Nov2017 "As três Marias"

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NOVEMBRO DE 2017 As três Marias


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Errata: a capa da revista de setembro foi desenvolvida por Gisele Oliveira.

Mariah Pacheco Marília Fernandes Martín Castellanos Oliver Grossman Ferreira Pablo Valdez Paula França Pedro Kondak Raoul Jean Rodrigo Antunes Rodrigo Raya Suya Castilhos Thaís Mahfuz Tomás Susin Vinícius Carvalho Vinícius Goulart Vinícius Reginatto Virginia Bagatini Yasmin Lahm


Ao Leitor Em 1958, quando Rachel de Queiroz recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto de sua obra, ouviu no discurso de homenagem de Austregésilo de Athayde, então presidente da ABL, que, mesmo reconhecendo seu talento, “jamais” votaria em seu nome para membro da instituição, pois esta era reservada aos homens. Menos de vinte anos depois, no dia 4 de novembro de 1977, eles estariam lado a lado nas cadeiras verdes dos imortais. Desde sua fundação, em 1897, até aquela data, a ABL era resistente à presença feminina em seu colegiado e refratária aos méritos literários das mulheres. A própria Rachel publicara O Quinze, um dos livros mais memoráveis do Modernismo brasileiro, quarenta e sete anos antes da cerimônia. Foi um importante passo para a igualdade de gênero, mas ainda há um longo caminho: desde então, apenas sete mulheres ingressaram na instituição. Nordestina, subversiva, polêmica e independente, Rachel de Queiroz

inspirou, por meio de suas ações e escrita, milhares de pessoas. Entre elas, está Heloisa Buarque de Hollanda, professora, crítica literária e curadora do mês de novembro da TAG. Heloisa descobriu na obra de Rachel perfis de personagens femininas fortes, uma linguagem feminista – embora a autora não se identificasse com o movimento – e uma preocupação com a realidade social do cenário nordestino. Heloisa indicou uma de suas obras mais intimistas e autobiográficas: As três Marias, de 1939, que retrata a trajetória de três mulheres cujos caminhos entrelaçam-se em um internato de freiras. A edição enviada pela TAG inclui, além do próprio romance, três textos complementares: "Carta aberta a Rachel de Queiroz", pela curadora Heloisa Buarque de Hollanda, "Uma nota biográfica", por Elvia Bezerra, e uma crítica literária de Mario de Andrade, escrita no ano de publicação da obra. Boa leitura!



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A curadora: Heloisa Buarque de Hollanda Entrevista com Heloisa Buarque de Hollanda O livro indicado: As trĂŞs Marias

O sertĂŁo na literatura brasileira Mulheres na Academia Brasileira de Letras

Homenagens Os efervescentes anos 30

Carol Bensimon


Marcelo Correa


A curadora: Heloisa Buarque de Hollanda

Nascida na paulista Ribeirão Preto, em 26 de julho de 1939, Heloisa Buarque de Hollanda (que, a despeito do que se poderia inferir, não tem nenhum parentesco com Chico Buarque) vem, desde os anos sessenta, contribuindo das mais variadas e criativas formas para o estudo, o reconhecimento e a democratização da cultura no Brasil. Professora, crítica literária, pesquisadora, ensaísta, editora e jornalista, sua atuação envolve a busca pelo diálogo entre espaços historicamente distanciados, como as comunidades periféricas e as universidades, a valorização da produção marginal – em especial, a poesia, sua grande paixão –, a pesquisa dos potenciais da tecnologia na produção e no consumo da

cultura, além de uma preocupação constante com questões de raça e de gênero. Entre seus livros publicados, destacam-se 26 poetas hoje (1976), Macunaíma, da literatura ao cinema (1978), Impressões de viagem (1980), Cultura e participação nos anos 60 (1982), Pós-Modernismo e política (1991), Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura (1994) e Escolhas, uma autobiografia intelectual (2009). Hoje, uma de suas grandes realizações intitula-se Universidade das Quebradas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O projeto promove o diálogo de produtores culturais e artistas das periferias

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com a comunidade acadêmica – círculo com o qual Heloisa, desde muito jovem, esteve envolvida.

como Graciliano Ramos, José de Alencar e Lima Barreto. Este último foi responsável por introduzi-la ao que no futuro se tornaria o eixo fundamental dos seus trabalhos: a produção e os discursos marginais.

Entre 1956 e 1961, cursou Letras na PUC-Rio. Apesar do ambiente revolucionário e das acaloradas discussões sobre cultura e política que se espalhavam pelo campus, sentia uma forte sensação de não pertencimento na universidade – esse mal-estar seria a constante, um amor e ódio contínuos na relação de Heloisa com a academia. Depois de formada, aproveitou a mudança para os Estados Unidos, país no qual seu marido realizaria o mestrado, para cursar línguas e teoria literária, aprendendo, segundo ela, mais sobre o Brasil lá do que aqui.

