Graffiti RB
Prefeitura Municipal de Rio Branco Fundação Municipal De Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil
Socorro Neri Prefeita
Márcio Oliveira do Carmo Chefe da Casa Civil
Graffiti RB
Aberson Carvalho de Souza
Secretário Municipal de Meio Ambiente
Sérgio de Carvalho
Diretor Presidente da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil
Socorro Camelo
Diretora do Departamento de Comunicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R585g
Graffiti RB. Prefeitura Municipal. Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil, Rio Branco - Acre, 2019
124 p. : il. col. ISBN: 978-65-80734-00-9 1. Grafitos. 2. Arte urbana. 3. Contracultura. I. Título. CDD 22. ed. 741.98112 Bibliotecária Maria do Socorro de O. Cordeiro – CRB 11/667
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1a edição Rio Branco - AC 2019 3
A
arte urbana tem o poder de causar identificação e dialogar diretamente com a urbe. Sem intermédios. Do artista para o cidadão. A cidade é galeria livre, aberta, em transformação. Os muros, as paredes, as praças pintadas traduzem o espírito da sociedade, do espaço-tempo do artista. Muitas vezes, arte de revolta e indignação. Outras, de puro encantamento. Riscos gráficos, cores harmonizadas, traços que se confundem com a geometria desigual das paredes, nos despertam e nos permitem a sensação poética, a abstração da rotina pesada e cotidiana. Nos trazem o momento sagrado da contemplação. A cidade ganha seu espaço de provocações éticas/estéticas; somos presenteados com o desassossego do artista perante o mundo. De forma democrática, livre aos olhos de todos, o graffiti é a janela da sociedade.
Por aqui, neste Acre, o graffiti nos fala do que temos de mais profundo: a nossa identidade. A arte urbana passa a traduzir e representar temas da floresta e nos lembra que estamos cercados por 14 etnias indígenas, por centenas de igarapés e rios, flores, folhas e troncos. Que temos uma história épica, de revolução, escravidão e luta. Outra característica da arte urbana é a sua impermanência. Os próprios artistas entendem que a sua arte é transitória, pois, está sujeita as ações do tempo, as releituras de outros artistas, as demolições e recriações resultantes da própria dinâmica da cidade. Inclusive, sujeita aos entendimentos de gestões políticas. Com a intenção de reconhecer o trabalho dos artistas urbanos e a sua contribuição para a nossa cidade, a Prefeitura de Rio Branco, por meio a Fundação Garibaldi Brasil, tem a honra de apresentar este trabalho, o livro "Graffiti RB". Uma obra que busca retratar o espirito de nossa sociedade por meio de seus muros, apresentar a cidade por meio de seus artistas e intervenções, criando sensações mais que significados. Rio Branco é a principal personagem deste livro, como uma atriz, que a cada página, a cada graffiti, se maquia para um número, ora alegre, ora nostálgico, ora reflexivo.
A Prefeitura Municipal vem desenvolvendo uma política de valorização, proteção e reconhecimento das artes urbanas, pois compreende esta expressão do hip hop, como fundamental para a expressão da própria cidade. A alma rio-branquense traduzida pelos artistas que por aqui passam e discutem a cidade em cores, sensibilidade e formas.
O livro já nasce desatualizado, pois neste exato momento, talvez um destes graffitis aqui representados, já não exista ou sofreu modificação. Neste sentido, não é um catálogo nem um mapa, mas sim, a tentativa vã de capturar um sentimento de cidade.
Sérgio de Carvalho Diretor Presidente da Fundação Garibaldi Brasil
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APRESENTAÇÃO
H revelou nossas paisagens, tipos humanos, costumes e cultura com uma pluralidade de visões extraordinária. Foi a forma
á pouco mais de um ano a Prefeitura de Rio Branco publicou um belo livro. Resultado de um concurso de fotografias que
que encontramos para fortalecer essa linguagem artística que estabelece um jeito poético e afetivo de se relacionar com a cidade. Agora, a Prefeitura publica outro livro contando a história e valorizando o grafitti que se vem fazendo em nossas ruas, praças e bairros. Uma linguagem artística profundamente democrática já que está ao alcance e desfrute de todos os moradores da cidade, independente de idade, renda, crença religiosa ou opção política. Uma expressão estética cujo recente desenvolvimento já alcança grande reconhecimento no Brasil e no exterior por sua qualidade, força e originalidade. O evento RB Graffiti vem crescendo ano a ano, resultado do trabalho de nossos artistas. Mas, também, das políticas culturais de longo prazo que a Prefeitura vem implementando de forma democrática desde as gestões dos prefeitos Raimundo Angelim e Marcus Alexandre e agora em nossa gestão. Um dos mais evidentes resultados do processo inclusivo e participativo estabelecido por nosso avançado Sistema Municipal de Cultura, a cargo da FGB, é o fato de que os próprios artistas, produtores e segmentos sociais definem junto conosco os rumos das ações públicas municipais voltadas para a cultura em suas mais diversas áreas e linguagens. Atualmente, o graffiti desenvolvido no Acre alcança uma expressão cosmopolita que não fica a dever em nada a outros grandes centros urbanos, ao mesmo tempo em que dá voz ao pensamento, aos anseios, à realidade cotidiana de nossa juventude. É característico do grafitti sua brevidade. O tempo desgasta severamente essas obras de arte que logo são substituídas por novas artes quando possível. Por isso é tão importante registrar, documentar os painéis, murais, mutirões dos grafiteiros. É uma forma de reconhecer, não esquecer, como esses meninos e meninas embelezam, humanizam e exercem suas críticas sobre os problemas da contemporaneidade. Assim, da mesma forma como todos os dias me sinto honrada pela oportunidade de trabalhar por nossa cidade, também fico muito orgulhosa por publicar este livro que multiplica ainda mais a duração e a extensão do bem que a arte faz em nossa cidade e, em última instância, para todos nós cidadãos que construímos nossas vidas e nossa possibilidade de sermos felizes, em Rio Branco, nossa cidade, nossa casa.
Socorro Neri
Prefeita de Rio Branco 5
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FOTO: ASSIS LIMA
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ESCOLA PROFESSORA RAIMUNDA SILVA PARÁ Cidade do Povo 1
Autores (2) Tino Txai, Opsi (3) Fred Tattoo; (4) Matias; (5) Isma, FAT; (6) Mahá; (7) Dent; (8) Jr. TRZ; (9) AlaGnu,CAS; + Ngreen, Bru, ESA, Wil, Samu, Opsi, AlaGnú e alunos da oficina.
