Out2017 "As alegrias da maternidade"

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OUTUBRO DE 2017 As alegrias da maternidade


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Ao Leitor Grécia, Índia, Reino Unido, Canadá, Itália, França... Desde o início de 2017, fomos apresentados a autores de origens distintas, experimentamos vozes multinacionais em uma só obra e, no último mês, desfrutamos de um (quase) romance da literatura brasileira. Em outubro, damos mais um passo importante na busca por novas expressões literárias – chegando às terras do consagrado Wole Soyinka, vencedor do Nobel de Literatura de 1986. A curadora deste mês, Chimamanda Ngozi Adichie, é uma das mais celebradas escritoras da atualidade. Sua indicação estabelece um enfrentamento à história única, tema explorado pela nigeriana em

obras de não ficção e palestras, que questiona o acesso a apenas uma visão, unilateral, criada por um grupo dominante. Descrevendo as nuances, experiências, dramas e dilemas da mulher africana a partir de seu próprio ponto de vista, As alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta, chega pela primeira vez ao Brasil nesta edição exclusiva. Surpreendentemente, nenhuma outra obra de Buchi Emecheta havia sido traduzida e editada no país – momento propício para Chimamanda e TAG iniciarem o processo de divulgá-la por aqui. Boa leitura!



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A curadora: Chimamanda Ngozi Adichie O livro indicado: As alegrias da maternidade

Literatura nigeriana

A tradução de Heloisa Jahn Nigéria – colonização, exploração e guerra

Que África é essa?

A curadora: Heloisa Buarque de Hollanda


John D. & Catherine T. MacArthur Foundation


A curadora: Chimamanda Ngozi Adichie

Poucos escritores contemporâneos com menos de quarenta anos alcançaram tanto prestígio internacional quanto Chimamanda Ngozi Adichie. Desde a publicação de seus primeiros contos e romances, hoje traduzidos para mais de trinta idiomas, a autora nigeriana tem conquistado milhares de novos leitores a cada nova obra. Para além da obra de ficção, vem apresentando-se como uma importante voz do feminismo, realizando palestras e publicando manifestos em livros cujos impactos desencadearam parcerias com estrelas como a cantora americana Beyoncé.

pais, James Nwoye Adichie e Grace Ifeoma, de etnia igbo (uma das três maiores da Nigéria, ao lado da iorubá e hauçá), proporcionaram às crianças uma infância confortável. Na Universidade da Nigéria, Grace foi a primeira mulher a trabalhar na secretaria da instituição; e James, o primeiro professor de estatística do país. Embora os pais não cultivassem o hábito, a menina foi uma leitora precoce, apaixonada pelas aventuras da inglesa Enid Blyton e outros autores europeus. A partir deles, Chimamanda apercebeu-se de que esses livros contavam histórias sobre personagens e cenários específicos – que, nesse caso, não coincidiam com as suas experiências.

Quinta de seis irmãos, Chimamanda nasceu em 1977, na cidade de Enugu, no sudeste nigeriano, mas cresceu em Nsukka, cidade universitária localizada a cerca de sessenta quilômetros ao norte. Os

Por acaso, a residência da família Adichie, localizada no campus universitário, abrigara, anos antes,

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4th Estate / HarperCollins

como o racismo e as visões distorcidas sobre países africanos. Foi na América, entretanto, que ela começou a dar vida e potência à sua vocação: a de contadora de histórias. Com vinte anos de idade, publicou o primeiro livro, Decisions [Decisões] (1997), uma coletânea de poemas. Aos vinte e um, seria a vez de escrever uma peça teatral, For the love of Biafra [Pelo amor de Biafra], obra que marca a primeira das suas incursões literárias abordando a guerra de Biafra. Em Connecticut, a escritora formou-se em Ciências Políticas e Comunicação com as honrarias máximas (summa cum laude). Mais tarde, obteve o título de Mestre em Escrita Criativa na cidade de Baltimore. Durante o período acadêmico, dedicou-se também a escrever contos e iniciou a produção de seu primeiro romance. Publicado em outubro de 2003, Hibisco Roxo foi finalista do Orange Prize (atual Baileys Women’s Prize), nomeado para o Booker Prize e vencedor do prêmio de melhor primeiro livro do Commonwealth Writers. Ao relatar a vida de uma adolescente e sua família, Chimamanda transporta o leitor para a Nigéria atual, onde os vestígios da colonização europeia e cristã ainda abalam as relações sociais e familiares.