O “vazio cultural”, rótulo que acompanhava o Brasil durante o período de repressão política no país, pareceu apenas aumentar o interesse de Heloisa em demonstrar o contrário. Durante a década de setenta, aproveitou a falta de espaço na universidade para se arriscar no cinema, rádio e outras áreas da cultura. Começou também a acompanhar de perto a cena de poesia alternativa que se opunha ao momento de escassa produção artística. Em 1976, Heloisa publicou 26 poetas hoje, que alavancou sua reputação como crítica literária. “Na época, avaliava esta publicação

Marcelo Correa

Meses depois do golpe militar de 64, Heloisa voltou ao país e começou a dar aulas de literatura. Dedicou-se ao universo de escritores

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como uma forma de divulgar, num circuito mais amplo, uma produção e um debate que encontravam certa resistência no meio acadêmico”, ela conta na autobiografia Escolhas. Inicialmente visto como uma obra de pouca relevância, o livro é hoje um cânone, amplamente utilizado em vestibulares pelo Brasil. 26 poetas hoje evidenciou artistas como Francisco Alvim, Torquato Neto, Ana Cristina Cesar e Waly Salomão.

sobre as “matriarcas” nordestinas – as mulheres dos proprietários de terras que exerciam grande liderança quando estes não estavam presentes e tinham como característica a personalidade combativa e as resistências que se faziam necessárias frente à sua condição social e de gênero. Foi durante esse projeto que Heloisa conheceu com maior profundidade a obra de Rachel de Queiroz, escritora cearense, exploradora do universo íntimo das matriarcas e autora de As três Marias (1939), livro indicado para este mês.

A partir do final da década de setenta, direcionou sua atenção novamente à produção de conhecimento e à pesquisa acadêmica, aproveitando a abertura política e o retorno do exílio de diversas personalidades. Nos anos oitenta, aproximou-se do feminismo, no qual ela via um “alcance político de um novo ‘pensamento diferencial’, uma chave mestra para a problematização do nexo que mantém ligadas identidade e linguagem”. Em 1986, criou a Coordenação Interdisciplinar de Estudos Culturais – Ciec, laboratório de pesquisa que estabeleceu a mudança do foco de estudo, da literatura marginal para questões literárias de raça e gênero.

“Além do interesse que sua obra suscita, a personagem Rachel é de extraordinária riqueza para o estudo de questões brasileiríssimas: a força do privado na vida pública nacional, a variedade das estratégias de intervenção feminina, a estrutura das relações de poder no Brasil, a configuração de nossas instituições culturais.”

Duas das principais iniciativas lideradas por Heloisa nesse período foram o Projeto Abolição, com o objetivo de estudar questões raciais na arte brasileira, e Mulher e literatura. Este, por sua vez, envolveu a documentação de relatos

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Entrevista com Heloisa Buarque de Hollanda

TAG – Sobre o livro Rachel de Queiroz (2009), da coleção Nossos Clássicos, você afirmou “Já escrevi muito sobre Rachel e, principalmente, sobre sua arte inconfundível de contornar problemas & esquemas”. Como ocorreu este interesse pela obra da autora, evidenciado em tanto material produzido a respeito dela? Heloisa Buarque – Foi por acaso. Eu estava fazendo uma pesquisa sobre Orson Welles e o filme inacabado que ele rodou aqui no Brasil quando soube que [Rachel] tinha tido bastante contato com ele aqui. Fui entrevistá-la e me apaixonei por ela, pela sua força, por sua capacidade incrível de acolhimento e escuta. Daí para seus livros e meus textos foi um pulo. Divulgação/Site Pessoal

TAG – Entre os livros de Rachel de Queiroz, o mais conhecido é, sem dúvida, O Quinze (1930). Entretanto, você escolheu As três Marias. Como você justifica a importância deste livro para nossos associados?

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Heloisa Buarque – Acho que este é o livro “mais Rachel” de todos. É claramente autobiográfico, mostra um momento decisivo da vida dela, que foi sair de casa e ficar anos num internato. Momento de passagem da adolescência para a idade adulta, quando ela já mostrava seu perfil e revelava também várias perspectivas sobre as mulheres, a amizade e o amor.

periências. Mas já se pode avaliar, ainda que precariamente, o impacto nas periferias que, quando reconhecidas como detentoras de um saber contemporâneo e diferenciado, se fortalecem profissional e intelectualmente. Por outro lado, os alunos de Letras têm promovido um número bem significativo de colaborações com os escritores e poetas das comunidades.

