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Memorial Urbano do Santa Terezinha

Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas Ambientais e Tecnologia Arquitetura e Urbanismo Orientador Maxim Bucaretchi 1º semestre | 2016


Primeiramente, agradecemos os professores Pedro Paulo Mainieri, Marlon Paiva e Wilson Barbosa pelos questinamentos nas apresentações que nos estimularam a pensar na melhor maneira de desenvolver nosso trabalho, sempre respeitando e valorizando as ideias iniciais. Em especial, o nosso querido orientador Maxim Bucaretchi, por todo apoio, paciência, assessoria fora de hora e os milhares de livros emprestados que nos ajudaram à criar a essência do nosso trabalho.


O presente trabalho é o produto final da primeira etapa do Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Como tema central elabora um plano urbano nas imediações do Bairro Santa Terezinha, na cidade de Campinas|SP. Sua abordagem leva como princípio de projeto a inclusão das unidades de vizinhança préexistentes em uma reestruturação do tecido, muito fragmentado e permeado por vazios. Para isso foram utilizadas ferramentas adquiridas durante a graduação: estudos e levantamentos elaborados in loco, revisão da bibliografia existente, referências projetuais e orientações durante as apresentações coletivas. Durante a elaboração do conteúdo aqui apresentado, sentiuse a necessidade de formalizar um metodologia própria para lidar com as dinâmicas especificas do lugar e as condicionantes geográficas. Em resumo, essa metodologia inclui mapeamentos temáticos, estudos demográficos e outros itens que nos ajudam a compreender a realidade local e fomentar as decisões do grupo de trabalho.


Metodologia Histórico Localização

2 3 11

Leitura doTerritório Rio Capivari Rodovias Distâncias Mapeamento Morfologia Transporte Tipologia de Quadra Estatísticas Raio de Influência Visita Técnica

13 15 16 17 18 19 25 26 31 35 39

Conceitos Utilizados Referências

42 48

Projeto Urbano Rio Capivari Transporte Entrebairros Propostas SistemaViário Uso,Ocupação e Gabarito Conclusão

57 59 60 62 79 85


Metodologia | Histórico | Localização

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Nas etapas iniciais do trabalho demonstrou-se uma preocupação em alinhar uma metodologia que pudesse, eventualmente, ser reproduzida em outros trabalhos. Para tanto utilizamos a definição de um partido arquitetônico, em seguida a seleção de bibliografia e material publicado que pudesse contribuir com a construção das propostas, na terceira etapa cruzou-se os princípios de projeto com ferramentas e análises dos textos revisados. Após essas primeiras ações utilizou-se o método de mapeamentos temáticos, levantando os elementos do desenho urbano que configuram o território estudado. Além disso esquemas foram elaborados registrando os entraves viários e a circulação de veículos. Outras características físicas foram elaboradas como: maciços arbóreos , hidrografia, agrupamentos e unidades de vizinhança. Esse último item configura um ponto de atenção, perseguido durante todo o desenvolvimento do projeto. Desde o partido urbano até o desenho final apresentado. Logo, análises complementares subsidiaram a leitura desse componente. Foram eles: demografia e estudos sócio econômicos, raios de influência dos equipamentos, transporte público e tipologia das edificações existentes. 2 | Memorial Urbano do Santa Terezinha


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2010+

O município de Campinas é um exemplar muito característico do fenômeno que a literatura do Urbanismo trata como Crescimento Espraiado. Essa dinâmica de ocupação está fortemente relacionada ao surgimento do Jardim Santa Terezinha. De 1900 a 1945, Campinas crescia em número de habitantes, porém muito pouco em área urbana, adensando-se demograficamente. A origem da área remonta ao período de surgimento dos primeiros “agrupamentos” mais afastados do que se tinha como “centro da cidade”. Ainda com características muito rurais abrigando atividade agrícolas e extrativistas.

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2010+ À partir de 1950 são noticiadas as primeiras olarias, operando no atual Distrito do Ouro Verde, na região sudoeste do município. Muitas cavas de argila foram abertas para fabricação de telhas e tijolos, com características muito artesanais e ligadas a empreendimentos familiares. Ainda na década de 1950, o Município e sua ascendente região metropolitana, passam por um importante salto modernizador, consolidando sua malha urbana em expansão e receben-do grandes investimentos, como o aeroporto de Viracopos, instalado cerca de 10 quilômetros do bairro em estudo. É também, nesse período, o surgimento da Vila Industrial, Ponte Preta, Bonfim, Avenida Barão de Itapura, Avenida Amoreiras e Avenida Andrade Neves.


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Posteriormente em 1965, com a fundação da COHAB (Companhia de Habitação Popular de Campinas), a construção dos conjuntos habitacionais como a Vila Rica e os DIC’S (Distrito Industrial de Campinas), tem como principal feito a destinação de 4.400.000m² de terra, agora a serem considerados de utilidade pública e após a desapropriação começaram a receber indústrias e os moradores.