Data 04 e 05/11/2017 // Endereço Escola Professora Raimunda Silva Pará - Avenida Afif Arao Setor 03, n.1598 // Graffiti e Arte nas Quebradas, projeto da TRZ Crew, aprovado pela Fundação Garibaldi Brasil, que ofereceu oficinas de introdução as artes urbanas para estudantes de 10 a 14 anos, além de batalha de rap e intervenções de graffiti. // Fotos Ivan Portela.
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ESCOLA REINALDO PEREIRA DA SILVA RESIDENCIAL ROSALINDA
Autores (1) Isma, (2;3;5;6;8) Opsi, (4) Jr. TRZ, (7) Vandsmile e Janis; + AlaGnú, ESA Data Dezembro/2017 Endereço Rua Terra Dourada, 1157 - Res. Rosa Linda // Mutirão para revitalizar o muro da escola e interagir com a juventude do bairro. // Fotos Talita Oliveira; Wallace Silva
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CASA ROSA MULHER Cidade Nova Autoras/Participantes Nina Veras, Ana Kassia, Lidiane Cabral, Lídia Sales, Lisangela Pazinato, Nathali Paula, Antônia Maria, Vera Lúcia, Amanda Gomes, Marta Daniela, Andréia Gongalez, Gelly Café, Valéria Vieira, Maria da Liberdade, Jocimara Godoi, Bruna Lima, Concita Maia, Elza Lopes, Vandsmyle Neves, Ester Anedino (organizadora). Data 09/06/2018 // Endereço Rua Nova Andirá, 339 – Cidade Nova // Workshop de Graffiti para Mulheres realizado na Casa Rosa Mulher, como parte da programação do RB Graffiti 2018 Encontro Internacional de Graffiteiros. O workshop foi ministrado pela artista amazonense Chermie Ferreira. // Fotos (1) Assis Lima; (2-7) Talita Oliveira
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BECO DO MIJO Seis de Agosto Autores Dedé, Isma, Janis, Jr. TRZ, Tino Txai, FAT e alunos da oficina.
Data 2015; 2016 // Endereço Travessa Natanael de Albuquerque – 6 de agosto // Atividade de encerramento da Oficina de Stencil Fotográfico, realizada pelo SESC, ministrada por Dedé. A oficina teve duração de 60 horas e contou com a participação de 15 jovens // Fotos (1;2; 7-10) Talita Oliveira; (3;4) Danilo de S´Acre
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RUA 24 DE JANEIRO Seis de Agosto Autores (1;4) Isma, Dedé e FAT; (2) Dedé e FAT; (3) Tino Txai; (4) Isma Data 2017 // Endereço Rua Vinte e Quatro de Janeiro, 115 - Seis de Agosto // Fotos Talita Oliveira
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ANTIGA SEDE DOS CORREIOS Seis de Agosto Autores (3;4) Tino Txai; (5;6) Aho; (7) Goms e Dedé
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Endereço Via Chico Mendes, 408 - 6 de Agosto // Fotos Talita Oliveira
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PORTO DA CATRAIA Seis de Agosto Autores Dedé e CAS
Data 2014 // Endereço Porto da Catraia - Seis de Agosto // Fotos (1) Talita Oliveira; (2;3) Jessé Luiz
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QUADRA POLIESPORTIVA SEIS DE AGOSTO Autores (1) Sheep, Rabsk, Edinho, Mahá, Tosh, Babu Seteoito; (2) Barba; (3) JuCosta; (4) Goodmood; (5) Devis; (6) Tosh; (7;9) Edinho; (8) Dsom, Babu Seteoito; + Acre Dedé, Tino Txai, Matias, Jr. TRZ, ESA, Desh, Will, Samu, DEB, Vandsmile, CAS, Ngreen, Isma, Street, Opsi, FAT, Fred Tattoo, Danilo de S´Acre, JBS, Lorin, ZK, DNT, K.L, Mahá, Derson Amazonas Adonay, Chermie Bahia Manolo Distrito Federal Musgo Espírito Santo Moska Goiás JOKA Mato Grosso Sampa92 Natal C.O Paraná Gardpam, Isaac, Liberta193, Amém Rio De Janeiro Barba Rondônia Dent, Leo Graf, Nathe São Paulo Joks Tocantins Sandro Rios Bolívia Rico Colômbia Sony, Krone Peru CIAM, Onaser Itália Goodmood Data 08/06/2018 // Endereço Quadra Poliesportiva da 6 Agosto – Travessa Cearense, 255 – 6 de Agosto // RB Graffiti 2018 - Encontro Internacional de Graffiteiros // Fotos (1-3) Assis Lima; (4) Cassiano Marquez; (5-8) Talita Oliveira; (9) Fabiano Carvalho
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RUA ÁFRICA Seis de Agosto Autores (2) Ju Costa, Edinho, Rabsk, Mahá, Rico; (3) Sampa; (4) Mahá; (5;6) Amém, Devis, Isaac e Wagner; (7) Barba; (8) Rico; (9) Street, Tino Txai e Samu; + Acre Dedé, Matias, Jr. TRZ, ESA, Desh, Will, DEB, Vandsmile, CAS, Ngreen, Isma, Street, Opsi, FAT, Fred Tattoo, Danilo de S´Acre, JBS, Lorin, ZK, DNT, K.L, Derson Amazonas Adonay, Chermie Bahia Manolo Distrito Federal Musgo Espírito Santo Moska Goiás Phanton Mato Grosso Babu Seteoito, Sampa92 Natal Sheep, C.O Paraná Gardpam, Isaac, Liberta193, Amém Rio De Janeiro Barba, Tosh Rondônia Dent, Rabsk, Leo Graf, Nathe São Paulo Edinho, JuCosta Bolívia Rico, Reep Colômbia Sony, Krone Itália Goodmood Data 09/06/2018 // Endereço Rua África – 6 de Agosto // RB Graffiti 2018 – Encontro Internacional de Graffiteiros // Fotos (1;3) Ramon Aquim; (2) Danilo de S´Acre; (4) Assis Lima; (5,6;8,9) Janaína Christina; (7) Fagner Delgado
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RUA SEIS DE AGOSTO Autores (1) Gardpam, Tino Txai, Edinho, Manolo Sheep e C.O; (2) Goodmood; (3) Gardpam; (4) Goodmood, Joka e Barba
Data 09/06/2018 // Endereço Rua África – 6 de Agosto // RB Graffiti 2018 – Encontro Internacional de Graffiteiros // Fotos (1) Danilo de S´Acre; (2-4) Talita Oliveira
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Desde que o homem é homem pinta as paredes de pedra da caverna para revelar quem é e o que viveu.
