Nada para ver aqui
PREFÁCIO
Ao compartilhar conosco, nos bastidores, a sua impressão sobre o título de dezembro, uma colaboradora desta edição sentenciou: “O livro é realmente demais: estranho e genial.” Os adjetivos usados por ela, que tomamos a liberdade de compartilhar com você agora, são bastante precisos e parecem definir não apenas a obra de Kevin Wilson que chega às suas mãos, mas também a produção da curadora que o indicou. Afinal, quem acompanha o trabalho da cantora, compositora, atriz, diretora e roteirista (ufa!) Clarice Falcão sabe que algumas criações dela podem até causar certo estranhamento, mas revelam um brilho único, próprio de uma artista original e irreverente. Se você não a conhece bem, ouça de seus discos composições como Oitavo andar e De Todos Os Loucos do Mundo e certamente entenderá do que estamos falando. Mas sugerimos mais do que isso: enquanto escuta as músicas dela, aproveite para ler, nas páginas a seguir, uma entrevista exclusiva em que Clarice conta que seu melhor amigo lhe indicou o romance do escritor americano por considerá-lo, de fato, “a sua cara”. A artista também fala sobre a sua relação com a literatura em geral, além de seu processo criativo e futuros projetos. Leia ainda, neste prefácio, um texto assinado pela jornalista Débora Sander sobre como a questão do desenvolvimento emocional permeia Nada para ver aqui. Confira também uma seleção de obras relacionadas ao livro do mês. Boa leitura!
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AVERA LILIAN
KEVIN WILSON
TAG Comércio de Livros S.A. Tv. São José, 455 | Bairro Navegantes Porto Alegre — RS | CEP: 90240-200 (51) 3095-5200
dezembro de 2021
QUEM FAZ
Impressão Gráfica Ipsis
Capa Túlio Cerquize a forma como Kevin e.” JACQUELINE WOODSON,
NATIONAL BOOK AWARD
NADA PARA V
s improváveis na RAFAELA PECHANSKY JÚLIA CORRÊA LAURA VIOLA HÜBNER tato ao longo dos Publisher Editora Assistente istintos. Madison, escreve oferecendo enteados que estão PÂMELA MAIDANA LUÍSA SANTINI JANUÁRIO LIZIANE KUGLAND ANTÔNIO AUGUSTO Estagiáriavida de Editorial Revisora Revisor político.Assistente Com uma erder Lilian aceita a preende com o vínculo d. Só tem um problema: PAULA HENTGES LUANA PILLMANN GABRIELA BASSO LAÍS FONSECA Designer Estagiária de Design Estagiária de Design Designer ndem a pegar fogo...
(a confirmar)
SUMÁRIO
NADA PAR VER AQU prefácio
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O livro indicado
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Entrevista com Clarice Falcão
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Ecos literários
UM DELICADO APRENDIZADO DE EMOÇÕES
O livro indicado
ALERTA: o Conteúd para sensível bicos spoilerfó
Nada para ver aqui explora amplamente as formas como a negligência e a rigidez parental interferem no desenvolvimento afetivo dos filhos
DÉBORA SANDER
Recorte da capa do livro Nada para ver aqui Túlio Cerquize
Dos muitos processos que cabem aos pais transmitir aos filhos, talvez o mais implacável seja o aprendizado das emoções. Precisamos aprender a reconhecer e acolher aquilo que sentimos com lucidez, paciência e cuidado por nós mesmos e pelos outros, e só é possível que uma criança desenvolva essa habilidade tão complexa se os adultos ao seu redor se mostrarem capazes de lidar com o que ela sente, sem tratar suas emoções como inconveniências a serem eliminadas. O autor, Kevin Wilson, nos apresenta um enredo que joga com o absurdo para pintar um retrato bastante ilustrativo de crianças com profundas marcas de abandono, e de adultos que, já enrijecidos pela falta de amor, ora perpetuam, ora quebram esse ciclo de negligência. Em Nada para ver aqui, você vai conhecer Lillian, uma jovem de 28 anos resignada em uma vida que ela percebe como cada vez mais escassa de sentido. Limitada a trabalhos mal pagos e morando no sótão de sua mãe, com quem tem uma convivência distante e solitária, ela não tem nada a perder quando uma velha amiga de colégio, Madison, escreve pedindo que ela vá à sua casa no Tennessee para conversar sobre uma proposta. Lillian vê nesse convite a possibilidade de acessar oportunidades melhores de vida, que por pouco lhe escaparam anos antes, quando
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ela perdeu uma bolsa de estudos em um colégio de elite próximo da comunidade onde vivia. Na época, Madison, sua então melhor amiga, foi pega com drogas ilícitas. Impelida a levar a culpa em seu lugar, a protagonista acabou expulsa da instituição, voltando a uma realidade de pobreza e restrições. Apesar dos ressentimentos calados pelo tempo, Lillian também nutre certo fascínio por Madison e por sua vida de inacreditáveis privilégios, e resolve viajar à mansão onde ela mora com seu filho e seu marido Jasper Roberts, um poderoso senador prestes a tornar-se secretário de Estado dos Estados Unidos. Lá, Madison abre a situação: com a morte recente da ex-mulher de Jasper, os dois filhos do senador, gêmeos de dez anos de idade, devem voltar a morar na mansão — mas, além do luto das crianças e da relação atribulada que elas têm com o pai, há um complicador inusitado para a reaproximação: os gêmeos Bessie e Roland têm uma doença genética que os leva a pegar fogo espontaneamente quando sentem emoções intensas. A missão de Lillian é passar o verão cuidando das crianças flamejantes em uma casa de hóspedes na propriedade da família Roberts enquanto avançam os trâmites para a nomeação do senador como secretário de Estado. Mesmo sem saber ao certo como dará conta, Lillian aceita o desafio. A protagonista encontra seus próprios fantasmas conforme se depara com o temperamento difícil das crianças e descobre o que está por trás das (surpreendentemente literais) explosões dos gêmeos: uma carência extrema de afeto, atenção e estabilidade — dores que ela conhece bem. Marcada pelo amor que não recebeu ao longo da vida, Lillian mobiliza toda a sua boa vontade para se aproximar de Bessie e Roland e dar a eles o que precisam. Desajeitadamente, ela aprende a lidar com os impulsos de agressividade, com a desconfiança e com o imediato apego que as crianças demonstram por ela, encontrando nesse novo vínculo alguma coragem para olhar também para os seus traumas. “Enquanto eles me encaravam, eu sabia o 6
Ilustração GoodStudio
quanto de mim colocaria injustamente neles. Eles eram como eu, sem amor e fodidos, e eu me certificaria de que tivessem tudo o que precisassem”, narra Lillian. Nada para ver aqui explora amplamente as formas como a negligência e a rigidez parental interferem no desenvolvimento afetivo dos filhos, frequentemente impondo um padrão de adequação e disciplina capaz de podar algumas das maiores joias da infância: a imaginação, a liberdade criativa e a espontaneidade emocional.