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2010+ No início dos anos de 1970, existe um declínio da exploração de argila por conta da industrialização e especialização da indústria da construção civil, o que levou os proprietários das cavas a venderem grandes porções de terra, que aos poucos foram loteadas.

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Em meados de 1980, surgem os primeiros bairros na regiĂŁo, antigos loteamentos de chĂĄcaras, sĂ­tios e moradia dos trabalhadores das cavas de argila.

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2010+ Em meados de 1980, surgem os primeiros bairros na regiĂŁo, antigos loteamentos de chĂĄcaras, sĂ­tios e moradia dos trabalhadores das cavas de argila.

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Em 1990 é sancionada Lei que aumenta repasses do ICMS para fundos de Habitação voltados às famílias com renda de até 10 salários mínimos. Novos loteamentos e financiamentos para aquisição da casa própria impulsionam a densidade populacional da área.

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2010+ E na década dos anos 2000, um grupo de estudo na Prefeitura Municipal de Campinas, começa a dar diretrizes para uma lei especial chamada Operação Consorciada do Parque Linear do Rio Capivari, afetando diretamente as relações imobiliárias na região do Jardim Santa Terezinha.

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O Jardim Santa Terezinha fica localizado próximo a um entroncamento rodoviário (Rod. Santos Dumont e Rod. Dos Bandeirantes) na região sudoeste de Campinas. Importantes eixos viários tangenciam a área de estudo além dessas vias de destaque estadual. No contexto municipal, nasce (Km 0) no Bairro Paraíso de Viracopos, a Avenida das Amoreiras que corta inúmeros bairros até chegar ao centro da cidade, configurando o principal corredor de transporte público e vetor de tráfego veicular. Nesse sentido observa-se o trajeto da Avenida Ruy Rodrigues que liga o Distrito do Ouro Verde aos bairros periféricos e que também é via de entrada para os moradores da região estudada.

área de intervenção

Rio Capivari

FONTE: mapa elaborado pela equipe

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Leitura do Territรณrio

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Após a aplicação das metodologia apresentada na introdução foi possível observar com mais clareza algumas dinâmicas que o conhecimento empírico já nos denunciava. A população da área pode ser classificada como predominantemente jovem, compondo a faixa economicamente ativa e possui rendimento salarial classificado como classe média. Dentro dessa observação notamos a presença de fortes laços de comunidade entre a vizinhança, já que muitos moradores são componentes da primeira geração moradora da região. Existe ainda uma forte relação entre bairros distintos, impulsionados pelas “comunidades católicas” que promovem eventos festivos, culturais e ecumênicos. Essas dinâmicas se intensificaram com a qualificação dos espaços de lazer contidos no Parque Linear do Rio Capivari, onde observa-se a presença de público vindo de bairros bem mais distantes que o entorno imediato. Esse fenômeno é melhor observado aos finais de semana quando o parque recebe muitas famílias, que segundo

as medições da Prefeitura municipal compõem o segundo maior público em locais de lazer na cidade, perdendo apenas para o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral). No que se refere as questões de urbanização o que mais salta aos olhos são os fluxos sazonais impulsionados pelos deslocamentos de casa para o trabalho, no período da manha e do trabalho para casa no período da tarde. Além disso, a região abriga um pólo gerador de tráfego ao acolher as atividade da Faculdade Anhanguera que funciona no período noturno. Agravando ainda mais esse cenário temos a rota de atravessamento no sentido bairro versus rodovias, tornando a presença de caminhões e veículos pesado constantes. À partir disso, verificouse a necessidade de preservar as dinâmicas sociais e culturais melhorando as fragilidade que em sua maioria vinha das carências de projeto urbano e planejamento macro.

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Uma das principais potencialidades encontrada na área é o rio Capivari, que possui cerca de 180 km desde sua nascente em Jundiaí até sua foz em Tietê. Sendo assim, geograficamente é de domínio de São Paulo, por não decorrer mais nenhum estado. Por ser um rio relativamente pequeno,cerca de 1m de profundidade, o esgoto doméstico despejado por diversas cidades em sua bacia, causa danos à natureza e à população das cidades ao longo de seu curso, devido à alta concentração de elementos tóxicos. O desafio do projeto é incentivar seu uso e limpeza, servindo como referência para reprodução em outras cidades. Além do fator ambiental presente, será cultivada a importância da convivência, encontro, lazer e transporte através do rio.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A área de intervenção tem atualmente, como limite físico, as Rodovia dos Bandeirantes e Santos Dumont que, pela falta de transposições e rótulas viárias, deixam o bairro com caráter dormitório, ou seja, os moradores da região têm que se locomover para irem trabalhar.