Chinua Achebe, um dos mais importantes escritores nigerianos da história. Achebe foi, inclusive, um dos responsáveis por transformar a percepção da autora sobre literatura e seus protagonistas. “Eu acho que nós [nigerianos] sentimos que ele nos devolveu a nossa história. Acho que nós sentimos a dignidade que ele trouxe de volta. Ele é imortal.” Como acontece com muitos jovens que se destacam nas escolas por sua dedicação e boas notas, esperava-se que Chimamanda cursasse Medicina. Por um ano e meio, ela tentou fazê-lo, mas não se sentia feliz. Aos dezenove anos, decidiu tomar um rumo alternativo e arriscado: despediu-se de sua terra natal para estudar comunicação nos Estados Unidos. Lá, deparou-se pela primeira vez com questões que lhe eram alheias na Nigéria,

A guerra de Biafra voltou a ser abordada pela escritora, dessa vez com

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mais profundidade: quatro anos de pesquisa culminaram na publicação de Meio sol amarelo (2006), que venceu o prêmio de ficção do Baileys Women’s Prize Em 2015, o livro foi escolhido pelo mesmo prêmio o “melhor dos melhores” da década, além de ter recebido uma adaptação cinematográfica em 2013. No seu pescoço, coletânea de contos recém-lançada no Brasil, foi publicada originalmente em 2009 e reúne doze histórias que têm como temáticas relações familiares, desigualdade racial, imigração e conflitos religiosos.

da cantora americana Beyoncé) e Para educar crianças feministas – um manifesto (2017), outra adaptação, dessa vez de uma carta da autora enviada a uma amiga que pedia conselhos para educar sua filha. Em ambas as obras, utiliza uma linguagem acessível para debater a importância da igualdade de gênero. Chimamanda Adichie, hoje casada e mãe de uma menina de quase dois anos, divide seu tempo entre a Nigéria, onde promove workshops de escrita, e os Estados Unidos. A escritora africana de maior sucesso da história entende que sua trajetória foi sustentada pelas corajosas e pioneiras mulheres que a antecederam. Entre as mais importantes, está Buchi Emecheta, sua conterrânea, autora de As alegrias da maternidade:

As conquistas e o potencial de Chimamanda proporcionaram-lhe três bolsas em universidades, permitindo à autora dedicação exclusiva para a escrita. Em 2013, durante a terceira delas, finalizou e publicou Americanah (2013), seu romance mais recente, que descreve as experiências e conflitos de uma mulher nigeriana nos Estados Unidos. Americanah foi a obra eleita para o programa One book, one New York, por meio do qual um livro é distribuído por livrarias e bibliotecas nova-iorquinas, a fim de estimular debates e fomentar a leitura na cidade.

“Eu li e admiro todos os seus livros. Destination Biafra foi muito importante para a minha pesquisa quando eu estava escrevendo Meio sol amarelo. Eu amo As alegrias da maternidade por sua vivaz inteligência e por um certo tipo de compreensão honesta, viva e íntima da classe trabalhadora na Nigéria colonial.”

No campo da não ficção, a escritora publicou duas obras: Sejamos todos feministas (2014), uma adaptação do seu discurso para o TEDx Euston em 2012 (cujo trecho foi incorporado à canção ***Flawless,

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O perigo de uma única história “É impossível falar sobre única história sem falar sobre poder. Há uma palavra, uma palavra da tribo igbo, que eu lembro sempre que penso sobre as estruturas de poder do mundo, e a palavra é ‘nkali’: ‘ser maior do que o outro’. Como nossos mundos econômico e político, histórias também são definidas pelo princípio do ‘nkali’. Como são contadas, quem as conta, quando e quantas histórias são contadas, tudo realmente depende do poder. A consequência da história única é isto: ela rouba a dignidade das pessoas. Torna difícil o reconhecimento da nossa humanidade partilhada. Realça aquilo em que somos diferentes em vez daquilo em que somos semelhantes.”

Em 2009, Chimamanda Adichie foi convidada para uma conferência da TED, instituição que promove eventos ao redor do mundo sob o tema “Ideias que devem ser disseminadas”. O vídeo “O perigo de uma única história”, título escolhido pela escritora para a palestra, foi assistido por mais de três milhões de pessoas, em quarenta e seis línguas diferentes. Na ocasião, Chimamanda discorreu sobre a gravidade de reduzirmos a complexidade histórica de uma identidade, como a africana, para uma única narrativa, evidenciando que a percepção da realidade pode ser distorcida pelas visões dominantes repetidas à exaustão. Além disso, ela ressalta como as estruturas de poder se relacionam e legitimam de fato as histórias, tornando-as únicas:

MATERIAIS COMPLEMENTARES http://bit.ly/2vjx8Hs

http://bit.ly/2wsaNve

O perigo de uma única história

Todos devemos ser feministas

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TED

“Eu sou uma feminista que...” Chimamanda Adichie conta que, por muito tempo, dizer-se feminista gerava controvérsias. Logo surgiam frases como “feministas são infelizes”, “odeiam homens”, “odeiam sutiãs” e até “odeiam a cultura africana”. Prontamente, ela respondia que era uma “feminista africana, feliz e que não odeia os homens”.

