Jornal Laboratório A Catraia (2019)

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Jornal Laboratório | Jornalismo UFAC - Edição 31° - dez/2019

EMPATE NAS

RUAS


Editorial

Caro leitor, Apresentamos mais uma edição do jornal A Catraia, produzido pelos alunos do 5° período de Jornalismo da Universidade Federal do Acre. Nesta publicação buscamos mostrar alguns aspectos do atual cenário brasileiro, em que presenciamos crises em todos os âmbitos, acarretando dificuldades que levam o universitário acreano a usar sua criatividade para conseguir uma renda extra. Além disso, destacamos diversos assuntos, mostrando como pessoas com HIV encontram uma forma de controlar o vírus em seu corpo, mas também abordamos o Setembro Amarelo, lembrando que necessitamos de mais políticas públicas voltadas à saúde mental. Discutimos também a preocupante situação da nossa Amazônia, que merece um debate urgente. No exemplar do A Catraia 2019, observamos, ainda, a preocupação do universitário com o bloqueio das verbas para a Ufac em 2020, devido ao impacto financeiro sobre a vida dos alunos que dependiam de bolsas. Como se sabe, o bloqueio atingiu as mais diversas camadas estudantis. Diante disso, nós, estudantes, demos as mãos para a esperança, torcendo por dias melhores.

Sobrevivemos cotidianamente e, mais uma vez, as queimadas são o tema principal a mobilizar o nosso País, mais precisamente a região Norte. O “movimento empate” (movimento de resistência), acordou os acreanos que foram às ruas e demonstraram suas insatisfações contra a política realativa à exploração do Meio Ambiente. Nossa luta e bandeira são pela preservação da vida com empatia entre os seres humanos. Para descontrair nosso leitor, apresentamos também matérias que resgatam a cultura da vida acreana, nesta terrinha amada. Em cada curva da Ufac é possível encontrar um empreendedor, inclusive no bloco de jornalismo, onde se pode descobrir as mais variadas comidas para seu paladar, e é justamente sobre isso que tratam nossa crônica e charge. Mas não para por aí, temos ainda o perfil de Antônia Maria, a criadora da Baixaria, prato típico da região. Queremos proporcionar a todos uma viagem entre temas diversos, explorando todas as emoções possíveis, abusando do pensamento crítico. Continuaremos lutando nesse constante enigma que é o mundo. Desejamos que tenham uma boa leitura, até a próxima!

Crônica

A Ufac não tem preço

- OLHA O GELADINHO! - TEM BRIGADEIRINHO! - VAI DE CAFEZINHO?

Não, eu não estava em uma feirinha. Eu ouvia essas e outras chamadas enquanto caminhava pela Ufac. ― Cadê a menina do brownie? ― A Bruna? ― Ela mesma! ― Acho que ela está no bloco de Jornalismo. ― Beleza! ― Menino aquilo é uma coisa de outro mundo, né? ― É um sonho! Sonho não, brownie. Continuo minha caminhada pelos blocos da universidade observando esses acadêmicos empreendedores. Eu ainda estou caminhando pelo estacionamento do bloco de jornalismo, quando ouço alguém cantando ao som de um violão. É o Levi! Uma figura. É também um empreendedor. Sua cantoria para quando um cliente chega. Antes do pedido, ele entrega uma folha A4 com algumas notícias. Na verdade, ele está entregando a todos. É o Lauda News! De repente eu ouço outro som, mas dessa vez não é do violão. No corredor, um pequeno rádio toca algumas canções. E enquanto as ondas sonoras invadem os ouvidos dos clientes, ele vai vendendo seu peixe. Peixe não, tem de tudo, menos peixe. ― Tem o que de bom aí, chefe? ― Tem pudim, café, bolo, salgado, suco e bananinha. ― Esse café está quente mesmo? ― Só não está mais quente que Rio Branco. ― Isso é por causa dessas queimadas. ― Tu queimas alguma coisa? ― Nem arroz! Observar toda essa movimentação me deixou com fome, então decido ir atrás da Bruna. Ela faz os melhores brownies da Ufac! Caminho pelo corredor e vou abrindo porta por porta em busca de encontrá-la. Falho. É difícil encontrá-la antes de a aula começar, ela está sempre vendendo pela universidade. Não há outro jeito, vou ter que procurá-la pelo campus. Saio do bloco como se estivesse em busca de um tesouro. E enquanto caminho pela universidade, observo algumas situações interessantes. Como a que estava acontecendo à beira do lago – um grupo de pessoas encontrava-se reunido ao redor de uma das mesas, e em meio aos balões e confetes começaram a cantar “parabéns”. Depois repartiram o bolo e serviram entre si. Mais adiante, um homem aproveitava a paisagem para fotografar uma mulher grávida. E entre um click e outro eles observam o vai e vem das capivaras. Elas são uma atração! Mas nesse instante, o meu olhar é redirecionado a outro espaço, debaixo de uma árvore, e sentada

Ana Lazuli

na grama, há uma garota lendo um livro, e as expressões que ela faz durante a leitura demonstram que, no momento, ela está em “outro mundo”, que eu não sei bem qual é. Todos esses acontecimentos me deixam reflexivo, até que eu ouço passos atrás de mim, seguidos por uma voz: ― Olá meu amigo! O que você está fazendo por aqui? ―Bruna! Eu estava procurando você... ― Se for brownie, não tem mais. ― Não é nem 19h e já foi tudo? ― Sim, você sabe como eles são bons. ― É eu sei. ― Amanhã tem mais! ― Então eu já vou deixar encomendado. ― Em breve eu vou fazer de outros sabores, você tem alguma dica? ― Pupunha! ― Eu estou falando sério... ― Que tal de café? ― Com ou sem açúcar? [risos]... ― Você não estava falando sério? ― Café é uma ótima dica! Está quase na hora da aula começar, até logo. ― Até logo! Após me despedir, sigo em direção ao bloco do curso de jornalismo. Enquanto caminho, penso sobre tudo o que observei durante esse dia – Os estudantes que vendem lanches na universidade para conseguir uma renda extra, assim como o fotógrafo que escolheu a paisagem da Ufac para produzir os seus registros. Os amigos que festejavam um aniversário junto ao lago, e também a garota que lia seu livro debaixo das árvores. Todos sempre acompanhados das capivaras, e aqui acolá, sob a espiada de jacarés e voos rasantes das aves. Tudo isso me fez entender a importância da nossa Universidade. A Ufac é um lugar incrível! É plural. Produz conhecimento, gera oportunidades e oferece lazer. E não podemos esquecer a biodiversidade. Mas o mais importante é que esse lugar é nosso, e o que nos pertence é digno de nossa defesa e cuidado. Então façamos isso, porque neste momento, a Universidade Federal do Acre precisa da ajuda de todos nós! Disney OliveirA E ANA LAZULI

Jornal Laboratório produzido pelos alunos do 5º período de Jornalismo – Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Universidade Federal do

