Kayla leiz rendicion

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Índice

Capa Dedicatória Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3


Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Agradecimentos Biografia Créditos Damo-lhe as obrigado por adquirir este EBOOK

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Para o Ricardo, por estar sempre aí me apoiando. Para minha mãe, que agora me apóia do céu

Capítulo 1


A música ressonava em seus ouvidos como se fora o rufo de um tambor. Odiava essa classe de ritmo, mas era o que os jovens queriam escutar, e estar na discoteca de moda significava agüentar os gostos musicais do momento. Em sua mão sustentava um Sex on the Beach enquanto observava da barra a pista de baile. Uma semana indo à discoteca e quão único tinha conseguido até então tinha sido conhecer todos os coquetéis para majores de dezoito anos. Shanie suspirou antes de beber outro gole da mistura e se relaxou. Uma semana atrás lhe tinha parecido bem seu plano de ir à discoteca a ligar. Agora, depois desse tempo, não via as coisas com os mesmos olhos. Os meninos eram muito jovens para uma mulher de vinte e sete anos, e os que se aproximavam ou estavam bêbados, ou o faziam por alguma classe de aposta. O certo era que aparentava uma idade muito diferente da que tinha em realidade. Várias vezes lhe tinham pedido o carnê na barra antes de lhe servir uma taça, assim, apesar do embaraçoso de situações como essas, no fundo a esperança de encontrar a alguém que não reparasse em sua verdadeira idade fazia que seguisse voltando noite detrás noite à discoteca. Embora Shanie era uma mulher miúda que logo que chegava ao metro sessenta e cinco, e a que lhe sobravam um par de quilogramas, possuía um rosto angélico que parecia o de uma garota de dezesseis anos. Sua pele era branca, e quase nunca ia à praia a tomar o sol. Seus olhos, de uma cor verde brilhante, cativavam a atenção daquele que a olhava, protegidos como estavam por umas largas pestanas cor mogno, a mesma cor de seu cabelo, um arbusto ondulante e espesso que alcançava seus ombros e lhe cobria vários centímetros das costas. Seus rasgos eram suaves e arredondados, excessivamente infantis para resultar atrativos. Esse era o problema: os homens não se fixavam nela, e os que o faziam eram muito pervertidos como para que se expor algo sério com eles. Tinha provado a maquiar-se, levar roupa para pessoas mais maiores..., mas era inútil. Só conseguia ficar em ridículo a si mesmo. depois de abandonar essas idéias para voltar a ser a mesma de sempre foi quando seus colegas de trabalho lhe disseram que o tentasse nas discotecas. Não tinha nada que perder. Estava farta de estar sozinha e queria viver, embora só fora uma vez, a felicidade de experimentar o amor..., ou um bom pó; o que chegasse antes.

****


Wolf não podia deixar de observar a essa criancinha que estava sentada em um dos tamboretes da barra olhando com ânsia a pista de baile. Seu sangue se agitou ao pensar que nenhum estúpido dos que havia abaixo se fixou na presença daquele diamante. Levava uma semana vigiando-a da privacidade que lhe oferecia seu escritório na discoteca e tinha advertido seus intentos por encaixar. Vários jovens lhe tinham aproximado, e nesses momentos Wolf havia sentido como fervia seu sangue, mas a moça se desfeito deles, para alívio dele. Essa garota tinha algo que acendia seu corpo até levá-lo a ponto de ebulição, mas era muito jovem para ele. A seus trinta e cinco anos não podia pensar em atirar-se a uma adolescente, embora esperava que tivesse completo os dezoito para beber álcool como o estava fazendo então. Seu entrepierna se agitou ao vê-la mover os quadris por volta de um dos sofás da disco, e se ajustou as calças, abrindo mais as pernas para aliviar a dor. Se fosse outra classe de homem, faria dias que essa garota teria passado por sua cama. Wolf era o proprietário do Blue Sun&Moon, a discoteca de moda da cidade desde fazia vários meses. Toda a gente acudia ali a divertir-se, mas ele, em troca, não o conseguia. depois de distintas relações que não tinham chegado a nada, seus contatos com o sexo contrário se limitavam a noites de desenfreio selvagem. Não pedia mais, apesar de que seu coração queria amar a alguém. Procurou com o olhar a essa criancinha e prorrompeu em maldições. junto a ela estava o tipo que tinha jogado no dia anterior por ter tentado forçar a uma garota. Aquele indivíduo tinha a entrada proibida ao local, de modo que seu porteiro, Larry, voltou-se para escaquear. Um estremecimento lhe percorreu as costas e lhe arrepiou todo o corpo. sentiu-se tenso, disposto a saltar nesse mesmo momento. O tipo havia meio doido a sua criatura. Deu a volta e se encaminhou para a disco. Seus olhos refulgiam pelo ciúmes e o medo a que pudesse lhe passar algo a jovem.

****

Por Deus!, era um pesado e ainda por cima não entendia as indiretas que lhe lançava. Pelo pestilento aroma que seu fôlego desprendia e o


cambaleio de seu corpo era evidente que estava bêbado. Teria possivelmente uns trinta anos e era bastante grandalhão, muito para seu gosto. O cabelo, muito curto e escuro, contrastava com a pele branca. Logo que podia lhe ver a cor dos olhos porque os tinha entrecerrados. —Venha, boneca, o que te parece um bailecito? Seguro que você gosta de como o faço. —Não, obrigado. por que não te perde um momento? Ao melhor depois estou mais predisposta. «Sim, com dez taças mais, pelo menos», disse-se a si mesmo. O homem capturou com uma mão o braço do Shanie e a empurrou para seu peito. Quão único pôde fazer ela foi seguir o impulso, até ficar aprisionada entre os braços masculinos. Sentiu como lhe aproximava ainda mais; seu fôlego lhe roçava o pescoço e a nuca, e lhe provocava calafrios. Ouviu-lhe inspirar. —Joder!, cheira muito bem, boneca. —Me solte! —exclamou, tratando de liberar-se com todas suas forças. —Brinca? vamos divertir nos um momento. —Não! —gritou ela, tentando elevar a voz por cima da música para que alguém a ouvisse. Viu os olhos injetados em sangue fixos nela, ameaçadores, enquanto a pressão do agarre aumentava. Queria fugir dali, não ser a protagonista dessa cena. Sua respiração se acelerou sobremaneira quando o olhar selvagem dele desceu por seu pescoço para seus peitos, e ao lhe ver a boca babando, sentiu uma tremenda repugnância. —Deus!, está muito bom... —soltou, tomando um dos peitos com sua mão e magreándolo. Shanie apertou os dentes e lhe lançou um murro diretamente à cara, embora não serve de nada. Enjoado como estava, agarrou-lhe a camisa pelo pescoço para não cair, e do puxão, fez saltar os botões. O objeto se abriu e mostrou o corpo da jovem talher só pelo prendedor. Ela tratou de tampar-se com a mão livre tudo o que pôde para evitar que os olhos desse tipo seguissem devorando-a. —Solta à garota! —ordenou uma voz grave junto a eles. A expressão do rosto do Shanie era de puro pânico quando se voltou para a pessoa que parecia haver-se dado conta de tudo. O homem também olhou ao recém-chegado e empalideceu imediatamente. Imediatamente, soltou ao Shanie, mas o fez de uma forma tão repentina que ela se cambaleou e caiu nos braços de quem a tinha salvado. Este a abraçou com força sem deixar de olhar ao outro, que retrocedia com rapidez.


—Larry, te encarregue dele! Chama à polícia e os conte o que passou ontem e o de hoje. —Sim, chefe! —gritou o porteiro da discoteca, que agarrou pelo pescoço ao homem e se foi disparado para a saída. Wolf se voltou para ela com preocupação e a observou atentamente. —Está bem? —perguntou-lhe. Ela só assentiu com a cabeça. —Criatura, está tremendo. —apartou-se o suficiente para tirá-la jaqueta e tornar-lhe por cima a fim de cobrir sua roupa rasgada—. Te levarei a um sítio onde poderá te relaxar. Não se preocupe; ninguém te fará mal. Embora deveria haver-se negado a ir com ele porque era um desconhecido, Shanie pensou que, por alguma razão, estar em seus braços, rodeada por sua essência, era como achar-se em um lugar protegido e isolado de todo perigo. sentia-se... a salvo. Wolf conduziu ao Shanie até a parte traseira da discoteca e subiram as escadas que levavam a sala de descanso do pessoal. Estaria iluminada e era o bastante acessível como para que ela não se sentisse incômoda a seu lado. Seguia tremendo sob seu abraço, o que fazia que tivesse vontades de procurar a esse tipo e lhe ensinar como tratar a uma menina. Convidou-a a sentar-se no sofá enquanto se aproximava do móvel bar e preparava uma bebida quente para tranqüilizá-la. Quando se voltou, viu-a encolhida, como se em qualquer momento se fora a romper. amaldiçoou-se a si mesmo por não ter sido capaz de chegar antes e lhe haver evitado essa situação que lhe tinha provocado o medo que via em seus olhos. Sentou-se na mesa do centro, diante dela, e lhe ofereceu uma taça com chocolate quente. Ela o olhou com receio, mas finalmente a aceitou e bebeu. —Sinto muito o que passou. Esse homem teria que estar no cárcere. —Sim..., deveria —respondeu secamente. —Encontra-te bem? Quer que te leve a um hospital ou a qualquer outro sítio? —Não, estou bem. Obrigado por me ajudar. Eu... Shanie se estremeceu involuntariamente, e ele franziu o cenho. —Tem frio? —É o susto. Nunca me tinha passado nada parecido e suponho que me deixei levar pelo medo. —É normal sentir medo ante algo assim. Uma mulher nunca deveria ver-se envolta em um incidente como este. Sinto-o muito, de verdade. Teria que ter intervindo antes.


Pela primeira vez, Shanie se fixou no homem que a tinha salvado. Era bastante alto e largo de costas, mas não excessivamente musculoso. Desprendia elegância, e também autoridade e confiança em si mesmo, aspectos dos que ela carecia. Vestia umas calças negras de tecido e uma camisa azul com os primeiros botões desabotoados, de modo que ficava à vista o início do pêlo do torso, tão incitante como sedutor. Seus braços eram largos e largos, como os que alguém se imagina quando necessita que a abracem por completo e a sujeitem com força. Os olhos do Shanie seguiram subindo para o rosto do homem. O queixo, firme e de suaves curva, era índice de um caráter seguro e de seu afã de liderança. Tinha uns lábios perfeitamente marcados e atraentes, e nas bochechas se vislumbravam pequenas covinhas que deviam acentuar-se com o sorriso. Sem dúvida, o nariz denotava autoridade, e os olhos, de um tom prateado, estavam delineados por umas pestanas largas de cor escura. Levava o cabelo, que era espesso e volumoso, o bastante largo como para que lhe cobrisse a nuca, e mechas de cabelo negro lhe caíam sobre a cara. —Seguro que não quer ir ao hospital? —perguntou-lhe, olhando-a com preocupação. —Seguro. Obrigado pela taça... E por me salvar... E pela jaqueta... Não podia deixar de enumerar coisas. O nervosismo começava a fazer racho nela. Wolf posou uma mão no ombro do Shanie para tranqüilizá-la, mas quando a jovem o olhou, seu autocontrol começou a pender de um fio. Era tão formosa. Esses olhos intensos o contemplavam como se precisassem estreitar o contato com ele, como se o convidassem a aproximar-se mais. Aumentou a pressão sobre o ombro dela para retê-la no sítio, enquanto avançava com lentidão procurando no olhar feminino algum signo que lhe fizesse retroceder. Entretanto, Shanie fechou os olhos e confiou nele. Vendo sua predisposição, Wolf gemeu e se equilibrou sem nenhuma ternura sobre os lábios dela. Levava uma semana desejando fazê-lo e agora que estava a seu lado não ia ser ele quem se tornasse atrás. Capítulo 2


Os lábios do Shanie eram como condutores de energia. Cada vez que Wolf os roçava com os sua uma descarga de eletricidade lhe percorria o corpo e fazia que gemesse inverificado. Os mordeu com a pressão justa e, depois, começou a lambê-los com a língua para convencer a de que os abrisse e o deixasse explorar mais à frente. Quando Shanie entreabriu um pouco mais os lábios e ofegou, Wolf irrompeu de repente em sua boca e a saqueou como um vil ladrão. Apropriandose dela, convidou a sua língua a um baile que jamais outro lhe tinha ensinado. Sem dúvida, era um homem de mundo, ou melhor dizendo, um mulherengo, pois sabia beijar bem. Sorriu mentalmente; sentia-se feliz pelo fato de ter encontrado a alguém que a beijasse de tal modo. Ao menos, agora a semana já não lhe parecia tão má. Por fim tinha o que queria: um homem que a estava beijando como se fora a única mulher do planeta. Wolf gemeu de novo quando sua língua invadiu plenamente a boca dela. Tinha sabor de álcool e a chocolate, mas também tinha sua própria essência: baunilha. adorava a baunilha, e da garota emanava essa substância de uma maneira que embriagava todos seus sentidos. Só podia pensar em tê-la mais perto. Levantando-se da mesa, empurrou-a sobre o sofá e lhe pôs um joelho justo na entrepierna para roçar seu sexo; quase podia sentir a umidade que começava a acumular-se aí. Essa imagem o excitou ainda mais, e se aproximou tanto a ela que notou o contato de seus peitos no torso. As mãos do Shanie se aferraram aos flancos do Wolf para atrai-lo para ela enquanto as dele se entrelaçavam com seu cabelo para aprofundar mais o beijo. Queria tirar tudo o que pudesse dessa garota antes de soltá-la; necessitava-o. Então, sentiu que as mãos dela se moviam por seu corpo para os botões da camisa e que desabotoavam alguns. Vaiou quando Shanie colocou uma mão por dentro do objeto e lhe acariciou o torso. Cada lugar que tocava era puro fogo. Separou-se de seus lábios e moveu o joelho para esfregar seu sexo. Um ofego saiu da boca da garota e os olhos verdes se obscureceram a causa do desejo sexual. —Deus!, não posso me separar de ti —grunhiu antes de beijá-la de novo com igual intensidade e de ser recebido com o mesmo prazer.


Shanie se deslizou um pouco pelo sofá para que o joelho dele a roçasse mais e gemeu quando começou a esfregar-se contra ela. A umidade se filtrava através das braguitas para a calça do Wolf. de repente, ouviram risadas que provinham de fora, e ambos se separaram, olhando-se assustados. Se entravam nesse momento foram pilhar os. —O banho —sussurrou Wolf, atirando dela para levantá-la do sofá. Depois, correram a esconder-se. Assim que ele fechou a porta do banho e jogou a chave, deu-se a volta. Shanie o olhava com um pingo de humor e picardia. Tratava de esconder o sorriso, mas seus lábios a traíam. O banho era o suficientemente amplo para poder mover-se com liberdade, e a zona de lavabos, onde estavam, ficava separada dos privadas, de modo que com um pouco de imaginação poderiam desfrutar por inteiro. Wolf sorriu de forma arrebatadora e percorreu a distância que os separava com lentidão; tomou seu tempo, como um animal faria com sua vítima. Quando a alcançou, Shanie estava apoiada na encimera dos lavabos. Primeiro, agarrou-a pela cintura e a atraiu para seu corpo, e logo assentou sua protuberância entre o sexo e o ventre dela, para que notasse o que lhe estava provocando. A jovem abriu os olhos surpreendida pelo calor que emanava dele e lhe aconteceu uma mão pelas calças. Roçou-o levemente, mas foi suficiente para que ele grunhisse, inclinasse-se para seu pescoço e lhe mordesse o lóbulo da orelha. —Faz-o outra vez, criatura... me toque —sussurrou enquanto lhe lambia e mordia a orelha. Shanie aproximou de novo a mão e o tocou ali onde sua dureza era evidente. Estava muito quente e podia sentir como lhe pulsavam as veias. Moveu sua mão, arrastando-a pela calça e seu sexo, atenta à reação do Wolf, que quase ao mesmo tempo começou a empurrar mais forte para ela. As mãos dele baixaram até o traseiro do Shanie e lhe apertaram as nádegas, um cabo perfeito enquanto se esfregava contra ela e continuava beijando-a e lhe dando pequenas dentadas pelo pescoço. A provas, Shanie procurou a cremalheira da calça e foi baixando-a com lentidão. Wolf ficou quieto assim que descobriu as intenções da garota, e ao notar a pequena mão sobre seu membro, deixou escapar um suspiro no ouvido dela, que a fez estremecer. A jovem tirou o pênis fora da calça e as cueca com um pouco de dificuldade, como se fora a primeira vez para ela, mas, uma vez feito isto, percorreu-o com sua mão ao longo, apertou-o com suavidade e atormentou o glande com os dedos, até que as primeiras gotas de fluido começaram a sair.


Aproximou então os dedos umedecidos pelo líquido a sua boca e os lambeu, para assombro dele. Em seguida, Wolf abandonou o traseiro do Shanie para despojar a da jaqueta e a camisa, e deixá-la semidesnuda. Assim que os dois objetos caíram ao chão, levantou-a e a sentou na encimera dos lavabos, pondo seu corpo entre as pernas dela para que não pudesse as fechar. Era uma postura estupenda, pois, quando quisesse, poderia introduzir-se sem muitos problemas. Ao Shanie produziu um calafrio o contato do mármore com suas pernas. A saia de cor vermelha que levava era muito fina e nessa postura a deixava bastante exposta ante ele. —Não te mova —lhe ordenou Wolf, que se apartou e a observou com os olhos entrecerrados. Ela o olhou com medo a ser rechaçada e tratou de tampar-se com as mãos, mas assim que estas cobriram os peitos, Wolf grunhiu, as separou e as fixou na encimera pondo as suas em cima. —Hei-te dito que não te mova. —Eu não gosto que me olhem —se defendeu ela—. Meu corpo não está acostumado a gostar. —Brinca? É um corpo voluptuoso que qualquer quereria ter. —Não é verdade —sussurrou, incapaz de elevar mais a voz depois daquelas palavras. —Quer que lhe demonstre isso? —perguntou, levantando uma sobrancelha. Então, lhe lambeu o pescoço de abaixo acima, o que fez que ela jogasse a cabeça para trás e que arqueasse as costas, deixando expostos seus peitos. Uma vez que chegou ao oco do pescoço, mordeu-o ligeiramente, para logo riscar um atalho com a língua até o ombro, que também mordeu. Rehízo de novo o caminho até alcançar o tirante do prendedor, e agarrando-o com a boca, atirou dele para baixá-lo pelo braço, enquanto a beijava cada poucos centímetros. Continuando, procedeu de igual forma com o outro tirante, e a deixou parcialmente nua. A respiração acelerada do Shanie fazia que seus peitos se elevassem. A cor dos olhos do Wolf se obscureceu ainda mais. Queria sentir esses peitos em sua boca, provar esses mamilos e convertê-los em pérolas rosadas tão sensíveis que até o ar a fizesse correr uma e outra vez. Deu-lhe um apertão às mãos para chamar sua atenção antes das soltar. —Não as mova daí. Seguidamente, agarrou-a pelos quadris e as acomodou de tal modo que o pênis ficou muito perto do sexo dela; a umidade que sentia lhe apressava


a penetrá-la. Nesse momento, a mão do Shanie se moveu de forma involuntária para seu membro e o acariciou. Essa vez foi ele quem jogou a cabeça para trás; os testículo contraíram a causa do prazer. Entretanto, recuperou o domínio suficiente para agarrar a mão dela e voltar a pô-la na encimera. aproximou-se de sua cara e a olhou. —Hei-te dito que não as mova —vaiou. —Não o pude evitar. Mordeu-lhe o lábio inferior e atirou dele para fora, até que ela gritou. Então, sua língua voltou a entrar na boca do Shanie enquanto seus sexos se esfregavam com descaramento. Os movimentos da boca a investiam vivamente, como se estivesse lhe fazendo o amor, e esse ritmo lhe provocou uma série de espasmos na entrepierna. Ela tentou fechar as pernas, mas Wolf lhe pôs as mãos nos joelhos e as abriu mais, de maneira que ganhou espaço para esfregar-se com mais rapidez e maior pressão. —Vou A.... —murmurou na boca dele. Wolf se apartou imediatamente, e a liberação deixou ao Shanie insatisfeita e ofegante. Lhe sorriu e colocou as mãos sobre as suas. —E agora não te mova —ordenou novamente Wolf com suavidade. A garota suspirou e deixou as mãos na encimera enquanto as dele a acariciavam seguindo as costelas, os flancos e as costas até o fechamento do prendedor. No momento em que soltou a última presilha, atirou do sustento para retirá-lo e se apartou um pouco dela para observar os peitos. De novo, ela sentiu a necessidade de cobrir-se, e suas mãos começaram a tremer em tanto se debatia entre se devia mover-se ou não, lhe obedecer ou não. Agachou o olhar para evitar a do homem, pois não queria perceber em seus olhos algum espionagem de desagrado que a incomodasse, mas não caiu na conta de que outra parte da anatomia masculina lhe chamaria mais a atenção. em que pese a que Wolf levava postos ainda a camisa e as calças, seu membro estava fora apontando diretamente para ela, duro e preparado para uma sessão, ou inclusive dois. Quando este saltou ante seus olhos, Shanie ofegou por causa da surpresa, mas a risada do Wolf fez que desviasse a vista. —Você gosta do que vê? Ela assentiu com um gesto ao ser incapaz de articular palavra; tinha os olhos fixos de novo em seu pênis. Quando ele se aproximou, Shanie perdeu a perspectiva, mas em troca notou o intenso ardor que lhe produzia sua proximidade. —Você gostará mais quando estiver enterrado dentro de ti —lhe sussurrou ao ouvido. O corpo feminino reagiu ante aquelas palavras e se arqueou de novo. As vísceras do Shanie ardiam. Ansiava correr-se, e já não era uma


necessidade, era mais que isso. No momento em que se curvou, Wolf lhe agarrou os peitos com as mãos e os apertou até que ficaram apontando para ele. —Sim..., assim eu gosto de —murmurou. O homem se inclinou e se meteu um dos peitos na boca. Shanie gritou ante o calor que sentiu. Depois, a língua dele começou a lamber em círculos cada vez de menor diâmetro, até que chegou a areola e, daí, ao mamilo. Não esteve satisfeito até que o mordeu e chupou para obter como resultado uma pérola avermelhada e dura. Quando abriu a boca e deixou escapar o peito, o ar fresco fez que os espasmos dela se multiplicassem. Shanie jogou os braços ao pescoço gritando. Mas ao contato do mamilo com a camisa e o torso dele a sacudiu outro orgasmo, e voltou a gritar enquanto se apartava. Wolf a sujeitou pelos quadris e as costas para evitar que se fizesse mal e decidiu aguardar até que ela se tranqüilizasse, depois de ter tido dois orgasmos tão seguidos. Era muito mais sensível do que tinha esperado. Seus olhos eram duas esmeraldas obscurecidas; seu corpo, um tesouro entre suas mãos. —Preparada para outro assalto? —perguntou-lhe, sorridente, enquanto lhe colocava as mãos de novo na encimera e assediava o outro assumo para voltar a repetir os mesmos passos. Essa vez Shanie se mentalizou, e quando Wolf soltou seu seio e notou uma corrente de ar fresco, apertou os dentes e os músculos de seu sexo para agüentar, mas não viu vir o roce da mão. Uma simples carícia foi suficiente para voltar a catapultá-la a um novo orgasmo. Deixando cair para trás, golpeouse as costas contra o cristal frio do espelho, e ficou ofegando a causa do contraste. Nessa ocasião, custou-lhe muito mais recuperar a consciência, e Wolf esperou, recreando-se nos cachos mogno que se transparentaban através das braguitas molhadas. depois de três orgasmos intensos era normal que gotejassem. Atirou da cinturilla para tirar-lhe Logo, abriu-a com amplitude e brincou com os cachos até chegar aos clitóris, já duro e inchado, desejoso de mais ação. Então, meteu-se a mão no bolso traseiro da calça e tirou uma camisinha. Rasgou-o e o colocou em questão de segundos, de tal forma que quando a respiração do Shanie voltou para a normalidade, Wolf já estava preparado para enlouquecê-la outra vez. —me diga, criatura, está preparada? A garota o olhou primeiro aos olhos e depois desviou a vista até fixála entre as pernas, onde a cabeça do pênis estava alinhada com sua vagina. Assentiu, olhando-o de novo aos olhos.


Wolf agarrou os quadris do Shanie e empurrou lentamente o pênis para dentro, tentando fazer-se espaço no estreito canal. —É muito estreita... —vaiou ele. Levantou a vista para ela e se deu conta de que tinha os olhos fechados, o corpo em tensão e os punhos apertados. A barreira que indicava a virgindade do Shanie foi um choque para ele, que se deteve imediatamente. —É virgem? —perguntou; embora sabia a resposta, temia a confirmação. Shanie abriu os olhos e assentiu, retendo o ar. Notou então que o pênis do Wolf se retirava e soluçou. —Por favor... foste o único; por favor, faz-o. Por um momento, esteve a ponto de seguir adiante, mas ao final tirou todo o membro e se tirou a camisinha. Incorporou ao Shanie e a beijou na têmpora, mantendo-a unida a ele em um abraço. —me escute, criatura. Merece-te algo especial para sua primeira vez. Estou seguro de que há muitos meninos de sua idade apaixonados por ti. Não faça uma tolice com um velho como eu. —Eu não sou... —Chsss! Não queira correr só por perder a virgindade. Ainda tem muita vida por diante. Já verá como chegará o homem especial e poderá ter uma noite mágica com ele. Separou-se dela e se abotoou a camisa. Colocou o membro, ainda duro, nas calças e voltou a olhá-la. —Assegurarei-me de que não haja ninguém fora. Vístete. Pedirei ao Larry que te tire daqui e te acompanhe até um táxi para que não te passe nada. Adeus, criatura. Shanie ficou sentada na encimera sem poder acreditar o que lhe estava passando. Tinha-a confundido com uma menina. Certamente, já lhe tinha passado antes, mas não a esse nível. Tinha confundido seu corpo com o de uma menina. Subiu as pernas e as rodeou com os braços. Apoiou a cabeça nos joelhos e chorou. Capítulo 3


Um ano depois

Wolf se sentou na cama tratando de recuperar o ar que lhe faltava nos pulmões. Seu peito se movia de um modo frenético. De novo, esse pesadelo. passou-se a mão pela cara e descobriu que estava suando. —Maldita seja! —resmungou entre dentes. —Wolf? —disse uma voz feminina a seu lado. Girou a cabeça e viu tombada de barriga para baixo a uma mulher. Agora se lembrava; tinha-a levado a casa depois de tomar umas taças, e as coisas tinham acabado como sempre. Nem sequer recordava seu nome. A mulher se moveu para tampar-se com os lençóis e lhe acariciou o braço antes de começar a beijá-lo em direção ao ombro. O contato lhe produziu rechaço. —Vete. —O que? —Que te largue. Já tiveste o que queria. Não quero voltar a verte. —É um... O som da bofetada seguiu ao ranger dos lençóis quando atirou delas para sair da cama. Podia ouvi-la amaldiçoando e destrambelhando enquanto se vestia. Quão último ouviu foi a portada da porta principal. Suspirou, cansado do de sempre. Tinha passado um ano. Quantas pesadelos mais teria que suportar? Saiu da cama e se dirigiu ao banho. Nu como estava, meteu-se diretamente na ducha e acionou o grifo para que saísse água fria. Jogou a cabeça para trás e deixou que lhe caísse pela cara e o cabelo antes de alcançar o peito e as pernas. depois dos pesadelos logo que podia conciliar o sonho, assim ia ser uma larga noite. Apoiou a mão nos azulejos da ducha e agachou a cabeça para que a água lhe desse na nuca. O cabelo lhe tampava o rosto. Fechou os olhos e em sua mente apareceram os olhos verdes mais formosos que tinha visto em sua vida. Eram uns olhos tão feridos que seu coração chorava e se comprimia ante tal sofrimento. por que essa garota o tinha contemplado com esse olhar? Deu um murro na parede e saiu da ducha. Não se incomodou em secar-se, mas sim ficou umas calças e se foi até o salão. sentou-se no sofá e agarrou o mando da televisão que tinha em frente. Acendeu-a, e na tela apareceu a gravação que conservava desse fatídico dia.


Ignorava como se chamava, e tampouco lhe havia dito seu nome. Logo que sabia nada dela, mas desde fazia quase um ano os pesadelos se deram procuração de seus sonhos e não podia tirar-se da cabeça a essa garota. Fazia tempo que devia ter apagado o vídeo que agora avançava diante dele lhe permitindo observar de novo a sua pequena criatura. Todo o corpo lhe estremeceu ao recordar o tato daquela pele, o calor que desprendia, seu sabor e seu aroma. Nenhuma mulher podia comparar-se com ela depois de que juntos tivessem provado o céu. Entretanto, tinha-a abandonado. Dias mais tarde que esse encontro, depois de ter visto o vídeo, ainda a raiva agitava seu corpo. Como não se deu conta de que esses olhos tinham querido lhe transmitir que lhe estava partindo o coração? Como era possível que tivesse estado tão cego? O vídeo lhe mostrou a imagem da garota encolhida sobre a encimera, chorando. passou-se mais de dez minutos nessa postura antes de ter forças para vestir-se e partir. Ele tinha procurado o Larry para que a tirasse dali e a ajudasse a encontrar um táxi, mas quando ambos retornaram à sala, ela tinha desaparecido. Todos os dias ia à discoteca com a esperança de voltar a vê-la, e detrás trezentos e sessenta e cinco dias sem saber nada dela, o remorso que sentia não lhe deixava nem dormir. Sua mente se recreava uma e outra vez nesses instantes, nas reações da garota ante o que tinha ocorrido entre eles, nesses olhos verdes e hipnotizadores que tanto amava. Lançou o mando e, inclinando-se para diante, agarrou-se a cabeça com as mãos. —Onde está, criatura?

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—Shanie, onde te deixo as caixas de livros? —perguntou o fornecedor. —Onde queira —respondeu, encolhendo-se de ombros sem moverse. —Mulher, me diga onde as necessita e assim não terá que as mover você; pesam um montão. —Dá-me igual. É meu trabalho organizar os livros.