“Nunca, jamais, peça desculpas por ser quem você é”. Em 2012, quando convidada para participar de outro TED, em Londres, e escolhe como tema o feminismo, Chimamanda torna-se um ícone do movimento. Durante seu discurso Todos devemos ser feministas, somos apresentados a histórias que remontam às experiências compartilhadas por diversas mulheres, independentemente de suas origens.

De acordo com a escritora, o feminismo se encaixa em um debate político e individual. Isto é, a agenda feminista atende tanto a questões relativas à sociedade – a diferença salarial entre os gêneros, por exemplo – como o empoderamento feminino. Quando questionada sobre qual conselho daria para uma mulher nigeriana, ela responde reforçando a necessidade de uma afirmação interior:

Mesmo sem reivindicar uma teoria feminista específica, Chimamanda Adichie é considerada porta-voz do assunto, justamente por simplificar um debate outrora mal compreendido. Segundo ela, “feminista é o homem ou a mulher que diz: sim, o gênero como o conhecemos hoje é um problema, e precisamos rever isso, precisamos melhorar”.

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O livro indicado: As alegrias da maternidade No dia 25 de janeiro de 2017, o mundo perdia uma obstinada voz da literatura, que inspirou uma geração inteira de escritores de língua inglesa. A partir de seus escritos, Florence Onyebuchi “Buchi” Emecheta comprometeu-se a questionar os estereótipos da mulher nigeriana e africana, expondo sua realidade diária e a opressão das normas sociais. Sua obra critica, entre outros temas, o tipo de educação destinado à mulher, a valorização da maternidade como

única preocupação possível, a violência degradante do colonialismo e a cultura que deslegitima sua autonomia. Buchi Emecheta nasceu em 1944, na cidade iorubá de Lagos, mas foi na terra natal de seus pais, Ibuza, onde ela passou boa parte da infância. Alice Ogbanje Emecheta e Jeremy Nwabudike Emecheta, que foram buscar trabalho em Lagos, faziam questão de cultivar em Buchi e em seu irmão as raízes igbo.

Iorubá – mais de trinta milhões de pessoas que ocupam a parte ocidental do país pertencem a esta etnia, de religião majoritariamente cristã. Boa parte da população negra no Brasil, em especial a da Bahia, possui origens iorubás.

País culturalmente diverso, a Nigéria possui mais de 250 grupos étnicos. Os três principais são: Igbo – com mais de trinta milhões de representantes, a etnia ocupa territorialmente as partes leste, sul e sudeste da Nigéria. Protagonizaram a tentativa de independência da província de Biafra, que serviu de eixo para o conflito armado da região.

Hauçá – localizada principalmente no norte da Nigéria, é a etnia na qual predomina a religião islâmica.

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Onwordi

Uma das paixões da menina era ouvir histórias dos mais velhos. Em Lagos, conheceu bons contadores, mas, para ela, a maneira igbo era diferente. Cresceu ouvindo a tia, a quem chamava de Grande Mãe – as contadoras, seguindo a tradição local, eram sempre mães de alguém. Buchi costumava sentar “por horas a seus pés, hipnotizada pela sua voz de transe”, deleitando-se com as proezas de seus ancestrais. As visitas a Ibuza, aliadas ao prazer e ao conhecimento obtidos nas narrativas, trouxeram a Emecheta a certeza de que seria, também, uma contadora de histórias.

Onwordi

Durante a infância, seu irmão, privilegiado por ser menino, foi para a escola, enquanto Buchi ficou em casa. Mais tarde, após diversos e insistentes pedidos, foi matriculada em uma escola missionária para meninas, onde aprendeu línguas nativas e inglês – seu quarto idioma. Apesar dessa conquista e do prazer de visitar Ibuza, Buchi Emecheta viveu uma infância dura. No entanto, a pobreza e a subnutrição que assolaram boa parte de seus anos de juventude, somadas à perda precoce do pai – tinha apenas oito anos –, não lhe diminuíram a vontade de viver: um desejo intenso que nunca a abandonaria. Em 1954, recebeu uma bolsa de estudos em uma escola de elite,

