Memória de um Subúrbio Carioca
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UNIVERSIDADE GAMA FILHO
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...mudem o nome, por piedade.
FICHA CATALOGRÁFICA (Catalogado na fonte pela Biblioteca Central da Universidade Gama Filho) Museu Universitário GamaFilho Um bairro chamado Piedade. Rio de Janeiro Editoria Central da UGF, 1991. 120p. Incluibibliografia. ISBN85-85093-31-5 2 J edição 1. Rio de Janeiro (cidade) - Bairros História. 2. Piedade -História.I. Título. CDD-981531
Cumprindo os objetivos para o qual foi criado, o Museu Universitário Gama Filho é uma opção institucional de exposição de seu acervo histórico e de valorização da relação comunitária a que se propõe, por princípio, a Universidade.
Apresentação JLJ as chácaras que se vão longe às ruas que hoje demarcam os limites do bairro, muitas histórias são contadas sobre Piedade. Nesse tempo de buscas e conquistas, homens e mulheres saíram do anonimato de suas casas para trazer o testemunho vivo dos hábitos e costumes que caracterizam o bairro. Do pitoresco ao trágico, as histórias contadas mereceram tratamento fiel ao relato, sem perda de detalhes e com o cuidado de registrar o fato com o mesmo entusiasmo do testemunho. Um texto, em prosa, descreve o cotidiano da vida dos moradores, fatos e acontecimentos para se fazer conhecer o PERFIL DE UM TEMPO. A história, através do conteúdo compromissado com o fato real, tenta contuzir o leitor a conhecer 0 RETRATO DE UM LUGAR. Da expectativa à convicção, como a linha entre o sonho e a poesia, ficamos com a certeza de que encontraremos sempre alguém, como nós, capaz de acreditar que é possível resgatar a memória de um lugar. Alguém que, como nós, entende a relação de uma Universidade com a comunidade em que habita. Alguém, enfim, que acredita, como nós, ser possível cumprir efetivo papel comunitário, através do registro de um tempo que caracteriza o passado de todos nós.
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Retrato de um lugar
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ue estranhos pensamentos terão percorrido a imaginação daquele guerreiro indígena, o primeiro a ver; extasiado, as naus portuguesas a se aproximarem da praia? Impossível saber. Como não se pode, tampouco, avaliar o grau de surpresa dos navegadores lusos do Século
XVI, ao se depararem com um bando de seres brônzeos, a correr pelas praias inteiramente nus. Certamente, foi o que aconteceu no primeiro dia do ano de 1502, quando os descobridores chegaram ao lugar a que, mais tarde, deram o nome de Rio de Janeiro.
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Historicamente falando, a Cidade do Rio de Janeiro só nasceu 63 anos depois, no dia I o de março de 1565, pelas mãos de Estácio de Sá, sobrinho do então Governador-Geral, Mem de Sá. Na entrada da Baía da Guanabara, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, Estácio, mandado à região com a missão de combater os franceses, ávidos por se apossarem da nova terra, plantou o marco da fundação da cidade. Não demorou para que Mem de Sá concluísse que ali não era o local ideal e levasse o coração do povoado pouco mais para o interior, para o morro de São Januário, também conhecido como do Descanso ou morro do Castelo, que não existe mais. Com o passar do tempo, a cidade cresceu desordenadamente, numa expansão obediente apenas às possibilidades oferecidas pela topografia. Os colonizadores aqui chegados logo buscavam um sítio aprazível, onde pudessem fixar-se com suas famílias. E sítio aprazível era o que não faltava por essas bandas. Nos séculos que se seguiram, muita coisa aconteceu: os Governadores-Gerais passaram a se auto-intitular Vice-Reis; as naus, caravelas e galeões formaram
extensas procissões marítimas a levar riquezas da colónia para o fausto da corte; centenas de tribos foram escravizadas, humilhadas e massacradas em nome da "civilização"; cobiçosos aventureiros, empunhando estandartes de outras coroas europeias, tentaram aqui "botar os pés e meter a mão!'.. Até que em 1763, com a cidade já de bom tamanho, a sede do Governo do Brasil muda-se de Salvador para o Rio de Janeiro. Vem a Independência e, em 1834, através de um Ato Adicional, surge o Município Neutro, criado para servir de capital do país e desligado da Província do Rio de Janeiro, com a finalidade de proporcionar instrumentos para o rápido controle do Governo Central (1). No final do Século XIX, o Município Neutro tranforma-se no Distrito Federal, a Capital da República. Eml892, apenas três anos após o fim da monarquia no Brasil, a nova unidade da Federação é dividida em circunscrições, para melhor administração. É quando são também criados novos distritos.
Em 1912, o Rio de Janeiro, já famoso internacionalmente por suas belezas naturais, sofre mais uma alteração administrativa que, entre outras determinações, modifica os limites de vários distritos. No conturbado ano de 1932 é criada a Circunscrição da Piedade. E finalmente, na década de 1960, surgem as Administrações Regionais. Registra a crónica histórica que os navegadores dos séculos XV e XVI davam o nome do santo do dia a cada descoberta realizada. Por esta razão, chama-se São Roque o cabo do litoral norte-rio-grandense, avistado pelos portugueses num dia 16 de agosto; o Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, em 28 do mesmo mês; foi num dia 4 de outubro que os lusos chegaram à foz de um no, ao qual, como não podia deixar de ser, chamaram de São Francisco. E que outro nome poderia receber o cabo descoberto em 21 de dezembro, senão São Tomé? Segundo o costume, também as novas cidades eram batizadas homenageando o santo do dia de sua fundação. Estácio de Sá, ao fundar a cidade, podia tê-la consagrado a Santo Adriano, Santo Albino, Santa
Antonina ou Santa Leôncia (2), santos aos quais o dia I o de março é dedicado. Mas, dizem alguns historiadores, o moço Estácio aproveitou a oportunidade para agradar à Rainha de Portugal, D. Catarina, tomando São Sebastião como protetor da nova cidade, numa homenagem ao filho da soberana e futuro rei D. Sebastião, que andava, então, pelos seus 11 anos de idade (3). Originalmente, a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi dividida em freguesias e paróquias que limitavam os territórios sob jurisdição religiosa. A organização promovida pela Igreja, acompanhando a evolução administrativa, estabeleceu prelazias, dioceses e paróquias, paralelamente à criação de capitanias, comarcas e freguesias. Só a partir de meados do Século XVIII as freguesias passaram a assumir caráter administrativo. Em 1569, a administração colonial criou a primeira freguesia - a de São Sebastião. Não tardou para a expansão territorial e o processo de colonização exigirem a criação de outras. Tanto assim que, no início do século XIX, a Província do Rio de Janeiro já contava com mais de 20 freguesias.
A história do bairro da Piedade registra a criação, pelo padre António Martins Loureiro, em 1664, da freguesia de N. Sa. da Apresentação de Irajá, que compreendida um extenso território, abrangendo áreas das atuais circunscrições de Jacarepaguá, Campo Grande, Engenho Velho, Inhaúma, Realengo, Madureira, Anchieta, Pavuna, Penha e Piedade (4). As terras que hoje forniam o bairro da Piedade situavam-se entre as freguesias de N. Sa. da Apresentação de Irajá e S. Tiago de Inhaúma, e consistiam numa sesmaria doada a Apolinário Pereira Cabral, em 1779. Em 1667, ao assumir o vicariato da freguesia de N. Sa. da Apresentação de Irajá, o padre Gaspar da Costa mandou erguer uma capela num pequeno outeiro bem localizado. Reconstruída no início do século XVIII, essa capela veio a transformar-se, depois, na Igreja da Matriz, sob a invocação de N. Sa. da Apresentação de Irajá, templo cristão que representou um dos mais belos monumentos religiosos da época (5). Nas áreas da Freguesia de N. Sa. da Apresentação de Irajá, que abrangia os territórios de Campo Grande,
Jacarepaguá e Engenho Velho, desenvolveram-se alguns engenhos de açúcar e aguardente (mais de uma dezena) e foram construídas grandes propriedades para os jesuítas. Até o século XVIII, a Freguesia se fez notar não só pela extensão das terras cultivadas, como pelo amplo comércio que nela se expandia. A isto deve-se acrescentar a construção de capelas e igrejas, entre as quais a de N. Sa. da Conceição, em Campinho, e a da Sapopemba. No século XVIII, a maioria das terras onde atualmente se localizam os subúrbios do Rio de Janeiro era ocupada por fazendas e engenhos de açúcar e aguardente, subordinados à velhas paróquias. Nelas, havia um intenso comércio de aguardente, açúcar e outros produtos cujos escoamento se fazia através dos rios da região, principalmente o Pavuna e o Meriti. Os portos se estendiam do saco de Inhaúma à foz do rio Meriti. Era uma faixa de terra muito procurada pelas classes abastadas e viajantes europeus, atraídos pelo clima saudável ali existente. No início do século XIX, quando da vinda da Família Real para o Brasil, essa área ainda era das mais buscadas, mercê de seus bons ares. Nos dias de hoje, permanecem vestígios dessa
fase áurea, na forma das grandes propriedades, repletas de árvores centenárias, principalmente mangueiras, que conseguiram sobreviver ao avanço do "progresso".
Em 1743 a Fazenda de S. Tiago de Inhaúma foi elevada à categoria de paróquia. Dois anos depois, por ordem do Bispo do Rio de Janeiro, construiu-se nessa região a Igreja Matriz, sob a invocação de S. Tiago (7).
Deve-se assinalar que os proprietários daquelas terras, em sua maioria, construíram capelas para uso j privativo, entre as quais se destacam as de N. Sa. da Conceição, N. Sa. do Rosário, N. Sa. do Socorro e N. Sa. da Piedade, esta última erigida em época remota por Manuel Jordão e modificada em 1743 por Bento de Oliveira Braga (6).