TAG – Desde o início da sua atuação como acadêmica, você vem realizando pesquisas no que tange ao momento sociocultural brasileiro atual, como os projetos Periferias Literárias e Polo Digital. A respeito da produção literária contemporânea brasileira, quais características você atribuiria à geração recente?

TAG – Na autobiografia Escolhas: uma autobiografia intelectual (2009), encontra-se o trecho: “É provável que o próprio desprestígio da poesia como valor de mercado permita que os poetas arrisquem mais, vejam mais longe. Sem nada a perder, sem muito a ganhar, os poetas ganham em liberdade e lucidez”. Qual é a sua relação com a poesia enquanto leitora e quais poetas contemporâneos brasileiros você indicaria para os associados do clube?

Heloisa Buarque – Minha cachaça, fora Rachel, sempre foi a poesia. No momento, estou estudando as jovens poetas e o impacto do feminismo nessa poesia.

Heloisa Buarque – Durante toda minha trajetória profissional, fui leitora compulsiva de poesia. Para compartilhar esse encanto, organizei várias antologias em momentos e contextos diferentes, sempre lidando com poetas emergentes. Hoje, eu indicaria as poetas Angélica Freitas, Alice Sant'Anna, Bruna Beber, Marilia Garcia e, para não parecer que não leio poetas homens, o Ismar Tiok Girelli, que, dos novos, me parece um dos mais significativos.

TAG – Universidade das Quebradas é um dos seus projetos mais reconhecidos, que pretende ser de “duas vias”: da comunidade para a Universidade e vice-versa. Você poderia compartilhar como foi a recepção do projeto e seu impacto? Heloisa Buarque – É difícil responder, porque o projeto é um laboratório de tecnologias sociais. E, neste sentido, interessam muito o processo e a abrangência das ex-

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RACHEL DE QUEIROZ • AS TRÊS MARIAS

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O livro indicado: As três Marias Quando se trata de pioneirismo, Rachel de Queiroz deve ser lembrada como uma das mais relevantes figuras do universo literário brasileiro. Em uma época de rejeição à produção intelectual e criativa oriunda de uma mulher – no seu caso, para agravar, uma mulher do Nordeste –, ela trouxe novas perspectivas sociais, de gênero e abriu portas para que outras pudessem seguir seus passos. Foi uma das primeiras mulheres cronistas, a única aceita no movimento modernista brasileiro e a primeira a ocupar uma cadeira da Academia Brasileira de Letras. Sua história de vida é tão rica quanto seus romances, notoriamente inspirados nas experiências particulares de uma combativa mulher sertaneja.

próxima e uma das poucas pessoas convidadas a ler os folhetins do consagrado escritor antes de serem publicados. Sua infância aconteceu em um vaivém entre o campo e a cidade, na fazenda do Junco e Quixadá, brincando no açude, andando a cavalo e, aos poucos, introduzindo-se na literatura. A biblioteca dos Queiroz, exuberante tanto na cidade quanto na fazenda, facilitou a descoberta de Julio Verne e de suas Vinte mil léguas submarinas (1870). Machado de Assis e outros escritores brasileiros viriam logo depois, provocando em uma menina tão jovem um interesse incomum pelos livros. Violentas secas acometeram o Ceará em 1915 e trouxeram complicações para a família de Rachel, que acabou por sair do estado para morar no Rio de Janeiro, brevemente, e em Belém, por dois anos. De volta a Fortaleza, inscreveu-se no Colégio da Imaculada Conceição,

Rachel nasceu em novembro de 1910, em Fortaleza, capital cearense. Filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, era parente, por parte materna, de José de Alencar. Sua bisavó foi muito

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internato de freiras para meninas, onde se formaria em 1925.

algo inédito até então. Era, ainda, um livro escrito por uma mulher, explorando temas de relevância e de preocupação social, a autonomia e a liberdade feminina. Muitas pessoas, inclusive, chegaram a acreditar que o romance fora escrito sob pseudônimo – comprovação da fragilidade da situação da mulher nos anos 1930 no Brasil.

A adolescência e o começo da vida adulta foram marcados por experiências e incursões em diferentes gêneros literários. Começou escrevendo contos de terror, experimentou com poesia, elaborou um romance em folhetins e, mais tarde, produziu uma peça de teatro.

Rachel, no entanto, não era um caso comum. Após a publicação de O Quinze, tornou-se sensação do meio literário, passou a frequentar círculos intelectuais e a criar laços com integrantes do partido comunista cearense.

Como poucos escritores fizeram antes, Rachel estreou no universo literário em definitivo com o que se tornou seu principal romance – e apenas aos dezenove anos de idade. O Quinze (1930) foi escrito durante o enfrentamento de uma séria doença pulmonar e inspirado na seca vivida anos antes.