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em Lagos. Durante esse período, a mãe de Emecheta faleceu, e ela foi passada de um parente distante para outro. No período de recesso dos estudos, enquanto suas colegas voltavam para as confortáveis casas das famílias, ela permanecia no dormitório da escola, encontrando abrigo nos livros e na imaginação. A volta das férias era seu momento de brilhar, maravilhando as amigas com histórias sobre suas supostas aventuras.

estudava à noite. Em 1974, estava graduada em Sociologia. “Quanto à minha sobrevivência na Inglaterra ao longo dos últimos vinte anos, desde minha chegada, com quase vinte anos de idade, arrastando quatro crianças pequenas fungando de frio e grávida da quinta: é um milagre. E se por algum motivo você não acredita em milagres, por favor, comece a acreditar, porque conquistar um lugar nesta sociedade indiferente... É um milagre.”

Aos onze anos, ela conheceu e se tornou noiva do estudante Sylvester Onwordi; aos dezesseis, eles já estavam casados. Logo nos primeiros anos, nasceram dois filhos – chegariam a cinco no total. A família mudou-se para Londres, onde Onwordi entrou para a universidade.

Buchi Emecheta, trecho da autobiografia Head above water

Emecheta viveu um casamento infeliz e, não raro, abusivo e violento. Quando começou a escrever em seu tempo livre, chegando ao rascunho de um romance, viu Onwordi queimar os textos, consumido por um absurdo sentimento de posse e ameaçado pela força de vontade da esposa e seu desejo de conquistar uma graduação e tornar-se escritora. Aos vinte e dois anos, Buchi consumou o divórcio, mas Onwordi renegou a paternidade. Sem dinheiro, em um país estranho a ela e com seus cinco filhos para cuidar, manteve-se com obstinação e trabalhou em lugares como a Biblioteca de Londres, enquanto

A graduação e os pequenos trabalhos eram movidos, desde o princípio, pela vontade de escrever, aprimorar seu inglês e sua comunicação com o resto do mundo. Depois de diversas rejeições, recebeu uma oportunidade como colunista no periódico inglês New Statesman, onde escreveu sobre experiências pessoais. Os textos tornaram-se a base do primeiro livro, In the ditch [Na vala] (1972). Dois anos depois, publicou Second-class citizen [Cidadão de segunda classe]. Enquanto os dois primeiros romances de Emecheta

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são de caráter autobiográfico com alguns elementos ficcionais, as obras subsequentes apresentam um tom de resgate histórico, tendo como cenário a Nigéria igbo colonial do início do século XX, a África que sua mãe conheceu.

primeira obra de Emecheta editada no Brasil. Tendo como cenário a mesma Nigéria colonial da primeira metade do século XX, a obra narra a trajetória de uma jovem igbo, Nnu Ego, cujas escolhas serão guiadas pelo que é esperado de uma mulher em seu contexto social: ser mãe. Ela é filha de Ona, mulher orgulhosa e, por isso, “socialmente inadequada”, e de Agbadi, chefe local do vilarejo de Ibuza, onde ainda sobrevivem as tradições nativas, alheias às transformações ocorridas por influência da colonização no país.

The bride price [O preço da noiva] (1976) foi escrito pouco antes de sua mudança para New Jersey, nos Estados Unidos, onde trabalhou como assistente social. Reconstrução do manuscrito destruído pelo ex-marido, a obra relata a história de uma mulher que desafia os costumes de sua tribo ao casar-se com um homem que não pertence à mesma classe social que ela. The slave girl [A pequena escrava] (1977), uma denúncia à opressão patriarcal sobre as mulheres e seus corpos, tem como protagonista uma menina órfã vendida pelos irmãos para um parente distante.

Depois de casada, Nnu Ego percebe que não consegue gerar filhos, uma das maiores decepções e desgraças para uma mulher de sua cultura. Ela atribui a má fortuna à sua chi, uma espécie de guia espiritual da tradição igbo, que pode influenciar positiva ou negativamente a vida de quem por ele é acompanhado.

Emecheta manifestava, em textos diversos, sua necessidade de se comunicar e de atenuar angústias com páginas escritas. É natural imaginar, portanto, sua reação ao descobrir que uma de suas filhas iria morar com o pai, Onwordi. Devastada, escreveu em seguida seu livro de maior repercussão e recepção positiva ao redor do mundo: As alegrias da maternidade (1979), título abertamente irônico, que recebe sua primeira tradução para o português nesta edição, sendo ao mesmo tempo a

Os sofrimentos de Nnu Ego não parecem terminar quando ela finalmente consegue dar à luz. As condições para sustentar os filhos vão mostrando-se cada vez mais precárias, ao mesmo tempo em que a vida em Lagos, sua nova e urbanizada terra de moradia, impõe-lhe uma adaptação para a qual não se sente preparada. Sua vida é diretamente atingida pelas influências da cultura do colonizador inglês,

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transformando os valores tradicionais de sua terra de origem.

origens de As alegrias da maternidade. Em toda a sua carreira, dentro e fora dos livros, mostrou preocupação com a educação e o empoderamento da mulher.