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Acre – Reitora: Guida Aquino. Diretor do CFCH: José Dourado de Souza. Professoras responsáveis: Fernanda Salvo (Jornal Laboratório I); Talita Oliveira (Planejamento Gráfico). Editor-chefe: Disney Oliveira. Editoras de Arte e Diagramação: Ana Lazuli; Ellem Jady. Reportagem: Amanda Lanzetti, Ellem Jady, Lucas Loredo, Nicoly Moreira, Daiane Filocreão, Jorge William, Gledson Sousa, Rosa Alves, Ana Thaís, Clara Lis, Julia Progênio, Bianca Cabanelas, Eduardo Menezes, Matheus Mello, Vitor Frota, Myllon Farias, Andressa Pires, Deylon Félix, Paulo Weinberger, Evander Oliveira, Madu Stümer, Lucas Vitor, Disney Oliveira, Ana Lazuli, Inayme Lobo, Luana Dourado, Luanna Lins, Tiago Soares, Alessandra Karoline, Diêgo Messias, Jorge de Oliveira, Willy Lucena. Fotografia: Cassiano Marquez, Ellem Jady, Nicoly Moreira, Daiane Filocreão, Clara Lis, Vitor Frota, Madu Stümer, Luanna Lins, Jorge de Oliveira, Alessandra Karoline. Revisão: Fernanda Salvo, Talita Oliveira, Disney Oliveira e Ellem Jady. Monitora: Jhillian Albuquerque. Impressão: Gráfica Estrela Tiragem: 500 exemplares. Endereço: Rodovia BR 364, Km 04 – Distrito Industrial, Rio Branco – AC.

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A Dona da Baixaria

Perfil

Toinha se dedica à culinária acreana há 34 anos. Foto: Daiane Filocreão

Antônia Maria Rodrigues Pereira, de 63 anos, é uma figura graciosa e célebre no Mercado do Bosque, região central de Rio Branco. Conhecida pelo sorriso largo, originalidade das comidas e dedicação no atendimento, ela

é possível sentir-se na cozinha de casa. É neste local que a cozinheira de fama internacional oferece vários pratos regionais, entre eles, o mais famoso, a Baixaria. Toinha conta que até

Daiane Filocreão

Daiane Filocreão

é a cara do Mercado do Bosque”, e organizar o estabelecimento. comenta. Não é apenas um trabalho, é Cada prato servido uma necessidade, algo que lhe dá no estabelecimento da Toinha ânimo e alegria para continuar a conta a história de seus filhos: viver. Sara, Suelen e Aluízio Júnior, Origem que se formaram graças ao trabalho árduo de sua mãe. Antônia Maria foi criada Suelen Rodrigues (37), formada no interior de Sena Madureira, às em Letras e Fisioterapia, é margens do rio Iaco, e conta em proprietária de uma clínica. “Não boas gargalhadas o motivo da tive coragem de abandonar o mudança: “eu vim para cidade foi barco, eu amo isso aqui. Eu para casar”. Casou-se em 30 de deixei um fisioterapeuta no meu julho de 1975 com Aluízio Alves lugar e vim pra cá, pra ajudar”, Pereira. O casal passou a viver conta. O amor pela comida de uma pequena renda, oriunda passou como herança, de mãe de uma mercearia localizada na O Café da Toinha oferece um cardápio variado para a filha, que hoje não larga da própria casa. Com o passar dos conquistou seu público. São 34 1985 ninguém servia essa iguaria cozinha do Café e muito menos anos, a família enfrentou uma crise anos de muito trabalho e amor no Mercado do Bosque, até da própria Toinha, de quem fala financeira, o que os fez procurar pela culinária acreana. Toinha que um belo dia, ela e o marido com orgulho e imenso amor nas um novo local de trabalho. Em da Baixaria, como é chamada tiveram a ideia de comprar carne palavras e no olhar. 1985, com a ajuda da sogra, os carinhosamente pelos clientes, moída e servir com cuscuz. Toinha e a filha Suelen dois encontraram esse lugar, o carrega em cada tempero um Não demorou para o prato ficam sempre atentas a todo Mercado do Bosque. pedacinho de sua alma, pois fazer sucesso entre os clientes movimento do Café, que hoje A ribeirinha foi convidada ela oferece iguarias aos seus e a comida atrair os olhares da conta com vários funcionários. fregueses nas quais se pode imprensa. Até aquele momento, A cozinheira, sempre simpática, a substituir sua cunhada por apenas sentir a satisfação do preparo e o surgiram várias denominações explica que faz questão de um mês na banquinha do Mercado, convite para o retorno. para a mistura saborosa de supervisionar tudo. “O segredo é porém, foi lá que ela plantou suas Quando você vê a cuscuz com carne moída, entre o conjunto de tudo. É o tempero raízes que perduram até hoje. O fachada do estabelecimento pode elas, “Boi ralado” e “Marechal”. feito com amor, as coisas de trabalho da família foi compensado até pensar que é como qualquer Mas, durante uma entrevista primeira qualidade, isso que com o crescimento do negócio, outro, mas assim que passa pela para o jornalista Wilson Barros, cativa o cliente”, confessa. que em breve será ampliado. porta é inevitável olhar à sua o prato ganhou uma nova esquerda e ver uma senhorinha denominação, “Baixaria”, por ser de touca e de sorriso no rosto, que uma palavra forte, que caracteriza ajudam a baixar a guarda e subir o a personalidade da comida. Em apetite de qualquer um. Após essa pouco tempo o nome passou a recepção de bom humor, pode- ser divulgado pela imprensa e se sentir um misto de cheiros das ganhou fama. comidas quentinhas à sua frente, Fama essa que se estende é como passar por um corredor até hoje. Vários jornalistas, de sensações, de um lado há uma artistas e personalidades já Toinha e sua filha Suelen Rodrigues compartilham o amor pela culinária vitrine com variedades de bolos, passaram pelo local. Entre os café e do outro os aparelhos clientes fiéis do tradicional Café A comida faz parte térmicos com diversas iguarias da Toinha, encontramos Pedro da da vida de Toinha, pois nem quentinhas e uma leve fumaça. Costa Alexandrino (45), que ama mesmo depois de ver os filhos Tudo isso ocupa o lado esquerdo as iguarias. “A comida é caseira e formados, ela parou de trabalhar. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ da instalação, enquanto o lado aqui a gente encontra a Toinha. Isso é perceptível em cada gesto Daiane Filocreão direito é ocupado por mesinhas É ótimo esse lugar, a Toinha está da senhora que ama cozinhar, Jorge William e cadeiras feitas de madeira sempre sorrindo, não tem tempo se relacionar com as pessoas, Gledson Sousa aconchegante, onde ao se sentar ruim para ela. Ela sempre está ali, apresentar as iguarias aos clientes Rosa Alves