O menino a observou com um pouco de pena e depositou as caixas perto de sua mesa, para que, ao menos, tivesse-as à mão. Conhecia-a desde fazia tempo e ainda não entendia como uma garota tímida mas alegre podia haver-se convertido em um... carapaça vazio. —Ouça, Shanie, o que te parece se sairmos esta noite e vamos ao cinema? Estréiam um filme bastante interessante. —Não, obrigado —disse, e sem levantar a vista de seu escritório, seguiu com o que estava fazendo. —Vamos! E se te recolho quando sair do trabalho? Hoje terminarei de fazer os encargos logo e posso... —Não, obrigado —repetiu ela, que se levantou da cadeira, agarrou vários livros dos que tinha sobre o escritório e se perdeu pelos corredores do armazém para levá-los a seus lugares correspondentes. O menino suspirou e se arranhou a cabeça detrás tirá-la boina que levava posta. Ao menos o tinha tentado... outra vez. Atirou do carro de transporte, que estava já vazio depois de ter descarregado as caixas, e o meteu na caminhonete para seguir com as entregas. Fechou a porta lentamente procurando o Shanie, mas quando a folha lhe impediu de ver mais, deixou-o por impossível. Shanie ouviu a porta fechar-se e saiu dos corredores do armazém. Eric era insistente, mas tinha tido suficiente com uma vez para saber que a vida romântica não estava feita para ela. sentou-se de novo atrás do escritório e observou as caixas de livros. Essa semana foram entrar muitas novidades, assim devia deixar essas caixas listas pela tarde, além de colocar uns quantos exemplares nas estanterías da loja. Girou a cabeça para olhar o ordenador; tinha o programa aberto para começar a introduzir os dados. Entretanto, cruzou os braços diante da tela, apoiou-os na mesa e descansou a cabeça sobre eles. Não tinha vontades de nada. Só queria meter-se na cama e não sair em..., em sua vida. Depois do derrapagem de um ano atrás, a existência lhe parecia cinza e sem sentido. Tudo lhe dava igual. Embora seus amigos insistiam para que saísse com eles, não tinha ânimos nem vontades. Apartou-se o cabelo da cara e deixou ao descoberto seus intensos olhos verdes. Agora levava a juba bastante larga e estava acostumado a tornarlhe para diante a modo de cortina para que não pudessem ver seu rosto infantil, assim ao menos evitava que ficassem olhando ou que lhe perguntassem ao chefe se tinha a uma menor trabalhando com ele. Passar desapercebida lhe economizava muitos problemas. Por outra parte, desde fazia um ano vestia com roupa larga, singela, sem artifício. Encerrada no armazém, seção que tinha solicitado uns meses


depois de deixar de ir às discotecas, não precisava estar apresentável para os clientes e podia encerrar-se nesse lugar sem que ninguém a incomodasse. Só tinha que sair uma vez à semana para colocar as novidades. Quando se necessitava um livro mandavam o aviso através dos ordenadores de acima, e ela o buscava e o punha no pequeno elevador de que dispunham para entregá-lo. Voltou a olhar as caixas e alargou a mão para alcançar o cúter. Ou começava já, ou Will se zangaria de novo com ela por não ter feito nada.

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—Ditosos os olhos, coração! —exclamou, lhe jogando os braços ao pescoço e pendurando-se literalmente dele. —Te aparte de mim, Will! —respondeu Wolf, que o empurrou para soltar do abraço de seu amigo. Will fez uma panela e piscou com rapidez, como se queria reter as lágrimas. —OH, vamos, Will, não vás começar de novo! —queixou-se o outro. —Mas..., mas é que vem para ver-me muito de vez em quando — soltou Will, soluçando—. Alguma vez te apresentaste quando eu estava? —Procuro me inteirar de que não está para vir —resmungou Wolf em voz baixa. —Vê?! Sabia! Está-me evitando!! Wolf se pôs-se a rir e olhou a seu companheiro de universidade. Ainda não podia acreditar que levasse uma livraria de êxito e seguisse comportando-se como um pirralho. Will era tão alto como ele, mas mais magro. Tinha o cabelo muito loiro, quase branco, e a pele da mesma cor, a que tirava partido ficando roupa escura para potencializá-la. Sua imagem era a de um vampiro ao que só lhe faltavam as presas. Não obstante, seus olhos eram tão castanhos que esquentavam a cor clara de seu corpo, e levava um pendente na orelha esquerda. —Bom, diz a que vieste esta vez? —terminei os livros que comprei a semana passada. —Já?! Mas, coração, quantos te levou? —Oito..., dez... Não me lembro. Will assobiou ante aquele número de leituras e lhe aconteceu o braço pelo ombro para empurrá-lo um pouco para diante.


—E me diga, isto daqui não te funciona? —perguntou, lhe agarrando com a outra mão o membro. Wolf saltou a conseqüência do contato e se separou dele o mais rapidamente que pôde. Will o olhou com um sorriso de orelha a orelha. —Se quiser, eu posso te fazer um concerto, encanto. —Você mantén as mãos onde possa as ver —lhe avisou Wolf, lhe assinalando com o dedo. —Você lhe perde —murmurou isso seu amigo, mordendo-se um de seus dedos para pôr uma pose sexy. —Will... —Vale, vale, já me comporto. A ver, livros... pode-se saber o que faz com eles? Faz uns meses, para que você lesse, terei que pedir entrevista, e agora os devora. —Tenho tempo pelas noites. —Pois essa cosita daí abaixo vai necessitar exercício, coração — particularizou, olhando com descaramento o pacote do Wolf. —Will! —Não posso evitá-lo, Wolf —se desculpou com um gemido—. Está como um queijo, e é entrar na livraria e atua como um ímã para as mulheres! Olhe detrás de ti e verá. Wolf se voltou e, através da parede acristalada que delimitava a habitação que servia ao Will como despacho, viu a livraria cheia de mulheres que folheavam livros, mas que também lançavam olhadas furtivas para eles. Algumas o esquivaram quando ele as observou, enquanto que outras lhe mantiveram o olhar para lhe transmitir a mensagem implícita em seus olhos de que estavam disponíveis. Sentiu de novo o braço do Will sobre seus ombros e se voltou para ele. —Como vai ao Tyson? —Puffff! Esse patético não tinha futuro comigo. Pode-te acreditar que me pediu que pusesse a metade da livraria a seu nome? Como se ser gay significasse ser idiota nos negócios. Wolf sorriu a seu amigo. Que Will atuasse como um menino não significava que não soubesse o que fazia. —E o que fez? —Vinguei-me dele —respondeu com um enigmático sorriso—. Te lembra do que aconteceu quarto curso com esse tipo que se meteu comigo e ao que tratou de dar uma surra? O sorriso do Wolf se apagou imediatamente e o olhou boquiaberto. —Não terá sido capaz...


A expressão da cara do Will foi resposta suficiente. Wolf pôs uma mão em seu membro e se separou dele. —Me recorde que nunca te faça zangar. Mais lhe valia não fazê-lo. A brincadeira a que tinha submetido primeiro a seu companheiro de classe e depois ao Tyson resultava muito pesada para qualquer, porque nenhum tio quereria ter uma camisinha aderida com cola a suas partes. —Acredito que os médicos lhe deram o alta recentemente. O outro dia o vi, embora andava estranho —comentou Will com o olhar perdido na lonjura. —Por Deus, oxalá encontre a quem te suporte! —E você, lobito? encontraste a alguém? «Sim, alguém a quem rechacei da pior forma», disse-se, pensando de novo na garota de olhos verdes. —Está bem, coração? Seus olhos se entristeceram —perguntou Will, pondo uma mão no ombro de seu amigo. —Estou bem. Procuremos livros. Will franziu o cenho, mas não disse nada mais. sentou-se ante o ordenador para abrir a ficha do Wolf e saber os livros que já tinha comprado, de maneira que pudesse lhe sugerir outros títulos. —Alguma petição? —disse-lhe enquanto baixava o camundongo repassando a lista de livros. —Um que durma. —Tem problemas para dormir? —Mais ou menos. —E não seria melhor visitar um médico que comprar livros? Não me interprete mal; seu dinheiro é bem-vindo, encanto, mas deveria te cuidar um pouco mais. —Estou bem. O outro dia me fiz uma verificação e saiu tudo perfeito. —Mas? —Mas não posso dormir. vais procurar os puñeteros livros, ou o que? Will se levantou da cadeira, rodeou o escritório e agarrou ao Wolf pelas lapelas da jaqueta que levava. —Volta a insultar a meus pobres e queridos livros, e te coloco o que você já sabe por onde você já sabe —lhe ameaçou, utilizando um tom de voz cruel e afiado que só mostrava quando estava realmente zangado..., ou quando se tratava de livros.


—Vale, Will; sinto muito. Pode agora me buscar uns bonitos livros para que me dêem sonho e possa dormir de noite? —claro que sim, coração —respondeu, meloso de novo, e seus frios olhos se encheram imediatamente de luxúria e diversão. Então, Will o soltou e alisou sua jaqueta, embora lhe tocando muito para o gosto do Wolf. Depois, abriu a porta do despacho e saiu fora. Wolf olhou ao teto e suspirou, pondo os olhos em branco. Estava acostumado a seu amigo, mas tinha a sensação de que lhe absorvia toda a energia. De todos os modos, e apesar de saber o que ia encontrar se na loja, seguiu-o. Caminharam por quase todos os corredores da livraria, selecionando distintos títulos que Will ia comentando para que pudesse decidir se os levava ou não. As mulheres que havia no estabelecimento não lhes tiravam os olhos de cima, mas Wolf não tinha forças para aproximar-se de nenhuma. Só sua criatura de olhos verdes poderia lhe fazer trocar de atitude. —E se supõe que hoje saía um... —ia dizendo Will uns passos por diante dele. —Não crie que tenho muitos? Wolf levava em suas mãos uns dez livros, a qual mais extenso, que esperava que o sumissem em uma estado de letargia de, pelo menos, quarenta e oito horas. —Mas é que esse seria perfeito para ti! —exclamou seu amigo quase ao bordo das lágrimas—. Me hão dito que conta a história de um dono de uma discoteca que encontra o amor com uma de seus habituais. E o melhor é que há sexo em qualquer parte; quinhentas páginas e trezentas de descrições sexuais bem picantes. —Will, você crie que esse livro conseguirá me dar sonho? —Não, é obvio que não, mas precisa lhe oferecer um pouco de emoção a essa cosita tua tão suculenta. —lambeu-se os lábios, olhando diretamente às calças do outro—. Deixa que te ajude? —Will, lhe juro isso, porque é meu melhor amigo, que se não te estampava contra as estanterías. —Sei —respondeu, lhe tirando a língua. Quando se voltou, o rosto do Will se iluminou. —Shanie, coração! —gritou de repente, assustando a várias clientas e inclusive à... garota? que acabava de saudar, carregada com livros e cuja pinta deixava bastante que desejar. Shanie escorregou a causa do susto e acabou com o culo no chão, enquanto os livros caíam de suas mãos. —Ai, coração! Tem-te feito mal?


Will correu para ela para ajudá-la a levantar-se, mas Wolf ficou no mesmo sítio. Havia algo nessa garota... Quando Will lhe apartou um pouco o cabelo dos olhos e ela se voltou para lhe agradecer a ajuda, a cor verde de seu olhar fez que os livros que levava lhe deslizassem das mãos de um em um e golpeassem com estrépito o chão. —Deus...! Capítulo 4

—Mas bom, olhe o que faz a meus pequenos! —exclamou Will, dirigindo-se a seu amigo, mas no momento em que lhe viu a cara se levantou de repente e foi a seu lado—. O que passa? Parece que tenha visto um fantasma — acrescentou enquanto Wolf se apoiava na estantería. Não deixava de olhar ao Shanie. —Ela..., ela... Nem sequer podia articular algo mais inteligente. Will olhou ao Shanie, que estava recolhendo os livros. O cabelo lhe tampava de novo a cara. —Sim, Shanie é a que se encarrega do armazém. O que acontece ela? —Tem a uma menor trabalhando? Sabem seus pais? Sorriu-lhe e o agarrou do braço. —Vêem comigo, anda; acredito que necessita uma taça. Meninos, a ver se alguém recolhe este desastre e me deixa os livros na caixa, por favor! —Sim, chefe —respondeu uma voz. Will acompanhou ao Wolf até o despacho, fechou a porta e baixou a persiana para que ninguém os incomodasse. Foi até o móvel bar, pôs uísque em um copo e o ofereceu ao Wolf, que estava sentado no sofá com a cara escondida entre as mãos. —Toma, sentará bem.


Wolf agarrou o copo e se tragou o conteúdo de um só golpe, para surpresa do Will. —Ela... —começou de novo, mas foi incapaz de prosseguir. —Acredito que lhe viu a cara, verdade? Wolf o olhou e assentiu. —É uma menina, Will. —Isso crie? Então, Will se separou do sofá e foi até seu escritório. sentou-se na cadeira diante do ordenador e teclou algo. —Vêem ver isto, anda. Wolf se levantou do sofá e se dirigiu para o Will. Ainda não podia acreditar que ela estivesse ali. Baixou o olhar até a tela do ordenador e se encontrou com a foto da garota, cujo nome era Shanie. Levava trabalhando na livraria cinco anos Y... Will assinalou na tela a data de nascimento. Não podia ser. Olhou a seu amigo, e este assentiu. —Tem vinte e oito anos?! —exclamou, e sua voz reverberou no despacho. —Coração, se pode saber o que te passa? —perguntou Will, desentupindo-os ouvidos—. Sim, tem vinte e oito anos. Eu fiquei igual a você quando deveu solicitar o trabalho, assim por mediação de um amigo polícia comprovei que o carnê fora autêntico. —E? —Pois o era. Suponho que se meterá em muitas confusões com essa carita infantil que tem, embora, bom, há um ano se veste da forma que viu. —Um ano? —Sim. Por culpa de seu físico e essa carita de boneca, os tios que se fixavam nela estavam mais perto de qualificar-se como pervertidos que como homens, e alguns colegas de trabalho a animaram a ir às discos a ver se ligava com alguém. Mas, por isso sei, algo passou e se converteu nisso. Às vezes me dá medo me encontrar isso no armazém; parece um zombi. —Mierda! —gritou Wolf, e atirou o copo, que estalou em pedaços ao se chocar contra a parede. —Wolf, o que passa? Está-me assustando? —Eu sou o que acontece! É possível que eu tenha a culpa!! Will o olhou como se não entendesse nada do que estava dizendo, e no momento em que seu amigo quis sair do despacho, levantou-se da mesa e empurrou ao Wolf até a parede. —te tranqüilize, tio. De repente, a porta do despacho se abriu e apareceu uma garota. —Will, está bem?


O homem se voltou para ela sem soltar ao Wolf e pôs seu melhor sorriso. —Sim, coração. quebrado-se um copo, isso é tudo. Não passa nada. —De acordo. Estava já fechando a porta quando Will a interpelou. —Emily, Shanie está bem? —Sim. Diz que lhe deste um bom susto, e como ia carregada com os livros que entraram hoje, perdeu o equilíbrio; mas não tem nada. —Obrigado. Vão recolhendo já. Hoje fecharemos cinco minutos antes. —Okey. A garota fechou a porta de tudo e os deixou de novo a sós. —Melhor? —Melhor. —Pois agora me vais contar o que tem que ver com o Shanie. E quero detalhes, porque se for você o bode que tem feito que essa doce menina se converta em..., nisso... —Já pode ir me pegando, Will —o cortou Wolf, que se separou dele e voltou a sentar-se no sofá enquanto Will o olhava. —Preciso fechar a loja e me despedir de todos antes de poder te enforcar a gosto. me prometa que não te vais mover daqui. —Prometo-lhe isso. Contemplou a seu amigo médio fundo no sofá. Realmente lhe via bastante mal, mas até que não ouvisse toda a história não diria nada. Abriu a porta do despacho e partiu. O melhor era lhe deixar que ruminasse sozinho um momento, para que baixasse as fumaças que tinha.

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—Seguro que está bem, Shanie? Coração, sinto-o de verdade. Não esperava que te assustasse. —Estou bem, Will —respondeu sem lhe olhar aos olhos. Nunca mantinha o olhar de ninguém e ocultava a seu atrás de seu cabelo. —Gosta de ficar e me fazer companhia? Estou com um amigo e seguro que lhe faz ilusão verte. —Não, obrigado —respondeu, ficando o jaquetão e agarrando sua bolsa—. Nos vemos amanhã, Will.


—Claro... Will ficou olhando ao Shanie até que chegou a seu carro e se sentou no assento. Sabia que estava fazendo um esforço por partir depressa, pois normalmente ficava um momento arremesso sobre o volante como se não soubesse aonde ir. Despediu-a com a mão e um sorriso quando passou por seu lado, e ela respondeu com um leve assentimento, mas não lhe brindou sorriso alguma nem havia nenhum espionagem de ilusão em seus olhos. Passou-se a mão pelo cabelo e se deu a volta para entrar de novo na loja. Só ficava fechar a porta e poderia voltar para despacho. —Joder! —exclamou, pegando um salto do susto. Wolf estava justo detrás dele, apoiado nos cristais da loja. —Pode-se saber o que faz aqui? —Vive perto? Está bem para ir-se sozinha? E seus companheiros? —Ouça, ouça, coração, não posso responder se segue perguntando. Primeiro —disse Will, levantando um dedo—, sim, vive perto. Segundo — continuou, e elevou outro dedo—, não confio muito de que esteja bem, mas desde que adotou essa pinta não lhe aproxima ninguém, assim... E terceiro, seus companheiros se foram faz vários minutos. Shanie está acostumado a ser sempre a última em sair e, às vezes, tenho que acabar arrastando-a até seu carro para que se vá. Wolf olhou de novo na direção por onde se foi Shanie. Will pôde ver os ombros de seu amigo encurvados, suas mãos dentro dos bolsos e algumas mechas de cabelo lhe tampando a frente e os olhos. Franziu o cenho. Wolf nunca estava acostumado a encapricharse de nenhuma mulher, mas nos últimos quinze minutos parecia que Shanie tinha revolto todo seu interior. —O que te parece se entrarmos e começa a me contar isso tudo? —Chamaram-me que a discoteca; tenho que ir ocupar me de um par de problemas —respondeu, tirando as chaves do bolso e apartando do cristal—. Nos vemos. —Não pode dizê-lo a sério! Wolf, não pode me deixar assim! —Sinto-o Will. Preciso pensar.

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Escondido na escuridão que lhe proporcionava sua casa, essa noite nem sequer se deitou ao chegar. O vídeo voltava a estar ativado e a televisão era


a única fonte de luz no salão. De costas à tela, Wolf contemplava a praia e o mar, que nesse momento se via negro da distância. Aproximou o copo a sua boca e bebeu de novo. Era a terceira taça em sua casa, e já tinha perdido a conta de tudo o que tinha bebido essa noite. Em sua mente seguia vendo o Shanie no chão com o Will a seu lado. Ela... Sua consciência lhe gritava que podia ter ocorrido outra coisa e que possivelmente ele não fora o responsável por essa situação; entretanto, a súplica que lhe tinha feito ela quando o tinha visto apartar-se ressonava em seus ouvidos. Quantas vezes se haveria sentido rechaçada por ter um rosto e um corpo assim? E ainda por cima ele a tinha tratado como a uma adolescente, não como a mulher que era. Como tinha podido confundir o corpo de uma mulher com o de uma menina? As reações que tinha tido deveriam lhe haver feito cair na conta. Fechou os olhos com força, tratando de não perder a calma de novo. Levava dois copos quebrados no que ia de noite; não destroçaria um terceiro. Olhou o relógio e desviou a vista para a televisão. Depois, agarrou o móvel e marcou um número de telefone. A voz apagada de um homem cortou os tons da chamada. —Mmm? —Me diga mais costure sobre o Shanie. —Wolf? —Sim. me diga algo mais sobre o Shanie. Que coisas lhe passaram ao longo de sua vida? Ouviu ruído de fundo enquanto esperava a resposta do Will. —São mais das quatro da manhã, coração. Não deveria estar dormindo? —Cada vez que fecho os olhos quão único vejo é a essa mulher e esses olhos verdes que tem, Will. Estou-me queimando por dentro só de pensar nela e em que talvez eu seja o que lhe arruinou a vida. —Mas se pode saber o que tem feito ao Shanie para que te considere responsável? —perguntou-lhe, bocejando ao telefone. —Confundi-a com uma adolescente. —Normal. —E a rechacei quando estávamos tendo sexo —acrescentou. O seguinte que se ouviu foi um golpe forte, seguido de várias imprecações. Capítulo 5


Wolf ouviu o frenazo que deu o carro do Will ao chegar a sua casa e se levantou do sofá para lhe abrir a porta. depois de lhe confessar por telefone o que tinha feito, havia-lhe dito que ia para lá, assim que se serve várias taças mais para tratar de acalmar-se e enfrentar-se à informação que seu amigo pudesse lhe dar sobre o Shanie. Abriu a porta no momento em que Will avançava com decisão para ele. O que não esperava em nenhum caso foi o murro em pleno olho que recebeu, incapaz de esquivá-lo a causa do álcool que tinha ingerido. Caiu ao chão, grunhindo de dor, enquanto seu amigo ficava olhando-o. Quando conseguiu incorporar-se e lhe devolver o olhar, Will lhe sorriu. —Agora me sinto muito melhor —lhe espetou, passando por cima dele para entrar na casa ante o olhar estupefato do Wolf, que o seguiu com seu olho bom até que o outro se sentou no sofá com os braços distendidos, como se fora o dono do lugar. Wolf chutou a porta para fechá-la e se levantou do chão, cambaleando-se a conseqüência da dor que sentia na cara e na cabeça. Ao menos, lhe acabava de passar a bebedeira. —Está cômodo? —grunhiu Wolf, olhando-o cheio o saco. —Não muito. São cinco e meia da manhã, e me tinha deitado às duas, com o qual preciso dormir mais horas. —Não te pedi que viesse. —depois de sua confissão, não vir tivesse sido um crime. Ou pior ainda, um olho arroxeado não teria sido o que te tivesse posto, precisamente — replicou, olhando com descaramento a suas partes. —Não tivesse sido capaz... —resmungou. —Dependendo de por onde vá a conversação, recomendaria-te que protegesse essas partes brandas de mim. De forma involuntária, Wolf levou as mãos a suas partes com uma careta de dor. Seria melhor manter-se fora do alcance de seu amigo enquanto seguisse com essas fumaças. —Vou à cozinha a por gelo. Quer algo?


—Café. Necessito café. E se puder, vê me trazendo uma faca dos grandes. —Como se fora a deixar que te aproximasse de alguma arma — vaiou enquanto entrava na cozinha grunhindo. Wolf abriu o congelador e tirou a bandeja de cubitos. Colocou-os todos em uma bolsa, que envolveu com um pano antes de ficar a na cara. fixouse mediante o reflexo que lhe devolviam os móveis no aspecto que tinha. O cabelo revolto, os olhos afundados pelas olheiras de não ter dormido, a cara apagada pelo mau humor, a barba incipiente que começava a raspar, e agora, como arremate, teria um olho arroxeado. A ver como explicava isso no trabalho. Saiu da cozinha com a bolsa em uma mão e um café na outra. Sotaque a taça na mesita que havia junto ao sofá e se sentou na poltrona. Jogou a cabeça para trás e fechou os olhos. —O que quer saber do Shanie? —perguntou Will. —Tudo. —Posso perguntar por que? —Não. —De acordo. Então, não te direi nada —concluiu, fazendo uma panela e cruzando-se de braços. Wolf levantou a bolsa e o olhou com olhos cansados. —Não me vale que me ponha essa cara, Wolf. Sabe que sou imune a suas ameaças ou encantos. —Seguro? —insistiu, arqueando uma sobrancelha—. Só quero saber se eu tive a culpa de que Shanie... —Me acredite: teve-a. Estou seguro disso. —Agarrou o café e, depois de dar um sorvo, lambeu-se os lábios—. Sempre te lembra de como eu gosto do café. —Solta-o, Will. Já. O outro suspirou e começou a falar sabendo de que Wolf, embora havia tornado a fechar os olhos e a tampar-se com a bolsa de gelo, escutava-o com atenção. —Conheci o Shanie quando se apresentou à entrevista na loja. Procurava a alguém que soubesse organizar-se um pouco com os livros e com os pedidos, e entre quão muitos solicitaram o posto, ela foi a que me chegou à alma. Era direta e franco, divertida e discreta de uma vez. Pu-la de cara ao público por seu aspecto infantil; ajudava a que todos lhe aproximassem de perguntar. »É obvio, ao princípio da entrevista não acreditei que tivesse a idade que dizia, mas quanto mais falava com ela mais me convencia. Não sentiu saudades o equívoco; de fato, disse-me que lhe ocorria sempre. Mas quis


defender seu profesionalidad e levou a conversação a esse terreno. Acredito que isso foi o que fez que me decidisse a lhe dar a oportunidade, e não me equivoquei absolutamente. Foi dos primeiros empregados em entrar na loja e lhe tenho muito carinho. É uma garota que se deixa querer e confia na gente; poderia dizer que é muito inocente, mas tem a cabeça em seu sítio. »Salvo no caso dos homens... Alguns dos que lhe aproximavam na loja me davam mau espinho. Embora ela os afastava, sempre andava lhe jogando um olho, se por acaso tinha que ajudá-la com algum pesado. Em uma dessas ocasiões compreendi que não tinha muita sorte com os homens devido a essa carita que tem. —E por isso lhe disse que fora às discos —apontou Wolf sem moverse. —Não; foram seus companheiros os que a animaram a ir. Suponho que se justificaria com seus amigas e a conversação derivou por esses roteiros. Eu me inteirei depois de que ela trocasse, quando perguntei às demais se sabiam o que tinha passado. —O que lhe disseram? —Não deveu trabalhar em uma semana, Wolf; ela, que inclusive estando doente se agarrava só um ou dois dias. Tinha-me subindo pelas paredes! Chamava-a diariamente lhe perguntando se lhe tinha passado algo, mas unicamente me dava largas. Dizia-me que devia descansar, e embora nossas conversações não eram muito largas, sabia que estava chorando porque antes de que pendurasse a ouvia soluçar. »depois de uma semana, apresentou-se com um aspecto quase irreconhecível. Estive a ponto de levá-la a um hospital, mas me assegurou que estava bem e que precisava trocar de seção. Agora trabalha no armazém. Ninguém quer a seção do armazém, e ela leva um ano trabalhando ali! —Não lhe disse nada a ninguém? —Não. Sei que outros lhe perguntaram o que lhe passou, mas ela só responde com monossílabos. Sua resposta favorita é: «Não, obrigado». Se conseguir que diga algo mais, já pode te sentir a pessoa mais ditosa do dia. »Soube que tinha ido a sua discoteca porque escutei sem querer às outras falando do local, e Shanie disse que o sítio estava bem. Acredito que ficamos todos surpreendidos de que interviesse. »Pelo que estou seguro é de que não falou com ninguém sobre o ocorrido. E agora que sei, entendo o porquê. Pode imaginar como se sentiu? —Sim —respondeu. —Não, eu acredito que não! Maldita seja, Wolf, como pôde te confundir!!


—Era virgem!! —gritou, e ficou de pé. A bolsa com o gelo caiu ao chão. Tinha os olhos fixos nos do Will—. Maldita seja, não queria que sua primeira vez fora no banheiro de uma discoteca com um velho como eu!! Pensei que fazia o correto!! —Não te deu conta de que era uma mulher? Wolf, não tinha dezesseis anos; tinha vinte e sete. —Crie que não me levo repetindo isso todo o tempo?! Não sei por que não me dava conta! Só sei que quando notei a barreira me comportei como se fora seu pai —respondeu, e jogou as mãos à cabeça; depois, deixou-se cair na poltrona e apoiou os braços nos joelhos. O silêncio se apoderou da habitação quando ambos contiveram o fôlego e, por um momento, ficaram calados. O céu começava a clarear com a primeira luz do dia. —Shanie se voltou muito introvertida. Logo que falava com ninguém e se defendia em seu trabalho ou na casa. Por mais que seus companheiros o tentaram não conseguiram saber o que lhe tinha passado, e tampouco queria sair com eles de marcha. Trocou sua roupa por esses jerséis e calças largas, e logo que deixa que alguém veja sua cara, oculta sempre detrás mechas de cabelo comprido. »Nem sequer deixa que a toquem —confessou Will—. Acredito que me sinto ditoso de ser um dos poucos aos que lhes permite aproximar-se tanto, mas não consegui nenhum progresso. Está apática. —Apática? —Não lhe interessa nada nem ninguém. Às vezes penso que o dia menos pensado deixará o trabalho e se encerrará em sua casa para não sair mais. —Não tem família? —Não. Sua mãe faleceu faz seis anos de um câncer e seu pai as abandonou quando ela era pequena. Não tem nem idéia do que aconteceu ele. Vive sozinha em um apartamento. estive em um par de ocasiões com outros, uma para celebrar seu aniversário, e outra, um fim de ano, mas depois da última vez... —A última vez? —fomos ver ao dia de seu aniversário para lhe dar uma surpresa. Nenhum de nós lhe havia dito nada na loja e nos apresentamos meia hora depois em sua casa. Foi como entrar em um sítio sem personalidade. Tinha tirado os quadros das paredes e logo que havia móveis. Assustamo-nos e pensamos que tinha problemas de dinheiro, mas nos assegurou que não, que só o tinha trocado tudo porque assim se sentia melhor. Não queria nada desnecessário em sua casa.


»Normalmente, estava acostumado a preparar doces para tratar com atenção quem a visitava e decorava a casa de forma tão sutil e formosa que alguém parecia sentir-se em um conto de fadas. Mas essa vez... era como uma cova fria. —Não tratastes que ajudá-la? —Crie que levo todo o ano cruzado de braços? É obvio que o tentei!! Fiz de tudo, até ameaçá-la despedindo-a se não me contava o que lhe passava. Mas nada a tem feito reagir. É como se se rendeu a uma vida sem sabor, em branco e negro. Wolf, me dá vontade de chorar ao vê-la porque sei o divertida e alegre que era. Sempre devia trabalhar com um sorriso, como se os livros a enchessem por dentro e ocupassem o vazio de seu coração. Agora nunca a vejo agarrar um livro para lê-lo quando antes os devorava cada vez que tinha um pouco de tempo livre. sentava-se em cima do mostrador e começava a ler algo. Se até os meninos pequenos ficavam a seu lado quando ela contava algum conto em voz alta e o encenava!! Pode imaginar como era essa menina e o que é agora? Wolf se levantou da poltrona, apertando os punhos. Deu a volta ao sofá e ficou olhando através da janela por volta do mar, que começava a vislumbrar-se. Ele era o culpado. Tinha minado e destruído a pouca segurança e confiança que Shanie tinha em si mesmo; tinha arruinado as esperanças de encontrar a alguém que a visse na cama como a uma mulher e não como a uma menina. Tinha-a feito sofrer até o inexprimível e não podia perdoar-lhe Faria o que fora por ela. Devolveria-lhe sua confiança, confirmaria sua feminilidade lhe fazendo saber quão formosa era, quão desejável podia ser para um bom homem. Arrumaria o engano que tinha cometido aquela noite. Mas não iria mais longe. Não merecia nada mais que a indiferença por parte dela; seria sua penitência antes de deixá-la voar aos braços de outro. —Quero ajudá-la, Will, mas não sei como fazê-lo. —por que quer ajudá-la? Sei que se sente responsável e é muito louvável por sua parte, mas crie que ela aceitará sua ajuda? —comentou, rodeando o sofá para lhe olhar à cara. —Nem sequer sei se se lembrará de mim. —Coração, se foi você o lhe desencadeiem do que é agora, lembrará-se de ti. Seguro. —Então, a pergunta é se me deixará me aproximar dela. —Sempre pode seqüestrá-la... —propôs Will com seriedade. Wolf se voltou imediatamente para seu amigo, com os olhos muito abertos. —O que há dito?