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FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


Viracopos Centro

Taquaral

PUC/Unicamp

mapa sem escala FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe

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FONTE: mapa elaborado pela equipe

Unidade de Vizinhança Olarias

Lazer Sem trânsito

Trânsito moderado

Muito congestionado 18 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

Ponto crítico


Na área estudada o uso predominante é o residencial unifamiliar, com apoio de pequenos comércios de baixa variedade, não atendendo as necessidades básicas da população local. Identificamos baixas variações na morfologia das edificações, alternando entre um e dois pavimentos. O limite da área estudada é dado por duas rodovias: a Rodovia Santos Dumont, onde predominam indústrias e serviços de médio porte, de âmbito regional, e na Rodovia dos Bandeirantes, onde encontrase uma ocupação em situação de irregularidade por não respeitar a área não edificada proposto pelo Código Florestal (art.4). Os espaços livres voltados ao lazer nesta região são poucos e carentes em infraestrutura.O principal equipamento de lazer é o parque proposto pela Operação Consorciada do rio Capivari, localizado em um trecho do rio Capivari que passa pela área de intervenção, apesar de não ter sido finalizado e possuir poucos atrativos para a comunidade, é um dos parques mais utilizados em Campinas. Além dele também existe

o maciço remanescente da Mata Santa Terezinha, área tombada pelo CONDEPACC, mas sem nenhum recurso de preservação. Outra característica marcante no recorte, são os vazios urbanos. Estão presentes próximo à Rodovia Santos Dumont, no bairro Bacuri, onde há um grande estoque de vazios urbanos, que, valorizados, são visados pelo mercado imobiliário, e também no bairro Jardim Maria Rosa, que tem grande quantidade de lotes vazios.

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Legenda:

Habitacional Comércio Serviços Uso Misto Ocupação irregular Institucional público Institucional privado Indústria Praças

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0 50 150

300

500

FONTE: mapa elaborado pela equipe


Legenda:

TĂŠrreo 2 pavimentos 3-5 pavimentos AtĂŠ 10 pavimentos

0 50 150

300

500

FONTE: mapa elaborado pela equipe

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As vias hierarquizadas têm papéis dstintos, a via local se destina apenas ao acesso local ou a áreas restritas, com interseções em nível e não semaforizadas. As medidas retiradas no local se enquadram em um tamanho

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correto. As vias pedonais contam com 3 metros de largura, porem apesar do tamanho confortável, o que desfavorece os pedestres são a conservação e a variedade do piso, alem da falta de uniformidade da vegetação, que em alguns pontos

obriga o pedestre a caminhar junto aos carros. No caso das vias de rolamento os 8 metros comportam bem a circulação dos veículos em baixa velocidade, assim como estacionamento.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


No caso da via coletora, o corte esquemático do perfil da via mostra a mesma problemática da via local: nas vias pedonais, a ausência de ciclovia prejudicam os ciclistas obrigando bibicletas e veículos circularem juntos.

O canteiro central irregular compromete na travessia de pedrestres. Nas vias de rolamento sua largura favorece que os veículos circulem em uma velocidade acima do permitido, colocando em risco pedestres e ciclistas.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A via de maior velocidade na área, avenidas com semáforos, cruzamentos e grande fluxo de trânsito, que ligam regiões da cidade. No perfil pode-se observar um tamanho aceitavél das vias de rolamento, comportando automóveis

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e ônibus juntos, porém as maiores de transporte. problemáticas nas vias arteriais são exclusivamente com pedestres e ciclistas, que no caso não possuem prioridade nenhuma na sua circulação, as ciclovias são inexistentes sendo necessário a utização de outro meio

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


Passam na área, 4 linhas de ônibus diferentes, que conectam o Jd. Santa Terezinha, Jd. Maria Rosa e Jd. Petrópolis ao Terminal Central e uma que leva ao Campinas Shopping e Terminal Vida Nova, fazendo assim, com que o bairro seja relativamente

bem amparado. Porém, devido ao adensamento que iremos projetar e no fato de querermos diminuir o tempo de viagem das pessoas, somente essas linhas não seriam suficientes.

142 404

JD. STA TEREZINHA JD. MARIA ROSA TERMINAL CENTRAL TERMINAL CENTRAL 40 a 50 minutos 35 a 40 minutos 22,4 km 29,0 km 68 Paradas 76 Paradas Av. Amoreiras Av. Amoreiras

122 405

CAMPINAS SHOPPING JD. PETROPOLIS TERMINAL VIDA NOVA TERMINAL CENTRAL 50 a 80 minutos 30 a 32 minutos 17,70 km 13,0 km 60 Paradas 29 Paradas Interbairros Rodovia Santos Dumont FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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Localizada lindeira a Rodovia Bandeirantes e considerada zona de risco para os moradores, essa área é caracterizada por quadras extensas e lotes com dimensões de 7,5m x 14,5m, menor tamanho se comparado com outras regiões analisadas. A

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diversidade tipológica é quase nula, não há variações de gabarito e os recuos se limitam a 2 metros. A área pode ser considerada de grande adensamento e suas quadras possuem caráter padrão.