Na segunda metade do século XVIII, quando o Marquês de Pombal empreendeu sua reforma administrativa e religiosa, deterniinando a expulsão dos jesuítas, aquelas grandes propriedades foram confiscadas e, posteriormente, divididas para serem arrematadas.
A segunda das freguesias que continha as terras que hoje integram a Piedade, a de S. Tiago de Inhaúma, pertencia ao vigário-geral Clemente Martins de Mattos, que a recebera em doação, na segunda metade do século XVII. Já nas primeiras décadas do século XVIII, suas áreas apresentavam aspecto de prosperidade, graças à administração dos padres jesuítas, seus proprietários. Notáveis empreendedores, esses religiosos desenvolveram grandes lavouras numa terra ampla e fértil, trabalhada por escravos e rendeiros. Essas propriedades alcançaram o interior da Província, estendendo-se até as terras do Andaraí e do Engenho Novo.
Além da Igreja da Matriz, havia na freguesia de Inhaúma muitas igrejas e paróquias, destacando-se a Igreja de N, Sa. do Amparo, na Estrada de Santa Cruz, em Cascadura, e a de N. Sa. da Piedade, na atual estação da Piedade. O assentamento dos trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II (depois Central do Brasil) provocou a divisão das principais propriedades existentes na região. Entre a atual avenida Suburbana e a linha férrea, na área da antiga Estrada Real, desenvolveram-se grandes chácaras pertencentes às famílias Cruvelo Cavalcanti e António Botafogo (8). Mais tarde, essas terras foram
subdivididas, dando origem às ruas do futuro bairro. Do desmembramento da chácara do Cruvelo, surgiram as atuais ruas Maria, Adalgiza e Tereza Cavalcanti. A primeira recebeu, originalmente, o nome de João Pinheiro, em homenagem ao governador de Minas, Gerais, à época.
prédios são construídos e a fisionomia urbana começa a substituir o aspecto característico da antiga sociedade agrária escravista. Os vestígios do período colonial vão-se diluindo, permitindo a formação de uma sociedade constituída por imigrantes que escolheram a área para nela se fixar.
Dos dois lados da ferrovia, predominavam as chácaras da família Reis (9), que se estendiam ao Engenho de Dentro. Nessa terras, surgiram as ruas Guilhermina, Angelina, Leopoldina e Silvana. Manuel Reis impulsionou o desenvolvimento da região. Além de ser proprietário de chácaras altamente produtivas, ele entrou para a história do bairro por haver doado terras à Irmandade de N. Sa. da Piedade, Santa da qual era devoto. Construiu, ainda, uma "casa de repouso" que recebeu o nome de Manuel Vitorino, num preito ao médico baiano que ocupou a Vice-Presidência da República, durante o Governo de Prudente de Morais. Posteriormente, o imóvel foi adquirido pelo padre Ponciano dos Santos, capelão da Matriz do bairro e dono de personalidade muito controvertida, conforme atestam depoimentos de antigos moradores da Piedade. No final do século XIX, já no período republicano, a região experimenta um significativo progresso. Vários
Essa zona foi consideravelmente beneficiada durante a gestão do Prefeito Pereira Passos (10), que ligou, por boas estradas ao longo da ferrovia, as estações de Engenho Novo e Méier, e esta às de Engenho de Dentro e Piedade. Deve-se registrar, porém, que toda a extensão que atualmente constitui a Piedade já havia recebido um grande impulso em 1872, a partir do estabelecimento, pela Estrada de Ferro, de um ponto de embarque e desembarque de passageiros: a Parada Gambá. Chega-se a um dos pontos mais controvertidos da história da Piedade, o que diz respeito à denominação do bairro. Depois da inauguração da parada de trem, em 5 de dezembro de 1872, a região passou a ser chamada de Gambá.
Por que teriam escolhido tal nome? Bem, para alguns estudiosos do assunto, devido ao fato de ser a área um reduto desses malcheirosos marsupais. Mas, para a voz do povo, teria sido por causa dos muitos embriagados, apelidados gambás, que perambulavam pelos botecos do local. Seja qual for o motivo, o importante é que a denominação desagradou aos moradores pelo sentido pejorativo nela incorporado. Até que, um dia, foi mudada. E são várias as versões que tentam explicar as razões da modificação. A primeira garante que o nome atual veio como homenagem a D. Maria da Piedade, mãe de Elisáno António dos Santos, Barão de Angra, que na época ocupava o cargo de Administrador da Estrada de Ferro D. Pedro II. A segunda afirma que os moradores da região, após promoverem sucessivas campanhas visando à mudança da denominação "Parada Gambá", encaminharam vários memoriais a D. Pedro II, pedindo: "Sr. Imperador, mude o nome, por piedade!" Apelo que teria sido, então, tomado ao pé da letra.
Existe, ainda, quem assegure que o movimento popular teria sido em favor da transferência do local da parada do trem, muito distante da casa de um famosos curandeiro, visitada por grande número de pessoas vindas dos mais diferentes pontos da cidade. Mas, a menos que o feiticeiro se chamasse Piedade, essa explicação não justificaria a mudança do nome. Finalmente, a mais lógica das versões: fontes eclesiáticas confirmam o costume de se dar às localidades o nome do santo padroeiro. Assim, a denominação Piedade seria em homenagem a N. Sa. da Piedade, protetora da região, cuja capela fora erguida no final do século XIX, naquelas terras doadas por Manoel Reis à Irmandade de N. Sa. da Piedade (11). Seja como for, o fato é que o bairro aí está com nome de sentimento religioso e sobressaindo no concerto dos subúrbios cariocas. O fator fundamental, indubitavelmente, para o crescimento das zonas mais afastadas do centro da Cidade do Rio de Janeiro - Piedade inclusive - foi a construção de estradas de ferro, na década de 1870. Deve-se isto o fato de, já nos últimos anos do século passado, os subúrbios desta Cidade de São Sebastião
apresentarem considerável desenvolvimento. A partir do início do século XX, torna-se difícil estabelecer limites entre o urbano e o suburbano. Toda a extensão da linha férrea em Cascadura, por exemplo, ficou margeada de habitações, formando inúmeras ruas que a frequência e a rapidez dos transportes incorporaram à cidade (12). Entre 1872 e 1890, a freguesia de Irajá, à qual a Piedade de hoje pertencia em parte, apresentou uma taxa de crescimento de 121%.Em 1872, a população ali residente era de 5.910. Em 1890, 13.130. Nesse mesmo período, o crescimento de Inhaúma, onde também se incluem terras da atual Piedade, foi de 135%. A população de 7.444 habitantes, em 1872, passou a 17.448 em 1890. Pode-se, ainda, constatar a ocupação dos subúrbios pela movimentação de passageiros nas estações da Estrada de Ferro: de 1886 a 1896, passaram pela estação da Piedade nada menos que 2.219.576 pessoas (13). Todas essas cifras atestam o crescimento dos
subúrbios cariocas, áreas que atraíram grande número de migrantes para as indústrias em fase de expansão ali instaladas. Isso somando à existência de uma tarifa única nas linhas férreas suburbanas, deu origem a novos bairros. De 1906 a 1920, como consequência desses fatos, Irajá e Inhaúma apresentaram os maiores incrementos populacionais de todo o então Distrito Federal: a primeira com um índice de 2 6 3 % e a última com 92% (14). Outros fatores que colaboraram para o crescimento dessas regiões foram a instalação de várias unidades militares e a construção das avenidas Automóvel Clube e Suburbana, integrantes das rodovias Rio-São Paulo e RioPetrópolis (15). Pelo Censo Demográfico de 1940, o bairro da Piedade apresentava uma população de 33.512 habitantes, que se dedicavam às mais diversas ocupações: atividades agrícolas, apenas 1% (percentual idêntico para os profissionais liberais); transportes e comunicações, 1 1 % ; comércio, 13%; atividades sociais, 1 3 % ; indústria, 2 4 % e, finalmente, condições inativas e outras
ocupações, também 24%. Na década seguintes, a população do bairro cresceu para 45.813 habitantes, devido à grande migração interna. Os setores que mais se desenvolveram foram os ligados à indústria (27%) e ao comércio (14%) (16). A ocupação dos subúrbios, ao contrário das áreas nobres da cidade (zona sul), realizou-se sem qualquer apoio do Estado ou das concessionárias de serviços públicos, o que contribuiu para que aquelas regiões perdessem suas características urbanísticas. Hoje, nos 442,87 hectares que formam a Piedade, vive uma população de pouco menos de 50.000 habitantes, distribuída nas 107 ruas que integram o bairro, um local predominantemente residencial, com muitas construções, pequeno comércio, algumas fábricas e uma universidade. Como aconteceu com a maioria dos bairros do Riox de Janeiro, segmentos diversificados traçaram o perfil social do subúrbio da Piedade. Formada, originalmente, por colonos portugueses, a
sociedade desse bairro incorporou, ao longo de sua história, migrantes de várias regiões do país. Assim, o quadro de moradores da região abrange desde grandes proprietários de terras, comerciantes, industriais, funcionários públicos e operários, até grupos menos beneficiados economicamente, que vivem de pequenos serviços ou biscates. As residências alternam-se dos antigos casarões, semelhantes às quintas lusitanas, às modestas casas da maioria da população e aos casebres insalubres, erguidos nos morros que circundam o bairro. A 35,76m acima do nível do mar, Piedade está na zona norte da Cidade. Confina com os bairros do Encantado, Água Santa e Quintino, e tem como limites as ruas Paraná, Monteiro da Cruz, Dr. Luiz Masson, Palma, Regina Reis, Furtado de Mendonça e o morro Inácio Dias (17). Piedade pertence atualmente às XV e XIII Regiões Administrativas da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro. Essa subdivisão dos bairros cariocas é mais uma prova da descaracterização que a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro sofreu e vem sofrendo desde a época da sua fundação.
