Os cem anos de Lenni e Margot 1
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agosto de 2021
COLABORADORES
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RAFAELA PECHANSKY
LAURA VIOLA HÜBNER
Publisher
Assistente
LUÍSA SANTINI JANUÁRIO
CAROLINE CARDOSO
Assistente
Revisora
PAULA HENTGES
GABRIELA BASSO
Designer
Designer
Impressão Impressos Portão
Capa Estúdio Passeio
LAÍS FONSECA Designer
Diagramação Gabriela Heberle
OLÁ, TAGGER Em uma recente coluna na Folha de São Paulo, a psicanalista Maria Homem definiu a amizade como “algo que nos mantém na vida, nos ampara e nos consola quando por vezes não se tem tanta força”. Neste mês, a TAG envia a história de uma amizade improvável. Sessenta e seis anos separam Lenni e Margot. Quando Lenni nasceu, Margot tinha idade para ser sua avó. Mas isso não impede que as duas se tornem melhores amigas: a partir de um encontro em um hospital sob circunstâncias bastante tristes, as duas formam um laço tão poderoso que o resultado será levado para o plano da arte. As duas decidem pintar quadros enquanto vão contando as suas histórias – até que o leitor reúna pistas o suficiente para entender como cada uma chegou até ali. A autora do mês, Marianne Cronin, escreve com uma potência que não condiz com a sua pouca idade. Em entrevista à TAG, ela fala sobre literatura, inspirações e como é escrever em tempos de pandemia. A repórter Débora Sander traça um verdadeiro mapa de conceitos sobre Os cem anos de Lenni e Margot, abordando desde arte-terapia até corpos celestes (objetos de grande interesse das protagonistas). Este é um livro para nos lembrar sobre o poder dos afetos. Sobre como é bom poder contar com um bom amigo. Como é bom ter alguém para gostar da gente exatamente como a gente é. Boa leitura!
Unboxing
PROJETO GRÁFICO
MIMO
Com a caixinha de agosto, propomos uma imersão na leitura de Cem anos de Lenni e Margot. Em referência direta ao enredo, o projeto gráfico do mês foi desenvolvido pelo Estúdio Passeio para homenagear alguns dos elementos artísticos que unem Lenni e Margot, como pincéis, bisnagas de tintas, lápis, borracha e apontadores. A caligrafia da capa foi escrita e pintada à mão, enquanto a estampa floral da luva remete às flores que Margot desenha ao longo da história, além de representar a sensibilidade das personagens. A revista também ilustra uma linha pontilhada ao redor dos elementos para intensificar a percepção de que a capa do livro poderia ter sido criada a partir da capa da revista: segundo o Estúdio Passeio, “nossa ideia era fazer parecer com que os elementos da capa haviam sido decalcados desse fundo bege, como uma cartela de adesivos; por isso estão na mesma escala”.
O mimo, por sua vez, é um convite de celebração à amizade das personagens. Criamos o PinCéu, livro para colorir exclusivo dos taggers, acompanhado de um conjunto de lápis de cor. Em cada página, você encontra uma ilustração que retrata um momento marcante na trajetória de Lenni e Margot. Ao todo, são 30 ilustrações assinadas pela artista visual Caroline Bogo (@carol.bogo) e organizadas conforme a cronologia do enredo (no verso de cada uma, há um trecho do livro como referência).
Esperamos que, assim como a Equipe TAG, você também se encante por este livro e por tudo o que ele representa. Boas leitura e pinturas!