—Bom, não seria um seqüestro como tal —explicou, levantando os braços em sinal de rendição—. Mas, não sei, possivelmente se estivessem uma semana os dois juntos poderiam resolver os problemas que têm. Porque, se não me equivocar, é por ela pelo que não dorme, verdade? —acrescentou, e Wolf apartou o olhar—. Sim, supunha-o, coração. Você não te põe tão energúmeno se não ser por alguém que realmente te interessa. Te gostou muito do Shanie na discoteca. —Pareceu-me a mulher mais formosa que tinha visto. E divertida. Levava toda a semana observando-a, e quando a tive a meu lado... Enfim, era pura dinamite. —Sim, assim era ela antes da mudança —afirmou com um suspiro— . Pode lhe expor que passe contigo uns dias para lhe demonstrar o que queira. É obvio, eu estarei à corrente de tudo. Quero chamadas todos os dias para saber que está bem. —Não quererá ir com um estranho a uma casa que não conheça. —Por isso tem que lhe dizer onde está. Não lhe esconda nada. Deixa que ela saiba tudo, mas impede que parta antes do tempo fixado. —Crie que aceitará? —Acredito que você tem a habilidade de fazer que qualquer aceite o que você queira, coração. Capítulo 6

Resguardado pela escuridão de seu escritório, Wolf olhava através da janela às pessoas que enchia essa noite a discoteca. Pareciam divertir-se graças à música, o álcool e a boa companhia. Mas como sempre desde fazia tempo, seu olhar acabava deslocando-se em direção ao tamborete onde Shanie se sentou de vez em quando para tomar alguma bebida. Ainda sua cabeça dava voltas à insólita idéia do Will. Seqüestrá-la? Como demônios ia fazer isso? E entretanto, o fato de poder tê-la só para ele durante uns dias, devolver a à vida como um ave fênix renascendo de suas


cinzas, um fênix de olhos verdes, fazia que estivesse expondo-lhe Will tinha tecido um ardiloso plano: férias juntos. Mas eram possíveis? Duvidava de que ela aceitasse. Se era o culpado de seu estado, não quereria vê-lo nem em pintura. Mas e se ele mesmo fora a mecha que acendesse as emoções do Shanie? Will havia dito que estava apática, que não queria saber de nada nem de ninguém, que não se preocupava com ela. Fechou os olhos, rememorando de novo a forma em que ela tinha reagido a suas carícias, a seus estímulos. Ao princípio o havia meio doido de maneira tímida, e agora entendia por que. Essa mulher o tinha marcado de um modo tão profundo que não tinha podido esquecê-la. Jamais tinha sentido por alguém o que sentia por ela; a necessidade tão imperiosa de protegê-la, de mantê-la feliz e saciada, de compartilhar as alegrias e as penas. Amaldiçoou-se a si mesmo quando em sua mente penetrou a imagem dela com essas roupas escuras e o cabelo lhe tampando a cara. Andava com os ombros cansados, arrastando os pés, como se lhe custasse dar um passo adiante na vida. Embora Will logo que sabia nada de sua vida sentimental, sim lhe tinha contado que em duas ocasiões tinha tido que intervir. Uma vez foi ajudá-la a desfazer-se de um homem que se tomou muitas liberdades com ela. Era grande e forte, e à saída da livraria a tinha encurralado na parede sem possibilidade de escapatória. Desde não ser pelo Will, Deus sabia o que lhe tivesse passado. A segunda vez foi a raiz do comportamento de um menino com quem parecia estar saindo. Não levavam muito tempo, e ao Will não caía muito bem. Um dia alguns amigos dele chegaram à livraria para conhecer sua noiva e, durante a conversação, descobriram que era dois anos maior que ele. «Ainda ressonam em minha cabeça as risadas dos amigos e a cara de ira do menino», havia-lhe dito Will. afastou-se dela como se fora a peste, lhe jogando em cara que não o houvesse dito e que tivesse permitido que pensasse que era uma cria. depois de jogá-los amavelmente da livraria, Will tinha levado ao Shanie a seu escritório para que se tranqüilizasse, mas, ao contrário do que tinha acreditado, a jovem não derramou nenhuma só lágrima. Só se tomou a taça que lhe ofereceu e voltou para trabalho com um sorriso. Certamente, toda a vida da moça estaria cheia de decepções como essa, mas ele tinha sido a gota que tinha repleto o copo. Sem dúvida, tinha sido seu desplante o que tinha acabado rompendo e fragmentando o coração do Shanie. Voltou-se e foi sentar se atrás de seu escritório. acomodou-se pondo os pés em cima da mesa e as mãos detrás da cabeça. Will lhe havia dito que a seqüestrasse. trataria-se de um seqüestro um tanto estranho se se tinha em


conta que ela saberia em todo momento onde estava e poderia chamar por telefone, embora não abandonar o lugar. Era uma loucura, e entretanto, o plano do Will lhe resultava sedutor. Com a inteligência de seu amigo todo ficava pacote, não havia problemas por resolver. Ainda podia ouvir a voz dele ressonando em sua mente: —Pode trazê-la aqui. Sei que em sua casa tem sistemas instalados de segurança e está o bastante afastado da civilização como para não ser incomodado. Além disso, o mar está perto, e este ambiente pode representar ar fresco para ela. Deixa que saiba em todo momento onde está, que não se encontre às cegas, mas que fique claro que não pode deixar o lugar até passado um tempo. —E a polícia? Não crie que chamará à polícia assim que tenha a menor oportunidade? —Posso lhe pedir a meu amigo que lhe notifiquem qualquer chamada com os gestos de sua casa. Direi-lhe que se trata de uma terapia para conseguir que uma pessoa se em frente à realidade. A polícia não irromperá aqui, prometo-lhe isso. —Will, não tenho nem a menor ideia de como ajudá-la. Não sou psicólogo. —Mas é um homem, Wolf, o melhor homem que conheci. É atento e amável; se preocupa por outros antes que por ti mesmo. Shanie precisa sentir que há algo na vida para ela; você pode lhe dar esse algo. —Está pondo muita fé em mim. —Pensa-o, Wolf. Uma semana. lhe peça uma semana de sua vida, se é que pode chamar-se o vida. Procura coisas que goste de fazer, leva-a a qualquer parte, faz que se sinta iludida por algo, e quando o conseguir, seduz-a, conquista-a e reclama-a, coração. Ela se merece um mundo de cor rosa, não os apagados brancos e negros nos que vive. —Não resultará, Will. Ela me tem que odiar. —Troca o ódio pelo amor, então. Porque você a amas, não é assim? Não te deste conta ainda de quanto a amas? Amor? Amava-a? Certamente, ocupava seus pensamentos dia e noite, e seus olhos apareciam como um par de sombras onde quer que olhasse. E agora que sabia onde estava, quem era, seu corpo se movia sozinho, tironeaba por levá-lo até a livraria, agarrar ao Shanie e beijá-la com a mesma paixão que lhe queimava por dentro. Isso era amor?

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Wolf abriu a porta da livraria e recebeu o típico «bem-vindo» por parte de uma das garotas que estava ao lado da entrada. Era uma forma original de convidar aos clientes a sentir-se como em casa, conforme pensava Will. Saudou cortesmente à garota com um assentimento de cabeça e olhou ao redor em busca de seu amigo. depois de passar-se toda a noite lhe dando voltas ao plano sem poder dormir por segundo dia consecutivo, estava decidido a levá-lo a cabo. Pediria- permissão ao Shanie para seqüestrá-la. Sorriu para seus adentros ante o absurdo dessa idéia. Permissão para ser seqüestrada? Todo seu corpo se estremeceu quando eróticas imagens da forma em que lhe gostaria de seqüestrar ao Shanie o invadiram. Mas nada disso ocorreria. De momento. Ao não ouvir a gritaria que caracterizava o local quando Will estava, fixou-se no despacho. Tinha as luzes apagadas. Precisava falar com ele antes de preparar o plano, para ter a segurança de que não se estavam metendo em nenhuma confusão. —Sabe onde está Will? —saiu um momento com um amigo. Disse que voltaria em quinze minutos. Necessita que o chame? —Não, não é necessário. Esperarei-o por aqui. —De acordo —conveio a garota sonriendo. Wolf deu dois passos antes de ser assaltado por um pensamento desatinado. Girou sobre seus talões e sua boca se moveu antes de que pudesse selar os lábios. —Onde está Shanie?

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Shanie soltou de seus lábios um novo suspiro. Tinha os braços cruzados sobre a mesa, e a cabeça apoiada neles enquanto olhava a tela do ordenador. Ao parecer acima estavam tendo um dia tranqüilo, pois ninguém lhe tinha solicitado nenhum livro do armazém. Tampouco tinha nada que colocar; tinha terminado de organizar as novidades e não esperava novas entregas até dentro de uns dias. Suspirou outra vez. Olhou os livros que havia na mesa e fez uma careta. Não tinha vontades de ler; era uma tolice enfrascarse na leitura de uma


história e emocionar-se quando sabia que a realidade jamais poderia compararse à ficção. Na realidade não havia homens que quisessem às mulheres embora estivessem gordas ou fossem feias, e não havia mulheres que lutassem pelo homem que amavam até seu último fôlego. Só havia uma fria existência em um mundo estéril e artificial apoiado em modas. Soprou, e ao fazê-lo, seu cabelo se moveu, de modo que seus olhos ficaram visíveis. Estava acostumada a olhar através dessa cortina, mas, às vezes, quando estava sozinha, apartava-se o cabelo uns minutos para poder apreciá-lo tudo de outra forma.

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Wolf se deteve entre as sombras das estanterías para observar ao Shanie. Tinha-lhe impactado vê-la arremesso sobre a mesa, aborrecida por estar ali. Olhava a tela do ordenador, certamente esperando alguma ordem de acima, mas tampouco parecia que tivesse muitas vontades de fazer algo. Doía-lhe o coração vê-la assim quando sabia o viva que era. As noites que ela tinha passado na discoteca eram o testemunho de sua vitalidade. Sorria, dançava e desfrutava com as conversações. Poucas vezes a havia visto séria, e possivelmente tinha sido isso o que a tinha feito atrativa para ele. Essa pequena criatura precisava voltar a nascer. A respiração lhe entrecortou quando Shanie, soprando, retirou-se o cabelo da cara. Podia ver o verde de seus olhos iluminando como dois faróis todo seu ser. Apesar de estar sumida em um estado de indiferença, seu olhar seguia brilhando, talvez ansiosa de receber atenção. Seus olhos eram mais intensos do que ele recordava; os sonhos e as imagens que o embargavam não tinham comparação com o original. Desejava chegar até ela, lhe apartar o cabelo e perder-se nesses olhos. Que o olhassem com essa luz e o convertessem na pessoa mais feliz do mundo. Mas depois do dano que lhe tinha feito, só podia conformar-se salvando-a; duvidava de que ela chegasse a amá-lo alguma vez. Então, viu como Shanie bocejava, e lhe estremeceu todo o corpo. Queria provar de novo esses lábios, sua boca; queria entrar nela e desfrutar da umidade e o calor que encontraria ali. Colocou as mãos nos bolsos para evitar lançar-se para ela e agarrá-la do pescoço para beijá-la, e afiançou o peso nas pernas. ficaria entre as sombras.


O ordenador emitiu um pequeno assobio que sobressaltou ao Shanie, e o cabelo caiu de novo sobre seu rosto e o ocultou. depois de ler o pedido, levantou-se da cadeira, caminhou até as estanterías e agarrou um livro. Felizmente não se moveu muito perto de onde estava Wolf. —Aproveita agora —sussurrou Will a seu lado. —Quando chegaste? —Isso depois. te aproxime e espera-a em sua mesa. Tenta falar com ela. Quando Shanie deixou o livro no elevador, voltou para sua mesa e a encontrou ocupada. ficou de pé, observando ao homem que estava sentado na cadeira, com os cotovelos sobre a mesa e as enormes mãos entrelaçadas servindo de apóio a seu queixo perfeitamente formado. —Não vais perguntar me o que faço aqui? —inquiriu Wolf. Shanie se encolheu de ombros. Quis dá-la volta, mas ele voltou a falar. —Quer...? —Não, obrigado —cortou Shanie. —Mas se não me deixaste acabar! Ela se encolheu de ombros. A veia da têmpora do Wolf começou a palpitar. Já sabia que seria difícil, mas, demônios!, sua criatura se tornou muito fria. —Quer sair a tomar algo? —Não, obrigado —repetiu ela. —Sente saudades que não me pergunte nem quem sou nem o que faço aqui. Bem poderia ser um violador. De novo se encolheu de ombros, embora essa vez Wolf pôde notar que Shanie o olhava com algo mais de atenção. —As garotas estão acima —replicou ela. —E você não é uma mulher? —perguntou com ironia. Recebeu outro encolhimento de ombros. Começava a se desesperar-se, e se disse que se voltava a fazer esse gesto, não poderia suportálo sem reagir. —Não o é? —Will está acima —respondeu em seu lugar. Assim que se lembrava dele. —Sei onde encontrar ao Will, cria... —Não me chame criatura —vaiou ela sem lhe deixar terminar. Os olhos do Wolf se abriram de par em par. Essa resposta era um reconhecimento explícito. Quis aproximar-se, mas Shanie começou a afastar-se. —Shanie... —sussurrou.


A jovem se deu a volta e se perdeu entre as estanterías do armazém. Wolf estava considerando se devia segui-la quando divisou ao Will, com o rosto apagado e os olhos mostrando dor e compaixão. Suspirou e foi até ele. Agora sabia que ela o recordava.

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Não podia estar passando. O destino não podia rir tanto dela... Ou sim? por que o amigo do Will tinha que ser esse homem da discoteca? Apoiada em uma estantería, Shanie se tinha deixado cair ao chão nada mais ouvir a porta de saída. O homem se partiu, mas o coração dela seguia pulsando com rapidez. Era ele, sem dúvida. Não o tinha esquecido. Como poderia havê-lo feito depois daqueles minutos cheios de sedução e prazer, e das palavras que lhe tinham parecido no coração e tinham cimentado o muro que tinha levantado entre outros e ela mesma. Estava igual a como o recordava, salvo porque levava um olho arroxeado; um homem de aço que exsudava poder por todos os poros de seu corpo. Quando seus olhos tinham captado aquele olhar chapeado, o mundo tinha começado a dar voltas. Era a última pessoa que tivesse esperado ver. No dia anterior não se fixou muito, apurada por voltar para armazém depois desse tolo escorregão, mas já então tinha havido algo que lhe tinha resultado familiar. Ao vê-lo de novo, as peças tinham encaixado como um quebra-cabeças, e o rosto desse homem lhe tinha revelado de novo em sua mente. Os olhos lhe ardiam por causa das lágrimas. Piscou várias vezes para as reprimir. Não podia lhe fazer mais danifico; não tinha poder sobre ela. Consultou o relógio. Ainda ficavam um par de horas até poder ir-se. Podia chamar o Will e lhe pedir permissão para ausentar-se, mas se estava com esse homem... Ele também a recordava? Quando tinha estado a ponto de chamá-la «criatura», seu interior se removeu. Jamais queria voltar a escutar essa palavra; ao menos, não dele, porque o fazia tremer todo o corpo. Não era possível que se lembrasse dela, só devia ser uma mais de uma larga lista; estava segura disso. A idéia de que ela pudesse deixar alguma rastro em um homem assim era absurda. Talvez o único que recordava era o fato de ter estado a ponto de deitar-se com uma menina, havida conta de como a tinha tratado.


O assobio do ordenador lhe disse que tinha outro pedido de acima. Acaso devia chegar justo nesse momento? depois de ter estado horas sentada na cadeira sem fazer nada, quando mais a importunava, chegava trabalho. ficou de pé, esfregou-se a cara com as mangas da camiseta e voltou para ordenador para ver que livro lhe tinham solicitado. Capítulo 7

Wolf caminhou ao lado do Will, cabisbaixo e em silêncio, até o despacho de seu amigo. Ainda seguia lhe dando voltas à conversação com o Shanie. Tinha-o reconhecido? Ainda o culpava por havê-la deixado? É obvio que o culpava! Em uma situação como aquela, confundir a uma mulher com uma menina não admitia perdão. Em qualquer caso, não dava crédito à mudança que tinha visto nela; tinha sido tão lançada e valente na discoteca, e agora era fria e distante. —Wolf, me escutaste? —perguntou Will, tirando o de seu ensimismamiento. —O que? —isso coração dói —protestou, levando-a mão aos olhos para limpar umas lágrimas invisíveis. —Perdoa, estava distraído. —Não me diga? —ironizou—. Bom, por esta vez te perdôo, mas só porque tentaste falar com o Shanie. De fato, está acostumado a deixar nesse estado a todos os que o tentam. Enquanto isso, Wolf se passava a mão pelo cabelo com nervosismo. Aquilo não tinha sido falar. Foi até o móvel bar e se serve uma taça de conhaque para enfraquecer seu corpo. —TJ me há dito que tinha perguntado pelo Shanie. —TJ? —A garota da entrada. Quando soubeste que eu não estava, perguntaste por ela.


—pensei que talvez poderia ajudá-la se falávamos —comentou, bebendo enquanto observava a livraria abarrotada de clientes—. Umas poucas palavras é quão único consegui. E todas elas inúteis. —Já te disse que não seria fácil. —Disse-o, é certo —afirmou, e apurando a taça, voltou-se para o Will—, e também sabe que eu não me rendo. O assombro de seu amigo deu passo a um sorriso. —Confio em ti, Wolf. Sei o que fará o correto, e isto, em realidade, não é um seqüestro. Wolf bufou. Ainda não podia fazer-se à idéia de que, efetivamente, estavam levando a cabo planos para um seqüestro em toda regra. Como, se não, chamava-se a levar-se a uma mulher sem que ela quisesse a um sítio que não conhecia e do que não poderia escapar? —Sei o que está pensando Wolf e já te disse que não se preocupasse. Se for necessário, falarei com ela e se irá por vontade própria —lhe assegurou Will. —Sabe que não é assim. Ela não se irá comigo como se se tratasse de umas felizes férias. —Já te hei dito o que opina meu amigo. —Por isso mesmo tenho tantas dúvidas —repôs—. Will, há-te dito que era um seqüestro e que sim, que podia fazer a vista gorda, mas que nos estávamos metendo em um assunto muito escuro. Sinceramente, sou o primeiro que quero ajudá-la, mas não sei se isto quão único conseguirá será piorar a situação. —Aconselhou-me que a tire a rua, que te deixe ver com ela, para ter testemunhas de que esteve livre, assim haverá atenuantes no caso de que passe algo que nem você nem eu queremos. Falando propriamente, um seqüestro é quando tem a alguém encerrado, e ela não vai estar encerrada, mas sim estará atada a ti. Deus santo, se for necessário, algemo-lhes aos dois e tiro a chave! — exclamou, levantando os braços ao ar—. Temos que tentá-lo de algum jeito, ou prefere seguir vendo a dessa forma? —Demônios, não! —grunhiu—. Dá calafrios ver seus olhos apagados, quando os pode ver. E esse andar tão pesaroso... Uma mulher como ela não deveria estar assim, deveria... —Deveria sentir-se feliz de viver, e isso é o que vais conseguir você. Wolf olhou a seu amigo. Queria fazê-lo porque o devia a ela, embora não pudesse obter aquilo que ele mais ansiava. Assentiu, sentando-se à mesa. Will se sentou frente a ele e começou a tirar vários papéis. —Vale; então, vamos organizar o tudo bem —comentou, e começaram a anotar detalhes em umas folhas.


Will tinha ordenado que não deviam ser incomodados, e assim as horas que passaram os dois encerrados no despacho serviram para planejá-lo tudo. Wolf falaria com ela a finais da semana para lhe pedir que se fora com ele uns dias. Will lhe daria férias e poderia chamá-lo sempre que quisesse, mas devia seguir as indicações do Wolf. tratava-se de um plano bem elaborado mediante livros sobre apatia que Will tinha na loja. Graças a eles, poderia ajudála sem ir às cegas no que ia fazer. Shanie ficaria em casa do Wolf durante uma semana completa. Só ele decidiria o que fazer e aonde ir, e ela teria a obrigação de obedecê-lo em tudo. Não lhe exigiria nada, mas sim a forçaria a sair desse casca de ovo vazio para despertá-la à vida de novo. Faria todo o possível por consegui-lo. Esses dias nos que os dois seguiram planejando possíveis saídas para eventuais situações passaram muito lentos para o Wolf. Todos os dias ia à livraria para ver o Will e, de passagem, ao Shanie, embora não havia tornado a falar com ela. Observava-a na distância, nas sombras, quando pensava que estava sozinha e descobria sua cara. Parecia algo mais triste e apagada, certamente pelo encontro com ele.

****

—O que há dito, Will? —O que ouviste, preciosa. Tem uma semana de férias. —por que? —Pois porque trabalha muito e não é bom estar tanto tempo no armazém. Quando voltar, falaremos de uma mudança de departamento; seguro que te virá bem. —Não, obrigado. —Vamos, Shanie. —levantou-se da cadeira e rodeou seu escritório para aproximar-se dela—. Precisa desconectar um pouco. Este ano não tem feito férias. —Não as necessito. Não quero ir a nenhum lado. —Coração, as mulheres de sua idade sempre querem ir a qualquer lado. E se fosse com o Wolf? —O que?! —gritou, levantando-se da cadeira como se tivesse uma mola.


—Só lhe propunha isso. Sei que lhes conhecem e possivelmente poderia... Bom, ele se toma uma semana de férias e tem uma casa na praia. Pensei que te agradaria essa mudança de ares —se justificou, analisando a reação dela. —Não. Uma semana de férias? Perfeito, ficarei em meu apartamento. —Coração, não é para que esteja sozinha nesse..., esse... Como pode chamá-lo apartamento? —É singelo. Eu gosto. —Por Deus, carinho, não há nada ali que possa te gostar de! Shanie se encolheu de ombros. —Se não poder dever trabalhar, então terei que me encerrar em casa. Simplesmente, ficarei na cama; total, não tenho nada que fazer. —OH, não, Shanie!, isso nem pensar. Não posso permitir que passe sozinha as férias, ou ao final não voltará para trabalho. —Então, não me dê dias livres. Estou a gosto no armazém. Finge que não estou ali e pensa que me encontro de férias. Will enrugou o nariz ante a idéia de que pudesse passar umas férias encerrada entre quatro paredes. —Coração, isso não são férias. Seria como estar no inferno. Shanie se encolheu de ombros, e Will suspirou. aproximou-se dela e a agarrou do braço, mas assim que sentiu sua mão, afastou-se. Ele franziu o cenho; não gostava do que tinha percebido. —Shanie, está comendo bem? Não está muito magra? Ela não respondeu. —Coração, me diga que está comendo e que minha mente me jogou uma má passada. —Estou comendo. —Todos os dias? Outro encolhimento de ombros. —Posso ir ? —perguntou, evitando responder à pergunta. —Não. Wolf quer falar contigo de algo, e acredito que é melhor fazê-lo aqui. Sem pensá-lo, Shanie se deu a volta, agarrou a bolsa e abriu a porta do despacho. Will ia detrás dela, tratando de detê-la, mas não tinha nenhuma razão para esperar ali a esse homem. Ele queria falar; bem, ela não. E se dois não estavam de acordo... A livraria levava momento vazia; os empregados já se partiram uma vez completo o turno e depois de ter atendido a todos os clientes. Só estavam Shanie e Will, os que sempre ficavam para fechar.


—Coração, lhe dê uma oportunidade para emendar-se. Ele também sofreu. —Não, obrigado. —Ele pode te ajudar, Shanie. Quero de volta a essa mulher que me cativou na entrevista. por que não te dá conta do dano que te está fazendo? —Estou bem. Abriu a porta da loja e saiu ao exterior. O calor começava a notar-se; logo chegaria o verão, e se veria obrigada a usar roupa de manga curta. Will blasfemou enquanto agarrava com rapidez as chaves da loja e fechava a porta para evitar surpresas desagradáveis; de uma vez, seguiu com o olhar ao Shanie. Tinha que detê-la antes de que chegasse a seu carro. —Shanie, por favor, falemos um momento. —Não, obrigado. Dobrou a esquina em direção ao estacionamento de empregados e começou a procurar em sua bolsa as chaves do carro. Uma vez dentro, arrancaria e tudo estaria bem. Odiava comportar-se assim com o Will. Sabia que ele só queria ajudá-la, mas não entendia pelo que ela estava passando; ninguém o compreenderia. Levantou a cabeça uma vez que encontrou as chaves e se deteve de repente, assustada. —Shanie. A voz do Wolf lhe fez dar um coice. Ainda recordava essa voz lhe sussurrando coisas conforme ia despindo-a no banheiro. —Coração! —gritou Will. fixou-se então no Wolf e suspirou, aliviado—. Chega tarde! —Sinto muito; entretiveram-me na discoteca. Shanie se fez a um lado para esquivá-lo e poder assim chegar a seu carro, mas a mão do Wolf se fechou sobre seu braço. —Deixaria-me te seqüestrar? —perguntou com um tom de voz acalmado e sério. Não tivesse podido assegurá-lo, mas ao Wolf pareceu que, depois do cabelo, ela abria os olhos e o olhava diretamente. —OH, genial! É um zopenco, Wolf! Como te ocorre lhe soltar isso?! —gemeu Will, tampando-a cara com as mãos—. Bruto sem cabeça! —insultou-o. —Ouça, que isto não é fácil de dizer. —Mas sim de responder —interveio Shanie—. Não, obrigado. Soltou-se de sua presa e quis seguir até seu carro, mas o corpo do Wolf o impediu. —Me deixe que lhe explique isso. Virá comigo uma semana a minha casa; passaremos as férias juntos. Poderá chamar todos os dias ao Will e ele


chamará a ti para saber como está. Não estará encerrada, mas não poderá ir a nenhum lado sem mim. Não passará nada que você não queira. —Não, obrigado. Shanie tratou de mover-se, mas Wolf não o permitiu. Ele se cruzou de braços. —Não aceito uma negativa. Ela se encolheu de ombros. As sobrancelhas do Wolf se elevaram e grunhiu ante aquele gesto de indiferença. Cortou a distância e, agarrando-a pela cintura, a jogou sobre seu ombro. —O que faz?! —perguntaram de uma vez Shanie e Will. —Levo-me isso. Pelas boas ou pelas más. No carro o explicarei tudo, não se preocupe. —Wolf, não era assim como tínhamos pensado fazê-lo —comentou Will. —Já sei. Mas ela não dará seu braço a torcer. Ou sim? —perguntoulhe, jogando a cabeça para trás. —Não —respondeu tranqüilamente enquanto era transportada como um peso morto. —Vê? —Wolf recolheu a bolsa da garota do chão e o atirou ao Will—. Guarda-o; assim me asseguro de que não irá a nenhum sítio. —Não necessitará suas coisas? —Durante os primeiros dias, não. Depois, pedirei-lhe isso. —de repente, franziu o cenho, centrando-se então no Shanie—. Não protesta? Não grita? O homem sentiu como ela se encolhia de ombros. —chamando à polícia... —murmurou. Wolf a carregou até seu carro e a baixou para colocá-la no assento do co-piloto. Pô-lhe o cinto de segurança e lhe sorriu descaradamente. —Sinto muito, criatura, mas a polícia tem ordens de não aproximarse de minha casa e de não te fazer caso se chamas. Will se encarregou disso. Ela olhou ao Will, ou ao menos voltou a cabeça para seu lado, e o outro lhe ofereceu um tímido sorriso. —Estou preocupado por ti, coração —lhe explicou—. Sei que você não gosta disto, mas preciso fazer algo que devolva a meu Shanie, essa menina encantadora e cheia de vida. Por favor, se não querer fazê-lo por ti mesma, faz-o por mim. É um favor pessoal que te peço: passa suas férias com o Wolf. Prometo-te que não te pedirei nunca nada mais, mas me deixe te ajudar de alguma forma.


Até sem querer o, as palavras do Will transpassaram as barreiras do Shanie e teve que mordê-los lábios para não lhe dizer nada. Decidiu, então, tirar o cinturão, mas se deu conta de que este não se desenganchava. —Ocupei-me que isso também. Pensei que poderia ser útil se por acaso a coisa não ia muito bem. —Me solte. Não vou a nenhuma parte contigo —resmungou, molesta por não lhe dar sequer a oportunidade de aceitar... pelo Will, nunca por ele. —Quando quiser pode te pôr a gritar. Meu carro está tirado o som e tem os cristais tintos —a informou, fechando a porta e deixando-a com a palavra na boca. passou-se a mão pelo cabelo e apoiou as costas no carro. —Está bem, coração? —Sinto muito. Sei que íamos explicar lhe as coisas com tranqüilidade até conseguir sua aceitação, mas... —Nunca perdeste os nervos com tão pouco, Wolf. —É ela, Will. Ela faz que me comporte como um louco apaixonado. Quero de volta a essa mulher que conheci na discoteca, a que estive vigiando desde meu escritório do primeiro momento. Tive-me que voltar louco de verdade. —Não, coração —negou Will, lhe tocando o ombro—. O amor chamou a sua porta. —Sim..., e eu lhe dava com ela na cara quando a rechacei dessa maneira. —Então, assume a responsabilidade. me devolva a meu Shanie, Wolf. E lhe faça ver o louco apaixonado que tem diante dela. Wolf sorriu ante as palavras de seu amigo. —Demorarei umas horas em chegar a casa. Quero explicar-lhe tudo no carro, e agora que a tenho atada, não tenho que me preocupar. Chamarei-te assim que esteja instalada ali. —De acordo. Mas necessitará algo de sua roupa. Posso ir a sua casa Y... —Não. Essa roupa não serve para meu propósito. irei comprar lhe objetos novos quando confiar o suficiente. Além disso, deste-te conta do pouco que pesa? —Não está comendo bem. Antes a agarrei que braço para detê-la e me pareceu muito magro. como sempre leva roupa folgada não me tinha dado conta, mas acredito que não está bem. —Tranqüilo, comerá em minha casa. Pela conta que lhe traz.


Aproximou-se da porta do condutor e, ao abri-la, pilhou por surpresa ao Shanie, que tinha um de seus sapatos na mão, elevado como se fora a golpear algo. —Pode-se saber o que está fazendo? —perguntou justo antes de agachar-se para que o sapato não lhe desse nisso cabeça tivesse doído, criatura!! —espetou-lhe. Shanie se cruzou de braços, soprando. Seu cabelo se moveu o suficiente para deixar ver que os olhos lhe brilhavam com intensidade. Will recolheu o sapato e foi dar se o ao Wolf. —Não. Ela o atirou, assim que fica aqui. —Wolf, não tem nada em sua casa. Não pode deixá-la descalça. Ele se encolheu de ombros. —Que o tivesse pensado antes —murmurou, fechando a porta e baixando o cristal—. Nos vemos dentro de uma semana, Will. Wolf arrancou o carro e saiu do estacionamento. Capítulo 8

Wolf olhava de esguelha ao Shanie enquanto conduzia. Não havia tornado a pronunciar palavra desde fazia quinze minutos e seu silêncio estava a ponto de lhe fazer estalar. Will e ele tinham um plano para explicar-lhe tudo, mas nada tinha saído bem, e agora as coisas podiam ficar pior. —Não te farei mal, criatura —disse pela segunda vez desde que conduzia. Não houve resposta, e Wolf suspirou. retirou-se o cabelo da cara enquanto esperava que o semáforo ficasse em verde. —Will está preocupado por ti. Eu também. Olhe, sei que não tem dezesseis anos. Cometi um engano na discoteca e eu gostaria de te ressarcir. —Não, obrigado —resmungou ela. —Minha casa fica no District Palve, perto da praia. Sabe onde está? —Ela assentiu—. Bem. Dirigimo-nos ali. Não tenho vizinhos nem ninguém a meu


redor, mas disponho deste carro e de outro mais se por acaso nos fazem falta. A uns vinte minutos de minha casa há um povo e é uma zona tranqüila. Terá sua própria habitação, mas sem ferrolho. Dou-te minha palavra de que não entrarei de noite. —E durante o dia? —Passará o dia comigo. A todas as horas. Sei que sou o causador de seu estado e vou remediar o. Shanie voltou a cara para olhá-lo entre o arbusto de cabelo que lhe cobria o rosto. Não chegou a cruzar o olhar com a dele, mas era um começo. —Já te desculpaste. Não tem que fazer isto. —Equivoca-te. Devo e o farei. ficaram em marcha de novo rumo ao que seria o lar temporário do Shanie. —Agradeço-te que te desculpe, mas normalmente isso não suporta um seqüestro. Confundiu-me com uma menina; vale, passa-me sempre. Agora me deixará em paz? —Não. Primeiro, o que te fiz foi cruel. Sei que não foste mostrar me seu carnê para que soubesse sua idade, mas pôde me haver dito algo. —Tentei-o —replicou ela—. Me fez calar como a uma menina pequena. Wolf fechou os olhos uns segundos. Ela tinha querido falar quando lhe estava soltando o discurso. Se a tivesse deixado... —Sinto muito. De verdade. Não pude me esquecer de ti em todo este tempo. Quando te vi na livraria... Por favor, me deixe fazer isto por ti. —Eu gosto de como vivo. A gente me deixa em paz. Ninguém me confunde com uma menina. —Isso não é vida, criatura. Só te peço uma semana; iremos a vários sítios, comeremos juntos, divertiremo-nos; prometo-lhe isso. Shanie olhou pelo guichê do carro. Tinha cansado já a noite e estava em um bairro que não conhecia. encolheu-se de ombros sem olhá-lo. Ouviu que ele resmungava algo, mas não emprestou atenção; só se centrou em saber por onde foram. Trinta minutos depois, Wolf estacionava o carro na garagem de uma casa enorme. Era de uma só planta, mas muito grande. O telhado parecia ter telhas negras que contrastavam com a fachada avermelhada. Havia um alpendre dianteiro, com um banco ao lado da porta principal e um corrimão. Por detrás da casa podia ver-se a praia. Wolf apagou o motor, tirou-se o cinto de segurança e abriu a porta. —chegamos —disse, saindo do carro.