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Negócios

Comércio no campus:

quando a criatividade é a alma do negócio Em meio a uma crise nacional, estudantes da Universidade Federal do Acre buscam na comercialização de produtos um novo meio de complementar a renda e realizar sonhos

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mês de agosto de 2019 terminou com mais de 48 mil pessoas desocupadas no Estado do Acre. Só no segundo trimestre do ano os jovens entre 18 e 24 anos somavam aproximadamente 35% dos desempregados no Estado. A criatividade tornou-se uma saída para os estudantes que pretendem fugir do desemprego e alcançar uma renda, “se virando nos 30”. Eles encontraram na comercialização de produtos uma forma de melhorar seu rendimento econômico. Não é apenas nas ruas da cidade que os autônomos seguem ganhando espaço. Nos blocos da Universidade Federal do Acre (Ufac), por exemplo, é comum encontrar acadêmicos vendendo algum tipo de produto, conciliando, assim, a vida acadêmica com a comercialização de mercadorias para gerar uma renda extra. É o caso do Emanoel Nascimento de Farias, de 19 anos, e de Giulliane Chagas de Araújo, de 18 anos. O jovem casal estuda Ciências Biológicas e teve a ideia de vender um produto simples, mas viável, o brigadeiro. “A gente começou a vender brigadeiro porque minha mãe já vendia, então eu já sabia do investimento e do lucro que ela tinha. Eu sugeri de a gente trazer brigadeiro para vender, para ter uma renda extra, já que ninguém trabalhava, só fazia faculdade e a gente não queria ficar totalmente dependente dos pais, sabe? Para se manter aqui na Ufac e para fazer outras coisas”, conta Giulliane. O brigadeiro é vendido por R$ 1,00. O valor pode até parecer baixo para resultar em um lucro satisfatório, mas, na

verdade, o dinheiro acumulado com a venda do alimento já ajudou o casal a realizar alguns desejos, como o pagamento de uma consulta com um oftalmologista e metade do valor dos óculos de Emanoel. Seja qual for o tipo de trabalho, é comum encontrar algumas dificuldades pelo caminho e quando se estuda e trabalha, um dos maiores problemas é conciliar as duas tarefas. Essa realidade não é diferente para os acadêmicos que consideram essa jornada dupla bastante difícil. “A gente tentava fazer muitos brigadeiros e ficava muito puxado, muito cansativo conciliar fazer brigadeiro, dormir bem e vir para a faculdade. Então a gente deu uma segurada, a gente está fazendo menos, vendendo de boa, devagarinho, assim fica mais fácil conciliar tudo”, explica Emanoel. Os dois universitários não foram os primeiros a enxergar nas vendas dentro da Universidade uma saída para seus problemas financeiros. O acadêmico de Economia, Lamarck Rocha Amaral, de 22 anos, é mais um jovem universitário a encarar o desafio de ser empreendedor e alcançar bons números. O estudante, que vende geladinho há cinco meses, nos valores de R$1,00 e R$2,00 conseguiu alcançar um de seus objetivos. “As vendas rendem bastante, eu continuo a vender por causa disso. Recentemente eu tirei a CNH só com o dinheiro dos geladinhos e eu pago as despesas diárias que tenho. Eu pago o lanche, a passagem e o que tiver precisando”, revela Lamarck. Para conquistar e garantir a fidelização dos clientes é evidente que os vendedores têm que ter certo “jogo de cintura”,

seja pelo bom atendimento, pela qualidade do produto ou pelo preço acessível, afinal, quem não gosta de ser bem recebido e ainda comer bem e pagando pouco? Lamarck sabe disso, pois desde que começou notou que aliar qualidade e preço justo é a alma do negócio.

“Eu percebi que a qualidade da mercadoria também tem que ser superior, tem que ser melhor. Eu junto a economicidade e a qualidade para garantir uma rentabilidade do negócio e a fidelidade dos clientes”, conclui Lamarck. Alguns acadêmicos procuram vender apenas um produto por ser mais prático, outros ampliam a diversidade de suas mercadorias, alcançando um maior número de clientes, como é o caso de Luiza Lima, de 33 anos, e Hévila Gadelha, de 29 anos. As amigas são acadêmicas de Geografia e começaram com a venda de café. Hoje, seis meses depois, as garotas comercializam bolos, sucos e pipoca gourmet. Apesar da diversidade dos produtos, as estudantes procuram ter um bom relacionamento com a concorrência. É assim com Cosmo Lopes, conhecido na Ufac como “Seu Cosmo”. O comerciante é bastante famoso entre os acadêmicos e frequentadores da Universidade e possui um ponto de vendas no mesmo bloco que as garotas. “A gente teve uma preocupação de colocar para vender algo que o Seu Cosmo não venda, até para não o prejudicar porque ele está aqui há tantos anos”, considera Luiza. Luiza e Hévila começaram as vendas com o intuito de arrecadar dinheiro

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O outro lado da moeda Diferente dos universitários empreendedores que se esforçam para conquistar seus clientes, existem empresários que já estão com o negócio consolidado e possuem pontos de venda dentro da Instituição. Cosmo Lopes, ou Seu Cosmo, é exemplo disso. Conhecido por grande parte dos acadêmicos e funcionários, aos 63 anos e há mais de 30 anos vendendo seus produtos, já faz parte da história da Ufac. O homem não vê problema na comercialização de mercadorias dos acadêmicos pelos corredores. “Eu não me preocupo com o fato dos alunos venderem seus produtos aqui, acho que se eles vendem é porque precisam do dinheiro pra poder se manter, e se tem espaço, por que não vender?”, analisa.

Alessandra Karoline

Produtos comercializados por acadêmicos da UFAC. Foto: Jorge de Oliveira

para participar de um trabalho de extensão do seu curso, uma expedição geográfica, na qual os acadêmicos viajam a fim de realizar uma análise de determinada região, o que deve resultar em um trabalho acadêmico, como um artigo científico. Caso haja algum imprevisto, elas já têm em mente o que fazer com o dinheiro das vendas. “O principal objetivo é a expedição, mas existe a possibilidade de ela não acontecer, caso ela seja cancelada, nós possivelmente vamos investir o dinheiro na formatura”, justifica Luiza.