Graffito ou graffiti (no plural) significa, em italiano, escrita feita com carvão. Daí o nome grafite no lápis. Chamavam assim também as inscrições e pinturas feitas nas paredes da Roma Imperial, há dois mil anos.
Em maio de 1968, o movimento da Contracultura se apropriou de paredes, monumentos e muros de Paris com inscrições poético-políticas que propunham uma nova sociedade: mais justa, libertária e criativa. Espalhou pelo mundo, então, a consciência da liberdade necessária para cada um de nós, em forma de arte.
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Dá-se a primeira transgressão humana. Em desobediência à ordem natural das coisas, homens imprimem marcas nas pedras frias e vazias, que, imediatamente, deixam de ser pedras e tornam-se, irremediavelmente, expressão de sua arte.
Graffitis se espalharam pelas cidades e foram se tornando cada vez mais valorizados. Hoje, grafiteiros brasileiros estão entre os melhores do mundo, com trabalhos em diversos países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros. Em Rio Branco não é diferente.
Quando os anos de chumbo das Ditaduras Militares pesaram sobre a vida, por todos os lados da Latino América, palavras de ordem e de protesto em muros e fachadas revelaram: resistir é preciso.
Em Nova York, nos anos 70, comunidades latinas, afro-americanas e jamaicanas criaram, a partir do bairro do Bronx, novas formas de expor sua dor antiga. Assinaturas em códigos nas esquinas, estações e trens de metrô demarcaram territórios e o movimento Hip Hop surgiu como “rebelião tribal contra a opressora civilização industrial” (Norman Mailler). Entre eles Basquiat, imigrante haitiano negro, que transformou sua indignação em arte.
O graffiti libertou a arte dos museus e galerias ao conquistar ruas e prédios. As periferias ocuparam o centro e as cidades foram obrigadas a enxergar as múltiplas culturas que abrigam. Ainda assim no mundo global do século XXI, mais que linguagem artística, o graffiti permanece sendo o que é desde o início: transgressão e liberdade. 31
CENTRO
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FOTO: TRZ CREW
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MERCADO VELHO Autores (1) Isma; (2) Bansky; (3,4;7) CAS e Ngreen; (4;6) Dedé; (5) Mahá Data 2013;2019 // Endereço Rua Epaminondas Jácome // 2013 – Cores da Cidade; 2019 – Carnaval, homenagem a Marujada // Fotos (1;4;5) Talita Oliveira; (2;6) Danilo de S´Acre; (3;7) Ramon Aquim
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EPAMINONDAS JÁCOME Autores (1;2;4) Tosh; (3;5) Musgo, Gardpam, Sampa92; (6) Tino Txai, Musgo, Gardpam
Data 2012; 2018 Endereço R. Epaminondas Jácome, 2858 – Centro // 2012 – O Acre Existe a produção do graffiti O Pajé da Ayahuasca, é uma das cenas do documentário O Acre Existe, dirigido por Bruno Graziano, Milton Leal, Paulo Silva Jr. e Raoni Gruber. Fotos (1;4) Tiago Tosh; (2) Bruno Graziano; (3;5;6) Talita Oliveira
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ENTRE PONTES
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Autores (1,2) Mahá; (3,4) Jr. TRZ; (5) Tosh
Data 2010; 2014; 2016; 2018 // Endereço Ponte Juscelino Kubitschek (ponte metálica) e Passarela Joaquim Macedo // 2016 – Graffiti para o Batalha da Ponte, evento que promove disputas de rap entre MCs acreanos; 2018 – Homenagem ao MC Dinho, assassinado em 2017. Fotos (1;2) Danilo de S´Acre; (3,4) Júnior Portela; (5) Val Fernandes
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MERCADO DOS COLONOS
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Autores 1) Rico, CAS, Jr. TRZ, Tino Txai; (2) Dent; (3) Janis; (4) Street; (5) Mahá; (6) Danilo de S´Acre; (7) Dedé; (8) CAS +RicoBob, Andyno, Desh, ESA, Samu,NGreen, Isma
Data 2014;2017 // Endereço Rua Arlindo Leal, 364 – Centro // Em setembro de 2014, quatro lideranças indígenas da Comunidade Nativa Alto Tamaya–Saweto, no Peru, foram assassinadas. O graffiti foi uma homenagem do Festival Pachamama – Cinema de Fronteira aos indígenas. 2017 - RB Graffiti Encontro Internacional de Graffiteiros. // Fotos Talita Oliveira
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EDIFÍCIO SANTOS Autores TRZ Crew – Jr. TRZ, Desh, Wil, Samu. Participação: Matias Souza Data setembro/
2017 // Endereço Rua Benjamin Constant, 977 – Centro // O mural Amazônia Livre Resistência Sempre, mede 16 metros de altura por 12 metros de largura e é o maior graffiti do Acre. A produção do mural levou dois meses, usando mais de 100 latas de spray e dez galões de tinta. // Fotos (1) Danilo de S´Acre; (2) Júnior Portela
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AVENIDA BRASIL Autores (1-3) Isma; (4) Janis Data 2016; 2018 // Endereço Avenida Brasil, 99 – Centro // 2016 - Atividade da Oficina de Stencil Fotográfico, realizada pelo SESC, ministrada por Dedé. Fotos (1;3;4) Talita Oliveira; (2) Danilo de S´Acre
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COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO RIO BRANCO Autores Hélio Melo (pintura) e Dedé (stencil)
Data setembro/2012 // Endereço Colégio Estadual Barão do Rio Branco - Av. Getúlio Vargas, 232 – Centro // Fotos Dhárcules Pinheiro
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RUA RUI BARBOSA Autores (1;2;5) Matias; (3) Gardpam
Data 2017 // Endereço R. Rui Barbosa, 450 – Centro // Fotos Talita Oliveira
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MUSEU DA BORRACHA
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Autor Tosh
Data 2011// Endereço Museu da Borracha – Avenida Ceará, 1441 – Centro // Fotos (1) Cinthia Davanzo; (2-4) Tiago Tosh; (5) Danilo de S´Acre
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GETÚLIO VARGAS Autores (1) Tosh, (2;4)Tino Txai,(3) Babu Seteoito
Endereço Getúlio Vargas, s/n // Fotos (1;3) Val Fernandes; (2;4)Talita Oliveira
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HQ DA REALIDADE Avenida Ceará Autores Coletivo CAUA - Wil, Samu, Opsi, JBS, Isma, DEB, Mahá, Desh, CAS, Street, Dedé, Fred Tattoo, Matias, Devis, Jr. TRZ, Ngreen, ESA, Vandsmile, FAT.