SUMÁRIO 5 O livro do mês
8 Entrevista com Marianne Cronin
12 Curiosidade sobre estrelas
14 Encontros de gerações
16 Próximo mês
O livro do mês
MEMÓRIAS DE DOR E DE ALEGRIA "Uns morrem cedo demais. Outros tarde. Morra a tempo! Mas só morre a tempo quem vive a tempo." – Friedrich Nietzsche
DÉBORA SANDER
Ilustrações da capa Os cem anos de Lenni e Margot Estúdio Passeio
Quando a morte está à espreita, afirmar a vida se faz ainda mais necessário, seja para construir uma outra relação com a finitude, seja para refletir sobre quem somos e reconhecer nosso legado enquanto estamos aqui. A história que você lerá neste mês fala desse processo de, ao perceber o fim chegando, resgatar e honrar as memórias de dor e de alegria e, a partir disso, criar algo novo que possa, talvez, transcender o amargo da partida e traçar pistas para um encontro com a potência da vida. Mais do que isso, o livro de agosto fala da arte e da amizade, dois elementos que têm o poder de nos fazer crescer para além do que somos. Se a linguagem da arte e o olhar atento de um amigo são capazes de dizer o indizível, esperamos que a narrativa colorida e cheia de vida de Os cem anos de Lenni e Margot ajude a responder a questões que parecem não ter resposta. 5
O romance de estreia da escritora britânica Marianne Cronin, nos apresenta, logo de início, a um enredo duro: Lenni, uma adolescente de 17 anos, vive há alguns meses no Hospital Princess Royal, em Glasgow, na Escócia, onde lida com uma doença de quadro irreversível. Ela sabe que não chegará aos anos da sua vida adulta, que não terá a oportunidade de vivenciar experiências que sequer teve tempo de sonhar. Recusando-se a assumir uma postura de resignação, Lenni usa seu carisma e sua curiosidade para expandir tanto quanto possível os limites da sua circulação, ainda que esteja confinada ao espaço do hospital. Com sede de novos lugares e pessoas, ela adota como missão permanente o plano de conhecer todos os corredores, enfermarias e cômodos onde ainda não esteve. Seu olhar sensível e aguçado nos conduz por seus percursos, através dos quais constrói vínculos com certa facilidade e persegue obstinadamente experiências, trocas, reflexões e sensações que possam ampliar o significado de seus dias. Quando a única escolha é permanecer na cama do hospital, Lenni sonha acordada, viaja por lugares onde esteve e por lugares inventados, tentando a todo custo acessar o mundo. Nesta justa e inspiradora busca, ela encontra pessoas dispostas a aprender com sua obstinação, sua irreverência e sua honestidade diante da própria situação. O Padre Arthur, capelão do hospital, torna-se um de seus maiores interlocutores, acolhendo as perguntas quase desaforadas que a menina faz ao expor as contradições da sua relação com Deus. Como se pedisse ajuda para resgatar sua fé, apesar do diagnóstico pessimista, Lenni não abre mão de uma perspectiva realista e honesta, inclusive sobre a espiritualidade. 6
Com o bom humor de uma adolescente e a ousadia de quem não tem nada a perder, Lenni traduz dilemas que arrancam risadas e chamam à reflexão desde os mais céticos até os mais devotos. O olhar curioso e a espontaneidade de Lenni são o que a leva a se aproximar de Margot, uma mulher de 83 anos que também vive no hospital tratando uma doença que ameaça sua vida. Em um grupo de arte-terapia, as duas se encontram e reconhecem uma na outra um lugar de conforto, pois estão finalmente na presença de alguém que partilha da circunstância ingrata e transformadora de saber que a morte se aproxima a passos largos. A brilhante ideia de Lenni é o que dá título ao livro deste mês: ao constatar que ela e Margot, juntas, viveram cem anos, ela propõe que as duas façam uma centena de pinturas, uma para cada ano de suas vidas. Assim, elas revisitam suas memórias, relembram de momentos de intensa alegria e partilham dores incuráveis ao transpô-las para a arte e contá-las uma para a outra. Nos vários anos que separam suas idades e nas inúmeras diferenças entre suas personalidades, elas descobrem seu próprio contraponto, uma oportunidade de deslocar-se da própria angústia, passeando pelas memórias uma da outra como quem aprende lições de experiências nunca vividas, mas sentidas como se fossem suas. O encontro de Lenni e Margot transcende a sensação do curto tempo que lhes resta e renova para elas o sentido de uma vida longa - não pela contagem objetiva dos anos, mas pela imensidão afetiva e existencial que elas conseguem erguer em um curto espaço de tempo. A cumplicidade que elas desenvolvem permite que suas vidas brilhem para além das suas próprias existências, como estrelas que seguem emanando luz mesmo a quatrilhões de quilômetros e depois de já terem virado poeira espacial.