Cartografia: Marco AurĂŠlio VinĂcius Shappet
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Perfil de um tempo
Estação Piedade, 20 graus, vento calmo, ar puro... 6 horas. Nasce mais um dia. Cheiro de mato. Água de poço. Espinheiros, bambuzais, pássaros. Montanhas e ladeiras. Ruas: Meira, Silvana, Alfredo Reis. Também tem a Berquó, a Botafogo, a Amazonas. Valas e terra batida. Vacarias. Estábulos e galinheiros. Casas estreitas, vilas e chácaras. Lojinha na parte da frente, moradia atrás. No quintal: cheiro-verde, salsa, hortelã e alface. Couve tronchuda na quitanda do "português". O Honório Figueira abre as portas do armazém. Na calçada, vinlio do Porto. Com certeza, será o brinde para o freguês amigo que acertar "as contas" no caderninho de compras.
A esquerda, Casa Ferreira & Goulart. :
"Olha o peixe tão fresquinho que ainda pula! E a voz imperativa do peixeiro ao ajeitar o cesto na cabeça. Perto do Café do Chico, vem correndo a "Dona" para não perder a carroça de leite. Cedinho, cumprindo seus compromissos, passa o carro de bois da "Ferreira & Goulart", loja de "secos e molhados". Vai entregar as compras em Cupertino (18). É do seu Ferreira, português camarada, casado com D. Cármen. Começou com o armazém "Ferreirinha", dividido no Café Mercúrio e numa Leiteria. Ficava ali na esquina da Rua Piedade. Ele contou outro dia que, quando aqui chegou, a Estação Piedade chamava-se Gambá. Agora, Ferreira faz sociedade com o Goulart. Quando o Natal chegar, eles vão importar tâmaras, cerejas e bacalhau. No cesto, castanhas com fartura. E para os amigos frequentadores, um "queijo de cuia" no zerar do caderninho.
Chegam os tonéis: mel, vinho, álcool e vinagre. Serão engarrafados em casa pela família Silva para a venda no armazém da Rua Amazonas. Carroceiros e seis burricos ou o "Taioba" trazem todas essas maravilhas até aqui. Na mesma rua, as vendas de Seu Chico e do Carvalho partilham de igual sistema.
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A paz de novo se faz. E com ar de República. Ontem, 14 de novembro de 1889, o golpe militar para derrubar o velho Imperador consolida-se com o boato de que o governo prende Deodoro e Benjamin. Verdadeira confusão. Na Rua Piedade, o 15° Batalhão da Guarda Nacional, a "Briosa", convoca os cidadãos para acalmar os ânimos dos revoltosos. Quebra de lampiões e agressão aos comerciantes. Nume instante, o comandante do Batalhão, Honório Figueira, coloca a população sob controle, antes que a tragédia se faça pela escuridão reinante nas ruas.
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De cravo na lapela, imponente, passa de automóvel (que chique!) o Duarte José Teixeira. Proprietário de bela chácara, com frutas a dar no pé. Faz compras no açougue de Pedro Inácio. É dia de sarau na chácara. Quem canta é o Catulo da Paixão Cearense (19).
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Subindo a Rua da Capela, vai a carroça da "Machado Bastos", loja de ferragens, carregando material para os arremates da casa de Manuel Vitorino. Médico bom e Vice-Presidente do Governo Prudente de Moraes. É... Ele está morando aqui. Dizem que é pelo clima ameno. Os bons ventos trazem outros. Contam que, há pouco tempo, o Marechal Floriano Peixoto foi agraciado por António Botafogo com uma bela casa na Rua Elias da Silva. Não aceitou, garantem. O clima ameno trouxe ainda o moço Cruz e Souza. Autor do poema "Tropos e Fantasias", sucesso aos quatros cantos, alugou por uma temporada casa na Teixeira Pinto.
Antiga residĂŞncia de Manuel Vitorino.
O leiloeiro do Império, Assis Carneiro, tem uma fazenda aqui. Que maravilha... Ruas floridas, lampiões a gás, cachoeira, grutas e um coreto para as retretas de domingo. Jaboticaba e sapoti ao redor da casa de dois andares e varandão. Lugar só de rosas com casinha de vidro no pé do morro. Criação de cavalos... um frescor. Atrás da casa, do lado esquerdo, uma carruagem. Dizem que Assis, homem ciumento, mandou constmir uma capela a fim de evitar que a esposa saísse de casa para assistir às missas dominicais. Os jovens passeiam por lá. O Assis não se amola.
Antiga chรกcara de Assis Carneiro. Capela.
Endereço certo para um flerte: rua Goyaz, no sobrado da charutaria. Fita em horário de matinê. Ontem foi dia. Saleta. Cadeiras arrumadas. Gente tomando lugar. Expectativa no ar. Luz na telinha. Preto e branco, em movimento. Protótipo de cinema. O dono conseguiu, em primeira mão, um projetor. Novidades à vista. A próxima encomenda será um piano para acompanhar a fita em tela maior. Ora vejam só!
O motivo das notícias de hoje é a chegada do recém-ordenado Padre Felisberto Schubert, acompanhado de mais dois outros, Xavier e Eucário. Juntos, formam a Comunidade de Padres Salvatorianos no Brasil (20). Chegaram para fixar residência ao lado da Capela de N. Sa. da Piedade.
Com pesar, registramos o falecimento de José Duarte Teixeira. 1908 A chácara ficou para os filhos.
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Meio de ano. 1909. No próximo domingo, o Assis emprestará a carruagem para o casamento de Adelaide Barcellos e Joaquim Silva, o filho mais velhos da I família Silva. De carruagem, Adelaide I chegará à Igreja da Capela. I Finalmente, o casório acontece.
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O pai da noiva - Joaquim Barcellos - recebeu carta anónima comprometendo o noivo. Cáspite!
UM MEDICO _JENVENEHÂDO NAS ANCIÃS DÁ MOUTE O átn Clarimundo de Mello CO grnmmas de acido phenico—Lamentável e w —Ha rua Elias da Silya — Na estaç/io da' ?U dade—Os soccorros^O estado da victima—V, rias notas—0 sigilh... furado—tio 2 fc disti cto-A reportagem d'A IMPRENSA, i l i M l V c 'Lljnotvcl. fo» o facto «ocorrida ' -"
Manchete do Jornal "A Imprensa", 1909
O Assis Carneiro ainda recupera-se da perda do amigo Clarimundo de Mello, médico querido em Piedade. Atendia na Farmácia Portela, na Rua Elias da Silva, ao lado de sua residência. O Jornal do Brasil, a Folha do Dia e o Correio da Manhã contam a tragédia ocorrida em julho: Clarimundo esqueceu, em sua farmácia, frasco com limonada purgativa e outro com solução a base de potente ácido destinado à limpeza de banheiros, encomendado por D. Alcina, sua esposai Solicitou à Josepha que buscasse o frasco de limonada. Acontece que, inadvertidamente, os frascos foram trocados. O médico ingeriu uma dose fatal. Assis Carneiro ainda tentou ajudá-lo:
Manhã de agosto. Um mês depois. Chuvisca. Rua Belmira, número 55. Residência do Dr. Sylvio Capanema. O Dr. recebe notícia que deveria, a galope, acudir pessoa baleada à Estrada Real de Santa Cruz. Capanema segue rapidamente. Número 214. Entra na casa pela lateral. No quarto, homem morto e mais dois feridos. Dr. Sylvio presta socorro. Momentos depois entende o acontecido: Euclydes da Cunha, escritor de fama, foi ao encontro de Dilermando de Assis. Jovem alferes que, convivendo com D. Ana, esposa de Euclydes, apaixona-se e mantém romance cujo desfecho trágico já é sabido por todos. Que ano o de 1909! -..;;•••''.•. "~""m*"*WfM^^rr "
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Reprodução do "Jornal do Brasil". JORNAL DO BRASIL — Segut
O português da quitanda. O português da venda. O português do açougue. A cada instante esbarramos nesta gente de trabalho com sotaque carregado e jeito de terra lusitana. Mais um vem chegando. E para ficar. O Silvério, de namoro firme com Jordelina, já fala em casamento. Neste ano de 1910 ele a conheceu. Da "terrinha" trouxe uma encomenda para patrícios da Rua Leopoldina. Paio, calça de brim... coisas de além-mar. Por causa do pacote é convidado a participar do almoço de domingo. O primeiro de muitos. E que o casal tem cinco filhas: Almerinda, Arminda, Arlinda, Alzira e Jordelina. Silvério e Jordelina procuram casa na Rua D. Maria.
Garotada de bambuzinho na mão espera o velho para apagar os lampiões da rua. "Foge Cristo que lá vem o diabo com a lança!" Correndo, repete o refrão. Diariamente, de madrugada e a tardinha, o gasista na Rua Brasil passa para acender e apagar os lampiões daqui até Cupertino. Daqui a pouco, rapazes compenetrados com cadernos e lanche a tiracolo, seguem para o Colégio Brasil. O José Joaquim da Trindade fundou o Colégio na Rua Manuel Vitorino, número 219. Diretor e bom administrador, traz em perfeita ordem o ensino, com dias escalados para as disciplinas. Das 7 da manha até o fim da tarde.
Reprodução da convite para o início das obras na Igreja do Divino Salvador.
O terreno à Rua Berquó, aquele que era uma espécie de mato capoeira, foi comprado há dois anos. Ali vai surgir uma igreja: a do Divino Salvador. A pedra fundamental lançada pelo Bispo de Niterói, D. Agostinho Bissani, neste dia 20 de fevereiro de 1910, marca o início das obras.