Deu a volta ao veículo e abriu a porta do co-piloto. Shanie o olhou, mas apartou a cabeça quando este se inclinou para ela para chegar ao cinturão e desabotoá-lo. Podia sentir seu aroma tão perto que era como um afrodisíaco; notar a calidez e a firmeza de seu corpo, como essa primeira vez que suas mãos o tocaram. Mordeu-se os lábios para evitar que nenhum som escapasse de sua boca; esperava que o batimento do coração desbocado de seu coração não a delatasse. Não lhe importava nada, mas tampouco era de pedra, e Wolf era..., era uma tentação muito grande. —Shanie? Encontra-te bem? —perguntou-lhe ao ver que não se movia. Ela assentiu—. Pode sair. soltei o cinturão. Saiu do carro apoiando um de seus pés mas não o outro, descalça como estava. A garagem estava ordenada; havia ferramentas bem dispostas e um banco de trabalho. A luz estava acesa e as paredes brancas davam maior luminosidade. A porta da rua estava fechada e havia outra porta, que era o acesso à moradia. Notou que as mãos do Wolf se deslizavam por seu corpo até que a levantou. Ela ficou quieta enquanto ele a assentava entre seus braços. —Deixarei-te umas sapatilhas e roupa para te trocar. Shanie não respondeu. Levou-a até a casa e, depois de abrir a porta, deixou-a no chão, que estava quente. Fechou com chave e se separou dela. —Bem-vinda a minha casa —saudou—. Por este corredor se acessa às habitações e ao banho. A cozinha é esta porta daqui e pelo balcão do salão pode sair diretamente à praia. Há uma pequena cerca para evitar olhadas indiscretas que agora mesmo está fechada, mas se em algum momento quer ir à praia me pode dizer isso Shanie recorrió la estancia donde estaban: el salón. Los muebles blancos y negros casaban perfectamente con Wolf y le conferían elegancia al lugar. Todo estaba colocado con delicadeza y buen gusto, cosa que sorprendía en alguien como él. No dudaba de que los demás cuartos serían igual de elegantes. El sofá de piel negro y la televisión eran los elementos que primaban en esa estancia. Shanie percorreu a estadia onde estavam: o salão. Os móveis brancos e negros casavam perfeitamente com o Wolf e lhe conferiam elegância ao lugar. Tudo estava colocado com delicadeza e bom gosto, coisa que surpreendia em alguém como ele. Não duvidava de que outros quartos seriam igual de elegantes. O sofá de pele negro e a televisão eram os elementos que sobressaíam nessa estadia. —Ensinarei-te sua habitação —lhe indicou, e assinalou com a mão para o corredor para que o seguisse.


Shanie o seguiu, observando as janelas e portas da casa. Assim que lhe desse as costas, ela se largava dali. Sim, era certo que não parecia privar a de liberdade, mas não pensava ficar com ele. Foi então quando chegaram a sua mente as palavras do Will: «Sei que você não gosta disto, mas preciso fazer algo que devolva a meu Shanie, essa menina encantadora e cheia de vida. Por favor, se não querer fazê-lo por ti mesma, faz-o por mim. É um favor pessoal que te peço: passa suas férias com o Wolf. Prometo-te que não te pedirei nunca nada mais, mas me deixe te ajudar de alguma forma». por que tinha que ser assim? Ela se sentia em dívida porque Will seguisse sendo seu amigo e, em certa forma, preocupasse-se e fizesse todo o possível por ajudá-la. Fazia muito tempo que o conhecia e sabia quão difícil era para ele confiar nas pessoas. Agora lhe estava pedindo um favor; não para ele, a não ser para si mesmo. Como ia trair o? —Aqui é. A minha é essa. —As palavras do Wolf a tiraram de seus pensamentos e viu que lhe assinalava uma habitação ao final do corredor—. Se necessitar algo, algo, só tem que chamar a minha porta. Abriu a habitação e se encontrou com uma cama e uma estantería cheia de livros. Havia uma janela, que estava fechada e com a persiana arremesso. Pelo resto, nada. —Sei que se vê pobre, mas pode pedir o que quiser. —Ir a minha casa? —Isso é o único que te negarei —respondeu, e Shanie se separou dele—. Te mostrarei o banho. Pode te dar uma ducha enquanto preparo o jantar. Deixarei-te algo de minha roupa; acredito que não te sentará tão mal. De fato, ficará como a que leva, muito grande. —Eu gosto. É cômoda. —Não me acredito, criatura. A disco sempre foi bem vestida. —Só fui cinco dias; não pode me julgar por esse tempo. —Talvez não. Saiu da habitação e abriu uma porta que ficava ao lado. —Tem ferrolho, se por acaso quer jogá-lo para estar mais tran... Não o deixou terminar. A portada foi seguido pelo passe do ferrolho. Por um momento, Wolf ficou sem palavras, e logo sorriu. Pôs uma mão sobre a porta e se aproximou mais a ela. —Sinto muito, criatura, a janela está travada para que não possa usá-la como via de escapamento —comentou, e a ouviu amaldiçoar—. E te dou vinte minutos para tomar banho. Sei como abrir o ferrolho daqui. —Então, para que serve jogá-lo se você pode entrar? —Jamais entraria sem te avisar antes. E te conhecendo, tirei que aí tudo o que pudesse infligir um machuco a minha cabeça —acrescentou com um


sorriso torcido—. Deixarei a roupa no corredor, já que está dentro, e depois, irei à cozinha. Shanie ouviu passos que se afastavam da porta e, depois de uns minutos, ruído de novo. —A roupa —anunciou Wolf antes de partir definitivamente. Então, Shanie olhou a ducha com desejo. Queria tomar banho, mas não em uma casa estranha. Cinco minutos depois, a voz do Wolf se ouviu de longe: —Quinze minutos! Estava contando os minutos de verdade! Olhou a ducha outra vez e logo a porta.

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Por fim. O som da água na ducha o acalmou o suficiente para ir-se à cozinha e não espiar do corredor. Terminaria de preparar o jantar que tinha deixado ao meio fazer pela manhã e se ocuparia de que Shanie a comesse. Estava muito magra; tinha-o comprovado as duas vezes em que a tinha pego em braços. Esse era um dos sintomas da apatia, não cuidar a alimentação, e um dos pontos que solucionar desde esse mesmo momento. Não se levantaria da cadeira até terminar o prato, embora tivesse que forçá-la a isso. Uma vez preparado tudo e posto o temporizador do forno, consultou o relógio. Tinha passado o tempo, e Shanie não tinha saído do banho. apareceu ao corredor para tentar ouvir algo, mas tudo estava em silêncio. —Shanie, se acabou o tempo! —exclamou. fixou-se em que a roupa não estava e sorriu—. Shanie? Se não sair, entrarei. —Calças... —murmurou ela. —O que? —Necessito umas calças. —O que te dei é suficiente. —Não. —Não haverá mais. —Então, me porei meus. —Se o fizer, tirarei-lhe isso nada mais aparecer —replicou ele em um tom mais seco—. E o digo a sério: não deixarei que ponha outra coisa. Agora abre, ou o farei eu.


Quando passaram um par de minutos e a porta não se abriu, Wolf partiu ao salão. Desde uma das gavetas tirou um chave de fenda e voltou para a porta. —Abro-a! —gritou. Agachou-se para começar a desenroscar os parafusos. Ouviu o ofego dela e, segundos depois, a porta se abriu. Wolf contemplou as magras pernas do Shanie, que tentava alargar mais a camisa negra que lhe tinha deixado. Deixava-as muito juntas, como se sentisse a necessidade de proteger-se e, em certa medida, devia fazê-lo, pois o desejo de agarrar a e levá-la à habitação quase lhe fez cair ao chão. Seguiu subindo o olhar, passando por cima esse centro que era seu sexo, e chegou até sua cara..., oculta pelo cabelo. —Vêem aqui um momento —lhe disse, tirando-a do banho e levando-a até uma cadeira no salão. Pôs o chave de fenda em seu sítio e voltou com ela. colocou-se diante, em cuclillas, esperando lhe ver os olhos através desse matagal de cabelo. —Você gosta do cabelo comprido? Shanie se encolheu de ombros. —Me responda —vaiou ele. —Dá-me igual. —Antes o levava muito mais curto. Você não gostava mais dessa forma? De novo, Shanie se encolheu de ombros, e Wolf grunhiu. —A partir de agora, cada vez que volte a te encolher de ombros receberá um castigo. Quero ouvir sua voz, já seja para pronunciar uma palavra ou uma frase. Quero que o som saia de seus lábios e viagem até meus ouvidos, que sua voz chegue a meu corpo, entendido? Falou-lhe de tal maneira que Shanie teve problemas para manter os olhos afastados dele. E as mãos. —Sim. —Bem, agora responde a pergunta. Shanie esteve a ponto de encolher-se de ombros, mas deteve o gesto a tempo. Optou pelo equivalente em palavras. —Dá-me igual. —Perfeito —respondeu ele, ao mesmo tempo que lhe agarrava o cabelo de diante e o cortava o suficiente como para que não pudesse esconder o olhar. Shanie abriu os olhos como pratos. Wolf sustentava em uma mão mechas de cabelo recém talhado e, na outra, as tesouras. Seus olhos se cruzaram com os dele.


—Por fim, posso ver o que eu gosto de —sussurrou ele, sorridente. Capítulo 9

Shanie se levantou de repente e atirou a cadeira para apartar-se do Wolf. Seus olhos, totalmente aberto, olhavam-no com terror. Ele se assustou; possivelmente tinha cometido um engano ao lhe cortar o cabelo dessa maneira. —Criatura, te tranqüilize —disse enquanto tentava aproximar-se dela, que só retrocedia. —Não me olhe... Não me olhe! —gritou, tampando o rosto com suas próprias mãos. Wolf aproveitou essa distração para salvar a distância, agarrar a das bonecas e apartar-se as da cara. —Shanie, Shanie, basta. Ela negou com um gesto de cabeça e soltou um soluço. Mantinha os olhos fechados, e tinha as pestanas úmidas pelas lágrimas. —Shanie, não passa nada. Tem que deixar que todos vejam sua cara. —Confundem-me com uma menina! Não quero voltar a passar por isso!! me devolva meu cabelo. Wolf não pôde evitar rir ao escutar essa última frase. O cabelo agora jazia no chão, pois o tinha solto quando tinha ido por ela. —Eu quero ver esses olhos verdes uma e outra vez. Quero poder desfrutar de seus rasgos infantis sabendo que ocultam a uma mulher amadurecida e forte. Shanie abriu os olhos para comprovar se dizia a verdade. O sorriso do Wolf e o fato de que tivesse a cabeça inclinada acendeu suas bochechas. —Quero ver esse rubor em suas bochechas quando te disser algo formoso; ver os lábios que, por agora, estão-me vetados e me voltar louco por eles.


A cor do rosto ainda subiu mais de tom, e Shanie lutou para soltarse dele. Pondo vários passos de distância por meio, agarrou-se o cabelo, que nem sequer chegava às sobrancelhas. —Sinto muito, criatura. Amanhã posso te levar a alguma barbearia. —Dá igual. —Lhe posso tentar igualar isso um pouco. Tem-no muito comprido para levá-lo tão curto por diante. Involuntariamente, Shanie se encolheu de ombros, e imediatamente, olhou-o. —Sim, criatura, dei-me conta. Esta vez te perdôo. Agachou a cabeça, incômoda por não poder ocultar-se agora atrás de seu cabelo para olhá-lo. sentia-se exposta, como se pudesse ser lida. —Que tal se jantarmos? Tem fome? —Não estou acostumado a jantar —respondeu. —A partir de agora o fará —replicou ele—. E te comerá tudo o que ponha em seu prato. Não te levantará da mesa sem lhe acabar isso por completo. —Não sou uma menina pequena a que possa castigar —respondeu sem dar-se conta. por que não podia simplesmente calar-se e lhe seguir a corrente até poder escapar? OH, sim!, porque ele a tinha humilhado da forma mais cruel. —Não, não o é. Por isso seu castigo não será precisamente ficar sentada na mesa até que termine o prato. Farei algo muito melhor para duas pessoas adultas. Algo muito melhor para duas pessoas adultas? O que tinha pensado fazer se não comia? Seu corpo tremeu por causa da antecipação e sua mente se encheu de imagens, a qual mais excitante. Não, ela não podia voltar a cair em algo assim. Não devia fazer-se ilusões com nada nem ninguém porque todos acabariam deixando-a atrás por ser como era. —Vamos? Wolf lhe assinalou a cozinha, e Shanie se encaminhou para ali. quanto antes acabasse, antes poderia procurar a forma de sair e voltar para sua rotina, refugiar-se na indiferença e não pensar na vida ao lado de alguém que a amasse. Sem mover-se, ele a contemplou entre triste e feliz. Podia ver em seus olhos essa chama de paixão de antigamente, a que tanto o tinha apaixonado desde a primeira ocasião, mas sempre de um modo apagado, como se se repreendesse por esse comportamento. por que tinha tanto medo a mostrar seu verdadeiro ser?


Andou até a cozinha e viu que Shanie já estava sentada à mesa frente ao prato e o copo. Sorriu e procedeu a tirar o pescado do forno para servilo. —Espero que você goste. Shanie agachou a cabeça e se encolheu de ombros. —Basta, Shanie. Outro encolhimento mais e esta vez sim te darei o castigo que merece —vaiou, molesto. —Como a uma menina pequena —resmungou ela. —Se não querer que lhe tratem como tal, aprende a te comportar como uma mulher adulta. Viu como ela abria os lábios para lhe responder, mas depois se mordeu o inferior e se conteve. Em seu lugar, agarrou os talheres e cortou um pedaço para levar-lhe à boca. Ele esperou, paciente, o veredicto dela, mas como não chegou, não pôde evitar expor-lhe diretamente. —Está bem. Posso me levantar já, papai? —perguntou Shanie com ironia. Wolf inspirou e exaltou antes de lhe responder, porque, do contrário, não sabia o que teria feito. —Não. Comete-o tudo —respondeu, e se centrou em comer-se sua parte sem olhá-la a ela. Quinze minutos depois o prato do Wolf estava vazio e o do Shanie... Grunhiu ante a terrina sem tocar dela. Só tinha comido esse primeiro bocado. —Come. —Não, obrigado. —Esta vez não te dá igual? —Não. Wolf se levantou da cadeira e se situou detrás do Shanie. inclinouse, posando uma de suas mãos no ombro dela, e com a outra mão beliscou o pescado para agarrar uma parte pequena. Levou-o até a boca da garota. —Abre —lhe sussurrou ao ouvido. Shanie apertou os lábios. Então, lambeu o pescoço do Shanie, que saltou a conseqüência do contato. Presa como estava pelo agarre pelo Wolf, apertou os dentes e as coxas ante as sensações que experimentava. Esse homem podia levá-la ao clímax com uma só carícia. Tentou resistir, mas os beijos e as dentadas em seu pescoço, e os rastros da língua sobre sua veia, como se queria apalpar o pulso acelerado dela, acabaram com sua resistência. Quando escapou um gemido de sua boca, Wolf aproveitou para lhe colocar os dedos com a comida. Entretanto, não os tirou, mas sim incitou à língua dela a mover-se; os dedos entravam e saíam enquanto


os lábios seguiam cortejando o pescoço feminino, e sua mão navegava perigosamente para o decote da camisa. Ao Shanie doía o sexo. Palpitava com urgência por ser atendido, e embora suas coxas se esfregavam entre si para lhe dar um pouco de alívio, isso não era suficiente. Necessitava as mãos e a boca do Wolf. Mas as palavras já conhecidas ressonaram de novo em sua cabeça, e todo seu corpo se esticou. Ninguém se apaixonaria por uma mulher com cara de menina, uma a que um homem pudesse confundir com a própria filha. Tragou-se a comida da boca quando os dedos dele a abandonaram. Ao ver que voltava a agarrar outra parte de pescado, golpeou-lhe a mão. —Comerei eu sozinha —comentou, sentindo ainda os tremores de seu corpo. —Muito bem, criatura. Wolf se afastou dela para não pô-la mais nervosa. esticou-se, mas não sabia o motivo. O que lhe tinha passado por essa cabecita para perder a excitação imediatamente? Viu-a comer com a respiração acelerada. Tinha reagido a suas cuidados, e agora era ele quem tinha um problema. Grunhiu ao roçar-se seu membro com a mão. Para ouvir o som, Shanie deteve o garfo a meio caminho, sem voltar-se para ele. —Segue comendo, criatura —vaiou Wolf com uma voz mais áspera—. A não ser que prefira... O garfo encontrou seu destino e retornou ao ponto de partida para voltar a encher-se. Ele sorriu ante a urgência que ela se dava quando não queria fazer algo. —Quer água? Shanie assentiu, incapaz de falar com a boca enche, e ele se sentou na cadeira onde antes tinha comido para esconder sua ereção da vista enquanto lhe enchia o copo com água. O aproximou, e ela o tirou de sua própria mão, de modo que se roçaram os dedos. Por um momento, os dois permaneceram unidos, mas, nesse caso, foi Wolf o que se apartou, por seu próprio bem. Pigarreou, removendo-se na cadeira, enquanto agarrava o guardanapo e a apertava em seu punho. —Você gosta das mingau? Shanie foi encolher se de ombros, mas ficou a metade do gesto e se tragou o que tinha na boca. —Dá-me igual —respondeu sem lhe olhar sequer. —Acredito que vou ter que aplicar mais regras. É muito ardilosa. Vejamos... —disse, pensativo—. Nem uma vez mais respostas como «me dá igual» ou «não me importa», nem nada que esteja relacionado com esse tipo de


respostas. Se te fizer uma pergunta quero uma resposta; um sim, um não ou uma informação, entendido? —Sim —rugiu ela, zangada, como se fora a lhe fazer caso. —Se alguma vez te encolher de ombros ou me dá uma dessas respostas, castigarei-te, estejamos onde estejamos. Shanie o olhou uns segundos aos olhos antes de apartar a vista. Cada vez que falava de castigos era como se seu corpo atirasse dela para lhe provocar, como se ansiasse conhecer que tipo de castigo queria lhe infligir. Wolf notou quando o pescado começou a ser muito pesado para o Shanie e apartou o prato antes de que terminasse. Não queria que tivesse dor de estômago por obrigá-la a comer muito, mas ao menos agora sabia o que a esperava se não comia por sua própria conta. Abriu o frigorífico e se inclinou para tirar as mingau da prateleira onde as tinha deixado depois das fazer. Ao voltar para a mesa, observou que a cara do Shanie estava mais tinta que antes. —Encontra-te bem? —perguntou, preocupado. Shanie assentiu. —Sim. É..., estou bem. Deixou-lhe uma das terrinas com mingau e pôs o outro em seu lado para ir procurar as colherinhas. De reojo, viu como ela seguia com o olhar seu corpo, e sobre tudo, seu traseiro. —Já vejo —comentou, entendendo o motivo de seu rubor. O sabor da primeira colherada de mingau lhe tirou o Shanie um gemido de prazer que tentou camuflar com um ataque de tosse. Tomou inteiras, sem necessidade de forçá-la, enquanto Wolf a contemplava. Gostava dos doces, o que era algo novo para explorar, e certamente, deixaria que tomasse todos os que quisesse para que recuperasse essa figura de fazia um ano. —Está cansada? —Não. —Perfeito. Gosta de ver um filme? Amanhã podemos ir comprar te um pouco de roupa se quiser. —Não, gra... Não. —Will me disse que não tem a ninguém. Não há nenhum familiar? —Não. —Shanie... —Não há nenhum familiar —respondeu, ampliando a frase, mas sem lhe dizer nada novo. —Eu tenho um irmão pequeno, Brian. Está estudando em outro país e tem vinte anos. Quer ser médico, mas vão mais as enfermidades estranhas, por isso está formando-se fora. Meus pais faleceram faz dois anos; primeiro, minha mãe, e uma semana depois, meu pai, conforme me disseram por tristeza. Eram


como unha e carne. Não tenho a ninguém mais de minha família. Meus tios, primos e demais faz anos que não os vejo; não mantenho uma estreita relação. Shanie o observou sem lhe esquivar o olhar. —por que me conta todo isso? —Porque quero que se sinta a gosto aqui, e se por te fazer uma pergunta, eu tenho que te dar a mesma informação, farei-o —respondeu, pondo o cotovelo sobre a mesa, e o queixo sobre a mão—. Agora, quereria responder a minha pergunta, por favor? Ela se lambeu os lábios, o que provocou um estremecimento ao Wolf. Esse espionagem de língua o tinha cegado por um momento, e seus olhos adquiriram o tom prateado escuro da luxúria. —Meu pai abandonou a minha mãe quando eu tinha três anos. Ao parecer, meus pais se casaram por minha culpa, mas meu pai não queria fazê-lo, assim chegou a um acordo com minha mãe: se em três anos, ele não a queria ou não se sentia a gosto, poderia partir. Acredito que ela confiou muito em seu amor para ancorá-lo a nós. —É duro escutar isso. Deveu te fazer danifico. —Não. Minha mãe sempre me deu as obrigado por nascer e lhe dar a oportunidade de estar com o homem que amava durante três anos. Não voltou a apaixonar-se nem a casar-se, e morreu faz seis anos de um câncer de estômago. Não conheço nem a meus tios nem a minhas primos porque fizeram a um lado a minha mãe quando ela contou as condições nas que se casava. Wolf ficou calado por um momento, sopesando a informação. Tinha sido uma vida difícil, mas não o admitiria. Viu como ela bocejava, tampando-a boca com a mão. Então, ele olhou seu relógio; logo que eram as onze da noite. —Tem sonho? —Não —respondeu, e Wolf levantou uma sobrancelha—. Talvez um pouco. —Pode ir a sua habitação se quer descansar. Amanhã despertarei às nove e decidiremos o que fazer enquanto tomamos o café da manhã. Parece-te bem? —Sim —respondeu, levantando-se da cadeira—. Posso ir ? Wolf assentiu. Shanie estirou a camisa para baixo antes de sair da cozinha com rapidez, sabendo de que a estaria olhando. Atravessou o corredor e abriu sua habitação para fechar a porta imediatamente. Voltou a bocejar outra vez ao ver a cama e se secou as lágrimas dos olhos. Tinha comido de forma deliciosa e seu corpo lhe pedia o descanso que se negava em seu apartamento. A conversação com o Wolf também tinha influenciado nela porque, por momentos, havia-se sentido bem nesse ambiente, justificando-se com outra


pessoa. Se ele tivesse insistido, poderia lhe haver contado mais coisas, até sem querer. Mas esse homem... Não era só o aura de segurança e empatia que mostrava, a não ser o poder que exsudava de seu corpo; era como se fosse capaz de lhe proporcionar um escudo para que não fosse danificada por nada. Sentou-se na cama, provou a dureza do colchão e acabou tombada. Cheirava a ele. Certamente, os lençóis seriam delas. Rodeou com seus braços o travesseiro, enterrando a cara nela, para inspirar o aroma do Wolf. Seus lábios esboçaram um pequeno sorriso e as pálpebras se fizeram pesados.

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Wolf ficou na cozinha durante uma hora, recolhendo os pratos e esfregando-os. Shanie devia estar cansada; possivelmente não dormia bem. Entretanto, seus olhos frios e sem vida haviam tornado a brilhar enquanto respondia algumas de suas perguntas. Agarrou o móvel do bolso e marcou um número. Ao segundo tom, a chamada se cortou. —Condenado Will... —resmungou. Voltou a marcar o número e esperou, mas de novo a chamada ficou interrompida. Tentou-o uma terceira vez e nem sequer chegou para ouvir o primeiro tom completo. —Vete a mierda, Will! Meteu-se de novo o móvel no bolso e andou até sua habitação. Ao passar pelo quarto do Shanie aguçou o ouvido para comprovar se estava bem. Tinha-lhe prometido que não entraria, mas morria de vontades por voltar a vê-la e tinha curiosidade por saber se estava dormindo, como dormia, se gostava da cama ou se a encontrava muito dura ou branda. Suspirou, resignado por cumprir com sua palavra, e seguiu até seu próprio santuário. Uma vez dentro, agarrou uma muda de roupa e foi ao banho para tomar banho.

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Shanie despertou assustada ao não reconhecer a habitação. Por um momento, quis gritar, mas as lembranças chegaram a sua mente, e lentamente foi tranqüilizando-se. levantou-se da cama e se aproximou da porta. As luzes estavam apagadas, salvo as da habitação do Wolf. Era sua oportunidade. Avançou com sigilo pelo corredor até o salão, e ali, a provas e com alguns golpes nos pés e as pernas, alcançou a porta principal. Moveu o cabo, mas a porta não cedeu. —A chave —resmungou. Olhou então para o balcão. Se saía por ali, poderia subir pela cerca e correr. Estaria livre em questão de segundos. Andou para ali pensando de maneira descabelada como lhe sentaria ao capitalista Wolf que escapasse de uma forma tão simples. Baixou o seguro da porta trilho e a abriu. Imediatamente, levou-se as mãos às orelhas para paliar o dilacerador ruído de um alarme em toda a casa. O maldito tinha o alarme conectado a portas e janelas! As mãos que a agarraram a voltearam e a empurraram contra a porta cristaleira, agora fechada. Wolf tinha aceso as luzes, e Shanie podia ver seu corpo nu e empapado, o cabelo caindo pelos ombros, seu rosto sério. Apartou o olhar dele, mas de todos os modos reparou na toalha branca que rodeava sua estreita cintura. Logo que era o suficientemente grande para lhe tampar algo mais que o imprescindível. E gotejava água no chão. —Pode-se saber o que tentava?! —bramou; estava muito zangado para controlar-se. —foste muito amável, mas eu vou. Já cumpriste com sua penitência. —Não diga tolices. Não penso deixar ir. Além disso, Will lhe pediu isso como um favor. Acaso não pode fazê-lo nem sequer por ele? Viu que os olhos do Shanie se acendiam de ira pelo que acabava de dizer. Bem, ao menos sabia por onde atacá-la se voltava a tentar escapar. Will era seu talão do Aquiles, embora por quanto tempo? —Terá que me vigiar dia e noite porque não deixarei de tentá-lo — soltou, evitando que, de fato, ela já se sentia mal por lhe falhar ao Will ao ter tentado escapar. —Se isso for o que quer, isso terá, criatura —aceitou ele. Shanie tentou separar-se dele, mas foi em vão. Também tratou de empurrá-lo sem tocá-lo muito e quão único conseguiu foi que a toalha caísse ao chão e ficasse completamente nu diante dela. O rubor acendeu suas bochechas e voltou a cara para olhar para fora, para a praia. Esperava que não se aproximasse mais a ela, ou não sabia como reagiria.


—Agora mesmo irá a sua habitação e ficará ali. os do alarme devem estar em caminho e quero me vestir para lhes pedir desculpas por havê-los incomodado. —Sairei e lhes direi que me retém contra minha vontade. Wolf levantou as sobrancelhas. Tinha razão; se lhes pedia ajuda, eram capazes de tirar a da casa. Atirou do Shanie, apesar da oposição que exercia, pelo corredor que conduzia a sua habitação. Uma vez dentro, fechou com chave e a empurrou até a cama. —Fique aí enquanto me visto, a não ser que queira participar —lhe avisou ao notar que Shanie evitava olhá-lo. Deu-se a volta e avançou para o banho, onde lhe esperava a muda. Um ofego muito forte lhe disse que Shanie acabava de vê-lo nu. Sorriu para seus adentros. Certamente, teria visto a tatuagem do lobo lhe espreitem que lhe cobria a nádega direita, além de alguns signos tribais que lhe abraçavam o quadril em direção a seu membro. morria por ver essa cara, mas resistiu a tentação de voltar-se. Dada sua reação, Shanie não se moveria agora da cama. Capítulo 10

—Sinto havê-los incomodado —se desculpou Wolf na porta da entrada. —Não se preocupe. É nosso trabalho. —Sei. Mesmo assim é tarde para ter ativado o alarme de forma tão tola. Não me lembrava de que a tinha posta para as portas e as janelas. —Sim, possivelmente deveria desativá-la quando estiver dentro da casa —respondeu o oficial com um sorriso forçado. Wolf lhe sorriu cortesmente quando em realidade o que queria era lhe replicar como se merecia. Se eles soubessem o que tratava de fazer, não estariam tão tranqüilos. Claro que ele tampouco o estaria. —Se não ter acontecido nada, nos retiramos. boa noite, senhor. —boa noite. Obrigado.


