"Loucos por livros" TAG Inéditos - Dezembro/2022

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DEZ 2022 LOUCOS POR LIVROS

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Otítulo deste mês cai feito uma luva para o nosso clube, não é mesmo? Afinal, todos aqui, em alguma medida, somos “loucos por livros”. Se essa paixão é o que nos une, é também o que conecta os personagens da história criada pela norte-americana Emily Henry. Na trama, Nora Stephens e Charlie Lastra são dois profissionais do mercado editorial que se veem envolvidos em uma série de coincidências.

Só por essa descrição, você já deve ter percebido que o romance que tem em mãos é uma comédia romântica. Mas o mais interessante é que Loucos por livros vem na esteira de uma série de produções literárias e cinematográficas que apostam na reno vação de fórmulas mais convencionais desse gênero.

É sobre as mudanças perceptíveis hoje nas comédias românticas que a roteirista, redatora e dramaturga Livia Piccolo se debruça em matéria que publicamos nesta edição. Nas páginas a seguir, você confere ainda uma apresentação do livro do mês assinada pela jornalista Mariana Soletti, entre outros conteúdos para aprofundar a sua experiência.

Boa leitura!

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DEZ 2022
12 Saiba mais 16 Para ir além 18 Especial A autora do mês O livro do mês 6 Por que ler o livro 4 Experiência do mês sumário 20 Agenda

OUVIR PLAYLIST

VAMOS LER Loucos por livros

Criamos esta experiência para expandir sua leitura. Entre no clima de Loucos por livros colocando a playlist especial do mês para tocar. É só apontar a câmera do seu celular para o QR Code ao lado ou procurar por “taglivros” no Spotify. Não se esqueça de desbloquear o kit no aplicativo da TAG e aproveitar os conteúdos complementares!

A jornada começou! Leia até a página 20 Depois de um desastroso término, Nora Stephens tem uma reunião de trabalho desconcertante. Logo, logo, conheceremos seu livro favorito (o que você vai entender lá no final de Loucos por livros!). Vamos adiante?

Leia até a página 60 Libby e Nora decidem embarcar em uma aven tura no interior da cidade de Só uma vez na vida. Libby decide que a irmã precisa de diversão na viagem, criando uma lista de atividades. Na cidade zinha de Sunshine Falls, Nora Stephens reencontra um conhecido que deixou péssimas impressões. O que ele está fazendo lá?

Leia até a página 112 A relação de Nora e Charlie começa a tomar rumos diferentes. Será que eles escapam de uma paixão?

Leia até a página 290

As dificuldades enfrentadas por Libby fazem Nora se abrir com Charlie. Assim, ambos vão descobrindo as vulnerabilidades de cada um.

Leia até a página 376 Virar a página é o que importa para Nora Stephens. Seis meses mais tarde, ela tem o seu final feliz — não o con vencional nem aquele que ela sempre sonhou, mas com um surpreendente clímax.

4 EXPERIÊNCIA DO MÊS
Marque a cada parte concluída

projeto gráfico

O Cupido presente na capa do livro do mês aparece, com doses de ironia, como uma referência ao ceticismo da protagonista quanto à própria vida amorosa. A paixão que ela nutre pela literatura não poderia ficar de fora do projeto — por isso, a designer Kalany Ballardin, do estúdio Foresti Design, desenvolveu uma padronagem de livros para a capa da revista que sintetizam tanto o período em que Nora morou em cima de uma livraria quanto a sua atuação no mercado editorial. As cores vibrantes simbolizam as múltiplas emoções vivenciadas pelas irmãs Nora e Libby. Por fim, o objeto livro também ganha destaque na luva com uma padronagem que remete a papel marmorizado, utilizado sobretudo em guardas mais antigas.

mimo

Já no clima de virada de ano, o mimo do mês é o calendário de mesa 2023! O tema que abraçamos nesta edição é “Pets na Literatura” — afinal, seja como protagonistas ou figurantes, os bichinhos sempre abrilhantam as narrativas dos livros. A cada novo mês, você é convidado a rememorar enredos com a participação de pets emblemáticos! As ilustrações são de autoria da designer Nicole Bustamante (www.nicolebustamante.work).