Seu Cosmo mantém seu ponto de vendas na Ufac há mais de 30 anos

_______________________________________ Alessandra Karoline Diêgo Messias Jorge de Oliveira WILLY LUCENA


Luta

Contingenciamento de verbas ameaça funcionamento da Ufac Ufac continua em estado de alerta, mesmo após suspensão do contingenciamento

No dia 18 de outubro de 2019 o governo federal anunciou a liberação de R$ 13 milhões em verbas para a Universidade Federal do Acre (Ufac). Inicialmente comemorada, a notícia não surtirá os efeitos que se esperava. Apesar da liberação das verbas pelo MEC, faltando apenas dois meses para a finalização do semestre, a Instituição sofreu graves perdas e terminou o ano com déficit estimado de 5,7 milhões. “Em 2020 teremos um bloqueio de 18 milhões, iremos administrar com recursos insuficientes as despesas da Universidade, será um ano muito difícil” declara o Pró-Reitor de planejamento da Ufac, Alexandre Ricardo Hid. Para o Pró-Reitor, a gestão dos recursos de 2020 será feita com verbas insuficientes para manter as despesas da universidade. Os editais programados para o ano de 2019 serão lançados em 2020, a depender da situação financeira em que a Instituição se encontrar. O Ministério da Educação (MEC) realizou o desbloqueio da verba em dois momentos. Em setembro foi liberado metade desse montante (6,5 milhões), o restante foi liberado no dia 18 de outubro. Mas ainda permanecem bloqueados 2 milhões do investimento, que seriam utilizados para realizar obras e compras de equipamentos.

Movimento estundantil a favor da educação. Foto: Luanna Lins

Bloqueio impacta gestão da Ufac

mento do Restaurante Universitário, devido à conta de energia com uma despesa de cerca de 300 mil reais. O RU oferece café da manhã, almoço e jantar. Nesse cenário, os estudantes dos cursos integrais e pessoas de baixa renda poderiam ser afetados diretamente. Dentre as medidas tomadas pela universidade, uma das mais dramáticas foi a ruptura de contratos. “O enxugamento dos contratos foi algo que nos doeu muito, porque sabemos que os funcionários da limpeza são pais e mães de família, mas não havia uma alternativa para que pudéssemos manter o funcionamento mínimo da universidade”, declara o Vice-Reitor da Ufac, Josimar Batista.

Para realizar uma adequação no orçamento do MEC, o governo federal bloqueou 30% sobre as despesas de custeio das Universidades Federais. Segundo Hid, o contingenciamento é aplicado de maneira linear, proporcionalmente. Desse modo, áreas não atingidas da Ufac têm seu impacto transferido para outras. Com isso o setor mais atingido é o de funcionamento e manutenção da instituição (IFES), com perda de R$11.508.455( 42,52%) do seu orçamento. O bloqueio das verbas atingiu a gestão de maneira inesperada. “A universidade possuía todo um planejamento antes desse contingenciamento e tivemos que refazer”, diz Hid. Como contrapartida desse reajuste foi diminuído o número de contratos com empresas terceirizadas e 134 funcionários foram demitidos. A gestão da universidade cogitou a possibilidade do fecha-

Segundo dados oficiais da Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), em 2018 a instituição contava com 315 funcionários terceirizados, 48 graduações, 14 mestrados, 4 doutorados, 3 residências em saúde, 290 ações de extensão e ainda disponibilizava mestrados e doutorados interinstitucionais e especializações. Hoje, a Ufac possui 9.649 estudantes e 857 professores. Segundo o Vice-reitor Josimar Batista, o fechamento da instituição levaria a enorme prejuízo para a sociedade acreana, atrasando a formação dos alunos e seu acesso ao

mercado de trabalho. Pós-graduação é afetada A Ufac perdeu 81 bolsas destinadas à pós-graduação, devido ao contingenciamento realizado pela Capes, subordinada ao MEC. Os critérios utilizados atingem o desenvolvimento científico de maneira abrupta. A Capes atribui uma nota aos cursos de pós-graduação, variando de 3 a 7. Os que alcançam nota máxima são considerados de excelência, pois possuem ações de internacionalização. Os que possuem nota 3 e 4, estão em processo de consolidação. Eles iniciam com essa nota e vão se aperfeiçoando. Esses cursos estão sendo penalizados e vêm perdendo bolsas. A Ufac é uma universidade que começa agora suas primeiras pós-graduações, mestrados e doutorados. Os cursos ainda estão em fase de consolidação. Segundo a pró-reitora de pesquisa e pós-graduação, Margarida Lima Carvalho, cerca de 70% dos cursos de pós-graduação da região Norte estão nesta posição. A Capes não permite o novo credenciamento de alunos, no momento em que um estudante termina a pós-graduação, sua bolsa é retirada, não podendo um novo aluno ser cadastrado para aquela bolsa. Além do impacto quantitativo, outro é o modo como o bloqueio afeta a vida dos estudantes de pós-graduação, pois alguns deles utilizam a bolsa para pagar seus estudos, há uma grande quantidade deles que são de outras regiões do Estado e até

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mesmo do País. Alguns alunos largaram contratos provisórios para se dedicar exclusivamente ao mestrado ou doutorado e tiveram a decepção de perder a bolsa. “E sem a bolsa os alunos irão recuar, não vão mais querer fazer pós-graduação, porque vão precisar arranjar um emprego para dar conta da sua subsistência”, declara a pró-reitora da Ufac, Margarida Lima. Tsunami da educação Nos dias 15 e 30 de maio de 2019 ocorreram mobilizações envolvendo sindicalistas, estudantes e servidores. No dia 30, aconteceram manifestações simultaneamente em mais de 200 cidades do Brasil, reunindo aproximadamente um milhão de pessoas, evento que ficou conhecido como “30M”. O Movimento por uma Universidade Popular (MUP) reuniu diversas organizações que compõem a luta estudantil da Ufac, entre elas a União Nacional dos Estudantes, a Associação Nacional de Pós-Graduandos, o Diretório Central dos Estudantes, centros acadêmicos, atléticas, entre outros para a construção de uma proposta de defesa da Universidade Federal do Acre. Essas manifestações foram um marco inicial no processo de luta contra os cortes de verba na educação. Apesar de parte desse valor ter sido liberado, o período que se inicia ainda está repleto de incertezas para a Universidade. _______________________________________ Inayme lobo luana dourado luanna lins tiago soares

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Amazônia

Empate

A resistência acreana

Como forma de resistir e reconstruir a luta em favor da Amazônia, acreanos ressignificam o legado de Chico Mendes durante o mês de setembro de 2019

militantes. A força de Chico Mendes parece ser uma das fontes do processo. Gabriela Souza, ambientalista responsável pelo comitê Chico Mendes no Estado, traduz o caráter do movimento: “Essa é a história, esse é o legado de Chico, é isso que ele deixou”, comenta. O clima geral do Empate pela Amazônia foi de resistência e a postura das ativistas Gabriela e Iwlly Cristina representa a persistência em acreditar na mudança e proteger a Amazônia na cidade do agronegócio. Ao mesmo tempo, a cumplicidade das duas amigas conta também uma história de solidão. “Ser ambientalista no Acre é perigoso”, desabafa Iwlly. O Agro, que pode ser nem tão pop assim, é o responsável pela segunda maior renda do Estado. Como apontam dados da SEMEIA Rio Branco, em 2015, houve 200 denúncias de queimadas, enquanto em 2019 o índice subiu para 1224. Ir contra esse sistema é desafiar um histórico que ainda persiste com novas questões: não são as seringueiras caindo, é o boi abatido todos os dias. Uma ressignificação da exploração que os acreanos já conhecem há tempos. Afinal, na Amazônia, as taxas de alerta de desmatamento estão ligadas à incidência de fogo, que é uma das principais ferramentas usadas

para desmatar, e, assim, produzir a soja oferecida ao gado como alimento.

