SETEMBRO 2014 número 370 Ano 38
Órgão oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
A luta pelo reconhecimento Sindicato aumenta pressão para que jornalistas da Internet sejam respeitados pelas empresas Pág 55 Pág
Homenagem ao jornalista Eduardo Suplicy Pág Pág 99
Veja como como está está Veja Campanha aa Campanha Salarial Salarial Pág Pág 44
Jornalistas na política
Pág 88 aa 10 Págs 10
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SETEMBRO 2014
BORIS CASOY
Sobre a denúncia de que Boris Casoy fez parte do CCC - Comando de Caça aos Comunistas, informo que tenho o exemplar de "O Cruzeiro" com a matéria. É da minha coleção. A revista apresentou com destaque os nomes de todos os membros do CCC. Ao lado de cada nome, um pequeno perfil de cada um. Coloco ao dispor do Unidade, se houver interesse em repercutir a matéria da edição de agosto. Se foi calúnia, como ele diz, por que não processou a revista? Milton Saldanha São Paulo JURÍDICO
Quero agradecer e parabenizar o Departamento Jurídico do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo pelo empenho e dedicação com meu processo trabalhista na Justiça do Trabalho. A empresa que trabalhava foi à falência e fiquei sem receber nenhum dos meus direitos, nem mesmo meu FGTS. Mais de uma centena de funcionários, que não são jornalistas e lá trabalhavam ainda estão até agora brigando na Justiça e, in-
felizmente, sem nenhuma perspectiva de solução. Sou jornalista há 34 anos e esta foi a primeira vez que precisei recorrer ao nosso Sindicato. A equipe de advogados, com tranquilidade e muita competência, conduziu meu processo com propriedade e muita rapidez. Devolveu-me a esperança de se fazer justiça na nossa profissão e, principalmente, de receber o dinheiro que me pertence por lei e que tanto necessitava. Sem um sindicato forte e com bons profissionais jamais teria conseguido.
Muito obrigado . Luiz Galvão São Paulo l O Departamento Jurídico do Sindicato deveria tentar reverter no TST uma tal de súmula 300 (creio), pois ganhei em primeira instância uma ação contra a Fundação Padre Anchieta, que me contratou com PJ. Porém, essa súmula no TRT foi a que me fez perder por dois votos a um sobre argumento que na Fundação somente se entra por concurso. Todos sabemos que isso nunca ocorreu e talvez não ocorra ainda hoje por lá. Dessa maneira, por eles terem “errado”, só vou ter
direito a receber o FGTS. Um absurdo. Alberto Gonçalves São Paulo
MENTIRA
Está faltando respeito com a profissão de jornalista. Esses dias eu assisti, junto com minha esposa, um capítulo dessa novela da Globo que está no ar, "Império" e cá entre nós me senti constrangido com o que vi, por conta da forma fútil com que eles estão falando da nossa profissão. Um ator, que representa um gay e é dono de um blog de fofoca, manda a jornalista que trabalha para esse blog mentir para fazer uma matéria. A jornalista diz para ele que está pensando em largar o blog de fofoca e ir para a assessoria de imprensa para não precisar mentir. O dono do blog diz que a mentira é a mesma, só muda o público alvo. Quer dizer nós jornalistas só mentimos? Trabalhei no Sindicato dos Enfermeiros de SP e entramos com diversas ações contra a Globo na época em que eles veiculavam uma novela onde uma das personagens se
vestia de enfermeira para realizar fantasias sexuais. Fábio Rogério Ramalho São Paulo
DIPLOMA
Sobre o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS) ter aprovado parecer favorável à PEC do Diploma no início de agosto: Já não era sem tempo. Mas ainda temos um longo caminho. Como citou uma colega, está difícil a invasão de subcelebridades e até atores virando repórter. A luta e a esperança continuam. Alice Castanheira São Paulo
Será que, a partir daí, não veremos mais dançarinas, funkeiras dando uma de repórter? Por indicação, tiram o lugar de muita gente boa! Atualmente, qualquer um se mete a entrevistar. Até o tal do Rafael Ilha (ex-Polegar), que a Sônia Abrão dá emprego... Ele é jornalista?
CRÉDITOS Parabéns
Sônia Scar São Paulo
pela
pági-
Cartas
na do Sindicato. Agora precisa o SJSP intensificar a fiscalização sobre empresas - e, mais grave, ONGs - que usam e abusam da prática de republicar matérias sem o devido crédito e, pior, os dados citados ficam desatualizados. Gabriel Arcanjo Nogueira São Paulo SINDICALIZAÇÃO
Recebi meu número de inscrição pelo Ministerio do Trabalho e gostaria de me sindicalizar. Como devo proceder? Ronaldo Spedaletti Osasco
Nota da redação - A condição essencial para se sindicalizar é ter o registro profissional definitivo, nos casos de diagramador, repórter fotográfico, repórter cinematográfico e ilustrador. Para as demais funções do Jornalismo apresentar também cópia da página do contrato de trabalho, que consta na CTPS. Veja todas as informações no site da entidade (www.sjsp.org.br) e acesse o ícone documentos. Nele constam todas as exigências para se sindicalizar.