Loucos por livros pode ter terminado, mas a experiência não! Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e escute o episódio de nosso podcast dedicado ao livro do mês. No aplicativo, confira também a nossa agenda de bate-papos.

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5 EXPERIÊNCIA DO MÊS
OUVIR PODCAST

Loucos por livros

“Uma das minhas autoras favoritas.”

Colleen Hoover, autora de Todas as suas (im)perfeições

“Os gracejos espirituosos característicos de Henry diferenciam Loucos por livros na atual safra de comédias românticas.”

The Washington Post

“Ao contemplar e subverter abertamente tropos e arquétipos de romance [...], o livro oferece uma reflexão cômica perspicaz sobre amor, família e sobre seguir os próprios caminhos.”

NPR

6 POR QUE LER O LIVRO

Por que ler o livro

Lançamento mais recente da autora best-seller Emily Henry, Loucos por livros é uma comédia romântica que foge das fórmulas mais convencionais do gênero — e que brinca com esses padrões a partir de recursos metaliterários. Cheia de ambivalências, Nora Stephens, a protagonista, está longe de ser uma heroína idealizada. Os personagens em sua órbita são construídos com a mesma complexidade, o que torna a trama arejada e surpreendente.

Sentimentos ambivalentes

Loucos por livros tem como protagonista uma mulher bem-sucedida que, em meio a uma experiência de luto, se questiona se há espaço para o amor

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Mariana Soletti é formada em Jornalismo e Letras/ Inglês pela PUCRS, cursa Letras/ Português e é doutoranda em Teoria da Literatura pela mesma universidade. Trabalha com redação e revisão textual, e pesquisa literatura em língua inglesa e psicanálise.

m Fragmentos de um discurso amoroso, Roland Barthes diz que as histórias de amor são as mais pertinentes na literatura. Você, provavelmente, deve se lembrar de casais icônicos retratados em Orgulho e preconceito, de Jane Austen, O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e na trilogia O tempo e o vento, de Erico Verissimo. O que esses casais têm em comum é visto em outras obras: o amor se faz pela espera. Barthes entende que é essa espera que faz o amor — não necessariamente pela chegada do(a) amado(a), como ocorre com Mariana em Medida por medida, de Shakespeare, mas pela faísca que inicia o sentimento. Em Loucos por livros, livro enviado pela TAG este mês, Nora Stephens é uma mulher bem-su cedida no mercado da literatura. Em seus rela cionamentos, tende a ser racional, o que alguns poderiam classificar como frigidez. Ela perdeu a mãe recentemente e precisa cuidar da irmã, Libby, que ainda não superou a perda. Nora tem trau mas de relações passadas e, por isso, não parece esperar por nada além de uma sessão de bicicleta ergométrica em casa. No entanto, como um livro, o enredo das nossas vidas pode surpreender. Como tentativa de alegrar a irmã, as duas saem em viagem para Sunshine Falls, palco do best-seller Só uma vez na vida. Na cidade pequena, Nora reencontra Charlie Lastra, que, no começo do romance, tem uma reunião desastrosa com ela em um almoço nova-iorquino. Dois anos antes, em uma

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conversa repleta de cinismo, o editor recusou um dos livros mais célebres de uma das agenciadas de Nora. Agora, eles têm a possibilidade de redescobrir as suas compatibilidades fora da cidade grande. Para Nora, a ansiedade do amor, como defini ção barthiana, aparece: ele seria um luto (o que corrobora ainda mais a história da personagem!) pelo que já será perdido. Desde a origem do amor, desde os momentos mais felizes, sabemos que podemos perdê-lo a qualquer momento. Assim, o amor nos atrai. Por causa da morte da mãe e da instabilidade de Libby, Nora fica constantemente insegura e angustiada pelo fim. À morte, aliás, Barthes dedicou uma de suas obras mais bonitas, Diário de luto, escrito depois do falecimento da mãe, que também discute o luto antecipado como sua "razão de viver".