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Entrevista
ENTREVISTA COM MARIANNE CRONIN RAFAELA PECHANSKY
Em primeiro lugar: de onde veio a inspiração para criar Lenni e Margot? Marianne Cronin – Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo que me levaram a criar Lenni e Margot, mas eu acho que o principal foram minhas experiências no hospital. Eu tenho um leve problema cardíaco, tinha apenas vinte e dois anos quando ele foi descoberto e senti muito medo de morrer. Ter todas essas consultas no hospital me deram tempo para observar as pessoas e prestar atenção a todos os pequenos detalhes do hospital e dos pacientes - as conversas entre enfermeiras, pacientes passeando de pijama, médicos compartilhando um cigarro na rua. E, uma noite, o pensamento de fazer uma personagem enfrentar a morte me veio à cabeça e comecei a escrever. A primeira página do livro é também a primeira coisa que eu escrevi e a voz da Lenni apenas fluiu de mim tão rápido que eu terminei a primeira versão em poucos meses. Você é muito jovem; porém, a personagem Margot tem uma voz única e sincera. Como foi o seu processo de trabalho para chegar ao cerne da vida da Margot? Obrigada! Enquanto a voz da Lenni veio bem naturalmente, a Margot foi um processo muito mais consciente e trabalhoso. Em algumas das primeiras versões, a Margot não era exatamente a mulher que ela é agora; ela era mais tímida, mais triste e eu me deparava com essa sensação de que a Margot poderia ser muito mais – mais rebelde, mais honesta, mais corajosa. Então eu li livros com protagonistas mais velhas, assisti a documentários sobre a vida em asilos, assisti a dramas que se passavam nos anos cinquenta e sessenta para me dar inspiração sobre sua juventude e descobri que,
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quanto mais eu parava de pensar na Margot como uma “velhinha dócil”, confinada pelas minhas ideias limitadas do que uma “velhinha dócil” poderia ter aprontado, mais interessante ela se tornava e mais eu gostava de escrevê-la! A Arte se torna uma parte muito importante das vidas da Lenni e da Margot. Como é a sua relação com a Arte? Você pinta? Eu adoraria dizer que sou uma artista talentosa, mas não sou mesmo. Contudo, acho que não precisamos ser artistas perfeitos para gostar de criar coisas – Lenni certamente não deixa isso a atrapalhar! Eu fui a algumas aulas de Arte enquanto estava pesquisando para o livro e a frustração da Lenni em não ser muito talentosa veio das minhas próprias frustrações! Eu amo pintar de vez em quando, mas raramente guardo o que pinto. Para mim, é mais sobre a experiência – eu definitivamente não gostaria que essas pinturas estivessem penduradas nas paredes! Eu também queria falar sobre o personagem do padre, que se torna um grande amigo da Lenni. Ele é uma pessoa maravilhosa e desempenha um papel importante, mostrando a Lenni que, mesmo que ele não tenha respostas às perguntas dela, ele pode oferecer algum conforto na forma de amizade. Você queria incluir essa discussão sobre religião e finitude desde o começo? De onde veio isso? Eu amei ver as reações das pessoas ao Padre Arthur, ele sempre foi um dos meus personagens favoritos, e, sim, ele estava no livro desde o começo. Na verdade, eu escrevi a cena na qual a Lenni encontra o Padre Arthur antes de escrever qualquer coisa com a Margot. Eu sempre quis que a Lenni tivesse alguém para quem ela pudesse expressar todos seus medos, suas dúvidas e questões religiosas. A Lenni está buscando por algo em que possa acreditar e isso faz sentido, considerando a coisa assustadora que ela está enfrentando. Eu acho que a Lenni quer acreditar em Deus e acreditar no Céu, mas ela não consegue e, quando foi à capela procurar respostas religiosas, o que ela acabou encontrando foi um amigo. As conversas entre Lenni e Arthur foram algumas das minhas partes preferidas de escrever porque amei ver como 9
as perguntas irreverentes e atrevidas da Lenni, que poderiam ter enfezado outro líder religioso, fizeram o Arthur rir e alimentaram esses debates engraçados. Arthur não muda a opinião religiosa da Lenni, mas ele dá a ela um lugar seguro para expressar seus medos, sua raiva e sua confusão com o que está acontecendo com ela. Eu acho que saber que suas conversas com Arthur são confidenciais também ajuda Lenni a mostrar um lado vulnerável que ela não gosta de mostrar a outras pessoas.
