Until harmony

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Harmony Mayson não é o tipo de garota que assume riscos desnecessários, mas após conhecer Harlen MacCabe, ela começa a se perguntar se talvez devesse assumir. Quanto mais tempo ela passa com o selvagem e livre motoqueiro, mais ela começa a ansiar a liberdade que ele lhe dá... E mais ainda, ela começa a ansiar por ele. Harlen vive a vida em seus próprios termos. Após perder os dois pais muito cedo em um assalto, ele sabe o quanto a vida é preciosa, e está determinado a tirar o máximo possível disso. Quando se depara com a bela Harmony e descobre que ela está se mudando para a cidade, ele sabe que é hora de aproveitar sua chance. Ela acha que ele só quer ser amigo, mas não pode estar mais errada. O que Harmony e Harlen não sabem é que o tempo deles pode ser abreviado. A vingança está no ar, e alguém não vai parar até que uma dívida seja paga.


Prólogo Harmony

Quando eu saio do hospital com um sorriso no rosto, vejo Harlen atirando a perna coberta de jeans pelo assento da Harley. Eu não o vi desde que o levei para a casa da minha prima, June, algumas semanas atrás. Ele foi baleado por um cara chamado Jordan, que fazia parte de um MC fora de Nashville. O clube de motociclismo de Jordan estava tentando se infiltrar no clube de motociclistas Broken Eagles e assumir o controle para que pudessem expandir seus negócios. E por negócios, quero dizer vender mulheres, drogas e armas. Para a sorte de Harlen, sua ferida foi limpa, atravessou por completo, então ele foi libertado do hospital depois de um dia. Eu não o conhecia antes de vê-lo encostado na parede na casa da minha prima, não falando realmente com ninguém, mas eu sabia, apenas olhando para ele, que estava com dor. Quando vi isso, entrei no modo de enfermeira e insisti em cuidar dele. Tenho certeza que ele pensou que eu era um pouco louca, mas de alguma forma, ainda o convenci a deixar-me levá-lo para casa. Após levá-lo a casa dele e administrar alguns medicamentos contra a dor, eu saí, e não ouvi nada dele. Isso não quer dizer que não pensei nele mais do que algumas vezes desde então. Ele tem sido como uma coceira constante na parte de trás da minha mente, da qual não posso me livrar, não importa o que eu faça. — Harlen! — Eu grito o nome dele enquanto corro em meus saltos pelo estacionamento, observando-o levantar o descanso de sua moto e plantar ambos os pés cobertos com botas no asfalto.


Seus olhos escuros vêm até mim por sobre seu ombro largo, e assim como a primeira vez que nossos olhares se encontraram, a base da minha barriga aperta forte e meu sangue canta em minhas veias. Deus, ele é lindo, não no sentido tradicional. Ele é muito assustador, para ser bonitinho. Ele é muito grande, seus olhos muito escuros e sua mandíbula muito rígida. A barba grossa que a cobre o faz parecer perigoso. Exceto que ele parece ser o tipo de perigo que você quer domar para que possa vê-lo de perto; como um leão ou um urso na natureza. Sabe, se tivesse a chance de experimentar a emoção de tocar um animal como esse, você nunca esqueceria. Nunca. — Ei. — Sorrio uma vez que estou perto, sentindo minha pele esquentar e formigar enquanto seus olhos vagam sobre mim de uma maneira preguiçosa antes de levantar o queixo. Aceitando isso como um Olá de um cara familiar e assustador, eu sorrio. Ele não falou muito da última vez que o vi. Na maior parte, ele olhou para mim como se eu fosse divertida. — Você veio aqui para ver o médico? — Perguntei, levantando minha bolsa em meu ombro enquanto o estudo. Ele parece bem; sua cor voltou, e não há sinal de dor em seus olhos, o que é um alívio. — Não sei por qual outra razão eu estaria no hospital, querida, — ele ressoa, inclinando-se mais em seu assento e abrindo suas longas pernas. — Eles aceitam esperma a qualquer hora do dia, — respondo, observando seus lábios torcer em divertimento, e essa mesma diversão brilha em seus olhos. — O que o médico disse? — Pergunto; um momento depois de apreciar a expressão dele. — Tudo está bem, a ferida está curada. Os pontos foram tirados. — Bom. — Estendo a mão e toco seu braço musculoso e tatuado logo abaixo da manga de sua camisa preta. Seus olhos vão para a minha mão descansando nele, então voltam para se encontrar com os meus e estão cheios com algo que me desequilibra. Afastando a minha mão, dou um passo atrás. — Estou feliz que você esteja bem, — eu digo, e ele levanta o queixo mais uma vez. — O que você está fazendo aqui? — Ele pergunta após uma pausa estranha. Eu sorrio. — Acabei de fazer uma entrevista para uma vaga de enfermeira.


— Você conseguiu o emprego? — Consegui. — Sorrio mais brilhante. Eu queria voltar para casa há um tempo, mas sabia que eu não podia até me formar, passar no meu teste e ter um emprego na cidade. Eu amo meus pais, mas de maneira nenhuma eu me apoiaria neles ou voltaria para a casa deles após estar livre para fazer as minhas coisas por tanto tempo. — Sente-se com vontade de celebrar? — Ele pergunta, me pegando desprevenida, e meu estômago revira com a ideia de comemorar de alguma forma com ele.— Sim, — eu concordo, sem pensar na minha resposta, e ele liga a moto, o ruído estridente fazendo vibrar todo o meu corpo. — Suba. — Suba? — Repito enquanto ele me entrega o capacete. — Sim, vá em frente. — Ele acena com a cabeça para o banco atrás dele e meus olhos vão para lá brevemente. — Talvez eu não devesse. — Balanço a cabeça, tentando devolver o capacete, mas ele não aceita. Em vez disso, ele cruza os braços sobre o seu amplo peito, fazendo com que seus braços já grandes parecessem ainda mais intimidantes. — Você está assustada? — Não, — eu minto. Estou assustada; sempre tive medo de correr riscos. Toda decisão na minha vida foi planejada. Não me arrisco. Não me precipito ou faço as coisas por capricho. Minha irmã gêmea, Willow, faz isso, mas eu não. Tenho cuidado com cada decisão que tomo. Talvez muito cuidado. — Então, qual o problema? — Eu tenho o meu carro. — Aponto para o meu Audi A6 vermelho. — É meu bebê. Não posso deixá-lo aqui. — Tudo bem, então me siga, — ele sugere. Merda. — Eu... — olho dele para o meu carro e de volta para ele. — Não posso, — sussurro com pesar. Sim, eu quero sair com ele. Sim, eu quero ser o tipo de garota que faz merda louca, como andar de moto com um cara que quase não conhece para celebrar seu novo emprego. E talvez essa celebração aconteça com algumas doses de


álcool

barato

e

alguns

com

ótima

esperança

orgasmos

realmente

excelentes. Quero ser essa garota, mas não é quem eu sou. — Sinto muito. Não posso. — Entrego o capacete, e ele o aceita enquanto me estuda atentamente. — Foi legal ver você, Harlen. Estou feliz que você esteja melhorando. — Eu me afasto um passo. — Até a próxima. Girando em meus saltos, atravesso o estacionamento. Entro no meu carro, jogo a minha bolsa no banco ao meu lado e ligo o motor. Olho para o para-brisa, esperando que Harlen tenha partido. Ele não foi. Ele ainda está sentado sobre a moto, mas agora o torso está virado e seus olhos estão fixos em mim com as sobrancelhas franzidas. Com um suspiro, lembro-me mais uma vez que o melhor é eu não ter ido com ele. Coloco o meu cinto de segurança, ligo o carro e saio sem olhar novamente, ainda que, na verdade, eu queira. Chegando em casa em Nashville, uma hora depois, eu estaciono do lado de fora do meu edifício e saio, levando minha bolsa comigo em direção ao meu apartamento, o qual fica no primeiro andar. Moro em um dos complexos habitacionais mais antigos da cidade. É uma área agradável e segura, com a maioria dos vizinhos sendo mais velhos. Chamo esse lugar de casa por alguns anos, desde que minha irmã gêmea, Willow, e eu decidimos que era hora de nos separarmos e vivermos sozinhas. Precisávamos ter alguma separação entre nós duas para construir nossas próprias vidas. Não me interpretem mal; eu amo minha irmã. Ela é minha melhor amiga. Mas sou minha própria pessoa, e às vezes as pessoas, incluindo minha família, esquecem isso. É quase como se eles pensassem que porque nos parecemos e compartilhamos o mesmo aniversário, somos iguais em tudo. O que poderia ser o caso de alguns gêmeos, mas simplesmente não é para mim e Willow. Ela sempre foi selvagem e livre, enquanto eu sempre fui mais conservadora e cautelosa. Ouvindo Dizzy, meu cachorro resgatado meio maltês de cinco anos, latindo do outro lado da porta, sinto que estou em casa, e colocando minha chave na fechadura, abro a porta um centímetro, então ele não tem chance de escapar. Algo que ele fará se eu não tiver cuidado. Dobrando os joelhos, eu o pego contra o meu


peito e dou dois passos para dentro, onde coloco minha bolsa no chão e pego a coleira pendurada na parede. — Ei, Dizzy. — Beijo o topo de sua cabeça branca macia e esfrego atrás de suas orelhas. — Você sentiu minha falta? — Pergunto, beijando-o novamente e ele lambe meu queixo. Eu rio enquanto coloco sua coleira em seu pescoço, e o coloco no chão, deixando-o liderar o caminho para fora. Não surpreendentemente, ele nos leva pelo quarteirão, diretamente ao seu parque favorito. Observando-o cheirar as árvores e a grama, prometo silenciosamente a mim mesma e a ele que o nosso próximo lugar terá um quintal cercado, onde ele poderá correr livre sempre que quiser. Com esse pensamento, retiro meu celular do bolso da minha calça e mando uma mensagem para a melhor amiga da minha prima Ashlyn, Michelle, para que ela saiba que estou pronta para começar a procurar uma casa, pois ela é uma corretora. Então, eu ligo para a minha mãe. — Querida, espere um segundo, — mamãe responde, soando sem fôlego, e a ouço dizer ao meu pai para parar de fazer o que ele estava fazendo. Revirando os olhos, espero ela voltar ao telefone. Meus pais podem ser velhos, mas ainda estão seriamente apaixonados. — Tudo bem, voltei. Como foi a entrevista? — Acho que foi boa... Desde que eu consegui o emprego, — digo a ela. Então afasto o telefone do meu ouvido enquanto ela grita, e ouço o meu pai perguntar no fundo o que está acontecendo antes de escutá-la contar minhas notícias. — Seu pai quer conversar, — ela diz, e posso dizer pelo seu tom que ela está sorrindo. — Parabéns, querida. Estou orgulhoso de você, — diz papai, e meu coração esquenta. — Obrigada, pai. — Te amo. Venha ver o seu velho logo. — Eu vou, e também te amo, — murmuro e escuto o telefone ser empurrado. — Eu sabia que você conseguiria! — Grita mamãe, voltando na linha. — Mãe, — eu rio, seguindo Dizzy enquanto ele adentra no parque com o nariz no chão.


— Pare com isso. Eu estou animada. Você está finalmente voltando para casa. Você ficará conosco enquanto procura uma casa? Por favor, diga que sim, por favor? — Ela faz uma pergunta após outra sem dar um segundo para respirar, fazendo-me rir novamente. — Eu acho que ficarei aqui até encontrar um lugar na cidade. — Você poderia voltar para o seu antigo quarto. — Eu amo você e o papai, mãe, mas de jeito nenhum. Sempre que estou em casa papai regride, e de repente tenho dezesseis anos novamente, tendo um toque de recolher e pedindo permissão para sair com os amigos. — Eu poderia falar com ele, — ela insiste, fazendo-me sorrir. Mamãe tem falado com o meu pai sobre o fato de nos dar espaço para sermos mulheres desde que completamos treze anos, e nunca funcionou. — Eu preferiria não mudar mais de uma vez, — digo suavemente, então não machuco os sentimentos dela. — Além disso, antes de perceber, ambos estariam cansados de mim. — Eu nunca estaria cansada de você. — Ela cutuca, e sei que ela está irritada por não conseguir o que queria. — Quando você começa a trabalhar? — Provavelmente daqui a três semanas ou mais. Preciso dar ao Dr. Brandsaw algumas semanas para garantir que ele possa encontrar uma substituta. — Trabalho como assistente de enfermagem em uma pequena clínica aqui em Nashville, e estive lá desde a faculdade. Dr. Brandsaw tem sido ótimo em trabalhar de acordo com a agenda da minha faculdade e me dando o tempo que eu preciso. Simplesmente não sei como ele se sentirá quando eu contar que não vou mais trabalhar com ele agora que me formei. Meu objetivo a longo prazo é trabalhar como uma enfermeira de emergência e, infelizmente, não poderei fazer isso se eu ficar com ele, o que significa que é hora de passar para o próximo capítulo da minha vida. — Então, eu tenho que aguardar um mês inteiro, se não mais, para você voltar para casa, — diz ela, decepcionada. — O tempo passará, e, entretanto, você pode me ajudar a encontrar uma casa. Acabei de enviar uma mensagem a Michelle, informando que estou pronta


para começar a procurar. Quero encontrar uma casa com um quintal para que eu possa colocar uma porta de cachorrinho para Dizzy. Dessa forma, se eu estiver trabalhando, ele não precisa ficar lá dentro. — Posso ajudá-la com isso, — ela responde, ficando animada novamente. — Eles estão construindo algumas novas casas geminadas na nossa rua. Elas parecem legais. Talvez possamos verificá-las no próximo fim de semana. — Isso parece bom, — concordo, apesar de não ter certeza de morar em uma casa geminada. Após passar anos em condomínios, seria bom não compartilhar uma parede com ninguém. Não há nada mais irritante do que ouvir as pessoas quando a vida sexual é inexistente, ou as pessoas que brigam sem parar. — Que tipo de casa você procura? — Mamãe pergunta quando Dizzy finalmente encontra o local perfeito para cuidar dos negócios. — Não tenho um orçamento enorme, mas quero algo com pelo menos dois quartos, então, se eu tiver companhia, eles têm um lugar para dormir. E um quintal para Dizzy. — Tenho certeza que vamos encontrar o lugar perfeito, e se você precisar, seu pai e eu podemos emprestar algum dinheiro... — Não. Mãe, — Eu a corto antes que ela possa terminar a frase. Meus pais pagaram minha faculdade. Nunca tive que me preocupar com isso, o que foi um alívio, mas não quero viver à custa deles para sempre. Quero fazer o meu próprio caminho no mundo. É algo realmente importante para mim. — Você é como seu pai, tão cabeça-dura, — ela resmunga, e sorrio, aceitando isso como um elogio. — Então, o que você fará no resto do dia? — Neste momento, estou levando Dizzy para uma caminhada, e talvez eu veja se Willow quer jantar hoje à noite e talvez veja um filme. — Divirtam-se, e espero vê-la neste fim de semana. Eu te amo. — Te amo também. — Desligo depois dela, e ligo para a minha irmã. — Ei, — ela responde, parecendo meio adormecida. — Você está dormindo? — Pergunto, me perguntando como isso é possível quando ela deveria estar no trabalho. — Sim, estou doente. Acho que estou com gripe.


— Você precisa que leve alguma coisa para você? — Só quero dormir, — ela murmura e eu rio. — Vou levar uma sopa. — Você não precisa fazer isso, — ela murmura e continua. — Mas se insiste, pode trazer a sopa cremosa de Guioza? — Claro. — Eu sorrio. — Descanse um pouco. Estarei aí mais tarde. — Tudo bem. — Ela tosse enquanto desliga. Coloco meu telefone no bolso e sigo Dizzy ao redor do parque por mais meia hora antes de levá-lo para casa. Uma vez que voltamos, vou para o meu quarto, tiro os saltos, troco minhas calças por calças de ioga e minha blusa para uma camiseta. Agarro um suéter e amarro meu cabelo em um rabo de cavalo. Ligo para Alexa enquanto vou para minha sala de estar com os pés descalços e a espero atender. Coloco músicas de Ed Sheeran, então tenho algo para ouvir enquanto limpo a cozinha e aspiro. Odeio limpar, então eu tento ficar em dia com isso, mas entre o trabalho e a faculdade, na maioria dos dias não estou afim. Essa é uma coisa que sinto falta de viver com Willow; eu nunca tive que cozinhar ou limpar. Ela sempre foi obsessiva em manter as coisas arrumadas, o que significava que tudo estava sempre feito antes de ter uma chance de fazer, e o jantar sempre estava pronto quando eu queria comer. Após aspirar e guardar as coisas que se juntaram em cima de cada superfície plana durante a semana passada, vou em busca do meu celular a fim de ligar para pedir comida chinesa. Vendo uma mensagem de Michelle na tela dizendo que ela começará a procurar uma casa assim que tiver meu orçamento, eu mando uma mensagem com o meu limite máximo de gastos, e então procuro em minha gaveta de menus para comida e encontro a Guioza. Eu os acho no fundo da gaveta, sob toda a aleatoriedade que foi empurrada lá desde que me mudei. Uma vez que liguei e fiz o pedido, desligo e olho para Dizzy, que se fez confortável em cima de um dos lençóis fofos que eu coloquei na ponta do sofá. Colocando minhas mãos nos quadris, eu o estudo, e ele ergue a cabeça e inclina para o lado. — Você quer ir ver a tia Willow? — Pergunto, e ele sai do sofá,


correndo para mim e girando em um círculo aos meus pés, provando mais uma vez que eu lhe dei o nome perfeito. — Tudo bem, venha. — Eu vou para o corredor, pego sua coleira, eu a aperto no pescoço e depois pego minhas chaves e minha bolsa. Quando abro a porta de trás do carro, ele salta para dentro e pula no seu banco de cachorrinho, conhecendo a rotina. Ao fechar a porta, fico atrás do volante. Depois de pegar a comida do restaurante, eu vou até a casa de Willow. Ela mora em uma casinha de dois quartos em uma rua arborizada fora da cidade. Ela comprou sua casa quando nos separamos. Ela não queria alugar novamente, e eu entendi isso. Se eu não estivesse na faculdade e soubesse que não queria me aproximar de nossos pais depois de me formar, eu também teria comprado em vez de alugar. Estacionando na calçada, saio, levando a comida comigo, e depois abro a porta para Dizzy, que salta apressadamente para sair e explorar. Pego a coleira antes que ele possa fugir e o levo até a porta da frente. Usando minha chave para entrar na casa, não me preocupo com a possibilidade de encontrar um estranho homem nu lá. Willow, assim como eu, não teve um cara na vida por enquanto. No departamento de amor, não tivemos muita sorte. Não sei por que Willow não se estabeleceu, mas sei que sou muito exigente quando se trata de homens com os quais eu quero passar meu tempo. Também sei que provavelmente deveria abaixar os meus padrões. Mas simplesmente não vou. Eu quero um homem como meu pai, um homem forte, que sabe quem ele é e está bem com ele mesmo. Também quero um homem que me queira além da razão. Meu pai adora o chão que minha mãe pisa e quero isso. Eu me recuso a me contentar com menos. Por isso, ainda estou solteira. Os homens atuais (pelo menos os homens que conheci) são insípidos com seus sentimentos. Um minuto eles não podem ter o suficiente de você, e o próximo, eles afirmam que você o sufoca. Pessoalmente, preferiria estar sozinha a suportar esse tipo de besteira emocional desnecessária. Saindo da minha cabeça, fecho a porta e tiro a coleira de Dizzy. Depois de colocar a bolsa de papel que mantinha a nossa comida no balcão da cozinha, atravesso a sala de estar em direção ao quarto de Willow na parte de trás da casa. A


porta já está aberta quando chego lá, e encontro Dizzy na cama, tentando abrir caminho pelas cobertas para chegar à minha irmã. — Dizzy cara, sério, sua respiração fede, — Willow resmunga, colocando a cabeça para fora, sentando-se e puxando Dizzy em seu colo enquanto o acaricia. — Você precisa dar a ele algumas balas de cachorrinho, — ela me diz, e reviro meus olhos para ela. — Você pegou minha sopa? — Peguei. Você quer comer aqui, ou se sente bem para sair da cama? — Provavelmente eu deveria me levantar. Estive na cama o dia todo. Esta gripe está chutando minha bunda. — Ela afasta o cobertor e se move para a borda da cama com Dizzy ainda nos braços. — Você provavelmente deveria ficar longe de mim, assim não vou te deixar doente. — Eu nunca fico doente, — eu lembro a ela. Posso contar com ambas as mãos o número de vezes que fiquei doente na minha vida. Foi uma maldição quando éramos mais jovens, porque nunca tive motivo para falta na escola e sempre tive ciúmes quando ela e o resto das minhas irmãs ficavam na cama o tempo todo e mamãe cuidando delas. — Certo, eu esqueci que você conseguiu todas as coisas boas do sistema imunológico, — ela responde, deixando Dizzy no chão. — Que seja, — eu ri, observando-a se mover lentamente em direção ao banheiro. — Espere. — Ela se vira para olhar para mim. — Você não teve sua entrevista hoje? — Eu tive. — E? — Ela levanta uma sobrancelha. — Consegui o trabalho. — Sorrio, observando o sorriso dela. — Eu sabia que você conseguiria. Então, quando você começa? — Em poucas semanas. Preciso dar tempo ao Dr. Brandsaw para encontrar um substituto. — Ele sabia que você estava procurando outro lugar?


— Ele sabe que meu objetivo a longo prazo é trabalhar na sala de emergência, mas não, eu não disse que estaria procurando um emprego em um hospital assim que passasse no meu exame para a minha licença. — Você e seus objetivos, — ela murmura, voltando ao banheiro. — Estou feliz por você! — Ela grita através da porta parcialmente fechada. — Quão feliz ficaram mamãe e papai quando você contou? — Ela perguntou depois que ouvi a descarga e a torneira. —

Feliz. Mamãe tentou me convencer a morar com eles, —

digo,

atravessando o quarto e inclinando meu ombro contra o batente da porta, observando-a lavar as mãos e o rosto. Encontrando meu olhar no espelho, seus olhos se arregalam de horror. — Você fará isso? — Pareço mentalmente instável para você? — Respondi. Ela sorri e responde, — Ok? Agito a cabeça. — De qualquer forma, agora preciso encontrar uma casa para não dirigir duas horas por dia. — Adoro procurar casas, eu vou ajudá-la. — Obrigada, eu precisarei disso. — Sorrio enquanto ela agarra seu robe e o coloca sobre a camiseta suada. — Você disse a Michelle para começar a procurar? — Sim, e ela disse que deveria ter algumas casas para eu olhar nos próximos dias, — eu digo, seguindo-a pela casa e na cozinha. — Impressionante. Encaminhe o e-mail para mim quando você receber, e vou ajudá-la a passar por elas e reduzir a lista. — Eu aceitarei essa oferta, — concordo, entregando-lhe a sopa e uma colher. — Obrigada. — Ela a leva com ela até a sala de estar. Seguindo-a com meu Lo Mein e um garfo, chuto minha sandália e sento com ela no sofá, enfiando os pés debaixo de mim. — O que você quer assistir? — Pergunto enquanto ela liga a TV.


Há alguns episódios da mais nova temporada de 90 dias para

Casar gravado. Quer assistir? — Ela pergunta, folheando a lista gravada em seu DVR. — Duh. — Sorrio, dando uma mordida no meu macarrão enquanto ela pressiona o play para o primeiro episódio. — Amo esse programa, — ela diz na metade do episódio, e agito minha cabeça. — Eu apenas me sinto mal pela maioria deles, — admito, observando um pobre bobo adulando uma mulher que, obviamente, não está nem um pouco interessada nele. — O amor faz você ficar cego, — ela murmura, e concordo com a cabeça. Ela está certa. O amor faz você ficar cego, e às vezes estúpido. — Pelo menos eles são corajosos o suficiente para tentar. — É verdade, — concordo suavemente, me perguntando se eu alguma vez serei corajosa o suficiente para seguir o amor do jeito que eles fazem. Duvido que eu vá alguma vez. — Vi Harlen hoje, — eu comento; ela pausa o programa e depois vira para olhar para mim. — Você viu? — Quando eu estava saindo do hospital após minha entrevista, eu o vi no estacionamento. — O que aconteceu? O que ele disse? — Nada de mais. Ele perguntou o que estava fazendo, então eu falei sobre o trabalho. E então, ele me perguntou se queria comemorar com ele. — Comemorar? — Ela balança as sobrancelhas. — Você aceitou a oferta? — Não. — Agito a cabeça. — Por que diabos não? Pensei que você tivesse dito que ele é sexy. — Ele é sexy. Eu simplesmente... Eu simplesmente não podia, — admito; ela me estuda atentamente e solta um suspiro. — Nem todos os aspectos da sua vida podem ser planejados, anotados e agendados. Você precisa viver um pouco e se divertir.


— Eu tenho objetivos, coisas que são importantes para mim, — eu me defendo. — Sim, e você sempre cumpre seus objetivos, mas alguns eventos não se encaixam em uma das suas listas de coisas que você precisa fazer. — Você está certa. — Na próxima vez que ele perguntar a você... — Se houver uma próxima vez, — eu a corto e a corrijo, não querendo ter esperanças de que haverá uma próxima vez. Foi um acaso eu o ver hoje. — Tudo bem, se houver uma próxima vez. — Ela revira os olhos. — Sério, você realmente quer olhar para trás, para a sua vida daqui a quinze ou vinte anos e pensar em todas as coisas que perdeu porque teve medo de se arriscar? — Não. — Exatamente, você não quer. Então, para que isso não aconteça, você precisa começar a viver um pouco, — ela briga gentilmente. — Sério, eu te amo, mas não te entendo às vezes, — ela resmunga, antes de voltar a TV. Eu puxo uma respiração e pressiono meus lábios juntos. Não sei se poderei fazer o que ela diz que eu devo fazer, mas sei que ela está certa. Não quero olhar para trás, para a minha vida, e ter arrependimentos.


Capítulo 01 Harmony

— Isto é perfeito, — digo enquanto giro, observando tudo. A sala de estar é enorme, com uma lareira e estantes brancas incorporadas em cada lado da parede. A cozinha é aberta para a sala de estar e tem armários off-white e granito de cor creme com manchas douradas e vinho na sua superfície. Isso compensa o comprido e polvoroso armário de cor rosa que separa a cozinha da sala de estar, com um topo de madeira e três lustres de vidro transparentes pendurados sobre ele. Inclinando minha cabeça, eu olho para os altos tetos brancos com linhas escuras correndo para cima, encontrando-se no meio, onde há um candelabro de cristal decorativo. Abaixando meus olhos, eu vejo a madeira escura debaixo dos meus pés que parece atravessar toda a casa. — Você não viu os quartos, — Michelle diz com pesar, e olho para ela. — Eles são pequenos. A maior parte da metragem quadrada está aqui. — Ela acena com a mão para abranger a sala em que estamos. — Não me importo. Eu amo isso, — digo a ela com honestidade, olhando ao redor da sala novamente. Esta deve ser a centésima casa que olhei desde que comecei minha busca. Desisti de encontrar algum lugar quatro semanas depois de começar meu trabalho no hospital da cidade. Michelle me assegurou que acharia uma casa para mim, mas eu me destinava a uma hora de viagem todos os dias de ida e volta para o trabalho. Quando Michelle me ligou esta manhã e disse que tinha um lugar que eu


simplesmente precisava ver, concordei em encontrá-la antes do trabalho, embora, na verdade, eu não quisesse. Agora, fico feliz por ter feito isso. Com pouco mais de cento e trinta e nove metros quadrados, é tudo o que eu estava procurando e muito mais. — Se você tem certeza sobre este lugar, precisamos colocar uma oferta. O proprietário me fez um favor, permitindo que você visse antes de colocá-la oficialmente no mercado. Eu sei que todos lutarão por ela. — Pagarei o preço total pedido, e nem vou pedir custos de fechamento, — eu digo a ela, e ela sorri. — Deixe-me ir buscar a papelada do carro. Enquanto faço isso, dê uma olhada nos quartos para que você possa ter certeza de que é essa. — Claro, — concordo, observando-a girar em seus calcanhares para sair. Eu vago para a porta deslizante da sala de estar e olho para além do deck de madeira. O quintal não é muito grande, mas já tem uma cerca branca de um metro e meio de altura ao redor, então Dizzy pode correr sempre que quiser. Tudo o que eu tenho que fazer é descobrir uma maneira de colocar uma porta para cachorrinho para ele. Girando, atravesso a cozinha em direção aos quartos. A primeira porta que abro é um pequeno banheiro com uma pia de pedestal, combinação de banheira/ chuveiro e um sanitário. Passando à porta ao lado, encontro um quarto. Não é um quarto muito grande, mas se colocar um sofá-cama, eu posso fazê-lo funcionar. O próximo quarto é exatamente do mesmo tamanho, perfeito para um escritório. No final do corredor, abro a porta e entro. A luz brilhante enche o quarto através de uma janela de dupla baía direcionada para a casa dos vizinhos. Este quarto é grande o suficiente para a minha cama queensize, e há um banheiro anexado que foi reformado com azulejos parecendo madeira cinza e azulejos de cor creme no box de vidro. Olhando para as pias de pedestal lado a lado com belos espelhos ovais sobre elas, suspiro de felicidade e alívio. — Então, qual é o veredicto? — Michelle avisa, e viro para encará-la. — Vendido. — Eu sorrio e pergunto, — Onde eu assino?


Uma hora e uma ligação para o proprietário depois, minha oferta é aceita. Graças a Deus. Ela também concordou em me deixar entrar e pagar o aluguel até fecharmos, já que a casa está vazia agora, e ela está na Flórida e – nas suas palavras – perdendo dinheiro todos os dias. Com um sorriso no rosto, eu deixo Michelle trancar tudo e dirijo-me para o meu carro e entro. Olho através do para-brisa para a casa uma última vez depois de colocar o cinto de segurança, empurrando minha chave na ignição. A casa é fofa, com tapume azul e persianas negras. A porta da frente está no meio da varanda, e há espaço suficiente para colocar vasos em cada lado e preenchê-los com flores. O paisagismo em torno da casa deixa muito a desejar, mas posso consertar sozinha nos meus dias de folga, talvez plantar algumas flores e mais algumas árvores. Pego meu telefone e tiro uma foto, enviando uma mensagem de grupo para minha mãe e minhas irmãs para que possam ver a casa. Minha irmã, Nalia, que se mudou para Denver, é a primeira a enviar um emoji de rosto sorridente com olhos de coração. A mensagem de Willow vem depois com o mesmo emoji. Logo depois, meu telefone toca. Atendendo, dou ré da entrada. — Você finalmente encontrou uma casa, — mamãe diz aliviada. Eu sei que ela tem se preocupado comigo, dirigindo uma hora para trabalhar e outra para voltar para casa todos os dias, especialmente após trabalhar turnos duplos no hospital. Eu amo meu novo emprego, mas trabalhar três duplos seguidos é cansativo, mesmo que eu tire quatro dias de folga depois de trabalhar esses turnos. — Mãe, espere até ver este lugar. É perfeito, — digo a ela quando paro em um sinal vermelho. — O proprietário também concordou em me deixar entrar e pagar aluguel até fecharmos. — Vou contar ao seu pai. Você diz a seus primos. Tenho certeza que entre nós duas podemos reunir pessoal suficiente para que você se mude neste fim de semana, — ela assegura, e eu rio. — Não tenho nada embalado, mãe. Vai demorar alguns dias para que tudo seja resolvido. — Oh, quieta. Arrastarei todos os que puderem ter comigo amanhã e nós arrumaremos tudo em pouco tempo.


— Se você acha que pode juntar todos, não vou parar você, — eu aceito, fazendo uma nota mental para, pelo menos, arrumar meu banheiro e os criadomudo no meu quarto para que minha mãe e tia não esbarrem acidentalmente em qualquer um dos meus brinquedos. Isso seria humilhante. — Vou ligar quando desligarmos. Quando são seus dias de folga? — Um dia depois de amanhã, que é terça-feira, quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira. — Perfeito, teremos feito o máximo possível enquanto estiver trabalhando amanhã, e depois terminaremos nos seus dias de folga, e você se muda no fim de semana, — ela diz, e eu sorrio, entrando no estacionamento do hospital. — Obrigada, mãe. — Não me agradeça. Você sabe que estou feliz em ajudar, — ela diz enquanto desligo o motor. — Preciso trabalhar. Vou enviar uma mensagem para as meninas para que saibam o que está acontecendo. — Deixe-me saber o que suas primas dizem. — Eu vou. Te amo. — Te amo também. — Ela desliga. Saindo do carro, pego minha bolsa junto com o meu almoço e entro. Passo o elevador e, em vez disso, pego as escadas. Meu amor por comida para viagem e todas as coisas com carboidrato significa que eu preciso malhar quando e quanto posso; de outra forma, minha bunda vai dobrar de tamanho. Eu gosto da minha bunda, mas não preciso mais disso para amar. Alcançando a porta de metal para o segundo andar, abro-a e sigo pelo corredor, aproximando-me da estação de enfermagem,

onde

Latoya

e

Maya,

duas

enfermeiras,

conversam

profundamente. Passando por elas, vejo Fiona, que trabalha durante a noite. Ela é a enfermeira chefe desse andar – uma mulher mais velha, rechonchuda e de olhos carinhosos – de pé na frente de seu carrinho de medicamentos perto do quarto de um paciente.


— Ei, Harmony, — ela me cumprimenta com um caloroso sorriso. — Somos eu e você hoje. — Ela acena com a cabeça para as coisas nas minhas mãos. — Depois de largar sua bolsa e entrar, me encontre aqui. — Eu volto, — concordo, passando por ela. Indo para a sala de descanso, coloco meu almoço na geladeira e minhas coisas no meu armário antes de bater o ponto. Prendo meu crachá no topo de uniforme e saio para encontrar Fiona, cujo carrinho está agora mais adiante no corredor, na frente de outro quarto. Ao bater na porta aberta, espero que ela me diga para entrar. O quarto está silencioso quando entro, e encontro Fiona ao lado da cama de um homem que não era muito mais velho do que eu. Ele está sentado na cama com a perna, que está em um gesso, levemente elevada. — Harmony, este é o Sr. Russell, — Fiona nos apresenta, e sorrio para ele quando seus olhos me encontram. — Ele se envolveu em um acidente de carro há dois dias e operou a perna esta manhã. Ele está aqui até amanhã de manhã e será seu primeiro paciente oficial. — Suas palavras têm o Sr. Russell olhando para ela com os olhos arregalados. — Não se preocupe. Harmony cuidará muito bem de você. — Ela sorri para ele com tranquilidade, e colo a mesma expressão no meu rosto. Não tive nenhum paciente sozinha desde que comecei a trabalhar aqui. Eu sabia que isso aconteceria eventualmente; simplesmente não sabia que seria hoje. — Assim que terminarmos a reunião de enfermeiros, ela voltará para lhe dar seu remédio e ajudá-lo no banheiro, — ela diz. — Claro, — ele concorda, me estudando atentamente, então mantenho o sorriso no rosto. Não preciso dele enlouquecendo e pensando que sou incapaz de cuidar dele, ou Fiona pensando que não estou pronta. — Se precisar de alguma coisa antes, basta pressionar o alarme. — Ela aponta o botão do lado da cama e ele acena com a cabeça. — Eu vou te ver em breve, — digo a ele, antes de sair do quarto. — Você está pronta para estar sozinha? — Ela me pergunta enquanto entramos no corredor e solto uma pequena risada. Não sei se é importante eu estar pronta ou não, já que ela acabou de me dizer que eu tenho pelo menos um paciente.


— Estou pronta, — asseguro, apertando o braço. — Eu sabia que você estava. — Ela sorri suavemente. — Hoje e esta noite devem ser lentos. Nós só temos cinco pacientes no andar no momento, há apenas uma nova admissão que vem nesta noite. — Estou animada, — digo a ela. — Bom, vamos fazer a nossa reunião para que as meninas possam sair daqui, — ela diz; então a sigo até a estação das enfermeiras, onde recebemos uma atualização de Latoya e Maya de todos os pacientes no andar e os médicos que estarão de plantão ao longo do dia. Uma vez que terminamos a reunião, eu passo a contagem de medicamentos e libero Maya, de quem estou assumindo, e volto para o quarto do Sr. Russell com meu carrinho. Pego sua prescrição para as pílulas de dor e entro no quarto dele. A TV está ligada agora, mas ele não está assistindo; ele está olhando para o telefone. — Oi, eu tenho seus medicamentos para a dor, — digo a ele, e seus olhos me encontram. — O almoço também deve vir logo. — Eu vou até a cama. — Comida de hospital. — Ele faz uma careta, e sorrio, observando-o colocar seu telefone perto do quadril na cama. — Não é tão ruim. — Se você não tem papilas gustativas, não é ruim. Infelizmente, as minhas ainda estão funcionando. Rindo, dou-lhe as pílulas e pego o copo rosa padrão e entrego-o a ele também. — Amanhã, quando sair daqui, você pode jantar e comer o que quiser, — eu murmuro, observando-o abaixar o copinho de plástico e engolir os comprimidos antes de tomar um gole de água. Entregando-me o copo, os olhos se movem para o crachá preso na minha blusa. — Então, Harmony Mayson, você está se oferecendo para me levar para sair? — Ele pergunta e eu me movo com desconforto. Ele não é um cara de aparência ruim. Ele é fofo naquela forma de garoto ao lado, com o cabelo loiro cortado curto e caindo de lado, e olhos azuis que se destacam contra sua pele bronzeada. Uma pena que minha mente de repente ficou obcecada com um selvagem e indomável.


Rindo estranhamente, balanço a cabeça. — Desculpe, não, mas vou ajudá-lo no banheiro, — eu digo, e ele encolhe os ombros. — Acho que aceitarei o que posso obter. Com um sorriso, eu o ajudo a sair da cama e sentar na cadeira de rodas, depois o levo ao banheiro. Depois que ele termina, eu o levo à cama novamente, e deixo-o dormir um pouco. O resto da noite passa depressa, entre a admissão de nosso novo paciente, a administração de medicamentos e o preenchimento da papelada. Quando finalmente saio, estou exausta e agradecida. Só tenho mais alguns dias para ter que dirigir uma hora para voltar para casa. *** Cercada por caixas, parada na minha nova sala de estar, sopro um pedaço de cabelo do meu rosto e continuo arrumando meus livros e bugigangas nas prateleiras brancas de cada lado da lareira. A casa está se ficando arrumada rapidamente graças à minha família. Minha mãe não estava brincando quando me disse que arrumaria tudo para sairmos do meu apartamento no fim de semana. Na verdade, ela fez tudo em dois dias. Quando cheguei em casa do trabalho antes de ontem, segunda-feira, descobri que ela, minhas tias, minha irmã e minhas primas reviraram meu apartamento de cima a baixo. Elas até limparam minha geladeira e freezer, o banheiro, as caixas e móveis, então eu não precisava. Ontem, meu primeiro dia de folga, meu pai, meus irmãos e tios colocaram minhas coisas em um caminhão de mudança e estacionaram na frente da minha nova casa. Na noite passada, fiquei com minha mãe e meu pai na cidade, e hoje foi um turbilhão de família vindo para ajudar a esvaziar o caminhão, montar meus móveis e guardar coisas. Cerca de duas horas atrás, meus pais foram embora para devolver o caminhão de mudança e ir comer, e todos os outros, além de June e July, não demoraram, com planos de voltar amanhã para ajudar a acabar de montar o mobiliário que eles desmantelaram. Pego e desembrulho mais um dos meus globos de neve. Estou desembalando e agitando-o antes de colocá-lo na prateleira, observando o pó branco se instalar


sobre o horizonte da cidade de Nova York. Meu pai me deu o globo de neve quando me levou à Nova York para meu décimo oitavo aniversário, e é um dos muitos. Eu nem sempre colecionei globos. A minha coleção começou quando eu tinha quatorze anos e deveria ir com meus avós para as Bahamas. Em vez disso, eu precisei tirar minhas amígdalas, então minha avó me trouxe a praia para casa em uma bola de vidro cheia de areia e conchas marinhas. Desde aquela, eu colecionei dezenas de todo o lugar. Desempacotando outra, esta é uma bola clara com uma foto da minha família no interior, eu também a agito antes de colocá-la em seu lugar. Então eu olho para a porta da frente quando ouço o rugido de motor se aproximando da casa. — Eu acho que Evan e Wes voltaram para pegar vocês, — eu digo alto o suficiente para ser ouvida sobre a música, e July e June, que estão na minha cozinha, desembalando caixas, olham para mim, então para a porta da frente. — Já passou três horas? — June pergunta, e olho para o relógio. Já é depois das sete da noite, então foi mais como quatro horas desde que os caras saíram. — Parece que sim. — Cubro o estômago com a mão quando ronca, lembrando-me que tudo que comi hoje foram café e rosquinhas. — Eu voltarei quando sair do trabalho amanhã para ajudá-la a terminar, — July diz, colocando uma pilha de pratos em um dos armários antes de me encontrar no meio da sala para me dar um abraço. — Não precisa vir. Eu acho que posso lidar com o resto. — Eu estarei aqui quando sair do trabalho, — ela repete com um sorriso enquanto pego Dizzy e a sigo até a porta da frente. — Eu estarei aqui depois da faculdade, — June diz e me dá um abraço enquanto July sai. — Eu realmente posso lidar com o resto. Você deveria estar em casa com seus pés para cima, — digo a ela suavemente, olhando para o estômago e o pequeno calombo que ela tem lá. Eu não poderia estar mais feliz por ela e por Evan se eu tentasse. — Nem sequer comece. Você soa como Evan. — Ela levanta os olhos, me fazendo rir enquanto nós duas saímos para a varanda. — Vejo você amanhã. — Ela


acena sobre o ombro, descendo os degraus em direção a Evan, a quem cumprimenta com um beijo. De pé na varanda, eu aceno para Wes e July enquanto eles saem na moto de Wes. Então vejo June entrar no SUV de Evan com a ajuda dele. Levantando minha mão, aceno, e espero eles saírem antes de entrar e fechar a porta. Exalando, olho em volta e suspiro. Embora tenhamos feito muito hoje, ainda há muito que fazer. — É só você e eu, — digo a Dizzy, colocando-o no chão, e ele corre sem olhar para mim, provavelmente vai explorar sua nova casa como ele tem feito desde que eu o soltei de seu canil mais cedo. Ouvindo o meu estômago roncar novamente, eu vou ao meu quarto e troco minha camiseta para uma blusa, e minha sandália para tênis. Assim que prendo novamente meu cabelo em um rabo de cavalo, agarro minhas chaves e bolsa, e saio. Na minha viagem de cinco minutos para a cidade, eu tento decidir entre pizza

e

comida

chinesa.

A

pizzaria

está

mais

próxima,

então

entro

no

estacionamento e saio, levando minha bolsa comigo. Como foi desde que eu era criança, o Marco está lotado. As pessoas estão jogando bilhar ao redor das duas mesas na parte de trás do restaurante. As crianças estão brincando nos videogames alinhados nas paredes, e famílias estão reunidas em torno de cada mesa no lugar. Indo ao balcão, peço uma pizza média Hungry Man, que consiste em todo tipo de carne conhecida pelo homem, juntamente com todas as coberturas que você poderia pedir em uma pizza. Também peço uma pizza pequena para sobremesa, que é coberta de açúcar com canela, maçãs frescas fatiadas e molho de creme de caramelo. Uma vez que eu pago, pego meu refrigerante e meu bilhete comigo até uma das mesas para aguardar. Retiro meu telefone e envio a todos da minha família uma rápida mensagem de agradecimento, em seguida, eu percorro o Facebook para me livrar do tédio. — Harmony. Ouvindo meu nome ressoar em uma voz profunda e familiar, eu pulo no meu assento e meus olhos topam com um par de botas pretas e pesadas, calças jeans que foram lavadas tantas vezes que começaram a se livrar das costuras, e uma


desbotada camisa azul que mostra cada músculo de seu torso sob um colete de couro preto. — Baby, você está bem? — Harlen pergunta, e inclino minha cabeça mais para trás e pisco para ele, balançando a cabeça. — Desculpe, sim. — Sorrio estranhamente. — O longo dia de mudança e desembalar, juntamente com não comer, causou um desgaste de todas as células cerebrais que me restam, — digo a ele. Ele acena com a cabeça, puxa a cadeira ao lado da minha e toma um assento. — Evan disse que você conseguiu uma casa na cidade e que ele e Wes ajudariam com a mudança hoje, — ele diz, estendendo suas longas pernas à sua frente e cruzando os tornozelos no meu lado, bloqueando-me efetivamente. — Eles ficaram envolvidos como todos os outros. — Tomo um gole do meu refrigerante, estudando-o, mas tentando parecer que não o estou estudando. Seu cabelo e barba cresceram mais desde a última vez que o vi, e não sei se ele parece mais sexy ou assustador. Eu sei que a barba mais longa faz seus lábios parecerem ainda mais convidativos. — O que você está fazendo aqui? — Ele pergunta, entrando em meus pensamentos sobre sua boca e como seria tê-la na minha. — Pegando uma pizza e depois voltando para casa para comer e descompactar mais. Preciso voltar ao trabalho no sábado, então estou tentando fazer o máximo possível antes disso, — eu divago. — Eu vou ajudar, — ele afirma, e pisco para ele. — Perdão? — Pergunto; certa que ouvi errado, porque não posso imaginar que ele não tem nada melhor para fazer do que me ajudar a desempacotar. Encolhendo um grande ombro, ele atira a cabeça para o lado. — Meu pedido é para viagem. Eu o levarei comigo para a sua casa, nós vamos comer, e então eu a ajudo a desempacotar. — Isso é doce, mas... — Pagamento, — ele me interrompe antes que eu possa dizer a ele que não é necessário. — Pagamento? — Eu indico.


— Você me ajudou, e este sou eu retornando o favor. Não aceitarei um não como resposta. Além disso, você parece abatida. Ótimo. Eu pareço abatida. Bom saber. — Sério, você não precisa me ajudar. — Eu sei que não preciso. Ainda vou, — ele diz, e vejo a determinação em seus olhos. — Tudo bem, — suspiro, percebendo que não poderei recusar, e não tenho certeza se eu quero. — Pedido dezessete e dezesseis prontos, — é dito, e olho para o meu recibo, vendo que um desses pedidos é meu. — Somos nós. — Ele tira o papel da minha mão e se desdobra do assento. — Agora, o que? — Sussurro, observando-o ir até ao balcão. Sem resposta e sem outra escolha, agarro minha bolsa e suspiro enquanto levanto. — Pronta? — Ele pergunta quando se vira para mim com as três caixas de pizza que ficaram minúsculas em suas mãos grandes. — Sim, — eu minto e seus olhos vagam pelo meu rosto. — Vamos. — Ele inclina o queixo na direção da porta para que eu vá à frente e depois me segue, onde vejo sua moto estacionada ao lado do meu carro. Como ele andaria de moto carregando uma pizza eu não tenho ideia, e não tenho a chance de perguntar antes que ele deposite as pizzas no banco de trás do meu carro e abre minha porta. — Eu vou segui-la, — ele murmura. — Certo. — Deslizo atrás do volante antes de fechar minha porta e ligar meu carro. Espero ele montar sua moto, e então ignoro a sensação engraçada em meu peito quando seus olhos encontram os meus e ele ergue o queixo. Com uma sacudida de cabeça, eu dou ré, e saio do estacionamento, de volta para casa, observando Harlen no meu espelho retrovisor. Tento me convencer no caminho à minha casa que nada disso é um grande negócio, mas meu estômago está girando com mariposas nervosas e meu coração começou a bater forte contra meu peito. Não me lembro de estar atraída por ninguém do jeito que ele me atrai, e isso me deixa excitada e completamente assustada. Parando na minha calçada, vejo que ele estaciona sua Harley ao lado do meu carro, e gosto de sua moto parada na minha garagem. Ignoro esse sentimento também, ou pelo menos digo a mim para


ignorá-lo enquanto ele abre minha porta antes que eu possa, e estende a mão para me ajudar. — Bom lugar, — ele diz, olhando por cima da minha cabeça em minha casa, e a felicidade por ele gostar envolve meu peito, me deixando quente. — Obrigada, — murmuro. Sua cabeça inclina em minha direção, e seus olhos são suaves de uma maneira que não acho possível que venha dele. Mas eu vejo isso, e quero ver isso novamente e novamente e novamente. Antes que eu possa fazer qualquer coisa – provavelmente algo estúpido, como me atirar nele – ele vira e abre a porta de trás, agarrando as pizzas. — Lidere o caminho. Sem dizer uma palavra, giro os pés cobertos de tênis e subo as escadas; assim que eu entro me inclino para pegar Dizzy antes que ele possa escapar. — Você precisa trancar quando sair, — ele ressoa atrás de mim enquanto me segue dentro da casa e fecha a porta, então eu olho para ele por cima do meu ombro. — Está claro lá fora, — digo a ele. Suas sobrancelhas se juntam, fazendo com que ele pareça sinistro, e mantenho Dizzy um pouco mais perto do meu peito ao sentir sua energia assustadora encher a sala. — O sol que está fora não vai impedir que algum filho da puta doente invada sua casa. Sabe o que vai? — Ele pergunta; não me dando a chance de responder antes dele, e inclina-se para perto. — Uma porra de porta trancada. — Vou trancar, — sussurro; ele acena e se afasta. Yikes1. — Então. — Limpo a garganta. — É isto. — Aparentemente ainda irritado pela porta não estar trancada, ele não olha ao redor. Em vez disso, ele se dirige para a ilha com o topo de madeira na cozinha e deixa as pizzas lá sem cuidado. — Tenho cerveja, — digo a ele, andando pela ilha até a geladeira e abrindo. — Bem, eu tenho

1 Expressando de choque e alarme, muitas vezes para efeito humorístico.


cerveja de cidra de maçã. — Mordo meu lábio e viro para olhar para ele, e seus olhos caem na minha boca. — Isso servirá, — ele diz, tirando o colete e deixando-o ao lado das pizzas no balcão. Colocando Dizzy no chão, pego duas garrafas da geladeira e me viro para encontrar Harlen em toda sua glória gigante segurando gentilmente meu filhote contra seu peito grande, acariciando o topo de sua cabeça peluda. Tirando uma foto mental dele e Dizzy, eu abro as cervejas e pego dois pratos do armário. Vou para o lado oposto dele no balcão e coloco os pratos, em seguida, entrego uma garrafa, que ele pega com uma mão, ainda segurando Dizzy com a outra. Dizzy, que está bem com as carícias, começa a tentar com todas as suas forças lamber a parte inferior do maxilar de Harlen. Ignorando a forma como meu estômago está dançando, abro as caixas de pizza e descubro que elas são as mesmas. — Duas ou três fatias? — Pergunto a ele. Quando ele não responde, eu olho para cima e encontro seus olhos na pizza, mas a um milhão de quilômetros de distância. Quero perguntar a ele sobre o que ele está pensando, mas não pergunto. Em vez disso, eu deslizo duas fatias em cada prato e empurro um em direção a ele. — Nós podemos comer na sala de estar. Ainda preciso encontrar algumas cadeiras para a ilha, — murmuro, pegando meu prato e cerveja e levando ambos comigo para o sofá. Encontrando o controle remoto da televisão, ligo-a para preencher o silêncio, depois sento contra o braço do sofá, observando-o sentar. Dizzy, que ele colocou no chão, corre em círculos na nossa frente, querendo uma recompensa por apenas ser fofo – uma recompensa que ele sabe que não vai conseguir. Não dou comida humana para ele, ou não dou mais, desde que na última vez que o levei ao veterinário eles me informaram que ele estava com excesso de peso e se eu não fosse cuidadosa ele teria diabetes. Eu nem sabia que os cães poderiam ter diabetes, mas aparentemente eles podem. — Sem pizza, Dizzy. Vou encontrar seus deleites depois de comermos, — digo a ele, e ele para de girar e se senta em suas patas traseiras olhando para mim.