O que nos espera no final de uma história? Em Loucos por livros, a espera é cadenciada. Como com Nelly e Heathcliff de O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë, sua construção é feita pela distância e por sentimentos ambivalentes. Em dado momento, a protagonista reflete: “É isso que estou procurando toda vez que leio direto o final de um livro, buscando compulsivamente uma prova de que, em uma vida onde tantas coisas saíram errado, tam bém pode haver beleza. Que sempre há esperança, não importa o que aconteça”. Resta-nos, portanto, desbravar as páginas de Emily Henry e descobrir o desfecho da procura empreendida por Nora.

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Quem é Emily Henry?

Com livros que são sucesso de vendas pelo mundo, a autora norte-americana iniciou a carreira voltada à ficção young adult e, desde 2020, aventura-se na literatura adulta

Best-seller do New York Times, a autora norte-americana tem 32 anos e estudou Escrita Criativa na Hope College e no New York Center for Art & Media Studies. Atualmente, vive em Cincinnati, no estado de Ohio. Iniciou a carreira dedicando-se à ficção young adult — seu livro de estreia, O amor que partiu o mundo (2016), lançado no Brasil pela HarperCollins, gira em torno dos mistérios que cercam uma garota que acaba de concluir a escola e está prestes a deixar para trás a cidade onde cresceu para cursar a faculdade de seus sonhos.

O mundo literário marca os enredos da incursão de Henry pela ficção adulta, que teve início em 2020 com Leitura de verão, romance protagoni zado por Augustus e January, dois escritores de perfis bem distintos que, instalados em casas de praia vizinhas, precisam lidar com um bloqueio criativo. Lançado em 2021, De férias com você mostra dois amigos — uma garota rebelde que ama viajar e um rapaz que tem como hobby ficar em casa lendo — que, há dez anos, embarcam juntos para uma semana de férias a cada verão até que um acontecimento os faz deixarem de se falar. Loucos por livros, que a TAG envia agora em parceria com a editora Verus, é o mais recente lançamento da autora, que já tem outro romance previsto para 2023 — Happy Place, sobre um casal que se separa e faz um pacto para fingir aos amigos, durante a tradicional semana de férias do grupo, que ainda estão juntos.

Henry é ativa nas redes sociais e, em seu Instagram (@EmilyHenryWrites), frequentemente compartilha dicas de leitura e fala de seu processo criativo. Quando, por exemplo, um seguidor lhe

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perguntou onde encontrava inspiração, ela respon deu: “Verdadeiramente em todos os lugares. Às vezes, é um sentimento sobre o qual quero escrever ou um cenário específico que parece adequado para um certo tipo de história. Às vezes, começo com um artigo científico ou um divertido cenário hipotético. Você também pode tentar misturar duas coisas que ama e ver o que consegue!”. Sobre bloqueios criativos, a autora afirmou: “Livros são quebra-cabeças. Às vezes, as peças se encaixam na ordem errada, mas continue passando por elas que, em dado momento, você verá o que é preciso fazer”.

A AUTORA DO MÊS
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A autora do mês, Emily Henry. Crédito: Devyn Glista/ St. Blanc Studio

Rindo das convenções do amor

Loucos por livros, de Emily Henry, vem na esteira de outras comédias românticas que apostam na renovação de fórmulas

"D estino é algo que inventamos porque não suportamos saber que tudo na vida é aciden tal.” Quem defende a ideia é a jornalista Annie Reed, protagonista da comédia romântica Sintonia de amor, filme de 1993 escrito e dirigido por Nora Ephron, considerada uma mestra do gênero. Annie explica para a mãe como conheceu seu noivo, editor do jornal em que trabalha. Ambos encomendaram sanduíches iguais no mesmo lugar, coincidência que os aproxima pela primeira vez. “Tomamos um milhão de decisões insignificantes e, um dia, uma comida encomendada muda nossa vida”, Annie completa. “O destino assume o comando”, a mãe responde. Annie não vê sentido no conceito de destino, mas acredita em um grande amor para toda a vida.