A autora, Marianne Cronin Grant Orban
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A pandemia afetou sua escrita? Você acha que essa crise vai afetar as histórias e livros que virão? Eu sinto que, no contexto dessa terrível e aterrorizante pandemia, posso me considerar muito sortuda: mudanças na minha escrita são uma pequena inconveniência, mas, para responder à pergunta, eu diria que notei que ideias novas vêm com mais dificuldade. Normalmente outras pessoas são uma grande fonte de inspiração – sejam as amizades, a família, assistir ao teatro ou a espetáculos de comédia, ou apenas escutar as conversas de outras pessoas e observar pessoas da janela de uma cafeteria (eu adoro escutar as conversas dos outros!). Então ter todas essas coisas tiradas de mim me deixou sem aquela faísca da inspiração. Mas dito isso, eu sou muito sortuda de poder escrever durante este momento, porque escrever é uma forma de escape. Eu acho que será muito interessante ver a escrita que vem da pandemia, desde a escrita das pessoas que finalmente tiveram tempo para trabalhar nos seus romances e publicá-los, até a escrita que vai lidar com os enormes eventos do ano passado e ajudará todos nós a digeri-los. Ou, talvez, todos nós seremos atraídos por livros que não são sobre a pandemia, pois precisamos de distração. Quem saberá! Acho que autoras escrevendo obras situadas nos dias de hoje ou encaram a pandemia de frente ou criam um mundo onde ela não aconteceu – mal posso esperar para ver o que elas farão!
Você pode revelar alguma coisa sobre o seu próximo livro? Nos dê algum spoiler, por favor. Eu adoraria poder dar algum spoiler, mas ele não está escrito ainda! Eu tenho trabalhado em três livros simultaneamente e ainda não tenho certeza de qual deles será o livro número dois. Durante a escrita, eu tendo a mudar muito as coisas - Lenni e Margot eram muito diferentes no primeiro rascunho em comparação com o que são na versão final, então é difícil dizer como será meu próximo livro, mas eu descobri que minha escrita sempre envolve temas de vida e morte e, uma mistura de escuridão e luz e uma combinação de muita seriedade e um pouco de humor. Você tem uma mensagem para os quarenta mil leitores brasileiros que lerão Os cem anos de Lenni e Margot? Estou muito animada para que os leitores brasileiros conheçam Lenni e Margot, então acho que minha mensagem seria Olá! Muito obrigada, do fundo do meu coração, por lerem a história de Lenni e Margot! Eu espero que a jornada delas tenha lhes trazido algo, uma risada ou um sorriso, algumas lágrimas ou apenas uma pequena distração, e espero que vocês entrem em contato e me contem o que vocês acharam do livro!
A ESTANTE DA AUTORA O primeiro livro que você leu: Provavelmente algo da Jacqueline Wilson. Eu lembro bastante que O Projeto Lottie e Double Act tiveram um grande impacto nos meus primeiros anos de leitura. O livro que você está lendo agora: The First Woman, de Jennifer Nansubuga Makumbi. O livro que mudou sua vida: O Escafandro e a Borboleta, de Jean-Dominique Bauby. O livro que você gostaria de ter escrito: Great Circle, de Maggie Shipstead ou Miniaturista, de Jessie Burton. O último livro que fez você chorar: Lonely Castle in the Mirror, de Mizuki Tsujimura. O último livro que te fez rir: A Poderosa Chefona, de Tina Fey. O livro que você dá de presente: O Caminho de Casa, de Yaa Gyasi. O livro que você não conseguiu terminar: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (desculpe Jane!). Eu provavelmente tentarei de novo algum dia!