Em 1932, publicou seu segundo romance: João Miguel, que narra a história e a vida na prisão de um operário preso por matar um colega, abordando temas como a violência e o isolamento, sem esquecer, ao mesmo tempo, a consciência social característica do primeiro livro. Ao apresentar seu trabalho para o partido comunista, recebeu críticas e pedidos de

O romance foi recebido como uma surpreendente revelação no meio literário carioca e paulista. Rachel combinou o modernismo emergente e inovador de São Paulo e sua linguagem objetiva com a tradição e experiências nordestinas – as lutas contra a seca e a miséria –,

Rachel de Queiroz e Heloisa Buarque Divulgação/Site Pessoal

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mudanças no enredo – que o operário fosse morto pelo patrão para condizer com a ideologia política do grupo. A “contundente sugestão” não agradou à escritora, que deixou o partido e publicou João Miguel sem nenhuma alteração.

anteriores, a obra foi apreendida pelo governo. Dois anos depois, Rachel publicou As três Marias, indicação de Heloisa Buarque de Hollanda para a TAG. Pela primeira vez, Rachel arriscava-se na narrativa em primeira pessoa e em relatos autobiográficos – em especial, suas experiências no internato de freiras.

No período que se sucedeu à publicação, Rachel e José Auto, seu marido, foram morar na Bahia. Em 1933, nasceu Clotilde, filha do casal. Seguiu-se, então, um período de grande itinerância, com passagens pelo Rio, São Paulo, a volta ao Ceará e, por fim, Maceió, onde fervilhava um círculo literário de peso, formado por escritores como Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda e José Lins do Rego – importantes nomes do Modernismo no Brasil. Na capital alagoana, Rachel viveu breves momentos de felicidade até que dois trágicos eventos mudaram sua vida.

“As frases se movem em leves lufadas cômodas, variadas com habilidade magnífica. Talvez não haja agora no Brasil quem escreva a língua nacional com a beleza límpida que lhe dá, neste romance, Rachel de Queiroz.” – Mário de Andrade, em crítica de 1946

A obra é o relato do encontro de três mulheres, ainda na infância, no colégio interno, e de suas trajetórias no cenário urbano que as recebe posteriormente – tudo por meio de uma linguagem intimista, muito aproximada da de um diário. A destemida Maria Augusta, apelidada de Guta, narra a história; sua personalidade única traça intersecções óbvias com as da própria Rachel de Queiroz. As outras duas personagens centrais são Maria da Glória, órfã sonhadora e sentimental, e Maria José, católica fervorosa – ambas inspiradas em mulheres

Em 1935, Rachel perdeu Clotilde, vítima de meningite. Três meses mais tarde, seu irmão Flávio faleceu. A escritora buscou refúgio com a família, no Ceará, e passou a trabalhar em uma empresa de exportação. As dificuldades, no entanto, não findaram. A forte opressão conduzida pelo governo de Getúlio Vargas levou à prisão de Rachel, em regime incomunicável. Encarcerada, escreveu seu terceiro romance, Caminho de pedras (1937), no qual se reposiciona em relação ao partido comunista. Assim como seus dois trabalhos

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reais: Odorina Pinheiro Castelo Branco e Alba Frota, colegas de Rachel no internato e suas amigas até o fim da vida.

lembrança dos pais, como nas projeções futuras, por meio da idealização romântica. Os diferentes caminhos das três Marias representam as escassas opções para uma mulher naquele tempo e espaço específicos – Guta, nesse sentido, é a personagem que decidirá tomar atitudes mais transgressoras.

Nos pátios e salas de aula as três meninas, que de tão unidas recebem o apelido que alude à conhecida constelação, desenvolvem uma intensa amizade e compartilham experiências e fantasias sobre o mundo fora dos muros do internato. Amor, naquele momento, limitava-se a uma concepção ingênua, influência dos romances franceses que passavam de mão em mão, muitas vezes às escondidas.

No mesmo ano da publicação de As três Marias, Rachel separou-se de José Auto e mudou completamente de vida: foi para o Rio de Janeiro e só viria a escrever outro romance trinta e seis anos depois. Na capital carioca, encontrou-se no jornalismo, conquistou grande reconhecimento e levou uma vida autônoma e independente. Casou-se novamente, dessa vez com o goiano Oyama de Macedo, seu grande companheiro, com quem ficou até ele falecer, em 1982.

O tempo passa e a vida fora do internato começa a se concretizar. Em sua trajetória singular, cada uma das Marias chega a destinos que, se não parecidos entre si, ao menos trazem em comum as marcas características dos romances de Rachel de Queiroz: a busca incessante pelo amor, o desejo de possuí-lo que consome suas vidas, a representação social da mulher e todas as expectativas que lhes são impostas.

