qual foi um dos principais líderes.

O campo magnético solar

NOSSO ESPIÃO SOLAR PROTEÇÃO: para que haja sucesso na expedição, os instrumentos de medição serão protegidos com um escudo especial de carbono com 12 centímetros de espessura, que é capaz de suportar temperaturas de até 1.400 graus Celsius. SHIELDS EXPERIMENT (FIELDS): será o instrumento responsável para fazer a medição dos campos, ondas elétricas e magnéticas, o fluxo de calor, a densidade do plasma e a emissão de ondas de rádio do Sol. O responsável por supervisionar a sua construção será o professor Stuart Bale da Universidade da Califórnia.

Um terço dos espelhos do telescópio sendo montados

SISTEMA INTEGRADO (ISOIS): composto por oito sensores, esse equipamento fará a captação das ondas radioativas de elétrons energéticos, prótons e íons pesados que são disparadas pelos ventos solares e das estruturas da coroa solar. Sua construção ficará a cargo do Dr. David McComas, da Universidade de Princeton.

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SONDA WISPR: a Probe Plus contará um satélite de alta definição para capturar imagens da coroa e da heliosfera interior do Sol. Ela também será capaz de registrar imagens dos ventos solares e de qualquer outra estrutura que passar próximo ou se choque com a sonda. Devido à sua potência, será possível comparar os dados dos outros instrumentos com as imagens captadas e ter um estudo completo sobre as características da principal estrela do nosso sistema planetário. O equipamento será construído sob supervisão do Dr. Russell Howard, do Laboratório de Pesquisa Naval.


O lançamento do projeto James Weeb tem empolgado bastante os cientistas e astrônomos que dedicam a sua via a entender o mistério por trás da existência do universo. Eles acreditam que, devido à tecnologia empregada no telescópio, ele poderá ajudar a responder às perguntas que eles sem fazem há tempos: como chegamos aqui? Estamos sozinhos? Como o universo funciona? De acordo com os astrônomos envolvidos no projeto, o olhar infravermelho do telescópio vai proporcionar um estudo muito mais profundo do universo do que o Hubble, seu antecessor, conseguiu fazer. O James Webb vai conseguir identificar, como a NASA define, a formação das primeiras gerações de estrelas e planetas do universo, desde como o hidrogênio e o hélio formam as estruturas desses corpos celestiais, neste caso, não só as estrelas e os planetas, mas também a galáxia e tudo que está ao nosso redor. Os especialistas da NASA ainda afirmam que o novo telescópio terá a capacidade de procurar por sinais de vapor de água e outros elementos químicos presentes na atmosfera dos planetas além de nosso sistema planetário e que possam explicar o surgimento deles e se a formação desses exoplanetas é ou não semelhante à formação de nosso planeta Terra. Como o telescópio vai realizar expedições em outros sistemas planetários, os cientistas também esperam que as observações e os dados coletados por ele ajudem na busca por sinais de vida microbiana em outros sistemas, na compreensão de como é o clima e a atmosfera desses planetas de sistemas vizinhos e se há a possiblidade ou não de existência de vida nessas regiões.

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O que os astrônomos querem saber?

Arte conceitual do James Webb em ação no espaço.

James Webb X Hubble Alguns cientistas dizem que, em termos de contribuição para pesquisa, o James Webb vem para ser o substituto do Hubble, talvez o satélite mais conhecido de todos. Por isso, nada mais justo do eu fazer uma comparação entre eles. De acordo com o site da missão espacial da qual o James Webb faz parte, o telescópio não é um substituto, mas sim é visto como seu sucessor, pois os objetivos traçados para ele foram motivados pelos resultados obtidos pelo Hubble durante todo o período em que permaneceu no espaço. Apesar de serem complementares no que diz respeito à missão, suas características são completamente diferentes. A primeira diferença entre os dois telescópios é quanto à tecnologia de seus sensores de luz. Enquanto o Hubble era equipado com sensores para a captação de luz com radiação ultravioleta e para objetos com luz infravermelho que estivem próximos à sonda, os sensores da James, com a necessidade de explorar exopla-

netas e estrelas que a Hubble não conseguia registrar, são feitos para detectar radiação infravermelha de longo alcance. O novo telescópio tem também um espelho refletor muito maior que seu antecessor, ou seja, a Webb tem uma capacidade de cobrir uma área de luz muito maior que a Hubble. Além disso, a Hubble tem operado em órbitas muito próximas ao Sistema Solar, já o novo telescópio pode alcançar aproximadamente 1,5 milhões quilômetros de distância além do nosso sistema planetário. Não é só a capacidade tecnológica que diferencia as duas sondas, o tamanho também. A Hubble tem um comprimento de 13,2 metros de comprimento e seu diâmetro é de 4,2 metros, semelhante a um caminhão de carga de grande porte. Já a estrutura da James Webb é de 22 metros de comprimento e 12 metros de diâmetro, o que é comparável a um avião jumbo 737. Além disso, seu sistema de espelhos de proteção solar tem o tamanho equivalente a uma quadra de tênis. A HISTÓRIA DA NASA • 71


• O telescópio James Webb vem sendo criado com diversas tecnologias inovadoras que estão sendo feitas exclusivamente para ele. Ele terá um espelho articulado feito com outros 18 minis espelhos que se ajustam e se desdobram para facilitar sua missão no espaço. Esses espelhos são feitos de berílio, um material ultraleve e que reflete a radiação de nêutrons. • Ele possui também, em sua parte ótica, quatro câmeras e espectrômetros que tem a capacidade de gravar qualquer sinal de luz, mesmo os que sejam extremamente fracos. • O telescópio tem ainda um instrumento chamado NIRSpec que permite que ele consiga captar a presença de mais de 100 objetos ao mesmo tempo sem que se perca nenhum detalhe dos objetos que estejam ao seu redor. • E por fim, ele conta com um compartimento de resfriamento chamado cryocooler, que ajuda a manter a temperatura dos detectores de sinais infravermelhos baixa para evitar o superaquecimento e garantir que o MIRI possa trabalhar por longos períodos sem interrupção.

EVOLUÇÃO DO PROGRAMA GRANDES OBSERVATÓRIOS Tanto a James Webb quanto a Hubble fazem parte de um extenso programa da NASA que tem o objetivo de lançar ao espaço grandes satélites de observação chamandos “Grandes Observatórios”. Confira os modelos que já foram lançados antes. O telescópio Hubble foi o primeiro grande observatório a ser lançado ao espaço

HUBBLE: ele foi o primeiro observatório a ser lançado ao espaço e inaugurou o programa em 1990. Ele também é um telescópio que foi concebido para realizar busca de estrelas e planetas que possam ser visíveis por meio da emissão de raios ultravioleta de longo alcance e de infravermelho de alcance curto. Ele é regularmente atualizado com novas lentes óticas e instrumentos de medição. Sua desativação está prevista para o ano de 2020. COMPTON GAMMA-RAY OBSERVATORY (CGRO): o segundo telescópio do “Programa de Grandes Observatórios” foi lançado em 5 de abril de 1991 e foi concebido para detectar os planetas e estrelas que emitiam altas cargas de raios gama. Foi desativado em 2000 devido a problemas com seus giroscópios. 72 • A HISTÓRIA DA NASA

CHANDRA X-RAY: lançado em de 23 de julho de 1999, o telescópio tem previsão de terminar sua missão em 2017 e é o terceiro do “Programa os Grandes Observatórios”. Seu objetivo é detectar a emissão de raios-X a partir de objetos espaciais como, por exemplo, buracos negros, quasares e regiões que contenham a emissão de gases em altas temperaturas. SPITZER: é o telescópio mais recente lançado pelo programa dos grandes observatórios e foi ao espaço em 2003. O seu principal objetivo é estudar a radiação infravermelha, principal responsável pela emissão de calor. Desde 2009, ele está no espaço para pesquisar a existência desse tipo de radiação em outros sistemas planetários.

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Você sabia?

