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QUENTE E RÁPIDO, FRIO E LENTO Uma visão geral das

Vindimas De 2020 E 2021

Charles Symington

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A vindima de 2020: Determinação e recompensa

A vindima de 2020 foi marcada por dois desafios – um imediato e outro mais abrangente e, a prazo, muito mais preocupante. E, por falar em desafios, não podemos ignorar que as primeiras pessoas a plantar vinhas nas encostas do Vale do Douro fizeram-no com enorme determinação, esforço e garra. Não é surpresa, pois, que a atual geração de agricultores, trabalhadores agrícolas, técnicos de viticultura e enólogos no Douro tenham respondido ao desafio de se adaptarem às restrições da covid-19 serenos e resilientes. Ao mesmo tempo conduziram com sucesso mais uma vindima pautada pelas adversidades cada vez mais visíveis que a crise climática coloca no nosso caminho.

O impacto do coronavírus

Dado que a época de vindima é uma só, irrepetível, era essencial minimizar o risco de infeções provocadas pela covid. Implementámos um plano abrangente para criar bolhas de proteção em torno das equipas. Foram feitos testes a cada trabalhador nas adegas, introduzidas medidas de saúde e segurança no local, bem como proporcionado alojamento adicional e instalações para refeições, a fim de assegurar níveis elevados de distanciamento social.

Este foi o primeiro ano desde que adquirimos a Quinta do Vesúvio, em 1989 (e o primeiro desde que a adega foi construída, em 1827) em que nenhuma uva foi pisada nos nossos lagares de granito. Felizmente, pudemos recorrer aos nossos lagares modernos de pisa, por nós concebidos no final da década de 1990. Os dispositivos de pisar as uvas são equipados com almofadas de silicone, que efetivamente as pisam, simulando a ação dos pés humanos, proporcionando níveis fantásticos de cor, aroma e sabor. Só adotámos este método quando ficámos cabalmente convencidos de que (como demonstrado por exaustivas provas cegas comparativas) eram produzidos Portos pelo menos tão bons como aqueles produzidos pela pisa tradicional.

Um ciclo de crescimento precoce

Embora tenhamos estações meteorológicas em várias quintas do Douro Superior e Cima Corgo, usamos normalmente a Quinta do Bomfim, associada à Dow’s, no Pinhão, no coração da região, como barómetro das condições gerais no Douro. Este ano, os níveis de precipitação do inverno e do início da primavera foram mais ou menos conformes com a média. No entanto, temperaturas superiores ao normal (com um fevereiro particularmente quente, pelo menos 2°C mais alto do que a média dos últimos 30 anos) fizeram com que as vinhas saíssem do período de dormência três semanas mais cedo do que o habitual, com o abrolhamento a registar-se na Quinta do Bomfim a 3 de março. A floração também chegou duas semanas mais cedo do que o normal, começando a 5 de maio.

Aquecimento: sinais preocupantes

Embora os níveis globais de precipitação para 2020 nos tenham tranquilizado, as temperaturas estiveram longe de o fazer. No Bomfim, todos os meses, exceto em abril, as temperaturas estiveram consideravelmente mais elevadas do que a tendência dos últimos 30 anos. O Douro teve o mês de julho mais quente de que há registo – 3,5°C acima da média da região. Também tivemos ondas de calor em junho, agosto e setembro, registandose picos durante vários dias com as temperaturas acima da média dos últimos 30 anos. Segundo o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), o período de janeiro a meados de setembro de 2020 foi o mais quente de que há registo. Globalmente, os climatologistas pensam que 2020 pode acabar por ser o ano mais quente de que há registo (16 dos 17 anos mais quentes desde que há registos – em 1850 – aconteceram

A boa notícia é que as nossas castas autóctones estão bem-adaptadas aos verões quentes e secos do Douro e demonstram uma diversidade de respostas naturais a condições difíceis (incluindo a redução do tamanho do bago e dos cachos e o abrandamento da maturação). Há também muito a ter em linha de conta – e estamos a fazê-lo – para nos adaptarmos a estas condições, desde técnicas básicas de gestão das copas (utilizando a armação das vinhas, a altitude e as exposições das vinhas a nosso favor) até inovações relativas a castas ancestrais, software de previsão climática, robôs de monitorização da vinha e estudos de stresse hídrico das vinhas. Contudo, temperaturas muito elevadas (acima dos 35°C) são, sem dúvida, um problema para a região.