FONTE: mapa elaborado pela equipe


Área caracterizada por metros. Não há variações de gabarito pequenas variações de dimensões e as quadras se alternam entre vazios de lote, porém possui uma grande e lotes. diversidade em sua distribuição interna. O mesmo lote por vezes é subdividido em dois ou três, com recuos variados entre 4 metros até 7

FONTE: mapa elaborado pela equipe

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Área caracterizada por quadras extensas, os lotes possuem diversas variações em dimensão ( 10m x 27,6m - 10m x 28,4m - 10m x 27,8m - 10m - 18,4m - 11,6m x 36m - 11,6m x 30,9m - 11,6m x 25,7m ). O recuo também sofre variações

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que se alternam entre 2,5 metros até 13 metros, há diversidade de implantações, porém o gabarito se mantém constante.

FONTE: mapa elaborado pela equipe


Área caracterizada por quadras extensas e pouca diversificação em relação à sua tipologia, marcada por apenas duas configurações: lotes de esquina, com tamanhos 11,7m x 29m e recuo de 5 metros e os lotes de miolo de quadra, de dimensões

10m x 29m e recuo de 4 metros. Há alternância entre vazios e lotes, não há diversificação no gabarito e suas quadras possuem caráter padrão.

FONTE: mapa elaborado pela equipe

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Área caracterizada por quadras não extensas, porém tamanhos de lotes variados, implantações diversificadas, recuos que divergem entre 4 metros e 11 metros, porém o gabarito se mantém constante

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FONTE: mapa elaborado pela equipe


Em busca da integração e relação harmônica entre o existente o proposto, foi realizado um levantamento das principais características dos bairros que circundam a área de intervenção, a fim de compreender a articulação da malha urbana e sua forma de

ocupação. Ao analisar tais dados foi possível perceber uma grande variação de áreas e número de habitantes. Da relação desses dados é possível encontrar uma grande amplitude na densidade. Mas também existem outros fatores que impactam

na densidade dos bairros. Entre eles, a variação do tamanho dos lotes, que em alguns casos podem conter até três habitações, como acontece no bairro Jardim Capivari, que conta com uma área relativamente pequena, mas tem a maior população entre todos

os bairros estudados. Outro fator que influencia na densidade são os vazios urbanos, nesse caso ocasionados pelo grande número de lotes vazios, como o bairro Jardim Maria Rosa, ou áreas que ainda estão se consolidando, como o bairro Bacuri.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A partir de levantamentos de dados estatísticos, foi possível compreender o perfil dos habitantes da área. É visível que a maior parte da população está localizada na faixa economicamente ativa, mas por falta de opções locais, se vê obrigada a trabalhar em outros locais da cidade, o que traz o caráter dormitório para a região. A renda destes trabalhadores está em sua maioria entre as classes E (até 1 salário mínimo) e C (de 3 a 5 salários mínimos), com sua maior parte na classe D (de 1 a 3 salários mínimos). Além disso, os dados etários evidenciam uma discrepância entre o número de habitantes e a quantidade de equipamentos oferecidos, o que diminui qualidade dos serviços tornando-os insuficientes. Apesar da área ter uma demanda de cerca de 14 creches, só existem três na área. E mesmo que tenha um número relativamente grande de escolas fundamentais e de ensino médio, seu número é equivalente ao limite para atender a população existente, sem capacidade de atender o aumento populacional ocasionado a partir do projeto urbano. Com a passagem de uma geração, cerca de 30 anos, boa 32 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

parte da população economicamente ativa atingirá a terceira idade, e não terão nenhum suporte, pois não existem na área equipamentos específicos para esta faixa etária. A partir da análise dos dados foi concluído que na área existe uma carência de equipamentos, o que faz com que voltemos os projetos para melhorar a qualidade de vida desses moradores, a fim de atender todas as faixas etárias.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


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Para um estudo mais apurado das necessidades do Jardim Santa Terezinha e para entender melhor a dinâmica de fluxos dos moradores, realizamos um levantamento e uma análise de equipamentos ali existentes que, além de essenciais para uma boa qualidade de vida como lazer, saúde e educação, também proporcionam vitalidade ao bairro. Esta análise foi feita através de raios com medidas pré-determinadas que indicam a área de abrangência dos seus serviços, ou seja, a área que provavelmente está localizado o público que usará o equipamento em questão.

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O primeiro raio de influência analisado foi referente aos equipamentos de lazer público. O seu raio de influência é de 2km (dois quilômetros). De certa forma é um raio bem abrangente, mas por outro lado um único equipamento somente para uma área com um tamanho relativamente grande se torna insuficiente pela sua distância das extremidades do raio e as áreas fora dele e pela falta de comunicação com o bairro e outros equipamentos em seu entorno.