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O projeto OSIRIS-Rex é a terceira missão do Programa New Frontiers, que tem como objetivo lançar ao espaço sondas que possam estudar e analisar dados dos diversos asteroides que orbitam o sistema solar e que, por meio desses estudos, é possível entender a composição química deles e como o nosso Sistema Solar foi formado. De acordo com a descrição da missão no site da NASA, a SecurityRegolith Explorer (OSIRIS-Rex), entrou em órbita para encontrar o Bennu (antigo 1999 RQ36), um asteroide carbonáceo que fica próximo à Terra. Ela tem o objetivo de voltar de sua missão com uma amostra de 0,05 kg para que os cientistas possam aprofundar seus estudos de como é formado o nosso sistema planetário, compreender a formação do asteroide e qual impacto ele traria caso se chocasse com a Terra. Segundo o cronograma da NASA, a sonda foi lançada ao espaço em 8 de setembro de 2016 e deve atingir o seu alvo em meados de 2018 e, em um processo que deverá ter duração de pouco mais de um ano, mapear o asteroide em busca do melhor local para se extrair as amostras que serão trazidas à Terra. Após a escolha do local ideal, o braço mecânico da OSIRIS-Rex irá encostar na superfície do Bennu durante aproximadamente 5 segundos e liberar uma explosão de gás nitrogênio para que parte das rochas se desprenda do asteroide e posse ser coletado entre 60 e 200 gramas de amostras dele. A volta à Terra está programada para acontecer a partir de março de 2021, quando o OSIRIS-Rex encerra todo o seu processo de pesquisa e começa sua viagem pelo espaço de volta ao nosso planeta. A previsão é que ele deva aterrissar dois anos e meio depois de partir de Bennu, chegando aqui em setembro de 2023. Em seu processo de retorno, a cápsula com amostras rochosas do asteroide irá se separar da nave principal e entrar na Terra. Assim que a capsula pousar, ela será recolhida e levada para o centro de testes e treinamentos da NASA em Utah. Nos dois anos seguintes ao final da expedição, uma equipe de cientistas

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MISSÃO OSIRIS-REX

Sonda OSIRIS-Rex em testes de vácuo na empresa Lockheed Martin

terá o trabalho de catalogar e fazer análises necessárias para que se possa entender o funcionamento do asteroide. Após esse período de análise, a NASA vai preservar 75% das amostras coletadas OSIRIS-Rex no centro espacial Johnson, no Texas, para futuras pesquisas.

Pedaço de asteroide encontrado no deserto da Núbia, no Sudão

O significado de OSIRIS-Rex De acordo com o site da missão, os objetivos da missão podem ser definidos de acordo com as iniciais que batizam a sonda. Vejamos: O – Origens: analisar e conseguir uma amostra do Bennu, um asteroide carbonado, e estudar sua natureza, sua formação e como é feita a distribuição de seus minerais e matérias orgânicas. SI – Interpretação Espectral: definição das propriedades gerais de um asteroide rico em carbono na sua forma mais primitiva, o que possibilita a comparação com dados de outros asteroides registrados por telescópios. RI – Identificação de Recursos: mapear as propriedades gerais, químicas e mineralógicas de um asteroide considerado único no nosso sistema solar, podendo assim definir sua história geológica, que servirá de referência para análises futuras. S – Segurança: fazer pesquisas para medir o efeito Yarkovsky em um asteroide que é potencialmente perigoso e compreender se as propriedades desse asteroide podem causar esse efeito, que significa que uma força causada pela emissão própria de calor pode fazer com que ele mude sua rotação e sua órbita ao longo do tempo, se tornando imprevisível. REX – Explorador Regolitico: coletar amostras para documentar a textura, morfologia, geometria e as propriedades espectrais do regolito (material da superfície) presentes no asteroide.

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8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

O QUE A SONDA CARREGA?

O que faz o

A sonda OSIRIS-Rex carrega cinco equipamentos primordiais para o sucesso da sua missão. São eles: OCAMS: é um sistema de captura de imagens composto por três câmeras que foi desenvolvido pelo setor de pesquisa instrumental da Universidade do Arizona liderado pelo cientista Bashar Rizk. O sistema ótico é formado pelas câmeras PolyCam, MapCam e SamCam, que vão oferecer um mapeamento geral das imagens do asteroide e uma caracterização bem definida de suas partes. A PolyCam é um telescópio de 8 polegadas que pode visualizar o asteroide a mais de 2km de distância e, quanto mais se aproxima do alvo, maior será a resolução da imagem. Já a MapCam, terá a capacidade de mapear os asteroides em quatro cores diferentes para mostrar de forma precisa todo o contorno do Bennu e o que há ao seu redor. E for fim, a SamCam ficará responsável por registrar o momento em que a sonda fará a captação de amostra do asteroide. OLA: é um radar que utiliza a luz ao invés das ondas de rádio para medir a distância entre dois pontos, nesse caso entre a sonda e o asteroide. De produção conjunta entre a NASA e a agência espacial canadense, a principal missão do OLA é coletar informações topográficas da superfície do Bennu em alta resolução. OTES: desenvolvido pela equipe do cientista Philip Christensen da Universidade Estadual do Arizona, esse equipamento é um espectrômetro térmico que fará a coleta de dados térmicos e minerais do Bennu. Os dados recolhidos pelo OTES vão permitir aos cientistas determinar a composição mineral e mapear o calor emitido pelo asteroide.

POR QUE BENNU

OVIRS: com produção feita pela NASA, o instrumento irá dividir a luz recebida do asteroide por comprimento das ondas e seus componentes. O objetivo desse equipamento é fornecer aos cientistas mapas espectrais que possam, por meio da luz emitida pelo Bennu, identificar os minerais e materiais orgânicos que o compõem, seja de forma global ou por área específica.

Os cientistas da NASA escolheram o asteroide conhecido como Bennu como alvo da expedição do OSIRISRex por causa de sua composição rica em carbono e por sua proximidade com a Terra. O Bennu é um tipo raro de asteroide, pois além de ser rico em carbono primitivo, estima-se que ele também é composto por minerais orgânicos como argila e água.

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REXIS: feito em colaboração pelo MIT e setor de engenharia de Harvard, o espectrômetro de raio-X terá como objetivo determinar quais são os elementos presentes no asteroide e em quais proporções eles se encontram na superfície do Bennu por meio de um processo chamado de fluorescência, que permite mapear com precisão todos os elementos existentes no corpo celeste analisado.


Nuvem de asteroides próximos à Terra, sendo os laranjas os mais perigosos

Bennu ser tão importante?

PALAVRA DA NASA Os asteroides primitivos não tiveram mudanças significativas desde que se formaram há 4,5 bilhões de anos e, por isso, é esperado que se encontrem moléculas orgânicas similares àquelas que podem ter levado ao surgimento da vida na Terra.

CARACTERÍSTICAS DO BENNU

• Diâmetro equatorial: aproximadamente 500 m. • Diâmetro polar: 510 m (é maior que a do Empire State, por exemplo, que tem 443 m). • Velocidade média: 63 mil mph. • Período de rotação: 4,3 horas. • Período orbital: 1,2 anos. • Inclinação orbital: 6 graus. • Aproximação da Terra: a cada 6 anos se aproxima de nosso planeta. A HISTÓRIA DA NASA • 75


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MARS ROVER

As fases da missão

De acordo com o cronograma estabelecido pela NASA, a Missão Mars Rover é dividida em sete fases diferentes. No momento ainda estamos da primeira fase, chamada de Atividades de PréLançamento, que consiste em todo o planejamento, o pré-projeto, a escolha dos instrumentos que serão usados e do local de pouso, a montagem e testes do rover até seu envio para o centro de lançamento no Cabo Canaveral. Os próximos passos são o lançamento, a viagem e o pouso no solo vermelho. A partir de então começam a fase de exploração da Mars Rover, que são os testes para ver se o equipamento

está seguro e funcionamento bem, e as operações na superfície de Marte propriamente dita. A fase mais importante, que são as operações na superfície de Marte, segundo estimativas da NASA devem durar cerca de um ano marciano, ou 689 dias do calendário da Terra. Durante o período em que permanecer na superfície do planeta vermelho, o rover irá procurar por rochas que se formaram dentro do subsolo e que poderiam ter dado suporte à vida microbiana, detectar nas rochas aquelas que foram capazes de preservar traços químicos de que houve vida no planeta, coletar amostras de núcleo rochoso em aproximadamente 30 locais já pré-determinados e, por fim, testar a capacidade de produção de oxigênio e dióxido de carbono na atmosfera de Mart, para saber se há a possiblidade de, no futuro, a NASA enviar missões tripuladas ao planeta, inclusive de alto tempo de permanência por parte dos astronautas.

Fazer observações em larga escala do solo de Marte é o que a NASA pretende com a missão Mars Rover

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A missão Mars Rover tem sua previsão de lançamento para julho ou agosto de 2020 é parte de um extenso programa de exploração da superfície de Marte com o uso de robôs. Nesse caso é uma evolução da missão Mars Pathfinder, realizada no final dos anos 90, quando o primeiro rover pousou na superfície do planeta vermelho. Essa nova missão terá como prioridade vasculhar profundamente o solo de Marte para possibilitar que os cientistas encontrem indícios mais precisos da existência ou não de vida. Se as expedições a Marte até agora se preocuparam em identificar sinais de que o planeta vermelho foi habitado em um passado antigo, o que seria possível deduzir a partir da existência de água, agora com o novo rover a busca é por encontrar indícios de vida microbiana, seja nos dias atuais ou num passado recente e, para isso, o Mars Rover irá levar consigo uma broca que será introduzida no solo para capturar amostras dos núcleos das rochas para serem trazidas para análise na Terra.