Fechou a porta, jogou a chave e apoiou a frente na folha. Se isso tinha passado em menos de vinte e quatro horas, não queria nem pensar no que poderia chegar a passar em uma semana com ela. Teria que lhe deixar as coisas claras, queria ou não. Ergueu-se e avançou pelo corredor. Tirou de um bolso a chave da habitação, abriu a porta e ficou apoiado no marco. Olhou para a cama com um sorriso pícaro, embora por parte da jovem não foi muito bem recebido. Shanie estava maça de pés e mãos à cama, com a boca tampada com um lenço, e seus olhos... Agora que não tinha o cabelo para esconder seu olhar podia ver como os olhos lançavam brilhos de ira em direção a ele. Ao menos, era óbvio que não estava tão apática se podia lhe fazer sentir como se o estivessem fervendo a fogo lento. —Mais tranqüila? —perguntou, cruzando-se de braços, apoiado no marco. Shanie tentou falar com o lenço na boca, mas os sons que emitiu logo que eram inteligíveis. Também se moveu, atirando das ataduras sem nenhum resultado. —Acredito que te disse que não te ataria, mas me tem feito faltar a minha própria palavra. Viu como ela grunhia e voltava a cara para não olhá-lo. Isso lhe fez rir um pouco. O certo era que estava desfrutando dessa visão. Sua criatura estava apetitosa, tombada na cama, maça de pés e mãos, sem que pudesse mover-se embora quisesse, com apenas uma camisa lhe cobrindo o corpo que, nessa postura, não lhe chegava a tampar as calcinhas. Caminhou para a cama decidido a liberá-la, mas, no último momento, sua mente lhe propôs algo mais prazenteiro para ele. Apoiou o joelho no colchão e levantou a outra perna para passá-la por cima do corpo do Shanie, de modo que ficou escarranchado sobre ela. Não queria deixar cair todo o peso de seu corpo, nem sequer que notasse uma parte muito sensível nesses momentos, assim que se sustentou de mãos e joelhos para apanhá-la com seu corpo. —foste uma garota má, criatura —sussurrou com sorriso lobuna. Shanie tratou de falar, mas não podia. Wolf lhe apartou o lenço. —Não hei dito ou feito nada —se defendeu. —tentaste escapar. —Como tivesse feito o noventa e nove por cento das pessoas encerradas sem seu consentimento. —E esse um por cento? —inquiriu, franzindo o cenho. —Loucos, idiotas, confiados.


Wolf sorriu mais ampliamente e aproximou seu corpo ao dela. Notou o contato dos peitos em seu torso e o fôlego em sua cara. —Então, farei de ti uma louca, idiota e confiada, se isso te fizer não querer escapar. Apoiou-se nos cotovelos e lhe arrebatou as palavras da boca com a sua. Forçou-a a abri-la mais, para poder deleitar-se com ela. Beijou-a como Shanie recordava que eram seus beijos, e sua própria língua a traiu ao sair em busca da dele, ao entrar na boca masculina e tentá-la para retirar-se de novo à sua. Enquanto as línguas se entrelaçavam e sugavam lentamente, eles se alimentavam do oxigênio que absorviam quando os lábios se separavam uns milímetros, embora imediatamente voltavam a juntar-se para sentir-se mais perto. Wolf estava extasiado. Essa era Shanie, sua criatura. Era paixão ao mais puro estilo; picardia e luxúria em um mesmo corpo. Tentava-o com sua língua para levá-lo a seu terreno e depois se deixava dominar por ele até obter o prazer que procurava. Aí a tinha agora, debaixo dele. Seu coração pulsava desbocado por sentir outra vez o contato de seu corpo; queria gritar à lua, uivar como um lobo por tê-la de novo. Desejava saciá-la, levá-la onde nenhum outro homem a tivesse levado, e depois alimentar-se ele, de seu clímax, e senti-lo em suas carnes. Podia ouvir os gemidos e suspiros dela como se fossem os dele, e morria por tê-la mais perto, mas por agora... Apartou a boca, apesar de que ela seguia reclamando-o. Ambos se lamberam seus próprios lábios, saboreando o sabor alheio, e os olhos se obscureceram ainda mais ao ver o outro fazendo os mesmos gestos, como se fossem um reflexo dos próprios. Mas a paixão dela se apagou de repente, ao igual a seu rubor, e apartou o olhar dele. —Me solte —lhe ordenou. —Me prometa que não escapará. —Me solte —repetiu ela sem olhá-lo. —Me olhe e diga-o. Ela o olhou e abriu a boca para dizê-lo, mas as palavras ficaram obstruídas na garganta, incapazes de seguir seu caminho. Não podia apartar os olhos desses lábios, agora inchados por havê-la beijado, e tampouco desse queixo que tanto desejava morder para brindar agradar a ele. Wolf se levantou e foi até o armário, de que tirou uma manta. Retornou à cama e jogou por cima ao Shanie. Depois, apagou a luz e se tombou; fez-se um oco ao lado dela e se tampou com a manta. —O que...?, o que se supõe que faz? —São as três da manhã. Tenho sonho e vou dormir. Já que ao parecer não quer me dizer nada, fica como está.


—O que? Ouça, me solte! —Assim não funciona, Shanie. Hei-te dito que tem que me olhar e dizer que não te escapará —respondeu ele com os olhos fechados e a cabeça sobre um de seus braços. —Não posso te olhar nesta postura! —gritou, dando puxões às cordas. —Má sorte, criatura. Dorme um pouco. —Wolf, vamos..., por favor... Lhe aconteceu um braço pelo ventre, surpreendendo-a. —boa noite, criatura. —Maldito seja! —resmungou ela, girando a cabeça para o outro lado. Wolf sorriu e respirou profundamente. incorporou-se o suficiente para beijar o pescoço exposto dela e se retirou de novo. Minutos depois, a respiração compassada do Wolf a convidou a mover-se, e se arqueou para poder olhá-lo. Estava dormido a seu lado. Pela primeira vez, sentia o calor de um corpo masculino. Era uma situação estranha e ditosa, como se houvesse algo especial entre eles. De algum modo, era como confiar na outra pessoa e saber que não te faria mal nem ainda no pior dos estados de inconsciência. ficou embevecida, observando-o: seus rasgos ao dormir, os movimentos que fazia ou os ruiditos que soltava de vez em quando. Só então se permitiu pensar no cansado que lhe via. Não se tinha dado conta antes, mas agora... Apesar de estar atada e de sentir-se incômoda não queria incomodar seu sonho; só..., só desejava ser parte de algo, por uma vez. As lágrimas lhe escaparam dos olhos e tampouco pôde evitar um soluço. Fechou os olhos para impedir que caíssem mais lágrimas e apertou a boca para lutar contra seus sentimentos. E então, Wolf se aproximou mais a ela, abraçou-a para reconfortá-la, e ela posou a cabeça em seu peito. Mas ele seguia dormindo. Shanie reparou nisso sem que pudesse acreditar-lhe Dormia..., e entretanto, tinha reagido ao escutá-la. Deixou que sua respiração se normalizasse, que as lágrimas se secassem, e se relaxou até alcançar o sonho do que Wolf era preso.

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A bochecha do Shanie se esfregou como uma gatita contra o peito de outra pessoa. Suas mãos sulcaram esse peito apalpando com as gemas a pele


quente do outro, e seus músculos se esticaram no ventre e mais abaixo. Retirou a mão ao sentir o cabelo áspero e voltou a subi-la para cima, até notar o tamborilar do coração. Um braço a aproximou mais à fonte de calor e suspirou, encantada. O aroma tão intenso que exsudava a estava embriagando. Queria estar assim todo o dia, sentindo esse aroma de praia e a homem em seu nariz que penetrava em seu corpo e se apropriava de todos seus sentidos. Levantou uma das pernas para subir pelo contorno de outra, até que uma mão a deteve. —Criatura, se não querer acabar o que começa, não siga e abre os olhos —lhe sussurraram. A voz grave retumbou em seu corpo, e sentiu em sua pele as vibrações de quem tinha falado. Abriu pouco a pouco os olhos para dar-se conta de onde estava, mas, sobre tudo, de como estava: completamente obstinada ao Wolf, com a cabeça apoiada nele e uma perna... Retirou-a imediatamente ao notar o pouco que tinha faltado para roçar sua parte mais masculina. Também ela quis afastar-se dele, mas o braço do Wolf a cravou no sítio. —Recorda algo de ontem à noite? —Ontem à noite? —perguntou sem saber se se referia a como tinha chorado ou à inspeção. —Teve um pesadelo. Desatei-te e me abraçou chorando. Pensei que te tinha machucado com as cordas. Deu-me um bom susto. —Não recordo nenhum pesadelo. —Teve-a —lhe assegurou ele, lhe acariciando o cabelo—. Te acalmou quando te abracei e te sussurrei ao ouvido. Acreditava que me poderia explicar isso hoje, mas se não a recorda, só espero estar junto a ti a próxima vez para te apaziguar. —Dá igual —respondeu ela, que em seguida abriu os olhos de par em par e se separou dele. —Primeiro castigo, criatura —disse Wolf, apoiando os cotovelos no colchão para levantar-se um pouco. Shanie o olhou boquiaberta. Quis escapar, mas ele foi muito mais rápido. Logo se viu reduzida e acabou debaixo dele de novo. Olhou para cima e se encontrou com seus olhos, que a olhavam fixamente, enquanto as mãos trabalhavam, laboriosas, desabotoando os botões da camisa. Devia dizer que não, opor-se ao que ele queria lhe fazer, mas... Se era não lhe importava, não se a olhava com esses olhos, porque podia ver neles, não o reflexo da menina que todos viam, a não ser o de uma mulher, uma mulher ofegante por ele. As mãos do Wolf terminaram com os botões e retiraram a camisa, deixando-a parcialmente nua para ele. Não tinha nenhum motivo nesse momento para sentir-se coibida, pois ele já a tinha visto assim.


—Por Deus, criatura!, está muito magra —a repreendeu ele—. vou alimentar te a consciência. —Não preferem os homens às mulheres magras? —perguntou ela. —eu gosto das curvas. E eu gostava como foi antes. vou recuperar a essa mulher, Shanie. Mas primeiro te merece um castigo por me haver dado essa resposta. A boca do Wolf baixou até o pescoço sem chegar a beijá-lo; só exalava o ar de sua boca contra a pele do Shanie, seguindo um caminho descendente que a levou a desejar esses lábios. A rota continuou até os peitos, onde soprou com maior intensidade sobre os dois botões, e estes responderam endurecendo-se e ruborizando-se. Desejavam ser tocados por suas mãos ou sua boca. Shanie queria rememorar o que tinha sentido ao o ter aceso dos peitos. Mas Wolf não o fez. Chegou ao outro assumo para atormentar o de igual modo, e subiu de novo ao pescoço, aos lábios, e outra vez começou a baixar. Shanie notava a protuberância de seu pênis no ventre e seu sexo palpitava por ele. Queria-o... —Wolf... —rogou, suplicante. —Há dito que te dava igual se eu estava perto ou não para te apaziguar —comentou. —Porque..., porque me dá igual. —Sim? —Sim... —respondeu, arqueando-se por causa da dedicação do outro aos peitos. Já tinha transpassado o limite passível da dor; precisava tocar-se. Levantou as mãos para chegar a seus peitos, mas se viram interceptadas pelas mãos dele, que as fixou no colchão. —Não é assim como jogamos, Shanie. —Por favor, por favor, Wolf... Ele se aproximou de uma orelha, lambeu-lhe o lóbulo e colocou a língua no ouvido. —Este é seu castigo, Shanie. Não te voltarei a tocar até que você seja a que dê o passo. A jovem se voltou de repente para olhá-lo. Não podia estar falando a sério. Então, ele saiu da cama e se foi ao banho sem lhe emprestar atenção. —Escolhe o que queira de meu armário e vístete. Levarei-te a comprar um pouco de roupa —lhe disse de uma vez que agarrava o móvel, que estava soando nesses momentos, e se encerrava no banheiro. Uma vez dentro, Wolf olhou para baixo para ver seu membro ereto por completo e dolorosamente duro. baixou-se as calças e o deixou livre de sua prisão enquanto se acariciava em um intento por acalmar-se.


O telefone voltou a soar, e essa vez o desprendeu. —Dig... —Tem idéia do que estava fazendo quando me chamou, bode!!! — gritou Will tão forte que se apartou o móvel da orelha e mesmo assim o ouvia como se estivesse ali mesmo. —Will, te acalme. —Que me acalme..., que me acalme... Que me acalme!! Isto é o cúmulo... Interrompe-me no melhor pó da noite e tem a desfarçatez de me dizer que me acalme. —E eu o que ia ou seja? Só eram as onze da noite. —Exato, as onze dê-la-no-che. Hora de dormir para os meninos pequenos e de follar para os adultos, toda a noite se se puder. E você vai e me interrompe. —Recordo-te que não respondeu. —Recordo-te que chamou três vezes —replicou ele—. Não é fácil concentrar-se em deixar que um tio lhe... —Vale, vale, corta aí —o interrompeu Wolf antes de que lhe desse detalhes minuciosos do que andava fazendo nesses momentos. —Esta lhe guardo isso, Wolf, por muito bem que me caia ou o muito que te queira. —Sim, o sinto. Queria te comentar algo; só isso. —Shanie está bem? —Mais ou menos. Ontem à noite tivemos uma pequena bronca e acabou atada a minha cama. —ataste ao Shanie a sua cama? Por Deus, Wolf!, não me diga que você e ela...? —Não, não fiz nada. Está bem. Acionou o alarme ontem à noite e tive que encerrá-la para não chamar a atenção dos da companhia de segurança. Mas depois a deixei dormindo atada. —Sádico... —resmungou Will. —Desatei-a enquanto dormia —esclareceu—. Tem pesadelos, sabia algo disso? —Uma vez... —murmurou, pensativo, e deixou a frase suspensa. —Uma vez? —Houve uma tarde que Shanie ficou dormida no armazém, e quando chegou a hora de fechar, não a vi. Baixei ao porão a procurá-la e estava arremesso sobre sua mesa, inquieta. Murmurava algo que não cheguei a entender, mas as lágrimas em seus olhos e seu rosto cheio de dor me partiram a alma. Despertei com cuidado e lhe perguntei o que lhe ocorria, mas não recordava nada. É isso?


—Sim, um pouco parecido. Consegui acalmá-la e seguiu dormindo, mas esta manhã não recordava nada. —Possivelmente seja algo que você lhe fez —o cravou ele—. Deixála abandonada pode repercutir em uma pessoa, e você a deixou muito necessitada de um amiguito entre suas pernas. As palavras do Will lhe fizeram recordar como acabava de deixar ao Shanie nesse momento. —Mierda! —grunhiu ele. —O que? O que acontece? —Acabo-a de castigar deixando-a a ponto. E ontem à noite também me detive, apesar de que ela queria mais. —Bastardo, bode, filho de... ! Os qualificativos prosseguiram enquanto Wolf se repreendia a si mesmo. Tinha cometido duas vezes o mesmo engano com a mesma mulher. Capítulo 11

Wolf se apoiou na porta do banho enquanto escutava os impropérios que Will proferia contra ele e sua franga, e o que lhe faria nada mais vê-lo. E o pior de tudo era o bem merecido que o tinha. Fechou os olhos, amaldiçoando-se a si mesmo por ter cometido o mesmo engano de novo. —Os livros diziam dar algo bom em troca de algo mau... — resmungou sem dar-se conta de que Will se calou. —claro que sim, coração, mas não justo aquilo pelo qual a gente está apático. pode-se saber o que passou? —Will, lhe cortei o cabelo; agora posso lhe ver esses formosos olhos verdes —lhe contou, passando a mão por seu cabelo em um intento por tranqüilizar-se—. Deus!, não recordava quão formosos eram. Também a obriguei a comer e o fez. Não custou muito, ao menos a ela; eu estava a ponto de arrebentar nesses momentos.


—Bem merecido lhe teria —balbuciou isso ele—. por que me chamou então ontem à noite? —Queria saber se antes era confiada. —Confiada? Quer dizer se se abria às pessoas facilmente? —Algo assim. Will ficou ruminando; só se ouviam ruiditos através do telefone. —Eu diria que não muito. Ao princípio, tinha pouco pessoal na loja e os conhecia todos bem. Mas em questão de vida pessoal, Shanie foi a que me custou algo mais. Acredito que é porque pensa que se se defender não deve temer fazer-se danifico. por que o diz? Contou-te algo? —Sobre seus pais. Ouviu o assobio do Will. —Esse tema não está acostumado a tocá-lo alguma vez. O que lhe tem feito? —Não lhe tenho feito nada. Só lhe perguntei por sua família e, ao não me responder, falei-lhe da minha para romper o gelo. —Pois, ao parecer, essa tática funciona, mas isso não te exime do que tem feito agora —lhe recordou ele—. Me dá vontade de ir a sua casa e me levar isso vais estar deixando-a assim a três por quatro? Não crie que agora deve estar chorando porque a abandonaste outra vez? Wolf amaldiçoou e pendurou o móvel. colocou-se as calças; toda seu vigorosidad se esfumou no momento em que compreendeu como a acabava de tratar. Abriu a porta de um puxão, e Shanie saltou, assustada, e se deu a volta. encontrava-se frente ao armário com umas calças de moletom negros, e a gaveta das camisetas estava aberto. Não levava posta a camisa, por isso podia ver sua pele nua; os braços escondiam esses peitos que tanto desejava sentir sob suas mãos e sua boca. —Está bem? —Sim —respondeu, e lhe deu as costas. Um grunhido nasceu no interior do Wolf ao ver essas costas de pele clara sem nenhuma marca. imaginou que a tinha boca tombada abaixo sobre a cama e que lhe acariciava com os lábios todo o contorno para depois, com o cabelo, ziguezaguear procurando os pontos onde tivesse cócegas. —Já vamos? —Ainda não. Shanie, sinto muito. Não pretendia te deixar de novo como a primeira vez. Eu... —É lógico —o interrompeu ela. —Lógico? De que falas? —perguntou ele, franzindo o cenho ao não entendê-la. —Ninguém quereria...


As sobrancelhas do Wolf se elevaram e abriu muito os olhos. Acreditava que não a desejava? Cortou a distância decididamente e lhe deu a volta para que o olhasse. As mãos dela ainda escondiam parte do corpo. —Me escute bem. Se soubesse que vais aceitar me, seria o primeiro em te colocar nessa cama e não te deixar sair em uma semana, ou mais. Isto não voltará a passar alguma vez, de acordo? —Fará-o por lástima? —perguntou. —Me olhe aos olhos, Shanie. Ela negou com a cabeça, mas Wolf apanhou seu queixo e a obrigou a levantar o olhar até ele. —É a mulher que esquenta meu coração do primeiro momento em que te vi. Para mim seria o presente mais formoso te ter debaixo enquanto te faço o amor. Os olhos do Shanie brilharam pelas lágrimas ainda não liberadas. Mas ao menos era um início. Notava o tremor do corpo dela através da mão assentada em sua cintura. —Termina de te vestir. irei preparar o café da manhã e sairemos a comprar um pouco de roupa —comentou, separando-se dela—. Você gostaria de comer fora? —Dá-me... Calou-se de repente ao recordar as regras. O problema era que não sabia o que lhe responder. Por um lado, dava-lhe igual comer fora ou nessa casa, porque em realidade deveria voltar para a sua, e por outro, sua mente era nesses momentos um caos e quão único me sobressaía eram as palavras do Wolf e sua imagem. —Shanie? —Se você quiser... Wolf levantou uma sobrancelha e pôs-se a rir, olhando ao teto. —Condenada criatura; sabia que me escaparia algo no que você poderia te resguardar —disse antes de sair da habitação. Ao princípio, Shanie não compreendeu a que se referia. Sua resposta não tinha quebrado nenhuma das normas. Mas de repente sorriu ao recordá-la. Sim, sua mente, até em condições extremas, funcionava bem para escapar de lhe responder de verdade a uma pergunta. surpreendeu-se então desse gesto, e as mãos percorreram os lábios, que tinham desenhado um sorriso. Levava um ano sem sorrir e umas poucas horas com ele o tinham feito possível.

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Wolf irrompeu na cozinha, disposto a preparar um café da manhã rápido. Queria ressarci-la pelo ocorrido, e isso implicava tirar a da casa. Ensinaria-lhe o povo, comeriam juntos e depois passeariam pela praia. Abriu o congelador para tirar uma barra de pão e a pôs a descongelar enquanto revisava que houvesse mingau. Seguro que isso gostaria, tal e como as tinha desfrutado da noite anterior. O telefone voltou a soar e desprendeu em tanto tirava várias coisas do frigorífico. Agüentou o móvel com o ombro e a cabeça, e se centrou no que fazia. —Não te há dito ninguém que é de mau gosto lhe pendurar a outro? —arreganhou-o Will. —Queria ver como estava. —E? Chorando? —Não. Encontrei-me isso médio nua. Wolf ouviu como Will tossia. —Que demônios andava fazendo essa garota? —Vestir-se. Levo-me isso a comprar roupa. —Confia nela agora? —Não confio, mas a ter encerrada em um lugar que ela já conhece tampouco é bom, não dizem isso seus livros? —Sim, bom, também os livros diziam que se devia dar algo bom em troca de algo mau. —Muito obrigado —ironizou Wolf. —Então, não tenho que me preocupar? —Não. Tenho a situação controlada, na medida do possível. Estarei todo o dia fora. —De acordo; assim me deixará tranqüilo e poderei ir com meu terceiro ligue de ontem à noite. —Terceiro...? —Fechou os olhos com força—. Prefiro não sabê-lo. —Melhor, coração. Este se parece muito a ti. Só lhe falta essa formosa tatuagem de lobo que tem em você... —Will! —O que? Foi idiota ao deixar ir contigo. —Sim, e em confiar quando me deu essa cerveja com soníferos. —Eu só queria que não te doesse —replicou com uma voz um tanto lastimosa. —Já. Porque eu gostei que se não...


—Sobre tudo essas linhas que vão a você... Hum!, tinha que ter tirado fotos quando ainda estava grogue. —E te tivesse matado —vaiou Wolf. O assobio do microondas lhe avisou do pão e foi a por ele. —O que faz? —O café da manhã. Ouça, sabe de algo que goste muito ao Shanie? —Os doces. Sempre lhe encantaram os doces. —Vale. —Wolf, te paraste a pensar em seu comportamento? —O que quer dizer? —perguntou, detendo um momento. —Agora mesmo imagino indo de um lado para outro em sua cozinha, sem saber por onde começar a colocar mão, para lhe preparar um bom café da manhã a uma mulher que está em sua habitação médio nua. Fez isso alguma vez? Wolf olhou a seu redor. Will tinha razão; tinha toda a cozinha patas acima porque tinha tirado de tudo e ainda não se decantava por preparar uma coisa ou outra. E isso jamais o tinha feito por nenhuma mulher —Coração, não é que pretenda devolver a à vida, é que está coladito por ela. —te cale, Will. depois do que fiz vai querer me alguma vez? —Ouviu ruído no corredor e voltou a cara—. Te deixo. Shanie vem para aqui. Quer falar com ela? —Não, melhor não. Chamarei esta noite, parece-te bem? —Sim. Tome cuidado, Will. —Sim, carinho. Chegou-lhe o som do Will beijando o móvel e apartou o seu com rapidez por temor a receber de verdade esse beijo. Shanie apareceu a cabeça pela porta da cozinha vestida com uma camiseta verde muito grande, major ainda do tamanho que estava acostumado a usar. Wolf a olhou de cima abaixo, avaliando seu traje. Ia vestida com roupa dela, a pele impregnada de seu aroma. —O que quer tomar o café da manhã? —perguntou-lhe com a voz rouca. Imediatamente, esclareceu-se garganta agarrando um copo de água e bebendo-se o de um gole. Era isso ou tornar-lhe nas calças. Shanie olhou a encimera cheia de bolachas, madalenas, pão, geléias e manteiga. Seus olhos se detiveram em uma terrina e não pôde evitar umedecê-los lábios. O olhou de esguelha e se mordeu o lábio inferior. —Mingau —sussurrou.


Wolf olhou para as mingau e as agarrou. Sorriu, satisfeito; ao menos, agora conhecia sua grande debilidade e esperava lhe tirar proveito. Deixou-as sobre a mesa a que ela se sentou e se dispôs a preparar-se algo ele. —Iremos ao povo. Está perto e há algumas tenda bastante interessantes de roupa. Esperou sua resposta, mas Shanie se manteve em silêncio. —Depois te levarei a comer; pode escolher você. —Levantou a cabeça para olhá-la quando a pilhou lhe olhando a ele—. O que? —Eu.... Poderia tomar...? —começou a dizer, e assinalou a torrada que ele tinha entre suas mãos, lubrificada com geléia de framboesa. —Quer? Assentiu, dúbia. Wolf procurou um prato e lhe pôs a torrada diante enquanto ele se preparava outra. —Sinto-o —se desculpou—. Era seu café da manhã. —Há mais. Enquanto coma não me importa te preparar todas as que queira. Shanie tomou a torrada e a aproximou de seu nariz. Era o aroma o que lhe tinha chamado a atenção. Já não se lembrava do doce aroma que desprendia a geléia e precisamente a de framboesa era seu favorita. Sentiu o olhar do Wolf cravada nela e, por uma vez, olhou-o aos olhos sem ser obrigada a isso. Abriu a boca e deu um bocado à torrada. Todo seu interior se fez água ao captar o sabor com a língua. Ouviu o tinido de algo e viu o Wolf obstinado a encimera da cozinha enquanto a faca e a torrada andavam no chão. Quis levantar-se da cadeira, mas a mão estendida do Wolf a deteve. —Eu..., eu me encarrego —murmurou, acuclillado e de costas a ela. Nem sequer tinha pego a torrada que estava no chão. —Está bem? —Come, por favor —respondeu, ofegante. Tal e como estava nesses momentos, se a via morder de novo a torrada com essa cara de satisfação, não duvidaria em tombá-la na mesa e lhe fazer o amor. Tratou de compassar sua respiração para acalmar a essa outra parte mais ao sul e controlá-lo suficiente para ter um café da manhã tranqüilo. Nunca tinha tido uma reação como essa, mas tendo em conta que levava assim da noite anterior, era normal pensar que não agüentaria muito mais. —Wolf, me levará depois a casa? Não fez falta nenhuma sessão de relaxação, porque toda sua excitação se esfumou de repente. Seria bom que isso ocorresse duas vezes


seguidas? Agarrou a torrada e a faca, e se levantou para olhá-la. A torrada já tinha desaparecido. —por que quer ir a casa, criatura? Não te espera ninguém. —Esta é sua casa. Agradeço-te o que tem feito, mas não é necessário. —Eu acredito o contrário. Nas poucas horas que levamos juntos, consegui te tirar mais conversação que seus companheiros, equivoco-me? —Não —murmurou, agachando a cabeça. —E mais reaja, verdade? —Sim —afirmou a contra gosto. —Pois ainda quero mais —sentenciou ele. Shanie ficou calada. Wolf não podia saber o que estaria pensando, mas duvidava de que ela se rendesse. concentrou-se em terminar de fazer o café da manhã para poder levar a de compras. Quando ele se sentou a tomá-la torrada, ela tinha terminado as mingau. —Café? Negou com a cabeça. —Não, eu não gosto. —Chocolate? —Não gosta. Não posso comer mais. —Tomaremos algo no meio da amanhã no povo. —Não, obrigado —respondeu, retraindo-se de novo—. Não quero ir ao povo. —Vamos, e a passar o dia ali. A partir de manhã, haverá uma feira com atrações, você gosta? —Eu não gosto da gente. Por favor, Wolf. —Dá-me igual, Shanie. Iremos; hoje, amanhã e todos os dias durante uma semana. Nego-me a que fiquemos encerrados aqui sem um motivo de peso. E dito isso, seguiu comendo, apesar dos bufos dela e sua má cara.

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—Aonde quer ir primeiro? Barbearia ou roupa? —perguntou-lhe Wolf, apagando o motor do carro. Acabavam de estacionar em uma rua do povo onde, a um lado, viase uma barbearia e, ao lado contrário, uma loja de roupas.


—Onde você queira... —respondeu, encolhendo-se de ombros. —Isto não funciona assim. Tem que escolher você. —O que ganho eu? À mente dele chegou uma idéia e não pôde evitar estender a comissura de seus lábios em um sorriso. —Escolhe um dos sítios e, quando sairmos, darei-te um prêmio. —Que prêmio? —Me diga primeiro aonde vamos. —Barbearia. Agora o prêmio. —Surpresa —respondeu, abrindo a porta do carro. Abandonou o assento e a deixou a ela dentro. —Wolf! —gritou até ser silenciada pelo fechamento da porta. Então, viu como dava a volta ao carro e abria sua porta. —O que? —perguntou, sorridente. ficou boquiaberta, sem poder lhe replicar, impactada pelos distintos aspectos que estava conhecendo da personalidade desse homem: elegante, paciente, autoritário, divertido, matreiro... Poderia chegar a conhecer mais? Negou com a cabeça, o que chamou a atenção do Wolf, que estava lhe desabotoando o cinturão. —O que acontece? —Nada —respondeu, detendo o movimento de cabeça. Sempre que estava perto do Wolf se imaginava coisas estúpidas, como se não lhe tivesse deixado claras suas intenções. Mas em sua mente seguiam ressonando as palavras dele: «Para mim seria o presente mais formoso te ter debaixo enquanto te faço o amor». De verdade queria estar com ela dessa forma? —Está muito quente. Tem febre? —murmurou ele. O ventre do Shanie se contraiu só por esse toque tão inocente em sua frente. Desceu do carro e se separou dele para evitar qualquer outro contato. —Estou bem. Podemos acabar com isto? Wolf suspirou, fechou o carro e caminharam juntos para a barbearia. A gente ficava olhando-os, sobre tudo a ela, embora ele intuía o motivo pelo qual o faziam. A olhou de esguelha. Com essa roupa sua tão folgada e as sapatilhas muito grandes para seus pés, parecia mais uma menina vestida de homem que uma mulher. Notou o nervosismo do Shanie e quis apaziguá-la. Passou-lhe o braço pelos ombros e a aproximou dele para reconfortá-la. —Olham-lhe pela roupa, criatura —comentou ele brandamente. —Olham-me por ir contigo. Pensarão que é meu pai, ou um pervertido.


Wolf lançou uma gargalhada. —Se isso for o que se preocupa, não tome cuidado. Eu sei quem é a mulher que vai a meu lado. Shanie olhou ao Wolf, surpreendida por sua reação. Não lhe importavam os comentários nem os pensamentos de outros? Não podia acreditá-lo, não depois de que a tivesse deixado naquele banho. Claro que então não sabia sua idade, e agora, conhecendo-a, as coisas estavam dessa maneira. Wolf chegou até a porta da barbearia e a manteve aberta para o Shanie. Todas as cabeças, que eram de mulher, voltaram-se para eles. —bom dia, posso-lhes ajudar em algo? —ofereceu-se uma garota com a bata da barbearia. —Necessita que lhe arrumem o cabelo —respondeu Wolf antes que Shanie. —É obvio. Vêem por aqui, pequena. Ao ponto, Wolf ficou congelado. Não se dava conta essa garota de que Shanie era uma mulher? Por sua parte, Shanie agachou a cabeça, derrotada. Ela tinha que lutar com isso sempre, como se fosse algo natural. Wolf grunhiu e, apanhando a boneca do Shanie, fez que se voltasse para lhe assentar sua mão sobre o pescoço e beijá-la nos lábios. Com língua. De forma sexy. —Espero-te aqui, carinho —murmurou, passando os dedos pelos lábios dela. Shanie tentou dar um passo adiante, mas era como se estivesse flutuando em uma nuvem. Não sabia se eram suas pernas trementes ou o chão o que se movia, mas agradeceu o braço da garota como apoio, até alcançar a cadeira onde foram lavar lhe o cabelo. Não se atrevia a olhar às outras mulheres, mas sim podia notar as olhadas cravadas em sua cara, esperando que levantasse a cabeça para lhe perguntar. A garota lhe pôs uma toalha sobre os ombros e agarrou o cabelo para colocá-lo na pilha. Shanie manteve os olhos fechados para lhe fazer entender que não queria conversação. Deixou que lhe lavasse o cabelo durante um momento, recreando-se na suave massagem. Isso também o sentia falta de. Quando notou que com a toalha lhe secava um pouco o cabelo, abriu os olhos para saber onde quereria levá-la a seguir. —por aqui —lhe indicou a garota. Bom, agora tinha optado por não dizer nada; algo era. Olhou de esguelha para a entrada onde se supunha que Wolf devia esperá-la Y... O olhar dele a penetrou de uma ponta a outra, estremecendo-a por completo. Estava atento a qualquer movimento dela, algo que pudesse incomodá-la. —Senhorita?