Legenda:

Escolas APAE

Faculdade

Associação de Moradores Saúde

Polícia

Lazer Público 36 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


O segundo raio de influência analisado foi referente aos equipamentos de saúde de pequeno porte, como por exemplo postos de saúde. O raio de influência deste tipo de equipamento é de 1km (um quilômetro). A nossa área tem um grande déficit que, além de possuir um equipamento com um raio de influência pequeno, é falho no quesito da quantidade de equipamentos espalhados no território.

Legenda:

Escolas APAE

Faculdade

Associação de Moradores Saúde

Polícia

Lazer Público

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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O terceiro raio de influência e último analisado foi referente aos equipamentos de educação como de creches, ensino infantil, fundamental e médio. O raio de influência deste tipo de equipamento é de 400 metros, 1500 metros, 1500 metro e 4 quilômetros respectivamente. A análise deste tipo de equipamento foi, no entanto, motivadora para a equipe pelo fato dos raios de influência proporcionalmente à quantidade de equipamentos existentes acabam que, por sua vez, atendendo boa parte do território, tanto do Jardim Santa Terezinha como os bairros vizinhos, sendo estes até mesmo depois de barreiras territoriais, como é o caso da Rodovia dos Bandeirantes. Legenda:

Escolas APAE

Faculdade

Associação de Moradores Saúde

Polícia

Lazer Público 38 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


O percurso realizado a pé pela equipe, teve início na rua Otávio Chinelato (1). Logo nesta rua, observamos alguns problemas em relação às calçadas: apesar de largas e confortáveis para andar em certos trechos, não eram contínuas e possuíam obstruições ao longo do caminho, A avenida Jacaúna (2), é dividida pela rodovia dos Bandeirantes, ou seja, ela possui o mesmo nome em seu percurso (do bairro Paraíso de Viracopos até a Vila Aeroporto - lado oposto da Bandeirantes) porém não tem uma continuidade física. Os comércios da região têm caráter local, ou seja, são moradores que abrem algum tipo de comércio em suas próprias residências. O gabarito é estritamente baixo de 1 ou 2 pavimentos e a única construção de maior gabarito é o galpão de uma fábrica com aproximadamente 7m. Existem pouquissimas áreas de lazer no bairro, sendo as existentes um pequeno campo de futebol desgramado, a Lagoa Mingone, usada para caminhada, as pistas de skate ao lado da Lagoa, bastante usada pelos

jovens e duas quadras de vôlei de areia. A avenida das Amoreiras, nesse trecho, tem uma péssima infraestrutura. Não existem calçadas nem faixa de pedestres. O corredor de ônibus existente em quase todo seu percurso, nesta área já não existe mais, dificultando a caminhada dos pedestres e o trajeto dos automóveis em geral. O bairro todo em um geral, possui muitas potencialidades, como corredores verdes, parques, áreas de convívio, lazer e melhorias no transporte público.

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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Conceitos | ReferĂŞncias

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O coração do projeto é o enfoque no bairro como uma alma viva. Os conceitos extraídos do livro Cidade para pessoas, de Jan Gehl, nos permite ver com facilidade as questões necessárias para transformação de um sem vida. A tríade que compõe nosso projeto é formada por: vida, segurança e saúde (página 46). O autor do livro justifica a segurança, através de olhos voltados para a rua, ou seja, quanto maior o número de pessoas, maior o índice de segurança devido à atenção que qualquer movimento estranho geraria. A cidade saudável, corresponde também à uma cidade sustentável, pois ao incentivar um maior uso de transporte público, bicicletas e tornar o caminho do pedestre mais agradável de se andar, o uso de automóveis individuais diminuirão, trazendo saúde aos nossos pedestres e um ar mais limpo para nossa cidade. O fato de aumentar o número de vias, estimula o fluxo maior de carros, sendo assim, em nosso projeto, faremos somente vias estritamente necessárias. Uma cidade viva, é uma 42 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

cidade densa e com infraestrutura de qualidade. Para estimular o bairro como local de encontro, era necessário criar programas que convidariam as pessoas a sairem de suas casas e vivenciarem a cidade. Com a tríade conceitual completa, partimos para a aparência dos projetos, onde foi decidido usar materiais vernaculares, trazendo uma identidade ao local sem desconectálo de sua história. Como a área de intervenção surgiu a partir de olarias, o uso de elementos cerâmicos nas novas edificações fará com que o bairro tenha uma unidade, diferentemente do que ocorre atualmente (página 47). Há grandes potencialidades no bairro: corredores verdes ao longo de diversas vias, porém sem uso nenhum. Além do incentivo ao pedestre e ciclista, existe um corredor verde especificamente, onde, atualmente, os moradores construiram muros, tirando qualquer possibilidade de vida ali. Nossa proposta para aquele ponto é fazer com que a comunidade participe mais, ou seja, as casas que o cercam poderiam abrir pequenos comércios e torná-lo ativo, gerando