Os percalços vividos por Nnu Ego refletem uma cultura de violenta opressão patriarcal e colonial. Buchi Emecheta explicita em sua obra a prisão em que vive a mulher da Nigéria e a clara posição de subordinação ao homem, tanto o nigeriano quanto o europeu, com relações de poder diferentes, mas sempre inferiorizada.

Em janeiro deste ano, aos setenta e dois anos e debilitada pela demência, Emecheta faleceu. Sua obra expandiu as representações da mulher africana ao redor do mundo, estabelecendo-a como uma das melhores contadoras de histórias de seu tempo.

“Existem milhões de mulheres africanas que nunca deixam suas casas, nunca deixam seus vilarejos; esposas em vilarejos continuam na escravidão. Quanto aos meus livros, eles podem ser positivos ou podem ser negativos. Mas eu acredito que, se você cria uma heroína, seja africana ou europeia, com educação — não necessariamente com dinheiro, mas educação —, ela ganha a confiança para poder lidar com o mundo moderno.”

“As mulheres de Emecheta se recusam a se entregar e morrer. Sempre há resistência, um desafio ao destino, uma necessidade de renegociar os termos da paz incerta que existe entre elas e as tradições consagradas.” Trecho de um artigo na The Voice Literary Supplement, de Nova York, em 1982

Depois da publicação de As alegrias da maternidade, a autora escreveu diversos outros romances, com destaque para Destination Biafra (1982), o primeiro a apresentar a perspectiva de uma mulher sobre a Guerra Civil Nigeriana. Aventurou-se, também, no universo infantojuvenil, em projetos para televisão e em uma autobiografia – que inclui, entre outras histórias, as

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ECOS da leitura



Literatura nigeriana A literatura da Nigéria está intrinsecamente ligada à sua história, assim como a de outros países africanos, que compreende processos decorrentes da colonização e da descolonização. Contudo, é interessante perceber, para além dos conflitos entre o poder colonial e o colonizado, como é marcada por um forte ativismo. As narrativas nigerianas do século XX descrevem uma cultura composta por rituais místicos e uma sociedade baseada em uma forte tradição literária oral. Confira alguns escritores que fazem parte desse panorama literário.

Nascido em 1930 e considerado um dos autores mais importantes da literatura nigeriana, Chinua Achebe foi poeta, crítico literário, romancista e sagrou-se vencedor do Man Booker Prize em 2007, pela sua carreira literária. Seu livro mais célebre, O mundo se despedaça (1958), retrata o povo igbo e os efeitos da colonização britânica no país, a partir de uma narrativa que remodela as convenções do romance europeu e que se ancora em um largo uso do vocabulário igbo. Faleceu em 2013, aos oitenta e dois anos.

Sefi Atta é uma romancista e dramaturga nascida em Lagos, em 1964. Após concluir seus estudos na Universidade de Birmingham, ela deixa a Inglaterra e parte para os Estados Unidos, onde escreve Tudo de bom vai acontecer (2005). O livro, vencedor do prêmio Wole-Soyinka de 2006, é centrado na amizade de duas mulheres, uma católica e a outra muçulmana, ao mesmo tempo em que retrata a Nigéria, país recém-saído da Guerra de Biafra, marcado por repressão política, golpes de estado e corrupção.

Site pessoal

Sefi Atta

Site pessoal

Chinua Achebe

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Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1986, Wole Soyinka é romancista, ensaísta e dramaturgo. Em 1954, aos vinte anos, foi para o Reino Unido estudar Literatura Inglesa e, anos depois, obteve seu doutorado na Universidade de Leeds. Entre os assuntos privilegiados em sua escrita, o autor atenta para os mitos africanos e para os possíveis encontros entre eles e os costumes britânicos. Ao longo de sua obra, criticou abertamente a corrupção e as incongruências que permearam os períodos ditatoriais de seu país.

Florence Nikiru Nwapa nasceu no ano de 1931, em Oguta. Foi a primeira escritora nigeriana de língua inglesa publicada internacionalmente e influenciou diretamente Buchi Emecheta. Nos anos 60, enquanto atuava como professora, redigiu seu primeiro romance, Efuru (1966), e o apresentou a Chinua Achebe. Em seguida, seu livro foi publicado em Londres, e ela tornou-se a primeira mulher, dos vinte e seis homens até então, a aparecer na coleção de escritores africanos da editora Heinemann. A escritora faleceu em 1993, com apenas sessenta e dois anos.