Data Março/2018 // Endereço Avenida Ceará, 2045 – Centro // Abertura do RB Graffiti – Encontro Internacional de Grafiteiros // Fotos Assis Lima
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“A arte de pôr poesias abstratas em muros concretos. Correr o risco de sair a spray-tar muros na calada da noite e grafitar sonhos, poemas, ilusões e alusões. O pensar, o sair a riscar que por fim se completam na fotografia, artistas anônimos... Correr o risco de ser flagrado, na arte de não se deixar flagrar, no delito de praticar a arte do spray. Delito ou não, arte-door é a solução de fazer, ser e estar, colocar nos muros a arte de transcender a noite, ao lado de um muro, no exercício da arte proibida: o grafitti.” Texto de Silvio Margarido no Fotografitti – A incrível arte de sprayt’arte, 1981 “Nos anos 70, durante a Ditadura Militar, um grupo de garotos sem noção com noções de extrema coragem, audazes, manifestavam suas ousadias e expressões ‘artísticas’ nos muros da cidade de Rio Branco. (...) Em Rio Branco ainda não tinha televisão, somente rádio AM, internet (?), não existia computador, só existia luz elétrica. Tudo era na base da escassez. Não sei nem como se conseguia descolar algumas latas de spray... (...) Binho, Silvio Margarido, Ariostinho, Johnson, Antonio Alves, Altino, Branco, Fernando, eu e muitos outros colegas, correram risco nos riscos dos muros da cidade total radiante. (...) Achávamos que estávamos iniciando uma revolução... Mas, estávamos somente fazendo poesia.” Texto de Danilo de S’Acre no “Guia de Arte Urbana”
“(...) Estreia no teatro de Arena do SESC a peça “Toda Noite Tem Pichação”. É um trabalho de criação coletiva, com um grupo inicial que escreveu o texto e começou a ensaiar e foi crescendo, recebendo palpites, toques, sugestões até que, cinco meses depois, um número enorme de pessoas ajudou a transar a peça. (...) A ideia era mostrar flashes da cidade, tomando como referência a figura noturna do pichador de muros. Daí passear por bares, praças, partidos políticos, homossexualidade, loucura e loucuras em geral (...). Logo no início entra uma cara vestido de preto e picha no muro: ‘anarkiss-me’ e depois disso tudo entra na festa. (...) Governo, oposição, igreja, artistas, ninguém escapa. Todo mundo é pichado. Até a própria peça. E pela primeira vez, os bois têm nome. Qualquer semelhança com pessoas reais não é mera coincidência. Uma frase da peça mostra bem o espírito da coisa: ‘Fazer teatro no Acre? O Acre já é um teatro!’ Mas temos um povo bonito, criativo, musical, teatral. Temos índios e colonos de cara ensolarada, seitas musicais, frutas maduras, cupuaçus ao vento, loucos na praça, risos na platéia, forró, rock, poesia de cordel, catraias no rio, mata verde, lua cheia. E toda noite tem pichação. Vá hoje ao SESC. Enfrente a mediocridade com uma risada de desprezo.” Artigo de Antonio Alves , coluna “O espírito da coisa”, jornal O Rio Branco, 1983
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Ele começou a fazer arte menino, no seringal, quando fez os primeiros rabiscos na paxiúba da parede com pedaços de carvão roubados do fogão da mãe. Tal qual fizeram os primeiros “grafiteiros” da longínqua pré-história. Hélio Melo foi de tudo em sua arte: artista plástico, musico, escritor, contador de causo, catraieiro. Era gentil e genial como poucos sabem ser. Suas pinturas contavam da vida boa e simples nos seringais, das paisagens das cidades acreanas no tempo que conheceu, da resistência dos moradores da floresta quando as seringueiras começaram a ser transformadas em bois. Hélio só começou a ter sua arte conhecida pelos acreanos depois que, em meados dos anos 90, pintou grandes murais (grafites nativos) na Casa do Seringueiro, na praça do Catraieiro na cabeceira da Ponte Metálica, no colégio Barão do Rio Branco. Depois ganhou o mundo e foi até tema da Bienal de São Paulo.
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FOTO: TALITA OLIVEIRA
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CACIMBÃO DA CAPOEIRA Autores (1) Tino Txai; Mahá; Ngreen e CAS; (2) Bab Franca;(3) Tino Txai; (4) Mahá; (5) Jr. TRZ; (6) Isma; (7) Ngreen e CAS
Data 2017 // Endereço Rua Manoel Cesário – Capoeira.// Ocupa Cacimbão // Fotos Talita Oliveira
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ESCOLA MÁRIO DE OLIVEIRA Cerâmica Autores (1,2) Tosh; (3) Dedé; (4) Tino Txai; (5) CAS; (6) SAMU; CAS; Rico; FAT; (7) Ngreen.
