The Equalizer - Sem Misericórdia Realização: Antoine Fuqua Actores: Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz
N
ão tente resistir a «The Equalizer - Sem Misericórdia»: a sua atenção será mesmo roubada durante todo o tempo do filme. Tendo como base a série de televisão «The Equalizer» (1985-1989), criada por Richard Lindheim e Michael Sloan, a obra tem como protagonista Robert McCall (Denzel Washington), um homem misterioso que trabalha numa loja de ferramentas. A sua vida é metódica e solitária, tranquila. Até que, um dia, assiste a uma grande injustiça cometida contra uma jovem, Teri (Chloë Grace Moretz), e não consegue deixar de agir... Os seus alvos são, sem saber, elementos da máfia russa, mas rapidamente se tornam numa bola de neve crescente de inimigos, cada vez mais perigosos. São muitas as cenas de acção, mas o principal ingrediente da obra é o suspense, que se propaga ao longo do
filme. Todavia, o argumento é algo simplista, tratando-se meramente da história de um justiceiro, com alguma similitude à missão de Batman. McCall é, contudo, mais engenhoso; qual McGyver, conseguindo derrubar os seus inimigos com diferentes instrumentos – e nem sempre armas propriamente ditas. Não obstante, torna-se pouco crível que, após tantos combates, o herói consiga sair imune com apenas alguns arranhões e feridas. Antoine Fuqua esmerase em «The Equalizer - Sem Misericórdia», conseguindo uma realização pontilhada de planos detalhistas e necessários, bem como sequências repletas de simbolismo e expressividade. Em muito ajuda a óptima fotografia e a banda-sonora que complementa de forma adequada a narrativa. Denzel Washington exalta as
diferentes emoções pelas quais McCall vai passando, atribuindo muita credibilidade às cenas de acção, mas é notável o quanto o talento do actor é desaproveitado. A jovem (mas já quase veterana actriz) Moretz revela, mais uma vez, o seu potencial interpretativo, encarnando com veemência uma jovem ingénua e sonhadora. «The Equalizer - Sem Misericórdia» é um filme de acção algo violento, mas que usa bem o suspense, prendendo o espectador até ao último minuto. Todavia, não passa disso. Um thriller bem construído, mas que não acrescenta qualquer esforço reflexivo, promovendo-se a ideia de que estamos perante o nascimento de uma nova saga. E, quando se trata da busca pelo simples entretenimento, não há mesmo qualquer misericórdia. Tatiana Henriques OUTUBRO 2014 metropolis 23