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1911: o comércio cresce a olhos vistos. O pessoal se organiza e surge a Associação Comercial de Piedade, na Rua Elias da Silva.
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1915. Ano de realizações e homenagens: Na rua Goyaz, números 558 e 562, terras arrendadas para a Estrada de Ferro da Central do Brasil dão lugar à 4a linha da Estação Piedade.
Homenagens prestadas ao saudoso médico Clarimundo de Mello: entre várias outras, a Rua Muriquipari passa a ter o seu nome.
A Capela de Nossa Senhora da Piedade passa à condição de Paróquia. O Monsenhor Xavier da Cunha celebra missa.
Na Igreja do Divino Salvador foram feitos, este ano, 1098 batizados.
O menino Oswaldo, filho de Joaquim Silva, atravessa a rua para buscar o jornal "O País". A Guerra já é notícia de ontem. De um tempo em que a Cruz Vermelha tentou ajudar os mais pobres, colocando nas mas panelas com alimentos. E teve, ainda, a epidemia espanhola. Foi uma devastação. Muitos mortos. Os médicos Otávio Pinto e Guiomar Medeiros corriam pra lá e pra cá, ajudando os doentes.
Arthur Nascimento, violinista, passa sempre por aqui, incentivando o rapaz Alfredo a trabalhar em teatro. Alfredo da Rocha Viana Filho (21), esse rapaz de rosto marcado pelas "bexiguinhas" da varĂola, ainda vai brilhar...
Capela Nossa Senhora da Piedade. Quitandas. Vendinhas. O esboço de uma praça surge perto da cancela Maria-Fumaça parando na Estação. Dia de chuva Moças de vestidos enrolados para subir no trem Trilhos altos e muita lama no chão Valas e bambuzais continuam a formar paisagem Clima estável. Querosene nos lampiões Vaivém de moradores Há gente nova chegando... portugueses Chácaras. Plantações Ainda se vê o bonde puxado a burro Carroças. Carros-de-boi Famílias numerosas Parece que nada muda por aqui De vez ou outra uma nova quitanda, um novo açougue
Igreja do Divino Salvador. Início do século.
Luzes acesas na Igreja Divino Salvador: casamentos, batizados, a formação da Associação das Crianças e das Associações "Liga dos Homens" e "Filhas de Maria". A Igreja do Divino comemora cinco anos de fundação.
José Gomes Júnior, Lindolfo Messeder, Otávio Mallet. Diretoria do River Football Clube. 1919.
Que alarido! A notícia corre à boca pequena. O terreno da praça de esportes do Football Clube foi doado. Quase 13.000 m2. O almirante João Germano, amigo chegado do proprietário, o português endinheirado João de Moraes, conseguiu tamanha gentileza. Seu Moraes além da doação ajudará nas reformas. O Germano preside o River Football Clube e fará, neste local, o tão sonhado campo de "football". Inaugura em setembro de 1919.
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Gente à porta da casa de João da Silva Mota, o projetista do cinema. Todos admirados com a novidade: o rádio. João montou o primeiro das redondezas. O alto-falante separado do receptor parece um chapéu chinês. É o "rádio de galena". De tanto trabalho e prática na montagem de rádios, conseguiu a sintonia para mais de uma estação. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro dá os primeiros passos na radiodifusão.
O ensino vai bem. Em meados de 1920, surge um Ginásio, numa sala de frente da Rua Gomes Serpa. Curso Elementar e turmas de Admissão. O Lopes, morador conhecido, mais o amigo Modesto de Abreu são autores da ideia supimpa, já que a Escola São Salvador, longe da "estação", não atende os moradores de perto. Mais uns meses e diz ò reclame: "Ginásio Piedade. Novo endereço: Rua Elias da Silva, perto da Praça". Pelo bom trabalho, o Lopes acredita que tem futuro.
A Família Nunes Vilhena inaugura a Refinaria Piedade. 1927. O açúcar "Campeão" é o produto refinado. Instalou-se na Manuel Vitorino.
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Roupa e chapéu brancos, navalha na cinta, mandando recados para as moças, lá vão eles... os malandros. "Meia-noite", morador da Rua Gomes Serpa, e "Juca-Pato"... rodam pela Praça. Daqui a pouco, de bonde, vão para a Central. "Que lá não cheguem, no caminho não fiquem e aqui não voltem'
Lá vem o progresso: obras de calçamento e instalação de luz elétrica nas ruas Clarimundo de Mello, Silvana e Assis Carneiro. O lampião convive com fios e postes. Ao gasista restam apenas as ruas Caldas Barbosa, Silvana e Alfredo Reis.
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Chegando à praça para uma taça de sorvete do "Cintrão", o jovem Dr. Huron, neto do Duarte José Teixeira, acompanhado pela noiva Esther, fdha de Carlos Castro. Na Rua Goyaz, número 63 (sobrado da Farmácia Marialva), seu gabinete de consulta. Seu Carlos comprou a casa do Dr. Manuel Vitorino há mais de 10 anos. Na porta do consultório do novo médico, a plaqueta: "O cliente que por qualquer motivo não puder pagar será atendido do mesmo modo".
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A caminho da Igreja do Divino Salvador, as nove irmãs. Moradoras na rua Goyaz, ajudam o Padre Schubert na aplicação do Catecismo. Professoras do curso Primário, também dão aulas de bordado. Todo mundo conhece "as pernambucanas".
A seda, fabricada e distribuída aqui, é confeccionada na Fábrica Santa Terezinha de Tecidos, de grande salão, com uma vila de 24 casas, moradia de alguns operários. Junto com outros, de residência bem perto, formam o time de "football" para o campeonato disputado no campo da fábrica. Há, também, festa junina. O Seu Arlindo Mori ganha novamente o prémio de melhor caipira da festa, organizada pelos operários. O dono da fábrica oferece-lhe uma peça de seda.
Falando nisso, há festas juninas no quintal da casa da maioria dos moradores. A vizinhança, vestida a caráter, comparece em peso. Fogueira assando milho e batata-doce. Melado e docinhos. Danças e uma chuva de balões no céu. Faz lembrar as festanças da chácara do Assis Carneiro. Viraram notícia de jornal.
1930. Epidemia de tifo. Um horror. Bicas nas ruas. Caixas d'água isoladas. Os médicos com o receituário à mão. Injeções à base de óleo canforado. Soro fisiológico, poções contendo benzonofitol-tamigeno... Contaminação geral.
Traje de época, década de 30.
Vestidos retos, marcados na cintura por belos cintos. Seda guipure à volta. Pregas, decote em V, mangas inteiras Saias pela canela. Colar de pérolas ou correntinhas, sombrinhas bordadas. Meias e sapatos de abotoar no peito do pé, tipo "boneca". Cabelos à la garçonne. Moças... Que pancadão! Rapazes de terno completo. Em caso de festa, casaca. Chapéu panamá. Camisa de cambraia de linho. Punhos e gola separados e bem engomados. Nas casas, janelas arredondadas com vitral, guirlandas como arremate das portas. No interior, grandes espelhos, metal dourado... Festas animadas. Alguma dança. Serviço à portuguesa: mesa posta. Travessas de leitão recheado, peru, batatas, arroz. Champagne, vinho do porto e licor. Nas bandejas, empadões, pão com presunto, salame, queijos... São os anos 30.
O casamento.
Agora unidos pelos la莽os matrimoniais: Silvina Ferreira e Ant贸nio Goulart. Filhos dos Ferreira & Goulart, s贸cios no com茅rcio de "Secos & Molhados".
Na rua Goyaz, o alfaiate Carvalho arruma peças de cambraia de linho. Vão se transformar em camisas. Na rua Manuel Vitorino, o Eleutério e o Damião Magalhães, também, vão bem nos negócios de colchoaria. No próximo mês inaugurarão uma farmácia.
Saco de carvão na cabeça ou sacolas na mão, os vendedores das principais casas de comércio atravessam a Estrada Real de Santa Cruz até chegar ao Morro dos Urubus. A gente de lá, de poucos recursos, compra de 5 a 10 quilos de mantimentos por vez.
Atravessando a mesma Estrada Real, só que a cavalo, o Dr. Sebastião Tamanqueira atende aos chamados nas residências. Na Farmácia da Praça, o Dr. Quintanilha dá consultas. Receita ávida lá mesmo. O farmacêutico, "cozinheiro do médico", como é conhecido, mistura benzoato de sódio e acetato de amónia para curar tosse e gripe. Caso de febre alta leva fórmula à base de salofeno. Para estômago e fígado com problemas, magnésio é a solução. Até o balão de oxigénio tem fabricação certa. A manipulação dos sais e ervas é feita com toda responsabilidade pelo Cristóvão, Rodrigues e o filho do professor Clóvis Emetério dos Santos, todos farmacêuticos. Médico e farmacêutico formam dupla. Acontece em todas as farmácias por aqui. Relacionamento estreito com as famílias. Banquinho para espera da manipulação e conversa amiga. Espelhos na porta. Moça bonita não passa sem olhar. Aproveita e compra pós de arroz, água de colónia importada e esmaltes. Nas prateleiras: limonada purgativa, água mineral medicamentosa e sais de potássio. Balança à mostra. Pode pesar seu bebé.
A seda composta na cinturinha vem do "Ao Nosso Século". Casamento marcado? Então, as compras também têm vez no magazine Colchas, lençóis bordados, bordado inglês... Anota no caderninho. Pagamento depois da lua-de-mel, diz o seu Zulmiro. O sobrinho Jovino Teixeira aprende os meandros do negócio.