Jogar com os planos de corte

Devido ao ciclo de crescimento avançado, tudo apontava para uma vindima antecipada. Sem praticamente qualquer chuva em junho ou julho, ficámos aliviados com a queda de 12,6 mm na Quinta do Bomfim, a 20 de agosto. No entanto, a chuva foi seguida de três vagas de altas temperaturas, que duraram até meados de setembro. Com o calor a neutralizar o benefício da água – e perante a ameaça de desidratação dos bagos –, começámos a vindimar uvas brancas (que se encontravam em condições surpreendentemente boas) a partir do dia 25 de agosto, e as uvas tintas a partir do dia 1 de setembro.

Estas ondas de calor significaram que no início de setembro as produções estavam substancialmente abaixo das nossas previsões de julho (40% menos em algumas propriedades). Embora uma colheita mais pequena ajude na complicada logística da vindima no Douro (predominantemente manual e com frequentes carências de mão de obra), este ano as condições fizeram com que castas que geralmente amadurecem sequencialmente precisassem de ser colhidas ao mesmo tempo. Aconteceu com a Touriga Franca, tipicamente de maturação tardia, que decidimos vindimar ao mesmo tempo que a Touriga Nacional – situação raríssima. No entanto, as nossas experientes equipas no terreno adaptaramse excecionalmente bem, e as adegas receberam cada casta nas melhores condições possíveis.

O Douro é uma região de produções baixas, mesmo nos anos mais generosos, mas 2020 foi um ano particularmente curto. Em alguns locais do Douro Superior, registaram-se apenas 400 gramas por videira. Os nossos rendimentos normais por hectare são quatro vezes inferiores aos de muitas outras regiões vinícolas. Quando se tem em conta os elevados custos de cultivo das nossas vinhas, não é de admirar que o único futuro viável e responsável para o Douro envolva o posicionamento premium na comercialização dos nossos fantásticos vinhos (Portos e DOC Douro).

O lado positivo

Felizmente, a contrapartida por termos navegado estes desafios foi que as produções incrivelmente baixas resultaram em alguns vinhos excecionalmente concentrados e retintos. As primeiras impressões – confirmadas por provas posteriores – foram de lagares particularmente promissores, com baumés equilibrados. Um ano comparável é 2009, que foi também um ano muito seco e quente, com baixas produções, que, no entanto, proporcionaram pequenas quantidades de vinhos intensos e bem-estruturados.

O destaque em 2020 vai para a Touriga Nacional, que produziu vinhos com excelente estrutura e boa acidez – notável, dadas as condições. O Sousão também teve muito bom desempenho. O Alicante Bouschet e a Touriga Franca foram castas ligeiramente mais afetadas pelas altas temperaturas, embora tenham apresentado muito boa qualidade a partir de encostas mais resguardadas e cotas mais elevadas. De realçar o impacto do Sousão e Alicante Bouschet nos nossos Vinhos do Porto de topo nos últimos anos, proporcionando bons níveis de cor, acidez e boa estrutura – o que tem sido especialmente importante em anos quentes e secos.

(Em cima) Apesar do calor e da seca em 2020, as castas brancas, incluindo este Arinto na Quinta da Fonte Souto, produziram uvas em excelente condição.

(Direita) 2020 foi muito duro para as rogas; se vindimar uvas sob calor intenso não fosse suficiente, ter de o fazer com a obrigatoriedade do uso de máscara dificultou ainda mais.

O facto de o terroir do Douro proporcionar uma grande variedade de microclimas é uma enorme vantagem num ano como 2020. É necessária uma rara conjugação de fatores para que a qualidade seja consistentemente excecional em toda a região (como foi o caso em 2011, 2016 e 2017). Os investimentos efetuados nas nossas vinhas e adegas nas últimas décadas significam que temos muito mais capacidade do que as gerações anteriores para produzir pequenas quantidades de Vinhos do Porto (e DOC Douro) de elevada qualidade, mesmo em condições tão desafiantes como as que tivemos de enfrentar em 2020.

Olhando para o futuro

No Douro, todos estão preocupados com as alterações climáticas. À medida que o clima mediterrânico se desloca para norte, enfrentamos um aumento das temperaturas médias, níveis de precipitação mais baixos e picos de temperatura mais frequentes. Embora as nossas castas sejam resistentes – e temos vindo a preparar-nos para as alterações climáticas há muitos anos –, é necessário fazer mais para que os viticultores se adaptem (incluindo ampla investigação sobre estratégias vitivinícolas, bem como políticas de irrigação responsáveis e sustentáveis).