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Data 2012; 2017 // Endereço Travessa Guaporé, 317 // Fotos Talita Oliveira
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RUA ARGENTINA Cadeia velha Autores (1) Babu Seteoito; Samu; FAT; (2) Samu; Fat; (3) Samu; (4-6) Babu Seteoito Data 2018 // Endereรงo Rua Argentina, s/n // Fotos Talita Oliveira
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TRAVESSA DO HABITASA Autor Tosh
Data 2011;2012 Endereço Travessa do Habitasa, 88 // 2012 – Cores da Cidade // Fotos (1;3) Cinthia Davanzo; (2;4) Tiago Tosh
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MURO DO INDEPENDÊNCIA Aviário Autores (1) TRZ, CAS, Sheep; (2) DSON; (3) Dedé e CAS; (4) Dedé; (5) JuCosta; (6;8) Sheep; (7) Babu, Chermie, Dent; (9) Manolo, Tino Txai; (10) Michael Devis; C.O; Dedé; JuCosta; (11) Samu Adiala Data 2012; 2018 //
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Endereço R. Futuro, 40 // 2012 – Cores da Cidade - 2018 - Pós RB Graffiti. // Fotos (1,2;6-11) Talita Oliveira; (3) Nattércia Damasceno; (4,5) Fabiano Carvalho
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ESTRADA DO AVIÁRIO Autores (1) Tosh e CAS; Mahá; (2,3) Tosh e CAS; (4,5) Mahá Data 2011;2012;2015// Endereço Estrada do Aviário, 587// 2012 – Cores da Cidade // Fotos Talita Oliveira
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RAÍZES DA RESISTÊNCIA
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Aviário Autores (2;5) Michael Devis; (3) Tino Txai, Goodmood (4) Goodmood Data 2018 // Endereço Travessa Serra, 1127 // Batalha da Resistência // FotosTalita Oliveira
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ÁREA DE GINÁSTICA Parque da Maternidade Autores (2) Michael Devis; (3) Mahá; CAS; (4) CAS; Jr. TRZ; (5) Matias; Fred Tattoo
Data 2018 // Endereço Via Parque da Maternidade, s/n // Pós RB Graffiti // Fotos Talita Oliveira
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ESCOLA NEUTEL MAIA Bosque Autores CAS (graffiti) e Acreano (mosaico)
Data 2017 // Endereรงo Rua Pernambuco, 851 // Fotos Talita Oliveira
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RUA BENJAMIN Vitória Autores (1) Dedé; (2) Isma; (3) Isma e Dedé
Data 2017 // Endereço Rua Benjamin,154 // Natal Comunitário, evento realizado pelo b-boy D Menor e Jorge Neto // Fotos Ismael Carlos 1
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ESCOLA GLORIA PEREZ Xavier Maia Autores (2) Isma; (3) ESA; (4) Ngreen e Bru; (5) Michael Devis; (6) Rico; (7) Mahá e CAS; (8) ESA; Fred Tattoo; Matias; (9) Tucupi Design Data 2017
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// Endereço Av. Brasil, 85 - Xavier Maia.// Em março 2017, no RB Graffiti – Encontro Internacional de Graffiteiros, um grande mural foi produzido no muro da escola. Dois meses depois, esse mural foi apagado acidentalmente. Sete meses depois, foi refeito no evento intitulado Resistência Graffiti // Fotos (1-3; 6-9) Talita Oliveira; (4) Fabiano Carvalho; (5) Júnior Portela
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“Quando comecei a dançar Break, em 86, também comecei a pichar. Eu já desenhava por causa de meu falecido irmão Arquimedes. Naquele tempo eu era da banca Black Pixe (BP) e tinha a Pró Pixe (PP), as duas bancas de pichadores de Rio Branco. Era todo mundo pichador. Tinha o Praga, o Korea , o Piula, Kepe, Kemp, Orgasmo, Shaolin, Curioso, o Dead. O primeiro graffiti que eu vi foi de um pichador de nome QG que fez um graffiti na parede da Maternidade e achei bacana. Conheci o Dentinho (de Porto Velho) em 1998, logo depois em 2000 conheci o Matias (que veio de Brasília) e comecei a grafitar junto com eles. Em 2002, o Binho já era governador e ele tinha sido pichador. Aí Dentinho veio pra cá e deu um curso de graffiti no Centro Cultural do Tucumã. Eu e o Matias já estávamos grafitando (no Seja). Nessa época tinha também o Jr TRZ, o Fred, o Estranho, o Taiguara, o João Paulo “Com Asfury. a oficina Mas, para mim, o graffiti aqui se divide em antes do Babu do Dentinho e depois do Babu. Ele meteu as caras e começou a surgiu a tradição fazer intervenção nos picos. Em 2005, o Babu de graffiti com também fez uma oficina no Tucumã, só que compressor aqui em Rio mais voltada para o spray.” Branco. Quando cheguei de Cuiabá eu já trazia uma cultura do spray e minha oficina lá no Tucumã foi nessa base. Uma galera participou: Matias, João Paulo, o Junior (que já era um empreendedor e tinha uma loja), Augusto e vários outros. Uma moçada muito esperta, ligeira. Algum tempo depois chegou também o Tosh. Fizemos então várias parcerias. Pintamos muitos espaços, brigamos por espaços para o graffiti. Rio Branco me ensinou uma coisa: que meu graffiti vale tudo que eu preciso. Eu aprendi muito em Rio Branco. Desde então a coisa acelerou na minha vida. Fui pra Bahia, fui em um monte de lugar no mundo todo. Encontrei acreanos em vários desses lugares. No ano passado, voltei no Acre para participar do RB Graffiti e foi a melhor experiência que tive na minha vida. Ver um lugar que não tinha quase nada de graffiti e agora vem gente do mundo inteiro pra ver e pintar. ” 82
“Passei um tempo no Rio de Janeiro, mas lá só fazia pichação. Em 2000 voltei para o Acre mas, na época, não tinha nada de graffiti ainda. A única referência de rua, para mim, era o Danilo que vinha desde outra época. Em 2003, deu o estalo, abrimos a loja e nasceu a primeira Crew*: a TRZ Crew. Nós fizemos o primeiro graffiti no Canal, no Skatepark. E, de lá pra cá, não paramos mais. Tinha também o Matias, o Claudiney e outros. Mas, ainda era uma coisa mais individual. A partir de 2007, larguei faculdade e emprego público pra me dedicar à Crew e ao graffiti. O Babu também tava aqui na batalha. Aí quando chegou o Tosh, em 2008, foi que deu realmente uma liga na galera. Fizemos um mutirão lá na Sobral, em 2013, que até hoje está lá. A gente considera que esse foi o grande start de nossos eventos: esse mutirão que o Tosh organizou e pela primeira vez juntou todo mundo que grafitava. Foi muito trabalho, mas, desde 2013, passamos a ter uma visão mais coletiva. O graffiti aconteceu junto com o Hip Hop, com o Skate, com a Tatoo, tava “Comecei a trampar na TRZ Crew em 2014 tudo junto aí nessa cena. Tenho orgulho de ter plantado a semente que como assistente de pintura, mas só em 2016 fiz resultou nesse Boom das culturas urbanas em Rio Branco nos últimos anos. meu primeiro stencil, e já tinha algumas minas que E a gente continua se juntando e realizando os encontros. Em 2016 pixavam e pintavam. Ainda em 2016, fui a primeira foi na Ladeira do Bola Preta. Em mulher daqui a entrar em uma crew – a TRZ - e a ser 2017, com o RB Graffiti, tudo virou selecionada para um evento fora do estado. internacional. ” Junto com a TRZ Crew, passei a realizar vários workshops de graffiti para estimular a participação das mulheres na cena local. Foi aí que que conheci Vands, Kats, Mari, Bru, Sam, Vava, Anieta, entre outras minas, e em 2018 resolvemos formar a primeira crew de mulheres grafiteiras do Acre, a MINAS68. Como faço parte da organização do RB Graffiti, bati na tecla de mais apoio e espaço para as mulheres e, na *Crew: Expressão em edição de 2019, o RB Graffiti será o primeiro evento inglês que traduzida nacional a ter número de vagas igualitárias para significa “Grupo de homens e mulheres, além de total pessoas que trabalham juntas. ” São grupos apoio e suporte informais que se reúnem para as grafiteiras para grafitar. que são mães. ”