O autor, Kevin Wilson, foi também uma criança fora do padrão, atormentado por flashes de imagens mentais, por vezes sombrias e violentas, associadas à síndrome de Tourette. Carregando essa experiência na bagagem e hoje pai de dois meninos, ele circula com sensibilidade pelo lugar delicado de quem precisa de cuidado para aprender a se relacionar com o mundo e pela posição muitas vezes desajeitada dos pais diante de uma responsabilidade tão 7
grande quanto criar filhos, tarefa absolutamente imperfeita por natureza. “Minha mãe uma vez tinha me dito que ser mãe era feito de ’se arrepender e esquecer os arrependimentos às vezes’”, reflete Lillian, a narradora-protagonista. Ao expor as várias controvérsias das relações entre os personagens, o autor também pincela na trama temas como a desigualdade social, seu peso nos relacionamentos, e os jogos de poder e reputação que acontecem na política. Manoel de Barros, em versos célebres, se disse um caçador de achadouros da infância: “vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos”. Com as palavras do poeta encostando na fantástica narrativa de Kevin Wilson, convidamos você a mergulhar no livro deste mês, disposto a buscar os vestígios da criança que você carrega dentro. Para aqueles que estão em busca do amor que não receberam, e especialmente para aqueles que já desistiram de procurar: esperamos que Lillian, Bessie e Roland inspirem em você a coragem de reivindicar a ternura, e a delicadeza de oferecê-la a alguém. Recorte da capa do livro Nada para ver aqui Túlio Cerquize
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Entrevista
ARTISTA MULTIFACETADA Em conversa com a TAG, a curadora do mês fala sobre sua relação com a literatura e com a obra de Kevin Wilson
JÚLIA CORRÊA
A criatividade é uma das marcas registradas da nossa curadora deste mês, a multiartista Clarice Falcão, de 31 anos. Cantora, compositora, atriz, roteirista e diretora, ela iniciou a sua carreira em 2006, mas pode-se dizer que a arte sempre esteve presente, de algum modo, em sua vida — a mãe é escritora e o pai, autor teatral. “Eles que me ensinaram a gostar tanto de palavras e frases”, conta ela. Nesses quinze anos efetivamente dedicados à atividade artística, Clarice conquistou o público com o seu talento, o seu humor e a sua irreverência. Tais atributos podem ser vistos em suas atuações em filmes e novelas e em programas humorísticos, como o Porta dos Fundos, do qual participou entre 2012 e 2015. Isso para não falar dos projetos musicais tocados paralelamente por ela, com canções tão fofas quanto profundas. Como conta a seguir, seu quarto disco está em fase de preparo. Na entrevista dada à TAG, aliás, Clarice confirma o que já desconfiávamos: o livro de Kevin Wilson indicado por ela é, definitivamente, a sua cara. Leia a conversa completa e aproveite para descobrir as obras que ganham destaque na estante da artista.
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Clarice Falcão Pedro Pinho
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Como é a sua relação com a literatura? É uma fonte importante de inspiração para o seu trabalho como roteirista, atriz e cantora? Minha mãe é escritora, meu pai é autor de teatro, e acredito que foram eles que me ensinaram a gostar tanto de palavras e frases. Acho que mais do que inspiração, a literatura foi como descobri a minha voz como compositora e roteirista, e gosto até de pensar que me deixa uma atriz melhor.
Você indicou o livro Nada para ver aqui, de Kevin Wilson. Como você entrou em contato com essa obra e por que decidiu indicá-la aos nossos associados? Meu melhor amigo me indicou o livro dizendo que era a minha cara, e era mesmo. Quis indicar porque é profundo e engraçado ao mesmo tempo, e fala sobre ter coragem de mostrar alguns pedaços da gente que os outros podem achar esquisitos — acho que todos nós merecemos ouvir essa história. Em maior ou menor grau, a questão da saúde mental aparece em diferentes momentos do livro. Você aborda abertamente esse tema em suas músicas. Considerando que a pandemia deixou muitas pessoas vulneráveis emocionalmente, como foi para você lidar com este período tão desafiador? Em que medida impactou a sua atividade criativa? A pandemia foi muito difícil em todos os sentidos. Sei do quanto fui privilegiada por poder ter ficado em casa e ter feito terapia, então me sinto até um pouco desconfortável de reclamar, mas a verdade é que o combustível da minha criatividade vem das coisas que vejo e vivo. Foi um período muito árido criativamente.
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MINHA ESTANTE O primeiro livro que eu li: Flicts, do Ziraldo Pode nos falar um pouco de seus próximos projetos? Neste momento estou compondo as canções do meu quarto disco e me preparando para filmar um projeto de audiovisual que está me empolgando imensamente, mas que, infelizmente, por enquanto não posso entrar em muitos detalhes.