Livia Piccolo é roteirista, redatora e dramaturga. Tem graduação e mestrado na Escola de Comunicações e Artes da USP e mais de 10 anos de experiência ministrando aulas de dramaturgia, roteiro e literatura. Escreveu peças de teatro, roteiros de curta-metragem e fez pesquisas criativas diversas. Atualmente, roteiriza e apresenta o canal da editora Antofágica, abordando discussões sobre literatura e narrativas audiovisuais.

O gênero das comédias românticas foi larga mente explorado pelo cinema e pela literatura, gerando histórias memoráveis que, em diferentes períodos históricos, abriram conversas sobre o modo como procuramos o amor. Estamos desti nados a amar pessoas específicas durante a vida ou as relações são obra do acaso? Representações idealizadas do amor ainda fazem sentido atualmente, com tantos aplicativos de relacionamento e quebras de paradigma acerca do casamento, da monogamia e das relações de gênero? Relações românticas devem ser o centro da vida? Ou as amizades e o trabalho são mais recompensadores, dando con torno e sentido mais firmes à existência? Essas são algumas das perguntas surgidas nas discussões culturais recentes. Vale dizer que, felizmente, não existem respostas fáceis ou absolutas.

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Ainda hoje, há quem considere a comédia romântica um gênero menor, alegando que a representação que ela faz das relações afetivas é desprovida das nuances e complexidades da vida tal como ela é. O argumento pode ser refutado quando trazemos à tona um dos mais famosos autores de comédias românticas: William Shakespeare. A comédia dos erros, Sonho de uma noite de verão e A megera domada são algumas entre elas. Esta última, aliás, inspirou o filme 10 coisas que eu odeio em você, comédia romântica de 1999 que marcou os adolescentes da década de noventa. Com suas tramas engenhosas, diálogos afiados e personagens cativantes, Shakespeare é considerado um dos precursores do gênero. É claro que, para nós, leitores e leitoras do século XXI, situações e desfechos criados pelo dramaturgo soam, por vezes, previsíveis; não poderia ser diferente após décadas de histórias que, necessariamente, precisam dar aos personagens principais um final feliz.

Outro nome incontornável quando o tema é comédia romântica é Jane Austen, autora de clássicos como Orgulho e preconceito, Razão e sensibilidade e Persuasão. As tramas de casamento se tornaram populares nos romances dos séculos XVIII e XIX e, através da perspectiva de Jane Austen, começaram a esboçar timidamente a autonomia e a agência femininas. Elizabeth Bennet, protagonista de Orgulho e preconceito, quer observar e julgar os homens com sua própria cabeça, defendendo e

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Sintonia de amor, filme de 1993.

firmando sua capacidade intelectual. Lizzie Bennet e o Sr. Darcy, um dos casais mais amados da literatura, ecoam no icônico filme Harry e Sally — feitos um para o outro, escrito por Nora Ephron e dirigido por Rob Reiner em 1989. Lizzie e Darcy começam a história sentindo desprezo um pelo outro, assim como Harry e Sally.

O mesmo recurso narrativo aparece em Loucos por livros, de Emily Henry. No prólogo, somos apre sentados à agente literária Nora (é provável que o nome seja uma homenagem a Nora Ephron) e ao editor Charlie. Ambos estão se vendo pela primeira vez em um almoço de trabalho e, já nos primeiros instantes da interação, um clima azedo paira no ar. Nora e Charlie se reencontrarão algum tempo depois, como previsto. Mas o modo como nasce o afeto entre eles indica algumas mudanças em relação aos sentidos que a comédia romântica pode ter na cultura contemporânea, em especial quando colocamos o papel da mulher em foco. Porém, antes de avançar na conversa sobre a Nora de Loucos por livros, vale explicar o fundamento desse gênero.

