P av i l hãodel az erec ul t ur a par aoCent r oEduc ac i onalnaMooc a
Cent r oUni v er s i t ár i oBel asAr t es Cur s odeAr qui t et ur aeUr bani s mo T r abal hoFi naldeGr aduaç ão
Tâni aRi bei r oSoar es Pr of es s orOr i ent ador :Ar q.I v ani rRei sNev esAbr eu
2012/ 2
“Arquitetura é desenhar um lugar que enobreça as pessoas, que as faça se sentir confiantes, importantes e animadas de estar nos espaços que habitam em sua vida cotidiana”. Fred Kent, Presidente do Instituto Project for Public Spaces
Agradecimentos Este trabalho e o curso de Arquitetura e Urbanismo não seriam possíveis sem o apoio da minha família: Marcio, Ulisses, meus pais, meu irmão. Sem os colegas das duas salas que frequentei, da manhã e da noite, a trajetória de cinco anos seria solitária e muito menos divertida. Agradeço também a todos os meus professores: os que os que duvidaram da jornalista na sala de arquitetura e aos que me incentivaram e ajudaram a descobrir as semelhanças (sim, elas existem) entre as duas profissões. Obrigada também as colegas de CSE e FDE, primeiros lugares do setor de edificações em que trabalhei. Não posso deixar de agradecer aos profissionais da Prefeitura Municipal de São Paulo que me ajudaram com informações preciosas: Sr. Fernando Santini, eng. Francisco Ricardo, Sr. Marcos de Moraes e equipe, arq. Larissa Di Ciero e Aparecida, a cuidadosa guardiã dos arquivos da Edif. Minha gratidão vai também para o professor Ivanir não só pela orientação enriquecedora, mas por acreditar que se pode ensinar arquitetura até para quem está acostumado a outras linguagens. E agradeço a você, que está lendo esse trabalho, afinal, sem leitores palavras e imagens não fazem sentido algum.
Antes de começar... Arquitetos parecem não gostar muito de textos. Dos muito longos querem distância. Preferem representar e compreender ideias por meio de desenhos. Faz sentido: matéria primeira da Arquitetura, o espaço é mais bem representado por linhas, manchas, cheios, vazios, plantas, cortes, elevações... Mas antes de pensar no espaço, pensamos nas pessoas e daí podem surgir conceitos mais complexos. Como representá-los apenas com desenhos? Por isso este trabalho procura fazer os dois: primeiro uma breve reflexão sobre a importância da arquitetura e do urbanismo para a reconstrução da vida pública nas grandes cidades. Depois, a apresentação do exercício de projeto realizado com base nessas ideias, desde os croquis até os desenhos técnicos. Então, se você é arquiteto, provavelmente já começou a folhear esse caderno à procura das páginas que contêm os desenhos. Sem problemas. Só não deixe os textos de lado. Neste caso, eles também fazem parte desse tal “mistério” chamado Processo de Projeto. Boa leitura!
Sumário 1.
Apresentação..................................................................................................................7
2.
Fundamentação Teórica.................................................................................................10
3.
Em busca do Projeto........................... ..........................................................................18
4.
Exercício de Projeto ......................................................................................................30
5.
Considerações finais ....................................................................................................54
Referências Bibliográficas .......................................................................................................55
Apresentação Lugar de todos e de cada um
A exemplo de outros TFGs, este também começou com a vontade de transformar um lugar significativo da cidade, mesmo que apenas no papel. O Centro Educacional da Mooca, ou Parque da Mooca, como é chamado na vizinhança, é um dos equipamentos públicos de maior importância para o bairro. Mas seu projeto de 1960 parece não dar mais conta das demandas contemporâneas. Localizado em uma área da cidade recentemente tomada pelos condomínios-clube, o Centro Educacional da Mooca é um dos poucos espaços livres onde crianças, jovens, adultos e idosos têm a chance de experimentar a melhor parte de se estar na cidade: viver juntos. Este trabalho é sobre a criação de um espaço em que essas interações sociais, que já existem no lugar, possam ocorrer de forma mais intensa e mais diversa. Não se criou um edifício icônico ou extraordinário, mas se buscou projetar um pequeno pedaço do tecido urbano em que as pessoas se sintam bem-vindas, seja para navegar no livro ou na internet, ouvir ou fazer música, brincar ou trabalhar, ensinar ou aprender, fazer arte ou fazer nada... em público.