Cultura e arte contra a destruição da floresta Em resposta ao questionamento: como respirar em meio a tanta fumaça, o vice-presidente da Fundação Garibaldi Brasil e um dos organizadores do Empate pela Amazônia, Diogo Soares, adverte que é necessário fazer arte. É cantar, tocar, dançar e não admitir que a maior parte da Amazônia Legal seja esquecida.

Ilustração: Ellem Jady Cassiano Marquez

No Acre, empate significa resistência. Há mais de 30 anos Chico Mendes empatava. Ele resistia. Os empates são mobilizações criadas pelos seringueiros nos anos 80 com o objetivo de impedir os desmatamentos nas terras da reserva em Xapuri, na Amazônia Ocidental. Em cada empate, os seringueiros da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, incluindo as mulheres e as crianças, se posicionavam de mãos dadas e em círculos entre as árvores. Assim, os madeireiros, quando viam as famílias dos seringueiros dispostas na floresta, desistiam de derrubar as árvores com as motosserras. Mas os empates cessaram com o assassinato de Chico Mendes. Mais recentemente, em setembro de 2019, a população acreana resolveu retomar o legado do ativista e dizer que está aqui. Afinal, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMEIA Rio Branco -, o crescimento das queimadas neste período foi de 80% em relação ao ano de 2018. Os empates foram realizados nos dias 5, 6 e 8 de setembro e surgiram como resposta ao crescente número de queimadas. O objetivo foi resistir e propagar cultura por meio de debates, palestras, rodas de conversa e intervenções, que reuniram famílias, idosos, adolescentes, estudantes e

Manifestantes reunidos em movimento Empate pela Amazônia

Gráfico demonstra aumento no número de queimadas. Fonte: Banco de dados - SEMEIA *Parceria CIOSP

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nas ruas

contra as queimadas o nosso compromisso com a mãe terra, com as florestas, com os povos que nela habitam, então é um diferencial, porque nós mulheres sempre fomos secundarizadas nessa luta e mesmo assim nós resistimos, nós estamos na resistência desde sempre, e há séculos Luta Ancestral e séculos, nós somos netas Amazônia, floresta. daquelas que foram para a Substantivo feminino. Impossível de fogueira”, desabafa. não se conectar com o ser mulher Segundo Concita que permanece na luta desde Maia, o empate dos povos da tempos longínquos. Aquela que ficava à frente das árvores com floresta ressurge com força e as crianças e defendia a floresta expressividade, tornando a que seria destruída, 30 anos palavra passível de uma nova significação. Mantendo o atrás. São mulheres de novas peso da resistência de Chico gerações que agora retomam a Mendes, essa ressignificação luta, em novas formas. Em dias evoca uma força ancestral. de manifestação o movimento feminista também se fez presente. Concita Maia conta que a participação feminina nos atos em prol da Amazônia são importantes e trazem um diferencial significativo ao movimento. “O primeiro diferencial tá no sangue, tá nos hormônios, tá na nossa forma de ver e sentir o mundo, tá na nossa forma de reagir frente às injustiças sociais, então esse é um primeiro ponto. O segundo ponto que nos une é exatamente

Enquanto as mulheres amazônicas unem forças nos protestos pacíficos, com clamores de paz e harmonia entre sociedade e floresta, a reeducação se torna recurso essencial para pessoas como Valquiria Silva. Ativista e professora da UFAC, ela destaca a importância desse momento de sensibilização por parte dos que habitam a floresta amazônica. “É o primeiro momento de sensibilização em busca de uma consciência do que a Amazônia representa, do que a Amazônia é, não só para os povos que vivem aqui, das populações tradicionais e as pessoas que vivem aqui nos centros urbanos do que é ser Amazônia”, considera.

Ellem Jady

memória coletiva dos primeiros acordes no violão. Durante sua apresentação houve muita emoção entre os participantes. Famílias levantavam cartazes e pediam o respeito com a floresta.

Nicoly Moreira

Durante os três dias do movimento Empate pela Amazônia, diversos artistas ganharam o microfone, os poetas vivos incendiaram a plateia com rimas sobre a sociedade, o racismo, o machismo e o medo de ser amazônida. Cantores locais como a Camila Cabeça e os músicos de carimbó se apresentaram e até pequenos produtores, como O Restaurante Vegano, alimentaram os participantes. Concita Maia, representante do IMA (Instituto Mulheres da Amazônia) e MAMA (Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia) carregada de raízes indígenas e uma fala colorida revela: “Eu traduziria empate como resistência, mas resistência em formato de cultura, em formato de arte, enfatizando principalmente a poesia, a luta e todas as formas de manifestação da arte”, destaca. Se pra viver tem que existir beleza, que precisa ser sentida, a cantora e compositora acreana Gabriela Maia, de 16 anos, busca traduzir isso com voz forte. Seu canto é árvore grande daquelas Samaúmas que precisam de vinte braços bem dados para ser abraçada. É a

Cassiano Marquez

A poronga na cabeça de Chico Mendes, instrumento utilizado na extração de borracha

Críticas ao Governo Federal também foram assunto de cartazes

________________________________________ AMANDA LANZETTI ELLEM JADY LUCAS LOREDO NICOLY MOREIRA

Família luta em defesa da Amazônia

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Pílula anti-HIV: uma esperança na luta contra a Aids

Esperança

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Você já escutou falar da pílula Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida como “PrEP”? Então, deixa a gente te contar um pouco sobre esse assunto. Mas antes vamos descrever o que é o medicamento. A pílula “PrEP” consiste no uso de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sexual ao vírus para reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV. Contudo, vamos esclarecer um ponto: a “PrEP” não impede a entrada do vírus no organismo, mas bloqueia sua multiplicação nas células de defesa, caso haja a contaminação pelo HIV. O público prioritário para PrEP são as populações-chave, que concentram a maior prevalência de HIV no país, a saber: homossexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas transexuais e trabalhadores (as) do sexo, segundo o Minísterio da Saúde (MS). Além desse público prioritário, pessoas com parcerias soro diferentes (quando uma pessoa está infectada pelo HIV e a outra não) para o HIV também são consideradas elegíveis para uso da PrEP. O simples pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com exposição frequente ao HIV. O tratamento se dá pela administração diária de um comprimido do antirretroviral Truvada, uma combinação de outras duas drogas já usadas no tratamento do HIV, o Tenofovir e a Emtricitabina. A ação do medicamento, porém, não é imediata. Demora, em média, sete dias para fazer efeito nos homens e vinte dias nas mulheres. Sexo sem proteção com uma pessoa infectada nesse espaço de tempo pode gerar contaminação. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), entre janeiro e dezembro de 2018, 6.887 indivíduos procuraram por PrEP nos serviços públicos de saúde, dos quais 6.088 (88%) tiveram pelo menos uma dispensação. Um total de 4.907 usuários encontravam-se em PrEP no Brasil ao final de dezembro de 2018, ou seja, tiveram pelo menos uma dispensação e não descontinuaram o uso de PrEP. Nesse mesmo período, 1.181 (19%) indivíduos descontinuaram o uso da profilaxia, dos quais 713 o fizeram antes do

retorno de 30 dias e 468 em outro momento do acompanhamento.