fluxo até o parque (página 48). A contemplação da paisagem é outro ponto importante que ajudou a definir a implantação dos edifícios. Ela consiste em ajustar o gabarito dos programas em relação à topografia, ou seja, quanto mais baixo o nível do terreno e mais próximo ao rio Capivari, menor o gabarito e conforme o terreno for subindo, o gabarito também sobe. Com isso, todos os moradores do bairro terão visibilidade para o parque. Atualmente, existe só uma ponte para a transposição dos pedestres na rodovia e, na maioria das vezes, eles arriscam suas vidas e atravessam correndo. O desnível do bairro em relação à Bandeirantes e o bairro seguinte é de 10m, sendo favorável a implantação de uma ponte em nível para os pedestre (página 49). A poluição do rio Capivari vem aumentando com o passar dos anos, devido aos esgotos domésticos que desaguam ao longo de seu leito. Porém ainda existe muita vida ali, por isso é necessário, o quanto antes, o início do tratamento da água do rio. Neste caso, foram pensadas em plantas filtrantes em sistema de bóia,

que aumentam a oxigenação da água e favorece a vida dos peixes que ali vivem.Além da biologia filtrante, serão colocadas várias pedras ao longo do corpo do rio também com o mesmo intuito (página 50). Este caso, é um exemplo do que pode ser replicado em diversas cidades que possuem problemas de poluição em seus rios.


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A área de intervenção, devido a sua inserção nas margens do Rio Capivari, tem características topográficas de caráter lindeiro ao rio, tornando o bairro íngreme em determinados pontos. Tal característica natural somada a um plano urbanístico inapropriado,tornou a região do Jardim Santa Terezinha um local com muitas “cicatrizes urbanas”, locais onde, com o passar do tempo, se tornam sobras da malha urbana e são dificilmente ocupadas. A partir deste ponto, buscamos referências, tanto projetuais, como referências teóricas que nos acrescentassem ideias novas. O desenvolvimento do trabalho foi uma experiência baseada em desenhos já pré-existentes e experiências teóricas gerais, criadas e incorporados em locais com características semelhantes as quais nos interessavam, sendo ou pelo formato e integração entre as implantações ou pela ambiência e o contato com áreas comuns, circulação ou conforto proporcionado. A forma de como foi feita essa releitura e aplicação ao nosso desenho foi minuciosa e, em certos momentos, 48 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

adaptada para as situações encontradas no local de intervenção. Essas referências são apresentadas de duas formas: a primeira como a releitura de projetos já implantados em diferentes locais, mas ainda sim semelhantes a determinadas áreas do nosso projeto; a segunda vem em forma de teorias para melhor interação e conforto entre edifícios e o meio natural no qual está inserido, assim como com as áreas comuns do bairro. A primeira referência usada foi KIRSCHEN, Jörg; MUSCHALEK, Christian. Diseño de barrios residenciales – Remodelación y crecimiento de la ciudad. Barcelona: Gustavo Gilli, 2008. Neste livro encontramos quatro projetos referenciais, sendo eles: Crescent Village, Suisun City, California (Estados Unidos); Slowacki, Lublin (Polonia); Acorn, Oakland, California (Estados Unidos); St. Francis Square, San Francisco, California (Estados Unidos).


O primeiro projeto apresentado foi escolhido pela sua integração entre residência e espaço comum, é empírico o bom uso dos espaços intersticiais – espaços de transição entre o público e privado. A vila possui caráter local que é passado às pessoas que ali transitam por estes espaços que recebe olhares de diversas direções, permitindo e garantindo a segurança dos residentes.

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O segundo projeto, no entanto, tem uma concepção diferente dos outros. O escolhemos devido a sua linearidade e os corredores de circulação criados para aproveitamento da vista, do terreno e da circulação de ar no local. Além também do fato da utilização da pré-fabricação para a construção de equipamentos de poio no bairro, criando formas visualmente chamativas e interessantes para as áreas comuns.

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A utilização do terceiro projeto foi, para o grupo, um salto em tanto para o desenvolvimento qualitativo da intervenção pela forma como organiza o espaço. Quando vemos a implantação de Acorn percebemos a utilização de uma malha organizadora do espaço, proporcionando de certa forma uma quadra fluída, com praças internas e espaços bem compartilhados. Tal projeto se caracteriza por essa configuração nem como privado nem como público ao pé da letra, mas sim, como coletivo. Isso nos permitiu a criação de um fluxo moderado nas avenidas e lento nas vias internas onde além da dimensão ser menos, o leito carroçável é todo sinuoso, além também da localização dos bolsões, localizados nos extremos das quadras tornam a vida do pedestre mais ativa e faz com que o carro perca a sua influência, devido ao fácil acesso ao mesmo. Torna-se um exemplo de Quadra Viva.

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Este projeto se destacou, assim como os anteriores, pela qualidade dos espaços coletivos e a disposição das residências que criam estes espaços internos usuais em meio as edificações. O uso deste tipo de local traz vida e segurança às pessoas e traz a sensação de comunidade, unindo-as e tornando-as com um astral bem positivo, contrariando a imagem de bairros ermos, até mesmo inabitáveis.