Foto: Arquivo pessoal
Espaços públicos para a nova vida urbana
invenção da humanidade”, esse aumento pode ter resultados positivos porque gera oportunidades para todos: mais gente, mais encontro, mais conexões, mais negócios.
Embora tenham bons argumentos
para defender a alta densidade, aparentemente esses especialistas não estão pensando em termos espaciais e, se estiverem, talvez estejam considerando apenas os espaços privados, residências, escritórios, lojas, empresas. Mas uma cidade não se constitui apenas
Localizada no centro de Melbourne, a Federation Square reúne diversos equipamentos públicos e é uma das áreas de lazer mais frequentadas da cidade australiana
S
do território privado. Como ficam os espaços públicos como promotores do encontro entre as pessoas nos centros urbanos?
As ruas, praças, parques e edifícios
públicos ajudam a criar senso de comuni-
egundo dados da Organização das
90% da população total do País. Para alguns
dade e marcam o caráter de uma cidade. Por
Nações Unidas (ONU), mais de 70%
economistas, como o americano Edward
isso arquitetos, urbanistas e outros profission-
dos brasileiros vivem hoje em centros urba-
Glaeser, defensor da alta densidade urbana
ais do planejamento urbano têm o grande
nos. Até 2050, este número deverá superar
em seu livro “Os Centros Urbanos: a maior
desafio de acomodar tal densidade. g
10
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
Foto: Arquivo pessoal
Na obra “Novos Espaços Urbanos”,
os arquitetos dinamarqueses Jan Gehl e Lars Genzoe descrevem uma ampla pesquisa sobre cidades de várias partes do mundo que realizaram renovações urbanas significativas. Por meio da análise das estratégias, os autores levantam conceitos importantes de planejamento urbano para dar novos sentidos e significados aos espaços públicos e
Peças de mobiliário bem localizadas podem atribuir o chamado “senso de lugar” e tornar um espaço atraente
fortalecer o papel da cidade como lugar de encontro. A obra revela as estratégias de nove cidades e 39 projetos, classificados por seus aspectos sociais, funcionais e ecológicos, e suas tipologias: praça principal, praça recreativa, passeio urbano, praça de tráfego e praça
As intervenções dos projetos foram di-
um local de caráter composto e receber um
monumental. Um dos problemas enfrentados
vidas em Tratamento de Superfície; Superfícies
projeto para edifício público e uma praça,
por essas cidades era a invasão do carro e
e Equipamentos, Desenho de Praça combina-
bem como diretrizes para pavimentação, ilu-
a maior parte dos projetos de reorganização
dos em Projeto Global e Caráter Composto.
minação e mobiliário das demais áreas, além
traziam soluções de desenho urbano para de-
Seguindo esta metodologia, o Centro Educa-
de uma estratégia para a redução no tráfego
volver a rua ao pedestre.
cional da Mooca pode ser classificado como
de automóveis dentro do parque. g
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
11
Lugares amigáveis
Segundo estudos do instituto, o bom
cria o senso de lugar, não se tem o senso de
As ideias de Jan Gehl e Lars Genzoe
design de um espaço público deve levar em
pertencimento e aquilo que não tem dono
são compartilhadas pelos fundadores do ins-
conta as necessidades de seus usuários; pro-
muitas vezes é destruído. Envolver a comuni-
tituto Project for Public Spaces, criado nos
mover a diversidade de usos; conectar as
dade significa reforçar a ideia de que os es-
Estados Unidos em 1975. Reação de arqui-
pessoas com o lugar; oferecer uma imagem
paços públicos pertencem a todos e a cada
tetos, urbanistas e cidadãos ao processo de
positiva da vizinhança. O bom design não vai
um ao mesmo tempo. (WHYTE, 1980).