O livro que estou lendo: Slave Play, do Jeremy O Harris O livro que mudou a minha vida: A coleção de poemas da Dorothy Parker O livro que eu gostaria de ter escrito: Luna Clara & Apolo Onze, da Adriana Falcão O último livro que me fez rir: Calypso, do David Sedaris O último livro que me fez chorar: Normal People, da Sally Rooney O livro que eu dou de presente: O noivo da princesa, do William Goldman O livro que eu não consegui terminar: Graça infinita, do David Foster Wallace
Clarice Falcão Pedro Pinho 12
Imersão
ECOS LITERÁRIOS Confira uma seleção de obras que remetem ao romance de Kevin Wilson — seja pelo enredo, seja pela proposta formal
ANDRÉ CÁCERES
Canção de ninar, de Leïla Slimani A escritora franco-marroquina Leïla Slimani começa Canção de ninar com ecos de O estrangeiro, de Albert Camus, com a fatídica frase “O bebê está morto”. Assim como na obra de Wilson, a protagonista é uma babá ou governanta desajustada, mas sua angústia e pequenos acontecimentos ao longo de anos levam a uma tragédia. Slimani se esquiva do policialesco ao revelar de cara quem matou e quem morreu, deixando para o leitor, ao longo do restante do livro, a tarefa de compreender os motivos que levam Louise, a babá perfeita, a cometer um hediondo duplo homicídio.
Suíte Tóquio, de Giovana Madalosso A complicada relação de Lillian e Madison em Nada para ver aqui ecoa no elo ambivalente entre empregada e patroa que marca Suíte Tóquio, de Giovana Madalosso. Maju foge com a filha de sua patroa, Fernanda, mas qualquer julgamento moral dessa atitude sem a compreensão das agruras impostas a Maju e à própria filha pela executiva Fernanda seria imprudente. Por meio dos contrastes entre suas duas protagonistas, explicitados até na forma de narrar cada capítulo, a depender do ponto de vista, a autora perscruta a prevalência da mentalidade escravocrata nas classes médias do Brasil. 13
Os cavalinhos de Platiplanto, de José J. Veiga Se o romance de Kevin Wilson explora ao mesmo tempo a fragilidade e a força das crianças, poucos autores souberam usar o expediente fantástico sob a ótica infantil tão bem quanto o goiano José J. Veiga. A maior parte dos contos reunidos em Os cavalinhos de Platiplanto, de 1956, tem como narrador uma criança ou um adulto que relata reminiscências de sua infância. E é por esse viés que os acontecimentos mais extraordinários são testemunhados em um Brasil rural, colocando em xeque a realidade cartesiana do país urbano que se anunciava à época.
Kindred, de Octavia E. Butler Os afetos ambivalentes que permeiam as relações familiares, de amizade, e entre babá e protegidos de Nada para ver aqui também se fazem presentes na obra-prima da escritora norte-americana Octavia E. Butler, que compartilha o mesmo grau sutil de interferência do insólito na realidade. Em Kindred, é a escritora Dana, que vive nos anos 1970, que cria um vínculo com seu antepassado Rufus, cuja vida ela acompanha no século XIX enquanto se vê tragada num ciclo de idas e vindas no tempo e lida com as dificuldades de ser uma mulher negra em cada uma dessas épocas.
Ilustrações Fafarumba
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O tempo em Marte , de Philip K. Dick Em O tempo em Marte, a humanidade enfim colonizou o planeta vermelho. Nesse futuro, Philip K. Dick usa seu cinismo característico para narrar a corrupta disputa por terras entre um corretor de imóveis e um líder sindical. Assim como no romance de Wilson, porém, uma criança com habilidades peculiares pode colocar em risco as empreitadas políticas e econômicas dos adultos: autista, mudo, esquizofrênico e introspectivo, o pequeno Manfred percebe a passagem do tempo de forma não linear, podendo acessar passado, presente e futuro simultaneamente, uma galinha dos ovos de ouro da especulação imobiliária. The Twilight Zone (Amazon Prime Video) Releitura da série clássica Além da imaginação, concebida por Rod Serling, a nova roupagem de The Twilight Zone traz alguns dos temperos que fazem de Nada para ver aqui um romance tão instigante, mas a principal semelhança talvez seja o uso do realismo mágico não como um fetiche pela fantasia, mas como um mecanismo narrativo para forjar o caráter das personagens. A série é antológica, ou seja, cada episódio é independente, e muitos deles se aproveitam desse expediente fantasioso para fazer um comentário pungente a respeito das disparidades na sociedade contemporânea.
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Atenção! Para começar a leitura da segunda parte da revista, vire-a de cabeça para baixo e feche-a. Comece a ler a partir da contracapa.
Ilustração do mês Carolina Abreu é ilustradora, diretora de arte e motion designer formada pela UERJ e pelo Savannah College of Art and Design. Feminista, busca reforçar a igualdade de gênero em seus trabalhos. Sua paixão por cores vibrantes a faz destacar os contrastes e se valer de paletas que agregam significado para o entendimento e a percepção de suas ilustrações. @carolinaabreu.art A convite da TAG, Carolina interpretou uma passagem do livro do mês: “No saguão, havia um grande retrato de Madison e o marido, do casamento deles. Ela parecia que tinha acabado de ser coroada Miss América e ele parecia um MC que havia sido famoso um dia. Eu não conseguia dizer se era amor, mas também sabia que não era uma boa juíza do amor, nunca tinha experimentado nem mesmo testemunhado o amor uma única vez na vida.” 16
Nada para ver aqui
POSFÁCIO
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Quantas camadas uma única narrativa pode conter? Certamente, não há uma resposta exata para essa pergunta. Afinal, como já afirmava o crítico literário George Steiner, morto no ano passado, “o mesmo livro e a mesma página podem ter efeitos totalmente díspares sobre diferentes leitores”. Ao desbravarmos uma história, os significados que irrompem das páginas passam pelo filtro de nossas próprias experiências pessoais, adquirindo contornos os mais diversos. Em crítica ao livro de Kevin Wilson presente nas páginas a seguir, o jornalista André Cáceres bem nos lembra que “não há receita pronta para interpretar metáforas”. Em Nada para ver aqui, somos desafiados a pensar o que significam crianças em chamas, mas talvez as conclusões nunca se esgotem. Claro, no meio do caminho, podemos encontrar diferentes pistas para desvendar a história, algumas delas fornecidas pelo próprio autor. Em entrevista concedida à nossa revista, Wilson revela que a combustão espontânea é uma obsessão que o acompanha desde a infância, relacionada a um modo seu de encarar questões de ansiedade e saúde mental. Mas nós, como leitores, temos a liberdade de ir além. Assim, neste posfácio, você encontra ainda uma reportagem da jornalista Paula Sperb sobre a ampla simbologia do fogo, um tema que permeia o imaginário humano desde tempos remotos. Boa leitura!