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A segunda referência usada foi PRINZ, Dieter. Urbanismo – Projecto Urbano Volume 1. Lisboa: Presença, 2008. Esta referência tem como objetivo adquirir conceitos e ideias em forma teórica de como ser feita da melhor forma um projeto urbano, desde a implantação de projetos específicos até a disposição de fluxos, tudo através de esquemas ilustrativos feitos pelo autor de forma que se tornasse um livro sobre urbanismo, mas sem muitos textos, tornando-o mais didático e de fácil entendimento. Utilizamos os ensinamentos do livro para implantação do projeto em um local com uma topografia semelhante à nossa – local lindeiro ao Rio Capivari. A partir da definição de um viário partimos para o posicionamento das praças internas,os locais de acesso e como funcionariam os fluxos, tanto internos, quando externos, se comunicando entre eles de forma simples com os edifícios. Como etapa seguinte obtivemos uma lição de posicionamento das edificações e gabarito das mesmas. Tomamos cuidado para que fosse mantido o conforto climático do

bairro, a comodidade e o visual com aspecto agradável, afinal a vista para o parque linear foi premissa de projeto para o grupo.

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Projeto Urbano

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Baseada na história e características físicas do Rio Capivari chegamos no projeto do Parque Linear do Rio Capivari, a nova conexão da cidade de Campinas. Nosso primeiro objetivo como projeto de reestruturação do bairro seria a limpeza do rio e o reflorestamento, principalmente, de sua mata ciliar, pois ainda existe muita vida nas águas do rio Capivari apesar de toda intervenção humana atual. O principal ponto é trazer a população local para ajudar na causa, fazendo um grande apelo para que todos participem, criando oficinas de plantio, as quais ajudarão as pessoas a entenderem a essência de tudo que esta acontecendo e se sentirem fazendo parte da mudança. O projeto conta com “arrastões” no rio, que seriam limpezas periódicas com a ajuda da população. Além disso, a filtragem de sua água será feita através dos nossos “jardins aquáticos” (explicados na página 45, com base nos croquis da página 50), os quais são baseados na técnologia Biomatrix Water. Os jardins funcionam como filtros naturais para as águas, desenhados para que a super-

fície não seja inteiramente fechada, e sim parte dela. Após essa fase inicial, serão implantados outros programas para que o fluxo de pessoas seja intenso, não só na nossa área, mas em toda extensão que do rio na cidade de Campinas. Além do Parque Linear, pensamos em uma linha de bonde que passará no curso do rio e poderá ser implantado em outras cidades. O bonde será um transporte de âmbito regional que conectará as principais estações de VLT e rodoviárias.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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mapa sem escala FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe


Atualmente, está funcionando na área o BRT (Bus Rapid Transit) que conecta o bairro em questão, próximo ao Parque do Capivari, ao centro de Campinas, passando pelas avenidas João Jorge, Amoreiras e Ruy Rodriguez. Outra questão importante na área, é a futura implantação do TAV (Trem de Alta Velocidade), que irá conectar Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, fazendo paradas no aeroporto de Viracopos e na região central, na FEPASA. Em cima disso , propomos que o TAV encerre sua viagem no aeroporto e uma nova estrutura de VLT, substituirá os atuais corredores de BRT, por ser uma opção mais barata, segura e sustentável. Isto tornará possível a locomoção, tanto da população local quanto dos visitantes que chegam no aeroporto até o centro de Campinas, alimentando o fluxo de pessoas na área de intervenção, a fim de fortalecer o comércio local e o turismo.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A proposta para o bairro Santa Terezinha, consiste no adensamento da área, para gerar mais vida ao local; melhoria dos percursos tanto de pedestres, quanto de ciclistas,através de eixos verdes, favorecendo o uso de meios de transporte mais sustentáveis; organizar a logística de entrada de caminhões com a criação de um pólo de distribuição e uma rótula viária ao redor do bairro, evitando um fluxo desnecessário de transporte de cargas no local; e incentivo ao comércio local, gerando renda e trabalho para os moradores, e fluxo de pessoas nas ruas.

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A configuração da paisagem urbana proposta se deu através da criação de um parque que acompanha o rio Capivari, através da implantação do parque o tecido urbano foi consolidado. A área é margeada por duas grandes rodovias, a Bandeirantes e Santos Dumont, que influenciam diretamente na paisagem urbana atual, isolando o bairro, desfavorecendo pedestres e desconectando ruas. Após observar com mais clareza foi possível a aplicação das metodologias apresentadas na introdução. O principal eixo estruturador da malha viária foi o parque, com ele foi possível conectar áreas antes isoladas, com mais qualidade para pedestres e ciclistas. A rodovia dos Bandeirantes recebeu uma vasta área de vegetação em sua margem, possibilitando a travessia de bairros vizinhos através de passarelas em nível e também favorecendo na poluição sonora e segurança dos pedestres. Os grandes lotes vazios foram redesenhados com enfoque principal na mobilidade de pedestres e ciclistas, sem abandonar uma circulação de qualidade para automóveis. Nas 62 | Memorial Urbano do Santa Terezinha