Além da busca do passado geológico de Marte, a missão Mars Rover vai proporcionar que os cientistas da NASA reúnam mais conhecimento e base tecnológica para futuras expedições tripuladas a Marte, que é o grande objetivo de longo prazo da agência norteamericana. Nesse sentido, o rover fará testes para a produção de oxigênio na atmosfera de Marte, além de identificar recursos naturais como a existência de água abaixo da superfície e avaliar as condições ambientais que possam afetar a ida e o trabalho de astronautas no planeta vermelho.

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A TECNOLOGIA ROVE

r

Por definição, o rover é um veículo espacial munido de rodas que facilitam seus deslocamentos em solo acidentado e que contém instrumentos científicos para fazer a exploração do solo de Marte.

MASTCAM – Z: produzido pela Universidade do Arizona, ela é um sistema avançado de câmera com capacidade de visão panorâmica e estereoscópica com alto poder de zoom. Ele será responsável por facilitar a locomoção do rover no solo de Marte e detectar sua mineralogia. MEDA (ANALISADOR DINÂMICO DE MARTE): é um conjunto de sensores que fornecerá dados com medições da atmosfera de Marte, como temperatura, velocidade e direção do vento, umidade relativa do ar e o tamanho e a forma do pó da superfície marciana. Está sendo produzido em parceria com o Centro de Astrobiologia do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial, na Espanha.

RIMFAX (RADAR PARA EXPLORAÇÃO DA SUPERFICIE): é o radar especial que está sendo produzindo na Noruega e terá como objetivo penetrar no subsolo de Marte e realizar pesquisas sobre a estrutura geológica profunda do solo do planeta.

PIXL (INSTRUMENTO PLANETÁRIO PARA QUÍMICA LITOGRÁFICA DE RAIOS-X): esse equipamento é um espectrômetro de raios-X que tem a capacidade de determinar a composição química da matéria-prima da superfíice de Marte por meio da emissão de raios fluorescentes. Contará também com uma câmera de alta definição e está sendo produzido pela própria NASA em seu laboratório de propulsão em Pasadena, na Califórnia.

MOXIE (EXPERIMENTO ISRU DE OXIGÊNIO EM MARTE): o equipamento que está sendo desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, é um dos mais importantes da missão, pois será o responsável por estudar a possiblidade de produção de dióxido de carbono e oxigênio da atmosfera marciana.

SHERLOC: o espectrômetro produzido pela NASA terá a capacidade de fornecer imagens da mineralogia e compostos orgânicos com base no uso de raios laser ultravioletas.

SUPERCAM: feita em parceria com a Agência Espacial Francesa, a Supercam irá fornecer aos cientistas imagens e análises completas da composição química e mineral da superfície e das rochas marcianas.

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Diagrama completo dos componentes da Mars Rover

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MANNED MISSION TO AN ASTEROID

A missão que a NASA vem desenvolvendo e tem previsão de lançamento até o ano 2020 é a mais ousada que a agência já planejou até os dias de hoje com relação à exploração dos asteroides do Sistema Solar. A Manned Mission to an Asteroid ou como define a própria NASA, uma missão de redirecionamento de asteroides, tem o objetivo de identificar, capturar e mover um asteroide do cinturão do entorno de Marte para uma órbita estável ao redor de nosso satélite natural, a Lua, e a partir de então realizar uma missão tripulada para que astronautas possam chegar ao asteroide, coletar amostras e trazê-las para a Terra. Essa missão também vai servir para testar quais necessidades ela precisa suprir para conseguir realizar missões tripuladas a Marte com sucesso. A NASA, além deslocar um asteroide da órbita de Marte para a da Lua com uma sonda robótica, tem como objetivo preparar missões para que astronautas possam viajar, pousar e explorar esse asteroide com segurança até 2025. Essa missão também vai ajudar a agência norte-americana a desenvolver melhor as cápsulas de exploração espacial e os motores de propulsão para que seja possível realizar uma viagem a Marte, inclusive usando

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os asteroides com ponto de reabastecimento de combustível e mantimentos, pois uma viagem tripulada direta ao planeta vermelho ainda está longe de se tornar realidade. De acordo com a estimativa da agência norte-americana, uma viagem tripulada a Marte levaria entre nove e 11 dias para a tripulação e até 100 dias para o envio de cargas e mantimentos. A NASA estima que uma missão com astronautas a Marte deve durar no mínimo 500 dias, podendo até se estender por mais tempo, dependendo do objetivo de cada missão. Além disso, ela acredita que seriam gastos aproximadamente de seis a nove meses só para se fazer os traslados de ida e volta a Marte. Por isso, o desenvolvimento de tecnologias que possam tornar as missões ao planeta vermelho independentes da Terra são a base da Manned Mission to an Asteroid, pois além de testar cápsulas e os motores de propulsão, a agência pretende deslocar asteroides no trajeto Terra-Marte para ele eles sirvam como bases de apoio aos astronautas, o que vai diminuir o tempo de cada viagem de equipamentos e suprimentos ao planeta vermelho.

Entrepostos e segurança

Uma das principais ideias é que, ao desenvolver a técnica de remoção de asteroides para diferentes órbitas, a NASA consiga criar vários entrepostos no caminho da Terra até Marte, ou seja, os astronautas não precisariam fazer uma viagem direta e poderiam parar em diversos desses asteroides para reabastecer e esperar o envio de uma nova carga de alimentos e equipamentos o que, por exemplo, proporcionaria que a espaçonave não precisasse sair tão carregada de sua base de lançamento na Terra, o que geraria uma viagem mais rápida e com menos consumo de combustível. Se a missão Manned Mission to an Asteroid tem como principal objetivo testes que possam pavimentar a ida do homem a Marte até 2030, ela também servirá para o ensaio de técnicas de defesa de nosso planeta. A ideia da NASA é que em um futuro próximo, essa técnica possa contribuir para desviar asteroides considerados perigosos e que possam vir a se chocar com a Terra, redirecionado esses asteroides para uma órbita distante ao redor da Lua e assim garantir que ele não cairá na Terra.

NASA quer colocar um asteroide na órbita da Lua para a realizadção de testes tripulados


Substituir o sistema de propulsão química por elétrica é um dos objetivos da NASA nessa missão

QUAL A PRINCIPAL DIFERENÇA? Ao contrário do que acontece nos motores atuais que usam propulsão química para fazer a queima do material e um grande bocal para gerar o empuxo, o novo motor irá usar a eletricidade acumulada nos painéis solares para criar campos eletromagnéticos para acelerar e expelir átomos de íons que vão criar um impulso mais baixo e gerar o uso mais eficiente do propulsor. Se comparado com as fontes atuais, a que será usada na missão ARM usará um propulsor com 5 ou 10 vezes menos consumo de energia. NA ARM: a missão que irá capturar e redirecionar um asteroide será a primeira a testar o mais avançado sistema de propulsão solar e elétrica desenvolvido pela NASA. A missão também servirá para que os especialistas testem a funcionalidade do SEP em naves espaciais, já que eles pretendem usá-la na Orion para missões tripuladas. A nova tecnologia, se for aprovada no teste, vai facilitar o envio de grandes quantidades de carga em direção a Marte, pois seu propulsor será alimentado somente por energia solar, o que facilita o seu “reabastecimento”. SISTEMA DE POUSO: as duas fases do ARM, tanto a captação do asteroide pela sonda para levá-lo à orbita da Lua, quanto o seu segundo estágio, quando os astronautas poderão descer sobre o asteroide, vão ajudar na criação e aperfeiçoamento de sensores e sistemas mecânicos e elétricos de pouso que serão usados em futuras missões a Marte. Esse sistema é considerado vital para que em qualquer missão futura os astronautas consigam pousar com segurança no objetivo determinado.

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O que há de novo?

MOTOR DE PROPULSÃO SOLAR: a NASA vai testar uma nova tecnologia baseada em motores de propulsão alimentados por energia solar e elétrica (SEP), que é uma das partes mais importantes para as futuras missões de envio de cargas maiores para o espaço profundo e até o sistema marciano.