“COMECEI A ME IMPORTAR CADA VEZ MENOS COM O FUTURO. EU ME IMPORTAVA MAIS EM TORNAR O PRESENTE TOLERÁVEL. E O TEMPO PASSOU.” Kevin Wilson
SUMÁRIO posfácio
4 Entrevista com Kevin Wilson
8 A poética do fogo
11 Pedras flamejantes no sapato lustroso
14 Retrospectiva
16 Unboxing
17 Próximo mês
Entrevista
“A COMBUSTÃO ESPONTÂNEA É UMA OBSESSÃO QUE TENHO DESDE A INFÂNCIA” Kevin Wilson fala sobre o seu fascínio pelo fenômeno explorado em Nada para ver aqui e conta quais são as suas principais referências literárias
PAULA SPERB
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Kevin Wilson é um escritor capaz de fazer seus leitores acreditarem que o extraordinário é comum. É com essa habilidade que o autor convence que, sim, crianças que pegam fogo podem ser perfeitamente normais. Por causa da habilidade do autor, um fenômeno tão fascinante quanto perturbador como a combustão espontânea de humanos passa a compor a realidade das personagens de Nada para ver aqui. Talvez essa naturalidade seja alcançada porque Kevin Wilson é obcecado pelo tema desde que era criança, como revelou em entrevista à TAG. Nesta conversa, ele também conta sobre como, no fundo, o livro é sobre relações. Dinâmicas familiares e afetivas também são um tema caro a Wilson. As relações nem sempre são equilibradas, muitas vezes pendem mais para um lado da balança, algo que aparece em Nada para ver aqui. Confira a entrevista completa a seguir.
O autor, Kevin Wilson Leigh Anne Couch
Em seu primeiro livro, Tunneling to the Center of the Earth (2009), há uma história em que os pais do personagem entram em combustão espontânea. Depois, no romance The Family Fang (2011), uma atriz faz o papel de uma babá que cuida de crianças que também entram em combustão espontânea. Em Nada para ver aqui, você volta a esse tema com as crianças Bessie e Roland. Por que decidiu escrever sobre isso? A combustão espontânea é uma obsessão que tenho desde a infância. Meu melhor amigo na escola tinha a série Mysteries of the Unknown, da Time-Life, onde havia uma seção sobre combustão humana espontânea, e eu fiquei fascinado com o fenômeno. Desde então, não passei uma semana sem pensar nisso, imaginar como acontece. Na adolescência, enfrentando problemas de saúde mental e questões de ansiedade, explodir em chamas se tornou uma espécie de fantasia minha, uma maneira de queimar toda a ansiedade dentro de mim até eu ficar bem. Mesmo depois de adulto, a obsessão continuou. E agora tenho dois filhos e percebi que criá-los, frequentemente, é como criar crianças que podem explodir em chamas a qualquer momento. Isso se tornou uma maneira de explorar o perigo de cuidar de qualquer coisa, de querer proteger alguém do mundo quando sequer nos sentimos capazes de proteger a nós mesmos. 5
Lillian tem essa estranheza na maneira como não consegue se adaptar completamente à escola particular e, depois, à mansão de Jasper. Ao mesmo tempo, ela é inesperadamente gentil com as “crianças de fogo”. Escrever romances seria uma maneira de se livrar da “estranheza” que vive dentro de todos nós? Acho que escrever não serve para se livrar da estranheza, mas ajuda a entender que há coisas estranhas dentro de todos nós, ligadas às nossas circunstâncias e experiências, e que tentar eliminá-las é doloroso. Em vez disso, esses personagens continuam buscando uma família que os ame por causa de suas peculiaridades, e não apesar delas. Quando escrevo, tento usar essas coisas que tenho dentro de mim não para me livrar delas, mas para torná-las necessárias para a história. Lillian e Madison cultivam uma amizade ao longo dos anos. Às vezes, parece que Lillian é quem realmente honra essa relação, enquanto Madison tira vantagem disso. A amizade é um tema universal na literatura. Podemos dizer que, de certa maneira, Nada para ver aqui é um livro sobre amizade? Bom, acho que é sobre relacionamentos, sobre as pessoas que deixamos entrar nas nossas vidas, e me interesso pelos relacionamentos em que há desequilíbrios na dinâmica de poder. Queremos acreditar que o amor ou a amizade são igualitários, e talvez devessem ser, mas às vezes você abre mão do poder por causa da maneira como essa pessoa te faz sentir, ou de como você age quando está com ela, então eu quis escrever sobre isso. Tudo que escrevo envolve esses fios de conexão que ressoam por toda a nossa vida, que nos vinculam a outras pessoas, queiramos ou não. Algumas pessoas são terríveis na função de pais, como a mãe de Lillian, ou mesmo Roberts. Contrariando todas as expectativas, Lillian não repete a maneira como sua mãe agia e acaba cuidando muito bem das crianças. Você frequentemente escreve sobre famílias. Por quê? É sobre isso que penso o tempo todo. Eu me interesso pelo fato de que somos criados por pessoas, chegamos ao mundo cercados por essa família ou comunidade. Que coisa 6
estranha estar conectado a essas pessoas pela genética e pela proximidade, que significativo! E me interesso em como chega um momento em que você precisa desmanchar todos os pedaços de si que sua família ajudou a criar e então, criar por conta própria a pessoa que deseja ser. Porém, agora que sou pai, também penso sobre a estranheza e a beleza de trazer uma pessoa ao mundo, fazer o seu melhor para cuidar dela e protegê-la, e depois a sensação de assisti-la, pouco a pouco, crescer e criar sua própria família. Nunca estamos livres disso, e eu nem gostaria de estar. Sejam as que criamos, que encontramos ou com as quais nascemos, essas conexões têm muita influência na nossa vida. Você escreve romances e contos. Tem um gênero literário que prefira para escrever? Como você sabe se um enredo fica melhor como um conto ou um romance? Quais são seus autores favoritos? Ah, eu gosto dos dois gêneros, pois me permitem fazer coisas diferentes. Posso ser mais ousado nos contos, e os romances me permitem expandir a história, perceber