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Para ir além
CURIOSIDADE SOBRE ESTRELAS
DÉBORA SANDER
A contemplação do céu tem um significado afetivo importante na história de Margot, uma das protagonistas da obra de Marianne Cronin. Algumas das memórias mais marcantes de uma fase da sua vida tiveram um céu estrelado como cenário. Os mistérios, o encanto e a grandiosidade das constelações ganham, no decorrer das páginas do livro, um sentido existencial para a personagem, e, ao compartilhar essa relação com Lenni, ela ajuda a menina a elaborar uma compreensão sobre os limites impostos pela finitude da vida, e talvez dê pistas de como transpô-los. Confira abaixo algumas curiosidades sobre os corpos celestes.
A nossa galáxia, a Via Láctea, tem aproximadamente 200 a 250 bilhões de estrelas. O nome foi dado pelos gregos antigos em função das manchas esbranquiçadas que vemos no céu à noite. No século XVII, astrônomos identificaram que o aspecto esbranquiçado é, na verdade, uma mistura de poeira espacial e gás que circula no espaço.
Os povos originários do sul do Pará batizaram nossa galáxia de Caminho da Anta por associarem a visão de determinadas constelações aos períodos de chuva e seca, entendendo a galáxia como um caminho percorrido pela natureza. 12
Originadas de nuvens de gás feitas de hidrogênio e hélio, as estrelas são corpos celestes que produzem luz e calor por causa da queima de gases em seus núcleos, em um processo chamado fusão nuclear. Todas as estrelas que vemos no céu noturno estão a anos-luz de distância da Terra.
As estrelas mais quentes são brancas ou azuladas, e as mais frias têm coloração laranja ou vermelha. A intensidade do brilho das estrelas varia de acordo com a energia que elas liberam e com a distância que elas estão da Terra.
O Sol, a estrela mais próxima do nosso planeta, que deu origem à vida na Terra, está localizado a 150 milhões de quilômetros de nós. A luz emitida pelo astro-rei viaja por 8 minutos para chegar até nós.
A estrela mais próxima do Sistema Solar, a Proxima Centauri, está localizada a 40 trilhões de quilômetros, ou 4,2 anos-luz de distância. Isso significa que o brilho que conseguimos enxergar ao avistá-la no céu hoje é uma luz que foi emitida há mais de quatro anos!
As estrelas morrem quando queimam todo o combustível em seu interior. Quando isso acontece, ela se expande e é chamada de Gigante Vermelha. Depois disso, a força gravitacional a leva a encolher até resfriar completamente e deixar de produzir energia.