Órgão Oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Diretoria Executiva Presidente José Augusto de Oliveira Camargo Secretário Geral André Luiz Cardoso Freire Secretária de Finanças Cândida Maria Rodrigues Vieira Secretário do Interior e Litoral Edvaldo Antonio de Almeida Secretária de Cultura e Comunicação Lílian Mary Parise Secretária de Relações Sindicais e Sociais Evany Conceição Francheschi Sessa Secretária de Sindicalização Márcia Regina Quintanilha Secretário Jurídico e de Assistência Paulo Leite Moraes Zocchi Secretária de Ação e Formação Sindical Clélia Cardim Conselho de Diretores Alan Felisberto Rodrigues, Luis Lucindo de Azevedo, Wladimir Francisco de Miranda Filho, Alessandro Giannini, Claudio Luis Oliveira Soares, Rosema-
ry Nogueira, Fabiana Caramez (secretária adjunta de Interior e Litoral) e José Eduardo de Souza (secretário adjunto de Interior e Litoral) Diretores Regionais ABCD Peter Suzano Silva Bauru Ângelo Sottovia Campinas Agildo Nogueira Júnior Piracicaba Martim Vieira Ferreira Ribeirão Preto Aureni Faustino de Menezes (secretária adjunta do Interior e Litoral) Santos Carlos Alberto Ratton Ferreira São José do Rio Preto Andréia Fuzinelli Sorocaba José Antonio Silveira Rosa Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira Fernanda Soares Oeste Paulista Tânia Brandão
Conselho Fiscal Titulares Sylvio Miceli Jr., James Membribes Rubio, Raul Antonio Varassin Suplentes, Manuel Alves dos Santos e Karina Fernandes Praça Comissão de Registro e Fiscalização Titulares Douglas Amparo Mansur, José Fernandes da Silva, Vitor Celso Ribeiro da Silva Suplentes José Aparecido dos Santos e Luigi Bongiovani Diretores de Base ABCD Carlos Eduardo Bazilevski Aragão, Vilma Amaro e Sandra Regina Pereira de Moraes. Bauru Luis Victorelli, Ieda Cristina Borges, Luiz Augusto Teixeira Ribeiro e Rita Cornélio Campinas Kátia Maria Fonseca Dias Pinto, Hugo Arnaldo Gallo Mantellato, Edna Madolozzo, Marcos Rodrigues Alves, Djalma dos Santos e Fernanda de Freitas Oeste Paulista Priscila Guidio Bachiega, Geraldo Fernandes Gomes e Alti-
no Oliveira Correa Piracicaba Luciana Montenegro Carnevale, Fabrice Desmonts da Silva, Paulo Roberto Botão, Poliana Salla Ribeiro, Ubirajara de Toledo, Vanderlei Antonio Zampaulo e Carlos Castro Ribeirão Preto Antonio Claret Gouvea, David Batista Radesca, José Francisco Pimenta, Ronaldo Augusto Maguetas, Fabio Lopes, Marco Rogério Duarte e Maria Odila Theodoro Netto Santos Edson Domingos Costa Baraçal, Eraldo José dos Santos, Glauco Ramos Braga, Emerson Pereira Chaves, Dirceu Fernandes Lopez, Ademir Henrique e Reynaldo Salgado São José do Rio Preto Harley Pacola, José Luis Lançoni, Sérgio Ricardo do Amaral Sampaio, Cecília Dionísio e Marcelo Dias dos Santos Sorocaba Adriane Mendes, Fernando Carlos Silva Guimarães, Aldo Valério da Silva, Emídio Marques e Marcelo Antunes Cau, Vale do Paraíba Jorge Silva, Fernanda Soares Andrade e Vanessa Gomes de Paula.
Comissão de Ética Denise Fon, Roland Marinho Sierra, Alcides Rocha, Flávio Tiné, Fernando Jorge, Dr. Lúcio França, Sandra Rehder, Antonio Funari Filho e Padre Antonio Aparecido Pereira
EXPEDIENTE Diretora responsável: Lílian Parise (MTb 13.522/SP) Editor: Simão Zygband (MTb 12.474/SP) Diagramação: Rubens M. Ferrari (MTb 27.183/SP) Redação: Ana Paula Carrion (MTb 8842/ RS) e Michael Silva (estagiário) Impressão: Forma Certa Fone (11) 3672-2727 Tiragem: 8.000 exemplares Conselho Editorial: Jaqueline Lemos, Luiz Carlos Ramos, Laurindo Leal Filho (Lalo), Assis Ângelo, Renato Yakabe e Adunias Bispo da Luz. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou do Sindicato. Rua Rego Freitas, 530 - sobreloja CEP 01220-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3217-6299 Fax: (11) 3256-7191 E-mail: unidade@sjsp.org.br site: www.jornalistasp.org.br
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Opinião
SETEMBRO 2014
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O poder da Comunicação
O
s jornalistas brasileiros, organizados na CUT, Fenaj e em sindicatos, têm questões que consideram fundamentais para o pleno exercício da profissão: a democratização dos meios de comunicação - com a consequente e urgente definição de um marco regulatório - e a aprovação da exigência do diploma universitário específico para o exercício profissional, projeto que tramita na Câmara dos Deputados, depois de ser aprovado no ano passado pelo Senado Federal. Todos sabem que a liberdade de imprensa e de expressão são valores estimados pela categoria. Mas, apesar de a própria Constituição Federal proibir que oligopólios e monopólios dominem os meios de comunicação, menos de dez famílias
são proprietárias das empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação de todo o país. É fato também que esses empresários de comunicação interferem nos rumos da política brasileira e, mesmo não assumindo em seus editoriais, se unem aos banqueiros e aos grandes empresários industriais e do agronegócio para eleger candidatos que lhes “facilitem” a vida, seja no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional ou Assembleias Legislativas. Como trabalhadores organizados em uma central sindical, os jornalistas devem votar com consciência e eleger candidatas e candidatos comprometidos com os interesses e a luta da classe trabalhadora,
além de defender propostas que beneficiem a maioria dos brasileiros e garantam o fortalecimento da democracia. Os jornalistas que atuam em jornais, revistas, assessorias de imprensa e internet estão em Campanha Salarial. Em breve, também estarão os que trabalham em rádios e TVs. As dificuldades para negociar têm sido imensas e os empresários, donos dos meios de comunicação - os mesmos que utilizam seus veículos para estimular o voto em candidaturas que os beneficiam - sempre alegam perdas para achatar os salários. Recente pesquisa do Projeto Inter-Meios, que mede questões ligadas ao mercado de comunicação mostra que de janeiro a maio
de 2014, os investimentos publicitários no Brasil alcançaram o montante de R$ 13,8 bilhões, um crescimento de 16,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. A TV por assinatura foi o veículo com maior crescimento em arrecadação publicitária, faturando 53,9% a mais do que no mesmo período de 2013. Também são destaques os desempenhos da Internet (alta de 25,2%), TV aberta (19,5%), Rádio (13,6%) e Cinema (10,3%), o que demonstra que os empresários de comunicação não tem do que reclamar. Como eles são detentores de vários meios de comunicação, estão lucrando muito e muito mais. Mais do que um negócio lucrativo, a Comunicação se transformou em um setor poderoso. A imprensa sempre foi chamada de quarto
poder mas atualmente é considerada também um partido político. Por isso é que os donos da Comunicação têm seus candidatos, apesar de não tornarem públicas suas preferências. Ao contrário dos barões da mídia, a CUT - central à qual o Sindicato é filiado - sabe que os trabalhadores têm lado e já tornou público seu apoio à reeleição do projeto encabeçado pela candidata Dilma Rousseff. Outras entidades também fizeram o mesmo. Os jornalistas também devem lutar para impedir a volta do retrocesso, com a eleição de candidaturas que não têm nenhum compromisso com os movimentos sindical e social. Afinal, somos trabalhadores e trabalhadoras da Comunicação.