áreas de serviço, algumas vias locais são privativas para pedestres, se conectando entre lotes trazendo mais fluidez, não havendo assim a necessidade da utilização de automóveis. Já as vias arteriais e coletoras privilegiam o transporte coletivo e a circulação, com a implantação de linhas de VLT e ciclovias conectando assim áreas mais distantes.

mapa sem escala FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


Na proposta para via arterial, as vias de rolamento foram divididas. Antes BRT e automóveis dividiam as faixas, na sua nova proposta o automóvel tem exclusividade na faixa melhorando a mobilidade e uma linha de VLT foi implantada em um amplo canteiro central, que recebe ciclovia, vegetações e espaço para pedestres. Sempre visando a travessia e também a locomoção de grandes distâncias, ligando os pontos principais de Campinas.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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A nova proposta para as vias coletoras foi o alargamento das vias pedonais, implantação de ciclovias, travessias em nível para pedestres e melhoria dos canteiros centrais, dando a eles uso e permanência com novos equipamentos urbanos tornando assim o local mais frequentado e seguro. As vias de rolamentos receberam baias para estacionamento setorizando bem a via permitindo melhor fluidez.

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FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe


Em todas as vias propostas foram implantadas biovaletas, para um escoamento melhor das águas pluviais, prevenindo o solo de erosões, antes frequentes na área estudada. Nas vias locais o percurso pedonal se mantem com 3 metros de largura, o piso, vegetação e mobiliário urbano foram padronizados. As vias de rolamento foram estreitadas, para que os automóveis circulem um baixa velocidade, além disso, elas recebem um único sentido com baias para estacionamento em áreas de travessias.

FONTE: ilustrações elaboradas pela equipe

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FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe


FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe

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FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe


FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe

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FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe


FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe

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FONTE: ilustraçþes elaboradas pela equipe


A partir da análise das diferentes tipologias encontradas na área de estudo, um novo zoneamento foi proposto considerando, além das características existentes, as vocações especificas de cada local, a fim de não criar segregação entre as áreas, e readequar os lotes consolidados para que todos se relacionem nas áreas comuns, preservando a identidade local. A infraestrutura urbana proposta foi desenvolvida considerando o adensamento proposto pelo plano. Ao longo das principais vias de conexão da área, cria-se a possibilidade de implantação de eixos de comércio e serviços, com até três pavimentos. Nos locais de novos traçados urbanos, quadras abertas para permitirão uma melhor circulação dos pedestres e convívio da população local. Sua densidade estabelece uma relação com o declive que leva ao Parque Linear do Rio Capivari. Desta forma, os edifícios próximos ao rio apresentam o gabarito de um pavimento e conforme vão se afastando pode atingir até quatro pavimentos. Esta forma escalonada

garante a preservação do visual do contexto urbano, principalmente das áreas verdes. Ao Norte do rio Capivari, quadras com lotes regulares e gabarito baixo (até dois pavimentos) cruzado por vias pedonais e pequenos comércios ao longo destas. As residências localizadas em áreas de risco foram realocadas em áreas especificas destinada a ZEIS, visando à recuperação e preservação dos afluentes do rio Capivari.

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Legenda:

Habitacional Comércio Serviços Uso Misto Ocupação irregular Institucional público Institucional privado Indústria Praças

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0 50 150

300

500

FONTE: mapa elaborado pela equipe


Legenda: *

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300

500

FONTE: mapa elaborado pela equipe

T1 T2 T3 T4 T5

*explicação na tabela seguinte

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Legenda:

TĂŠrreo 2 pavimentos 3-5 pavimentos AtĂŠ 10 pavimentos

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FONTE: mapa elaborado pela equipe

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Legenda: 0 50 150

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300

500

FONTE: mapa elaborado pela equipe

1 - 2 pavimentos 2 - 3 pavimentos 2 - 4 pavimentos


Foi realizada uma pesquisa, onde entrevistamos 80 moradores do bairro, com intuito de confirmar se a nossa leitura do território está próxima da percepção dos moradores e se as propostas de programa eram válidas. Concluiu-se então tudo o que prevíamos: a maioria dos moradores se encontram na faixa economicamente ativa; o Parque é bastante utilizado para lazer; a maioria dos trabalhadores da área tem que se deslocar consideravelmente para o trabalho, escola, creche e posto de saúde. Quanto à segurança, praticamente a maioria cita o bairro como praticamente sem segurança, devido ao pouco movimento de pedestres nas ruas. Sendo assim, a criação de novas creches, escolas, postos de saúde e estações de diferentes transportes públicos, ajudarão esses habitantes à vivenciarem a cidade de um melhor jeito.

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