Na rua Manuel Vitorino, o cine-teatro Piedade, ainda fechado, recupera-se da visita de moças elegantes e de ilustres senhores que ontem à noite assistiram à apresentação de Aracy Cortes. Cine-teatro, primeiro assistimos a uma peça, uma cantoria ou um músico. Mágicos de primeira. Depois, a fita. Primeira classe para cadeiras de frente. São as mais caras. Segunda classe a contento. Muitas recordações da inauguração do Teatro. Bordados, rendas e fitas... Comerciantes e gente ilustre de Piedade. Um acontecimento.
Dá pra sair do Cine-Piedade e alcançar a sessão do Jovial. Filme seriado às sextas-feiras. No piano, acompanhando a fita, a senhorita Carmem e na projeção, João da Costa Mota. Estão de namoro. A mãe da moça, diariamente, ocupa a primeira cadeira para policiar o romance da filha. Saudades da saleta de projeções da Goyaz.
Confeitaria "Porta da Lua". Interior, 1953.
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Na Praça, à tardinha, moças passeando e rapazes à espreita. Na confeitaria "Porta da Lua" já há mesas reservadas para o chá das cinco. Biscoitos de polvilho, roscas de amora, doces e a famosa empada de galinha. Chocolate quente, chá e sucos. Esposas de comerciantes de "boa família" estão presentes. A Confeitaria foi construída pelo Seu Lourenço. Padaria na parte da frente com latas de marmeladas e importados. Uma divisão separa o último salão. Lá, as mesas.
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Lá vai o "Gato" em direção a sua barbearia bem em frente à escada da ponte. Já está marcado o Jovino Teixeira, barba e cabelo antes do comércio abrir. Do lado de cá domina o Simões. Barbeiro esperto, deixa de molho a barba da rapaziada com penugens. Depois de vinte minutos com a espuma no rosto: "Seu Simões, o Sr. não vai fazer minha barba"? "Estou esperando que cresça", responde o figaro.
O Colégio Brasil transferiu-se para a Rua Assis Carneiro. O Ginásio Piedade, que há 3 anos já ocupava os sobrados da Manuel Vitorino números 307, 308 e 309 (mudara da Elias da Silva pra cá), fica com o local do Colégio Brasil à Rua Manuel Vitorino, número 219. 1930. Modificações para a Piedade. Além do endereço novo, o Modesto de Abreu deixa a supervisão do Ginásio.e inaugura o "Colégio Modesto", na Elias da Silva.
Desfile escolar de 7 de setembro. A direita, o Tenente Hermogênio Peixoto, 1934.
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O Tenente Hermogênio Peixoto acaba de assumir a direção do Ginásio Piedade. O Lopes Vilar vendeu o Ginásio para o já então professor Peixoto. No mesmo ano, 1932, o Piedade formou a primeira turma de Bacharéis em Letras. Modesto de Abreu foi convidado para ser paraninfo.
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Bodas de prata do casal Capanema. Revista "A Noite Ilustrada", 1935.
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"Sylvio". Há muitos meninos com esse nome em Piedade. Homenagem das mães a Sylvio Capanema, médico parteiro do bairro Atende na Farmácia Modelar. Filho de Francisco Alves de Souza, herói das Guerras de Canudos e do Paraguai, morador ilustre da Rua Belmira, 55. É bom falar do Dr. Sylvio. Durante a epidemia de varíola, fez magnífico trabalho. Casado com D. Antonietta, comemora as suas Bodas de Prata com um baile ao qual compareceram parentes e amigos.
O Padre Felisberto Schubert celebra a cerimónia de casamento da segunda filha de Ferreirinha, Laura. "Dona" Carmem, mãe da noiva, assiste emocionada. Com toda elegância: de chapéu e luvas.
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Sábado... a noite vem caindo. Vitrinas acesas até às 22 horas iluminam a praça e as paqueras. Pracinha com bancos e árvores. A rapaziada chega de bonde para comprovar a fama do "Café do Chico". Francisco, o proprietário do "Café Azul Celeste", é conhecido, além da Piedade, pelo bom café que faz. A sinuca no andar de cima. O Café vive "assim" de jovens.
Domingo. Família grande de quatro filhos para lá... Casa cheia. Hora do almoço: pastelão, vinho, frango assado ou "aquele" cozido. Depois chega a família amiga para conversar. Os homens jogam cartas. Criançada brincando até a hora da missa. Aonde vão todos. Se chegar visita de surpresa, não faz mal: o menino corre até à "Porta da Lua" e compra um pratinho de salgadinhos e outro de doces.
1939. A Refinaria Piedade torna-se depósito da Companhia Usinas Nacionais, que fabrica o açúcar Pérola. A guerra acende a Europa. No Brasil de Getúlio Vargas, Luiz Gama Filho sonha em educar para o amanhã: adquire o Ginásio Piedade. É o começo de uma bela história de amor e dedicação. Na rua Sá, uma Capela: a de São Vicente de Paulo. O Padre Romualdo pensa em vender a casa, que abriga a Capela, e comprar um terreno na Clarimundo de Mello, visando à construção de uma Igrej Nos planos, o funcionamento da Igreja São Vicente de Paulo em 1945. Dia de treinamento do "Tiro de Guerra". Os rapazes que não entram para o Exército têm no "Tiro" a formação militar necessária. O Colégio Piedade cede o porão para os treinamentos.
Na esquina das ruas Fagundes Varela e Paraná já se vê um amontoado de sucata de metal destinado à confecção de material bélico. Esforço de Guerra. O José Fernandes Filho colocou um gramofone no terreno para atrair a atenção. São as "pirâmides" espalhadas por toda parte.
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Ginásio Piedade.
Campanha da
Alimentação,
Cadeiras na calçada. Famílias conversam, mas sem mexericos. Enquanto isso, a criançada se diverte: bandeirinha, pique, roda e brincadeiras mil. Quadro semelhante aos de outros bairros. Se o caso é um bom baile, o do River Clube acontece em cima do antigo bar "Ponto Chie", que virou padaria, mas manteve o nome. De gala, duas vezes por ano, são os bailes da Associação Suburbana no sobrado da loja "O Vulcão da Piedade". Com toda pompa!
"Noite dançante". Moças e rapazes de encontro marcado. Hoje na casa de um, amanhã na casa de outro. Os anfitriões correm com os salgados e bebidas. Sintonia correta no rádio. Programação específica para os "bailaricos". Muitos casamentos saem daí. Nos bailes do Clube Unidos já existem toca-discos. Uma agremiação só para "dançantes"
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Os cinemas Ideal e Padre Nóbrega juntam-se ao Piedade e Jovial para divertir a garotada. Boa sorte aos novos comerciantes da rua Assis Carneiro: perfumes importados, jóias, linho e linha completa para todas as idades é com o Seu Silvio d' "O Vulcão da Piedade". Loja bonita, com grande vitrine iluminada, inclusive sábados e domingos. Terno para lavar e engomar, traga até a "Flor da Esperança". Entregue ao Waldemiro de Oliveira e a roupa voltará como nova. Do lado de lá, na Goiaz, "Micalça" "e "Miveste" - dos pés à cabeça, compre "em conta" com os irmãos Silveira. Duas lojas para a família ficar no bem-bom. "A Rainha Suburbana" de Maria Abrahão & Filhos tem perfumaria em geral, tecidos e miudezas. Jayme & Jeová continuam com a funerária. O comércio ganha novos rumos nos anos 40. Muitos descobrem em Piedade um bom local para negócios e moradia. Afinal, aqui tem um pouco de tudo.
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De manhã, na padaria há fila. Pão quente. As moças com garrafmhas na mão. O leite, ao ferver, tem que fazer bolhas tipo manteiga. O Seu Fernando, dono da padaria, compra cerca de 100 latas de manteiga por mês, de 20 kg cada uma. De carrocinha, os padeiros levam pão e leite até as residências. A Saúde Pública proibiu a "vaca leiteira". Carro tanque que vendia leite de rua em rua. O que tem muito agora é "depósito de pão". Vende roscas e pães de todo tipo.
Na Avenida Suburbana, onde fica o Cinema "Bruni Piedade" (com galeria e tudo!) ficava também a moradia do "francês", dono do ferro velho. A garotada catava alguns metais para venda. Os trocados transformam-se em ingressos de cinema. "Flash Gordon", "Zorro", "Aranha Negra" e fitas em seriado eram as prediletas da meninada. Cinema Jovial, na matinê, é aquela gritaria. Filme interrompido até acalmar os ânimos.
Capela N. Sa. da Piedade.
Dentre os festejos da Capela N. Sa. da Piedade consta a "festa portuguesa". Acontece no mês de outubro. Barracas com guloseimas vindas de mãos portuguesas, com certeza. Danças e músicas típicas... é um agrado só.
Em frente ao Ginásio Piedade chegam carteiras, quadro negro, mapas e animais empalhados. Madeiras para a construção do auditório, cortinas, bicas, bebedouros e a estrela maior, o "Televox", intercomunicador instalado no gabinete da direção em ligação direta com todas as salas de aula. Muitas mudanças. Pronto o projeto de reforma do espaço físico. Vem com piscina e tudo. No ensino, reformulação total. O regulamento com todas as normas do "novo Gmásio" sob inspeção permanente e grandes benefícios. O Silvio Cardoso d' "O Vulcão da Piedade", deu boa ideia ao Gama Filho: os alunos, sem uniforme estabelecido, passam a ter calça e blusa na cor caqui, inspirado em modelo americano, com emblema bordado. Um círculo com inscrição "Colégio Piedade" acompanhado de um lobo. O Ginásio virou Colégio em 1943.
Baixinho, de óculos, de família alemã e muito reservado, vem entrando n' "O Vulcão da Piedade" o General Bertoldo Klinger acompanhado da mulher e filha. Morador na rua da Capela, número 97, figura ilustre, comandou as Forças Constitucionalistas de São Paulo na revolução de 1932 e chefiou a Polícia do Rio de Janeiro em 1938. E bom freguês do "Vulcão". Compra camisas brancas e o que vier de pedidos da filha.