O que caracteriza, afinal, uma comédia român tica? O jornalista e crítico norte-americano Scott Meslow, autor do recente From Hollywood with Love: The Rise and Fall (and Rise Again) of the Romantic Comedy (livro ainda não publicado no Brasil), oferece uma resposta clara. Trata-se de uma história em que há uma trama de amor que, neces sariamente, nos faz rir. Isso não significa que não possam existir momentos de drama, mas o humor prevalece. A conceituação de Meslow serve tanto ao cinema quanto à literatura e dá impulso para pensar a mudança do gênero ao longo das décadas. Pouco tempo atrás, as comédias românticas nos faziam rir com personagens que, a despeito das dificuldades, colocavam o amor em primeiro lugar. Aqui há um ponto que merece atenção. Em diversas histórias, ter uma relação afetiva é a busca principal dos per sonagens. Lizzie Bennet quer um bom casamento. Sally Albright cai em prantos ao se dar conta de que está solteira aos 32 anos. Anna Scott, protagonista de Um lugar chamado Notting Hill, outro icônico

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Heath Ledger e Julia Stiles em 10 coisas que eu odeio em você.

filme da década de noventa, diz o seguinte: “Sou só uma garota, em frente a um garoto, pedindo a ele que a ame”. Anna Scott, interpretada por Julia Roberts, é uma atriz famosa e bem-sucedida, seus filmes enchem as salas de cinema. Porém, Anna se descreve como uma garota que precisa desespera damente de um pouco de amor. O recado cultural das comédias românticas é transparente: sem o amor, somos pouco. Mulheres, então, menos ainda. Nora, de Loucos por livros, dá outros matizes à mesma questão. Ela diz sem rodeios que não gosta de ficar sem trabalhar; para Nora, o centro da vida não é o amor. Ela é uma mulher competente, ambiciosa, que gosta de ser bem-sucedida e preza por realizar seu trabalho da maneira mais excelente possível. Não gosta sequer de viajar. A personagem representa um novo momento, no qual mulheres não querem pedir desculpas por serem quem são ou desejarem para si próprias mais do que um par romântico. Historicamente, a comédia român tica coloca em cena personagens brancos heterossexuais, e as narrati vas atuais têm procurado arejar esse aspecto. Tramas com diversidade de raça, classe e gênero estão ganhando as páginas e as telas, como o sucesso Crazy Rich Asians, de 2018, filme base ado no romance de mesmo nome de Kevin Kwan, e Alguém avisa?, de 2020, comédia romântica lésbica com Kristen Stewart no papel principal. Comédias românticas, por definição, são um gênero esperançoso. Segundo Scott Meslow, “elas dizem que você deve ser você mesmo, deve se agarrar aos seus sonhos (mesmo quando eles não fazem sentido) e — acima de tudo — acreditar no amor verdadeiro, porque ele sempre pode estar virando a esquina”. Uma boa comédia romântica pode ser um espaço seguro para esquecermos por algum tempo o cinismo do mundo e, por que não?, lembrarmos que o amor — ao menos na ficção! — vale a pena.

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Vínculo fraterno

Um dos pontos altos de Loucos por livros é a amizade entre as irmãs Nora e Libby; no embalo do romance de Emily Henry, aproveite para conhecer outras obras que destacam as relações fraternais femininas

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

Um verdadeiro clássico sobre a relação entre irmãs, publicado em 1868, o livro gira em torno das personagens Meg, Jo, Beth e Amy, que, mais do que nunca, precisam estar unidas para lidar com as dificuldades causadas pela partida do pai para a guerra.

Razão e sensibilidade, de Jane Austen É quase impossível não pensar em Jane Austen quando se fala sobre irmãs na literatura. De 1811, Razão e sensibilidade mostra as personalidades contrastantes de Elinor e Marianne, jovens perten centes à pequena aristocracia inglesa. Cada uma à sua maneira, elas devem lidar, após a morte do pai e o consequente declínio financeiro, com uma série de desilusões em suas vidas.

