Antevisão do Cinefiesta 2014

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uma floresta cinefiesta 2014

arraianos 2012

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de filmes

Viva el cine español! O CineFiesta 2014 traz a Portugal alguns dos melhores filmes do cinema espanhol, bem como alguns filmes históricos, de 4 a 9 de Dezembro. Em Lisboa, os palcos serão o Cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa. Este ano, a Mostra de Cinema Espanhol associou-se ao Festival Porto Post Doc e vai exibir quatro documentários no Teatro Rivoli e no Cinema Passos Manuel. Entre ficção, animação e documentários, são muitas as propostas de mais um CineFiesta. tatiana henriques

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«Arraianos», de Eloy Enciso | Documentário Neste documentário invulgar, o cenário é uma pequena povoação situada nas montanhas da fronteira entre Portugal e Galiza. No filme, a ficção mistura-se com a vida quotidiana dos habitantes, que agora se tornam uma espécie de actores e interpretam textos de "O Bosque", uma obra lírica e existencialista da autoria do dramaturgo Jenaro Marinhas del Valle. Numa história sobre a memória e o tempo, em que a realidade e o sonho se confundem, aparece um estranho que anuncia uma profecia e incita à reflexão do espectador. «Arraianos» teve a sua estreia no Festival de Cinema de Locarno, tendo passado por muitos outros festivais, como o DOCLISBOA, em 2012.

Arraianos de Eloy Enciso

Num drama com pinceladas de thriller, a história tem lugar algures no Estreito de Gibraltar, a fronteira sul da Europa, em que 16 km separam a África e Europa, o continente que augura a concretização de vários sonhos. Para conseguir chegar ao velho continente é necessário atravessar a distância num barco carregado de haxixe e fugir à mira das autoridades. El Niño (Jesús Castro) e Compi (Jesús Carroza) estão dispostos a correr o risco, enquanto Jesus (Luis Tosar) e Eva (Bárbara Lennie), dois polícias, tentam, há alguns anos, provar que a rota de haxixe se tornou numa das principais vias para a entrada de cocaína no continente europeu. A missão passa por capturar "El Inglés" (Ian McShane), um importante traficante da zona. Pelo caminho, cruzam-se com aqueles dois jovens, num encontro que irá expor as diferenças incomensuráveis entre os dois mundos. Daniel Monzón, o realizador da obra, considera que esta "se baseia em toda a riqueza de contrastes, que é o que define o seu espírito; a luta que para todas as personagens significa viver num mundo fronteiriço, entre duas águas, entre um continente e outro, entre o que lhes dita a paixão e a razão, entre a moral e a dualidade de critérios, entre a tentação de cruzar ou não a linha…".

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El Nino de Daniel Monzón


Costa da Morte de Lois Patiño

Vivir es Fácil Con Los Ojos Cerrados de David Trueba Este filme é um drama com alguma comédia à mistura, que se passa em Espanha, em 1966. O protagonista é Antonio (Javier Cámara), um professor que recorre a canções da banda britânica The Beatles para ensinar inglês. Até que descobre que o seu ídolo, John Lennon, está em Almería a rodar um filme. Antonio não hesita e decide viajar para conhecê-lo, levando também dois jovens: Juanjo (Francesc Colomer), que fugiu de casa e tem 16 anos, e Belén (Natalia de Molina), uma rapariga que também parece fugir de algo, mas não se sabe do quê. «Vivir es Fácil Com Los Ojos Cerrados» recebeu 6 Prémios Goya, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor (Javier Cámara). Foi também galardoado nos Prémios Feroz (Asociasión de Informadores Cinematográficos de España), Festival de Cinema de Palm Springs (Califórnia, EUA) e nos Prémios Turia (Valencia, Espanha), entre outros. Além disso, foi o filme escolhido para representar Espanha na categoria de Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares 2015.

Neste documentário passado na região da Galiza aborda-se a Costa da Morte, um local considerado “o fim do mundo” durante o Império Romano. Tal nomenclatura trágica deve-se aos vários naufrágios que lá aconteceram, numa zona rochosa, com temporais e neblina. Na obra, passamos a conhecer os seus habitantes: pescadores, marinheiros, lenhadores. Mas não só. As outras personagens do filme são o mar, o fogo, o vento e a pedra, elementos essenciais na construção da narrativa que incrementam a sensação de mistério inerente à paisagem, que convive com o Homem. Lois Patiño recebeu o prémio de Melhor Realizador Emergente por esta obra no Festival de Cinema de Locarno.

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Musarañas de Juanfer Andrés e Esteban Roel Nesta obra de terror e drama, passada na Espanha da década de 1950, Montse (Macarena Gómez) sofre de agorafobia e não consegue sair de casa, refugiando-se na mesma, onde cuida da sua irmã mais nova. A mãe delas morreu no parto da mais pequena e o pai fugiu, deixando-as à sua própria sorte. Motse acaba por procurar abrigo num mundo de Pais Nossos e Avé Marias, trabalhando como costureira. A sua ligação com a realidade é mantida apenas através da sua irmã, agora uma jovem rapariga. Tudo muda quando, um dia, Carlos (Hugo Silva), um vizinho desastrado, tropeça na escadaria e pede ajuda ao único sítio onde consegue chegar: a casa de Motse, que lhe abre a porta. Ele entrou onde ninguém tinha conseguido entrar. Mas será que conseguirá sair? Mama, Soy Un Zombi de Beñat Beitia e Ricardo Ramón

Este filme de animação é a sequela de «Papá, soy una zombi» (2011) e o planeta volta a depender exclusivamente de Dixie, uma menina zombie que luta para terminar com a guerra entre os vivos e os mortos. Simultaneamente, tem outras preocupações mais mundanas, como tentar manter a sua popularidade e eleger-se para o conselho estudantil.

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Vikingland de Xurxo Chirro A proposta deste documentário é dar-nos conta de algo que já se pensava perdido. Assim, conta-se a história de marinhos galegos que trabalham num cacilheiro entre Romo (Dinamarca) e Sylt (Alemanha). Um desses trabalhadores leva uma câmara de filmar e capta a vida quotidiana do grupo nas suas várias travessias durante o Inverno. O resultado é que as imagens carregam um importante potencial de testemunho, mas estão afectadas pela deriva tecnológica, já que foram gravadas em VHS. Contudo, foram recuperadas e aproveitadas para que a mensagem seja transmitida e que se torne independente da importância atribuída aos suportes audiovisuais, num revivalismo documental que releva o mais importante: as vivências daqueles homens e a sua experiência no mar.

Um conjunto de brutais assassinatos de jovens raparigas é registado numa cidade remota do sul de Espanha, em 1980. Tal acaba por juntar dois detectives da divisão de homicídios que começam a investigar os casos. Juan (Javier Gutiérrez) e Pedro (Raúl Arévalo) têm enormíssimas destrinças ideológicas, mas não podem atentar às suas diferenças para que o objectivo de apanhar o assassino seja cumprido. Será a dupla bem sucedida? Algumas das imagens do filme são baseadas nas fotografias de Atín Aya, cujo trabalho impressionou os realizadores, que conheceram o seu trabalho numa exposição.

La Isla Minima de Alberto Rodriguez dezembro 2014 metropolis 81


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