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ESPAÇONAVE ORION

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O caminho para que a NASA e o homem cheguem a Marte passa diretamente pela construção da cápsula espacial Orion. Fabricada pelas empresas Lockheed Martin e Astrium, a espaçonave está sendo desenvolvida para realizar missões tripuladas ao espaço profundo e para levar astronautas à Lua, asteroides e finalmente a Marte, onde pretende chegar até 2030. Da mesma forma que foram construídos o Módulo Lunar que levou Neil Armstrong a pisar na Lua e a Estação Espacial Internacional, o projeto da Orion também usou o conceito de produção de uma espaçonave com módulos complementares e independentes. A espaçonave que deve nos levar ao solo marciano é composta por dois módulos, sendo o módulo de comando construído pela empresa Lockheed Martin e o módulo de serviço construído pela Astrium (Airbus Defence and Space), com supervisão da Agência Espacial Europeia. No dia 5 de dezembro de 2014 a NASA fez o primeiro lançamento-teste da Orion no topo do foguete de lançamento Delta IV Heavy direto da Estação da Força Área de Cabo Canaveral. Chamado de Orion Flight Test, o voo viajou em órbita da Terra durante quatro horas, o que possibilitou a NASA testar os seus sistemas de segurança como, por exemplo, os sistemas de voo, reentrada na Terra, controle de altitude, paraquedas e escudo protetor de calor. O caminho até chegar a Marte é longo e estão previstas pelo menos outras quatro viagens antes disso acontecer. Em 2018 a espaçonave deverá fazer um voo não tripulado até a órbita da Lua, seguido por outro ao mesmo local em 2021, porém dessa vez com astronautas a bordo. Para 2025, está planejada a primeira missão tripulada para um asteroide, aquele que será deslocado da órbita de Marte para a órbita lunar.

Características

Na parte externa, a Orion tem características semelhantes às espaçonaves do projeto Apollo, inclusive por serem construídas com o mesmo conceito, porém as semelhanças entre elas não passam disso. A tecnologia empregada na Orion é bem mais avançada e está preparada para servir em viagens ao espaço profundo, à Lua ou posteriormente a Marte nas próximas décadas, pois ela foi projetada para ser atualizada a cada novidade tecnologia que a NASA desenvolver nos próximos anos. Na questão operacional, diferente da Apollo, a Orion foi construída para abrigar até seis astronautas em missões de longa duração que podem variar de 20 dias até

80 • A HISTÓRIA DA NASA

seis meses orbitando pelo espaço. No período em que estiverem em viagem no espaço, os astronautas terão todo o suporte à vida em um módulo chamado Deep Space Habitat, que tem um tamanho menor, mas é inspirado nos módulos de convivência da Estação Espacial Internacional. O sistema de propulsão que será usado é o SEP, que usa energia solar convertida em elétrica para acionar os propulsores da espaçonave e que, no caso da Orion, podem ser atualizados conforme esse sistema for evoluindo. O módulo de serviço foi totalmente redesenhado em relação ao da Apollo e, além de conter os sistemas de propulsão, servirá para estocagem de água, oxigênio, transporte de carga e experimentos científicos.

Módulo de lançamento da espaçonave Orion pronto para seguir para lançamento


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Os módulos de Orion MÓDULO DE COMANDO MÓDULO DE SERVIÇO É o local onde ficam os astronautas e tem espaço para estocagem de alimentos, instrumentos de pesquisa e tem porta que serve para acoplagem da ISS e transferências de tripulação. • Característica: tem 5 metros de diâmetro, 3,3 metros de altura e pesa mais de 8 toneladas. • Alta resistência: o módulo de comando é construído com uma mistura de alumínio e lítio, que é o mesmo material usado na produção dos ônibus espaciais e nos foguetes Delta IV e Altas V. Uma manta termal é passada como revestimento para proteção da nave e da tripulação contra altas temperaturas.

É o local reservado para servir como estocagem de água, alimentos, combustível e oxigênio e equipamentos necessários para a realização de pesquisas. • Caraterísticas: tem um formato cilíndrico e será construído com o mesmo material de Módulo de Comando, uma liga de alumínio e lítio. Seu peso bruto é estipulado em 3,7 toneladas quando vazio e 8,3 toneladas quando estiver com a carga de combustível completa. • Energia solar: um par de painéis solares são acoplados ao módulo e será a primeira vez que eles estarão presentes em uma missão tripulada. A vantagem é que essa estrutura permite à NASA ter um módulo de serviço menor, mas leve e mais maleável, já que não haverá a necessidade da nave carregar tanto combustível. • Quase pronto: o módulo de serviço ainda não está completamente pronto para uso e ainda está em fase de testes. Ele deve ser entregue pela Agência Espacial Europeia em 2018 e ser usado pela primeira vez na Exploration Mission 1, que vai realizar viagem de ida, volta e orbitar em volta da Lua durante um período de sete dias.

SISTEMA DE ACOPLAGEM

SISTEMA DE POUSO

O sistema de computadores da Orion é equipado com o NASA Docking System, o mesmo sistema usado pelos ônibus espaciais para acoplarem na Estação Espacial Internacional e que vai permitir a espaçonave acoplar de forma segura tanto na ISS quanto em outras naves.

É composto por paraquedas reutilizáveis, baseados nos modelos usados no Programa Apollo e nos ônibus espaciais.

Módulo de Comando aterrissou no Oceano Pacífico após seu primeiro teste no espaço

A HISTÓRIA DA NASA • 81


8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

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MANNED MISSION TO MARS Em 2030, a NASA julga que conseguirá finalmente concluir sua “Jornada para Marte” levando astronautas até o planeta vermelho. Em uma coluna publicada recentemente na CNN, o ex-presidente norte-americano contou quais são os planos do governo para as próximas duas décadas de exploração espacial: “Estabelecemos um objetivo claro e vital para o próximo capítulo da história dos Estados Unidos no espaço: enviar seres humanos a Marte por volta de 2030 e devolvê-los com segurança à Terra, com o objetivo final de, um dia, ficar lá por um longo tempo”, contou Barack Obama. A NASA ainda não tem nenhuma missão específica para levar o homem a Marte, pois ainda não dispõe de tecnológica suficiente e nem dados mais concretos sobre a superfície de Marte que garantam uma viagem segura até o planeta vermelho. Nessa corrida rumo à conquista de Marte, os próximos anos serão cruciais para que a agência norte-americana consiga compreender o funcionamento do planeta e desenvolver

a tecnologia suficiente para nos levar até lá, como deseja o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Como você viu ao longo desse capítulo, a NASA vem desenvolvendo missões e tecnologias que juntas poderão realizar a meta de levar uma missão tripulada a Marte até 2030. Primeiro foi a capsula Orion, veículo que vai transportar nossos astronautas. Há também a missão de remanejamento de asteroides, que além de criar possíveis bases intermediárias entre a Terra e Marte, coloca em teste um novo modelo de propulsor movido a energia solar que proporcionará que a nave esteja sempre abastecida de combustível sem precisar parar para recarregar. Além deles, está em desenvolvimento um novo foguete de lançamento com capacidade de nos ao espaço profundo.

Quem nos levará a Marte?

Tão importante quanto a espaçonave Orion ou o sistema de propulsão alimentado por energia solar, é o novo Sistema de Lançamento Espacial que a NASA vem produzindo. Sem ele, por mais tecnologia que tenhamos, não chegaremos a lugar nenhum. Esse novo foguete, também conhecido como Sistema de Lançamento de Espacial (SLS) começou

a ser produzindo em 2011 e, depois de a agência norte-americana realizar a revisão crítica do projeto em 2015. Agora ele passa por testes os seus equipamentos antes de ser enviado ao espaço em 2017. A principal característica desse foguete é que ele é o mais potente já fabricado e o único que terá a capacidade de lançar missões tripuladas e espaçonaves para o espaço profundo, asteroides e, segundo a expectativa da NASA, será o responsável por levar astronautas até Marte em um futuro próximo. Além de levar os astronautas ao planeta vermelho, esse novo sistema de lançamento traz a possiblidade da NASA enviar missões científicas robóticas como os rovers, por exemplo, até Saturno e Júpiter. O grande diferencial desse foguete é que ele oferece uma maior capacidade de carga, volume e energia para enviar missões a locais mais distantes de nosso sistema solar. Ele também foi projetado para ser flexível, ou seja, pode ser usado em qualquer missão espacial com muita facilidade, além de ser evolutivo, podendo receber os componentes mais modernos que forem surgindo, o que prolonga sua vida útil. Agora é esperar que ele funcione bem e nos leve à Marte muito em breve.

82 • A HISTÓRIA DA NASA

NASA

Ilustração da NASA de como seria a chegada do homem ao planeta vermelho


O que é o Sistema de Lançamento de Espacial (SLS)?

COMPRIMENTO

98 metros (mais alto do que a famosa Estátua da Liberdade). CARGA ÚTIL 70 toneladas (o mesmo de 12 elefantes adultos). IMPULSO/POTÊNCIA Tem um impulso de 8,4 milhões de libras. É 30 vezes mais potente que um jato 747.

PROPULSÃO

Sua energia térmica disparada por 2 minutos produz 2,3 milhões de KW/h, o que daria para abastecer mais de 90 mil casas de energia por um dia inteiro.

Compartimento carga útil

Sistema de cancelamento de lançamento Espaçonave Orion Estágio superior com motor J-2X

SLS - 130 toneladas

2,5 milhões de quilos (equivale a 7 aviões de carga 747).