Flora Nwapa

Geraldo Magela/Agência Senado.

Wole Soyinka

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Acervo pessoal

A tradução de Heloisa Jahn

A carioca Heloisa Jahn – que atualmente mora em São Paulo – trabalha como editora e tradutora, e foi responsável por traduções de grande importância para o cenário literário, como 1984 (George Orwell, edição de 2009), O livro dos seres imaginários (Jorge Luis Borges, edição de 2007), Respiração artificial (Ricardo Piglia, edição de 2010), Tête à tête (Henri Cartier-Bresson, edição de 1999), todos pela Companhia das Letras. Como editora, trabalhou na Cosac Naify e liderou diversos projetos, como o livro Tempo de espalhar pedras, de Estevão Azevedo, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015.

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TAG – Você já traduziu títulos do inglês, do espanhol e do francês. Você diria que existem diferenças no processo tradutório de acordo com a língua estrangeira com que se trabalha? Quais são os desafios particulares que cada uma dessas línguas impõe para a tradução para o português?

mo. O desafio está, na verdade, na especificidade de cada obra: se não quiser fazer um trabalho burocrático, o tradutor terá de se atrever a escrever de novo o livro, e para isso tem de apostar que ouviu a voz de seu autor. O verdadeiro desafio, e o verdadeiro risco, está aí. TAG – No mundo globalizado de hoje, os tradutores são essenciais para o intercâmbio entre culturas. Inédita no Brasil, a escritora Buchi Emecheta é, pelo contrário, muito conhecida em outros países, tendo publicado vinte romances, livros infantis e sido traduzida para inúmeras línguas. Como você encara ser responsável pela primeira tradução que os leitores brasileiros terão dessa escritora nigeriana e qual importância você, como editora e tradutora, confere a esse momento?

Heloisa Jahn – Também já traduzi do dinamarquês (há pouco saíram alguns contos do Andersen, O patinho feio e outras histórias, em uma bela edição da 34 Letras), e do sueco. Cada língua tem o seu jeitão: na escolha das palavras, na forma de arrumá-las, no ritmo, no som. Há línguas mais sisudas, outras são coalhadas de adjetivos, umas são guturais, outras musicais, umas são faladas mais alto, outras com delicadeza. A tradução é um processo de transferência de quase tudo isso para a língua de destino, mas boa parte da personalidade da língua original permanece – sobretudo no estilo da narrativa. Não há propriamente peculiaridades no processo de tradução de cada língua; alguns livros são mais difíceis (por exemplo, exigem pesquisa quanto a conteúdos, referências e culturas que o tradutor desconhece), mas o processo em si é o mes-

Heloisa Jahn – De muitas maneiras, a nigeriana Buchi Emecheta foi uma pioneira. Nascida em 1944, cresceu em um país onde as mulheres só adquiriam identidade por meio do casamento, cabendo-lhes as tarefas de cuidar da casa, alimentar a família e tomar conta dos filhos, enquanto aos homens correspondia a obrigação de pro-

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ver ao sustento da casa. Mulheres deviam obediência e submissão aos pais e depois aos maridos, e tinham de adaptar-se sem oposição a situações difíceis como a convivência com eventuais outras esposas dos maridos, por vezes em condições de muita pobreza, com a família inteira, habitualmente com muitas crianças, vivendo em pequenos aposentos. Aos 22 anos, com cinco filhos, Buchi Emecheta se separou do marido. A família se mudara alguns anos antes para a Inglaterra; sozinha, achou a força de trabalhar para manter a casa, estudar e escrever. Escreveu a partir de sua própria experiência de vida e fez um relato emocionante sobre a força e a solidariedade das mulheres nas condições que conheceu – primeiro na Nigéria patriarcal, depois como imigrante negra na Inglaterra. Além de partilhar sua experiência com o leitor em uma escrita poderosa, faz-nos pensar mais uma vez na força da literatura: como essa moça, nascida em uma aldeia africana, tolhida por uma cultura de absoluto domínio masculino, confundida pelas imensas transformações culturais dos mundos em que viveu, encontrou a força de escrever mais de vinte livros extraordinários, transformando experiência em