que posso fazer mais com a narrativa. Eu não abriria mão de nenhum dos dois. Quanto ao enredo ser um romance ou um conto, eu não sei, mas geralmente percebo que deve ser um romance quando sinto que a história fica ecoando, quando penso que é algo, mas isso reverbera, tem desdobramentos, e eu fico reconsiderando a história, adicionando elementos — aí penso: “ah, é um romance”. Minhas autoras favoritas são Shirley Jackson e Carson McCullers, pois acho que as duas escreveram belamente sobre como é se sentir esquisito no próprio corpo e na própria mente. Gosto de Jackson por me ajudar a descobrir as consequências mais sombrias disso, e gosto de McCullers por me mostrar a ternura por trás desses sentimentos, mesmo que também haja dor. Quanto a autores contemporâneos, sempre recorro a Ann Patchett, que para mim é a escritora mais versátil e incrível. Gosto de Aimee Bender e George Saunders por sua estranheza e magia. Gosto de Victor LaValle, Megan Boyle, Marcy Dermansky. Tradução Ana Beatriz Fiori
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Para ir além
A POÉTICA DO FOGO Episódios de combustão humana espontânea permeiam o nosso imaginário desde tempos remotos e inspiram criações literárias as mais variadas, de Charles Dickens a Kevin Wilson
PAULA SPERB
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O fenômeno conhecido como combustão humana espontânea, que ocorre quando pessoas pegam fogo sem indução externa, não é necessariamente objeto apenas da ficção literária, como no livro Nada para ver aqui. Ao longo da história, inúmeros casos de corpos inflamáveis foram registrados. Séculos antes de Kevin Wilson, o autor inglês Charles Dickens (1812-1870) também se inspirou nos assombrosos casos para escrever Bleak House (Casa soturna), em 1853. Dickens foi alvo de críticas de quem alegava que tal fenômeno era impossível. O autor inglês então escreveu um prefácio dizendo que não enganaria seus leitores e que havia feito muita pesquisa. “Existem cerca de trinta casos registrados”, observou na época. No livro do mês, Kevin Wilson narra a história dos gêmeos de dez anos Bessie e Roland, crianças absolutamente normais, exceto pelo fato de pegarem fogo e não ficarem feridas. Em entrevista à TAG, Wilson contou que o tema da combustão espontânea é uma obsessão desde sua
infância. Seu melhor amigo na escola emprestou um exemplar de Mysteries of the Unknown (Mistérios do desconhecido), uma espécie de almanaque editado pela Time-Life recheado de temas curiosos como paranormalidade, extraterrestres e, claro, combustão humana espontânea. Na edição de 2015 da obra, o assunto ainda estava ali, porém atualizado. Diferentemente da época de Charles Dickens, quando ele mencionou “trinta casos”, o almanaque trazia a seguinte informação: “Mais de 200 registros apareceram nos últimos 300 anos”. Não se pode afirmar com rigor científico exatamente quais são as causas desses episódios. Mas uma coisa é certa: o fogo fascina a humanidade desde a pré-história. Tal maravilhamento diante do fogo é tanto simbólico como natural. Natural, porque o fogo é capaz de destruir florestas por exemplo, mas, sem o fogo do Sol, não haveria vida. Quanto ao simbólico, a escritora e psicóloga Mariana Portela, autora de Viver é fictício (Editora Laranja Original), recorre ao filósofo fenomenológico Gaston Bachelard (1884-1962) para buscar interpretações. Bachelard escreveu sobre o ar, a terra, a água e o fogo. Sobre este último, publicou A psicanálise do fogo e A chama de uma vela. “Bachelard fala que o fogo não é um ser natural, mas social. O fogo nunca existe por si mesmo. Além disso, muitas vezes o fogo vem para transmutar. Do fogo vem a destruição, mas também o renascimento”, explica Portela. Em Nada para ver aqui, de fato, o fogo é “socializado”, já que é uma característica compartilhada pelos irmãos. E do fogo também surge uma vida nova, basta lembrar do incêndio na mansão e a chance das crianças de recuperarem a ideia de família junto a Lillian, bem longe dali. O que também é compartilhado é o plano das crianças caso não se acostumem com a nova rotina. Na primeira noite deles na casa, adaptada 9
especialmente para eles, os irmãos conversam sobre suas primeiras impressões. Lillian, que dormia com eles na cama, escuta o diálogo: “— Então o que fazemos? — indagou ele. —Só esperamos para ver — respondeu Bessie. — E se for ruim? — questionou Roland (…). — A gente queima tudinho — sugeriu Bessie. — Tudo. Todos. Botamos fogo. — Ok — aceitou Roland.” O trecho dá conta de que, no fundo, as crianças sabiam que tinham algum controle sobre a combustão. Tal domínio sobre o próprio fogo foi conquistado com ajuda de Lillian. Segundo Portela, Bachelard analisa o fogo também de maneira dialética. Em outras palavras, sem o frio, não há o calor. Porém essa consciência sobre o fogo tem consequências. “Nesse sentido dialético, para Bachelard, quando temos a consciência de arder, esfriamos. Quando a gente sente uma intensidade, a gente acaba diminuindo. Para ter a intensidade do fogo, precisa não saber conscientemente. Se sabe, já não está mais tão intenso”, analisa a escritora. Quanto mais a autoconsciência dos gêmeos é desenvolvida com o incentivo de Lillian, que adota estratégias como aulas de ioga e até atividades comuns, como ir à biblioteca pública ou tomar sorvete na cidade, mais as crianças conseguem “apagar” o fogo. É na biblioteca, aliás, que o título do livro revela seu sentido. Bessie temia que as pessoas ficassem olhando para eles, com roupas antifogo e gel protetor espalhado na pele. A garota hesita em entrar na biblioteca. “Ninguém vai ficar olhando para vocês, Bessie”, insiste Lillian. “Honestamente, Bessie? As pessoas não se importam com ninguém a não ser elas mesmas. Elas não notam nada. Nunca olham pras coisas interessantes. Elas estão sempre olhando para si mesmas”, disse a babá.