PESO

2,9 milhões de quilos (equivale a 8,8 aviões de carga 747).

COMPRIMENTO

117 metros (a mesma altura de um prédio de 38 andares).

VOLUME DE CARGA

Poderia levar 9 ônibus escolares. CARGA ÚTIL 130 toneladas (o mesmo de 22 elefantes adultos). IMPULSO/POTÊNCIA Tem um impulso de 9,2 milhões de libras. É 34 vezes mais potente que um jato 747.

Foguetes de oropulsão Sistema básico (core system)

PROPULSÃO

O mesmo do foguete de 70 toneladas de carga.

Foguetes de propulsão com combustível sólido ou líquido

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PESO

SLS - 70 toneladas

O Sistema de Lançamento que pode nos levar a Marte é configurado de duas maneiras, para 70 e 130 toneladas de carga:

Motores R 25 (motores principais do sistema de lançamento) A HISTÓRIA DA NASA • 83


8 PARA ONDE IREMOS AGORA?

NASA

A jornada para Marte

1964

1975

2001

1969

1976

2003

1996

2003

Mariner 4 Mariner 6 Mariner 7

1971

Mariner 9 84 • A HISTÓRIA DA NASA

Viking 1 Viking 2 Mars Global Surveyor Mars Pathfinder

Mars Odyssey Mars Exploration Rover A e B Mars Reconnaissance Orbiter (MRO)


2007

2018

2011

2020

2013

2030

Phoenix Mars Science Laboratory MAVEN

Missão InSight Mars Rover Mission to Mars (ano provável da chegada do homem a Marte) A HISTÓRIA DA NASA • 85


9 AGÊNCIAS ESPACIAIS PELO MUNDO

CONHEÇA AS PRINCIPAIS AGÊNCIAS ESPACIAIS DO PLANETA Após a Segunda Guerra Mundial, Rússia, China, Japão e União Europeia também decidiram apostar na tecnologia espacial

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NASA é considerada a principal agência espacial do mundo, porém ela não está sozinha. Existem outras agências que têm relevância nas experiências realizadas no espaço como, por exemplo, a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmo), que disputou a corrida espacial com a agência norte-americana e, depois de um período de queda, começa a recuperar seu protagonismo. Nesse capítulo, veremos as principais agências nos dias de hoje.

AGÊNCIA RUSSA: O PASSADO SOVIÉTICO

As experiências russas em ciências espaciais têm quase um século de existência e podem ser divididas entre duas fases. A primeira delas se iniciou ainda na década de 1930, quando Stálin, em seus programas quinquenais de desenvolvimento, lançou o Programa Espacial Soviético que durou até 1991 e trouxe grandes contribuições para a ciência espacial, principalmente durante o primeiro período da Guerra Fria e da Corrida Espacial. O primeiro grande feito foi o lançamento, em 18 de agosto de 1933, do Grid, o primeiro foguete soviético movido a combustível líquido. Durante a Segunda Guerra Mundial e com forte incremento financeiro, o projeto especial soviético desenvolveu e produziu o Katyusha, um foguete altamente tecnológico que foi usado em boa parte da corrida espacial para o envio de sondas, satélites e missões tripuladas ao espaço. A grande era de outro dessa primeira fase do projeto espacial russo, ainda sob a bandeira da União Soviética, aconteceu durante a Corrida Espacial, onde a agência soviética constantemente figurava à frente da recém-criada NASA, o que ajudou muito na evolução das tecnologias espaciais. O primeiro grande passo começou a ser dado em julho de 1955, quando Korolev, general responsável pelo programa espacial soviético, convenceu o então líder Nikita Khrushchev a investir na criação de um satélite artificial para ser lançando ao espaço antes do rival, os Estados Unidos. Após quase dois

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anos de pesquisa e desenvolvimento, os soviéticos lançaram em 4 de outubro de 1957 a Sputnik I, o primeiro satélite artificial de reconhecimento enviado à órbita da Terra e que foi responsável pelo início da Corrida Espacial pela conquista do espaço que durou até 1969, quando os Estados Unidos enviaram o primeiro homem a pisar na Lua. Ainda durante a corrida espacial, e contando com grande investimento do governo soviético, o programa espacial do país continuou colecionando feitos e sempre se colocando à frente do rival na busca da conquista do espaço. Durante a década de 1960 eles foram os primeiros a levarem um astronauta ao espaço, o major Yuri Gagarin. Dois anos depois foi a vez de Valentina Tereshkova, outra oficial do exército vermelho viajar a bordo da Vostok VI e ser a primeira mulher a conquistar o espaço. 123603247 - Arkady Mazor / Shutterstock.com - Cartão postal da antiga União Soviética em homenagem ao aniversário do primeiro voo espacial do cosmonauta Yuri Gagarin Após perder a conquista da Lua para os Estados Unidos, o governo soviético passou a investir no envio de sondas para Marte e Vênus, os planetas mais próximos da Terra em nosso sistema solar. Obteve êxito com o pouso da Venera 7, em meados de 1970, sendo a primeira sonda a pousar em outro planeta. Com o passar dos anos e a entrada em colapso da economia

NASA

NASA

Estação Espacial MIR, a última contribuição do Programa Espacial Soviético para a exploração do espaço

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soviética, os recursos para o Programa Espacial foram se tornando mais escassos e os últimos projetos foram o ônibus espacial Buran, construído em 1988 e que não chegou a entrar em órbita devido aos altos custos da missão na época pré-queda do regime socialista e a Estação Espacial MIR lançada em 1986 e que consumiu quase toda a verba do programa espacial na época. Apesar de não ter resistido à queda do regime comunista, o Programa Espacial Soviético, além de servir como base para o surgimento da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmo) em 1992, também deixou alguns legados para a história da ciência espacial como, por exemplo, os módulos centrais da Estação Espacial Internacional, a aeronave Soyuz e seus sistema de foguetes de lançamento e a construção do RD-180, um dos maiores e mais potentes motores de foguetes já produzidos. O sucesso da MIR, que ao todo recebeu 55 missões, sendo 30 internacionais, abriu as portas para a cooperação entre russos, norteamericanos, a agência Espacial Europeia e outros países como Índia e Brasil para a construção da Estação Espacial Internacional, ISS.

ROSCOSMO: A SEGUNDA E ATUAL FASE DO PROJETO ESPACIAL RUSSO

O programa espacial soviético iniciado por Stálin em 1930 e que vigorou durante do tempo em que a União Soviética existiu, foi extinto pelo primeiro presidente da Rússia após a dissolução do bloco soviético, Boris Yeltsin, em 1991. A sua sucessora, a Roscosmo, foi fundada em 1992 e se aproveitou da maior parte da estrutura deixada pelo Programa Soviético para iniciar suas atividades. Até os dias de hoje, os lançamentos de sondas, foguetes e espaçonaves são feitos do cosmódromo de Baikonur, localizado no Cazaquistão, que a agência usa em sistema de parceria com o governo do país. Se a nova agência russa herdou as instalações de sua predecessora, ela ficou também com os problemas. Mesmo com a constituição de um novo país e uma nova economia, a Roscosmo tem acesso escasso aos

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fundos governamentais para manter suas atividades e recorre, sempre que possível, ao lançamento de satélites comerciais para angariar fundos para sua manutenção e pesquisa. Além do centro de lançamentos principais, a agência russa conta com mais duas bases, a de Plesetsk para fins militares e viagens não tripuladas, e a base de Vostochny, que, aos poucos, vai se tornando a principal base de lançamento da agência no futuro e teve seu primeiro lançamento realizado em 2016. O orçamento da Roscosmo foi, em 2013, de aproximadamente de US$ 5 bilhões, um terço do que o governo norte-americano investe para manter as atividades e pesquisas da NASA. Em seus quase 15 anos de existência, a principal contribuição da Agência Espacial Russa foi na construção e manutenção da Estação Espacial Internacional, onde é a principal parceira da NASA desde a concepção, construção e fornecimento de peças para que a estação pudesse operar no espaço. A contribuição da Rússia na Estação Espacial se deu com a construção de dois módulos operacionais da estação e com a nave espacial Soyuz, que é a responsável por levar todos os astronautas para missões na ISS – inclusive foi a bordo dela que o astronauta brasileiro Marcos Pontes se tornou o primeiro astronauta de nosso país a ir ao espaço, em 2006.