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5 horas da manhã. Todo de branco, lá vai ele... de casa, na rua Goiaz, até o Colégio Piedade, Luiz Gama Filho. Orgulhoso pela inauguração da "Fundação Luiz Gama Filho". Vai prestar assistência médica à população da Piedade. As futuras mamães, agora, podem ter seus filhos gratuitamente na maternidade. Não pretende parar por aí. De olho na casa dos Pereira, na Elias da Silva, para ampliar o atendimento com sala de cirurgia. Sempre preocupado com essa questão, o Gama já mantinha convénio com a Casa de Saúde São Paulo, onde qualquer aluno ou professor teria atendimento gratuito. A assistência dentária, pelo Dr. Manuel Paez.
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O "chorinho ". Pixinguinha,
Benedito Lacerda e Rubnil.
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Circulando pelas ruas da Piedade, já conhecido Hoje, compositor e músico de fama, vem
los, o nosso "Pixinguinha" em casa de amigos.
Arquibancada lotada. Competição acirrada entre o Ginásio Piedade e o Fluminense. Aldacyr Hill, treinado por Maria Lenk, recebe medalha de A arquibancada "vem abaixo". Todo bairro está presente. Título para o Piedade. Mais um na natação.
O apito da fábrica anuncia a volta das atividades na antiga Refinaria Piedade. Associada à Refinaria Magalhães, passa a fabricar o açúcar Neve. O pessoal do bairro faz movimento com o oferecimento de novos empregos. A Refinaria vai crescer: a compra da "Barbearia do Gato" está acertada.
O tempo parece correr... meninos e meninas cantam o hinário do Colégio Piedade, outros preparam-se para a apresentação de mais uma peça teatral no "Grémio Lítero - Musical Machado de Assis". Exame final. Muito estudo. Moças às compras. À tardinha, lanche na "Porta da Lua". O comércio cresce. O bonde vai e vem. O Carnaval se aproxima.
Padre Felisberto Schubert deixa saudades... Partiu para Campinas em 18 de fevereiro de 1944. Na lembrança o badalar dos sinos na celebração de tantos casamentos. Laura Ferreira, filha do Ferreirinha, com Manoel "Vara Longa", casório celebrado por Felisberto em maio de 1935. A ajuda aos moradores mais pobres do Morro dos Urubus, as festas que organizava para o término das obras da Igreja, a palavra amiga nas horas difíceis, enfim a presença de um conselheiro e amigo. Chega, para substituí-lo nos serviços religiosos, o Padre Benigno Muechn. Em setembro, mais mudanças: inicia-se o Serviço Expresso de Bondes.
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O Professor Láureo Campos aplica o catecismo no Colégio Piedade. Hoje é dia de Primeira Comunhão: meninas de branco com véu de renda e terço na mão; meninos de fardinha, laço de fita na manga. Depois, festa com chocolate, biscoito e bolo.
BONDE DE PIEDADE SAMBA G e r a l d o Pereira e A r y
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Desembarco na cidade E» busca d o pao de cada dia.
A princicxo meu ordenado Era pouco e muito trabalho A3uenr.fi o galho c o tempo passou Agora fui aumentado
O motorneiro amigo passa pelo bairro servindo no seu 77, "O Bataclã". Tocando a campainha, espera o morador que corre atrasado ainda abotoando os punhos. Leva à escola, no Méier, com toda confiança, os filhos dos comerciantes. Conduz as senhoras em suas compras. Presente todos os dias, vem modificando a paisagem. Não temos mais carroças e bondes puxados a burro. Seu Belém é o nosso condutor. Está na hora, lá vai o bonde dobrando a Assis Carneiro.
Comerciantes do bairro, em reunião, decidem a partilha dos gastos para iluminação e enfeites das principais ruas. E o Carnaval. Blocos de rua dão o acabamento às fantasias. "Resistentes da Piedade", "Amendoeira" e "Germanos", com seus bonecos de pano. Sucesso: "Vai, com jeito vai, senão um dia a casa cai.. Batalhas de confete, guerras de lança-perfume.
No largo, Luiz Gama Filho e artistas locais trabalham na construção de mais um coreto, O concurso de coretos entre os bairros vai fervilhar. O bonde, saindo do Largo às seis horas da manhã, abre o Carnaval a todo vapor. Rubnil, que há meses prepara o cenário para a decoração do Bonde 77, vê os últimos detalhes. "Ao Novo Século" com ciganas, piratas e palhaços na vitrine. Madame Bruno, costureira de valor, apronta as encomendas. Na Gomes Serpa, veremos a Rainha do Carnaval, no compasso de três bandas de música e a beleza de coretos. Pés-de-anjo. O "índio", um homem tipo caboclo, de saia feita com folhas de coqueiro, figura marcante no carnaval do bairro. O River tem suas mesas reservadas. "Desfile de Sociedade"... Mascarado: "Você me conhece?"
Bloco de rua. centro, Luiz Gama Filho
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Padre Ponciano Stenzel dos Santos
Figura polémica esse Padre Ponciano. Depois de fazer política no Espírito Santo, veio ser Capelão de N. Sa. da Piedade. Comprou a casa dos Castro (a antiga residência de Manuel Vitorino). Ali faz seus estudos metafísicos. Inclusive regressão. Muita gente critica. Como sempre. Mas o Padre não liga. Continua administrando o programa religioso e participando de todos os momentos da vida dos fiéis. Às vezes, até infiéis.
"Aos dezessete de agosto de 1947, com a presença de todo o quadro social, Diretoria, autoridades municipais, imprensa e o povo suburbano, foi solenemente lançada a pedra fundamental que ficará como o marco histórico, assinalando a nova era de progressão da vida do River Futebol Clube". O jornal "A Manhã" publica notícia da construção da sede social do River. Para os bailes e festejos não precisa mais alugar "o sobrado" na Manuel Vitorino. Luiz Gama Filho assume a Presidência Administrativa, em dezembro. A partir deste ano, acontece uma mudança na vida do River.
João Machado, filho de Cesário Machado, médico intendente que tem homenagem garantida em Piedade: Rua Cesário Machado. João segue os passos do pai. Médico, atende na Rua Goiás. Na política, vereador desde 1947. Dr. Machado ajuda a população com distribuição de mantimentos, principalmente no Natal. Não é difícil encontrá-lo. Figura sempre presente na vida do bairro. Na "Porta da Lua" usa da palavra. Recebe o Deputado Ulisses Guimarães, entre outros, em suas festas. Em noite de gala, os vizinhos, de olhar curioso, param pra ver os bem vestidos e as maravilhas do encontro. Chegam os artistas: Francisco de Paula, Silvia Méier e Paulo Silva, músicos, pintores - alguns fazem quadros ali mesmo. Casado com D. Diva, o Dr. Machado vai receber no dia 6 de janeiro, seu aniversário, uma caixa de champagne da "Ferreira & Goulart".
Residência de João Machado. Rua Goiás, número 714
Não só João Machado entre no cenário político. No mesmo ano de 1947, Luiz Gama Filho inicia-se como vereador. membro da comissão de Educação e Cultura da Câmara de Vereadores. Tudo indica que chegará à Presidência daquela casa.
14 de março de 1950. O Padre Cecílio Geid assume a Paróquia do Divino Salvador. O grupo de escoteiros, Marquês de Maricá, continua com suas atividades. O encontro acontece na Igreja. Lamentável o fato ocorrido: o "Café Azul Celeste" pega fogo. O famoso "Café do Chico", que tanto alegrava nossas tardes... é pena! Para compensar, vem aí a "Leiteria Capela", na Rua Manuel Vitorino. Seu Nemézio prepara-se para abrir a lojinha de consertos de calçados. O filho, António Campos Bouças, segue a carreira de médico. A Padaria Piedade oferece, esta semana, panos de sacos de pão para os clientes que fizerem seus pagamentos.
Faculdade de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro,
1951.
Janeiro de 1951. Nasce a Faculdade de Ciências Jurídicas do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa de Gama Filho vira notícia nos jornais. Piedade é o primeiro subúrbio carioca que oferece curso superior à comunidade. A primeira turma, com mais de cem alunos, prenuncia o surgimento de outros cursos.
Domingo. 9 de março de 1952. Amanhã o comércio permanece de portas fechadas. Manuel dos Santos Ferreira, o "Ferreirinha", faleceu. É dia de luto.
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A década de 50 promete com a construção do Mercado de Piedade. Na Rua Assis Carneiro, o vereador Gonzaga da Gama Filho tomou a iniciativa das obras. E tem mais: calçamento, iluminação, saneamento, reformas de escolas... em tudo, a ação da família Gama Filho.
A procissão
A Congregação de Padres do Rio de Janeiro chega à Piedade. A Capela, majestosa, espera a chegada da Imagem de N. Sa. de Fátima, vinda de Portugal para as comemorações de seu dia, neste ano de 1953. Os comerciantes enfeitam a Rua da Capela com lâmpadas e bandeirinhas. procissão. Os padres hospedados em casa de amigos ou nas casas da vila ao lado da Capela, onde os moradores, gentilmente, abrigam os visitantes. Os meninos vestidos de anjos, mulheres de véu, muitas flores... É festa para uma semana.
1957. Começa o refino do açúcar União, constituindo-se a Refinaria Piedade. Aos poucos, a Clarimundo de Mello vai mudando de feição. A refinaria cresce.