— Dizzy2? Olhando para Harlen, mordo o lábio e os olhos dele caem na minha boca antes de levantar para encontrar o meu olhar. — Ele gira em círculos quando está animado. Ele faz isso desde que era um cachorrinho. Costumava me deixar tonta vêlo, — explico, e ele olha de mim para o meu cachorro, repetidamente, e sorri. Ok,

seu

olhar

suave

era

bom. Seu

olhar

assustador

era...

Bem,

assustador. Mas o sorriso dele faz meu interior se enrolar e algo profundo dentro de mim apertar de uma maneira realmente boa. Precisando fazer algo para tirar minha mente do que o meu corpo está sentindo, pergunto, — Como foi o trabalho? Mastigando e engolindo um pedaço de pizza, ele descansa o prato no topo das pernas antes de responder. — Foi bom, ocupado, o que significa que finalmente estamos fazendo um nome para nós mesmos na cidade. Não foi fácil. — Não foi? Ele toma um gole de sua cerveja, que posso dizer que ele realmente não está gostando, então faço uma nota mental para armazenar cerveja normal na geladeira. Não que eu saiba se ele voltará, mas apenas no caso. — A cidade é pequena. As pessoas tendem a se apegar ao que elas conhecem. Demorou um tempo para que as pessoas percebessem que não estamos no negócio de foder pessoas. Ao contrário de algumas das oficinas mais conhecidas da cidade. — O que você quer dizer? — Eu pergunto antes de dar a última mordida da minha primeira fatia, deixando a crosta. — Nós não fodemos com o conserto de carros ou motos. Se você vier a nós com um problema, nós cuidamos do problema. Não fazemos um trabalho meia boca, então você precisará voltar em uma semana ou um mês para outra coisa. Também não aumentamos os preços no trabalho ou peças para obter mais dinheiro. — Isso é bom. — Não, isso é um bom negócio, — ele diz, e concordo com a cabeça.

2 Tonto


— Fico feliz que as coisas estejam dando certo para vocês. — Eu também, — ele concorda; e tomando um gole da minha própria cerveja, giro para a TV a fim de assistir o programa que está passando, sem realmente ver enquanto como. — Quer outra fatia? — Ele pergunta, e viro para olhar para ele, vendo seus olhos no meu prato agora vazio. — Mais duas, — respondo e ele sorri, levantando do sofá e levando meu prato. Bebericando minha cerveja, eu o olho ir à cozinha para pegar mais pizza, pensando que eu também gostei da sensação de tê-lo na minha casa, e me pergunto se posso convencê-lo a voltar novamente depois de hoje noite. Então eu acho estúpido pensar isso, porque obviamente ele está aqui por ser um cara legal. Ok, um cara assustador, mas ainda um bom, que quer me retribuir por cuidar dele. *** — Obrigada por ajudar, — digo a ele quatro horas depois, de pé na minha porta aberta com Dizzy contra meu peito, observando Harlen vestir o colete de couro. Depois de comermos pizza no meu sofá, nós descompactamos e fizemos uma pausa para comer minha pizza de sobremesa enquanto estava em minha cozinha, antes de desembalar um pouco mais. Ele não falou muito, mas achei fácil conversar com ele, fácil estar perto dele e engraçado. Não exageradamente divertido, mas ainda engraçado, de uma maneira que me fez rir muitas vezes enquanto trabalhávamos. — Não foi um grande problema, — ele diz, passando por mim para ficar ao lado da porta, perto o suficiente para que eu pudesse sentir uma sugestão de algo intrigante, mas não suficientemente próximo para estar no meu espaço. — Sim. Nós conseguimos fazer quase tudo, — digo a ele, olhando para a casa. A maioria das caixas empilhadas na sala e na cozinha desapareceu, esvaziadas e desmontadas no quarto de visitas, prontas para levar para a reciclagem. E as coisas que ficaram foram empilhadas para serem levadas para doação. Tudo o que tenho que fazer é arrumar minhas roupas e pendurar algumas das minhas fotos e quadros. — Sinto que eu devo lhe pagar agora, — acrescento com sinceridade, encontrando seu olhar mais uma vez.


— Amanhã, vá ao complexo, — ele diz, e minha cabeça inclina para o lado. — O complexo? — Pergunto diligentemente. Eu não estive lá. Meus primos e até mesmo as minhas irmãs sim, mas eu não. Eu sei que é uma parte da oficina de automóveis em que ele trabalha, e que alguns caras recentemente dispensados dos militares vivem lá, mas isso é realmente tudo o que sei. —

Vamos

passar

um

tempo,

jogar

sinuca

e

beber

algumas

cervejas. Chamarei isso de estarmos quites. — Não sei, — murmuro, afastando meu olhar, e então seus dedos quentes envolvem meu queixo. Meu corpo sacode com o toque e meus olhos disparam para o dele. — Seis horas. — Eu... — antes que eu possa dizer não, seus dedos apertam, não dolorosamente, mas apenas o suficiente para me fazer fechar a boca. — Seis horas, — ele repete; depois abaixa a cabeça e minha respiração para enquanto meus olhos se fecham. Não sei se espero que ele me beije ou não, mas quando seus lábios escovam meu cabelo na minha testa, o desapontamento enche meu estômago. — Tranque, — ele ordena, e então ele e seu toque se foram. Abrindo meus olhos, eu o observo ir para a moto e subir. Sabendo que não quero parecer uma adolescente apaixonada ou uma idiota, eu fecho a porta, me certificando de trancá-la. Então, sem mais nada para fazer e realmente muito cansada para fazer mais alguma coisa, eu vou para a cama, onde passo a noite agitada e me contorcendo.


Capítulo 02 Harmony

Colocando meu relógio, olho para a pilha de roupas na minha cama e o resto espalhada pelo chão, balançando a cabeça. Não fiz o que eu deveria ter feito hoje – ou seja, arrumar minhas roupas e organizar meu quarto. Em vez disso, passei o dia revivendo todos os momentos da noite passada, entre realizar incumbências, pegar cerveja na mercearia e tentar descobrir o que eu usaria para ver Harlen. Como prometido, minha família passou um pouco depois das quatro para me ajudar a terminar o que eu precisava fazer, e como não havia muito além do meu quarto, eles acabaram me ajudando a pendurar fotos e pegar caixas para serem recicladas e algumas coisas para Goodwill. Quando minha mãe perguntou como fiz tanto, eu disse a ela que Harlen viera me ajudar depois de encontrá-lo em Marco. Minha mãe, que conhece Harlen, ficou com um olhar engraçado na cara com a menção do nome dele, mas não disse nada além de, — Isso foi legal da parte dele. — July e June, que me ouviram contar para a mamãe sobre Harlen, compartilharam um olhar que não entendi. Felizmente, o resto da minha família (os caras) não estavam por aqui, por isso não tive que lidar com eles ficando superprotetores. Afastando esses pensamentos, vou ao banheiro e fecho a porta para ver o espelho atrás. Coloco minhas mãos nos quadris e estudo minha blusa preta, jeans com buracos nos joelhos e botas pretas peep toe de dez centímetros. Depois de


pensar no que vestir o dia todo, é o que criei – algo casual, mas ainda fofo. Olhando para o meu relógio novamente, meu estômago começa a apertar. O complexo está a cerca de vinte minutos de distância, do outro lado da cidade, então se quiser chegar lá a tempo, eu preciso alimentar Dizzy e sair. Indo à cozinha, eu despejo uma lata de comida úmida na tigela e faço um afago antes de pegar uma caixa de cerveja da geladeira, minhas chaves e a bolsa do balcão. Estacionando na frente da oficina de automóveis um pouco mais de vinte minutos depois, respiro fundo e abro a porta. Antes de colocar um pé no chão, vejo Harlen sair de uma das baías abertas, limpando as mãos cobertas de graxa sobre uma toalha vermelha. Ao vê-lo, percebo que ele está vestindo um par de macacões azul-marinho com as mangas abaixadas e amarradas em torno de sua cintura, e seu tronco coberto por uma camiseta preta que foi lavada tantas vezes que desbotou até uma cor quase cinzenta. — Ei. — Sorrio, e me inclino para a parte de trás do meu carro, me esticando no assento para pegar a cerveja que trouxe comigo. — Você chegou cedo, — ele diz, e sinto meu estômago apertar quando me viro para encará-lo. Levanto meu pulso, olho para o relógio e vejo que são seis horas. Na

verdade,

são

dois

minutos

após

as

seis. Não

estou

adiantada,

tecnicamente, estou atrasada. — Você disse seis horas. — Levanto meu relógio para ele. — É isso agora, — eu digo, e sua cabeça inclina para o lado. — A maioria das mulheres aparece pelo menos trinta minutos mais tarde do que o tempo que você dá para elas, — ele diz, e minhas sobrancelhas se juntam firmemente. — Então você me disse seis horas pensando que eu estaria aqui às seis e meia? — Eu pergunto e seus lábios se contraem. — Imaginei que se eu lhe dissesse seis horas, você não chegaria na hora. — Ele vem em minha direção e tira a cerveja da minha mão. — Eu sempre sou pontual, — eu o informo, e seus lábios se inclinam para um sorrisinho.


— Eu vejo isso agora, — ele responde, e meus olhos ficam curiosos enquanto descanso minhas mãos nos quadris. — Você quer que eu entre no meu carro e dirija durante meia hora? — Nah, desde que está aqui, você pode vir me ajudar, — ele diz, voltando para a oficina levando a cerveja com ele. — Ajudá-lo? — Pergunto para suas costas, e ele me olha por cima do ombro. — Sim, você pode me entregar as ferramentas enquanto termino o carro em que estou trabalhando. — Ótimo. — Balanço a cabeça e o sigo, pensando que isso não está começando como pensei que iria. Depois de atravessarmos a porta aberta da baía que ele saiu anteriormente, eu o vejo deixar a cerveja cair em cima de uma grande caixa de ferramentas preta e ir até um Toyota branco que viu dias melhores – tais dias foi há um século – e se inclinar sobre o capô aberto. Não sei o que fazer comigo mesma, e cruzo os braços sobre o peito, o olhar nos braços flexionados e a mandíbula torta em concentração. — Me entregue a chave inglesa, — ele diz, e olho dele para a caixa de ferramentas. Encontrando o que ele está pedindo na bagunça das ferramentas, eu pego e entrego. — O que? — Pergunto quando ele me olha estranhamente, fechando sua grande mão ao redor da chave inglesa. — Nada. — Ele volta ao trabalho, e eu volto a observá-lo. — Você terminou de desempacotar? — Ele pergunta, olhando para mim, e um pedaço de seu cabelo escuro cai na frente dele, fazendo meus dedos se contrair para afastá-lo. — A maior parte. — Você quer que eu te ajude esta noite? Ele... no meu quarto? Sim, não acho que isso seja inteligente. — Não, eu tenho tudo sobre controle, mas se você quiser ir comigo comprar banquetas no meu próximo dia de folga, não vou impedi-lo, — digo sem pensar. — Eu posso fazer isso. — Ele diz olhando para mim.


Sua resposta fácil me pega desprevenida. Todos os homens que conheço preferem atirar no pé a fazer compras de qualquer coisa, além de mantimentos, e até mesmo isso é um problema. — Legal, — concordo, e pego a chave quando ele me entrega. — Alicates. — Ele acena com a cabeça para a caixa de ferramentas, então pego o primeiro par de alicates que vejo e entrego, e com o tédio, afasto a cerveja e começo a arrumar as ferramentas. — Perda de tempo, baby. Estarão fodidas novamente amanhã de manhã. — Ele me surpreende, e olho para ele assim que ele passa o pano do lado do carro e fecha o capô. — Bem, por cerca de uma hora amanhã as coisas estarão arrumadas, — eu retruco; ele balança a cabeça e entra no carro, deixando a porta aberta. Ele gira a chave e ele ronrona calmamente como se fosse novo. Após acelerar algumas vezes, ele desliga e sai. — Parece bom. — Você não pensaria isso há algumas horas, — ele diz, e aceno, sem duvidar que provavelmente soasse diferente disso antes de consertá-lo. — Agora que o trabalho está pronto, é hora de uma cerveja. — Ele deixa o alicate que está segurando cair ao lado de outro par, então pega a cerveja e minha mão. Sem escolha, além de ir aonde ele me guia, eu o sigo em direção a uma porta aberta que parece um escritório. — O Toyota está pronto. Ligue para Mike e avise-o, — ele diz; e olhando de trás de sua grande estrutura eu vejo Wes sentado em uma cadeira com rodinhas em frente a uma mesa de metal. — Harmony está aqui, — ele acrescenta. Wes levanta a cabeça, então seus olhos me encontram e caem para a mão de Harlen ainda enrolada na minha. Soltando Harlen, embora eu tenha gostado... Ok, eu realmente gostei de segurar a mão dele, eu me movo ao redor e entro no escritório para dar um abraço em Wes. — Você está se estabelecendo bem? — Wes pergunta logo que ele me solta, e dou um passo atrás. — Sim. — Eu sorrio, e seus olhos perambulam pelo meu rosto antes de olhar por cima do meu ombro para Harlen. Na verdade, não entendo a conversa com os olhos dos caras fodões, não sei o que eles estão comunicando; só sei que é algo.


— Informarei ao Mike que ele pode vir pegar o carro, — Wes murmura, então levanta o queixo. — Seja esperto. Sem uma palavra para Wes, Harlen agarra minha mão mais uma vez e me conduz, por outra porta, esta na parede de trás da loja. — Ser esperto sobre o quê? — Pergunto enquanto caminhamos lado a lado por um longo salão e saímos em um pátio aberto, onde há uma grade coberta com uma lona azul, juntamente com algumas mesas e três barris pretos de metal, como se tivessem sido incendiados. —

Nada,

ele

responde

enquanto

passamos

por

um

lance

de

escadas. Parando em uma porta de metal na base do segundo andar, ele solta a minha mão e eu o vejo pegar uma chave e colocá-la na fechadura. No segundo que ele abre a porta e entro no quarto mal iluminado, olho em volta. Há uma cama queen size com um lençol quase encostando no colchão. A parte superior do lençol foi para lugares desconhecidos. Uma pequena cômoda com as gavetas fechadas, a maioria delas desarrumadas, com roupas penduradas para fora, está contra uma parede, e há um criado-mudo com um abajur em cima sem a cúpula. — Vou apenas me limpar, — ele diz, deixando a cerveja no topo da cômoda, cheia de recibos empoeirados, trocados soltos e outras coisinhas. Observando-o entrar no banheiro e fechar a porta, olho em volta novamente, perguntando-me que lugar era esse. Na noite em que o levei para casa da casa de June, levei-o a um condomínio semelhante ao que vivi em Nashville. Era legal. Este lugar, não tanto. Ouvindo o vaso sanitário e depois a torneira, eu giro para encará-lo quando ele sai. — Que lugar é este? — Agito minha mão ao redor, e ele para na porta aberta do banheiro, olhando para mim, ao redor do quarto. — Eu costumava ficar aqui antes de ter a minha casa, — ele diz indo até a cômoda. Abrindo uma das gavetas, ele faz algo que não espero que ele faça. Suas mãos vão atrás de sua cabeça e ele tira a camisa. Seu peito está coberto de cabelos escuros que sobressai sobre seus abdomes definidos e depois se transformam em uma linha estreita que desaparece no jeans. Vendo tudo isso e imaginando sentir


aquele cabelo contra minha pele e seios nus, meu centro se aperta e meu rosto esquenta. Merda maldita. Tirando os olhos da trilha de cabelo que conduz ao jeans, eu olho para o banheiro. — Você se importa se eu usar seu banheiro? — Eu grito, nem sequer incomodada em esperar que ele responda antes de seguir esse caminho. Ouvindo-o dizer, — Certo, — às minhas costas, entro e fecho a porta. Ligando a luz, olho para mim no espelho. Minhas bochechas estão cor-derosa, e meus olhos tão dilatados que não há nenhum azul sobrando. Eles estão quase negros. Estou excitada. Estou excitada por ver Harlen sem camisa. Ele não me tocou, não me olhou, não fez nada além de tirar a camisa. Ligando a água, eu descanso minhas mãos na borda da pia e deixo minha cabeça cair. Preciso perguntar a ele o que está acontecendo. Preciso descobrir onde está a cabeça dele. Com esse pensamento em mente, desligo a água e abro a porta do banheiro. — Você está pronta? — Ele pergunta, e meu passo vacila, junto com a minha vontade de lhe fazer a pergunta que eu preciso fazer. — Sim, — eu minto e ele anda em minha direção até a porta, abrindo. Sem pegar a minha mão ele me leva de volta para o prédio de onde saímos, mas em outra sala, esta com uma mesa de bilhar, TV que deve ser de cem polegadas, um sofá de merda e uma cozinha. Indo para a área da cozinha, ele coloca a cerveja que eu trouxe na geladeira, agarra duas outras da porta, abrindo-as antes de me entregar uma. Eu aceito, mas o que não faço é perguntar a ele por que estou aqui. — Você já jogou bilhar? — Ele pergunta, levando-me para a mesa de bilhar. — Não. — Encolho os ombros, tomando um gole da minha cerveja e desejando que fosse cidra de maçã, já que, na verdade, eu realmente não gosto de cerveja. — Finalmente, — ele diz, e eu olho para ele. — Finalmente, o quê? — Estava pensando que você é muito boa para ser verdade. — O quê? — Repito, desta vez soando sem ar, imaginando se o ouvi direito.


— Você come pizza, chega na hora, conhece as ferramentas, você não é ruim de olhar, e parece muito bem com um jeans. Muito boa para ser verdade. Ele acabou de dizer aquilo? Merda, minhas pernas enfraquecem e preciso me inclinar na mesa de bilhar para ficar de pé. — Eu... Obrigada, eu acho. — Sim, de nada. — Ele ri, e o som se espalha sobre mim, fazendo minhas partes internas se tornarem líquidas e meu pulso acelerar. Ontem à noite eu o fiz sorrir algumas vezes, mas é a primeira vez que o ouço rir, e sei que não quero que seja a última. — Você está pronta para que seu traseiro seja chutado? — Você realmente vai chutar minha bunda quando não sei o que estou fazendo? — Eu pergunto e ele ri novamente, desta vez suavemente. — Certo, vou te mostrar como jogar. Então eu vou chutar sua bunda. —

Tanto

faz.

Reviro

meus

olhos

e

pego

o

taco

que

ele

me

entrega. Tomando outro gole da cerveja, devo fazer uma careta, porque seus olhos se concentram em mim. — O que? — Você quer um vinho gelado? — Sim, — respondo imediatamente e ele ri. — Vou acrescentar isso à lista, — ele murmura, indo para a cozinha e voltando um minuto depois com um copo de vinho. — O que exatamente você está adicionando à lista? — Pergunto. Ele sorri. — O fato de você não gostar de cerveja. — Então, isso está entrando na linha negativa do meu currículo? — Eu brinco e seu sorriso maroto se torna um sorriso, mas ele não responde a minha pergunta. Em vez disso, ele se move para a mesa e prepara as bolas no meio. — Devo começar minha própria lista? — Pergunto, e seus olhos vem para mim. — Provavelmente, — ele murmura, deixando os olhos nos meus. — Pronta? — Ele se afasta e suspiro. — Pronta, — eu concordo, e então o escuto me ensinar a jogar e me dizer que estou pronta. Depois disso, ele estoura as bolas e começamos a jogar, e é muito mais divertido do que eu pensava que seria.


— Tem certeza que você nunca jogou sinuca antes? — Harlen pergunta uma hora depois, e sorrio para ele, curvando-me na mesa de bilhar para dar minha tacada. — Tenho certeza. — Deslizo o taco entre meus dedos e acerto a bola branca na amarela, observando-a cair no bolso do canto direito. — Talvez devêssemos ir à cidade e ganhar algum dinheiro, — ele diz quando me levanto. — O quê? — Eu rio, pegando meu segundo copo de vinho da borda da mesa e tomando um gole. — Esqueça. — Ele sorri quando me movo pela mesa para dar outra tacada, perdendo. Observando-o em sua vez, eu o estudo. Ele é cheio de contradições. Ao vêlo, eu nunca adivinharia que ele poderia ser doce, que poderia me fazer rir e me deixar à vontade sem sequer tentar. — O que você acha da chinesa? — Desculpe? — Saio dos meus pensamentos e me concentro nele. — Eu preciso comer. Você quer comida chinesa ou um hambúrguer? — Chinesa serve, — eu concordo, então, o assisto pegar o telefone, apertar alguns botões e colocá-lo na orelha. — O que você quer? — Frango de sésamo, arroz frito e um rolo de ovo. — Entendi. — Ele fala o pedido, e dá o endereço para entregar. Assim que desliga, ele dá outra tacada, e eu estreito meus olhos quando a bola branca atinge a listrada no bolso na esquina. — Você acabou de trapacear? — Não, — ele nega, dando outra tacada, esta colocando a bola oito no bolso e ganhando o jogo. — Você trapaceou. Você deu uma tacada e não foi sua vez. Então você deu outra e ganhou, — Eu acuso, descansando minha mão no quadril, e seus lábios se contraem. — Baby, eu não trapaceei. — Sério, você fez, — eu digo, olhando para ele, então, a mesa. — Você trapaceou para que eu não ganhasse.


— Não. — Seus olhos me examinam, minha mão no quadril, e meu pé batendo, e seus lábios se contraem em um sorriso. — Trapaceou sim, Harlen... Espere. Qual é o seu sobrenome? — MacCabe, — ele responde, e eu pisco. — Nome completo, Harlen Alistair MacCabe. — Harlen Alistair MacCabe, — repito. Uau, tudo bem, um nome totalmente legal e totalmente fodão. Eu realmente posso imaginá-lo com vista para um castelo na Escócia, sobre um cavalo gigante, lutando com uma espada na mão, vestindo um kilt e fazendo essa merda, novamente, fodão. — Minha família é da Escócia. Papai era uma segunda geração, e mamãe era a terceira. — Era? — Eu sussurro, e seus olhos piscam. — Perdi meus pais quando tinha quinze anos. Com essas palavras meu coração aperta no meu peito. — Eu sinto muito. — Foi há muito tempo, — ele diz, mas posso ver a dor nos seus olhos, dor que ele não tenta esconder de mim. — Ainda assim, sinto muito, Harlen, — continuo sussurrando, sentindo meus joelhos tremendo e meus olhos queimando. Não tenho ideia de como ele ainda está de pé. Sei que um dia eu terei que enfrentar a perda dos meus pais, mas rezo todos os dias para que esse tempo esteja muito distante do agora. — Não chore, Anjo, — ele diz para mim, aproximando-se e envolvendo sua mão quente ao redor do meu pescoço. — Não por mim. Balançando a cabeça, fecho meus olhos e respiro fundo. — Estou bem, — eu minto, abrindo meus olhos novamente. Então, sem pensar, fecho a distância entre nós e deslizo os braços pela cintura dele. Demora um segundo, mas seus braços se fecham ao meu redor e seu queixo repousa em cima da minha cabeça. — Tão doce. — Essas palavras rugem contra a minha orelha e aumento meu aperto. — Yo! Ouvindo isso, eu salto e solto Harlen rapidamente. Tão rapidamente que quase caio em meus calcanhares. Por sorte, Harlen envolve uma mão ao redor da


minha cintura, impedindo-me de cair. Não tão sortuda assim, eu conheço esse Yo em qualquer lugar. — Porra, — Harlen murmura apenas alto o suficiente para eu ouvir, e levanto os olhos para ver os olhos dele no meu pai, que está olhando entre nós dois. — Papai. — Atravesso o espaço que nos separa e o abraço. Seus braços se fecham ao meu redor, então seus lábios tocam o topo da minha cabeça. — O que você está fazendo aqui? — Pergunto, inclinando minha cabeça para olhar para ele. — Vim falar com Harlen. — Seus braços me apertam antes de perguntar, — O que você está fazendo aqui? — Aprendendo a jogar sinuca. — Sorrio para ele, afrouxo meu aperto e dou um passo atrás. — Está tudo bem? — Não tenho certeza. — Ele olha para Harlen, que nos observa com os pés abertos e os braços cruzados sobre o peito. Meu coração afunda quando percebo que minha mãe provavelmente falou com ele sobre Harlen. Eu amo meu pai, mas ele é protetor no ponto de ser excessivo. Eu nunca namorei um cara que ele tenha gostado, e ele sempre deixou isso perfeitamente claro, o que significa que os caras que namorei tendiam a desaparecer, nunca tendo as bolas para ficar por aí. Entendo; meu pai é assustador, cheio de tatuagens, alto e malhado. Mesmo com a idade dele, ele não parece com alguém com quem você fode. Ainda assim, seria bom um dia conhecer um cara que goste de mim o suficiente para enfrentar a tempestade que é meu pai. — Papai. — Seus olhos me encontram. — Não, — sussurro, e suas sobrancelhas se juntam. — Por favor, não. — Balanço a cabeça, segurando seu olhar. Ouvindo o telefone de Harlen tocar, eu giro para olhar para ele enquanto ele vem em nossa direção, pegando a carteira. Estendendo o dinheiro para mim, ele murmura, — A comida está na frente. Você se importa de pagar para nós? — Eu... — eu olho entre ele e meu pai e não consigo imaginar o que acontecerá se eu sair. Harlen, como meu pai, é assustador, talvez até mais. Estes dois sozinhos juntos não parece uma boa ideia, especialmente porque não há como deixar de sentir a tensão enchendo a sala. — Mas...


— Está tudo bem, — ele diz, e eu engulo, olhando entre ele e meu pai novamente. — Vai lá, garotinha, — papai ordena, e eu respiro, pegando o dinheiro de Harlen, envio ao meu pai um olhar antes de sair. Não sei o que aconteceu quando saí, mas quando volto, meu pai me dá um abraço de adeus e olha para Harlen. Quando pergunto a Harlen sobre o que ele e meu pai conversaram, ele diz que não é nada com o qual eu precise me preocupar. Então, por uma vez na minha vida, não me preocupo. Em vez disso, eu passo tempo, comendo comida chinesa e depois jogando outro jogo de bilhar antes de obter outro toque de seus lábios na minha testa e um adeus no meu carro. *** Ouvindo o meu celular tocar no caminho para a casa dos meus pais, aperto o botão Aceitar no painel, então quase saio da estrada quando minha prima June grita, — Ashlyn e Dillon se casaram em Las Vegas! — O quê? — Grito de volta em uma descrença aturdida. Eu sabia que sempre houve uma química séria entre os dois, mas não tinha ideia de que eles estavam juntos, especialmente não o suficiente para se casar. — Evan acabou de me dizer que Jax está bravo. Aparentemente, ele entrou na casa de Ash e descobriu que se casaram, perdeu a cabeça e tentou bater em Dillon. — Ah, para. — Não, pare você! — Ela grita, e sorrio para o meu para-brisa. — Deus, eu não posso acreditar nisso. Quero dizer, eu posso acreditar, porque eles estão enrolando por um tempo agora, mas ainda assim. Casada, é uma loucura. — Estou feliz por eles, — murmuro, e então meu estômago se aperta. — Espere... E a Isla? — Não sei, — ela murmura como se tivesse se lembrado de Isla também. Isla é a mulher de quem Dillon estava noivo. Eu só a vi uma vez, mas essa vez deixou uma impressão, e não uma boa.


— Espero que tudo dê certo para eles. — Eu também, — ela concorda, e depois continua. — O pai dela vai enlouquecer quando descobrir. — Tio Cash não sabe? — Eu sussurro. — Aparentemente não, e como o tio Cash e a tia Lilly estão na Flórida com vovó e vovô, eles provavelmente não saberão por algum tempo, a menos que Jax diga a eles, e duvido que ele vá fazer isso. — Eu não invejo Ash, — murmuro meu eufemismo. Meu pai enlouqueceria se eu me casasse em Las Vegas sem dizer a ele, e eu sei que o tio Cash vai endoidar quando descobrir que sua única garota fez isso sem ele lá para levá-la ao altar. — Eu também não, mas eles ficarão bem. Quero dizer, olhe para mim e para Evan. Tudo acabou bem para nós no final. — É verdade, — eu concordo, estacionando na frente da casa dos meus pais. — De qualquer forma, como estão as coisas com você? Eu ouvi que você e Harlen saíram algumas noites atrás e que ele tomou café com você na noite passada. Como

diabos

ela

ouviu

que

ele

trouxe

café

para

mim

na

noite

passada? Ontem de manhã ele ligou para perguntar que tipo de café eu gostava. Eu disse a ele, não pensando nisso, e depois naquela noite, ele apareceu no hospital para levar café e um muffin para mim. Foi doce, mas foi uma merda não ter tido tempo para conversar, já que não estava no intervalo. Ainda assim, antes de partir, fizemos planos de sair para comprar os bancos esta noite, depois de sair do trabalho. — Eu... — Ele é um cara bom. Assustador, mas super sexy. Estou feliz por você. Devemos marcar um encontro duplo. — Nós somos apenas amigos. — Claro. — Ela ri. — Não, sério, somos apenas amigos, — repito, desta vez um pouco mais firmemente, não querendo que ela tenha a ideia errada. Inferno, não querendo me dar uma ideia errada. Por algum motivo, sem o meu conhecimento, Harlen decidiu


que seríamos amigos. Não amigos de uma maneira que eu desfrutaria muito, como amigos com benefícios. Então, tanto quanto eu quero arrancar as roupas dele e ter meu tempo com ele, vou aceitar isso pelo que é. — Tudo bem, — ela concorda, mas sei que ela não acredita em mim. — Vou falar com Evan sobre o jantar. — Eu... Ok, — concordo, levando minha cabeça ao volante e batendo lá duas vezes. — Preciso voltar para a aula. A campainha está prestes a tocar. Nós nos falamos em breve. — Até mais, tenha um bom dia. — Levanto a cabeça e olho para o para-brisa. — Sim, você também. — Ela desliga. Abrindo a porta, saio e vou para a varanda, e enquanto viro a maçaneta da porta empurro os pensamentos de Harlen. — Pai, mãe! — Grito enquanto entro na casa, nem sequer me incomodando de bater. — Na cozinha! —Mamãe fala, então atirando minha bolsa sobre a mesa de entrada, dirijo pelo corredor até a cozinha. Vendo minha mãe no fogão e meu pai sentado na ilha, eu vou para a minha mãe, beijo sua bochecha e depois vou para o meu pai e coloco-me sob o braço dele. — Como estão as coisas? — Papai pergunta, beijando o lado da minha cabeça. — As coisas são coisas. — Aperto sua cintura e depois me sento ao lado dele. — Como estão as coisas no hospital? — Mamãe pergunta; estudando-me do jeito que apenas uma mãe pode, como se estivesse tomando minha temperatura e procurando por lesões. — Boas. Falei com uma enfermeira da sala de emergência ontem e ela me disse que o hospital oferece uma aula sobre trauma e cuidados intensivos. Ela disse que se eu a fizer, eu poderia me colocar em posição de me transferir para aquele departamento caso algo apareça. — Isso seria bom, — papai diz, e eu aceno.


— Dedos cruzados. É difícil entrar. Espero que eles me aceitem. Caso contrário, talvez eu veja sobre ir para outro lugar para fazer o mesmo curso. — Você vai entrar, — mamãe diz, e sorrio para ela. Minha mãe é o tipo de mãe que acredita que seus filhos têm o poder de andar na água e irá para guerra com qualquer pessoa que diga algo diferente. Eu amo isso nela. — Então, o que você está fazendo hoje? — Ela pergunta, entregando um prato cheio de ovos, bacon e torradas. — Compras de supermercado, porque não tenho comida na minha casa. Então eu vou encontrar Harlen na oficina e nós vamos escolher bancos para minha cozinha. — Ele vai às compras com você para comprar bancos para sua casa? — Ela pergunta, soando como se ele tivesse concordado em atravessar brasas equilibrando uma espada no nariz. — Não é grande coisa. Ele disse que não tinha nada para fazer hoje, então ele pegará o SUV de Evan emprestado e me ajudará. — Eu poderia ter te levado, — papai resmunga e viro para olhar para ele. — Você odeia fazer compras, — eu o lembro. — Eu ainda teria levado você. — Eu sei, mas agora você não precisa. — Querida, você precisa ter cuidado. Harlen é... — Por favor, não. — Balanço a cabeça, não querendo ouvir meu pai falar mal de Harlen. — Querida, esse homem tem demônios. — Sim, e aposto que se perguntasse a alguém, eles me contariam o mesmo sobre você quando era mais novo. Mas a mamãe aproveitou a chance com você. — Você está aproveitando a chance com ele? — Ele questiona, e eu me torço na minha cadeira. — Nós somos amigos e eu gosto dele. Eu o acho um cara bom. É fácil estar perto dele e ele me faz rir. Isso é tudo o que sei agora. — Nico, — mamãe diz, e os olhos de papai vão até ela e a vejo balançar a cabeça. Então eu olho para o meu pai e vejo seu maxilar apertar. — Eu gosto dele,


— mamãe insere, e meus olhos voltam para ela. — Ele sempre foi respeitoso, e se você gosta dele, eu gosto dele, — ela finaliza, e então me entrega um prato tão cheio quanto o que ela deu ao meu pai. — Embora eu não tivesse me importado de ir com você para escolher bancos. — Ainda preciso de lâmpadas e uma mesa de café. No mês que vem, depois de fechar a casa, vou ter dinheiro para essas coisas. Nós iremos para Nashville, passaremos o dia fazendo compras, jantaremos e veremos um filme, — eu prometo, e ela sorri. — Você tem um encontro. — Bom. — Eu cavo no meu prato e então sinto a mão do meu pai envolver minha nuca. Ao olhar para ele, vejo que seus olhos são suaves. — Te amo. — Te amo também, papai, — sussurro; ele acena, então toca seus lábios na minha testa no mesmo lugar que Harlen me beijou duas vezes. Não que eu esteja contando. Soltando-me, ele volta a comer. Eu faço o mesmo antes de sair, ir ao supermercado e encontrar com Harlen para escolher banquetas. *** — Onde você está? — Willow pergunta, e pressiono ainda mais meu celular em minha orelha para poder ouvi-la sobre a música alta que toca dos alto-falantes na parte de trás de uma caminhonete estacionada a poucos metros de distância e as pessoas ao meu redor falando alto. — Em uma fogueira! — Grito para o telefone, e Harlen, que está de pé ao meu lado, olha para mim. Levantando os olhos para ele, eu pego seu sorriso à luz do fogo. — Uma fogueira, — Willow repete. — Diabos, com quem você está em uma fogueira? — Harlen, — respondo, e algumas pessoas ao meu redor se voltam para olhar para Harlen e eu, provavelmente pensando o que ele está fazendo comigo. Algo


que me perguntei nas últimas semanas. — Eu já volto, — digo a ele, e ele olha para mim, depois examina a área antes de encontrar meu olhar novamente. — Fique onde eu possa te ver. — Certo, — murmuro, abaixando meus olhos. Caminho com meu Converse sobre a grama, e principalmente na sujeira, em direção aos arredores da festa, onde há mais do que algumas pessoas se agarrando e, em alguns casos, tendo relações sexuais, na cobertura da escuridão. — Willow, você ainda está aí? — Pergunto assim que chego a uma área tranquila. —

Ainda

estou

processando

a

notícia

de

que

você

saiu

com

Harlen novamente, desta vez para uma fogueira, — ela diz, e olho para as estrelas espalhadas pelo céu escuro. — O que diabos está acontecendo entre vocês? — Nada, — resmungo. — Nós somos amigos. — Certo. — Ouvi a descrença em sua voz, e minhas mãos enrolam em um punho ao meu lado. — O que está acontecendo? Está tudo bem com você? — Eu queria ver se você estava por perto para jantar. Sinto que não a vi desde que você se mudou. — Desculpe. — Ela está certa. Não a vi muito desde que me mudei. Então, novamente, a maior parte dos meus dias de folga foram passados com Harlen, comprando com ele, assistindo a filmes, jantando, bebendo e simplesmente nos divertindo. Eu tentei, em mais de uma ocasião, dizer não quando ele me pedia para sair, mas, de alguma forma, eu sempre acabo cedendo e fazendo o que ele quer fazer. — Eu gostaria de ver minha irmã, passar algum tempo com ela, — ela geme e a culpa atinge meu estômago. — Tenho folga amanhã. Eu vou e passo a noite em sua casa. Podemos jantar, não fazer nada e assistir filmes. — Isso serve. Também espero que você me diga o que realmente está acontecendo entre você e o gigante.


— Sério, não há nada a contar. Nada está acontecendo. Somos apenas amigos, Willow. — Certo, — ela murmura novamente, e eu suspiro, desejando pela primeira vez não estar certa, que houvesse algo secretamente acontecendo entre Harlen e eu, algo mais do que nós apenas nos tornando bons amigos. — Saio do trabalho as quatro amanhã, então eu devo estar em casa as cinco, se não antes. — Eu estarei aqui. — Vejo você então. — Ela desliga e guardo meu telefone no bolso traseiro do jeans. Olhando para a fogueira, vejo Harlen conversando com um cara, então sinto os músculos do meu estômago apertar desconfortavelmente quando uma mulher se aproxima dele. Como sempre acontece quando estou por perto, ele não faz mais do que inclinar o queixo em saudação. Ainda assim, eu odeio ver. Odeio saber que não tenho nenhuma reivindicação sobre ele, que se quisesse aceitar uma oferta de uma mulher para um bom tempo, ele poderia sem um segundo pensamento. Ao vê-la se afastando eu volto para ele, e como ele sabe que estou perto, seus olhos se voltam para mim. Meu estômago faz o mesmo que sempre faz perto dele, o que é mais do que um pouco irritante. Eu queria poder superar essa paixão e me concentrar no fato de ter um excelente amigo. — Tudo bem? — Ele pergunta, me estudando. — Sim, Willow só queria jantar. Desde que estou aqui com você, eu disse a ela que iria para Nashville amanhã e passaria a noite na casa dela para um momento de irmãs, — eu digo, pegando a cerveja que ele tem na mão, colocando na minha boca, e observando-o sorrir enquanto tomo um gole e forço para baixo. — Isso é bom. — Sim, — concordo, e então olho ao redor. Está ficando tarde, o que significa que a maioria das pessoas que ainda está aqui não sairá mais. A maioria deles está encontrando parceiros para passar a noite. — Você está pronta para sair daqui? — Ele pergunta, e olho novamente para ele. — Você está bem para dirigir?


— Só tomei duas cervejas. Estou bem, — ele jura, e eu o vejo levantar o queixo para alguém em frente ao fogo. Olhando nessa direção, vejo seu amigo Everret vir em nossa direção com uma garota debaixo do braço. — Você está decolando? — Everret pergunta quando se aproxima, e a garota olha para mim, então se aperta contra ele, como se eu fosse puxá-lo magicamente para minha armadilha. — Sim, — Harlen responde, tirando a cerveja de mim e jogando-a em uma lixeira ao lado. — Legal, — Everret murmura, e então seus olhos me encontram. — Bom te conhecer, Harmony. — Você também. — Sorrio para ele e observo Harlen e ele dar o aperto de mão de homem, antes dele se afastar com o braço em volta da garota. — Pronta para ir? — Harlen pergunta, inclinando a cabeça em minha direção. — Sim, — eu digo; então sua grande mão se fecha em torno da minha para que ele possa me levar para a moto. Uma vez que ele está nela, subo atrás dele e seguro sua cintura enquanto ele nos tira da grama e entra na estrada. Assim como todas as outras vezes que montei na moto, o calor dele se infiltra na minha pele, o cheiro dele enche meus pulmões, e por alguns minutos, finjo que somos algo que não somos.


Capítulo 03 Harmony

— Harlen, — eu gemo quando a boca dele viaja pelo meu pescoço até meu peito e ele puxa meu mamilo na boca. Meu clitóris pulsa e meus dedos do pé enrolam. Correndo as mãos no peito e no pescoço dele, eu as deslizo nos cabelos grossos para segurá-lo onde ele está. Minha cabeça enfia mais no travesseiro, e minha respiração para quando sua mão desliza sobre meu quadril. Apertando os olhos, espero para sentir os dedos contra meu clitóris pulsante. Bip! Bip! Bip! — Não, — eu arfo, rolando ao meu lado. Desligo o alarme e vou para a gaveta da cama e rapidamente pego o meu vibrador. Fechando os olhos, ligo e termino. Logo que eu gozo, permaneço deitada esperando minha respiração normalizar e meu corpo esfriar. — Isso está ficando ridículo, — grito para o teto, depois rolo para o lado e abraço meu travesseiro. Passaram-se três meses desde que Harlen entrou na minha vida, e nesse tempo, nos aproximamos. Ele está sempre por perto quando estou de folga, quando preciso de alguém para falar das coisas que estão acontecendo com os médicos ou outras enfermeiras. Ele está por perto quando preciso de ajuda para montar móveis, quando preciso de um ombro para me apoiar, ou apenas de um amigo. Então ele está por perto. Gosto de tê-lo perto; o que eu não gosto é querer ele do jeito que quero e ter tanto medo de perder o que temos que fico paralisada para fazer algo a respeito.


Sabendo que não encontrarei uma solução para esse problema agora, eu me sento, e lançando meu vibrador na gaveta, removo meus lençóis e saio da cama. Colocando os pés no chão, saio do meu quarto e vou à sala de estar, sorrindo ao ver a mesa de café e a lâmpada de pé que escolhi. Nós fomos a cerca de dez lojas antes de encontrar a mesa de café retangular estilo vintage com madeira queimada e rodas de ferro, e mais três depois, antes de encontrar minha lâmpada, uma base de tripé com uma tonalidade de serapilheira. O que eu mais gosto é que ambas as peças se misturam perfeitamente com os banquinhos que Harlen e eu encontramos da mesma madeira queimada vintage, mas com assentos de veludo em um rosa envelhecido e apoios pretos. Até mesmo Harlen, que é todo homem, disse que eram perfeitos. Ok, então ele não disse isso, mas eu poderia dizer que ele pensava assim. Ligo a cafeteira, pegando a lata de comida de Dizzy do armário. No segundo que eu abro, ele sai do sofá onde dormiu ontem à noite e vem sentar-se aos meus pés. Despejo a comida na tigela, coloco-a no chão e depois faço uma xícara de café. Uma vez que eu adiciono creme e açúcar, vou para a porta dos fundos e a abro um pouco para que ele possa sair quando terminar de comer. Pego meu café e dirijo-me ao banheiro, onde o coloco na pia. Entrando para ligar a água quente, tiro a camisola, jogando-a no cesto. Quando entro no banho, deixo a água quente escorrer o resto do sonho e a preocupação que me assombra nas últimas semanas – me preocupar com meus sentimentos, me preocupar com os sentimentos de Harlen. Preocupar-me de que ainda não estou vivendo a vida. Assim que eu saio, seco, coloco um sutiã e uma calcinha, amarro meus cabelos ainda molhados em um rabo de cavalo, e depois me dirijo para o meu armário para me vestir. Hoje é o meu último dia de folga durante a semana, o que significa que será um dia atarefado. Tenho planos para encontrar Harlen em um dos meus bares favoritos na cidade para tomar uma bebida e assistir a uma luta que passará lá esta noite. Na verdade, não quero assistir uma luta, mas quero vê-lo antes que não consiga vê-lo por alguns dias. Então, enquanto ele observa a luta, vou beber e absorver o máximo que puder. Antes disso, eu preciso correr ao banco para pagar minha hipoteca, desde que ainda não a configurei para ser debitada


automaticamente. Depois, às onze horas, irei ao salão de Ellie. E então encontrarei meu pai para almoçar. Eu me visto, escolhendo um par de shorts jeans com renda aparente através dos buracos no material, uma blusa de cetim rosa claro com um decote alto e uma bainha redonda e minhas sandálias de couro favoritas, que possuem grandes cristais dourados rosa no centro da tira. Após terminar de me arrumar, pego meu celular e café antes de desligar a luz no meu quarto, e dirijo-me a sala de estar, tomando um gole da minha caneca enquanto ando. Indo para a porta dos fundos, eu olho para Dizzy, que está ocupado perseguindo os pássaros ao redor do quintal e então abro a porta e me inclino. — Dizzy! — Eu grito, e sua cabeça gira na minha direção, suas orelhas se animando. — Vamos, — eu chamo, e ele corre pelo quintal, subindo os degraus e atravessando o deque até mim. Logo que ele entra eu fecho a porta. Ainda não coloquei uma porta para cachorrinho. Quando olhei para colocar uma, descobri que como a porta é de vidro, me custará uma pequena fortuna. Então estou esperando e economizando o dinheiro que preciso para fazer isso. — Vou sair, mas voltarei. — Eu o pego com uma mão e beijo o topo de sua cabeça. — Seja bom enquanto estou fora. — Deixo o meu café e abro o frasco no balcão onde mantenho seus petiscos. Dando-lhe um, eu beijo o topo de sua cabeça novamente antes de colocá-lo no chão e vê-lo fugir com o petisco na boca. Depois de tomar o último gole do café, coloco a caneca na pia e encho com água, depois pego minha bolsa e as chaves. Trancando a porta da frente, desço os degraus para o meu carro. Vendo a minha vizinha, Misty do lado de fora com o telefone na orelha enquanto rega suas flores, eu aceno, observando-a tapar o telefone contra o ombro e acenar com a mangueira. Misty, seu marido, Matt, e sua filha, Molli, vieram alguns dias depois de me mudar, me dando as boas-vindas ao bairro com biscoitos, e desde então tivemos algumas conversas na porta da frente, mas não tivemos realmente muito tempo para conhecer uma à outra. É o mesmo com os meus outros vizinhos. Acenamos oi e adeus, mas na maioria das vezes, todos tendem a ficar na deles.


Entrando no carro, eu ligo e dou ré. Vou ao banco primeiro e cuido dos negócios lá, então vou para o salão. Estaciono na frente, pego a bolsa e entro. Não lembro quando Ellie começou a fazer o meu cabelo. Parece que foi desde sempre. Eu costumava ir a uma garota em Nashville, mas quando Ellie começou a trabalhar para Frankie, e minhas primas começaram a ir para ela, eu tentei e não fui a mais ninguém desde então. Abro a porta, e no momento que vejo Frankie, o dono do salão, atrás do balcão, um sorriso divide meu rosto. —

Harmony,

ele

me cumprimenta,

se

virando

no

balcão para

mim. Segurando meus braços, ele beija minhas duas bochechas. — Como você está, linda? — Estou muito bem. Como você está? — Bem. — Ele sorri, então olha pela pequena abertura na parede a parte de trás da loja. — Ellie está terminando com seu último cliente. Você não terá uma longa espera, mas tem tempo para tomar um café caso queira um. — Vou almoçar com meu pai do outro lado da rua depois. Não quero arruinar isso bebendo muito café. — Entendo. — Ele sorri, então seus olhos passam por meu ombro quando a porta soa e eu giro para ver uma mulher entrar. — Jenna. — Ele me solta e a cumprimenta da mesma maneira que fez comigo, com um abraço e beijos nas bochechas. — Estou pronto. Você está pronta? — Ele pergunta. — Pronta. — Ela sorri para ele. Seus olhos voltam para mim. — Sinta-se à vontade. Ellie estará livre logo. — Obrigada, Frankie. — Sento no sofá roxo na frente da janela e solto minha bolsa ao meu lado. Pegando o celular, envio uma mensagem ao meu pai lembrandoo sobre o almoço, e depois respondo a uma mensagem de Willow, que quer jantar no dia seguinte. Mando uma mensagem confirmando, então envio uma mensagem a minha mãe para ver se ela quer ir jantar com Willow e eu. Quando ela responde com um sim, envio outra mensagem a Willow, informando que a mamãe irá também. — Ei, garota, — Ellie diz; desligo meu telefone, coloco na bolsa e olho para ela.


— Ei. — Levanto e contorno a mesa de café para abraçá-la. — Está pronta? — Totalmente. — Sorrio para ela enquanto ela pega a minha mão e me arrasta com ela na parte de trás do salão até a sua estação. — Preciso te mostrar uma foto. Eu me deparei com isso no outro dia, e juro que no segundo que vi, tudo o que eu poderia pensar é que Harmony precisa desse corte de cabelo e cor. — Mostre-me. — Eu me sento na cadeira e pego a foto que ela me entrega. — Estou certa? — Ela pergunta, e estudo os cabelos da mulher. É mais curto do que o meu cabelo agora, logo abaixo dos ombros, com muitas camadas e luzes. — Eu adoro. — Levanto a cabeça e sorrio para ela no espelho. — Você gosta? — Sim, é sexy. Você pode fazer isso hoje? — Levanto a foto na minha mão. — Sim! — Ela sorri para mim, e sorrio. — Então me deixe bonita. — Por favor, você é linda. Você não precisa de ajuda com isso. — Ela tira uma capa rosa choque, prende em meus ombros e passa três horas fazendo luzes, cortando, secando e enrolando meu cabelo. Quando termina, meu cabelo não se parece com a mulher no cabelo da foto. Parece melhor. O corte me faz parecer o tipo de mulher que vive sua vida selvagem, o tipo de mulher que corre riscos e não se importa com o que alguém pensa. — Você é incrível. — Olho do meu reflexo para Ellie no espelho e sorrio. — Acho que este é o melhor corte e cor que eu já fiz. — Ela passa os dedos pelos meus cabelos, observando as camadas repicadas caírem no lugar. — Adorei, obrigada. — De nada. — Ela tira a capa e tiro meu cartão da carteira, entregando-o para ela. — Você quer me encontrar na frente para assinar? — Claro. — Pego o dinheiro da gorjeta e coloco em sua estação, sabendo por experiência que ela não aceitará se eu tentar entregar a ela. Chegando à frente do salão, assino o recibo que ela me entrega. — Quer que eu agende seu retorno agora, ou quer esperar?


