A Origem de Angola
Ao tempo do descobrimento Português havia ao sul do reino do Congo dois reinos. Era NDongo e Matamba. Em 1555 um povo nômade e feroz invadiu o Congo e o oeste africano, desde a Guiné até o centro de Angola. Foram os Jacas ou Majacas, também chamados Simbas e Manes na Guiné, Gatas ou Gallas na Abssínia (Etiópia) e Gingas em Angola. Os invasores tudo destruíram e um dos chefes o NGola Ginga, apossou-se dos dois reinos (NDongo e Matamba), dando o reino de Ndongo a seu filho, o NGola NBandi, cujo o nome passou a designar desde então o reino conquistado (NGOLA; Angola). Era a Dinastia dos Gingas que se estabelecia em Angola, antigo reino de NDongo, também chamado agora, reino do Ginga ou dos Gingas. NGola NBandi filho de NGola Ginga, foi um rei valente que resistiu por várias vezes as expedições aguerridas dos colonizadores portugueses, contra-atacando-os vitoriosamente. Em 1618 os vassalos de GingaNBandi, oitavo rei de Matamba, cansados da tirania do velho rei, revoltaram-se e mataram-no. Assumiu o poder NGola NBandi, filho do velho Ginga NBandi e de uma escrava (não deve ser confundido com o primeiro NGola NBandi), mercê da conspiração preparada e, para consolidar o mando supremo dos reinos Angola e Matamba, mandou decapitar o irmão, a madrasta e um sobrinho, filho de uma irmã aquela que seria a futura Rainha Ginga, a famosa D.Anna de Souza. Esta nunca perdoou ao irmão a afronta recebida (morte do filho), embora fingisse havê-lo perdoado e colaborando mesmo como Embaixatriz do Reino de Matamba perante os colonizadores. Foi numa destas embaixadas que consentiu ser batizada na religião católica, recebendo o nome de Anna de Souza (1622). Mas na primeira oportunidade a católica D.Anna de Souza vingou-se do irmão, envenenando-o na pequena ilha de Kuanza, onde ele se refugiara, batido pelos portugueses e completamente abandonado pelos seus vassalos. Naquela época, Dona Anna de Souza foi aclamada soberana. Era o reinado da absoluta e cruel Rainha Ginga que se iniciava. Apostatou do catolicismo e sustentou contra os reinos vizinhos e o colonizador encarniçadas lutas que duraram muitos anos. Nos últimos tempos da Rainha Ginga, os missionários capuchinhos conseguiram a sua volta ao catolicismo (1657) em cujo seio permaneceu até o seu falecimento, em 1680, segundo alguns historiadores ou em 17 de dezembro de 1663 aos 82 anos de idade, segundo o padre Antonio Caeta. Angola é um país da costa ocidental da África, cujo território principal é limitado a
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norte e a leste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. Angola inclui também o enclave de Cabinda, através do qual faz fronteira com a República do Congo, a norte. Uma antiga colônia de Portugal, foi colonizada no século XV, e permaneceu como sua colônia até à independência em 1975. O primeiro europeu a alcançar Angola foi o explorador Português Diogo Cão. Sua capital é Luanda. Angola está dividida em 18 províncias: 1) Bengo 2) Benguela 3) Bié 4) Cabinda 5) Kuando-Kubango 6) Kwanza Norte 7) Kwanza Sul 8) Kunene 9) Huambo 10) Huíla 11) Luanda 12) Lunda-Norte 13) Lunda-Sul 14) Malange 15) Moxico 16) Namibe 17) Uíge 18) Zaire Línguas: O português é a única língua oficial de Angola, para além de numerosos dialetos, Angola possui mais de vinte línguas nacionais. A língua mais falante em Angola, depois do português, é o Umbundo, falado na região centro-sul de Angola e em muitos meios urbanos. È língua materna de 26% dos angolanos. O quimbundo (ou Kimbundu) é a terceira língua nacional mais falada (20%), com incidência particular na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malange e no Kwanza -Sul. É uma língua com grande relevância, por ser a língua da capital e do antigo reino dos N'Gola. Foi esta língua que deu muitos vocábulos à língua portuguesa e vice versa. O Kicongo falado ao norte (Uíge e Zaire), tem diversos dialetos. Era a língua do antigo Reino do Congo. Ainda nesta região, na província de Cabinda, fala-se o fiote ou ibinda. O chocué (ou tchokwe) é a língua do leste, por excelência. Têm-se sobreposto a outras da zona leste e é, sem dúvida, a que teve maior expansão pelo território da atual Angola. Desde Lunda Norte ao Cuando Cubango, Cunhama, nhaneca e mbunda são outras línguas de origem Bantu faladas em Angola.