—Perdão —se desculpou, seguindo à garota e sentando-se na cadeira. —Como gostaria do cabelo, curto ou comprido? Por diante não posso fazer muito, mas por detrás poderia manter o comprido. —Dá-me... —Shanie —disse Wolf a suas costas. Olhou-o através do espelho que tinha diante e viu sua frente enrugada, sinal de um claro aborrecimento. Ainda seguia sentado no sofá da entrada, mas ao parecer tinha um bom ouvido e a tinha escutado. —Uma juba curta, por favor —respondeu, pensando no cabelo que luzia a vez que eles se conheceram. —Agora mesmo —respondeu a cabeleireira, começando a escová-la. Sem apartar o olhar do espelho, a atenção do Shanie não estava na cabeleireira, a não ser no Wolf, que, a sua vez, estava olhando-a com fixidez. por que o fazia? O que pensava que ia passar? Apenas se deu conta de que o cabelo ia tomando forma e adquirindo o volume que tinha perdido pelo peso que tinha antes; ela só tinha olhos para ver como os do Wolf se foram obscurecendo, como seu semblante se escurecia e seu corpo exsudava luxúria. estava-se excitando por vê-la com o cabelo talhado? Quis dá-la volta para olhá-lo diretamente, mas a ponto esteve de fazer que a cabeleireira lhe cortasse mal uma parte e preferiu não importuná-la enquanto tivesse umas tesouras na mão. Não olhou outra vez ao espelho para escapar dos olhos do Wolf, mas sim pôde fixar-se então no comportamento das outras mulheres. Uma das que estava mais perto lhe sorriu, inclinando-se para ela. —Seu noivo é muito bonito —sussurrou. Para surpresa dela, os lábios lhe curvaram em um sorriso ao escutar essas palavras; não já pelo fato de que se referiu ao Wolf como seu noivo, mas sim mas bem por ser do Wolf de quem falavam. por que seu coração se expandia quando pensava nele? —Obrigado —disse em lugar de tirar a de seu engano. Não era sua noiva, mas como explicar então o beijo que lhe tinha dado antes? —Seguro que sua roupa acabou maltratada por culpa dele, equivoco-me? A mulher lhe piscou os olhos o olho enquanto ela assimilava o que estava pretendendo dizer. Pensava que Wolf lhe tinha arrancado a roupa? Ofegou ao imaginar o equilibrando-se como o lobo de seu traseiro para lhe arrancar com as mãos a roupa enquanto descobria pedaço a pedaço sua pele, que logo cobriria com seus lábios para marcá-la com sua essência. —Está muito quente? Uma mão no ombro lhe fez levantar a cabeça.


—O que? —O secador, está muito quente? Está muito vermelha. —OH! Perdeu-se nessa fantasia? Já não estava falando com a outra mulher? Então, viu como esta se levantava da cadeira, já terminada de arrumar, e se encaminhava para a saída. —Está bem. Estava distraída. A garota sorriu, possivelmente suspeitando a classe de distração que tinha tido com semelhante enrojecimiento.

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Tortura. Propriamente dita. Wolf não podia manter-se mais tempo sentado, nem tampouco com as calças postas. Apertavam-lhe muito e o pior era ter que suportar agora a compra de roupa, porque queria ver-se-a posta antes de sair da loja. Fechou os olhos, rememorando o contorno do corpo do Shanie, seguindo com suas mãos a silhueta, imaginando o comichão na pele e o calor nas mãos dele. Abriu de repente os olhos para poder acalmar-se. Observou que Shanie se levantava do assento, e Wolf também fez o mesmo. Mas assim que se voltou... Estava muito belo. Era o mesmo corte que levava quando a conheceu, com os olhos verdes cintilando entre sua juba. apoiou-se no respaldo do sofá, sujeitando-se com força, para não transigir com o que seu corpo queria nesse momento. Ela caminhou para ele franzindo o cenho. Seu rosto se ia cobrindo de incerteza, e isso lhe animou a repor-se. Estava preocupada com ele; podia vêlo nesses olhos. Seus olhos. —São... Wolf deixou sobre a mesa um bilhete de cinqüenta euros e atirou do Shanie para a saída. Não lhe importava a volta; podiam ficar com a diferença com tal de ter quanto antes em seus braços ao Shanie. E quanto à indumentária... Ardia em desejos de lhe dar a surpresa que lhe tinha prometido, mas, para isso, precisava entrar na loja de roupas... e ocupar-se de várias coisas. Capítulo 12


Como tinha feito na barbearia, Wolf lhe abriu a porta da loja de roupas. Shanie esperava que fora só para agarrar um conjunto e sair; sentia-se incômoda com o corte de cabelo, pois sabia que agora não se podia resguardar atrás dele. E ainda por cima essa sensação lhe tinha feito que se aproximasse mais ao Wolf procurando seu amparo. Ao Wolf! Nada mais entrar na loja se sentiu desconjurado. A roupa que via em primeira linha não casava com ela. Era muito..., muito pequena e de cores chamativas. Talvez na seção de homens, as cores fossem mais escuros. —Nem te passe pela cabeça que vou deixar te —murmurou ele, com a mão lhe rodeando a cintura enquanto jogava uma olhada por cima a toda a loja—. Acredito que encontraremos vários conjuntos que lhe sentarão bem. —Não tenho dinheiro —disse ela, apartando o olhar—. Não vou deixar que me compre nada mais. —Como se tivesse eleição —a cortou ele. antes de que Shanie pudesse lhe responder, lhes aproximou uma mulher com o típico sorriso de vendedora. Luzia um vestido rosa pau que parecia transparentarse, mas só isso; era de suspensórios, e o tinha combinado com uns saltos brancos. —bom dia, posso lhes ajudar? —Não —disse Shanie. —Sim —a contradisse Wolf—. Nós gostaríamos de ver a roupa de temporada. —Claro. por aqui. Ambos a seguiram, embora Shanie se mostrava algo mais reticente para esses conjuntos tão coloridos. —Procuram algo em especial? —Não, acredito que nos arrumaremos bem por aqui. Onde estão os provadores? A mulher assinalou uns cubículos retangulares com portas abatibles em madeira que não chegavam a fechar mais que a parte central, embora o problema se salvava com uma cortina interior. —Me chamem se necessitarem algo. Os acertos são gratuitos se comprarem.


—Obrigado —a despediu Wolf. Ela o olhou de uma forma que não gostou de muito ao Shanie, cujo gesto não passou desapercebido para o Wolf, embora não fez nenhum comentário. Quando ficaram sozinhos começou a revisar os cabides enquanto Shanie ficava de braços cruzados em meio da seção. —Você gosta das camisas? —Não me desgostam —respondeu sem lhe dar uma resposta que lhe servisse. Wolf apartou o olhar da roupa e a centrou nela, que evitava o contato visual. —Shanie..., ficamos de que daria respostas firmes. Ela suspirou. —Essa roupa não vai comigo. —Eu acredito que sim. —Ia em outro tempo. por que não agarra um moletom e vamos? — sugeriu-lhe, assinalando com a cabeça o lugar onde estavam pendurados os de homem. —Tivesse-te comprado um moletom, mas vendo seu estilo, acredito que me inclinarei por um vestido de noite. Shanie levantou a vista, assombrada por aquele comentário. Os olhos dos dois se cruzaram e se sustentaram o olhar como se fora uma luta, mas, muito a seu pesar, Shanie foi primeira em apartá-la. Wolf se concentrou de novo na tarefa de procurar roupa para ela, enquanto Shanie tentava não ficar nervosa. Não gostava dos objetos que havia ali porque eram muito luminosas, e se já com esse corte de cabelo imaginavam que era uma menina, com um traje chamativo... —Shanie —a chamou Wolf, e ela o olhou—. te Prove isto. Tendeu-lhe um grande montão de roupa: camisas, vestidos, calças, saias... —Está louco... Como vou pôr me isso? —Começando pelos braços ou as pernas. Agora vê o provador. Não sei se tiver acertado bem a talha. —Não vou deixar que te gaste... Wolf levantou uma sobrancelha para sossegá-la. —Ajustaremos contas depois, de acordo? —Não —negou com rotundidad—, não quero que me compre coisas como se estivesse me ressarcindo. Eu não sou uma... —Me escute bem —a cortou ele—. Apaga de sua mente essa palavra que foste dizer —murmurou com seriedade—. Não quero que se sinta dessa maneira; não te estou ressarcindo pelo que aconteceu, e não era minha


intenção que te visse assim. O dinheiro não é um problema para mim. Considerei que se passávamos uma semana juntos... —Pois nada, não quero isso, assim... —Assim vais provar te a roupa, e a comprar a que nós gostemos. Mais tarde, já ajustaremos contas, de acordo? —N... —ia dizer lhe que não, mas lhe vendo a cara, o pensou melhor—. Me dá igual. —Por uma vez, essa resposta está genial —replicou, sonriendo—. Agora a roupa; vamos, vamos. —Não valem uns jeans e uma camiseta? —Começamos a discussão de novo? Shanie agarrou a roupa a contra gosto e se dirigiu aos provadores. Tinha tomado a decisão de não pensar mais no dinheiro; se o queria atirar, danese ele. Quando estivesse em casa, já se desfaria dos objetos. Wolf seguiu com o olhar ao Shanie para saber onde se metia. Ainda não tinham acabado com a roupa. ia comprar lhe todo um vestuário e não lhe importava o que dissesse; para ele, vê-la com essa vestimenta ia ser todo um luxo. Continuou percorrendo outras partes da loja sob o atento olhar da dependienta e quando se encontrou com outro montão de trajes nas mãos, maior que o anterior, aproximou-se até os provadores para ver por que não saía ela. —Shanie? —O que? Esse tom de voz não era bom. —Provaste-te a roupa? —Não me vem. —Muito grande? —Não. —Muito pequena? —perguntou, embora teria jurado que era sua talha. —Não. Wolf olhou como um bobo a porta do provador. Essa criatura ia se inteirar. Jogou uma olhada a dependienta e, quando viu que não olhava, abriu a porta e correu a cortina. Shanie se surpreendeu por causa da interrupção; seguia vestida com a mesma roupa e o resto estava jogado sobre um baú que fazia as vezes de cadeira. —Sabia. Nem lhe provaste isso. —Não me vem. —Isso me diz isso quando lhe vir posta. —Nem pensar.


—OH, sim!, é claro que sim. Ou te tira você a roupa, ou lhe a Quito eu. Sabe que o farei. Shanie abriu a boca para dizer algo no momento em que Wolf soltou o montão de objetos que levava em cima e a encurralou contra a parede do espelho. Suas mãos começaram a subir a camiseta pelos flancos. —Vale, vale. Provo-me isso. —Isso está melhor —murmurou ele, separando-se um pouco, embora sem muitas vontades; gostava de mais manter a postura anterior. Os dois ficaram quietos, como se esperassem algo. —Sal fora —disse ao fim Shanie, rompendo o silêncio. —Não faz falta. Já te vi nua e assim posso ir comprovando como fica a roupa. E antes de que procure uma desculpa, melhor começa. Ainda temos que ir a mais sítios. Resmungando, Shanie se tirou a roupa e agarrou o primeiro que tinha à mão. O provou sem olhar-se, até que Wolf lhe aconteceu outra peça para conjuntarla. Quando esteve vestida por completo, sorriu-lhe e a volteou para o espelho. —Lhe olhe —lhe ameaçou ao ver que não o fazia. —Se te parecer que fica bem, perfeito. Não tínhamos pressa? —Shanie, te olhe —insistiu ele. Ela contemplou sua figura embelezada com umas calças celestes e uma camiseta com volantes singelos, sem mangas, de cor verde clara. Era entalhada, de modo que ficava muito ajustada a suas formas. —Vê? Esse teu corpo resplandece com modelos assim. por que quer apagá-lo com roupa folgada? —Que mais dá? Encolheu-se de ombros e começou a tirá-las objetos, até que ficou só em roupa interior. —Esse conjunto nos levamos isso. Terá que olhar também lingerie. —Já —disse, lhe dando a razão. Durante mais de uma hora, Shanie não fez outra coisa que ficar e tirar-se roupa, segundo Wolf lhe indicava. Várias vezes teve que utilizar a mesma peça com distintos conjuntos, até que o montão se reduziu a vários objetos descartados e todo o resto aceito. Ao menos, não lhe tinha feito prová-la roupa interior, que também a tinha eleito ele. —Shanie, os jeans? —perguntou-lhe Wolf de fora do provador. Ele se tinha encarregado de colocar a roupa em seu sítio e de lhe dar a dependienta o que foram se levar. Os olhos da mulher pareceram sair-se de suas órbitas ao ver tal quantidade de objetos; ainda estava atada calculando a conta.


Escondido de Shanie, Wolf tinha acrescentado dois vestidos de noite que esperava que gostasse. Agora só ficava que saísse vestida com a roupa que lhe tinha deixado dentro para que pudessem ir-se. —Shanie? —Apareceu a cabeça ao interior do provador—. Não ficam bem? As calças ficavam muito folgados nas pernas. —Já vejo que não. Procurarei uns de outro estilo. —Dá igual. Wolf procurou a dependienta e, ao ver que estava ocupada, voltou a penetrar no provador e pilhou ao Shanie desabotoando-os calças. aproximou-se mais a ela e lhe apartou as mãos para as substituir pelas suas. —O que faz? —perguntou com um sussurro. —É verdade que dá igual. Os jeans deste estilo têm a vantagem de ser mais cômodos para... Abriu um pouco mais os jeans e colocou a mão por dentro da roupa interior. Shanie lhe agarrou o braço. —Wolf! —exclamou. Mas ele seguiu tocando seu monte de Vênus. —Para. —Devo-te um prêmio, recorda-o? lhe vou dar isso agora. —Está de brincadeira? Wolf colocou mais a mão e lhe separou os lábios maiores para lhe roçar o botão. —Reconhece que te dá morbo —lhe sussurrou ao ouvido antes de lhe lamber o lóbulo—. Muito, ao parecer. Está-te molhando. Shanie abriu a boca; respirava rapidamente enquanto os dedos masculinos se moviam depressa em seu interior. sujeitou-se com as mãos aos ombros dele e lhe cravou as unhas. Wolf, então, empurrou-a para o cristal para que sentisse seu corpo, quente pelo que estava fazendo. Seus dedos estavam úmidos pelo desejo dela e seu rosto... Era a viva imagem da paixão, a verdadeira Shanie que ele queria. —Minha criatura... Não pôde evitá-lo, e a beijou lhe mordendo o lábio inferior, mas sem atrever-se a aprofundar; só era um prêmio que ele mesmo se concedeu. Baixou-lhe as calças um pouco mais para mover melhor os dedos e introduziu um deles em seu interior, estimulando o clitóris com os outros. Notou que lhe aprisionava a mão e que sua respiração se acelerava. —te corra, criatura. Deixa que te libere... Shanie jogou a cabeça para trás e se mordeu o lábio para evitar gritar. Ele seguiu movendo os dedos e a beijou no pescoço. Durante uns


segundos, nenhum dos dois se moveu; deixaram que as sensações os embargassem. Wolf foi o primeiro em reagir e retirou os dedos, lambendo-se pelo orgasmo dela. colocou-se bem a calça, agüentando a ereção que tinha, e pilhou ao Shanie olhando-o, mas não disse nada. —Vou a por outros jeans que vão melhor e vamos. Ou prefere uma segunda ronda? —Ela murmurou algo, mas ele não a entendeu—. O que há dito? —Você... —começou a dizer, olhando a entrepierna do Wolf e avermelhando. —Não se preocupe. O prêmio era para ti. Abriu a porta do provador, saiu fora e a deixou sozinha. Dez minutos depois, abandonavam a loja carregados com bolsas de roupa. Shanie ia vestida com uns jeans em várias tonalidades azuis e uma camiseta aguamarina com alguns detalhes em azul. Muitos se voltavam a vê-la quando passava por seu lado. —Levaremos isto ao carro —lhe disse Wolf. —Não vamos? —Não. vamos comer e a comprar sapatos. Logo, já veremos. Shanie se deteve. Estava louco; definitivamente. o de seqüestrá-la, comprar todo isso, que haveria flanco uma dinheirama, e demais tolices não eram mais que signos de sua loucura. Wolf passou todas as bolsas a uma só mão e, com a outra, agarrou-lhe a sua e a fez caminhar a seu lado. Iriam juntos à loucura. Capítulo 13

—Como está, coração? —Bem, Will —respondeu Shanie, sentada no salão do Wolf com as pernas levantadas. Estava esgotada. depois de ter ido à barbearia e a comprar roupa, tinha-a levado a tomar um refresco e, nada mais acabá-lo, dirigiram-se a uma sapataria. Ali,


depois de dizer que calçava um trinta e sete, um número mais de menina que de mulher, teve-se que provar várias dúzias de sapatos, até que Wolf se sentiu satisfeito e lhe indicou qual era a roupa que combinava com cada par em concreto. Ao final, tinham saído da loja com cinco ou seis bolsas de sapatos, já não sabia. E quando acreditava que se acabou, tinha-a feito caminhar até um restaurante, onde tinham comido todo o imaginável. Ao sair, em lugar de voltar para casa depois de uma manhã ocupada, tinha-a levado a um salão de beleza, onde, durante duas horas, tinham-na depilado, maquiado, voltado a pentear, e mil coisas que não recordava. —Coração, seguro? Não te noto contente. —E como quer que esteja? Não posso voltar para minha casa. Will emitiu um som estranho. —Como pode chamar casa a isso? estive aí, e que saiba que Wolf e eu vamos a redecorarla. Isso não é uma casa! —Façam o que quiserem. Quando voltar, já porei as coisas a meu gosto. —Shanie, meu coração, onde está a garota que me deslumbrou o dia da entrevista? Não pode ser tão dura contigo mesma. —E o que lhes custa a vós me deixar em paz? Wolf se gastou um montão de dinheiro em mim para sentir-se melhor pelo que me fez, como se pudesse comprar meu perdão. E os dois criem que são fadas madrinhas que ides trocar me para ser bonita, atrativa Y..., e menos menina. Pois vão preparados. Já estava; já o havia dito. Fazia tempo que Shanie não se dava conta de como podia perder a paciência e soltá-lo tudo, e de repente, tinha passado. Agora se sentia ligeira, como se se tivesse tirado uma carga. Esperava que Will ficasse de sua parte e fora a recolhê-la. —Shanie? —Sim? Resultava esperanzador. Seu tom de voz era mais premente. —Se isto o conseguiu em vinte e quatro horas, não quero saber como será dentro de uma semana. Todas as ilusões da jovem se desvaneceram. —Olha-o, Shanie. Fazia meses que não te ouvia te queixar, nem pensar tanto, nem expor suas opiniões, e agora... —Ouça, Will, escuta... Mas por mais que Shanie o tentou, foi incapaz de escutá-la. Várias vezes se expôs lhe pendurar.


—O que acontece? —perguntou Wolf, que saía da ducha, essa vez vestido. —Will... —respondeu ela, como se isso respondesse a tudo. Wolf lhe pediu o móvel e escutou a seu amigo soltando incoerências. —Will, curta o cilindro. —Wolf? E Shanie? —No sofá de minha casa. Estava falando sozinho. —Não diga tolices, carinho! Falava com ela. —Já, seguro. Shanie tinha deixado o telefone em cima do sofá e andava com um livro nas mãos. —Há dito tudo o que queria? —Pois não. Não lhe perguntei aonde fostes, o que viram, o que tem que jantar, se necessitar algo, se... pode-se pôr? Wolf aconteceu o telefone ao Shanie para que seguisse conversando com o Will. Durante mais de meia hora esteve respondendo todas as perguntas que o outro o fazia e, estando Wolf diante, mais de uma vez tinha tido que retificar para que este não tomasse cartas no assunto se dava uma de suas típicas respostas. Enquanto, Wolf ia de um lado para outro, preparando o jantar e jogando olhadas ao Shanie para que não fizesse das suas. Já lhe tinha chamado a atenção por alguns gestos ou respostas e, mais de uma vez, expôs-se lhe dar um castigo, para que aprendesse o que podia lhe passar se seguia por esse caminho. Ainda se lembrava do orgasmo que lhe tinha provocado na loja de roupas. Seus dedos faziam cócegas com apenas recordá-lo e lhe pediam que voltasse a tocá-la, para satisfazer assim seu desejo dela. Nenhuma mulher o tinha excitado como Shanie e tê-la perto era uma prova de fogo. Queria fazer bem as coisas, mas cada minuto que passava as dificuldades para manter as mãos fora dela eram maiores. Viu que Shanie lhe acontecia o móvel. Franziu o cenho porque comprovou que a chamada ainda seguia. —Will quer falar contigo. Wolf agarrou o móvel e o aproximou de seu ouvido. —Will? —Sabia que seria capaz de fazê-la reagir! —gritou-lhe. Teve que separar do telefone. afastou-se do Shanie e se foi à cozinha, onde tinha a comida ao meio fazer. —Will, te ouço bem se não gritar, sabe, tio?


—Perdoa, carinho. É que falar com o Shanie dessa maneira... Sabe quanto tempo fazia? —Um ano, sim, sei. —Ai!, perdoa coração, não seja suscetível. Mas está que gorjeia. O que lhe tem feito? —Não pensava que se cansaria tanto por estar todo o dia de compras, e agora anda esgotada. Tem agujetas em todo o corpo. —Não sente saudades. Ela não se moveu muito ultimamente, Wolf; ten em conta para quando forem A... Você já me entende —disse, e lhe deixou um sonoro beijo. —Will! Deixa de mandar beijos. —Mas se não chegarem! Claro que se quiser que lhe dê isso pessoalmente... Olhe que vou a sua casa. Não me... —Você, quietecito onde esteja. Por um momento, ambos ficaram em silêncio. —Que tal a vê? —Está cheia o saco, mas parece que algo contente também; não saberia o que te dizer. Noto-lhe uma pequena mudança, mas segue querendo ser como até agora e é o que se deve trocar. —passou pouco tempo, mas sei que a Shanie que conhecemos está aí dentro querendo sair. Posso vê-lo em seus olhos. Will ficou calado. Seu amigo não se comportava assim com ninguém, salvo que lhe importasse o suficiente. Como ele já sabia, Wolf se tinha apaixonado pelo Shanie. —Pediu-me algumas costure, posso levar-lhe —Algunas cosas femeninas... Tú no lo entenderías. —O que te pediu? —Algumas costure femininas... Você não o entenderia. —Algo que seja exclusivo dela? Algo que necessite de sua casa? —Bom..., há-me dito que lhe levasse seu dinheiro. Salvo isso, o resto é fácil de encontrar em um supermercado. —Então, não faz falta. Hei-lhe dito que já ajustaríamos contas. Não quero que gaste dinheiro. —Mas Wolf, carinho, parece que a esteja comprando para que se sinta melhor. Nisso sim que dou a razão a ela —Wolf grunhiu—. Se se sente melhor, façam uma lista com o dinheiro que se vai gastando e depois já decidirão como se reparte. Não é melhor isso que estar discutindo? —Will, tenho dinheiro de sobra. por que não posso compartilhá-lo com ela?


—Principalmente..., porque ainda não é sua mulher, coração. Corteja-a, e ao melhor, depois desta semana, esquecem-lhes dessas contas. —Filho de puta... —resmungou Wolf. —Ai, meu amor!, eu também te quero —soltou Will antes de que os dois pusessem-se a rir—. Se passar algo, me chame, vale? —Descuida. Vamos jantar agora e certamente logo à cama; a vê cansada. —Tome cuidado. Shanie é tão frágil... —Sei. boa noite, Will. —boa noite? Ah, não!, não te equivoque coração. Você te irás dormir, mas eu tenho por diante uma bonita noite cheia de tios bons que estão me esperando. Wolf pôs os olhos em branco. —Pois boa caça. —Isso! Wolf pendurou o móvel e o conectou para carregá-lo. depois de ter estado falando tanto tempo, não queria ficar sem bateria se o necessitavam. apareceu ao salão para saber o que fazia Shanie. Seguia tombada no sofá, de onde não se moveu desde que tinham chegado e tinham solto as bolsas. Deviam as colocar, mas já haveria tempo para isso. —Shanie... Ela moveu a cabeça, seguindo sua voz. Quando seus olhos verdes se centraram nele, quase perdeu o fio de seus pensamentos. —por que não toma banho e te põe algo mais cômodo enquanto termino o jantar? Sem lhe dirigir a palavra, ela se levantou do sofá, foi para a que era sua habitação e, depois de agarrar roupa, meteu-se em ao banho. Wolf ficou pensativo. por que não lhe havia dito nada? Passava-lhe algo? Talvez a conversação com o Will tivesse sido muito, mas pelo que tinha escutado não tinha sido nada do outro mundo. Possivelmente tinha sido lhe pedir muito? Já estava intranqüilo por não saber o que podia estar passando por essa cabecita. Tentou concentrar-se no jantar, mas ao ser esta ligeira não lhe ocupou muito tempo e minutos depois tinha os pratos dispostos na mesa do salão e estava esperando-a a ela. Ao final, levantou-se, incapaz de aguardar mais, e foi para o banho. —Shanie, fica muito? —Não —respondeu ela. —O jantar está preparado. Encontra-te bem? —Já vou.


Ao Wolf não passou por cima que não lhe tinha respondido a pergunta. cruzou-se de braços e esperou. Estava considerando se devia abrir a porta e lhe perguntar diretamente quando esta se abriu e Shanie apareceu com uma camiseta posta mas sem calças, e o cabelo recolhido em um acréscimo alta. —O que acontece? —Isso queria te perguntar eu a ti —disse, lhe devolvendo a pergunta. A figura do Shanie com o cabelo recolhido lhe produzia descargas em todo seu corpo. —Poderia ir a casa amanhã? —Sabe que não; ficamos em uma semana. Shanie o esquivou e se foi a sua habitação. —Você ficou em uma semana. Will só me pediu o favor de que te acompanhasse. —Reconhece que lhe está acontecendo isso bem. —Vendo como me compra? Sim, claro. Genial. Tanto você como Will têm umas idéias estupendas —respondeu com sarcasmo. Wolf suspirou. —Vale. Você ganha. Somaremos as faturas e estabeleceremos o tão por cento que deve pagar cada um. Mas com duas condições. —Quais? —Primeira, não se olhe o dinheiro que custe; se quero comprar algo para ti, ou para mim, compra. Segunda, como agora não tem dinheiro, seguirei pagando eu, e depois me devolve isso a prazos, sem interesses nem nada disso. De acordo? Shanie o pensou. Era incapaz de consentir que ele fizesse o que quisesse com seu dinheiro, e a conversação com o Will ainda a tinha deixado mais preocupada com o tema. Agora a proposta era mais interessante e lhe permitiria não sentir-se mal se, quando voltasse para casa, atirava a roupa ao lixo. —Feito. —Pois agora para jantar. Gosta de um filme? —Dá-me... —lembrou-se bem a tempo de que não devia utilizar essa resposta—. O que você queira. Wolf se aproximou mais a ela e a abandonou contra a parede. —Prova outra vez, criatura. Shanie tratou de mover-se, mas ele deixou cair o corpo e ela ficou quieta. Já tinha provado como se sentia quando esse corpo se excitava. —Sim, se você gosta de —respondeu com rapidez. —Vê como assim é melhor?


Assim que Wolf se separou um pouco, Shanie se apressou a ficar fora de seu alcance. Ao final, não viram o filme durante o jantar, mas sim a deixaram para depois; segundo Wolf, junto com um bom bol de pipocas, seria uma maneira estupenda de terminar a noite. Enquanto jantavam, quis romper um pouco mais o gelo falando da livraria e como o via tudo, e de sua discoteca e as mudanças acontecidas. Parecia uma conversação normal, embora não tirasse muito a ela. O que sim intuía era que queria falar, que tinha idéias, opiniões, forma de ver as coisas que não mostrava, embora seus olhos o dessem a entender. negava-se a abrir-se e ele tentava que o fizesse. —O que gosta? —perguntou-lhe Wolf, deixando sobre a mesa uma fonte enorme de pipocas recém feitas ao estilo caseiro, com panela e azeite, mais saborosas que quaisquer outras. —Não ganha peso? —disse-lhe, olhando com incredulidade a fonte. —Em seu caso, se vontades, virão-lhe bem. Agora me diga, que gênero você gosta mais? —Não tenho predileção; que você queira. —Venha! Não me acredito que te dê igual o gênero. Não tem que tudo, mas tenho uma boa coleção. O que quer: amor, comédia, mistério, animação, terror? —Faz meses que não vejo a televisão; não sei nem o que está de moda. —Vale; logo não te queixe. Wolf escolheu um filme, pô-la no leitor e se sentou junto ao Shanie, que se sentiu em tensão imediatamente. Depois, agarrou a fonte de pipocas e começou a comer enquanto o filme começava.

*****

—Seguro que não quer que a estorvo? —Não... —respondeu Shanie desde detrás de uma almofada. —Mas se assim não a vê. —Eu me inteiro —replicou ela, aferrando-se à almofada depois do grito dilacerador que tinha saído da televisão. Estavam vendo um filme de terror e, aos dez minutos, Shanie tinha recorrido à almofada como modo de amparo para não ver o que pudesse lhe dar medo. Várias vezes lhe havia dito ele de trocá-la, mas, teimosa como era, não


dava seu braço a torcer. Assim, o filme tinha seguido, e Wolf notava ao Shanie cada vez mais perto, como se quisesse que a protegesse. Era tenro pensar dessa maneira. —Quer pipocas? —Sim. Lhe aproximou a fonte, e ela tratou das agarrar a provas, porque com a almofada por no meio não as via. Jogou uma olhada ao filme e, quando parecia que estava tranqüila, apartou a almofada e agarrou o bol para comer enquanto seguia o argumento. —Não sei como pode vê-la assim. Perde-te o melhor. —Isso é segundo o gosto de cada qual —repôs ela. Wolf se incorporou e agarrou outro punhado de pipocas, e foi justo nesse momento quando uma cena do filme os sobressaltou tanto que a fonte caiu ao chão e as pipocas que ficavam pulverizaram. Shanie se tinha abraçado ao Wolf e havia enterrando sua cabeça nele, e a banda sonora do filme lhe dizia que ainda havia imagens desagradáveis na tela. —Tranqüila..., não é real —lhe disse enquanto lhe acariciava a cabeça, abraçava-a com o outro braço e continha a risada por semelhante reação. Como o sofá era grande, cada um tinha estado convexo sobre um reposabrazos, mas, nesse momento, Shanie se encontrava em cima de Wolf, arremesso a todo o comprido. —Me avise quando passar —murmurou, com a cara no peito dele. Um sorriso iluminou o rosto do Wolf. Estava bem onde estava; não tinha intenção de avisá-la para que se apartasse. Em um primeiro momento, supôs que, atenta como estava ao som, saberia quando apartar-se, mas, em lugar disso, tinha seguido na mesma postura. Lhe acariciava o cabelo, as costas, os braços... Tinha-a ao seu dispor, e ela parecia sentir-se a gosto. Wolf seguiu vendo o filme, cativado como estava por seu gênero favorito. Era uma lástima que ao Shanie não gostasse, pois passar-se três quartas partes de filme com uma almofada diante, não era divertido. Durante um momento todo seguiu igual, mas a respiração do Shanie, o batimento do coração de seu coração e o cansaço que também sentia começaram a fazer racho nele, face ao interessante do filme, e começou a dar cabeçadas, das que despertava quando alguém gritava. Em uma dessas, moveuse um pouco, e Shanie protestou, revolvendo-se e abraçando-o mais. Ele a agasalhou com seu braço e continuou com o filme, embora baixou o volume da televisão para não incomodá-la. Minutos depois, os dois estavam dormidos profundamente, abraçados o um ao outro.