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Crítica
PEDRAS FLAMEJANTES NO SAPATO LUSTROSO Narrativas que flertam com o realismo mágico sempre foram terreno fértil para alegorias, e as crianças do romance de Kevin Wilson são pequenas metáforas ambulantes
ANDRÉ CÁCERES
Não há receita pronta para interpretar metáforas. A peste de Camus simboliza a ascensão do fascismo, e a colônia penal de Kafka representa as mazelas do colonialismo. Ou não. Essas e outras narrativas podem ser — e frequentemente são — lidas por esse prisma e, para fins literários, isso basta. No caso do livro Nada para ver aqui, de Kevin Wilson, o leitor é justamente desafiado a pensar o que significam crianças em chamas. A resposta rápida, como em toda obra que flerta com a fantasia e o realismo mágico, é: talvez nada. Nada para ver aqui acompanha Lillian, jovem promissora de origem modesta que vira bolsista em um suntuoso colégio para moças, mas é expulsa, passando a se resignar a uma vida medíocre. No breve auge acadêmico, manteve intensa amizade com Madison, sua antípoda de uma família rica por quem nutre afetos tão ambivalentes quanto os que unem a dupla de amigas mais célebre da literatura contemporânea, Lenu e Lila, da tetralogia napolitana, de Elena Ferrante. Em um momento fulcral da amizade de Lillian e Madison, a protagonista chega a assumir intimamente: “Era um sentimento tão estranho, odiar alguém e ainda assim amá-la ao mesmo tempo”.
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NA EPIDERME SEMIÓTICA DO ROMANCE, OS CORPINHOS FLAMEJANTES INSPIRAM CUIDADO E VIGILÂNCIA CONTÍNUOS Os dilemas entre esforço e merecimento, sucesso e fracasso, conformidade e rebeldia, e, em última instância, entre fugir da realidade da infância e ceder a ela, tão presentes na obra de Ferrante, se apresentam aqui de forma sutil, contida e com diferenças, tornando as quatro personagens intercambiáveis, embora o paralelo ainda seja notável. A ação do romance se dá muito depois dos anos escolares, quando Madison, casada com um senador e mãe de um menino mimado e extravagantemente polido, convida Lillian, com quem ainda mantém correspondência (a internet engatinhava na época em que a história se passa), para um trabalho inusitado: cuidar dos dois enteados após a morte da esposa anterior do senador Roberts. A notícia ruim é que essas crianças pegam fogo sempre que se sentem agitadas, irritadas ou contrariadas — não só no sentido figurado, como é de praxe. A boa é que, a despeito das roupas chamuscadas e dos perigos para os demais, os gêmeos Bessie e Roland não se machucam durante as crises. Lillian, que admitia evitar crianças e se comparava à mãe pouco afetuosa, cria uma forte identificação com os pequenos rejeitados: “Eles eram como eu, sem amor e fodidos, e eu me certificaria de que tivessem tudo o que precisassem”. Uma vez aceita a premissa de Nada para ver aqui, o jogo de significados tem início. Bessie, perspicaz e madura, e Roland, ingênuo e melancólico, são duas pequenas metáforas ambulantes. Na epiderme semiótica do romance, os corpinhos flamejantes inspiram cuidado e vigilância contínuos, indicativo de fragilidade, mas são 12
capazes de pôr abaixo uma casa ou as ambições políticas do pai ausente, alegoria de sua força oculta. Para além dessa primeira camada, o autor trabalha a todo momento sob o signo da rejeição e da aceitação. Lillian não conheceu o pai e jamais foi objeto de preocupação da mãe relapsa. Madison suprimiu as próprias aspirações para se submeter ao casamento conveniente, desejado pelos pais, mas continuou ofuscada pelos irmãos. O senador está em uma cruzada para conquistar a aceitação dos eleitores, do partido e do presidente, por quem quer ser nomeado secretário de Estado. Bessie e Roland foram rejeitados pelo pai por anos, até que a morte da mãe o obriga a acolhê-los de volta e transforma-os em duas pedras incandescentes no sapato lustroso do senador, que precisa evitar escândalos para conseguir o cargo. É emblemático que, de volta à mansão, os gêmeos percebam que seu antigo quarto tenha virado uma sala de ginástica — mesmo destino do quarto de Lillian na casa da mãe — e perguntem pelos seus pertences, mas não para tê-los de volta. “Eu só quero saber se ele guardou”, diz Bessie. A princípio, Lillian almeja “integrá-las àquela vida nova, (...) conseguir que elas andassem em um shopping lotado e provassem roupas sem pôr fogo em tudo”. A ameaça imposta por crianças que entram em combustão espontânea à carreira política do pai é também uma ameaça ao estilo de vida norte-americano, levado a cabo pelo senador com seus discursos banais. Mas Lillian só obterá acesso ao coração dessas crianças flamejantes quando compreender que não deve moldá-las ao padrão da sociedade. Que a educação é o estímulo das potencialidades, não um processo de castração moral. Uma conclusão digna de um romance incendiário.
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ORHAN ORHAN
guém que entendia o poder das palavras”
prah Winfrey
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Isolado na beleza gélida de uma ligada porfamiliares. fortes vínculos e valores valores familiares. é um jovem atleta dá culturais aulas de Bucky Cantor, oque protagonista, fosca estimada é um jovem atletaoque dá aulas de Bucky Cantor, protagonista, e valores familiares. laminação base de pesquina no Ártico, ele recebe notícias de um lombada é um jovem atletaoque dá aulas de Bucky Cantor, protagonista, e valores familiares. Bucky Cantor, oque protagonista, educação física em uma é um jovem atleta dáescola aulas de brilhante logo educação física em uma escola é um jovem atleta que dá aulas de fosca estimada Bucky Cantor, o protagonista, evento catástrofico. 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S SU UL AL A
Lily Brooks-Dalton
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Espelho partido é um livro de bastidores. As antigas criadas contam às mais jovens as lendas e os mistérios que envolvem a família Valldaura, mas o quadro completo pertence somente ao leitor, senhor dessa teia de segredos. Nas palavras da autora Mercé Rodoreda, expoente da cultura catalã do século XX, “Espelho partido é um romance em que todo mundo se apaixona por quem não tem de se apaixonar e quem tem falta de amor procura obtê-lo seja como for: no intervalo de uma hora ou no intervalo de um momento”. O passado surge como os tentáculos de um polvo negro e viscoso: um suicídio em Viena, um filho perdido e rejeitado, uma amante cançonetista e uma filha bastarda. Fratricídio. E é com cores intensas que a autora salpica essa narrativa dolorida, que vai do cruel ao comovente, cujo fim se dá um pouco após a Guerra Civil Espanhola.