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Desfile Bangu
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Ban-lon
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Jovem Guarda
Fidel no poder
Drogas
Fardas no Planalto
Lambreta
Hippies
Estereofonia
Parker 61
Drogas
Mini-saia
Garrincha campeão Carnaval do Municipal DKW-Vemag Brasília Jânio entra Jânio sai Vacina Sabin "Pagador" em Cannes Assalto ao trem pagador Kennedy alvo
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Camboja Drogas D. Hélder Biafra Churchil adeus Cassius Clay Pílula Betty Friedmann Guanabara fundida
Bossa-Nova Cruzeiro Novo Raio Laser Mao Pés na lua Câmara na mão Zagalo tri Diretrizes e Bases Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro Cor na TVerde-amarela.
Estação Piedade. Clima quente. Verde: pouco. Ladeiras. Asfalto. Ruas: Manuel Vitorino, Clarimundo de Melo e Assis Carneiro. Em movimento, Avenida Suburbana. Vilas. Casas. Moradas de 1930. Fachadas resistentes. Quintais esquecidos. Residências... residências. Calmaria - nas ruas de dentro. Gente indo... gente vindo. Trem. Muros da Central. Lado de lá, lado de cá. 18 horas. Um dia de semana. Vem chegando uma pequena multidão. A Universidade é seu lugar certo. Ao redor: bares, xerox... xerox... Barraquinhas? De tudo. Carros. Sinal de trânsito. Padaria Ponto Chie, O Vulcão da Piedade, a Rua Goiás... componentes do bloco "resistentes da Piedade". Cai a noite. A fumaça da Refinaria aponta no céu. A praça vazia, calou-se. É passagem. Um coração de lembranças. Quem não tem alguém que «conte, nem imagina Piedade. Quem não ouviu falar das "batalhas de confete", do bonde... Quem não assistiu às festas da Capela ou quem não passou as tardes de domingo num "dedo de prosa" na Confeitaria não, quem não tiver quem conte, nunca vai poder imaginar... UM BAIRRO CHAMADO PIEDADE.
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Construção de 1894 na Rua Gomes Serpa. Quase 100 anos depois o jeito antigo permanece.
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"Vi o crescimento do bairro: novas construções, o calçamento da Avenida Suburbana, a princípio de paralelepípedos e, depois, de asfalto". Arlindo Ernesto Mori - Há 64 anos em Piedade
"Somente permaneceram as famílias mais conservadoras, como é o meu caso, que acho que quando estou fora de Piedade me sinto como um peixinho fora d'água... Adoro o meu Bairro!". Lilian Ferreira Rocha - Há 56 anos em Piedade
"Havia poucos telefones. As pessoas que tinham um aparelho chamavam os vizinhos para o uso". João Rodrigues - Morou em Piedade de 1929 a 1954
"Há quinze anos atrás, mais ou menos, Piedade viveu sua 'fase de ouro'". Fernando Alves do Amaral - Há 34 anos no bairro
"Ein certa ocasião houve um movimento no bairro para que a casa do poeta Cruz e Souza não sofresse modificações... Os moradores antigos foram morrendo, os filhos foram saindo do bairro". Estella Dias Fernandes - Há 78 anos em Piedade
"Muitas famílias vão morar na Tijuca, Méier, outros bairros, reclamando que Piedade não tem comércio e diversão. Tempos depois vem o arrependimento: i á ninguém me conhece, só compro pão pagando antes no caixa'. Ficam com saudades... têm vontade de voltar. Eu nunca tive vontade de sair de Piedade. Viajo muito, mas volto sempre para cá..." Sílvio Cardoso - Há 50 anos no bairro
De um lado (esquerdo)., a Fábrica de Móveis Goiás, em atividade desde 1930; do outro (direito), a Padaria Piedade que já completou um século vendendo pão.
"De comércio muito fraco Por ser residencial Um progresso muito lento Cortado pela Central Gente boa mora aqui Seu motivo principal Piedade é para mim Um lugar especial..." Silvério Lopes - Há 70 anos no bairro
"O Waldomiro de Oliveira, dono da Tinturaria Flor da Esperança vendeu o ponto para um português que a transformou nume loja de ferragens e, depois, modificou para um bar". Silvio Cardoso - Ha 50 anos no bairro.
A Padaria e Confeitaria Ponto Chie permanece quase sem alterações desde a década de 20.
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m m Na esquina das ruas João Pinheiro e Tereza Cavalcanti, uma construção de 1900 que já foi mercearia e hoje é bar.
A Chácara de Assis Carneiro é hoje o Várzea Tênis Clube. • W
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"Onde é hoje o Várzea Tênis Clube, lá no final da rua Torres de Oliveira, era a residência de Assis Carneiro". Silvio Cardoso - Há 50 anos ern Piedade "A fazenda da Assis Carneiro era o 'brinco de ouro' da Piedade. A casa dele era esta que está aqui agora. A original foi ocupada pelo Sr. Costa e, depois, pelo Asilo Tereza Cristina". Oswaldo António da Silva - Há 78 anos em Piedade
A Confeitaria Porta da Lua, entre outros estabelecimentos comerciais, deu lugar à Refinaria Piedade, que fabrica o Açúcar União.
"A Usina de Açúcar tomou uma grande extensão da área nobre do comércio da Piedade. A padaria "Porta da Lua" desapareceu. Naquela área, eram rotineiros os passeios de sábados e domingos. Havia dois cinemas: o "Jovial" e o "Piedade", que davam muito movimento ao bairro. O espaço onde se localiza o "Jovial" também foi ocupado pela Usina".
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João Rodrigues - Morou 25 anos em Piedade
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"Antigamente a 'Porta da Lua' tinha um bar atrás, onde ocorria reunião de alguns políticos. Mas, depois a frequência foi caindo, principalmente quando acabou o bonde. Depois, a Usina comprou a 'Porta da Lua'". Fernando Alves do Amaral - Há 34 anos em Piedade
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A Igreja do Divino Salvador, célebre por seus vitrais, começou a ser construída em 1910.
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"A Igreja, na década de 50, tinha uma importância maior, inclusive a Igreja da Capela vivia sempre iluminada".
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"A Universidade trouxe grande movimento de pessoas de outros bairros". João Rodrigues - Morou 25 anos no bairro
"Luiz Gama Filho começou a interação com o bairro através do Carnaval. O Gama fez monumentais coretos no Largo da Piedade... participava de todas as atividades importantes para o bairro, sempre com a família". Aldacyr Hill - Há 66 anos no bairro
"Não vi muitas mudanças nas construções do bairro, não cresceu, continua o mesmo que era há uma infinidade de anos. Só mesmo a Universidade. As outras construções continuam do mesmo tipo". Bráulio Sá Barbosa - Ex-condutor do bonde 77
Universidade Gama Filho, entrada principal.
Em 1972, a Universidade Gama Filho amplia seu campus. Ao fundo, o carรกter residencial do bairro.
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"Várias lojas pegaram fogo na década de 70. Havia um rapaz em Piedade que roubou uma caixa de alho. Foi preso, pois o dono do armazém reconheceu a tal caixa na feira. Depois de solto, prometeu terminar com o comércio local. Entrava pelo telhado, roubava e deixava uma vela acesa. Guardava em casa o material roubado e voltava para apreciar o incêndio. E assim foi em várias casas de comércio: a farmácia, a casa de retalhos, a quitanda, a loja de tecidos e a casa de calçados. Na última, o incêndio não ocorreu, por sorte. E o rapaz foi preso. A minha loja era mais adiante no número 53 da Assis Carneiro. Vendia confecção para toda família, jóias, linho e outros artigos importados. Com o incêndio, acabou tudo. Abri outro "O Vulcão da Piedade" " . Sílvio Cardoso - Há 50 anos no bairro
A Praça da Piedade é, desde 1976, o Larzo Gonzaga da Grama Filho.
"Havia um grande público para o Teatro do Colégio Piedade. Tínhamos que fazer mais de três apresentações. O Gama retirava as carteiras do galpão e aos sábados, os alunos, de vassoura na mão, deixavam o teatro brilhando. A comunidade participava demais". Aldacyr Hill - Há 66 anos no bairro
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"O River é o principal Clube do bairro, situado na rua João Pinheiro, 426. Mais de uma vez tentou-se a prática do teatro. Mas foi um sonho. O apoio da sociedade foi abaixo da crítica". Francisco Ferreira Lima - Há 31 anos no bairro
Piedade ainda permite a sobrevivência da pequena mercearia que funciona há mais de 100 anos na Rua Gomes Serpa.
"Abri minha farmácia aqui na Piedade em julho de 1961, a Farmácia Itamiz. O relacionamento do farmacêutico com o público era o melhor possível. Ele era um confidente das famílias". José de Abreu Lopes - Há 30 anos no bairro
"Antigamente as pessoas se davam mais, os moradores de uma mesma rua se conheciam bem. Hoje, é mais difícil. As pessoas chegam e saem, não conversam muito. O movimento do bairro mudou bastante. A televisão tirou muita gente da rua. A maioria mora aqui, mas trabalha em outros lugares" João Rodrigues - Morou 25 anos em Piedade 110
Algumas tábuas de obras com trinco de eram o suficiente para cercar o terreno e guardar os instrumentos de percussão que acabou sendo balizado como Bloco
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Profusão de estilos no velho casarão da Rua Clarimundo de Melo.
"Quando nós fomos ao Chacrinha e ganhamos prémios, o nome do conjunto era Renato e Seus Blue Caps da Piedade... O nome ficou assim porque era concurso de bairros". Renato Gomes Vieira de Barros - Morou em Piedade de 1943 a 1966
"Aquele Posto de Gasolina na Rua Manuel Vitorino, é onde ficava o Cinema Piedade". Jorge Antunes - Há 54 anos em Piedade
"A linha do trem não era murada, os trilhos passavam nas ruas. O muro da Central veio dividir, separar a Piedade". Huron de Souza Meirelles - Há 54 anos no bairro
'Piedade era pobre, mas todos aqui se entendiam. Era um bairro bem bonitinho". Lilian Ferreira Rocha - Há 56 anos no bairro
Rua Adalgiza, 22. A residência mais antiga do bairro, cuia construção data de 1870.