Até sua volta aos romances, Rachel de Queiroz dedicou-se às crônicas. Em periódicos como o Diário de Notícias e O Estado de São Paulo, foi nesse gênero que mais experimentou em sua forma de escrita. De mais de duas mil crônicas, foram lançadas catorze coletâneas, sendo algumas delas elaboradas pela própria Rachel.

Essa representação, aliás, pontua o romance em toda sua extensão: desde a infância no internato, as protagonistas sofrem com a repressão em um cenário onde escola e igreja, unidas, tolhem as liberdades e moldam o perfil da mulher bem-comportada, obediente, doméstica, e onde o homem representa o elemento emancipador, tanto no resgate memorialístico, através da

Durante esse período, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra, realizou diversas traduções, escreveu duas peças de teatro, literatura infanto-

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Divulgação

juvenil e envolveu-se novamente com política, tomando posições controversas: recusou o convite para ser ministra da educação do governo de Jânio Quadros, participou da deposição de João Goulart, fez parte do diretório da Arena, foi delegada do Brasil na ONU e integrou Conselho Federal de Cultura. “Eu tinha sido solidária à revolução de 1964 e ao governo de Castelo Branco. Mas depois, quando o grupo do Costa e Silva apertou as coisas e veio o AI-5, me afastei completamente. Nós não tivemos nada a ver com o que veio depois, com os excessos da linha dura. Não era aquilo que defendíamos e queríamos para o Brasil.”

é Memorial de Maria Moura (1992), finalizando o ciclo narrativo sobre mulheres fortes e independentes. Rachel faleceu em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, onde descansava na rede, provavelmente ao jeito nordestino – na diagonal, para não fazer mal à coluna. Deixou-nos no dia 4 de novembro de 2003, a poucos dias de completar noventa e três anos e exatos vinte e seis depois de sua posse na ABL. A cerimônia que em 1977 a imortalizara não foi, necessariamente, a maior representação de seus méritos, mas não deixa de ser um símbolo dos questionamentos que levou consigo enquanto escritora, mulher e sertaneja: “A vitória da minha candidatura representou a quebra de um tabu. Neste sentido me senti satisfeita, porque vivi a vida inteira na luta contra os formalismos, as convenções, os tabus e os preconceitos”.

O ano de 1975 marcou, enfim, o retorno de Rachel ao romance. Dôra, Doralina, escrito em uma época completamente diferente, mantém a força dos perfis femininos e as desilusões amorosas. Dois anos depois, Rachel foi a primeira mulher eleita na Academia Brasileira de Letras. O dia de sua posse, 4 de novembro de 1977, foi marcado pela grande festa que se organizou nas ruas próximas à cerimônia: escola de samba Portela e a torcida do Vasco da Gama lideraram a comemoração pelo feito de Rachel. Em 1993, nova conquista pioneira: o Prêmio Camões, que visa a consagrar um autor que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa. O último romance que publicou

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ECOS da leitura



O sertão na literatura brasileira

Sé evidente que assim também seriam suas identidades e liteendo o Brasil um país extenso e culturalmente heterogêneo,

raturas. No entanto, durante as décadas de 30 e 40, nota-se uma produção literária, embora diversa, especialmente unitária quanto ao espaço representado. As narrativas pertencentes ao movimento regionalista nordestino abriram caminho para uma série de escritores que reivindicaram o falar do sertão. Além dos já canonizados Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, e Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa, abaixo encontram-se outros títulos que abordam a temática espacial do sertão nordestino.

A bagaceira (1928), José Américo de Almeida José Américo de Almeida, quinto ocupante da Cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em 1887, na Paraíba. Aos nove anos, após o falecimento de seu pai, iniciou seus estudos em um seminário e, mais tarde, cursou Direito, no Recife. Sua primeira publicação literária foi A bagaceira, livro que projetou seu nome por todo o país. A narrativa é considerada um marco da literatura regionalista nordestina e se passa entre 1898 e 1915, dois períodos de seca. O enredo aborda o êxodo rural e o personagem autoritário do senhor do engenho, expoente da velha oligarquia. O romance, segundo o autor, teria força enquanto crítica social das relações humanas conflitantes entre o homem do sertão e o homem do engenho.