9 786555 353310
MERCè RODOREDA ESPELHO PARTIDO
da maestria da primeira escritora negra a ganhar o prêmio Nobel
Toni Morrison foi uma feiticeira com a linguagem,
e literatura.
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deda vigor, Sula escritora é um livro impactante a amizade da Cheio maestria primeira negra a ganhar sobre o prêmio Nobel ntre duas mulheres e a pressão que a sociedade exerce sobre o e literatura. esejo feminino. Uma das principais obras de Toni Morrison traz
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provas
editor luara fechado por samantha editor
Lily Brooks-Dalton O CÉU DA MEIA-NOITE
dade,duas masmulheres Sula se transforma emque umaa pária. Contudo, amigaso ntre e a pressão sociedade exerceassobre ermanecem ligadas pordas umprincipais terrível segredo doToni passado. esejo feminino. Uma obras de Morrison traz
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stória de Wright e Sula Peace mulheres que se conheceram dade, masNel Sula se transforma em — uma pária. Contudo, as amigas uando crianças na pequena Medallion, Ohio. ermanecem ligadas por um cidade terrívelde segredo do passado. Nel cresce e se torna a comunidade da Cheio de vigor, Sula éum umpilar livropara impactante sobre a negra amizade
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O CÉU DA MEIA-NOITE
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A MULHER A MULHER
De certo modo, sua estranheza, sua ingenuidade, sua ânsia pela utra metade da equação era a consequência de uma imaginação ciosa. Se tivesse tintas, ou argila, ou conhecesse a disciplina De certo modo, sua estranheza, suano ingenuidade, suasua ânsia pela a dança, ou cordas; se tivesse algo que empregar utra metade da equação era dom a consequência depoderia uma imaginação emenda curiosidade ou seu da metáfora, ter ciosa. tivesse tintas, argila, ou conhecesse a disciplina ocadoSe a inquietação e aou preocupação com caprichos por ama dança, ou cordas; tivesse algo que empregar atividade que lhesesuprisse tudono que almejava. E, sua como emendaartista curiosidade ou seu metáfora, poderia ter ualquer sem forma dedom arte,daela se tornou perigosa.” ocado a inquietação e a preocupação com caprichos por ma atividade que lhe suprisse tudo que almejava. E, como Neste romance brilhante de Toni Morrison, conhecemos a ualquer artista sem forma de arte, ela se tornou perigosa.” stória de Nel Wright e Sula Peace — mulheres que se conheceram
MERCè RODOREDA
ESPELHO PARTIDO
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Tagger, É o amor pelos livros que nos une aqui. E não foi diferente em 2021. Aliás, eles foram essenciais para nos manter próximos quando a pandemia parecia não nos dar sossego, quando a necessidade de isolamento era uma realidade que parecia interminável. Ainda bem que a literatura raramente falha em nos oferecer companhia, em nos conectar com outras pessoas e em nos ajudar nas difíceis travessias da vida. E foi ao lado de personagens instigantes e de taggers incansáveis que enfrentamos um dos momentos mais desafiadores da nossa história. Se a literatura nos permite transpor fronteiras temporais e geográficas apenas com a imaginação, podemos dizer que foi bem assim que começamos o ano, não é mesmo? Orhan Pamuk nos levou diretamente para Istambul, na Turquia, e nos surpreendeu com uma reviravolta inesquecível.
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alto. Amo a forma como Kevin “Ri“Ri alto. Amo a forma como Kevin JACQUELINE WOODSON, Wilson escreve.” JACQUELINE WOODSON, Wilson escreve.” VENCEDORA NATIONAL BOOK AWARD VENCEDORA DO DO NATIONAL BOOK AWARD
Tradução Ana Ban Tradução Ana Ban
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recebe uma carta de Madison. Amigas improváveis nana recebe uma carta de Madison. Amigas improváveis época da escola, elas perderam o contato ao ao longo dos época da escola, elas perderam o contato longo dos anos, seguindo caminhos bastante distintos. Madison, anos, seguindo caminhos bastante distintos. Madison, agora casada com o senador Roberts, escreve oferecendo agora casada com o senador Roberts, escreve oferecendo umum emprego a Lilian como babá dosdos enteados que estão emprego a Lilian como babá enteados que estão chegando para morar na na mansão do do político. Com uma vida chegando para morar mansão político. Com uma vida digna de zero comentários e nada a perder Lilian aceita a a digna de zero comentários e nada a perder Lilian aceita oferta e, ao do verão, elaela se surpreende com o vínculo oferta e,longo ao longo do verão, se surpreende com o vínculo criado com os gêmeos Bessie e Roland. Só Só tem umum problema: criado com os gêmeos Bessie e Roland. tem problema: quando estão exaltadas, as coisas tendem a pegar fogo... quando estão exaltadas, as coisas tendem a pegar fogo...