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FOTO: FAGNER DELGADO
NORTE
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VIVARTE Vila Ivonete Autores Tino Txai e Dedé
Data Agosto/2017 // Endereço Rua Tapajós, 508 Fotos Talita Oliveira
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CENTRO CULTURAL THAUMATURGO FILHO Manoel Julião
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Autores (2) CAS; (3) Street; (4) Tino Txai; (5) Rico; (6) Mahá; (7) CAS e Ngreen; (8) Isma
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Data Agosto/2017 // Endereço R. Luiz Z da Silva, 514 // RB Graffiti – Encontro Internacional de Graffiteiros // Fotos Talita Oliveira
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TRAVESSA REPúBLICA Estação Experimental Autores Matias Data 2013 // Endereço Travessa República, 74 // Cores da Cidade // Fotos Talita Oliveira
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BR 364 Autores Dedé
Data 2013 // Endereço BR 364 // Cores da Cidade // Fotos (1-4) Talita Oliveira; (5) Jessé Luiz
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CONDOMÍNIO CHÁCARA IPÊ Autores Dedé e Mahá Data 2017 // Endereço Estrada Dias Martins, 2186 // Fotos (1) Mahatma; (2-8) Talita Oliveira
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Até 2005 as manifestações das culturas urbanas não recebiam praticamente nenhuma ação pública municipal que as apoiasse ou estimulasse. Mas, com a implantação do Sistema Municipal de Cultura (SMC) e a criação do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), em 2007, na gestão do prefeito Raimundo Angelim, esse cenário mudou radicalmente. O funcionamento da Câmara Temática de Culturas Urbanas no âmbito do CMPC trouxe visibilidade e promoveu a interlocução dos diversos segmentos do HipHop, do Graffiti, do Break, do Rap, do Skate, entre outras manifestações artístico-culturaisesportivas praticadas de forma quase invisível nas periferias da cidade de Rio Branco. A partir de 2011, o Graffiti passou a ser uma das categorias do concurso Cores da Cidade, realizado anualmente pela prefeitura, através da Fundação Garibaldi Em 2017, o graffiti de Rio Branco Brasil. Em 2012 foi realizado o projeto Etnograffiti que desenvolveu uma conquistou um grande avanço com a criação nova linguagem artística para a valorização dos Povos da Floresta. “Uma do Coletivo de Artes Urbanas Acreano (CAUA). ferramenta visual que ajuda a quebrar os pré-conceitos e valorizar a arte Esse coletivo promoveu o Encontro Internacional urbana e a ‘gente da terra’, unindo tradição e modernidade”, segundo do Graffiti, ou 1º RB Graffiti, com apoio do Governo Tosh, idealizador e realizador do projeto. Em 2013, o prefeito do Estado e da Prefeitura de Rio Branco. O evento reuniu Marcus Alexandre sancionou a lei 2.022 que instituiu a Semana artistas acreanos e também parceiros de outros estados, do Movimento Hip-Hop, que agrega também o Graffiti, como Rondônia e Paraná, e de países vizinhos, como a Bolívia. comemorada na segunda semana do mês de novembro Foram cerca de 1.000 tubos de como parte do Calendário Oficial de Eventos do tinta em spray, quinze grafiteiros Município. visitantes e intervenções com bate-papo em três escolas. Em torno de 80 intervenções aconteceram, durante sete dias em diferentes pontos da cidade, algo jamais visto em Rio Branco. O presidente da FGB, Sérgio de Carvalho, destacou que: “Enquanto Rio Branco ganha com o graffiti e fica mais bela e colorida, cidades como São Paulo, que é a maior metrópole da América Latina, ficam sem cores ao apagar, com tinta cinza, os muros grafitados por grandes artistas”. 96
Março de 2018 foi marcado por novos avanços do graffiti em Rio Branco. No dia 15 foi aprovada a Lei Municipal do Graffiti, Projeto Arte Grafite, nº 2.283, que regulamentou o uso do espaço urbano da capital para a prática do graffiti, tirando essa linguagem artística da clandestinidade. Além disso, no dia 27 do mesmo mês, em alusão ao Dia Nacional do Graffiti, vinte e um artistas se uniram para criar um grande mural, localizado na avenida Ceará, nas proximidades do Hotel João Paulo, centro de Rio Branco, intitulado “HQ da Realidade”. Em junho de 2018 aconteceu ainda o 2º RB Graffiti, Os meninos que correram risco de serem organizado pelo CAUA, com apoio de diversas instituições públicas e privadas, dentre presos por “spray-tar” suas poesias e as quais a Prefeitura de Rio Branco, já sob a gestão da prefeita Socorro Neri. Um rebeliões em muros e paredes da cidade nos evento histórico que reuniu mais de 80 artistas de 16 estados brasileiros e 7 anos 70, certamente não podiam imaginar que Rio países: Peru, Nicarágua, Colômbia, Chile, Equador, Itália e Bolívia. E teve Branco iria se tornar um importante centro do graffiti em sua programação debates sobre avanços da arte urbana nacional e na Amazônia. Assim como também não o imaginavam internacional, workshops para novos e antigos militantes e simpatizantes aqueles outros meninos que picharam as ruas da cidade do movimento, além de apresentações de bandas locais. No 2º RB nos anos 80 e 90 com suas Tags. Mas, essa é, talvez, a própria Graffiti aconteceu também intensa mobilização feminina que natureza do graffiti: a transgressão do tempo e do espaço urbano realizou workshop específico e se destacou em transformado e ressignificado pela arte. diversas atividades do evento. “Porque Graças à impermanência de sua arte nas ruas, os grafiteiros cultivam a arte não tem gênero”, como fez em si algo raro no mundo atual comandado pelo mercado: o desapego. questão de destacar Chermie, Uma vez feita a arte, ela passa a uma das artistas presentes no ser da rua, dos que por ali encontro. passam, e começa a sofrer alterações e interferências até desaparecer, apagada pelo tempo, ou dar lugar a uma nova arte. A cidade muda todos os dias e os graffites mudam com ela. As únicas certezas duradouras da cidade em que vivemos é que ela impermanece todo dia e que o graffite é a cidade.