Alentejo

Charles Symington

Quinta do Bomfim, Outubro 2020

Ao contrário da vindima veloz no Douro, na Quinta da Fonte Souto a vindima estendeu-se, surpreendentemente, por dois meses: de 19 de agosto a 14 de outubro.

O ano agrícola de 2020 pode ser descrito como bastante confuso – tivemos de estar muito atentos e no máximo das nossas capacidades para enfrentarmos sucessivos desafios. A primavera – muito húmida – foi complicada em termos de controlo de doenças e o verão – muito quente – colocou as vinhas sob grande pressão. Como se isto não fosse suficiente, as condições muito instáveis durante a vindima exigiram nervos de aço e grandes doses de paciência – tudo isto no contexto da pandemia em curso.

A partir de meados de setembro, com uma proporção substancial das uvas já vindimadas e devido a condições climáticas instáveis (chuva e queda brusca das temperaturas), tivemos de abrandar o ritmo da vindima e, no caso das castas que ainda não tinham completado o ciclo de maturação, interromper completamente o corte.

Lidámos bem com todos estes desafios, principalmente devido à resiliência e dedicação da nossa equipa, tanto no campo como na adega. A localização privilegiada da Fonte Souto, na Serra de São Mamede, foi outro fator muito influente, cujos enormes benefícios não podem deixar de ser enfatizados.

(Esquerda) O ‘pantufa’, mascote da Quinta da Fonte Souto, incentiva os vindimadores.

(Em baixo) Em contraste com a vindima breve no Douro, na Quinta da Fonte Souto estendeuse ao longo de dois meses, entre 19 de agosto e 14 de outubro.

Este foi o ciclo de crescimento e a vindima mais exigentes desde a nossa chegada aqui, em 2017. Houve ocasiões em que foi necessário acelerar e muitas outras em que tivemos de abrandar, e ter boas doses de paciência. Dito isto, não poderíamos estar mais satisfeitos com os vinhos produzidos. Os brancos têm um perfil surpreendentemente fresco e vibrante e nos tintos a casta Syrah mostrou-se lindamente, enquanto a Alicante Bouschet (embora tenha entrado na adega ao cair do pano da vindima) também se apresentou muito promissora.

A Vindima de 2021: Um interlúdio fresco

Embora cada ano tenha características específicas definidas pelos caprichos do tempo, no Douro, durante a última década, vivemos ciclos de crescimento tendencialmente quentes e secos e com vindimas difíceis de gerir. Por esta tendência, poderíamos cair na tentação de acreditar que cada ciclo e vindima sucessiva serão repetições do ciclo anterior. 2021 foi um claro indício de que a Natureza é imprevisível e que, apesar da trajetória que está, sem dúvida, a ser moldada pelas alterações climáticas, o Douro ainda tem a capacidade de surpreender e de nos afastar de qualquer sensação de complacência. Mostrou-nos também (o que nos anima) que a nossa região não está fadada a ter invariavelmente anos quentes e secos. O ano de 2021 lembrou-nos como os anos podem ter variações grandes no Douro e como isso nos dá vinhos com perfis interessantes e diversificados.

Após uma sucessão de anos muito quentes e secos, com colheitas mais curtas e produções bem mais baixas, 2021 acabou por ser como que um interlúdio neste padrão, com um dos ciclos de crescimento e uma das vindimas mais frescas de que há memória recente. Enquanto grandes extensões da Europa experimentaram calor extremo (o mês de julho foi o mais quente alguma vez registado no continente), o Vale do Douro registou um verão invulgarmente fresco, sem quaisquer ondas de calor — que têm sido a norma na região nos últimos anos. Isto funcionou a nosso favor, uma vez que as condições mais moderadas encorajaram maturações mais lentas e graduais, com amadurecimento equilibrado em todas as castas. Noites surpreendentemente frescas, particularmente durante as fases iniciais do período de maturação, mas também durante a vindima, foram um benefício adicional que contribuiu para níveis de acidez excelentes e muito boa cor dos mostos – as duas características que mais impressionaram as equipas de viticultura e enologia em 2021.