Direção do SJSP
A farsa da isenção da grande mídia *Vilma Amaro “PT humaniza Dilma com macarronada e PSDB mostra Aécio estadista na TV”, esta foi a manchete da UOL e Grupo Folha, reproduzida em outros jornais brasileiros, sobre o primeiro programa de TV da propaganda eleitoral obrigatória, exibido em 19/08. Não é necessário ser um grande especialista em semiótica para entender o que dizem as entrelinhas do texto. A má vontade da grande mídia com a candidata do PT, Dilma Rousseff, não precisa de discursos veementes. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro criou uma ferramenta original para analisar a ideologia das manchetes de jornais e de programas de televisão, a exemplo do Jornal Nacional. Trata-
se do manchetômetro que mostra em gráficos, o tamanho da “objetividade” das manchetes exibidas por grandes veículos de comunicação. As linhas em cor amarela mostram uma posição neutra da mídia em relação aos três candidatos mais destacados nas pesquisas, a linha vermelha as posições contrárias da mídia e a linha azul , as opiniões favoráveis. Na análise das notícias veiculadas pelo Jornal Nacional , o vermelho indicando notícias negativas, é a cor preferida dos editores do referido noticiário para desancar a candidata Dilma Rousseff. Aécio é premiado com o azul de notícias favoráveis . Segundo o manchetômetro, projeto do Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (www.manchetometro.com.
br) em 2014, de janeiro até 22 de agosto, o Jornal Nacional deu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de reportagens negativas ao governo da presidente Dilma, e somente 29 minutos e 40 segundos de matéria favorável. Com a pesquisa, a pretensa isenção da grande mídia foi desmascarada. Como candidato do PSDB, Aécio Neves foi mais bem aquinhoado: 7 minutos e 42 segundos de matérias favoráveis e 5 minutos e 35 segundos de matérias contrárias. Essa pesquisa de tempo é um indício de que a TV Globo e os grandes meios de comunicação não querem a reeleição de Dilma Rousseff. Já a Marina Silva, com o despencar da candidatura de Aécio, virou a queridinha dos mesmos meios de
comunicação, com noticiário favorável que supera de longe o negativo, em especial nos jornais O Globo e Folha de São Paulo. A candidata do PSB, sigla onde se alojou, mudou de discurso depois de assumir a candidatura a presidente. O verde da sustentabilidade amarelou com a candidatura a vice-presidente de Beto Albuquerque, defensor do agronegócio. A sustentabilidade ambiental e o agronegócio, antes incompatíveis, podem, agora, de forma rocambolesca, representar os mesmos ideais. Os marinistas constituem, assim, uma grande ciranda ecumênica de banqueiros, socialistas e alternativos, embarcados numa retórica oca de corrente do bem. Ao mesmo tempo, a mídia jogou para debaixo do tapete as grandes realizações dos governos de
Lula e Dilma. Além dos 36 milhões de brasileiros que saíram da miséria, realizações como as hidrelétricas que apareceram no programa eleitoral, parecem ter surpreendido o público. O programa eleitoral do PT deu visibilidade a temas que a grande mídia procura empanar. O governo de Dilma assim como o de Lula, representa a contra corrente do neoliberalismo que privilegia o mercado em detrimento da população. O pleito presidencial pode representar justamente esse embate, mas os eleitores, com certeza, saberão votar a seu favor. Vilma Amaro Diretora de base da Regional ABCD e do Grupo Tortura Nunca Mais-SP
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Campanha Salarial
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Aprovada proposta da Capital Vale refeição é obrigatório; Interior, Litoral e Assessoria de Imprensa ainda negociam
E
m plebiscito realizado entre os dias 10 e 15 de agosto, os jornalistas que atuam em Jornais e Revistas da Capital aprovaram a proposta de reajuste nos salários. Com ela, o piso salarial da categoria passa a ser R$ 2.500,00 (ou aumento de 6,73%, com ganho real de 0,61%) e os vencimentos até R$ 12.700,00, a reposição é de 6,08% (INPC). Para quem ganha acima desse valor, foi criado um mecanismo composto: o aumento é o resultado da soma de R$ 772,16 (correspondente ao INPC de R$ 12.700,00) mais um reajuste de 4,5%, correspondente a parte que supera este limite. Nessa Campanha Salarial houve uma conquista que torna obrigatória a concessão do vale refeição. As empresas com até 20 jornalistas fornecerão um tíquete de R$ 10,00 por dia trabalhado e as redações com mais de 20 profissionais, o valor será de R$ 15,00.
Votação nas redações EMPRESA
NÃO
SIM
Ed. Abril
18
119
-
-
137
Ed. Globo (1)
8
56
-
-
64
Reuters
5
9
-
-
Globo Conde Nast (2)
25
12
-
-
Folha de S. Paulo
9
17
-
-
Valor Econômico (2)
28
40
-
-
O Estado de S. Paulo (3)
34
32
-
-
Brasil Econômico
1
9
-
-
Editora Trip
0
3
-
-
Folha Universal
1
8
-
-
Bloomberg
10
4
-
-
TOTAL
139
309
-
-
Percentual
BRANCO NULO
31,03% 68,97%
Plebiscito No plebiscito votaram um total de 448 jornalistas dos quais 309 (68,97%), optaram pela aprovação e 139 (31,03%) foram contra. O maior comparecimento se deu na Editora Abril, onde 137 profissionais compareceram às urnas instaladas na redação. No Valor Econômico foram 68 jornalistas e no O Estado de São Paulo, 66. Segundo o presidente do Sindicato, José Augusto Camargo (Guto), desde
2009 o Sindicato vem, por meio do plebiscito, consultando a categoria e isso democratiza a participação de sindicalizados ou não. “A consulta nas redações é uma forma de pressionar, mobilizar e ouvir os jornalistas. A participação demonstra que estamos no rumo certo, já que ano a ano estamos gradativamente acumulando pequenas vitórias, como o aumento real no piso salarial e a obrigatoriedade da concessão do vale refeição. A mobilização
TOTAL
deixou claro que é fundamental a união e a participação de todos”, avalia o presidente.
Vale refeição O vale refei37 ção não poderá 26 ser inferior a R$ 68 10,00 (empre66 sas com até 20 10 jornalistas) e R$ 3 15,00 (empresas 9 com mais de 20 14 jornalistas) e o 448 desconto (parti100% cipação dos jornalistas) para salários de até R$ 4 mil é limitado a 20% do benefício concedido. Para salários acima desse valor, a empresa poderá estabelecer uma escala, com descontos superiores a 20%. Segundo a legislação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), daqual a concessão de vale refeição faz parte, a cobrança é permitida, desde que o montante global da participação dos empregados seja igual ou infe14
rior a 20% do custo direto global do benefício. Interior e Litoral No Interior e Litoral, a Campanha Salarial ainda continuava com poucos avanços até o fechamento do Unidade. A direção do SJSP aguardava uma posição do sindicato patronal para a contraproposta que previa reposição integral do INPC no piso e para todos os salários, sem divisão de faixas (que foi a primeira proposta dos patrões). Em contrapartida, a PLR teria reajuste de 16,28%, chegando ao valor de R$ 1.000,00, que seria paga em duas vezes. Assessoria de Imprensa O sindicato patronal finalmente decidiu negociar e a primeira proposta foi de concessão do INPC para todos os salários e manutenção de todas as cláusulas econômicas. Os dirigentes sindicais avaliaram que seria possível avançar ainda mais em alguns itens econômicos.