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Terras do sem-fIm (1943), Jorge Amado Jorge Amado nasceu em 1912 na cidade de Itabuna, Bahia, onde, desde cedo, apresentou interesse pela vida literária da cidade, tendo participado da redação de jornais e revistas. Aos dezenove anos, publicou seu primeiro romance, O país do carnaval (1931). Em 1943, depois de ser perseguido politicamente e censurado, publicou Terras do sem-fim, livro que relata o período de formação da zona cacaueira e o universo das relações sociais da região, em que a exploração da terra e da mão de obra ganhavam força. Em 1948, o romance foi adaptado para o cinema e, em 1966 e 1981, foi transformado em telenovela na TV Tupi e na Rede Globo, respectivamente. Menino de engenho (1932), José Lins do Rego

São Bernardo (1934), Graciliano Ramos

Amigo e colega de faculdade de José Américo de Almeida, José Lins do Rego também nasceu na Paraíba, em 1901, e igualmente integrou a Academia Brasileira de Letras. No Jornal de Alagoas, publicou Menino de engenho, romance que conquistou o Prêmio da Fundação Graça Aranha. A história se passa em um engenho do interior paraibano e retrata as relações controversas surgidas a partir do fim da escravidão, entre os antigos escravos e o senhor do engenho. O narrador-personagem da obra é Carlos, que adulto narra sua infância com uma linguagem espontânea e enunciadora de uma estética moderna, característica da época.

Graciliano Ramos nasceu no sertão de Alagoas, em 1892, e foi o primogênito de quinze irmãos. Produziu uma extensa obra que compreende romances, contos, crônicas e literatura infanto-juvenil, cujas narrativas são permeadas pela sua ideia de que a escrita é “social”. Além de Vidas secas (1938), seu romance mais reconhecido e adaptado para o cinema, São Bernardo, também se insere na linha dos romances que representam o sertão. Nele, somos conduzidos por uma narrativa psicológica acerca da vida de Paulo Honório, um homem ambicioso que se torna um grande fazendeiro. Sem compreender sua mulher, Madalena, ele tem uma postura autoritária que o transforma em um sujeito egoísta e solitário. 19


MULHERES na Academia Brasileira de Letras

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“brasileiros” restringiria suas vagas apenas ao sexo masculino, ficou claro que a Academia relacionava valor literário a gênero.

urante as primeiras oito décadas de existência da Academia Brasileira de Letras, nenhuma mulher fez parte da instituição. Até 1951, o Estatuto da ABL previa que apenas “brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário” poderiam concorrer a uma de suas cadeiras. Quando da primeira candidatura feminina, em 1930, Amélia Beviláqua foi rejeitada, sob a justificativa de que o vocábulo

Rachel de Queiroz

No início dos anos 50, o Regimento Interno atesta de fato a impossibilidade de elegibilidade feminina e altera o artigo para “os membros efetivos serão eleitos, dentre os brasileiros, do sexo masculino”, deixando mais clara ainda a prerrogativa machista. A segunda mulher a tentar participar do círculo de literatos imortais foi Dinah Silveira

dinah silveira de Queiroz

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Lygia fagundes telles

Nélida piñon


Queiroz, cuja candidatura também foi rejeitada. Apenas em 1977 a instituição discutiu novamente a questão da mulher na Academia, para dar parecer favorável a Rachel de Queiroz.

Autora de treze livros, Nélida Piñon foi também eleita presidenta da Academia Brasileira de Letras no ano do centenário da instituição. A escritora comentou: “Desde o início sentia-me discriminada. Precisava dar constantes provas de que, ao escolher a literatura como ofício de vida, estava decidida a alcançar a excelência estética. Assim convivi com a desconfiança, com as definições imputadas às mulheres, com um conjunto de circunstâncias que me marginalizavam”.

Apesar de Rachel não ter sido um expoente do movimento feminista, nem ter feito do seu discurso de posse um símbolo da conquista, por si só ela representou um grande passo em direção à igualdade dos gêneros. Como salientou o Diário de Pernambuco, no dia seguinte à sua posse, “Rachel de Queiroz

Da mesma forma, Rachel de Queiroz, ao publicar O Quinze, aos dezenove anos, foi recebida com receio por Graciliano Ramos: “Seria realmente de uma mulher? Não acreditei. Lido o volume e visto o retrato no jornal, balancei a cabeça. Não há ninguém com esse nome. É pilhéria. Uma garota assim fazer romance! Deve ser pseudônimo de sujeito barbado”. Sejam garotas ou mulheres, a presença delas em todas as instâncias ligadas ao universo literário é recente e pequena quando comparada ao número de escritoras e leitoras brasileiras.

quebra tabu e se torna imortal”, a escritora transformou-se

em um ícone ímpar em meio a um ambiente estagnado. Além de Rachel de Queiroz, a partir dos anos setenta, outras mulheres ocuparam cadeiras na ABL. Em 1980, foi a vez de Dinah Silveira de Queiroz, que já tinha sido candidata anteriormente. A terceira mulher a ser membro foi a escritora Lygia Fagundes Telles, em 1985; em seguida, Nélida Piñon, em 1989; Zélida Gattai, em 2001; Ana Maria Machado, em 2003; Cleonice Berardinelli, em 2009; e, por fim, Rosiska Darcy, em 2013.