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No sul de Angola são faladas outras línguas do grupo khoisan, faladas pelos san, também conhecidos como bosquímanos. O território de angola situa-se quase exclusivamente dentro da área de difusão das línguas bantu. São nove as nações bantu de angola, correspondendo a cada uma delas uma língua diferente: Nação - Indioma. Bakongo - Kikongo Mbundo ou Ambundo - Kimbundu Lunda/Tchokwe - Tutchokwe Ovinbundu - Umbundu Ganguela - Tchiganguela Nhaneka/Humbe - Lunhaneka Herero - Tchiherero Ovambo - Ambo Donga - Xindonga De todas estas nações, só os territórios dos Mbundu, dos Ovimbundos e dos NhanekaHumbe se circunscrevem no espaço angolano. Cada uma destas nações é dividida por diversos subgrupos, a cada um dos quais corresponde uma variante dialectal. A nação Mbundu reparte-se em 11 subgrupos (ou etnias), disseminados pelas províncias de Luanda, Bengo, Malange, Kuanza Norte e ainda pequenas bolsas no Uíge e no Kuanza Sul São portanto 11 as variantes do Kimbundu, de acordo com a difusão geográfica dos 11 povos que constituem esta nação: Ngolas, Dembos, Jingas, Bondos, Bangalas, Songos, Ibacos, Luandas, Quibalas, Libolos e Quissamas. Os estudiosos do Kimbundu, surgem no século XIX e XX, são destaques: Héli Chatelain, Cordeiro da Matta, Antônio de Assis Júnior e Oscar Ribas. Ortografia e fonologia A grafia do Kimbundu é sempre sônica. Todas as vogais são abertas. Antes de outras vogais o i e o u, tem a função de semi-vogais. O m e o n servem para nasalar, daí vocábulos como Angola derivado de Ngola(rei) ou embondeiro derivado de mbondo (árvore). O H é sempre aspirado como em henda (graça, misericórdia) O R é sempre brando e pode ser substituído por d ou menos freqüente , por L Exemplo kitari ou kitadi (dinheiro), ditadi ou ritari (pedra), kudia ou kuria (comer), kolombolo ou koromboro (galo). O K substitui sempre o q da língua portuguesa., bem como o c antes de a, o e u. O G nunca tem o valor de J, mesmo antes de e ou i.. Ndenge (mais novo) e ngndu (trança), lê-se ndengue e nguindu. O som nh deve se escrever como em português, embora a que escreva ni ou ny. Ex: dikanha, dikania ou dikanya (tabaco) Não vemos ,necessidade do emprego do Y em Kimbundu, embora certos autores o usem enquanto prefixo para fazer plural de Ki. É do conhecimento de todas as Comunidades de Terreiro a discriminação secular que sofrem os Terreiros de candomblé de origem Bantu em sua maioria de Angola. Infelizmente vários motivos alheios a nossa vontade, são os principais causadores deste
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fato que chega a ser até repugnante.Quando tentamos denunciar tal atitude, imediatamente surge a tentativa de negá-la assim como se faz com o racismo no Brasil “Que nada , somos todos irmãos”. Eu particularmente entendo que seria dizer o mesmo que: time que está ganhando, não se mexe. A décadas, escutamos queixas,e lamentos sobre este menosprezo que em muitas das vezes termina em debandada para segmentos nagôs ou yorubás e até mesmo para segmentos evangélicos. Como para a América do Norte, como para as Antilhas, a raça negra foi introduzida no Brasil para a mão de obra indigna nas lavouras de cana de açúcar, algodão, cacau e café: nas regiões agrícolas de Alagoas, Pernambuco, e Rio de Janeiro e Minas gerais, depois Maranhão e estados limítrofes. E, por último nas zonas centrais de mineração. A história do tráfego de escravos bantus no Brasil não está devidamente escrita, trata-se de uma extensa e triste odisséia que se estivesse totalmente registrada ocuparia imenso capítulo da “História do Brasil”. Segundo alguns historiadores, foram os Bantos os primeiros negros a entrarem no Brasil. Proviam de Angola, Congo e Cabinda da África Ocidental e dos Macuas e Angicos da Costa Oriental. Se não fosse a destruição dos documentos históricos sobre a entrada do negro bantu, decretada pelo então Ministro da Fazenda, Dr. Rui Barbosa, através da circular nº29 de 13 de maio de 1888, teríamos hoje, respostas para as inúmeras perguntas referentes a entrada de diversas tribos africanas de origem bantu, nas inúmeras regiões brasileiras. Outra motivo, reside no fato de terem sido iniciados na Bahia os estudos sobre a religião negra com Nina Rodrigues, ponto onde o tráfico de escravos foi principalmente de negros sudanezes, o que veio a influenciar todos os trabalhos ulteriores sobre o assunto. O próprio Nina Rodrigues teve suas vistas desviadas de qualquer outro tema negroreligioso que não fosse gêge-nagô. Embora cercado pelos diversos bairros como, Cabula, Calabetão, Muriçoca, Beiru, Curuzu; embora comendo quiabo, abóbora, maxixe, jiló, caruru ; embora ouvindo palavras como, quenga, neném, bagunça, quitanda, quilombola, trambique, marimbondo e etc, (Ney Lopes), nomes de origem