A estrela de prata, de Jeannette Walls Autora best-seller norte-americana, Walls apresenta uma trama sobre duas irmãs inseparáveis, Liz e Bean, que são abandonadas pela mãe, uma aspirante a cantora e atriz na Califórnia nos anos 1970 que vai embora em busca de realização. De 2013, o romance foi publicado no Brasil pela Globo Livros.

A cor púrpura, de Alice Walker Vencedor do Pulitzer em 1983, o romance se passa no sul dos Estados Unidos entre 1900 e 1940 e tem como protagonista Celie, uma jovem pobre e negra que, após ser estuprada pelo padrasto e obrigada a casar com um viúvo violento, escreve cartas para Deus e para sua irmã, que atua como missionária na África.

16 PARA IR ALÉM

Anne,

Crédito:

Irmãs Brontë

A dica aqui não é propriamente de um livro, mas não resistimos… Como deixar de mencionar Anne, Emily e Charlotte Brontë, essas três irmãs tão presentes em nosso imaginário literário? Elas desenvolveram suas habilidades compartilhando histórias e brincando juntas durante a infância. Legaram romances inesquecíveis, como Agnes Grey, O morro dos ventos uivantes e Jane Eyre Uma curiosidade: seus livros foram publicados inicialmente sob pseudônimos masculinos.

O livro de janeiro da TAG Inéditos!

Não se preocupe, pois a trama é totalmente dife rente da de Loucos por livros, mas o nosso próximo livro também traz à tona a relação entre irmãs. Prepare-se para uma jornada emocionante com personagens que, depois de anos afastadas, preci sam confrontar o passado para seguirem em frente.

PARA IR ALÉM
Emily e Charlotte Brontë em pintura de Branwell Brontë, irmão das escritoras.
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National Portrait Gallery

Páginas memoráveis

Confira livros da TAG Inéditos que marcaram integrantes da nossa equipe em 2022

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recisamos admitir: por aqui, nós adoramos uma retros pectiva. Com o fim do ano se aproximando, não poderia ser diferente. Ao começarmos a elaborar a experiência de dezembro, passamos a questionar entre nós, nos bastido res, quais foram os nossos livros favoritos em 2022. Se a variedade de estilos e autorias é uma das marcas dos títulos enviados ao clube, podemos falar o mesmo da nossa equipe: há espaço para todos os gostos! Tem quem prefira um bom thriller, quem não resista a um drama histórico ou quem não abra mão de um livro mais feel-good, daqueles que acalentam o coração.

Ao longo deste último ano, temos a alegria de poder dizer que nosso “cardápio” foi bastante diversificado: da Índia à Antártida, da Galileia do século I a uma misteriosa Londres do século XVIII, dos Estados Unidos durante a escravidão ao Brasil contemporâneo, não faltaram narrativas emocionantes, cheias de reflexões e personagens marcantes.

É claro que a leitura dessas obras faz parte da nossa rotina de trabalho, mas, felizmente, por tabela, muitas delas também nos arrebatam pessoalmente. A seguir, confira as preferências de cinco colaboradoras da TAG.

Ah, também queremos saber qual foi o livro deste ano mais especial para você — acesse o app e conte lá para nós! Que venha 2023!

Júlia Corrêa, Editorial

Sue Monk Kidd e sua fascinante personagem Ana me con duziram por uma viagem memorável pela Galileia do século I. Com uma narrativa envolvente, construída a partir de uma ampla e consistente pesquisa histórica, O livro dos anseios comprova que é possível questionar dogmas sem desdenhar de crenças. Meses depois da leitura, as palavras de Ana, tão potentes, ainda ecoam em mim.