Acesso Para ter acesso à PrEP, o paciente passa por uma avaliação com profissionais de saúde, que verificam o compromisso em aderir ao medicamento, o comportamento sexual (número de parceiros e práticas) e o estilo de vida, entre outros fatores.

Alguns exames também são necessários antes do início do tratamento. Três são obrigatórios: teste de HIV, teste para hepatite B e avaliação da função renal. Quem adere à terapia, deve, além de tomar o comprimido diariamente, fazer visitas regulares ao serviço de saúde para ver como o organismo está reagindo aos medicamentos - o Truvada pode causar problemas renais, além de perda de massa óssea - e realizar exames, como o teste para o HIV, a cada três meses. Caso haja infecção durante o período, a medicação é interrompida, e antirretrovirais passam a ser ministrados a fim de evitar que o vírus fique resistente às drogas do tratamento.

No Acre Segundo Junior Feitosa, do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde do Estado do Acre (SESACRE), a implementação da PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS) vem

ocorrendo de forma gradual em todo o país. A previsão é de que o estado do Acre implemente o medicamento em todos os 23 municípios nos primeiros meses de 2020. Ainda de acordo com Feitosa, existe uma série de critérios que são levados em conta antes da indicação da PrEP, como o número de parceiros sexuais, os outros métodos de prevenção utilizados, o compromisso com a adesão ao medicamento, entre outros. Quando submetido ao tratamento da PrEP, o usuário será acompanhado por um médico de referência dentro do serviço de assistência especializada, e precisará realizar exames periódicos a cada 6 meses.

Feitosa destaca que existem efeitos colaterais, principalmente nos primeiros meses de uso, sendo as principais deles de natureza gastrointestinal. Tais efeitos aparecem geralmente logo após o início da ingestão diária do Truvada (combinação dos antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina) – o medicamento utilizado na PrEP -, e tendem a desaparecer em até três meses. “Os sintomas mais comuns relatados são náusea, dor abdominal, flatulência, vômito, tontura e fadiga, os dois últimos classificados como de natureza não gastrointestinal”, explica. Em Rio Branco, a rede municipal possui uma Central de Testagem chamada CTA, que fica localizado na Unidade de Referência de Atenção Primária (URAP) Cláudia Vitorino. No local, as pessoas podem acessar o serviço e, caso diagnosticada alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), já começa o tratamento.

Falta de Medicamento M.L.P, de 22 anos, faz o tratamento com a PrEP há um ano.

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Madu Stürmer

Estado do Acre deve receber medicamento nos próximos meses

Ápos abuso, paciente começa a utilizar medicamento

Ele reside na capital do Acre, é estudante do ensino superior e precisou utilizar o tratamento depois de ter sofrido abuso sexual. “Estava de férias e fui atendido em um hospital. Havia sido vítima de estupro, então fui fazer os exames necessários e comecei a tomar a PrEP”, revela. O usuário conta que retornou para Rio Branco e foi realizar exames para checar se havia contraído HIV. “Consumi durante 60 dias a PrEP, quando terminei de tomar já estava em Rio Branco, fui na policlínica Barral y Barral fazer os exames para verificar se havia contraído HIV ou alguma IST, aproveitei também para levar o encaminhamento que me deram em São Paulo, para continuar tomando a PrEP, mas a médica que me atendeu aqui em Rio Branco me disse que esses métodos ainda não tinham chegado no Acre, ou seja, não tinha PrEP”, relata. O remédio também causa efeitos colaterais. “Senti muitos problemas gastrointestinais, como azia, gastura, tontura, e sentia que tudo que eu comia, dava vontade de vomitar, horrível... Eu comecei a comer bastante, porque toda vez que estava de estômago vazio, me sentia mal’’, disse. De acordo com o Ministério da Saúde (MS) a PrEP pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, que duram em torno de uma a duas semanas, como náuseas, vômito, mal-estar e dor de cabeça. O entrevistado comentou que não tem o acompanhamento de um médico. A falta de informação sobre a pílula pode ser um problema para o acesso ao medicamento. “É pouco divulgado aqui, e até onde eu sei, ainda não tinha chegado o medicamento aqui na cidade, mas que estava chegando”, concluiu. ________________________________________ EVANDER OLIVEIRA LUCAS VITOR MADU STÜRMER PAULO WEINBERGER


Setembro Amarelo: um basta ao silêncio sobre o suicídio Segundo Ministério Público do Acre, em 2018 foram 394 casos de suicídio no Estado, contra 356 em 2017

somente de segunda a sexta tanto de manhã como de tarde, porém nesses horários quem chega não precisa ficar aguardando o atendimento pois ele não é agendado. É realmente um plantão para aquele momento emergencial”, diz Andreia Vilas Boas.

Ações do Ministério Público do Acre

Reconhecer a necessidade de ajuda é o primeiro passo. Foto: Clara Lis Martins

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015, com o objetivo de quebrar o tabu acerca da questão e promover debates a respeito de transtornos psicológicos. Essa é uma das campanhas mais famosas no País, pois com o passar dos anos houve um aumento significativo no número de casos de mortes por essa razão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil, em 2010, foram registrados 5,7 suicídios a cada 100 mil habitantes, número que subiu para 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes, em 2016. Há diversos fatores que podem levar alguém a ter pensamentos suicidas, sejam eles econômicos, sociais (gênero, raça, orientação sexual, doenças psicossomáticas, etc.). O Setembro Amarelo, além de trazer visibilidade para o tema, acaba por orientar as pessoas a ficarem mais atentas aos seus amigos e familiares que possam estar passando por momentos de crise. Doenças psicológicas são uma questão a ser desmistificada, a maioria da população tem um julgamento errôneo sobre esses transtornos mentais, qualquer aspecto fora da “normalidade” é considerado, sob essa perspectiva, sem importância, algo controlável ou falta de Deus. O psicólogo Ocimar Leitão, que é especialista em políticas públicas, explica que ações e campanhas associadas ao tema como, por exemplo, o Setembro Amarelo, são uma necessidade da sociedade, pois tais ações têm o potencial de esclarecer a população à respeito do assunto. Além disso, essa aproximação pode auxiliar na superação de mitos e sensibilizar a sociedade para o acolhimento de pessoas em sofrimento e com potencial risco de suicídio. “Embora não disponha de elementos

científicos, avalio como importante o interesse e a mobilização da sociedade civil para discutir a temática do suicídio, especialmente no mês de setembro. Atividades desenvolvidas por meio de rodas de conversa, palestras, entrevistas em rádios e fixação de cartazes colocam em evidência o tema que contribui para potencializar um movimento de cuidado e atenção ao sofrimento humano”, pondera. O psicólogo explica que trabalha efetivamente no projeto desenvolvido pela equipe do Núcleo de Apoio à Psicologia Educacional e Escolar, setor que faz parte da estrutura organizacional da Secretaria de Educação do Estado do Acre (SEE). “Nesse setor, desenvolvemos projetos de pro-

esse comportamento auto infligido”, continua Leitão. O psicólogo afirma, ainda, que não existe nenhum projeto milagroso ou revolucionário: “A efetividade deriva da constância das ações que promovem o conhecimento e do fortalecimento da rede de apoio psicossocial”, considera.