degradação de várias áreas de Nova Iorque,
eliminar, por exemplo, percepções de medo,
Por razões metodológicas, não foi possível
o PPS nasceu para por em prática as idei-
ou a ocorrência de crimes, mas pode criar
uma pesquisa com a população frequenta-
as do sociólogo americano William Whyte
condições espaciais que favoreçam a segu-
dora do Centro Educacional nem seu envol-
(1917-1999), autor do livro “The Social Life of
rança e até a autovigilância.
vimento na realização do exercício de projeto
Small Urban Spaces” (A vida social de peque-
Entre os fatores que podem tornar um
proposto neste trabalho. No entanto, como o
nos espaços urbanos, em tradução livre). No
espaço público “não-amigável”, estão rela-
arquiteto necessita ser um observador atento
livro, Whyte investiga porque determinados
cionados a iluminação ruim, layouts e aces-
ao contexto em que seu projeto se insere, op-
espaços funcionam bem, com a integração
sos confusos, isolamento físico, baixa visibili-
tou-se pela percepção pessoal do local por
plena dos moradores e outros, ao contrário,
dade, falta de acesso a ajuda (policiamento,
meio de visitas e levantamentos fotográficos.
afastam as pessoas. O autor concluiu que os
informações, sinalização etc.), áreas que po-
Ludicidade: brincar é coisa séria
espaços públicos em que a população mais
dem se tornar esconderijos, manutenção ruim
se integrava e conservava eram os que os
e vandalismo, sendo que este último muitas
estão associados ao brincar para as crianças.
próprios cidadãos participaram de alguma
vezes é decorrente da falta de envolvimento
A invasão do automóvel também acabou em
forma de seu planejamento ou construção.
dos usuários com o espaço. Quando não se
muitos bairros com as brincadeiras de rua. g
12
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
Nas metrópoles, os parques sempre
Foto: Arquivo pessoal
uma das cidades mais caras do mundo? Procuram os parques mais próximos.
No CE Mooca, os playgrounds infantis
têm mobiliário obsoleto e em más condições de conservação. O tratamento de piso também não é adequado. Por isso foi-se buscar na obra “O Parque e a Arquitetura: uma proposta lúdica”, organizado por Danilo Santos de Miranda, conceitos para o desenho de novos espaços de lazer familiar. A arte pública também pode ser lúdica e ajudar a atrair pessoas
Para Miranda, um espaço lúdico é
aquele em que se brinca com um alto nível de interatividade. “Um espaço em que os
Ser criança urbana significa muitas vezes não
e adolescentes. O projeto tem bons resulta-
objetos e as instalações – os brinquedos - já
ter onde se divertir perto de casa.
dos, mas não atende a todas as faixas etárias.
de início suscitam na criança um forte inte-
O Clube Escola, um dos equipamentos
Crianças menores de seis anos estão excluí-
resse em serem tocados, manipulados, es-
do CE Mooca, e que também está presente
das. As atividades também só ocorrem de se-
calados, percorridos etc, ou seja, um espaço
em vários pontos da cidade, tem a preocu-
gunda a sexta-feira. E como os pais que não
em que a criança é convidada a participar de
pação de oferecer atividades recreativas que
vivem nos novos condomínios-clube se diver-
um jogo de relação com o espaço e as de-
proporcionem o desenvolvimento de crianças
tem com seus filhos nos fins de semana em
mais crianças”. (MIRANDA, 1996. p.29) g
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
13
De acordo com o autor, todo espaço
lúdico é, necessariamente, um espaço
• Inovação – oferecer novas propostas cul-
de
• Devem também proporcionar às crianças
turais até então inexistentes;
sensações e emoções; vertigem, medo,
lazer, mas o inverso nem sempre é verdadeiro.
