Autismo - APPDA-Norte apoia a integração dos autistas

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Autismo: APPDA-Norte apoia a integração dos autistas Por Tatiana Henriques - lcc07030@letras.up.pt Publicado: 30.12.2009 | 15:43 (GMT) Marcadores: Crianças , Educação , Ensino especial ,Saúde

Cozinhas pedagógicas e desporto são algumas das actividades da APPDA-Norte Foto: Ricardo Fortunato/Arquivo JPN

Com 25 anos de existência, a APPDA-Norte oferece hoje várias actividades aos jovens autistas. Responsáveis salientam que ainda existe discriminação em torno desta perturbação. Nascida há 25 anos, fruto do desejo de um grupo de pais de autistas, a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo do Norte (APPDA-Norte) tem hoje vários serviços à disposição, quer para o portador desta perturbação, quer para a sua família. O Centro de Estudos de Apoio à Criança e à Família (CEACF), o Grupo de Autonomia e Socialização em Contexto (GASC) e o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) são alguns dos exemplos. Entre as acções oferecidas destacam-se as cozinhas pedagógicas, a terapia ocupacional, as idas ao cinema e as actividades desportivas, em parceria com a Faculdade de Ciências de Desporto e de Educação Física do Porto. Além destas ofertas, existe ainda o Lar Residência que tem capacidade para vinte utentes, onde estão os jovens institucionalizados, que se encontram completamente "integrados nas residências", salienta Marta Colim, auxiliar de acção directa da APPDA-Norte. Isto apesar de para alguns a "adaptação ter sido difícil", já que não gostam "que se quebrem rotinas". A responsável revela que este lar é composto por quatro apartamentos T5 e estão todos preparados para receber os jovens. No entanto, não estão todos ocupados durante toda a


semana, visto que alguns apenas dormem lá no fim-de-semana ou noutras alturas mais específicas. O trabalho com os autistas

A dificuldade na comunicação com autistas é um dos maiores impedimentos na relação com estes jovens. Quando tal é possível, torna-se numa grande conquista para todos os envolvidos. Daí a terapeuta da fala Inês Freitas atribuir uma grande importância a este tipo de associação: "Contribui de forma significativa para as crianças e familiares de crianças com perturbações do desenvolvimento do espectro autista; são um apoio fundamental." Marta Colim conta que estes jovens são sujeitos a uma forte medicação. Sofrem, contudo, de crises constantes e imprevisíveis: "Já fui agredida por alguns deles durante estas crises." Para a responsável, a demonstração de violência diz respeito às fortes dores que sentem e que não conseguem transmitir, reflectindo "um sofrimento retraído, que eles não conseguem explicar devidamente". Mas a agressão nem sempre se revela externamente. Por vezes resulta em auto-agressões que em casos mais graves chegam a provocar a cegueira, já que os olhos são um dos alvos mais usuais neste tipo de agressões. Pais e técnicos sentem-se impotentes perante esta situação. "Esta é talvez uma das maiores dificuldades no meu trabalho diário, porque não sei como ajudá-los. É frustrante", lamenta a auxiliar. Marta Colim não considera que os défices comunicacionais e cognitivos se traduzam na indiferença dos autistas na vivência em sociedade. Conclui que estas crianças "são muito inteligentes". "Ensinam-nos coisas só com o olhar ou sorriso, pedem beijos. Ninguém pense que um autista é burro, pelo contrário", sublinha. A discriminação é outro dos problemas que os técnicos enfrentam, diz Colim. "Durante as saídas as pessoas olham muito para eles e também para nós. Olham com desagrado e isso irrita-me profundamente". Apesar de esta discriminação ter vindo a diminuir ao longo dos anos, ainda continua a ser sentida.

http://jpn.c2com.up.pt/2009/12/30/autismo_appdanorte_apoia_a_integracao_dos_autistas.h tml


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