Capítulo 14

Essa noite foi a primeira em que o sonho de ambos não foi interrompido por pesadelos. Com o solo pulsar do coração do outro, mantiveram-se nessa postura, até que a luz do sol lhes deu totalmente. A primeira em notá-lo foi Shanie, que protestou. Assim que o fez, Wolf se moveu e a abraçou mais forte, como se reagisse ante as moléstias dela. Entretanto, quando um raio de sol o iluminou a ele, abriu os olhos. Shanie estava encolhida em seu peito e o abraçava. Olhou o relógio de boneca e se surpreendeu. Quantos meses fazia que não era capaz de dormir toda a noite? sentia-se totalmente descansado e cheio de energia; mais ainda, estava cheio de felicidade ao tê-la a seu lado. Tentou mover-se devagar, para deixar que ela dormisse durante mais tempo. Lentamente, liberou-se de suas mãos, tentando que não se precavesse. Ao fazê-lo, não contou com que, como ele, também Shanie precisava o ter perto, assim quando a jovem notou que ele se apartava, aproximou-se mais. Então, Wolf perdeu o equilíbrio e se precipitou do sofá ao chão coberto ainda de pipocas. O golpe foi o suficiente forte para despertar ao Shanie, que o olhou perplexa desde sua posição mais elevada. —O que faz? —Provar a dureza do estou acostumado a —respondeu ele, levantando-se. —E está duro? —inquiriu ela, seguindo-o com o olhar. —Tão duro como uma parte de mim —repôs, e esse comentário fez que Shanie apartasse o olhar e se mordesse o lábio inferior—. dormiste bem? —Sim..., a verdade é que sim. Como acabou o filme? —Nem louco ia dizer lhe que também ele se ficou dormido vendo-a—. por que segue acesa a televisão?


Wolf olhou a televisão com o logotipo do leitor do DVD piscando e amaldiçoou por dentro. —Né...? Antes estava vendo o menu —respondeu, esperando que a resposta a satisfizera. Viu-a mover-se e, antes de que os pés tocassem o chão, pediu-lhe que se detivera, para não pisar mais as pipocas. Foi até a cozinha e ali agarrou um recolhedor e uma vassoura. Quando retornou, encarregou-se de limpar o desastre, em que pese a que ela se brindou reiteradamente a fazê-lo. depois de revisar várias vezes o resultado e certificar-se de que o estou acostumado a tinha ficado limpo, Wolf lhe permitiu descer do sofá. A manhã transcorreu tranqüila, sem sobressaltos. Prepararam o café da manhã enquanto conversavam um pouco mais animadamente e, depois, embora ele tinha esperanças de que ela se esqueceu, fizeram contas para saber quanto dinheiro tinham gasto. Ao menos, tinha tido a picardia de pedir que os vestidos de noite os cobrassem à parte, para evitar ter que dividir o custo. Esperava que antes de que acabasse a semana poderia convencê-la para que não lhe devolvesse nada. —Shanie, gosta de ir a algum sítio? Ela levantou a cabeça da estantería; tinha estado revisando os livros que, dias atrás, tinham-lhe servido a ele para passar as horas da noite. Seu rosto era a viva imagem do assombro e o pavor. por que não queria sair? Nesse momento, levava umas calças e uma camiseta que faziam jogo com seus olhos. Seu cabelo estava recolhido em um acréscimo. —Sair? A voz lhe tinha quebrado ao dizê-lo. —Sim, é obvio. Acaso acreditava que te ia ter encerrada todo o dia? —Não fez falta que lhe respondesse; já o fazia sua cara de poucos amigos—. Gosta de algum sítio em especial? Wolf viu como olhava a porta de saída, as janelas e, finalmente, o banho. Não ia A... Pôs-se a correr detrás o Shanie um segundo depois de que ela o fizesse, e quando a apanhou, levantou-a pelos ares, apesar dos intentos que fez ela por soltar-se. Ao menos, não tinha gritado, o qual já era algo. Levou-a até o sofá, atirou-a em cima e se cruzou de braços diante dela. Seu gesto era idêntico ao do Shanie, salvo por essas bochechas inchadas. A jovem soprou para cima para se separar de sua cara uma mecha de cabelo que lhe caía por diante e o olhou. Agora sim que parecia uma menina de verdade. —Seguimos falando como pessoas maiores, ou te tenho que atar? —Que mania tem com a rua? está-se muito bem aqui —se defendeu ela.


Wolf se acuclilló. —Mas terá que sair. Tem que ver que fora há coisas bonitas pelas quais viver, criatura. Não pode ser que esteja encerrada sempre. —E por que não? —Porque sei que não é sua natureza. Acaso não lhe passou isso bem ontem? —Não. A rotundidad lhe fez tornar-se a rir. Tinha razão; muito bem não o tinha passado. Tinha estado a maior parte do tempo pendente da reação de outros, de ver se a olhavam, de esconder-se. esticou-se cada vez que tinham saído de uma loja, e isso terei que eliminá-lo de algum modo. Uma idéia lhe passou pela cabeça. —Agarra suas coisas, ou quer te trocar? —Aonde vamos? —perguntou, temerosa. —Ponha sapatilhas de esporte —disse como única resposta. Wolf esperou de pé a que Shanie se levantasse e se dirigisse a sua habitação. Foi detrás dela se por acaso lhe ocorria a idéia de encerrar-se no banheiro. Quando se teve posto as sapatilhas, agarrou-a da mão e atirou dela. —Aonde me leva, Wolf? —Já o verá —repôs com um sorriso. Nesse lugar não se fixaria nas reações de outros..., a não ser nas suas.

*****

Wolf deixou que se empapasse bem do ambiente e do que tinha por diante porque não pensava ir-se dali até que não o provasse tudo. E isso queria dizer estar três ou mais horas de um lado para outro. Vigiou de perto a linguagem não verbal do Shanie, suas objeções em alguns casos, e tomou nota de até onde podia empurrá-la. Tinha claro que, se as coisas não foram bem, teria que lhe dar um pouco de descanso e tentá-lo mais brandamente, mas seus dias se acabariam e não queria que voltasse para sua rotina sendo quão mesma era agora. Nem sequer queria pensar em ter que liberá-la; a casa estaria muito fria sem sua presença. Shanie não podia acreditar onde estava. Tinha-a levado a um parque de atrações! Sem dúvida, era um sítio para ir com meninos... Era ela uma


menina? Observou várias atrações, escondendo o fato de que pudessem lhe gostar de ou não, e cravou a vista nele com o sobrecenho franzido. —Sou uma menina? —Não diz que todos ficam olhando porque parece uma menina? — atacou-a ele, encolhendo-se de ombros—. Aqui seguro que nem se fixam em ti nem lhe dizem nada. Ela ficou boquiaberta. Acabava-lhe de jogar em cara seus argumentos para não sair de casa com a desculpa de levá-la a sítios de meninos para que assim se sentisse bem? —vamos montar nos em todas as atrações que possamos e comeremos por aqui. Dizem que alguns postos estão bastante bem. Você gosta do picante? Ela não respondeu, cravada como estava no chão, apesar de que ele se moveu. Por uma parte, Wolf tinha razão; seu complexo de ter a aparência de uma menina, em realidade, regia sua vida. E do rechaço na discoteca... —Shanie... Notou a calidez da mão do Wolf lhe acariciando a bochecha e fechou os olhos, movendo a cabeça para que a embalasse essa mão grande e tenra que a fazia sentir tão bem. —Vamos? Abriu os olhos, respirou fundo e pôs-se a andar. Melhor acabar com isso. Total, os dias foram acontecendo e poderia desfazer-se dessa cômoda e bonita roupa, deixar crescer seu cabelo para ocultar seu rosto e voltar para sua casa fria e sem a presença do Wolf. Seu coração deu um tombo ante essa idéia e teve que deter-se. Expulsou de sua mente os pensamentos que tinham chegado a sua cabeça e se obrigou a não pensar. —Primeira parada? —perguntou Wolf, assinalando um carrossel de cavalos que subiam e baixavam, onde os meninos gritavam extasiados com o movimento das figuras. Shanie o olhou com cara de considerá-lo um louco, e isso foi suficiente para que seguissem caminhando. Wolf preferia estar louco a deixar perder a oportunidade de que ela se desse conta de que ninguém a olharia como se fora uma menina. Uma. Dois. Três. Muitas foram as atrações às que subiram. Em algumas não os deixaram entrar, sobre tudo a ele, por ser muito alto ou grande. Ela não tinha tido tanta sorte e em umas quantas a tinha obrigado a subir sozinha com os meninos. Ainda recordava a pergunta que um menino, ao baixar, tinha-lhe feito a sua mãe: —Mamãe, mamãe..., por que essa mulher se monta em um balanço de meninos?


Nunca se tinha parado a pensar que os próprios meninos se davam conta de sua verdadeira idade e que os majores não reparavam nela. De fato, depois de ter acontecido a primeira hora em tensão, notando-se na cara de outros e no que pensariam ao vê-la ali, começou a se divertir e a permitir o luxo de tranqüilizar-se e deixar de pensar nos outros, em se chamaria muito a atenção ou em se alguém teria pensamentos de qualquer classe em relação com ela. Durante a comida, que consistiu em um hambúrguer com batatas, mostrou-se um pouco mais aberta com o Wolf. Conversaram sobre livros, e ele ficou impressionado porque conhecesse a maioria dos títulos que tinha em casa. Ao parecer, tinha-os lido, em que pese a que seu próprio amigo jurava que já não despertavam a curiosidade do Shanie. Também conseguiu lhe surrupiar um pouco mais de informação sobre seus gostos, embora no momento em que se deu conta de que começava a replegarse preferiu trocar o tema de conversação, e também a atividade. Voltaram para as atrações, já que ficavam umas poucas ainda. Durante quase duas horas mais, Wolf a teve dando voltas por navios piratas, casas enfeitiçadas, montanhas russas e instalações pelo estilo. Até tinham estado com cavalos e ponis, e ela tinha montado, apesar de pôr objeções. Ali sim que se sentiu incômoda ao acreditar que a considerariam uma menina. Entretanto, o aborrecimento lhe aconteceu logo ao vê-lo aparecer com algodão de açúcar, um manjar que tinha mencionado involuntariamente em certo momento. Ele o recordou e o utilizou para que lhe acontecesse o desgosto e o perdoasse. De fato, Shanie notou que a atitude do Wolf trocou a partir de então, como se tivesse entendido que o tinha feito mal e não queria equivocarse de novo. Por isso, ela, a fim de romper um pouco a tensão que o embargava, pediu-lhe pela primeira vez, de forma algo tímida e indecisa, entrar em uma atração. A verdade era que se estava levando muito bem com ela para fazer que se sentisse mau, ou isso pensou, sem deixar que a perturbassem outras coisas. A atração que escolheu foi um castelo hinchable que, conforme parecia, estava vazio. Pagaram a entrada e se meteram dentro, ajudando o um ao outro a manter o equilíbrio, algo de por si complicado devido à superfície tão instável que pisavam. Em um momento dado, Wolf atirou do Shanie sem avisá-la, e isso fez que ela se desestabilizasse e caísse ao chão. Olhou-o com surpresa pelo que tinha feito e se deu conta de que ele não se arrependia; pelo contrário, fugiu de seu lado com um sorriso no rosto, uma expressão que ela queria apagar a toda costa.


Shanie se levantou e deu uns pequenos saltitos para cortar a distância entre os dois. Quando teve ao Wolf o bastante perto, deu um salto e o empurrou por detrás, de modo que ele caiu de bruces e ricocheteou na superfície do castelo. Tentou levantar-se tratando de manter o equilíbrio, mas ao não estar acostumado, seu corpo parecia não lhe responder, e uma e outra vez se encontrava no chão, expulsando como uma bola sem rumo fixo. Sentada na lona, Shanie notava as vibrações das quedas do Wolf porque moviam todo o castelo. Ela, ao menos, tinha seu corpo bem controlado e contemplava a cena com diversão. A situação lhe parecia tão graciosa que não reparou em que começava a rir a gargalhadas dos intentos do Wolf por recuperar sua dignidade e os impropérios que este lançava. Todo seu corpo ria. Sua risada brotava do mais profundo e, como se lhe tirasse um peso de cima, a fazia mais e mais ligeira. Wolf escutou a risada do Shanie como se fora a risada de um anjo. Já não lhe importava estar caindo, ou expulsando, ou retorcendo-se e brigando por recuperar o controle de seu corpo. Do mesmo momento em que a ouviu rir, seu corpo se estremeceu e já só tinha olhos para ela. Era sua droga particular; vê-la sentada no castelo, rendo-se sem lhe importar nada, com os olhos fixos nele, causou-lhe tal felicidade que não queria que acabasse nunca. Como pôde, moveu-se para ela e se apoiou em seus ombros. Desta forma, conseguiu que se tombasse no chão, e ele caiu em cima. Ao momento, Shanie teve um novo ataque de risada. Wolf viu de perto como lhe saltavam as lágrimas e caíam por suas bochechas; não podia parar de rir. As gargalhadas se voltaram aditivas e acabaram por lhe contagiar a ele. Os dois, tendidos sobre o castelo, abraçados para não mover-se muito, deixaram que a risada os enchesse. Mas, para o Wolf, ouvi-la rir, quando sabia que não o tinha feito em muito tempo, era um passo muito grande. E esse passo o aproximava mais ao coração do Shanie. Não pôde evitar beijá-la, embora com isso sossegasse a risada que chegava até seus olhos e os dotava de um brilho especial. Embalou-lhe com sua mão a bochecha para levá-la a seu ritmo, para balançar a da forma que ele queria, para fazê-la sentir diferente, amada, desejada, única. Umedeceu com sua língua os lábios para sugá-los muito brandamente com pequenos beliscões que foram aproximando mais a ela. A língua do Shanie me sobressaía como se o buscasse, tímida, embora não conseguia dar o passo. Mas não lhe importava, porque se ela não se decidia, ele se encarregaria de fazê-lo. Roçou com sua ponta a dela para que desfrutasse desse muito breve contato. Então, separou-se sem lhe exigir mais, olhando-a aos olhos, que o observavam de uma maneira diferente. E aí, no fundo desses olhos, viu sua criatura..., a seu Shanie.


Capítulo 15

Resultava-lhe estranho. Shanie se abraçou a si mesmo, contemplando o amanhecer da janela do salão. Vestida só com uma calça curta que apenas lhe cobria o que devia e uma camiseta de manga três quartos, ambas as peças em vermelho, despertou-se e tinha saído de sua habitação sem fazer ruído um par de horas antes. Do beijo no castelo hinchable tinham acontecido dois dias, e a atitude dele era mais distante. Não era que tivesse havido uma mudança em sua forma de ser, seguia sendo o mesmo, mas, de uma vez, notava-o diferente. Esses dias a tinha levado a multidão de sítios, a maioria cheios de gente, e logo que tinham tido um momento para estar a sós. Ainda lhe custava muitíssimo abrir-se, e mais ainda responder de outra forma que não fora a habitual, o qual tinha feito que ganhasse algum que outro castigo por parte do Wolf, embora a palavra castigo não era precisamente algo que pudesse empregar-se para qualificar o que o fazia. Shanie se tocou os lábios com as gemas, recordando os beijos do Wolf. Cada um era melhor que o anterior e incomparável com o seguinte. de vez em quando, pensava que se estava fazendo viciada nesses beijos. Mas não eram só os beijos..., era todo ele, um homem que destilava poder, que andava como se os apartasse a todos de seu caminho. Um homem assim não podia estar com alguém frágil, pequeno e insignificante. Uma mulher de aspecto infantil não era a apropriada para estar a seu lado. Pensou no que ele tinha conseguido. Em uns poucos dias, começava a parecer outra. Sua roupa já não era a mesma e seu cabelo... Enredou em seu dedo um cacho de sua juba enquanto recordava que a noite anterior lhe tinha respondido diretamente, sem evasivas; uma pergunta singela e uma resposta que se correspondia com seu estado de ânimo nesse momento. Não tinha cansado na conta até mais tarde: havia-lhe dito o que queria de verdade; tinha eleito algo, quando fazia meses que isso não passava. E era graças a ele.


Agitou a cabeça para afastar esses pensamentos e se obrigou a fazer algo que a distraíra. O que fora.

*****

Wolf grunhiu na cama depois de procurar provas algo e, segundos depois, dar-se conta de que não estava. Ele fazia falta Shanie a seu lado para dormir bem. Seus dedos toparam com o telefone móvel e se queixou, recordando o que tinha feito. —Condenado Will... —resmungou, tornando o braço por cima dos olhos. depois de sair com o Shanie e voltar para casa depois do jantar, os dois tinham estado falando e tomando uma taça enquanto desfrutavam da mútua companhia. E, pela primeira vez, tinha notado a sua criatura mais próxima, como se se abrisse de novo... Havia-a sentido tão viva... Era um grande progresso. De noite, uma vez se tinha despedido dela e se certificou de que estava dormida, pois não se confiava em que pudesse fazer uma das suas, colocou-se na habitação, e justo nesse momento, tinha começado a soar o móvel. Tinha cuidadoso a hora; eram as três da manhã... O que não lhe tinha sentado nada bem tinha sido que ao olhá-la de novo tinha descoberto que eram já as sete e que seguia pendurado ao telefone. Isso lhe passava por consolar ao idiota de seu amigo, que estava bêbado como uma Cuba. Agarrou o móvel e deu ao botão de chamada. Respondeu-lhe grunhindo uma voz rouca, a de alguém que se acabava de despertar. —Como está, Will? —Quem é? —perguntou com um humor afiado que Wolf sabia que podia ser letal. Suspirou. Acaso nem sequer se fixava em quem o chamava? —Wolf. Encontra-te bem? Ouviu várias maldições e insultos seguidos dos números dez, sete e algo sobre dormir. —Will? —Você te crie que as dez da manhã são horas de me chamar quando pendurei às sete? Anda e deixe dormir tranqüilo! Wolf não soube se foi o que lhe havia dito seu amigo, que lhe tivesse pendurado, que lhe tivesse jogado a culpa de estar até as sete ou o que,


mas seu estado de ânimo pareceu estalar. levantou-se de repente da cama e fechou de uma portada a porta do banho. Necessitava uma ducha fria. Vinte minutos depois, asseado e vestido, conectou o móvel para carregá-lo e não ficar incomunicado, e saiu de sua habitação. Atravessou-lhe uma rajada de ar fresco, seguida pelo aroma de limpo do ambientador. Pôs-se a andar, perguntando-se o que estaria fazendo Shanie, quando a encontrou ascensão sobre uma cadeira não muito estável e estirando-se para limpar o abajur. Se ficava algum resto de sonho, essa visão o eliminou por completo. —Shanie! —exclamou, agarrando-a pela cintura. —Assustaste-me! —recriminou-lhe ela. —Eu? Você a mim! —Não fazia nada! —O que faz aí? —perguntou, então, olhando-a. —Limpar —respondeu, e não lhe deu mais explicações. Colheu-a com mais firmeza e a levantou para deixá-la no chão. Teve que conter as vontades de castigá-la; por exemplo, sentando-se ele na cadeira, pondo o corpo do Shanie sobre suas pernas e expondo seu delicado traseiro para ser açoitado. —Não te volte a subir em uma cadeira dessa maneira. —Não passa nada. Olhe... ficou paralisada no momento em que voltou a olhar ao Wolf. O homem estava sopesando seriamente se voltar-se para a cama ou ficar com sua criatura. Levava uma manhã horrível e, se seguia assim, não ia sair em todo o dia. Entretanto, tinha que fazê-lo porque era parte da terapia do Shanie e não ia perder o que já tinha ganho. esfregou-se a ponte do nariz, tentando acalmar-se depois de que a sua mente chegassem montões de imagens onde Shanie sofria. Tentou que seu coração voltasse para um ritmo normal. por que isso não lhe passava com outras mulheres? «Porque está apaixonado», disseram as palavras do Will. Abriu os olhos e se encontrou ao Shanie olhando o de reojo, com a cabeça encurvada, como se estivesse arrependida de algo. Odiava essa postura, e por isso lhe agarrou o queixo para obrigá-la a que o olhasse diretamente e poder conhecer através de seus olhos o que lhe passava pela mente a sua criatura. O estremecimento do corpo do Shanie, que se transmitiu a seu próprio corpo, pilhou-o despreparado. Desejava pegar-se a ela, senti-la no momento em que... A jovem abriu os lábios e os umedeceu com sua língua de um lado a outro; finalmente, mordeu-se o lábio inferior um poquito, o suficiente como para que a ele lhe obscurecessem os olhos, cheios de desejo por esses lábios. Piscou um pouco, centrando-se nos olhos dela, e viu que os tinha um tom mais escuro do normal.


Desejava que as mãos do Shanie o tocassem, mas estavam longe, uma a cada flanco, agarrando-se sua escassa roupa. Queria que agarrassem a ele, sobre tudo no momento em que lhe proporcionasse um instante de clímax... Seu pênis lhe doeu por não estar já enterrado nela. Apartou a mão porque seria incapaz de controlar-se se seguia nessa postura e se afastou um pouco para que não se desse conta da ereção que tinha nesse momento. Passava algo se voltava para banho e se ocupava de seu problema? Não podia fazê-lo; certamente ela voltaria a subir à cadeira, e se lhe ocorria algo e ele não estava ali... Um aroma captou sua atenção, e suas tripas começaram a rugir. Cheirava muito bem, como um manjar digno de deuses. Seguiu o aroma com seu olfato até chegar à cozinha, onde encontrou umas torradas fritas, com açúcar por cima, que diziam «me comam» a gritos. voltou-se para o Shanie, que ainda seguia no mesmo sítio. —Tem-nas feito você? —perguntou, mas ela não respondeu—. Shanie... —chamou-a, e conseguiu que o olhasse—. As tem feito? —disse, assinalando para o interior da cozinha como se a jovem pudesse ver o que estava lhe indicando. —As..., torrada-las? Shanie teve que esclarecê-la voz, que adquiriu um tom cheio de calidez e paixão que o inflamou de novo; removeu-se, inquieto. Ele assentiu sem querer falar. Se o fazia, tinha medo de perder o controle. —Sim..., precisava me entreter. Wolf se aproximou e agarrou uma, pensativo. por que precisava entreter-se? Quanto tempo teria acordada? Tinha-lhe passado algo? Todas essas perguntas desapareceram no momento em que lhe deu a primeira dentada à torrada e sentiu os sabores dançar em sua boca como se tomassem vida. Estava deliciosa! Tinha uma mão estupenda para fazer essa sobremesa e não tinha comido um que soubesse como esse. Devorou a primeira torrada e já agarrava a segunda quando a cabeça do Shanie apareceu à porta. Ao ver como comia, seu rosto refletiu uma satisfação que a fez sorrir sem dar-se conta, o que suavizou seus gestos e adoçou seu olhar. —Estão muito bons! —exclamou ele com comida na boca e açúcar na comissura dos lábios. Ela Rio um poquito. —Me alegro de que você goste. —Me gostar de? —Tragou o que tinha na boca e observou o que ficava—. Deus, isto tem que ser o paraíso! O que lhe jogaste? —Em realidade, nada do outro mundo.


—Então, suas mãos são mágicas —sentenciou ele, equilibrando-se a pela terceira torrada. Uma vez que se meteu duas fatiadas mais, apesar da incredulidade do Shanie porque pudesse comer tanto, foi ao frigorífico e tirou um cartão de leite, do que se serve um grande copo; o bebeu de um gole. Suspirou, satisfeito pelo café da manhã, e a olhou com agradecimento. Então, aproximou-se dela e lhe acariciou a bochecha, e Shanie se inclinou para a carícia e fechou os olhos. —Obrigado, criatura, por tão bendito café da manhã —lhe sussurrou ele antes de posar seus lábios nos dela. —De nada... —respondeu quando sentiu que os lábios masculinos a abandonavam, e não se deu conta de que se aproximava mais a ele para que suas bocas se voltassem a unir. Wolf não a defraudou. Levou a mão até a nuca do Shanie para empurrá-la mais para ele e tomou posse do que lhe dava, de seus lábios, que suspiraram felizes pelo reencontro. Os dois batalharam por provar ao outro, buscando-se desesperadamente, encontrando-se e unindo suas línguas, suas bocas, suas salivas... Ele foi o primeiro em separar-se e controlou ao Shanie pondo suas mãos nos ombros dela. —Parece que hoje faz calor. Gosta de ir ao mar? —perguntou-lhe, rouco. —Vale.

*****

A brisa do mar parecia mantê-lo tranqüilo depois do que tinha ocorrido entre eles dois. Na cozinha, tinha conseguido que o entorno se esfumasse e só ficasse Shanie, uma mulher que irradiava um calor abrasador. E nesse momento, tinha querido queimar-se com ela. Mas não lhe agradava a idéia de voltar a cometer o mesmo engano. Era por ela pela que o estava fazendo tudo e devia lhe fazer ver que valia a pena viver de novo e dar uma oportunidade. Shanie estava desfrutando, e trocando. Voltaria a ver essa mulher que o tinha impactado na discoteca, que o tinha feito vibrar de uma maneira única... fixou-se nela, que estava jogando com a água, e sorriu. Podia aparentar ser uma menina, mas sua mente era a de uma mulher amadurecida; agora se dava conta de seu engano e a retribuição era sua prioridade.


Levavam várias horas na praia, até tinham comido ali, e já o sol começava a ficar. Teriam que voltar para casa para dar-se conta de que partia outro dia. Seu coração se encolheu. O que faria quando tivesse que deixá-la irse? Seria capaz de fazê-lo? Agora lhe parecia que sua casa ficaria vazia sem sua presença. Esqueceria-a sabendo que estava bem? As emoções que lhe chegavam começaram a lhe curvar. Não queria que se fora; não queria perdê-la... A ela, não. —Wolf! —gritou Shanie. Ele a olhou. Levava um vestido até o joelho; em branco e com estampados em rosa claro. A via formosa. Tinha o cabelo solto e estava descalça. Mostrava-lhe em sua mão algo que parecia querer escapar. —Um caranguejo! Sorriu como um bobo, assentindo. Shanie moveu seu outra emano para tocá-lo, mas o caranguejo se revolveu e lhe apanhou o dedo. Gritou e agitou a mão para livrar-se dele, e o conseguiu, embora seus pés, tão perto como estavam da água, escorregaram. —Está bem? —perguntou-lhe Wolf a suas costas. Quando tinha chegado até ela? precaveu-se de que lhe agarrava a mão e lhe inspecionava os dedos. —Dói-te algo? —Não, estou bem... Obrigado, Wolf. Essas duas últimas palavras foram suficientes para que ele deixasse de olhar sua mão, que parecia estar bem, e se centrasse nos olhos dela, que o olhavam de uma maneira diferente por cima do ombro. Para ele, eram duas esmeraldas brilhantes. —Obrigado, Wolf —repetiu Shanie, com a cabeça meio volta. —por que? Temeroso da resposta, acariciou-lhe a bochecha como lhe gostava. —Por tudo —murmurou antes de gemer e fechar os olhos, sucumbindo aos mímicos dele, a essa adoração da que era consciente cada vez que a tocava. Suportou com excitação as milésimas de segundo que demorou para achar a conexão com os lábios do Wolf. A ponta de sua língua, tímida nesse momento, roçou-o com a intenção de lhe provocar e lhe convidar a entrar. Não teve que fazer nada mais. Wolf irrompeu com força para beber-se seus gemidos enquanto subia as mãos pelos flancos até alcançar os peitos. encheu-se deles, apertando-os e soltando-os, para tomá-los de novo e centrar-se nessas duas pérolas que começavam a notar-se através do vestido. Todo o corpo do Shanie se arqueava para ele, procurando seu contato, suas cuidados e adulações, enquanto continuavam unidos pelo beijo.