No caso da área de estudo, o que se tem é
que devem ser consideradas por designers e
• Devem incorporar elementos sensoriais,
um espaço de lazer necessitando de certa “lu-
arquitetos no momento de concepção de es-
cores variadas, diferentes graus de lumi-
dicidade”, e para conquistá-la é necessário
paços lúdicos em parques públicos, algumas
nosidade, textura de materiais diversos,
renovar as instalações lúdicas para crianças,
destacadas a seguir:
diferentes temperaturas;
substituindo antigos playgrounds por equi-
• O conjunto deve atender crianças e pré-
pamentos fundados em novas concepções
A obra traz também recomendações
segurança e insegurança, alegria;
• Dar preferência sempre a componentes
adolescentes, até os 12 anos;
naturais como madeira tratada, cordas
educativas e que incorporem novas soluções
• As instalações devem formar um conjunto
de design, acabamento, uso de materiais e
de equipamentos complementares, com
materiais: cimento, fibra, pneus, metal;
possibilidades de uso lúdico pelas crianças.
uma imagem de referência para o local;
• Devem ter elementos móveis, para que as
Entre as classes de ações possíveis para trans-
e integrar-se harmoniosamente ao entor-
crianças componham imagens ou figura-
formar um espaço de lazer em espaço lúdico,
no circundante, áreas construídas, trata-
ções, ou elementos interativos, que reajam
o autor cita:
mento paisagístico e ambientes naturais;
ao toque ou à solicitação das crianças.
etc. e combiná-los com outros tipos de
• Modernização – renovar antigas estrutu-
• As instalações lúdicas devem estimular a
ras, práticas e modelos envelhecidos pelo
fantasia e a imaginação das crianças e
tempo;
permitir a livre expressão de todo o seu vo-
faz parte deste trabalho, essas recomenda-
cabulário físico-corporal: correr, agachar,
ções serão levadas em conta na sugestão do
esconder, escorregar, subir, encostar;
mobiliário do edifício proposto. g
• Readequação – revê a funcionalidade do existente e sua eficácia;
14
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
(MIRANDA, 1996. p. 43) Como o desenho do mobiliário não
Foto: Arquivo pessoal
GreenKeys@Mooca: a importância do verde urbano
Outro aspecto importante para o
planejamento dos espaços livres é o verde. Desde o inglês Ebenezer Howard, com o conceito de cidades-jardim, a criação de parques e a arborização de ruas são os recursos mais utilizados para a melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades. Esse conceito é revisitado pelo projeto GreenKeys, criado na Alemanha em 1990, que soma o tema da biodiversidade e a participação direta das comunidades locais.
Sem as áreas verdes nas cidades, a preservação de espécies da fauna pode estar ameaçada
O projeto se apoia em teorias da Eco-
biologia sobre a preservação das áreas verdes
Segundo o arquiteto Carlos Smaniotto
da Mooca já se organizam em pequenos
urbanas para a sobrevivência da fauna e da
Costa, que estudou o GreenKeys em sua pes-
“clubes”, formando uma comunidade coesa
flora em áreas de proteção fora das cidades,
quisa de mestrado, o projeto adota como es-
que pode ser mobilizada. Assim entre as dire-
para que a endogenia – o cruzamento de es-
tratégia a implementação de projetos-piloto
trizes a serem propostas para a requalificação
pécies dentro de um mesmo bioma – não seja
com a participação ativa das comunidades.
ambiental do local deverá estar o plantio de
um fator causador da extinção.