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OESTE
FOTO: TALITA OLIVEIRA
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RUA RIO DE JANEIRO Dom Giocondo Autores Tosh e CAS
Data 2010 // Endereรงo Rua Rio de Janeiro, 611 // Fotos (1;6) Talita Oliveira; (2-5) Tiago Tosh
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Escola Heloisa Mourão Marques Aeroporto velho Autores (2) Tino Txai; (4;15) Mahá; (5;13) Street; (6;7) Tino Txai; (8;10) Dedé; (9) Etnia Coletivo/CAS; (11) SHABN; (16) Kets e Mary
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Data 2016 // Endereço Rua Rio Grande do Sul, 1908 // Oficina Liberta Graffiti, ministrada por Mahá // Fotos Talita Oliveira
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MORRO DO MARROSA Antiga estação de água 2
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Autores (1-3;8;9;10) CAS; (4-7;11-13) Tosh; + Dedé, Tino Txai, FAT
Data 2011;2013;2014 // Endereço Travessa Cruzeiro do Sul, 103 - Preventório // 2011 - Rabiscos Urbanos, projeto de Tiago Tosh aprovado na Funarte; 2013-2014 Cores da Cidade // Fotos (13;8;9;13) Talita Oliveira; 4-7;1012) Tiago Tosh
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CENTRO DE INICIAÇÃO AO ESPORTE BOM SUCESSO
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Aeroporto Velho Autores (2) Matias; (3) Mahá; (4) ESA e Vandsmile; FAT, Desh; (5) Dedé; (6) Tino Txai; (7) Jr. TRZ; (8) Fred Tattoo; (9) ESA e Vandsmile Data 2018 // Endereço
Beco da Lucinda, 126 - Aeroporto Velho // Fotos (1) Ramon Aquim; (2-10) Talita Oliveira
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ESCOLA SERAFIM DA SILVA SALGADO Sobral
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Autores (2;9) Tino Txai; (3;8) Matias; (4;6) TRZ Crew; (5) Tosh; Mahá; (7) Dedé e CAS
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Data 2013 // Endereço Estrada da Sobral, 218 // Primeiro Mutirão de Graffiti // Fotos Talita Oliveira 4
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CASINHA OCUPAÇÃO CULTURAL Autores (3;7) Minas 68; (4) Desh; CAS; (5) Jhojan Vallejo; (6) CAS
Data 2015;2016;2018 // Endereço Rua Granada, 50 // Fotos Talita Oliveira
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CEJA Nova Esperança Autores (1;10-13) Ngreen; Desh; Jr. TRZ; (2;4) Wil; (3) Desh; (5) ESA; Vandsmile; (6) Fred Tattoo/Jr. TRZ; (8;14) Jr. TRZ (7) Ngreen; (9) Samu
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Data Novembro/2018 // Endereço Rua Euclides da Cunha, 126// 5º Semana Municipal do Hip Hop.// Fotos (1) Talita Oliveira; (2-13) Júnior Portela
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PRAร A DA MANGUEIRA Nova Esperanรงa Autores(2;5) Tino Txai; (3;4; 6-10) Street
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Data 2017 // Endereรงo Rua General Vieira de Melo, s/n // Fotos Talita Oliveira
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SKATE PARK
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Autores (2) Edinho; (3) Matias; (4;11) Isma; FAT; (5) Isma; (6;9;10) TRZ Crew; (7) Mahรก; (8) CAS; Data 2016; 2017 // Endereรงo Rua Manoel Rodrigues de Souza, 12 // Fotos Talita Oliveira
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ALAGNÚ possui um significado pessoal e subjetivo, que pode ser definido como uma porta para a liberdade e força interior da natureza. Natural de Belém – PA, fez seu primeiro graffiti no muro da escola Heloísa Mourão Marques. Em seus trabalhos, costuma abordar temas da cultura hip hop, com ímpeto reflexivo, informativo e contestador, usando as técnicas de free hand e stencil. BABU SETEOITO Babu vem do nome de um amigo; Seteoito é o ano de seu nascimento e uma forma de homenagear a velha escola do graffiti, colocando um número junto ao nome, como faziam os grandes grafiteiros. Nascido em Cuiabá – MT, seu primeiro graffiti na cidade foi em um muro ao lado da AAPA – Associação dos Artistas Plásticos do Acre. Com mãos livres, usando spray e látex, se considera um artista botânico, seus trabalhos possuem forte ligação com a ancestralidade das plantas ligadas a cultura do candomblé, soCAS são as iniciais do seu nome. Nascido em madas às Tarauacá – AC, fez seu primeiro graffiti em f i g u r a s uma quadra no bairro Palheiral. Em seus trahumanas, balhos, expressa temas como a cidade e seus como as problemas sociais; vegetais e organismos vimãos, que vos; e culturas tribais e imaginário popular. são fontes de energia. Usa estilo livre (spray), stencil, fitas e colagens. DEDÉ antes de ser tag, já era um codinome pelo qual era conhecido entre os amigos mais próximos. Nascido em Rio Branco-AC, fez seu primeiro graffiti no bairro Tucumã. Trabalha com stencil, retratando temas políticos e personagens da cultura regional. FAT é um apelido já usado antes de pintar. Nasceu em Porto Velho RO, e fez seu primeiro graffiti no Mercado dos Colonos. Utiliza o estilo que usa rolinho e spray chamado throwup/flop, para expressar a carência de arte nos espaços públicos. 118
ESA são as primeiras letras do seu nome. Nascida em Rio Branco-AC, fez seu primeiro graffiti na área de ginástica do Parque da Maternidade. Utilizando as técnicas de stencil e mão livre, retrata principalmente o empoderamento da mulher negra.
ANIETA é o diminutivo do seu nome próprio. Nascida em Rio Branco – AC, fez seu primeiro graffiti na Casa Rosa Mulher, durante o RB Graffiti 2018. Usando mão livre e pincel, expressa em seus graffitis sua paixão por cactos e suculentas.
DANILO DE S´ACRE é o seu nome, mas as vezes também assina com a letra D que lembra uma clave de sol. Nascido em Rio Branco-AC, fez seu primeiro graffiti em algum lugar do centro de Rio Branco da década de 70. Era uma frase poética que dizia: A melancia na bacia desfia o suco da sede. Na rua, costuma utilizar sprays, pincéis, tinta PVA, além do aparelho celular. No ateliê, produz telas, desenhos, aquarelas e instalações. Os temas de seus trabalhos são animais e mitos da floresta amazônica: Serpentes cibernéticas, Mapinguaris, Sacis, Jacarés, Tartarugas, grafismos indígenas e alguns seres étnico-surreais inventados.