Uma das mãos do Wolf foi baixando até as coxas. Recolhendo o vestido, o levantou enquanto se ia aproximando de seu centro. Acariciou-lhe a parte interna da perna e avançou quando o convite dela resultou evidente: foi abrindo-se para lhe permitir o acesso. O dedo polegar foi o primeiro em chegar e, com um toque suave mas rígido, fez-a saltar. Seu ventre se contraiu, antecipando-se. A mão livre do Wolf subiu até o pescoço do Shanie para dirigir a intensidade do beijo e lhe impedir qualquer movimento, enquanto começava a encarregar-se desse lugar úmido e quente que se abria para ele. Foi jogando com os dedos, passando os de um em um para que a apalpassem todos eles. Depois, repetiu a ação até sentir que ela o buscava com seus quadris. de vez em quando, detinha-se e desenhava círculos em uma zona concreta, em especial no botão e na vagina, já úmida. Shanie tratou de mover-se e ele o permitiu. Quando se deu a volta beijando-o com a mesma intensidade que ele, encerrou-a em seus braços. Suas pernas ficaram separadas por uma das pernas do Wolf, e este aproveitou para subi-la até seu sexo e fazer que se esfregasse. Sua mão levantou o vestido e passou por dentro da roupa interior até alcançar os lábios maiores e abri-los para chegar a seu objetivo e começar a acariciá-lo. Apenas se podia manter o ritmo do beijo, pois suas ânsias foram em aumento. Os peitos, que roçavam com o torso do Wolf, doíam-lhe, tão sensíveis como os tinha. Ele começou a lhe levantar o vestido e interrompeu o beijo quando teve que passar o objeto pela cabeça. Então, moveu-se e a colocou sobre a areia enquanto ele se tirava a camiseta, permitindo que observasse seu torso bem exercitado. Shanie levantou as mãos e o acariciou dos ombros até os flancos; ele se recreou nesse contato antes de inclinar-se para ela para voltar a beijá-la. Depois, a boca foi descendo pelo queixo e o pescoço até chegar aos peitos. atrasou-se ali para lhes dar um justo tratamento, apesar dos intentos dela por afastá-lo; inclusive o empurrou, o que lhe valeu ficar submetida à desfrute dele. Seguiu baixando. lhe tirando as calcinhas, chegou ao monte de Vênus e começou a beijá-lo, em que pese a que não lhe deixava. Esse lugar o chamava poderosamente; estava louco por provar o líquido que saía dali e empapar-se de seu aroma. um pouco mais e lambeu entre os lábios. Shanie gritou e se arqueou ante esse suave toque, como se estivesse chegando ao clímax. Mas era só uma ilusão; quando o fizesse, queria estar dentro dela. Manteve-lhe abertas as pernas com as mãos para que não lhe privasse do manjar e se deteve tudo que quis. Quando colocou com lentidão um dos dedos, procurando o que sabia que devia encontrar, sentiu saudades ao não


dar com isso. Olhou-a com o cenho franzido, e ela, toda ela, esfriou-se; seu corpo ficou gelado em um segundo. —Shanie? Quem...? —Ninguém... Eu... depois de que me dissesse o que me disse, fui a uma loja e comprei um..., um vibrador... O resto acredito que lhe pode imaginar isso. Não podia respirar. Jamais teria pensado que alguém pudesse ser tão malnacido como ele para lhe fazer perder a virgindade a uma mulher com um simples brinquedo sexual. Se ele tivesse sabido nessa época; se a houvesse... Sentiu que as mãos do Shanie o acariciavam, que lhe sussurrava coisas que não chegavam a seus ouvidos, e não pôde evitar que seus olhos se transbordassem e que rastros quentes lhe sulcassem as bochechas. —Wolf... —A voz da mulher se quebrou—. por que chora? Quando se fixou no Shanie, viu que a seus olhos também tinham aflorado as lágrimas, apesar de que mesmo assim se sentia preocupada com ele. —Por ti, criatura... Choro por ti —respondeu, abraçando-a—. Por minha criatura... Por meu Shanie.... Foi então quando o pranto dela se fez tão intenso que não pôde pará-lo. Suas mãos se voltaram ansiosas. Queria abrangê-lo por completo, pegálo a ela com força, de modo que isso foi o que fez: abraçou-a com força até que os espasmos diminuíram e pôde tirá-lo tudo. Seu sofrimento devia acabar... para sempre. Começou a beijá-la e a acariciá-la sem rumo fixo. Foi ela a que se foi separando para convidá-lo a que continuasse o que tinha ficado em suspense, e ele se tomou o convite a sério. A mão do Wolf retornou a seu sexo e inundou de novo um dedo, centrando-se em lhe dar agradar; logo, incorporou um segundo dedo. Não seria virgem, mas sim muito estreita, e duvidava de que tivesse jogado mais vezes com o vibrador, pois a notava muito tensa nesse momento. Seguiu beijando-a a fim de relaxá-la, e se tomou seu tempo para não apressar as coisas; queria que desfrutasse do máximo possível. Por isso, o prioritário agora já não era chegar juntos, a não ser lhe facilitar as coisas. Com o polegar começou a lhe massagear o botão e o ponto G que tinha encontrado para conduzi-la irremediavelmente ao único lugar que pretendia. Inquieta como estava, bastou só uma carícia nesse ponto erógeno para conseguir que se deixasse levar, e pôde comprovar como espectador o maravilhoso fenômeno de seu clímax. Não obstante, os segundos que ela necessitou para voltar em si, aproveitou-os ele para tirá-los calças e colocar um preservativo em seu membro, duro e ereto desde fazia momento. Não lhe deu tempo a que se recuperasse;


posicionou seu pênis na abertura e começou a introduzi-lo lentamente, para que se fora acostumando a ele. Seus olhos estavam fixos nos dela para ler cada uma das reações que ia tendo, e desfrutava do que via: curiosidade, nervosismo, surpresa e, finalmente, êxtase. Paixão em estado puro. Nos últimos centímetros, permitiu-se o luxo de empurrar com força para cravar-se em seu interior, e ela gritou, abraçando-o. Os músculos vaginais o apertavam como se lhe dessem uma massagem, certamente tentando acostumar-se ao que tinha entrado, o qual era ainda mais erótico. E então, começou a mover-se; fez-o lentamente ao princípio, e mais depressa conforme os minutos foram passando. Suas mãos se ocupavam de não fazê-la sentir-se sozinha, tratando com atenção seus peitos, roçando seus lábios, entrelaçando-se com as mãos dela. Queria que se desse conta de que formavam um tudo, e sobre tudo, que desfrutasse. —Wolf... Escutou-a pronunciar seu nome e seu peito se encheu de orgulho ao reconhecer em seu tom a paixão. Gostava; estava conseguindo-o. aproximou-se dela e a beijou, e nesse instante, Shanie se aferrou a ele. As pernas dela se abriram mais para lhe permitir um melhor movimento e, de uma vez, para afiançar-se e deixar-se levar. —Criatura... —sussurrou Wolf—, eu... amo-te.... Nesse instante, a ambos os agarrou despreparados o orgasmo e não foram capazes de dizer nada mais. Capítulo 16

Apesar do muito que ele se esmerou para que não despertasse, o bamboleio fez que Shanie abrisse os olhos para encontrar-se em braços Wolf rumo a casa. —Wolf? —Chsss! Segue dormindo. Shanie tremeu e notou todo seu corpo gelado.


—Chegaremos logo. A maré subiu enquanto estávamos ocupados e não nos demos nem conta de que nos empapava. A jovem se fixou então em que o peito do Wolf seguia nu. O que teria passado com sua roupa? Ela tampouco levava o vestido. —Meterei-te na ducha para que te esquente e prepararei uma sopa para os dois. —E você? —Não se preocupe por mim —respondeu, abraçando-a mais forte quando o vento começou a soprar com maior intensidade. Ela se pegou a ele e escutou seu coração. por que se encontrava tão bem em seus braços? «Amo-te...» Quando a lembrança dessas palavras lhe invadiu a mente, abriu os olhos de repente. —Shanie? Passa algo? —perguntou Wolf ao notá-la, de repente, estranha. —Não —mentiu ela. Para então já se via a casa, e quando alcançaram o pátio, baixou-a ao chão para abrir a porta e poder entrar. Acionou as luzes e o calor da calefação os recebeu, para satisfação de ambos. —Vá à ducha; prepararei a sopa. —Dúchate você também antes. Wolf a beijou no cocuruto. —Se pensar agora em me despir e está você perto da ducha, não será precisamente para me banhar —murmurou ele, apartando-se quando a notou geada—. À ducha, ou acabarei te levando eu, e não queira saber o que faria. Ela se moveu depressa, avermelhando ao saber que Wolf a olhava e que estava nua. Precisava pensar em tudo o que tinha ocorrido.

*****

Wolf foi a sua habitação para tirá-la roupa úmida e ficar algo com o que estar mais quente quando viu piscar o móvel. Sem dúvida, teria avisos, pois, da manhã, não havia o tornado a agarrar. Saiu da habitação com roupa seca e o móvel na mão para comproválo. Tinha mensagens da discoteca que devia responder e cinco chamadas perdidas do Will. Agora sim podia chamá-lo? Entrou na cozinha com o telefone


na orelha e esperou a que respondesse enquanto procurava o necessário para esquentar a sopa. —Já era hora, não? —recebeu-o Will. —O que quer? depois da bronca que me jogaste esta manhã... —Espera, que bronca? Se não termos falado das sete da manhã. Estupendo!, em cima não se lembrava. —Chamei às dez, quando me despertei, e por dizer o de forma resumida, jogaste a um lado para seguir dormindo. —Coração, se alguém como você me tivesse chamado às dez da manhã preocupado por mim, não lhe teria respondido assim, ten por seguro. —Sim, pois eu sou a exceção que rompe a regra. Como está? —Melhor... Tem-me feito bem falar contigo. Sabe que isso sempre faz que me sinta mais animado. —Me alegro. —E Shanie? —Na ducha. —A estas horas? —Nos... esfriamos. estivemos na praia. Um grito fez que se separasse do telefone, que a ponto esteve de cair na panela com a sopa. —Não me diga que ela e você...? Ai, meus meninos, isso é genial! Como está Shanie? Gostou-lhe? OH!, é obvio que lhe terá gostado; é de ti de quem falamos. Há-te dito algo? O que lhe tem feito? —Ouça, ouça, que não penso compartilhar contigo essa experiência. —«Nem nenhuma outra que tenha que ver com o Shanie», disse-se para si—. Acredito que nestes dias conseguimos o que queríamos. Você te ocupaste que sua casa? —É obvio; como me disse. Já está preparada, mas... —Sim? —De verdade vais poder deixar que se vá agora de seu lado, Wolf? Essa pergunta foi como uma bofetada de realidade, e notou um nó na garganta de que era difícil desfazer-se. Não queria que partisse, mas tampouco podia fazer que ficasse. Ele havia dito algo que esperava que não a condicionasse já. —Wolf? —Estou aqui. —Dói, verdade? —perguntou-lhe, sabendo que ele o entenderia. —mais do que jamais tivesse imaginado. Ouviu ruído fora da cozinha e comprovou se a sopa estava o suficientemente quente.


—Vem Shanie. Quer falar com ela? —Crie que quererá nestes momentos? As mulheres são... —Shanie! —chamou-a Wolf. Ela apareceu à porta com uma toalha na cabeça. pôs-se um moletom do Wolf que se ganhou dias atrás por escolher um restaurante onde comer sem que tivesse que esporeá-la ele. —É Will. Quer falar com ele? —Ela assentiu—. Cuidado com o que lhe diz —resmungou antes de lhe passar o móvel e centrar-se na sopa. Falaram durante dez minutos e, aparentemente, não fizeram nenhuma referência ao que tinha passado. Will conseguiu inclusive que riera, o qual cada vez parecia mais fácil de obter. depois de lhe devolver o móvel, sentou-se em seu sítio habitual, e Wolf lhe aconteceu um bol com a sopa. Sorveu um poquito e ficou calada. Por um momento, um tenso silêncio se instalou entre os dois. —Lhe..., sente-se bem? Não te dói nada? —Estou bem. Obrigado por preocupar-se, Wolf —respondeu ela, um pouco ruborizada—. foi... maravilhoso. —Me alegro de que tenha podido te dar uma pequena parte do que te merece. Ela sorriu um pouco antes de apartar o olhar, insegura, intranqüila; não tivesse sabido dizê-lo. —Quer falar de algo? —Não.... A rapidez com a que respondeu à pergunta lhe fez saber que nesses momentos não poderia com um pouco mais sério. Respirou fundo e se deteve a meio caminho de acariciá-la. por que não podia ter as mãos fora dela? —Sinto-o —se desculpou ao ver que ela se ficou olhando sua mão. Fechou-a em um punho e a colocou debaixo da mesa—. Não dormiu muito bem ontem à noite, não? —O certo é que despertei cedo; não podia dormir. —Algo assim aconteceu comigo também. Acredito que com o cansaço que temos o melhor será que nos vamos dormir logo hoje, parece-te? —Sim, é uma boa idéia —conveio ela.

*****


Wolf se estirou enquanto ia pelo corredor. Tinha dormido regular, mas ao menos o sonho o tinha vencido por umas horas. E tinha sonhado com ela. Sorriu bobamente enquanto recordava esse sonho no que os dois estavam juntos, no que seus beijos se voltavam um costume e seu contato lhe era tão familiar que podia intuir quando estava mau ou. Chegou até o salão e sentiu saudades de não vê-la. teria ficado dormida? Olhou o relógio e viu que eram as dez da manhã; a essa hora sempre estava acostumada estar acordada. E se lhe tinha passado algo? Percorreu a distância que lhe separava do dormitório e bateu na porta sem abri-la... no momento. —Shanie? —Tampouco ouviu ruído na habitação—. Shanie, vou entrar. Silêncio. Abriu a porta e encontrou a cama feita e nem rastro dela. O temor começou a apoderar-se do Wolf no momento em que recordou que esse dia não tinha posto o alarme. Correu até a porta de entrada e, quando a abriu, encontrou-se com um sobre no chão. Rasgou-o com mãos trementes. Havia uma única palavra no papel: «Obrigado». —Shanie! —gritou.

*****

Dois dias depois

—Wolf, dormiste um pouco? —perguntou-lhe Will, realmente preocupado pelo estado de saúde de seu amigo. —O que te há dito seu amigo, Will? O outro fechou os olhos e se guardou o que ia dizer lhe. —Não há nada. Não a encontra. —Lhe diga que siga procurando..., por favor. Fez a ameaça de levantar-se, mas se cambaleou e caiu de novo na poltrona. Will correu até ele. —Olhe, lhe direi o que queira, mas, por favor, me faça caso. Precisa dormir; está exausto. —Não posso dormir.


—Há pastilhas que podem te ajudar. Tem que dormir, Wolf, não pode seguir assim. Faz dois dias que não dorme. Está conduzindo por toda a cidade, procurando-a, e isso não pode ser. Cairá doente Y... —Fiz algo mau, Will? A seu amigo, essa voz se desesperada pelo desaparecimento do Shanie lhe chegou ao coração. —Por Deus, não! Wolf, não tem feito nada mau. —Então, por que se foi? por que? Will apertou os lábios. —Tenho que ir —disse, levantando-se um pouco mais estável que a vez anterior. —Não quer que te acompanhe? —Não. Will o seguiu com o olhar e o viu agarrar o carro. Sabia que não iria a sua casa; voltaria a dar voltas pela cidade tentando encontrá-la. —Vou a casa —disse a uma das empregadas da livraria. Não esperou a que lhe respondesse. Agarrou sua jaqueta e saiu para sua casa, que estava perto dali. Subiu os degraus que havia até o apartamento e abriu a porta enquanto saudava seu vizinho, que saía nesse momento com seu cão, certamente para seu passeio diário. Fechou a porta pensando que se poderia ter ido com esse menino que levava dias querendo convidar a sua casa; entretanto, fixou-se no vulto que estava sentado no sofá com as pernas encolhidas e envolto em uma manta. —Isto não pode seguir assim, Shanie. Ela o olhou. Tinha seus verdes olhos um pouco umedecidos. —Sei. —Estão-lhes fazendo mal os duas de uma forma horrível —disse, sentando-se a seu lado e lhe tirando a manta da cabeça—. Shanie, Wolf leva dias sem dormir; não deixa de te buscar. E você está igual. dormiste algo? —Não, não posso. Will bufou. —A mesma resposta que Wolf. Shanie levava ali da noite em que se escapou de casa do Wolf. depois de receber a chamada de telefone e ter estado todo o dia caminhando e perguntando pela zona, de chamar a sua amigo polícia e alertar a todos de que a buscassem, quando por fim tinha ido casa a dormir algo para seguir ao dia seguinte, tinha-a encontrado acurrucada na porta de seu apartamento. Quão único tinha podido fazer tinha sido lhe servir de apoio, pois só podia chorar. Apenas sim lhe conseguia tirar uma palavra. Tinha-lhe prometido que não diria nada ao Wolf, mas ver seu amigo consumir-se daquele modo era muito para ele.


—por que te partiu? Era a mesma pergunta que lhe vinha fazendo desde fazia dois dias atrás, mas ainda não tinha conseguido que lhe respondesse. —Por favor, me diga só isso. —Ele se merece a alguém melhor. Will franziu o cenho. —Não diga tolices, coração. por que não vais ser você o que ele se merece? —Porque eu só farei que dele falem; que pensem que é um pervertido por estar com uma... —Menina? Shanie assentiu. —E Wolf não te convenceu que outros não têm por que verte assim? Ou que não importa o que outros pensem? —Sim..., mas mesmo assim... A gente que não me conheça falará, e falarão dele; não quero que o desqualifiquem, não quero... Wolf me disse que me amava... —soltou de repente, sem vir a conto. Will lhe levantou a cara para que o olhasse. —Já sei, carinho; disse-me isso. Acredita que isso é o que fez que fugisse dele; que pensou que por fim tinha encontrado a alguém com quem viver esta miserável vida, e que o rechaçaste como tantas vezes ele tem feito. As lágrimas do Shanie molhavam as mãos do Will. —Não posso lhe condenar a alguém como eu —soluçou. —Me dê uma boa razão para isso que diz. —Amo-o. Will sorriu, abraçando-a. —Essa é uma razão para ir buscá-lo e não te soltar mais dele. Não te dá conta de que se apaixonou por ti? Não lhe importa se te vê como uma menina ou se assim lhe virem outros. Para ele, é você..., sua essência. —Não... Will a sossegou. —Leva dias sem dormir, chorando a cada momento. E te ouvi sussurrar seu nome, Shanie. Deixa de te comportar como o faria uma menina e de te defender em outros. Qual é o medo esta vez? —espetou-lhe, jogando a um lado seu tom divertido. Deteve-a antes de que se abraçasse a si mesmo—. Não oculte, Shanie; tira-o. me diga por que não pode estar com ele. —Não sei! —gritou ela—. Não se por que não posso estar com ele se o amar com todo meu coração! Will lhe deu de presente um de seus sorrisos mais travessos quando Shanie se deu conta do que havia dito.


—Está na discoteca —a informou. —Obrigado, Will. Pôs-se a correr sem fechar a porta do apartamento. Tinha que ir com ele. Capítulo 17

Shanie chegou à discoteca sem apenas fôlego. Tinha saído de forma tão precipitada que não se parou a pensar no que ia necessitar para entrar, nem o longe que estava a discoteca da casa do Will. Entretanto, isso não a amedrontou e pôs-se a correr com todas suas forças para ir em busca do Wolf, para estar com ele agora que se dava conta de que tinha estado ocultando seu próprio medo a lhe amar atrás de seu físico. Recuperando uma respiração normal, aproximou-se do porteiro, um grandalhão que lhe pareceu algo familiar, mas não podia assegurá-lo. —Perdoa, preciso falar com o Wolf. Suportou o olhar analítico e depreciativo do homem sem apartar a vista. —Entrada e carnê. Não se admitem menores. Genial!, tampouco tinha pensado nisso. —Não tenho o carnê nem a entrada. Por favor, chama o Wolf. lhe diga que Shanie está aqui. —Já... O homem seguiu com seu trabalho sem lhe emprestar atenção. —Olhe, sei que não pode me deixar entrar por não ter dinheiro nem carnê, mas, de verdade, chama o Wolf. Quando me vir... O homem a olhou, mal-humorado. —Quem te crie que é, niñata? —Pois resulta que é a garota do Wolf —respondeu outra voz.


Shanie se deu a volta e viu o Will com traje branco, levita branca, camisa negra e gravata vermelha aproximando-se deles. Quando chegou a seu lado, lhe piscou os olhos um olho. —Foste-te tão depressa que sabia que teria problemas para que lhe deixassem passar, assim que me arrumei um pouco e saí para aqui. —Obrigado. —Essa menina é a garota do Wolf? —inquiriu o homem quase com asco. —Arrumado a que se se inteira disto, põe-te de patinhas na rua. —O homem tragou com dificuldade—. Deixa-a passar. —Conhece-a? Responde por ela? —Que sim, que sim —respondeu, batendo no ar uma mão em sinal de que se esquecesse disso—. Shanie, o despacho do Wolf está no primeiro andar, terceira porta à direita. Tem as escadas nada mais entrar na esquerda. E pelo que mais queira, não o solte. —Não o farei. Shanie sorriu ao Will e lhe deu um beijo na bochecha, ao que ele correspondeu antes de empurrá-la para que entrasse. Ela correu enquanto escutava as últimas palavras do outro. —Sede felizes! Abriu a porta e procurou as escadas. Subiu-as de dois em dois e seguiu o corredor até encontrar várias portas. Uns homens que a viram acontecer trataram de detê-la, mas não se deixou. Contou as portas e, ao chegar à terceira, chamou com impaciência. Não queria que a jogassem dali e se Wolf não respondia... —Você! —exclamaram. Voltou a chamar mais forte, até que várias mãos a capturaram. —Wolf! —gritou, lutando para que não a afastassem—. Wolf! A porta do despacho se abriu de repente, e apareceu Wolf. Lhe via o rosto cansado e com aspecto de não ter dormido em dias, justo como ela. —Shanie? —Ao ver como os outros a sujeitavam, despertou a fúria—. lhe Tirem as mãos de cima! —gritou. Soltaram-na imediatamente, e Shanie correu aos braços do Wolf, que a receberam com desejo. Os dois corpos se fundiram. —Shanie... —sussurrou em seu cabelo, empapando-se de seu aroma—. Shanie... —me perdoe, Wolf. Por favor, me perdoe. Ele a abraçou mais forte, deixando que seu aroma o acalmasse e seduzira mais ainda.


—Wolf..., amo-te... —Isso só bastou para apartá-la um pouco e olhála para sair de seu assombro—. Te amo —disse de novo. Wolf fechou os olhos, deixando que as palavras o acariciassem, enquanto voltava a abraçá-la e a empurrava a seu escritório. —Que não me incomode ninguém —disse aos que se encontravam ali contemplando a cena. Depois, Wolf fechou a porta e jogou a chave para ter intimidade. Fixou-se no Shanie, que estava diante dele, e atirou dela para que voltasse para seus braços enquanto se apoiava na porta. deixou-se cair até ficar sentado no chão e a arrastou a ela, que ficou de joelhos. Não tinha forças para manter-se depois de vê-la ali, de saber que estava bem. Com suas mãos foi apalpando-a, como se não acreditasse que fora real, e ao mesmo tempo, comprovou que não estava ferida. —Está bem? Onde estiveste? —Estou bem —respondeu sem lhe dizer onde se refugiou. Quando se tranqüilizasse e soubesse que não ia matar ao Will, então o explicaria, com suavidade e, a poder ser, depois de que se sentisse muito feliz. —Como está você? —Parece-me um sonho. —Agarrou-lhe a cara e a olhou a seus olhos verdes—. É você de verdade? Shanie sorriu e, apoiando as mãos em seu peito, inclinou-se para diante para beijá-lo e que o comprovasse por si mesmo. Só queria que fora um beijo suave, apenas um roce de lábios, mas, quando se produziu, Wolf a atraiu para ele e a beijou com furor, com violência, lhe demonstrando quão desesperado tinha estado. Abriu a boca, assaltada por tal intensidade que logo que podia lhe seguir o ritmo. Sua língua, mais total, esperava a dele, que percorria sua boca, seus lábios. Tinha sabor de álcool; certamente tinha estado bebendo. Tentou empurrá-lo para que a soltasse, mas isso só conseguiu que a aproximasse mais a ele, embora sim relaxou o beijo e começou a trocar as sensações por umas mais prazenteiras que acendiam seu corpo. —por que foi? —sussurrou-lhe, apartando-se de seus lábios, mas olhando-os com olhos de lobo a ponto de apanhar a sua presa. —Sinto muito. Eu... Entrou-me pânico quando me disse na praia que... —Que te amava? Shanie assentiu. —Pensava que não merecia a alguém como eu, e que eu tampouco merecia seu amor. Fazia tanto por mim que..., que pensei em me afastar para que visse as coisas de outro modo. Mas quanto mais me afastava mais pensava


em ti, no tempo que passamos juntos, na forma em que me tratou, como me olhava...., como me fez o amor... —confessou, ruborizada. —Pensei que me estava rechaçando com sua fuga —se justificou ele, que lhe acariciou a bochecha e fez que se tornasse sobre ele; seu coração pulsava depressa—. Acreditei que tinha feito algo mal; que possivelmente me havia extralimitado, ou que você não sentia nada pelo homem que te tinha condenado a uma vida de apatia. Isso o podia entender, mas a forma em que foi... Culpei-me por não ter posto o alarme essa noite. —O... sinto... —Chorou, lhe acariciando o peito—. Não..., não podia pensar em te condenar a uma vida em que a gente te olhasse de forma estranha por estar comigo. Não queria te fazer passar pelo que me passa e pensei que... A mão do Wolf lhe tampou a boca. —Não me importa o que pensem outros. Eu não tenho que lhes demonstrar nada , a não ser a ti; que te amo com loucura e que, já seja que tenha vinte e oito anos ou dezoito, para mim é Shanie, a mulher de minha vida. E se sua cara é infantil, então eu vou voltar a ser um menino, para estar contigo e jogar. Shanie Rio, deixando que as lágrimas caíssem por suas bochechas e molhassem a camisa do Wolf, a quem não lhe importou balançá-la enquanto os dois acalmavam seus corações agora que se reencontraram. Pela primeira vez em dias, os dois se sentiram cansados e sonolentos. —Amo-te —sussurrou Wolf. Ela ronronou e levantou um pouco a cabeça para beijá-lo no pescoço. —E eu a ti. Então, Wolf a beijou nos lábios, e lhe pôs uma mão no pescoço para dirigi-la e a outra na cintura. —Necessito-te, criatura —resmungou entre beijos. —Sou... tua. Rendo a ti... Shanie jogou os braços ao pescoço, e foi suficiente convite para ele. Apartou-a um pouco e ficou de pé, e logo a ajudou a levantar-se também ela. Guiou-a para o interior de seu escritório às escuras. Chegaram até uma enorme cristaleira de onde se podia ver toda a discoteca e a música se ouvia de fundo. Wolf a abraçou, lhe professando carícias e beijos diante desse ventanal. recreou-se nela, memorizando sua silhueta, seus gestos, e deixando que o brilho de seus olhos o enganasse como um louco apaixonado. —Coloca as mãos sobre o escritório, Shanie —lhe disse, lhe assinalando um móvel que havia junto à janela. Ela ficou olhando, mas fez o que lhe pedia. Pôs as mãos sobre o metal da mesa.


—Te incline. Quando esteve nessa posição, Wolf se tornou em cima dela, e a beijou e lhe mordeu a nuca. As mãos se ocuparam dos mamilos, beliscando-os sobre a roupa e o prendedor. Logo, entretanto, apartou esses dois objetos para tocá-la mais intimamente, enquanto ela se retorcia. Pouco a pouco, Shanie ia notando que a ereção dele crescia e se esfregava também contra ela. Wolf baixou as mãos até as calças, abriu a cremalheira e os tirou junto com sua roupa interior; agachou-se para tirar-lhe primeiro de uma perna, enquanto a acariciava, e logo depois da outra. Ouviu os ofegos do Shanie, mas não fez conta. Nua como estava, notou que fechava suas pernas e olhava para a janela, um pouco coibida. Sorriu e lhe acariciou os peitos. —Possivelmente, se nos pilham assim, não terão motivos para nos olhar de maneira estranha, verdade? —Wolf! —queixou-se ela—. me Diga que esse tipo de cristal não permite ver o interior. —Não sei... E se o comprovamos? —sugeriu ele, lhe acariciando as nádegas e abrindo-a com seu joelho. A mão se aproximou de seu sexo e apartou os lábios para tocá-la mais profundamente, fazendo que gemesse por causa desse contato. Imediatamente, notou que lhe molhavam os dedos e que ela estava preparava; bem a tempo, pois não podia agüentar mais. Desabotoou-se as calças e os baixou. Colocando-se entre suas pernas, penetrou-a de um só golpe. O grito e a pressão que exerceu Shanie fez que se dobrasse e se tornasse em cima dela grunhindo. manteve-se quieto enquanto ela se adaptava a seu tamanho e lhe dava mais margem de liberdade. —Vagabundo... —chamou-a ele quando começou a mover-se. —Impaciente —lhe disse ela a sua vez. Investida-las foram cada vez mais rápidas. Sujeitava-a pela cintura para facilitar o movimento, mas, de vez em quando, tomava entre suas mãos os peitos ou uma delas baixava para lhe acariciar o clitóris. Chegou um momento em que a obrigou a levantar-se e ficar reta enquanto ele a penetrava por detrás, e essa mudança de postura fez que o sentisse entrar mais profundamente nela. Notou que a empurrava, mas até que o frio não lhe roçou os mamilos não se deu conta de que a tinha levado até a mesma janela. Estava apanhada; tinha suas mãos e os peitos apoiados no cristal enquanto ele a penetrava a um ritmo irregular, para não deixar que chegasse ao precipício do orgasmo. —Shanie... —sussurrou ele. —Não nos vêem..., verdade? —perguntou-lhe ela entre ofegos.


A risada do Wolf não a tranqüilizou, mas sim seu corpo ferveu por essa vibração. —E se nos vissem? Protestou ao sentir seu pênis apertado na vagina, separou-se e a separou da janela. Com uma mão, fez a um lado tudo o que havia sobre o escritório e o atirou ao chão. Logo, tombou ao Shanie em cima e, lhe abrindo as pernas, começou de novo. —Aqui o único que tem que te olhar sou eu, Shanie; só eu quero ver a paixão que escondem seus olhos e que me olhe assim sempre —lhe disse, beijando-a depois e aumentando o ritmo. Quando estava a ponto de correr-se, deixou de beijá-la, conteve-se e a olhou; os olhos de ambos estavam muito obscurecidos, pela febre de luxúria que os consumia. —Me olhe assim, Shanie; me olhe sempre assim, me demonstrando seu êxtase, aquele ao que eu te conduzo. —Wolf... —sussurrou—. Wolf! —gritou quando se desencadeou o orgasmo. Ele seguiu movendo-se, e uma vez sorteada a primeira quebra de onda do orgasmo, levou-a a seguinte, e depois ao terceiro, antes de que ele explorasse nela e seus sucos se mesclassem. Exausto, tombou-se em cima, e ela, com as forças que lhe sobravam, abraçou-o. —Amo-te —sussurrou. —Amo-te, minha criatura —respondeu Wolf, aferrando-a mais forte. A partir desse momento, ele saberia o que era viver de verdade. A seu lado.

*****

Sentado na barra, Will levantou a taça para a janela de cristal que presidia a discoteca. —Vai por vós —disse, antes de beber-se a de um gole. Olhou a seu redor e sorriu. Já tinha a sua próxima vítima. Agradecimentos


Dou-te as obrigado, querido leitor, por ter lido esta novela e espero que te tenha gostado tanto como a mim escrevê-la. Para mim os leitores são muito importantes e os primeiros que se merecem um OBRIGADO com maiúsculas porque, sem vós, os escritores não seriam nada.

Quero dar também as graças ao Encarni Maldonado por lê-la novela antes de enviá-la e me dar sua opinião a respeito (em todos os aspectos) e a todas meus amigas que estão a meu lado e me apóiam dia a dia: Tamara, Olhem, Mar, Sonia, Irene, Nubia, e muitas mais que merecem sentir-se aludidas aqui embora não diga seus nomes.

Outro agradecimento para o Ricardo, que me dá a força para seguir adiante embora às vezes o caminho se veja negro. É um pilar importante, uma fonte de inspiração, firmeza e valentia.

Este livro é para todos vós, leitores e amigos.

Oxalá e não seja o único que as de mim e logo possa encontrar mais.

Um beijo enorme. Biografia


Kayla Leiz é o pseudônimo da autora Encarni Arcoya. Nasceu o primeiro dia de março de 1981 e uma de suas grandes paixões foi sempre escrever. É autora de contos, relatos e novelas, mas até recentemente tempo não os deu a conhecer, e hoje em dia tem várias obras publicadas pelas que recebeu alguns prêmios na categoria de relato erótico e contos. colaborou com relatos nos livros 150 rosas, Porções da alma e 152 rosas brancas, assim como em várias revistas e antologias. Atualmente tem autopublicadas cria novelas e contos. Alguns projetos novos verão a luz muito em breve. Pode encontrá-la em:

http://encarniarcoya.com http://kaylaleiz.com

Rendição Kayla Leiz

Não se permite a reprodução total ou parcial deste livro, nem sua incorporação a um sistema informático, nem sua transmissão em qualquer forma ou por qualquer meio, seja este eletrônico, mecânico, por fotocópia, por gravação ou outros métodos, sem a permissão prévia e por escrito do editor. A


infração dos direitos mencionados pode ser constitutiva de delito contra a propriedade intelectual (Art. 270 e seguintes do Código Penal). Dirija-se a CEDRO (Centro Espanhol de Direitos Reprográficos) se precisa reproduzir algum fragmento desta obra. Pode contatar com CEDRO através da Web www.conlicencia.com ou por telefone no 91 702 19 70 / 93 272 04 47.

© da imagem da capa, © Shutterstock

© Kayla Leiz, 2014 © Editorial Planeta, S. A., 2014 Av. Diagonal, 662-664, 08034 Barcelona (Espanha) www.edicioneszafiro.com www.planetadelibros.com

Os personagens, eventos e sucessos apresentados nesta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou desaparecidas é pura coincidência.

Primeira edição: outubro de 2014

ISBN: 978-84-08-13240-0


Conversão www.victorigual.com

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