A Poesía quebra fronteiras: Antonio Pereira, o espanhol: Espelho entre duas luze Tania Martínez Galllego “La poesía es un arma cargada de futuro” Gabriel Celaya “O mundo inteiro cabe numa sílaba e nela me refugio para esperar a aurora” Lêdo Ivo “O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio” Jose Saramago
O subtítulo desta minha breve comunicação-poster: Antonio Pereira: espelho entre duas luzes” foi também o título que escolhi para uma série de oficinas ou ateliers de leitura, tradução e criação poética que foram realizadas em abril de 2013, em colaboração com os Departamentos de Português de várias Escolas de Línguas de Castela e Leão. 1 Trata-se de un verso do livro Cancionero de Sagres (1969) do escritor espanhol Antonio Pereira que se refere à capital portuguesa e que passo a citar com o excerto de “Lunes Geografía” poema a que me refiro: “ Lisboa era un espejo entre dos luces: ¡Quién me podrá decir si estos colores de la ciudad que hoy tengo son más ciertos que la ciudad soñada por su nombre.
Em primeiro lugar e antes de passarmos a expôr a experiência didáctica vivida gastaríamos de apresentar o escritor espanhol, hoje practicamente desconhecido entre os leitores portugueses e espanhóis, esboçando em linhas gerais um breve perfil biográfico do autor e do seu percurso literário que enquadre e justifique a filiação do autor leonês com a lusofonia. Uma vida entre o ferro e a Seda Com efeito, Antonio Pereira poderia ter sido descendente de judeus portugueses como já disse Jorge Luis Borges no seu primeiro encontro. 2 O nome e apelido bem portugueses, marcam o peculiar destino vital deste mestre da oralidade. Antonio Pereira nasce a 13 de Junho de 1923, dia de Santo Antonio de Lisboa_daí o seu nome na nobre Villafranca, antiga capital da Comarca do Bierzo( Leão). Morre a 25 de abril de 2009, data em que o poeta escolhe libertar-se no vermelho simbólico dos seus queridos cravos. Nunca duas datas na vida e na morte de um autor espanhol foram tão significativamente portuguesas. Criado no seio de uma humilde família originária da Galiza, de fortes ferreiros da Fonsagrada em Lugo, o pai possuia uma loja de ferragens e artigos varios, que virá a ser determinante no futuro do jovem Pereira. Em miúdo inicia-se na literatura com as primeiras leituras na tipografia e livraria do seu tio. E assim que desperta nele uma forte afeição pela sonho e pela fantasia. Combina-se por tanto, uma extranha fusão entre o seu mundo literário e o peso da tradição comercial “Hijo del hierro y de la seda” como ele próprio se auto-denominou. Depois de finalizar os seus estudos de Bacharelato e a formação como mestre nacional (profissão que nunca viria a exercer). Em 1949, parte definitivamente da sua terra para se fixar em Leão, Pereira 1
Agradecimentos às EOI (Escuelas Oficiales de Idiomas) de Miranda de Ebro, Ponferrada e Leão e aos seus professores: Rubén de Rey, Maria Antonia Martín e Gabriela Amandi) que apoiaram com grande entusiasmo esta atividade extracurricular desde os seus departamentos. 2 Vários autores tem resenhado de forma geral a filiação de Pereira com Portugal, entre eles o Catedrático de Português reformado da Universidade de Salamanca: o professor Luis Gavilanes Laso, assim como o Presidente da Fundación Jorge Guillén Antonio Piedra que destacou o impacto que teve o Cancionero de Sagres na Espanha e em Portugal, na época das dictaduras de Franco e Salazar.
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