Crítica - Draft Day

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Draft Day: Dia D Realização: Ivan Reitman Actores: Kevin Costner, Jennifer Garner, Chadwick Boseman

O

s bons filmes de desporto são inspiradores, cheios de paixão e momentos de grande impacto emocional… «Draft Day: Dia D» não é bem assim. Monótono e demasiado linear, o filme de Ivan Reitman fica-se sempre pelo superficial. A história passa-se inteiramente no dia D, ou melhor, no Draft Day, no qual são seleccionados os próximos jogadores a integrarem a NFL, a Liga de Futebol Americano. As diferentes equipas lutam entre si pelos melhores lugares para poderem escolher os jogadores que pretendem. Pelo meio, há trocas e negociações que poderão mudar a vida dos jogadores mas também das próprias equipas. Sonny Weaver (Kevin Costner) é o Director Geral dos Cleveland Browns e todas estas decisões estão nas suas mãos. Num dia stressante e caótico, Weaver tem ainda a sua vida pessoal num autêntico alvoroço. A narrativa é simples, embora exija algum conhecimento de futebol americano para que se

possa entender melhor o argumento, pelo que pode entediar quem pouco se interesse pela modalidade. É, desta forma, um filme sobre um desporto pouco universal e muito americano, restrito à sua própria realidade. A realização é, todavia, um dos aspectos mais bem conseguidos, com bons planos e um bom encadeamento entre cenas, realçando-se ainda os elementos gráficos e tipográficos, tão típicos num filme de desporto e que aqui não são excepção. Ainda assim, há um recurso excessivo ao uso da tela dividida, usada para mostrar os dois lados de uma conversa (é interessante tecnicamente, mas cansa de tantas vezes que é utilizado). O melhor do filme acaba por ser mesmo o momento das negociações antes da escolha dos jogadores, que mantém a dinâmica e o interesse na história. O elenco é apenas competente, não havendo nenhum actor que se destaque. Kevin Costner,

o protagonista, continua a não impressionar a nível expressivo e técnico, tal como Jennifer Garner, que já interpretou outras personagens de forma mais marcante. Todo o restante elenco está um pouco abaixo do desejável, o que também se deve, verdade seja dita, à pobreza dramática das próprias personagens. Se «Draft Day – Dia D» não desilude é também porque não eram muitas as expectativas depositadas na obra. Acaba, assim, por cumprir aquilo a que se propõe: ser um filme de desporto cujo único propósito é entreteter, sem a pretensão de criar grandes reflexões ou explorar complexidades dramáticas. Ainda assim, sente-se que poderia oferecer mais, faltando bastante “jogo” para que a obra se torne marcante, mesmo dentro do conjunto dos filmes do género. Tatiana Henriques

Agosto 2014 metropolis 21


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