— Vou esperar. Não sei da minha agenda no momento, mas eu ligarei. — Tudo bem. — Ela contorna o balcão para me abraçar. — Diga a todos que eu disse oi. — Eu vou. Faça o mesmo, e beije Hope por mim. — Eu digo, referindo-me a filha dela, e aceno para ela por cima do meu ombro enquanto saio, indo para o outro lado da rua. Mandei uma mensagem para o meu pai quando Ellie estava terminando, então não fico surpresa ao vê-lo pela janela do restaurante, já sentado em uma cabine. — Ei, pai. — Deslizo no assento em frente a ele e seus olhos se alargam. — Você mudou seu cabelo? — Mudei. — Corro meus dedos por ele, amando o quão suave e leve estão. — Ficou bom. — Obrigada. — Deixo minha bolsa ao meu lado. — Pedi uma Coca-Cola para você, com o seu sanduíche Monte Cristo e as batatas fritas usuais, — ele diz, e minha boca enche de água. Um Monte Cristo é presunto e queijo Gouda entre dois pedaços grossos de torrada Texas, que é então mergulhado em ovo batido e frito até a coloração marrom dourado. Depois, eles são cobertos com uma chuva de geleia de framboesa e açúcar refinado. Provavelmente não quero saber quantas calorias estão no sanduíche, mas é uma das minhas coisas favoritas para comer sempre que venho aqui, e vale a pena subir as escadas no trabalho. — Obrigada, pai. — De nada. — Ele sorri. — Então, como estão as coisas com você? — As coisas estão boas, — digo a ele, então sorrio para a garçonete quando ela deixa nossas bebidas. — Sim, e você e Harlen? — Papai, — suspiro. Isso acontece toda vez que o vejo ultimamente. Na verdade,

acontece

sempre

que

vejo alguém da

minha

família. Eles

sempre

perguntam o que está acontecendo entre Harlen e eu, me fazendo sentir como um disco quebrado. — O quê? — Ele pergunta, e agito a cabeça.


— Somos apenas amigos. — Você continua dizendo isso. — Eu continuo dizendo isso porque é a verdade. Ele é meu amigo. Eu gosto dele. Se eu estivesse com ele, diria que estamos juntos, mas esse não é o caso. — Hum, — grunhindo, ele esfrega a mandíbula e pergunta, — Você teve notícias do curso que queria fazer? — Sim, eles não me aceitaram desta vez, então tentarei novamente quando voltarem. E se isso não der certo, encontrei uma escola externa que tem o mesmo programa. Preferiria não ter que pagar pelo curso se for possível. — Sua mãe e eu pagamos se você precisar de nós. — Eu sei, — concordo com um encolhimento de ombros, e depois retiro minhas mãos da mesa quando a garçonete vem com nossa comida. Colocando meu sanduíche e fritas diante de mim, ela coloca o hambúrguer e as batatas fritas do meu pai na frente dele e pergunta, — Vocês precisam de mais alguma coisa? — Acho que estamos bem, — respondo, e ela acena antes de se ir para outra mesa. Pegando uma frita, enterro na minha boca, mordo, eu engulo e depois pergunto, — O que está acontecendo com Bax e Talon? Eles ainda estão planejando se mudar para casa? — Sim, estão arrumando as coisas agora. Espero que não demore muito para estarem aqui. — Será bom tê-los por aqui. — Sei que meus pais querem todos os filhos perto, mas Bax e Talon, assim como Nalia, tiveram outras ideias sobre o que eles queriam. Depois que os meninos se formaram, eles decidiram se mudar para o Alasca. Primeiro, eles compraram um barco de pesca, pensando que poderiam trabalhar no verão e ganhar dinheiro suficiente para mantê-los no resto do ano. Infelizmente, suas primeiras e segundas temporadas de pesca foram um saco, deixando-os quebrados. Eles acabaram vendendo o barco e se mudando para Montana, onde começaram a trabalhar para uma empresa de construção de casas. Ambos acabaram amando tanto que começaram seu próprio negócio construindo pequenas cabanas de caça no Alasca no meio do nada durante o tempo de folga.


Esse negócio decolou, então eles viajam entre o Alasca e Montana para trabalhar. Agora eles planejam começar uma empresa similar no Tennessee, o que significa que precisam estar aqui, pelo menos por um tempo. — Quando eles chegarem, eu quero ficar com Nalia por pelo menos uma semana, — ele diz, tirando-me da minha cabeça. Eu o estudo, tentando ler seu humor, o que faço sempre quando ele ou a mãe falam sobre ela. Minha irmã Nalia e meu irmão Sage foram adotados. Não lembro quando, já que eu sempre me lembrei deles como parte de nossa família, mas sei que eles eram jovens, talvez por volta de dois anos. Pouco depois de Nalia completar 18 anos, ela decidiu entrar em contato com sua mãe biológica, e agora ela mora em Denver, não muito longe dela. Minha mãe e meu pai têm apoiado seu relacionamento com a mãe, mesmo que doa que a tenham tão longe. Mas Sage não tem apoiado. Ele nem fala sobre a mulher que deu à luz a ele, e isso teve um impacto na relação com Nalia. — Talvez possamos planejar uma viagem às Smoky Mountains, alugar umas casas e um barco, como nos velhos tempos, — continua. — Sua mãe gostaria disso. — Eu adoraria isso, então eu sei que mamãe realmente adoraria, — concordo;

perguntando-me

se

Harlen

esteve

nas

maravilhosas

Smoky

Mountains. Ele adoraria lá, nada além de montanhas cobertas de árvores e pessoas boas. Eu adorava ir aos Smokies quando era criança, visitando Dollywood e todos os outros lugares cheios de coisas para fazer. Toda a cidade é construída para famílias e a diversão em mente. — Vamos planejar isso. — Ele sorri antes de morder seu hambúrguer. — Talvez eu convide Harlen. — Sorrio e ele grunhi, me fazendo rir. *** Sentindo minha pele formigar, eu olho para Harlen e o pego olhando para mim outra vez. — Você está me deixando autoconsciente, — suspiro. — Não posso acreditar que você cortou seu cabelo, — ele diz enquanto levanto o meu drinque e o abaixo com apenas metade dele. Ele não disse que gostou quando veio me buscar. Não, as primeiras palavras de sua boca depois que eu abri a


porta foram. — O que diabos você fez com seus cabelos? — Deixando-me querendo chutar a canela dele. — Bem, eu fiz, então deixa para lá, — retruco, estou cheia e um pouco bêbada. Ok, muito bêbada. — Baby, eu gostei. Só levará algum tempo para eu me acostumar, — ele acalma, e volto a olhar para ele. — Tanto faz, — eu me queixo, e ele sorri, fazendo-me estreitar os olhos. — Já volto. Você pode pedir outra bebida para mim? — Claro. — Ele acena, e deslizo do meu banquinho. Indo ao banheiro, cuido dos negócios e depois olho para mim no espelho quando abro a torneira. — Eu gosto do meu cabelo, — murmuro ao meu reflexo enquanto lavo minhas mãos. Depois de terminar, pego uma toalha de papel e seco rapidamente, e uso essa mesma toalha de papel para desligar a água e abrir a porta, por hábito. No momento em que saio no corredor, os olhos de Harlen vem para mim. — Pedi um pouco de água para você, — ele me diz, e agito a cabeça. — Eu queria outra bebida, não água. — Você pode ter uma, depois de beber um pouco de água. — Tanto faz, — murmuro novamente, subindo na banqueta ao lado dele. — Você está bem? — Sim. — Giro a cabeça e encontro seu olhar. — Tem certeza? — Sim. — Ainda chateada comigo? — Ele pergunta, e deixo meus olhos caírem para a boca dele e vejo o seu sorriso. — Não. — Anjo, — ele ri, e minha barriga aperta. Deus, eu adoro quando ele me chama assim. Não é o tempo todo, mas é sempre doce. — Você vai superar isso. — Ele envolve meu pescoço, e sei que ele vai beijar o topo da minha cabeça, mas em vez de abaixar minha cabeça para deixá-lo, eu a levanto sem pensar. Então me inclino, colocando minhas mãos no peito dele. No momento em que nossas bocas se encontram, meus lábios se abrem e minha língua escorrega, tocando seu lábio


inferior. Minhas unhas cavam no peito dele através da camisa enquanto uma de suas mãos desliza pelo meu cabelo e a outra envolve meu quadril. Derrubando minha cabeça para o lado, sua língua explode sobre a minha e eu gemo. — Porra, — ele rosna. Então, ele se afasta. A três metros de distância, atravessou a sala, de costas para mim enquanto desaparece pelo corredor em direção ao banheiro. — Oh não. — Respirando pesadamente, eu percebo o que acabei de fazer, o que aconteceu, e olhando em volta, saio do banquinho, pego minha bolsa e vou para a porta. Não penso no que estou fazendo ou para onde vou. Corro até o final do quarteirão. Harlen nos trouxe. Então não tenho meu carro – não que eu dirija em meu estado, mas ainda assim, eu poderia me esconder caso tivesse. Alcançando a esquina do prédio, pressiono minhas costas na parede e pegando meu celular, desbloqueio a tela e abro meu aplicativo do Uber. Preciso sair daqui e fazer isso rapidamente. Felizmente, há um motorista perto, então pressiono o botão que preciso e aguardo até que estacione. Só então deixo meu esconderijo e atravesso a rua. — Harmony? — Uma menina pergunta, baixando a janela. Eu aceno, abro a porta de trás e entro, sentando no banco de trás. — Você está bem? — Sim, — eu minto e ouço meu celular tocar na minha mão. Olhando para a tela, aperto meus olhos. — Tem certeza? — Ela pergunta, e abro meus olhos, encontrando seu olhar no espelho retrovisor. Ela é linda, muito bonita, com cabelos escuros e grandes olhos azuis. Ela não se parece com nenhum motorista de Uber que já tive. Então, novamente, eu não chamo um Uber com frequência. — Sim, apenas um pouco embriagada, — eu minto quando meu celular começa a tocar novamente. Apertando ignorar, vejo uma mensagem aparecer na tela. Onde, porra, você está? Sento e fecho meus olhos. Devo estar mais bêbada do que eu pensava que estava. Eu sei com certeza que sou mais burra do que pensava. Abrindo meus olhos, respondo.


Desculpe, eu precisei sair. Eu te vejo por aí. Nem dois segundos depois, meu telefone toca novamente. Onde você está? Ignoro essa mensagem. Também ignoro meu estômago revirando e meus olhos ardendo, e continuo ignorando tudo o que estou sentindo até estar na cama. Então desligo o telefone e continuo ignorando as batidas na minha porta. Mas não importa o quanto eu tente, não posso ignorar a forma como meu coração dói.


Capítulo 04 Harlen

— Jesus, — Evan diz; eu olho para ele e vejo que seus olhos estão apontados para o bar. Seguindo seu olhar, meus músculos do estômago se apertam junto com minha mão ao redor da cerveja. — O que diabos? — Eu rosno, observando Harmony colocar um joelho, então o outro em cima do balcão do bar, depois as mãos, subir e ficar de pé. Uma vez lá, Ashlyn sobe ao lado dela e elas sorriem uma para a outra. Justo então elas começam a cantar junto com uma música pop que está tocando alto demais. Ao vêla, a maquiagem esfumaçada, os cabelos em uma massa de cachos bagunçados, o vestido preto e justo que ela usa, mostrando muita pele, e os saltos que deixam suas pernas longas incrivelmente mais longas, meu pau começa a ficar duro e meu sangue começa a esquentar. Não é calor, ele ferve, e me faz ver vermelho. — Você finalmente vai lidar com isso? — Evan pergunta, e meus olhos vão para ele. Ele não sabe o que aconteceu entre nós, mas sabe que Harmony e eu fomos de passar quase todos os dias juntos para ela me evitar. Fiquei com raiva duas semanas atrás quando ela não retornou as minhas ligações, nem atendeu sua porta após nos beijarmos e ela fugir. Não estou mais com raiva. Estou furioso por ela ter se recusado a falar comigo e não ter as bolas para vir até mim. Oh, tenho certeza que ela está confusa em sua cabeça sobre minha reação ao beijo, mas a realidade é que se não me afastasse dela, eu não teria conseguido


me controlar. Eu estava a dois segundos de levá-la ali no bar, sem dar uma merda para quem visse o show. Era o quanto eu a queria. Quando comecei a conversar com ela, fui contra todos os instintos que tive por causa de sua reação ao chamá-la para sair a primeira vez. Aquele medo que vi nos olhos dela me mostrou que ela estava realmente com medo, medo de viver, fazer algo por um capricho, aproveitar uma oportunidade. Foi quando bolei um plano para entrar naquela cabeça, para que ela se sentisse confortável comigo, facilitar para ela. Obviamente, esse plano foi uma merda. — Foda-se. — Deixo minha cerveja na mesa, depois fico de pé e atravesso a multidão de homens reunidos ao redor do bar, olho feio para eles até se afastem. — Desça, — eu rosno, e os olhos de Harmony me encontram e se ampliam. O que ela não faz é fazer um movimento para descer. — Desça agora, — exijo, observando-a engolir e dar um passo atrás. Ao ver que ela está prestes a pisar na beira do bar, eu balanço a cabeça, enrolo minhas mãos ao redor de sua cintura e a puxo, ouvindo seu grito enquanto a atiro sobre meu ombro. — Harlen! — Ela grita, batendo em minhas costas com os punhos. — Calma, — eu ressoo, golpeando sua bunda, e seu corpo fica imóvel enquanto saio. No segundo que estamos do lado de fora, ela chuta as pernas e grita, — Me coloca no chão! — Ela bate em mim novamente, então eu bato na bunda dela, desta vez mais forte do que antes. — Você não acabou de fazer isso... De novo, — ela grita a última palavra, e me pergunto como é possível que eu sinta vontade de sorrir quando estou tão incrivelmente irritado. Assim que chego ao lugar onde estacionei minha moto, coloco-a no chão, segurando sua mão. Puxo minha perna sobre o assento da minha Harley e depois ordeno, — Suba. Agora. — Não vou subir em sua moto, — ela assobia, tentando soltar sua mão. — Suba, Harmony. — Não! — Ela tenta se libertar, mas não a solto. Em vez disso, eu uso a mão dela para aproximá-la, depois pego sua boca, empurrando minha língua entre seus


lábios. Sua mão livre começa a tentar me empurrar, mas logo ela está pressionando seus seios contra meu peito, tentando se aproximar. Afastando a boca da dela, repito, — Suba, — observando suas pálpebras abrirem. Seus olhos examinam os meus. Não sei o que ela procura, mas deve ter encontrado. — Tudo bem, — ela sussurra, jogando a perna sobre a moto e envolvendo minha cintura. Apertando sua coxa nua em aprovação silenciosa, eu a solto, ligo minha moto, e saio em direção a casa dela. Parando em sua garagem vinte minutos depois, estaciono ao lado de seu carro e espero que ela saia. Quando desmonto, ela já subiu os degraus e está na porta. Alargando meu passo, eu chego lá quando ela se inclina para pegar Dizzy. Quando passo atrás dela, envolvo minha mão em torno de seu quadril, forçando-a para dentro para que eu possa fechar a porta. No segundo que tranco a porta, seus ombros caem e ela se afasta. Porra. — Harmony, — eu chamo, mas ela não vira para olhar para mim. Em vez disso, ela balança a cabeça, vai para a porta de vidro e a abre, deixando Dizzy sair. — Anjo, olhe para mim. — Eu a assisto virar lentamente, e é quando eu vejo lágrimas em seus olhos. Ao ver sua tentativa de se livrar delas, a raiva acumulada em meu interior desaparece. — Me desculpe. — Sua voz aparece em um sussurro. — Eu não queria fazer aquilo. Não sei o que estava pensando. As minhas sobrancelhas se juntam e dou um passo em direção a ela. — Do que você está falando? — Bei... — ela balança a cabeça. — Beijar você. — Suas bochechas ficam coradas e ela olha em meus olhos. — Não sei o que estava pensando. Eu me importo com você, com nossa amizade. Eu não deveria ter arruinado isso beijando você. Foi estúpido. Sinto muito. — Você está brincando comigo? — Eu grunhi em descrença. Ela levanta os olhos para os meus e eles se alargam quando fecho a distância entre nós. — Baby,


certamente você me sentiu participando do primeiro beijo, e você sabe que instiguei o segundo. Então, não sei que porra você está falando agora. Ela pisca, parecendo adorável e confusa. — Mas…. — Você sabe quão duro você me deixou? Sabe o quanto eu queria arrancar aqueles malditos shorts por suas coxas para poder me enterrar dentro de você? Não saí porque não queria você. Eu saí para que não a fodesse na frente de uma centena de pessoas. Precisava de um minuto para me acalmar. Seus lábios se separam, e balanço a cabeça, passando a mão pelo cabelo com frustração. — Eu sei que não deveria ter me afastado sem explicar essa merda para você, mas você não deveria ter saído sem me dar uma chance. Você também não deveria ter fugido, desligado o telefone e me ignorado quando cheguei à sua porta. — Eu me inclino e rosno, — Repetidamente. — Eu…. Eu pensei. Eu... — ela fecha os olhos e levanta a cabeça para o teto. — Deus, sou uma idiota. Dando mais um passo em direção a ela, envolvo minha mão ao redor da cintura dela e seus olhos se abrem, encontrando os meus. — Eu deveria ter feito um movimento mais cedo. — O que? — Você sabe quão difícil é estar perto de você e não tocá-la do jeito que eu quero? Quão difícil foi manter minhas mãos para mim quando não era o que eu queria? Quão difícil foi não reclamá-la quando seu pai me perguntou o que eu estava fazendo com você? — O quê? — Ela repete, desta vez com admiração. — Eu não queria assustá-la. Eu sabia que se chegasse a você da maneira que eu queria desde o início, você teria me afastado, — confesso, e seus olhos se deslocam, deixando-me saber que eu estava certo ao pensar assim. — Eu sabia que estava entrando nessa sua cabeça, mas até aquele beijo, eu não sabia que já estava lá, — enfatizo as últimas palavras com um aperto. — Eu pensei... Eu pensei que você só quisesse ser meu amigo, — ela diz, evitando meu olhar e olhando minha clavícula.


— Eu quero ser seu amigo. — Eu me aproximo e então me inclino, colocando minha boca perto de sua orelha. — Também quero fodê-la. — Sentindo seu arrepio, deslizo minha mão livre e a puxo completamente para perto de mim. — Agora me diga, onde estamos, Harmony? — Onde estamos? — Ela repete, inclinando lentamente a cabeça para olhar para mim. — O que você quer dizer? — Quero dizer, vamos continuar fingindo que isso não está acontecendo? Ou vamos aproveitar o que sabemos que temos e dar o próximo passo? — Pergunto, recusando-me a ir devagar com ela já que essa merda, obviamente, não deu certo. Suas mãos descansam contra meu abdome. — Você quer dizer... Tipo, estar juntos... Como um casal? — Ela pergunta, e inclino meu rosto mais perto do dela. Tão perto que sinto sua respiração escovar contra meus lábios. — Não me importo com o rótulo que você colocará em nós. — Oh, — ela respira. — Você está dentro, ou está fora? — Questiono, e seus olhos acendem com tanto medo e alegria. — Estou dentro, — ela responde, e é tudo o que preciso ouvir. Uso meu braço ao redor de suas costas para puxá-la contra mim, então aproveito seus lábios separados. No momento em que minha língua toca a dela, suas mãos deslizam pelo meu abdome e peito, depois apertam meus ombros. Porra, sim. Ouvindo seu gemido enquanto sua língua brinca com a minha, eu nos encaminho em direção ao sofá. No instante em que a parte de trás dos meus joelhos batem na almofada, deslizo minhas mãos por seus lados, sobre seus quadris, e pego uma parte do tecido, puxando a saia de seu vestido, me inclino, trazendo-a comigo. — Harlen. — Seus olhos cheios de luxúria encontram os meus e piscam com preocupação. — Apenas nos deixando confortável, baby, — digo a ela, agarrando atrás de seus joelhos e puxando-a mais profundamente em mim. Uma vez que a tenho onde quero, envolvo minha mão na sua nuca e deslizo meus dedos dentro de seus


cabelos. — Tão linda. — Seus olhos piscam novamente antes que eu puxe a boca de volta para a minha para ter outra prova. Sentindo-a balançando contra mim enquanto ela geme na minha boca, eu estou prestes a gozar no meu jeans. Porra, eu sabia que seria bom quando eu nos levasse onde eu queria, mas não tinha a porra de uma pista que seria bom assim. Mordiscando o lábio dela, puxo a cabeça para trás e estudo seu rosto. Tão fodidamente linda, isso nem mesmo é um exagero. Ela é perfeita. Pensei isso no momento em que a vi, mas com ela no meu colo, o calor dela descansando contra mim, os lábios inchados, as faces rosadas, os olhos cheios de desejo, nunca vi nada mais magnífico. — Porra. — Eu puxo seu rosto e o coloco no meu pescoço, querendo que meu coração pare de martelar contra meu peito e meu pau duro voltasse ao normal. — Estamos parando? — Ela pergunta, parecendo decepcionada, e sorrio para o teto. — Dizzy está lá fora, a porta está aberta, e não vou foder você pela primeira vez no seu sofá, — digo. Em seguida, adiciono, — Talvez a segunda. — Sua cabeça se afasta do meu pescoço e nossos olhos se encontram. — Talvez a terceira, desde que pensei em fodê-la na ilha mais vezes do que pensei em fodê-la no seu sofá. — Parece que você pensou em... — ela faz uma pausa, revirando os lábios juntos. — Você sabe... Muito. — Precisava de algo para me manter ocupado, já que não estava fodendo você, — explico, e seus lábios se contraem. — Você não é o único, — ela sussurra, deixando seus olhos em suas mãos que se movem para o meu maxilar. — Sim? Em que você pensou? — Eu pergunto, e sua cabeça se afasta para mais longe enquanto suas bochechas, que já estão rosadas, ficam mais coradas. — Apenas sobre nós, — ela responde vagamente. Antes de ter uma chance de questioná-la ainda mais, Dizzy salta no sofá e luta entre nós para chegar ao meu maxilar, onde ele sempre lambe. Afastando os quadris, agarro-o, e o coloco contra o meu peito e depois ordeno, — Saia e tranque a porta, baby.


Inclinando a cabeça, ela sai do meu colo, me dando um vislumbre da calcinha transparente cobrindo sua buceta antes de arrumar o vestido, contornar o sofá e ir até a porta. — Quer uma cerveja? — Ela pergunta, e afasto a atenção de Dizzy, encontrando-a de pé na cozinha em frente à geladeira aberta. — É cerveja de verdade? — Pergunto, e seus olhos se estreitam, fazendo-me reprimir um sorriso. — O que? Mesmo com a ilha entre nós, eu ainda a vejo plantar a mão em seu quadril. — Você é o único aqui que bebe a cerveja que você traz. Não tenho outro homem vindo em minha casa, descansando e bebendo seu álcool, — ela retruca e estreito meus olhos. — E... Eu também não bebi, — ela termina. — Vou aceitar uma cerveja, — resmungo com os dentes cerrados, e ela franze a testa antes de afastar o olhar, então pega uma cerveja e uma garrafa de água. Voltando ao sofá, ela me entrega a cerveja aberta. — Faça-me um favor, — digo quando ela se senta e seus olhos se encontram os meus. — Nem brinque com outro homem vindo aqui. Após me estudar atentamente durante um longo momento, ela sussurra, — Foi você, Harlen. Durante meses, foi você, mesmo quando não era. Ouvindo sua admissão, coloco Dizzy no chão, depois largo minha cerveja na mesa de café e tiro a água dela antes de puxá-la para debaixo de mim. — Foi você desde o momento em que nos conhecemos. — Abaixei minha voz. — Eu fico louco de ciúmes quando se trata de você, — admito, enquadrando seu rosto com as mãos, os olhos dela se acendem, mas não de maneira ruim. — É irracional, mas é o que é. — Tudo bem, — ela concorda, deslizando as mãos em minha cintura movendo-as nas minhas costas e debaixo da minha camisa. — Você está bem com isso? — Pergunto, e ela aponta a cabeça para o lado. — Quero o que você queira me dar, — ela responde, e pressiono minha testa na dela. — Tem certeza disso? — Tenho certeza, — ela diz, e meus olhos se fecham.


— Porra, eu deveria ter feito um movimento mais cedo, — repito, abrindo meus olhos, e quando o faço, encontro os dela suaves. Vendo esse olhar, desejo ainda mais não ter esperado tanto tempo. — Está tarde, e preciso trabalhar amanhã, — ela diz suavemente; virando a cabeça eu olho para o relógio, e vejo que já passa de uma da manhã. — Certo. — Toco minha boca na dela e começo a me afastar, mas suas coxas apertam meus quadris e seus braços agarram minhas costas. — Você passará a noite? Porra. — Você quer isto? — Sim. — Então, sim. — Bom. — Suas mãos sobem e eu inclino meu queixo, beijando-a novamente, desta vez, profundo e molhado. Afastando-me, levanto do sofá, arrastando-a comigo. — Vou deixar Dizzy sair uma última vez e fechar tudo enquanto você se arruma para dormir. — Ok. — Ela se inclina e pressiona a boca na minha, e então eu olho sua bunda até ela ficar fora de vista. Olhando para o Dizzy eu toco minha coxa e ele me segue até a porta. Deixando-o sair, eu ordeno, — Apresse-se. — E ele corre no deque e desce os degraus até a grama, cuidando dos negócios antes de voltar. Uma vez que ele está de volta, tranco a porta, vou à cozinha, agarro um petisco e dou para ele, observando-o fugir antes de desligar as luzes da cozinha. Desligando a luz na sala de estar, caminho no escuro em direção à porta aberta no final do corredor e entro. Vendo a porta do banheiro entreaberta, sento na beira da cama e tiro minhas botas e a camisa, depois desabotoo o jeans. Puxando meu zíper, eu congelo quando Harmony sai do banheiro, usando uma camisola azul clara, com renda rosa cobrindo seus seios e mais dessa mesma renda rosa atingindo sua coxa. Seus olhos se fecham nos meus e a vejo engolir. — Coloquei uma escova de dente nova na pia para você, — ela diz, e levantando meu queixo, acabo de tirar meu jeans e me dirijo ao banheiro, usando apenas meus boxers. Cuidando dos negócios,


lavo minhas mãos e uso a escova de dente que ela deixou, ignorando o fato de que é rosa. Uma vez que termino, eu abro a porta e encontro a luz desligada, mas as duas luzes de cabeceira estão acesas. Ela está na cama, de costas para a cabeceira de madeira, um edredom em torno de seus quadris. Ao contrário do resto da sua casa, eu sei com apenas um olhar que a mobília do seu quarto é antiga. Não se encaixa com o que ela está construindo no resto da casa, e não demorará muito para que ela esteja procurando peças novas para substituir essas. — Aqui. — Ela estende o controle remoto da televisão em minha direção. — Se quiser assistir TV. Pegando-o, levanto os lençóis e deito ao lado dela. — Você precisa dormir. — Coloco o controle remoto no criado-mudo e desligo a lâmpada, então a vejo fazer o mesmo com o do lado dela. Uma vez que as luzes estão apagadas, eu a puxo para mim. No momento em que está lá, ela enfia o rosto no meu pescoço, desliza a mão sobre meu estômago e levanta a coxa para descansar sobre meu quadril. Perfeito, e sim, eu deveria ter feito um movimento muito fodidamente antes. — Isso está bom? — Ela pergunta, apertando meu interior, e sei que ela está perguntando se estou confortável. Não falo a ela que nunca dormi com uma mulher enroscada em mim, ou que não fico de conchinha. Em vez disso, eu a puxo impossivelmente mais perto, depois toco minha boca no topo da sua cabeça, deixando-a saber de forma não verbal que está tudo bem onde ela está. — Boa noite, Harlen. — Boa noite, Anjo. — E aperto sua cintura. Deitado aqui no escuro, eu olho para o teto, ouvindo sua respiração acalmar, então sinto seu corpo relaxar mais no meu. Uma vez que eu sei que ela está dormindo, fecho meus olhos e a sigo. Sentindo a cama mover, meus olhos se abrem, e é preciso um nanosegundo para perceber onde estou. Ouvindo um gemido, inclino a cabeça para olhar Harmony na luz enchendo o quarto, e então a vejo se mover sem parar em seu sono. Rolo para o lado e envolvo meus braços ao redor dela. — Anjo, acorde. Você está tendo um sonho ruim. — Digo contra sua orelha, e então a puxo quando ela geme meu nome.


Jesus, de maneira nenhuma. Meu pau, que já está duro, pulsa, e minha mandíbula se aperta junto com meus braços ao redor dela. —

Harlen.

Sua

mão

desliza

sobre

meu

peito

e

para

o

meu

abdome. Agarrando o pulso quando vejo onde está a cabeça dela, eu a sinto congelar e sei que não está mais dormindo. — Você está acordada? — Pergunto, e demora um segundo, mas ela finalmente responde. — Sim. — Ela pressiona a testa no meu peito. — Que horas você precisa sair da cama? — Pergunto, soltando seu pulso e deslizando minha mão pelo material em suas costas. — Hum... Nove horas, — ela suspira enquanto continuo deslizando minha mão até alcançar a bainha de sua camisola. — O seu alarme está programado? — Sim, — ela responde, e começo a levar minha mão sob o suave e sedoso material. — Que tal nós vermos quanto podemos conseguir antes que ele toque? — Sugiro, ouvindo sua respiração mudar e sentindo suas unhas cavarem a pele do meu bíceps que ela está segurando. — Tudo bem, — ela concorda, mantendo a testa pressionada no meu peito. — Incline a cabeça para trás e me dê sua boca, — ordeno, sentindo seu tremor. Quando ela leva a cabeça para trás, eu coloco minha boca contra a dela e deslizo minha mão sobre seu quadril e estômago suave. Seus músculos apertam e as unhas cavam mais fundo enquanto deslizo meus dedos ao longo da borda da renda de sua calcinha. Logo então alcanço o ápice de suas coxas com os dedos e a beijo, passando minha língua pelo lábio inferior. Sua boca abre em um suspiro e deslizo para o céu com a língua e os dedos, encontrando o calor úmido em ambos os lugares. Aprofundo o beijo e a coloco sobre suas costas, rolando seu clitóris com o meu polegar. Afastando sua boca, ela pressiona a cabeça no travesseiro enquanto levanta os quadris, querendo mais. — Harlen.


Ouvindo a necessidade em sua voz, eu não desisto, nem mesmo quando sua mão desliza pelo meu abdome e dentro da minha boxer para envolver meu pau. Porra. Ouvindo-a, cheirando-a, sabendo que logo vou prová-la, meus quadris pressionam mais em sua mão e deslizo um dedo dentro dela. — Você me deixará prová-la? — Capturo o lóbulo da orelha, e seu aperto em mim aumenta. — Você vai, não é? — Pergunto, e ela geme, levantando os quadris; então aprofundo meus dedos enquanto mantenho meu polegar circulando seu clitóris. — Me responda. — Sim. — Ela arfa. Beijando sua orelha, eu desço para seu pescoço, clavícula, e depois me movo e puxo a borda rendada de sua camisola para baixo, expondo seu peito e mamilo de cor de pêssego. Apalpando o peito, lambo o mamilo e sopro contra ele, observando-o endurecer, e depois faço o mesmo com o outro. Sinto seu núcleo apertar e pulsar em torno dos meus dedos, atraindo-me para o fato de que ela está perto, o que é bom, porque eu também. Afastando-me para não gozar antes que minha boca esteja sobre ela, eu me mexo, deslizando na cama. Ignorando seu alarme quando ele começa a explodir, eu jogo sua perna sobre meu ombro e coloco minha boca sobre ela, sobre a renda cobrindo-a. Pressionando minha língua, puxo e sugo forte. — Oh, Deus! — Ela choraminga, e eu gemo. Deslizando a renda para o lado e expondo-a, lanço minha boca. No segundo que minha língua desliza através de suas dobras, suas coxas se apertam e sua buceta pulsa em torno dos meus dedos. Levantando minha cabeça, eu a assisto gozar. Ajoelhado, envolvo minha mão livre ao redor do meu pau e me masturbo. Olhando para seu cabelo espalhado no travesseiro, seus olhos escuros com luxúria, seus seios perfeitos, e sentindo sua buceta pulsando em torno de meus dedos ainda empurrando, eu fico na borda e então me perco completamente quando sua mão envolve a minha e ela me leva lá, observando com admiração quando eu gozo por toda a sua barriga exposta. Deixando minha cabeça cair, meus quadris se mexem enquanto ela continua acariciando. — Cristo, — grito, endireitando minha cabeça. Retiro meus dedos lentamente de sua buceta e levo-os a minha boca, sugando-os até ficarem limpos.


— Oh meu Deus, — ela sussurra, segurando meu olhar, e sorrio ao redor dos dedos. — Não se mexa, — ordeno, descendo da cama e indo ao banheiro para pegar uma toalha de banho. Ligando a água quente, aqueço o pano e o levo para a cama a fim de limpá-la. Quando termino, sorrio. — Você quer desligar o alarme? — Pergunto, e ela pisca como se não estivesse ouvindo o sinal sonoro nos últimos dez minutos. Ela se senta, estica-se e desliga o alarme. Aproveitando-me dela, aperto minha mão ao redor da sua nuca e baixo minha boca até ela para um beijo quente, profundo e muito molhado. — Bom dia, — ressoo quando me afasto, e ela ri, deslizando as mãos em minha cintura. — Bom dia. — Ela descansa a cabeça contra meu peito e corro meus dedos pelos seus cabelos grossos e suaves. Eu odiei que ela tenha cortado o cabelo, mas devo admitir que eu adoro como ele está agora. Selvagem, como eu sei que ela é quando baixa a guarda. — Você acorda assim frequentemente? — Pergunto, e seu corpo se endurece. — Talvez. — Não estou me queixando, apenas perguntando o que você faz consigo mesma quando acontece? — Vibrador, — ela responde, me chocando com a honestidade, e me sinto tenso quando visões dela se masturbação preenche minha mente. — Vou ter que vê-la gozando assim em algum momento, — aviso suavemente e ela arrepia. Inclinando a cabeça para mim, levanto a cabeça e estudo seu rosto, pensando que estava errado na noite passada. Vendo o olhar suave e saciado em seus olhos agora, a faz parecer ainda mais magnífica do que antes. — Você vai tomar banho? — Pergunto, e ela acena. — Tudo bem, vou fazer café. — Você pod... — Eu poderia baby, mas você se atrasaria para trabalhar se eu fizesse, — digo, cortando-a antes que ela possa sequer terminar sua sugestão, e seus olhos quase se fecham. Baixando a cabeça, toco minha boca na dela, dou um aperto em seu pescoço e a solto. — Eu vou encontrá-la na cozinha. — Ok, — ela concorda.


Pego meus jeans no chão, visto e depois saio do quarto, não olhando para ela, porque sei que não conseguirei me impedir de segui-la para o banheiro se o fizer. Vou pelo corredor e uso o banheiro lá. Uma vez que eu saio, vou para a sala de estar, com Dizzy dançando aos meus pés, girando em círculos e pulando. Inclinando, esfrego a cabeça dele e abro a porta dos fundos para deixá-lo sair, observando-o descer os degraus correndo, perseguindo um passarinho no quintal. Deixo a porta aberta e vou à cozinha para fazer uma jarra de café e encontrar algo para o café da manhã. Não é surpreendente, há café, mas não há comida na geladeira, além de um ovo, algumas fatias de queijo, manteiga e nada mais. Descansando minha mão no quadril, eu estudo a geladeira vazia, perguntando-me quando foi a última vez que ela foi as compras. — Não tive tempo de ir ao mercado. — Virando minha cabeça, eu a vejo do outro lado da ilha, seus cabelos úmidos em um rabo de cavalo e seu corpo envolto em um fino robe preto. — Irei hoje à noite, depois de sair do trabalho. Contudo, eu acho que tenho um par de bagels que podemos comer. — Você não tem cream cheese. — Tenho manteiga. — Ela encolhe os ombros, rodeando a ilha e abrindo um dos armários, se levantando nos pés descalços para alcançar as xicaras de café na segunda prateleira. — A que horas você sai do trabalho esta noite? — Pergunto, e ela olha para mim por cima do ombro. — Onze horas. — Eu irei ao mercado, — digo, e ela coloca duas xícaras no balcão e depois olha para mim novamente. — Eu posso ir quando sair. Já fiz isso antes. Não é grande coisa. — Você pode, mas isso significaria que você teria que parar tarde da noite ao invés de voltar para casa depois do trabalho, — digo a ela, deixando de lado o fato dela ser uma Mayson e esse sobrenome parece ser um imã para problema. Ela me estuda com um olhar que não consigo ler em seus olhos e depois viro para a cafeteira. — Se você não se importa. Eu te darei uma chave. — Pego a caixa de leite pela metade antes de fechar a geladeira, então vou até ela e me encaixo


contra suas costas. Deixando a caixa no balcão, deslizo uma mão ao redor da cintura para descansar contra seu estômago, a outra no balcão perto do quadril. Ao tocar minha boca no seu pescoço, eu a vejo despejar o café em ambos os copos. — Quando é o seu próximo dia de folga? — Pergunto, respirando o aroma de sua pele limpa. — Em três dias, — ela responde, e eu aceno. — Você poderia... — ela respira fundo e exala. — Se você quer... Quero dizer, se quiser, pode ficar aqui até eu sair, — ela oferece, e sei pelo seu tom que ela quer isso, e foda-se se eu não quero o mesmo. — Parece bom. — Beijo seu pescoço, depois a deixo pegar o açúcar que está do outro lado da cozinha. — Vou contar aos meus pais, — ela avisa, e paro na metade do caminho e seus olhos me encaram. — Eles estão perguntando sobre nós e, bem, se isso está acontecendo, não quero evitar isso. Não deu muito certo quando minhas primas esconderam seus relacionamentos de seus pais. — Ela morde o lábio e depois murmura, — A não ser que você não queira que eu diga. — Não nos esconda, Anjo, mas só um aviso. Não deixarei seu pai me intimidar. Ele tentou isso antes, e tanto quanto eu o respeito, não vou gostar se ele tentar essa merda novamente. — Ele tentou intimidá-lo? — Ela pergunta, e eu a estudo, pensando em como ela não notou isso quando ele deixou claro que não estava feliz que ela passasse tempo comigo, embora não houvesse nada acontecendo entre nós naquele momento. — Sim, palavra-chave: tentou. Não sou facilmente intimidado, especialmente quando quero algo. E agora, depois de compartilharmos o que compartilhamos na noite passada e esta manhã, eu sei que quero mais disso. E seu pai não entrará no meu caminho, — digo a ela, observando o olhar de mais cedo voltar, desta vez mais forte do que antes. — Tudo bem, — ela concorda calmamente, abrindo o creme e despejando um pouco em seu copo, deixando o meu preto, mas adicionando açúcar. Entregando uma xícara para mim, ela se inclina contra o balcão. — Isso é estranho? — Ela pergunta, e eu descanso meu quadril contra o balcão oposto a ela.


— Estranho como? — Não sei. Isso simplesmente parece normal. Mesmo quando estive com um cara por um tempo, sentia-me ansiosa. Com você... — ela balança a cabeça. — Não sinto isso. É estranho. — Nós passamos muito tempo juntos, — eu aponto, e ela balança a cabeça, tomando um gole de café. — Você sabe como eu gosto do meu café sem que eu tenha que lhe dizer, sabe que tipo de programas eu vejo, o que faço com o meu tempo livre. E eu sei o mesmo sobre você. — Acho que você está certo, — ela responde. — Tudo isso significa que agora vamos nos mover para a boa merda sem a ansiedade. — Isso é coisa boa? — Sim. — Sorrio e seus olhos caem na minha boca. — Agora eu consigo descobrir quão úmida posso deixar você apenas sussurrando no seu ouvido, descobrir quão rápido posso fazer você gozar com apenas meus dedos. Posso descobrir coisas, como descobri hoje de manhã que você é tão bonita quando acorda como quando vai dormir. Boa merda, — eu acabei, e vi sua boca suavizar e seus olhos ficarem mais escuros do que quando comecei a falar. — Certo, — ela sussurra, tomando outro gole do café. Reclinado com minha própria xicara, eu assisto Dizzy entrar correndo na cozinha e pular, colocando as patas na sua perna nua. Abaixando, ela o pega. — Você está pronto para comer? — Ela pergunta a ele, e ele responde lambendo a mandíbula dela, fazendo-a rir. Eu me inclino para trás e assisto ela vagar pela cozinha em seu robe. Sabendo que posso beijar e tocá-la sempre que quiser, tudo o que posso pensar é, sim, essa é a boa merda.


Capítulo 05 Harmony

Vendo cerca de uma dezena de mensagens perdidas na tela do meu celular, eu mordo o lábio e começo a passar por elas uma por uma. Aparentemente, ninguém deixou de ver Harlen jogando-me sobre o ombro e saindo comigo ontem à noite. Obviamente, todas estavam bem com ele decolando comigo, já que ninguém tentou me resgatar. Preciso terminar de me preparar para o trabalho, então envio a todos uma curta mensagem, informando que estou bem e ligarei assim que tiver tempo de explicar tudo o que aconteceu, e há muito a explicar. Levanto a cabeça quando vejo uma sombra cair sobre mim e assisto Harlen, que ainda não está com camisa, usando apenas jeans, colocar uma mão na cama, a outra em meu quadril e seu rosto perto do meu. — Preciso ir à minha casa, tomar banho, depois ir à oficina. — Ok. — Estudo seus olhos e rosto bonito atentamente, amando que agora sei exatamente como seus lábios se sentem quando pressionados contra o meu e como sua barba se sente contra a minha pele. — Eu o verei quando chegar em casa esta noite. — Ok, — repito, observando-o sorrir. — Beije-me, Anjo. — Ok, — suspiro, erguendo as mãos para o seu sexy e musculoso peito nu, deslizando-as até os ombros, usando a alavanca para me levantar para beijá-


lo. Posso ter começado colocando a minha boca contra a dele, mas em pouco tempo, ele assume e transforma o beijo em outra coisa... Algo melhor... Algo mais quente. Deus, eu não sabia que alguém poderia beijar do jeito que ele beijava. Não tinha ideia de que um beijo poderia tirar o oxigênio de seus pulmões enquanto, ao mesmo tempo, enche você com a vida. Afastando sua boca, sua mão enrola na parte de trás do meu pescoço e aperta. — Hoje à noite, — ele diz, e meus olhos se abrem enquanto suspiro. — Hoje à noite, — concordo, e seus lábios tocam os meus, depois a ponta do nariz antes de se levantar. Atordoada, eu o assisto colocar a camisa, e então continuo observando-o enquanto agarra suas botas e sai do quarto, me dando um sorriso sobre o ombro enquanto ele sai. Caio de costas na cama e olho para o teto, sentindo apenas felicidade. Sem medo, sem me preocupar com o desconhecido, apenas a felicidade. Sorrindo, eu me levanto e termino de me preparar para o trabalho, e depois saio com o mesmo sorriso ainda nos lábios. *** — Ei, você, — Mimi diz; afasto o olhar do gráfico em que estou trabalhando e encontro seu olhar. Mimi e eu começamos a trabalhar aqui separadamente por algumas semanas, mas ela é uma enfermeira há mais de seis anos. A primeira vez que a vi, não sabia o que pensar. Ela é mais descolada do que qualquer outra enfermeira que conheci. Ela tem muitas tatuagens, cabelos pretos cortados em um longbob com franjas desfiadas que escovam seus olhos em formato de amêndoas e de um incomum azul esverdeado. Eu não teria adivinhado que ela era tão doce apenas olhando para ela, mas ela é, embora seja um pouco franca. — O que há? — Pergunto enquanto ela rola sua cadeira para mais perto da minha. — Estou exausta. — Ela boceja, pegando seu café e tomando um gole. — Estas horas estão chutando a minha bunda.


— Eu te entendo, — concordo, pegando a minha Coca e torcendo a tampa. — Temos apenas mais algumas horas, então não falta muito mais. — Graças a Deus. Eu sinto que poderia adormecer em pé. — Ela boceja de novo. — Este café já não está fazendo nada por mim, — ela murmura, saindo da cadeira para ficar de pé, enviando-a rolando alguns metros. — Vou pegar um energético na minha bolsa na sala de descanso. Você se importa de ver meus quartos? — Nem um pouco, — eu digo, e ela me dá um sorriso curto e cansado antes de se afastar. Voltando a trabalhar no gráfico na minha mão, eu levanto a cabeça quando sinto que alguém se aproxima da estação das enfermeiras, então fico tensa ao ver que é o Dr. Hofstadter. O Dr. Hofstadter foi um dos primeiros médicos que conheci no hospital depois que comecei. Quando o conheci, ele me deu arrepios. Ele é assustador quando está tentando ser encantador, e embora tenha boa aparência, ele é o tipo de homem cuja posição como médico lhe deu uma falsa sensação de poder. — Ei, Harmony. — Ele pisca, e luto para me impedir de engasgar. — Oi, Dr. Hofstadter. — Dou um sorriso falso quando ele se inclina contra o balcão na minha frente. — Como você está? — Ele pergunta, e vejo seus olhos caírem para o meu peito. Totalmente assustador. — Estou bem. Como você está? — Estou bem, passei parte do fim de semana no meu barco, a outra parte jogando golfe no clube. — Ele sorri o que eu suponho que seria um sorriso atraente se ele não fizesse minha pele arrepiar. — Isso é bom, — murmuro, rezando silenciosamente que uma luz de chamada de paciente se acenda, então eu tenho uma desculpa para me afastar dele. — Você já saiu em um barco? — Sim, — respondo; não lhe dando mais nada, já que não quero incitá-lo a continuar essa conversa. — Talvez nós devemos...


— Ei, Dr. Hofstadter, — Mimi diz, soando otimista e animada, e vejo os olhos dele irem até ela e contrair com aborrecimento. — Mimi. — Ele ergue o queixo na direção dela. — Você viu o jogo de futebol? — Perguntou, movendo-se para ficar entre minha cadeira e o balcão, bloqueando-o da vista. — Não vi, — ele murmura. — Droga, foi um ótimo jogo. — Sim. — Ele limpa a garganta. — Preciso ir. Se as senhoras precisarem de mim, vocês sabem meu número. — Sim, — Mimi concorda, e vejo os olhos dele me encontrarem por cima do ombro dela e sorrir. — Tenha uma boa noite. — Você também. — Não sorrio. Apenas o assisto se virar e ir embora. — Deus, ele é tão assustador, — Mimi diz, virando para me encarar assim que ele desapareceu pelo corredor e pelas duas portas no final do corredor. — Eu sei, — concordo, porque ele é, e fico feliz por não ser a única que pensa assim. — Ele iria te pedir para sair? — Não sei, mas espero que não. — Você não quer estar no radar dele. Você precisa evitá-lo. — Vou evitá-lo, — asseguro. — Bom. — Ela abre seu energético e inclina para a boca. — Então, quem jogou ontem? — Pergunto com um sorriso, e ela sorri para mim. — Foda-se, eu não sei, mas foi a única coisa que pensei para dizer quando vi o olhar em seu rosto e ele se inclinando sobre o balcão. — Obrigada por me salvar. — Não foi nada. — Ela encolhe os ombros, sentando-se na cadeira, puxando um gráfico e abrindo-o.


Olhando dela para o relógio na parede, eu suspiro de decepção. Ainda tenho uma hora e trinta e quatro minutos antes de ir para casa. Droga. Sem outra escolha, volto ao trabalho. *** Paro na minha garagem um pouco depois das onze horas e percebo as luzes acesas lá dentro. Algo com o qual não estou acostumada, mas que eu realmente gosto. Saio do carro e tiro minha bolsa do banco do passageiro. No instante em que abro a porta, vejo Harlen sair na varanda da frente com Dizzy nos braços. — Ei. — Fecho a porta e vou até ele. Quando estou perto o suficiente para ele alcançar, o braço que não está segurando Dizzy desliza em torno da minha cintura e sua boca cai para a minha para um beijo suave. — Ei, — ele diz, e eu sorrio. — Você está com fome? — Um pouco, — respondo enquanto ele troca minha bolsa por Dizzy, que está tentando chegar até mim, e coloca a mão nas minhas costas para me conduzir dentro de casa. — Peguei Lo Mein para você quando pedi comida chinesa para mim. Está no micro-ondas. — Legal, você poderia esquentar para mim? Vou me trocar rapidinho. — Claro. — Ele deixa cair sua boca para a minha novamente para outro toque antes de pegar minha bolsa com ele em direção à cozinha. Vou ao meu quarto e beijo o topo da cabeça de Dizzy uma última vez antes de colocá-lo no chão, observando-o sair correndo do quarto enquanto vou ao armário. Troco meu uniforme por um short de pijama solto e uma camiseta, depois pego um suéter e vou para a cozinha, ouvindo o sinal sonoro do micro-ondas. — Você quer uma das suas sidras? — Ele pergunta. — Claro. — Contorno a ilha em direção a ele e depois o observo abrir a geladeira. No momento em que vejo como está cheia com comida, eu olho para ele. — Pensei que você pegaria o básico, — digo, erguendo uma sobrancelha, e seus olhos vem para mim.


— Eu peguei, — ele responde, abrindo a cidra e me entregando. Movendo-me ao redor dele, abro a porta da geladeira e olho. Não estava errada. As prateleiras estão cheias, juntamente com a gaveta de carne e frutas. — Espero que você planeje me ajudar a comer todas essas coisas, — digo a ele, abrindo o freezer e encontrando igualmente cheio, com diferentes tipos de carnes e vegetais congelados. — Tudo será usado, — ele responde, e agito minha cabeça. — Normalmente não cozinho nos meus dias de folga, mas agora acho que precisarei. — Pare de se queixar de ter comida na geladeira e venha comer, — ele ordena enquanto tira uma tigela do micro-ondas e me entrega, empurrando um garfo no macarrão. — Não estou reclamando, — eu minto e seus lábios se contraem. — Que seja. — Levo a tigela comigo na sala de estar e me sento no sofá enquanto ele senta ao meu lado, com sua própria cerveja. — Como foi o trabalho? — Bom. — Encolho os ombros, pensando em sua declaração na noite passada, de ser louco de ciúmes, provavelmente é melhor deixar de lado qualquer coisa a ver com o Dr. Hofstadter e a vibração assustadora que ele me dá. — Apenas bom? — Sim, nada aconteceu. Tivemos um novo paciente entrando, mas o resto da noite foi calma. — Calma é bom, — ele diz, aproximando-se e colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — Calma é bom, mas também significa que o tempo tem uma tendência a se arrastar, e como eu preferia estar em casa com você, calmo é ruim. — Entendo, — ele murmura, e pego seu sorriso antes de tomar um gole de sua cerveja. — O que você fez hoje? — Pergunto, soprando um garfo de macarrão antes de dar uma mordida. — Trabalhei, e seu pai veio me ver.


