A Escravidão no Brasil

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A Escravidão no Brasil Como para a América do Norte, como para as Antilhas, a raça negra foi introduzida no Brasil para a mão de obra indigna nas lavouras de cana de açúcar, algodão, cacau e café: nas regiões agrícolas de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, depois Maranhão e estados limítrofes. E, por último nas zonas centrais de mineração. A história do tráfego de escravos no Brasil não está devidamente escrita, trata-se de uma extensa e triste odisséia que se estivesse totalmente registrada ocuparia imenso capítulo da "História do Brasil" Se não fosse a destruição dos documentos históricos sobre o negro, decretada pelo Ministério da Fazenda, através da circular nº 29 de 13 de maio de 1891, teríamos hoje, respostas para as inúmeras perguntas referentes a entrada de diversas tribos africanas nas inúmeras regiões brasileiras. Segundo alguns historiadores, foram os Bantos os primeiros negros a entrarem no Brasil. Proviam de Angola, Congo e Cabinda da África Ocidental e dos Macuas e Angicos da Costa Oriental. O professor baiano Nina Rodrigues descobriu na Bahia que parte da população negra existente era de procedência Sudanesa: Yorubas, Gêges, Hausas e Minas, além dos negros Bantus anteriormente chegados. Com isso, podemos então concluir que de acordo com vários estudos sobre o assunto, duas facções negras entraram no Brasil: Bantos e Sudaneses. Os Bantos foram introduzidos em Pernambuco (estendendo-se a Alagoas), Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Maranhão (estendendo-se ao litoral paraense). Estes foram focos primitivos, daí se espalharam posteriormente por todo o território brasileiro. São Bantos: Os Angolas, os Congos ou Cabindas (segundo os historiadores Spix e Martins), os Benguellas, os negros de Moçambique incluindo os Macuas e Angicos. Os Sudaneses foram introduzidos inicialmente nos mercados de escravos na Bahia e de lá se espalharam pelo recôncavo baiano e, posteriormente por todo o território brasileiro. Deles os mais importantes foram os Yorubanos ou Nagôs e os Gêges. Não dando certo o uso do índio como escravo, pensou-se então nas antigas colônias de Portugal na África distante onde se buscariam escravos mais dóceis, submissos e fortes para o trabalho braçal nas lavouras. A colônia portuguesa de Angola foi a primeira a ter os seus filhos transportados como escravos para a nova colônia (Brasil). Consequentemente há de se aqui registrar como sendo a primeira "nação" de negros que chegou ao Brasil. Compunha-se esta grande Nação das tribos: Banguelas ou Bangalas, Congos, Muxicongos, Rebolos, Monjolos, Kassanjes e etc. Estes últimos considerados os mais cultos, deram origem as casas de Candomblé de Angola existentes no Brasil. É obvio que existiam escravos de outras colônias portuguesas como Moçambique e Guiné,


porém em menor número. È importante ressaltar que quando os sudaneses chegaram ao Brasil, os Bantos, em sua maioria de Angola, já se encontravam no Brasil há 150 anos! Ora! O bom senso não nos permite aceitar que seres humanos oriundos de outras terras tendo suas próprias crenças e costumes, em 150 anos não conseguissem implantar seus hábitos religiosos onde viveram por várias gerações. Será que teriam que esperar por mais de um século e meio a chegada dos sudaneses para copiar seus deuses? Não, tal argumento escrito em alguns livros, perde o seu conteúdo pelas evidências ora apresentadas. Ela transmite até um pouco de preconceito entre os próprios segmentos do Candomblé. Como se explica então a vasta contribuição de vocábulos de origem banto na língua oficialmente falada no Brasil, as rezas de Angola naturalmente inseridas nos rituais de Keto, Gêge e etc? Por quê em dados momentos nas casas que oficialmente não tocam Angola ou Congo, se escuta e vê o milenar toque nos atabaques diretamente com as mãos, sem as tradicionais varinhas (aguidavis) para conhecidos orixás ou voduns isto é sem os aguidavis (varinhas). É sabido que o negro Yoruba ou Nagô só começou a ser traficado para o Brasil após a descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII, já que se supunha que eles dariam ótimos mineradores devido as suas atividades auríferas na Costa da Mina, Golfo da Guiné ou Benin. E as ervas litúrgicas consagradas aos deuses e vindas da África foram trazidas pelos bantos que vieram trabalhar nas lavouras e não em minas de ouro, só descobertas a quase dois séculos após o descobrimento do Brasil, por que foi que eles trouxeram as ervas? Para aumentar a flora da nova colônia? Não, trouxeram-nas para a liturgia de seus Inkices vindos em seus camutuês (cabeças) ou em seus corações (muchimas). A realidade é que não esperaram a chegada secular dos nagôs ou yorubás, segundo alguns escritores, mais sábios para copiar a sua religião. A casa é feita e arrumada por quem chega primeiro. No sentido figurado Angola é a Nação Mãe, chegou primeiro e abriu as portas para as demais. Tata Ananguê de N'Gola DJanga ria Matamba.


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