Panorâmica
O Sindicato já conta com o aplicativo de mensagens WhatsApp Messenger e também com o Google+ No WhatsApp, os jornalistas devem utilizar o número (11) 97644-8141 para enviar mensagens pelo celular para o Sindicato, de maneira rápida e sem pagar por SMS. O número pode ser utilizado para encaminhar denúncias, opiniões, sugestões, elogios, críticas e reclamações. As mensagens serão recebidas pela diretoria da entidade, que dará o encaminhamento pertinente. As novas ferramentas vêm aliar-se ao Facebook, Twitter, site, e-mail e telefones do SJSP para estreitar ainda mais o contato dos jornalistas com sua entidade de classe.
Conquistas no Jornal Lance Os diagramadores do jornal Lance, editado pela Aréte Editorial, conquistaram mais uma vitória. A partir de agora eles passarão a ter oito dias de folga por mês. A regulamentação aconteceu após os diagramadores procurarem o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) para tratar do enquadramento da função de diagramador e, através desta conquis-
ta, também obtiveram os dias de folga. Em julho, os diagramadores, que eram considerados assistentes de arte, com jornadas maiores e salários menores, procuraram a entidade para tratar da luta pela função jornalística de diagramador. O Sindicato negociou com a empresa, o que resultou no cumprimento da jornada de 5 horas, que consta da Convenção Coletiva da categoria.
Agências em discussão Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (Arfoc) realizou em setembro a 3ª Reunião Sobre a Atuação dos Repórteres Fotográficos nas Agências de Fotografia. No evento, que teve a participação de 50 profissionais, ficou definida a tentativa de agendar uma reunião com representantes das duas maiores agências de jornalismo do mercado em São Paulo: Agência Estado e Folhapress.
Jornalistas debatem a Constituinte O Sindicato sediou em setembro o debate para o plebiscito popular para uma Constituinte. Do encontro participaram o deputado estadual Adriano Diogo (PT), o jornalista Rodrigo Vianna, da TV Record e o professor Julio Turra, da Executiva Na-
Douglas Mansur
WhatsApp e Google+
cional da CUT. As atividades foram abertas pelo presidente da entidade, José Augusto Camargo (Guto).
Agressão à repórter A jornalista Janaina Garcia, do portal Terra, foi ameaçada por um sindicalista da Força Sindical durante ato de apoio ao candidato à presidência da República, Aécio Neves, do PSDB, em São Paulo. Durante a confusão, o homem apenas disse ser secretário da Força Sindical na Paraíba, mas não quis fornecer o nome. Ela disse que o sindicalista iniciou a ameaça quando a repórter pediu que ele parasse de empurrá-la. "Eu quero que você se f.... Só não meto a mão na sua cara porque você é mulher. Você é uma jornalista de m.....", chegou a dizer ele à profissional. A direção do Sindicato repudia a atitude truculenta contra profissionais de imprensa e sugere que procurem o Sindicato quando se sentirem ameaçados.
Defesa da profissão
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A luta pelo reconhecimento Sindicato atua para que profissionais da Internet sejam considerados jornalistas
Douglas Mansur
Represálias A reportagem do Unidade conseguiu contato com trabalhadores demitidos do Terra e alguns deles concordaram em falar em off, já que temiam represálias e dificuldades na recolocação no mercado de trabalho. Um deles chegou a escrever em um post no facebook do Sindicato: “Ninguém os procurou ainda porque há um consenso de
Extraída do Facebook
N
o final de agosto, o portal Terra, ligado à multinacional espanhola Telefonica, anunciou a demissão de cerca de 100 trabalhadores em várias cidades brasileiras. Na capital paulista, mais de 50 foram desligados, incluindo toda a equipe de fotografia e das áreas de Esportes, TV Terra, Diversão, entre outras. Apesar de serem jornalistas, eles não puderam fazer a homologação das demissões no Departamento Jurídico do Sindicato. O motivo é que as empresas de Internet teimam em não reconhecer que a equipe que produz o conteúdo é composta por jornalistas. Desde 2010, os dirigentes sindicais travam uma difícil batalha com as empresas de Internet. Elas insistem em considerar os profissionais como trabalhadores do ramo de Informática, que cumprem jornada de trabalho de 8 horas diárias (ou 44 horas semanais), contra as 5 horas ou 7 horas do ramo jornalístico (de 30 a 42 horas semanais). Há ainda diferenças gritantes na Convenção Coletiva de Trabalho das duas categorias e quem sai perdendo são os jornalistas. “O Sindicato tenta há anos negociar com os portais, mas eles não admitem ter jornalistas em seus quadros. Desde então temos encontrado dificuldades”, diz o presidente do Sindicato, José Augusto Camargo (Guto). Diante das dispensas no Terra, os dirigentes sindicais aconselharam os profissionais di Portal a procurar o Sindicato (F: 11 3217-6299 ramal 6293), porque há possibilidades reais de ganho na Justiça.
Jornalista afixa mensagem no mural do Terra no dia das demissões que funcionário que recorre ao Sindicato ou à Justiça acaba ficando queimado no mercado de trabalho. A última coisa que se quer ver são portas se fecharem nesse momento dificílimo que atravessamos”. O jornalista demitido pelo Terra disse que trabalhou anos na empresa sem nunca ter tido qualquer promoção, aumento ou salários próximos ao piso salarial ou jornada inferior à estabelecida por lei. “Precisei deixar a área para ter um aumento e melhores condições”, argumentou. A demissão em massa
noTerra criou um clima de terror entre os profissionais. “Ter dezenas de colegas e amigos demitidos de uma só vez me chateou demais e não gostaria que isso voltasse a acontecer”, argumentou ele. Outro profissional demitido que não quis se identificar fez o seguinte desabafo: “Eu não sei o que vai ser da vida. Não sei o que vai ser dessa profissão tão ingrata que é o jornalismo e não sei o que vai ser de mim. Mas saibam que mais que um jornalista melhor, os colegas de Terra fizeram de
mim uma pessoa melhor”. Sem jornalistas Em setembro de 2011, durante a Campanha Salarial daquele ano, dirigentes do SJSP tentaram visitar as redações dos portais Terra e IG e não puderam entrar. O motivo alegado foi que essas empresas não tinham jornalistas em seus quadros funcionais. O IG, através de e-mail enviado por sua gerência corporativa de RH, afirmou que "em nossa empresa não possuímos jornalistas e tampouco redação". Esse tipo de justificativa
aconteceu por que os jornalistas de portais foram indevidamente associados ao Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas e Cursos de Informática (Sindiesp), que nada tem a ver com a categoria. Para o presidente do SJSP, esses profissionais que cumprem claramente funções jornalísticas, estão filiados a um sindicato que não é o seu e com isso acabam sofrendo muitas perdas, pois realizam jornadas maiores do que prevista na Convenção Coletiva, com salários menores e com direitos diferentes dos jornalistas. “Recebemos várias reclamações de trabalhadores que prestam serviços para ess.es grandes portais e temos feito o possível para que essa situação anormal seja resolvida”, disse ele. Em 2012, o SJSP conseguiu se reunir pela primeira vez com o Sindicato de Empresas de Internet do Estado de São Paulo (Seinesp), a qual os jornalistas que prestam serviço para grandes portais foram obrigados a se associar. Naquele ano, o então presidente da entidade, Roque Abdo reafirmou que a função de jornalista não fazia parte do quadro profissional das empresas de Internet. O Departamento Jurídico do Sindicato está analisando as medidas judiciais cabíveis.