Uma vindima em ritmo lento

As previsões meteorológicas que antecederam a vindima, e durante a mesma, revelaram-se menos fiáveis do que em anos anteriores, sendo frequentemente bastante enganadoras, mudando constantemente num curto espaço de tempo. Isto obrigou-nos a estar em estado de alerta constante e preparados para rápidas tomadas de decisão, especialmente no início da vindima. No final de agosto, estava previsto que as condições climatéricas permanecessem quentes e secas, mas a partir dos primeiros dias de setembro o tempo tornou-se instável e tivemos chuva abundante nos dias 1 e 2. Isso foi em grande parte benéfico e abrandámos o ritmo no início da vindima para permitir que as vinhas aproveitassem ao máximo esta chuva. Felizmente, o céu limpo não tardou em voltar e tivemos boas condições para a progressão das maturações e assim cumprir o calendário da vindima.

Começámos a vindimar Sousão no dia 30 de agosto, seguida de perto pela Alicante Bouschet, duas castas que tiveram um desempenho particularmente bom. Alguns dos vinhos da Sousão mostraram-se incríveis e a Alicante Bouschet revelase cada vez melhor, especialmente agora que as plantações que temos vindo a fazer desta casta começam a atingir a maturidade. Estamos satisfeitos por termos apostado nestas duas castas — temos liderado a sua reabilitação no Douro ao longo das últimas duas décadas.

Nos dias 13 e 14 de setembro, regressou a instabilidade do tempo, tendo-se registado mais alguma chuva abundante, variando entre os 20 mm nas nossas quintas do Cima Corgo até pouco mais de 30 mm no Douro Superior.

Apesar da chuva, a Touriga Nacional mostrou-se muito bem, aproximadamente a meio da vindima. Foi vindimada na altura certa, começando no dia 18, para permitir alguns dias de pausa após o segundo grande período de chuva do mês. Os vinhos produzidos com base nesta casta determinante mostraram-se muito promissores, com boas cores e aromas ligeiramente mais contidos que o habitual, mas com equilíbrio e elegância exemplares. As graduações Baumé, entre os 13° e 14°, apresentaram-se ideais, originando vinhos equilibrados.

A chuva e as temperaturas mais frescas ditaram um ritmo mais lento durante toda a vindima, facilitando a sua gestão (condições muito quentes impõem muita pressão no ritmo da vindima, muitas vezes forçando as equipas ao limite). No Cima Corgo, tivemos quase o dobro da média mensal de precipitação (Bomfim e Malvedos) e quase três vezes mais do que a média no Douro Superior (Canais, Vesúvio). Foi de facto uma vindima longa, que se prolongou por mais de seis semanas, contrastando fortemente com a vindima curta do ano passado, que mal chegou a durar um mês.

As condições meteorológicas durante a vindima nem sempre se mostraram ideais, mas felizmente os períodos de chuva foram circunscritos a curtos intervalos de 24-36 horas e eventuais consequências adversas foram bem inferiores ao que o volume de chuva faria prever.

Tourigas sobrepostas

Pouco antes da vindima, as previsões apontavam para a possibilidade de uma sobreposição no corte da Touriga Nacional e da Touriga Franca, quando normalmente toda a Nacional é vindimada antes de começar a Franca. Este ano, era provável que a Touriga Franca (casta de maturação tardia) amadurecesse mais cedo, porque, embora o ciclo de crescimento fosse mais fresco, ele começou mais cedo (o abrolhamento deu-se três semanas mais cedo do que a média). Além disso, devido à ausência de ondas de calor, não houve interrupções na progressão das maturações.

As previsões confirmaram-se e começámos de facto a vindimar, nalgumas propriedades, Touriga Franca em simultâneo com Touriga Nacional. Esta provou ser, porventura, uma das melhores decisões que tomámos, porque ao anteciparmos a vindima desta casta nas melhores parcelas garantimos que chegasse às adegas em muito boas condições – antes do 3º período de chuva do mês. Alguma da Touriga Franca ficou por vindimar e mais para o final da vindima foi afetada pelas condições mais húmidas.

(Em cima e à esquerda) Na Quinta da Fonte Souto, 2021 foi um ano de elegância, com os níveis de acidez e exuberância aromática que se esperam de um ano fresco.

(Esquerda, 1ª imagem) Bernardo Nápoles, enólogo responsável pela adega dos Malvedos, pousa para a câmara com a sua equipa, junto à entrada da pequena adega.