zélia gattai

ana maria machado

Cleonice Berardinelli

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Rosiska Darcy


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Homenagens

CQueiroz parece entrar num período de cristalização om o seu novo romance das Três Marias, Rachel de

da sua arte. E o impressionante nessa cristalização é que a romancista se liga, com este livro, a uma das mais altas dentre as nossas tradições romanescas, a de Machado de Assis [...], raro tenho surpreendido em nossa língua prosa mais... prosística, se posso me exprimir assim. O ritmo é de uma elasticidade admirável, muito sereno, rico na dispersão das tónicas [sic], sem essas peridiocidades curtas de acentos que prejudicam tanto a prosa, metrificando-o, lhe dando movimento oratório ou poético. As frases se movem em leves lufadas cômodas, variadas com habilidade magnífica. Talvez não haja agora no Brasil quem escreva a língua nacional com a beleza límpida que lhe dá, neste romance, Rachel de Queiroz. Outros serão mais vigorosos, outros mais coloridos – nem estou com a intenção mesquinha de salientar por comparação e diminuir a ninguém. Estou apenas exaltando a limpidez excepcional desta filha do luar cearense." Escrito por Mário de Andrade, em 17 de novembro de 1939 e incluído desde a primeira edição em O empalhador de passarinho. São Paulo: Livraria Martins, 1946.

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L

" ouvo o Padre, louvo o Filho, o Espírito Santo louvo. Louvo Rachel, minha amiga, nata e flor do nosso povo. Ninguém tão Brasil quanto ela, pois que, com ser do Ceará, tem de todos os Estados, do Rio Grande ao Pará. Tão Brasil: quero dizer Brasil de toda maneira – brasílica, brasiliense, brasiliana, brasileira. Louvo o Padre, louvo o Filho, o Espírito Santo louvo. Louvo Rachel e, louvada uma vez, louvo-a de novo. Louvo a sua inteligência, e louvo o seu coração. Qual maior? Sinceramente, meus amigos, não sei não. Louvo os seus olhos bonitos, louvo a sua simpatia. Louvo a sua voz nortista, louvo o seu amor de tia. Louvo o Padre, louvo o Filho, o Espírito Santo louvo. Louvo Rachel, duas vezes louvada, e louvo-a de novo. Louvo o seu romance: O Quinze e os outros três; louvo As três Marias especialmente, mais minhas que de vocês. Louvo a cronista gostosa. Louvo o seu teatro: Lampião e a nossa Beata Maria. Mas chega de louvação, porque, por mais que a louvemos, nunca a louvaremos bem. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém." Texto de Manuel Bandeira, intitulado “Louvado para Rachel de Queiroz”, publicado na Folha de São Paulo, em 18 de novembro de 1960.

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Os efervescentes

ANOS 30

Escrito por Juliane Vargas Welter, professora Doutora em Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

OS ANOS 30 NO BRASIL foram inaugurados pela Revolução de 30, famoso movimento articulado entre Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul pelo qual Getúlio Vargas conseguiu se alçar ao poder, não sem sofrer as reações da elite política paulista. Para além das discussões do evento como uma revolução de fato, já que falamos de uma política reformista que não mudou as estruturas de poder, ela findou aquilo que os vitoriosos chamaram de República Velha. E o adjetivo, que não é gratuito, marcou ideologicamente a República “Nova” que se iniciou.

te adesão de escritores do período, muitos deles, inclusive, se filiaram ao Partido Comunista Brasileiro, como Jorge Amado, que se candidatou pelo PCB com a campanha “o romancista do povo” em 1945. No campo da cultura, em parte na esteira das conquistas modernistas dos anos 20, como a liberdade formal e temática, e em parte por conquistas próprias do seu momento sócio-histórico, vimos os horizontes se alargarem: de norte a sul, no romance e na poesia, a literatura brasileira ganhou envergadura. Refiro-me aqui aos “romances de 30”, e também à floração da poesia de vertente mística, ao samba sendo consumido como música nacional e à consolidação de uma tradição de intérpretes do Brasil no campo da sociologia e da economia, com a publicação de livros como Casa-grande & senzala (1933), de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil (1936), de Sérgio

Simultaneamente, na mesma época, acompanhamos a ascensão do nazi-fascismo na Europa, que teve suas consequências no Brasil, com alguma adesão de setores intelectuais e com a própria simpatia inicial de Getúlio Vargas a esses movimentos. Contudo, também as ideias socialistas ganharam terreno, com for24


Buarque de Holanda. Dito de outra maneira: os anos 30 viram florescer muitas das maiores produções culturais brasileiras, interpretando o nosso passado e inventando muito do Brasil tal qual o imaginamos ao longo do século XX.