Veja as principais diferenças Internet (data base em 1º de maio)
Jornalistas (data base em 1º de junho)
Piso Salarial (2014/2015)
Piso Salarial
- R$ 1.032,00 para São Paulo e Grande São Paulo;
Capital - R$ 2.500,00 para jornada de 05 horas diárias ou R$ 4 mil para jornada de 7 horas (2014/2015)
- R$ 872,00 - demais cidades de São Paulo. - Jornada de Trabalho - 44 horas semanais - Reajuste Salarial – 6% - Para os salários superiores a R$ 5 mil até R$ 20 mil, reajuste de 5,50% - Um domingo de descanso a cada 30 dias trabalhados.
Interior e Litoral - R$ 1.937,00 (5 horas) e R$ 3.099,00 (7 horas) – 2013/2014 – obs: ainda em negociação - Reajuste Salarial – 6,08% - Para os salários superiores a R$ 12.700,00 reajuste de 6,08% + 4,5% para parcela acima deste valor (o salário é a soma de dois índices) - Jornada de Trabalho semanal - 30 horas para contrato de 5 horas e 42 horas para 7 horas - Folga todo domingo ou em esquema de plantão
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Charges
SETEMBRO 2014
Comissão da Verdade Angeli - 2013
Massacre dos Ianomamis Jorge Arbach - 1993
Essas são as charges vencedoras do Prêmio Vladimir Herzog
Pataxó - Jean Carlos Galvão 1997
Caricaturas da cidadani Boneco Teotônio - Henrique Antonio Kipper - 1990
O Professor - Claudius Ceccon - 19
Veja que imoral este anúncio Claudio de Oliveira - 1996
Charges
SETEMBRO 2014 As luzes tucanas Jorge Arbach - 2001
Conjunto de trabalhos Henfil 1981
達o es ras o
as ania
or - Claudius Ceccon - 1999
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Fuga de Menores Renato Luiz Campos Aroeira 1998
Sem Teto Leonardo Rodrigues Neto Lopes - 2003
Campanha do Agasalho Antonio Carlos de Paula Junior 2005
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Eleição 2014
SETEMBRO 2014
redes sociais e que não tem a mesma obrigação. O diploma é parte da identidade profissional do jornalista brasileiro. O que o Supremo fez, ao aleijar definitivamente a lei da profissão, derrubando a exigência do diploma sem qualquer discussão, foi uma violência contra a profissão do jornalista e contra o interesse da própria sociedade brasileira. Rui Costa - O fim da obrigatoriedade do diploma apenas permitiu que os órgãos da grande imprensa substituam a grande massa de jornalistas formados e custosos por outros, sem diploma, e muito mais “em conta”. Com o aumento da concorrência, como ocorre
Papel da mídia
Divulgação
Diploma em jornalismo José Américo Dias - Sou favorável à exigência do diploma. É o mínimo que deveria existir como pré-requisito para a formação de um profissional cujo trabalho é tão fundamental numa sociedade democrática. O jornalista tem a responsabilidade de usar sua liberdade – quando o veículo em que ele trabalha respeita essa liberdade – para melhor informar o cidadão, de forma equilibrada, trazendo diante da população o contraditório, da forma mais íntegra e verdadeira possível. Para isso é necessário uma disciplina pessoal, um conhecimento particular sobre a ética profissional, sobre as melhores práticas na profissão, sobre a sociedade. É algo bem diferente do cidadão que escreve em seu blog ou no espaço das
mos, aviltando a profissão. Portanto sou favorável ao diploma para o exercício da profissão de jornalista.
José Américo Dias É formado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECAUSP). Trabalhou no Diário do Comércio e depois na Folha de S. Paulo. Por ter participado do comando de greve, em meados de 1979, foi demitido junto com outros colegas e passou a trabalhar como jornalista em assessoria de imprensa, na mídia partidária e em revistas especializadas. Lecionou nos cursos de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e da UniSant´Anna. Atualmente exerce função política e não atua como jornalista.
Rui Costa Pimenta Trabalhou como chefe de redação no Sindicato dos Químicos de S. Paulo, na Oposição Metalúrgica de S. Paulo e como colaborador voluntário da CUT Estadual de S. Paulo, onde fazia boletim semanal para diversas oposições que estavam se formando como nos Correios, Sapateiros de Franca, Oposição metalúrgica de Guarulhos etc. Trabalhou no Sindicato dos Frios e hoje se dedica à imprensa partidária com várias publicações impressas, internet, vídeo etc. Divulgação
Unidade entrevistou quatro jornalistas que disputarão as eleições de outubro no estado de São Paulo para saber o que eles pensam sobre os temas importantes para a categoria como a exigência do diploma em jornalismo para o exercício da profissão, o papel da mídia nas eleições, o marco regulatório e a criação do Conselho Federal de Jornalismo. São eles o presidenciável Rui Costa Pimenta (PCO), o candidato ao Senado, Edmilson Costa (PCB) e a deputado estadual e federal, José Américo Dias (PT) e Edmar Luz (PMDB), respectivamente. Leia a opinião deles:
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Os jornalistas candidatos
em geral no mercado de trabalho, quem ganha não é o profissional mais competente, mas sim aquele que se sujeita às piores condições salariais e de trabalho, o que beneficia somente os grandes capitalistas da comunicação. Edmar Luz - Sou favorável à exigência do diploma e considerei uma aberração a decisão tomada pelo STF. De repente, milhares de profissionais tiveram seu diploma jogado no lixo e o mercado de trabalho aviltado por todo tipo de oportunista. A exigência do diploma jamais limitou a liberdade de expressão. O mais lamentável é que a campanha contra o diploma, orquestrada por parcela de empresários de comunica-
Edmar Luz Trabalhou nos jornais Folha da Tarde, Shopping News, DCI, Diário do Grande ABC, O Globo, Revista Manchete, A Tribuna (ES), A Gazeta (ES). Tem dois Prêmios Esso Regionais de Reportagem (1984-1985), pelo jornal A Gazeta (ES). Foi assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (2007 a 2008) e secretário de Comunicação do Município de São Bernardo do Campo, de 2009 a 2011.