literatura de primeira qualidade? Ela é uma escritora notável, e é um prazer muito grande trazê-la para o português do Brasil. TAG – Levando em conta os questionamentos levantados por Buchi Emecheta ao descrever a sociedade patriarcal nigeriana, na qual a mulher tem um papel intrinsecamente ligado ao de mãe, como você imagina que será sua recepção pelo público leitor brasileiro? Heloisa Jahn – No Brasil, como em quase toda parte, o papel da mulher está mudando, sobretudo em decorrência da pressão das próprias mulheres. As mulheres vêm ocupando espaços crescentes em todas as áreas – da pesquisa científica à política. O desenho das funções familiares vem modificando-se, com os homens dividindo de forma cada vez mais equilibrada as funções antes consideradas “femininas”. O Brasil ainda está relativamente atrasado nesse processo e tem peculiaridades quando pensamos no que é usual entre a maioria pobre, com um grande número de famílias sem pais. Seja como for, Emecheta chega ao Brasil em um ótimo momento da conversa sobre feminismo e consciência social.

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NigEriA Colonização, exploração e guerra A palavra “Nigéria” forma-se através das palavras niger, rio que corta a região, e area, lugar. Oficialmente, a República Federal da Nigéria é composta por trinta e seis estados, dentre eles, a antiga capital Lagos e a atual Abuja. Durante os séculos XVII a XIX, seu litoral foi especialmente explorado pelos portugueses que o utilizavam como ponto de partida de escravos para as Américas.

se em dispersar seu povo. Essa preocupação levou-o a proclamar a independência do estado de Biafra, zona que compreendia o território igbo, em 1967. Embora alguns países o tenham reconhecido, o governo da Nigéria não legitimou a independência. Assim, irrompeu-se uma guerra civil, influenciada principalmente pelos interesses estatais nas reservas de petróleo de Biafra, que durou até janeiro de 1970 e matou cerca de dois milhões de pessoas.

Antiga colônia inglesa, a Nigéria conquistou sua independência em 1960, época em que a estabilidade colonial foi ameaçada pelos processos de independência eclodidos em outros países africanos. Logo após, dois momentos políticos remodelaram a organização do país: o golpe militar de 1966 e a ascensão do coronel Gowon ao poder da Nigéria. A primeira decisão de seu governo foi a de ampliar de três para doze as regiões administrativas estatais, dividindo ainda mais os múltiplos grupos étnicos nigerianos. Por outro lado, o coronel Ojukwu, líder da região leste, majoritariamente igbo, não tinha nenhum interes-

Durante esses três anos, o território era praticamente inacessível para a cobertura midiática, em função do bloqueio militar e da retirada de grupos de auxílio, como a Cruz Vermelha. Como consequência disso e da linha editorial tradicional dos periódicos internacionais, o resto do mundo só tomou conhecimento da dimensão do conflito em 1970, quando a catástrofe ganhou ampla difusão. Logo, as imagens trágicas de fome e morte geraram pressão da opinião pública, fazendo com que governos e diversas instituições interviessem.

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Que Africa e essa? Por Jeferson Tenório, escritor e mestre em literaturas luso-africanas pela UFRGS

Quando falamos de literatura africana, é preciso deixar claro que, ao lermos uma obra, não devemos procurar arquétipos de um típico africano, munido de uma aura sobrenatural, mística e presa às purezas ancestrais, justamente, porque a África não pode de ser vista como o reduto do primitivismo no mundo. O que os autores contemporâneos buscam, de modo geral, é desestabilizar essas convenções, oferecendo, dessa forma, outra possibilidade de leitura estética e política do continente.

Neste sentido, o contexto e a diversidade têm reflexo na produção literária africana, pois, ao pensarmos em autores como o sul-africano J.M. Coetzee, com sua literatura pós-apartheid, e a moçambicana Paulina Chiziane, refletindo sobre a condição da mulher moçambicana, ou ainda entre o marroquino Tahar Ben Jalloun, discutindo a tradição e a contação de histórias, e o angolano Pepetela, escrevendo sobre as guerras coloniais, percebem-se diferenças que descentram a ideia de uma África única.

É preciso lembrar que, enquanto na Europa e na América o cenário cultural se modificava radicalmente a partir da década de 1960 com os avanços tecnológicos, mudanças de mentalidades econômicas e sociais, os africanos lutavam por sua independência, travavam guerras internas e reorganizavam suas comunidades. Além disso, as experiências políticas, econômicas e sociais não foram as mesmas entre os países africanos. Na era pós-colonial, esses países precisavam, portanto, abrir um novo caminho, reconstruir nações, construir identidades e contar a própria história por eles mesmos.