Com a ajuda de telescópios, é possível ver estrelas de outras galáxias que, na verdade, já morreram. A galáxia de Andrômeda, por exemplo, a 2 milhões de anos-luz da Terra, tem 20 mil estrelas mortas, mas seu brilho segue viajando pelo espaço mesmo que, lá onde a estrela se encontrava originalmente, ele não exista mais. 13
Para ir além
ENCONTROS DE GERAÇÕES DÉBORA SANDER
Tomates Verdes Fritos no Café da Parada do Apito, de Fannie Flag Publicado originalmente em 1987, a obra de Fannie Flagg tornou-se best-seller e ganhou uma adaptação para o cinema. O enredo começa com a história de Evelyn Couch, uma dona de casa que, ao acompanhar o marido em uma visita a sua sogra em uma casa de repouso para idosos, conhece Ninny Threadgoode, uma espirituosa senhora que também vive no local. A cada visita de Evelyn, a idosa lhe conta histórias sobre Idgie e Ruth, duas mulheres irreverentes que comandavam um célebre café na década de 1920. Ao relatar episódios que se passaram ao longo de décadas da vida de Idgie e Ruth, Ninny expõe a Evelyn suas perspectivas sobre a experiência de ser mulher, amizade e envelhecimento. A troca entre as duas reverbera em suas próprias compreensões a respeito de quem são, de suas memórias e do sentido que dão à vida. A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery O romance da filósofa e escritora francesa Muriel Barbery é um retrato da vida comum de moradores de um requintado prédio residencial em Paris. A mundanidade da rotina abastada da elite parisiense ganha profundidade quando a autora lança uma lupa sobre dois personagens: Renée, a reclusa e mau-humorada zeladora do edifício, que esconde em seu mundo particular um interesse profundo pela arte e pela literatura, e Paloma, a filha mais nova da família Josse, engolida
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por um sentimento crescente de inadequação e falta de sentido frente às mazelas dos pais e da irmã. Renée, uma mulher adulta, e Paloma, com apenas doze anos, ambas incompreendidas e isoladas em si mesmas, encontram-se no gosto pela filosofia e pela cultura japonesa, criando espaço para que cada uma possa expandir-se em potência e alegria, resistindo à mediocridade predominante no prédio. Um homem chamado Ove, de Frederik Backman Após a morte de sua esposa, o pessimista e rabugento Ove tem sua vida invadida por um sentimento de ainda mais amargura e falta de sentido. Decidido pelo suicídio, ele falha sucessivas vezes em acabar com a própria vida, interpelado por vizinhos que o perturbam constantemente com interações indesejadas. A mudança de uma família para a casa do outro lado da rua muda os planos do protagonista: o casal Patrick e Parvaneh e seus dois filhos. A mulher, uma jovem e carismática recém-chegada, se aproxima de Ove ao pedir suas ferramentas emprestadas e algumas caronas até o hospital, e, aos poucos, os bloqueios do personagem vão se suavizando conforme eles constroem um vínculo de amizade. Alerta de gatilho
A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak Ambientado na Alemanha nazista, o best-seller conta a história da menina Liesel Meminger sob o olhar de uma narradora muito peculiar: a Morte, que relata a trajetória da alemã entre 1939 e 1943. Após ser separada de sua mãe, que estava fugindo dos nazistas, e perder seu irmão mais novo, Liesel passa a viver com uma família adotiva. Algumas das passagens mais ricas da história se dão na amizade que nasce entre a menina, ainda criança, e Max, um judeu que seus pais adotivos escondem no porão de casa. Sua relação com o pai adotivo também é uma bela história de cumplicidade entre gerações: ao ensinar Liesel a ler, ele permite que a menina alivie a dor de seus medos e traumas mergulhando nas histórias dos livros que rouba. A obra foi adaptada para o cinema em 2014 pelo diretor Brian Percival. 15
Próximo mês
VEM POR AÍ SETEMBRO: Chega na TAG uma das maiores autoras dos nossos tempos, cujo primeiro romance vendeu mais de 20 milhões de cópias, tendo sido publicado em mais de 40 países e ganhado uma adaptação para o cinema em 2016. O livro de setembro, aguardado há anos pelos fãs, tem como ponto de partida um corpo descoberto em um barco, fato que desencadeia uma série de encontros entre personagens complexos que têm as suas vidas transformadas para sempre. Para quem gosta de: thrillers, mistérios, conflitos familiares
OUTUBRO August é uma jovem cética que se muda para Nova York procurando pelo seu lugar no mundo. É lá que vai conhecer três colegas de apartamento muito excêntricos e uma garota misteriosa (e linda) que veio diretamente dos anos 1970. Como ajudar uma pessoa que está literalmente perdida no tempo? Para August, este é apenas um dos sinais que indicam que está na hora de acreditar em algumas coisas. Para quem gosta de: histórias de amor, personagens LGBTQIA+, viagens no tempo
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Loja
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“I get by with a little help from my friends.” – The Beatles 18