ção, contou com o apoio de alguns "pseudo-medalhões" do jornalismo, que, do alto do seu egoísmo, arrogância e falta de visão, não perceberam que os tempos eram outros, defendendo, unicamente, que "jornalismo é dom", sem atentar para as transformações que a mídia viria a enfrentar. Edmilson Costa - A exigência do diploma é um instrumento fundamental não só para garantir o mercado de trabalho dos profissionais que atuam nos meios de comunicação, como também é um ferramenta para valorizar a profissão. Tudo que os patrões querem é a desregulamentação da profissão, pois assim poderão contratar qualquer pessoa e pagar salários baixíssi-
José Américo - A chamada “grande mídia” brasileira sempre age como um partido. Um partido favorável ao poder econômico e às oligarquias. Ocorre que durante o processo eleitoral a vigilância sobre o que se publica e se divulga no Radio, na TV e na Internet é muito maior. Até porque temos uma legislação eleitoral que exige uma cobertura minimamente equânime das diversas candidaturas, em particular na mídia eletrônica. São conquistas democráticas dos brasileiros, que lutaram contra o autoritarismo, contra a ditadura que tanto atraso trouxe para o nosso país. É lógico que essa legislação pode ser melhorada. Mas ela garante o mínimo. O próprio horário político eleitoral também abre um espaço democrático às diversas candidaturas. O que não impede que os veículos tenham suas posições e as manifestem, tanto nos editoriais quanto na cobertura noticiosa propriamente, de forma muitas vezes dissimulada. Rui Costa - A grande imprensa capitalista brasileira é uma sucursal do governo norte-americano no país, ou seja, defende diretamente os interesses capitalistas e imperialistas no Brasil. Na campanha eleitoral, o nível de manipulação diário já praticado pela imprensa fica totalmente evidente. Os canais de televisão e os grandes jornais só apresentam os candidatos da burguesia. Os demais partidos, em especial os de esquerda, como o PCO, são relegados a uma cobertura jornalística quase nula. A imprensa capitalista funciona como uma segunda lei eleitoral no Brasil. Os que se desdobraram para superar a legislação oficial precisam enfrentar a segunda lei, a do cartel da comunicação que se instaurou no país, tomando conta do que é público através da concessão feita pelos governos. Porque é sempre bom lembrar que trata-se
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de um espaço público dominado, através das concessões, por meia dúzia de capitalistas, muitos deles políticos burgueses ou donos de igrejas evangélicas. Isso mostra a necessidade de realizar o debate sobre o fim do monopólio capitalista da imprensa. Acho que este monopólio precisa ser questionado e derrubado. Edmar Luz - Assim como várias outras instituições, a imprensa está muito desacreditada no país e, para mim, terá peso menor nessa campanha eleitoral. Mesmo assim, fará o que sempre fez: penderá para o lado que lhe rende mais lucros - geralmente o governante de plantão - ou dará mais espaço a uma eventual mudança, caso vislumbre ganhar mais do que está ganhando. Peso fundamental terá, sim, as redes sociais, pois terão a capacidade de mobilizar os eleitores, quando estes entrarem no clima das eleições. Edmilson Costa - A mídia corporativa tem um papel nocivo não só nestas eleições, mas em toda a cobertura jornalística. Manipula a informação, distorce a realidade, desorienta a população e se transformou num instrumento dos setores mais conservado-
res e reacionários do País. Também pudera: essa mídia brasileira é um cartel da desinformação, controlado por nove famílias. Por isso, se torna urgente a democratização dos meios de comunicação no País. Marco Regulatório Conselho Federal
e
José Américo - O Conselho deve ser dos jornalistas, pois o Jornalismo é algo mais amplo e envolve a existência dos próprios veículos jornalísticos. São questões em que os jornalistas têm o que dizer e envolvem todas as forças políticas e todas as formas de organização da sociedade. No último ano de mandato do ex-presidente Lula houve a Conferência Nacional de Comunicação que deliberou sobre a democratização da mídia, tanto no
acesso aos meios quanto na propriedade dos meios. As propostas que saíram da conferência aguardam uma iniciativa do Executivo para serem enviadas ao Congresso Nacional como projeto de lei. Sou a favor dessa iniciativa. Rui Costa - É preciso dizer que toda medida regulatória deve ser vista com desconfiança, pois é necessário saber a quais interesses elas estão sendo dirigidas. É necessário que haja uma regulamentação do funcionamento da comunicação no país e que determine como deve funcionar as concessões de Rádio e TV. O que existe hoje é um monopólio das comunicações que controla a informação no Brasil. Só haverá uma verdadeira garantia do direito à liberdade de ex-
Edmar Luz - Sou a favor de um novo Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), que limite a concentração nas telecomunicações; proíba as outorgas para políticos, igrejas ou fundações ligadas às igrejas; estabeleça novos percentuais para publicidade, programação regional e produção cultural; acabe com arrendamento de horários para igrejas e proíba proselitismo religioso de qualquer doutrina; puna mais severamente as emissoras em casos de incitamento ao preconceito
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direção do SJSP prestou homenagem ao senador Eduardo Suplicy (PT/SP) por dois motivos mais que especiais: seu empenho pela aprovação do Projeto de Emenda à Constituinte (PEC) do Diploma no Senado Federal e seus 34 anos de sindicalização. Em dezembro do ano passado, o Sindicato já havia recebido apoio do deputado federal Vicentinho (PT/SP) à PEC e contra a agressão aos jornalistas. O encontro com Suplicy aconteceu em 18 de agosto e contou também com os diretores das Associações dos Jornalistas Veteranos de SP (AJVSP) e dos Repórteres Fotográficos no Estado de SP (Arfoc-SP). Suplicy, que é sócio nú-
Edmilson Costa - É fundamental que haja um marco regulatório dos meios de comunicação para reduzir o poder dos barões da imprensa, fortalecer a sociedade civil e democratizar a informação. Os meios de comunicação no Brasil são possivelmente os mais antidemocráticos do mundo. Por isso que a população os denomina como PIG (Partido da Imprensa Golpista). Se comportam como se estivéssemos na idade média. Negam direito de resposta às pessoas. Manipulam a realidade. E quando as pessoas fazem qualquer movimento que contraria seus interesse, tem a cara de pau de falar em liberdade de expressão. Eles confundem liberdade de expressão com liberdade dos barões da mídia.
pressão quando os meios de comunicação deixarem de ser propriedade privada. Já o Conselho Federal de Jornalismo deveria ser fomado sobre a base de uma ampla representação dos profissionais de imprensa e da cidadania, eleitos e controlados pelo povo.