Os frequentadores do Centro Educacional
espécies nativas pela comunidade. q
FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
15
Em busca do projeto: estudo do local
Planta atual do Centro Educacional com seus usos divididos em categorias
18 EM BUSCA DO PROJETO: ESTUDO DO LOCAL
O bairro da Mooca ocupa uma posição
ço livre. Por determinações econômicas e da
o hospital da AACD e até a sede da subpre-
importante na história da cidade de São Pau-
ética social da época, havia uma prevalência
feitura da Mooca., mas apenas uma biblio-
lo: criado a partir da necessidade bandeiran-
dos espaços utilitários ou produtivos sobre os
teca e um centro de convivência de idosos, so-
te de vencer o obstáculo do rio Tamanduateí
espaços não-produtivos (parques, praças e
mando apenas 4% da área, como demonstra
e um de seus córregos, o Cassandoca (que
jardins, espaços de jogos e recreação).
o gráfico à esquerda
hoje se tornou a avenida de mesmo nome ao
lado da área de estudo), para chegar à outra
o avanço do processo de urbanização, houve
como o hospital da AACD ou a unidade am-
margem e conquistar os territórios que se tor-
um aumento da demanda por equipamentos
bulatorial em frente ao conjunto de escolas,
nariam o Rio de Janeiro e Minas Gerais, é um
públicos e falta de espaços para sua instala-
por exemplo, mas o torna um dos espaços
dos mais antigos, com seu primeiro registro
ção, o terreno restante do antigo Hipódromo
públicos de maior interesse para o bairro, que
oficial datando de 1556. (LOPES, 2011)
foi dividido para a construção de escolas, do
se encontra em plena transformação devido
posto de saúde etc, resultando na segmenta-
ao recente processo de substituição dos anti-
garam os imigrantes italianos que tiveram
ção de hoje.
gos galpões industriais por condomínios resi-
tanta importância na formação da cidade.
denciais (veja páginas 18 e 19). q
O bairro já foi morada da elite paulistana e
para o bairro, o Centro Educacional é um
abrigava até o Hipódromo da cidade, trans-
bom objeto de estudo para exercitar as teorias
ferido para o bairro dos Jardins em 1941.
estudadas na fundamentação teórica deste
Com a transferência do Hipódromo,
trabalho: hoje o Centro Educacional conta
a vasta área do bairro foi loteada, sobrando
com mais de 15 equipamentos públicos, entre
apenas o terreno na rua Taquari como espa-
eles três escolas, uma unidade ambulatorial,
Séculos mais tarde, foi por onde che-
Entre as décadas de 1950 e 1960, com
Sendo um espaço público importante
Essa diversidade de usos cria conflitos,
EM BUSCA DO PROJETO: ESTUDO DO LOCAL
19
Local: bairro em transformação
Foto de Satélite de 1958 mostra local ainda com marcas da época em que foi o Hipódromo da Mooca. O Balneário e seus anexos já estavam em construção, assim como a avenida Alcântara Machado, marcada na foto em traços coloridos pelo software Multispectral. A morfologia do bairro já indicava sua importância para a industrialização da cidade. (Fonte: Geoportal NASA)
Quarenta anos depois, em 1998, próximo período disponível no Geoportal Nasa, o terreno do antigo hipódromo já se encontra ocupado. Nota-se a seção de áreas para o Senai, o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), e até mesmo para o próprio sistema viário do bairro, com a rotatória que dá acesso ao viaduto que transpõe a via férrea e a Radial Leste. Além de ser o único espaço público deste trecho, o Centro Educacional também é a única área verde.
20
EM BUSCA DO PROJETO: LOCAL
Em 2008, o bairro da Mooca já mostra sinais claros de sua transformação, com antigos galpões industriais abandonados dando lugar a condomínios verticais, aumentando a densidade populacional, o que vem causando fortes impactos na infraestrutura existente, sobretudo o sistema viário e de transporte. O Centro Educacional continua sendo a maior área verde. (Fonte: Geoportal NASA).