ção à esquerda como Jorge Amado, ou mesmo como a jovem Rachel de Queiroz, esse Erico também não tomou uma posição antagonista, inserindo-se assim no que poderíamos chamar de uma consciência social relativamente libertária no plano ficcional. Ou seja, a efervescência política e cultural da década adentrou o universo romanesco.

Tivemos naquele momento uma explosão romanesca que se inaugurou com romances como O Quinze (1930), de Rachel de Queiroz, então uma jovem de vinte anos que adentrou um universo ainda bastante masculino e que foi um sucesso de vendas. Em famosa crítica ao livro, Graciliano Ramos chegou a dizer não acreditar que uma mulher seria capaz de “fazer romance”, mas também fez o mea-culpa: preconceito seu que excluía as mulheres da literatura. Não por acaso foi a romancista a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras, mas isso só em 1977.

Na poesia, Cecília Meirelles foi por outros caminhos. Sem inseri-la na “literatura regionalista” nem no gênero romance, cronologicamente, ao publicar Viagem, em 1939, a poeta se juntou à geração renovadora. Se no romance o que acompanhamos foi uma retomada do realismo, na época bastante engajado, na escrita da poeta foram o lirismo transcendental e um subjetivismo exacerbado, como um novo simbolismo, atrelando a escrita de Cecília à vertente espiritualista da poesia.

Tematizando a histórica seca cearense de 1915, ao romance de Rachel de Queiroz se seguiram narrativas como as de Jorge Amado, entre elas Mar morto (1936) e Capitães da areia (1938), que se centraram sobretudo nos problemas sociais e econômicos de dominação e exploração na região do cacau, em momento de forte militância do romancista. Aos “romances do Nordeste” se somaram os chamados romances urbanos, que tiveram em Erico Verissimo um de seus principais expoentes, desvendando uma Porto Alegre que crescia e se urbanizava. Sem uma tomada de posi-

Assim, com uma literatura marcada pela preocupação social, mas também por uma escrita mais intimista, essa geração renovou a produção nacional. Além da ruptura com padrões estéticos do momento – Cecília, por exemplo, prezou pela forma clássica, retomando a escrita de sonetos, algo impensável para os modernistas de 20 –, o movimento literário também levou adiante muitas das conquistas e problemáticas anteriores, como a coloquialidade da linguagem e uma tradição que, especialmente na prosa, se estabeleceu enquanto uma das grandes formas de (re)leitura do Brasil. 25


Espaço do Leitor Em julho deste ano, comemoramos três anos de clube, mas todos os meses, algum associado está comemorando o seu “TAGversário”. Seja um, dois ou três anos, esses associados são muito importantes para nós e merecem uma homenagem à altura. Pensando em uma maneira de celebrar essa data tão importante, criamos três moedas com escritores consagrados em cada uma delas. Clarice Lispector visitou os associados que estão conosco há doze experiências literárias; Gabriel García Márquez esteve presente na caixinha dos associados que estão na TAG por dois anos e, para aqueles que estão com a gente desde o comecinho, o grande Machado de Assis ilustrou a moeda. Os envios dos presentinhos começaram em setembro de 2017 e, a partir desse mês, toda vez que algum associado completar doze experiências literárias com o clube, ele será visitado por essas personalidades literárias. Esperamos que as moedas deixem a biblioteca de vocês mais bonita e que os lembrem das diversas aventuras que passamos juntos!

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1 ano

2 anos

3 anos

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A indicação de

Carol Bensimon, nascida no Rio Grande do Sul, é romancista, contista, tradutora e colunista de diversos periódicos. Estreou com o livro de contos Pó de parede (2008) e desde então publicou outros quatro livros. Em 2012, foi incluída no volume Os melhores jovens escritores brasileiros da revista inglesa Granta, publicado no Brasil, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Sua indicação para o mês de dezembro remete-nos a um obscuro período da história espanhola. Uma jovem ingênua descreve suas experiências em diferentes etapas da vida, conhecendo o amor, o casamento, a guerra, o desespero, a fome. Sua autora, entre cujos admiradores figurou Gabriel García Márquez, dona de romances traduzidos para mais de quarenta línguas, teve nessa obra um de seus maiores êxitos, intercalando descrições históricas, misticismo e poesia, em uma narrativa ao mesmo tempo potente e delicada.

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"O estilo da autora é muito cativante, e eu gosto da maneira como ela equilibra a tragédia com um pouco de humor desencantado. Acho que os associados da TAG vão sentir algo parecido com o que eu senti, porque a narradora-protagonista é uma personagem extremamente carismática desde a primeira página." - Carol Bensimon


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“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” – Cecília Meireles


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