KEVIN WILSON KEVIN WILSON
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A TRÉGUA
NA NAPRIMAVERA PRIMAVERA CLARA Edwidge CLARA DA LUZ Danticat DE LILIAN DE1995, 1995, LILIAN Edwidge DA LUZ Danticat DO MAR DO MAR
Edwidge Edwidge Danticat Danticat
ISBN 978-85-5652-128-6
Mario Benedetti — A TRÉGUA
Publicado em 1960, A trégua é o mais famoso romance de Mario Benedetti e uma das obras mais importantes da literatura latino-americana contemporânea. Escrito em formato de diário, com um texto incisivo, muitas vezes irônico, o livro conta a história de Martín Santomé, um ˝ homem maduro, de muita bondade, meio apagado mas inteligente˝ . Prestes a completar cinquenta anos, viúvo há mais de vinte, Santomé mora com os três filhos. Não se relaciona bem com nenhum deles, tem poucos amigos e mantém uma rotina cinzenta, sem sobressaltos. No diário, conta os dias que faltam para a aposentadoria, mas não tem ideia do que fará assim que se livrar do trabalho maçante. Seu destino, no entanto, mudará quando conhecer Laura Avellaneda, uma jovem discreta e tímida. Com ela, Martín Santomé voltará a conhecer o amor, numa luminosa trégua para uma vida até então taciturna e opaca. Este livro é, porém, muito mais do que uma história de amor. É um belíssimo questionamento sobre a felicidade e um retrato às vezes bem-humorado, às vezes ferino, dos difíceis relacionamentos humanos.
No dia do aniversário de sete anos de Claire Limyè Lanmè, seu pai decide No dia do aniversário deasete anos dede entregá-la para Gaëlle, vendedora Claire Limyè Lanmè, seu pai decide tecidos da pequena Ville Rose, no Haiti, entregá-la para a vendedora de para que ela dêGaëlle, à menina uma vida melhor. tecidos datriste pequena Ville Rose, no Haiti, Neste e delicado romance, Edwidge para que ela à menina uma vida Danticat faladê dos misteriosos laçosmelhor. que Neste triste delicado romance, Edwidge criamos com ae natureza e com aqueles Danticat fala dos misteriosos laços à nossa volta. Como num tecido, asque vidas criamos com a natureza e com aqueles dos moradores do vilarejo se entrelaçam, à nossa Como num tecido, as vidas e cada volta. história revela algo da tragédia de dos moradores vilarejoseus se entrelaçam, todos eles, masdo também momentos e cada história revela e algo da tragédia de de força, resistência esperança. todos eles, mas também seus momentos de força, resistência e esperança.
CLARA DADA LUZ DODO MAR CLARA LUZ MAR
Mario Benedetti
Um grande amor pode ser uma trégua na vida.
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Nos meses seguintes, viajamos pelo passado através de diferentes histórias, como Nêmesis, de Philip Roth, cuja trama nos permitiu refletir sobre o momento que vivemos e entender que somente conhecendo a história é que podemos nos preparar e transformar o futuro. Aprendemos também, com Ngũgĩ wa Thiong’o, que é possível sonhar em tempos de guerra. E como foi importante sonhar com você neste ano, tagger! Entre outros autores e autoras, Mario Benedetti e Marta Orriols nos ajudaram a compreender a solitude e a conviver com o luto, buscando uma trégua em meio à monotonia do cotidiano e aprendendo a falar com nossos próprios sentimentos. 2021 chega ao fim e dá espaço agora a um novo ano, a uma nova trégua, a um novo sonho. E, no período que está por vir, esperamos que as leituras continuem a encantar, gerar reflexões e, claro, a despertar a sua vontade de embarcar conosco em novas aventuras. Vamos juntos? Um abraço forte,
Equipe TAG
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Unboxing
PROJETO GRÁFICO
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Túlio Cerquize (tuliocerquize.com) é o designer responsável pelo projeto gráfico do kit deste mês — ele já colaborou com outros livros da TAG, como Todas as cores do céu (2018) e Uma nova chance para o sr. Doubler (2019). À primeira vista, a luva mostra a casa onde a história se passa, com cores neutras e sólidas, que traduzem uma falsa sensação de normalidade. Ao tirar o livro da luva, porém, como se estivéssemos entrando na casa e no cenário, somos surpreendidos pelas chamas ao redor dos gêmeos Bessie e Roland em movimento, em referência direta ao fogo que confere tons de fantasia ao enredo. Túlio também trabalhou essa ambiguidade de sentidos através das cores quentes e frias da capa, trazendo contraste: “Os fios brancos e sobreposições de cores são propositais, passando a ideia de erro de registro das embalagens em flexografia (uma técnica de impressão)”. A capa da revista traz uma representação estética mais literal de uma caixa de fósforos, e a alusão à temperatura também aparece nas páginas do miolo, marcadas por um efeito de papel queimado e antigo.
MIMO
Ele está de volta! A última caixinha do ano traz um dos mimos mais amados do clube: o calendário de mesa 2022. Com o título “Qual tipo de tagger você é?” e ilustrado pela designer Renata Miwa (renatamiwa.com), o calendário homenageia a comunidade tagger. Cada mês evoca a representação de um tipo de leitor e leitora diferente — como os taggers viajantes, amantes do design, artistas, shakespearianos e muito mais.
Na Estante do App, você encontra mais conteúdos, como vídeos e fotos, sobre o processo criativo do projeto gráfico e do mimo! Ainda não utiliza o App? Baixe no link https://bit.ly/AcessarAppTAG ou aponte a câmera do seu celular para o QR Code ao lado. 16
Próximo mês
VEM POR AÍ
Janeiro Uma das nossas maiores musas, Alice Walker retorna ao clube — desta vez no papel de curadora. No livro inaugural de 2022, trazido em primeira mão pela TAG, teremos as memórias de um dos maiores ensaístas estadunidenses da atualidade. Trata-se da jornada de uma busca desesperada pelo corpo ideal, pela aprovação da mãe perfeccionista e por encontrar o amor e a felicidade em uma sociedade marcada pelo racismo e pela cultura das aparências. Alice Walker Divulgação
Para quem gosta de: memórias, histórias de amadurecimento, livros profundos e catárticos
Fevereiro Um dos principais nomes da imprensa brasileira, o jornalista Guga Chacra indica uma obra cujo autor — de origem libanesa como a sua família — propõe uma incursão pelo Oriente Médio no século XI. A vida e os versos de um poeta persa daquela época inspiram a trama, que se estende à virada do século XIX para o XX, momento a partir do qual o narrador, obcecado pelos manuscritos do poeta, conta a história. Guga Chacra Divulgação
Para quem gosta de: ficção histórica, cultura oriental, aventuras e reviravoltas 17
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