Foto mais atual do satélite mostra os condomínios verticais do entorno já ocupados. A estratégia do mercado imobiliário de equipar os condomínios com todo tipo de lazer nega o convívio nos espaços públicos. Um projeto de requalificação poderá criar mais interesse pelo Centro Educacional da Mooca como lugar de encontro, devolvendo uma das funções sociais da cidade que é proporcionar a troca de ideias e experiências entre pessoas de diversos perfis. (Fonte: Google Earth)
EM BUSCA DO PROJETO: LOCAL
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Levantamento fotográfico: entorno e acessos
1
2
3
4
5
6
O Centro Educacional da Mooca conta com diversos acessos pelas Ruas Bresser (Fotos 1 e 2), Jaibarás (Foto 3) e Taquari (Fotos 4, 5 e 6), mas todos muito tímidos ou precários, de forma que acabam mais servindo de bloqueio do que de convite à chegada do usuário.
22 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Busca de espaços livres para proposta arquitetônica
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Diversos espaços livres não contam com usos específicos (7, 8 e 10) ou tiveram seus usos abandonados, como a de convivência (9), a área de recreação para cães (11) ou a praça de atletismo (12), mas nem todos são passíveis de intervenção arquitetônica devido à grande concentração de vegetação ou não haver área suficiente.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
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Edifícios existentes
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18
Alguns equipamentos merecem destaque por serem os principais pólos de atração de usuários: como o conjunto do balneário (13), o ginásio de esportes (14), a Unidade Básica de Saúde (15), o Galpão esportivo (16), a Subprefeitura da Mooca (17) e Biblioteca Affonso de Taunay (18), único equipamento cultural existente.
24 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Pistas do Projeto
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Entre os conflitos de uso está o campo de futebol improvisado em frente à Biblioteca. Em dias úteis, o campo não pode ser utilizado por conta do ruído e à noite não conta com iluminação adequada, restando apenas os sábados a tarde e domingos. Sua transferência para terreno na mesma rua e a criação de um novo espaço de lazer ajudará a atrair mais pessoas.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
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Em busca do projeto: possíveis intervenções
À esquerda, croqui que registra o estudo das possibilidades de intervenção no Centro Educacional, a maior parte muito pontuais, devido à consolidação dos equipamentos. Optou-se por focar na área da biblioteca, onde há conflitos de uso devido à presença da Subprefeitura e do campo de futebol. Essa área mereceu um aprofundamento da pesquisa, que resultou no resgate do projeto original.
26
EM BUSCA DO PROJETO
Resgate Histórico: no meio do campinho havia um projeto
Foi no resgate da história da formação do local que se encontrou o projeto original (imagem à direita) que daria ao bairro um alojamento de atletas, uma biblioteca e um centro de eventos culturais, além das instalações esportivas, educativas e de saúde. Hoje, embora um tanto degradadas, essas instalações são bastante utilizadas. No entanto, no edifício do alojamento funciona a Sub-Prefeitura da Mooca, que provoca ao maior parte do tráfego de veículos dentro do parque; a Biblioteca, um pouco alheia às possibilidades da vida digital, já não atrai tantos leitores; e onde estaria o centro de eventos, jamais construído, sobrou espaço para um campo de futebol só usado aos fins de semana.
EM BUSCA DO PROJETO
27
Desenhando ideias
Croqui da área de projeto ajuda a conhecer as características do local, como níveis, assentamento dos edifícios existentes e acessos
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EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
Desenhando ideias
A partir do croqui da vista longitudinal da área de projeto, foi possível encontrar as possíveis relações entre os edifícios existentes e o volume proposto. Características como o formato paviolionar, modulação estrutural e modulação de caixilharia foram e decisões de partido como acesso e nível de assentamento do novo volume foram conseguidas a partir do uso do desenho como forma de raciocinar o espaço
EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
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Desenhando ideias
Primeiro estudo de partido, considerando elementos como acesso e fluxos, níveis, relação com edifícios existntes, insolação dá as primeiras definições do projeto
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EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
Desenhando ideias
Busca de novas possibilidades de assentamento do novo volume, considerando o edifício proposto como um marco de entrada revela problemas como a insolação e a dificuldade de conexão com a biblioteca existente
EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
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Desenhando ideias
Terceiro estudo de posicionamento do volume também revela outras dificuldades, como a quebra da relaão entre o novo volume o fluxo de usuários e o problema para conectar o edifício proposto com a biblioteca
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EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
Desenhando ideias
Croqui em perspectiva se remete ao partido do projeto original ajuda a visualizar as possibilidades de desenho para o edifĂcio proposto.