Atendimento público de qualidade Uma das medidas tomadas no serviço público do Acre foi iniciativa da psicóloga Andreia Vilas Boas, que percebeu uma entrada maior de casos de suicídio no Pronto Socorro - Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, em 2012. Esse fato cha-

Clara Lis Martins

Vida

O sentimento de aprisionamento da própria mente é um sintoma comum

moção à saúde mental destinados a alunos matriculados na rede estadual de ensino. São ações de prevenção ao bullying e à autolesão, por exemplo, sendo esses fatores de risco para o comportamento suicida”, afirma.

mou sua atenção e a fez ficar mais atenta às tentativas de suicídio. Ao perceber que a demanda só aumentava, ela começou a recolher os dados do Instituto Médico Legal (IML), para então cruzar com os do hospital, e percebeu que a Palestras, rodas de con- maioria dos falecidos já havia pasversa, grupos terapêuticos e es- sado pela unidade hospitalar por cutas individuais são estratégias tentativa de suícidio. para disseminar conhecimento e Foi quando a profissional ajudar a população. “Importante decidiu dar início ao projeto do destacar que a temática da autole- plantão psicológico em 2014. Dessão é destinada somente a profes- de então, o Hospital Urgência e sores, equipe gestora e ao pessoal Emergência de Rio Branco atende de apoio, pois esses profissionais casos de crises, no entanto, não é convivem diariamente com os possível fazer o acompanhamento alunos e a partir dessa formação psicológico no local. Os pacientes dispõem de mais recursos para atendidos acabam sendo encamiidentificar e acolher crianças e/ nhados para a rede de atenção psiou adolescentes que apresentam cossocial. “O atendimento é feito Dezembro de 2019

De acordo com o Ministério Público do Acre (MPAC), no Estado, houve 394 casos de suicídio em 2018, contra 356 ocorrências em 2017. A procuradora de Justiça do MPAC, Gilcely Evangelista de Araújo Souza, afirma que há cerca de 3 anos organizou a campanha do Setembro Amarelo no Acre. Sua iniciativa surgiu por dois motivos: por ter sido diagnosticada com depressão e por observar os altos índices de tentativas de suicídios e automutilação nas unidades de saúde do Estado. “Eu posso passar por isso, então foi uma ideia mais de cunho pessoal que eu quis exteriorizar para a população” desabafa. O intuito da procuradora é chamar a atenção dos cidadãos para as formas de prevenção, lembrando que todos devem ajudar. Assim, o MPAC atua conjuntamente com clínicas de psicologia de universidades privadas do Acre para atender pessoas que possam apresentar esse problema. “O que acontece é que nós temos poucos profissionais na área de saúde voltados para a saúde mental. São oito psiquiatras em Rio Branco e poucos psicólogos que fazem atendimento na rede pública. Mesmo com as faculdades e universidades contribuindo, ainda é pouco para a grande demanda ”, conta Evangelista. Muitas pessoas não sabem como reagir diante de um familiar ou amigo que esteja com um comportamento diferente do usual. Para que se fique atento aos possíveis sintomas, pode-se observar reações como desânimo, fadiga, angústia e insônia, quando persistem com maior frequência. Nesses casos é necessário, principalmente, acolher e escutar a pessoa sem realizar julgamentos. Num segundo momento é imprescindível o acompanhamento de um especialista ou psiquiatra. ________________________________________ Ana Thaís clara lis Julia progênio

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História

Revolução Acreana: invencíveis e grandes na guerra Oh pátria amada...Brasil

A Revolução Acreana, uma guerra travada entre brasileiros e bolivianos pelo território hoje conhecido como Acre, iniciou-se em julho de 1899, mas apenas em 1903 os brasileiros venceram a disputa armada e foi assinado o Tratado de Petrópolis, que declarava o Acre como parte do Brasil. Em 2019, a Revolução Acreana completou 120 anos, sendo, ainda, o evento de maior importância na história do estado do Acre. A estudante Julia Aguiar não estava nem perto de nascer quando a Revolução Acreana se iniciou, em 1899, mas agora aos nove anos de idade, ela

ouviu a mãe falar sobre a luta mais importante do povo Acreano. “Foi o embate do Brasil contra a Bolívia pelo Acre. Eu sei disso por que perguntei para minha mãe quando vi passando no jornal. Fiquei curiosa, como nunca tinha estudado sobre o assunto, precisei tirar essa dúvida com alguém” explica a estudante. O historiador Marcus Vinicius diz que prefere denominar esse movimento de Guerra do Acre, haja vista que não houve uma mudança no modo de produção econômica para ser considerada uma revolução. Segundo ele, o que houve foi uma mudança política e territorial. Apesar dos livros de história visarem principalmente os acontecimentos a partir da entrada de Plácido de Castro na luta, à Revolução Acreana começa muito antes. Existindo pelo menos três importantes confrontos, envolvendo centenas de pessoas. Sendo eles, por ordem cronológica, de acordo com o historiador e escritor Marcos Vinicius Neves, os seguintes: o primeiro movimento, que deu início à Revolução Acreana, foi o que conhecemos por Primeira Insurreição Acreana. Quando os brasileiros tentaram invadir o povoado Puerto Alonso, fundado por bolivianos na linha divisória entre Acre e Bolívia, mas foram expulsos. O segundo aconteceu com a República do Acre, de 14 de julho de 1899 até 15 de março de 1900, quando Luiz Galvez, jornalista espanhol, em 1900, em prol de um Acre brasileiro, foi ao território acreano e fundou um