Conferência de Imprensa pré-missão espacial da Roscosmo, em 2014

O primeiro módulo enviado pelos russos para a construção da Estação Espacial foi o módulo de controle Zarya, lançado em 1998. Depois dele, foram enviados ao espaço o Zvezda, um módulo de serviço, e o Rassvet, um módulo dedicado a abrigar laboratórios de pesquisa. Além das colaborações como principal parceiro da NASA na operação da Estação Espacial, a Roscosmo tem tido nos últimos anos um papel vital no lançamento de satélites privados ao espaço e também com a prestação de serviço para lançamentos de outras agências espaciais, como a indiana e a iraniana. As missões russas também têm levado ao espaço diversos satélites caseiros, principalmente militares, de telecomunicação e de navegação como o Glosnass. Para o futuro, se conseguir driblar as restrições orçamentárias, a Roscosmo tem planos de colocar em prática a missão ExoMars, que em parceria com a Agência Espacial Europeia que pretende levar um rover a Marte até o ano de 2020. Além disso, está nos planos da agência o envio de uma série de robôs à Lua dentro do projeto Luna-Glob, que deve ser concluído até 2025.


PRINCIPAIS FEITOS E PLANOS FUTUROS DA ROSCOSMO 1992

1998

Surge em 1992 como empresa estatal para dar prosseguimento à pesquisa espacial que era realizada pelo Programa Soviético, desativado em 1991.

Assina acordo com a NASA e se torna a principal parceira da agência norte-americana na construção e manutenção da Estação Espacial.

2001 Com a ISS em órbita, desativa a Estação Espacial MIR, em órbita desde 1986.

2006

2011

2020

A espaçonave Soyuz leva Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro ao espaço.

A agência espacial russa coloca em órbita o Glonass, seu sistema de geolocalização global composto por 24 satélites.

É o ano em que a Roscosmo planeja enviar um rover a Marte em parceira com a Agência Espacial Europeia.

2029

2024

É o ano que a Agência Espacial Russa espera conseguir levar um homem à Lua na missão batizada de Luna 27.

Ano em que a Roscosmo e a NASA pretendem aposentar a ISS e construir outra estação espacial mais moderna.

2030

2025

Se o projeto de levar o homem à Lua em 2029 vingar, Roscosmo planeja começar o processo de colonização de nosso satélite a partir de 2030.

De acordo com as expectativas da agência, neste ano chegarão à Lua os primeiros robôs na missão Luna-Glob.

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Parte interna do cosmódromo de Baikonur, principal centro de lançamento das missões russas

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AGÊNCIA ESPACIAL EUROPEIA (ESA)

A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 como um órgão intergovernamental para atender os interesses de missões espaciais dos países pertencentes à zona do Euro (Mercado Comum Europeu). Sua sede fica localizada em Paris e representa 22 países do continente com um orçamento para pesquisas e desenvolvimento superior a US$ 5,5 bilhões. De acordo com seu site oficial, a principal missão da agência conjunta é trabalhar o desenvolvimento uniforme da capacidade espacial de toda a Europa, além de assegurar que o investimento em tecnologia espacial continue a trazer benefícios para os cidadãos europeus e do mundo. A agência europeia foca seus esforços no desenvolvimento de novas tecnologias por meio de voos espaciais tripulados e o uso de seu laboratório na Estação Espacial Internacional, que fica à disposição para a realização de testes para todos os astronautas dos países membros. Além dos investimentos na Estação Espacial, da qual é uma das principais sócias do consórcio feito para sua construção e manutenção, a ESA também participa de missões

PRINCIPAIS FEITOS DO PROGRAMA ESPACIAL SOVIÉTICO 90 • A HISTÓRIA DA NASA

não tripuladas a outros planetas como, por exemplo, Marte, onde junto com a Agência Espacial Russa planeja enviar um rover até 2020, projetos de telecomunicação e de observação da Terra. A Agência mantém alguns escritórios espalhados pelo continente europeu como em Colônia e Darmstadt, na Alemanha, em Madri, na Espanha, e em outros países, como na Rússia e Estados Unidos. Eles construíram e mantêm um centro de lançamento espacial na Guiana Francesa chamado Centro Espacial de Kourou. Em seus mais de 40 anos de existência a Agência Espacial Europeia já participou de diversos projetos espaciais, tendo como destaque a construção e operação do módulo Columbus da Estação Espacial Internacional, que foi acoplado à estrutura base da estação em 2008 durante a missão Atlantis e que serve como laboratório para pesquisas científicas, principalmente sobre microgravidade. Outra contribuição da ESA para a estação foi a construção do ATV Albert Einstein, um veículo espacial não tripulado que tem o objetivo de abastecer a ISS com combustível e mantimentos, sendo uma espécie de nave de carga um pouco maior que a Progress da NASA.

A ESA desenvolveu também outros projetos espaciais próprios, como o sistema de posicionamento global chamado Galileo, composto por aproximadamente 30 satélites e que é visto como sucessor do GPS. No campo das sondas espaciais, lançou em 2004 a Rossetta, que ficou no espaço durante 12 anos coletando informações sobre nosso Sistema Solar e deixou de funcionar em 2016 após colidir com um cometa. Além de missões próprias, a ESA também colaborou com as missões da NASA Ulysses, Cassini-Huygens e do telescópio Hubble. Para o futuro, um dos principais projetos da Agência Espacial Europeia é o “Programa Aurora”, que tem como objetivo a exploração da Lua, Marte e de asteroides nas próximas décadas para pavimentar o caminho para o protagonismo da agência no ramo da pesquisa espacial. Astronauta italiano Roberto Vittori no laboratório Destiny na ISS

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Gil C / Shutterstock.com

9 AGÊNCIAS ESPACIAIS PELO MUNDO

1957 Lançamento da primeira sonda espacial, a Sputnik I. .

1958 Lançamento da primeira missão tripulada com a cadela Laika a bordo da Sputnik II.

1959 A sonda Luna II foi o primeiro objeto

espacial a entrar em contato com a superfície da Lua.

1961 O Programa Soviético lança a Venera I, a primeira sonda a ir em direção a Vênus.


• ÁUSTRIA • BÉLGICA • REPÚBLICA CHECA • DINAMARCA • ESTÔNIA • FINLÂNDIA • FRANÇA • ALEMANHA • GRÉCIA • HUNGRIA • IRLANDA • ITÁLIA • LUXEMBURGO • PAÍSES BAIXOS • NORUEGA • POLÓNIA • PORTUGAL • ROMÉNIA • ESPANHA • SUÉCIA • SUÍÇA • REINO UNIDO

DENMARK

LUXEMBOURG

PAÍSES EUROPEUS QUE NÃO FAZEM PARTE DA AGÊNCIA, MAS TÊM ACORDOS DE COOPERAÇÃO:

ATV Albert Einstein, espaçonave de carga desenvolvida pela Agência Europeia

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• BULGÁRIA • CHIPRE •MALTA • LETÓNIA • LITUÂNIA • ESLOVÁQUIA • ESLOVÊNIA

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PAÍSES QUE FAZEM PARTE DA ESA (AGÊNCIA ESPACIAL EUROPEIA)

1961 O major Yuri Gagarin é o primeiro astronauta a ir ao espaço na órbita da Terra a bordo da Vostok I.

1962 As espaçonaves Vostok III e Vostok IV realizam o primeiro voo tripulado de duas naves em paralelo.

1962 Os soviéticos lançam a primeira sonda da história em Espaçonave Soyuz, herança do programa soviético

direção a Marte, a Marte I.

1963 A oficial do exército soviético Valentina Tereshkova se torna a primeira mulher a ir ao espaço, a bordo da Vostok VI. A HISTÓRIA DA NASA • 91


O projeto espacial chinês, tal qual o russo, pode ser divido em duas fases distintas. A primeira delas aconteceu ainda sob influência de Mao Tsé-Tung, da revolução chinesa e da fundação da República Popular da China. Tudo começou quando Mao, em reunião do Comitê Central do Partido Comunista, em 1955, afirmou que o país precisava com urgência melhorar seus equipamentos militares de defesa, não apenas aviões e artilharia, mas que era necessário ter a bomba atômica em seu arsenal. Em virtude da corrida armamentista chinesa, no ano seguinte, em 1956, a China criou seu plano aeroespacial com previsão para 12 anos de atividades e uma academia para formação de pessoal que ficaria sobre a tutela do Ministério da Defesa. Um dos grandes fatores que ajudaram o desenvolvimento do projeto espacial chinês nesse primeiro momento foi a parceria feita com a União Soviética, que rendeu o primeiro míssil, mesmo que de pequeno alcance, em 1958. Em 1960, a parceria e a colaboração tecnológica chegaram ao fim quando as duas nações decidiram romper relações diplomáticas. A primeira fase do projeto espacial chinês durou até 1976 quando a morte de Mao levou o governo chinês a congelar e cancelar diversos projetos que estavam em curso como, por exemplo, enviar ao espaço sua primeira missão tripulada. Apesar do curto tempo de existência, a programa chinês rendeu missões bem-sucedidas como seu primeiro satélite espacial recuperável, que foi ao espaço a bordo

PRINCIPAIS FEITOS DO PROGRAMA ESPACIAL SOVIÉTICO 92 • A HISTÓRIA DA NASA

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AGÊNCIA ESPACIAL CHINESA

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do foguete CZ-2. Graças à expertise adquirida nessa primeira fase, em 1985 a China foi reconhecida como parte de um pequeno grupo de países, como Estados Unidos e União Soviética, que podiam oferecer voos comerciais para o lançamento de satélites.