EXERCĂ?CIO DE PROJETO: CROQUIS
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Desenhando ideias
Croqui com vista a partir da rua Bresser, ajuda a visualizar como são as relações entre os edifícios e como o usuário verá o novo volume.
Neste estudo, já se tem uma estratégia de projeto, com posicionamento, níveis, gabarito e pistas de como pode ser a conexão entre edifícios.
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EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
Desenhando ideias
Estudo busca soluções para circulação entre os pavimentos do pavilhão proposto e para a passarela de conexão com a biblioteca existente.
Croqui para criação de marco de entrada: volume proposto e passarela “abraçam” o edifício da biblioteca , criando também um a “vitrine”
EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
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Desenhando ideias
Estudo para layout, baseado no programa da Biblioteca São Paulo, no parque da Juventude, com atividades diversas para atrair diferentes públicos
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EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
Desenhando ideias
Layout do mezanino leva em conta atividades específicas, como salas de música e vídeo que integram e atualizam o programa atual da biblioteca municipal
EXERCÍCIO DE PROJETO: CROQUIS
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Desenhos finais
Para leitura do desenho, desdobre a folha ao lado
40
EXERCĂ?CIO DE PROJETO: DESENHOS FINAIS
D
EXERCÍCIO DE PROJETO: PLANTA TÉRREO
Desenhos finais
Para leitura do desenho, desdobre a folha ao lado
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EXERCĂ?CIO DE PROJETO: DESENHOS FINAIS
DO
Desenhos finais
Para leitura do desenho, desdobre a folha ao lado
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EXERCĂ?CIO DE PROJETO: DESENHOS FINAIS
DO
Desenhos finais
Para leitura do desenho, desdobre a folha ao lado
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EXERCĂ?CIO DE PROJETO: DESENHOS FINAIS
DO
Desenhos finais
Para leitura do desenho, desdobre a folha ao lado
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EXERCĂ?CIO DE PROJETO: DESENHOS FINAIS
DO
CORTE LONGITUDINAL
0
ELEVAÇÃO 2 (NOROESTE)
5
10
20
FECHAMENTO METÁLICO (ACM)
BRISE HORIZONTAL (ALUZINCO)
CAIXILHARIA (PERFIL METÁLICO E VIDRO)
EXERCÍCIO DE PROJETO: CORTE E ELEVAÇÃO LONGITUDINAIS
30m
Pesquisa Mobiliário: interiores
Peças com desenhos orgânicos e inusitados dão ao ambiente a noção de liberdade ao usuário. Ao invés de apenas estantes fixas, organizadas em fileiras. como nos acervos tradicionais, estantes móveis ou integradas a outras peças do mobiliário ajudam a aproximar o leitor dos livros.
50
PESQUISA MOBILIÁRIO
Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal
Para os adultos ou crianças, o mobiliário deverá ter elementos lúdicos, associando o ato de ler com prazer e diversão, com pufes, sofás, poltronas, mesas e até praticáveis, a exemplo da Biblioteca da Univerdade de Sydney (sequência de fotos à direita), onde foram criados diversos ambientes de caráter livre e informal.