— O que? — Engasgo com um macarrão e começo a tossir. Só quando paro, ele continua. — Aparentemente, ele ouviu que eu a levei para casa na noite passada. — Ele encolhe os ombros, como se não fosse um grande problema, quando era, porque eu queria contar aos meus pais sobre o novo status de relacionamento de Harlen e eu. Eu sabia que deveria ter tirado um tempo para ligar para eles esta tarde, mas não o fiz, e agora tenho certeza de que ouviram falar de Harlen me levando do bar em estilo homem das cavernas. — Oh meu Deus, — sussurro e depois pergunto, — O que ele disse? — Primeiro, ele me disse para recuar. Quando ignorei essa sugestão, ele me disse que se eu te fodesse ele teria minhas bolas. — Ele não disse, — sussurro enquanto a raiva enchia o poço do meu estômago. — Está tudo bem. Não é grande coisa. — Não está tudo bem. — Deixo minha tigela na mesa de café com um clank e levanto. — E é um grande problema. Não posso acredi... — minhas palavras são cortadas e minha respiração me deixa em um whoosh quando sou puxada em seu colo e seus braços me rodeiam fortemente. — Acalme-se. — Não me diga para me acalmar. Não posso acreditar que ele tentaria ameaçá-lo para ficar longe de mim, — digo, tentando sair de seu abraço, só para têlo apertando mais. — Estou aqui, não? — Ele pergunta; solto um huff frustrado e o olho feio para ele. — Esse não é o ponto. — Ainda que me faça feliz ele estar aqui e não correndo para as colinas para se afastar de mim e do meu pai louco. — É o ponto. — Não é o ponto. — Cruzo meus braços sobre meu peito. — Jesus. — Cristo, você é fofa quando está chateada por mim. — Ele sorri e continuo olhando feio. Então ele ri forte, tão forte que seu corpo agita, e mesmo que eu goste de ouvi-lo e sentir isso, eu ainda estou chateada.


— Isso não é engraçado, Harlen. Isso é sério, — digo, e ele ri mais, enfiando o rosto no meu pescoço e continua rindo lá. — Falo sério. — Eu sei, Anjo, — ele me diz através de suas risadas, e eu rosno. — Não é engraçado! Ele não deveria ter feito isso. Ele não deveria ter feito na primeira vez, e realmente não deveria ter tentado de novo. — Você está certa. Não é divertido. — Ele para, se afastando para olhar para mim, e me aperto quando vejo o olhar em seus olhos. — Não é bom o seu pai tentar me assustar, mas se nós tivermos garotas um dia, acabarei fazendo a mesma merda. Então, como eu disse, está tudo bem. Santa merda. Ele disse nós. Oh Deus, não consigo respirar. — Porra, — ele murmura, me apertando. — Nem sequer comece a pensar demais sobre essa merda. — Não estou. — Eu chio minha mentira, e ele balança a cabeça. — O que diabos eu farei com você? — Ele pergunta com um olhar suave em seus olhos, e eu me movo em seu colo. — Vamos nos concentrar na boa merda antes de começar a nos preocupar com casamentos e filhos, — ele diz, e meus olhos se alargam na palavra casamento, então minha respiração solta a palavra filhos. — Porra. — Ele sorri e fecho meus olhos, respirando profundamente. — Imagino que isso é uma maneira de fazer você ficar quieta. — Cale a boca, — eu sussurro, e ele ri. — Coma a sua comida. — Não fique mandando em mim. — Vejo que você está com vontade de brigar, — ele murmura, olhando o teto e soltando um suspiro forte e exagerado. — Cale a boca. — Luto contra um sorriso, então solto um riso enquanto ele me tira de cima dele, colocando minhas costas no sofá e descendo sobre mim. — Se você não está com fome, tenho muitas outras maneiras de manter sua boca ocupada, — ele me diz, levando a boca ao meu pescoço e tocando sua língua contra a pele lá, fazendo-me tremer.


— Acho que não estou com fome mais, — sussurro, agarrando seus cabelos, e o sinto sorrir contra minha pele antes de mordiscar meu pescoço. Retrocedendo, seus olhos procuram o meu. — O que? — Nada. — Ele balança a cabeça e me perco nos olhos dele enquanto abaixa a cabeça e seus lábios tocam os meus. Quando abro a boca, sua língua desliza e eu gemo, saboreando ele e a cerveja que estava bebendo. Mexendo, eu enrolo uma perna na parte de trás da coxa e aperto minha mão no cabelo dele. A mão dele toca meu peito através da minha camiseta e minhas costas arqueiam do sofá em seu toque. Então, ele puxa o material de algodão e seus dedos puxam meu mamilo, enviando uma sacudida de eletricidade através de mim, me forçando a arrancar minha boca da dele para que eu possa gemer, — Harlen. — Isso mesmo. — Ele abaixa a cabeça, então seus lábios se fecham ao redor do meu mamilo, aquele calor quente e úmido fazendo-me ofegar e mexer meus quadris nos dele. — Porra. — Sua boca se afasta e sua mão trava ao redor do meu quadril para que ele possa me segurar. Meus olhos se abrem e o vejo ofegante. — Anjo. — Vejo o calor em seus olhos e lambo meu lábio inferior, observando seus olhos caírem lá. — Leve-me para a cama, Harlen, — eu sussurro, e por sorte, não preciso pedir duas vezes. Ele agarra os meus tornozelos e puxa minhas pernas ao redor de sua cintura, ordenando — Aperte-as, baby. — Faço isso e sua mão desliza sob minhas costas e ele levanta, me levando com ele. No segundo em que levantamos, deixo minha boca cair na sua enquanto ele nos leva ao quarto. Sentindo sua dureza através da sua calça jeans e meu short de dormir, eu mordisco seu lábio e gemo quando sua mão bate fortemente na minha bunda, tão forte que suspiro conforme meu clitóris vibra e meu núcleo aperta. Não sei quando entramos no meu quarto, mas sei quando ele coloca os joelhos na cama comigo ainda envolvida ao redor dele. Minhas costas atingem a cama e seu peso se instala em cima de mim, e depois nos perdemos enquanto eu empurro sua camisa sobre sua cabeça e ele faz o mesmo com minha camiseta. O peito dele vem para o meu e os cabelos cobrindo o seu torso se arrastam nos meus mamilos, fazendo-me


perceber que a realidade disso é muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia imaginar na minha cabeça. Levanto a cabeça para alcançar a boca dele, mas ele se afasta. — Tire o short, Anjo. Levo rapidamente meus polegares à cintura do meu short e puxo-os, chutando-os. Ainda sentado em seus tornozelos e em seu jeans, seus olhos vagam sobre mim preguiçosamente. — Cristo, por onde diabos eu começo? — Ele pergunta com a voz grossa enquanto suas mãos grandes e ásperas deslizam pela pele lisa dos meus tornozelos para as minhas coxas, onde ele afasta os joelhos. Inclinando-se, a barba arranha minha pele antes de seus lábios tocarem a minha barriga ao mesmo tempo em que seus dedos deslizam pelas partes internas das minhas coxas. Meus pulmões queimam com antecipação, sabendo o que virá, e luto para me manter parada, esperando seu toque, quando tudo o que quero fazer é levantar meus quadris e implorar. — Harlen, — eu balanço-me quando seus dedos separam minhas dobras lisas, e seus olhos me encontram sob seus grossos e escuros cílios enquanto sua boca mergulha entre minhas pernas. — Oh Deus. — O primeiro toque de sua língua contra meu clitóris faz minhas mãos e dedos do pé se enrolarem na roupa de cama debaixo de mim. Eu perco seu olhar completamente quando empurro minha cabeça no travesseiro e levanto meus quadris para a sua boca talentosa conforme ele vai de me provar para me comer como um homem morrendo de fome, beliscando e lambendo cada parte de mim que se abria para ele. Quando seu polegar desliza dentro de mim, eu perco minha sanidade e gozo forte, tão forte que grito

enquanto

meu

corpo

convulsa

e

vejo

luzes

brilhantes.

Respirando

pesadamente, levanto minha cabeça e o assisto tirar um preservativo da carteira e chutar o jeans. Sentando o melhor que posso, começo a envolver minha mão ao redor de seu comprimento grosso, mas ele me impede pegando meu pulso. — Você me toca e não vou durar, — ele rosna, abrindo o preservativo com os dentes. Ele larga o invólucro na cama, depois desliza o preservativo pelo seu comprimento. Ele é grande. Longo e grosso. Perfeito. — Eu sinto que agora é quando eu deveria perguntar se ele vai se encaixar, — eu sussurro, e seus olhos encontram os meus, e então ele sorri comigo.


— Ele vai caber. — Ele se inclina sobre mim, me forçando para a cama e me beijando novamente. Ele empurra sua língua na minha boca enquanto desliza seu pau para cima e para baixo através da minha umidade. Encolhendo debaixo dele, eu suspiro em sua boca quando ele me enche com um golpe profundo. — Você está bem? — Sim, — eu exalto, circulando os quadris com as pernas, e ele desliza para dentro e fora, lento no início antes de aumentar a velocidade. Captando meus pulsos, ele puxa-os acima da minha cabeça e empurra em mim enquanto toma minha boca em outro beijo profundo. Tento me mover com ele, mas parece que tudo o que posso fazer é aproveitar o passeio. Quando estou chegando perto, ele solta meus pulsos, me vira de bruços, levanta meus quadris e desliza novamente. Meu pescoço arqueia e meu cabelo voa, chicoteando nas minhas costas quando ele segura meu quadril com uma mão e meu peito com a outra. — Toque-se. Ajude-me a fazê-la chegar lá. — Ele mexe o ombro e gemo, puxando uma mão da cama e trazendo-a entre minhas pernas. Circulando meu clitóris, seus dedos se juntam aos meus entre minhas pernas e o ouço gemer quando começo a gozar no comprimento dele enquanto ele me fode. Deus! Minha testa desce para o colchão e ambas as minhas mãos escorregam na minha frente enquanto ele me fode através do meu orgasmo, nunca deixando o meu clitóris, mesmo quando ele me vira, e estou sentada nas suas coxas e empalada no seu pau. — Harlen, — eu gemo e ele empurra em mim com força, tocando meu clitóris e

me

fazendo

gozar

mais

uma

vez,

antes

de

meu

último

orgasmo

ter

terminado. Sentindo seus dentes afundarem no meu ombro, eu o escuto gemer enquanto mexe seus quadris e ele goza. Fecho meus olhos e deixo minha cabeça cair no ombro dele, esgotada, sem fôlego e exausta. Sentindo seus lábios beijar meu ombro onde ele me mordeu, abro meus olhos e viro a cabeça para olhar para ele. — Você terá uma marca. — Ele toca o local suavemente com seus lábios e agito a cabeça. — Não me importo, — respondo, e ele sorri, então desliza a mão para envolver o meu pescoço. Ele aproxima meu rosto do dele para um beijo suave e íntimo que termina quando ele sai de mim e eu gemo com a perda dele.


— Volto logo. — Ele beija meu ombro antes de me soltar. Caio na cama e sinto meu estômago derreter quando ele puxa o cobertor do meu quadril para jogá-lo sobre mim. Ao vê-lo caminhar nu para o banheiro, fecho os olhos e enrolo em meu travesseiro, precisando descansar por apenas um minuto. *** — Que diabos? — Ouço Harlen rosnar, e sinto a cama mover. Abrindo um olho e o outro, vejo que o quarto está cheio de luz, não luz do abajur, mas a luz solar. Merda, eu devo ter adormecido na noite passada. Sequer me lembro de adormecer. — O que está acontecendo? — Coloco meu cotovelo na cama, e Harlen se vira para olhar para mim sobre o ombro nu. Observando seus olhos vagarem por mim e suavizarem, eu sinto minha barriga esquentar. Antes que ele possa responder a minha pergunta, ouço a campainha tocar e vejo a suavidade escorrer de seus olhos e a irritação voltar. — Alguém está na porta. — Caramba, provavelmente é a minha mãe. — Eu salto da cama e olho para mim. Ainda estou muito nua. Nunca dormi nua. Eu tentei, mas sempre achei que não podia fazer isso, simplesmente não ficava suficientemente confortável para dormir e ficar assim. Então, novamente, eu nunca tive dois orgasmos seguidos antes de tentar. — Vou atender a porta. Você se vista, — ele diz; tirando-me dos meus pensamentos, e minha cabeça voa. — Mas... — não tenho a chance de dizer que ele deveria vestir a camisa antes dele sair, desaparecendo da vista. Correndo nua para o banheiro, eu cuido dos negócios rapidamente, depois vou ao armário, pego uma calça de moletom e uma blusa e visto ambos antes de sair do quarto. Quando chego à cozinha, descubro que estava certa. Minha mãe está sentada na ilha com um sorriso no rosto e Harlen está enchendo a cafeteira, sem camisa, dando a minha mãe um motivo para sorrir. — Mãe, — eu digo, provavelmente um pouco alto demais; sua cabeça gira em minha direção e seus olhos fazem uma varredura de mãe.


— Ei, querida. — Ela faz outra varredura e depois me dá um sorriso conhecedor. — Uh... ei. — Vou até ela, beijando sua bochecha. — Eu ia ligar para você quando me levantasse hoje. — Eu estava na cidade e pensei em passar para verificar você, — ela explica, e então seus olhos vão para Harlen antes de voltar para mim. — Vejo que você está bem. — Ugh... Sim. — Mordo meu lábio, sem saber o que dizer a ela. Eu sei que ela e meu pai ouviram o que aconteceu na outra noite... Mas ainda assim. — Você quer café, Sra. Mayson? — Harlen pergunta, e minha mãe vira para olhar para ele. — Me chame de Sophie, Harlen, e sim, eu adoraria uma xícara, — ela responde, sorrindo para ele. — Certo, — ele murmura, olhando para ela antes de seus olhos encontrarem os meus. — Anjo? — Sim, por favor. — Eu me sento no banquinho ao lado da minha mãe e vejo os músculos das costas se flexionarem quando ele tira três canecas do armário acima da cafeteira. Sentindo minha mãe cutucar meu ombro, eu tiro meus olhos das costas sem camisa de Harlen para olhar para ela. — Amigos, hein? — Simplesmente aconteceu, mãe. Eu ia te falar sobre isso, mas ontem me escapou, e então você apareceu hoje antes que eu pudesse te ligar. — Não estou chateada, — ela diz calmamente, e depois acrescenta, — Seu pai pode requerer algum convencimento. — Café, — Harlen fala, colocando dois copos cheios na ilha. — Eu já volto, vou vestir uma camisa, — ele murmura, e aceno com a cabeça, em seguida suspiro quando ele vem pela ilha, parando para dar um beijo ao lado da minha cabeça. Espero até que ele saia para olhar para minha mãe. — Papai terá que superar isso. Estou com raiva dele, — sussurro.


— Você está com raiva dele? — Ela repete, me estudando como se tivesse crescido uma terceira cabeça em mim. Acho que nunca estive brava com meu pai. Mesmo crescendo, não me lembro de estar com raiva dele. — Sim, estou brava com ele. Ele disse a Harlen para recuar. Isso não está certo, — eu cuspo e seus olhos se estreitam. — Ele fez isso? — Sim. — Ele simplesmente não pode deixar as coisas, — ela sussurra, com raiva. Merda. — Mamãe. — Vou falar com ele, — ela diz, e sinto meus olhos se expandirem. Merda, a mamãe irritada com papai nunca é uma coisa boa. — Deixe-me lidar com isso. — Eu disse a ele para ficar fora disso, para deixar as coisas acontecerem, — ela me diz com um balançar de cabeça. — E então ele vai e faz isso. — Mãe. — Pego a mão dela e a forço a se concentrar em mim. — Deixe-me lidar com o papai. Estudando-me, ela finalmente aceita. — Tudo bem. — Obrigada. — Suspirando aliviada, eu pego meu café e tomo um gole. — Eu acho que ele vê muito dele mesmo em Harlen, e isso o assusta profundamente, — ela admite depois de um momento, e virando minha cabeça, encontro seu olhar. — Tudo dará certo. — Eu sei que dará, — concordo. Tudo dará certo; pode levar algum tempo para o meu pai aceitar, mas sei que ele acabará aceitando, e se não o fizer... Bem, espero nunca ter que pensar nisso. — Então, ele realmente a jogou por cima do ombro? — Ela pergunta com um ar sonhador, e eu rio tão forte que meu corpo vibra. — Sim, ele realmente fez. — Uau. — Ela sorri, e reviro meus olhos para ela, então assisto Harlen voltar do quarto vestido.


— Você ficará para o café da manhã, Sophie? — Ele pergunta, e ela gira os olhos sorridentes para ele. — Eu adoraria. — Bom, — ele diz suavemente, e então seus olhos vem para mim. — Baby, você quer alimentar Dizzy enquanto eu cozinho? — Claro. — Desço do banquinho, informando minha mãe, — Harlen comprou todo o supermercado ontem. — Ele comprou? — Ela pergunta, olhando entre nós dois. — Sim, agora não poderei ter delivery por pelo menos um mês, e eu adoro delivery. — Pior coisa um homem que pode manter sua geladeira abastecida e sua barriga cheia, — mamãe murmura, sorrindo para a caneca de café, e sinto os dedos de Harlen apertando meu quadril, então volto minha atenção para ele. — Você vai reclamar de mim ou me ajudar a alimentar o seu cachorro? — Eu vou ajudá-lo, e você não deve xingar na frente da minha mãe, — digo a ele, descansando minha mão no meu quadril; seus olhos vão para lá e vejo seus lábios se contraírem. — Conheço seu pai e seus irmãos, Anjo. Duvido que sua mãe não tenha ouvido pior. — Isso é verdade, — ela confirma. — Tanto faz, — eu bufo. Seus dedos apertam o meu quadril, então ele abaixa a cabeça e me beija forte e rápido. — Alimente seu cachorro, — ele ordena enquanto me solta. — Mandão, — resmungo em voz baixa e ouço minha mãe rir, o que me faz sorrir. Eu olho para ela e vejo seus olhos suaves, não em mim, mas em Harlen. Um já foi, falta outro.


Capítulo 06 Harmony

— Eu disse que vou dar a mensagem. — Ouço Harlen falar com raiva enquanto caminho em direção à cozinha, onde o deixei um pouco mais de quinze minutos atrás para ir me trocar para o trabalho. — Sim, e eu disse que diria a ela, — ele rosna enquanto volto para a ilha. Sentindo-me como ele sempre, sua cabeça gira em minha direção e nossos olhos se encontram. — Sim, até mais. — Ele tira o celular da orelha e coloca no topo do balcão perto do quadril. — Quem era? — Pergunto, vendo o olhar irritado em seu rosto e sabendo a resposta antes mesmo de abrir a boca para me dizer quem estava no telefone. — Seu pai diz que você precisa ligar para ele, que se não o fizer, não vai gostar das consequências. — Ele disse isso? — Sussurro, sentindo aborrecimento revirar o meu estômago, e seu rosto se suaviza. — Baby, eu entendo por que você não falou com ele, mas você precisa falar com ele. — Não estou pronta para falar com ele ainda, — digo, amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo, e ele dá um passo em minha direção, envolvendo meu quadril e dando um aperto. — Faz uma semana, Anjo, — ele diz para mim, algo que eu já sei, já que é o mais longo que já fiquei sem falar com meu pai. Faz exatamente sete dias que minha mãe veio e ficou para um café da manhã improvisado feito pela Harlen. Se ele ainda


não tivesse ganhado minha mãe, eu sei que seus waffles teriam feito o truque. Eles são tão bons. Meu pai, no entanto, é outra história. Ele ligou; não atendi. Ele continuou ligando; eu continuei ignorando, o que eu sei que está irritando-o. Mas preciso de tempo para descobrir como lidar com ele sem enlouquecer e dizer algo que venha me arrepender. — Sério, baby, é hora, — ele continua quando não respondo. — Do lado de quem você está? — Estreito meus olhos e ele sorri, mostrando seu sorriso perfeitamente plano. — Do seu lado, — ele diz, me puxando contra ele. — Dito isto, você ainda precisa falar com o seu pai. — Tudo bem, — resmungo. — Vou dizer a ele para me encontrar para o café amanhã. — Bom. — Ele abaixa a cabeça, passando a boca sobre a minha. — Quer que eu vá com você quando for falar com ele? — Você vai bater nele se eu pedir? — Pergunto, e ele ri como se eu estivesse brincando – o que não estou, já que meu pai pode realmente precisar de algum sentido socado nele. — Não. — Então, não, já que você será inútil para mim, — murmuro; ele me puxa contra ele e descansa seu rosto no meu pescoço, rindo tão forte que meu corpo treme intensamente. — Não é realmente tão engraçado. — Sorrio; ele me aperta e se controla antes de tirar o rosto do meu pescoço para olhar para mim, passando os dedos pela maçã do meu rosto. — Antes de sair para o trabalho, arrume uma mala. Nós ficaremos na minha casa esta noite, — ele ordena, e eu pisco para ele. — Sua casa? — Sim, o lugar onde pago o aluguel, onde guardo minhas roupas e pego minha correspondência. Minha casa. — Esqueci que, na verdade, você não mora comigo, — murmuro, e seus braços me apertam. Meus olhos se alargam e eu me apresso, — Quero dizer, eu sei que você não mora comigo, obviamente, mas...


— Baby, cale-se, — ele me corta, sorri, e eu olho para ele. — Não me diga para calar a boca, Harlen, — eu retruco, e ele sorri. — Você está bem em ficar na minha casa? — Talvez. — Talvez? — Ele passa o nariz sobre o meu. Gah! Realmente odeio quando ele é irritante e doce. — Dizzy pode ir? — Mantenho o meu tom irritado para encobrir o quanto eu o amo sendo doce, e seu sorriso se transforma em um sorriso largo. — Sim. — Então sim, — concordo. — Bom, vou pegar Dizzy quando sair do trabalho e levá-lo à minha casa. — Como? Você tem uma dessas cestas brancas elegantes com margaridas de plásticos amarelas para ele montar na sua moto? — Não, espertinha, mas tenho um SUV. — Tem? — Pergunto surpresa, e ele arrasta seus lábios contra os meus. — Está guardada enquanto é verão, mas sim, eu tenho um SUV. — Hum. — Vá arrumar sua mala, então venha me beijar antes de sair para o trabalho. — Sabe o que você pode fazer? — Pergunto, esfregando meu nariz e observando seus olhos enrugar nos cantos enquanto ele tenta não rir. — Não, o que? — Você pode parar de mandar em mim. — Você gosta quando sou mandão. — Acho que não, — eu nego; ele abaixa a cabeça e escova os lábios sobre a minha orelha. — Sim, querida, eu sei que você gosta. Sempre que sou mandão, você não se molha; você fica encharcada, e sua buceta se aperta em mim, em qualquer parte que consiga de mim. — Tanto faz. — Luto contra um arrepio, ouvindo-o rir antes de beijar a minha orelha e pescoço.


— Vá e volte para me beijar. — Talvez eu vá; talvez eu não vá. — Liberto-me e me dirijo para o meu quarto. Arrumo uma mala, depois a levo comigo, deixando-a na porta antes de voltar à cozinha. — Eu te vejo esta noite. — Levanto minha mão e aceno, e seus olhos se estreitam em mim por toda a ilha. — É melhor você trazer seu traseiro aqui e me beijar. — E se eu não fizer isso? — Levanto uma sobrancelha, segurando seu olhar enquanto cruzo meus braços sobre o peito. — Você realmente quer descobrir? — Talvez. — Encolho os ombros, e seus olhos escurecem, fazendo-me ansiar. — Você sente vontade de brincar, baby? Não tenho problema com isso. Adorarei as consequências disso, e você também... Depois de finalmente dar o que você deseja. Mas acredite em mim, vou fazê-la trabalhar antes que isso aconteça, — ele avisa bruscamente, e meus mamilos endurecem enquanto o espaço entre minhas pernas formiga com antecipação. — O que será? Sem dizer uma palavra, e sem pensar, pego minha bolsa e corro da ilha, voltando para a porta onde deixei cair a minha mala para a noite. Pegando-a, colocoa sobre o meu ombro, depois olho para trás para ver Harlen caminhar para a sala de estar com seus olhos escuros e aquecidos em mim. Engolindo, abro a porta e saio, sabendo que estou brincando com fogo. *** — Harmony, — o Dr. Hofstadter diz, me surpreendendo quando saio do quarto de um dos meus pacientes. Tropeço em meus próprios pés, caindo nele e solto um grito quando ele agarra o meu quadril para me estabilizar. — Não quis assustá-la. — Ele ri, apertando minha cintura e me puxando contra ele, e luto contra um arrepio de repulsa enquanto empurro contra seu peito para me libertar de seu abraço. — Tudo bem. — Rapidamente dou um passo para trás. — Você precisava de algo?


— Você leu os detalhes que deixei para a Sra. Robinson? — Ele pergunta, referindo-se a minha paciente que fez cirurgia de quadril esta manhã. — Eu li. Houve alguma mudança em seu plano de cuidados? — Questiono, olhando por cima de suas informações no meu carrinho, e sinto que ele se aproxima de mim. Muito perto, tão perto que seu corpo escova o meu. — Não, na verdade, estou usando isso como uma desculpa para falar com você, — ele diz, e eu olho para ele, sentindo meu estômago se apertar enquanto ele abaixa o queixo e abaixa a voz. — Eu queria ver se você gostaria de jantar comigo amanhã. Merda. — Eu... um... Isso é realmente doce, mas não posso. Me desculpe. — Balanço a cabeça, observando algo em seu olhar, algo que faz os cabelos na minha nuca ficar em pé. — Se for pela política do hospital, não direi se você não dizer, — ele sussurra, e a sopa que comi no almoço revira em meu estômago. — Harmony, — Mimi grita alto antes que eu possa dizer a ele que tenho um namorado, e viro a cabeça para olhar para ela, ouvindo o Dr. Hofstadter deixar escapar uma voz audível de frustração do meu lado. — Você se importa de me ajudar? — Ela pergunta. — Claro. — Sorrio para ela e então viro para olhar para o Dr. Hofstadter, murmurando, — Desculpe, eu tenho que trabalhar. — Afasto meu olhar, trancando meu carrinho e descendo o corredor em direção a Mimi, que não se move até eu estar ao lado dela. — Obrigada, — murmuro em voz baixa assim que estou perto. — Vejo que você está tendo problemas para ficar fora do radar dele, — ela sussurra, e solto um suspiro. — O que ele queria desta vez? — Ele me chamou para sair, — digo a ela quando entramos no quarto de sua paciente, e ela segura meu braço, me parando junto com ela, apenas fora da vista de seu paciente. — Você deve contar ao RH sobre isso. — Dizer o quê? Que ele me incomoda e que me chamou para sair? — Balanço a cabeça.


Ela olha por cima do meu ombro para a porta aberta antes de encontrar meu olhar novamente. — Eu acho que você deve fazer uma queixa formal, então estará em seu arquivo. Dessa forma, se alguma coisa acontecer, você estará protegida, e não será a sua palavra contra a dele. — Eu acabei de começar a trabalhar aqui. Não quero fazer inimigos, — explico gentilmente, e ela balança a cabeça, estendendo a mão e agarrando meu braço novamente. — Promete que você vai ao RH se ele não parar. — Ela implora. — Há algo que eu deveria saber? — Pergunto, vendo o olhar em seus olhos, e ela balança a cabeça. — Apenas ouvi rumores sobre ele, — ela sussurra, segurando meu olhar. — O que ouvi, eu não gostei muito. Meu coração cai. — Que rumores? — Apenas que ele brincou com algumas enfermeiras e elas acabaram perdendo seus empregos enquanto ele manteve o dele. — Sério? — Nós estamos aqui pela mesma quantidade de tempo, o que não é muito. Não conheço nenhuma dessas enfermeiras ou se esses rumores são verdadeiros. Tudo o que estou dizendo é que tenha cuidado quando se trata dele. — Eu terei cuidado, — prometo a ela, e ela acena, ainda parecendo preocupada, mas não há nada que eu possa fazer agora para assegurar que as coisas ficarão bem. — Você realmente precisa da minha ajuda? — Sim, eu preciso colocar um cateter, — ela murmura, e sem outra palavra ela me leva ao quarto e me apresenta ao seu paciente. Uma vez que termino de ajudá-la, volto ao meu carrinho e acabo de distribuir os medicamentos. Depois disso, finalizo meus gráficos até que seja hora de ir para casa e, felizmente, não vejo o Dr. Hofstadter novamente. ***


Parando em frente ao apartamento de Harlen as onze e vinte, estaciono no espaço vazio ao lado de sua moto, e antes mesmo de ter a chance de desligar o motor, vejo Harlen sair do seu apartamento no primeiro andar. No momento em que nossos olhos se encontram através do meu para-brisa, eu vejo a aparência dele, meu estômago se enche de borboletas e minha mente gira com dúvidas sobre minha brincadeira nesta manhã. Eu deveria ter beijado ele antes de sair. Quando ele abre minha porta, mantenho minha respiração enquanto ele me alcança, esfregando meus mamilos com a parte de trás de sua mão antes de desenganchar meu cinto de segurança. — Me entregue suas bolsas, — ele ordena, mantendo seus olhos fixos no meu. Engulo com a intensidade de seu olhar. — Harlen... — Me entregue suas bolsas, baby. — Cegamente, pego minha mala para a noite, bolsa e sacola de almoço do assento do passageiro, entregando todas as três para ele. — Venha. — Ele estende a mão e eu hesito. — Harmony. — Ouço o aviso em seu tom, então pego a mão dele, permitindo que ele me tire do carro. No segundo que me afasto da porta, ele a fecha e me arrasta para ele em direção ao apartamento dele. — Harlen, eu... Paro de falar quando seus olhos me encontram e ele rosna, — Você escolheu esta manhã. Agora é a minha vez de brincar. — Ele abre a porta do apartamento, e antes mesmo de fechá-la, ele me pressiona contra a parede, seu corpo grande me prendendo no lugar. Distraidamente, eu ouço minhas bolsas caírem no chão quando sua boca vem para a minha e eu gemo enquanto ele segura meus pulsos, arrastando-os acima da minha cabeça, tão alto que sou forçada a ficar na ponta dos dedos dos pés. Segurando os dois pulsos em uma mão, ele os segura enquanto a sua boca devora a minha. Sua mão livre aperta um peito e o outro antes de deslizar pelo o meu estômago, diretamente para a minha calcinha. No momento em que dois de seus dedos penetram em mim, eu gemo na boca dele, — Por favor.


— Nem sequer coloquei minha boca em você e você já está encharcada e implorando. — Ele belisca o meu queixo, depois meu pescoço e me excita, dois dedos empurrando profundamente enquanto o polegar circunda meu clitóris. Minha cabeça se inclina para trás e minhas pernas começam a ceder quando minha buceta começa a convulsionar ao redor dele. — Não, — ele rosna, tirando os dedos e segurando meu sexo, e meus olhos se abrem imediatamente. — Eu... — antes que eu possa dizer qualquer coisa, sua boca captura a minha novamente e seus dedos se afundam profundamente, enviando minhas costas contra a parede. — Porra, você sabe o quanto eu amo essa buceta? — Ele pergunta contra a minha boca, e gemo, inclinando minha cabeça contra a parede novamente. — Estou trabalhando, e de repente, penso nisso, quão apertada é, quão molhada é, no gosto bom e preciso lutar contra mim mesmo. — Ele geme, e minha buceta começa a apertar seus dedos mais uma vez, e assim como antes, ele os tira, fazendo-me gritar de frustração. — Harlen, por favor, — imploro, e seus olhos me encaram. — Por favor, façame gozar. — Como você quer que eu faça você gozar, Anjo? — Ele pergunta e eu engulo. — Como você quiser, — eu sussurro, e ele dá um sorriso assustador, então me tira da parede e me pega. Levando-me pelo corredor até o quarto dele, ele me coloca ao lado da cama e ordena, — Tire a roupa, vá para a cama e abra as pernas para mim. — Estudando-o, meu peito sobe e desce rapidamente, e hesito enquanto o assisto se despir. — Agora, — ele ordena. Tiro minha blusa e a deixo cair no chão, chuto meus tênis, puxo minhas calças e calcinha e depois viro para tirar o sutiã. Uma vez que é adicionado à pilha no chão e estou completamente nua, sento na cama e me arrasto com as mãos atrás de mim, de costas. — Abra-se para mim, — ele rosna. Engolindo, vejo que ele envolve a mão ao redor de seu pau enquanto eu abro minhas pernas e seus olhos caem para o meu centro, ficando ainda mais escuros. — Porra, mas você é realmente bonita em todos os lugares. Até mesmo sua buceta é bonita. — Ele estica um dedo, deslizando-o


sobre meu clitóris e fazendo meus quadris se mexerem em seu toque. — Seu clitóris está apenas implorando para que eu brinque com ele, — ele diz profundamente, segurando-me e soprando no meu sexo molhado. — Oh Deus, — suspiro, e ele lambe, circulando meu clitóris com a língua. Agarrando seus cabelos, levanto meus quadris na sua boca e ele trava seus lábios ao redor do meu clitóris, sugando forte. Arqueio meu traseiro e meus olhos se fecham como um, — Sim, — sem fôlego, que deixa a minha boca. Esfregando-me contra ele, eu começo a gozar, mas depois grito quando a boca dele me deixa e ele me vira de bruços. — Você está no controle de natalidade? — Ele pergunta enquanto se arrasta na cama atrás de mim, e viro a cabeça para olhar para ele por cima do meu ombro, fixando meus olhos nos dele. — Sim, — sussurro, e sem aviso prévio, ele puxa meus quadris e empurrame por trás, fazendo isso com tanta força que minhas mãos deslizam e minha bunda inclina para ele. Minha cabeça voa e minhas mãos apertam a cama enquanto ele me monta com força e rapidez, me enviando mais perto de um orgasmo que eu sei que será a minha morte. Tentando ficar quieta para que ele não saiba que estou prestes a gozar, grito com desespero quando ele me vira novamente e mergulha em mim, jogando minha perna sobre o ombro e levando a mão ao redor da parte interna da minha coxa para me manter aberta. — Você não pode gozar até eu sentir vontade de fazer você gozar. — Ele mordisca meu lábio inferior e eu cavo minhas unhas em suas costas, ouvindo seu gemido de aprovação. — Tão quente e apertada para caralho. — Ele entra em mim, e minha cabeça roda enquanto ele me constrói e me derruba uma e outra vez, levando-me ao limite, mas nunca me lançando nele. Sentindo lágrimas nos meus olhos, levanto minha boca para a dele. — Por favor, querido, pare de me provocar. Não aguento mais, — sussurro com voz rouca, e ele me estuda por um momento antes de seus dedos trabalharem no meu clitóris. — Você quer gozar? — Ele pergunta, abrandando seus movimentos, mas acelerando o polegar no meu clitóris, e eu aceno. — Sim, por favor.


— Tão fodidamente doce. — Ele deixa a boca na minha e acelera seus impulsos junto com o polegar no meu clitóris. Ele bebe cada gemido e grunhido e depois afasta sua boca da minha. — Goze para mim, Anjo, — ele ordena, e eu me liberto, sem perceber que eu estava aguardando, esperando ele me dizer que era hora. O sentimento é repentino. Meu corpo treme e minha mente se estilhaça enquanto gozo com força, ouvindo-o grunhir, sentindo seus quadris empurrarem erraticamente

antes

de

se

plantar

profundamente

dentro

de

mim

e

gozar. Respirando pesadamente, meu coração tropeça forte contra meu peito, e minhas pernas e braços o apertam. Segura, preciso que ele me mantenha presa a terra, então não voarei para longe. Puxando-me para ele, ele nos rola até que eu esteja esparramada sobre seu peito, e seus dedos escovam vagamente a pele úmida nas minhas costas, fazendome tremer. — Frio? — Ele pergunta, e balanço a cabeça, sentindo meus olhos pesados. — Você está bem? Ainda incapaz de falar, aceno contra seu peito e o aperto, ouvindo sua respiração e os batimentos do coração retornando ao normal. — Eu deveria me limpar, — eu sussurro, e seu aperto em mim aumenta. — Eu vou limpá-la. — Ele beija o topo da minha cabeça, então nos rola nos nossos lados, afastando-me gentilmente. Ele se arrasta no colchão, beijando meu estômago e meu quadril antes de sair da cama. Ele joga um cobertor sobre mim, e eu o perco quando meus olhos se fecham, muito pesados para ficarem abertos por mais tempo. Alguns minutos depois eu sinto um pano molhado entre as pernas e meus olhos se abrem para encontrar seu olhar quente. — Eu acho que você me matou, — eu digo a ele, e ele sorri, curvando para beijar meu ombro, meu pescoço e meus lábios. — Morte por orgasmo, — continuo, e ele ri, jogando o pano molhado em direção à porta aberta do banheiro. Eu o ouço cair com um plop encharcado enquanto ele deita na cama comigo e me puxa ele. — Apenas para que você saiba, eu nunca mais deixarei de te beijar antes de sair para o trabalho. — Jesus.


— Não estou brincando, — eu o informo, levantando a cabeça para olhar para ele. Ele desliza os dedos pelos meus cabelos, me estudando enquanto algo passa em seus belos olhos, algo que me faz querer segurá-lo um pouco mais forte. — Tanto quanto eu gostei do que acabamos de fazer, preciso que você me beije antes de partir. A demanda gentilmente falada faz meu coração se apertar no meu peito. — Eu... — eu quero perguntar por que, mas não pergunto. Em vez disso, eu sussurro, — Ok. — Ok. — Ele abaixa o queixo e beija minha testa, perguntando, — Você está com fome? — Um pouco. — Quer que eu faça um sanduíche? — Sim, por favor. — Eu já volto. Vou deixar Dizzy sair de novo. Você descansa. — Ele está bem? — Ele esteve ocupado visitando minha casa desde que chegou aqui. — Ele coloca um pouco de cabelo atrás da minha orelha e eu aceno com a cabeça, de modo algum surpreendida que Dizzy esteja mais interessado em explorar do que me cumprimentar. — Volto já. — Ele beija minha testa antes de escorregar da cama. Eu o assisto vestir o jeans sem os boxers e puxar uma camisa sobre a cabeça. Uma vez que ele está vestido, ele liga a TV e me entrega o controle remoto antes de desaparecer. Deitada na cama, envolta em seu perfume, olho para a televisão, ponderando sobre o que se tratava – o beijo. Pergunto-me se tem algo a ver com a perda de seus pais. Não falo com ele sobre eles desde o dia em que ele me disse que eles faleceram quando era jovem. Eu deveria falar sobre isso; eu sei que devo. Simplesmente não sei como explicar. Quando ouço a porta da frente se abrir e fechar, eu me levanto da cama e vou pegar minha mala para noite, que ele deixou no sofá na sala de estar. Deixo-a na ponta da cama e tiro minha camisola e uma calcinha. Entrando no banheiro, eu cuido dos negócios e me visto.


Quando volto ao quarto, prendendo meus cabelos, eu paro completamente. Seu quarto no complexo pode ser sujo e nojento, mas seu quarto aqui está limpo e surpreendentemente bem arrumado. Uma cabeceira de couro preto com aro de metal escovado pregado no material é um ponto focal no quarto. Criados-mudos pretos colocados de cada lado da cama, com abajures de metal escovado em cima de cada um. Uma cômoda contra a parede junto à porta também é preta com uma tigela azul escura e prata em cima, onde ele, obviamente, atira todas as coisinhas dos bolsos. Olhando para a cama dele, que eu sei, é suave, percebo que combina com a tigela. É o mesmo azul escuro com prata, mas com creme que corre por uma faixa horizontal. As paredes estão nuas, mas realmente não precisam de nada nelas. A cabeceira da cama é alta o suficiente para se parecer com uma peça de arte, e as cortinas que ele colocou deram ao quarto uma aparência perfeita. Ouvindo a porta da frente se abrir, percebo que fiquei de pé em seu quarto, assimilando tudo por um tempo. Olhando em volta, eu espio uma de suas camisas de flanela, então a pego e deslizo sobre a minha camisola, e vou para a sala de estar. Assim que Dizzy me vê, ele atravessa a sala e eu me inclino, pegando-o e beijando o topo da cabeça dele. — Você ligou para o seu pai? — Harlen pergunta da cozinha, e viro para olhar para ele. — Sim, vou encontrá-lo para tomar café às onze horas da manhã. — Bom. — Ele sorri suavemente e depois volta a fazer um sanduíche para mim. Entro na sala de estar. O mobiliário não é tão bom quanto no quarto dele, mas ainda é bom e realmente de excelente qualidade. Um sofá de couro preto com almofadas grandes e largas situa-se na frente de uma mesa de café preta, onde uma garrafa de cerveja e controle remoto estão colocados. Na parede está a maior TV que já vi na minha vida. Assim como o quarto, não há quadros nas paredes, mas há algumas fotos em molduras legais em um rack. Coloco Dizzy no sofá e atravesso a sala para ver as fotos mais de perto. Escolho a maior, e meu coração aperta da mesma maneira que antes. Sem perguntar, eu sei que o homem e a mulher na foto são os pais dele. Seu pai parece


muito com ele, o que é quase surpreendente; com os mesmos cabelos escuros, belos olhos escuros, mesmo sorriso, e construção. Vestindo uma simples camisa de botão e jeans, o braço dele está jogado em torno de uma mulher alta de cabelos escuros. O sol acima deles brilha, destacando os tons escuros e vermelhos em seus cabelos. O rosto dela está de perfil, sorrindo para o marido, com a mão apoiada no estômago. Seu corpo está preso ao lado dele. Ao vê-los, meus olhos começam a queimar e minha respiração fica esquisita. — Minha mãe e meu pai, — Harlen diz, e sinto que uma lágrima desliza pela minha bochecha, observando-a pousar na foto, e rapidamente limpo a gota. — Cristo, baby. — Sua voz é rude enquanto ele me abraça, e um soluço encobre minha garganta. Ele tira a foto de mim, coloca no lugar, e depois me pega, me levando ao sofá e me colocando de lado no colo. — Por favor, não chore. — Eles parecem tão felizes, — eu sussurro, tentando me controlar. — Eles eram felizes. Nunca os vi discutindo. Minha mãe costumava brigar, mas papai pensava que aquela merda era fofa. Ele costumava rir com isso, o que a fazia rir. — O que aconteceu com eles? — Pergunto, levantando a cabeça para olhar para ele, e seu corpo fica tenso debaixo de mim. Sentindo isso, coloco o rosto contra o pescoço dele. — Deixa pra lá. Esqueça que eu perguntei. — Enrolo meus braços ao redor de sua cintura, ignorando o desapontamento que sinto quando o escuto respirar profundamente. — Foi antes do Natal, — ele começa, e meus músculos ficam tensos. — Eu estava com amigos. Meus pais nunca trancavam a porta. Um homem entrou na casa quando minha mãe e o meu pai estavam no andar de cima. O cara estava no meio de pegar os presentes debaixo da árvore quando meu pai o confrontou. Tudo que o meu pai tinha era um bastão de baseball. Não sabia que o cara estava armado. Ele atirou duas vezes no peito do meu pai. Mamãe estava escondida, mas quando ela ouviu os tiros, saiu, e como ele não queria deixar uma testemunha, ele a matou também. — Deus, — respiro, fechando os olhos quando a dor por ele envolve meu coração e meus pulmões, dificultando a respiração. — Sinto muito, — eu arfo,


sabendo que nem sequer é uma palavra adequada. Ele perder seus pais era ruim o suficiente. Ele perder desse jeito, é trágico. — Por favor, me diga que eles pegaram o cara. — Eles o pegaram. Ele tentou penhorar o colar que o papai comprou para minha mãe para o Natal. Eu estava com ele quando o comprou, então eu sabia que estava sumido e coloquei uma descrição no relatório. Os policiais foram capazes de rastreá-lo e pegá-lo, já que ele usou sua identidade na casa de penhores. — Bom, — sussurro, enfiando o rosto no pescoço dele quando percebo que sua história é exatamente o motivo de reclamar que a porta que não estava trancada na primeira vez que ele veio até minha casa. — Você ainda era uma criança quando os perdeu, — digo depois de um momento, e ele puxa meu rosto do pescoço dele e corre seus polegares sob meus olhos, deslizando pela umidade lá. — Eu era criança, mas para a minha sorte, a irmã da minha mãe, Patrícia, morava na mesma cidade, então fui morar com ela. Ela não era uma substituta para meus pais, mas foi perto, e perdê-los nos aproximou. Ainda somos próximos; ela vem me visitar muitas vezes. É por isso que precisei conseguir esse lugar. Ela não estava bem com dormir no complexo. — Aposto que não. — Levanto o meu rosto, e ele sorri, balançando a cabeça. — Ela sabe sobre você, — ele me diz calmamente, e meu coração aperta. — O quê? — Sussurro. Ele desliza os dedos pela minha bochecha e puxa meu cabelo. — Como eu disse, somos próximos. Ela sabe sobre você, já sabe sobre você há algum tempo. — Eu vou conhecê-la? — Ela estará aqui no Natal, então sim. — Ele acena e meu estômago mergulha. — Incrível. — Sim, incrível. — Ele sorri, e se inclinando, beija minha testa. — Tanto quanto eu gosto de ter você no meu colo, você precisa comer e precisamos ir para a cama. Eu tenho trabalho amanhã. — Certo, — concordo, mas não me movo. Aperto meus braços ao redor dele. — Você está bem?


— Tive anos para lidar com a perda deles. É ruim às vezes, quando algo de bom acontece na minha vida e não consigo compartilhar com eles, mas estou bem. — Jura? — Pressiono, e seu rosto se suaviza. — Juro, baby. — Ok. Ele traz o rosto para perto do meu. — Você está bem? — Ele pergunta, e eu sinto meu rosto combinar com a suavidade dele. — Você está, então sim, eu estou. — Corro meus dedos pela coluna de sua garganta. — Eu sofro por você e por tudo que perdeu, mas enquanto você estiver bem, eu estou bem. Mas se você sentir vontade de conversar com alguém, eu estou aqui — Tão malditamente doce, — ele murmura, e sua boca está na minha, seus lábios firmes e exigentes e ainda assim, doces e suaves. Correndo as mãos pelos cabelos dele, agarro-o e o beijo, tentando derramar no beijo o quanto eu sinto por ele, o quanto eu vim a me preocupar com ele, e o quanto estou feliz por ele ser meu. Quando ele se afasta e nossos olhos se encontram, eu juro que vejo meus sentimentos olhando para mim. — Venha. — Ele me ajuda a levantar, então me leva até a cozinha, me entregando uma lata de Sprite. Ele pega um prato com um sanduíche e batatas fritas, levando-o conosco ao quarto dele. Dizzy, que se sente confortável na cama, levanta a cabeça para olhar para nós, mas rapidamente a abaixa novamente, fechando os olhos. Sento na cama e abro meu refrigerante, então coloco meu prato no colo antes de pegar o controle remoto. — O que você quer assistir? — Pergunto, observando-o ficar em sua boxer. — O que você quiser, — ele responde, e olho para a TV. Tendo crescido com irmãos, eu sei que é uma mentira. Ele provavelmente não gostaria de um dos programas de dança que eu gosto, ou The Bachelor. — Aqui, você escolhe. — Entrego o controle remoto quando ele se instala na cama ao meu lado, suas costas para a cabeceira da cama e os tornozelos cruzados.


— Baby, eu estou realmente bem com o que você quiser assistir, — ele me diz enquanto dou uma mordida em meu sanduíche – presunto com a quantidade perfeita de maionese e mostarda. — Você ficaria bem assistindo The Bachelor? — Levanto uma sobrancelha e um olhar dolorido cruza o rosto dele. Rindo, eu murmuro, — Você escolhe, — lançando um pedaço da batata frita na minha boca. Ele coloca em um drama criminal. Termino de comer e logo ele afasta meu prato e me enrola no lado dele. Descanso minha cabeça contra o peito dele, o braço sobre os abdomes e a coxa sobre as dele, e assisto TV com ele até eu acabar adormecendo. *** Sentada em uma pequena cabine na parte de trás do café na manhã seguinte, meu estômago se aperta quando vejo meu pai passar pelas janelas da frente. Pego meu café e tomo um gole quando ele entra, e seus olhos se fixam em mim. Ao vê-lo perto da mesa em que estou sentada, percebo que sua guarda está levantada e ele está nervoso. Percebendo isso, o nó no meu estômago afrouxa. Meu pai não fica assustado nem nervoso, então eu sei que ele deve estar se sentindo culpado e, apesar de ainda estar chateada com ele, não quero isso para ele. — Peguei o seu de costume, — digo quando ele se senta diante de mim, e seus olhos passam de cautelosos para suaves em um instante. — Você envenenou? — Não. — Balanço a cabeça, então continuo, — Só porque eu não tinha nenhum arsênico à mão. — Justo o suficiente. — Ele pega o copo de papel e toma um gole, depois o coloca na mesa, mantendo a mão em volta dele. Ele examina a cafeteria e seus olhos encontram os meus. — Você sabe que eu te amo, certo? Deus, essa pergunta me mata, porque eu nunca, nem uma vez na vida, questionei o amor do meu pai por mim. Nunca. — Eu sei disso, — respondo suavemente, segurando seu olhar.


— Sabe que eu faria qualquer coisa por você? Protegê-la até quando estiver morrendo? — Eu sei. — Meus pulmões queimam e engulo o súbito nó na garganta. — Quando você cresceu? — A pergunta é sussurrada, e as lágrimas com as quais não posso mais lutar começam a se formar em meus olhos. — Você é minha bebezinha. Cristo, veja você agora, sei que é uma mulher, mas... Você ainda é meu bebê aqui, — ele diz bruscamente, colocando a mão sobre o coração. Uma lágrima solitária escapa e desliza pela minha bochecha. — Papai, — eu sussurro quando ele se aproxima, limpando a lágrima da minha bochecha e me estudando. — Sua mãe diz que nunca viu você tão feliz quando viu você com ele. — Deus, eu amo minha mãe. Fecho meus olhos e ele agarra meu queixo, agitando-o gentilmente. — Você está feliz? — Sim. — Abro meus olhos e encontro seu olhar. — Estou feliz. — Então eu vou encontrar uma maneira de lidar com isso. — Ele solta meu queixo e se afasta. —Tão fácil? — Pergunto, e ele encolhe os ombros. — Tentei convencê-lo três vezes a seguir em frente, e três vezes ele me contou o que pensava da minha sugestão. Então suponho que ele está determinado a ficar por um tempo. — Sério, pai? — Meus olhos se estreitam e ele sorri. — O que? Não funcionou. — Ele encolhe os ombros, agora sorrindo. — Se tivesse funcionado, ele não valeria a pena o seu tempo. Embora tivesse um ponto, continuo olhando feio para ele. — Não tente assustá-lo mais, pai. Tudo o que faz é irritá-lo e chateá-lo. — Ele significa muito para você, como eu disse, vou encontrar uma maneira de lidar, — ele diz, e meus olhos suavizam. — Por favor, dê uma chance. Não conheço o futuro, nem sei o que acontecerá entre nós, mas o que temos é bom. E não quero sentir que estou escolhendo entre vocês dois.