ANOS 90: A RETOMADA

A nova fase do projeto espacial chinês foi retomada em 1993 com a criação da Administração Nacional Espacial Chinesa (CNSA), que passou a ser a agência espacial oficial do país, criada com fins militares. Porém é associada à Comissão de Ciência, Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional. Nessa segunda fase, a ênfase se deu na fabricação de foguetes, satélites e voos tripulados. Um dos principais projetos foi o lançamento de seu primeiro míssil de longa distância chamado 3B, que levava o satélite norte-americano

Exposição da CNSA na Tailândia em 2016

Intelsat 708. Na área de satélites, a agência chinesa criou uma grande diversidade de modelos para os mais diferentes fins como: Dongfanghong (geoestacionários de comunicação); Fengyun (meteorológicos); Shijian (científicos); Ziyuan (feitos em parceria com o Brasil, para captura de imagem e sensoriamento remoto); Beidou (de navegação) e Haiyang (oceanográfico). Dez anos após retomar o seu programa de desenvolvimento espacial, a China se tornou apenas o terceiro país do mundo a levar um homem ao espaço. Em 15 outubro de 2003, o astronauta Yang Liwei se tornou o primeiro astronauta do país a realizar uma viagem tripulada ao espaço a bordo da aeronave Shenzhou 5. Das principais agências espaciais do mundo, a China é a única que não participa da Estação Espacial Internacional.

1965 Aleksei Leonov, a bordo da Voskhod 2, foi o primeiro astronauta a realizar procedimentos fora da espaçonave. 1970 Marca o envio do primeiro rover robótico à Lua, o Lunokhod I. 1971 Lançamento ao espaço da primeira estação espacial, a Salyut I. 1975 A Venera IX é a primeira sonda a orbitar, pousar e fazer imagens da superfície de Vênus. 1986 Entra em órbita a estação espacial MIR, que ficou no espaço até 2001, sendo substituída pela Estação Espacial Internacional.


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A CHINA QUER DOMINAR O ESPAÇO? Conheça os projetos futuros da Administração Nacional Espacial Chinesa A China quer o protagonismo na área da exploração do espaço e vai construir sua própria estação espacial

NO CURTO PRAZO NO LONGO PRAZO PARA SEREM CONCRETIZADOS ATÉ 2020

PARA COMEÇAREM APÓS 2020

SISTEMA DE SATÉLITES AVANÇADOS: a ideia é construir um sistema de observação da Terra de longa duração.

PERITOS ESPACIAIS: aumentar seu conhecimento em todas as áreas que envolvem as ciências do espaço.

AUTONOMIA COMUNICACIONAL: criação e Instalação de satélites próprios para fins de comunicação.

O ESPAÇO É MEU: construir uma estação espacial orbital sem a ajuda ou parceira de nenhuma agência.

SPACE CHINA: implantar e consolidar um sistema de serviço de lançamentos comerciais de satélites e sondas.

RUMO À LUA, PARTE II: realizar missões tripuladas à Lua com frequência.

EXPERIÊNCIAS: estudar de forma independente a microgravidade, ciências vitais da vida e performance de materiais e astronomia no espaço.

O DOMÍNIO DA LUA: construir uma base espacial na Lua que possa ser habitada pelos astronautas.

RUMO À LUA, PARTE I: desenvolver um plano sólido de viagens e exploração da superfície da Lua.

VOCÊ SABIA?

EXPLORAÇÃO ESPACIAL: realizar missões não tripuladas com frequência para explorar todo o nosso Sistema Solar.

nsável l Espacial Chinesa, respo A Administração Naciona s trê m nté al chinês, ma por todo o projeto espaci : nto me mo no aciais importantes missões esp

s ao espaço. tripuladas e não tripulada es ssõ mi de vio en lo pe : responsável a em 2013 e que foi • PROGRAMA SHENZHOU ra o pouso na Lua lançad pa te en alm eci esp a zid da produ • CHANG’E 3: uma son ira. ção a Agência Espacial Brasile com ria rce pa parte do projeto de constru construída em órbita desde 2011 e faz em á onal. est e aci qu ern al Int aci al esp aci lo du da Estação Esp • TIANGONG 1: um mó de arquitetura modular lo de mo o ue seg e qu sa, da Estação Espacial Chine

A HISTÓRIA DA NASA • 93


9 AGÊNCIAS ESPACIAIS PELO MUNDO

ÓRGÃOS DO ESPAÇO

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Instituto de Espaço e Ciência Astronáutica (ISAS): foi fundado em 1964 pela Universidade de Tóquio com o objetivo de realizar pesquisas espaciais e interplanetárias. Em 1981 o instituto passou a ser uma organização de pesquisas espaciais conjuntas das principais universidades dos Japão. Sua organização era composta por dois departamentos: no primeiro ficavam os responsáveis pelas pesquisas cientificas do espaço e no segundo, o grupo de engenheira que trabalhava para possibilitar que as viagens espaciais pudessem ser feitas.

AGÊNCIA ESPACIAL JAPONESA

A agência que responde hoje pelo programa espacial japonês tem pouco mais de 10 anos de existência. A JAXA (Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial) foi fundada em 2003 para concentrar todas as políticas espaciais e tecnológicas do governo japonês, pois antes dela, todo o programa era dividido em três outros órgãos governamentais. A JAXA passou a englobar as atividades do Instituto de Espaço e Ciência Astronáutica (ISAS), do Laboratório Nacional Aeroespacial (NAL) e da Agência Nacional do Desenvolvimento Espacial (NASDA), o mais antigo deles. Desde a sua fundação, a principal atuação da agência tem sido participar da Estação Espacial Internacional, com o lançamento do módulo Kibo, que é a maior estrutura modular da ISS e serve com um avançado laboratório de pesquisa montado em quatro etapas, entre os anos de 2003 e 2009, quando o Complexo Exposto, última parte do módulo, foi acoplado em julho de 2009. Desde que se foi colocado sobre a tutela de uma única agência,

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Astronauta Koichi Wakata posando para foto dentro do Kibo, principal contribuição da JAXA para a ISS

o programa espacial japonês tem conseguido avanços consideráveis no ramo da exploração espacial. Em seu primeiro ano de funcionamento conjunto, coletou amostras do asteroide 25143 Itokawa, que fica localizando em torno da Terra, com primeira espaçonave Hayabusa. Outro grande feito de sua história recente foi ter feito o mapeamento geográfico e mineral da superfície da Lua com imagens em 3D em alta definição em 2007 por meio do lançamento da sonda Selene, também chamada de Kaguya. Em 2014, a agência japonesa lançou a sonda Hayabusa 2, que deve ficar em órbita até 2019 para coletar amostras do asteroide (162173) 1999 JU3 com a inclusão de um dispositivo de microexplosão para abrir uma cratera no asteroide e permitir a pesquisa de componentes em suas camadas internas.

LABORATÓRIO NACIONAL AEROESPACIAL (NAL): em 1955 surgiu como Laboratório Nacional Aeronáutico e alterou seu nome em 1963 ao acrescentar a divisão aeroespacial do governo ao seu programa. Durante sua existência, teve como foco a pesquisa sobre novas tecnologias dos ramos da aviação, foguetes e demais sistemas de transporte aeronáuticos, além de tecnológicas periféricas relacionadas a essas áreas. AGÊNCIA NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ESPACIAL (NASDA): foi criada em 1 de outubro de 1969 para ser a principal agência nacional para o desenvolvimento de pesquisas espaciais e promover o uso pacífico do espaço. Subordinada ao Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, tinha como atribuições o desenvolvimento de satélites, veículos de lançamento e rastreamento de espaçonaves, além de criar métodos, instalações e equipamentos necessários para o desenvolvimento do programa espacial japonês.


GRANDES REALIZAÇÕES Conheça os principais feitos das agências que deram origem à JAXA

Centro espacial Tanegashima, de onde saem as missões espaciais japonesas

1969 – Em junho é aprovada a lei que cria a Agência Nacional do Desenvolvimento Espacial. 1977 – Lançado em fevereiro o Kiku-2 o primeiro satélite geoestacionário japonês. 1979 – Em agosto, a agência abre seu museu no Centro Espacial Tanegashima. 1981 – Desenvolvimento do primeiro foguete com tecnologia japonesa, o N-II.