BRU significa Bruxa R evolucionária Urbana. Nascida em Brasília – DF, fez seu primeiro graffiti no Cacimbão da Capoeira. Usando spray e stencil, aborda temas que envolvem a natureza e o empoderamento feminino, além de frases reflexivas.
DESH Nasceu em Feijó – AC, e fez seu primeiro graffiti na pista de skate do Canal da Maternidade. Costuma abordar temas da região, como fauna, flora e etnias, além de personagens, utilizando spray à mão livre, compressor e pistola. ISMA é abreviação do seu nome. Natural de Feijó-AC, fez seu primeiro graffiti no Beco do Mijo. Seu trabalho representa sua visão de mundo sobre o local onde nasceu e cresceu, a natureza, a vida ribeirinha e as culturas indígenas, utilizando para isso a técnica do stencil em grande escala, com base em fotografias.
FRED TATTOO são as iniciais de seu nome + a referência a prof issão que exerce. Nascido em São Paulo – SP, fez seu primeiro g raf f iti no quintal da sua casa. Gosta de desenhar personagens urbanos, de quadrinhos e desenhos animados, usando principalmente o spray. 119
JANIS é o seu segundo nome que, acompanhada de uma foice e martelo, indicam sua preferência política. Nascida em Rio Branco – AC, fez seu primeiro graffiti em um muro no centro da cidade. Costuma trabalhar com questões de identidade e personagens revolucionárias, usando a técnica do stencil. MAHÁ é abreviação do seu nome. Nascido em Divinópolis – MG, fez seu primeiro graffiti nas proximidades da Uninorte, onde estudava arquitetura. Aborda temas étnicos, representando povos indígenas e seus ofícios, crenças e culturas, utilizando apenas o spray. N-GREEN significa No Grito de Revolução e Elevação Entre Nativos. Nasceu em Rio Branco – AC, e fez seu primeiro graffiti na escola Heloísa Mourão Marques, durante o 1º mutirão do RB Graffiti. Com o uso de técnicas mistas - stencil, fitas, freestyle e stickers, letters, bomb, livre figuração e 3D – comunica em seus trabalhos elementos da cultura ancestral africana, críticas sociais e ambientais, religião e política. SAMU é a abreviação de seu nome. Nasceu em Rio Branco – AC, e fez seu primeiro graffiti na escola Heloísa Mourão Marques, durante um mutirão que reuniu vários graffiteiros. Os principais temas presentes em seu trabalho são aves, flores e elementos da mata, utilizando freestyle, stencil e pistola. TINO TXAI é a junção do final de seu nome + o apelido que ganhou do Pajé Yawá, na Aldeia Nova Esperança. Natural de Xapuri – AC, fez seu primeiro graffiti no Galpão das Artes, na Gameleira. Em seus trabalhos, utiliza técnicas mistas, como rolinho, pincel, action paint e bomb, retratando a temática do xamanismo, ayahuasca, povos da floresta e culturas diversas. TOSH é inspirado no guitarrista Peter Tosh, integrante da formação original dos The Wairles. Nascido no Rio de Janeiro – RJ, o primeiro graffiti que fez na cidade foi em um presídio, junto com o graffiteiro Babu Seteoito. Criador do conceito de etnograffiti, em seus trabalhos tem como tema central a floresta e o povo que nela habita, povos indígenas, fauna e flora, as medicinais ancestrais e o patrimônio imaterial, usando para isso somente o spray. 120
JR TRZ JR vem de Júnior e TRZ é a abreviação de Tribalize, que significa legalizar as tribos. Nasceu em Rio Branco – AC, e fez seu primeiro graffiti no Parque da Maternidade.Os temas que costuma abordar são a valorização do graffiti raiz, letras de diversos tipos, além da flor de lótus, que para ele representa a vida, seu início e evolução. Usa técnicas variadas, como freestyle de spray e stencil.
MATIAS é o seu segundo nome. Nasceu em Rio Branco-AC e fez seu primeiro graffiti na baixada da colina, na casa da avó do seu amigo D menor. Utilizando a técnica de rolinho e spray, retrata questões sociais, heróis esquecidos, soldados da borracha, elementos urbanos, além de pássaros da floresta, que carregam suas reflexões sobre o cotidiano da cidade. SAM é a abreviação do seu nome. Natural de Rio Branco – AC, fez seu primeiro graffiti embaixo da ponte metálica. Gosta de usar spray e rolinho, abordando o empoderamento feminino e o respeito a diversidade. STREET vem do inglês e significa rua, e é também uma marca de camisetas. Natural de Bujari – AC, fez seu primeiro graffiti no Morro do Marrosa, em uma oficina com o Tosh. Gosta de retratar natureza, animais, símbolos enigmáticos e divindades do astral, utilizando o estilo free hands, com rolinho e spray. VANDSMILE é sorriso vandal, uma brincadeira com seu nome. Nasceu em Rio Branco-AC, e fez seu primeiro graffiti no muro da escola Reinaldo Pereira, no Rosalinda. Usando as técnicas e ferramentas que estiverem ao seu alcance - lata, pincel, rolinho ou stencil - procura falar do que sente, além de questionamentos sociais e reflexões. 121
EQUIPE TÉCNICA Organização e textos MARCOS VINICIUS NEVES DIANA DANTAS TALITA OLIVEIRA Pesquisa e curadoria TALITA OLIVEIRA Pesquisa histórica DIANA DANTAS Projeto gráfico, diagramação e ilustrações MARINA BYLAARDT Fotos ASSIS LIMA BRUNO GRAZIANO CASSIANO MARQUEZ CINTHIA DAVANZO DANILO DE S´ACRE DHÁRCULES PINHEIRO FABIANO CARVALHO FERNANDO FRANÇA FAGNER DELGADO IVAN PORTELA ISMAEL CARLOS JANAÍNA CHRISTINA JESSÉ LUIZ JÚNIOR PORTELA MAHATMA MAHÁ NATTÉRCIA DAMASCENO RAMON AQUIM SÉRGIO VALE TALITA OLIVEIRA TIAGO TOSH VAL FERNANDES WALLACE SILVA 122
Acesse o mapeamento dos graffitis na cidade de Rio Branco - AC
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