Esta heterogeneidade estética pode ser facilmente comprovada em outros dois autores do mesmo país: os nigerianos Chinua Achebe e Wole Soyinka, pois enquanto a literatura de Achebe se encontra mais próxima da tradição e do impacto do colonialismo, a obra de Soyinka aponta para outro caminho: representar uma visão mais cosmopolita dos africanos, localizando sua produção literária muito mais próxima das fronteiras do que da tradição fechada. No entanto, talvez o ponto de contato entre as literaturas africanas contemporâneas possa se dar neste

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sentido: o de quebrar estereótipos. Por mais que o continente não tenha participado da festa da globalização no mesmo passo em que o mundo ocidental, não significa que as comunidades não tenham sido afetadas, pois, se o processo desta mesma globalização diluiu fronteiras, por outro lado, dissolveu as barreiras das distâncias, tornando inevitável o contato entre o centro e as periferias colonizadas. Nesta conjuntura social, é muito provável que surjam novas identidades tanto “locais” quanto “globais”.

narrativa ambientada na Nigéria, Inglaterra e EUA, Chimamanda conduz o leitor a refletir sobre o choque entre culturas na contemporaneidade, sobre política atual, sobre a sexualidade feminina e sobre as diversas formas de racismo. Na esteira dessas discussões, o moçambicano Mia Couto constrói personagens diaspóricos em busca de identidades culturais, como é o caso do romance O outro pé da sereia (2006). Em ambas as obras nota-se que, apesar das fronteiras, as histórias locais, nacionais e globais se atravessam, e este atravessamento é inevitável, pois no mundo contemporâneo, as ideias de conjunção e disjunção operam no mesmo sentido, isto é, há sempre uma tensão entre o particular e o local, que não são, necessariamente, antagônicos.

Deste modo, no pós-colonialismo, o Ocidente se vê cara a cara com o “outro”, com o “exótico”. É aí que se dá a emergência de se repensarem as etnias, pois as culturas locais sentem-se ameaçadas pela globalização, têm medo de que as “raízes” se percam, que sejam engolidas pela modernidade. Neste movimento, tradição e modernidade não se excluem no campo da literatura, mas dialogam.

Portanto, não se pode exigir dos autores uma autenticidade literária africana. Talvez esse seja o grande desafio dos escritores africanos na modernidade: pertencer a uma sociedade afetada pela globalização e discutir seus efeitos, tendo, por outro lado, a consciência de um pertencimento identitário deslizante.

Escritoras como Chimamanda, por exemplo, procuram uma estética literária que possa ir na contramão de uma única história contada pelo Ocidente. Em Americanah (2013),

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Espaço do Leitor No final de julho, aconteceu a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty, e a TAG esteve por lá! Nossa primeira ida à Flip rendeu um encontro entre os associados, com a participação de Sérgio Rodrigues, escritor e colunista do blog Etcetera, de José Luis Peixoto, um dos autores do livro exclusivo da TAG, Uns e Outros, e da booktuber do nosso canal, Mell Ferraz. Conversamos sobre as releituras, as impressões dos associados sobre o livro e, é claro, literatura! Agradecemos a todos e a todas que compareceram! Esse dia vai ficar na nossa memória, esperamos repeti-lo no próximo ano. Para os que não puderam estar presentes, seguem algumas fotos desse encontro tão especial.

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Fabio Seixo

A indicação de

Heloisa Buarque de Hollanda é pesquisadora, professora, crítica literária, ensaísta, editora e jornalista. Desde a década de 60, fomenta o campo universitário e artístico através de obras e projetos de inclusão, democratização e compartilhamento da cultura, dedicando-se, também, a questões de raça e gênero. Seu livro 26 poetas hoje lançou artistas como Ana Cristina César e Waly Salomão. Sua indicação para o mês de novembro é o relato íntimo de uma mulher sobre sua trajetória e a de outras duas amigas, narrando detalhes sobre a amizade das três, desde a passagem pelo internato de freiras, na infância, até a experiência urbana, na vida adulta. Entre fugas e retornos, amores proibidos, estagnação, perdas e angústias, as três amigas enfrentarão situações que, por meio das palavras de uma das mais importantes escritoras brasileiras de nossa história, retratam sensivelmente os diferentes papéis sociais exercidos pelas mulheres na primeira metade do século XX.

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“O livro traz um momento de passagem da adolescência para a idade adulta, revelando também várias perspectivas sobre as mulheres, a amizade e o amor. A autora introduziu uma escrita sóbria, rigorosa, avessa à qualquer demagogia no romance moderno nordestino.” - Heloisa Buarque de Hollanda

SAIBA MAIS


No seu pescoço, obra de

Chimamanda Adichie

recém publicada no Brasil, está à venda por um preço especial em nossa loja!

Acesse: loja.taglivros.com


“Acreditar em nossa própria mentira é o primeiro passo para o estabelecimento de uma nova verdade.” – Carlos Drummond de Andrade

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