ESPECIAL 18

Rafaela Pechansky, Editorial

Eu estava de férias, em outubro de 2021, quando li Greenwich Park. A Rê Pettengil, uma editora e leitora de mão cheia, tinha me enviado alguns pdfs com o assunto “Acho que você vai gostar desses”. Quando terminei Greenwich Park, respondi: “Gostar? Eu amei!”. Sabia que ali estava um livro com a cara dos associados da TAG: uma história envolvente, cheia de plot twists, cujo final me fez literalmente gritar pela casa. Tive também a sorte de poder conversar em nosso podcast com a Mari Soletti, que trouxe muitos vieses psicanalíticos para que a gente pudesse investigar as personalidades e motivos dos personagens (principalmente, os de Helen). Tudo isso serve para provar que livros de suspense, “de entretenimento” podem não apenas entregar uma leitura leve de férias como também um meio para discussões sobre maternidade, idealização, arquétipos, megalomania.

Laura Zuanazzi,

Líder de Produto

Comecei o ano me perdendo nas pinturas e ervas da Lakshmi, estranhei e depois me apaixonei pela Verônica, lutei com Ana, me revoltei com Daniel e com o conservadorismo de Água Doce, aprendi sobre poções, enlouqueci com Rachel, Ellen e Serena… Mas foi na companhia de Pheby que eu senti o maior dos golpes. Senti a literatura empurrando os meus órgãos, expulsando sentimentos. Pheby acorda os que dormem, relembra os que esquecem. É uma leitura dolorida e, tristemente, é dolorida por representar tão bem a realidade. É nosso papel reparar a dívida histórica que temos com a população negra. Eu realmente espero que, ao ler Pheby, mais e mais pessoas enxerguem isso.

Sophia Maia, Experiência

Eu sou bem apaixonada por thrillers e foi muito bom ler um romance desse tipo ambientado no Brasil, ainda mais com tantas referências familiares à cultura negra e LGBTQIA+. Eu terminei O beijo do rio em seis horas, porque não conseguia largar, fiquei obcecada, eu precisava descobrir o que tinha acontecido com Romeu! Foi uma experiência ótima também porque esse romance me apresentou o Volp, escritor dessa obra e de outros livros igualmente incríveis.

Isabela Borrelli, Grow

A pintora de henna foi o meu livro favorito do ano porque não é só uma história, é uma experiência sensorial. Enquanto lia, não importava onde estivesse — em casa, no metrô, no parque —, bastava abrir o livro para ser envolvida por músicas, cheiros e cores que eu nunca vi antes. Fica a recomendação para todos que desejam dar um pulo na Índia e, claro, se apaixonar (e passar nervoso) com as aventuras de Lakshmi.

ESPECIAL 19

vem aí

encontros TAG:

Guia de perguntas sobre Loucos por livros

1. Quais são as suas impressões sobre a personalidade da protagonista?

2. Reflita sobre a amizade entre Nora e sua irmã, Libby. O que muda entre elas ao longo da história?

3. Qual você considera a cena mais marcante protagonizada por Nora e Charlie?

4. Compare Loucos por livros com outras comédias românticas mais tradicionais. Quais você considera as principais inovações do livro de Emily Henry? Leia a matéria da página 12 e discuta a questão.

5. O que você achou do desfecho da trama? O que proporia se pudesse dar continuidade à história?

janeiro

O primeiro livro do ano é um drama ambientado na Nova Zelândia. A narrativa apresenta duas irmãs que, afastadas por motivos obscuros, precisam confrontar memórias da infância. Com isso, uma série de segredos e traumas do passado vêm à tona.

fevereiro

Para quem gosta de: dramas familiares, histórias emocionantes, tramas misteriosas Escrito por uma autora best-seller do New York Times, o livro é um thriller cuja protagonista é assombrada pelo passado do pai, um serial killer condenado e preso quando ela tinha doze anos de idade. O desaparecimento de uma adolescente agora traz antigos pesadelos à tona.

Para quem gosta de: thrillers, suspenses psicológicos, ficção contemporânea

20 AGENDA

*Cupom válido para compras acima de R$ 150,00.

“Coisas de fato acontecem, mas às vezes, se você as insere em um romance, não são críveis. A vida é uma má novelista. É caótica e absurda.”

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