PESQUISA MOBILIÁRIO
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Pesquisa Mobiliário: praça e playgrounds
Um problema comum das áreas livres de São Paulo é a falta de mobiliário urbano adequado à vida contemporânea. O vandalismo é sempre colocado como um agravante, mas uma peça com design atual e que atenda às necessidades do público pode ajudar a criar um senso de pertencimento na população, que passa não só a frequentar mais esses espaços como a cuidar de sua conservação. Seguindo as diretrizes estudadas no livro “O parque e a arquitetura”, são sugeridas para o Centro Educacional da Mooca peças feitas em materiais diversos, como madeira, metal, borracha, sempre seguindo o conceito de “ludicidade”, seja nos espaços estáticos ou espaços dinâmicos para uso de adultos e crianças.
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PESQUISA MOBILIÁRIO
Hoje o esporte é a atividade principal do Centro Educacional da Mooca, por isso aumentar a diversidade de usos é a ideia por trás da escolha de peças de mobiliário que estendam o programa do pavilhão de lazer e cultura, e permitindo a leitura ou o descanso ao longo de todo o parque.
PESQUISA MOBILIÁRIO
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Considerações finais: coisas que aprendi com esse projeto Em viagens por diferentes lugares como repórter, sempre me chamou a atenção como os habitantes locais aproveitam as áreas públicas. Todo tipo de gente tomando sol no parque, jogando cartas na praça, lendo um livro num banquinho na calçada, ou simplesmente contemplando a paisagem e os passantes são cenas comuns em cidades como Melbourne, onde capturei as imagens que ilustram a fundamentação teórica deste trabalho. Durante toda a pesquisa foi possível identificar pelo menos uma razão porque essas cenas são raras em nossa cidade: muitos de nossos espaços públicos perderam sua qualidade arquitetônica e não são mais atraentes. O exercício de criar um espaço público foi importante para compreender a importância da arquitetura para o resgate da vida pública nas grandes cidades. Mais importante do que malabarismos com as ferramentas de representação (isso ainda vou ter tempo de aprender), foi exercitar passo a passo como projetar um espaço que promova o encontro, das pessoas com outras pessoas e delas com a cidade. E, por fim, seja qual for a escala em que se trabalhe, do plano urbanístico à maçaneta de uma porta, o arquiteto não pode perder as pessoas de vista. Sem elas, edifícios são objetos sem sentido.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências Bibliográficas Artigos eletrônicos COSTA, Carlos Smaniotto. Áreas Verdes: um elemento chave para a sustentabilidade urbana. A abordagem do Projeto GreenKeys. Arquitextos, São Paulo,11.126, Vitruvius, nov 2010 http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.126/3672. Acessado em 16/03/2012 MARIA SOUZA DE ANDRADE, Liza. O conceito de Cidades-Jardins: uma adaptação para as cidades sustentáveis. Arquitextos, São Paulo, 04.042, Vitruvius, nov 2003. <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04. 042/637>. Acessado em 16/03/2012 Livros e Manuais GEHL, Jan e GEMZOE, Lars. Novos Espaços Urbanos. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. GLAESER, Edward. Os Centros Urbanos: a maior invenção da humanidade. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2011. LOPES, Rodrigo Herrero (org). Face Leste: revisitando a cidade. São Paulo: Mitra Diocesana São Miguel Paulista, 2011. MIRANDA, Danilo Santos (org). O Parque e a Arquitetura: uma proposta lúdica. Campinas, Papirus, 1996. WALLJASPER, Jay (org.). How to turn a place around: a handbook for creating successful public spaces. New York: PPS, 2007. ____________. The Great Neighborhood Book: a do-it-yourself guide to Placemaking. New York: PPS, 2007. WHITE, William H. The Social Life of Small Urban Spaces. New York: PPS, 1980.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cent r oUni v er s i t รกr i oBel asAr t es Cur s odeAr qui t et ur aeUr bani s mo T r abal hoFi naldeGr aduaรง รฃo 2012/ 2