Bantu. Podemos então concluir que de acordo com vários estudos sobre o assunto, duas facções negras, em épocas diferentes, foram introduzidas no Brasil: Primeiro os Bantos e depois Sudaneses. Os Bantos foram introduzidos em Pernambuco(estendendo-se a Alagoas), Bahia,Rio de Janeiro, Minas Gerais,São Paulo e Maranhão(estendendo-se ao litoral paraense). Estes foram focos primitivos, daí se espalharam posteriormente por todo o território brasileiro. São Bantus: Os Angolas, os Congos ou Cabindas(segundo os historiadores Spix e Martins), os Benguellas, os negros de Moçambique incluindo os Macuas e Angicos. Os Sudaneses foram introduzidos inicialmente nos mercados de escravos na Bahia e de lá se espalharam pelo recôncavo baiano e, posteriormente por todo o território
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brasileiro. Deles os mais importantes foram os Yorubanos ou Nagôs e os Gêges. Em contrapartida a esse menosprezo é reconhecido por antropólogos, etnólogos, sociólogos brasileiros e estrangeiros a enorme influência da cultura Bantu. Por outro lado a Língua Portuguesa entrou na cultura de Angola e do Congo de longa data. Damião de Góis conta que em 1504 seguiram para o Congo “muitos mestres para abrirem escolas onde instruíam meninos na Doutrina Cristã”. Linvingstone, segundo José Redinha, viajando entre Angola e Moçambique encontrou africanos que sabiam ler e com letra tão delicada que parecia de mulher. Foi assim que muitos negros trazidos como escravos, aqui chegaram sabendo ler e escrever o português e já convertidos na doutrina cristã. Segundo Oscar Ribas “ O Kimbundo em particular influenciou fortemente o português falado no Brasil. A língua bantu marcou na realidade um lugar notório no processo de transculturação Afro-Americana”. Roy Glasgow em seu livro „Nzinga” registra que em 1539 Jorge Lopes Bixorda esteve envolvido com o tráfico e no mesmo ano Duarte Coelho requisitou permissão da coroa para introduzir escravos bantus em Pernambuco. O padre Antonio Vieira tão comemorado recentemente dava a sua aprovação ao tráfico afirmando que sem negros não haverá Pernambuco e sem Angola não haverá negro algum.”Os insaciáveis apetites dos plantadores brasileiros tinham fome de negros e mais negros. Angola se tornou, deste modo a energia da produção brasileira. José Redinha nos ensina que de acordo com as teses asiáticas, os Bantus seriam um povo que a cerca de 5.000 anos, teria invadido a Somália, para ser expulso por nova vaga Bantu a que se seguiram outras. Supõem-se que as línguas Bantus iniciaram a sua invasão no sul da áfrica há cerca de 2.000 a 2.500 anos. A cristianização dos negros vindo de Angola e Congo se deu na África, eles aqui chegaram em sua grande parte já cristãos e falando português. Segundo Redinha, por este motivo uma intensa cristianização foi se sobrepondo a um extrato remoto das crenças naturais, que desde os dias da descoberta se popularizaram sob nome de feitiçarias, como sinônimos de idolatrias. A presença do cristianismo desenvolveu uma importante divulgação da língua e da escrita motivando-a para de mudança de crença, a adaptação de novos usos e costumes. Por estas razões não devemos estranhar o fato de termos tantas cantigas em português e: Jesus, Maria, Rosário de Maria servirem como tema destas cantigas. Isto não significa que tenham sido inventadas no Brasil ou nos candomblés de caboclo como a maioria pensa. Não são africanos os angolanos que chegam hoje no Brasil falando português? As religiões tradicionais de origem Bantu acreditavam num Deus supremo, sem início ou fim. Este Deus permanece e não é distante e nem indiferente Plácido Temples em seu livro “La Philosophie Bantu, declara que este valoroso Povo, possui uma ontologia própria, colocam Deus no vértice das forças como o Espírito Criador dotado de poder por si mesmo sendo por sua vez o homem um elemento participante de sua força, seguindo uma hierarquia em que toma o primeiro lugar os antepassados fundadores do clã ou tribos, em segundo os defuntos venerados.
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Por outro lado se o culto aos ancestrais tinha para os Bantus uma importância tão grande não há porque estranhar terem introduzido no Brasil em seu panteon o culto aos ancestrais da terra brasileira ou seja os nossos índios. Devemos lembrar ainda que etnias como os Cabindas e Ovibundos se dedicaram ao pastoreio de bovinos em sua terra natal. Ainda, José Redinha registra a presença de imagens de comerciantes sertanejos montados em bois ou cavalos nos oratórios nativos, como padroeiros de bons negócios com os antigos europeus. Percebe-se aí a presença do boiadeiro como entidade na áfrica. O mesmo acontecendo com os marujos que eram da etnia dos Cabindas “Excelentes Marinheiros” e etc. Pesquisado por Tata Ananguê.