— Você me escolheria, certo? — Ele pergunta, e pela primeira vez na minha vida, a resposta a essa pergunta não é um sim imediato. A verdade é que não sei o que faria se fosse forçada a escolher entre Harlen e meu pai, e espero nunca ter que descobrir. Lendo minha expressão, ele murmura, — Porra, — e esfrega o queixo. — Eu amo você, pai. — Amo você também. Mas se ele te foder, você não dirá nada sobre a maneira como eu lidarei com ele. — Papai, — suspiro, balançando a cabeça. — Não, essa é a minha estipulação, — ele diz com firmeza, em um tom que eu conheço muito bem. — Tudo bem, — murmuro, revirando meus olhos em direção ao teto. Quando abaixo meus olhos, eu o vejo sorrindo. — Então, quando eu posso ir para o café da manhã? — Nunca, — respondo; ele me chuta com a bota e sorri para mim. Ao ver esse sorriso, levanto-me e o abraço, e assim que seus braços se fecham ao meu redor, eu sei que estamos bem. — Você tem tempo para almoçar com seu velho? — Ele pergunta; eu o solto e sorrio. — Sim, mas você está pagando. — Pego minha bolsa e coloco-a sobre meu ombro enquanto ele leva seu café com ele. — Quando eu não pago? — Não sei. — Eu rio, ouvindo-o rir enquanto saímos da cafeteria. Jogando o braço ao redor dos meus ombros quando alcançamos à calçada, sinto seus lábios tocarem o lado da minha cabeça, e aperto meu braço em volta dele. Não, espero nunca ter que escolher entre ele e Harlen.


Capítulo 07 Harmony

— Não goze. — O suspiro de Harlen sopra contra minha orelha enquanto ele empurra dentro de mim com força, fazendo meu próprio fôlego parar e meu núcleo se apertar. — Harlen, — eu gemo, perto, tão perto, e então, novamente, estou por muito tempo agora. Mas cada vez que estou quase lá, ele muda de posição, me solta e me obriga a construir novamente. — Não goze, — ele repete, deslizando a mão ao redor do meu quadril até meu clitóris com uma precisão excepcional. — Oh, Deus! — Eu grito, e minha cabeça vai para trás quando os dedos de uma mão me acariciam enquanto a outra bate na minha bunda com tanta força que envia uma onda de prazer em mim. — Porra! Tome-me. Ele acelera seus impulsos, e mordo o lábio, tentando neutralizar a pressão construindo entre minhas pernas. — Levante. — Sua mão desliza pelo meu quadril e para o lado, depois envolve meu peito, puxando-me até os joelhos. Lambendo o ombro, o pescoço e a orelha, ele mordisca meu lóbulo da orelha. — Boca. — Giro minha cabeça e o beijo, então sua língua varre entre os meus lábios separados. Choramingando pela garganta, deslizo minha mão pelo braço e junto meus dedos com o dele no meu clitóris. — Querido, por favor, — respiro contra a boca dele, ouvindo-o gemer.


— Goze para mim. — Seus dedos e quadris ganham velocidade enquanto a mão sob meu peito desliza para cima. Dois dedos puxam meu mamilo e manda um tiro de calor entre minhas pernas. Os meus quadris se encolhem contra ele e minha cabeça cai contra o ombro. Viro minha cabeça e dou-lhe a minha boca, gozando quando a ponta da língua dele toca a minha. Sinto os quadris dele empurrarem erraticamente, ele se enfia profundamente, mantendo-se lá enquanto goza e geme contra minha língua. Respirando pesadamente, sentindo meu coração batendo contra meu peito, sorrio contra seus lábios e depois sussurro, — Nós vencemos o relógio. — Sim. — Ele se afasta o suficiente para olhar para mim, então sorri quando meu alarme dispara. Dando risinhos, viro minha cabeça e coloco meu rosto em seu pescoço, respirando seu cálido perfume. Faz uma semana que nós estamos hospedados na casa dele, e quando ele me acordou esta manhã com o rosto entre minhas pernas, ele me disse que íamos ver o quanto conseguimos antes que meu alarme disparasse. Eu acho que fizemos tudo certo, desde que recebi dois orgasmos antes do alarme tocar, o primeiro de sua boca. Ele me dá um aperto, e meu rosto sai do seu pescoço para que eu possa olhar para ele. — Você vai se levantar, ou dormir por um tempo? — Ele pergunta, e eu olho para o relógio, visto que ainda é cedo – um pouco antes das oito. Ele trabalha hoje, mas felizmente eu não. Ainda assim, eu tenho coisas que preciso fazer, e é por isso que me lembrei de programar meu alarme na noite passada, quando fomos para a cama. — Acho que quero relaxar um pouco, — digo a ele, e ele sorri, beijando a ponta do meu nariz. — Desligue seu alarme, baby. Vou tomar banho e depois ir à oficina. — Ok, — eu concordo; ele gentilmente se afasta de mim e beija meu ombro antes

que

eu

caia

descuidadamente

na

cama,

muito

cansada

para

me

segurar. Ouvindo-o rir, eu estendo meu braço e paro meu alarme. Então eu giro para vê-lo descontraído e nu no meu banheiro, curtindo a vista dos músculos de suas costas e o traseiro flexionando até que ele esteja fora da vista. Ouço o chuveiro


ligar e sorrio, puxando o lençol e o cobertor sobre meu ombro e fechando meus olhos. Acordo sentindo meu cabelo deslizar pela minha testa, e piscando os olhos eu o encontro vestido e sentado ao lado da cama. — Não queria acordá-la, mas pensei que deveria, — ele diz calmamente, e aceno, tentando manter meus olhos pesados e cansados abertos. — Alimentei Dizzy e o deixei sair. Você pode dormir por um tempo. — Obrigada, querido, — murmuro. Seus olhos se aquecem bem antes de inclinar a cabeça para que possa beijar suavemente meus lábios, sussurrando, — Me mande uma mensagem quando você se levantar. — Ok, — eu concordo, e perdendo a batalha com minhas pálpebras, elas se fecham. Sinto seus lábios tocarem meu cabelo, então ele ajeita o cobertor ao meu redor. Depois disso, não sinto nada, porque adormeço. Acordando quando Dizzy salta na cama e começa a lamber meu rosto, eu gemo. — Dizzy, vamos lá. Estou cansada. — Tento forçá-lo a deitar-se e dormir comigo, mas ele se recusa. Em vez disso, ele lambe o rosto e salta na cama e no meu peito até que não tenho escolha senão levantar. Eu me sento, puxando-o para o meu colo, então o atiro de costas e esfrego sua barriga, observando seus pés chutarem rapidamente quando atinjo o lugar certo. — Você quer sair comigo hoje? — Pergunto; ele se põe de pé e começa a correr em círculos na cama, me respondendo. Olho para o relógio. É pouco depois das dez, então ainda tenho muito tempo para obter tudo o que preciso fazer, pronto. Parte do que eu quero fazer é preparar o jantar para Harlen, já que ele sempre cozinha para mim, o que significa que preciso ir ao mercado para comprar as coisas para uma caçarola de cowboy, uma das poucas coisas que eu sei fazer, e fazer bem. Saio da cama, encontro minha camisola no chão e a puxo sobre minha cabeça, e então coloco meu robe, amarrando o cinto ao redor da minha cintura. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo no caminho para o banheiro, depois me limpo e escovo meus dentes. Agarrando o celular do criado-mudo, saio do quarto com Dizzy dançando nos meus calcanhares. Depois de abrir a porta dos


fundos para ele, envio uma curta mensagem para Harlen, informando-o que estou acordada antes de ir para a cozinha para fazer café. Ouvindo minha campainha tocar quando estou enchendo a cafeteira, franzo o cenho e desligo a água. Ninguém que eu conheça estaria aqui esta hora, já que todos que conheço trabalham. Indo para a porta, levanto em meus pés descalços e olho para fora. Ao ver que é um cara que não conheço, mas sei que mora do outro lado da rua, eu abro a porta, permanecendo atrás e mantendo o meu corpo fora da vista, já que meu robe é suficientemente curto para ser inadequado. — Ei, — eu saúdo. Ele me dá um sorriso tenso, depois retrocede, forçando dois meninos que tem talvez sete e catorze anos para ficar na frente dele. — É uma droga te conhecer assim, — ele diz, e olho dos meninos para ele. — Eu sou Gareth. — Se eu não tivesse Harlen, procuraria descobrir se ele é casado, porque ele é lindo, com muitas tatuagens, cabelos escuros, quase pretos e olhos azuis penetrantes. — Este é Max. — Sua grande mão envolve a cabeça loura do jovem e seus olhos verdes sorriem para mim. — E Mitchell. — Ele envolve a mão em torno do ombro do menino mais velho, e vejo que ele se parece com o pai, com os mesmos cabelos escuros e deslumbrantes olhos azuis. — Nós moramos do outro lado da rua. — Prazer em conhecer vocês pessoal. Eu sou Harmony, — respondo. Gareth acena e olha para a minha calçada antes de virar para mim novamente. — Os meninos estavam jogando bola no pátio da frente e bateram em seu carro, estourando a luz traseira. — Desculpe, — ambos os garotos dizem em uníssono, e olho para eles, sorrindo suavemente. — Está tudo bem. — Deslizo meus olhos deles para olhar para o pai deles. — Você pode me dar alguns minutos para me vestir e irei verificar? — Claro. — Ele acena. — Obrigada, já volto. — Fecho a porta e me dirijo ao meu quarto. Vou ao meu armário e visto uma calça de moletom, pego um sutiã e uma camiseta de manga comprida, vestindo os dois antes de voltar para a porta da frente. Deslizando meus pés em meus chinelos, abro a porta e encontro-os ainda de pé, esperando por


mim. Eu sigo-os na parte de trás do meu carro e descubro que o farol traseiro não está apenas quebrado, mas estraçalhado. Até mesmo a lâmpada está quebrada. — Quem chutou a bola? — Pergunto, e os meninos se olham enquanto o pai está tenso ao meu lado, provavelmente pensando se vou perder a cabeça. — Apenas dizendo que quem fez poderia jogar para os Mets. — Fui eu, — Mitchell diz, elevando o peito com orgulho. — Mas não quero jogar pelos Mets. Quero jogar pelos Yankees. Sorrindo para ele, eu ouço o pai rir e depois o assisto bagunçar o cabelo do filho. — Nós realmente sentimos muito por isso, — Gareth diz, enfiando as mãos nos bolsos de seus jeans. — Não sei como você quer cuidar disso, mas trabalho em tempo parcial em uma oficina na cidade. Se você for lá, eu conserto, ou você pode me mandar a conta. O que for melhor. — Posso informá-lo depois? — Pergunto, me perguntando se o meu seguro irá cobrir o custo de consertá-lo. — Claro, — ele concorda, sorrindo para mim, e esse sorriso o torna ainda mais lindo. — Papai, estou com fome, — Max diz, e ele tira os olhos de mim para olhar para o menino mais novo. — Quando você não está com fome, criança? — Não sei. — Max encolhe os ombros, olhando para seus pés. — Também estou com fome, papai. Podemos ir ao McDonald's? — Cristo, — Gareth murmura, e seus olhos voltam para mim quando eu rio. — Vá alimentar seus meninos. Eu o informarei o que farei com a luz traseira. — Certo. — Ele ergue o queixo. — Bom conhecer você, Harmony. — Você também, e obrigada por ser honesto sobre isso. — Estendo minha mão em direção ao porta-malas do meu carro. — A qualquer momento. Até mais. — Ele levanta o queixo mais uma vez, girando nas botas. — Até. — Eu sorrio, observando os meninos correr, pular e empurrar um ao outro enquanto atravessam a rua e dirigem para a garagem deles.


Tirando minha atenção deles, eu olho para a luz traseira e, mentalmente adiciono isso, olhando para a lista de coisas que preciso fazer antes de voltar para terminar de fazer o café. Uma vez que está pronto, pego uma xícara para viagem e me inclino contra a grade, desejando ter pelo menos algo para sentar. Preciso providenciar cadeiras, uma mesa e talvez uma churrasqueira, mas a minha primeira prioridade são tapetes para a sala de estar e meu quarto. O inverno será daqui a pouco tempo, e os pisos de madeira tendem a ser frios, então preciso de algo para ajudar a neutralizar isso. Também preciso de uma cama para o meu quarto de hóspedes, e talvez uma mesa e uma cadeira para o meu terceiro quarto, mas ainda não decidi o que eu quero para aquele quarto. Pensando em todas as coisas que ainda preciso comprar para a casa e todo o dinheiro que acabarei gastando, eu suspiro. Adoro ter um lugar para chamar de meu e uma casa para decorar, mas não ter um suprimento infinito de dinheiro para fazer o que eu quero é uma merda. Tomando um gole de café, assisto Dizzy por mais alguns minutos e depois volto para dentro, deixando a porta aberta para ele entrar. Tomo um banho rápido, deixando o meu cabelo seco, então não tenho que secá-lo novamente, depois me visto com um jeans, uma camisa lavanda de manga longa com a gola em U e um par de sandálias de tiras creme. Após terminar de me vestir, eu faço uma maquiagem mínima – máscara, bronzeador e blush – então eu vou em busca de Dizzy. Encontrando-o ainda correndo ao redor do quintal, eu o chamo para dentro, fecho a porta e tranco antes de pegar minha bolsa e minhas chaves da ilha. Paro quando meu celular começa a tocar, e eu o retiro da minha bolsa. Ao ver um número local que não reconheço na tela, coloco-o no ouvido enquanto me dirijo em direção à porta da frente. — Olá, — respondo, agarrando a coleira de Dizzy que está envolta em torno do punho do armário de casaco no corredor. — Harmony Mayson? — Uma mulher pergunta e franzo o cenho. — Sim. — Oi, aqui é Julianne Drudgery. Dou aula no curso de trauma e atenção crítica no hospital.


— Olá, Julianne, — eu digo, olhando para Dizzy, que está esperando com impaciência para eu colocar sua coleira. — Um estudante acabou de abandonar o curso e queria saber se você estaria interessada em preencher o lugar dele. Claro, você precisaria fazer algumas tarefas, mas não deverá demorar muito para você alcançar. — Sério? — Sussurro, surpresa e feliz. — Sério. — Ela ri. — Você está interessada? — Sim! Eu a ouço sorrir quando ela murmura, — Isso é uma ótima notícia. Você pode vir ao hospital hoje para pegar a papelada que você precisa preencher e as atribuições para completar a aula da próxima semana? — Absolutamente. — Bom, apenas venha ao subsolo. Você verá um sinal direcionando você para a sala de aula assim que sair do elevador. Eu a vejo quando chegar aqui, e depois conversaremos. — Muito obrigada. Vejo você em breve. — Eu desligo. Olhando para o meu telefone por um momento, eu sorrio, e jogando minhas mãos para cima, eu solto um grito. Dizzy late, girando em círculos aos meus pés, feliz porque estou feliz. Pegando-o, eu o seguro no meu peito. — Desculpe, garoto, mas desde que eu tenho que ir ao hospital, você não pode vir comigo. — Beijo o topo de sua cabeça e ele lambe meu queixo. — Não se preocupe. Eu trarei algo especial do mercado. — Esfrego atrás de suas orelhas, e o coloco no chão. Colocando sua coleira de volta na maçaneta, eu vou para a porta, sentindo que estou flutuando. Entrando no meu carro, eu ligo, dou ré da garagem e dirijo diretamente ao hospital. Quando chego vinte minutos depois, entro no elevador e vou para o subsolo, e como Julianne disse que haveria, há um sinal com uma flecha apontando para a sala de aula que está no final de um longo corredor. Quando chego à porta, encontro as luzes e a porta trancada. — Harmony? — Uma mulher chama em voz alta, e viro para encontrar uma mulher pequena, mais velha, com muitos cabelos brancos e encaracolados vindo até mim do fundo do corredor, usando um uniforme azul brilhante e tamancos brancos.


— Sim. — Desculpe, eu tive que correr no andar de cima. — Ela se aproxima e estende a mão para mim. — Eu sou Julianne. Prazer em conhecê-la. — É um prazer conhecê-la também. — Sorrio enquanto aperto a mão dela. — Dr. Hofstadter disse que você era bonita. Ele não mentiu, — ela diz, e o sorriso que estou usando desliza do meu rosto. — Dr. Hofstadter? — Pergunto, e sua cabeça inclina para o lado. — Foi ele quem a recomendou como aluna substituta para o curso, — ela explica, e meu estômago se aperta. — Oh, — sussurro, perguntando como ele sabia que eu queria fazer esse curso. Nunca falamos sobre isso, e eu nunca mencionei que queria trabalhar na sala de emergência quando estava perto dele. — Ele não é um cara legal? — Ela pergunta, segurando minha mão, e tento concentrar-me nela e não no desconforto que enche meu estômago. — Uh, sim. Bom, — concordo, e ela sorri. — Bem... — ela aperta minha mão antes de soltá-la. — Você terá que levá-lo para um café como um agradecimento pela recomendação. — Ela vira e destranca a porta, e olho para suas costas, pensando, isso nunca acontecerá. — Entre, — ela chama, e eu me desgrudo do meu lugar, logo atrás da porta e entro na sala atrás dela. Olhando ao redor da sala vazia, meu estômago revira com indecisão. Eu sei que não quero perder essa oportunidade, mas também não quero dever nada ao Dr. Hofstadter, e tenho a sensação de que se eu aceitar esse curso, eu terei que me preparar para isso. — Aqui está a documentação e o material de leitura que fizemos durante esta semana, juntamente com as atribuições de tarefas que você terá que completar antes que da aula na próxima semana. — Ela estende uma pasta grossa em minha direção e eu olho para ela como se fosse uma cobra pronta para atacar. — Você está bem? — Um... sim, desculpe. — Balanço a cabeça e pego a pasta, tentando sorrir, mas falhando miseravelmente.


— Está tudo bem. — Ela dá um tapinha reconfortante em meu ombro. — A aula é de dez as quatro, as terças e quartas, todas as semanas, durante nove semanas. No seu caso, oito, já que você perdeu a aula nesta semana. — Ok. — Se tiver alguma dúvida, meu número de celular está na pasta. Você pode me ligar a qualquer momento, e ficarei mais do que feliz em ajudá-la com o que você precisar. — Obrigada. — Não há problema e... — ela sorri suavemente. — Se você está preocupada com o que perdeu esta semana, não fique. Não fizemos muito em aula além de nos atualizar com os regulamentos de saúde e segurança. Na próxima semana é quando a diversão começará. — Estou ansiosa por isso. — Dou-lhe um curto sorriso genuíno, e ela me estuda por um momento, como se estivesse tentando descobrir algo. — Seu plano é trabalhar na sala de emergência aqui neste hospital? — Esse é o meu objetivo. — Este curso irá ajudá-la a colocar o pé na porta, e tenho certeza que o Dr. Hofstadter lhe dará uma recomendação. Ele só disse coisas boas sobre você quando falamos esta manhã. Sim, estou totalmente me colocando em uma cilada. Estou tão ferrada. — Obrigada por esta oportunidade, e eu a verei na próxima semana. — Vejo você na próxima semana, — ela concorda alegremente e saio da sala de aula. Volto pelo corredor para o elevador, e uma vez dentro, abro a pasta e vejo o esboço da aula. Tudo parece fácil, e sei que não terei problema com a carga de trabalho se eu assistir a aula. Simplesmente não sei se quero aceitar isso agora. Fechando a pasta quando chego ao lobby, vou para o estacionamento e, quando alcanço o meu carro, entro, ligo o motor, coloco o cinto de segurança e depois fico olhando o hospital na minha frente. — O que devo fazer? Sem resposta do para-brisa, dou ré no estacionamento e dirijo até o supermercado, onde pego coisas para fazer o jantar e uma torta de creme de chocolate congelada, porque todos sabem que a torta deixa tudo Ok. Também pego


um pouco de sorvete de cachorro de manteiga de amendoim para Dizzy da seção de alimentos congelados. Quando chego em casa, coloco a pasta com as informações da aula na ilha e tento esquecê-la enquanto trabalho no jantar, mas não importa o que eu faça, não consigo parar de pensar nisso. Precisando conversar com alguém sobre isso, pego meu celular e ligo para Willow. — Ei, eu estava pensando em você, — ela diz, respondendo no segundo toque, e sorrio, segurando meu telefone entre minha orelha e meu ombro. — Talvez nossa telepatia de gêmeo esteja finalmente funcionando, — eu brinco, espalhando queijo cheddar sobre a carne picada que cozinhei mais cedo. — Duvido. — Ela ri, e sorrio, pensando em um jogo que costumávamos jogar quando éramos mais jovens. Eu pensava em um número, e ela tentava adivinhar, e eu fazia o mesmo com ela. Nunca funcionou, nunca, mas isso não impediu que tentássemos uma e outra vez. — Então, o que está acontecendo? Como estão você e Harlen? — Estamos bem. Eu só precisava de alguém para falar sobre algo acontecendo no trabalho. — O que é? — Ela pergunta enquanto começo a colocar os tats sobre o queijo ralado. — Sabe aquele curso de trauma que eu queria fazer no hospital? — Pergunto. — Aquele que você não entrou? — Ela pergunta, e eu aceno, apesar dela não poder me ver. — Sim. Alguém desistiu da aula, então um dos médicos fez uma recomendação e recebi uma ligação essa manhã informando que a vaga é minha, caso eu queira, — digo a ela enquanto abro a porta ao forno. — Isso é legal. — Sim, exceto que este médico me dá arrepios, e agora não sei se deveria aceitar. Não quero sentir como se devesse a ele, — digo a ela, colocando o prato de caçarola no forno. — Você está preocupada que se você aceitar ele irá te chantagear? — Não sei, — suspiro. Ouvir isso ser dito em voz alta faz parecer ridículo.


— Eu acho que você deveria aceitar, e se ele disser algo com o que não está confortável, basta falar com o RH sobre isso. — Eu acho que você está certa. — Mordo meu lábio, me perguntando se eu penso demais, mas me sentindo como se não estivesse. — Não pense demais. — Agora você está realmente lendo minha mente. — Eu rio. — Não, eu só conheço você. Você pensa demais em tudo. É quem você é. É uma coisa boa na maioria das vezes, mas às vezes você só precisa aceitar as coisas à medida que elas vêm. — Vou tentar, — concordo, ligando o temporizador no fogão. — Bom, agora me diga quando eu vou para um café da manhã com waffles? Aparentemente, minha mãe tem se gabado a todos com os waffles de Harlen. — Você sabe que é sempre bem-vinda, com waffles ou não. — Você já conseguiu uma cama para o seu quarto de hóspedes? — Ela pergunta, e solto uma respiração profunda. — Ainda não. Está na minha longa lista de coisas que ainda preciso comprar para a casa, mas devo ter uma antes do Natal, esperançosamente. — O Natal ainda está longe. — Eu sei, — concordo. Também sei que talvez eu não tenha o dinheiro até depois do Natal, dependendo do quanto gaste em presentes para todos. — Bem, então, irei antes disso e dormirei no sofá. Podemos passar o dia, assistir filmes e beber muito vinho. — Você tem um encontro. — Sorrio, e vou à sala de estar, me sentando no sofá antes de ligar a TV. — Bom, porque sinto sua falta. — Eu sinto sua falta também, — sussurro, odiando não vê-la desde que me mudei. — Eu odeio correr, mas preciso voltar ao trabalho, — ela diz; olho para o relógio no DVR e vejo que é só depois das quatro e meia. Ela normalmente não sai até as cinco e trinta, às vezes seis, dependendo do tempo que o banco fecha. — Tudo bem, eu amo você.


— Amo você também, conversamos em breve. — Conversaremos em breve. — Desligo e solto o telefone na mesa de café. Passando por canais, paro em um drama criminal e acabo tão envolvida no programa que grito quando Harlen aparece na sala de estar, tendo usado a chave que eu dei para ele. — Cristo, que merda? — Ele pergunta enquanto Dizzy salta do sofá e corre para ele, dando uma volta e saltando. — Você me assustou. — Seguro a mão no meu peito, sentindo meu coração bater na minha palma. — Eu vejo. — Ele se inclina para pegar Dizzy e vem para onde eu ainda estou sentada no sofá. — O que você está vendo que a deixou assustada? — Ele pergunta; perco de vista a TV quando ele a bloqueia e tento olhar em torno de sua grande estrutura. — Um programa sobre uma menina que desapareceu. Ninguém sabe o que aconteceu com ela. Ela sofreu um acidente de carro e ligou para a polícia, mas quando os policiais chegaram onde estava o carro, ela não estava, desapareceu e está sumida há anos. — Você realmente acha que deveria assistir essa merda? — Ele questiona. Encolho os ombros, olhando para ele. — É interessante. — Pode ser interessante, mas é óbvio que te assusta. — Ele balança a cabeça, deixando Dizzy no sofá antes de se curvar para descansar o punho na almofada de cada lado dos meus quadris. — O que aconteceu com a sua luz traseira? — Merda. — Inclino minha cabeça para trás e fecho meus olhos. Esqueci completamente sobre a lanterna e esqueci sobre consertar isso depois de fui ao hospital e ao supermercado. — Você sofreu um acidente? — Ele pergunta, soando preocupado, e abro os olhos para olhar para ele. — Não, os meninos do outro lado da rua estavam jogando no quintal da frente e acidentalmente chutaram uma bola no meu carro. Eu deveria levar para ver isso nesta tarde, mas esqueci disso.


— Vou deixá-la no trabalho amanhã e levá-lo para a oficina, — ele diz, e sorrio. — Obrigada, querido. — Não há problema, Anjo. Agora, você finalmente vai me beijar? — Não sei. — Eu sorrio e ele rosna, levantando uma mão, enrolando os dedos nos meus cabelos e aproximando minha boca da dele. — Você não sabe? — Você poderia me beijar, — sugiro, olhando para seus belos olhos. — Eu poderia, — ele concorda, mas não beija. Em vez disso, seus olhos caem na minha boca. — Harlen? — Sim, querida? — Seu olhar se levanta para encontrar o meu e deslizo meus dedos em seus cabelos, pressionando sua nuca. — Por favor, beije-me, — eu sussurro; ele sorri antes de inclinar a cabeça e colocar seus lábios contra os meus. Sentindo sua língua tocar meu lábio inferior, minha boca se abre e ele desliza. Gostando tanto, eu gemo na boca dele e me ergo para obter mais dele. Então eu gemo em aborrecimento quando ouço o temporizador do fogão tocar. — É o jantar, — digo a ele após afastar minha boca da dele, e ele se vire para olhar para a cozinha. — Você cozinhou? — Ele pergunta, sequer segurando sua surpresa. — Sim. — Eu sorrio, colocando minhas mãos em seus ombros e empurrando-o, mas ele não se move, nem sequer um centímetro. — O que você fez? — Caçarola de cowboy. — Não sei o que é isso, mas cheira fodidamente incrível. — Isso também é maravilhoso, a menos que esteja queimado, então você precisa me deixar levantar, para que isso não aconteça, — eu digo; ele beija meu nariz e depois me puxa do sofá para ficar em pé na frente dele. Vou para a cozinha e pego as luvas enquanto ele vai à geladeira para pegar uma cerveja. Tirando a


caçarola do forno, eu sorrio ao ver que os tater tots3 estão da cor perfeita de dourado e o queijo está derretido e borbulhando. — Você fez tats tots? — Ele pergunta, e viro para olhar para ele, encontrando suas sobrancelhas juntas. — Não, eu fiz uma caçarola de cowboy. Ela apenas tem tater tots nela, — eu o corrijo, colocando o prato sobre um descanso de panela. Então vou à geladeira para a salada que fiz mais cedo, dois tipos de molhos e um pote de creme azedo, o que é uma necessidade quando você tem caçarola de cowboy. — O que é isso? — Ele pergunta; olho para onde ele está na ilha e o vejo folhear a pasta para o curso que deixei lá. — Aquele curso de trauma que eu queria fazer, aquele que não entrei. — Ele acena, sabendo do curso que estou falando, desde que eu disse a ele quando descobri que não fui aceita. — Um estudante abandonou, então eu tenho um lugar se eu quiser, — termino, observando-o dar um gole em sua cerveja e seus olhos voltam para mim. — Você não parece animada, — ele observa, e viro para pegar dois pratos do armário. — Não sei como me sinto sobre isso ainda, — digo, evitando olhar para ele. — Por quê? — Ele insiste, e me pergunto como dizer a ele, ou o que dizer exatamente. — Há um médico no trabalho, e ele meio que me deixa desconfortável. Foi ele quem me recomendou para a vaga aberta no curso, — confesso, colocando colheres da caçarola em cada prato juntamente com alguma salada. — Olhe para mim, — ele rosna, e embora, na verdade, eu não queira olhar para ele, porque a energia na cozinha mudou e ele parece zangado, eu ainda giro minha cabeça para encontrar seu olhar. — Como ele te deixa desconfortável? — Simplesmente não gosto de como ele me faz sentir. E uma das enfermeiras com quem trabalho diz que ouviu rumores sobre ele e que existem outras

3 Pequenos pedaços de batatas raladas fritas servidas como acompanhamento


enfermeiras que perderam seus empregos enquanto ele manteve o dele, — admito calmamente, e sua mandíbula aperta. — Você nunca mencionou isso antes. — Eu sei. — Vejo seus dedos ficarem brancos ao redor da cerveja na mão. — Não queria que você se preocupasse. — Dou um passo em direção a ele, observandoo respirar profundamente e descanso minhas mãos contra seu peito.

Provavelmente estou apenas pensando demais, e quem sabe se os rumores são mesmo verdadeiros? — Quem é ele? — Ele pergunta, e meu estômago torce. — Provavelmente estou exagerando e me preocupando atoa, — tento de novo, e ele traz seu rosto para mais perto do meu. — Quem é ele? — Ele repete, ignorando-me. — Harlen... — Quem diabos é ele, Harmony? — O nome dele é Hofstadter, mas você não pode fazer nada com ele. A única coisa que ele fez foi me chamar para sair. É isso aí. Ele não fez nada de errado de maneira técnica. — Ele te chamou para sair? — Ele esclarece, com sua voz caindo para um sussurro sinistro, e fecho meus olhos. Merda. — Ele te chamou para sair? — Ele repete mais uma vez, e meus olhos se abrem, encontrando o dele. — Eu... Sim, mas não aceitei, obviamente. — Então você disse não, e em troca ele te coloca em um curso que estava cheio e já iniciado, — ele supõe e sinto meu estômago apertar. — Porra, — ele cospe, e seus olhos vão acima de minha cabeça. Coloco meus braços ao redor de sua cintura e descanso minha orelha sobre o peito coberto pela camiseta, ouvindo seu coração enquanto ele bate forte contra seu peito. — Por favor, acalme-se, — sussurro; e seus braços deslizam ao meu redor, um envolvendo minha cintura, o outro ao redor dos meus ombros, segurando-me firmemente contra ele.


— Você me diz se ele fizer alguma coisa. Não me importo se ele está oferecendo um fodido lenço depois de espirrar, ou um pedaço de chiclete. Você me fala sobre isso, — ele ordena, e eu aceno. — Aceite o curso. — O quê? — Inclino a cabeça para olhar para ele, e ele abaixa o rosto para encontrar o meu olhar. — Ele pode ter dado uma recomendação, mas você teria conseguido por sua conta, eventualmente. Ele não pode segurar essa merda sobre a sua cabeça, e se ele tentar, eu lido com ele pessoalmente. — Harlen, — suspiro, afastando meus olhos e seus braços me apertam. — Ele sabe que você tem um homem? — Ele pergunta, e meu corpo trava. — Ele não sabe, — ele murmura, e mordo o lábio. — Não tive a chance de dizer a ele, — admito calmamente, mantendo meus olhos distantes. — Certo. — Eu ia dizer, — defendo silenciosamente, não querendo que ele pense que não digo as pessoas que tenho um namorado. — Acredito em você, baby. — Jura? — Pergunto, inclinando a cabeça para olhar para ele, e no momento em que nossos olhos se encontram, os deles buscam os meus. — Juro. — Ele abaixa a cabeça, passando os lábios nos meus. — Bom. — Enrolo meus dedos ao redor do seu pescoço e levanto-me na ponta dos pés para tocar minha boca contra a dele, e seus braços me apertam. — Você precisa que eu a ajude com alguma coisa? — Ele pergunta. Aceno minha cabeça. — Não, eu tenho isso. — Tudo bem, termine, baby. Vamos comer antes que esfrie. — Seus lábios tocam os meus, então o topo da minha cabeça antes de seus braços me soltarem. Eu o estudo por um momento antes de soltá-lo e terminar de preparar nossos pratos enquanto ele observa, apoiando-se no balcão e bebendo a cerveja. ***


Deitada em cima dele três horas depois, duas porções de caçarola e uma fatia de torta de chocolate, olho cegamente para a TV, tentando não pensar no que ele quis dizer quando disse que lidaria com o Dr. Hofstadter pessoalmente, e falhando miseravelmente. — Obrigado pelo jantar, baby. — Suas palavras sussurram pelo meu cabelo, e levanto a cabeça do seu peito para olhar para ele. — De nada. — Corro meus dedos em seu maxilar barbudo. — Estava incrível, mesmo que fosse tater tots. — Ele sorri. Rindo, eu digo, — Obrigada. Mas eu meio que adivinhei quando você finalizou três porções. Sorrindo, seus dedos correm pela minha bochecha e sua voz cai. — Pare de pensar no que eu disse anteriormente. — Você é um leitor de mente? — Não, eu só conheço você e esse seu cérebro. — Ele toca minha têmpora com seu dedo indicador. — Que seja, — murmuro; irritada por ele poder me ler com a mesma facilidade que minha irmã. Voltando a descansar em seu peito, eu olho para a TV. — Baby, — ele chama, envolvendo seus dedos em minha orelha e deslizandoos em torno da base da minha mandíbula, me forçando a olhar para ele novamente. — Tudo ficará bem. — Estudando o olhar suave em seus olhos, eu acredito nele. — Prometo. — Ele arrasta meu corpo com as mãos debaixo dos meus braços e pressiona a minha cabeça até tocar a sua boca. — Você acredita em mim? — Ele pergunta contra minha boca e fecho meus olhos. — Eu acredito em você, — sussurro; sabendo que mesmo que não esteja bem, ele fará tudo o que puder para fazer tudo certo para mim. E com esse pensamento, pressiono minha boca na dele, então me enrolo mais profundamente no peito dele, deixando a preocupação de mais cedo ir embora.


Capítulo 08 Harlen

Olhando Harmony caminhar na calçada em direção às portas duplas que a levarão ao hospital, eu sinto meu couro cabeludo formigar. Olho para a esquerda e sinto meu maxilar apertar ao ver o cara que avistei com os olhos em Harmony. Percebi ele sentado em seu carro quando paramos, notei que o seu novo Mercedes SUV preto está estacionado em um dos lugares reservados aos médicos. Eu também notei, mesmo com a distância entre nós, que seus olhos estavam presos em Harmony e eu através do seu para-brisa. Ao ver isso, eu sabia quem ele era sem necessidade de confirmação. Também sabia que perceber que Harmony tinha um homem não caiu bem para ele. Encarando-o, levanto meu queixo, observando o queixo dele disparar e os olhos estreitarem. Foda-se, ele será um problema. Ligando o carro, eu sigo em direção à saída do hospital e dirijo pela cidade até a oficina. Assim que chego, paro o carro e estaciono na frente, para poder consertar a luz traseira em algum momento hoje. Desligo o motor e saio, batendo a porta e puxando meu celular do meu bolso traseiro. Encontrando um número que nunca pensei que ligaria, eu pressiono ligar e levo o celular a minha orelha, ouvindo-o tocar duas vezes. — Yo, — Nico atende, e minha mandíbula aperta. Foda-se, não quero falar com ele, mas não tenho escolha.


— Você tem tempo para encontrar comigo esta noite? — A Harmony está bem? — Ele pergunta, e enrolo minha mão na minha nuca, pensando em como ela me acordou esta manhã e o beijo que me deu quando a deixei. Ela definitivamente está bem, mas quero mantê-la assim. — Ela está bem. — Onde você quer se encontrar? — Ele pergunta depois de um momento de silêncio, e olho para as minhas botas. — Skitter's, às seis. — Vejo você então. — Ele desliga e guardo meu telefone no bolso. Indo à garagem, visto um macacão sobre meu jeans e camisa e vou trabalhar em um motor que tenho reconstruído nas últimas duas semanas. *** Mais tarde naquela noite, pego meu celular em cima da minha caixa de ferramentas, encontro o número da Harmony no meu telefone e coloco-o no meu ouvido enquanto caminho para porta da baía aberta e longe do barulho na oficina. — Ei, querido, — ela atende após o quarto toque, e sinto um sorriso agarrar meus lábios. Nunca pensei em gostar de uma mulher me chamar de querido, mas vindo da Harmony, com a voz suave e doce, não apenas gosto disso; eu amo para caralho. — Você tem um segundo para conversar? — Sim, acabei de entrar na sala de descanso para esquentar meu almoço. Está tudo bem? — Sua luz está consertada. — Isso foi rápido. Quanto eu preciso dizer a Gareth que custou? — É por minha conta, — digo, conhecendo pessoalmente Gareth, e também sabendo que sua ex o deixou há mais de dois anos, abandonando ele e seus dois garotos. Ela também o abandonou com uma hipoteca e um monte de contas, razão pela qual ele não só trabalha em tempo integral em uma das salas locais de


tatuagem, mas também em tempo parcial em uma oficina mecânica que seu tio possui na cidade. — Tem certeza? — Ela pergunta, e posso imaginar ela mordendo o lábio inferior – algo que ela faz quando está indecisa ou pensando demais. — Baby, ele cria dois meninos sozinho. Ele não precisa de um golpe no bolso para consertar sua luz traseira quando não me custou quase nada. — Então ele é solteiro, — ela murmura, parecendo muito curiosa, e eu franzo o cenho. — Sim, ele é solteiro, mas eu te recordo que você definitivamente não é. — Eu sei disso, — ela resmunga, e agito minha cabeça. Cristo, eu não sei quando me tornei o tipo de homem que fica com ciúmes sobre uma besteira mesquinha. Mas com ela, a palavra minha está constantemente girando na minha cabeça, junto com o desejo de tatuar meu nome na testa dela. — Desde que peguei seu carro, vou passar na sua casa, pegar Dizzy e levá-lo comigo quando for buscá-la. Nós ficaremos na minha casa esta noite. Você está bem com isso? — Desde que eu durma com você e acorde com você, não me importo onde realmente durmo, — ela responde, e meu peito fica apertado. Ela não está apenas dizendo essa merda por dizer isso. Ela não se importa onde ela fica, desde que estejamos juntos. Foda-se, mas eu me apaixonei por ela, e fortemente. — Além disso, eu gosto da sua cama mais do que gosto da minha. — Gosta? — Pergunto, surpreendido. — Sim, é como dormir em uma nuvem fofa de marshmallow, — ela diz, e eu rio, balançando a cabeça. — Sério, é maravilhosa, — ela acrescenta, e eu sorrio. — Tudo bem, Anjo. Estarei aí quando você sair. Está tudo bem hoje? — Esteve calmo, — ela murmura; e ela dizendo que odeia quando está calmo porque o dia se arrasta e preferia estar em casa comigo se infiltra na minha cabeça. Sim, estou me apaixonando por ela. — Mas as coisas devem agitar. Tenho dois pacientes chegando em breve. — Ela completa quando o micro-ondas apita. — Tudo bem, coma. Vejo você em algumas horas.


— Vejo você quando eu sair. — Ela desliga e guardo meu celular no bolso traseiro. Entrando novamente, eu vou ao escritório, onde encontro Wes sentado na mesa, olhando para uma pilha de papéis na frente dele. — Precisamos contratar alguém para dirigir o escritório para que você possa voltar ao trabalho, — digo a ele, e seus olhos vêm até mim quando me inclino contra o batente da porta. Recostando, ele passa as mãos sobre a cabeça e suspira. — Dez entrevistas em uma semana, homem, e juro por Deus, cada uma das garotas que se candidataram vieram aqui parecendo ter acabado de filmar um vídeo de uma banda de rock and roll dos anos noventa. Não sei sobre sua mulher, mas July enlouqueceria malditamente se viesse aqui e visse uma mulher usando um top justo, uma saia jeans e saltos em torno do escritório, brincando de secretária. — Talvez possamos convencer uma delas a colocar um cardigan, — sugiro, e seus lábios se contraem. — Você pode assistir a próxima entrevista e sugerir essa merda. — Ele ri, então pergunta: — Você está decolando? — Sim, vou encontrar Nico no Skitter em cerca de trinta minutos. — Vocês tomarão uma cerveja para se aproximarem, ou você precisa de um apoio? — Não há vínculo, é sobre Harmony, — digo, e seus olhos se estreitam. — O que está acontecendo? — Um médico no hospital chamou Harmony para sair. Ele a deixa desconfortável. Não

gostei

muito,

mas

achava

que

não

era

um

grande

problema. Então hoje eu o vi, e vi a maneira como ele a observava, e não gostei da vibração que recebi dele. Como você sabe, o nome Mayson tende a trazer o drama, então estou tentando evitar que essa merda aconteça antes que algo realmente aconteça. — Você não gostou da vibração que recebeu? — Não. — Balanço a cabeça. — Não sei o que foi, só sei que não gostei da maneira como ele estava a observando.


— Nunca senti ciúmes até que encontrei July. Não é um sentimento confortável, nem mesmo algo que eu reconheceria antes. Agora, é um velho amigo, mas no início, não sabia o que era. Não sabia o que fazer com isso. — Não é ciúme. — Cruzo os braços sobre meu peito. — Eu aceitei esses sentimentos. Isso é diferente, e se ela me diz que ele a deixa desconfortável e há rumores de enfermeiras que perderam seus empregos por causa dele, eu preciso ter certeza de que ela está protegida. — Isso provavelmente é inteligente. Com tudo o que aconteceu com Dillon e Ashlyn recentemente, você não pode relevar isso sem ter certeza. — Você está certo. — Levanto meu queixo em concordância. — Você se apaixonou por ela. — Forte e rápido, irmão, — murmuro, e ele sorri. — É uma boa viagem. Segure bem e aproveite, — ele murmura. Ele saberia; ele e sua esposa, July, se apaixonaram de forma rápida e forte. Não foi sempre fácil e eles tiveram seus próprios dramas, mas as coisas entre eles são sólidas e foram assim desde praticamente o começo. Nunca vi meu amigo tão feliz quanto ele está agora. — Quando você se tornou tão sentimental? — Não sei. Mas provavelmente aconteceu em torno do tempo em que me mudei para uma casa e me tornei o dono de um pássaro, um cachorro e um fodido gato. — Ele ri e eu sorrio. — Eu irei com você para a Skitter. — Ele levanta, mas balanço a cabeça. — Eu estou bem sozinho. Vá para casa, para a sua esposa. — Eu sei que você está bem. — Ele bate no meu ombro. — Mas também me lembro de uma época em que você teve minhas costas quando precisei disso. Nunca esquecerei isso. Não tive a chance de devolver o favor até agora. Então eu vou com você. Além disso, preciso de uma cerveja e alguma diversão, e acho que conseguirei os dois, se eu for. Não imagino que o Nico tenha se aquecido da ideia de você com a filha dele na última semana, independentemente do que ele tenha dito a ela. — Você provavelmente está certo sobre isso, — eu rio.


— Vamos rodar. Não quero causar uma primeira impressão ruim em seu futuro sogro, — ele diz, atravessando a porta, e eu rio enquanto o sigo para minha moto. Estacionando no Skitter as dez para seis, desligo minha moto enquanto Wes para ao meu lado. O Skitter está no meio do nada, fora de uma das estradas do interior na cidade. Três anos atrás, não era mais do que uma cabine degradada. Então um casal de Montana o comprou e os quinze hectares ao redor. Eles colocaram milhares de dólares nas reformas, com planos de transformá-lo em uma pequena adega. Eles não levaram em conta as duas vinícolas bem estabelecidas na área, ambas com centenas de hectares, localizadas no topo de colinas com vistas de nada além de terrenos abertos, colinas e pura beleza. Sabendo que não tinham como competir, eles mudaram o nome de Sovon para Skitter e começaram a servir cerveja e comida de bar. O lugar imediatamente se tornou popular entre motociclistas, moradores locais e aqueles que apenas passavam. Saindo da minha moto, coloco as minhas chaves no bolso da frente do meu jeans e dirijo-me para a varanda, onde há algumas pessoas fumando e assistindo a TV presa na parede. Eu entro atrás de Wes e observo o lugar. Mesmo em uma noite de semana, o lugar está cheio; cada banquinho que reveste o bar está ocupado, juntamente com a maioria das mesas. — Vou pegar uma cerveja. Você quer uma? — Wes pergunta, e levanto o queixo em afirmação, então o observo ir em direção do bar enquanto vou procurar uma mesa. Encontro uma nos fundos, perto da jukebox que está tocando uma música country sobre um homem, sua caminhonete e seu cachorro. Sentando, Wes entrega minha cerveja e senta na cadeira no lado oposto da mesa. — Estava pensando no caminho por aqui, cara. Devemos conversar com Evan sobre isso, ver se ele pode encontrar algo sobre os rumores, e se algum deles é verdade. — Pensei nisso também. Vou ligar para ele amanhã, — digo ao mesmo tempo em que eu vejo Nico no bar pegando uma cerveja do barman. No segundo que nossos olhos se encontram, ele segue o caminho, andando rapidamente. Não me surpreende que ele tente me convencer a deixar Harmony, e se eu fosse outra


pessoa, poderia ter funcionado. Mesmo com a idade dele, ele está em forma, com um ar de intimidação que é difícil não notar quando se está perto dele. Não são as tatuagens ou piercings. É mais do que isso. É como se ele carregasse isso, você sabe apenas olhando para ele que se cruzar o caminho dele, ele não terá nenhum problema em derrubá-lo com uma bala entre seus olhos. O que ele não percebeu enquanto vinha até mim é que eu não teria nenhum problema em fazer o mesmo, sem piscar. — Wes... Harlen. — Nico ergue o queixo para Wes depois para mim antes de sentar-se, descansando sua cerveja no topo do joelho. — O que está acontecendo? — Preciso de um favor, — digo a ele, e ele solta uma risada, jogando a cabeça e se recostando na cadeira. — Você precisa de um favor meu? — Ele ergue a cabeça e a mão segurando a cerveja, apontando para si mesmo com o dedo indicador. Foda-se. Minha mandíbula aperta, e é preciso tudo em mim para ficar sentado e não me afastar dele. Se isso não tivesse a ver com a segurança da minha mulher, eu iria embora, mas só depois de bater na bunda dele. Pressionando meus dentes, inclino-me. — Há um médico no hospital que deixa Harmony desconfortável. Há rumores de que algumas enfermeiras foram demitidas por causa dele. Não sei se esses rumores são verdadeiros, mas sei que todos os rumores têm um pouco de verdade. Ele pediu para ela sair com ele, e ela negou. Ontem, ela conseguiu a vaga para o curso que queria fazer. Ele fez uma recomendação. Ela me disse que não é um grande problema, mas vendo como o drama está constantemente girando ao redor do nome da família Mayson, eu estou a ignorando e seguindo meu instinto. Meu instinto diz que esse cara não é confiável. — Eu me aproximo ainda mais. — Eu vim para você, porque você é o pai dela e um policial. Pessoalmente, não me importo em lidar com ele sozinho, mas achei que você poderia gostar de mim ainda menos se eu estiver na prisão por ter espancado um filho da puta. Então, sim, estou aqui pedindo um favor. — Jesus, — Wes murmura, mas eu o ignoro e continuo com os olhos fixos em Nico.


— Ele a deixa desconfortável? — Nico pergunta, e levanto meu queixo. — Porra. — Ele ergue a mão livre, passando pelo cabelo. — Quem é ele? — Sobrenome Hofstadter. Ele conduz um Mercedes G63. Além disso, eu não sei muito sobre ele. — Porra, — ele solta novamente, balançando a cabeça. — Ela não me falou sobre isso. — Ela não foi exatamente um livro aberto quando descobri sobre isso, — murmuro, tomando um gole da minha cerveja, e seus olhos mudam, fazendo com que eu me prepare. — Quão próximos vocês dois estão? — Próximos. — Quão próximos? — Ele pressiona. — O que exatamente você está me perguntando? — Você ama a minha filha? Estudando-o por um longo momento, tomo uma decisão, depois me inclino novamente. — Sem desrespeito, mas a primeira pessoa que vai ouvir essa informação sair da minha boca não será você. — Foda-me. — Ele suspira, balançando a cabeça. — Eu sabia. Porra. — Ele desvia o olhar. — Olhe para nós, uma grande fodida família feliz, — Wes murmura, e luto com um sorriso. — Espero que vocês tenham filhas um dia, então você pode experimentar a dor que sinto agora, — Nico diz, olhando entre Wes e eu, e uma imagem de uma menina com cabelos castanhos dourados e olhos como de Harmony enche minha mente. Até Harmony, nunca pensei no futuro. Sempre vivi um dia de cada vez, sem pensar muito em para onde eu ia. Mas com ela, eu quero isso. Quero fazer planos, quero que ela seja minha esposa, ter meu anel em seu dedo e meu sobrenome ligado a ela. Quero ter filhos, pelo menos dois. Quero acordar cedo nos sábados de manhã e comprar rosquinhas, depois ficar o resto do dia de pijama, como costumava fazer com meus pais antes de perdê-los. Foda-se, mas eu quero isso com uma fome quase insuportável.


— Você se casa com minha garota, é melhor você sequer pensar em levá-la ao cartório. Levanto uma sobrancelha para ele e pergunto, — Você está me dando sua benção para me casar com sua filha? — Você me pediria? — Ele questiona. — Provavelmente não, — respondo, e seus olhos se estreitam. — Vejo que eu deveria ter pegado leve com o garoto que ela namorava há alguns anos. Pelo menos ele sabia quando parar. — Você quer esse tipo de homem para a sua garota? — Wes pergunta. Nico olha para ele, e Wes sacode a cabeça, segurando a cerveja na direção de Nico com o dedo. — Você não iria querer. Ele, — ele aponta para mim, — Tem as costas da sua garota, o que significa que você não precisa se preocupar com ela caminhando sozinha, carregando o peso que um homem deveria ajudar a carregar. E no futuro, se eu tiver uma filha, rezo a Deus que ela encontre um homem que seja um homem, e não uma bichinha que a deixe lidar sozinha com toda a merda que a vida mandar. Sua filha pode encontrar alguém que você goste mais para ela, mas eu te garanto pra caralho que você não encontrará ninguém melhor do que o homem que ela tem agora. — Com isso, Wes se afasta da mesa e se levanta, não percebendo o golpe que ele acabou de dar. — Agora, eu preciso de outra cerveja. Algum de vocês quer uma? — Estou bem, — Nico diz; Wes acena para ele e olha para mim. — Vou querer uma. Ele ergue o queixo e se dirige ao bar. — Ele está certo, — Nico resmunga, e meus olhos vão para ele. — Não gosto disso, mas ele está certo. — Ele toma um gole de sua cerveja, coloca a garrafa meio vazia em cima da mesa e se levanta. — Eu o informarei sobre o que descobrir. Enquanto isso, cuide da minha menina. — Sempre. — Sophie quer que vocês estejam no jantar no próximo dia de folga de Harmony. Certifique-se de que isso aconteça, — ele murmura e levanto meu queixo, obtendo o mesmo gesto dele antes de desaparecer no bar lotado.


