Crítica - Até Ver a Luz

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até ver a luz Título original Até Ver a Luz realização Basil da Cunha actores Ana Clara Baptista de Melo Soares Barros, Susana Maria Mendes da Costa, José Zeferino da Cruz Duração: 95 min. 2013, Suiça/Portugal

A

té Ver a Luz é uma viagem entre o real e a ficção, mas sem margem para o sonho, aqui é tudo demasiado sombrio. A primeira longa-metragem de Basil da Cunha impressiona pela crueza do seu retrato, aspecto que se reflecte em tudo: no argumento implacável, na fotografia obscura e na narrativa documental. A obra conta a história de Sombra, oriundo do Bairro da Reboleira, que regressa após algum tempo na prisão, pronto para voltar a integrar-se no seu inflexível grupo de amigos, assumindo, de novo, o seu habitual papel de dealer. Os diálogos são em crioulo, uma escolha inteligente que ajuda a mostrar com

metropolis

maior verosimilhança a história, que é ficcional, mas contada de forma documental, com actores não-profissionais, provenientes também do bairro, incrementando, assim, a dimensão mais genuína do filme. O ritmo da obra é lento e detalhado, demorado no modo como desenha as personagens e a narrativa. A luminosidade tarda a chegar em Até Ver a Luz e, mesmo quando chega, é nebulosa e devastadora, num retrato difícil – mas verdadeiro – de uma parte da sociedade. Tatiana Henriques


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