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Notas (1) Através de Ato Adicional a Regência Trina Permanente criou, em 12 de agosto de 1834, o Município Neutro, separando-o da Província do Rio de Janeiro para centralizar a administração e controlar as revoltas locais. (20) GUIMARÃES, Almir Ribeiro, frei. Almanaque do Sagrado Coração de Jesus. 36. Petrópolis, Vozes, 1975. (3) SALVADOR, Vicente do, frei. História do Brasil - 1500-1627. 6 ed. S. Paulo, Melhoramentos, Brasília, MEC. (4) A Freguesia de N. Sa. da Apresentação de Irajá abrangia o atual bairro de Irajá; Jacarepaguá desmembrada em 1661; Campo Grande em 1673; Engenho Velho em 1795; Inhaúma em 1743; Realengo e Madureira em 1926; Anchieta, Pavuna, Penha e Piedade em 1932 (Decreto 3816 de 23 de março). In Noronha Santos, ob. cit, p. 80. (5) A Freguesia de N. Sa. da Apresentação de Irajá foi criada em 30 de dezembro de 1644 e confirmada pelo Alvará de 10 de fevereiro de 1647, consignado para o pároco a Côngua de 20$000 (vinte mil réis). (6) ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro. Memórias Históricas
do Rio de Janeiro, v. 3. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1945, p. 13. Deve-se assinalar que a Capela N. Sa. da Piedade erigida por Manuel Jordão situava-se no Engenho Novo, distante mais de duas léguas da I a Capela Filial de Nossa Senhora da Apresentação. A Capela de Nossa Senhora da Piedade era a 3 a Capela Filial da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. (7) A Freguesia de S. Tiago de Inhaúma foi doada em 1684 pelo Padre Custódio Coelho a Clemente Martins de Matos. A Igreja da Matriz foi inaugurada em 1745 e reformada em 1780. In Noronha Santos, ob. cit, p. 78. (8) GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio de Janeiro, ob. cit., p. 556. (9) Idem, p. 557. (10) Idem, p. 556. (11) A Capela de N. Sa. da Piedade foi edificada por despacho de 6 de novembro de 1879. Aberta e inaugurada por provisão de 26 de outubro de 1882. Elevada à categoria de Património em 7 de dezembro de 1888. Maiores informações na obra Arquidiocese de
S. Sebastião do Rio de Janeiro - subsídios para a história eclesiástica do Rio de Janeiro e do Brasil, de autoria do Monsenhor António Alves Ferreira dos Santos, ed. 1914.
afirme que devemos a Catulo, a queda do preconceito que vedava, a entrada da 'modinha' em casa de família de certa distinção". In EDMUNDO, Luiz - O Rio de Janeiro do meu Tempo: Ed. Conquista; RJ; 1957.
(12) CRULS, Gastão. Aparências do Rio Antigo, ob. cit. 243. (13) Almanaque Suburbano. 1941, n° 1, ano I, p. 26. (14) NORONHA SANTOS e AGENOR, Francisco. Meios de transporte no Rio de Janeiro. RJ. Typ. Jornal do Comércio, 1934, v. I, p. 483. (15) ABREU, M. Evolução urbana do Rio de Janeiro, ob. cit, p. 54. (16) Idem, p. 54. (17) Páginas Amarelas, 1985, p. 34. (18) Apertado entre Piedade e Cascadura, Quintino havia sido a estação de Cupertino, o grande fornecedor de pedras às construções do Rio, dono de uma pedreira enorme no fim da Rua Arquias Cordeiro. Somente apartir damorte de Quintino Bocaiuva, em 1912, passou esse subúrbio a ser chamado de Quintino Bocaiuva em homenagem ao parlamentar e comandante civil do movimento de 15 de novembro que possuía sua chácara ali perto, a dois passos do trem. In GERSON, Brasil, História das Ruas do Rio de Janeiro. (19) "É por esse tempo que surge Catulo da Paixão Cearense, mais tarde consagrado como o maior poeta regional do Brasil... Há quem
(20) A presença dos Padres Salvatonanos no Brasil, deve-se a um pedido feito ao Fundador dos Padres Salvatonanos em Roma, pelo bispo de Niterói, D. Francisco do Rego Maia, em 1896. O Pe. Jordan, atendendo ao pedido, enviou dois padres, já em 1896. Em 1897 enviou mais dois. Esses padres encontraram muitas dificuldades no interior do Estado do Rio. Esta primeira comunidade não sobreviveu, desligou-se da sociedade do Divino Salvador e passou para o clero diocesano. Mas o fundador não desistiu; 4 anos depois, 1901, enviou de Roma, um sacerdote recém-ordenado, Pe. Felisberto Shubert, que consegue estabelecer a comunidade na chácara do Vintém, no Méier. Em 1905 a comunidade se transfere para a Piedade, se estabelecendo ao lado da Capela N. Sa. da Piedade. Mais tarde a comunidade se instala em um terreno comprado a Rua Berquó (atual Divino Salvador. Em 1913 inaugura-se a residência dos padres que funcionou uma parte como escola. Esses padres jovens e imbuídos do ideal missionário conseguem solidificar a presença dos padres Salvatonanos no Rio de Janeiro e no Brasil. In Jubileu de Ouro da Paróquia Divino Salvador, Rio de Janeiro, 7 de abril de 1986. (21) Declarações de "Pixingumha" ao Museu de Imagem e do Som -Nasceu em 23 de abril de 1898 no bairro Piedade. A rua, não pode precisar. Para o irmão Léo foi na Rua Alfredo Reis, mas para João da Baiana e Donga foi na Rua Gomes Serpa. O número da casa ninguém sabe ao certo.
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SPLX, J.B. Von & Martius, C.F.P Von, Viagem pelo Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa nacional, 1938. a<ji UNIVERSIDADE DO BRASIL. 4 Séculos de Cultura - O Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Universidade do Brasil, 1966. Almanaque Suburbano. 1941, n° 1, ano I. Páginas Amarelas, 1985.
Agradecimentos Almir Ferreira Bezerra Aldacyr Guimarães Hill Arlindo Ernesto Mori Avelino Contini (Pe.) Bráulio Sá Barbosa Carlos Barreto Carlos Monteiro Cristina Azevedo Dante Sampaio Diva Machado Emílio Amélio Siquara Estella Dias Fernandes Fernando Alves do Amaral Francisco Ferreira Lima Gerson da Silva Martins Gladstone da Silva Figueira Huron de Souza Meirelles Inah de Paula Ramos Capanema João dos Santos Sales (Pe.) JoãoB. Rodrigues Joel Tostes Jorge Antunes José de Abreu Lopes
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José dos Santos (Pe.) Leonor Antunes Porto Lilian Ferreira da Rocha Modesto Dias de Abreu e Silva Newton Pinheiro da Morta Oswaldo António da Silva Renato Gomes Vieira Barros Rosalvo de Araújo Guimarães
Rubem Siqueira Campos Rubens Ferreira Polónia Silvério Lopes de Menezes Silvina Ferreira Goulart Silvio Cardoso Sylvio Capanema de Souza neto Wanda Soares Waldemir de Souza Almeida
Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro Axquivo Nacional Biblioteca Nacional Centro da Memória da Eletricidade no Brasil Centro de Preservação da História Ferroviária-RJ Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB Fundação Casa de Rui Barbosa Museu do Bonde Museu Imperial Refinaria Piedade S/A XIII Região Administrativa - Méier XV Região Administrativa - Madureira
\Jueremos ser - e cada vez mais ser uma instituição . >\ :.'. Io à altura da dimensão do homem como portador de valores intelectuais, mora piriiuais, transitórios - ms, permanentes outros, mas de qualquer forma valores refen : ao que de mais ' • - - :-nte existe para o conhecimento, a felicidade e a dignidade :>/ZÍI criaturas. Ali para esse ponto que caminhamos. E aofazê-lo, pensamos, ao mesmo tempo, em nós e nos outros. Nos outros que já se foi c -pois que deixaram muito trabalho frutificado nos muros e nos prédios, nos objetivos e n. - ultados da Instituição. Nos outros que aí estão e que labutam conosco no dia-a-dic, entando a chama, m: • ,- :; o ritmo e sonhando o amanhã. Nos outros que aina > 'o e que hão de encor ' cada vez mais , firme em seus fundamentos, a casa de Ga " : ilho, casa da comuniãc ';ji
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ários antigos moradores do bairro ainda se lembram bem do itinerário do "Piedade": safa da esquina da Assis Carneiro com a Manuel Vitorino e ia pela Clarimundo de Melo até o Encantado. Do Encantado até o Engenho de Dentro, pela Amaro Cavalcanti. Dobrava à direita e seguia pela Adolfo Bergamini. Quando chegava à esquina com a Arquias Cordeiro, onde havia o botequim "Chave de Ouro", descia a Dias da Cruz, até o Meier... Era nos bondes que o carioca, principalmente o suburbano, fazia o seu melhor Carnaval de rua. E, dentre os mais animados, o "Piedade" se destacava. O bonde safa do ponto às seis horas e corria a "Suburbana" inteirinha, todo enfeitado, dando início ao Carnaval. Era a abertura do reinado de Momo no subúrbio. A cada parada, os foliões desciam para "sambar" um pouquinho. E dava gosto ver a felicidade estampada no rosto das jovens que viajavam nos estribos, seguras aos balaústres. A impressão que se tinha era a de que elas alimentavam o desejo 362 dias por ano, para concretizá-lo naquelas horas de folia. Mas os bondes pararam. E o Carnaval jamais voltou a ser o que era. "Seu condutor, dim-dim!, pare o bonde p'ra descer"... a nossa saudade.
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