— Porra, — eu sussurro, tomando um gole da minha cerveja quase vazia. — Porra. — Essa merda não foi conforme o planejado, mas, novamente, acho que foi bem melhor. Com esse pensamento, eu sorrio. *** Deitado no sofá de Harmony, Dizzy espalhado no meu peito, os olhos apontados para a TV, eu ouço o carro da Harmony parar. Dizzy, que também o escuta, pula em meu peito e salta uma vez, fazendo-me grunhir, depois sai de cima de mim e do sofá, correndo em direção à porta. É terça-feira, cinco dias desde que me encontrei com Nico. No dia seguinte ao encontro com ele, falei com Evan para ver se ele poderia encontrar informações para mim, e esta manhã, enquanto Harmony estava no chuveiro, ele ligou. Ele foi capaz de descobrir que houve muito mais do que duas enfermeiras no hospital que foram despedidas inesperadamente, mas está tendo problemas para descobrir por quê. Ainda assim, ele está cavando, e espero que eu saiba algo em breve. Harmony me disse que Hofstadter não se aproximou dela, e que não o viu no hospital, o que poderia significar que ele decidiu recuar ou está tentando criar um novo plano. Estou esperando o primeiro e me preparando para o segundo. Saindo da minha cabeça quando a porta da frente se abre, vejo Harmony entrar carregando um café gelado em uma mão e duas sacolas de mercearia reutilizáveis na outra. — Anjo, eu fiz compras, — eu a lembro, algo que ela deveria se lembrar, já que reclamou de toda a comida na geladeira – como faz toda vez que eu a abasteço. Ela se queixa de que não será capaz de pedir delivery e terá que cozinhar, quando quase nunca cozinha, já que cozinho na maior parte do tempo. — Eu sei. — Ela sorri. — Isto é para a mamãe e o papai. — Ela dirige-se para a cozinha, deixando as sacolas no balcão antes de vir até mim. — Pensei que íamos jantar na casa deles? — Nós vamos, mas farei um suflê de cream cheese com caranguejo para levar conosco, — ela diz. Não tenho ideia do que é isso, mas não tenho dúvidas de que


será realmente bom. Ela não cozinha muito, mas quando o faz, sempre é gostoso. Vendo que ela está perto, mas não perto o suficiente, eu me inclino um pouco, enrolo as mãos ao redor de seus quadris e a puxo para cima de mim, beijando-a com força e rapidez. Escuto seu gemido antes de afastar minha boca e deitar minha cabeça contra o braço do sofá. — Como foi a aula? — Pergunto, passando meus dedos em seus cabelos, e ela repousa o queixo em uma mão em meu peito, a outra mão curvando-se pelo meu pescoço. — Boa. — Ela dá de ombros. — Fácil. — Sim? — Sim, eu ainda queria ter passado a manhã na cama com você aqui em casa, — ela diz calmamente, estudando seus dedos correndo vagarosamente pela minha garganta. Ouvindo-a chamar aqui de casa, minha mão aperta seu quadril. — Eu vou tirar quinta-feira. Vamos passar o dia juntos, talvez possamos dar um passeio na minha moto e depois sair para jantar. — Sério? — Ela sussurra, com seus olhos fixos nos meus, e desliza a mão para segurar minha bochecha enquanto o polegar acaricia o osso da bochecha. — Por que você está olhando para mim assim? — Porque não sei o que fazer com você, — ela responde. — Por que isso? — Não sei. — Ela encolhe os ombros, olhando para trás antes de olhar para mim e continuar. — Eu nunca soube que poderia ter isso com alguém, essa facilidade, esse tipo enorme de felicidade. Mas com você, eu sinto isso todos os dias, e todos os dias fica melhor e melhor. Então, quando você faz coisas doces, como dizer que vai folgar para que possamos passar o tempo juntos, esse melhor é muito melhor. — Ela respira profundamente antes de terminar calmamente, já tendo me derrubado. — E não sei o que fazer com isso. — Foda-se. — Eu me sento, colocando-a de costas, então fico sobre ela com meu rosto perto do ela. — Quanto tempo vai levar para você cozinhar a merda que


comprou para levar aos seus pais? — Pergunto, e ela pisca para mim, parecendo um pouco atordoada com a nossa nova posição. — Eu... O q... Por quê? — Porque eu quero comer você e fodê-la, então preciso saber quanto tempo eu tenho. Preciso saber se tenho tempo para tomá-la com a boca, ou se preciso apenas fodê-la, deixando a comida para mais tarde. — Oh, — ela suspira, então vira a cabeça e olha para o relógio no DVR. — Anjo, — resmungo com impaciência, e seus olhos voltam para mim. O desejo cru e primitivo lá é difícil de perder. — Eu... Eu não acho que você tenha tempo de me comer, — ela sussurra, e porra, minha boca realmente está com vontade de prová-la. — Certo. — Corro minha língua pelo pescoço, então sussurro em sua orelha, — Significa que posso levar meu tempo comendo sobremesa quando voltarmos. — Oh, — ela geme, seus quadris se levantam para os meus. Levantando a cabeça, eu olho para seus lindos olhos e depois perco de vista enquanto inclino minha cabeça e pego sua boca em um beijo intenso, longo e quente, antes que de fodê-la no sofá. Depois de nós dois gozarmos, eu a vejo ir nua em direção ao quarto carregando suas roupas. — Quer uma cerveja? — Ela pergunta, saindo alguns minutos depois, sem sutiã, camiseta branca e moletom cortado como short, passando os dedos pela minha nuca. Eu inclino minha cabeça para trás para olhar para ela de cabeça para baixo. — Sim, baby. — Ok. — Ela se inclina, beijando-me de cabeça para baixo, então se afasta e sorri antes de ir à geladeira, voltando um segundo depois com uma cerveja. Ela me entrega com outro beijo antes de desaparecer na cozinha. Sentado no sofá, com os pés descalços na mesa de café, a cerveja na minha mão, ouvindo-a na cozinha, eu sei sem sombra de dúvida que cada momento da minha vida me levou diretamente a ela, que não só estou apaixonado, mas a amo de uma maneira que vou amá-la até o dia em que eu morrer.


Capítulo 09 Harmony

Indo para a casa dos meus pais, sentada ao lado de Harlen no assento do passageiro de seu SUV – um SUV que deveria ter sido rebocado para um ferro-velho há cerca de um século – eu me mexo, ouvindo a trituração de couro desgastado, seco e rachado sob mim. — Querido, exatamente quantos anos tem essa coisa? — Pergunto. Ele olha rapidamente para mim antes de voltar a olhar para a estrada. — Por quê? — Apenas me perguntando quanto tempo o couro demora... — eu paro, tentando descobrir como não machucar os sentimentos dele. — Bem... Couro se transformar em poeira, — eu digo, e ele ri, alto, apertando meus dedos, os quais estão enrolados nos dele. — É de 1992, — 1992? — Repito num sussurro, olhando o interior. Os assentos traseiros parecem tão ruins quanto a frente, talvez pior ainda, o material rasgado e descamando em pontos. O tapete no chão está com falhas enormes, a lataria aparecendo, e o exterior é só ferrugem. Jesus, não é apenas velho, é muito velho. — Sim, um noventa e dois. — Você acha que talvez seja hora de uma renovada? Quero dizer, não precisa ser nada louco. Pode até ser como 2000 ou algo assim.


— Não preciso de nada mais novo. Eu só dirijo isso quando não posso andar de moto, e, felizmente, isso não é frequente. — Então você está dizendo que provavelmente irei andar mais de uma vez nisso, — suponho, pensando que deveria atualizar minha vacina de tétano mais cedo e não mais tarde. Rindo, ele leva a mão aos lábios, beijando meus dedos. — Sim, baby, é isso que estou dizendo. — Você se opõe a capas de assento? — Pergunto, e ele sorri para o parabrisa. — Não. — Bem, pelo menos, tenho isso, — murmuro, curtindo o riso quando ele sorri novamente, e então seus olhos vêm para mim brevemente enquanto seguimos para a estrada que nos levará à casa dos meus pais. — Você está preocupada com o jantar? — Um pouco. — Puxo uma respiração profunda e solto lentamente. — Quero que esta noite vá bem. Eu quero que meu pai me veja com você e veja o quão feliz você me faz, e talvez, apenas talvez, esteja feliz por eu ter encontrado isso, — confesso, e seus dedos apertam os meus. — Você está nervoso? Ele olha para mim e franze a testa. — Não. Não estou nem um pouco surpresa com a firmeza da resposta dele. Não consigo imaginar ele nervoso com qualquer coisa. Ele provavelmente seria tão blasé caso fosse o único que tivesse que decidir se deveria ou não pressionar o botão que desencadeasse uma bomba nuclear que possivelmente poderia começar a III Guerra Mundial. — Devo estar nervoso? — Não sei. — Você vai terminar comigo se as coisas não forem bem? — Ele pergunta quando paramos e estacionamos na frente da casa dos meus pais. Eu rio. — Não. — Ficará tudo bem. É um jantar, e sua mãe estará lá. Mesmo que seu pai esteja infeliz, ele não deixará isso aparecer na frente dela.


— Como você sabe disso? — Sussurro, atordoada. Eu sei disso porque passei minha vida ao redor dos meus pais. Papai sempre protege mamãe de qualquer coisa que possa deixá-la incomodada ou chateada. Mas Harlen não esteve perto de meus pais o suficiente para saber que o meu pai fará isso por ela. — Eu sei por que farei o que for preciso para garantir que esta noite seja boa para você. — Você e meu pai são muito parecidos, — eu digo quando ele desliga o motor e me olha duvidosamente. — É verdade. — Tiro o meu cinto de segurança, depois me inclino sobre o console entre nós, apoiando a mão que não está sendo segurada por dele, contra seu peito. — Ambos são protetores das pessoas que gostam. Gentil, apesar de que olhando para você, nunca saberia que você poderia ser gentil. Vocês são doces e gentis. — Mantenho meus olhos sobre ele e sussurro, — Você é o melhor homem que eu conheço. — Você me ama. — Não é uma pergunta, é uma declaração. E olhando nos olhos dele, percebo que sim. Caramba, quando isso aconteceu? Merda, como isso aconteceu? — Eu... — eu tento me endireitar, mas antes de poder fugir, ele me arranca do meu assento e me coloca no colo dele, entre ele e o volante. Enquadrando meu rosto com suas grandes mãos, ele me aproxima, tão perto... E tudo que eu vejo é ele. — Eu te amo. — O quê? — Suspiro, olhando seus belos olhos, sua respiração misturando com a minha. — Eu amo você, — ele repete, e balanço a cabeça, tentando absorver o fato de que ele está me dizendo que me ama quando percebi que eu estava apaixonada por ele. — Como? — Fecho meus olhos, deixando minha testa cair no queixo dele, me sentindo como uma idiota por fazer essa pergunta. — Você quer uma lista de razões? — Ele pergunta, passando os dedos pelo meu cabelo, e sei pelo tom dele que ele está sorrindo. — Não.


— Isso é bom, uma vez que é uma longa lista de merda. — Abro os olhos e afasto a cabeça para olhar para ele, vendo que ele ainda está sorrindo, e também encontrando seus olhos suaves e um olhar, que só pode ser descrito como amor, brilhando para mim. Deslizando a mão pela minha bochecha, depois no pescoço, os dedos dele rodeiam minha garganta e desliza para o meu cabelo, e ele me puxa, pressionando a testa na minha, onde sussurra, — Você me ama? — Sim. — Essa palavra sai apressadamente, e sinto que meu nariz e olhos começam a pinicar. Agarro a camisa dele enquanto meu queixo treme. — Eu vou chorar. — Não, você vai me beijar. — Não, — nego, balançando a cabeça. — Acho que vou chorar seriamente. Usando a mão no meu cabelo, ele inclina minha cabeça para o lado e aproxima minha boca, e sua língua desliza pelo meu lábio inferior. Sentindo isso, meus lábios se separam automaticamente e o provo, o beijando e esquecendo completamente de chorar. Afastando sua boca da minha, ele murmura, — Porra, — e percebo que há uma luz piscando dentro e fora das minhas pálpebras fechadas. — O que... — eu abro meus olhos e viro a cabeça, sentindo meus olhos se alargarem quando vejo meu pai de pé na varanda da frente com uma lanterna direcionada na nossa direção – algo que ele fazia quando eu estava no colégio e um encontro me deixava em casa e nós estávamos nos agarrando. — Sério? — Porra, — Harlen resmunga; eu luto com o riso que sinto borbulhando dentro do meu peito e olho para ele. — Nós devemos entrar, — sussurro, sabendo apenas olhando para ele que ele não quer ir jantar, mas está fazendo isso por mim. — Sim, — ele suspira. — Venha. — Ele abre a porta e depois me ajuda a sair, o que é um pouco estranho, desde que minhas costas estão na porta. Uma vez que os pés estão no chão, ele sai, bate a porta, e então pega no assento traseiro o suflê de caranguejo que eu fiz. Sorrio para ele, e ele sorri antes de seus olhos irem para a varanda e seu sorriso desaparecer.


Vendo seu sorriso desaparecer, eu olho para o meu pai, que está nos observando, parecendo – você adivinhou – ainda chateado, e faço algo que nunca em um milhão de anos teria feito anteriormente. Seguro a mão de Harlen firmemente e ando em direção ao meu pai, dizendo alto, — Eu acabei de perceber que estou apaixonada, então se você será um idiota, não seja. Eu gosto de como a minha bolha está agora, e não quero que você a estoure. — Cristo. — Harlen ri e eu olho para ele, encontrando seus olhos em suas botas e um sorriso nos lábios. Melhor. — Boom, — ouço uma voz familiar rir; meus olhos se alargam e disparam para o alpendre. — Pare, pai, — o meu pai rosna, e continuo escaneando o escuro até encontrá-lo, meu vovô sentado em uma das cadeiras de balanço com uma cerveja na mão. Quando os nossos olhos se encontram, ele sorri para mim. — Hey, querida. — Vovô, — sussurro, e ele se levanta, dando três passos na varanda e parando no alto da escada. — O quê? — Olho entre meu pai e ele. — O que você está fazendo aqui? — Eu e sua avó viemos aqui para uma visita. Sua avó ia ligar para te dizer que estávamos na cidade, mas sua mãe disse que você viria jantar esta noite, então pensamos em surpreendê-la, — ele diz, e subo correndo nas escadas, me enrolando na cintura dele. Seus braços se fecham ao meu redor enquanto seus lábios tocam o topo do meu cabelo. — Você está bem? — Sim! — Aperto a cintura dele, depois inclino a cabeça para olhar para ele. — Ainda melhor agora. — Sorrio e sussurro, — Eu gostaria que você conhecesse alguém. — Tudo bem. — Ele toca seus lábios na minha testa novamente, então envolve o braço em meus ombros, colocando-me contra ele enquanto deslizo o meu braço ao redor da cintura dele. Virando-o para encontrar Harlen, sorrio enormemente e agito minha mão. — Vovô, este é Harlen. Harlen, meu avô. — Agito minha mão entre eles.


— Prazer em conhecê-lo, senhor. — Harlen estica a mão e o vovô a segura, sorrindo para ele. — Você também. — Vovô olha de Harlen para o meu pai, e algo que não consigo entender passa entre eles antes dele liberar Harlen, olhar para mim e sorrir. Ok, super estranho, o que quer que seja. — A vovó está lá dentro? — Pergunto, apertando a cintura dele, e ele balança a cabeça. — Não, sua mãe e ela tiveram que correr até a cidade para comprar algo. — Oh. — Eu franzo o cenho, e ele sorri. — Elas voltarão logo. — Quanto tempo vocês ficarão na cidade? — Cerca de uma semana. — Vocês estão aqui para procurar um lugar para morar? — Pergunto esperançosamente, e ele balança a cabeça. — Não, querida. — Droga, — sussurro. — Continuarei desejando. — Ou você poderia levar seu homem e ir nos visitar, — ele sugere, abraçando-me. — Sim, — concordo, olhando para Harlen e me perguntando se ele já esteve na

Flórida. Então

eu

me

pergunto

como

ele

ficaria

em

shorts

de

banho. Provavelmente sexy. — O seu velho pode ter um abraço? — Papai pergunta, parecendo impaciente. Meus olhos voam para encontrar os deles. — Você será legal? — Sim, — ele grunhe, e reviro meus olhos, indo até ele. Enrolando meus braços ao redor de sua cintura, eu o abraço firmemente. — Apaixonada? — Ele pergunta sobre o topo da minha cabeça, e eu aceno. — Porra. — Papai. — Eu sei, sua bolha, — ele murmura, soando divertido e irritado, e solto uma risadinha antes de lhe dar um aperto e soltá-lo.


Quando me aproximo de Harlen, seus olhos vêm para mim e pego o prato que trouxemos das mãos dele. — Você quer uma cerveja? — Sim, baby. — Ok, eu já volto. — Fico na ponta dos pés, beijo seu maxilar barbudo e entro. Colocando o prato no balcão na cozinha, vou à geladeira e pego uma cerveja para Harlen e um refrigerante para mim, levando ambos em direção à porta da frente. Assim que saio na varanda, mamãe e vovó chegam e estacionam. Vendo minha avó acenar através do para-brisa, eu sorrio e entrego a cerveja para Harlen, saltando os degraus para a porta do passageiro e abrindo-a. — Meu bebê! — Vovó chora, saindo do carro e me dando um abraço quente e apertado, me balançando de lado a lado da mesma maneira que ela fez toda a minha vida. — Ei, vovó. — Eu me inclino para olhar para ela, e suas mãos moldam meu rosto. Eu senti falta dela. Também senti falta do vovô, mas realmente senti falta da minha avó. Nós sempre fomos próximas, o que tornou muito difícil quando os dois se mudaram para a Flórida. — Você esteve escondendo algo, senhorita, — ela repreende, ainda sorrindo. — Sua mãe me falou sobre esse novo homem quando cheguei nesta manhã. — Desculpe. — Olhando sobre o teto do carro, para a minha mãe, a vejo sorrir para nós antes de fechar a porta dela. — Espero que ela tenha dito quão incrível ele é. — Ela disse, — vovó confirma, e meus olhos voltam para ela. — No entanto, seu pai não parece concordar. — Ela pisca, e eu rio. — Você pode me dizer o que você pensa dele, já que ele está aqui, — eu digo, e ela olha para a varanda, os olhos arregalados ao pousarem em Harlen, em sua bota, jeans escuros e uma Hanley de mangas compridas azul-marinho que lhe cabe como uma segunda pele, mostrando cada um de seus músculos. — Ele é grande, — ela sussurra. — Sim, — concordo. — E bonito, — ela sussurra novamente, e sorrio. — Sim.


— Perfeito para a minha garota, — ela termina, e sinto meu coração espremer. — Estou apaixonada por ele. — Você não precisava me dizer isso. — Ela se vira para mim, agarrando minha bochecha. — Vejo isso em seus olhos. — Você vê? — Sim. — Eu só percebi esta noite, — admito, e ela sorri conscientemente. — Às vezes, as mulheres ficam tão envolvidas no que está acontecendo que não percebem o que realmente está acontecendo. — Isso é verdade, — eu murmuro, e ela ri, envolvendo seu braço em volta da minha cintura e me puxando para ela. — Venha, me apresente para o seu homem. — Ela me leva para as escadas, onde meu pai tira as sacolas da minha mãe enquanto ela está saudando Harlen com um beijo na bochecha, algo que parece irritar papai ainda mais. Lutando contra o riso, eu subo os degraus e olho para Harlen enquanto minha mãe e meu pai entram, com o vovô os seguindo. — Harlen, gostaria de apresentá-lo à minha avó. Vovó, Harlen, meu namorado, — digo, e ela me solta, dando um passo em direção a Harlen, que estica a mão no braço dela e se inclina para beijar sua bochecha. — Prazer em conhecê-la, senhora. — Você também. — Ela acaricia o braço dele, sorrindo, e então ela vira para mim, aproximando-se para tocar minha bochecha. — Boas maneiras, e é bonito. Sim. Perfeito para a minha garota, — ela diz calmamente, e mordo meu lábio, então não choraria. — Te amo, querida. — Amo você também, vovó, — sussurro, e seus dedos me apertam e me soltam. Virando em direção à porta, ela sorri para nós por cima do ombro e diz, — Vamos comer. Harlen, eu quero ouvir tudo sobre você. Ele coloca a mão nas minhas costas e eu sorrio para ele e ele sorri enquanto me conduz para dentro da casa. Nós nos dirigimos para a sala de jantar, onde já há


comida na mesa – um enorme assado, batatas, salada e pãezinhos. Harlen me espera sentar e pega o assento ao meu lado, enquanto a vovó fica no lado oposto dele, ao lado do vovô. Olhando ao redor da mesa para meus pais e avós, sentindo Harlen perto, eu sorrio. — Harlen, fale-me sobre seus pais. Onde eles vivem? — Mamãe pergunta, colocando comida no prato de papai, e meu estômago, que estava cheio de felicidade e calor apenas alguns segundos, cai. — Perdi a minha mãe e meu pai aos quinze anos, — Harlen responde suavemente, e a mesa fica silenciosa. Todo mundo para o que está fazendo para olhar para ele. Descansando minha mão em sua coxa coberta de jeans, aperto, então sinto seus dedos deslizarem pelo meu braço e meu pulso antes de virar minha mão, juntando nossos dedos. — Sinto muito. Eu não fazia ideia, — mamãe sussurra e vejo seus olhos se encherem de tristeza e dor por ele. — Foi há muito tempo, Sophie. Estou bem, mas obrigado, — ele responde em voz baixa, e minha mãe acena, e em seguida desvia o olhar. Eu a vejo respirando profundamente

enquanto

papai

toca

a

nuca

dela,

dando-lhe

um

aperto

suave. Pegando o olhar do meu pai na mesa, vejo remorsos nos olhos dele. Sabendo que o jantar será incômodo, com ninguém sabendo o que dizer ou fazer se eu não fizer algo para nos tirar da nuvem escura cobrindo a mesa, eu aperto os dedos de Harlen. — Harlen foi criado pela tia depois que seus pais faleceram. Eles são próximos, — insisto, e todos os olhos vêm para mim. — Ela estará aqui no Natal. — Isso é bom. Ela terá que vir aqui quando estiver aqui, — mamãe diz, e eu aceno. — Pretendo pedir permissão a ela para casar com seu sobrinho enquanto ela está aqui, — eu brinco, e os olhos do meu pai se alargam enquanto os dedos de Harlen ficam tensos sobre os meus. — O que você acha que ela vai dizer? — Olho para Harlen e ele balança a cabeça, seus lábios se contorcendo.


— Odeio explodir sua bolha, Anjo, mas de jeito nenhum minha mulher vai me pedir em casamento, — ele murmura, e luto com um sorriso, estreitando meus olhos com uma irritação fingida. — Esta é uma regra alfa? — Porra, sim. — Nós veremos. — Encolho os ombros, ouvindo minha mãe e minha avó rirem, esse som me enche de alívio. — Nós não veremos, — Harlen não concorda, me forçando a soltar sua mão e apertando minha coxa. — Você diria não? — Pergunto, e seus olhos se estreitam. — Você não me pedirá em casamento, — ele responde sem responder a minha pergunta. — Você diria não? — Repito, e seus dedos escorregam, de uma maneira que me faz torcer. — Não está acontecendo, — ele afirma com firmeza, fazendo minha coluna endireitar-se em verdadeiro aborrecimento. — Você não pode me dizer que não posso pedir para você se casar comigo. Posso fazer o que eu quiser. — Porra, nós realmente vamos discutir sobre isso? — Ele pergunta, e ouço meu pai rir, mas não olho para ele, embora eu realmente, realmente queira olhar. — É um novo dia, uma nova era. As mulheres pedem aos homens em casamento o tempo todo, — declaro com naturalidade, sem saber se essa afirmação é verdadeira. Tenho muitas amigas e muitas primas, e nenhuma delas já propôs a um homem antes. Pelo menos, não que eu saiba, mas isso não significa que isso não aconteça. — Este argumento é inútil, já que essa merda não acontecerá, — ele diz, afastando seus olhos. Olhando para minha mãe e meu pai, ele afirma — Sua filha é doida. — Eu não sou! — Reclamo, ouvindo todos na mesa rirem. — Querida, — o papai chama; viro minha cabeça e me concentro nele. — Você não pedirá que ele se case com você.


— Sério, você também não pode me dizer o que fazer, — eu corto, me sentindo uma idiota, porque eu soo como uma idiota. Mas, novamente, todos estão sorrindo, e ninguém está pensando no fato de que Harlen perdeu seus pais muito cedo, então estou bem em ser uma idiota agora. — Mãe, você quer me ajudar aqui? — Querida, desculpe, mas não. — Ela balança a cabeça. — Eu acho que um homem deveria ser o único a pedir uma mulher em casamento. — Ela sorri, e eu olho em torno de Harlen para vovó, levantando uma sobrancelha. — Vovó? — Tenho que concordar com sua mãe, querida. Qualquer um que eu quisesse que estivesse com a minha garota é melhor que faça esse pedido e não o contrário. — O que aconteceu com o poder das meninas? — Murmuro, e Harlen solta minha coxa, então desliza seu braço em torno de meus ombros, puxando-me fortemente contra ele. — Está bem. Guarde as armas, baby, e lute outro dia pelas mulheres. — Ele beija o lado da minha cabeça. Inclino minha cabeça e ele arrasta seus lábios suavemente sobre os meus antes de se recostar na cadeira e sorrir. Vendo-o sorrir, olho em volta da mesa e percebo que todos, incluindo meu pai, têm a mesma expressão feliz. Graças a Deus. E felizmente o resto do jantar corre sem problemas, mas ainda me pergunto qual seria a resposta de Harlen caso eu o pedisse em casamento. *** Deitada nua em cima de Harlen, respirando pesadamente, com minha buceta ainda convulsionando em torno do seu pau pelo orgasmo que acabei de ter, eu levanto e me sento. Olhando para seu rosto bonito, eu finalmente entendo por que as pessoas vão tão longe para encontrar o que temos. Não é sobre o sexo, ainda que o sexo seja incrível. Trata-se de sentir que você pertence a algum lugar, que pertence a alguém, que, independentemente da vida insana ou difícil, você tem alguém ao seu lado que está sempre torcendo por você, sempre olhando para você.


A mão dele envolve o meu quadril e a outra desliza do meu lado, seus dedos parando logo abaixo do meu peito. — Você está bem? — Sim, — sussurro, estudando minhas mãos enquanto as deslizo para baixo, depois, para seu abdômen definido, observando seus músculos se apertarem e mexerem sob o meu toque. — O que você está pensando? — Perguntou em voz baixa, e levanto a cabeça para olhar para ele, então me inclino, deslizando minhas mãos pelo peito até me pressionar completamente contra ele. — Até você, eu realmente não entendia por que as pessoas faziam o que faziam por amor, — sussurro, movendo levemente o polegar sobre seu lábio inferior. — Finalmente entendi por que alguém faria o que fosse preciso para encontrar isso, porque arriscariam tudo por isso. Obrigada por me dar. — Cristo, — ele murmura, sentando-se, juntando-me contra ele, um braço em volta das minhas costas e escorregando a mão no meu cabelo. — Eu amo você, — acrescento, e seus olhos piscam logo antes de sua boca cair na minha para um beijo profundo e intenso. — Te amo também, Anjo. — Ele puxa meu rosto em seu pescoço enquanto envolvo seus quadris com minhas pernas e meus braços ao redor de seus ombros, segurando-o tão forte quanto ele me segura. — Eu tenho uma pergunta, — digo depois de um longo momento, e ele se afasta para olhar para mim. — O que? — Ele pergunta, seus olhos procurando o meu. — Hipoteticamente falando. — Eu aperto-o com os quatro membros, e pergunto calmamente, — Se eu te pedisse em casamento, você diria sim? — Hipoteticamente falando. — Ele sorri. — Você nunca saberá, — ele responde tão silenciosamente. — Grr, você é irritante. — Sim, mas você me ama. — O que significa que eu devo estar louca, — murmuro, e ele ri, empurrando o rosto no meu pescoço. — Não é engraçado, — resmungo, e ele ri muito. — Preciso tomar banho.


— Você pode tomar banho amanhã, — ele diz através de sua risada, e toco suas costas levemente. — Harlen, eu preciso de um banho. — Amanhã, Anjo. — Não, hoje à noite, — eu retruco; sua cabeça sai do meu pescoço e seus olhos encontram os meus, o humor desapareceu. Em seu lugar, há uma intensidade que me faz segurar a respiração. — Esta noite você dormirá cheia de mim. Você pode tomar banho amanhã. — Ok, — sussurro imediatamente, e seu rosto suaviza, seus dedos escorregando do meu cabelo para correr pela parte inferior do meu maxilar antes de nos deslizar na cama e apagar a luz. Uma vez que está pronto, ele rola para as costas, comigo envolta em seu peito, meus quadris bem abertos enquanto minhas pernas descansam em cada lado dele. Puxando as cobertas sobre nós, ele me segura, uma mão na parte de trás da minha cabeça e a outra logo acima da minha bunda. Eu fico lá no escuro, ouvindo-o respirar, a batida do coração contra minha orelha, duvidando que pudesse dormir com ele ainda dentro de mim e vazando. Mas em pouco tempo, meus olhos se fecham e adormeço cheia dele, de todas as maneiras possíveis. Ouvindo o que soa como uma serra poderosa, saio do sono e pisco, encontrando a cama ao meu lado vazia e os lençóis frios. É quinta-feira, dia em que Harlen tirou folga para ficar comigo. Pensei que começaríamos nosso dia juntos na cama, depois passaríamos a maior parte do dia aqui, então não sei por que ele não está aqui comigo. Escuto o barulho terminar e fecho os olhos, apenas para que volte a abrir quando ouço o bater continuar. — O que diabos está acontecendo? — Pergunto a ninguém enquanto eu me sento. Olhando para a porta do quarto fechada, como se tivesse o poder de ver através dela, minhas sobrancelhas se juntam quando o bater para e o ruído do início começa novamente. — O que diabos ele está fazendo? — Afasto as cobertas e pulo da cama. Colocando meus pés no chão, agarro a camisa de Harlen, que ele usou ontem, e a puxo sobre minha cabeça enquanto vou até a porta. Abrindo, caminho pelo corredor, parando e piscando quando vejo, através de um buraco na


parede, Harlen, Everret e outro homem que não conheço parados perto da minha porta traseira. Sim, um buraco na parede próximo do chão. Seus olhos me encontram através do buraco e me escaneam, dos pés descalços as minhas coxas nuas até a camisa que eu vesti, antes de encontrar meu olhar. Vendo o olhar que ele me dá, eu mordo meu lábio, então sinto meus olhos se alargarem quando o calor atinge minhas coxas – aquele calor não vem dele. Olho para Everett e para o cara que está ao lado dele, e acho que ambos estão olhando para mim, ou com mais precisão, olhando minhas pernas nuas. — Baby, roupas, — Harlen ordena, aparecendo de repente na porta de vidro aberta, e meu olhar feio dispara para ele. — O que vocês estão fazendo? — Roupa, agora, — ele rosna, e meu nariz enruga com aborrecimento. — Harmony. — Grr! Tudo bem. — Giro meus pés descalços e volto para o meu quarto, ignorando o riso que ouço atrás de mim. Agarrando um sutiã da cômoda, coloco-o sob a camisa dele, e visto um moletom antes de entrar no banheiro. Inclinada sobre a pia, escovando meus dentes, eu vejo Harlen através do espelho quando ele gruda nas minhas costas. — Não gosto muito de homens que eu conheço sabendo exatamente quão boa você é vestindo nada além da minha camisa, — ele diz, e meu nariz enruga novamente. — Eu não sabia que havia mais alguém aqui, além de você, — retruco através de um bocado de espuma antes de cuspir e enxaguar minha boca. Fecho a torneira e seco meu rosto com a toalha de mão. Prendo no gancho e viro para encará-lo. — O que exatamente vocês estão fazendo? Pensei que passaríamos o dia na cama. Com a palavra cama, os dedos de suas mãos envolvem meus quadris e seus olhos escurecem de uma maneira muito boa. — Colocando uma porta de cachorro para Dizzy. — O quê? — Suspiro.


— Estive querendo fazer por um tempo, mas não tive tempo. Hoje eu tenho tempo, então pedi a Mic e ao Everret que me ajudassem a fazer isso. — Oh, — digo suavemente, descansando minhas mãos contra o peito dele, derretendo nele e sentindo meu peito esquentar. Ele me ouviu falar sobre colocar uma porta de cachorrinho para Dizzy e foi fazer isso. Sim, eu o amo. — Não deve demorar muito. Quando terminarmos, você e eu podemos voltar para a cama. — Ele sorri e eu sorrio. — Ok. — Fiz uma xícara de café para você. Está na ilha. — Você vai se dar bem, — sussurro, inclinando-me para ele, e ele ri, só que não estou brincando, nem sequer um pouquinho. — Eu vou lembrar disso. — Ele abaixa a cabeça, roçando a boca sobre a minha, e então pega minha mão e me puxa para fora do banheiro e do quarto. — Baby, você conhece Everett, e esse é Mic. — Ele ergue o queixo em direção a Mic, e eu sorrio para ele, vendo-o devolver a expressão. — Ei, pessoal. — Aceno para eles, depois me abaixo para pegar Dizzy, que finalmente percebeu que eu existia. Segurando-o no peito, olho para o buraco na parede e para a caixa encostada no lado da porta. — Obrigada, caras, por ajudar com isso. — Eu aceno. — Não há problema, — Everett murmura, olhando entre Harlen e eu. — Não é um grande problema, — Mic diz com um encolher de ombros, sem ter ideia de que ele está me salvando milhares de dólares, então não é apenas um grande negócio; é enorme. Agora, em vez de poupar para a porta, posso comprar uma cama para o meu quarto de hóspedes. — Quanto devo por isso? — Pergunto, e os dedos de Harlen apertam meu quadril, então eu olho para ele. — Baby. — Ele balança a cabeça no que acho que é uma resposta. É apenas uma que não entendo. — Baby o que?


Seus olhos procuram os meus, então ele murmura, — Vamos falar sobre isso mais tarde. — Ele arrasta os lábios sobre os meus antes de me soltar e dirigir-se para a porta. — Alguém quer café? — Pergunto a todos na sala. Obtendo três nãos, eu sento

no banco segurando

Dizzy e

bebo meu café,

assistindo os

caras

trabalharem. Uma hora depois fico entediada, decidindo que deveria ser produtiva, começo a lavar roupa e retiro o esfregão seco e meus outros utensílios de limpeza para começar a limpar minha casa. Tirando ainda mais uma carga de roupa da secadora, levo ao quarto e esvazio a cesta, despejando as roupas na cama. Pegando uma das camisas de Harlen da pilha que acabei de despejar, eu olho para a cama e a roupa que eu já dobrei, e vendo as pilhas das roupas dele misturadas com as minhas, o calor se instala sobre mim. — Os caras se foram, — Harlen diz, entrando no quarto e paro de dobrar a camisa em minhas mãos. Olhando para ele e ao relógio, vejo que já passa das três. Os caras estavam aqui antes de eu levantar, as nove, então permaneceram aqui por mais de seis horas. Pedi pizza uma hora atrás, mas eles ainda mereciam mais do que isso – como eu agradecendo a eles antes de saírem. — Não consegui agradecê-los. — Você falou antes, e disse novamente quando você entregou a pizza e a cerveja. — Sim, mas foi antes que isso terminasse. — Termino com a camisa dele e a coloco em uma pilha de outras que eu já dobrara. — Eles sabem que você aprecia o que fizeram, — ele responde, aproximandose e tocando seus lábios no topo da minha cabeça. — Dizzy já entrou e saiu uma dúzia de vezes, então ele também agradece. — Você tem muitas coisas na minha lavanderia, — comento, e seu corpo enrijece. — O que? — Hum... eu... Você tem muitas coisas na minha lavanderia. — Aceno minha mão na cama e ele olha para onde estou apontando.


— Ok. — Devo esvaziar algumas gavetas para você? — Pergunto, e seus olhos voltam para mim, completamente inexpressivos. — Ignore-me. É muito cedo. Isso foi estúpido. — Balanço a cabeça e solto um grito alto quando não estou mais de pé, mas voando pelo ar e pousando na cama, saltando com as roupas se espalhando ao meu redor. — Harlen, você acabou de desarrumar as roupas que passei o dia todo dobrando! — Não me importo, — ele rosna, deslizando meu moletom e calcinha pelas minhas pernas. — Não dobrarei... Oh, Deus! — Eu grito quando suas grandes mãos abrem minhas pernas e ele abaixa a cabeça, lambe entre minhas dobras, depois puxa meu clitóris para dentro de sua boca. — Como eu disse, não me importo, — ele repete, antes de mergulhar novamente em mim, desta vez usando os dedos e a boca. Lançando uma perna e a outra sobre os ombros, ele me devora. — Porra, monte meu rosto, — ele pede, e eu faço. Levanto meus quadris, me esmagando contra a boca dele até eu gozar, e forte, com as mãos no cabelo dele, segurando-o para mim. Voltando para mim, meus olhos se abrem e vejo que ele se despiu, então o assisto se arrastar na cama. Minhas pernas se espalham para abrir espaço para ele, mas ele balança a cabeça. — Você vai se sentar no meu rosto e me chupar. — O quê? — Sussurro, segurando seu olhar, e ele se move, ajustando-me até que ele me tem onde quer, sentada com as pernas abertas na boca dele e as mãos nas coxas. Ele se inclina, me lambe, então se afasta para ordenar, — Me chupe, Harmony. Oh Deus. Engolindo, olho para o pau na minha frente e enrolo meus dedos ao redor dele. Quente, duro e sedoso, nós nunca fizemos isso. Eu lhe dei alguns boquetes, mas nunca assim. — Harmony. — Ouvindo o aviso em seu tom e vendo seus quadris levantarem, abaixo a cabeça, levando-o profundamente e deslizando-o para fora, circulando minha língua em torno da cabeça de seu pau. — Porra, sim.


Ele puxa meus quadris para a boca dele e eu gemo em torno de seu pau enquanto ele bate a língua sobre meu clitóris. — Oh Deus, — eu suspiro e o solto da minha boca com um estalido quando seus dedos se juntam a sua boca. — Chupe-me, — ele rosna contra mim. O som envia uma sacudida de prazer entre minhas pernas e através de cada centímetro meu. — Agora. Deslizando minha mão para baixo e para cima, eu o aprofundo, até o fundo da garganta antes de tirá-lo de novo e voltar para mais. Toda vez que eu o engulo, ele me recompensa com a boca, então vou por uma e outra vez até que minha buceta começa a convulsionar e seu pau começa a pulsar contra a minha língua. Sim! Minha mente grita enquanto ele me envia pela borda, e então ele afasta a boca e me empurra no seu pau, com minha buceta ainda se contraindo do meu orgasmo. Levanto-me e abaixo com força, deslizando minhas mãos até os seus joelhos, sentindo as mãos dele abrindo minha bunda, muito longe de ficar envergonhada com essa posição. Eu o chupo freneticamente até ouvi-lo gemer e saber que ele está gozando. Eu também estou gozando, então pego o ritmo e levo-o ao orgasmo juntamente comigo, e só quando estou completamente cansada, eu desacelero. Inclinando para frente, meu corpo esgotado, eu fecho os olhos. — Estou me mudando, — eu o ouço rugir atrás de mim, e meus olhos se abrem. Ele senta, tirando-me dele, e então me gira no colo. — O aluguel acaba em dois meses. Estou me mudando para cá quando isso acontecer. — Está? — Sussurro, muito feliz com esse plano. — Você está bem com isso? — Ele pergunta, me observando, e meu nariz pinica. — Sim. — Bom. — Ele passa os dedos pelos meus cabelos e caio nele, descansando minha cabeça em seu peito e envolvendo meus braços ao redor dele. — Nós podemos trazer o seu quarto para o meu, — sussurro, e seus braços me apertam.


— Funciona para mim. — Achei que sim. Minha cama é legal, mas a cama dele é maravilhosa; além disso, a dele é uma King. Ocupará mais espaço, mas valerá a pena. — Então, dois meses? — Preciso pagar o aluguel por mais dois meses. Não significa que não podemos começar a resolver as coisas. — Você se mudará para cá. — Repito, sentindo lágrimas no meu nariz. — Sim, baby. — Isso me deixa feliz, — sussurro, vendo seus olhos sorrir bem antes de perdê-los quando ele me beija. Sim, eu o amo totalmente.


Capítulo 10 Harlen

Tomando um gole da minha cerveja, eu rio de algo que Wes diz a Everret, então, olho para o meu celular quando começa a vibrar em cima do bar. — Ei, Anjo, — respondo, levantando da cadeira e o dedo médio para os homens à minha volta quando eles começam a falar merda. — Oi querido. Eu... Oh Deus... Não enlouqueça. — O que é? — Grito, ouvindo o tom de sua voz e a vibração que me rodeia muda, ficando alerta, o barulho na sala para. — Fui ao banheiro... Não o banheiro no meu andar, mas aquele no primeiro andar, porque queria pegar um café da loja de presentes, e esse banheiro está mais perto da loja. — Preciso saber tudo isso para você chegar ao ponto? — Pergunto, levando meus olhos até as minhas botas e perdendo paciência. — Bem... Acho que não, — ela murmura, a linha silencia. — Harmony? — Rosno através dos meus dentes. Wes levanta uma sobrancelha e balanço a cabeça. — Ouvi duas enfermeiras falando sobre o Dr. Hofstadter nos banheiros. Uma delas estava chorando – não chorando normalmente, estava soluçando. Ela disse que ele a encurralou e a tocou. Então ele disse que se ela contasse a alguém sobre o que ele fez, ele faria com que ela fosse despedida.


— Porra. — Inclino a cabeça para trás, meu dedo flexionando. Faz três semanas que jantamos com seus pais e avós, três semanas desde que Evan começou a procurar coisas no hospital, e ele ainda não descobriu por que essas enfermeiras perderam seus empregos. Ele descobriu que existem três homens com o último nome Hofstadter no conselho do hospital. Um deles é o CEO, o que é provavelmente o motivo pelo qual o Dr. Idiota pensa que pode fazer qualquer coisa que quiser sem qualquer tipo de explosão. — Eu... Eu não sei o que fazer. — Sua voz cheia de preocupação invade meus pensamentos, e agarro minha nuca, lutando contra a raiva que come o meu intestino. Respirando pelo nariz, acalmo minha voz e pergunto, — Você conhece as enfermeiras que estavam falando sobre ele? — Não, elas estavam em uma cabine quando entrei, e ainda estavam lá quando saí. Não as vi, não trabalho naquele andar, e assim eu não reconheci suas vozes. Porra. — Odeio dizer isso, amor, mas não há nada que você possa fazer. — Harlen, — ela suspira, e essa merda me mata. Se as conhecesse, ela poderia convencê-las a apresentar uma queixa contra ele, mas sem isso as mãos dela estão amarradas. — Ela disse que ele a tocou. Foda-se, não sei o que eu faria se ele tivesse feito essa merda com ela. Provavelmente, enlouqueceria e mataria o filho da puta. Porra — Eu sei, baby, — sussurro. — Odeio isso, — ela sussurra, e meu maxilar aperta. — Eu sei que você odeia, mas não há nada que você possa fazer. Apenas evite-o enquanto estiver aí. — Tudo bem, — ela concorda calmamente. Porra. — Te amo.


— Te amo também, — ela responde ainda silenciosa, e minha mandíbula aperta ainda mais. — Vejo você em casa, Anjo. — Escuto que o telefone ficar mudo, e o retiro da orelha, segurando-o na minha mão para não atirá-lo pela maldita sala. — O que foi? — Wes questiona, e levanto a cabeça para olhar para ele e para meus meninos. Homens que sempre tiveram minhas costas. Os homens que sei que sempre terão minhas costas. — Harmony ouviu duas enfermeiras conversando. Hofstadter teve mãos bobas com uma delas e a ameaçou com a perda do emprego caso ela contasse a alguém. — Porra. — O maxilar de Wes aperta, seus olhos piscam. — A Harmony está bem? — Everret pergunta, e meus olhos vão para ele, vendo que ele parece tão irritado quanto eu. — Ela está assustada e se sentindo uma merda por não poder fazer nada para ajudar. — Eu aposto, — Mic murmura com a mandíbula apertada. Foda-se. — Vocês sentem vontade de enviar uma mensagem a esse filho da puta? — Pergunto, e todos respondem com sorrisos assustadores. *** Parando em casa três dias depois, sinto minha mandíbula apertar quando vejo o carro de Nico estacionado na calçada. Ele se inclina contra a parte de trás com os braços cruzados sobre o peito e os pés cruzados nos tornozelos. Eu sei que ele sabe que Harmony está no trabalho, então ele não está aqui para vêla. Estacionando, desligo o motor da minha moto, empurro o tripé e saio, mantendo os olhos fixos nele enquanto tiro meu capacete. — Dr. Hofstadter teve um acidente alguns dias atrás. Olhos pretos, nariz quebrado e duas costelas quebradas, — ele diz, fechando a porta de seu carro e caminhando em minha direção.


— Que merda, mas acidentes acontecem, — murmuro, indo em direção a casa com ele me seguindo. Colocando a chave na fechadura, abro a porta e entro, com Dizzy saltando aos meus pés. Pegando-o do chão, coço atrás das orelhas dele. — Não posso te proteger, Harlen, — Nico diz calmamente enquanto vou para a ilha. Solto meu capacete e pego um petisco para Dizzy, entregando para ele antes de colocá-lo no chão. — Se ele insistir nas acusações, não posso protegê-lo, e tampouco Cobi. — Cobi, seu sobrinho, que também é policial, quem só encontrei duas vezes porque ele sempre está trabalhando desde que voltou para a cidade. — Ele deu queixa? — Pergunto, e aperto minha mandíbula. Eu sei que o Dr. Idiota não dará queixa. Também sei que ele chorou como uma puta quando fui para o rosto dele, e então ele chorou ainda mais como uma puta quando coloquei minhas mãos nele. Nunca usei meu tamanho ou punhos para intimidar, mas com ele eu fiquei feliz em fazer os dois. — Não faça nada assim novamente, — ele me diz. — Perdi meu pai há muito tempo, Nico. Apenas dizendo que não estou no mercado para um novo. — Estou tentando ajudá-lo, — ele grita, e balanço a cabeça, passando meus dedos pelo meu cabelo. — Sim, e quem está ajudando as mulheres que ele tem intimidado? Quem está ajudando quando ele as deixa tão apavoradas sobre perder seus empregos que elas não querem falar sobre o que ele está fazendo com elas? — Foda-se, — ele diz, e vou para a geladeira, agarrando duas cervejas e entregando uma para ele antes de abrir a minha. — Ele precisava aprender uma lição, — digo a ele, entregando o abridor de garrafas. — E você ensinou essa lição? — Não sei, mas se ele se esquecer, ou sair do caminho que o coloquei, eu não tenho nenhum problema em mostrar o caminho certo novamente, da maneira que for preciso. — Ele tem dinheiro. A família dele tem dinheiro, Harlen. Você precisa ter cuidado quando se trata de homens assim.


— Sim. — Sorrio, balançando a cabeça e estreitando meus olhos. — O que? — Meu pai era o dono da MacCabe Lumber, — declaro, e seus olhos piscam com entendimento. MacCabe Lumber é famosa na Califórnia. Não muito fora disso, mas se você trabalha na indústria da construção, onde eu sei que Nico trabalhou durante anos, então ele a conhece. Todo mundo que trabalha na indústria conhece. — A empresa foi dada a mim quando meus pais faleceram. Ainda é minha, apesar de não ter interesse em trabalhar nisso. Ganhei mais dinheiro sentado no banco do que eu, meus filhos, meus netos e os filhos de seus filhos jamais poderiam gastar durante toda a vida. Dinheiro é apenas dinheiro. — Harmony sabe? Minhas sobrancelhas se juntam, e pergunto, — Sobre o quê? — Que você tem esse tanto de dinheiro? — Ele diz, olhando pensativo. — Não. — Porra, — ele sussurra. — Você precisa dizer a ela. — Eu direi quando for a hora de dizer. Não mudará nada. Não uso esse dinheiro. Eu trabalho, ganho a vida com as mãos, fazendo algo que eu gosto de fazer. Nossos filhos, quando os tivermos, viverão como eu cresci, tendo tudo, mas não tendo tudo entregue a eles. Não estou preocupado com o Dr. Idiota, com o dinheiro dele, ou com as acusações. O que me preocupa é minha mulher sentindo como se estivesse virando as costas para um muro, ela me ligou após ouvir uma enfermeira dizer que o filho da puta a tocou, mas ela não podia fazer nada porque não queria perder o trabalho. — Porra, não sei se eu te abraço ou bato em sua cabeça. — Apenas dizer qualquer uma dessas coisas provavelmente me irritará, — digo, tomando um gole da minha cerveja, e ele sorri. Porra. — Ela está apaixonada por você. Acho que ela deve saber que você é um multimilionário. — Ela saberá depois que eu pedir para ela se casar comigo, antes que eu seja forçado a fazer com que ela assine um monte de papelada, — digo a ele.