Senador recebeu placa que reproduz sua ficha de sindicalização, datada de 1980
Direção do SJSP homenageia o senador Eduardo Suplicy
Suplicy: 34 anos de sindicalização mero 6571, trabalhou no Última Hora, na revista Visão e na Folha de S. Paulo. O senador recebeu uma placa que reproduz a sua ficha de sindicalização. “Sinto-me honrado com a homenagem e os jornalistas podem continuar a contar comigo no apoio à PEC do
Diploma e em temas como a liberdade de imprensa e de expressão”, disse, emocionado, o senador. Suplicy lembrou ainda da presença do presidente e de outros dirigentes do Sindicato em Brasília, na caravana de luta da Fenaj pela volta da exigência de
formação específica para o exercício do jornalismo. “Eu mesmo, que sou jornalista com exercício anterior à lei do diploma, apoio a proposta. Em 1975/76, o Sindicato pressionava pela exigência do diploma para trabalhar. Pensei em deixar a redação. Mas o Lula (Luiz
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e qualquer tipo de discriminação. Apoio a criação do Conselho Federal de Jornalismo, que deve emitir os registros de jornalistas e fiscalizar o exercício profissional. Mas só não vejo sentido nesse Conselho enquanto não se restabelecer a obrigatoriedade do diploma.
Edmilson Costa Foi editor de Política Internacional do Diário do Grande ABC, editor de Economia do jornal Voz da Unidade e do Correio sindical, todos do PCB, editei por vários anos o Jornal do Economista, do Conselho Regional de Economia, além do Itaú Rural. Atualmente é um dos diretores do Imprensa Popular, jornal do PCB e também um dos editores da revista Novos Temas, do Instituto Caio Prado Junior.
Obs: o cartunista Gilberto Maringoni é candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL. Nane Lopes
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Inácio da Silva) me disse que ele considerava justa a luta dos jornalistas e que eu não deveria temê-la, já que permitia o trabalho daqueles contratados antes da lei”, disse. Motivo de satisfação Guto reafirmou que a homenagem foi uma decisão da direção do SJSP pelo fato de ele ter registro profissional e anos de sindicalização. “Vale lembrar que senador do PSDB por SP, Aloysio Nunes, fez campanha aberta contra o diploma. Ao contrário, Suplicy votou à favor da PEC”. Já o presidente da AJVSP, Amadeu Mêmolo, disse do orgulho e satisfação de receber o senador. “O senhor é exemplo de político. Somos gratos pela sua atuação no Senado e pelo apoio à PEC”. Douglas Mansur, que representou a Arfoc/SP, lembrou a atuação do senador em defesa dos trabalhadores. “Através dele, os jornalistas têm vez e voz no Senado”, disse.
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História de luta
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Jornalistas e ex-parlamentares Entre os eleitos no passado estão dois ex-presidentes do Sindicato
Audálio Dantas Audálio foi deputado federal pelo PMDB em uma carreira que se mistura ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura. Ele foi redator e chefe de reportagem da revista Cruzeiro quando passou para a Quatro Rodas, da Editora Abril e revista Veja. Na revista Realidade, Audálio foi redator e editor.
duas vezes consecutivas, Audálio Dantas nas legislaturas de 1990 e 1994. Em 2000, elegeu-se deputado federal. Licenciouse para assumir a Secretaria de Governo da cidade de São Paulo na administração de Marta Suplicy. Em 2007, Rui retornou ao Legislativo paulista e foi reeleito em 2010. Não concorre este ano.
Freitas Nobre
Francisco Lepera Fotos:Arquivo SJSP
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s jornalistas podem se orgulhar de ter ajudado a eleger importantes representantes no Congresso Nacional, assim como na Assembleia Legislativa ou nas Câmaras Municipais. Eles ganharam expressão na militância política, atuando em partidos políticos, na luta pela democratização do país ou mesmo nas redações. Dois dos mais conhecidos jornalistas que trilharam a carreira política também foram presidentes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). São eles os ex-deputados federais Freitas Nobre e Audálio Dantas, ambos eleitos pelo principal partido de oposição ao regime militar, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e posteriormente PMDB. Freitas Nobre ganhou notoriedade na luta contra a ditadura. Foi três vezes presidente do SJSP e uma da Fenaj. Na década de 1970, foi eleito deputado federal pelo MDB paulista e tornou-se líder do partido na Câmara dos Deputados. O seu trabalho na luta pela democratização do país valeu-lhe várias honrarias, inclusive um auditório do Congresso Nacional foi batizado com o seu nome. Exerceu cinco mandatos federais, chegando a ser 1° vice-presidente da Câmara dos Deputados. Filiado ao Partido Socialista Brasileiro, elegeu-se vereador. O golpe militar de 1964 interrompeu sua ascensão política. Ele ocupou também o cargo de vice-prefeito de São Paulo na gestão de Prestes Maia.
Ewaldo Pinto Rui Falcão
Israel Dias Novaes
Chefiou a redação da revista Manchete e editou a revista Nova. Em 1975, assumiu a presidência do Sindicato, quando ocorreu o assassinato de Vlado. Deixou a presidência do Sindicato em 1978, ao ser eleito deputado federal pelo MDB. Foi o primeiro presidente da Fenaj eleito por voto direto em 1983. Francisco Lepera Foi dirigente do SJSP em Ribeirão Preto, interior paulista. Foi eleito vereador por Ribeirão Pretos e
posteriormente deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) nos anos 50 e 60. Era conhecido como o parlamentar dos grevistas. Como deputado, nunca utilizou o carro oficial por achar que era uma traição à classe operária. Nos anos da ditadura, teve a candidatura impugnada e a prisão decretada. Ficou um ano e meio foragido. Permaneceu com os direitos políticos cassados por dez anos e foi banido do jornalismo. Para sobreviver, vendia enciclopédias,
antes de voltar à profissão. Rui Falcão O atual presidente do PT, deputado estadual Rui Falcão, também tem uma história próxima ao Sindicato. Em 1980, disputou a presidência da entidade com Emir Nogueira. Foi diretor estatutário do SJSP entre 1983 e 1988. Rui Falcão trabalhou em A Gazeta, Folha de S. Paulo, Notícias Populares e Jornal da Tarde, além de diretor de redação da revista Exame. É um dos fundadores do PT. Foi deputado estadual por
Ewaldo Pinto Ewaldo foi eleito em 1962 como deputado federal e reeleito em 1966 quando foi cassado pelos militares no ano seguinte com base no AI-5. Em 2012, o Congresso fez um ato simbólico e devolveu o mandato (in memorian) ao jornalista. Ele iniciou carreira como jornalista na Rádio Excelsior em 1949, foi locutor e redator, correspondente da Agência France Press e chefe do departamento de jornalismo das rádios Excelsior e Nacional de São Paulo. Atuou na Organização Victor Costa (TV Paulista, que se tornou a Globo SP). Israel Dias Novaes Redator, secretário de redação e redator-chefe do Correio Paulistano, redator dos jornais Diário da Noite, Correio Brasiliense e o O Tempo, foi eleito deputado estadual pela União Democrática Nacional (UDN) em 1958 e reeleito em 1962. Em 1965, filiou à Aliança Renovadora Nacional (Arena). Apesar de integrar o partido situacionista, votou contra o pedido de licença exigido pelo governo militar para processar o deputado Marcio Moreira Alves e foi cassado em 1969, com base no AI-5. Em 1974, volta à vida política e é eleito deputado federal pelo MDB, e foi reeleito por mais dois mandatos, em 1978 e 1982. Outros jornalistas que já se elegeram: Celso Russomanno e Arnaldo Faria de Sá (deputados federais), Flávio Adauto (deputado estadual e vereador), Irede Cardoso, Nelo Rodolfo, Ivo Morganti, Walter Abrahão, Juarez Soares, Geraldo Blota e Murilo Antunes Alves (vereadores), entre outros.