(Em baixo) A roga entra pelos bardos de vinha velha nas parcelas de socalcos (muros de suporte em pedra) na Quinta do Retiro durante a vindima de 2021.

(Direita) A chuva que caiu em meados de setembro, até 30 mm no Douro Superior, abrandou o ritmo da vindima, aqui na Quinta dos Canais.

(Página ao lado) Uma vindimadora nos muros de pedra (Stone Terraces) na Quinta dos Malvedos.

Produzimos alguns vinhos muito bons – tanto Portos como DOC Douro. Se tivéssemos de destacar as estrelas da vindima, seriam a Touriga Nacional (uniformemente excelente) e a Sousão (da qual fizemos alguns lotes fora de série). A Touriga Franca que colhemos em boa hora foi também excelente, com ótima acidez e muito boa cor, apesar das graduações um pouco abaixo de outros anos.

Embora as produções (kg/vinha) nas nossas quintas tenham sido 10% inferiores à média de 11 anos, a produção total foi 24% superior à do ano passado — que foi um ano bastante curto.

Homens e máquinas

A dificuldade crescente em encontrar pessoas em número suficiente para vindimar continuou e, mais uma vez, ficou claro que a demografia do Douro reflete um rápido envelhecimento da população. Tal como em anos anteriores, não conseguimos reunir trabalhadores suficientes para a vindima em cada uma das nossas propriedades, mas felizmente a situação foi mitigada pelo ritmo mais lento da mesma, o que aliviou a pressão sobre as nossas equipas no terreno.

As nossas máquinas de vindimar Symington-Hoffmann, tiveram um desempenho melhor do que nunca. Agora no seu sexto ano de utilização (na maioria dos quais em fase de desenvolvimento), sentimos que tanto as máquinas como os seus operadores deram realmente o seu melhor durante esta vindima, com os problemas inerentes a novos sistemas largamente ultrapassados. Sem dúvida que as condições de tempo mais frescas influenciaram positivamente a fiabilidade e produtividade das máquinas.

As robustas medidas de contenção da covid-19 (incluindo testes regulares) funcionaram tão eficazmente como em 2020. O facto de todo o nosso pessoal estar vacinado fez obviamente a diferença. Infelizmente, ainda não estavam totalmente reunidas as condições necessárias para voltar a pisar a pé nos lagares de granito da Quinta do Vesúvio. Esperamos voltar ao normal na vindima de 2022.

Alentejo

Charles Symington

Quinta do Bomfim, Outubro 2021

A vindima na Quinta da Fonte Souto, em Portalegre, foi ainda mais longa do que no Douro, começando a 17 de agosto e terminando a 8 de outubro. A primeira casta a ser vindimada foi a Verdelho, seguida de perto pela Aragonês, o primeiro corte desta especificamente programado para o nosso novo vinho rosé. O Arinto foi vindimado a partir do final de agosto, de forma faseada a fim de produzir vinhos (brancos) com perfis diferenciados, embora a partir do mesmo material-base. Durante a primeira quinzena de setembro, vindimámos um segundo lote de Aragonês (desta vez para os vinhos tintos) e começámos a vindimar o Alfrocheiro.

Um julho fresco criou boas condições para excelentes níveis de acidez nas uvas brancas, que entraram na adega com aromas frescos e expressivos. Durante meados de agosto, uma subida considerável das temperaturas provocou um rápido avanço nas maturações e — não obstante o julho fresco — pensámos que adiantaria a vindima, mas não foi o caso. As temperaturas mais baixas e a chuva voltaram no final do mês, atrasando as maturações e levando-nos a pausar a vindima, que só foi retomada a partir de 16 de setembro — para os tintos restantes: Alicante Bouschet, Syrah, Touriga Nacional e Trincadeira.

Este foi um ano de elegância, com a acidez e a exuberância aromática que se esperaria de um ano fresco, complementando a textura muito fina e equilíbrio irrepreensível revelados pelos vinhos.

Temperatura e precipitação: desvio da média (%) no Pinhão (Quinta do Bomfim) 1980 – 2021.

Precipitação mensal em comparação com a média, estação meteorológica da Quinta do Bomfim, anos de 2020 e 2021.

Temperaturas médias mensais comparadas com a média de 30 anos (Estação meteorológica da Quinta do Bomfim).

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