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estado independente onde o próprio governaria. Em 14 de julho de 1899, Luiz Galvez proclamou o estado independente do Acre dizendo: Já que nossa pátria não nos quer, criamos outra’’. Mas em 1900, Galvez foi preso e em março do mesmo ano, declarou-se extinto o estado independente do Acre, que acabou sendo devolvido pra Bolívia. O terceiro movimento aconteceu em dezembro de 1900 com a Expedição dos Poetas, quando as autoridades bolivianas se estabeleceram no território acreano, em Manaus. O fim do conflito entre Bolívia e Brasil causou revolta em Manaus, já que perderiam milhões por conta dos impostos da borracha acreana. Em razão disso, organizaram reuniões entre pessoas interessadas na continuidade do conflito com a Bolívia, e em dezembro de 1900, partiram em uma expedição em direção ao Acre, conhecida como Expedição dos Poetas, e atacaram os bolivianos, que os colocaram para correr. Conhecido como personagem principal da Revolução Acreana, José Plácido de Castro, entra na história apenas em 1901, quando os brasileiros que residiam no Acre, com medo de ataques, procuraram por alguém com experiência militar e o en-

contraram. Castro foi o responsável por comandar a guerra armada contra a Bolívia, que começou no dia 6 de agosto de 1901 e durou até 24 de janeiro de 1903, quando as tropas acreanas tomaram Porto Acre, vencendo a guerra contra os bolivianos. A Revolução Acreana acabou apenas quando o governo brasileiro mudou de presidente, tendo assumido Rodrigues Alves, que começou uma negociação pelo Acre. A negociação se estendeu até 17 de novembro de 1903 com a assinatura do tratado de Petrópolis, onde o Brasil comprou o Acre da Bolívia. O tratado não acabou totalmente com a guerra, pois continuava em aberto a situação com o Peru, que ainda era dono do Juruá. Entre 1904 e 1905, aconteceram conflitos, inclusive armados, entre brasileiros e peruanos, e apenas em 1909, foi assinado o tratado com o Peru, cessando de vez os conflitos.

Conflitos Apesar da importância da Revolução Acreana para os acreanos, nem todos concordam em como a história foi feita. A guerra armada comandada por Castro foi a fase mais sangrenta da Revolução, e possivelmente da história Acreana, e até hoje não é possível saber o número exato de mortos durante os conflitos armados.

_____________________________________ BIANCA CABANELAS EDUARDO MENEZES MATHEUS MELLO VITOR FROTA

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ConvergÊncia

Após 37 anos, jornal Varadouro retorna em versão online Informativo busca alcançar mais pessoas em defesa das causas ambientais e sociais na Amazônia

Versão online do jornal no Facebook. Foto: Deylon Félix

O nome Varadouro signif icava para os índios e seringueiros um

caminho entre a floresta. É isso que fomos anos atrás e seremos agora, caminhos para aqueles que não o possuem. Uma voz que luta pela preservação da Amazônia e dá visibilidade para

solucionar problemas que estamos enfrentando”, defende Martins.

Para combater as polêmicas envolvendo a gestão presidencial de Jair Bolsonaro com seus discursos antiambientalistas e o fortalecimento do agronegócio pelo governador do Acre, Gladson Cameli, o veículo é recriado como ferramenta de defesa das comunidades locais e da floresta Amazônica. A nova equipe do Varadouro é composta por Elson Martins, Valéria Nascimento como editora, Priscila Cristina na função de chefe de reportagem, Alexandre Noronha na fotografia e vídeo e Hannah Lydia nas redes sociais. Além deles, o jornal conta também com a ajuda de outros colaboradores que contribuem com textos e sugestões de pautas. “O jornal é um canal colaborativo, participativo, de denúncia social que é do povo e a cara do Acre. Que não veio para servir a empresários ou políticos e que busca continuar cumprindo o mesmo papel de quando começou, agora com este novo formato que irá tentar alcançar muito mais pessoas”, afirma a chefe de reportagem,

Priscila Cristina. Além do Facebook e Instagram, o jornal tem previsão de lançamento do seu site para o início de 2020, e posteriormente disponibilizará um canal no youtube.

Memória O Varadouro foi um importante jornal acreano na narrativa das batalhas que aconteciam no Estado no período de 1977 a 1981. Ao todo, foram produzidas 24 edições distribuídas nas 27 capitais do território brasileiro. Unidos pelos conflitos e sonhos, Elson Martins, Silvio Martinello, Arquilau de Castro, Antonio Marmo, Alberto Furtado, Suede Chaves, Terry Valle, e Abrahim Furtado são alguns dos colaboradores que se preocupavam em dar voz ao povo e valorizar o homem da floresta. Em toda a sua história, o periódico se destacou por ser um dos primeiros a entrevistar o líder seringueiro, ativista e ambientalista Chico Mendes, que posteriormente se tornou

colaborador ativo do veículo de comunicação. Com publicações que serviam como sinônimos de resistência, o jornal das selvas chegou a distribuir 7 mil exemplares em sua 20ª edição. Continha em sua capa uma homenagem a Wilson de Souza Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, que foi assassinado em fevereiro de 1981. O jornal participa, ainda hoje, da coleção do Instituto Vladimir Herzog como um dos 60 jornais alternativos criados para expor os horrores da ditadura militar. Possui também um memorial na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco, no Acre, com peças que compunham o espaço de suas atividades durante os seus 4 anos iniciais.

O fundador

dura militar, assim sendo motivado a se opor contra a insegurança e opressão através da imprensa alternativa, criando o espaço onde verdades que eram encobertas poderiam ser ditas, denunciando os malfeitos realizados pelo governo. Carlos Alexandre

Lançado em 1977 com o objetivo de dar voz às histórias dos povos acreanos e visibilidade à questão ambiental, o jornal Varadouro retorna suas atividades como meio alternativo de informação. Em formato digital, suas atuais publicações começaram a ser disponibilizadas nas redes sociais em fevereiro deste ano, no momento em que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionou durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, a relevância da atuação do seringueiro, ativista e ambientalista Chico Mendes. Segundo o diretor geral do Varadouro, Elson Martins, a política atual pode ser ainda mais ameaçadora que anteriormente e o informativo servirá como um espaço de voz para a região, além de encorajar o surgimento de outros jornais em torno desta luta.

Elson Martins, diretor geral do jornal Varadouro

Depois de anos de andanças pelo Brasil, estudando e se especializando, Martins retornou para seu Estado, encontrando-o diferente de tudo que conhecera no passado. Na época, o governo havia decidido transformar a Amazônia em um grande pasto, com projetos que beneficiavam os extrativistas e permitiam o desmatamento e as queimadas, nesse momento se mostrou mais do que necessário o espaço de denúncia que o Varadouro criava.

Acompanhe o jornal Varadouro nas redes sociais jornalvaradouro

Elson Martins, acreano jornal_varadouro nascido no seringal do Rio Iaco, em Sena Madureira, é um jorna_________________________________________________ lista que bem jovem vivenciou a Andressa Pires barbaridade e as ameaças da dita- Deylon Félix

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“Eu traduziria empate como resistência, mas resistência em formato de cultura, em formato de arte, enfatizando principalmente a poesia, a luta e todas as formas de manifestação da arte” Concita Maia

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