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“Aparecida Devoção Mariana e a Imagem Padroeira do Brasil” é um livro que narra a história da imagem de Nossa Senhora Aparecida, desde o encontro da escultura nas águas no rio Paraíba do Sul, em São Paulo, no século 18, até a visita do Papa Francisco ao Santuário Nacional, em 2013.
Registro
O livro, de autoria de José Cordeiro, João Rangel e Denílson Luís, relata em 11 capítulos os principais fatos históricos em torno da Imagem de Aparecida e da construção do maior santuário mariano do mundo, visitado anualmente por mais de 11 milhões de romeiros. A obra, com 288 páginas, traz fotografias históricas e contemporâneas da devoção em Aparecida. O livro pode ser adquirido no site da editora Cultor de Livros (http://www. cultordelivros.com.br/).
Faleceu em 16/8, aos 76 anos, o jornalista, escritor e advogado Guido Fidelis. Ele estava internado no Hospital Samaritano, onde morreu em decorrência de uma série de complicações após uma cirurgia para correção de uma fratura na coluna. Nascido em Altinópolis mas radicado desde a infância em Santo André, deixa mais de 30 livros, entre ficção, pensamentos e obras técnicas. Na incontável quantidade de trabalhos publicados em jornais, revistas e coletâneas diversas, destaque para um campeão de sucesso e de vendas, “Histórias sobre ética”, da coleção Para gostar de ler, na qual faz parceria com autores como Lygia Fagundes Telles, Lourenço Diaféria e Moacyr Scliar, entre outros renomados cronistas. Concorreu ao Jabuti em 1988 com “A morte tem lábios vermelhos” e em 2012 foi vencedor do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, com “Enquanto dormem as crianças”.
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Copan ganha galeria de fotografia dedicada a São Paulo Instalada em um dos símbolos da cidade, a RenattodSousa Foto Galeria vai expor uma São Paulo que muitos paulistanos ainda não conhecem. Idealizada pelo premiado fotojornalista RenattodSousa (2 prêmios Nikon Photo Contest International, 2 prêmios Abril de Jornalismo), outro diferencial do espaço é ser uma galeria individual, modelo pouco conhecido no país. Os ícones da cidade: o Edifício Copan, o famoso prédio em formato de “S” projetado por Oscar Niemeyer, o Edifício Altino Arantes, antiga sede do Banco Banespa, construção inspirada do Empire State Building de Nova York; o Monumento às Bandeiras, conhecido como Empurraempurra; a Ponte Estaiada, construção recente e
que já virou símbolo da cidade; estes são alguns temas das fotografias, em sua maioria panorâmicas, que estarão à disposição dos amantes da cidade e da arte fotográfica. “A idéia de montar uma galeria individual é antiga. Vim para São Paulo em
uma galeria de fotos dedicada à cidade. Moradores e visitantes precisam conhecê-la, para amá-la. Precisam ter orgulho de pendurar na sua parede uma foto da sua cidade, a exemplo do que fazem com fotos da Torre Eiffel de Paris; do Empire State Building de Nova York, ou do Big Ben de Londres”, destaca RenattodSousa, catarinense de Florianópolis. O local para a instalação da foto galeria também foi estrategicamente escolhido. “O Copan é um símbolo da cidade, vem gente do mundo inteiro conhecer suas curvas. Além disso, ele fica no centro, em um local de fácil acesso e com toda a infraestrutura disponível”, conta o fotojornalista, que também é morador do prédio. A Galeria fica na loja 69 do térreo do Edifício Copan (Avenida Ipiranga, 200). RenattodSousa
José Cordeiro e João Rangel lançam livro sobre a padroeira do Brasil
Registro
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Vai e Vem
1992 e desde então a cidade é o maior tema do meu trabalho. Os grandes edifícios e os grandes horizontes sempre dão boas fotos. São Paulo merece
Patrocínio:
PARA MOSTRAR OS DOIS LADOS DA MOEDA, O JORNALISMO ECONÔMICO LEVA O CIDADÃO ATÉ O OUTRO LADO DA ECONOMIA. Quais são os impactos na economia de um país depois de uma grande obra? E se ela não for concluída? Qual rumo a economia deve tomar a partir daí? O jornalismo traduz as transformações da economia e contribui com a informação para a formação da opinião pública. Responde a tudo isso de um jeito que o cidadão entende. E isso tem de ser reconhecido. Acesse www.premiocnh.com.br e inscreva a sua matéria nas categorias Jornal, Revista ou On-Line até o dia 3 de outubro.
Jornalismo econômico sem economia de informação.
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lexandre Severo, repórter fotográfico oficial da campanha de Eduardo Campos, morreu no acidente aéreo em Santos, litoral de São Paulo, junto com os assessores de imprensa Carlos Augusto Leal Filho, Pedro Valadares Neto e o repórter cinematográfico Marcelo Lira. Severo nasceu em 1978, em Recife. Graduou-se na Universidade Católica de Pernambuco em 2011 e cursou fotografia na FAAP, em São Paulo, de 2012 a 2013. Trabalhou como repórter fotográfico no Jornal do Commercio de 2005 a 2011. Em 2009, ganhou maior notoriedade ao produzir o ensaio À Flor da Pele, com imagens que retratavam o dia a dia de irmãos albinos em uma família de negros. Alexandre já publicou fotografias em publicações como a Revista Time, além de exposição de trabalhos na 5ª Bienal Argentina de Fotografía Documental, Paraty em Foco, Tate Modern, em Londres, entre outros. As homenagens do Sindicato aos jornalistas falecidos no exercício da profissão através das imagens de Alexandre Severo.
Alexandre Severo, presente!