ISAS 1955 – O instituto de Ciência Industrial da Universidade de Tóquio, predecessor do ISAS, lança o primeiro foguete japonês, o Pencil. 1964 – É fundado o Instituto de Espaço e Ciência Espacial na Universidade de Tóquio. É lançado o primeiro satélite meteorológico japonês o MT-135-1.

1970 – Lançado o Ohsumi, primeiro satélite artificial do Japão.

1982 – Final do programa de

1975 – Vai ao espaço o satélite M-3C-2 com o objetivo de coletar dados sobre raios-X e radiação ultravioleta do sol para observação.

1985 – Seleção de três astronautas

1987 – Início do Projeto SEPAC para a realização de experiências nas estações espaciais Space Shuttle e Spacelab-1.

foguetes N-II com um total de sete satélites lançados e a adoção dos foguetes HI. japoneses especialistas em cargas para a US Space Shuttle.

1988 – Assinado o IGA – Acordo Intergovernamental para o desenvolvimento e operação da Estação Espacial Internacional que, além do Japão, contou com a NASA, ESA e Canadá. 1992 – Primeiro teste espacial japonês a bordo da Space Shuttle.

NASA

NASDA

A NAL FOCOU NO CAMPO DAS PESQUISAS ACADÊMICAS E NÃO PARTICIPOU DE NENHUMA MISSÃO ESPACIAL DURANTE SUA EXISTÊNCIA.

1998 – Lançamento da sonda No-

zomi, sonda espacial para explorar a atmosfera de Marte.

2003 – O último grande feito foi o lançamento da sonda Hayabusa para exploração de asteroides.

2002 – Lançamento da MIDOR II, cento de observação da Terra, com o satélite ADEOS-II e outros três satélites: Fedsat (CSIRO), Micro-Lab Sat (NASDA), WEOS (CIT). A HISTÓRIA DA NASA • 95


9 AGÊNCIAS ESPACIAIS PELO MUNDO AGÊNCIA ESPACIAL DA ÍNDIA

Considerada uma as seis maiores agências espaciais do mundo, com um orçamento de aproximadamente US$ 1 bilhão de dólares, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) foi fundada em 1969 em substituição ao Comitê Nacional Indiano de Pesquisas Espaciais (INCOSPAR), fundado sete anos antes, em 1962. A principal finalidade da organização espacial indiana é desenvolver a tecnologia espacial para que ela possa trazer o desenvolvimento da nação e dar sequência aos programas de pesquisa da ciência espacial da exploração planetária. Em 1975 a ISRO lançou seu primeiro satélite espacial, o Aryabhata, enviado ao espaço da base espacial do Cazaquistão, em parceira com o Programa Espacial soviético. De lá para cá, a Organização Indiana já realizou mais de 75 missões ao espaço, lançou mais de 46 projetos próprios e 51 satélites estrangeiros, sendo que em 2016 enviou ao espaço ao mesmo tempo cerca de 20 satélites de seu Centro Espacial Satish Dhawan em Sriharikota, na costa leste do país. Esse é o terceiro maior lançamento coletivo de satélites da história espacial, ficando apenas atrás de Rússia, com 33, e Estados Unidos, com 29 satélites. Ainda em 2016 a ISRO lançou um projeto ousado. Em 24 de maio foi ao espaço o protótipo de seu primeiro veículo espacial reutilizável, o RLV-TD Reusable Launch Vehicle, que é projeto em escala menor, com apenas sete metros de comprimento, da espaçonave para voos tripulados que a agência espera que esteja pronta para envio em missão espacial até o final de 2026. Com o lançamento desse protótipo, a agência indiana se tornou a primeira da região asiática a conseguir lançar com sucesso uma nave reutilizável, também conhecida como Vai e Vem, pois pode ser utilizada em diversas expedições ao espaço. Sonda Chandrayaan-1 lançada do Centro Espacial Satish Dhawan

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Metas do programa espacial indiano

• Desenvolver sistema de navegação por satélite (GPS). • Cooperar com outras agências espaciais para troca de experiência e tecnologia. • Aplicar os conhecimentos espaciais adquiridos para o desenvolvimento da sociedade.

• Projetar e desenvolver veículos lançadores e tecnologias avançadas de fornecimento de acesso ao espaço, • Conceber e produzir satélites e tecnologias para possibilitar a observação da Terra, comunicação, navegação, pesquisas espaciais e serviço de meteorologia. • Colocar em prática o Programa Nacional do Satélite Indiano (INSAT) para ampliar a telecomunicação e radiodifusão televisiva. • Lançar o Programa Indiano de Satélite Remoto (IRS) para gestão e monitoramento de recursos naturais do país. • Aprofundar as pesquisas e desenvolver a área de ciências espaciais e exploração planetária.

AGÊNCIA ESPACIAL IRANIANA

Quando foi criado em 1969 pelo governo indiano, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) determinou algumas metas e diretrizes que o programa espacial teria que cumprir. Confira.

Apesar de seu longo passado histórico e sua influência no Oriente Médio, o Irã só criou sua agência espacial há pouco mais de 10 anos. A Agência Espacial Iraniana (AEI), uma das agências espaciais mais recentes, foi fundada em 2003 quando o então presidente Mohammad Khatamim viu a necessidade de ampliar seu programa militar e decidiu investir também em pesquisas espaciais, como já faziam as grandes potências. Por mais que tenha demorado para pôr em prática, oficialmente, um programa de exploração espacial, com a criação de um órgão governamental com essa finalidade, a vontade iraniana já vem de longa data.

NASA

testing / Shutterstock.com

Maquete de veículo de lançamento da Índia GSLV-Mk III em exposição, em Daejeon, República da Coreia, em 2009

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9 AGÊNCIAS ESPACIAIS PELO MUNDO

O Irã é um dos 24 países que fizeram parte da criação do Comitê da Organização das Nações Unidas para verificar e regular o uso da tecnologia espacial com finalidade pacífica e civil em 1959. No começo da década de 1970, o então líder do país, o xá Reza Pahlevi, iniciou as primeiras tentativas de pôr em prática um programa espacial iraniano, porém em meio a alguns insucessos nos primeiros anos, as tentativas espaciais foram totalmente após a deposição de Pahlevi com a Revolução Islâmica de 1979. Ao chegar ao poder seu sucessor aiatolá Ruhollah Khomeini, decidiu abandonar todas as ideias e projetos espaciais enquanto construía um Estado de acordo com os preceitos islâmicos.

O recomeço

A criação de um projeto espacial iraniano só voltou à pauta do governo a partir do começo dos anos 2000, quando o Mohammad Khatamim autorizou a criação da Agência Espacial Iraniana que, além dos incrementos militares, tinha como objetivo se tornar protagonista no cenário das pesquisas e explorações espaciais com o lançamento de pelo menos cinco satélites comunicacionais e de sondagem da Terra em um curto espaço de tempo.

A pretensão iraniana era tão ousada que, em 2005, o então diretor da AEI, Reza Taguizade, declarou que o governo pretendia investir US$ 500 milhões até 2010 para colocar a recém-criada agência entre as principais potências da área espacial, chegando ao oitavo lugar em grau de importância. Entre os principais feitos do curto programa Iraniano até momento está o lançamento do seu primeiro satélite, o Sina-1, em outubro de 2005, em parceria com o governo russo para usar o veículo lançador (foguete) Kosmos-3M e o cosmódromo de Plesetsk. Em 2009, o Irã se tornou o nono país do mundo a conseguir lançar um satélite ao espaço por meio de um foguete de lançamento e um cosmódromo próprio ao enviar ao espaço o satélite de observação Omid. Além do país persa, apenas Rússia, Estados Unidos, França, Japão, China, Reino Unido, Israel e Índia têm capacidade tecnológica para lançarem seus próprios projetos espaciais. Até meados de 2016, o programa espacial iraniano já tinha conseguido enviar com sucesso à órbita da Terra oito sondas espaciais de curto alcance e outros quatro satélites. O mais recente deles foi lançado em 2 de fevereiro de 2015 e pesa 52 kg. O satélite Fajr tem previsão de ficar no espaço durante um ano e meio para coletar dados sobre a Terra e depois será substituído por um equipamento mais potente. De acordo com especialistas, espera-se que o Irã consiga realizar seu primeiro voo orbital até o final de 2022.

Cápsula espacial iraniana lançada ao espaço em 2013, com um macaco a bordo, em exposição em Moscou

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98 • A HISTÓRIA DA NASA

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Aiatolá Ruhollah Khomeini: fim dos projetos espaciais em nome dos preceitos islâmicos


A HISTÓRIA DA NASA • 99


Nesta edição:

ORIGEM DA NASA A CORRIDA ESPACIAL O HOMEM NA LUA AS INCRÍVEIS REALIZAÇÕES TECNOLOGIA E VIDA NO ESPAÇO A OBSESSÃO POR MARTE E MUITO MAIS!

100 • A HISTÓRIA DA NASA


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