Ele pisca, seus olhos continuam estreitados. — Um pré-nupcial? — Porra não, — eu nego. — Uma vez que eu colocar meu anel no dedo dela, essa merda não sairá, então não há motivo para um acordo pré-nupcial. Mas como ela será minha esposa, ela se tornará dona da MacCabe Lumber. — Cristo, melhor tomar cuidado. Talvez você não goste de gastar dinheiro, mas minha garota gosta. — E há muito para gastar. Nem mesmo ela conseguiria diminuir o que eu consegui. — Seu SUV é uma merda. — Sim, mas também foi do meu pai, então ele significa algo para mim. O dinheiro não significa nada. Eu tive dinheiro a minha vida toda, nunca fiquei sem nada até o dia em que precisei continuar vivendo sem meus pais. Isso me ensinou o que realmente importa na vida, e não é merda que você pode comprar em uma loja, — eu digo, e seus olhos mudam, respeito brilhando tão intensamente que é quase cegante. — Não poderia ter escolhido melhor para minha garota, ainda que eu tentasse. — Ele sacode a cabeça, tomando um gole de sua cerveja. Porra. Embora eu pudesse continuar o resto da minha vida sem ouvir essa merda dele, ainda é bom saber que sou bom o suficiente para a garota dele. — Quando você a pedirá em casamento? — Amanhã, — respondo, e seu queixo cai novamente. — O que? — Ela tem alguns dias de folga, então nos levarei até as montanhas e pedirei quando chegarmos lá. — Você não pediria minha benção? — Eu tenho a sua benção? — Eu não sei, — ele range, e eu luto contra um sorriso. — Apenas dizendo que estarei propondo a ela de uma forma ou outra, mas ela provavelmente adoraria se soubesse que eu tive sua permissão, — eu digo; solto minha cerveja e me inclino no balcão entre nós. — Eu amo a sua filha, Nico. Eu vou trabalhar duro para protegê-la, para mantê-la feliz, e para garantir que todos os dias


em que ela esteja nesta terra sejam bons. Parte dela ser feliz é que você e eu nos entendamos, mas para que isso aconteça, você precisa recuar quando se trata de nós. Eu entendo que ela é sua garota, mas você precisa entender que agora ela é minha. — Você tem minha permissão. — Finalmente, porra, — murmuro, pegando minha cerveja e colocando na boca. — As coisas com você sempre serão uma dor na minha bunda? — Provavelmente. — Encolho os ombros, dizendo honestamente a verdade de Deus. Meu pai me ensinou que o respeito é obtido, e com Nico isso será nos dois sentidos. — Porra, — ele murmura, bebendo da cerveja dele. — Você comprou um anel? — Ele pergunta depois de um minuto. Eu sorrio. — Sim. — Posso ver? — Ele pergunta, e penso nisso por um segundo, depois vou ao quarto. Pego a caixa da sacola que coloquei em cima do armário, fora do alcance dela. Tirando o anel, jogo a caixa na cama e volto para a cozinha. — Vejo que você não brincou com gastar dinheiro no anel, — ele observa, pegando-o. Ele não está errado. Custou uma mina para ter um designer em LA fazendo o anel para mim a partir do zero, mas eu sabia o que queria para ela e sabia que seria perfeito quando estivesse pronto, então valeu a pena. — Quanto tempo até eu ter um neto para paparicar? — Eu quero tempo com ela antes de começar a ter bebês, e sei que tem coisas que ela quer fazer antes disso também. — Os objetivos dela, — ele diz calmamente, os olhos no anel que ele ainda segura. — Sim, — murmuro. — Os objetivos dela são importantes para ela, significando que eles são importantes para mim. Ele tira os olhos do anel para olhar para mim. — Você está dificultando para que eu não goste de você, Harlen.


— O que posso dizer? Sou um cara simpático, — murmuro, e ele balança a cabeça. Me entregando o anel, ele pega sua cerveja e acaba. — Se algo mais acontecer com Hofstadter, me ligue antes de entregar outra mensagem. — Certo. — Falo sério. Isto não é eu sendo um pai, isso sou eu cuidando da minha família. A família dele Porra. — Vou ligar. — Bom, e Sophie vai esperar uma ligação da nossa filha depois que você propor a ela. — Eu me certificarei de que isso aconteça, — concordo; ele ergue o queixo e se vira para a porta, saindo sem outra palavra. Pegando minha cerveja, eu bebo; então volto ao quarto para guardar o anel na caixa e recolocar a sacola em cima do armário. Depois disso, eu vou à cozinha para começar o jantar. *** No quintal, eu pego a bola que Dizzy derrubou aos meus pés, puxo meu braço para trás e deixo-a voar. Assisto Dizzy pular os dois degraus e correr para a bola. Pegando minha xícara de café do corrimão eu rio enquanto Dizzy retorna com a bola na boca, deixando-a cair nos meus pés. Atiro mais uma vez e viro ao ouvir a porta de vidro se abrir. Escaneio Harmony, dos seus cabelos molhados aos dedos pintados de rosa, sentindo meu pau pular ao ver que ela não tem mais nada além de uma das minhas camisas. Meus olhos se concentram nos dela, procurando. Eu sei por apenas um olhar que ela ainda está preocupada, e essa merda faz minha raiva voltar quase a carga total. Na noite passada, quando estávamos deitados na cama, esforcei-me para não perder a cabeça quando ela começou a falar sobre procurar outro emprego.


Isso é o quanto essa merda está a perturbando. Desde quase o momento em que nos encontramos pela primeira vez, ela falou sobre quão feliz estava por trabalhar no hospital, e então esperava se transferir para a emergência. Toda vez que ela falou sobre um de seus objetivos, seus olhos se iluminavam com esperançosa emoção. Aquele filho da puta tirou isso dela. Não, eu absolutamente não me sinto mal por colocar minhas mãos nele. — Está frio aqui fora, — ela diz, e saio da minha cabeça, vendo seus braços nus arrepiados. — Você não deve ficar parada na porta com os cabelos molhados, baby, — digo a ela, e seu nariz enruga, algo que ela faz sempre que pensa que eu estou mandando nela, algo que acho adorável, o que significa que metade do tempo eu só mando nela para ver isso. — Você não deveria ficar com uma camiseta e calças jeans sem sapatos, — ela retruca, e sorrio, observando seus olhos caírem na minha boca. — Você já fez as malas? — Não. — Harlen, nós sairemos em uma hora. Você deve arrumar. — Me levará dois minutos para arrumar. — Dois minutos? — Seus olhos se alargam, e tomo um gole do meu café para esconder meu sorriso. — Eu só tenho que jogar duas camisas e jeans em uma bolsa, querida. Então, sim, dois minutos. — Onde está sua bolsa? — Ela pergunta, descansando as mãos nos quadris. — Vou arrumar para você depois de terminar de me arrumar. — Você não arrumará para mim. Seque o cabelo e termine de se preparar. Eu farei minha mala em poucos minutos. — Querido, vamos ficar fora por três dias, — ela diz; algo que eu já sei, já que fui eu quem reservou a cabana para esses dias. — E? — E... O clima nas montanhas pode mudar. Você precisa de mais do que apenas um par de camisetas e jeans.


— Baby, vou arrumar minha merda quando entrar. Basta se arrumar. — E se você não colocar coisas suficientes? — Ela pergunta, estreitando seus olhos. — Anjo, primeiramente, eu não planejo passarmos muito tempo fora da cama enquanto estivermos lá, então não preciso levar uma tonelada de merda. E em segundo lugar, estou bastante seguro de que eles têm lojas. Se eu precisar de algo, posso comprar. — Tudo bem, — ela bufa, cruzando os braços sob os seios, fazendo seus mamilos duros aparecerem através do tecido. — Vou terminar de me arrumar, mas só porque eu faria isso de qualquer maneira. — Certo, — murmuro, lutando contra um sorriso, e os olhos dela caem para a minha boca antes de soltar outro suspiro, depois vira, seus cabelos voando atrás dela enquanto ela sai. Eu assisto, curtindo a vista de suas longas pernas, a parte de trás das coxas e a minha camiseta subindo até a borda da bunda. Então olho para Dizzy, pego a bola e jogo-a mais algumas vezes antes que seja hora de entrar e fazer as malas. *** — Oh meu Deus, — Harmony sussurra. Ela senta-se mais a frente no assento do passageiro para observar pelo para-brisa a cabana à nossa frente enquanto eu entro na garagem e estaciono. Esta não é a única cabana ao redor. Devemos ter passado por pelo menos uma dúzia, se não mais, no caminho da montanha, mas é a única por um quilômetro. É isolada e privada, cercada por grandes árvores e à beira de um penhasco. — É linda. — É, — concordo, digitalizando o grande deck inferior e as janelas. Eu sei pela descrição on-line que há também um deck saindo do quarto principal, com uma banheira de hidromassagem. — Não posso esperar para ver o interior. Alguém nos encontrará aqui para deixar uma chave? — Ela pergunta quando desligo motor, e ela solta seu cinto.


— A porta deve estar aberta. Os proprietários disseram que deixariam a chave no balcão da cozinha. — Eu digo a ela, e ela sorri, então se inclina, tocando sua boca na minha. Afastando rápido demais, ela abre a porta e sai. Abro minha porta e saio para encontrá-la no porta-malas, onde pego a minha bolsa e a mala grande. Sigo-a até o convés e entro na casa assim que ela abre a porta. Deixo as malas na escada que leva ao quarto no segundo andar, depois pego a mão dela e a puxo pela casa. Liberando-a para que ela possa caminhar na sala de estar, paro na cozinha para pegar as chaves do balcão e leio o bilhete que os proprietários deixaram com as regras do lixo, já que há ursos pretos, e instruções sobre como usar a banheira de hidromassagem. Abrindo a geladeira, olho os itens para garantir que eles compraram tudo o que pedi, incluindo duas garrafas de champanhe. Está tudo aí, então caminho para Harmony, que está diante das janelas, que vão do chão ao teto, na sala de estar. Aproximo-me por trás dela, envolvendo sua cintura e deixando meu queixo no topo da sua cabeça. Olhando para a vista, não vejo nada exceto serenidade, nada além de floresta, nada além de paz. Eu sei que este é o lugar certo para pedir que ela passe o resto da vida comigo. — Você abasteceu a geladeira? — Ela pergunta, virando em meus braços e franzindo a testa. Puxando-a impossivelmente para mais perto, deslizo minhas mãos para baixo para descansar logo acima de seu traseiro. — Sim. — Então, não vamos sair para comer? — Eu disse que não planejei passarmos muito tempo fora da cama enquanto estivermos aqui, — respondo, e ela sorri, correndo as mãos no meu peito. — Você sente vontade de me dar um tour pelo quarto agora? — Ela deixa os olhos caírem na minha boca e deslizo minhas mãos sobre seu traseiro, pegando suas pernas e envolvendo meus quadris conforme sua boca cai sobre a minha. Após subir as escadas para o quarto com ela, nenhum de nós sequer se preocupa em olhar ao redor. ***


Horas depois, sentindo Harmony se mover, eu olho para ela e vejo que seus olhos estão abertos, o luar brilhando no quarto através das grandes janelas, lançando um suave brilho em sua pele nua. Depois que nós dois gozamos, ela duas vezes – uma vez com a minha boca, a outra bem antes de eu gozar forte e profundo dentro dela – eu fiz o jantar para nós, bifes que cozinhei no grill no convés traseiro, batatas assadas e feijão verde fresco. Nós comemos lá fora, rimos, bebemos – eu cerveja, ela vinho – e depois voltamos ao andar de cima, onde fiz amor com ela novamente. Eu não estava mentindo quando disse que não planejava passar muito tempo fora da cama. Não tenho tempo com ela com a frequência que quero agora, não com a sua escala e as aulas extras nos dias de folga. Eu sei que no final pagará dobrado, mas agora essa merda é uma merda. — Há uma banheira de hidromassagem. As palavras silenciosamente faladas me tiraram da minha cabeça e inclino minha cabeça para olhar para ela, encontrando a dela voltada para olhar para mim. — Sim. — Você não me disse que haveria uma banheira de hidromassagem. — Foi parte da surpresa. — Seria uma surpresa ainda melhor se eu tivesse trazido um biquíni para que eu pudesse usá-la. — Anjo. — Eu rolo para ela e olho para ela. — Você não precisa de um biquíni. — Preciso, — ela argumenta, e depois arfa quando mordo seu lábio inferior. — Você não precisa. — Eu cubro sua boca com a minha, sentindo seus dedos deslizar pelo meu cabelo. Aprofundando o beijo e pegando tudo o que ela está disposta a me dar, eu tomo mais. Porra, eu amo a boca dela. Eu amo o corpo dela. Eu a amo. Deslizando uma mão pela coxa dela, em seguida, pelo estômago e entre as pernas, eu gemo quando a encontro já molhada. — Porra, eu preciso de mais um gosto de você, — eu digo, afastando minha boca e beijando seu pescoço até o peito. Parando ali, puxo seu mamilo, sugando


forte e rolo com a ponta da língua. Suas costas arqueiam da cama e ela geme alto. Massageando seu clitóris com o meu polegar, meus quadris se mexem quando sua mão morna e macia envolve meu pau. Eu gemo, me afasto e deslizo minhas mãos pelos seus lados até as coxas, abrindo-as. Libertando-me de seu aperto, eu jogo sua perna sobre meu ombro e levo meu rosto entre as pernas, lambendo-a, e ouço seu gemido quando seu gosto atinge minha língua. Doce, tão fodidamente doce. Seu traseiro arqueia e seus quadris saem da cama, enviando-a mais fundo na minha boca. Empurrando dois dedos em seu calor molhado e apertado, eu os levanto, esfregando o ponto G. — Harlen! — Ela grita quando sua buceta começa a convulsionar. Foda-se, mas ouvi-la, cheirá-la, vê-la gozar é suficiente para me enviar perto da borda. Afastando-me, envolvo meu pau e lentamente retiro meus dedos dela, observando seus olhos abertos tentando focar os meus. — Eu preciso de você, — ela sussurra, levantando os quadris. — Você me terá, baby, — digo a ela, esfregando a cabeça do meu pau em suas dobras, então aperto meus dentes enquanto lentamente afundo dentro dela. Suas pernas se enrolam trás das minhas coxas e suas mãos envolvem minhas costas, deslizando para a minha bunda, me puxando para perto. Abaixo-me, deslizando minha mão debaixo da bunda dela, puxo seus quadris para mim enquanto levo minha boca até a dela. — Perfeita, tão fodidamente perfeita, — eu respiro contra a boca dela conforme puxo e empurro lentamente, repetidamente, com a buceta dela me puxando cada vez que deslizo para fora. — Eu te amo, — ela arfa e eu enlaço nossos dedos, levando-os acima de sua cabeça e dando-lhe o meu peso, o que ela aceita sem queixa, me segurando mais e mais apertado. Trabalhamos em perfeita sincronia, meus quadris empurrando para dentro dela, seus quadris circulando até que começamos a construir. — Jesus. — Acelero e me inclino para olhar seu lindo rosto, depois retiro minha mão de debaixo dela. Coloco o meu polegar no clitóris, circulando, ouvindo seu gemido e gemendo quando sua buceta começa a se contrair. Seu calor já embebido fica mais quente e úmido. Sentindo que ela começa a gozar, eu me inclino e pego a boca dela enquanto meus quadris começam a mexer e minha espinha


começa a tremer. Gozando forte, eu me planto bem dentro dela, e seus membros me apertam, suas mãos se movendo pelas minhas costas e pelos meus cabelos. — Também te amo. — Beijo a clavícula dela e me inclino para olhar em seus olhos. — O que você diz de tomarmos banho e depois entramos na banheira de hidromassagem? — Sério? — Ela sussurra, e eu sorrio. — Sim, sério, venha. — Eu saio dela, beijo seu estômago, e depois saio da cama, arrastando-a comigo em direção ao banheiro. Entrando no chuveiro que tem apenas um pequeno box de vidro separando-o do resto do banheiro, ligo a água e a puxo, fazendo um rápido trabalho para nos limpar. Uma vez que terminamos, desligo o chuveiro e enrolo uma toalha ao redor dela. — Descobrirei como funciona a banheira de hidromassagem. Volto já — Eu a beijo, deixando-a onde ela está enquanto saio do banheiro com uma toalha enrolada em meus quadris. Passando pela porta do quarto, o ar frio atinge minha pele. Supero o choque e caminho até o outro lado do convés para tirar a tampa da banheira de hidromassagem, ligando as luzes e os jatos. Volto para o quarto e vou até a minha bolsa para pegar o que eu preciso, e depois vou ao banheiro, vendo que está vazio. Começo a procurá-la, mas assim que me aproximo das escadas, eu a vejo subindo, carregando uma garrafa de champanhe. — Não trouxe copos. — Ela agita a garrafa para mim. — Achei que poderíamos beber direto da garrafa. — Ela sorri, e eu sorrio, pegando a garrafa, e então eu torço e estalo a rolha. — Aviso justo: está frio pra caralho, baby, — digo a ela quando abro a porta e saio no convés com ela atrás de mim. — Oh, meu Deus. — Ela ri, passando por mim e subindo os degraus rapidamente, depois tira a toalha no último segundo antes de sentar-se na água quente e fumegante. Rindo, entrego a garrafa de champanhe, tiro minha toalha e entro com ela, observando seus olhos vagarem por minhas coxas, pau e peito. Uma vez que estou sentado, eu a puxo para colocá-la no meu colo.


— Espere um segundo. — Roubo a garrafa de champanhe dela antes que ela possa tomar um gole e a coloco ao lado da banheira de hidromassagem. Segurando seus quadris, eu olho para ela. — Você me ama? — Sim, — ela sussurra, sorrindo enquanto seus olhos procuram os meus, suas mãos descansando em cada lado do meu pescoço. — Você quer passar o resto da sua vida comigo? — Sim, — ela repete em outro sussurro, seu corpo se aprofundando no meu. — Você se casará comigo? — Pergunto, pegando sua mão esquerda e deslizando o anel em seu dedo, sentindo seu corpo ficar tenso. — Harlen. — Sua voz treme e eu olho para ela, encontrando seus olhos no anel. O anel perfeito para ela, um diamante de cinco quilates cortado com um halo de diamantes menores em volta, preso em platina. O diamante da minha mãe. Grande, mas não muito grande, perfil suficientemente baixo para que ela não tenha nenhum problema usando-o no trabalho, quando tira e coloca as luvas. — Você vai se casar comigo, baby? — Oh, meu Deus. — Ela ergue a mão direita, cobrindo a boca enquanto seus olhos, ainda no anel, se enchem de lágrimas. — Baby. — Aperto seus quadris, e seus olhos finalmente me encontram. — Vai? — Sim! — Ela se aproxima, pressionando sua boca na minha. — Deus, sim, sim, — ela diz conforme as lágrimas escorrem. Pegando meu rosto entre as mãos, ela pousa a testa na minha. — Eu te amo, Harlen, tanto. — Eu também te amo, Anjo. — Toco meus lábios contra os dela e puxo-a contra meu peito quando ela soluça de repente. — Realmente não gosto de ouvi-la chorar. — Deslizo minha mão em suas costas, e ela ri em meio as suas lágrimas, enfiando o rosto mais fundo contra a minha garganta. — Desculpe, eu... eu... Vou parar em um segundo, — ela diz, e fecho meus olhos, sentindo suas lágrimas molharem a pele do meu pescoço. Porra, eu queria que minha mãe e meu pai estivessem vivos para conhecê-la, para ver que eu fiz bem, que encontrei uma mulher incrível para compartilhar a minha vida, para construir uma família.


— Eu queria que meus pais pudessem conhecê-la, — sussurro em voz alta; seus braços me apertam e seu corpo treme em um soluço alto que é doloroso de ouvir. — Eles teriam te amado baby, amado você pra caralho por mim. — Eu queria... Eu... Eu queria poder conhecê-los. — Ela soluça, e beijo seus cabelos, passando minha mão por suas costas. — Eles fizeram você do jeito que você é, então eles deveriam ser incríveis, tão incríveis. Eu sei que os amaria. Matando-me. Matando-me, porra. — Baby, — sussurro contra a orelha dela, segurando-a com mais força. — Eu te amo. Obrigada por me amar. Obrigada por ter facilitado para eu confiar em você, para eu me apaixonar por você. Sim, totalmente me matando. — Preciso te dizer uma coisa, — eu digo, e sua cabeça sai do meu pescoço, seus olhos procurando os meus. — O que? — Ela pergunta; preocupação enchendo sua voz. — O meu nome é MacCabe. — Sim, eu sei, — ela sorri, inclinando-se para tocar minha boca, mas afastome, mantendo-a onde ela está. — Você já ouviu esse nome antes? — Além de você, não. — Ela balança a cabeça e encolhe os ombros. — Não sei, talvez em um livro de romance ou algo assim. Por quê? — Meus pais possuíam MacCabe Lumber, na Califórnia. Quando faleceram, eles deixaram a companhia para mim. — Ok, — ela fala, soando confusa, e aperto a cintura dela. — O que estou tentando dizer é que eu tenho dinheiro, muito disso. — Você tem dinheiro? — Ela repete, suas sobrancelhas se juntando. — Sim. — Muito? — Ela acrescenta, e eu aceno. — O que você quer dizer com muito? — Quero dizer, tenho dinheiro suficiente para cuidar de você, qualquer criança que tenhamos, comprar uma mansão, este lugar, uma casa de praia, fazer viagens e viver em grande estilo, e ainda não faríamos um buraco nesse dinheiro.


— Santa merda, — ela suspira, com os olhos arregalados de choque e seus lábios se abrindo enquanto olha para mim. — Nós não faremos nenhuma dessas coisas, — digo a ela, e ela pisca. — Nós vamos fazer viagens, sim, comprar um lugar maior quando precisarmos, sim, sim, sim, mas o resto, não. — Balanço a cabeça, sentindo seus dedos apertarem meus ombros. — Não me importo com o seu dinheiro, — ela sussurra, e deslizo minha mão em seus cabelos, puxando-a para mais perto. — Eu sei que não, desde que até um segundo atrás você nem sabia que eu tinha algum. Estou lhe dizendo por que eu precisava que você soubesse. É parte de quem sou, mas não de quem eu sou. — Tudo o que eu quero é você. — E você me tem, tudo de mim. Sempre. Seus olhos se fecham, e quando abrem, suas mãos deslizam dos meus ombros para o meu pescoço, em meu cabelo. — Então eu não me importo com mais nada. — Te amo, Anjo. — Eu não te amo, Harlen. Seja como for, não é amor. Acho que não há uma palavra na língua inglesa para descrever como eu me sinto por você, — ela confessa; e meus braços a apertam enquanto empurro meu rosto entre seu pescoço e ombro, agarrando-a e fazendo isso com força, Sabendo que terei isso para o resto da minha vida. Esse contentamento, essa paz, e essa felicidade, desde que eu a tenha. *** — É lindo, perfeito mãe, mais do que isso, é especial, ele o fez usando o diamante da mãe dele... Eu sei, mas apenas espere até você ver, — ouço Harmony dizer, enquanto passo para o convés da cabana na manhã seguinte. Vendo-a enrolada em uma das cadeiras com o telefone na orelha e a mão estendida, movendo o dedo e observando a luz refletir no anel, eu sorrio. — Não, não estou chateada por


não conseguir pedir que ele se case comigo. — Ela ri, e levantando a cabeça, seus olhos encontram os meus e seu sorriso fica mais brilhante. Sorrindo para ela, entrego uma xícara de café, e ela inclina a cabeça para um beijo. Curvando-me, coloco minha boca suavemente sobre a dela, depois me assento ao lado dela na cadeira vazia. — Sim, chegamos em casa amanhã. — Ela suspira, então continua, — Não estou pronta. Gostaria de poder viver aqui para sempre. — Ela poderia pensar que conseguiria viver aqui, mas não poderia. É muito silencioso, e ela sentiria falta da família depois de algumas semanas. Não me importo com a solidão, e ainda não posso viver aqui para sempre. — Eu vou dizer a ele. Diga a papai que eu o amo. Sim, estaremos lá. Eu informo quando. Te amo também, mãe. — Ela sussurra as últimas quatro palavras, depois afasta o telefone da orelha e o coloca ao lado dela. — Tudo bem? — Mamãe está extasiada. Ela disse para lhe dar um abraço e dizer que está feliz por nós e nos espera para jantar quando voltarmos e eu ter um dia de folga. — Bom, vamos fazer isso acontecer, — prometo, descansando meus pés no corrimão na minha frente. — Papai disse bem-vindo à família, — ela sussurra, me estudando. Eu sorrio, agarrando sua mão e trazendo para minha boca. — Eu te disse que conversamos e que tudo está bem entre nós. — Pensei que você estivesse mentindo, — ela murmura, e ao rir ruidosamente, ela sorri para mim, e então coloca o café no chão. Ela se levanta, vindo até mim, senta no meu colo e envolve seus braços ao meu redor, descansando a cabeça no meu peito. — Eu não quero ir para casa, amanhã. — Nós podemos voltar a qualquer hora. — Algo que espero ansiosamente. — Sim, Anjo. — Beijo o topo de sua cabeça e pergunto, — Você quer um grande casamento ou pequeno? — Não sei. — O quê? — Eu me inclino para olhar para ela, e seus olhos encontram os meus.


— Nunca pensei nisso antes. — Ela encolhe os ombros. — Você planeja tudo, baby. — Até você, não pensei em encontrar um homem com quem eu desejasse passar a vida. Todos os meus outros objetivos eram alcançáveis. Encontrar um homem que me ama do jeito que você me ama parecia estranho, completamente impossível. Então, eu nunca pensei muito sobre o que seria minha vida se encontrasse um homem com quem quisesse ficar. — Hora de mudar isso, — digo gentilmente, e ela acena. — Que tipo de casamento você quer? — Ela pergunta após um longo momento de nós apenas olhando para a floresta que nos rodeia, mergulhando na paz e sendo apenas nós. — O tipo em que no final você é minha esposa, — digo a ela honestamente, dando-lhe um aperto, e ela ri. — Eu posso fazer isso, mas quando sua tia vier para o Natal, talvez ela, mamãe e eu possamos começar a juntar ideias, — ela diz calmamente, fazendo meu peito esquentar e meu interior apertar. — Ela adorará isso. — Bom. — Ela se inclina e beija minha mandíbula. — Temos um plano. — Nós temos um plano, — concordo enquanto suas palavras voltam para mim, me rasgando e me juntando novamente e novamente. Não pensei em encontrar um homem com quem eu desejasse passar a vida. Todos os meus outros objetivos eram alcançáveis. Encontrar um homem que me ama do jeito que você me ama parecia estranho, completamente impossível. Estranho, completamente impossível. Eu pensei o mesmo – que não havia como encontrar alguém perfeito para mim. Mas

embora

eu não estivesse

procurando, ela entrou na minha vida, provando que toda merda acontece por um motivo.


Capítulo 11 Harmony

Parando em frente à estação das enfermeiras eu olho para Mimi, curvada sobre uma pilha de papéis, com a cabeça em uma mão e uma caneta na outra enquanto escreve. — Eu vou à loja de presentes para tomar um café antes de fechar. Você quer um? — Pergunto. Ela ergue os olhos e reclina em sua cadeira, estendendo os braços sobre a cabeça. — Sim, por favor, leite e três colheres de açúcar. — Certo, você pode ficar de olho em meus quartos? — Claro, — ela concorda, e eu sorrio. — Volto logo. — Caminho pelo corredor e passo pelas duas portas. Parando no elevador, pressiono o botão para descer, meu anel chamando minha atenção como fizera todos os dias durante a semana passada. Eu amo o meu anel; é perfeito – mais do que perfeito – eu ainda quero me beliscar sempre que atrai minha atenção. Entrando no elevador quando as portas se abrem, eu vou até o primeiro andar, saio, e vou à loja de presentes, sorrindo para as pessoas quando eu passo. Vislumbrando o Dr. Hofstadter no final do corredor falando com outro médico, eu pisco. Seu nariz está inchado, há hematomas roxos e amarelos sob seus olhos, e um feio machucado amarelo-esverdeado na parte inferior de sua mandíbula. Seus olhos me veem, e assim que nossos olhos se encontram, meu estômago se torce ao ver o olhar no rosto dele.


Baixando minha cabeça, eu entro na loja de presentes, e então minha cabeça levanta rapidamente ao ouvir uma mulher na minha frente fazendo seu pedido. Eu conheço a voz dela. Conheço a voz dela porque ela é a mulher que eu ouvi chorando e conversando com a amiga no banheiro. Fazendo o meu pedido, eu me pergunto o que

devo

fazer. Devo

falar

com

ela? Devo

dizer

que

a

ouvi

falar

sobre

Hofstadter? Parando no final do balcão, fico perto de onde ela está, meu coração batendo forte contra meu peito. — Oi, — eu falo rapidamente, e seus olhos vêm para mim. — Uh... oi. — Ela dá um sorrisinho estranho, e mordo o lábio quando ela afasta o olhar. — Você trabalha neste andar? — Pergunto. Ela olha para mim novamente. — Sim, estou no departamento de emergência. — Impressionante. Meu sonho é trabalhar na sala de emergência, — digo a ela. Ela sorri genuinamente, depois estica a mão em minha direção. — Amy Sheldon. — Harmony Mayson. — Aperto a mão dela. — Muito prazer em conhecê-la. — Sim. — Ela assente. — O prazer é meu. Você já solicitou a sala de emergência? — Quando me candidatei no hospital, sim, mas não fui aceita. Agora, estou fazendo o curso de trauma e cuidados críticos aqui, na esperança de me transferir para emergência quando uma vaga se abrir. — Temos que trocar números. Eu informo caso ouça alguma coisa, — ela diz. Eu olho para ela. — Você faria isso? — Totalmente. — Uau. — Quando retiro meu celular e ela faz o mesmo com o dela, minha pele pinica, e viro para encontrar Hofstadter na fila para tomar café, seus olhos em nós. Sentindo Amy tensa, meu estômago revira, mas luto contra isso e volto minha atenção para ela. — Qual é o seu número? — Eu pergunto, e ela me dá, então enfia o telefone no bolso, dizendo um adeus rápido antes de decolar.


Pegando os cafés, meu e de Mimi, quando estão prontos, eu os levo até o elevador e ao segundo andar. — Dr. Hofstadter tem um nariz quebrado, — explico, e Mimi olha para mim, suas sobrancelhas se juntando. — Ele também tem algumas outras contusões. — Sim, eu vi isso há alguns dias. — Ela pega seu café e toma um gole. — Você sabe o que aconteceu com ele? — Nenhuma ideia. Meu palpite: ele irritou alguém. — Ela encolhe os ombros e mordo meu lábio. As contusões pareciam de uma semana, talvez um pouco mais velhas. Eu disse a Harlen o que ouvi há uma semana ou mais, mas ele faria isso? — Eu queria saber quem fez isso. Eu andaria até eles e lhes daria um high five. A admissão de Mimi rompe meus pensamentos, e sorrio para ela, então, olho para o quadro quando um ding começa e uma luz pisca. — Volto logo. — Inclino-me no balcão para depositar o café, depois vou ao quarto do meu paciente. Após ajudálos no banheiro e voltar à cama, volto para a estação das enfermeiras, e vejo Hofstadter conversando com Mimi quando chego lá. Avanço meus passos, mas quando me vê, ele não me reconhece. Ele sai rapidamente. — O que foi isso? — Mimi pergunta assim que chego à estação, seus olhos na porta que Hofstadter acaba de sair. — O que? — Assim que o Dr. Hofstadter a viu, ele não conseguiu correr rápido o suficiente. O que foi isso? — Não sei, — murmuro, mas meu estômago revira mais uma vez. — Esquisito. — Ela encolhe os ombros e mordo meu lábio. Não é estranho; tenho a sensação de saber o que está acontecendo, e assim que chego em casa, planejo descobrir com meu noivo exatamente o que ele fez. *** Saindo do hospital quatro horas depois, os cabelos na minha nuca ficam de pé e observo o estacionamento escuro e vazio. Desde que comecei a trabalhar aqui, sempre

está

escuro

quando

saio,

mas

nunca

tive

a

sensação

que

tive


agora. Apresando-me para o meu carro, entro e tranco as portas, escaneando o estacionamento enquanto eu o ligo. Coloco meu cinto de segurança, dou ré, e então vejo um carro a poucos lugares do meu, saindo também. Mandando embora a estranha sensação assentando no meu interior, viro à direita na rua principal e vejo o carro fazer o mesmo. Então, eu paro em um semáforo e olho no retrovisor. Vendo o carro atrás de mim, meu coração começa a bater estranhamente. É noite, completamente escuro lá fora, e ele está com um gorro preto, o que normalmente não seria estranho, pois está frio, mas ele também tem óculos de sol, também pretos, escondendo o rosto. Inclinando sobre o assento do passageiro, busco minha bolsa até encontrar o meu telefone, depois solto no meu colo. A luz fica verde, e quando isso acontece, tomo uma segunda decisão, e em vez de ir à esquerda, vou em frente, e vejo a seta do carro desligada enquanto ele me segue. Ok, talvez ele também não fosse para esquerda. Conduzindo em linha reta, eu mordo meu lábio e viro em uma das ruas de retorno. O carro segue, se aproximando mais. Em pânico agora, espero que passem dois carros, depois viro e pego meu celular, discando para Harlen. — Ei, Anjo, você saiu? — Ele pergunta, soando como se eu o tivesse acordado, e tenho certeza de que acordei. Ele provavelmente adormeceu no sofá com Dizzy, algo que ele faz frequentemente enquanto me espera chegar em casa. — Acho que estou sendo seguida, — sussurro, me perguntando se estou enlouquecendo. Olhando atrás, vejo que o carro ainda está lá, ainda perto. Merda. — O que? — Acabei de deixar o hospital e tive uma sensação estranha. Quando saí, um carro saiu comigo. Eu virei; ele virou. Não sei, mas acho que está me seguindo. — Onde você está? — Ele pergunta, e o ouço se movendo e fazendo isso rapidamente. Olhando para as ruas enquanto passo, eu respondo. — Agora, na Principal, — eu digo, quando a minha respiração começa a acelerar com preocupação e medo. — Respire para mim, querida. Vai ficar tudo bem. Apenas mantenha sua velocidade, fique na Principal, eu vou com encontrá-la com minha moto.


— Eu quero voltar para casa, — sussurro enquanto as lágrimas começam a desfocar minha visão. — Eu sei que você quer, e você vai. Mas agora, eu quero que você mantenha sua velocidade e fique na Principal. Vou te encontrar. Prometo. Prometo. Sim, ele vai me encontrar. — Ok. — Eu preciso te deixar para que eu possa subir na minha moto. Ligue para o seu pai e diga a ele para notificar os policiais para que eles possam estar à sua disposição. — Harlen, — sussurro, medo audível na minha voz que agora está tremendo. — Anjo, vai ficar tudo bem. Fique na Principal. Ligue para o seu pai assim que desligarmos. Estou indo para você. — Ok, — sussurro. — Te amo. — Eu também te amo. — Vejo a luz diante de mim ficar vermelha, e sem escolha, eu reduzo para parar. Com a visão borrada, busco o número do meu pai no telefone e pressiono ligar. — Querida, o que está acontecendo? — Papai pergunta, parecendo que eu o acordei. — Acho que alguém está me seguindo, — sussurro novamente no telefone, olhando do espelho retrovisor para a luz à minha frente. — O que? — Acho que alguém está me seguindo, — repito, pressionando o acelerador assim que a luz fica verde. — Onde você está? — Na rua principal. Acabei de passar pelos Veteranos. Harlen está vindo, mas ele terá que me encontrar. Ele estava em casa, então demorará alguns minutos para chegar a este lado da cidade. Ele disse para te ligar. — Vou ligar para a delegacia e informá-los para estarem atentos ao seu carro. Continue dirigindo. Não saia da Principal. — Não vou.


— A pessoa ainda está te seguindo? — Ele pergunta, e olho no retrovisor. — Sim. — Que tipo de carro é? — É preto e pequeno. Não sei que tipo de carro é. — Tudo bem, — ele diz suavemente, então o ouço transmitir essa informação para outra pessoa e não fecho os olhos, embora eu realmente queira. — Você consegue ver o motorista? Olho novamente no retrovisor e não vejo nada além do mesmo gorro e óculos escuros. — Sim, mas não consigo ver o rosto, ele está de óculos escuros. — Tudo bem, respire. As pessoas estão procurando por você, — ele me diz, e engulo um nó afiado se formando na minha garganta. Então eu vejo luzes vermelhas e azuis vindo da direção oposta. — Vejo luzes, mas eles seguem pelo caminho errado, — digo no telefone, assistindo dois carros de polícia passar por mim antes de voltar meus olhos para o retrovisor lateral e vê-los se afastar. Quando meus olhos voam para o retrovisor novamente eu vejo que o carro que estava atrás de mim desapareceu. Olhando por cima do meu ombro, meu estômago cai. Ele se foi. Ele também viu os policiais e fugiu, ou nunca esteve me seguindo para começar, e estou apenas paranoica. — Ele se foi, — sussurro no telefone, checando o retrovisor novamente. — Desculpa? — Papai pergunta e limpo a garganta, lutando contra minhas lágrimas repletas de alívio. — Ele foi embora. Não estou sendo seguida mais. — Se assustou, — papai murmura enquanto um gemido sobe na parte de trás da minha garganta quando ouço o som de tubos de moto por perto. — O que é isso? — Sua voz parece preocupada. — Harlen me encontrou, — digo a ele, olhando para trás e observando um farol se aproximando cada vez mais. Alívio, como eu nunca senti na minha vida, me supera. Paro no estacionamento de um posto e coloco meu carro no ponto morto, arranco meu cinto de segurança e abro a porta. Antes de sequer ter a chance de sair, Harlen me arranca do meu assento e me abraça. Enterrando meu rosto contra seu peito, eu soluço, meu corpo tremendo com adrenalina e medo. Levando-me em


seus braços, ele me carrega até a parte de trás do meu carro e me coloca sobre o porta-malas, colocando-se entre minhas pernas e me abraçando. — Shhh, está tudo bem, — ele sussurra, e sua grande mão acaricia meu cabelo e minhas costas. — Eu estava tão assustada. — Eu sei, Anjo, mas você está bem. Está tudo bem. — Ele beija meu cabelo, e envolvo meus braços ao redor de sua cintura tão forte quanto eu posso. Embora ele vire para pegar seu telefone que está tocando, eu não o solto. — Sim, eu a peguei. Ela está tremendo, mas está bem. Estamos no posto de gasolina na esquina da Principal e Vermont, — ele diz, e sei no mesmo instante que ele está falando com meu

pai.

Não

vi

ninguém. Peça a

alguém

que

verifique

as

fitas no

hospital. Sim. Bom. Certo. Te vejo em breve. — Ele se desloca novamente, e olho para ele quando seus dedos tocam meu queixo. — Vai ficar tudo bem. — Ok. — Prometo. — Tudo bem, — repito, soltando minha testa em seu peito quando uma nova onda de lágrimas sobe na minha garganta. Não procuro lutar contra elas; deixo-as cair. Ouvindo sirenes e observando luzes através das minhas pálpebras fechadas, abro os olhos e vejo dois cruzadores da polícia entrar no estacionamento. Então vejo os oficiais começarem a sair de seus carros. Escaneando os homens conforme eles se aproximam, meus olhos pousam no meu primo, Cobi. Ele mudou-se para casa há cerca de um ano e se juntou à força policial da cidade após sair do exército, onde era policial militar. Não o vi muito desde que ele voltou; ninguém o viu. Vejo seus olhos virem até mim e sua mandíbula se apertar, e então vejo que seus olhos vão para Harlen, e levanta o queixo enquanto os outros homens se afastam. — Vocês viram alguém? — Harlen pergunta. Cobi balança a cabeça. — Após sabermos que você estava com ela, nos espalhamos. Não encontramos nada, — ele diz; então seus olhos voltam para mim. — Você tem certeza que estava sendo seguida?


— Eu... — respiro, e então agito minha cabeça. — Não sei. Pensei que sim, mas agora não sei, — Eu admito, e seu rosto suaviza. — Alguém precisa verificar as fitas no hospital, — Harlen ordena, com seu corpo tenso contra o meu. — Já está sendo feito, — Cobi concorda; então ele vira a cabeça quando o carro do meu pai entra no posto e estaciona. Assim que papai sai, seus olhos cheios de preocupação vêm até mim, e Harlen se afasta, tirando-me do porta-malas. Antes que meus pés toquem o chão, os braços do meu pai me envolvem. — Você está bem? — Sim, — sussurro, abraçando-o com fortemente. — Não me preocupe assim de novo, — ele exige, e tento sorrir, mas parece forçado. — Vou tentar, — concordo. Ele se afasta para olhar para mim antes de pressionar um beijo na minha testa. Mantendo seu braço enrolado em meus ombros, ele nos vira e bate no ombro de Harlen, e então olha para Cobi. — Você encontrou algo? — Nada, — Cobi responde, e o peito do papai se expande. — Vou arquivar um relatório, mas agora, isso é tudo o que pode ser feito. — Vou levar Harmony para casa, — Harlen insere, e meus olhos vão para ele enquanto ele olha para o meu primo. — Você ou seus garotos sabem como andar de moto? — Sim, — Cobi diz, e sua resposta me surpreende. — Você se importa em levar minha moto para casa? — Não. — Cobi sorri, estendendo a mão, e vejo Harlen entregar a chave. — Se encontrar qualquer coisa, ligue para o meu celular. Nico tem meu número, — ele exige, e Cobi mais uma vez levanta o queixo logo antes de seus olhos deixarem Harlen e voltarem para mim, mais suaves. — Vamos, Anjo. Vamos levá-la para casa. — Ele diz gentilmente e olho para o meu pai. — Vá, descanse um pouco. — Papai me aperta, então beija a minha testa. Tomando a mão de Harlen, deixo-o me levar para o lado do passageiro do meu carro e me ajudar a entrar. Coloco meu cinto de segurança, depois o observo


conversar com meu pai e Cobi por alguns minutos antes de lhes dar um elevar de queixo e abrir a porta do motorista; sentando atrás do volante do meu carro, ele empurra o banco para trás até o máximo, e ajusta o volante. — Me desculpe, — sussurro quando ele sai do estacionamento e seus olhos se fixam em mim. — Desculpe pelo que? — Por isto. Eu... eu devo ter imaginado e me assustei. — Anjo, mesmo tendo ou não. Estou feliz que você tenha tido o sentido de me chamar, — ele diz, aproximando-se para pegar minha mão e levando-a ao colo. — Prefiro estar segura a desculpar quando se trata de sua segurança. Não concordo nem discordo. Olho pela janela, perguntando-me se eu imaginava ser seguida e me assustei por causa disso. Assim que chegarmos em casa, eu entro e pego Dizzy, que me cumprimenta na porta. Dou-lhe um abraço e vou para o quarto. Eu me troco para uma camisola, passo pela minha rotina noturna, e deito na cama. Descansando minha cabeça no meu travesseiro, eu ouço Harlen fechar a casa e então o assisto entrar no quarto e desaparecer no banheiro. — Você quer assistir algo na TV? — Ele pergunta, deitando na cama ao meu lado usando uma boxer azul escura, quase preta. — Não, mas você pode. — Eu observo seu grande corpo bonito, seus bíceps grossos, torneados e o abdômen. Uma vez que ele está na cama com o lençol em volta da cintura, eu olho para as mãos dele. Suas mãos fizeram com que eu me sentisse linda e apreciada, me sentisse amada e sexy, e não foram nada além de gentis comigo. Mas eu sei sem dúvida que poderiam infligir dor a alguém caso ele quisesse. — Você bateu no Dr. Hofstadter? — Pergunto, e sua cabeça vira em minha direção, seus olhos estreitados, seu corpo alerta. — Por favor, não minta se você fez isso. — Anjo. — Harlen, — sussurro, e ele rola até estar com metade do corpo em cima de mim, emaranhado suas pernas com as minhas.


— Sim, — ele responde, e meus olhos se fecham. — Não vou me desculpar pelo que fiz com ele, Anjo. Ele mereceu saber como é ter mãos que ele não queria em cima dele, que ele não gostava. Ele precisava saber que sua voz não seria ouvida, não importa quão alto ou quanto ele pedisse ajuda. Bile agrupa na parte de trás da minha garganta com as palavras dele. Hofstadter fez isso com pelo menos uma mulher, e quem sabe se há mais? Poderia haver mais inúmeras mulheres que sentiram que suas escolha foram tiradas, sentiram-se encurraladas por causa do que ele fez, o que ele disse que faria. — Não vou me desculpar, — ele repete. Abro meus olhos e encontro seu olhar. — Ele mereceu isso, — sussurro, e seus olhos se fecham enquanto sua testa descansa contra a minha. — Você está certo. Ele mereceu saber como é. — Deslizo minha mão do seu lado para descansar contra seu pescoço, e seus olhos se abrem. — Eu... Eu só queria que você tivesse me dito. — Eu deveria ter dito a você, — ele concorda, tocando sua boca na minha. — Desculpe por não fazê-lo. — Ok, — digo, ouvindo a honestidade na voz dele, e ele se afasta para olhar para mim. — Isso foi fácil? — Seus olhos buscam os meus. — Não vamos brigar por causa disso? — Eu entendo por que você fez. Não estou feliz por você ter feito isso, mas entendi, pois se eu pudesse ter feito isso, eu faria. Eu apenas... — respiro, soltando o ar enquanto ele leva minha mão à bochecha dele. — Na próxima vez, fale comigo, então estou preparada. — Melhor não haver próxima, — ele rosna, e ouço o aviso em sua voz, esse aviso provocando um tremor em minha coluna. Espero que Hofstadter não tenha uma próxima vez. — Você é um pouco assustador, — digo a ele, movendo suavemente minha mão no peito dele para descansar em seu ombro. Sua mão vem para a minha bochecha, e seus dedos deslizam suavemente em minha pele. — Eu nunca te machucaria.


— Eu sei. — E eu sei disso. Sei com todas as fibras do meu ser. — Eu nunca deixaria nada te machucar, — ele acrescenta, e levanto a cabeça da cama, colocando minha boca contra a dele. — Eu sei disso também. — No momento em que nossos lábios se encontram, toco minha língua em seu lábio inferior e ele assume o beijo. Então ele prova o que eu já sabia ser verdade. Suas mãos têm o poder de me fazer sentir um milhão de coisas diferentes, todas boas. *** — Eu não estou bêbada. Você está. — Willow ri, apontando para mim, e balanço a cabeça, sorrindo para ela. — Não, você está! — Eu ri, levantando uma das almofadas do sofá, empurrando meu rosto nela e rindo tão forte que meus lados doem. É seguro dizer que ambas estamos bêbadas, mas depois de beber duas garrafas de vinho, qualquer um estaria. Eu precisava disso. Eu precisava comer junk food, beber demais, relaxar e rir com minha irmã. Eu precisava esquecer o que aconteceu na semana passada, quando pensei que estava sendo seguida para casa. E eu precisava esquecer o que está acontecendo no hospital. Conversei com Amy algumas vezes desde a primeira vez que nos conhecemos no café; um dia, eu finalmente disse a ela o que a ouvi falar. Ela ficou visivelmente abalada quando me informou que ela foi ao RH e apresentou uma queixa junto com outras três enfermeiras, que tinham coisas parecidas com Hofstadter, e nenhuma delas ouviu nada de volta. Quando eu dei a Harlen esta notícia, ele ficou chateado... Ou mais irritado do que já estava. Ele ligou para Evan, meu pai e Cobi, e disse que eles precisavam entrar em contato com Amy e descobrir quem eram as outras enfermeiras. Descobri depois do telefonema dele com meu pai, que a família do Dr. Hofstadter está no conselho no hospital e que seu tio é o CEO. Isso foi novidade para mim – grandes notícias apavorantes. Essa informação significa que o Dr. Hofstadter não só tem


poder porque ele é médico, mas também tem isso porque sua família, sem dúvida, cuidará dele. — Eu sinto falta disso, — Willow diz, tirando-me dos meus pensamentos. Afasto a almofada do meu rosto para olhar para ela, sentindo meus olhos amolecer com sua admissão. — Eu também. — Precisamos fazer isso com mais frequência. — Nós precisamos e nós vamos, especialmente agora que eu tenho uma cama no quarto de hóspedes. — Uma cama que Harlen me disse para escolher, sem importar o custo, e mandá-la entregar. No começo, eu não sabia como me sentia por usar o dinheiro dele para pagar por isso, até que ele me disse, — Não é um jato particular, Anjo. É uma cama para a nossa casa, uma cama em que sua irmã vai dormir, assim como a minha tia quando ela vier para o Natal. Escolha algo, ou eu escolherei. — Quando ele disse isso, eu me esqueci de me sentir estranha sobre isso e apenas pedi a cama perfeita para o quarto, um sofá-cama duplo que se encaixa perfeitamente no pequeno espaço. Enquanto fazia compras on-line, também escolhi os tapetes para os quartos e a sala de estar, desde que eu tinha o dinheiro que economizei para usar na porta do cachorro. — Mesmo depois que você estiver casada? — Ela pergunta, e me concentro nela. — Sim, mesmo depois de me casar. — Eu sorrio e a assisto pegar meu mais novo globo de neve da mesa de café. Quando Harlen e eu voltamos para casa da cabana, duas semanas atrás, ele parou em uma pequena loja de conveniência para abastecer. Quando voltou, ele me entregou a bola de vidro transparente com uma cabana no meio da floresta, sem saber que isso significava tanto quanto o anel que ele colocou no meu dedo. — Você é tão sortuda, — ela murmura. — Você encontrará alguém, — digo a ela instantaneamente e ela olha para mim com dúvida. — Você irá quando for a hora certa. Isso acontecerá. Não esperava encontrar Harlen. Aconteceu, e acontecerá com você também. — Talvez. — Ela encolhe os ombros, colocando o globo no lugar e pegando seu copo de vinho quase vazio antes de virar o resto.


Ouvindo a porta da frente se abrir, eu olho nessa direção, então, sorrio ao ver Harlen entrar. Observando-o entrar, eu luto com um suspiro feminino. Ele é sempre bonito, mas com o clima mais frio, ele está vestindo seus jeans e botas normais, mas adicionou camisa de flanela e jaqueta de couro, parecendo ter simplesmente saído das páginas de uma revista para motoqueiros. Em outras palavras, ele está muito mais sexy. E ele é meu. — Ei, Anjo. — Ele sorri para mim, e então seus olhos vão para minha irmã. — Ei, Willow. — Ele ergue o queixo e ela sorri enquanto seus olhos vêm para mim, sua expressão silenciosamente me dizendo que ela realmente está feliz por mim. — Vou me deitar, — ele diz. Seus olhos vão de mim, para as garrafas vazias de vinho na mesa de café, para a pizza meio comida, e finalmente, as barras de chocolate abertas. Voltando a olhar para mim, ele sorri, e abaixo meu queixo quando ele se aproxima, então sinto seus dedos curvarem na minha mandíbula logo antes de me beijar suavemente. — Você está bem? — Sim. — Sorrio e seus olhos procuram os meus. — Bêbada? — Um pouco. — Encolho os ombros. Seus lábios se contraem. — Tudo bem, aproveite seu tempo com sua irmã, — ele diz calmamente. — Obrigada, querido, — murmuro, e seus lábios se inclinam logo antes de novamente tocar sua boca sorridente contra a minha antes de me soltar e começar a se afastar. — Vejo você de manhã, Willow. Farei waffles, — ele diz sobre o ombro. — Não posso esperar, — ela responde, e olho para ela, vendo seus olhos nas costas dele se afastando, e ela não para de assistir até que ele esteja no corredor e fechando a porta do quarto, com Dizzy, que decidiu ir com ele. — Estou com tanto ciúmes de você por ter isso, — ela me diz, e sinto meu estômago derreter. — Eu tenho sorte, — concordo. Ela sorri, então olha a bagunça na mesa de café. — Devemos limpar isso e ir para a cama.


— Você está cansada? — Pergunto, olhando o relógio. Ainda não é meianoite. — Não, mas se eu tivesse aquele homem me esperando na cama, eu deixaria seu rabo mais rápido do que você poderia dizer Tchau, Felícia4, — ela me diz, e eu ri. — Além disso, eu quero desfrutar dos waffles dele, e não acho que isso aconteça se eu tiver uma ressaca. E vou ter ressaca se bebermos mais. — Bom ponto. — Eu me levanto do sofá, pegando as garrafas vazias enquanto ela agarra a caixa de pizza. Uma vez que temos tudo limpo, eu desligo as luzes e sigo pelo corredor, observando-a desaparecer no quarto com um calmo, — Boa noite, — antes de fechar a porta. Entrando no meu quarto, encontro Harlen na cama com as costas para a cabeceira da cama, os olhos deixando a TV e vindo até mim quando entro. Tiro minhas roupas e vou até a cômoda. Encontro uma camisola simples no fundo da pilha, de algodão preto com alças finas e pequenos detalhes logo abaixo dos meus seios. Deslizo-a sobre minha cabeça e deito na cama, me enfiando ao lado dele. — Você não precisava vir para cama, Anjo. — Eu sei. — Eu me aconchego mais perto dele, descansando minha bochecha em seu peito e minha coxa sobre a dele. Olhando para a TV, eu percebo que ele está assistindo um de seus programas de detetive, o qual eu nunca consegui entender. — Você se divertiu? — Sim, — sussurro, com meus olhos já pesados. — Amanhã à noite nós vamos fazer compras, jantar e assistir um filme – um realmente feminino, — digo a ele, e ele ri. — Fico feliz que eu seja poupado disso. — Ele beija o topo da minha cabeça, e aperto a cintura dele antes de perder a batalha com minhas pálpebras e adormecer. ***

4 Um modo sarcástico de dizer algo como “cai fora!” ou “vê se some!”


Acordando com o som do riso, eu forço meus olhos a se abrirem e depois rolo para olhar o relógio. Já são nove horas. Eu dormi. Não só dormi, dormi mais que eu fiz em um tempo. Forçando-me a sair da cama, eu me visto, escovo os dentes e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo. Saio do quarto e paro completamente, olhando não só para Harlen, mas também Willow, minha mãe e meu pai, todos na cozinha, pratos e copos de café espalhados na superfície da ilha. — Ei, querida. — Papai sorri para mim, e me desgrudo, avançando para a cozinha. — Harlen ligou e disse que feria o café da manhã, — ele me diz, e meus olhos vão do meu pai para Harlen, que está encostado no balcão perto do fogão com uma xícara de café nas mãos, um sorrisinho brincando nos lábios, seus pés descalços cruzados nos tornozelos. Ainda não me acostumei com meu pai e Harlen se dando bem, e não sei se alguma vez eu irei. Ao ver os olhos de Harlen suavizarem em mim, sorrio para ele e vou para o meu pai, dando-lhe um abraço. Então faço o mesmo com minha mãe, que me dá um beijo na minha bochecha antes de me soltar. — Você está pronta para um waffle, baby? — Harlen pergunta enquanto me coloco contra ele, e ele desliza o braço ao meu redor, beijando o topo da minha cabeça. Eu olho para ele. — Você deveria ter me acordado. — Você precisava dormir. Você não teve a chance de dormir em um longo tempo. — Isso não é uma mentira; com aula, trabalho, estudo e cada segundo que posso com Harlen, o sono tem sido uma mercadoria rara. — Mamãe não mentiu. Harlen é o mestre dos waffles, — Willow insere, e meus olhos vão para onde ela está sentada na ilha, um prato vazio na frente dela, com remanescentes de xarope. — Eles são bons, — papai concorda. — O melhor, — mamãe conta, e sorrio para ela. — Beije-me então, e me solte para que eu possa fazer um para você, baby, — Harlen ordena em um aperto.


Inclino-me na ponta dos pés e beijo-o, então eu o libero, me dirigindo para a cafeteira a fim de me servir uma xícara. Tomando um gole, me inclino contra o balcão e o observo colocar a massa na máquina de waffle. Sinto calor bater contra mim e vejo o meu pai me abraçando, então descanso nele enquanto seus lábios tocam o topo da minha cabeça. — Então, o que você e Willow farão hoje? — Mamãe pergunta, e olho para minha irmã, então, minha mãe. — Nós vamos fazer compras, jantar, comer sushi e depois ir assistir um filme. — Isto é divertido. — Você quer vir, mamãe? — Willow pergunta. Os olhos de mamãe vão até ela e amolecem. — Não, querida, você e sua irmã se divirtam. Seu pai me levará para Nashville esta noite para ver um show. — Sério? O que vocês verão? — Willow se anima. — O rei e eu, — mamãe responde; olho para o meu pai e sorrio ao ver que ele não parece tão feliz quanto a mamãe. Ele vai porque mamãe quer ir, porque ele a ama. Meus olhos vão para Harlen, e sinto meu peito esquentar e minha barriga se apertar. Ele faria o mesmo por mim. Ele me levaria a um show, me levaria às compras, me levaria à lua se eu pedisse que ele fizesse isso, sem se queixar, porque ele me ama. Se eu tivesse feito uma lista de qualidades que eu desejaria em um marido e verificasse cada item, Harlen teria cada uma. Cada uma delas.


Capítulo 12 Harmony

— Volto já. Vou ao banheiro bem rápido, — sussurro para Willow, e ela tira os olhos da tela para olhar para mim. — Eu te disse para não pegar o refrigerante extra grande, — ela murmura, e sorrio para ela. — Que seja. — Eu paro e saio da sala, ouvindo todos rindo quando algo engraçado acontece. Querendo voltar logo, então não perco nada, corro em direção aos banheiros, e paro quando um enorme corpo. — Desculpa. Olho para cima, sentindo meus pulmões apertarem e meu coração gaguejar ao ver meu reflexo olhar para mim através de um par de óculos escuros. Viro para fugir e começar a gritar, mas antes de sequer poder fazer um som ou respirar, minha boca é coberta por uma grande mão segurando um pano. Sugo o ar que queima minha garganta e me empurro, sentindo meus pés saírem do chão. Sentindo alguma coisa no lado do meu pescoço, meus olhos que, de repente, estão muito pesados para ficarem abertos, começam a fechar, e meu corpo parece um peso morto, caindo. Ouço as pessoas conversando e tento lutar, tento abrir minha boca para gritar, mas é inútil enquanto sou arrastada para a escuridão.


Hadley À medida que os créditos na tela começam a rolar, eu permaneço no meu assento, pegando minha bolsa, meu saco de pipoca meio comido e meu copo de refrigerante vazio. Sorrio para o casal que ocupou os assentos ao meu lado e passo por eles, sem me preocupar em ficar para os créditos extras. Descendo pelos degraus e saindo da sala com a multidão, jogo meu copo no lixo e coloco minha pipoca na bolsa, achando que se eu paguei cerca de dez dólares por isso, então também poderia fingir que vou comê-la mais tarde. Parando nos banheiros, espero eternamente na fila por um banheiro, e quando é a minha vez, o banheiro está quase vazio, então uso rapidamente, lavo minhas mãos e saio. Indo para a saída mais próxima de onde meu carro está estacionado, sigo pela calçada, abraçando minha jaqueta ao meu redor para evitar o ar frio da noite. Quando vejo o movimento com o canto do meu olho, viro minha cabeça e meu coração despenca ao ver uma figura desaparecer com o que parece uma mulher inconsciente no porta-malas do carro e alguém fechá-lo. — Oh, Deus, — suspiro, cobrindo minha boca com a mão, e rapidamente me abaixo atrás do capô de uma caminhonete quando a pessoa para e vira na minha direção, ao som da minha voz. Isso aconteceu? De jeito nenhum. Fecho meus olhos, tentando convencer-me de que estou imaginando coisas. Ouvindo um carro ligar, meus pulmões comprimem e corro sem pensar, agachando atrás de dois carros e por um corredor até onde estacionei. Quando entro no meu carro, eu ligo o motor e pego o celular da minha bolsa. Nem sei o que estou fazendo quando começo a dirigir, mas algo no meu interior me incentiva a segui-lo. — 9-1-1, qual é a sua emergência? — Acabei de testemunhar um homem colocar uma mulher no porta-malas do carro dele! — Grito histericamente. — Onde você está, senhora? — A mulher pergunta, e digo o nome do cinema, prendendo a respiração quando a luz na minha frente vai do vermelho ao verde.


— A luz ficou verde. Saímos do estacionamento do cinema agora! — Eu lamento, segurando fortemente o volante enquanto pressiono o acelerador. — Para onde você está indo? — Não sei. Você não pode rastrear meu celular ou algo assim? — Eu grito, entrando em pânico quando o carro acelera. — Senhora, acalme-se. Você vê quaisquer sinais na estrada? — Calma – está louca? Examino a estrada, mas não há nada. — Não vejo nada. Estou em um Nissan Altima, azul brilhante. Ele está em um Ford preto. — Nós estamos procurando por você, — ela diz, e eu engulo, em seguida, mexo minha cabeça para a direita, vendo um sinal. — Estamos na estrada Bitterknot. Não sei em que direção nós estamos indo, mas acabei de passar pelo quilômetro oito. — Bom, isso é bom. — Ela parece aliviada, e solto uma respiração profunda ao enviar uma oração silenciosa. — Senhora, eu estou transferindo você para um oficial, — ela me diz, e eu aceno. — Você ainda está aí, senhora? — Sim, desculpe, ainda estou aqui. — Transferindo você agora, — ela diz, e a linha silencia. — Aqui é o detetive Cobi Mayson. Com quem estou falando? — Uma voz profunda explode no meu ouvido e eu engulo. Cobi Mayson. Eu o conheço – ou eu o conheci – quando estava no colégio. Ok, eu realmente não o conhecia, mas eu sabia quem era ele. Todos sabiam. Pelo menos, cada pessoa com uma vagina, e desde que eu tenho uma, eu sabia quem era ele. — Olá. — Desculpe... Um... Hadley... um... Hadley Emmerson, — sussurro, segurando o telefone ao meu ouvido. — Onde você está agora Hadley? — Ele pergunta, e procuro uma marca de milha no lado da estrada. — Quilômetro vinte e oito. — Bom, isso é muito bom. Estou a cerca de cinco minutos atrás de você, — ele diz, e não abaixo meus olhos em alívio, embora eu queira. — Graças a Deus, — sussurro.


— Você está bem? — Ele pergunta suavemente. Balanço a cabeça e depois respondo, — Acabei de ver alguém colocar uma mulher no porta-malas de um carro. Está escuro, assustadoramente escuro, e agora estou seguindo-os, então eu vou com um não, não estou bem, — respondo. Juro que ouço um sorriso em sua voz quando ele murmura, — Bom ponto. Mantendo-me afastada, assim eu estava perto, mas não muito perto do carro na minha frente, vejo quando os freios se acendem e eles reduzem, então assisto quando saem da estrada, em uma estradinha de terra cercada por árvores. — Eles acabaram de sair da estrada, — sussurro pelo medo que de repente se hospedou na minha garganta. — Perdão? — Eles acabaram de entrar em uma estrada de terra! — Grito. — Oh, Deus, o que eu faço? — Continue dirigindo, estamos no nosso caminho, — ele ordena. — Não posso fazer isso, — sussurro, piscando as lágrimas que enchem meus olhos. — Hadley, saia da estrada. Eu e outros oficiais estamos a caminho. Estamos perto. Continue. Agitando a cabeça, desligo o telefone e o solto no porta-copos. A ideia de algo acontecendo com aquela mulher antes que os policiais possam chegar até ela, e eu apenas prosseguindo, sem fazer nada para ajudar, me mataria. Desligando os faróis, desacelero e entro na estrada escura em que vi o carro entrar.

Harlen Ouvindo meu celular tocar, pego ele na mesa de café e olho para a tela. Não reconhecendo o número, estou meio tentado a deixar ir para o correio de voz, mas com Harmony no cinema com Willow, eu atendo. — Sim. — Harlen? — Sim?


— Porra... tudo bem... É Cobi. Willow ligou. Harmony foi ao banheiro durante o filme e não voltou. — Perdão? — Eu me sento, e Dizzy, que estava deitado no meu colo, sai de mim e pula no sofá. — Cerca de dois minutos depois que recebi a ligação de Willow, a delegacia ligou. Uma testemunha viu um homem colocar uma mulher no porta-malas, e eles estão seguindo-os. — Onde eles estão? — Eu rosno, calçando minhas botas. — Na estrada de Bitterknot. Ligo e informo quando localizar Harmony. — Estou a caminho. — Harlen... — Eu estou indo. — Desligo e ligo para Wes, Everett e Mic, informando que eu poderia precisar deles, e eles concordam instantaneamente em ter minhas costas. Indo ao quarto, abro meu cofre no fundo do armário, pego minha arma e a empurro na parte de trás do meu jeans antes de ir à cozinha. Tirando minhas chaves do balcão, pego minha jaqueta de couro na parte de trás da banqueta, vestindo-a, saio pela porta, sem me preocupar em trancá-la. Ao puxar minha perna sobre o banco da minha moto, eu a ligo, coloco meu capacete e saio da garagem, medo e fúria guerreando em meu interior enquanto saio para encontrar minha mulher e trazê-la para casa.

Harmony Meu corpo está pesado, meus membros rígidos e estranhos. Pisco os olhos, não vendo nada além de escuridão enquanto cheiro óleo, gasolina e sujeira. Leva um segundo para o meu cérebro começar a trabalhar, para me lembrar do que aconteceu. Respiro profundamente, olhando em torno do espaço confinado e


escuro. Sei que estou no porta-malas de um carro e que o carro está se movendo no que deve ser uma estrada de terra. O passeio tem muito solavanco para ser pavimentado. Tocando meus bolsos para o meu telefone, meu estômago começa a revirar com náuseas, e lágrimas enchem meus olhos quando não o encontro. Harlen. Deus, se ele sabe que estou desaparecida, provavelmente ele está enlouquecendo com preocupação agora. Não, provavelmente ele está procurando por mim, e não vai parar até me encontrar. Sei que ele não vai. Meus pulmões queimam para gritar, e minhas mãos coçam para bater no porta-malas, mas não faço isso. Não quero que ele saiba que estou acordada. Não quero chamar a atenção para mim. Se eu quiser resolver isso, preciso usar todas as vantagens que tenho, e uma delas é a surpresa. — Pense. — Meus olhos se fecham e respiro pelo nariz e pela boca. Meus olhos voam abertos, e levanto a cabeça, examinando o lugar enquanto minhas mãos tocam ao meu redor. Lembro que assisti uma história de notícias há algum tempo que dizia que todos os carros são obrigados a ter uma abertura de emergência no porta-malas. Só preciso encontrá-la, o que é estranho, já que não há muito espaço para me mover. Minhas pernas estão dobradas, meu pescoço torto. Ao encontrar o interruptor de tração, meu coração começa a bater. Não terei muito tempo para sair e correr após puxá-lo. Também não tenho ideia de onde nós estamos, se há algum lugar para eu correr e me abrigar, ou se serei um alvo fácil. Mas correr é melhor do que ir para onde ele está me levando agora. Puxando outra respiração profunda, enrolo minha mão firmemente ao redor da alavanca e puxo. Uma rajada de ar enche o porta-malas, mas não solto, o seguro e tento espreitar. Não consigo ver muito, mas vejo que está escuro – aquela escuridão em parte por causa das árvores de cada lado do carro. Com o coração batendo, solto a alavanca e me atiro para fora. O carro não vai rápido, mas ainda caio fortemente, meu corpo rolando pelo chão rochoso e meus joelhos e mãos raspando a terra. Quando vejo o vermelho das luzes de freio refletir nas árvores ao meu redor, eu me levanto e começo a correr na direção oposta do carro.


De repente, eu grito quando um carro sai do nada, sem faróis. Meus olhos encontram os de uma mulher através do para-brisa, e seus olhos se alargam, logo antes de jogar o carro para o lado e bater em uma árvore. Vejo seu airbag sair, enchendo o pequeno interior do carro, e em seguido vejo a porta do motorista ser aberta. — O que você está fazendo? — Ela grita; seu rosto pálido enquanto um pouco de sangue escorre por sua testa. — Corra! — Ela geme antes do som de uma arma disparar no bosque, acertando as árvores que nos rodeiam. Corro até ela, pego sua mão tremendo e a puxo comigo até as árvores, ouvindo outro tiro, tão perto que sinto que se afundar em uma árvore. — Ele tem uma arma, — eu arfo estupidamente, medo preenche meu estômago enquanto adrenalina corre pelas minhas veias. — Eu sei. — Ela passa por uma árvore caída e grita, caindo de joelhos. Eu a ajudo, arrastando-a comigo. — Eu... — ela começa, mas ouço sua respiração estrangular, como se não conseguisse oxigênio em seus pulmões. Ouvindo isso, sei que mesmo que eu não queira, ela precisa que eu diminua a velocidade. Olho para trás e não vejo nada, apenas árvores e escuridão. Tento ouvir, mas tudo o que posso ouvir é o som do meu coração batendo forte, enviando sangue por minhas veias e nossa respiração pesada. Vendo uma árvore grande, eu me guio até lá, com a esperança de que isso dê uma cobertura suficiente para que paremos por alguns minutos. Ela cai contra a árvore quando a alcançamos, o corpo curvando, a respiração mais forte do que antes. Examino as árvores, meus olhos procurando por qualquer sinal de movimento. — Você tem um telefone? — Sussurro para ela, e ela empurra a cabeça de lado a lado. — Claro que não. — P-policiais, — ela tosse com dureza. — Eu sei, — sussurro. — Precisamos chegar a uma estrada e ligar para alguém. — Não... eu... eu liguei. Chegando. — Você os chamou? — Pergunto, e ela acena. — Eles sabem onde estamos? — Ela acena e o alívio me enche, mas só dura um segundo. Ouço um ramo se partir


próximo de onde estamos, muito perto de onde estamos. Ela também escuta; ela levanta a cabeça e seu rosto já pálido perde a cor. Segurando meu dedo no seu lábio, eu olho seus olhos se expandirem. — Eu ouço você respirar, — nós ouvimos ao mesmo tempo, e meus pulmões ficam apertados, meu corpo bloqueando o som de uma voz profunda – uma voz que eu conheço. — Não há para onde você correr, — o Dr. Hofstadter diz, e outro ramo quebra, desta vez ainda mais perto do que antes. — Você realmente acha que eu deixaria você arruinar a minha vida? — Outro ramo quebra ainda mais perto. — Deixar o seu maldito namorado me bater e você não pagar por isso? Nós precisamos correr. Simplesmente não sei para onde correr. Olhando para a mulher quando seus olhos encontram os meus, ela deve ler meus pensamentos, porque ela acena. Movendo-me para o lado contrário da voz, os olhos dela se fecham logo antes de acenar, pegando minha mão, eu a seguro.

Harlen Desacelero minha moto e paro ao lado da estrada, atrás de dois cruzadores policiais estacionados e bloqueando a entrada de uma estrada de terra cortada entre as árvores. Desligo o meu motor e ouço as motos de Wes, Everett e Mic serem desligadas. — Harlen? — Um oficial pergunta, enquanto vago em sua direção, levantando meu queixo. — Cobi disse que você precisa ficar aqui. — Aposto que ele disse. — Passo por ele e dirijo-me para a estrada que ele está tentando bloquear com seu corpo. Infelizmente para ele, ele tem cerca de trinta centímetros e vinte sete quilos a menos do que eu, ficando fácil passar por ele. — Você precisa ficar aqui, — ele repete, agarrando meu braço, e me libertando de seu aperto, viro-o e empurro meu dedo em seu rosto. — Você não quer me tocar agora, — eu rosno, e ele engole, olhando para trás seu corpo fica ainda mais alerta ao ver meus meninos nas minhas costas. — Você não é...


— Solte-o, Don, — outro oficial corta, e ele olha para ele então para mim, e dá um passo de lado. Atravessando a estrada, eu diminuo a velocidade ao ver um carro contra uma árvore, o airbag aberto. — Porra, eu sabia que você não ouviria, — ouço atrás de mim, e puxo minha arma; Wes, Everett e Mic, todos fazendo o mesmo com a deles. — É melhor vocês terem porte de armas, — Cobi diz, e aperto meus dentes, guardando a arma. — Onde ela está? —

Estamos

procurando. Acabamos

de

limpar

esta

área

dois

segundos. Tenho oficiais procurando na floresta, no carro na estrada e na cabana mais adiante. O tio Nico está a caminho. Vamos encontrá-la. — Porra. Observo a escuridão, meu estômago revirando só de pensar nela, sozinha e assustada em algum lugar. — É Hofstadter, — ele diz; a dor se expande em meu peito e meu corpo se sacode. — Também há uma mulher com ela, chamada Hadley. — Perdão? — Hadley, ela o viu colocando-a no porta-malas. Perdi contato com ela quando decidiu continuar seguindo-o. Esse é o carro dela. — Ele ergue o queixo até a batida contra a árvore. — Ela sumiu. Espero que quando encontrarmos Harmony, nós a encontremos também. — Certo. — Levanto meu queixo e prossigo em direção ao bosque, terminando com a conversa. — Você precisará de uma lanterna, — ele diz, empurrando uma para mim, e aceito. — Diga aos seus oficiais que há outros quatro homens na floresta procurando, e que não atirem em nós, — ordeno, e ele levanta o queixo. — Vamos nos separar, — Wes diz calmamente do meu lado, e meus olhos vão para ele. — Nós a encontraremos. Incapaz de falar, eu levanto o queixo e vejo Wes ir para a esquerda. Everret segue, e Mic para a direita. Permanecendo em linha reta, eu respiro normalmente, destravo minha arma e escuto. É quando ouço um tiro disparar, então eu corro.


Harmony — Oh, Deus! — Eu clamo quando dor explode em minha coxa. Caio no chão, minhas mãos me apoiando no último momento enquanto minha cabeça abaixa e gira, procurando de onde veio o tiro. — Vamos. — A mulher puxa minha mão e eu me levanto, sentindo umidade quente deslizar pela minha perna e começar a encher a minha bota. Ela se coloca debaixo do meu braço e envolve o dela em minha cintura, me segurando enquanto eu manco o mais rápido que posso. — Ele está perto, — grito; lágrimas enchendo meus olhos – não da dor na minha perna, mas do medo que está começando a me sobrecarregar. Ouvindo outro tiro, nós tropeçamos e caímos, meu peso estranho levando-nos ao

chão

rapidamente. Começo a tentar levantar, mas então ele está sobre nós, sua arma apontada para mim. — Não! — A mulher grita quando o dedo dele começa a puxar o gatilho. Meus olhos se fecham, cada momento que tive com Harlen piscando atrás das minhas pálpebras fechadas. Ele me pedindo para celebrar meu novo trabalho com ele. Elena minha cozinha, segurando Dizzy. Ele me fazendo rir enquanto desempacotamos. Nós sob o céu da noite em uma fogueira. Eu apertada contra ele andando em sua moto. Ele me reivindicando como dele. Nós planejando um futuro. E ele colocando um anel no meu dedo. Uma lágrima solitária escapa do meu olho quando a arma dispara. Algo úmido atinge meu rosto e grito, ouvindo a mulher gritar também. Então meus olhos se abrem e vejo os olhos do Dr. Hofstadter ficarem brancos enquanto ele se joelha antes de cair de cara no chão. Afastando-me dele, vejo um grande buraco na parte de trás da cabeça dele. — Eu vou vomitar, — a mulher choraminga e viro para olhar para ela. Sinto meu corpo tenso quando algo se move no escuro, e então meus olhos se alargam quando Harlen fica a vista, brilhando sua lanterna sobre nós.


— Querido, — eu respiro, e seus olhos me veem, escaneando-me da cabeça aos pés, com o rosto pálido ao ver minha perna. — Você foi atingida. — Estou bem. — Minhas mãos tremem e começo a tremer. Se aproximando de mim, ele cai de joelhos ao meu lado. — Estou bem, — repito, mas ele não me ouve, ou ele me ignora enquanto tira sua jaqueta e a envolve em meus ombros. Tirando a camisa xadrez, ele amarra no alto na minha coxa. — Hadley, — ele chama, e a mulher afasta seus olhos cheios de medo da parte de trás da cabeça do Dr. Hofstadter para olhar para ele. — Preciso que você segure isso e vá procurar por ajuda. Assim que você vir alguém, diga que precisamos de uma ambulância, — ele instrui, e ela acena. — Vá, agora. — Ela se levanta e corre, gritando. — Você me encontrou, — sussurro, me sentindo cansada, e os olhos de Harlen se aproximam de mim. — Fique comigo, querida. — Você me encontrou, — repito, meus olhos ficando pesados enquanto ele me pega, segurando-me contra seu peito. — Fique comigo, Anjo. — Eu estou com você. — Meus dentes travam. — Fique comigo. Não durma. — Estou um pouco cansada, — admito, meu corpo está pesado. — Eu te amo, Anjo, — ele sussurra. — Eu também te amo. — Sussurro, logo antes de deixar a escuridão me levar.


Hadley Com lágrimas escorrendo por minhas bochechas, assisto o grande homem subir na parte de trás da ambulância com a mulher ainda nos braços. Mesmo com a distância entre nós, eu ainda vejo que ele parece ferido, preocupação explodindo em sua mente. Abraçando-me, eu vejo as portas da ambulância se fecharem, então a observo se afastar; as sirenes explodindo, as luzes piscando. Deus, eu espero que ela fique bem. Fecho meus olhos apenas para que eles voltem a abrir quando a visão daquele homem com um buraco na cabeça enche minha mente. Olhando ao redor eu me pergunto o que devo fazer, escondi-me na linha das árvores, ficando fora do caminho quando todos corriam para a mulher e seu homem, mas agora... Agora não sei o que fazer. Caminhando lentamente em direção ao meu carro, olho para o capô, está ruim, mas não horrível. Provavelmente eu sequer posso dirigi-lo, em um estado de torpor, abro a porta do motorista e me sento, tentando ligá-lo. — Hadley, — viro a cabeça ao som do meu nome e olho para uma luz brilhante, e aperto os olhos. — Jesus, porra, porra, Jesus. — Duas mãos grandes capturam meu rosto e pisco, tentando me concentrar no rosto na minha frente. — Chame outra maldita ambulância. — O homem à minha frente ruge e eu me encolho com o som. — Porra, desculpe baby, porra, porra, desculpe. — Suas mãos ainda me agarraram e pisco novamente. — Mayson, a ambulância está a caminho. — Ouço alguém dizer antes de desmaiar.


Harlen Três dias depois, parado na janela do quarto do hospital de Harmony, um quarto cheio de amigos e familiares, olho para o estacionamento, enviando uma oração silenciosa aos meus pais e a qualquer outra pessoa que estivesse olhando por ela. Após tirá-la da floresta e nos levar até a estrada, encontro uma ambulância esperando por nós. Ela desmaiou; seu corpo em choque com tudo o que aconteceu e com a perda de sangue. Quando chegamos ao hospital na ambulância, eles a mandaram para a cirurgia, deixando-me de fora das portas duplas. Eu queria ir com ela, mas não pude. Isso foi contra tudo em mim, confiar que eles cuidariam dela. O que parecia uma vida depois, um médico veio dizer a sua família e a mim que ela ficaria bem. A bala não pegou as artérias ou ossos, o que era um milagre. Se uma artéria tivesse sido atingida, ela teria morrido quase que instantaneamente, sem dúvida. Eu já sabia que tive sorte antes que o médico me contasse como as coisas poderiam ter terminado. Mas ouvindo quão perto ela chegou de perder a vida, e ver de perto quão perto da morte ela esteve, eu sabia que tive sorte. — Salvou minha garota. — A voz de Nico corta meus pensamentos e giro minha cabeça para olhar para ele, observando-o engolir com força. — Porra, dois segundos, e ela não estaria viva agora. O dedo dele estava no gatilho. Você a salvou. — Não preciso de uma lembrança do que quase aconteceu, o que quase perdi. Esse momento está queimado no meu cérebro de uma maneira que eu sei que nunca irei viver um dia da minha vida sem vê-lo, sem me lembrar do medo que senti, do jeito que o tempo pareceu parar quando ele apontou a arma para ela e tomei uma decisão de menos de segundos de tirar a vida dele antes dele poder tirar a dela. — Obrigado. — Ele me puxa para um abraço, batendo em minhas costas com força, e faço o mesmo antes de soltá-lo. Ouvindo o som da risada de Harmony, olho para a cama do hospital e vejo a mãe e a irmã de cada lado dela, uma pilha de revistas de casamento sobre a mesa, sobre o colo de Harmony, e as três sorrindo para algo. Porra, eu sabia que a amava


antes, mas agora que sei como me sentiria se a perdesse, sei que nunca tomarei momento nenhum com ela por certo. Levantando a cabeรงa, seus olhos encontram os meus e luto contra a umidade construindo neles enquanto ela fala sem som, eu te amo.


Capítulo 13 Harmony

Ouvindo meu estômago roncar pela terceira vez consecutiva, pressiono pausa no programa que estou assistindo e saio lentamente da cama. Assim que me levanto, pego minhas muletas e manobro de forma estranha. Indo para a cozinha, abro a geladeira e olho para o conteúdo, tudo requer cozinhar – algo que realmente não estou com vontade de fazer. Ok, algo que nunca estou com vontade de fazer. — Que diabos está fazendo? Saltando, viro para olhar por cima do meu ombro e encontro Harlen com os braços cruzados sobre o peito e seus olhos se estreitados em mim, como se tivesse me pegado abraçada com outro homem. — Procurando algo para comer. O que parece ser? — Respondo ironicamente, e rosno de frustração quando ele descruza os braços e vem em minha direção. — Não me apanhe! — Grito logo antes dele me pegar. — Sério, você precisa parar de me carregar. — Ele chuta a porta da geladeira e depois me leva para o sofá da sala, me arrumando suavemente, levantando minhas pernas e empurrando uma almofada debaixo delas. — Agora, o que você quer comer? — Ele pergunta, colocando um punho na parte de trás do sofá, o outro no braço, me prendendo. — Você precisa me deixar fazer as coisas sozinha. — Empurro seu peito, mas ele não se move, nem sequer um centímetro. — Estou cuidando de você.


— Sim, mas isso não significa que eu não deveria andar, nem cozinhar, nem tomar banho sozinha. — Você está reclamando por eu ajudá-la no chuveiro? — Ele diz, e aperto meus dentes, lembrando quão bom foi essa manhã, quando ele me ajudou no chuveiro... antes de se ajudar no chuveiro. — Não. — Bom. — Querido, — abaixo a minha voz na esperança de convencê-lo, — Estou bem. Estou curando. Os médicos disseram que estou ótima, mas eu também preciso começar a fazer coisas sozinhas também. Sem você pairando sobre mim. — Eu não pairo. Oh Senhor, aqui vamos nós. Ele paira. Não posso fazer nada sem ele parado nas minhas costas, observando todos os meus movimentos. — Ok, você não paira. Só estou dizendo que preciso fazer as coisas sozinha novamente. — Eu não pairo. Senhor, dê-me paciência. — Você me salvou, — eu digo, e seu queixo se inclina, então abaixo ainda mais a minha voz. — Eu te amo. Eu sei que o que aconteceu foi difícil, mas você me salvou. Eu não morri. Estou vivendo e respirando, e você também. Quero que voltemos ao normal. — Anjo... — Por favor, Harlen, — imploro. — Quero o normal de volta. Preciso disso. — Eu quase perdi você. Deus, isso dói. Não, isso me mata, não só por ver a dor nos olhos dele, mas ouvir isso em sua voz quando ele diz isso. — Eu sei, mas você não perdeu e você não vai. — Você precisa me dar tempo, baby. — Eu sei, — concordo, porque essa é realmente a única coisa que vai ajudar, mas, ao mesmo tempo, quero seguir em frente. Não quero vê-lo olhando para mim como se eu desaparecesse de repente, diante de seus olhos, ou acordar à noite e


encontrá-lo bem acordado, com os braços apertados ao meu redor porque ele tem medo de eu não estar lá caso ele durma. — Eu te amo. — Eu também te amo. — Ele se aproxima, descansando a testa na minha. — Mais do que qualquer coisa nesta terra. As lágrimas começam a encher meus olhos, e não consigo segurá-las enquanto escorrem pelas minhas bochechas. — Como posso ajudá-lo a lidar com isso? — Pergunto através do nódulo na minha garganta. — Você respirando está me ajudando, mas preciso de tempo para esquecer quão perto eu cheguei de perder você, esquecer o que aconteceu. Eu sei que estou um pouco arrogante no momento, e não sei quando isso vai parar – ou se isso vai acontecer. Ainda vejo o olhar em seus olhos quando ele levantou a arma em sua direção, ainda sinto seu corpo ficar mole em meus braços enquanto eu a levava para a ambulância. Não sei quando vou superar isso, ou se algum dia eu irei. Cada uma de suas palavras me

abre, deixando-me completamente

nua. Odeio ele estar tão perto de me perder após sofrer a perda de seus pais e saber como é uma vida sem eles. — Eu vou te dar tempo, tanto tempo quanto você precisa, — digo finalmente, observando seus olhos atentamente. Movendo minhas mãos em seu rosto, eu inclino minha cabeça e pressiono minha boca contra a dele. — Tudo dará certo. — Ok, Anjo. — Eu prometo que ficará bem, — sussurro contra seus lábios, as mesmas palavras que ele me disse, e rezo para que ele acredite nelas como eu acreditei. — Tudo bem, baby. — Ele beija minha testa, e eu o seguro, então sorrio quando meu estômago resmunga. — Agora, deixe-me cuidar de você. O que você quer comer? — Ele pergunta, e eu olho para ele. — Delivery? — É claro que ela quer delivery, — ele resmunga secamente, e bato no braço dele, vendo seus lábios se contraírem. — Que tipo?


— Pizza, — respondo imediatamente e, então, agito minha cabeça. — Chinês não. Espere, não, pizza. — Mordo meu lábio, e ele ri, esse som me enche com o conhecimento de que ficaremos bem. — Que tal ambos? — Ele sugere, e eu sorrio. — Tudo bem, pizza de sobremesas e Lo Mein. — Eu posso fazer isso, — ele concorda, então seus olhos se suavizam, fazendo meu estômago derreter. — Você precisa de um comprimido para dor? — Não, estou bem, — sussurro, e ele toca sua boca na minha, então em minha testa antes de se levantar e ir para a cozinha. Deitada de costas contra o braço do sofá, eu o escuto fazer o nosso pedido, e então sorrio quando Dizzy pula na almofada para deitar no meu estômago. Enquanto corro meus dedos através de seus pelos, minha mente vagueia. Duas semanas atrás, fui liberada do hospital e, desde então, a mídia está clamando por uma história. Harlen precisou desligar o telefone e mudar nossos números de celular, porque as ligações simplesmente não paravam. Espero que eles desistam logo, mas duvidamos que desistam. Uma mulher sequestrada é uma grande notícia. Mais de cinquenta mulheres se apresentarem para admitir que foram perseguidas sexualmente por Hofstadter e, depois, forçadas a se demitir ou foram demitidas quando foram ao RH relatar o que estava acontecendo, não era apenas grande, mas enorme, especialmente em nossa cidade. Meu pai me disse que o Dr. Hofstadter estava tão louco, tão egocêntrico, que ele acreditava que se ele se livrasse de mim, seus problemas desapareceriam. Ele não sabia que o tempo dele já estava acabado. Havia muitos rumores; ele machucou muitas mulheres, e a família ficou sem maneiras de cobrir isso para ele. Eles faziam isso há seis anos, desde o momento em que ele se transferiu para a cidade. Hofstadter não sabia que ele já estava sendo investigado por uma organização externa do governo, ou que algumas das mulheres que ele assediara juntaram-se e encontraram um advogado que estava mais do que feliz em enfrentar o maior hospital de quatro municípios. Obviamente, Hofstadter está morto, mas a história não morreu com ele, nem o caso contra o hospital. O conselho mudou os


membros, e o CEO sabiamente se demitiu. Mas, mesmo com isso, houve muita reação, e alguém acabaria pagando pelo que permitiram e o que tentaram encobrir. Eu, por outro lado, demiti-me dois dias depois que fui liberada do hospital. Não estou desistindo dos meus sonhos de ser enfermeira e algum dia trabalhar em uma sala de emergência. Encontrarei outro lugar para trabalhar, onde não seja constantemente obrigada a me lembrar do quão horrivelmente a família de Hofstadter me deixou, e cinquenta outras mulheres. Eles tiveram o poder de detê-lo desde o início, mas não o fizeram. Em vez disso, eles alimentaram o ego dele e o fizeram acreditar que ele era intocável. E por um tempo, ele foi. Gostaria de poder dizer que sinto muito por ele, mas não sinto. Ele tentou me matar, e se Harlen não estivesse lá, ele teria feito isso. Então, ele provavelmente teria matado Hadley, e assim não haveria testemunhas. — A comida estará pronta em cerca de trinta minutos. Você quer ir pegá-la comigo? — Harlen pergunta, entrando em meus pensamentos. Levanto minha cabeça para olhar para ele de cabeça para baixo. — Podemos andar de moto? — Eu pergunto, sabendo que não há como eu andar na moto com ele. Ainda não, de qualquer forma. — Baby, nós não podemos carregar pizza e comida chinesa na minha moto, — ele diz; vindo se sentar no sofá e puxando minhas pernas cuidadosamente no longo do colo dele. — Sério? — As minhas sobrancelhas se juntam. — Então, na primeira vez em que íamos sair, como você ia levar sua pizza para casa? — Eu não estava indo para casa. Estava indo para a sua casa. — Sim, mas você não sabia disso naquele momento. — Eu sabia. — Você sabia? — Franzo o cenho, e ele sorri. — Vi você, vi você sair do seu carro e entrar no restaurante, eu entrei no estacionamento, parei e segui você. Fiz o meu pedido imediatamente depois de você pedir o seu, e então fiz a minha jogada. — Fez a sua jogada?


— Sim. Evan e Wes me disseram que você estava no meio de desempacotar, então quando te vi, eu sabia que você provavelmente precisava de ajuda com isso. Achei que seria meu caminho, e foi. — Você me disse que eu parecia cansada. — Mesmo cansada, Anjo, você ainda é a mulher mais bonita que já vi na minha vida. — O que? — Você não só tem cérebro e é sexy pra caralho, mas seu corpo é inacreditável, esses peitos e essa bunda, a plenitude de suas coxas. — Ele balança a cabeça, então se concentra em mim, seus olhos vagando pelo meu rosto. — Seu rosto é uma coisa de sonhos molhados. Acredite-me, antes que eu tivesse você, eu tive muitos desses com você. — Oh, meu Deus, — eu rio, e ele sorri, apoiando a mão na minha bochecha, o polegar escorrendo no meu lábio inferior. — Ainda mais bonita quando sorri, mas o melhor é quando você goza. — Ok, você precisa parar. Está me excitando, — digo sinceramente, e ele lança sua cabeça para trás, rindo alto. — Fico feliz em me achar divertida. — Reviro meus olhos, e ele ri mais alto, e embora seu motivo para rir fosse irritante, eu sei enquanto ouço esse som que nós ficaremos totalmente bem.

Harlen Sentado no convés de trás da cabana de quatro andares que Nico e Sophie alugaram nas Smoky Mountains eu olho para a casa através das portas de vidro, assistindo Harmony jogar um jogo de tabuleiro na sala de estar com seus irmãos. — Ficará mais fácil, — Nico diz; tirando minha atenção de sua filha, ele se senta diante de mim e me entrega uma cerveja. — É preciso tempo, mas ficará mais fácil. Logo você não estará constantemente pensando no que aconteceu, o que poderia ter acontecido.


— Espero que você esteja certo. — Faz mais de três meses e ainda parece que foi ontem. Há noites em que não durmo. Apena deito no escuro, segurando-a, ouvindo sua respiração. Dias em que não consigo fazer merda nenhuma, porque tudo o que posso fazer é pensar nela, me preocupar com ela. Mesmo sabendo que ela está segura, essa merda ainda me assombra. — Olhe para minha garota, — ele levanta o queixo para a porta de vidro. — Ela não tem uma preocupação no mundo, ela sabe que está segura, sabe que você a deixou dessa maneira. Ela sabe que você tem o poder de mantê-la assim. — Ele disse balançando a cabeça, seu rosto suavizando. — Você vai perder o sono, perderá horas por dia pensando nisso, mas lembre-se quando você olhar para ela que ela está bem e, eventualmente, você também estará. — Ele estica a mão ao redor do meu pescoço segurando apertado, me puxando para perto. — Eu não poderia ter escolhido melhor para a minha garota, você é um bom homem Harlen, eu não conhecia seus pais, mas sei que eles se orgulhariam do homem que você é, o marido que você será para minha garota e o pai que você será para seus filhos. Eu sei disso, porque até a minha puta alma, estou orgulhoso pra caralho de chamá-lo de meu filho. Porra, minha garganta fica apertada e meus olhos começam a queimar conforme seguro o olhar dele. Sabendo que não tenho palavras para dar-lhe para expressar como me sinto, envolvo minha mão na nuca dele e toco minha testa com a dele, como costumava fazer com meu pai. Seus olhos se fecham brevemente e ele faz o mesmo comigo antes de me soltar, sem ter ideia do que ele acabou de me dar.


Epílogo Harlen Um ano depois

— Ela é realmente perfeita para você. Olhando para a minha tia, vejo seus olhos concentrados em Harmony por toda a sala, que está de pé sob o braço de seu pai, sorrindo para algo que um de seus irmãos está dizendo. Observando-a, meu peito fica apertado e meu estômago se enche de orgulho e possessividade. Três horas atrás, eu fiz dela minha esposa na frente de uma pequena igreja, com amigos e familiares. Três horas atrás, ela caminhou pelo corredor em minha direção, seu vestido de renda branca roçando seu corpo e fluindo em sua cintura.Três horas atrás, peguei sua mão quando seu pai me confiou com ela. Três horas atrás, percebi que tinha errado todas as vezes antes, porque seu rosto antes de se tornar minha esposa era o mais bonito que eu já a vi. — Tão perfeita para você. As palavras da minha tia me puxam dos meus pensamentos, e eu me concentro nela. — Ela é, — concordo enquanto seus braços deslizam pela minha cintura e ela se aperta contra mim. — Seus pais ficariam orgulhosos de você, Harlen Alistair MacCabe. Tão orgulhosos do homem que você se tornou. — Suas palavras caem sobre mim e aperto meu braço em seus ombros. — Você fez bem sozinho, criança.


— Você teve uma mão por eu me tornar o homem que sou, — digo a ela, e seu corpo sacode de surpresa. Cristo, eu nunca disse a ela? — Ela está te suavizando. — Escuto as lágrimas na voz dela, e então as vejo quando ela vira a cabeça para olhar para mim. — Provavelmente, — eu concordo sem um arrependimento, e ela ri, limpando as lágrimas de suas bochechas. Olhando em volta da sala, passo por todos os rostos familiares, e então, meus olhos pousam na foto grande dos meus pais. Harmony os queria conosco hoje. Eu não sabia o que ela havia planejado, mas quando nós entramos na recepção de mãos dadas, eu vi essa foto e sabia, mesmo sem a foto, eles estavam aqui. De alguma forma, eles sempre estiveram comigo. Ainda sinto falta deles todos os dias, mas sei que eles tiveram uma mão para eu encontrar a mulher com quem me casei e a vida que vivo.

Harlen Seis anos depois Ouvindo Ava chorar por meio do monitor do bebê na mesa de cabeceira, e sentindo Harmony começando a se levantar, eu coloco a mão contra o estômago redondo para impedi-la. — Fique, eu a pego. Beijando seu ombro nu, me levanto da cama e saio do nosso quarto, indo pelo corredor até o quarto de Ava, nossa filha de cinco anos. Ao ver a sombra sentada na cama, atravesso o quarto escuro e acendo a lâmpada. A base é a cabeça de um unicórnio, o contorno de um doce rosa de algodão doce que é da mesma cor que praticamente tudo mais no quarto dela.


— Você está bem? — Pergunto a minha menina, pegando-a quando ela estende seus braços para mim, e ela balança a cabeça. — Há um monstro. — Ela resmunga, e corro minha mão pelas costas dela, em seus longos e suaves cabelos enquanto ela enfia o rosto no meu pescoço e envolve seus bracinhos ao redor dos meus ombros. — Não há monstros aqui, baby, — asseguro-a calmamente, sentindo sua vibração. — Há sim. Eu vi. — Ela tira o rosto do meu pescoço para olhar para mim, e aponta. — Está no armário. — Está? — Sim. — Ela balança a cabeça, e a aperto, depois beijo sua testa. — Ok, deixe-me pegar minha espada. — Atravesso o quarto com ela ainda em meus braços e pego a espada prateada de plástico encostada à parede perto da porta. Segurando o punho, sussurro, — Você abre a porta do armário e eu o matarei. Assentindo com a cabeça, ela se inclina e abre a porta do armário, e rapidamente enfia o rosto no meu pescoço. Como faço pelo menos algumas vezes por semana, balanço a espada, fazendo ruídos, grunhidos, girando e balançando, e depois termino com uma queda descendente no peito do monstro imaginário. — Pronto. Ele se foi, — digo, e Ava ergue a cabeça, olhando em volta do quarto, e depois espia no armário. — Vê? Tudo resolvido. — Obrigada, papai. — Deus, não importa quantas vezes por dia eu a ouça me chamar assim, nunca me canso. — De nada, baby. Você está pronta para voltar para a cama? — Sim. — Ela balança a cabeça. Largando a espada em seu lugar na porta, eu a levo até a cama e a deito, puxando os cobertores em volta do ombro e beijando o topo de sua cabeça. — É amanhã o dia de doughnut? — Ela pergunta, soando já meio adormecida. Sorrio. — Sim, baby. Amanhã é dia de doughnut. — Yippie, — ela sussurra, enquanto seus olhos se fecham.


— Vejo você pela manhã. — Beijo seus cabelos mais uma vez, apago a lâmpada e atravesso seu quarto escuro. Arrastando-me de volta para a cama com Harmony, eu me encosto contra as costas dela e descanso minha mão sobre a nossa segunda filha que chegará em breve. — Harlen Alistair MacCabe, o senhor escocês e matador de monstros, — ela diz, e embora eu não consiga ver o seu rosto no escuro, sei que ela está sorrindo. — Faço qualquer coisa para as minhas meninas. — Nós sabemos. — Ela se aproxima, abraçando-se mais apertado. — Durma, Anjo. — Ainda tão mandão, — ela murmura, ainda parecendo sorrir. Ignorando o comentário dela, beijo o topo da sua cabeça e depois ouço a respiração nivelar enquanto ela cai no sono. Harmony

Quatro anos depois

— Não, é meu! — Ava chora, segurando uma rosca salpicada de cobertura rosa sobre a cabeça, apenas fora do alcance de sua irmãzinha. — Não, eu quero isso! — Nossa filha, Lillian, grita na ponta dos pés, tentando alcançar a rosquinha, mas falhando, já que ela tem cerca de quarenta e cinco centímetros a menos. — Que tal de nenhuma de vocês? — Harlen rosna, e olho para o nosso filho de seis semanas, Alistair, a fim de esconder meu sorriso de nossas meninas. — Pai, isso não é justo! Eu vi primeiro, — Ava diz, e tenho certeza que se eu olhasse para ela, ela estaria empurrando o lábio inferior em um bico, um olhar que aperfeiçoou ao longo dos anos. Um olhar que normalmente recebe o que ela quer do pai. Também sei que ela está mentindo. Quando Harlen chegou em casa e deixou a


caixa de rosquinhas na mesa, ambas abriram a caixa ao mesmo tempo, e ambas se esticaram para o donut ao mesmo tempo. Ava acabou chegando primeiro. — Me dê o donut, Ava, — ele ordena, e olho para cima, a tempo de observá-lo com a mão estendida e sua palma virada para cima. — Papai, — Lillian sussurra horrorizada enquanto ele empurra tudo na boca e engole sem sequer mastigar. — Agora já se foi. Escolham outra, parem de discutir e vão assistir TV, — ele ordena, e retenho o riso, porque ele é seriamente engraçado quando está tentando ser duro. Algo que ele não é muito bom em ser com seus bebês. — Precisa de leite, querido? — Pergunto, e seus olhos vêm para mim, se estreitando. — O que? Apenas perguntando. — Mordo meu lábio e seus olhos caem na minha boca, e depois para o nosso filho que está preso ao meu peito, onde ele está desfrutando do café da manhã de sábado. Quando seus olhos encontram os meus novamente, vejo frustração lá. Então, novamente, ele não teve sexo por mais de seis semanas. Recebi do médico que o selo poderia finalmente ser quebrado alguns dias atrás, mas com as meninas e um novo pequeno, não tivemos uma chance, então ele não é o único que está frustrado. — Você comeu? — Ele pergunta, e agito a cabeça. — Anjo, você precisa comer. — Ele vem até mim, pegando Alistair quando o levanto do meu peito, então se abaixa para me beijar. Ouvindo a campainha tocar, ele se inclina para olhar para mim, ordenando, — Coma algo. Vou atender a porta. — Beijando minha testa, ele carrega Alistair em direção à porta da frente, acariciando as costas dele. Escuto a porta se abrir e então ouço o som do meu pai e minha mãe saudando Harlen. Meu rosto suaviza quando meu pai diz algo que faz Harlen rir enquanto as meninas atravessam a casa – uma casa que compramos depois que Lillian nasceu – ambas gritando para os avós. Ouvindo tudo isso, eu sorrio e levanto, indo à cozinha para preparar algo para eu comer. ***


— Querido, — grito contra a orelha de Harlen oito horas depois, e seus dedos que estavam brincando preguiçosamente entre minhas pernas aceleram. — Não acorde as crianças, — ele ordena bruscamente, e mordo meu lábio. — Eu preciso de você. — Você vai me ter. — Seu polegar aperta meu clitóris e minhas costas saem da cama, enviando seus dedos mais fundo. — Deus, tão fodidamente apertada, e tão malditamente molhada. Senti falta disso, — ele diz, ainda brincando comigo. Aperto os olhos e me mexo rapidamente, rolando-o para as costas, escrachando sua cintura e empalando-me no seu pau. — Senti falta disso, — eu digo a ele, o montando com força enquanto uma de suas mãos envolve meu quadril, e a outra segura meu peito. — Porra, — ele geme, e olho para ele, seus olhos nos meus. — Eu te amo. — Eu também te amo, Anjo. — Ele ergue os quadris para o meu, então se senta, pegando meu peito com a boca e puxando meu mamilo, enviando uma onda de prazer em mim. — Me dê isto. — Sim, — balanço-me enquanto começo a gozar, atravessando a borda e puxando-o junto comigo quando o sinto pulsar profundamente dentro de mim. Caindo contra o peito dele, respiro pesadamente, e tremo conforme suas mãos deslizam ao longo das minhas costas. — Isso foi muito rápido. Dê-me vinte minutos e vamos tentar de novo, — ele diz, e eu rio, enfiando o rosto no pescoço dele e fechando meus olhos ao ouvir Alistair acordar pelo monitor do bebê. — Vou buscá-lo, — ele diz, beijando meus lábios, depois minha testa, antes de se afastar e sair da cama. Ele veste a calça do pijama e sai do quarto. Olhando para ele, eu sei, sem dúvida, que algumas das coisas mais bonitas da vida são as coisas que você não planeja, e minha vida incrível é prova disso. FIM.


Until Cobi chega no final de 2018


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